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<p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 1/67</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>CONTEMPORÂNA</p><p>Aula 1</p><p>CONTRIBUIÇÕES DE JOHN</p><p>MAYNARD KEYNES</p><p>Contribuições de John Maynard</p><p>Keynes</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você conhecerá as contribuições de John Maynard</p><p>Keynes para a economia política.</p><p>Esta aula é fundamental para você compreender a importância de</p><p>Keynes na revolução do pensamento econômico do século XX e</p><p>suas influências nas políticas econômicas adotadas pelos governos</p><p>após a crise de 1929.</p><p>Prepare-se para aprofundar seus conhecimentos! Assista à</p><p>videoaula e fortaleça seus conhecimentos em economia política.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 2/67</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, vamos estudar as contribuições de John Maynard</p><p>Keynes para a economia política. Inicialmente, conheceremos a</p><p>biografia do autor e suas principais influências acadêmicas.</p><p>Posteriormente, vamos conhecer o contexto histórico que</p><p>influenciou as obras de Keynes: a crise de 1929. Foi diante do</p><p>cenário de crise inaugurado com a Quebra da Bolsa de Valores em</p><p>Nova York – e que se estendeu durante a década de 1930 – que as</p><p>ideias de Keynes ganharam destaque. Por fim, apresentaremos os</p><p>principais dogmas do pensamento keynesiano.</p><p>Para contextualizar a aula, considere uma situação hipotética no</p><p>qual o professor de história, chamado Joaquim, começou sua aula</p><p>explicando os postulados da economia clássica e sua aceitação</p><p>como política econômica no mundo capitalista do final do século XIX</p><p>e primeiras décadas do XX. Mas, como lembrou o professor</p><p>Joaquim, a Crise de 1929 abalou essas certezas. John Keynes</p><p>criticou fortemente os princípios da economia clássica, criando uma</p><p>nova doutrina econômica que supostamente manteria o sistema</p><p>capitalista distante de novas grandes crises. Ao final da aula, um</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 3/67</p><p>dos alunos foi à mesa do professor com os seguintes</p><p>questionamentos:</p><p>Como a teoria keynesiana está relacionada à Grande</p><p>Depressão?</p><p>Suas ideias evitam as crises econômicas de fato?</p><p>Quais são as explicações que o professor Joaquim poderá dar</p><p>a esse aluno?</p><p>A partir de agora o nosso objetivo é te apresentar a obra e vida de</p><p>Keynes e sua influência na evolução da economia política. Após a</p><p>leitura do conteúdo, vamos ajudar o professor Joaquim a trazer as</p><p>respostas às dúvidas do seu aluno.</p><p>Você perceberá que muitos dos temas tratados aqui fazem parte do</p><p>nosso dia a dia, como a intervenção do governo na economia.</p><p>Vamos juntos nessa jornada! Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>John Maynard Keynes nasceu em 5 de junho de 1883, em</p><p>Cambridge, Inglaterra, filho de uma família acadêmica. Seu pai,</p><p>John Neville Keynes, foi um economista distinto e um membro</p><p>respeitado da comunidade acadêmica, enquanto sua mãe, Florence</p><p>Ada Keynes, era uma reconhecida ativista social e prefeita de</p><p>Cambridge.</p><p>Keynes recebeu sua educação primária na escola St. Faith's e</p><p>posteriormente frequentou o renomado Eton College, onde se</p><p>destacou academicamente. Em 1902, ingressou no King's College,</p><p>na Universidade de Cambridge, onde estudou matemática e</p><p>economia. Foi lá que ele teve a oportunidade de ser orientado por</p><p>Alfred Marshall, um dos principais economistas da época e uma</p><p>influência fundamental em sua formação intelectual. Sob a tutela de</p><p>Marshall, Keynes desenvolveu uma compreensão profunda dos</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 4/67</p><p>princípios da economia clássica e neoclássica, que mais tarde</p><p>moldaria suas próprias teorias (Malassise et al., 2014).</p><p>Após completar seus estudos em Cambridge, Keynes embarcou em</p><p>uma viagem à Índia, onde trabalhou para o Serviço Civil Indiano por</p><p>um curto período. Essa experiência proporcionou a ele uma visão</p><p>única dos desafios econômicos e sociais enfrentados por uma</p><p>colônia britânica, influenciando seu pensamento posterior sobre</p><p>questões coloniais e desenvolvimentistas.</p><p>Retornando à Inglaterra, Keynes concentrou-se em sua carreira</p><p>acadêmica e profissional. Em 1908, foi nomeado para o cargo de</p><p>professor de economia na Universidade de Cambridge, onde</p><p>lecionou e conduziu pesquisas pelo resto de sua vida. Sua</p><p>reputação como um pensador brilhante e provocador logo se</p><p>espalhou, e ele se tornou uma figura central nos círculos intelectuais</p><p>de Cambridge (Malassise et al., 2014).</p><p>Durante as décadas de 1910 e 1920, Keynes publicou uma série de</p><p>obras que o estabeleceram como um dos principais economistas de</p><p>sua geração, tais como o Tratado sobre a reforma monetária (1923)</p><p>e As consequências econômicas da paz (1919). No entanto, foi com</p><p>a publicação de sua obra magistral, A teoria geral do emprego, do</p><p>juro e da moeda, em 1936, que Keynes alcançou um status</p><p>verdadeiramente icônico no mundo da economia.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 5/67</p><p>Figura 1 | John Maynard Keynes. Fonte: Wikipédia.</p><p>Em seu livro revolucionário, Keynes desafiou os fundamentos da</p><p>teoria econômica clássica e propôs um novo paradigma para</p><p>entender e lidar com as crises econômicas e o desemprego em</p><p>larga escala. O impacto de A teoria geral no meio acadêmico e nas</p><p>políticas econômicas foi profundo e duradouro, estabelecendo</p><p>Keynes como uma figura central na economia moderna e sua</p><p>obra como uma das mais influentes no campo da teoria econômica</p><p>(Brue; Grant, 2016).</p><p>Siga em Frente...</p><p>Após esse passeio na biografia de Keynes, vamos conhecer o</p><p>contexto econômico que influenciou a sua principal obra A</p><p>teoria geral do emprego, do juro e da moeda.</p><p>A década de 1920 foi caracterizada por uma pujança econômica,</p><p>especialmente nos Estados Unidos, após o término da Primeira</p><p>Guerra Mundial. Durante este período, a economia americana</p><p>experimentou um crescimento sem precedentes, impulsionado</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 6/67</p><p>pela expansão industrial, pelos avanços tecnológicos e por um</p><p>aumento significativo na produção agrícola. No entanto, por trás</p><p>dessa aparente prosperidade, surgiram sérias contradições que se</p><p>revelariam catastróficas com a eclosão da Crise de 1929.</p><p>A influência da escola neoclássica, que dominava o pensamento</p><p>econômico na época, também foi um elemento importante no</p><p>contexto que levou à crise. A escola neoclássica defendia princípios</p><p>como a eficiência dos mercados, a autorregulação econômica e a</p><p>ideia de que os mercados sempre encontrariam um equilíbrio entre</p><p>oferta e demanda. Uma das teorias mais proeminentes dentro da</p><p>escola neoclássica era a Lei de Say, que afirmava que toda oferta</p><p>geraria sua própria demanda, ou seja, a produção de bens e</p><p>serviços automaticamente criaria renda suficiente para comprar</p><p>esses mesmos bens e serviços.</p><p>No entanto, Keynes discordava fundamentalmente dessa visão</p><p>otimista da economia. Ele argumentava que a economia poderia</p><p>entrar em um estado de desequilíbrio persistente, com</p><p>desemprego involuntário e subutilização de recursos, contradizendo</p><p>assim a Lei de Say (Brue; Grant, 2016).</p><p>A quebra da bolsa de valores em 1929 foi o catalisador que expôs</p><p>as fraquezas subjacentes ao modelo econômico vigente. A</p><p>superprodução agrícola e industrial, combinada com uma redução</p><p>no consumo interno e europeu, resultou em um desequilíbrio entre</p><p>a oferta e a demanda. Enquanto a indústria americana crescia</p><p>exponencialmente, o poder aquisitivo da população não</p><p>acompanhava esse ritmo de crescimento, levando a uma situação</p><p>em que havia excesso de bens produzidos, mas uma demanda</p><p>insuficiente para absorvê-los (Boechat; Moraes; Leite, 2018). Isso</p><p>levou à queda</p><p>vamos abordar conceitos, fato e</p><p>teorias que vão nos ajudar a apoiar o professor Joaquim nessa</p><p>problemática. Também, esse conteúdo é importante para você</p><p>compreender quais fundamentos econômicos influenciaram a</p><p>evolução da economia do Brasil e da América Latina no século XX.</p><p>Vamos juntos nessa última jornada! Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Ao analisarmos o pensamento econômico da América Latina, é</p><p>essencial compreendermos sua corrente mais proeminente: o</p><p>pensamento da Comissão Econômica para a América Latina e o</p><p>Caribe (CEPAL). Embora a abordagem cepalina não cubra</p><p>integralmente o espectro do pensamento latino-americano, ela se</p><p>destaca como a principal corrente ao incorporar os princípios</p><p>fundamentais relacionados à realidade social e econômica desses</p><p>países a partir da década de 1950.</p><p>A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, mais</p><p>conhecida pela sigla CEPAL, é uma das mais importantes</p><p>organizações internacionais dedicadas ao estudo e promoção do</p><p>desenvolvimento econômico na região. Surgida no contexto pós-</p><p>Segunda Guerra Mundial, em 1948, como parte das Nações Unidas,</p><p>a CEPAL teve como objetivo primordial contribuir para o</p><p>desenvolvimento econômico da América Latina, buscando</p><p>soluções para os desafios enfrentados pelos países latino-</p><p>americanos e caribenhos (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Atualmente, os 33 países da América Latina e do Caribe são</p><p>membros da CEPAL, junto com algumas nações da América do</p><p>Norte, Europa e Ásia, que mantêm vínculos históricos, econômicos</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 49/67</p><p>e culturais com a região. No total, há 46 estados-membros e 14</p><p>membros associados (condição jurídica atribuída a alguns territórios</p><p>não independentes do Caribe) (CEPAL, 2024).</p><p>Figura 1 | Países-membros da CEPAL. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Um dos aspectos mais importantes da atuação da CEPAL é o</p><p>chamado "método histórico-estrutural", também conhecido como</p><p>"gradualismo estruturalista". Desenvolvido pelo economista</p><p>argentino Raúl Prebisch, um dos fundadores da CEPAL e uma de</p><p>suas figuras mais influentes, esse método propõe uma abordagem</p><p>crítica às relações de poder na economia mundial e defende a</p><p>adoção de políticas de desenvolvimento que promovam a</p><p>industrialização e a diversificação produtiva, reduzindo a</p><p>dependência dos países latino-americanos em relação às</p><p>exportações de commodities (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Raúl Prebisch foi uma figura central na história da CEPAL e exerceu</p><p>uma forte influência sobre o pensamento econômico latino-</p><p>americano. Sua crítica ao modelo de desenvolvimento centrado na</p><p>exportação de matérias-primas, conhecida como "teoria da</p><p>deterioração dos termos de troca", teve um impacto duradouro na</p><p>formulação de políticas econômicas na região. Prebisch também</p><p>defendia a necessidade de uma maior intervenção do Estado na</p><p>economia, especialmente por meio do investimento em</p><p>infraestrutura e da regulação dos mercados, como forma de</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 50/67</p><p>promover o desenvolvimento industrial e reduzir as desigualdades</p><p>sociais (Brue; Grant, 2016).</p><p>Figura 2 | Raúl Prebisch. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Além de Raúl Prebisch, outros economistas latino-americanos</p><p>influentes contribuíram significativamente para o pensamento</p><p>econômico da região e tiveram papel importante na história da</p><p>CEPAL. No Brasil, por exemplo, destacam-se nomes como Celso</p><p>Furtado, Ignácio Rangel e Maria da Conceição Tavares, que</p><p>também defenderam uma abordagem crítica ao desenvolvimento</p><p>econômico e formularam propostas inovadoras para superar os</p><p>desafios enfrentados pelos países latino-americanos.</p><p>Como um dos fundadores da CEPAL e um dos principais expoentes</p><p>do pensamento estruturalista na região, Celso Furtado influenciou</p><p>significativamente o desenvolvimento de políticas econômicas</p><p>voltadas para o crescimento e a equidade social. Sua abordagem</p><p>enfatizava a necessidade de políticas públicas ativas e intervenções</p><p>estatais para promover o desenvolvimento econômico, com ênfase</p><p>na industrialização, diversificação produtiva e redistribuição de</p><p>renda (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 51/67</p><p>Além disso, suas ideias ajudaram a estabelecer a CEPAL como um</p><p>centro de reflexão crítica sobre o modelo de desenvolvimento latino-</p><p>americano, oferecendo alternativas aos paradigmas predominantes.</p><p>A contribuição de Celso Furtado para a CEPAL e para a formulação</p><p>de políticas econômicas na região foi fundamental para moldar o</p><p>debate e influenciar as trajetórias de desenvolvimento econômico na</p><p>América Latina (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Figura 3 | Celso Furtado. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Ignácio Rangel, por sua vez, desenvolveu uma abordagem original</p><p>para a análise da economia brasileira, destacando a importância do</p><p>Estado como promotor do desenvolvimento e propondo políticas de</p><p>intervenção estatal para corrigir distorções e promover o</p><p>crescimento econômico.</p><p>Maria da Conceição Tavares, uma das principais discípulas de</p><p>Celso Furtado, dedicou-se ao estudo das relações entre o</p><p>desenvolvimento econômico e a distribuição de renda, defendendo</p><p>políticas de inclusão social e de combate à concentração de riqueza</p><p>como elementos fundamentais para o crescimento sustentável e a</p><p>estabilidade econômica.</p><p>Siga em Frente...</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 52/67</p><p>Muito bem, compreendida a influência desses autores sobre a</p><p>CEPAL, como essas interpretações se manifestaram nos países</p><p>latino-americanos?</p><p>Ao se analisar de forma simplificada o período colonial, destacando</p><p>as dinâmicas políticas e econômicas da época, reitera-se o papel da</p><p>colonização na América como o cerne dos desafios que surgiriam</p><p>posteriormente nessas regiões. Sob essa ótica, o processo colonial</p><p>foi amplamente impulsionado pelo mercantilismo, caracterizado por</p><p>fases de expansão e outras de recessão na economia das nações</p><p>americanas, e não promoveu a diversificação nem estimulou a</p><p>criação de bases econômicas autossustentáveis (Boechat; Moraes;</p><p>Leite, 2018).</p><p>A partir do século XIX, houve uma mudança significativa na</p><p>dinâmica econômica dos países do continente americano. Enquanto</p><p>os Estados Unidos embarcaram no processo de industrialização,</p><p>outros países seguiram caminhos distintos, alguns retardando ou</p><p>até mesmo não aderindo a esse processo. A industrialização, que se</p><p>tornou a principal atividade econômica em muitos países, como o</p><p>Brasil, só começou a se destacar após 1930, principalmente por</p><p>meio do Processo de Substituição de Importações (PSI)</p><p>(Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>A política de substituição de importação (PSI) é uma das</p><p>políticas industriais mais conhecidas, principalmente na América</p><p>Latina. Esse modelo de crescimento consiste na produção interna</p><p>de um bem antes importado. É um processo que promove o</p><p>aumento da produção interna de uma nação e a redução das suas</p><p>importações (principalmente manufaturas) (Souza, 2009).</p><p>Na PSI, setores industriais são desenvolvidos especificamente para</p><p>o atendimento do mercado interno, sem preocupação com</p><p>exportação, e são protegidos da concorrência internacional através</p><p>de medidas típicas de proteção da indústria nacional. As</p><p>importações são reduzidas por meio de quotas, licenciamentos,</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 53/67</p><p>elevação de tarifas e proibições, assim como através da política</p><p>cambial.</p><p>Segundo Souza (2009), a PSI apresenta-se como um instrumento</p><p>para promover o crescimento e a aquisição tecnológica.</p><p>Contudo, a longo prazo, atingindo maior base industrial e</p><p>diversificação, a própria economia</p><p>produz posteriormente</p><p>especialização e vantagens comparativas, proporcionando aumento</p><p>da base exportadora. No longo prazo, cada setor poderá produzir</p><p>para exportação, com liberalização gradativa das importações. Isso</p><p>deve ocorrer com a maturidade da indústria.</p><p>Ainda de acordo com Souza (2009), a PSI é importante nos estágios</p><p>iniciais do processo de industrialização. As formas mais comuns de</p><p>instaurar essa política são por meio das seguintes ações:</p><p>Aumento das tarifas alfandegárias para produtos concorrentes.</p><p>Estabelecimento de quotas máximas ou proibições de importar</p><p>determinado produto.</p><p>Desvalorização cambial, que encarece as importações.</p><p>Limitações do investimento estrangeiro em setores específicos.</p><p>De 1960 ao final de 1970, a Comissão Econômica para a América</p><p>Latina e o Caribe (CEPAL) acreditava que o desenvolvimento dos</p><p>países subdesenvolvidos e emergentes, se daria pela prática da</p><p>PSI. Essa política visa a acumulação de capitais internos, que levam</p><p>a um processo de crescimento e desenvolvimento autossustentável.</p><p>Nesse contexto, a PSI foi elaborada e executada em vários países</p><p>da América Latina (inclusive o Brasil) e da África. As nações que</p><p>implementaram essa política de industrialização vislumbraram a</p><p>evolução tecnológica e social, pois os condutores de política</p><p>econômica apostavam que o Estado também deveria investir em</p><p>infraestrutura, saneamento básico, educação, saúde, segurança,</p><p>transporte, etc.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 54/67</p><p>Uma das críticas ao modelo de substituição de importações refere-</p><p>se ao fato de que a proteção à indústria nacional gera ineficiências</p><p>no sistema econômico ao se viabilizar projetos com altos custos e</p><p>baixas taxas de retorno.</p><p>O pensamento econômico brasileiro</p><p>Corrente neoliberal</p><p>Os economistas neoliberais, encabeçados por Eugênio Gudin</p><p>(1886-1986), consideravam fundamental o combate à inflação, o</p><p>estímulo às exportações, maior liberdade ao capital internacional e</p><p>mínima presença do Estado na condução da economia. Essa</p><p>corrente tinha como objetivo o crescimento equilibrado das contas</p><p>públicas e apoiava-se no livre mercado.</p><p>No entanto, os neoliberais apoiavam o planejamento, mas o Estado</p><p>liberal tem como função “estabelecer as regras jogo, mas não jogar”.</p><p>O Estado poderia intervir na economia para corrigir falhas de</p><p>mercado, principalmente em período de crise. As principais variáveis</p><p>para a promoção do crescimento econômico são:</p><p>Atração do capital estrangeiro.</p><p>Formação do mercado de capitais.</p><p>Assistência técnica e concessão de crédito seletivo para a</p><p>agricultura.</p><p>Educação geral e profissionalizante.</p><p>Incentivos ao aumento da produtividade.</p><p>Promoção das exportações.</p><p>Para os neoliberais, o governo precisaria preservar a estabilidade</p><p>monetária e cambial, deixando ao mercado a tarefa de assegurar a</p><p>máxima eficiência do sistema.</p><p>Corrente desenvolvimentista</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 55/67</p><p>O pensamento desenvolvimentista compreende a corrente ligada</p><p>ao setor privado e a linha vinculada ao setor público. Para essa</p><p>escola, a transformação da economia brasileira seria impossível</p><p>sem industrialização, planejamento econômico e ampla participação</p><p>do Estado no processo produtivo (Souza, 2009).</p><p>Na corrente desenvolvimentista ligada ao setor privado,</p><p>destaca-se Roberto Simonsen (1889-1948), fundador do Serviço</p><p>Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da</p><p>Indústria (Sesi). Simonsen defendeu a criação de indústrias de</p><p>base, como a siderurgia e a química. Defendia a implantação de um</p><p>capitalismo moderno no Brasil, com decisivo apoio do governo, por</p><p>meio de políticas protecionistas e planejamento econômico.</p><p>Os desenvolvimentistas ligados ao setor privado defendiam a</p><p>política de substituição de importação, transformação de matérias-</p><p>primas no próprio país, ampliação da capacidade portuária e</p><p>abertura de rodovias para induzir investimentos industriais (Souza,</p><p>2009).</p><p>Os defensores dessa corrente propunham:</p><p>Preservação do mercado interno para o setor privado nacional.</p><p>Controle de salários.</p><p>Tributação mínima dos lucros.</p><p>Crédito barato e acessível para a indústria.</p><p>A corrente nacionalista desenvolvimentista ligada ao setor</p><p>público teve como principal expoente Celso Furtado. Ele defendia a</p><p>participação de empresas estatais para estimular a industrialização</p><p>e o desenvolvimento de projetos prioritários, como mineração,</p><p>extração de petróleo, energia, transportes, telecomunicações e</p><p>indústrias básicas.</p><p>Os defensores dessa corrente apoiavam a industrialização por</p><p>substituição de importação, a ampla participação do Estado na</p><p>correção de desequilíbrios estatais e na eliminação dos pontos de</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 56/67</p><p>estrangulamento do crescimento. Celso Furtado considerava</p><p>fundamental a participação do Estado na economia por meio das</p><p>seguintes ações:</p><p>Atuando diretamente no setor produtivo, por meio de empresas</p><p>estatais.</p><p>Planejando a distribuição regional e setorial dos investimentos.</p><p>Subordinando a política monetária ao desenvolvimento.</p><p>Promovendo uma distribuição de renda mais equitativa para</p><p>dinamizar o setor de mercado interno.</p><p>Controlando o afluxo de capital estrangeiro, para evitar</p><p>aumento do endividamento externo.</p><p>No século XXI discute-se, nos meios acadêmicos, um novo debate</p><p>entre diferentes estratégias de desenvolvimento para o Brasil. Entre</p><p>as décadas de 1930 a 1980, a política nacional brasileira teve</p><p>caráter intervencionista do Estado, com características e proporções</p><p>distintas. Pode-se destacar os governos de Getúlio Vargas,</p><p>Juscelino Kubitscheck e o Regime Militar.</p><p>Porém, ao final do século XX, principalmente após o Plano Real, a</p><p>política econômica foi marcada pelo afastamento do Estado dos</p><p>objetivos do crescimento e do desenvolvimento econômico em uma</p><p>política neoliberal, conforme as orientações do Consenso de</p><p>Washington. A presença mais destacada do Estado</p><p>(desenvolvimentista) na dinâmica da economia a partir de 2003,</p><p>contribuiu para uma taxa média de crescimento econômico mais</p><p>elevada e para a melhora nos indicadores de distribuição de renda.</p><p>Nos anos 2000, o pensamento econômico adotado pelo governo</p><p>brasileiro é o social-desenvolvimentista, porém a discussão sobre o</p><p>neoliberalismo ganha cada vez mais destaque, principalmente a</p><p>partir de 2014.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 57/67</p><p>Estudante, chegamos ao término da aula! Espero que tenha</p><p>gostado!</p><p>Para finalizar, vamos retomar brevemente a problematização do</p><p>início da aula. Lembra do professor Joaquim? Pois bem, após a</p><p>aplicação de uma atividade, um grupo de alunos afirmou de forma</p><p>equivocada que o pensamento econômico predominante no Brasil</p><p>no século XX foi o neoliberalismo, baseando-se na crença de que o</p><p>Estado raramente intervém na economia. Esse grupo discordou da</p><p>nota baixa na atividade e foi argumentar com o professor, que</p><p>explicou pacientemente os pontos que deveriam ser abordados no</p><p>texto. Quais argumentos poderiam ser utilizados para</p><p>convencer os alunos do equívoco cometido?</p><p>O professor Joaquim poderia utilizar uma série de argumentos para</p><p>corrigir o equívoco dos alunos e explicar por que o neoliberalismo</p><p>não foi o pensamento econômico predominante no Brasil no século</p><p>XX. Aqui estão alguns pontos que ele poderia abordar:</p><p>1. Desenvolvimentismo e CEPAL: o Brasil, assim como muitos</p><p>países da América Latina, adotou uma abordagem</p><p>desenvolvimentista para sua economia durante boa parte do</p><p>século XX. O desenvolvimentismo preconiza uma intervenção</p><p>ativa do Estado na economia para promover o desenvolvimento</p><p>industrial e econômico. Essa abordagem foi influenciada pelas</p><p>ideias</p><p>da Comissão Econômica para a América Latina e o</p><p>Caribe (CEPAL), que propôs políticas de industrialização e</p><p>substituição de importações como formas de promover o</p><p>crescimento econômico.</p><p>2. Substituição de importações: um dos pilares do</p><p>desenvolvimentismo foi o processo de substituição de</p><p>importações. Isso envolvia a criação de indústrias nacionais</p><p>para produzir bens que antes eram importados. O Estado</p><p>desempenhava um papel central nesse processo, através de</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 58/67</p><p>políticas de proteção à indústria nacional, como tarifas de</p><p>importação e subsídios.</p><p>3. Intervenção estatal: ao contrário do que os alunos afirmaram,</p><p>o Estado brasileiro teve uma presença significativa na</p><p>economia ao longo do século XX. Além das políticas de</p><p>substituição de importações, o Estado também estava</p><p>envolvido em setores-chave da economia, como energia,</p><p>transporte e comunicações, através de empresas estatais.</p><p>4. Críticas ao neoliberalismo: o neoliberalismo, ao contrário do</p><p>desenvolvimentismo, preconiza a minimização da intervenção</p><p>do Estado na economia em favor do livre mercado. Essa</p><p>abordagem ganhou mais destaque no Brasil a partir dos anos</p><p>1990, com políticas de privatização, desregulamentação e</p><p>liberalização econômica. No entanto, é importante ressaltar que</p><p>o neoliberalismo não foi predominante ao longo do século XX e</p><p>que as políticas desenvolvimentistas tiveram um papel central</p><p>na formação econômica do país.</p><p>Portanto, o professor Joaquim poderia argumentar que, apesar de</p><p>as políticas neoliberais terem ganhado mais destaque em</p><p>determinados períodos, como nos anos 1990, o pensamento</p><p>econômico predominante no Brasil ao longo do século XX foi o</p><p>desenvolvimentismo, influenciado pela CEPAL e caracterizado pela</p><p>intervenção estatal na economia e pelo processo de substituição de</p><p>importações.</p><p>Saiba Mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É</p><p>importante que você tenha outras fontes de pesquisa para ser capaz</p><p>de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Para conhecer mais sobre a evolução da economia política</p><p>brasileira, leia os capítulos 22, 23, 24 e 25 do livro: História do</p><p>pensamento econômico. Nesses capítulos você vai conhecer as</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 59/67</p><p>diferentes linhas de pensamento econômico no Brasil, influenciadas</p><p>pelo desenvolvimentismo, pelo neoliberalismo, pelo marxismo e pela</p><p>heterodoxia.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento</p><p>econômico. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019. E-book..</p><p>Assista ao vídeo: Economia e política no século XX disponível no</p><p>portal da Câmara dos Deputados. Este vídeo aborda a</p><p>industrialização como estratégia de substituição de exportações no</p><p>governo Vargas, o Plano de Metas de JK, o “milagre econômico” do</p><p>regime militar e os planos de estabilização da inflação. Economistas</p><p>polemizam sobre as consequências do financiamento do</p><p>desenvolvimento com a poupança externa, a situação que levou à</p><p>formulação do Plano Cruzado e a implantação do Plano Real</p><p>(sinopse fornecida pelo canal).</p><p>Disponível em:</p><p>http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/HISTORIAS-</p><p>DO-PODER/172261-5-EPISODIO-A-ECONOMIA-E-A-</p><p>POLITICA.html. Acesso em: 23 abr. 2024.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do</p><p>pensamento político e econômico. Londrina: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico.</p><p>São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2016.</p><p>CEPAL. Estados Membros. Comissão Econômica para a América</p><p>Latina e o Caribe, 2024. Disponível em: https://www.cepal.org/pt-</p><p>br/sobre/estados-membros. Acesso em: 23 abr. 2024.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento</p><p>econômico. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019.</p><p>http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/HISTORIAS-DO-PODER/172261-5-EPISODIO-A-ECONOMIA-E-A-POLITICA.html</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 60/67</p><p>SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. 4º reimpr. São</p><p>Paulo: Atlas, 2009.</p><p>Encerramento da Unidade</p><p>ECONOMIA POLÍTICA</p><p>CONTEMPORÂNA</p><p>Economia política contemporânea</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você verá um resumo da unidade quatro do estudo:</p><p>Economia Política Contemporânea.</p><p>Esse conteúdo é fundamental para você compreender e analisar a</p><p>relevância da escola keynesiana na economia política, bem como a</p><p>crítica dessa escola formulada pelos neoliberais. Por fim, poderá</p><p>compreender a influência da Comissão Econômica para a América</p><p>Latina e o Caribe (CEPAL) na economia brasileira.</p><p>Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 61/67</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para desenvolver a competência desta unidade que é compreender</p><p>o pensamento econômico do século XX, mais exatamente entre os</p><p>anos 1930 e 2000, incluindo a realidade e os impactos político-</p><p>econômicos em nosso país, você deverá primeiramente conhecer as</p><p>bases da escola keynesiana.</p><p>Na aula sobre as contribuições de John Maynard Keynes, você</p><p>desenvolve a habilidade de compreender o contexto histórico no</p><p>qual Keynes desenvolveu suas teorias, assim como as influências</p><p>que moldaram seu pensamento econômico. Isso inclui a</p><p>compreensão das condições econômicas da época, como a Grande</p><p>Depressão dos anos 1930, que serviu de cenário para a formulação</p><p>de suas ideias revolucionárias. Além disso, você será capaz de</p><p>analisar o impacto das teorias keynesianas nas políticas</p><p>econômicas implementadas em diferentes países e em diferentes</p><p>momentos históricos, destacando sua relevância e aplicabilidade em</p><p>contextos diversos.</p><p>Avançando para os tópicos sobre a estrutura da economia</p><p>keynesiana, você compreende a base teórica fundamental desse</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 62/67</p><p>modelo, tais como a relação entre a propensão marginal a consumir</p><p>e a poupar. Ao estudar a eficiência marginal do capital, você</p><p>compreende como as decisões de investimentos dos empresários</p><p>impacta a produção e o emprego. Além disso, você entende sobre a</p><p>importância da demanda efetiva e da intervenção do estado na</p><p>regulação da atividade econômica, especialmente durante períodos</p><p>de recessão ou desemprego. Ao explorar os conceitos de política</p><p>fiscal e monetária, você aprende como o governo pode utilizar</p><p>instrumentos como gastos públicos, impostos e taxas de juros para</p><p>estimular a demanda agregada e promover o pleno emprego.</p><p>Ao estudar o neoliberalismo, você consegue identificar e avaliar a</p><p>importância de Milton Friedman e Friedrich Hayek como duas</p><p>figuras proeminentes nessa corrente de pensamento econômico.</p><p>Além disso, você é capaz de compreender como o neoliberalismo foi</p><p>empregado em diversas partes do mundo a partir da década de</p><p>1970 como resposta à crise econômica e ao esgotamento do</p><p>modelo keynesiano.</p><p>Através do estudo do legado de Friedman e Hayek, você entende</p><p>como suas ideias influenciaram políticas econômicas em países</p><p>como os Estados Unidos, Reino Unido, Chile e Brasil, incluindo a</p><p>ênfase na desregulamentação dos mercados, a privatização de</p><p>empresas estatais, a redução do papel do Estado na economia e a</p><p>promoção da liberalização comercial e financeira.</p><p>Por fim, no conteúdo sobre a Comissão Econômica para a América</p><p>Latina e o Caribe (CEPAL), você desenvolve a habilidade de avaliar</p><p>a influência das teorias desenvolvidas por essa instituição sobre as</p><p>políticas econômicas adotadas</p><p>pelos países da região. Ao</p><p>compreender os princípios do pensamento cepalino, como a</p><p>promoção da industrialização, a busca pela equidade social e a</p><p>preocupação com a dependência econômica, você é capaz de</p><p>analisar criticamente os impactos dessas políticas na dinâmica</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 63/67</p><p>econômica e social dos países latino-americanos e caribenhos,</p><p>especialmente no Brasil.</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Imagine uma cidade fictícia chamada Prosperidade, que enfrenta</p><p>uma crise econômica significativa. Nos últimos anos, a indústria</p><p>local enfrentou uma queda na demanda por seus produtos devido à</p><p>concorrência estrangeira e à desaceleração econômica global.</p><p>Como resultado, várias fábricas foram fechadas, deixando milhares</p><p>de trabalhadores desempregados. Com o aumento do desemprego,</p><p>houve uma redução na renda disponível das famílias, levando a</p><p>uma diminuição no consumo e, por sua vez, a uma diminuição na</p><p>demanda agregada na cidade.</p><p>O prefeito de Prosperidade está preocupado com o bem-estar dos</p><p>cidadãos e deseja implementar medidas para reverter a situação</p><p>econômica desfavorável. Ele acredita que as ideias keynesianas</p><p>podem oferecer uma solução viável para impulsionar a economia</p><p>local. O prefeito está particularmente interessado em explorar a</p><p>teoria da demanda efetiva de Keynes e a possibilidade de utilizar</p><p>políticas fiscais para estimular a demanda agregada e,</p><p>consequentemente, gerar empregos e aumentar a renda na cidade.</p><p>Como consultor econômico do prefeito de Prosperidade, você é</p><p>encarregado de desenvolver um plano abrangente para revitalizar a</p><p>economia local. Considerando os princípios da teoria keynesiana,</p><p>bem como as políticas fiscais disponíveis, proponha estratégias</p><p>específicas que o governo municipal pode adotar para aumentar a</p><p>demanda efetiva e estimular o crescimento econômico. Além disso,</p><p>leve em consideração os possíveis desafios e limitações que podem</p><p>surgir ao implementar essas políticas. Sua proposta deve abordar</p><p>questões como gastos públicos, redução de impostos e</p><p>investimentos em infraestrutura, com o objetivo final de criar um</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 64/67</p><p>ambiente econômico mais próspero e sustentável para os cidadãos</p><p>de Prosperidade.</p><p>Reflita</p><p>Quais foram as principais influências e eventos históricos que</p><p>moldaram o pensamento econômico de John Maynard Keynes e</p><p>levaram à formulação de suas ideias revolucionárias durante a</p><p>Grande Depressão dos anos 1930?</p><p>Como a intervenção do Estado na economia, conforme proposto</p><p>pela escola Keynesiana, difere das ideias defendidas pelo</p><p>neoliberalismo, representado por figuras como Milton Friedman e</p><p>Friedrich Hayek?</p><p>Como os princípios do pensamento cepalino, como a promoção da</p><p>industrialização e a busca pela equidade social, se refletiram nas</p><p>políticas adotadas, especialmente no Brasil?</p><p>Resolução do estudo de caso</p><p>Estudante, a competência dessa unidade é compreender o</p><p>pensamento econômico do século XX, mais exatamente entre os</p><p>anos 1930 e 2000, incluindo a realidade e os impactos político-</p><p>econômicos em nosso país. Umas das teorias mais importantes no</p><p>século XX foi a teoria keynesiana. Essa teoria é amplamente</p><p>empregada em atuações do estado na atividade econômica. Para</p><p>contextualizar vamos retomar ao estudo de caso no qual o prefeito</p><p>de Prosperidade está preocupado com o bem-estar dos cidadãos e</p><p>deseja implementar medidas para reverter a situação econômica</p><p>desfavorável. Ele acredita que as ideias keynesianas podem</p><p>oferecer uma solução viável para impulsionar a economia local.</p><p>Como consultor econômico do prefeito de Prosperidade, você é</p><p>encarregado de desenvolver um plano abrangente para revitalizar a</p><p>economia local. Logo, nesse plano econômico com viés keynesiano,</p><p>você poderá propor:</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 65/67</p><p>1. Aumento dos gastos públicos em infraestrutura:</p><p>recomenda-se ao governo municipal que aumente os</p><p>investimentos em projetos de infraestrutura, como a construção</p><p>e manutenção de estradas, pontes, escolas e hospitais. Esses</p><p>investimentos não apenas estimulam a demanda agregada no</p><p>curto prazo, por meio da criação de empregos na construção</p><p>civil, mas também aumentam a produtividade e a capacidade</p><p>produtiva da cidade no longo prazo.</p><p>2. Programas de subsídios para empresas locais: propõe-se a</p><p>implementação de programas de subsídios e incentivos fiscais</p><p>para empresas locais que estejam dispostas a expandir suas</p><p>operações ou contratar mais trabalhadores. Isso pode incluir a</p><p>redução de impostos sobre as empresas que investem em</p><p>pesquisa e desenvolvimento, bem como subsídios para</p><p>treinamento de mão de obra e modernização de equipamentos.</p><p>3. Redução de impostos para consumidores de baixa renda:</p><p>sugere-se uma redução temporária nos impostos sobre bens</p><p>de consumo básico para os consumidores de baixa renda. Isso</p><p>pode estimular o consumo desses grupos demográficos,</p><p>aumentando a demanda por produtos e serviços locais e, por</p><p>sua vez, incentivando as empresas a aumentarem a produção</p><p>e contratarem mais trabalhadores.</p><p>4. Parcerias público-privadas para investimentos em energias</p><p>renováveis: recomenda-se ao governo municipal estabelecer</p><p>parcerias público-privadas para investir em projetos de</p><p>energias renováveis, como parques eólicos ou solares. Além de</p><p>contribuir para a redução das emissões de carbono, esses</p><p>projetos podem criar empregos na instalação, manutenção e</p><p>operação das infraestruturas de energia limpa.</p><p>5. Estímulo ao setor de serviços e turismo: incentiva-se o</p><p>desenvolvimento de políticas para promover o turismo e o setor</p><p>de serviços na cidade. Isso pode incluir campanhas de</p><p>marketing para atrair turistas, investimentos em atrações</p><p>culturais e eventos locais, bem como a melhoria da</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 66/67</p><p>infraestrutura turística, como hotéis e restaurantes. O aumento</p><p>do turismo pode impulsionar a demanda por serviços locais e</p><p>criar oportunidades de emprego em áreas como hospitalidade</p><p>e entretenimento.</p><p>Essas propostas visam utilizar os princípios da teoria keynesiana,</p><p>especialmente em relação à demanda efetiva e à política fiscal, para</p><p>revitalizar a economia de Prosperidade, estimulando o crescimento</p><p>econômico e a criação de empregos na cidade. Cada uma dessas</p><p>medidas pode ser adaptada e implementada de acordo com as</p><p>necessidades específicas e os recursos disponíveis do município.</p><p>Dê o play!</p><p>Assimile</p><p>Veja neste mapa mental os tópicos estudados nesta unidade.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 67/67</p><p>Figura 1 | Economia política contemporânea</p><p>Referências</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do</p><p>pensamento político e econômico. Londrina: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico.</p><p>São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2016.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento</p><p>econômico. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019.</p><p>SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. 4ª reimpr. São</p><p>Paulo: Atlas, 2009.</p><p>nos preços, à redução na produção e ao aumento do</p><p>desemprego em uma espiral descendente.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 7/67</p><p>Figura 2 | Multidões reunidas em frente à Bolsa de Valores de Nova York em 1929. Fonte:</p><p>GetArchive.</p><p>De acordo com Boechat, Moraes e Leite (2018), a quebra da Bolsa</p><p>de Valores em 1929, que marcou o início da Grande Depressão, foi</p><p>o resultado de uma série de fatores complexos que culminaram em</p><p>uma crise financeira e econômica sem precedentes.</p><p>Boechat, Moraes e Leite (2018) e Malassise et al. (2014)</p><p>apresentam alguns dos principais fatores que contribuíram para</p><p>esse evento, conforme tópicos a seguir:</p><p>1. Euforia e especulação desenfreada: durante a década de</p><p>1920, os Estados Unidos experimentaram um período de forte</p><p>crescimento econômico e otimismo. Isso levou a um aumento</p><p>na especulação no mercado de ações, onde investidores</p><p>compravam ações na expectativa de vendê-las por um lucro</p><p>rápido, em vez de investir com base nos fundamentos das</p><p>empresas.</p><p>2. Crédito fácil: o acesso fácil ao crédito permitiu que muitos</p><p>investidores comprassem ações utilizando empréstimos, muitas</p><p>vezes alavancando suas posições no mercado de ações. Isso</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 8/67</p><p>aumentou a bolha especulativa, tornando o mercado de ações</p><p>cada vez mais vulnerável a qualquer sinal de desaceleração</p><p>econômica.</p><p>3. Superprodução e endividamento agrícola: o setor agrícola</p><p>dos Estados Unidos enfrentou dificuldades durante a década</p><p>de 1920 devido à superprodução e aos baixos preços das</p><p>commodities agrícolas. Muitos agricultores acumularam dívidas</p><p>significativas para financiar suas operações, e quando os</p><p>preços caíram ainda mais, muitos foram incapazes de pagar</p><p>suas dívidas.</p><p>4. Redução do consumo e da demanda interna: apesar do</p><p>crescimento econômico, uma parte significativa da população</p><p>americana não compartilhava dos benefícios. A desigualdade</p><p>de renda estava aumentando e a classe média estava lutando</p><p>para manter seu padrão de vida. Isso levou a uma redução no</p><p>consumo e na demanda interna, enfraquecendo ainda mais a</p><p>economia.</p><p>5. Ações de grandes investidores: em setembro e outubro de</p><p>1929, grandes investidores começaram a vender suas ações,</p><p>levando a uma queda abrupta nos preços delas. O pânico se</p><p>espalhou rapidamente entre os investidores, levando a uma</p><p>venda em massa de ações.</p><p>6. Falta de regulamentação: o mercado de ações na década de</p><p>1920 era em grande parte não regulamentado, permitindo</p><p>práticas arriscadas e especulativas que exacerbaram a</p><p>situação.</p><p>Em 24 de outubro de 1929, conhecido como "Quinta-Feira Negra",</p><p>o mercado de ações sofreu uma queda acentuada. Isso foi seguido</p><p>por mais quedas nos dias seguintes, culminando em 29 de outubro,</p><p>conhecido como "Segunda-Feira Negra" ou "Crash da Bolsa",</p><p>quando o mercado de ações sofreu sua maior queda na história até</p><p>então. Os valores das ações despencaram, levando à ruína</p><p>financeira de muitos investidores, bancos e empresas. O colapso do</p><p>mercado de ações foi o gatilho que desencadeou uma série de</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 9/67</p><p>eventos que levaram à Grande Depressão, uma das crises</p><p>econômicas mais devastadoras da história moderna.</p><p>Agora que você conheceu um pouco mais sobre o contexto histórico</p><p>da Grande Depressão, vamos discutir como as ideias de Keynes</p><p>ajudaram a tirar a economia americana desse cenário.</p><p>A crise de 1929 desafiou diretamente as suposições da escola</p><p>neoclássica e forneceu o terreno fértil para o surgimento das ideias</p><p>de Keynes. Em contraste com a crença na autorregulação dos</p><p>mercados, Keynes argumentou que o governo deveria</p><p>desempenhar um papel ativo na estabilização da economia,</p><p>através de políticas fiscais e monetárias que visavam estimular a</p><p>demanda agregada e reduzir o desemprego.</p><p>Nesse contexto, inspirados pelos princípios de Keynes, um grupo de</p><p>economistas do governo de Franklin Delano Roosevelt, propôs o</p><p>chamado New Deal (Novo Acordo).</p><p>O New Deal foi um conjunto de políticas econômicas e sociais</p><p>implementadas nos Estados Unidos durante a administração do</p><p>presidente Franklin D. Roosevelt, em resposta à Grande Depressão</p><p>que assolava o país. Lançado na década de 1930, o New Deal tinha</p><p>como objetivo principal promover a recuperação econômica, aliviar a</p><p>pobreza e reformar as instituições financeiras e regulatórias.</p><p>Entre as medidas adotadas estavam programas de obras públicas</p><p>para gerar empregos, regulação do sistema financeiro,</p><p>proteção aos direitos dos trabalhadores e assistência social</p><p>aos mais necessitados. Essas políticas representaram uma</p><p>intervenção sem precedentes do Estado na economia e na vida</p><p>social, buscando estabilizar a economia e restaurar a confiança nas</p><p>instituições.</p><p>A influência de John Maynard Keynes no New Deal foi significativa.</p><p>Suas teorias econômicas, especialmente sua ênfase na demanda</p><p>efetiva e na necessidade de intervenção governamental para</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 10/67</p><p>estimular a economia durante períodos de recessão,</p><p>influenciaram diretamente a formulação das políticas do New Deal.</p><p>Keynes argumentava que o governo deveria aumentar os gastos</p><p>públicos para estimular a demanda agregada e reduzir o</p><p>desemprego.</p><p>Essa abordagem se refletiu em muitas das iniciativas do New Deal,</p><p>como os programas de obras públicas financiados pelo governo,</p><p>que visavam criar empregos e injetar dinheiro na economia. Assim,</p><p>a implementação do New Deal nos Estados Unidos marcou uma das</p><p>primeiras grandes aplicações das ideias keynesianas em políticas</p><p>econômicas em escala nacional.</p><p>Muito bem, agora que você compreendeu a influência de Keynes</p><p>para a implementação do New Deal, vamos conhecer os principais</p><p>postulados da teoria keynesiana.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), as principais características e</p><p>princípios da economia keynesiana são:</p><p>1. Ênfase macroeconômica: a escola keynesiana coloca uma</p><p>forte ênfase na análise da economia em nível macro, ou seja,</p><p>na economia como um todo, em vez de se concentrar em</p><p>unidades individuais, como empresas ou consumidores.</p><p>Keynes argumentou que entender as tendências e os</p><p>fenômenos macroeconômicos, como o nível de emprego, a</p><p>inflação e o produto interno bruto, era essencial para formular</p><p>políticas econômicas eficazes.</p><p>2. Demanda efetiva: um dos conceitos-chave na teoria</p><p>keynesiana é o da demanda efetiva. Keynes argumentou que a</p><p>demanda agregada, ou seja, o total de gastos na economia,</p><p>era um motor importante do crescimento econômico. Ele</p><p>enfatizou a importância de estimular a demanda por meio de</p><p>políticas fiscais e monetárias expansionistas, especialmente</p><p>durante períodos de recessão ou desemprego.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 11/67</p><p>3. Instabilidade na economia: contrariamente à visão dos</p><p>economistas clássicos, que acreditavam na autorregulação dos</p><p>mercados e na tendência natural da economia em direção ao</p><p>equilíbrio, Keynes argumentou que a economia poderia</p><p>experimentar períodos de instabilidade e desequilíbrio</p><p>persistentes. Ele destacou a possibilidade de flutuações</p><p>cíclicas na atividade econômica, como booms seguidos de</p><p>recessões, e defendeu a intervenção governamental para</p><p>mitigar essas instabilidades.</p><p>4. Taxa de juros: Keynes contestou a ideia de que a taxa de</p><p>juros seria o principal mecanismo de equilíbrio entre a</p><p>poupança e o investimento, como afirmavam os economistas</p><p>neoclássicos. Em vez disso, ele argumentou que a taxa de</p><p>juros poderia permanecer ineficaz em estimular o investimento</p><p>durante períodos de baixa demanda agregada, especialmente</p><p>quando as expectativas empresariais</p><p>eram pessimistas.</p><p>5. Inflexibilidade nos salários: Keynes observou que os salários</p><p>não se ajustavam rapidamente às mudanças nas condições de</p><p>mercado, o que poderia resultar em desemprego involuntário.</p><p>Ele argumentou que, durante períodos de recessão, os salários</p><p>nominais tendiam a ser rígidos para baixo, o que dificultava a</p><p>redução do desemprego por meio de ajustes nos preços dos</p><p>fatores de produção.</p><p>6. Política monetária e fiscal: Keynes defendeu a utilização de</p><p>políticas fiscais e monetárias para estimular a demanda efetiva</p><p>e combater o desemprego. Isso incluía o aumento dos gastos</p><p>do governo em tempos de recessão para impulsionar a</p><p>demanda agregada, bem como a redução das taxas de juros e</p><p>medidas de expansão monetária para estimular o investimento</p><p>e o consumo.</p><p>7. Políticas sociais de redistribuição de renda: Keynes</p><p>reconheceu a importância da redistribuição de renda para</p><p>promover a estabilidade econômica e reduzir as desigualdades</p><p>sociais. Ele argumentou que uma distribuição mais equitativa</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 12/67</p><p>da renda poderia aumentar a demanda agregada, já que os</p><p>indivíduos com rendas mais baixas tendem a gastar uma maior</p><p>proporção de sua renda. Além disso, ele via a provisão de</p><p>serviços públicos, como saúde e educação, como formas de</p><p>melhorar o bem-estar social e promover o crescimento</p><p>econômico a longo prazo.</p><p>Portanto, a obra de Keynes, A teoria geral do emprego, do juro e da</p><p>moeda, publicada em 1936, representou uma ruptura radical com</p><p>o pensamento econômico predominante da época. Keynes</p><p>introduziu o conceito de demanda efetiva, destacando a importância</p><p>dos gastos do governo e dos investimentos para impulsionar a</p><p>atividade econômica e combater o desemprego. Suas ideias foram</p><p>fundamentais para tirar a economia americana da crise dos</p><p>anos 1930.</p><p>A visão de Keynes sobre a intervenção estatal na economia teve</p><p>um impacto profundo no pensamento econômico e nas políticas</p><p>públicas. Suas ideias influenciaram a adoção de políticas</p><p>keynesianas em muitos países, especialmente durante períodos</p><p>de recessão e crise econômica. O papel ativo do Estado na</p><p>regulação da economia e na promoção do pleno emprego tornou-se</p><p>uma parte essencial do consenso econômico do pós-guerra e</p><p>moldou o desenvolvimento das políticas econômicas em todo o</p><p>mundo.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, espero que tenha gostado do conteúdo até aqui.</p><p>A partir desse momento, voltemos então ao nosso estudante que</p><p>buscava uma resposta do professor Joaquim.</p><p>O professor destacou que, apesar de já ter enfrentado algumas</p><p>críticas desde o início da Primeira Guerra Mundial, como a</p><p>necessidade de uma abordagem mais abrangente da economia e o</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 13/67</p><p>uso de estatísticas para explicar o crescimento da produção e do</p><p>comércio em larga escala, o pensamento econômico clássico ainda</p><p>era amplamente aceito por muitos intelectuais e governos. No</p><p>entanto, quando a maior crise do sistema capitalista até então</p><p>eclodiu em 1929, os princípios clássicos foram ainda mais</p><p>questionados.</p><p>Nesse contexto, John Keynes elaborou de forma analítica as ideias</p><p>que estavam em discussão e liderou o que ficou conhecido como a</p><p>"revolução keynesiana", desafiando a ideia de que a oferta gera</p><p>automaticamente sua própria demanda e argumentando que a</p><p>economia não tenderia naturalmente à harmonia sem a intervenção</p><p>do Estado. Para Keynes, os princípios clássicos até então aceitos</p><p>falharam em explicar a Grande Depressão.</p><p>O professor também esclareceu que muitos economistas e</p><p>governantes até os dias de hoje defendem o keynesianismo como</p><p>um meio de evitar grandes crises do capitalismo. No entanto, como</p><p>destacou o professor Joaquim ao seu aluno, as premissas do</p><p>keynesianismo continuariam sendo desafiadas por novas</p><p>perspectivas econômicas, e, portanto, não existe uma fórmula</p><p>infalível que previna as crises econômicas no sistema capitalista.</p><p>Saiba Mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É</p><p>importante que você tenha outras fontes de pesquisa para ser capaz</p><p>de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo A Escola Keynesiana – John Maynard Keynes do</p><p>livro: História do pensamento econômico. Nesse capítulo, os autores</p><p>apresentam uma visão geral das ideias de Keynes, detalhes</p><p>biográficos e contextualização histórica, bem como as principais</p><p>ideias da chamada “economia Keynesiana”.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 14/67</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico.</p><p>São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2016. E-book.</p><p>Falamos muito em ruptura das ideias clássicas com o surgimento da</p><p>teoria keynesiana, mas isso é real? Para entender essa ruptura (ou</p><p>não), leia o artigo intitulado Continuidade ou ruptura? Uma análise</p><p>de alguns aspectos da filosofia social de John Stuart Mill, Alfred</p><p>Marshall e John Maynard Keynes, da pesquisadora Laura Valladão</p><p>Matos.</p><p>MATTOS, L. V. D. Continuidade ou ruptura? Uma análise de alguns</p><p>aspectos da filosofia social de John Stuart Mill, Alfred Marshall e</p><p>John Maynard Keynes. Brazilian Journal of Political Economy, v.</p><p>35, n. 2, p. 360-383, abr. 2015.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do</p><p>pensamento político e econômico. Londrina: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico.</p><p>São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2016.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.;</p><p>FORMAGI, C. Evolução do pensamento econômico. Londrina:</p><p>Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>MATTOS, L. V. D. Continuidade ou ruptura? Uma análise de alguns</p><p>aspectos da filosofia social de John Stuart Mill, Alfred Marshall e</p><p>John Maynard Keynes. Brazilian Journal of Political Economy, v.</p><p>35, n. 2, p. 360-383, abr. 2015. Disponível em:</p><p>http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-</p><p>31572015000200360&lang=pt. Acesso em: 23 abr. 2024.</p><p>http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 15/67</p><p>Aula 2</p><p>ECONOMIA KEYNESIANA</p><p>Economia keynesiana</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você conhecerá o modelo básico da economia</p><p>keynesiana. Esse conceito é fundamental para compreender como</p><p>as decisões de gasto e investimento afetam o funcionamento da</p><p>economia, especialmente em períodos de instabilidade e</p><p>desequilíbrio.</p><p>Assista à videoaula e aprofunde os seus conhecimentos sobre a</p><p>teoria keynesiana.</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula vamos estudar os elementos básicos da Teoria Geral de</p><p>Keynes. Essa teoria revolucionou a forma como entendemos e</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 16/67</p><p>analisamos os fenômenos econômicos, especialmente no que diz</p><p>respeito ao papel do Estado na regulação da atividade econômica.</p><p>Vamos abordar conceitos-chave como demanda efetiva, propensão</p><p>ao consumo e investimento, eficiência marginal do capital,</p><p>preferência pela liquidez e intervenção estatal na economia.</p><p>Durante esta aula, vamos nos concentrar em duas questões:</p><p>Como a demanda efetiva influencia o nível de emprego e</p><p>produção em uma economia?</p><p>Qual é o papel do Estado na regulação macroeconômica,</p><p>especialmente em tempos de crise?</p><p>Ao longo do estudo reflita sobre como os conceitos discutidos por</p><p>Keynes podem ser aplicados para entendermos os desafios</p><p>econômicos contemporâneos, como desemprego, inflação e</p><p>crescimento econômico.</p><p>Ao entender os princípios da Teoria Geral de</p><p>Keynes, você adquirirá</p><p>ferramentas valiosas para analisar e interpretar os movimentos da</p><p>economia, além de estar se preparando para enfrentar desafios e</p><p>propor soluções no ambiente profissional. Boa aula!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Entender os principais desafios macroeconômicos é essencial para</p><p>identificar caminhos e soluções alternativas. É nesse contexto que,</p><p>em 1936, a publicação da obra A teoria geral do emprego, do juro e</p><p>da moeda assume um papel central na teoria econômica. O</p><p>destaque atribuído ao autor e à obra decorre tanto do contexto</p><p>histórico da época quanto dos estudos prévios de Keynes,</p><p>delineando sua trajetória teórica até o momento da publicação da</p><p>Teoria Geral. Vamos a partir de agora conhecer alguns tópicos</p><p>importantes dessa obra.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 17/67</p><p>Apresentada no livro A teoria geral do emprego, do juro e da moeda,</p><p>a função consumo descreve a relação entre a renda disponível e o</p><p>consumo das famílias em uma economia. Em sua forma mais</p><p>básica, ela postula que o consumo das famílias é uma função</p><p>positiva da renda disponível, ou seja, à medida que a renda</p><p>disponível aumenta, o consumo também tende a aumentar, mas a</p><p>uma taxa menor.</p><p>Nesse caso, há uma relação funcional positiva entre consumo (C) e</p><p>renda nacional (Y):</p><p>C= f (Y )</p><p>Keynes introduziu o conceito de propensão marginal a consumir</p><p>(PMC), que representa a fração adicional da renda que as famílias</p><p>consomem quando há um aumento na renda disponível (Brue;</p><p>Grant, 2016). A razão entre a mudança no consumo e a mudança na</p><p>renda – a propensão marginal ao consumo (PMC) – é positiva e</p><p>menor que 1.</p><p>PMC= ∆C / ∆Y</p><p>Isso implica que as poupanças (S) também surgem com a renda;</p><p>são, também, uma função positiva da renda.</p><p>S= f (Y )</p><p>Assim como a (PMC), a propensão marginal a poupar (PMS) é</p><p>maior que zero e menor que 1.</p><p>PMS= ∆S / ∆Y</p><p>Essa relação pode ser representada graficamente na Figura 1, que</p><p>apresenta os gastos com consumo a determinados níveis de renda.</p><p>A inclinação da curva (ΔC/ΔY) é a propensão marginal a consumir.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 18/67</p><p>Figura 1 | Função consumo. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 462).</p><p>Keynes define o investimento econômico como a compra de bens</p><p>de capital e o investimento financeiro como, por exemplo,</p><p>aplicações em títulos ou em ações. Segundo a visão keynesiana as</p><p>empresas investem em capital com o intuito de obterem maiores</p><p>lucros.</p><p>Keynes destacou que o investimento é guiado principalmente pela</p><p>expectativa de lucro das empresas, e não apenas pela taxa de</p><p>juros como sugerido pelas teorias econômicas clássicas. Logo, ele</p><p>apresentou o conceito de Eficiência Marginal do Capital (EMC)</p><p>(Brue; Grant, 2016).</p><p>A eficiência marginal do capital (EMC) refere-se à taxa de retorno</p><p>esperada de um investimento adicional. Em outras palavras, é a</p><p>quantidade adicional de produção que se espera que um</p><p>investimento adicional gere.</p><p>Keynes argumentou que enquanto a EMC for maior que a taxa de</p><p>juros, os investimentos adicionais serão considerados lucrativos</p><p>e, portanto, as empresas estarão dispostas a investir mais. Porém,</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 19/67</p><p>quando a EMC for menor que a taxa de juros, os investimentos</p><p>adicionais não são mais lucrativos, e as empresas reduzem seus</p><p>investimentos (Malassise et al., 2014).</p><p>O impacto da eficiência marginal do capital na economia é</p><p>significativo. Keynes argumentou que em períodos de incerteza ou</p><p>pessimismo, a EMC pode diminuir, levando a uma redução nos</p><p>investimentos privados. Isso pode resultar em um ciclo econômico</p><p>negativo, em que a queda dos investimentos reduz a demanda</p><p>agregada, levando a uma redução na produção e no emprego</p><p>(Malassise et al., 2014). As ideias de Keynes sobre a eficiência</p><p>marginal do capital podem ser utilizadas para construir uma curva</p><p>da demanda por investimento, como a curva I = f(i), na Figura 2.</p><p>Figura 2 | A curva da demanda por investimento. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 464).</p><p>Essa curva ilustra a relação inversa entre a taxa de juros (i) e o</p><p>investimento total (I) em uma economia na qual todos os projetos</p><p>de investimento relevantes foram sistemáticos em ordem</p><p>decrescente de eficiência marginal do capital. Quando a taxa de</p><p>juros de mercado é i1, o volume de investimento é I1. Para todos os</p><p>investimentos acima de I1, a eficiência marginal do capital excederá</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 20/67</p><p>o custo do empréstimo, enquanto para todos os investimentos além</p><p>de I1, o custo excederá a eficiência marginal do capital (Brue; Grant,</p><p>2016).</p><p>Siga em Frente...</p><p>A preferência pela liquidez é um conceito chave na teoria</p><p>econômica de Keynes, que complementa sua análise sobre</p><p>investimento e eficiência marginal do capital. Keynes argumentou</p><p>que os agentes econômicos, em particular os tomadores de decisão,</p><p>têm uma preferência natural por ativos líquidos, como dinheiro,</p><p>em vez de investir em ativos de longo prazo que podem ser menos</p><p>facilmente convertidos em dinheiro (Brue; Grant, 2016).</p><p>Essa preferência pela liquidez influencia diretamente a decisão de</p><p>investimento das empresas e dos indivíduos. Em períodos de</p><p>incerteza econômica, os agentes econômicos podem optar por</p><p>manter mais dinheiro em vez de investir em projetos de longo</p><p>prazo, mesmo que a eficiência marginal do capital seja alta. Isso</p><p>ocorre porque eles podem estar preocupados com a capacidade de</p><p>converter esses investimentos em dinheiro quando necessário, dada</p><p>a incerteza sobre as condições futuras do mercado.</p><p>Essa aversão ao risco afeta a relação entre taxa de juros e</p><p>investimento. Mesmo que a taxa de juros diminua, o investimento</p><p>pode não aumentar significativamente se a preferência pela liquidez</p><p>permanecer alta. Isso pode levar a uma situação de "armadilha de</p><p>liquidez", na qual a política monetária expansionista pode ser</p><p>ineficaz para estimular o investimento e impulsionar a demanda</p><p>agregada.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), Keynes destaca que existem</p><p>três motivos pelos quais as pessoas podem preferir pela liquidez:</p><p>1. Motivo transação: refere-se à necessidade de manter dinheiro</p><p>disponível para despesas do dia a dia, como pagamento de</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 21/67</p><p>contas, compras regulares e outras transações financeiras.</p><p>Quanto maior a atividade econômica e os gastos, maior é a</p><p>demanda por liquidez para facilitar essas transações.</p><p>2. Motivo precaução: reflete a preferência por manter reservas</p><p>de liquidez para enfrentar imprevistos financeiros ou incertezas</p><p>futuras. As pessoas podem optar por manter uma quantidade</p><p>maior de dinheiro disponível em caso de emergências, como</p><p>desemprego, doença ou outras circunstâncias inesperadas.</p><p>3. Motivo especulação: este motivo envolve a preferência por</p><p>manter liquidez como uma forma de aproveitar oportunidades</p><p>de investimento futuras. Quando as expectativas em relação ao</p><p>futuro são incertas ou quando surgem oportunidades de</p><p>investimento potencialmente lucrativas, as pessoas podem</p><p>optar por manter mais dinheiro disponível para aproveitar essas</p><p>oportunidades quando surgirem.</p><p>Esses motivos podem ser traduzidos em uma curva de demanda</p><p>por dinheiro ou moeda “L” na Figura 3. A curva é decrescente, o</p><p>que indica que as pessoas tendem a preferir manter mais dinheiro à</p><p>medida que as taxas de juros diminuem. Quando a taxa de juros</p><p>está abaixo da taxa normal, as pessoas esperam que ela aumente.</p><p>Conforme a taxa de juros aumenta, os preços dos títulos diminuem</p><p>e os detentores desses títulos sofrem perdas. Por isso, em períodos</p><p>de baixa taxa de juros, as pessoas</p><p>tendem a manter mais</p><p>dinheiro em espécie e menos em títulos. Por outro lado, em</p><p>períodos de alta taxa de juros, elas tendem a adquirir mais títulos e</p><p>manter menos dinheiro em mãos.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 22/67</p><p>Figura 3 | Preferência pela liquidez, oferta de moeda e taxa de juros. Fonte: Brue e</p><p>Grant (2016, p. 465).</p><p>A curva da demanda por moeda (L) apresenta um declínio devido ao</p><p>fato de que taxas de juros mais baixas diminuem o custo associado</p><p>à manutenção de dinheiro em espécie. Por outro lado, a curva da</p><p>oferta de moeda (M) é representada verticalmente, indicando a</p><p>quantidade específica de moeda em circulação determinada pelo</p><p>banco central. A taxa de juros de equilíbrio (representada aqui como</p><p>i1) é estabelecida no ponto de interseção entre a curva da</p><p>preferência pela liquidez (a curva da demanda por moeda) e a curva</p><p>da oferta de moeda.</p><p>Em suma, o nível de investimento na economia é determinado pela</p><p>interação entre dois fatores principais: (1) a eficiência marginal do</p><p>capital, que estabelece a curva da demanda por investimentos, e (2)</p><p>a taxa de juros de mercado. Esta última é influenciada pela</p><p>demanda por moeda (preferência pela liquidez) e pela oferta de</p><p>moeda.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 23/67</p><p>Compreendida essa dinâmica, vamos conhecer o esquema básico</p><p>da Teoria Geral de Keynes.</p><p>Na análise Keynesiana, o que determina o nível de emprego numa</p><p>economia industrial é o nível de produção. Keynes informa que o</p><p>que determina o nível de produção é a existência da demanda</p><p>efetiva. De acordo com Malassise et al. (2014), a demanda efetiva</p><p>consiste na demanda concretizada através do consumo somado aos</p><p>gastos destinados à perspectiva de consumo futuro, ou seja, os</p><p>investimentos. Nesse contexto, as expectativas dos empresários em</p><p>relação ao futuro da economia desempenham papel fundamental.</p><p>Inicialmente, Keynes apresenta os determinantes da demanda</p><p>efetiva. Para uma economia fechada (sem governo), ou seja,</p><p>modelo simples, Keynes conclui que o nível de produção é</p><p>determinado pelo Consumo (C) e pelo Investimento (I),</p><p>lembrando que:</p><p>C = f (Y) → Consumo é função da renda. Keynes refere-se ao</p><p>consumo agregado, isto é, o consumo de toda a sociedade.</p><p>I = f (E,i) → O investimento é função das Expectativas (E) e</p><p>das taxas e juros (i).</p><p>Logo, Keynes conclui que o nível de produção é determinado por:</p><p>Y=C+I</p><p>Essencialmente, o princípio da demanda efetiva se resume à ação</p><p>de gastar em investimentos e consumo, o que, por sua vez,</p><p>determina a renda, ou seja, é a demanda que influencia a oferta.</p><p>Nisso reside a distinção fundamental entre os economistas</p><p>keynesianos e os economistas clássicos (Malassise et al., 2014). A</p><p>Figura 4 apresenta o modelo básico da economia keynesiana.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 24/67</p><p>Figura 4 | O esquema básico da economia keynesiana. Fonte: adaptada de Mendes (2009, p. 159</p><p>apud Malassise et al., 2014, p. 138).</p><p>Conforme a Figura 4, quando ocorre a produção (Y), há também a</p><p>distribuição dos resultados entre pagamento de salários (S) e</p><p>lucros (L).</p><p>Keynes pressupôs que os trabalhadores recebiam baixos salários e</p><p>não poupavam; assim, todo o salário era direcionado ao consumo</p><p>(C). Por outro lado, os empresários, que obtinham lucro, poderiam</p><p>gastar uma parte de sua renda com consumo e poupar outra parte</p><p>(S). Era precisamente o destino dessa parte não utilizada para</p><p>consumo, a poupança, que gerava instabilidade na economia.</p><p>A poupança pode permanecer em forma de entesouramento, isto</p><p>é, guardada sem aplicação; pode ser direcionada para aplicações</p><p>financeiras e remunerada com juros; ou pode ser reinvestida,</p><p>retornando ao processo produtivo como investimento.</p><p>Quanto maior a parcela da poupança destinada ao investimento (I),</p><p>maior é o nível de produção. No entanto, Keynes argumenta que o</p><p>investimento também pode ser financiado pelo sistema financeiro,</p><p>que pode criar moeda secundária para essa finalidade. Portanto,</p><p>para Keynes, não é necessário que haja poupança para financiar o</p><p>investimento, mas sem investimento não há poupança.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 25/67</p><p>De acordo com Keynes, o funcionamento normal da economia só</p><p>ocorre se a poupança for investida para aumentar o nível de</p><p>produção e, assim, garantir o crescimento econômico. Porém, os</p><p>empresários tomam duas decisões com bases em expectativas</p><p>quanto ao futuro econômico. Se a perspectiva da atividade</p><p>econômica for positiva, os capitalistas vão investir. Porém, se a</p><p>perspectiva da atividade econômica for negativa, não haverá</p><p>investimentos e, por consequência, reduz o emprego e a renda.</p><p>Ainda de acordo com Malassise et al., 2014:</p><p>[...] a obra de Keynes permite afirmar que para melhorar os</p><p>níveis de emprego deve-se ampliar a produção. Para isso é</p><p>necessário que haja mais consumo e investimento. O</p><p>consumo tem consequências positivas no crescimento. A</p><p>economia precisa ter um fluxo de investimentos organizados</p><p>e, para isto, a política monetária deve ser adequada no</p><p>sentido de prover taxas de juros baixas que permitam aos</p><p>empresários recorrer ao crédito favorecendo os</p><p>investimentos. Porém, argumenta que em época de crise,</p><p>cujo diagnóstico seja superprodução a política e juros baixos</p><p>para investimento, seria ineficaz. Quando a situação chega a</p><p>um ponto de alto desemprego e superprodução é necessário</p><p>ter investimento público. (Malassise et al., 2014, p. 139)</p><p>Portanto, é imperativo que o estado reassuma seu papel por meio</p><p>de uma política de intervenção ativa, contrabalançando as ações do</p><p>setor privado. Essa intervenção deve ser anticíclica, o que</p><p>significa que, quando as decisões capitalistas tendem ao</p><p>sobreinvestimento e ao superaquecimento da economia, o estado</p><p>deve reduzir seus investimentos para evitar uma inflação por</p><p>demanda e gastos públicos desnecessários (Malassise et al., 2014).</p><p>Por outro lado, se houver subinvestimento e uma crise de</p><p>desemprego, o estado deve implementar uma política de</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 26/67</p><p>investimentos e gastos para evitar uma recessão econômica. Ao agir</p><p>dessa maneira, a intervenção estatal poderia contribuir</p><p>significativamente para a estabilização dos investimentos. É nesse</p><p>contexto que se delineia uma regulação macroeconômica de cunho</p><p>keynesiano.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, espero que tenha gostado do conteúdo até aqui.</p><p>A partir de agora vamos retomar a problematização do início da</p><p>nossa aula. Vejamos as reflexões para cada questionamento</p><p>deixado no começo da aula.</p><p>Como a demanda efetiva influencia o nível de emprego e</p><p>produção em uma economia?</p><p>A análise keynesiana nos leva a compreender que a demanda</p><p>efetiva, composta pelo consumo agregado e os investimentos,</p><p>desempenha um papel crucial na determinação do nível de emprego</p><p>e produção. Quando a demanda efetiva é robusta, ou seja, quando</p><p>os consumidores estão gastando e as empresas estão investindo,</p><p>isso cria um ambiente propício para a expansão econômica.</p><p>Aumenta-se a produção para atender à demanda, o que leva as</p><p>empresas a contratarem mais trabalhadores para manter o ritmo da</p><p>produção. Por outro lado, quando a demanda efetiva é fraca, com</p><p>consumidores reticentes em gastar e empresas hesitantes em</p><p>investir, isso pode levar a uma redução na produção e,</p><p>consequentemente, ao desemprego. Assim, a compreensão da</p><p>dinâmica da demanda efetiva é essencial para formular políticas</p><p>econômicas que visem estimular o crescimento e reduzir o</p><p>desemprego.</p><p>Qual é o papel do Estado na regulação macroeconômica,</p><p>especialmente em tempos de crise?</p><p>07/09/24,</p><p>10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 27/67</p><p>Keynes argumenta que o Estado desempenha um papel crucial na</p><p>estabilização da economia, especialmente durante períodos de</p><p>crise. Em tempos de recessão, o setor privado pode se retrair,</p><p>reduzindo os investimentos e exacerbando o desemprego.</p><p>Nesse contexto, cabe ao Estado intervir, por meio de políticas</p><p>monetárias e fiscais expansionistas, para estimular a demanda</p><p>efetiva e reverter a tendência recessiva. Isso pode incluir a redução</p><p>das taxas de juros, o aumento dos gastos públicos e a</p><p>implementação de incentivos fiscais para estimular o consumo e o</p><p>investimento. Ao agir de forma anticíclica, o Estado pode ajudar a</p><p>estabilizar a economia e evitar recessões prolongadas.</p><p>Em suma, compreendemos que a demanda efetiva, combinada com</p><p>o papel regulador do Estado, são essenciais na determinação do</p><p>nível de emprego e produção em uma economia. Ao entender como</p><p>esses conceitos se entrelaçam, os formuladores de políticas</p><p>econômicas podem desenvolver estratégias eficazes para promover</p><p>o crescimento econômico e garantir o pleno emprego.</p><p>Saiba Mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É</p><p>importante que você tenha outras fontes de pesquisa para ser capaz</p><p>de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>Leia o capítulo A escola keynesiana do livro: História do</p><p>pensamento econômico. Com uma linguagem didática, os autores</p><p>apresentam em poucas páginas uma síntese das ideias de Keynes,</p><p>bem como diversos trechos da obra A teoria geral do emprego, do</p><p>juro e da moeda.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento</p><p>econômico. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019. E-book.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 28/67</p><p>Leia o artigo A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, um</p><p>resumo crítico do livro de J. M. Keynes, do autor José Maria Dias</p><p>Pereira. Esse artigo tem o propósito de resumir, de forma crítica, o</p><p>conteúdo dos capítulos da Teoria Geral. Pode ser interpretado como</p><p>uma espécie de “guia de leitura”, permitindo, a qualquer um que se</p><p>empenhe nessa tarefa, criar coragem para enfrentar os originais</p><p>dessa importantíssima e polêmica obra e, assim, formar a sua</p><p>própria opinião sobre ela ou de seu autor.</p><p>PEREIRA, J. M. D. A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”,</p><p>um resumo crítico do livro de J. M. Keynes. TEC Textos de</p><p>Economia. v. 26, n. 1, 2023.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do</p><p>pensamento político e econômico. Londrina: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico.</p><p>São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2016.</p><p>MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.;</p><p>FORMAGI, C. Evolução do pensamento econômico. Londrina:</p><p>Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento</p><p>econômico. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019. E-book. ISBN</p><p>9788571440166. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/.</p><p>Acesso em: 21 fev. 2024.</p><p>PEREIRA, J. M. D. A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”,</p><p>um resumo crítico do livro de J. M. Keynes. TEC Textos de</p><p>Economia. v. 26, n. 1, 2023. Disponível em:</p><p>https://doi.org/10.5007/2175-8085.2023.e93423</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 29/67</p><p>https://doi.org/10.5007/2175-8085.2023.e93423. Acesso em: 23 abr.</p><p>2024.</p><p>Aula 3</p><p>NEOLIBERALISMO</p><p>Neoliberalismo</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula você conhecerá os preceitos da escola neoliberal.</p><p>Esse conteúdo é fundamental para compreender as ideias e</p><p>políticas econômicas que defendem a livre iniciativa, a redução do</p><p>papel do Estado na economia, a liberalização dos mercados e a</p><p>privatização de empresas estatais. Assista à videoaula e fortaleça</p><p>seus conhecimentos sobre a economia política.</p><p>Ponto de Partida</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 30/67</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula vamos continuar nossa discussão sobre o pensamento</p><p>econômico no século XX. Vamos concentrar nossos estudos no</p><p>mundo pós-Segunda Guerra, os impactos das ideias de Keynes e a</p><p>crítica ao keynesianismo por meio do neoliberalismo.</p><p>Para introduzir o contexto do nosso estudo, iremos contar com a</p><p>orientação do professor Joaquim, que está conduzindo suas</p><p>explicações aos alunos sobre a teoria keynesiana e suas</p><p>implicações. Durante uma das aulas, Joaquim se deparou com uma</p><p>discussão em sala na qual um estudante argumentou que é</p><p>responsabilidade do Estado intervir na economia e que as ideias</p><p>neoliberais surgiram apenas devido aos países desenvolvidos</p><p>buscarem dominar as nações em desenvolvimento. Ele afirmou que,</p><p>por esse motivo, essas ideias não foram implementadas nos países</p><p>centrais do capitalismo.</p><p>De que maneira o professor João poderia elucidar para este aluno o</p><p>contexto histórico que deu origem à doutrina neoliberal e seus</p><p>fundamentos? Como ele poderia abordar o assunto de forma a</p><p>promover uma compreensão menos simplista, sem adotar uma</p><p>narrativa que favoreça ou condene essa ideologia?</p><p>Muito bem, ao longo da aula vamos buscar subsídios que nos</p><p>ajudem a responder esses questionamentos. Compreender a</p><p>evolução da economia política ao longo do século XX é essencial</p><p>para o entendimento das políticas econômicas adotadas pelas</p><p>nações.</p><p>Vamos juntos para mais essa aula! Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Conforme já estudamos, de acordo com os princípios do</p><p>keynesianismo, a solução para prevenir as grandes crises do</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 31/67</p><p>sistema capitalista seria a intervenção do Estado na economia,</p><p>com o intuito de gerar empregos, estimular a demanda e reduzir as</p><p>disparidades sociais. Essa doutrina, que serviu de base para muitas</p><p>propostas de políticas econômicas pós-Segunda Guerra Mundial</p><p>e tornou-se um elemento central no mundo capitalista do período</p><p>pós-guerra: na Europa, viu o fortalecimento do Estado de bem-</p><p>estar social, enquanto na América Latina, o desenvolvimentismo</p><p>cepalino destacou-se como um exemplo da influência do</p><p>keynesianismo (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Após o término da Segunda Guerra Mundial (1945), surgiu um</p><p>desafio considerável à teoria econômica predominante da época</p><p>com a publicação de O caminho da servidão, de Friedrich Hayek</p><p>(1899-1992). A "nova" doutrina proposta por Hayek foi uma</p><p>atualização dos princípios do liberalismo econômico, originando</p><p>assim o termo "neoliberalismo", que começou a ganhar destaque a</p><p>partir da década de 1970 em todo o mundo capitalista.</p><p>Teóricos como Milton Friedman (1912-2006) e Friedrich Hayek</p><p>não compartilhavam da visão de um Estado intervencionista e de</p><p>bem-estar social proposto por Keynes, reintroduzindo as propostas</p><p>liberais. Eles buscavam preservar a liberdade do comércio e os</p><p>princípios liberais estabelecidos por economistas clássicos em</p><p>séculos passados, associando-os aos valores de democracia e</p><p>liberdade política (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Vamos conhecer essas propostas a partir de agora!</p><p>Friedrich Hayek e a Escola Austríaca: uma</p><p>visão abrangente</p><p>Friedrich August von Hayek, renomado economista e filósofo, é um</p><p>dos principais expoentes da Escola Austríaca de Economia e uma</p><p>figura proeminente no pensamento econômico do século XX. Sua</p><p>vida e trabalho são intrinsecamente ligados à defesa da liberdade</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 32/67</p><p>individual, ao liberalismo clássico e à crítica</p><p>ao intervencionismo</p><p>estatal.</p><p>Nascido em Viena, Áustria, em 1899, Hayek estudou na</p><p>Universidade de Viena, onde teve contato com importantes figuras</p><p>intelectuais, como Ludwig von Mises e Friedrich von Wieser, que</p><p>influenciaram profundamente sua formação intelectual. Graduou-se</p><p>em Direito e Economia e posteriormente obteve seu doutorado em</p><p>Direito em 1921. Desde cedo, Hayek demonstrou interesse pela</p><p>teoria econômica e pelas questões sociais, o que o levou a se</p><p>dedicar ao estudo e à pesquisa nesses campos (Oliveira; Gennari,</p><p>2019).</p><p>Em 1944, Hayek publicou sua obra mais famosa, O caminho da</p><p>servidão, na qual argumentava contra o planejamento centralizado e</p><p>a favor da liberdade individual e econômica. O livro teve grande</p><p>impacto e foi considerado uma crítica contundente ao socialismo e</p><p>ao coletivismo. Hayek alertou sobre os perigos do controle estatal</p><p>excessivo, argumentando que isso inevitavelmente levaria à tirania e</p><p>à perda de liberdade individual (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Figura 1 | Retrato de Friedrich Hayek. Fonte:</p><p>Wikimedia Commons.</p><p>Um dos principais alvos das críticas de Hayek era o Partido</p><p>Trabalhista inglês e suas políticas intervencionistas. Ele via com</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 33/67</p><p>preocupação o crescimento do Estado de bem-estar social e</p><p>defendia uma abordagem mais liberal para a economia, baseada na</p><p>livre concorrência e na iniciativa privada (Boechat; Moraes; Leite,</p><p>2018).</p><p>Em 1947, Hayek foi um dos fundadores da Sociedade Mont Pèlerin,</p><p>uma organização dedicada à promoção dos princípios do liberalismo</p><p>clássico e à defesa da economia de mercado. A sociedade reuniu</p><p>intelectuais de diversas áreas, incluindo Economia, Filosofia, Direito</p><p>e Ciências Sociais, e teve um papel fundamental na disseminação</p><p>das ideias liberais em todo o mundo (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Os princípios econômicos defendidos por Hayek e pela Escola</p><p>Austríaca incluem a importância da livre concorrência, do mercado</p><p>como mecanismo de alocação eficiente de recursos, da propriedade</p><p>privada e da limitação do poder estatal. Eles argumentam que a</p><p>intervenção do governo na economia geralmente leva a distorções e</p><p>ineficiências, prejudicando o funcionamento natural do mercado.</p><p>De acordo com Brue e Grant (2016), nos anos 1970, o mundo</p><p>enfrentou uma crise econômica, marcada por estagnação, inflação e</p><p>desemprego, que levou a uma crítica generalizada ao</p><p>keynesianismo e às políticas de intervenção estatal. Os neoliberais,</p><p>influenciados pelas ideias de Hayek e outros pensadores liberais,</p><p>argumentaram que as políticas keynesianas haviam falhado em</p><p>resolver os problemas econômicos e, pelo contrário, contribuíram</p><p>para agravá-los.</p><p>As propostas neoliberais para superar a crise incluíam a redução do</p><p>papel do Estado na economia, a desregulamentação dos mercados,</p><p>a privatização de empresas estatais e a adoção de políticas</p><p>monetárias restritivas para controlar a inflação.</p><p>Além disso, propõe-se realizar reformas fiscais para estimular os</p><p>agentes econômicos. Preconizadas pelos neoliberais, tais reformas</p><p>envolvem a redução de impostos sobre os rendimentos mais</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 34/67</p><p>elevados e sobre as receitas (Oliveira; Gennari, 2019). Essa</p><p>abordagem visa fornecer incentivos aos empresários para investir,</p><p>impulsionando a criação de empregos e o aumento de renda. Essas</p><p>medidas visam restaurar uma forma renovada e equilibrada de</p><p>desigualdade, revitalizando as economias mais avançadas. Dessa</p><p>forma, espera-se que o crescimento econômico seja revitalizado</p><p>através da estabilidade monetária e dos estímulos ao mercado</p><p>(Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Essas ideias ganharam força durante os governos de Margaret</p><p>Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos,</p><p>que implementaram uma série de reformas econômicas inspiradas</p><p>no liberalismo de Hayek.</p><p>Margaret Thatcher, conhecida como a "Dama de Ferro", foi uma</p><p>defensora fervorosa do livre mercado e da redução do Estado.</p><p>Durante seu governo, ela promoveu privatizações em larga escala,</p><p>cortes de impostos e medidas para restringir o poder dos sindicatos.</p><p>Ronald Reagan, por sua vez, adotou políticas semelhantes nos</p><p>Estados Unidos, buscando reduzir a intervenção do governo na</p><p>economia e estimular o crescimento econômico por meio da</p><p>iniciativa privada.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Milton Friedman e a Escola de Chicago</p><p>Milton Friedman, um dos economistas mais influentes do século XX,</p><p>nasceu em 31 de julho de 1912, em Brooklyn, Nova York. Ele</p><p>estudou na Universidade Rutgers e depois na Universidade de</p><p>Chicago, onde obteve seu doutorado em economia em 1946. Sua</p><p>carreira acadêmica o levou a se tornar um dos líderes da Escola de</p><p>Chicago, um centro de pensamento econômico associado ao</p><p>liberalismo econômico (Brue; Grant, 2016).</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 35/67</p><p>Friedman é conhecido principalmente por sua obra Capitalismo e</p><p>liberdade, publicada em 1962. Nesse livro, ele defende</p><p>vigorosamente os princípios do liberalismo clássico, argumentando</p><p>que a liberdade econômica é essencial para a liberdade política e</p><p>individual. Ele advoga por um papel limitado do governo na</p><p>economia e defende a privatização de muitos serviços</p><p>governamentais (Oliveira; Gennari, 2019).</p><p>Figura 2 | Retrato de Milton Friedman. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Uma das críticas mais notáveis de Friedman foi dirigida ao New</p><p>Deal, o conjunto de políticas implementadas nos Estados Unidos</p><p>durante a Grande Depressão para combater o desemprego e a</p><p>recessão. Friedman argumentava que as intervenções do governo</p><p>durante o New Deal, como regulamentações e políticas de controle</p><p>de preços, prolongaram a depressão em vez de aliviar seus efeitos.</p><p>Ele acreditava que o livre mercado era o melhor mecanismo para</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 36/67</p><p>determinar os preços e a alocação de recursos (Oliveira; Gennari,</p><p>2019).</p><p>Além disso, Friedman propôs uma série de reformas para o sistema</p><p>econômico. Uma de suas propostas mais conhecidas foi a defesa da</p><p>teoria monetarista, que argumentava que a quantidade de dinheiro</p><p>em circulação era o principal determinante da inflação. Ele</p><p>argumentou que o governo deveria seguir uma política monetária</p><p>estrita, controlando o suprimento de dinheiro para manter a</p><p>estabilidade de preços (Boechat; Moraes; Leite, 2018).</p><p>Outra reforma proposta por Friedman foi a eliminação dos</p><p>programas de bem-estar do governo. Ele argumentava que tais</p><p>programas desencorajavam o trabalho e a responsabilidade</p><p>individual e propunha substituí-los por um imposto de renda</p><p>negativo, onde as pessoas abaixo de certo nível de renda</p><p>receberiam um pagamento do governo em vez de pagar impostos.</p><p>A Escola de Chicago, da qual Friedman foi uma figura proeminente,</p><p>é uma tradição de pensamento econômico associada à</p><p>Universidade de Chicago e seus adeptos. A escola ganhou</p><p>destaque nas décadas de 1950 e 1960, com uma abordagem</p><p>influente que enfatizava o livre mercado, o individualismo e a crença</p><p>na eficiência dos mercados.</p><p>Os principais princípios da Escola de Chicago incluem a crença na</p><p>importância da liberdade econômica e do livre mercado, a ênfase na</p><p>teoria dos preços como um mecanismo de alocação eficiente de</p><p>recursos e a desconfiança em relação à intervenção do governo na</p><p>economia (Brue; Grant, 2016).</p><p>O neoliberalismo na prática: de Pinochet a</p><p>Thatcher</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 37/67</p><p>Do Chile sob Pinochet à Grã-Bretanha sob Thatcher e aos Estados</p><p>Unidos sob Reagan, essa ideologia moldou o curso da economia</p><p>global, marcando uma mudança significativa</p><p>na abordagem do</p><p>Estado em relação ao mercado. Vamos explorar como o</p><p>neoliberalismo se manifestou na prática, examinando os casos do</p><p>Chile de Pinochet e do Reino Unido e dos Estados Unidos de</p><p>Thatcher e Reagan, respectivamente.</p><p>1. Neoliberalismo no Chile e a influência dos Chicago Boys</p><p>O Chile foi um dos primeiros países a implementar políticas</p><p>neoliberais de maneira abrangente, sob a ditadura militar de</p><p>Augusto Pinochet, a partir de meados da década de 1970. Uma</p><p>figura-chave por trás dessas reformas foi o economista chileno</p><p>Milton Friedman, da Escola de Economia de Chicago, cujas ideias</p><p>foram disseminadas por um grupo de economistas chilenos</p><p>conhecidos como os "Chicago Boys".</p><p>As políticas neoliberais adotadas no Chile incluíam a privatização de</p><p>empresas estatais, a liberalização do comércio e dos mercados</p><p>financeiros, a redução dos gastos públicos e a diminuição da</p><p>intervenção estatal na economia. Essas reformas foram</p><p>acompanhadas por uma ênfase na estabilidade monetária, com o</p><p>Banco Central do Chile implementando políticas para conter a</p><p>inflação. O modelo neoliberal enfatizava o livre mercado e a</p><p>competição, mas falhou em abordar as disparidades</p><p>socioeconômicas e proporcionar proteção social adequada para os</p><p>mais vulneráveis.</p><p>2. Políticas neoliberais adotadas por Thatcher</p><p>No Reino Unido, Margaret Thatcher liderou uma revolução</p><p>neoliberal durante seu mandato como Primeira-Ministra, de 1979 a</p><p>1990. Suas políticas foram profundamente influenciadas pelo</p><p>pensamento neoliberal e visavam reduzir o papel do Estado na</p><p>economia e promover a livre iniciativa e a competitividade.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 38/67</p><p>Thatcher implementou uma série de medidas neoliberais, incluindo a</p><p>elevação das taxas de juros para combater a inflação, a redução</p><p>dos impostos sobre altos rendimentos para estimular o</p><p>empreendedorismo e o investimento, a privatização de empresas</p><p>estatais em setores como energia, telecomunicações e transporte e</p><p>a redução dos gastos sociais.</p><p>Figura 3 | Retrato de Margaret Thatcher. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>Essas políticas foram acompanhadas por uma retórica de</p><p>individualismo, meritocracia e responsabilidade pessoal, refletindo a</p><p>crença neoliberal na primazia do mercado e na liberdade individual.</p><p>No entanto, as consequências dessas reformas foram controversas,</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 39/67</p><p>com críticos apontando para o aumento da desigualdade, o</p><p>enfraquecimento dos sindicatos e a erosão dos serviços públicos.</p><p>3. Políticas adotadas por Reagan</p><p>Nos Estados Unidos, o presidente Ronald Reagan também adotou</p><p>uma abordagem neoliberal durante seu mandato, de 1981 a 1989.</p><p>Reagan buscou reduzir o tamanho e o alcance do governo,</p><p>promovendo políticas de desregulamentação, cortes de impostos e</p><p>privatização.</p><p>Reagan implementou cortes significativos nos impostos sobre as</p><p>corporações e os mais ricos, argumentando que isso estimularia o</p><p>crescimento econômico e a criação de empregos. Ele também</p><p>buscava reduzir a burocracia governamental e desmantelar</p><p>regulamentações consideradas excessivas, especialmente nos</p><p>setores financeiro e de energia. Além disso, Reagan promoveu uma</p><p>agenda de defesa agressiva, aumentando os gastos militares e</p><p>adotando uma postura firme em relação à União Soviética, como</p><p>parte de sua visão de fortalecimento do poderio americano e</p><p>promoção dos interesses dos Estados Unidos no cenário global.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 40/67</p><p>Figura 4 | Retrato de Ronald Reagan. Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>No entanto, as políticas de Reagan também foram criticadas por</p><p>exacerbarem a desigualdade econômica e enfraquecerem as</p><p>proteções sociais, especialmente para os mais pobres e vulneráveis.</p><p>O legado do neoliberalismo nos Estados Unidos incluiu uma</p><p>crescente disparidade de renda, uma diminuição do poder dos</p><p>sindicatos e uma crescente financeirização da economia.</p><p>A política neoliberal, apesar de amplamente dominante, enfrentou</p><p>várias contestações em diferentes cenários, destacando a questão</p><p>da intervenção estatal na economia como ponto central do debate</p><p>político-econômico. Embora tenha incorporado elementos do ideário</p><p>neoliberal, o Partido Democrata nos Estados Unidos adotou uma</p><p>abordagem mais cautelosa em relação ao Estado Mínimo proposto</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 41/67</p><p>pelo Partido Republicano a partir da presidência de Reagan</p><p>(Boechat; Moraes; Leite, 2018). Dessa forma, nos Estados Unidos, o</p><p>ímpeto do neoliberalismo diminuiu com a derrota do republicano</p><p>George Bush (pai) nas eleições presidenciais de 1993 e a ascensão</p><p>do democrata Bill Clinton, que governou até 2000 (Boechat; Moraes;</p><p>Leite, 2018).</p><p>A América Latina e o neoliberalismo</p><p>Os princípios fundamentais do neoliberalismo podem ser resumidos</p><p>no Consenso de Washington, um conjunto de dez diretrizes</p><p>desenvolvidas por economistas de instituições como o Fundo</p><p>Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Departamento</p><p>do Tesouro dos Estados Unidos, que tinha como objetivo principal</p><p>propagar a conduta neoliberal para combater as crises econômicas</p><p>dos países em desenvolvimento, principalmente na América Latina.</p><p>Essas diretrizes foram estabelecidas em novembro de 1989 e</p><p>serviram como um guia para os países que buscavam financiamento</p><p>junto ao FMI para lidar com seus déficits fiscais (Silveira, 2019 apud</p><p>Medeiros, 2020). Segundo o autor, as diretrizes são:</p><p>Disciplina fiscal.</p><p>Redução dos gastos públicos.</p><p>Reforma fiscal e tributária.</p><p>Abertura comercial e econômica.</p><p>Taxa de câmbio de mercado competitivo.</p><p>Liberalização do comércio exterior.</p><p>Eliminação das restrições ao investimento estrangeiro direto.</p><p>Privatização, com a venda das empresas estatais.</p><p>Essas políticas foram amplamente adotadas por muitos países em</p><p>desenvolvimento, incluindo o Brasil, com o objetivo de promover o</p><p>crescimento econômico e a estabilidade financeira.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 42/67</p><p>O governo Collor de Mello</p><p>O governo de Fernando Collor de Mello, que teve início em 1990, foi</p><p>marcado por uma série de reformas econômicas radicais, muitas</p><p>das quais estavam alinhadas com os princípios do Consenso de</p><p>Washington. Collor implementou políticas de abertura econômica,</p><p>privatização de empresas estatais, desregulamentação e</p><p>estabilização monetária.</p><p>O governo FHC</p><p>Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994, teve início</p><p>uma nova fase na implementação das políticas neoliberais no Brasil.</p><p>FHC, que foi ministro da Fazenda durante o governo Itamar Franco,</p><p>adotou uma abordagem mais gradual e pragmática em relação às</p><p>reformas econômicas, buscando equilibrar a estabilidade econômica</p><p>com a inclusão social.</p><p>Uma das principais realizações de FHC foi o Plano Real, lançado</p><p>em 1994, que estabilizou a moeda brasileira e controlou a</p><p>hiperinflação. O plano envolveu a introdução de uma nova moeda, o</p><p>real, e medidas de controle monetário e fiscal. Embora tenha sido</p><p>elogiado por sua eficácia na estabilização econômica, o Plano Real</p><p>também enfrentou críticas por contribuir para o aumento da</p><p>desigualdade social e da dívida pública.</p><p>Durante o governo FHC, o Brasil continuou a adotar políticas</p><p>neoliberais, incluindo a privatização de empresas estatais, a</p><p>abertura econômica e a adoção de políticas de austeridade fiscal.</p><p>No entanto, essas políticas também foram acompanhadas por uma</p><p>crescente resistência social e críticas ao aumento da desigualdade</p><p>e à falta de investimentos em áreas como saúde, educação e</p><p>infraestrutura.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html</p><p>43/67</p><p>Portanto, para finalizar esse conteúdo, cabe destacar que a</p><p>evolução da economia como ciência testemunhou uma mudança</p><p>significativa nas perspectivas sobre o papel do Estado na economia,</p><p>com a teoria liberal dos economistas clássicos e a teoria keynesiana</p><p>representando dois extremos desse espectro. A teoria neoliberal</p><p>aparece ao final do século XX como o ressurgimento das ideias</p><p>clássicas. É importante ressaltar que, na prática, muitas economias</p><p>adotam uma abordagem mista, combinando elementos do</p><p>liberalismo econômico com intervenções estatais quando</p><p>necessário. A chave está em encontrar um equilíbrio que permita</p><p>alcançar os objetivos econômicos e sociais de forma eficiente e</p><p>sustentável.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, espero que tenha gostado da aula até aqui. Vamos agora</p><p>retomar a problematização do início do nosso estudo!</p><p>Pensamos, então, como o professor Joaquim que, em uma de suas</p><p>aulas, depara-se com uma discussão na qual um aluno afirmava</p><p>que o Estado tem como obrigação intervir na economia e que as</p><p>ideias neoliberais surgiram somente porque os países</p><p>desenvolvidos desejavam dominar as nações em desenvolvimento,</p><p>tanto que não foram postas em práticas.</p><p>Para auxiliar seu aluno, o professor Joaquim fez uma reflexão sobre</p><p>a origem do pensamento neoliberal. Ele destacou que não se</p><p>originou nos anos 1980, como muitos pensam, mas teve suas raízes</p><p>muito antes, como uma resposta teórica e política às ideias de</p><p>Keynes, que foram amplamente adotadas por diversos países após</p><p>a Grande Depressão.</p><p>O professor revisitou a obra de Friedrich Hayek, O caminho da</p><p>servidão, publicada em 1944, e apresentou seus argumentos sobre</p><p>a importância da não intervenção do governo na economia,</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 44/67</p><p>argumentando que os mecanismos de mercado impostos pelo</p><p>Estado restringiam tanto a liberdade econômica quanto política.</p><p>Como observado, esse debate intelectual ocorreu no epicentro do</p><p>capitalismo europeu e não como uma reação posterior à dominação.</p><p>De fato, foi na mesma década de 1940, como mencionado, que a</p><p>Sociedade Mont Pèlerin foi fundada com o propósito de combater o</p><p>avanço do keynesianismo.</p><p>Nesse contexto, o professor João se viu diante de uma situação</p><p>complexa. Ao discutir, por exemplo, o caso chileno – a interação</p><p>entre a Escola de Chicago e a ditadura de Pinochet – ou as</p><p>imposições do FMI após o Consenso de Washington, poderíamos</p><p>vislumbrar elementos de uma dominação do centro do capitalismo</p><p>sobre os países periféricos na adoção do neoliberalismo. No</p><p>entanto, é importante recordar que tais políticas foram</p><p>implementadas igualmente em países centrais desse sistema, como</p><p>os Estados Unidos de Reagan e a Inglaterra de Thatcher.</p><p>Buscamos, ao longo das últimas aulas, uma compreensão</p><p>aprofundada do tema, evitando simplificações das diferentes</p><p>doutrinas econômicas. É importante lembrar que não existe uma</p><p>teoria econômica "absoluta". As perspectivas do pensamento</p><p>econômico estão ligadas ao contexto histórico em que foram</p><p>desenvolvidas e aos interesses em jogo em cada período. Ao</p><p>compreendermos esses contextos, somos capacitados a adotar uma</p><p>visão mais crítica não apenas da economia, mas também do debate</p><p>político-econômico que nos envolve constantemente.</p><p>Saiba Mais</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É</p><p>importante que você tenha outras fontes de pesquisa para ser capaz</p><p>de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 45/67</p><p>Leia o Capítulo 21 A escola Neoliberal do livro: História do</p><p>pensamento econômico. Nesse capítulo, você vai conhecer as</p><p>ideias precursoras de Friedrich von Hayek e a contribuição da</p><p>escola de Chicago de Milton Friedman.</p><p>OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento</p><p>econômico. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019. E-book.</p><p>Assista ao filme “Chicago Boys”, de 2015. Um grupo de economistas</p><p>chilenos (que vieram a ser conhecidos como "Chicago Boys")</p><p>retorna ao seu país natal – após uma temporada na Universidade</p><p>de Chicago e sob a influência das teorias econômicas de Milton</p><p>Friedman – para concretizar o plano econômico do ditador Augusto</p><p>Pinochet, que transformou o Chile no polo mais extremado do</p><p>neoliberalismo mundial.</p><p>Para saber mais sobre as políticas neoliberais adotadas pelo</p><p>governo dos países na América do Sul e suas consequências, leia o</p><p>artigo As políticas neoliberais e a crise na América do Sul.</p><p>BANDEIRA, L. A. M. As políticas neoliberais e a crise na América do</p><p>Sul. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 45, n. 2, p.</p><p>135-146, jul. 2002.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BANDEIRA, L. A. M. As políticas neoliberais e a crise na América do</p><p>Sul. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 45, n. 2, p.</p><p>135-146, jul. 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-</p><p>73292002000200007. Acesso em: 23 abr. 2024</p><p>BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do</p><p>pensamento político e econômico. Londrina: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2018.</p><p>BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico.</p><p>São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2016.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/</p><p>https://doi.org/10.1590/S0034-73292002000200007</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 46/67</p><p>MEDEIROS, F. B. S. Economia para negócios. Londrina: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2020.</p><p>Aula 4</p><p>O PENSAMENTO</p><p>ECONÔMICO NA AMÉRICA</p><p>LATINA E NO BRASIL</p><p>O pensamento econômico na</p><p>América Latina e no Brasil</p><p>Olá, estudante! Nesta videoaula você conhecerá o pensamento</p><p>econômico na América Latina e no Brasil.</p><p>Esse conteúdo é importante para compreendermos as diversas</p><p>abordagens teóricas e práticas que influenciaram o desenvolvimento</p><p>econômico da região. Entenderemos as principais correntes de</p><p>pensamento, como a abordagem da CEPAL e suas contribuições</p><p>para a formulação de políticas econômicas voltadas para o</p><p>crescimento e a redução das desigualdades.</p><p>Prepare-se para aprofundar seus conhecimentos! Assista à</p><p>videoaula e fortaleça seus conhecimentos em economia política.</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 47/67</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta seção, você terá acesso a uma análise do pensamento</p><p>econômico das últimas décadas, com um enfoque na economia</p><p>brasileira. Vamos explorar uma corrente de pensamento econômico</p><p>influenciada por intelectuais latino-americanos, como o argentino</p><p>Raúl Prebisch e o brasileiro Celso Furtado. Esses pensadores foram</p><p>fundamentais na formação da Comissão Econômica para a América</p><p>Latina e o Caribe (CEPAL), a qual se dedicou a explicar a realidade</p><p>econômica e social dos países latino-americanos. Além da CEPAL,</p><p>iremos analisar as diferentes correntes de pensamento econômico</p><p>que foram adotadas e/ou debatidas em relação à economia</p><p>brasileira.</p><p>Para contextualizar o estudo, retomamos a ajuda do professor</p><p>Joaquim, que avançou os estudos sobre o pensamento econômico</p><p>e político na América Latina no século XX e resolveu aplicar uma</p><p>atividade junto aos seus alunos. Um grupo de alunos afirmou de</p><p>forma equivocada que o pensamento econômico predominante no</p><p>Brasil no século XX foi o neoliberalismo, baseando-se na crença de</p><p>que o Estado raramente intervém na economia. Esse grupo</p><p>discordou da nota baixa na atividade e foi argumentar com o</p><p>07/09/24, 10:59 ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/7e5cdf65-0385-40d8-801e-d6549442bd6d/v1/index.html 48/67</p><p>professor, que explicou pacientemente os pontos que deveriam ser</p><p>abordados no texto. Quais argumentos poderiam ser utilizados para</p><p>convencer os alunos do equívoco cometido?</p><p>Muito bem, ao longo dessa aula</p>