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<p>Então, esses são os primeiros registros de escrita que a gente tem notícia, que registravam</p><p>essas transações comerciais. As funções da escrita, então, como a gente vê nesse exemplo,</p><p>estão relacionadas muito à necessidade de registro, né, mas também, se a gente for pensar</p><p>na escrita que vai se desenvolvendo a partir dessa primeira escrita mais simbólica, né, e aí a</p><p>gente pensa na criação dos alfabetos, por exemplo, é uma escrita que vai ajudar na</p><p>preservação de uma dada cultura, ou de um grupo social, né, da cultura praticada por</p><p>aquele grupo social. E, com isso, vai sendo possível uma forma diferente de acumulação de</p><p>conhecimento, porque, sim, algumas culturas de tradição oral, a acumulação de</p><p>conhecimento era passada de geração em geração, né, via oralidade apenas, com o</p><p>surgimento da escrita, passa a ser possível essa transmissão por meio de registros, né, que</p><p>são razoavelmente perenes.</p><p>Se a gente for pensar nos materiais usados para escrita, no início a gente tinha bastante uso</p><p>de suportes, que a gente chama de suportes duros, como a pedra, argila, né, que, apesar de</p><p>registrarem no tempo, né, bastante conhecimento, tanto é que a gente estuda, por</p><p>exemplo, o sistema do Egito antigo, a gente estuda pelos suportes duros que resistiram</p><p>milênios. Agora, se a gente for pensar na mobilidade no espaço, essas não eram as melhores</p><p>formas de haver mobilidade. Então, por exemplo, os suportes brandos, eles são</p><p>transportados muito mais facilmente.</p><p>Então, se a gente pensar no papiro, o papiro era feito de uma planta, né, de base vegetal,</p><p>então ele poderia ser enrolado e ele poderia ser transportado para vários lugares. Isso</p><p>facilita o que? A transmissão da escrita no espaço. E muitos papiros sobreviveram até hoje.</p><p>Depois do papiro, a gente tem um outro material que perdurou durante muitos séculos, que</p><p>é o pergaminho, e a conservação do pergaminho também é bastante grande, ele durou</p><p>muito tempo, e se a gente for nas bibliotecas hoje, até mesmo aqui no Brasil, a gente vai</p><p>encontrar vários livros feitos de pergaminho, que é um outro exemplo de suporte de escrita</p><p>que dura bastante tempo e que permite essa mobilidade no espaço. E a escrita tem também</p><p>uma função mnemônica. Mnemônica tem a ver com a nossa memória.</p><p>Então, para a gente, hoje em dia, é quase automático e natural pensarmos em escrever uma</p><p>lista de compras para o supermercado. Por quê? Porque essa tarefa de escrever, para a</p><p>gente, já se naturalizou, mas a gente sempre tem que pensar a escrita como uma</p><p>tecnologia, né, ou seja, a gente precisa ser ensinado a escrever, ensinado no sentido a gente</p><p>precisa observar alguém escrevendo e a gente precisa ter uma educação razoavelmente</p><p>formalizada para entender como usar essa tecnologia, desde como usar um suporte, que no</p><p>nosso caso é o papel, e um instrumento de escrita, até como dominar aquele conjunto de</p><p>símbolos que compõem a língua escrita, certo? Então, como para a gente, hoje, uma das</p><p>formas de escrita já está quase banalizada, a gente esquece dessa função mnemônica da</p><p>escrita. E com essas funções da escrita, então, que eu comentei com vocês, a função de</p><p>preservação, de acumulação do conhecimento, de registro e essa função mnemônica, a</p><p>gente cria um arquivo da humanidade.</p><p>Quando a gente pensa em arquivo, normalmente esse arquivo tem a ver com objetos</p><p>escritos, né, ou com objetos que representem alguma coisa na cultura de uma sociedade.</p><p>Então, é pela escrita que a gente é capaz de criar um arquivo. A invenção da escrita, como</p><p>eu falei para vocês, ela começa com essa escrita logográfica, que é a do Sumérios, né, que é</p>