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<p>FACULDADES ANHANGUERA</p><p>CAMPUS PORTO ALEGRE</p><p>LICENCIATURA EM GEOGRAFIA</p><p>THASIANE DOS SANTOS GOULART</p><p>A ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ANALFABETOS OU COM POUCA ESCOLARIZAÇÃO</p><p>PORTO ALEGRE</p><p>2019</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Encontrar um adulto brasileiro analfabeto morando em uma grande capital brasileira não é uma tarefa tão simples quanto a algumas décadas atrás. Atualmente basta percorrer qualquer bairro de periferia que escolas públicas podem sem encontradas sem maiores sacrifícios. Essa quase onipresença de escolas públicas se deveu a um longo e árduo processo histórico, que contou com a participação desde pressões sociais nacionais até as exigências estabelecidas por organismos supranacionais. Todavia a história da educação brasileira carrega a marca indelével de um passado caracterizado pelo analfabetismo e a exclusão da grande massa populacional do país.</p><p>Embora tenhamos superado o estágio de analfabetismo em larga escala, que chegava a assustadores 72% em 1920, devemos reconhecer que ainda temos um trabalhoso e grande caminho a trilhar. Basta evocarmos dados referentes a evasão escolar no ensino fundamental para constatarmos a grandiosidade do desafio de oferecer educação para todos.</p><p>Visando atenuar os efeitos sociais da evasão escolar, o governo criou a modalidade de ensino de jovens e adultos, que visava trazer de volta a escola aqueles que não concluíram o ensino básico. Essa modalidade oferece o beneficio de se concluir o ensino fundamental ou médio em um curto tempo de duração.</p><p>Universalizamos a educação pública gratuita, fato que merece ser celebrado. No entanto, os desafios na educação brasileira permanecem tão evidentes quanto grandiosos. A evasão escolar tem se apresentado como uma realidade quase insuperável.</p><p>ESTRUTURA SOCIAL DE ACESSO A EDUCAÇÃO</p><p>Entender o acesso universal da educação como uma premissa básica para qualquer sociedade que se julgue moderna, é um fenômeno relativamente recente. Foi um ganho que começou a ser obtido em maior escala com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece o direito da educação a todos sem distinção de classes ou raças, em seus documentos. Todavia, a história da educação brasileira teve como marca a exclusão das classes mais baixas da população às instituições oficiais de ensino.</p><p>Durante o período colonial a regra era o analfabetismo, excetuando as famílias da elite econômica que enviavam seus jovens para cursares os seus estudos na metrópole. No período colonial as poucas iniciativas para alfabetizar os desafortunados-índios e mamelucos-eram conduzidas pelos padres jesuítas. Os negros afligidos pela escravidão estavam totalmente excluídos da educação formal.</p><p>O período colonial também evidencia que a educação superior era entendida como uma atividade exclusiva da elite econômica e política. Disciplinas como latim, grego, filosofia e retórica, estavam disponíveis somente dentro do círculo social dominante, enquanto os outros aprenderiam apenas a leitura e escrita básicas. Em via de regra, o jovem e adulto pobre não vislumbrava quaisquer carreira de viés científico e intelectual. Deste modo a educação de jovens e adultos pobres não era entendida como um problema a ser equacionado.</p><p>Conquistamos a soberania da educação plena com a vinda da família Real em 1908, no contexto do expansionismo napoleônico sobre a Europa. Isso porque a família Real tratou de construir em solo carioca a primeira universidade, para satisfazer as demandas dos nobres que os acompanharam na fuga para o Brasil. Ou seja, a excelência em cursos como Direito, Medicina e Arquitetura estava disponível desse lado do Atlântico. Alguns dos melhores professores da Universidade de Coimbra foram seduzidos pela família Real a lecionar na recém fundada universidade brasileira.</p><p>Embora a primeira universidade brasileira tenha sido motivo de celebração e orgulho, não podemos afirmar que favoreceu a toda sociedade carioca. Isso porque o ensino superior permaneceu restrito a mesma elite dominante.</p><p>Em resumo podemos percorrer a Independência e todo o século 19, a República Velha e a ditadura varguista que vamos continuar encontrando a mesma estrutura de acesso a educação.</p><p>Todo esse vasto período da história brasileira continuou a excluir a grande massa da população nacional da educação de qualidade.</p><p>Podemos percorrer distintos períodos da história política brasileira e chegar ate meados do século XX e vamos encontrar o mesmo gráfico social: pobres analfabetos e elite letrada. Essa tendência tende a declinar no pós-guerra quando o mundo ocidental através da Declaração Universal dos Direitos Humanos inicia uma pressão para a erradicação paulatina do analfabetismo nos países signatários.</p><p>Em poucas décadas a periferia do mundo tratou de seguir os legítimos desígnios da grande ONU. A educação se tornou uma questão de status internacional. A implantação da educação em massa entrou nas pautas governamentais. Era chegada a hora de educar os jovens e adultos pobres.</p><p>Algumas décadas se passaram, o analfabetismo diminuiu, escolas públicas apareceram, mas nem todos freqüentavam. Os analfabetos outrora a maioria, agora são estigmatizados. O ensino fundamental constitui um marco, que separa a sociedade. Preencher um currículo que traz ensino fundamental incompleto atrasa o candidato na luta pela vaga de emprego. Voltar à escola, conquistar um diploma, enriquecer o currículo; foram pautas que passaram a ocupar os pensamentos de muitos brasileiros.</p><p>Visando oferecer uma alternativa aos inúmeros jovens e adultos brasileiros que desejavam o retorno a escola, mas não dispõe de condições plenas, foi criado em 2010 o EJA, educação de jovens e adultos, que oferece uma oportunidade vantajosa a jovens e adultos que não concluíram a educação básica.</p><p>O EJA é uma modalidade de ensino especial, pois exige uma carga horária reduzida em relação ao curso regular. O projeto que estabeleceu a redução da carga horária dos cursos fundamental e médio do EJA tem como objetivo atrair jovens e adultos analfabetos ou com baixa escolaridade que estão fora da rede formal de ensino. Também, foi elaborada toda uma metodologia de ensino e avaliação que compreende as peculiaridades do público alvo. Por exemplo, o professor deve considerar que muitos de seus alunos chegam em suas aulas após terem enfrentado uma jornada de trabalho exaustiva, outros estão a tanto tempo longe da escola que já desaprenderam as regras mais básicas da gramática. Toda essa conjuntura exige do professor uma preparação e uma sensibilidade especial. Cabe a esse mesmo professor entender que o aluno do EJA não é um ser intelectualmente inferior devido a sua baixa escolaridade, mas sim pelo contrário, são pessoas que muitas vezes têm uma larga experiência de vida e habilidades diversas.</p><p>O professor do EJA deve priorizar conteúdos e pautas cotidianas, a fim de explorar a experiência de vida adquirida por cada aluno. A abordagem prática sobre os problemas de nossa sociedade deve ter primazia sobre outros conteúdos de cunho eminentemente teórico. As avaliações devem ser realizadas preferencialmente em sala de aula, uma vez que, muitos alunos não dispõem de tempo livre para a realização de temas ou pesquisas fora da instituição de ensino. Os trabalhos em grupos também são vantajosos, ao estimular a troca de idéias e experiências entre os colegas.</p><p>Fica evidente que o professor regente no EJA tem um desafio pedagógico a cumprir. Pesquisas bibliográficas, especializações e trocas de experiências com colegas de profissão, ajudarão na formação continuada deste professor. De um modo geral, o professor deve ser um profissional atento às mudanças que estão em marcha na realidade de seus alunos e do mundo.</p><p>Sabendo que muitos dos alunos do EJA enfrentam dificuldades em manter alta assiduidade, não é recomendável que a avaliação seja fundamentada exclusivamente em provas trimestrais, tão pouco que os conteúdos sejam aplicados em seqüência acumulativa. Esse modelo configura desnecessário desafio para aquele aluno que muitas vezes não consegue</p><p>freqüentar as aulas por motivos de trabalho ou familiar. Em vez disso é desejável que o professor utilize uma avaliação continuada a fim de valorizar o aprendizado cotidiano do aluno.</p><p>Devemos, entretanto, reconhecer que a aplicação da referida metodologia não implica em uma relativização do aprendizado, isto é, espera-se que o aluno do EJA demonstre avanços nas habilidades e competências trabalhados em aula. Tal consideração é importante para rejeitar o falso entendimento de que o EJA oferece uma formação inferior em relação ao ensino regular. Não queremos dizer com isso que o EJA alcançou a excelência na educação, mas que sua metodologia, não necessariamente constitui um prejuízo para o aprendizado. Na realidade, é evidente que tanto o EJA quanto a rede regular pública brasileira ainda estão muito aquém do desejável. A educação brasileira necessita de muito investimento para superarmos nossa vexatória posição nos rankins internacionais.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Devemos enaltecer o EJA, pois ele aparece como uma segunda chance para uma imensa massa de brasileiros que abandonaram o ensino básico precocemente e se defrontaram com a dura realidade de um mercado profissional que exclui ou maltrata os “sem diplomas”. O EJA foi pensado e estruturado em função de um aluno que busca evitar a marginalização social e econômica decorrentes de sua baixa escolaridade. Portanto, é inegável a importância social dessa modalidade.</p><p>No entanto, é evidente que de modo geral a educação pública brasileira não pode se vangloriar perante a comunidade internacional. Sem investimento em formação, estrutura das escolas e melhorias nos salários, torna-se improvável uma real melhora na qualidade da educação.</p><p>A sociedade na suportará mais governos que mascaram nossa defasagem educacional simplesmente para usar dados maquiados como capital político ou para utilizar como barganha dentro de órgão como a ONU ou o Banco Mundial.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Breve história sobre a educação de jovens e adultos no Brasil. Revista Histedbr on-line, Campinas, nº 38, paginas 49-59, jun. 2010 – ISSN: 1676-2584</p><p>Trajetória da escolarização de jovens e adultos no Brasil: de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziadas</p><p>FRIEDRICH. Marcia, BENITE Anna M. Canavarro.,. Ensaio: aval. Pol. Públi. Educ., Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, pag.389-410, abr./jun. 2010</p><p>PRESTES.Andréia,ANDRADE.Eliane R.Educação de jovens e adultos: avanços e desafios l – WWW.cartaeducacao.com.br.Redação 11 de agosto de 2017.</p><p>PLATZER.Maria B.Livro Educação de Jovens e Adultos Editora e distribuidora educacional S.A 2017 Londrina- PR</p>