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<p>Pacco</p><p>Eliana Pacco</p><p>Os Orixás na Umbanda Para Leigos</p><p>Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de xerografia, incluindo o uso da internet, sem a permissão expressa da autora. Copyright 2016 Eliana Pacco Todos os direitos reservados. ISBN: 9781521759363 VOZES DE ARUANDA</p><p>ÍNDICE Página do título 1. Os na Umbanda As vibrações dos Orixás Orixás cultuados na Umbanda 2. Conhecendo os Orixás Exu - o Intermediário Oxalá - o Equilíbrio e a Fé Xangô - Senhor da Justiça Oyá - - Movimento e Mudança Oxóssi - Guardião das Florestas e Dono do Conhecimento Oxum - do Ouro, do Amor à Vida e Amor Divino Ogun - Guardião dos Caminhos, Lei e Ordem Yemanjá - Senhora da Vida Omulu /Obaluaiê - da Cura e da Terra Nanã Buruquê - Orixá dos Pântanos e da Morte Ossaîn - das Folhas Oxumarê - da Chuva e do EUá - Senhora do Céu Estrelado Logun-Edé - da Riqueza e da Fartura Obá - Guerreira das Águas Revoltas Tempo/Irokô - da Árvore Sagrada 3. Orixá de Frente, Adjunto e Ancestral Adjuntó ou Juntó Ancestral ou Ancestre 4. Orixás do Pano Branco (Funfun) Zambi, Olorun, Olodumáre, Orixalá, Obatalá e OXALÁ</p><p>OXALÁ Oxalufan Oxaguian 5. Os Orixás na Formação do Mundo Esfera de Ogun Esfera de Xangô Esfera de Esfera de Yemanjá e Oxum Esfera de Oxóssi Esfera de Oxalá Esfera de Omulu 6. Como identificar o Orixá do Guia e sua missão</p><p>Para DANIELLA ALVARENGA</p><p>NOTA DA AUTORA Este livro é parte da obra intitulada "Umbanda, Muito Prazer!", e pretende tornar acessível o entendimento sobre os Orixás na Umbanda, esclarecer de forma simples suas vibrações e qualidades, oferecer conhecimento para interpretação dos nomes dos Guias segundo seus Orixás regentes, e também explicar quem são os Orixás de Frente, Adjuntó, Ancestral e do Pano Branco.</p><p>1. os ORIXÁS NA UMBANDA Orí significa Cabeça e Xá quer dizer Rei ou Senhor, deste modo Orixá quer dizer Se- nhor da Cabeça A linguagem humana é pobre para descrever e explicar os atributos divinos e quando o ser humano tenta explicar Deus e a criação apenas consegue diminuir Sua grandeza. Qualquer definição que façamos dos Orixás, assim como de Deus, será sempre uma definição incompleta decorrente da pobreza da linguagem humana. Os Orixás estão acima não só da linguagem, mas também da nossa compreensão. É a "fonte" mais evoluída criada e emanada do astral superior que interage conosco e que se mani- festa através das forças da natureza. Ou podem ser definidos como criação emanada do Astral Superior, e entendidos por nós como energia e vibração que emanam da natureza. A Umbanda traz em seu Fundamento o culto e grande respeito a essas forças, pois se entende que há vibração de Deus representada em cada Orixá, e são eles os respon- sáveis pela sustentação do progresso de todos os seres que habitam a Terra. Não é fácil explicar os Orixás, alguns conseguem definir com mais competência, como Roger Feraudy que explica que "Entendemos que os Orixás são os grandes arquitetos siderais ou construtores do universo e nós, os seres humanos, devemos a eles nossa evolução intelectual e física. São também chamados de Hierarquias Cria- doras e se ocupam da construção do Universo. Completaram sua própria evolução em idades e universos pretéritos. Poderíamos dizer que, em épocas pretéritas, foram in- divíduos como nós (guardadas as devidas situações de cada época, impensáveis para o homem atual). Orixás são divindades e também conhecidos como Mensageiros do Senhor ou Luz do Senhor, ou ainda As Sete Emanações do Senhor". Outra forma de explicar os Orixás encontra-se na Doutrina dos Sete Reinos Sagra- dos, de autoria do Núcleo de Estudos Mata Verde: "Orixás são os primeiros espíritos criados por Deus, portanto são seres de elevadíssima evolução espiritual. Estes seres de altíssima evolução espiritual são pura luz, não possuem um corpo físico e são os cocriadores do universo, estão presentes em todo o universo e cada um responde por uma área da criação divina. Os Orixás participaram da criação do universo e, portanto, da criação do nosso planeta, e por isso são denominados "Primordiais". Em cada etapa da evolução planetária um ou mais Orixás atuaram". Diferente do Candomblé a Umbanda não possui lendas que explicam os Orixás, e não são entendidos pelos umbandistas como divindades ou semideuses. Para facili-</p><p>tar a compreensão se pode dizer que cada Orixá é representado por força ou reino da natureza próprio, e com objetivos específicos para sua atuação na terra. Através da observação do funcionamento das forças da natureza foram associadas às qualidades dos Orixás, por exemplo, Oxum rege as águas doces e Yemanjá as águas salgadas, Oxóssi rege as matas e os ventos. Diferente da compreensão de alguns não há interferência ou "briga entre os Orixás", todos trabalham em absoluta harmonia entre si e complementam-se na sustentação da criação divina. Podemos comparar os pontos de força da natureza (rios, mares, matas etc.) com os pontos de acupuntura, que são locais específicos do corpo por onde circula a energia vital, ou ainda, da mesma forma que os chacras são centros energéticos no corpo hu- mano, assim também o planeta Terra possui os seus pontos de vibrações de energia vital (ou "rodas de luz"). Ao prestar culto aos Orixás os umbandistas reconhecem as forças elementares oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, e dos astros. Essas forças em equilíbrio pro- duzem a energia revitalizante que se chama "Axé", e que auxiliam no desempenho da missão dos seres humanos nesta passagem terrena. Não se pode confundir Orixá com o reino da natureza ao qual está associado. É errado pensar em Oxóssi como sendo as matas ou Oxum as cachoeiras, Oxóssi é a forca que atua nas matas, mas não é a mata. "Buscamos entender e explicar a manifestação dos Orixás através das forças da natureza porque esse é o nosso limite. Não temos nem entendimento nem evolução para avançar mais, pois foge da nossa compreensão" (Mãe Iassan Aypore Pery). Uma definição muito singela de Orixá nos foi dada por Mãe Iassan Ayporê Pery, dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery em cuja visão "Orixá é o amor de Deus espalhado destinado ao planeta Terra com o objetivo de nos auxiliar em nosso carma, e que se manifesta através das forças da natureza as quais manipulamos para nosso próprio equilíbrio e evolução. umbandista deve buscar o equilíbrio das forças dos Orixás através da prática da caridade, do amor e respeito à natureza e às coisas de Deus. Devemos nos harmonizar com essas forças que se manifestam em nossos Terreiros através de seus enviados de luz que sempre nos trazem palavras de conforto, amparo, força, esclarecimento, caridade e amor." Essa definição é perfeita e comovente. Mãe explica em um excelente livro intitulado "Umbanda, Mitos e Realidade" (adquirido gratuitamente na Internet, que a Umbanda organizou essas manifestações divinas em uma linguagem que pudéssemos compreender, e que tudo no universo está conectado entre si como se fosse uma imensa teia de aranha. Há um fluxo constante entre pensamentos, experiências, etc., são fluxos da energia de vida fluindo como um rio e perpassando através de nossos corpos físicos, nos minerais, nos vegetais e animais. Por todas as coisas emana o fluxo energético originado dos Orixás, não de um, mas de todos os Orixás e por isso não é correto afirmar que apenas o de Cabeça nos dá nossas características mental e emocional. São como elos de uma corrente em que tudo o que afeta "a parte" afeta "o todo", ou seja, tudo o que afeta um elo afeta também toda a corrente. Partindo-se apenas um elo e toda a cor- rente estará avariada.</p><p>Pode-se afirmar que cada Orixá representa uma manifestação da consciência di- vina. Os Orixás são as faces de Deus! Equilibradas, todas as energias emanadas por eles nos tornam pessoas melhores e facilitam nossa passagem pela terra. Esta é a explicação possível de Orixá de acordo com o conhecimento humano. Para além dela teríamos que entender das Leis organizadas no Universo, vigiadas pelas inteligências superiores, e chegarmos nesse ponto no atual estágio de evolução é impossível. Salve os Orixás da Umbanda! PERGUNTAS Os umbandistas incorporam os Orixás? Não. Na Umbanda não se incorporam Orixás porque não são entendidos como alguém que teve vida corpórea na Terra, mas sim como manifestações da consciência divina ou energias emanadas da própria natureza. Os umbandistas incorporam seus enviados ou representantes chamados "Falangeiros", por exemplo, Baianos, Boiadei- ros, Pretos Velhos. São espíritos que mantêm forte ligação missionária e fluídica com a força original com a qual está ligado, ou seja, com o São esses enviados de Orixá que os médiuns incorporam nas Giras de Umbanda. É certo afirmar que os Orixás são os próprios reinos da natureza que representam? Não, Oxum não é a cachoeira nem Xangô é a pedreira, o mar não é Yemanjá nem as matas são Oxóssi ou o vento é Eles representam as forças da natureza, mas não são a natureza que representam. que quer dizer "não há interferência ou 'briga entre os todos traba- lham em absoluta harmonia entre si e complementam-se na sustentação da criação divina"? Quer dizer que não há um Orixá com posição mais elevada que outro ou um Orixá mais importante que outro. Quer dizer que nenhum atua sozinho. Todos os Guias sempre trazem consigo os elementos que se harmonizam na natureza, como o exemplo dos Caboclos: todos os Caboclos trazem consigo a manifestação da energia das matas, portanto todo Caboclo está ligado ao elemento de Oxóssi. Mas há Caboclo que traz consigo a vibração de Ogun. Neste caso as duas energias se "misturam", se complementam, e combinadas dão origem aos Caboclos Arranca Toco, ou seja, uma terceira vibração com características próprias. Oxóssi não perdeu sua essência assim como Ogun também não perdeu e ambas as energias geraram uma terceira (Caboclos Arranca Toco). Para ficar bem entendido citemos outro exemplo, sempre considerando a Linha de Caboclo: Oxóssi vibração ou energia) vibrando conjuntamente com Omulu vibração ou energia) são gerados os Caboclos Flecheiros e Caboclos Bugres vibra- ção ou energia). Oxóssi e Omulu se desdobraram em uma terceira energia que deu origem aos Caboclos Flecheiros. Lembrando que todo Caboclo é ligado a Oxóssi, se desdobrado com Yemanjá são originados os Caboclos e Caboclas do Mar. Combinando as vibrações de Oxóssi e Oxum são principiados os Caboclos e Caboclas dos Rios, das Cachoeiras. Com surgem os Caboclos do Vento. Assim é explicado quando se diz que os Orixás se com-</p><p>plementam (ou se desdobram) em outras energias que dão origem a outras manifes- tações. Qual a importância do Orixá na personalidade das pessoas? Todos os indivíduos têm suas próprias características de personalidade herdadas de seus Orixás, e a cada Orixá está associada uma tendência de comportamento di- ante do mundo. Assim a pessoa recebe as emanações próprias de seus Orixás e que influenciam cada aspecto de sua vida. Pode-se dizer que os Orixás são santos? Não. Os Orixás participam da natureza dos anjos enquanto os santos foram espíri- tos de luz que encarnaram e tiveram uma existência terrena. São entidades espiritu- ais diferentes. Orixás são deuses africanos? Não. A Umbanda não está baseada em lendas do panteão africano. Não entende Orixás como deuses, semideuses ou divindades. Entende como complexos energéti- cos e vibratórios. É preciso agradar aos Orixás para minha vida não andar para trás? Orixás são seres de pura luz, não fazem o mal e não precisam de agrado. E os seres humanos não têm nada de necessário aos Orixás ao ponto de fazer a "vida andar para trás" se não receberem. Se eu não fizer as "obrigações" o Orixá pode me cobrar? Orixá não é Deus, porém foi criado a partir D Ele, portanto tem caráter divino, e nada que é emanado de Deus pode fazer mal. Obrigações são cerimônias internas do Candomblé que a pessoa depois se iniciada tem que cumprir, e isso não faz parte do ritual de Umbanda. Orixá pode se revoltar se eu não atender ao que me pediu? Orixá, na Umbanda, nada pede.</p><p>AS VIBRAÇÕES DOS ORIXÁS No princípio da criação Deus manifestou Sua intenção, e Sua intenção são os Denominados em outras vertentes religiosas como Devas e Anjos, os Orixás são as forças intermediárias entre Deus e os seres humanos, e que atuam mantendo tudo vivo através de constante harmonia e equilíbrio. São energias de alta vibração, mui- tíssimo mais evoluídos que o ser humano, e que cooperam diretamente com Deus afim de que Suas Leis sejam incessantemente cumpridas. Também são denominados "Faixas Vibratórias". Vibrar é fazer-se sentir intensamente.</p><p>ORIXÁS CULTUADOS NA UMBANDA Normalmente os orixás cultuados na maioria dos terreiros são sete: Ogun É a vibração que atua no ferro e nas estradas e corresponde à necessidade de ener- gia, defesa, determinação, perseverança. É quem dá a força ao ser humano quando este precisa criar novos caminhos que acrescente sentido à vida. As irradiações da Lei de Ogun estimulam a ordem. Na mitologia do Candomblé é deus da guerra, do fogo e da tecnologia e também conhecido como deus da metalurgia. Oxóssi É a vibração que atua nas matas e animais e corresponde à necessidade de saúde, nutrição, crescimento através do conhecimento, energia necessária à vida, equilíbrio fisiológico. É a força que auxilia na cura. As irradiações do Conhecimento de Oxóssi estimulam o raciocínio. Na mitologia yorubá é deus das matas, da caça, da fartura. Senhor da ecologia. As matas são os santuários de Oxóssi e seu altar são os bosques. Xangô É a vibração que atua nas pedras, fogo, trovões e corresponde a necessidade de discernimento, estudo, raciocínio concreto e método. É o que direciona o ser humano quando este precisa de justiça e equilíbrio. As irradiações da Justiça de Xangô estimu- lam a razão. Na mitologia dos Orixás é deus do fogo e do e do trovão. A montanha é o santuário natural de Xangô e seu altar é a pedra, onde é oferendado. Yemanjá É a vibração que atua nos mares e oceanos também chamados de "calunga grande" (grande cemitério) e corresponde a necessidade de segurança familiar e de amor fraternal. É a vibração de consolo e esperança. Na mitologia, Yemanjá é a grande mãe dos Orixás e a deusa dos mares e oceanos. É representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade. mar é o santuário de Yemanjá e seu altar é a praia. Oxum É a vibração que atua nas águas doces (nascentes, lagos, cachoeiras e rios) e corresponde a necessidade de equilíbrio emocional, concórdia, amor, complacência e reprodução. Suas emanações propiciam ao ser humano riqueza material, amor, ferti- lidade e união entre as pessoas através do amor, pois as irradiações do Amor de Oxum estimulam as uniões. Na mitologia é deusa do amor e da fertilidade, das águas doces</p><p>e também deusa do ouro e do jogo de búzios. Os rios são os santuários de Oxum e seu altar são as cachoeiras, onde ela é oferendada. É a vibração que atua nos raios, ventos, tempestades e corresponde à necessidade de mudança, induz ao desapego de coisas e pessoas, impulsiona a transformações materiais, físicas e morais, avanços tecnológicos e intelectuais. É quem dá força e coragem para facultar outra direção à vida. Na mitologia é deusa dos ventos e das tempestades, Senhora dos raios e relâmpagos e dona da alma dos mortos. é o único Orixá que não tem um santuário natural porque o vento está em todos os lu- gares, ao mesmo tempo em que não está em lugar nenhum. É também o único Orixá que movimenta as coisas sem vida. Oxalá É considerado o Orixá Maior e vibra em todos os elementos através dos outros Ori- xás. Busca-se entrar em contato com sua irradiação durante os Rituais da Umbanda principalmente quando é preciso reequilibrar tanto o espírito quanto o corpo físico. As irradiações da Fé de Oxalá estimulam a religiosidade. Na mitologia é deus da cria- ção, é o Orixá que criou os seres humanos. É representado em duas formas: Oxaguian jovem, e Oxalufan velho. Em alguns Terreiros, além dos sete já mencionados, são cultuados mais dois Orixás: É a vibração que atua na terra, nos cemitérios também chamados de campo santo ou calunga pequena -, na luz que transforma a ignorância em consciência e corres- ponde a necessidade de maturidade. Omulu é o Orixá que rege a morte ou o instante da passagem do plano material para o plano espiritual (desencarne). Sua vibração propicia saúde para o corpo e a alma. Na mitologia é deus da terra, das doenças e da cura. É o médico dos pobres. A terra é o santuário natural de Omulu, e seu altar é o cemitério. Buruquê É a vibração que atua nos pântanos, charcos e manguezais, é a senhora da lama dos rios com seu encontro com o mar, Dona do lodo da vida e da morte, e corresponde ao último estágio do desenvolvimento emocional e espiritual. Vibra sobre o ser au- xiliando o esquecimento de mágoas, rancor, dor. Na mitologia é deusa da lama e do fundo dos rios, associada à fertilidade, à doença e à morte. É Orixá mais velho de todos, e, por isso, muito respeitada. Os pântanos são o santuário natural de Nanã, e o seu altar é o mangue. Os Orixás seguintes não são cultuados na maioria dos Terreiros de Umbanda, ape- nas naqueles que adotam características do Candomblé: Ossaîn Está relacionado com as matas, as plantas, o verde, é dono do mistério das folhas e de seu emprego medicinal e utilização mágica. Seus pontos de força são as florestas e os lugares onde nascem as plantas selvagens. vibra na saúde, na capacidade</p><p>para controlar os próprios sentimentos e emoções, sua vibração traz paz em casa e no trabalho, intuição para saber lidar liturgicamente com as ervas. Na mitologia é deus das folhas, da vegetação e das ervas medicinais. Oxumáre É relacionado à energia das cores, da luz do sol após as chuvas, o arco-íris. Seu ponto de força é próximo da queda das cachoeiras. Oxumáre vibra para que a vida seja renovada. Na mitologia é deus da chuva e do arco-íris. Possui, ao mesmo tempo, a na- tureza masculina e feminina. Logun-Edé É relacionado à sexualidade, pesca e prosperidade, fartura, caça, habilidade, co- nhecimento. Seus pontos de força são a terra (floresta) e água (de rios e cachoeiras). Logun-Edé vibra para a riqueza, fartura e beleza. Obá É relacionada ao fogo e as águas revoltas. Seus pontos de força são as águas agita- das dos rios, as pororocas, as águas fortes e os lugares das quedas d'água. Obá vibra o amor e sucesso profissional. Ewá É relacionada à sensibilidade (vidência), sexto sentido e a criatividade. Seu ponto de força na natureza é a linha do horizonte. Ewá vibra quando é necessário limpar o ambiente, trazendo harmonia, alegria e beleza. Tempo ou Irôko É relacionado à ancestralidade, aos antepassados, pais, bisavós e representa também o seio da natureza, a morada dos Seu ponto de força é a gameleira branca (tipo de árvore) ou árvores centenárias. Esse Orixá vibra quando se precisa que o tempo nos seja favorável. Ibêji São os Orixás Criança, os gêmeos infantis. Orixá da brincadeira, da alegria, a sua regência está ligada à infância. É constantemente confundido com Erê (criança), mas não se trata da mesma Entidade embora exista uma relação. É o único Orixá que se forma a partir de duas entidades diferentes, pois são gêmeos, e mesmo tendo duas naturezas distintas convivem, respeitando-se. Ibêji mostra que todas as coisas e cir- cunstâncias têm dois lados e que a justiça só pode ser feita se as duas medidas forem pesadas, se os dois lados forem ouvidos. Por serem crianças estão ligados a tudo que se inicia e nasce como as cabeceiras dos rios, o encarnar dos seres humanos, o germi- nar das plantas. Exu Em alguns Terreiros não se entende Exu como apenas como um mensageiro que vem na frente trazendo proteção. É relacionado à força da comunicação, da pa- lavra, do sexo, da procriação. Seu ponto de força é a encruzilhada por representar o encontro de dois caminhos, mas Exu está em todos os caminhos, em todos os lugares e passagens, e não apenas na encruzilhada de rua. Todos os pontos que marcam a en- trada e a saída de uma realidade são pontos de firmeza e de manifestação de Exu. Na</p><p>mitologia é mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das encruzilhadas. No Candomblé só por meio dele é possível invocar os Estudiosos afirmam que se contam as centenas o número de Orixás básicos africa- nos que correspondem a pontos de força da Natureza, e cujos arquétipos estão rela- cionados às manifestações dessas forças. Os tipos mais conhecidos no Brasil formam o grupo de Orixás aqui apresentado. Todos estão associados à corrente energética de alguma força da natureza, como regente dos raios, ventos e tempestades, Oxum como substrato da água doce, Xangô das pedreiras e trovões, Oxóssi das matas, Ye- manjá dos mares e oceanos. Cada Orixá também rege um campo do conhecimento humano. Assim veremos no próximo capítulo cada um dos Orixás e as respectivas emanações de suas qualidades. PERGUNTAS É possível incorporar os Orixás no terreiro? Não se incorpora Orixás na Umbanda. É importante que se entenda que não existe um Guia de Umbanda chamado Ogun, que não é um ser que tenha existido como homem porque está além do estágio humano, e nem tampouco é uma entidade so- brenatural. Trata-se de um grupo de espíritos trabalhando numa determinada faixa energética chamada Ogun. Na Umbanda Oxum, Oxóssi, Yemanjá não são entendidos como individualidade, mas faixas vibratórias onde vários espíritos se agrupam por afinidades, e trabalham numa função específica que recebe a vibração de determi- nado Os Orixás agem de maneira individual ou estão interligados uns com os outros? Estão profundamente interligados. Agem e interagem de forma absolutamente e perfeita entre si. Para ilustrar podemos pensar no ciclo das águas: ima- gine a água nascendo em uma mina (Nanã, Senhora das águas originais), rolando pelas pedras regente das pedras) até despencar em queda livre na cachoeira (Oxum, regente das águas doces), então corre pela terra regente da terra) germinando essa terra para o nascimento dos vegetais e árvores (Oxóssi, regente das matas) até desaguar no mar (Yemanjá, regente das águas salgadas), o sol aquecendo a água (Ogun, Orixá da forja) provocando a evaporação e precipitação na terra em forma de chuva (Iansã, regente das chuvas e tempestades) reiniciando assim o processo. E o culto a essas forças chama-se Umbanda. que é ayabá? Ayabá, iabá ou iyabá traduzido do yorubá significa "Mãe Rainha", e o termo é usado para referir-se aos Orixás de polaridade feminina. As ayabás cultuadas na Umbanda são Oxum, Yemanjá e Nanã. Originalmente esse era um termo usado para referir-se somente a Yemanjá e Oxum porque apenas essas duas estão ligadas direta- mente a gestação e ao parto, respectivamente, e como consequência aos cuidados da mãe com seu filho, e segundo a mitologia africana apenas Yemanjá e Oxum foram rainhas. Porém no Brasil ayabá passou a referir-se a todos os Orixás de polaridade feminina (o mais correto seria "Obirinxá" para os de polaridade feminina e "Oboró" para os de polaridade masculina). que são reinos dos Orixás?</p><p>Todo ser vivo sobrevive na natureza deste planeta e interage com animais, vegetais, minerais, tendo todos - homens, bichos, plantas - o mesmo valor, embora muitos arrogantes pensem em si como a criação mais importante de Deus. A energia do Criador vibra em tudo e em toda parte, seja nos reinos específicos como os rios e cachoeiras, mares, pedreiras, matas e camadas internas e externas do globo, seja nos reinos não específicos como o ar com subdivisões em tempestades, chuvas e ventos. Para as energias que vibram em cada um desses reinos dá-se o nome de Por- tanto, Orixá é um ser imaterial, ou seja, não tem existência palpável, e é dotado da Es- sência Divina que se propaga no planeta a fim de direcionar as criaturas encarnadas. Orixá é Deus em nós, é Deus em toda natureza, é a oportunidade de encontrar Deus através da Sua Obra. Se a umbanda não entende os Orixás como ancestrais divinizados que viveram e morreram na terra, mas sim como energias que emanam da natureza, então como há histórias sobre eles? Histórias são relatos de acontecimentos reais, o que se ouve são narrativas sim- bólicas que objetivam explicar acontecimentos que transmitem um sentido oculto. Fala-se dos Orixás como personagens, e às vezes seres que incorporam as forças da natureza com características humanas para que homens e mulheres possam enten- der. Não se pode conceber os Orixás pela razão, então são usados mitos na tentativa de explicar a realidade através de histórias sagradas.</p><p>2. CONHECENDO os ORIXÁS Todo ser humano nasce sob a influência de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e a proteção dele. Simbolicamente, cada Orixá tem sua cor, pedra, dia da semana, dança, canto, saudação, etc., que são elementos que servem para representá-los de modo a serem mais bem compreendidos. Os orixás, na visão iorubá, são ancestrais divinizados africanos e correspondem a pontos de força da Natureza. Na mitologia cada Orixá tem características que os apro- xima dos seres humanos, possuindo emoções como ciúme, paixão e raiva. Para manterem os Orixás vivos durante o triste período da escravidão em que o catolicismo foi imposto aos negros, os deuses africanos foram disfarçados sob a rou- pagem dos santos católicos (os quais os negros cultuavam apenas aparentemente), resultando no sincretismo religioso do qual nasceu a Umbanda, que é a mistura de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, gerando nova leitura de seus elementos e dando outro significado aos fundamentos. Orixás na religião de Umbanda são compreendidos como vibrações da natureza, portanto não são deuses como conhecem os irmãos do Candomblé, herdeiros da re- ligião africana em sua forma mais pura. Mesmo tendo concepção distinta e sendo outra religião, mencionamos aqui algumas lendas porque, além de transmitir ensi- namentos e reverberar mensagens que de outra forma não seriam compreendidos, também são belíssimas e auxiliam na compreensão dessas forças espirituais.</p><p>EXU - O INTERMEDIÁRIO Só fale com Exu se tiver certeza do que quer Exu é Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pes- soas. É o mensageiro divino dos oráculos, portões, axé, magia, tempo, força, vigor e sexo. Exu faz a guerra para trazer a paz. Atua sobre a dualidade do homem. A palavra Exu em iorubá, significa "esfera", ou seja, aquilo que é infinito, que não tem co- nem fim. Nem todos os umbandistas entendem Exu como Orixá, mas mesmo assim nas Giras é sempre o primeiro a ser saudado porque representa o movimento que tudo transforma. É fato que nada pode permanecer parado porque aí não há transforma- ção e a falta de movimentos é um sinal de morte. Exu é sempre o primeiro passo em tudo. Na concepção da geração da vida, em sua primeira célula formada, está à vibração de Exu. Depois na multiplicação da célula a vibração passa para Oxum que vai reger o feto até o nascimento, após recebe as vibra- ções de Yemanjá. É considerado o primeiro, o primogênito, o responsável e grande mestre dos caminhos, aquele que permite a passagem e o início de tudo. Sua irradiação está na alteração do ânimo, na discussão, na divergência, no nervosismo, no medo, no pavor, na falta de controle do ser humano, assim como está também na gargalhada, no riso farto, na alegria incontida, na comunicação. Por exemplo, a energia do feliz e nervoso grito de "gol" é uma manifestação da vibração espiritual de Exu porque significa o desprendimento da tensão contida no peito, é o nervoso transmutado em relaxamento. Exu é a bagunça generalizada e o silêncio completo porque ele é a contradição. É o sim e o não, é a paixão desenfreada e o desprezo absoluto. Exu é a voz, o grito, a comunicação. É a indignação e a resignação, aquele que traz a dor e a felicidade. Para resumir a qualidade de Exu citamos um de seus Orikis (versos sagrados), que diz "Exu matou um ontem com a pedra que jogou hoje". A atenção deste Orixá jamais é voltada para os costumes humanos, moralidade, regras de conduta, conveniência social, ética, nada disso interessa a Exu. Seu campo de atuação é o bem-estar das pessoas, e por vibrar as transformações mostra que cada indivíduo pode se modificar e ser feliz sendo quem é e sendo o que desejar. É a força que estimula as mudanças, independentemente de serem bem vistas pela sociedade porque ensina o ser humano a se comprometer somente com a própria felicidade.</p><p>emprego causa angústia? Diz Exu "mude de emprego, escolha ganhar menos, mas tenha prazer no que faz". Exu nos mostra que há desejos naturais e necessários como comer, beber e dormir, e que há os desejos desnecessários como comer ali- mentos caros e dormir em lençóis de seda. Diz Exu "saia do emprego que nada mais lhe traz além de dinheiro antes que gaste na farmácia todo o dinheiro que ganhou" porque estimula o desprendimento das coisas que causam infelicidade. Se a religião é opressora e fomenta o medo de punições divinas Exu aconselha "mude de religião ou não tenha religião nenhuma". Ora, se Exu incentiva a mudança tendo como único compromisso a felicidade do ser humano, sem levar em considerações as convenções sociais, os parasitas emocionais logo definem tal força como sendo o "mal", mas Exu só é o mal para quem teme o espelho. As oferendas são feitas em encruzilhada onde é seu ponto de força porque ela é um símbolo da indecisão, é onde se deve obrigatoriamente fazer uma escolha e enfrentar o medo de tomar o caminho errado ou fazer a pior opção. que aflige o ser humano não é o caminho errado e nem a pior opção, mas o momento da escolha. Estar parado no ponto onde dois caminhos se cruzam é Exu. Há um provérbio de Terreiro que diz que "sem Exu não se faz nada" porque é ele que organiza e constitui as forças. Exu pode ser evocado quando precisar de ajuda, quando não souber qual caminho seguir e quando não encontrar solução. É come- morado em 13 de junho e na semana é consagrado na segunda feira. Seu símbolo é o Ogó (bastão com cabaças que representa o falo). Oferenda-se a Exu principalmente nas encruzilhadas de estrada. Cores e Guias são o vermelho e o preto e até aqui vemos sua característica contraditória porque o preto é a ausência de luz, é a morte, e o vermelho é a cor transbordante de vida e de agitação, sendo até as cores Exu símbolo de grandes contradições. Suas flores são os Antúrios vermelhos e as Pombogiras rece- bem Rosas vermelhas. Saúda-se esse Orixá dizendo "Laaróyè, Exu! Mo que significa "Mensageiro Exu! A vós os meus respeitos!". Laaróyè = saudação para Exu (pronuncia-se Mo = eu (pronome pessoal pronuncia-se "mô"). Júbà = adorar, reverenciar (pronuncia-se que vive a noite, nos livre das armadilhas. Aquele que vive a noite, Laaróyè, Exu! Mo Júbà! PERGUNTAS Por que Exu foi sincretizado com o diabo cristão? Primordialmente foi entendido como diabo pelos colonizadores, senhores de en- genho, traficantes de escravos, missionários, bispos, párocos, devido ao seu estilo ir- reverente e brincalhão. Contribuiu a forma como era representado no culto africano: um falo (pênis) humano ereto, simbolizando a fertilidade. Um Orixá que contrari- ava as regras mais comuns de conduta aceitas por uma sociedade hipócrita levou os primeiros missionários a ligar Exu ao diabo, e fizeram dele o "símbolo de tudo o que é maldade, perversidade, e ódio, em oposição à bondade, pureza, elevação e</p><p>amor de deus". Exu jamais se livrou dessa nódoa e foi condenado a ser o Orixá mais incompreendido e caluniado do panteão afro-brasileiro. Por que Exu é representado por um falo (pênis) ereto? Nas sociedades africanas o poder estava nas mãos dos mais velhos e só o pa- rentesco por parte de pai criava vínculos familiares. Assim, quanto mais parentes, dependentes, agregados e filhos o chefe da família tivesse, maior era seu poder. o homem podia ter várias esposas e concubinas, inclusive ter várias mulheres era sinal de prestígio, quanto mais poderoso um chefe mais esposas tinha, e quanto mais mu- lheres pudesse ter mais amplos seriam os laços de solidariedade e fidelidade, pois os casamentos garantiam alianças entre os grupos familiares. Aquele que "possuísse" muitas mulheres, além de ter laços com diversas linhagens teria uma descendência maior porque nascida de suas várias esposas. E quanto mais filhos, mais mão de obra para arar a terra, cuidar do gado e defender a propriedade, sem contar que as mulhe- res eram as responsáveis pela produção de grãos e mantimentos. Com esse olhar fica fácil entender porque, sendo Exu o protetor dos lares, era representado com um falo ereto. Porém, para os europeus que se relacionavam com as sociedades africanas a poligamia era algo a ser combatido, hábito ligado a formas de vida atrasada e conde- nada pela religião. Os padres católicos, vendo a representação de um pênis, não viram mais nada além de uma Entidade sexualizada e demoníaca. E até hoje Exu é o diabo. que é Exu de duas cabeças? Exu é um Orixá de natureza dual (dupla), pois ao mesmo tempo em que é movido pelas necessidades também é movido pelos interesses, por isso o dizer que Exu tem duas cabeças. Suas duas essências são cantadas no ponto que diz "Exu que tem duas cabeças, ele faz sua Gira com fé, uma é satanás do inferno outra é de Jesus Nazaré". Considerando que todo ser humano tem em si a sombra e a luz, no ponto cantado "sa- tanás do inferno" representa o lado desconhecido e escuro de si mesmo, os aspectos destrutivos e as projeções sombrias. oposto é Jesus de Nazaré, o bem que também há em cada indivíduo. Dizem alguns que ao ser chamado, Exu precisa ser controlado. Pode-se entender que ele precisa ser vigiado? Não. Dizer que ao ser chamado Exu precisa ser controlado é simplesmente uma citação da mitologia africana, cuja menção ao tema expressa que "Exu tem fome". Diz à lenda que Exu come demais, que voraz e insaciavelmente comeu todos os animais da aldeia em que vivia. Quando não sobrou mais nenhum animal passou a comer as árvores, os pastos, e foi comendo tudo o que via pela frente até chegar ao mar. Prevendo que logo começaria a comer também os homens, Orunmila (deus da adivi- mandou Ogun conter Exu a qualquer custo a fim de preservar a terra e os seres humanos. Exu então foi morto por Ogun. Mas depois da morte de Exu os pastos, as árvores, os rios, enfim, toda a natureza permaneceu ressecada e sem vida, pois o espírito de Exu continuava a sentir fome. Pressentindo que a fome desmesurada do espírito de Exu levaria discórdia entre os povos, Orunmila ordenou que todas as oferendas que fossem feitas pelos seres humanos a qualquer Orixá fosse uma parte servida a Exu, e que essa parte seria anterior a qualquer outra garantindo que Exu se mantivesse sempre satisfeito. Este mito nos diz que uma das principais motivações</p><p>de movimento do ser humano em direção a um objetivo é o medo da fome, e que a subnutrição é um dos maiores flagelos da humanidade. Por ter comido as plantações, no Candomblé se entende que as formigas são de Exu, bem como os formigueiros, a terra e os pés de qualquer animal porque eles tocam as plantações. Diferentemente da Umbanda no Candomblé entende-se que Exu tem um gênio astuto e sempre faz o que lhe pedem porque não tem noção do bem e do mal. Movimenta-se apontando o pênis para o lugar aonde quer ir, seja no passado, presente ou futuro porque não há onde não possa estar. Também é associado à sexualidade, que é a segunda fome humana. Na mitologia Exu é filho primogênito de Yemanjá com Orunmila, e irmão de Ogun, Xangô e Oxóssi.</p><p>OXALÁ - O EQUILÍBRIO E A FÉ Meu pai Oxalá é o Rei, venha me valer! (Ponto cantado) Oxalá é o maior Orixá da Umbanda, abaixo apenas do Deus Supremo denominado Olorum. o Criador do Universo, dos animais, vegetais e humanos. É Oxalá quem rege o destino. Suas vibrações estimulam a fé individual e geram sentimentos de reli- giosidade sem fanatismo. È aquele que determina o fim da vida de cada ser humano. Representa o amor e tudo que indica positividade. Oxalá é o grande Orixá conhecido como Rei do Pano Branco. Chamado Orixá Fun- fun que significa branco em yorubá, sua vibração dá maturidade, sabedoria, paz e tranquilidade aos seres criados. Há quatro atributos essenciais desse Orixá: Pureza, Bondade, Humildade e Simplicidade. É o Orixá mais alto na escala hierárquica e tem como referência Jesus Cristo. Sua luz equilibra toda a humanidade, seu poder não tem lugar para se manifestar, pois todos os lugares são seus. Embora não tenha um ponto de força específico, muitos o associam ao sol, a energia solar e demais astros. principal símbolo de Oxalá é um cajado que traz na mão, chamado Opaxorô, encimado por uma pomba e vários adereços. Embora a Umbanda não tenha adotado os mitos africanos para explicar os Orixás, vale a pena relatar devido à beleza da nar- rativa: Oxalá separou com seu Opaxorô (cajado) a Terra e o Céu, que no início dos tem- pos estavam no mesmo nível de existência. Os três pratos que fazem parte do cajado simbolizam a sua supremacia sobre os mundos dos homens, dos espíritos dos mortos (eguns) e dos Orixás. pássaro que está pousado na ponta do cajado é um mensageiro que faz a ligação entre esses mundos. Com os tais pratos Oxalá carrega e distribui os alimentos sagrados para todos os humanos e encantados. Os pingentes que estão presos a eles simbolizam os presentes que para Oxalá eram ofertados nos diferentes lugares por onde passou em suas caminhadas pelo mundo. Esse Orixá, assim como é bem-vindo em todos os lugares (reinados). Apresenta-se ora como um jovem guerreiro, simbolizado pelo arrebol, que é a cor avermelhada das nuvens quando nasce ou se o sol, e nessa representação é cha- mado Oxaguian. Outras vezes se apresenta como um velho, curvado ao peso dos anos, simbolizado pelo sol poente, e então é denominado Oxalufan. As Giras realizadas sob a regência de Oxalá são sempre doutrinadoras. Trabalham sob a Luz de Oxalá os Caboclos Pena Branca, e a Linha de Trabalho que atua sob sua regência, chamada Linha da Fé, é composta por Entidades de extraordinário equilí- brio e sabedoria.</p><p>Na Umbanda Oxalá não é não é regente de Orí (coroa) de médium porque todos são Filhos deste Pede-se sua irradiação de amparo nas horas difíceis, principal- mente quando é preciso fortalecer ou despertar no íntimo a paciência, compaixão e tolerância. As vibrações de Oxalá colocam nas vidas dos seres encarnados sentimen- tos de fraternidade, equilíbrio e serenidade. Oferendas podem ser feitas em praias desertas, colinas descampadas, campos, campinas, parques, bosques, montanhas, mirantes ou qualquer lugar limpo e agra- dável. As oferendas a Oxalá se destinam a fortalecer ou despertar no íntimo os senti- mentos de fé, perdão e compaixão. Oxalá é representado pela estrela de seis pontas, sua cor é a branca e o dia da semana, sexta feira. Comemora-se seu dia em 25 de dezembro. As flores de Oxalá são Rosa Branca, Lírio branco, Margarida Branca, Copo de Leite. As Guias são confeccio- nadas na cor branca leitosa. A ele é dedicada a grande festa popular da "lavagem do Bonfim" na Bahia. Saúda-se Orixá Oxalá dizendo que é exclamações de admiração pela honrosa presença. = escreve e pronuncia apenas = pai. Salve Oxalá, Pai da Luz. Toda a criação o saúda. PERGUNTAS que é funfun? Funfun em iorubá significa branco, então Orixá funfun é o Orixá que veste branco como Oxalá, Oxalufan, Oxaguian. Na África todos os Orixás que participaram da cri- ação são chamados de funfun. que é Oxaguian e Oxalufan? São duas formas que Oxalá assume quando incorpora no Candomblé. Oxaguian jovem e guerreiro, e Oxalufan velho e paciente. Este último apoiado no Opaxorô que é um tipo de cajado. Na Umbanda não se cultuam essas formas de Oxalá. que é Orixalá? nome Orixalá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Também cultuado como Obatalá No Xirê (sequência de danças feitas aos Orixás no Candomblé, semelhante a Gira na Umbanda) Oxalá é sempre homenageado por último porque ele representa a totalidade. Igualmente a Exu, reside em cada um dos seres humanos. Todos são filhos de Oxalá porque a humanidade vive sob o mesmo teto.</p><p>XANGÔ - SENHOR DA JUSTIÇA Xangô morreu de velho. Na pedra ele escreveu "Justiça meu Pai, Justiça!". Ganhou quem mereceu. (Ponto cantado) Orixá do trovão e do fogo, dos estudos, da sabedoria, dos contratos, das demandas judiciais, do magma e de todas as atividades vulcânicas. Este Orixá é advogado dos injustiçados e considerado executor da justiça de Deus. Simboliza a lei de causa e efeito responsável por dar a quem merece o devido castigo e a vitória aos que foram oprimidos. É quem dá solução às pendências. Xangô é o Senhor do Fogo Purificador, e os Caboclos que trabalham sob a sua irradiação são chamados Caboclos de Fogo, evocados para desenvolver o equilíbrio e a razão, e para clamar por Justiça Divina. Seu símbolo principal é o Oxé, machado de duas faces cujo simbolismo é demons- trar que Xangô tanto protege seus filhos das injustiças como os pune quando as co- mete. Outro símbolo é balança, emblema do julgamento e do equilíbrio. Orixá de harmonia ou complementar de Xangô é porque enquanto Xangô é o pensamento organizado, lógico e sistemático, é o pensamento rápido, flexível e que se adapta a qualquer mudança. Nanã é quem melhor se entende e predomina sobre os espíritos dos mortos (eguns), e Xangô é quem mais os detesta e teme. Diz a lenda que Xangô se relaciona mal com a morte, e que quando a morte se aproxima de um filho de Xangô o Orixá o abandona, retirando-se de seu Orí e de sua essência sete meses antes, entregando a coroa a tal o grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas. Seus pontos de força e vibração são os trovões, as montanhas rochosas e as pedras, onde também são feitas as oferendas. Busca-se a vibração de Xangô para fortalecer as coisas referentes aos estudos, justiça, demandas judiciais, contratos, e se busca nesse Orixá sabedoria para tomar decisões com bom senso e tranquilidade. Sua flor é o Cravo rajado. As Guias e velas são marrons, em alguns Terreiros usa-se branco e vermelho. Comemora Xangô dia 24 e 29 nos Terreiros que o sincretizam com São João e São Pedro, respectivamente. Também há os que comemoram em 30 de setembro. dia da semana é quarta feira. Saúda-se Xangô dizendo "Kawó ou "Kawó (Pronuncia Kaô Kabecilê ou Kaô Kabeci). Kawó = saudação. = cumprimento de respeito a um rei. = expressão de respeito a um chefe ou mais velho.</p><p>Saravá Senhor Juiz da Lei Divina, aquele que recompensa a cada um de acordo com seu merecimento. Kawó PERGUNTAS A definição de Xangô é muito semelhante a divindades de outras religiões e cultu- ras, identificados por nomes diferentes. Por que na Umbanda se chama Xangô? Porque a Umbanda fundamentou-se na religião iorubá, por isso denominou o Orixá da Justiça de A essência divina que rege a Justiça é única, mas mani- festa-se de formas diferentes para as diversas religiões, povos e culturas. Por isso há vários nomes para a mesma divindade. Xangô é Orixá apenas da justiça? Não, na mitologia africana Xangô é a força representada pelo som do trovão. É também o poder em todas as suas dimensões, seja poder da inteligência, da sedução, da riqueza, da força física etc. o mito diz que é Orixá muito competitivo, tendo rou- bado a mulher de seu irmão Ogun e também a esposa de seu irmão Oxóssi (Oxum). Em suas lutas dispõe da coragem e impetuosidade de da vidência e magia de Oxum, e da força bruta de uma terceira esposa, Obá, guerreira poderosa. Xangô mora num palácio nos céus, onde prepara as chuvas para Yemanjá, sua mãe. Segundo a lenda o barulho dos trovões é o machado de Xangô caindo do céu para fazer justiça.</p><p>OYÁ - IANSÃ - MOVIMENTO E MUDANÇA Ao faz o vento que a chuva traz, para lavar a terra e semear a paz (Ponto cantado) A força da natureza denominada é também chamada de Oyá, Oiá, Matamba, Bamburucema, Senhora dos Bambuzais, das Ventanias, dos Redemoinhos, Senhora da Tarde, Senhora do Amanhecer e Mãe dos Eguns (espíritos dos mortos). É explicada como uma grande guerreira, responsável juntamente com Ogun na execu- dos carmas na Linha da Lei onde Xangô é o Juiz. A natureza de Oyá é simbolizada pelo raio em toda sua beleza, terror e poder. É Orixá dos ventos e das tempestades que lavam e varrem a atmosfera. A mudança é uma característica forte deste Orixá que com seus ventos modifica toda a estrutura que toca. A vibração de dá força na busca de melhores condições de vida, é responsável pelas transformações e mudanças ligadas às coisas materiais, fluidez de raciocínio e verbal. Suas irradiações direcionam para o movimento e a caminhada. Segundo a mitologia domina os e ciclones, é Orixá do fogo, do calor, guer- reira e regente das paixões. Controla o amanhecer dos dias, razão pela qual é chamada "Senhora do Amanhecer". É a Dona dos raios. Deusa da Espada de Fogo, Dona das pai- é a Rainha dos tufões e vendavais. Senhora dos cemitérios, é guia das almas desencarnadas, aquela que ao lado de Omulu indica o caminho a ser percorrido pelos mortos. Oyá é quem executa as sen- tenças cármicas. Comanda a falange dos eguns (espíritos dos mortos) sobre os quais vibra e aos quais distribui os fluidos necessários para sanear suas manchas morais antes de encaminhá-los aos seus planos espirituais. afastamento de um obsessor sempre é feito com seu indispensável auxílio. Co- manda a falange dos Baianos. Atua através do Ar e por isso não tem um ponto de força específico, pois o ar se encontra em qualquer lugar. Sua força é a própria força do ar em movimento e seu poder é imenso. é ligada a tudo que é imediato, nada fica para depois. Nenhum outro Orixá encoraja os seres humanos tão de perto a tomar posições definidas na própria vida. É Orixá do prazer, da sinceridade e da busca extrovertida da paixão e da felicidade, é o símbolo da mulher e do homem guerreiros. é a marca de quem luta por aquilo que quer.</p><p>É regente, junto com Omulu, dos campos santos (cemitérios). Enquanto ela é responsável pelas transformações e mudanças ligadas às coisas materiais, Omulu é ligado às transformações espirituais e cármicas. Está diretamente relacionada ao intelecto, tal como Xangô, mas de forma distinta, pois ele, sendo o seu Orixá de har- monia ou complementar, é a energia que reprime a impulsividade de ou seja, Xangô organiza e coloca ordem em seu pensamento. Está diretamente ligada não ape- nas as mudanças climáticas, mas também aos avanços tecnológicos. Dia 4 de dezembro é dia de Oyá e na quarta feira se mentaliza a força da Senhora da Decisão, cuja vibração dá coragem nas batalhas interiores e força nas guerras diá- rias. As oferendas podem ser feitas no canavial, bambuzal e pedreira. A cor da Guia costuma ser salmão (ou coral), mas varia conforme o Terreiro, sendo em alguns a cor amarela, vermelha e também azul escura (principalmente no sul do Brasil). Os cân- ticos para são vibrantes, fortes, espelham independência, poder e vontade decisiva. Seus símbolos na Umbanda são o raio e a espada. No Candomblé, além da espada há uma espécie de chicote feito com cauda de búfalo chamado Eruexim, que tem por finalidade conduzir os eguns (espíritos dos mortos). As flores são as Rosas amarela e coral/champanhe e Espada de (igual à Espada de São Jorge, mas com as bordas amarelas). Saúda-se dizendo Héè, Oya cuja intenção é reproduzir a saudação a um conhecido quando se está surpreso e feliz. Pronuncia-se "Eparrêi", e no Brasil se escreve "Eparrêi, Eparrêi, Oyá!". vento é totalmente imprevisível, devasta tudo o que estiver em sua frente, mas também destrói os obstáculos, e para aqueles que lutam empunhando a espada de o vento é brando e o ar, leve. Saravá Senhora dos Ventos e das Tempestades, aquela que é a dona do coração de seus filhos. Héè, MÃE QUERIDA! PERGUNTAS e Oyá são Orixás diferentes? Não. São dois nomes para o mesmo De acordo com a mitologia africana, é um título que Oyá recebeu de Xangô por ser ela radiante como o entardecer. Assim o nome pode ser traduzido como "A Mãe do Céu Rosado" ou "A Mãe do Entardecer". O que quer dizer "Senhora dos Eguns"? é considerada a Senhora dos Eguns porque é com este nome (egun) que os espíritos dos mortos são conhecidos no Candomblé. Por isso no campo santo se saúda Omulu / Obaluaiê e também é Orixá dos ventos e tempestades no sentido das situações que devastam a vida humana? Também desta forma quando é comparada com a força dos ou das tem- pestades que arruínam a existência, mas também é a brisa que arrefece as paixões e os amores momentâneos. ensina que tudo passa como o vento.</p><p>OXÓSSI - GUARDIÃO DAS FLORESTAS E DONO DO CONHECIMENTO Quem é esse cacique, glorioso e guerreiro montado em seu cavalo, vem descer no meu Terreiro. Ele é filho do verde, ele é filho da mata. (Ponto cantado) Orixá da caça e da fartura alimentar, abundância e prosperidade. Senhor das matas, da verdade e do conhecimento. grande caçador de almas perdidas, grande curador e grande doutrinador. Senhor das florestas, da caça, da fortuna, da agricultura, da eco- logia, da saúde. Oxóssi é o chefe e patrono dos Caboclos na Umbanda. É regente dos Caboclos Pena. Também conhecido como Odé, Erinlé, Ibualama (apresentado como um velho caçador) ou como Inlé (um jovem delicado). É o irradiador do conhecimento e rege o aprendizado e a sabedoria. Altivo caçador das almas dos seres humanos, encoraja e dá segurança a todos os seus filhos. Protetor dos animais, é conhecido por aliar sua grande força ao bom senso. Orixá de equilíbrio de Oxóssi é Oxum, pois é através das águas de Oxum que os vegetais de Oxóssi podem germinar e crescer. É por intermédio do Senhor da Floresta que Deus (Olorum) ensina as pessoas a se conhecerem. Oxóssi ensina o conheci- mento sem intolerância e estimula a procurar Deus de forma e sem obsessão. ser estará vibrando na irradiação de Oxóssi quando aprender a tratar tudo o que é vivo na natureza, seja homens, mulheres, animais, pássaros, mares, plantas, sempre com intenso respeito. A irradiação de Oxóssi é uma vibração curadora, pois atua no mental dos seres sarando as doenças emocionais e os desequilíbrios energéticos que se expressam no corpo material. Na mitologia africana Oxóssi entra na mata somente depois que Exu lhe abre e limpa os caminhos, e uma vez dentro está nos domínios de porque é esse Orixá que reina sobre os vegetais, com ele Oxóssi aprendeu a conhecer as ervas que curam as doenças dos homens e animais assim como as plantas sagradas. Oxóssi está ligado a Ogun, pois foi deste que recebeu suas armas de caçador. Ilá (canto) de Oxóssi no Candomblé pode parecer o cantar de um pássaro ou o berro de um animal. Suas insígnias (símbolos) são o Ofá que é o arco e a flecha conjugados, o Irukerê que é um espanta-mosca símbolo dos Reis na África e que Oxóssi usa para controlar os espíritos das florestas, e o Oge que é um chifre de touro (chamado "o Senhor escuta minha voz"), considerado poderoso meio de comunicação entre o Aiyé (mundo físico) e Orún (mundo espiritual).</p><p>Seu poder se manifesta nas matas e bosques. Oxóssi é o símbolo da manutenção, já que a mata abriga os alimentos e detém o segredo dos remédios. Recebe os títulos de Rei das Matas e Rei da Lua. Nos rituais de Umbanda são milhares de falanges que trabalham sob a influência desse Orixá, cuja Linha é integrada por Caboclos e Caboclas de Pena. Atuam espalha- dos pelas sete Linhas de força da Umbanda, servindo com humildade e harmonia nos reinos elementais da natureza. São espíritos com a missão de resgatar e ensinar ir- mãos sofredores e desconhecedores das coisas do espírito. Seus pontos de força são as matas verdes, as florestas. Na Umbanda as oferendas são feitas na mata, de preferên- cia sob árvore frondosa. Comemora-se Oxóssi dia 20 de janeiro e na semana, quinta- feira. Suas Guias e velas são verde claro (verde escuro é cor de Ossaîn). A vibração desse Orixá dá coragem, conhecimento e força nas "caçadas" (luta diária). Suas flores são as do campo e da mata. Saúda-se Oxóssi dizendo cujo significado é "Salve o Grande Caçador!". Os Caboclos de Umbanda são saudados dizendo "Oke cuja tradução é "Salve, Caboclo!" Senhor da Floresta, nós te saudamos. Oke-Arô! Guerreiro de uma única flecha! PERGUNTAS Por que Oxóssi tem diversos nomes? Não é apenas Oxóssi que tem diversos nomes, são todos os Orixás. Dependendo do local da África de onde vieram os escravos, trouxeram consigo seus costumes e diale- tos. Assim era denominado Oxóssi entre os Abê ou Agbê entre os jejes, e Taua- mim, Matalumbô ou Congombira entre os escravos bantos. que significa jeje e banto? São denominações dos diferentes povos que habitavam o continente africano e que foram trazidos como escravos ao Brasil. Bantos são os que habitavam o litoral da África e falavam diversas línguas como o quicongo, o quimbundo e o umbundo. Nagô era o nome que se dava ao iorubano ou a todo negro da Costa dos Escravos que falava ou entendia o iorubá. Os Jejes foram milhares de negros vindos de várias partes da África e falavam fon, mahi e ewe. A palavra Jeje vem do iorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro, portanto nunca existiu uma nação Jeje, o nome era dado de forma pejorativa pelos iorubás. No Brasil, jejes e bantos originam os Candom- blés e a Umbanda. Ao dizer que "Oxóssi é caçador" quer dizer que ele estimula a caça de animais? Não estimula a matança em hipótese alguma. Diz-se que é caçador no sentido de perseguir o conhecimento. Caçar é um ato que exige profunda paciência e quietude, e no silêncio de sua alma o caçador pensa e consegue entender, seja por meio da inteli- gência, da razão ou da experiência. Qual é a diferença entre Caboclo de Pena e Caboclo de Couro? Caboclo de Pena é aquele que os umbandistas identificam com a roupagem fluídica dos ancestrais indígenas, e o Caboclo de Couro é aquele que na Umbanda chama-se Boiadeiro.</p><p>Oxóssi é a divinização das matas e das florestas. Mas, e os animais que moram nelas? Ele também reina sobre os animais, porém os selvagens e silvestres. Diz a lenda que Oxóssi os conhece profundamente e com eles partilha o conhecimento da na- tureza, além de possuir todas as suas virtudes. Por exemplo, Oxóssi é sagaz como o leopardo, forte como o leão, leve como o pássaro, silencioso como o tigre, observador como a coruja, esconde-se como um tatu, é vaidoso como um pavão, corre como os coelhos, sobe em árvores como macacos etc. fundamento de Oxóssi é atingir um objetivo fixando o alvo ao modo do caçador. É considerado o Orixá que dá de comer as pessoas porque sob seus domínios estão os animais e os vegetais. Todo aquele que tem responsabilidade de alimentar a família está sob a vibração de Oxóssi. Quando se precisa atingir uma meta para prover o sustento deve-se evocar a energia desse Também se apela a Oxóssi quando é preciso encontrar o remédio apropriado para uma doença, embora seja quem determina se o remédio fará ou não efeito. Por que se diz que Oxóssi é "caçador de uma única flecha"? Na mitologia, Oxóssi com apenas uma flecha conseguiu matar a perigosa feiticeira africana (ajé) chamada Oxorongá, que se transformou em pássaro e atacou pessoas e cidades espalhando doenças e miséria, enquanto todos os outros caçadores já haviam perdido todas as suas flechas tentando em vão matar o pássaro, por isso é chamado de "Guerreiro de uma única flecha", e por isso é costume pedir a Oxóssi que destrua feitiços ou energias maléficas. A mitologia costuma associar Oxóssi com oxum e Logun-Edé. Por quê? Por causa da lenda que diz que certo dia enquanto caçava, Oxóssi conheceu Oxum, a deusa das águas doces e do ouro, por quem se apaixonou e com ela teve um filho, Logun-Edé. Filho da floresta com as águas dos rios, Logun-Edé é considerado o Orixá da riqueza e da fartura, herdeiro dos domínios de seus pais.</p><p>OXUM - DO OURO, DO AMOR À VIDA E AMOR DIVINO Oxum era rainha, na mão direita tinha o seu espelho onde vivia a se mirar. (Ponto cantado) Orixá do amor puro e verdadeiro, da alegria e da união, regente da fertilidade, pro- tetora dos recém-nascidos até que venha a falar e comece a adquirir conhecimentos. Yabá da feminilidade, do mel, da beleza, da vaidade feminina, do encanto e também do jogo de Ifá (jogo de búzios). Oxum é regente das águas doces desde a sua nascente até o encontro com o mar. As emanações fluídicas deste Orixá dão grandeza espiritual e material, espalha harmo- nia e concórdia. Vibra nas águas doces gerando fartura e riqueza. É a dona do ouro, fruto das entranhas da terra. Orixá das cascatas, rios, cachoeiras, grotas, seixos e fontes, sem ela (água) não há vida. Oxum é o sentimento humano representado pelas águas que caem e continuam o seu curso, alimentando a vida à sua volta. Diz a lenda que Oxum é tão delicada como o fluxo de um riacho entre as pedras, mas tão poderosa como a cachoeira. Assim também são suas filhas e filhos. Possui o título de Yialodê (ou "Senhora da Tribo"). É a grande mãe que de todos toma conta, zela e protege. Seu campo de atuação é o amor, as relações humanas, a sensualidade pelo encanto e pela beleza. Oferenda-se Oxum sempre em ambiente limpo (detesta poeira e sujeira). Oxum ensina sobre o amor. Vibrando com Oxalá ensina o amor à fé, vibrando com Oxóssi ensina o amor ao conhecimento, vibrando com Xangô ensina o Amor à justiça e ao equilíbrio, vibrando com Ogun ensina o amor à lei e a ordem, vibrando com Omulu/Obaluaiê ensina o amor à evolução, vibrando com Yemanjá ensina o amor à geração, em vibração pura ensina o Amor à Vida. Oxum dá sustentação de trabalho para as Pombogiras e Crianças. Seus campos de força na natureza são os rios, fontes, cachoeiras, córregos, a mansidão dos lagos de água doce, locais onde também recebe oferendas. É representada com um espelho em punho, chamado Abebé dourada), para refletir sua beleza. A cor da Guia é ama- relo ouro, e em alguns Terreiros o azul real. Comemora-se Oxum em 8 de dezembro e na semana, sábado. Sua flor é a Rosa cor de rosa, Flor da Fortuna, Lírios amarelo e rosa.</p><p>Saudamos Oxum dizendo Oore yeyê! Que significa "Olha por nós, Mãe da Bondade! " Também é louvada dizendo simplesmente "Ai Yê Yê", uma corruptela da saudação original. Oore = bondade. Yeyê = mesmo que "Iyá", que significa "mãe" (pronuncia-se Ora Yê Yê ou Ora Yê Salve Oxum, benditas são tuas águas que lavam o meu ser. Oore yeyê! PERGUNTAS que quer dizer Yialodê? É um título africano concedido àquela que ocupa o lugar mais importante dentre todas as mulheres da cidade. Na mitologia, Oxum é a rainha dos rios e exerce seu poder sobre as águas doces, sem a qual a vida seria impossível. Como se pode pedir a sustentação dos Orixás? Manifestando no cotidiano as qualidades e bons sentimentos ligados a eles. Por exemplo, quanto maior a sintonia com a vibração de amor de Oxum, maior será seu amparo e irradiação. Por que Oxum é associada a maternidade? Oxum representa a força dos rios cujas águas vão a todos os cantos do mundo. É ela quem nutre as folhas de são suas águas que arrefecem o aço forjado por Ogun, águas de Oxum que lavam as feridas de Obaluaiê e compõe a luz do arco-íris de Oxumáre. É a água quem dá vida aos animais de Oxóssi. Considerando que as águas de Oxum correm sempre adiante levadas e distribuídas pelos rios por todo o mundo, matando a sede e a fome, foi associada à maternidade junto com Yemanjá. Por que Oxum é associada a feminilidade? Não só à feminilidade, mas também a sensualidade, sendo considerada o Orixá do amor. Ninguém pode segurar a água em suas mãos, ela sempre escapa pelos dedos, igual à mulher quando faz uso de sua astúcia feminina.</p><p>OGUN - GUARDIÃO DOS CAMINHOS, LEIE ORDEM A tristeza foi embora na espada de um guerreiro, e a luz do romper da aurora vai brilhar neste Terreiro. (Ponto cantado) Orixá do ferro e da forja, da guerra, do bom combate, das invenções e engenharia. Todas as estradas são guardadas pela vibração de Ogun. Ele está em todos os cami- nhos ligados à Linha dos (Exus). Tem a coragem, força e impetuosidade como atributos. Orixá da energia que produz a atitude, perseverança, vencedor de demandas. Ogun está associado ao renascimento no sentido de dar a volta por cima mediante capacidade de se reerguer. Ogun rege todo início de movimento, é a energia que possibilita o começo do que quer que seja, abre os caminhos e encruzilhadas junto com Exu. Vence as lutas agindo pelo instinto para defender e proteger os mais fracos. Na mitologia africana é o deus do ferro, do fogo e da guerra. É representado como um guerreiro que defende a lei e a ordem. Todas as lutas, conquistas e vitórias são presididas por Ogun. Esse Orixá dá energia não só nas situações de conquista, mas também na luta pela sobrevivência. À força que um vegetal faz ao nascer, rompendo a terra para brotar e crescer dá-se o nome de Ogun. A força do coração batendo e bom- beando o sangue para todo o corpo é Ogun. A vibração de Ogun traz potência e confiança de seguir em frente. Orixá de equilíbrio de Ogun é Yemanjá, Orixá da adaptação, tranquilidade, se- renidade. Não tem reino na natureza específico. Atua sob sua irradiação a Linha de Trabalho dos Caboclos Peito de Aço, entidades de demanda e doutrinadoras que mili- tam nos trabalhos de choque com o astral baixo. A cor da Guia e vela é o vermelho, e em alguns Terreiros é azul escuro. Oferendas costumam ser entregues nas campinas, estradas de terra e de ferro. Os pontos na natureza são os caminhos, campos e encruzilhadas. dia de Ogun é 23 de abril e na semana quinta feira. Seu símbolo é a espada. Embora seja único, diz a mitologia que ele é composto de sete partes e assim o número ficou associado a esse Sua flor é o Cravo vermelho. Saúda-se dizendo Ogun Yê! (pronuncia Ogunhê!), que significa "Salve Ogun", ou ainda Orí, Ogun! (pronuncia Ogun!), que significa "Salve Ogun, Se- nhor Que Encabeça ou Que Vem Na Frente". = chefe, principal.</p><p>Orí = cabeça. Salve Senhor dos Caminhos, nos ampare em nossa árdua caminhada. Ogun Yê! Orí, Ogun! PERGUNTA Por que Ogun é considerado o Senhor dos Caminhos? Por herança da cultura africana. Considere-se que, no entendimento do Candom- blé, os Orixás são semelhantes aos homens, inclusive tiveram vida humana na Terra. Deste modo Ogun foi, na mitologia da cultura iorubá, o primeiro ferreiro, o descobri- dor da fundição e inventor de todas as ferramentas que existem. Com a foice Ogun abriu os primeiros caminhos para o resto do mundo, e assim como abriu também tem o poder de fechar. Com o ancinho arou as terras e plantou os alimentos. Com a tesoura cortou a pele dos animais para aquecer o corpo. machado cortou árvores, e com o martelo e prego uniu os troncos possibilitando a construção dos abrigos e proteção contra as intempéries e animais selvagens. Com a faca Ogun fez o primeiro sacrifício ritual e por essa razão no Candomblé sempre se louva Ogun durante esses rituais. Também forjou a espada para vencer os inimigos e conquistar território para seu povo. A mitologia mostra que não há um só caminho que Ogun não tenha percor- rido em suas guerras de conquista. Na Umbanda costuma-se chamar por seu auxílio em situações gravíssimas, de extrema dificuldade, e quando o inimigo é muito mais forte. É importante esclarecer que na Umbanda não há ritual que envolva animais e os que assim o fazem não tem base religiosa para fazê-lo, portanto não são umbandis- tas.</p><p>YEMANJÁ - SENHORA DA VIDA Alodê, Odofiaba Minha Mãe, Mãe-d'água, Odoyá! Qual é seu dia Nossa Senhora? É dia dois de fevereiro quando na beira da praia eu me abençoar. (Ponto cantado) Yemanjá é a grande mãe da Umbanda e dos Rainha dos mares, dos oceanos e das águas salgadas. Representa a geração em todos os sentidos: fecundidade, ges- tação e maternidade. Senhora da purificação, da família, da harmonia, da saúde mental. Recebe vários nomes como Janaína, Rainha do Mar, Dona Janaína, Inaê, Maria, Princesa do Mãe D'Água, Dandalunda, Isis, Sereia do Mar, Senhora da Coroa Estrelada, Senhora da Calunga Grande (mar). maior ponto de força da natureza é o mar, chamado de "calunga grande" (o ce- mitério é conhecido como "calunga pequena"). Esse ponto de força natural é grande absorvedor de energias negativas, é um santuário natural para onde é levado tudo o que precisa ser purificado e depois devolvido. Os Guias de Umbanda fazem uso da energia dos mares e oceanos em seus lindos trabalhos de curas. Para o mar são leva- dos muitos espíritos sombrios cujas vibrações densas os impedem de chegar a planos mais sutis. No mar são tratados pelos trabalhadores da Linha de Yemanjá. Tudo no mar é movimento. incessante vai e vem das marés é a própria pulsação da vida com a expansão e contração das ondas. A cheia e a vazante das águas levam tudo o que é negativo, transforma e devolve convertido em positivo. Seu próprio som expressa essa possante e magnífica transformação. São regidas pela vibração de Yemanjá milhares de falanges de espíritos como os Caboclos de Yemanjá, os Pretos Velhos de Yemanjá, as Crianças e Exus de Yemanjá etc. Os Capangueiros e Falangeiros de Yemanjá sabem trabalhar com a vibração das águas do mar e as criaturas marítimas, com os grandes campos de energia concentrados na vastidão dos oceanos, seus "profundos e desconhecidos abismos onde se encontram muitas almas delinquentes prisioneiras, esperando o momento de sua regeneração, isoladas do mundo pela capacidade de destruição que ainda possuem" ("Aglon e os Espíritos do Mar" de Ranieri). No livro "Entre o Céu e a Terra", de Chico Xavier (pelo espírito André Luiz), no capítulo 5, Clarêncio fala do mar como um local repleto de energias onde os espíritos encarnados e desencarnados vão para se recuperar. Relata com as seguintes palavras: "O oceano é miraculoso reservatório de forças; até aqui, muitos companheiros de nosso plano trazem os irmãos doentes, ainda ligados ao corpo da Terra, de modo a re- ceberem refazimento e</p><p>André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier ensinou que "enquanto nos movimentamos na esfera material, somos criaturas marinhas respirando em terra firme. No processo vulgar de alimentação, não podemos dispensar o sal; nosso me- canismo fisiológico, a rigor, se constitui de sessenta por cento de água salgada, cuja composição é quase idêntica à do mar, constante dos sais de sódio, de cálcio, de potás- sio. Encontra-se, na esfera de atividade fisiológica do homem reencarnado, o sabor do sal no sangue, no suor, nas lágrimas, nas (Missionários da Luz - Francisco Cândido Xavier - André Luiz 1943). Na mitologia africana Yemanjá é considerada o princípio de tudo, é o mar que alimenta, que umidifica e energiza a terra. E é também o maior cemitério do mundo. Representa as profundezas do inconsciente, o movimento rítmico como o fluxo e re- fluxo das águas, todas as coisas cíclicas, tudo que se pode repetir infinitamente como as ondas do mar. É também a força contida, o equilíbrio. Yemanjá é a yabá "dona de todas as cabeças", no sentido de ser ela quem dá o equilíbrio necessário aos indiví- duos para lidar com suas emoções e desejos inconscientes. É representada com leque decorado com espelho chamado Abebé (cor prata) e adaga. Suas cores são o branco e o azul-claro, também o prateado. Comemora-se Yemanjá nas praias em 15 de agosto e seu dia da semana é sábado. No Candomblé Yemanjá é festejada dia 2 de fevereiro. Sua vibração proporciona harmonia no lar, paz entre casais e entre amigos, fertilidade, saúde física, mental e espiritual. As flores são Palma branca e Rosa Branca. A linha de trabalho sob a irradiação de Yemanjá é a dos Marinheiros, Piratas, Marujos e Pescadores. Saúda-se Yemanjá dizendo Odò Fe (pronuncia Odofiaba), traduzido como "Amada Mãe do Rio" ou "o Rio Ama a Mãe". Ou Odò que significa "Mãe do Rio". Odò = rio (porque originalmente na África Yemanjá era divindade do rio). Fe = querer, gostar, amar. = mãe. Salve Yemanjá Rainha do Mar, mãe de todos os que navegam nos mares profundos e misteriosos da vida. Odò PERGUNTAS que significa o ponto cantado que diz "eram duas ventarolas que vinham do mar, uma era e a outra era Yemanjá"? Por que quase sempre há ligação entre Yemanjá e Há uma lenda que explica. Exu foi chamado ao reino de Olokun, senhor dos mares, e ao chegar à sala do trono ficou encantado com Yemanjá, a filha do rei. Saiu determi- nado a cumprir a missão e ao voltar, pedir a mão da princesa. Dois dias depois estava de volta apresentando as provas do sucesso da empreitada. Olokun ficou contentís- simo e ofereceu a Exu grande riqueza, mas a ele somente interessava casar-se com Ye- manjá. monarca ficou extremamente irritado com tamanha audácia e ordenou que o colocassem para fora de seus domínios. Exu jurou vingança. Certa manhã Yemanjá passeava pelas areias da praia quando um imenso buraco se abriu sob seus pés e a tra- gou para o interior, e em seguida a fenda se fechou como se ali nada jamais houvesse</p><p>acontecido. Os que testemunharam ficaram desesperados, com medo de serem mor- tos pelo rei por não terem evitado o sequestro, e fugiram sem nunca testemunhar o ocorrido. Aflito com o sumiço da filha o velho rei foi procurar um que disse ser Exu o sequestrador, e o aconselhou a procurar por jovem guerreira que nada temia. foi chamada e prontificou-se a buscar Yemanjá. Depois de muito andar sentiu sob os pés a quentura que denunciava a presença de Exu. Brandiu sua espada no ar chamando os raios de seu domínio, enfiou-a na terra com toda a força e uma cratera se formou, pela qual a guerreira foi descendo lentamente. Logo avistou a bela moça sentada em um canto chorando desconsoladamente e a seu lado Exu, que lhe afagava os longos cabelos fazendo juras de amor eterno. "Vim buscar a princesa! disse cujo tom de VOZ não deixava dúvidas que viera disposta a tudo. "Como ousa invadir meu reino e ainda ditar-me ordens? retrucou Exu, colérico. Apontou para os pés de e um círculo de fogo se formou em torno, impedindo seu avanço. Então raios começaram a se espalhar por todo o espaço e ventania muito forte envol- veu o corpo de Yemanjá a tudo assistia, perplexa. Exu foi jogado contra uma parede, atingido pela violência do vento, então um redemoinho envolveu as mulhe- res transportando-as para o reino de Olokun. Diz a lenda que o mar se abriu dando passagem para um tufão cavalgado por Dos olhos do rei correram lágrimas de alegria e gratidão ao avistar, em meio a tormenta, o rosto da querida filha. lemanjá e tornaram-se amigas pela eternidade. Exu permaneceu no interior da terra, cho- rando por uma e praguejando contra a outra. Hoje nos Terreiro cantam "Eram duas ventarolas que vinham lá do mar. Uma era Héè) e a outra era (Odò Fe em lembrança a tal feito. Outra explicação para o ponto cantado é que as ondas do mar são causadas pelo vento, e sua velocidade varia muito dependendo sempre da intensidade da ventania onde vibra e onde trabalham os que atuam sobre a sua regência, como por exemplo, o Caboclo do Vento. Mar e oceano não são sinônimos? Não. Mar e oceano são expressões criadas para designar vasta extensão de água salgada, porém os mares são considerados partes dos oceanos. São menos profundos e em geral limitados ou cercados quase que totalmente pelos continentes. Os ocea- nos são muito maiores do que os mares e muitíssimo mais profundos. Os mares, por serem menores e mais ligados aos continentes, apresentam uma menor distância entre o fundo e a sua superfície, já os oceanos são imensamente mais profundos (a fossa das Marianas, no Pacífico, tem mais de 11 mil metros, sendo o ponto mais pro- fundo da Terra). Tem fundamento a prática de Umbanda que ensina fazer entregas para Yemanjá enchendo barquinhos com presentes? Nenhum fundamento além da tradição. Yemanjá atende aos pedidos daqueles que lhe dá presentes? Orixá é a energia da natureza. Que utilidade pode ter pentes de plástico, vidros de perfume e espelhinhos? Qual sentido espiritual pode haver em matar e mutilar os animais marítimos com o plástico das oferendas jogadas ao mar? Alguém pode acreditar que para garantir um ano novo cheio de axé e boas energias, para que todos</p><p>os sonhos se realizem é preciso envenenar peixes, tartarugas, baleias, golfinhos, que confundem isopor e plástico com alimento? que há de sagrado em poluir os mares e matar os animais? Por que muitos umbandistas ensinam que quando o barquinho navega mar aden- tro é porque Yemanjá aceitou a oferenda? Porque desconhecem que os presentes pretensamente "aceitos" por Yemanjá ame- açam o ecossistema marinho e os que ela "devolve" poluem a praia. que pensam as pessoas quando veem as toneladas de lixo deixadas nas praias pelos umbandistas? Imagine o que pensa qualquer pessoa que corte o pé com o caco de vidro de garrafa de champanhe "presenteada" a Yemanjá. Imagine o que passa pela cabeça de quem vê o prego do barquinho de Yemanjá fincado no pé de uma criança. Qualquer pessoa evoluída intelectualmente quando contempla as toneladas de vidros, madeiras com pregos, plásticos, comidas, embalagens, fitas, maços e pontas de cigarro, velas, garra- fas pet abandonadas nas praias, provavelmente pensa que os umbandistas são por- calhões e pouco civilizados. É um absurdo que religião que cultua a natureza adote práticas de total desrespeito com o meio ambiente. que oferendar à Yemanjá sem agredir a natureza? Não só à Yemanjá, mas a todos os Orixás porque ninguém gosta de ter sua casa maculada, há opção de flores naturais e frutas que não agridem a natureza e tem seus fundamentos preservados. Velas de parafina podem ser substituídas pelas de cera de abelha. Importante que se jogue apenas o líquido do perfume ao mar e nunca o vidro. umbandista que for à mata e quiser deixar uma bebida deve colocar o líquido em cuia de coco e recolher a garrafa. Material de plástico deve ser substituído por folha de bananeira. Uso de velas, cigarros e charutos podem provocar acidentes e incêndios em áreas de vegetação, principalmente perto de raízes de árvores, de folhas secas e de materi- ais inflamáveis causando danos irreversíveis à natureza. Nas festas na praia todos são responsáveis pelo recolhimento e destino dos mate- riais usados nas oferendas, deste modo junto com os atabaques, barracas e demais apetrechos é dever levar sacos de lixo e obrigação recolher todas as sobras, não dei- xando na natureza nem mesmo um palito de fósforo. mesmo em todos os reinos da natureza. Todo umbandista precisa definitivamente substituir os materiais sintéticos por orgânicos, de rápida decomposição e absorção pela natureza. Não é favor, é responsabilidade e acima de tudo compromisso com a natureza e com a espiritualidade.</p><p>- DA CURA E DA TERRA Se seu corpo está ferido e não pode mais suportar, peça proteção a ele que ele vai lhe ajudar (Ponto cantado) Guardião dos mortos e das almas, senhor da terra, senhor da cura, da evolução e da passagem. Orixá da saúde cuja vibração atua sobre os doentes, hospitais e cemitérios. Omulu é a manifestação idosa de Obaluaie. Rege a morte, o desencarne, comanda o instante da passagem do corpo material de volta ao plano espiritual. Muito respeitado, Omulu/Obaluaiê também denominado ou Babalú-Ayé. Omulu é chamado "O Velho" e "Senhor das Palhas". Em alguns Terreiros Omulu e Obaluaiê são cultuados como Orixás distintos, em outros como um desdo- bramento diferenciado da seguinte forma: Obaluaiê representa a o início da vida; Omulu representa a força velha, ou seja, cansada pela vida. o entendimento corrente é que Obaluaiê é a manifestação jovem de Omulu, vibrando em forma mais jovial. Por ser o regente do instante da morte física, Omulu conduz cada um a seu devido lugar de acordo com o merecimento. Seu Orixá de equilíbrio é Nanã, aquela que atua sobre os espíritos que vão desencarnar e reencarnar, purificando os sentimentos, mágoas e conceitos, e adormecendo suas memórias preparando para a nova vida. aponta o caminho que o espírito, após o desencarne, irá trilhar de acordo com seus merecimentos, mas importante dizer que não julga ninguém, ape- nas acompanha, por isso é chamado da Passagem. É o guardião das almas que ainda não se libertaram da matéria. Na hora do desen- carne são os Falangeiros de Omulu que ajudam o ser a desatar os "cordões" que ligam o perispírito ao corpo material. Seus Capangueiros são diretamente responsáveis pelos lugares onde ocorrem as mortes físicas como cemitérios, necrotérios, hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas. Estão sempre próximos aos leitos e envolvem estes lugares com poderosos campos de força, a fim de que os vampiros astrais não sorvam as energias dos corpos físicos em vias de morrer ou recém-falecidos. atua nas enfermidades do corpo físico, energético e vibratório, curando ou possibilitando o encaminhando ao médico que o fará. Esse Orixá descar- rega o negativo para a terra onde é transformado e devolvido para o astral em forma de energia pura.</p><p>seu ponto de força é o cemitério (calunga pequena), principalmente o lado à esquerda do cruzeiro. Trabalham sob as irradiações de Omulu os Pretos Velhos e os Caboclos Africanos. Esta Linha de trabalho é denominada "Yorimá", conhecida como a "Linha das Almas" que traz a sabedoria da vida e da morte nas palavras de ensinamentos que proporcionam os Pretos Velhos. A Linha das Almas ou Yorimá é constituída, além de Pretos Velhos, de espíritos de médicos e cientistas, Exus e Pom- bogiras. Geralmente médiuns que trabalham sob a vibração deste Orixá são grandes curadores. As cores das velas e das Guias de Omulu são bicolores preta e branca. Alguns Terreiros usam bicolor preta e vermelha, ou apenas vermelha. Suas flores são os Cri- sântemos branco e roxo, e Cravo branco. Comemora-se seu dia em 2 de novembrojun- tamente com o dia de finados. Há umbandistas que comemoram dia 17 de dezembro em razão do sincretismo com São Lázaro, e em algumas Casas em 16 de agosto em razão do sincretismo com São Roque. Na semana vibra-se para esse Orixá segunda feira. símbolo de Omulu/Obaluaiê é o Xaxará, espécie de cetro de mão feito de palha enfeitado com búzios e miçangas personificando os ancestrais. É a irradiação de que auxilia em toda situação na qual é preciso superar uma grande dificuldade para alcançar condição melhor, por exemplo, para vencer doença de difícil tratamento. Saúda-se dizendo Atotó! (pronuncia Atotô) que pode ser traduzida literalmente como "Rei, Senhor da Terra" Obá = rei Olúwa = senhor Ayiê = terra Omulu = "Filho e Senhor" Omo = filho Olúwa = senhor Ao Rei e Senhor da Terra, nosso mais profundo respeito. PERGUNTA É verdade que é um Orixá terrível que traz a varíola e as doen- cas contagiosas? Não é verdade. Falta entendimento entre os próprios umbandistas acerca de Por considerá-lo senhor da doença muitos Terreiros não desenvol- vem o médium que tem esse maravilhoso Orixá como regente. Levam em conside- ração, literalmente, as lendas contadas sobre ele e desconhecem sua extrema força e valor dentro da religião de Umbanda. Como podem acreditar que Deus criaria vi- brações da natureza para distribuir doenças infecciosas? Esse mito ensina que o mal existe e que pode ser curado, porém é preciso ter consciência do momento em que ele terminou para recomeçar, mesmo após um violento sofrimento.</p><p>- DOS PÂNTANOS E DA MORTE "Oxumarê me deu dois barajás (1) pra festa de Nanã / A velha deusa das águas quer mugunzá (2) / Seu Íbíri (3) enfeitado com fitas e búzios / ponto pra assentar mandou cantar / Ela vem no som da chuva dançando devagar seu ijexá (4) / Senhora da Candelária (5), abá (6) pra toda a sua nação iorubá". (Cantiga) Senhora das águas paradas, do barro e da sabedoria. Orixá mais antigo do mundo. Senhora dos mistérios, da morte e reencarnação, da memória. Protetora dos ido- SOS e doentes. É quem faz a ligação entre o plano espiritual e o plano material no nascimento e na morte. Socorre nos momentos de dor e de pranto. É quem acompanha os seres durante fim do aprendizado no mundo da matéria. Orixá do fim das coisas. Faz o caminho inverso de Oxum, é quem reconduz ao terreno do astral as almas que Oxum depositou no "mundo da carne". Também vibra sobre os espíritos que vão reencarnar, purificando-lhes os sentimentos, mágoas e conceitos, e adorme- cendo suas memórias de modo a prepará-los para a nova vida no plano físico. Oxóssi aguça o raciocínio, Nanã adormece os conhecimentos do espírito para que não inter- firam com o destino traçado para toda uma vida reencarnada. Seu Orixá de equilíbrio é Omulu, aquele que rege a morte, o desencarne, o instante da passagem do corpo material para o espiritual. Denominada Nanã Buruquê, Nanã Burukum, ou Anamburucu, é aquela que comanda o portal da passa- gem das dimensões. Sente-se a força vibratória de Nanã na ação das trevas que exis- tem nos medos dos homens. Ao mesmo que tempo que é o Orixá do fim de tudo também representa o início, quando o ser reencarna e traz na bagagem as imperfeições, as dívidas, o sentido da necessidade de ressarcir os erros. A tudo Nanã observa com seus olhos ancestrais. do reino da morte, é quem possibilita o acesso a esse território desconhecido. Nanã é associada à velhice e senilidade, na fase em que a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou e praticou na vida carnal, por isso diz-se que um dos campos de atuação de Nanã é a memória dos seres. No início do ciclo da vida humana está Oxum estimulando a sexualidade, no meio está Yemanjá estimulando a maternidade, e no fim está Nanã paralisando tanto a se- xualidade quanto a geração de filhos, portanto associada à menopausa. Seu símbolo é o Íbíri (3). Diz a lenda que Nanã é a Divindade Suprema que, junto com Olorum/Zambi fez parte da criação, sendo ela responsável pelo elemento Barro,</p><p>o qual deu forma ao primeiro homem e a todos os seres que vieram depois, sendo, portanto, o Orixá mais antigo da criação. As Guias de Nanã são de cor roxa ou violeta e em alguns Terreiros, lilás e branca. Seus pontos de força são a chuva miúda, o barro, o fundo dos rios e dos mares, enfim onde há lama e lodo, sendo que estes são os seus elementos. É o Orixá dos pântanos, o ponto de contato das águas com a terra, vibra nas águas paradas da natureza. dia em que se comemora Nanã é 26 de julho e na semana, terça feira. Sua vibra- ção auxilia nos processos cirúrgicos e é muito solicitada nos problemas espirituais de obsessão, na capacidade de aceitação dos erros, e no reconhecimento da necessidade de melhorar em qualquer sentido. Nas situações tormentosas da vida a desse Orixá faz toda a diferença. Suas flores são as de cor roxa ou lilás como Palma lilás, Cri- sântemo lilás, Violeta, Azaleia A cor da Guia assim como da vela é roxa. Saúda-se esse Orixá dizendo que pode ser traduzida como "Aquela em quem nos refugiamos!". Saravá Vovó, que sua Luz conduza nossos destinos. PERGUNTAS que é barajá (1)? Também chamado é uma espécie de Guia usada no Candomblé apenas pelos que tem posto de graduação como, por exemplo, Babalorixá, e Ekedi (similares na Umbanda ao Dirigente, Curimbeiro e Cambono, respectivamente). É um símbolo de nobreza e sabedoria. Também é usado pelos filhos de Oxumarê chamados "Filhos da Cobra", e pelos "Filhos da Terra" como são denominados aqueles que têm Omulu/ Obaluaiê como regente, e pelos filhos de Nanã Buruquê. Representa as escamas da cobra ou serpente, assim como a riqueza porque é feito com búzios abertos que na África era usado como dinheiro. Na Umbanda não se faz uso dessa Guia. que é mungunzá (2)? Mugunzá ou mucunzá é o nome da comida ritual oferecida a Nanã feita de grãos de milho cozidos em água, sem sal e com açúcar, algumas vezes com leite de coco e de gado, e com pequena quantidade de água de flor de laranjeira. que é ibiri ou íbíri (3)? É um dos símbolos de Nanã. Trata-se de uma espécie de cetro sagrado feito com palitos do dendezeiro ou hastes de palmeira, e enfeitado com búzios. Tem a finalidade de afastar os eguns (espírito dos mortos) para o seu espaço sagrado, eliminar as ener- gias negativa da Casa de Candomblé e proporcionar vida longa a todos os presentes no ritual onde Nanã "desce". que é (4)? É um ritmo de origem africana tocado nas casas de Candomblé dos iorubás / nagôs e também utilizado em algumas casas do Candomblé de Angola. Ritmo suave de ba- tida e cadência marcadas de grande beleza no som e na dança. Ijexá é tocado exclusi- vamente com as mãos, as baquetas não são usadas nesse toque. Pode-se conhecer o ritmo Ijexá ouvindo a música Beleza Pura, de Caetano Veloso. Quem é nossa Senhora da Candelária (5)?</p><p>É também invocada sob os nomes de Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora das Candeias ou ainda Nossa Senhora da Purificação. o que é abá (6)? É uma palavra em yorubá que significa velha, pessoa idosa. Por que Nanã é considerada a lama primordial? o que isso significa? Na mitologia africana Nanã é a lama primordial, o barro ou a argila da qual foram feitos os homens. Diz a lenda que Oxalá tentou criar os homens com o ar, mas a criação se dissipou antes de adquirir forma. Tentou com o fogo, mas o homem logo foi queimado. Os homens criados da pedra não conseguiram se dobrar e nem cur- var, e com a madeira ficaram rígidos e não puderam se movimentar. Experimentou com água, óleo, azeite e nada deu certo. Então Nanã se ofereceu para que com ela os homens fossem criados, porém impôs a condição de que, sendo criados com sua es- sência (o barro), a ela fossem devolvidos depois da morte. Por isso Nanã está sempre no começo de tudo. É associada ao limo que atua como fertilizante natural do solo e, portanto, dá vida, e ao mesmo tempo é relacionada ao limo lodoso que fica nas águas estagnadas, portanto representa a putrefação e morte.</p><p>- ORIXÁ DAS FOLHAS Kosi kosi Orisá! Traduzindo: oh folhas, oh folhas, sem folhas sem Orixás (cantigas). Protetor dos animais, Senhor das ervas medicinais e das ervas litúrgicas, Orixá da cura e das medicinas alternativas, detentor do axé. As folhas estão relacionadas com a cura por isso Ossaîn é o Orixá da medicina. Guarda escondida na floresta a magia da cura para todas as doenças dos homens, contida nas virtudes de todas as folhas. Também chamado de Ossanha, é um Orixá de vibração masculina e que desem- penha uma função fundamental, haja vista que sem folhas nenhuma cerimônia de Umbanda ou Candomblé pode realizar-se, pois detém o axé que desperta o poder do "sangue verde" das folhas. Na lenda é descrito como grande sacerdote ou feiticeiro que por meio das folhas realiza curas e milagres. Esse Orixá traz progresso e riqueza porque é nas folhas que está à cura para todas as doenças do corpo e do espírito. Ossaîn é energia que se mani- festa ao ar livre. Governa toda a floresta juntamente com Oxóssi, mas somente ele é o dono do mistério das folhas, do seu emprego medicinal e sua utilização mágica. "Kó si kó sí (pronuncia-se eu ê, côssí significa "Sem folhas não tem pois elas são imprescindíveis aos rituais. Cada Orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaîn conhece o axé (força, poder, fundamento) existente nas folhas e ervas, e somente ele sabe os segredos e as palavras (ofó) que despertam o poder e intensidade contidos nelas. Seu domínio estende-se ao reino vegetal, às plantas e, mais especificamente, às folhas onde corre o sumo. A energia desse Orixá está onde as folhagens crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem, e ao mesmo tempo esse também é o território do medo, do desconhecido, e é por esse motivo, diz a lenda, que ninguém deve penetrar na floresta ou na mata sem pedir licença a Ossaîn, é preciso saudá-lo como sinal de respeito às forças vivas da natureza, forças que não permitem que pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrem em sua morada, e se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta. Ossaîn tem um auxiliar que se responsabiliza por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão, cujo nome é Aroni, um misterioso anão- zinho de uma perna só e que fuma cachimbo, figura bastante próxima ao Saci-Pererê. Segundo a mitologia africana possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande (ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Apesar da semelhança entre as lendas não</p><p>se pode confundi-lo com o Saci-Pererê que é um personagem do folclore brasileiro. Em algumas representações gráficas é retratado como tendo uma só perna porque a árvore, base de todas as folhas, possui um só tronco. As áreas consagradas a Ossaîn nos grandes Candomblés não são jardins cultivados de maneira tradicional, são sagradas em pequenos recantos onde só os médiuns cha- mados "Mão de Ofá" podem entrar, e nos quais as plantas crescem da maneira selva- gem. As folhas e ervas depois de colhidas são esfregadas, espremidas e trituradas com as mãos, não se usa pilão ou outro instrumento e a tradição manda quebrá-las vivas entre os dedos. Ossaîn possui inúmeras afinidades com Oxóssi porque ambos são Orixás do mesmo espaço, ou seja, da floresta, do mato, das folhas, e ambos são grandes feiti- ceiros e conhecedores dos segredos da mata e da terra. Embora habite as florestas e matas fechadas, toda planta em qualquer lugar que esteja leva em sua essência o Axé da Cura de Seu símbolo é um ferro com sete pontas tendo um pássaro na ponta central, re- presentando árvore de sete ramos com um pássaro pousado sobre ela. As cores são o verde e branco. Na Umbanda não se dá filiação a por este motivo não tem Guia, mas o Orixá é cultuado devido ao poder que tem de controlar todas as folhas e os seus segredos. As oferendas devem ser feitas nas florestas e matas fechadas. Comemora-se Ossaîn dia 20 de janeiro juntamente com Oxóssi, e o dia da semana é quinta feira. Alguns Terreiros comemoram dia 5 de outubro. Sua vibração transmite sabedoria, saúde, capacidade para controlar os próprios sentimentos e emoções, e in- tuição para lidar liturgicamente com as ervas. Saúda-se esse Orixá dizendo O, (Pronuncia que significa "Salve o Senhor das Folhas!' Ewe = folha (vegetal). = ele (pronome pessoal). Saravá Senhor das Folhas. Ewe O, PERGUNTAS que é Mão de Ofá? Também chamado Mão de Folhas, é o médium geralmente não incorporante pre- parado especialmente para fazer a colheita e a quinagem (maceração) das ervas usa- das para amacís (banhos rituais) e remédios e banhos de descarga. Quinar uma erva significa esmagá-la com as mãos dentro da água, de modo a deixá-la picadinha, quase esfarelada. A quinagem permite que as substâncias da planta passem para a água sem precisar de fervura. Ossaîn é o Senhor das Folhas ou o Senhor dos Remédios? De ambos. Entende-se esse Orixá como a própria energia curativa das folhas por- que tem consigo o poder da força sagrada que envolve a natureza e seus elementais. As folhas são misteriosas e mágicas porque o mesmo princípio que cura, também mata. "A diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem" (Paracelso). Quem é Aroni?</p><p>Segundo a mitologia iorubá, há espíritos que moram na "essência" da floresta (ou no fundo da floresta), chamados de Um desses espíritos é Aroni, que habita na parte mais escura da floresta onde mesmo a luz do sol não consegue penetrar. Diz-se que seu conhecimento acerca das propriedades mágicas das folhas é tão imenso que até os Orixás o temem. Embora Aroni tenha elevado conhecimento das ervas medi- cinais, só tem o poder da cura. o aspecto físico de Aroni é de gnomo africano ou duende, representado com gorro vermelho enfeitado com búzios, fuma cachimbo de barro ou feito com a casca do igbín (caracol), o qual usa para potencializar as pro- priedades das folhas e encantar as pessoas que se deparam com ele. Anda com uma perna só, semelhante ao Saci-Pererê, e talvez seja a origem do personagem do folclore brasileiro.</p><p>OXUMARÊ - DA CHUVA E DO ARCO-ÍRIS Ele gira no tempo, ele gira no Sol, sob as cores do arco-íris e a claridade do sol. (Ponto cantado) Senhor da abundância, fartura, sexualidade e transformações. É a renovação conti- nuada em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida do ser humano. Dono das Cobras. Oxumarê ou Oxumáre é a energia das cores, da luz, do sol após as chu- vas, é o arco-íris e por essa razão é associado às serpentes que são muito coloridas e poderosas. Algumas correntes da Umbanda costumam dizer que Oxumarê é um dos diferen- tes tipos de Oxum, mas no Candomblé tradicional tal associação é absolutamente re- jeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem. Não se pode dizer que é um Orixá masculino ou feminino, pois ele é os dois gêneros ao mesmo tempo, sendo macho metade do ano, e na outra metade, fêmea. Essa dualidade faz com que Oxumarê carregue todos os opostos em si: bem e mal, dia e noite, doce e amargo, etc. Nos seis meses em que se torna divindade masculina é representado pelo arco-íris, sendo atribuído a ele o poder de regular as chuvas e as secas, porque enquanto o arco- íris brilha não pode chover. A própria existência do arco-íris mostra que a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde se aglutinará em nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado líquido e voltará a terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas nuvens, novas chuvas, etc. Nos seis meses em que é fêmea assume forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. Torna-se cobra que se arrasta agilmente tanto na terra como na água, e deixando as alturas para viver sempre junto ao chão. movimento de morder o próprio rabo representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, todos os movimentos dos planetas e astros do universo regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses processos pare- cerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de uma só pessoa. Um (lenda) diz que esse Orixá é um Funfun antiquíssimo que participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando forma</p><p>ao mundo. Oxumarê sustenta o Universo, controla e os astros e o oceano em movimento. É representado por grande cobra colorida que rastejando pelo mundo desenhou os vales e rios, cobra que morde a cauda simbolizando a continuidade do movimento e do ciclo vital. Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida. A comunicação entre o céu e a terra é garantida por Oxumarê porque leva a água dos mares para o céu afim de que a chuva possa se formar em arco-íris. Assegura comunicação entre o mundo sobrenatural onde residem os antepassados e os ho- mens, sendo por isso associado ao cordão umbilical. Pode-se definir Oxumarê como o Orixá do movimento, da ação, da eterna trans- formação, do contínuo oscilar entre um caminho e outro que norteia a vida humana. Seu domínio se estende a todos os movimentos regulares que não podem parar, como por exemplo, a alternância entre o dia e a noite, o bom e o mal tempo (sol/chuva), positivo e negativo. Quando é arco-íris traz a boa notícia do fim da tempestade e da volta do sol de modo ao ser humano se movimentar livre e confortável. Quando é cobra torna-se particularmente perigosa porque a serpente dá o bote de repente. Seus elementos são o céu e a terra e suas cores o verde e amarelo, e também todas as cores do arco-íris. Dia da semana destinado a seu culto é terça feira e data comemo- rativa 24 de setembro (ou qualquer outro dia deste mês). Seu símbolo é a serpente "Dan", enrolada numa árvore simbolizando o poder da adaptação. Na Umbanda não se dá filiação a Oxumarê, por este motivo não tem Guia. Suas vibrações dão força nas decisões, trazem fartura e abundância de conhecimento para o crescimento interior, harmonia e compreensão do viver. As oferendas são feitas nos poços, nascentes e fon- tes, e também nas matas e florestas. Saúda-se esse Orixá dizendo bo yí Oxumarê! (pronuncia que significa "Salve o Infinito Espírito da Serpente". Saravá Senhor das Cobras. bo yí!</p>