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<p>LIVRÃO DIGITAL - DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>Olá, futuros advogados e advogadas. É com enorme alegria que me apresento:</p><p>Sou o professor Ivan Marques (@prof.ivanmarques), professor de Direito Processual Penal do Estratégia OAB.</p><p>Dou aula para a OAB desde o ano de 2007 e, para a minha felicidade e satisfação pessoal e profissional, já ajudei</p><p>milhares (isso mesmo), MILHARES de candidatos a conseguir a aprovação na prova da OAB.</p><p>Tenho mais de uma década de experiência em preparação de aulas, correção de provas, elaboração de conteúdo</p><p>específico para a prova da FGV, simulados direcionados de primeira e segunda fase, ajuda em recursos para</p><p>anular questões etc. Muito trabalho e muita estrada para chegar até hoje: a hora de aprovar você!</p><p>Para isso, preciso que faça um trato comigo: eu cuido do conteúdo e do seu aprendizado e você se compromete</p><p>a estudar da forma que eu vou apresentar. Combinado? Ótimo! =)</p><p>No Estratégia OAB, o seu sucesso é o nosso cartão de visitas. Vamos buscá-lo JUNTOS!.</p><p>Abraços fraternais de seu futuro colega de profissão!</p><p>Professor Ivan Marques</p><p>@prof.ivanmarques</p><p>1. Princípios</p><p>Princípios processuais penais</p><p>O Conceito de processo penal nasce junto com a punibilidade, ou seja, o direito de o Estado investigar, processar</p><p>e punir os agentes que praticam infrações penais.</p><p>Cometida a infração penal, nasce para o Estado o direito-dever de punir (punibilidade). Essa punibilidade, para</p><p>ser exercida em sua plenitude, necessita da persecução penal. Tal persecução engloba a legalidade do delito</p><p>praticado e do sistema processual correspondente para imputar a respectiva sanção para o criminoso.</p><p>O Direito Penal, que forma o corpo de leis voltado à fixação dos limites do poder punitivo estatal, somente se</p><p>realiza, no Estado Democrático de Direito, através de regras previamente estabelecidas, com o fim de cercear</p><p>os abusos cometidos pelo Estado.</p><p>Portanto, Direito Processual Penal é o corpo de normas jurídicas cuja finalidade é regular o modo, os meios e os</p><p>órgãos encarregados de punir do Estado, realizando-se por intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente</p><p>incumbido de aplicar a lei ao caso concreto.</p><p>Todo o corpo de normas jurídicas precisa ser compatível com os denominados princípios do direito processual</p><p>penal.</p><p>Vamos estudá-los?</p><p>Imparcialidade do juiz</p><p>Juiz não é parte. Este sujeito processual precisa ser imparcial para exercer a sua função.</p><p>Para assegurar essa imparcialidade, a Constituição da República estipula garantias (art. 95), prescreve vedações</p><p>(art. 95, parágrafo único) e proíbe juízes e tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII).</p><p>Além da previsão constitucional, a própria legislação processual penal, para tutelar a imparcialidade do juiz</p><p>(inclua-se, aqui, a dos jurados ou juízes leigos) trouxe a previsão dos institutos do impedimento e da suspeição.</p><p>Imparcialidade do Juiz</p><p>É princípio segundo o qual o juiz não pode</p><p>escolher um dos lados do processo e trabalhar</p><p>para que uma das partes saia vitoriosa no</p><p>processo. É um dos pressupostos de validade</p><p>do processo.</p><p>Igualdade processual</p><p>Desdobramento do princípio consignado na Constituição da República Federativa do Brasil, no art. 5º, caput, de</p><p>que todas as pessoas são iguais perante a lei, na medida de sua igualdade.</p><p>Dessa forma, as partes devem ter, em juízo, as mesmas oportunidades de fazer valer suas razões, e serem</p><p>tratadas igualitariamente, na medida de suas igualdades, e desigualmente, na proporção de suas desigualdades.</p><p>No processo penal, este princípio sofre alguma atenuação pelo, também constitucional, princípio do favor rei,</p><p>postulado segundo o qual o interesse do acusado goza de alguma prevalência em contraste com a pretensão</p><p>punitiva, por ser a parte mais fraca da relação processual: de um lado o réu e do outro o Estado-acusação e o</p><p>Estado-juiz.</p><p>Expressões legais de tal prevalência são os textos dos artigos 609, parágrafo único (embargos infringentes e de</p><p>nulidade), 621 (revisão criminal), 396 e 396-A (resposta à acusação) do Código de Processo Penal, peças</p><p>exclusivas da defesa.</p><p>Contraditório</p><p>As partes, em relação ao juiz, não são antagônicas, mas colaboradoras necessárias. O juiz deve cuidar para que</p><p>uma das partes sempre seja ouvida após a manifestação da outra. Por isso, o princípio é identificado na doutrina</p><p>pelo binômio ciência e participação.</p><p>As partes têm o direito não apenas de produzir suas provas e de sustentar suas razões, mas também de vê-las</p><p>seriamente apreciadas e valoradas pelo órgão jurisdicional.</p><p>Compreende, ainda, o direito de serem cientificadas sobre qualquer fato processual ocorrido e a oportunidade</p><p>de manifestarem-se sobre ele, antes de qualquer decisão jurisdicional (CF, art. 5º, LV).</p><p>Em casos de urgência, havendo perigo de perecimento do objeto em face da demora na prestação jurisdicional,</p><p>admite-se a concessão de medidas judiciais inaudita altera parte, permissivo que não configura exceção ao</p><p>princípio, já que, antes da prolação do provimento final, deverá o magistrado, necessariamente, abrir vista à</p><p>outra parte para se manifestar sobre a medida, sob pena de nulidade do ato decisório; o contraditório é apenas</p><p>diferido (postergado para um momento futuro).</p><p>Igualdade Processual</p><p>As partes devem ter, em juízo, as mesmas</p><p>oportunidades de fazer valer suas razões, e</p><p>serem tratadas igualitariamente.</p><p>Ampla defesa</p><p>Implica o dever de o Estado proporcionar a todo acusado da prática de uma infração penal a oportunidade</p><p>concreta de se defender, materializada na autodefesa e a obrigatoriedade de estar assistido por um defensor</p><p>público ou, se o acusado tiver condições financeiras, representado por um advogado, materializada na</p><p>denominada defesa técnica.</p><p>Tal premissa é levada tão a sério no dia a dia dos fóruns que, na ausência do advogado, mesmo injustificada, a</p><p>audiência não acontece e o juiz remarca para outra data (redesignação).</p><p>A ampla defesa é a mais completa defesa, seja pessoal (autodefesa), seja técnica (efetuada por defensor) (CF,</p><p>art. 5º, LV), e o de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados (CF, art. 5º, LXXIV).</p><p>Desse princípio também decorre a obrigatoriedade de se observar a ordem natural do processo, de modo que</p><p>a defesa deve sempre falar por último, seja em audiência, seja em memoriais.</p><p>Assim, qualquer que seja a situação que dê ensejo a que, no processo penal, o Ministério Público se manifeste</p><p>depois da defesa (salvo, é óbvio, nas hipóteses de contrarrazões de recurso, de sustentação oral ou de</p><p>manifestação dos procuradores de justiça, em segunda instância), obriga, sempre, seja aberta vista dos autos</p><p>ao advogado do acusado, para que possa exercer seu direito de defesa.</p><p>Contraditório</p><p>As partes têm o direito de contrapor os</p><p>argumentos da parte contrária após</p><p>cientificação.</p><p>AMPLA DEFESA</p><p>Autodefesa</p><p>os acusados têm o direito</p><p>de se manifestar e de estar</p><p>presente.</p><p>Defesa Técnica</p><p>não há processo criminal</p><p>sem advogado ou defensor</p><p>público.</p><p>Da ação ou demanda</p><p>Cabe à parte a atribuição de provocar a atuação da função jurisdicional. Decorrência dessa regra é a</p><p>impossibilidade de o juiz tomar providências que superem ou sejam estranhas aos limites do pedido (ne eat</p><p>iudex ultra petita partium).</p><p>É verdade que o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe</p><p>definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave (CPP, art. 383). Nesse</p><p>caso não se caracteriza julgamento ultra petita, e sim a livre aplicação do direito pelo juiz, em virtude do princípio</p><p>iura novit curia.</p><p>Quanto ao art. 384 do mesmo diploma, o aditamento passou a ser sempre necessário, não atuando mais o juiz</p><p>de ofício. Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código (CPP,</p><p>art. 384, § 1º).</p><p>O princípio tem fundamento na adoção do processo acusatório (em contraponto ao processo inquisitivo), no</p><p>qual há nítida separação</p><p>Comandantes das três Forças Armadas (3 Comandantes);</p><p>8. os membros dos Tribunais Superiores (33 do STJ, 27 do TST, 2 do TSE e 15 do STM;</p><p>9. os membros do Tribunal de Contas da União (9 Ministros);</p><p>10. os chefes de missão diplomática de caráter permanente</p><p>11. todos os que chefiam embaixadas ou consulados brasileiros no exterior, diplomatas de carreira ou não,</p><p>convindo lembrar que o Brasil tem Embaixadas em 138 países.</p><p>12. No caso dos Deputados Estaduais, pelo princípio da simetria, entende-se que a competência de foro</p><p>destas autoridades está prevista na CRFB/88.</p><p>Competência do júri</p><p>Para quem adora a mística democrática do Tribunal do Júri, chegou o momento de estudarmos a competência</p><p>do Tribunal popular.</p><p>A competência do Tribunal do Júri refere-se aos crimes dolosos contra a vida previstos no Código Penal (artigos</p><p>121 a 126), ou crimes comuns, desde que conexos com algum crime doloso contra a vida indicado.</p><p>São os crimes dolosos contra a vida de competência do Júri:</p><p>• Artigo 121 – homicídio (incluindo a qualificadora do feminicídio)</p><p>• Artigo 122 – participação em suicídio</p><p>• Artigo 123 – infanticídio</p><p>• Artigo 124 a 126 – aborto</p><p>Além dos crimes praticados em conexão com eles.</p><p>Para ajudar você a compreender melhor essa ampliação da competência do Júri por força de crimes conexos,</p><p>iremos dar dois exemplos, ok?</p><p>Exemplo 1: no mesmo contexto fático, o agente mata dolosamente o amante de sua esposa por ciúmes e, de</p><p>forma proposital, espanca a mulher. Tanto o homicídio quanto a lesão dolosa serão julgados pelo júri, por força</p><p>da conexão entre os delitos.</p><p>Exemplo 2: Carlo estupra Jeffiner, uma desconhecida. Um mês depois, descobre que Ricardo presenciou o ato</p><p>e, portanto, poderia testemunhar contra ele. Assim, mata Ricardo, como “queima de arquivo”, ou seja, para</p><p>garantir a impunidade do crime anterior. Neste caso, temos dois crimes considerados conexos (o estupro e o</p><p>homicídio). Assim, ambos serão processados e julgados pelo Tribunal do Júri, pois devem ser julgados</p><p>conjuntamente.</p><p>Não são todos os crimes dolosos contra a vida do ordenamento jurídico que serão da competência do júri.</p><p>Cuidado.</p><p>Há alguns crimes em que, apesar de o agente dolosamente tirar a vida de seus semelhante, não será julgado</p><p>pelo Tribunal popular.</p><p>Sério, professor? Que crimes são esses?</p><p>1. Latrocínio</p><p>O latrocínio, ou “roubo com resultado morte”, previsto no art. 157, §3º do CP, não é considerado um crime</p><p>doloso contra a vida, e sim um crime patrimonial (Súmula 603 do STF).</p><p>2. Atos de terrorismo - Lei n. 13.260/2016</p><p>O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de</p><p>xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de</p><p>provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade</p><p>pública. Como a vida humana é um bem tutelado de forma secundária, a competência para julgar atos terroristas</p><p>não é do Júri.</p><p>3. Genocídio – Lei n. 2889/56</p><p>Os atos genocidas consistem em ter a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial</p><p>ou religioso. A morte é apenas uma das formas de atingir um objetivo maior – a supressão dos grupos indicados.</p><p>Como a intenção do genocida é coletiva e impessoal, não vai ao Júri.</p><p>4. Lesão corporal com resultado morte</p><p>A lesão corporal é provocada dolosamente, mas o resultado morte decorre de culpa do agente. Assim, tal crime</p><p>é considerado preterdoloso, motivo pelo qual também não é um crime doloso contra a vida, não sendo da</p><p>competência do Júri.</p><p>Preterdolo - todos os crimes com resultado morte culposo – delitos preterdolosos – não são originalmente de</p><p>competência do Tribunal do Júri. Quanto a morte é culposa, ou seja, não desejada pelo agente, não irá para o</p><p>Tribunal do Júri, salvo se conexo com outro crime doloso contra a vida.</p><p>Além dos crimes que não são de competência do Júri, outra regra muito importante precisa ser observada -</p><p>hipótese de infrator com foro de prerrogativa de função.</p><p>Se a pessoa que pratica o crime doloso contra a vida possui foro por prerrogativa de função, previsto na</p><p>Constituição da República Federativa do Brasil, ficará afastada a competência do Júri (súmula vinculante 45).</p><p>Exemplo: Marcelo, deputado federal, comete um crime de homicídio doloso. A competência, neste caso, será</p><p>do Supremo Tribunal Federal, e não do Tribunal do Júri, pois o foro por prerrogativa previsto na CF/88 afasta a</p><p>competência do Júri na 1.ª instância.</p><p>Por fim, vale destacar que a competência do Júri vem prevista na Constituição da República, nos seguintes</p><p>termos:</p><p>O art. 5º,XXXVIII da CF/88: é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der</p><p>a lei, assegurados:</p><p>a) a plenitude de defesa;</p><p>b) o sigilo das votações;</p><p>c) a soberania dos veredictos;</p><p>d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;</p><p>Competência do JECRIM - Lei 9.099/95</p><p>Amigos, chegou a parte da aula em que dedicaremos nossa atenção ao procedimento comum sumaríssimo. Isso</p><p>mesmo, procedimento comum.</p><p>Mas professor, o JECRIM possui todas as regras procedimentais diferentes. Tem certeza que o rito é comum?</p><p>Sim!</p><p>Eis o artigo 394 do CPP que assim nos ensina:</p><p>“Art. 394. O procedimento será comum ou especial.</p><p>§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.</p><p>Portanto, meus alunos, o rito sumaríssimo da Lei 9.099/95, criado para apurar infrações penais de menor</p><p>potencial ofensivo, é rito comum, não é rito especial.</p><p>O artigo 98, I, da Constituição Federal autorizou a criação dos Juizados especiais criminais, providos por juízes</p><p>togados e leigos, que serão competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de infrações penais de</p><p>menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas</p><p>em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.</p><p>As infrações de menor potencial ofensivo são todas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena</p><p>máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, previsto ou não em procedimento especial.</p><p>Quanto ao lugar da infração, no caso das infrações penais de menor potencial ofensivo, sujeitos ao</p><p>procedimento da Lei n. 9.099/95, adotou-se a teoria da atividade. Esta é a redação do art. 63 da Lei: “A</p><p>competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”.</p><p>Em relação aos crimes de violência doméstica, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça</p><p>entendem que é possível o julgamento pelo rito comum sumaríssimo, o que não é possível é a aplicação dos</p><p>institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099, tais como a composição civil dos danos (art. 74), transação</p><p>penal (art. 76), a condição objetiva de procedibilidade para os crimes de lesão leve e culposa (art. 88) e a</p><p>suspensão condicional do processo (art. 89).</p><p>Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça:</p><p>A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito</p><p>da Lei Maria da Penha.</p><p>Prorrogação de competência</p><p>Prorrogação de competência necessária e voluntária</p><p>A necessária ocorre nas hipóteses de conexão e continência (arts. 76 e 77).</p><p>A voluntária ocorre nos casos de competência territorial, quando não alegada no momento processual oportuno</p><p>(art. 108), ou no caso de ação penal exclusivamente privada, onde o querelante pode optar pelo foro do</p><p>domicílio do réu, em vez do foro do local da infração (art. 73).</p><p>Vamos estudar, agora, as regras de conexão e, em seguida, de continência.</p><p>Conexão</p><p>Conexão é o nexo que se estabelece entre dois ou mais fatos, que os torna ligados por algum motivo, sugerindo</p><p>a sua reunião no mesmo processo, a fim de que sejam julgados pelo mesmo juiz, diante do mesmo compêndio</p><p>probatório e com isso se evitem decisões conflitantes e diferentes.</p><p>Os efeitos da conexão</p><p>são:</p><p>São espécies de conexão:</p><p>a) Intersubjetiva, que se subdivide em:</p><p>• Intersubjetiva por simultaneidade ocasional – pessoas diversas cometem infrações diversas no mesmo</p><p>local, na mesma época, mas desde que não estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo.</p><p>• Intersubjetiva por concurso – Na hipótese de concurso de pessoas.</p><p>• Intersubjetiva por reciprocidade – Infrações praticadas no mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os</p><p>agentes praticaram as infrações uns contra os outros.</p><p>b) Conexão objetiva:</p><p>• Conexão objetiva lógica ou teleológica – Uma infração deve ter sido praticada para “facilitar” a outra.</p><p>• Conexão objetiva consequencial – Nesta hipótese uma infração é cometida para ocultar a outra, ou,</p><p>ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a vantagem da outra infração.</p><p>Reunião de ações penais em um</p><p>mesmo processo</p><p>Com isso, a competência</p><p>se prorroga pela conexão.</p><p>• Conexão instrumental – A prova da ocorrência de uma infração e de sua autoria influencie na</p><p>caracterização da outra infração.</p><p>Com isso, terminamos o estudo da conexão e passamos a estudar, abaixo, a continência. Mantenha firme o foco!</p><p>Esses dois tópicos precisam ser estudados em conjunto.</p><p>Continência</p><p>Na continência não é possível a cisão em processos diferentes, por-que uma causa está contida na outra.</p><p>Professor Ivan, quais são as hipóteses de continência? Vamos lá:</p><p>✓ Continência por cumulação subjetiva – É o caso no qual duas ou mais pessoas são acusadas pela mesma</p><p>infração (concurso de pessoas). nesse caso, existe um único crime (e não vários), cometido por dois ou</p><p>mais agentes em concurso, isto é, em coautoria ou em participação, nos termos do art. 29, caput, do CP.</p><p>Aqui o vínculo se estabelece entre os agentes e não entre as infrações.</p><p>✓ Continência por concurso formal (CP, art. 70), aberratio ictus (CP, art. 73) e aberratio delicti (CP, art.</p><p>74): mediante uma só conduta o agente pratica dois ou mais crimes. Aqui, existe pluralidade de infrações,</p><p>mas unidade de conduta. No concurso formal, o sujeito pratica uma única conduta, dando causa a dois</p><p>ou mais resultados. Por exemplo: motorista imprudente, olhando no celular, sobe na calçada e mata 6</p><p>pessoas que estavam no ponto de ônibus (seis homicídios culposos no trânsito – 302, do CTB). Na</p><p>aberratio ictus, o sujeito erra na execução e atinge pessoa diversa da pretendida ou, ainda, atinge quem</p><p>pretendia e, além dele, terceiro inocente. Na aberratio delicti, o sujeito quer praticar um crime, mas, por</p><p>erro na execução, realiza outro. Exemplo: irritado com o vizinho que não quer devolver a bola que caiu</p><p>em seu quintal, o agente, dolosamente, joga uma pedra na janela da casa, para produzir um dano, porém,</p><p>a pedra, além de quebrar o vidro, arrebenta cabeça do morador que estava na sala vendo TV (dano e</p><p>lesão corporal culposa). Em todos esses casos, as causas são continentes e devem ser julgadas pelo</p><p>mesmo juiz.</p><p>“Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou</p><p>conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.” – Súmula 704 do</p><p>STF.</p><p>Competência territorial</p><p>Muito bem, pessoal, chegou o momento de estudarmos o critério de competência que possui mais regrinhas: a</p><p>competência territorial.</p><p>Você precisa entender todas essas situações para acertar os exercícios da prova e, acredite, sempre perguntam</p><p>sobre esse tópico.</p><p>Começamos com as teorias existentes e em seguida as exceções.</p><p>Existem três teorias a respeito do lugar do crime:</p><p>a) teoria da atividade: lugar do crime é o da ação ou omissão, sendo irrelevante o lugar da produção do</p><p>resultado;</p><p>b) teoria do resultado: lugar do crime é o lugar em que foi produzido o resultado, sendo irrelevante o local da</p><p>conduta;</p><p>c) teoria da ubiquidade: lugar do crime é tanto o da conduta quanto o do resultado.</p><p>Teoria adotada:</p><p>No caso de um crime ser praticado em território nacional e o resul-tado ser produzido no estrangeiro (crimes a</p><p>distância ou de espaço má-ximo), aplica-se a teoria da ubiquidade, prevista no art. 6º do Código Pe-nal; o foro</p><p>competente será tanto o do lugar da ação ou omissão quanto o do local em que se produziu ou deveria se</p><p>produzir o resultado. Assim, o foro competente será o do lugar em que foi praticado o último ato de execução</p><p>no Brasil (art. 70, § 1º), ou o local estrangeiro onde se produziu o resultado. Por exemplo: o agente escreve uma</p><p>carta injuriosa em São Paulo e a remete para a vítima, que lê a correspondência ofensiva à sua honra em Buenos</p><p>Aires. O foro competente será tanto São Paulo quanto Buenos Aires.</p><p>No caso da conduta e do resultado ocorrerem dentro do território nacio­nal, mas em locais diferentes (delito</p><p>plurilocal) aplica-se a teoria do resultado, prevista no art. 70 do Código de Processo Penal: a competência será</p><p>determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado</p><p>o último ato de execução. Por exemplo: o agente esfaqueia a vítima em Marília e esta vem a morrer em São</p><p>Paulo. O foro competente é São Paulo.</p><p>Obs. 1: Crimes praticados no exterior – no processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será</p><p>competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido</p><p>no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.</p><p>Obs. 2: Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, mas, por determinação da Lei Penal, estejam</p><p>sujeitos à Lei Brasileira - No local em que primeiro aportar ou pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no</p><p>último local em que tenha aportado ou pousado.</p><p>Regras especiais:</p><p>a) Quando incerto o limite entre duas comarcas, se a infração for praticada na divisa, a competência será firmada</p><p>pela prevenção (art. 70, § 3º).</p><p>b) No caso de crime continuado ou permanente, praticado em território de duas ou mais jurisdições, a</p><p>competência será também firmada pela prevenção (art. 71).</p><p>c) No caso de alteração do território da comarca, por força de lei, após a instauração da ação penal, o Superior</p><p>Tribunal de Justiça tem aplicado a perpetuatio jurisdictionis, mantendo-se a competência original. Exemplo: a</p><p>criação ou subdivisão de um novo Estado membro da Federação, como aconteceu com Tocantins.</p><p>d) Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e o julgamento dos crimes de estelionato, sob a</p><p>modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento</p><p>pelo sacado”. O STJ editou súmula idêntica à do STF, que foi a de número 244: “Compete ao foro do local da</p><p>recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos”. Ambas as súmulas</p><p>seguem a teoria do resultado, adotada pelo art. 70 do CPP. Assim, entregue o título em um lugar e recusado o</p><p>pagamento em outro, o juízo desse último é o competente para ação penal. Lembrando: sacado é o banco que</p><p>recursou o pagamento por falta de fundos na conta.</p><p>e) No homicídio, quando a morte é produzida em local diverso daquele em que foi realizada a conduta, a</p><p>jurisprudência entende que o foro competente é o da ação ou omissão, e não o do resultado (STJ, 5ª T., RHC</p><p>793, DJU, 5 nov. 1990, p. 12435). Esta posição é majoritária na jurisprudência, e tem por fundamento a maior</p><p>facilidade que as partes têm de produzir provas no local em que ocorreu a conduta. Contudo, ela é contrária à</p><p>letra expressa da lei, que dispõe ser competente o foro do local do resultado (cf. art. 70 do CPP – teoria do</p><p>resultado).</p><p>f) No crime de falso testemunho praticado por precatória, será competente o juízo deprecado, uma vez que foi</p><p>nele que ocorreu o depoimento fraudulento.</p><p>g) No uso de documento falso, a competência é do lugar em que se deu a falsificação.</p><p>5 - Teoria geral das provas</p><p>Conceito de prova</p><p>Conceito – são os elementos produzido pelas partes ou mesmo pelo Juiz, visando à formação do convencimento</p><p>deste mesmo magistrado</p><p>sobre determinado fato concreto.</p><p>Objeto de prova</p><p>Objeto de prova – poderão ser objetos de prova os fatos que precisam ser ratificados e que possuem aptidão</p><p>para auxiliar o magistrado a decidir a causa. É muito importante que exista, sobre o objeto da prova, incerteza,</p><p>ou não será necessária a sua comprovação.</p><p>Regra - só os fatos são objeto de prova</p><p>Exceção – a legislação precisará ser comprovada, em seu conteúdo e vigência, quando for direito municipal,</p><p>estadual ou estrangeiro, pois a parte que alega deve provar-lhes o teor e a vigência.</p><p>Fatos que independem de comprovação</p><p>Fatos que independem de prova:</p><p>Evidentes: a evidência nada mais é do que um grau de certeza que se tem do conhecimento sobre algo.</p><p>Notórios: o notório não necessita de prova). É o caso da verdade sabida.</p><p>Presunções legais: são conclusões decorrentes da própria lei.</p><p>Fatos inúteis: são os fatos, verdadeiros ou não, que não influenciam na solução da causa, na apuração da</p><p>verdade real.</p><p>Requisitos para a produção probatória</p><p>Para a produção das provas necessita-se que a prova seja:</p><p>admissível: permitida pela legislação ou pela prática forense.</p><p>pertinente ou fundada: aquela que tenha relação com o processo, contrapondo-se à prova inútil.</p><p>concludente: visa esclarecer uma questão controvertida entre as partes.</p><p>de possível realização: trata-se da possibilidade jurídico-probatória.</p><p>Classificação das provas</p><p>As provas no processo penal recebem diferentes classificações. É importante que vocês estudem a classificação</p><p>por grupos de comparação, separados abaixo por traço:</p><p>Provas diretas – Aquelas que provam o próprio fato, de maneira direta.</p><p>Provas indiretas – Aquelas que não provam diretamente o fato, mas por uma dedução lógica, acabam por prová-</p><p>lo.</p><p>--------</p><p>Provas plenas – Aquelas que trazem a possibilidade de um juízo de certeza quanto ao fato que buscam provar,</p><p>possibilitando ao Juiz fundamentar sua decisão de mérito em apenas uma delas, se for o caso.</p><p>--------</p><p>* Provas reais – aquelas que se baseiam em algum objeto, e não derivam de uma pessoa.</p><p>* Provas pessoais – são aquelas que derivam de uma pessoa.</p><p>--------</p><p>* Prova típica – seu procedimento está previsto na Lei.</p><p>* Prova atípica – duas correntes:</p><p>a.1) É somente aquela que não está prevista na Legislação (este conceito se confunde com o de prova</p><p>inominada);</p><p>a.2) É tanto aquela que está prevista na Lei, mas seu procedimento não, quanto aquela em que nem ela nem</p><p>seu procedimento estão previstos na Legislação.</p><p>* Prova anômala – é a prova típica, só que utilizada para fim diverso daquele para o qual foi originalmente</p><p>prevista.</p><p>--------</p><p>* Prova irritual – é aquela em que há procedimento previsto na Lei, só que este procedimento não é respeitado</p><p>quando da colheita da prova.</p><p>* Prova “fora da terra” – é aquela realizada perante juízo distinto daquele perante o qual tramita o processo.</p><p>* Prova crítica – é utilizada como sinônimo de prova científica ou pericial.</p><p>Prova emprestada</p><p>Conceito - É aquela que, tendo sido produzida em outro processo, vem a ser apresentada no processo corrente,</p><p>de forma a também neste produzir os seus efeitos.</p><p>Somente poderá ser utilizada, vinda de outro processo, a prova que respeitar, para a sua inclusão, o princípio</p><p>do contraditório, caso contrário não será admitida como prova, em seu conceito mais amplo.</p><p>Sistemas de valoração probatória</p><p>Regra geral - Sistema do livre convencimento motivado da prova (ou livre convencimento regrado, ou livre</p><p>convencimento baseado em provas ou persuasão racional). O Juiz deve valorar a prova produzida da maneira</p><p>que entender mais conveniente, de acordo com sua análise dos fatos comprovados nos autos.</p><p>Exceções:</p><p>§! Prova tarifada – adotada em alguns casos (ex.: necessidade de que a prova da morte do acusado, para fins de</p><p>extinção da punibilidade se dê por meio da certidão de óbito).</p><p>§! Íntima convicção – adotada no caso dos julgamentos pelo Tribunal do Júri.</p><p>Princípios que regem a produção das provas</p><p>Para que sejam consideradas válidas, as provas, ao serem produzidas, deverão respeitar uma série de princípios.</p><p>Vamos estudá-los:</p><p>Princípios que regem a produção probatória:</p><p>Princípio do contraditório – todas as provas produzidas por uma das partes podem ser contraditadas</p><p>(contraprova) pela outra parte.</p><p>Princípio da comunhão da prova (ou da aquisição da prova) – a prova é produzida por uma das partes ou</p><p>determinada pelo Juiz, mas uma vez integrada aos autos, deixa de pertencer àquele que a produziu, passando a</p><p>ser parte integrante do processo, podendo ser utilizada em benefício de qualquer das partes.</p><p>Princípio da oralidade – sempre que for possível, as provas devem ser produzidas oralmente na presença do</p><p>Juiz.</p><p>princípio da concentração – sempre que possível as provas devem ser concentradas na audiência.</p><p>princípio da publicidade – os atos processuais não devem ser praticados de maneira secreta, sendo vedado ao</p><p>Juiz apresentar obstáculos à publicidade dos atos processuais.</p><p>princípio da imediação – o Juiz, sempre que possível, deve ter contato físico com a prova, no ato de sua</p><p>produção, a fim de que melhor possa formar sua convicção.</p><p>Princípio da autorresponsabilidade das partes – as partes respondem pelo ônus da produção da prova acerca</p><p>do fato que tenham de provar.</p><p>Princípio da não autoincriminação (ou Nemo tenetur se detegere) – por este princípio entende-se a não</p><p>obrigatoriedade que a parte tem de produzir prova contra si mesma.</p><p>Fases da produção da prova</p><p>Proposição – a produção da prova é requerida ao Juiz, podendo ocorrer em momento ordinário ou</p><p>extraordinário.</p><p>Admissão – é o ato mediante o qual o Juiz defere ou não a produção de uma prova.</p><p>Produção – é o momento em que a prova é trazida para dentro do processo.</p><p>Valoração – é o momento no qual o Juiz aprecia cada prova produzida e lhe atribui o valor que julgar pertinente.</p><p>Ônus da prova</p><p>trata-se de um encargo conferido a uma das partes referente à produção probatória relativa ao fato por ela</p><p>alegado.</p><p>Em outras palavras: quem alegar uma tese, deverá prova-la. Inclusive a defesa.</p><p>A distribuição do ônus da prova</p><p>Das provas produzidas pelo magistrado</p><p>Em 2008, a lei processual permitiu que o juiz da causa determinasse a produção de provas no processo penal.</p><p>Quando isso será possível:</p><p>Na produção antecipada de provas – provas consideradas urgentes e relevantes, observando-se a necessidade,</p><p>adequação e proporcionalidade da medida. Não há que se falar em inconstitucionalidade. Essa é a posição dos</p><p>Tribunais.</p><p>OBS.: É necessário que exista um procedimento investigatório em andamento (inquérito policial, procedimento</p><p>de investigação preliminar ou Comissão Parlamentar de Inquérito), e algum requerimento seja apresentado ao</p><p>juiz (ainda que não seja o requerimento de prova).</p><p>Na produção de provas após iniciada a fase de instrução do processo – para dirimir dúvida sobre ponto relevante</p><p>(busca da verdade processual). Não se exige a cautelaridade da medida durante a instrução, pois se está diante</p><p>da produção probatória com contraditório e ampla defesa.</p><p>Provas ilegais: ilícitas e ilegítimas</p><p>As provas ilegais dividem-se em ilícitas e ilegítimas. Apesar dessa diferença não mais constar da lei processual</p><p>penal, após a sua reforma em 2008, merece atenção pelo impacto constitucional da lição.</p><p>Provas ilícitas - são consideradas provas ilícitas aquelas produzidas mediante violação de normas de direito</p><p>material (normas constitucionais ou legais). Ex.: Prova obtida mediante tortura.</p><p>Provas ilícitas por derivação - são aquelas provas que, embora sejam lícitas em sua essência, derivam de uma</p><p>prova ilícita, daí o nome “provas ilícitas por derivação”. Ex.: Prova obtida mediante depoimento válido. Contudo,</p><p>só se descobriu a testemunha em razão de uma interceptação telefônica ilegal.</p><p>Provas ilegítimas - são provas obtidas mediante violação a normas de caráter eminentemente processual, sem</p><p>que haja nenhum reflexo de violação</p><p>a normas constitucionais.</p><p>OBS.: As provas ilícitas por derivação poderão ser utilizadas em duas situações:</p><p>§! Não havia nexo de causalidade entre a prova ilícita e a prova derivada.</p><p>§! Embora havendo nexo de causalidade, a derivada poderia ter sido obtida por fonte independente ou seria,</p><p>inevitavelmente, descoberta pela autoridade.</p><p>Consequências processuais da prova ilícita</p><p>Provas ilícitas - Declarada sua ilicitude, elas deverão ser desentranhadas do processo e, após estar preclusa a</p><p>decisão que determinou o desentranhamento, serão inutilizadas pelo Juiz.</p><p>OBS.: Há forte entendimento no sentido de que a prova, ainda que seja ilícita, deverá ser utilizada no processo,</p><p>desde que seja a única prova capaz de conduzir à absolvição do réu ou comprovar fato importante para sua</p><p>defesa, em razão do princípio da proporcionalidade.</p><p>Prova obtida mediante excludente de ilicitude? Prova válida (Doutrina, STF e STJ).</p><p>Recurso cabível contra a decisão referente à ilicitude da prova?</p><p>Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova – Cabe RESE, nos termos do art. 581, XIII do CPP.</p><p>Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova apenas na sentença – Cabe APELAÇÃO.</p><p>Decisão que NÃO RECONHECE a ilicitude da prova – Não cabe recurso (seria possível o manejo de HC ou MS).</p><p>Consequências processuais da prova ilegítima</p><p>Prova decorrente de violação à norma processual de caráter absoluto (nulidade absoluta) - jamais poderá ser</p><p>utilizada no processo, pois as nulidades absolutas, são questões de ordem pública e são insanáveis (STF e STJ</p><p>estão relativizando isso, ao fundamento de que não pode ser declarada qualquer nulidade sem comprovação da</p><p>ocorrência de prejuízo).</p><p>Prova decorrente de violação à norma processual de caráter relativo (nulidade relativa) - poderá ser utilizada,</p><p>desde que não haja impugnação à sua ilegalidade ou tenha sido sanada a irregularidade em tempo oportuno.</p><p>6. Provas em espécie</p><p>Confissão</p><p>Conceito - Meio de prova através do qual o acusado reconhece a prática do fato que lhe é imputado. Requisitos:</p><p>Requisitos intrínsecos:</p><p>• Verossimilhança das alegações do réu aos fatos,</p><p>• A clareza do réu na exposição dos motivos,</p><p>• Coincidência com o que apontam os demais meios de prova</p><p>Requisitos extrínsecos (ou formais):</p><p>• Pessoalidade - Não se pode ser feita por procurador</p><p>• Caráter expresso - Não se admite confissão tácita no Processo Penal, devendo ser manifestada e reduzida a</p><p>termo</p><p>• Oferecimento perante o Juiz COMPETENTE</p><p>• Espontaneidade - Não pode ser realizada sob coação</p><p>• Capacidade do acusado para confessar - Deve estar no pleno gozo das faculdades mentais OBS.: Não possui</p><p>valor absoluto, devendo ser valorada pelo Juiz da maneira que reputar pertinente. Retratação e divisibilidade -</p><p>A confissão é retratável e divisível:</p><p>•! Retratável - Porque o réu pode, a qualquer momento, voltar atrás e retirar a confissão. •! Divisível - Porque o</p><p>Juiz pode considerar válida a confissão em relação a apenas algumas de</p><p>suas partes, e falsa em relação a outras.</p><p>OBS.: O STF entende que se o réu se retrata em Juízo da confissão feita em sede policial, não será aplicada a</p><p>atenuante genérica da confissão, salvo se, mesmo diante da retratação, a confissão em sede policial foi levada</p><p>em consideração para a sua condenação.</p><p>OBS.: A confissão qualificada também gera aplicação da atenuante genérica.</p><p>Oitiva do ofendido</p><p>Conceito - Permite ao magistrado ter contato efetivo com a pessoa que mais sofreu as consequências do delito,</p><p>de forma a possibilitar o mais preciso alcance de sua extensão.</p><p>Natureza – O ofendido NÃO É TESTEMUNHA, pois testemunha é um terceiro que não participa do fato. O</p><p>ofendido participa do fato, na qualidade de sujeito passivo.</p><p>OBS1.: Pode ser conduzido coercitivamente para prestar suas declarações.</p><p>OBS2.: Caso preste depoimento falso, NÃO responde por falso testemunho, pois não é testemunha</p><p>A vítima tem direito ao silêncio? Prevalece que sim, mas é controvertido, já que não está sendo acusada de nada</p><p>e, caso falte em audiência de forma injustificada, pode ser conduzida coercitivamente.</p><p>Prova testemunhal</p><p>Espécies:</p><p>1. Testemunha referida – É aquela que, embora não tenha sido arrolada por nenhuma das partes, foi citada por</p><p>outra testemunha em seu depoimento.</p><p>2. Testemunha judicial – É aquela que é inquirida pelo Juiz sem ter sido arrolada por qualquer das partes.</p><p>3. Testemunha própria – É aquela que presta depoimento sobre o fato objeto da ação penal, podendo ser direta</p><p>(quando presenciou o fato) ou indireta (quando apenas ouviu dizer sobre os fatos).</p><p>4. Testemunha imprópria (ou instrumental) – É aquela que não depõe sobre o fato objeto da ação penal, mas</p><p>sobre outros fatos que nela possuem influência.</p><p>5. Testemunha compromissada – é aquela que está sob compromisso, nos termos do art. 203 do CPP.</p><p>6. Testemunha não compromissada (ou informante) – Prevista no art. 208 do CPP, é aquela que está dispensada</p><p>do compromisso de dizer a verdade, em razão da presunção de que suas declarações são suspeitas.</p><p>Número máximo de testemunhas</p><p>* Regra geral (do procedimento comum ordinário) – 08 testemunhas</p><p>* Rito sumário – 05 testemunhas</p><p>* Rito sumaríssimo – 03 testemunhas</p><p>* Primeira fase do rito especial do júri – 8 testemunhas</p><p>* Segunda fase do rito especial do júri – 5 testemunhas</p><p>O número de testemunhas será definido para cada fato e para cada réu.</p><p>Quem pode ser testemunha?</p><p>Regra – Qualquer pessoa.</p><p>Os menores de 14 anos, por exemplo, não são apenas informantes? Como podem ser testemunhas?</p><p>A Doutrina diferencia testemunhas e informantes, de acordo com o fato de estarem ou não compromissadas.</p><p>No entanto, o CPP trata ambos como testemunhas, chamando as primeiras de testemunhas compromissadas, e</p><p>as segundas testemunhas não compromissadas.</p><p>Atenção</p><p>A testemunha não compromissada pode mentir?</p><p>Mesmo a testemunha não compromissada não pode faltar com a verdade, sob pena de falso testemunho (STJ -</p><p>HC 192.659/ES).</p><p>Quem são as pessoas dispensadas de prestar compromisso:</p><p>1. Doentes e deficientes mentais.</p><p>2. Menores de 14 anos.</p><p>3. Ascendentes ou descendentes, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe,</p><p>ou o filho adotivo do acusado.</p><p>Contradita</p><p>A contradita é uma impugnação à testemunha.</p><p>A contradita pode ocorrer em duas hipóteses:</p><p>1. Pessoas que não devam prestar compromisso – Arrolada por qualquer das partes, qualquer uma delas pode</p><p>contraditar a testemunha, sendo a consequência a tomada do seu depoimento sem compromisso legal (são as</p><p>pessoas do art. 208 do CPP).</p><p>2. Pessoas que NÃO PODEM DEPOR – São aquelas que não podem depor em razão de terem tomado ciência do</p><p>fato em razão do ofício ou profissão (salvo se desobrigadas pela parte interessada). Contraditadas, devem ser</p><p>EXCLUÍDAS, não podendo ser tomado seu depoimento.</p><p>Arguição de defeito</p><p>A arguição de defeito é a indicação de suspeição (parcialidade) de uma testemunha.</p><p>O Juiz não é obrigado a excluir a testemunha. Apenas ficará atento para não dar valor “demais” ao depoimento</p><p>desta testemunha suspeita.</p><p>Características da prova testemunhal</p><p>1) Oralidade – A prova testemunhal é, em regra, oral. Entretanto, é possível à testemunha a consulta a breves</p><p>apontamentos escritos (art. 204 do CPP). Algumas pessoas, no entanto, podem optar por oferecer depoimento</p><p>oral ou escrito (Presidente, Vice-Presidente, etc.). OBS.: Os mudos, surdos e surdos-mudos podem depor de</p><p>forma escrita.</p><p>2) Objetividade – A testemunha deve depor objetivamente sobre o fato, não lhe sendo permitido tecer</p><p>considerações pessoais sobre os fatos.</p><p>3) Individualidade (incomunicabilidade) – As testemunhas serão ouvidas individualmente, não podendo uma</p><p>ouvir o depoimento da outra.</p><p>4) Obrigatoriedade de comparecimento – A testemunha, devidamente intimada, deve comparecer, sob pena de</p><p>poder ser conduzida à força. EXCEÇÕES à obrigatoriedade de comparecimento:</p><p>* Pessoas que não estejam em condições físicas de se dirigir</p><p>até o Juízo</p><p>* Pessoas que, por prerrogativa de FUNÇÃO, podem optar por serem ouvidas em outros locais – Estão previstas</p><p>no art. 221 do CPP.</p><p>5) Obrigatoriedade de prestar depoimento – Além de comparecer, deve a testemunha efetivamente responder</p><p>às perguntas, depondo sobre os fatos que tenha conhecimento. Não há, portanto, direito ao silêncio.</p><p>Falso testemunho (crime do art. 342 do CP).</p><p>E se o Juiz verificar que uma das testemunhas praticou falso testemunho? Deverá encaminhar cópia do</p><p>depoimento ao MP ou à autoridade policial.</p><p>Réu x testemunha</p><p>O Juiz pode determinar que o réu seja retirado da sala onde a testemunha irá depor, se verificar que a sua</p><p>presença pode constranger a testemunha, sempre fundamentando sua decisão.</p><p>OBS.: O réu pode até ser retirado da sala onde testemunha presta depoimento, mas O ATO NUNCA PODERÁ SER</p><p>REALIZADO SEM A PRESENÇA DO SEU DEFENSOR.</p><p>Procedimento para a oitiva das testemunhas:</p><p>1. Primeiro as testemunhas de acusação, facultando às partes (primeiro a acusação e depois a defesa) formular</p><p>perguntas.</p><p>2. Após, ouvirá as testemunhas de defesa, adotando igual procedimento.</p><p>E se não for respeitada esta ordem? NULIDADE RELATIVA – deverá ser alegada pelo advogado em audiência.</p><p>Embora esta ordem seja a regra, existem exceções:</p><p>a) Testemunhas ouvidas mediante carta precatória ou rogatória</p><p>b) Testemunhas que estejam doentes, ou precisem se ausentar, e haja necessidade de serem ouvidas desde</p><p>logo, sob pena de perecimento da prova.</p><p>Formulação de perguntas</p><p>Aqui o CPP determina que as partes formulem perguntas diretamente às testemunhas (sistema do cross</p><p>examination), podendo Juiz não as admitir quando a pergunta for irrelevante, impertinente, repetida ou puder</p><p>induzir resposta.</p><p>Regras especiais</p><p>* O militar deverá ser ouvido mediante requisição à sua autoridade superior</p><p>* O funcionário público será intimado (notificado) pessoalmente, como as demais testemunhas, mas deve ser</p><p>requisitado, também, ao chefe da repartição</p><p>* O preso será intimado (notificado) também pessoalmente, mas será expedida, também, requisição ao diretor</p><p>do estabelecimento prisional.</p><p>Reconhecimento de pessoas e coisas</p><p>Procedimento</p><p>• A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento deverá descrever a pessoa que deva ser reconhecida</p><p>• A pessoa será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança</p><p>• A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será chamada para reconhecer</p><p>Preservação da identidade do reconhecedor - Se houver motivos para crer que o reconhecedor (por efeito de</p><p>intimidação ou outra influência) não vá dizer a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a</p><p>autoridade deve providenciar para que esta (o reconhecido) não veja aquela (o reconhecedor).</p><p>OBS.: O CPP determina que essa preservação da identidade do reconhecedor não se aplica durante a instrução</p><p>criminal ou em plenário de julgamento. Jurisprudência entende que se aplica sempre.</p><p>Reconhecimento de coisas - Aplicam-se as mesmas regras, no que for cabível.</p><p>Pluralidade de reconhecedores - Se houver mais de uma pessoa para fazer o reconhecimento, cada uma delas</p><p>realizará o ato em separado, de forma a que uma não influencie a outra.</p><p>Acareação</p><p>Conceito – É o ato pelo qual duas pessoas, que prestaram informações divergentes, são colocadas “frente a</p><p>frente”. Fundamenta-se no constrangimento. Pode ser realizada tanto na fase de investigação quanto na fase</p><p>processual.</p><p>Mas quem pode ser acareado?</p><p>Podem ser acareados testemunhas, acusados e ofendidos, entre si (ex.: acusado x acusado) ou uns com os outros</p><p>(ex.: ofendido x testemunha).</p><p>OBS.: A acareação também pode ser feita mediante carta precatória. Isso acaba descaracterizando a natureza</p><p>da acareação, mas juridicamente é possível.</p><p>Prova documental</p><p>Conceito de documento - Quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. A fotocópia do</p><p>documento, devidamente autenticada, tem o mesmo valor do original.</p><p>Momento - Pode ser produzida a qualquer tempo pelas partes, salvo nos casos em que a lei expressamente veda</p><p>sua produção fora de um determinado momento.</p><p>Produção pelo Juiz - O Juiz também pode determinar a produção de prova documental, se tiver notícia de algum</p><p>documento importante, inclusive de ofício.</p><p>Valor probante - Os documentos, como qualquer prova, possuem o valor que o Juiz lhes atribuir (sistema da</p><p>livre apreciação da prova).</p><p>Entretanto, alguns documentos, em razão da pessoa que os confeccionou, possuem, inegavelmente, maior</p><p>valor. Os instrumentos públicos (produzidos pela autoridade pública competente) fazem prova:</p><p>• Dos fatos ocorridos na presença da autoridade que o elaborou</p><p>• Das declarações de vontade emitidas na presença da autoridade que lavrou o documento</p><p>• Dos fatos e atos nele documentados</p><p>Os instrumentos particulares, assinados pelas partes e por duas testemunhas, provam as obrigações firmadas</p><p>entre elas. Essa eficácia não alcança terceiros.</p><p>Vícios dos documentos</p><p>• Extrínseco – relacionado à inobservância de determinada formalidade para a elaboração do documento.</p><p>• Intrínseco – relacionado à essência, ao conteúdo do próprio ato.</p><p>Falsidade dos documentos</p><p>• Material – relativa à criação de um documento falso, fruto da adulteração de um documento existente ou da</p><p>criação de um completamente falso.</p><p>• Ideológica – refere-se à substância, ao conteúdo do fato documentado.</p><p>Indícios</p><p>Conceito - Elementos de convicção cujo valor é inferior, pois NÃO PROVAM o fato que se discute, mas provam</p><p>outro fato, a ele relacionado, que faz INDUZIR que o fato discutido ocorreu ou não.</p><p>Indícios x presunções legais</p><p>• Os indícios apenas induzem uma conclusão mais ou menos lógica</p><p>• As presunções legais são situações nas quais a lei estabelece que são verdadeiros determinados fatos, se</p><p>outros forem verdadeiros.</p><p>Busca e apreensão</p><p>Conceito - Em regra, a busca e apreensão é um meio de prova. Entretanto, pode ser um meio de assegurar</p><p>direitos (Ex.: arresto de um bem para garantir a reparação civil).</p><p>Momento - A Busca e apreensão pode ocorrer na fase judicial ou na fase de investigação policial. Pode ser</p><p>determinada de ofício ou a requerimento do MP, do defensor do réu, ou representação da autoridade policial.</p><p>Busca e apreensão domiciliar</p><p>Finalidade (art. 240, §1º do CPP)</p><p>• Prender criminosos</p><p>• Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos</p><p>• Apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos</p><p>• Apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso</p><p>• Descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu</p><p>• Apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o</p><p>conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato</p><p>• Apreender pessoas vítimas de crimes</p><p>• Colher qualquer elemento de convicção</p><p>OBS.: Trata-se de ROL TAXATIVO, ou seja, não admite ampliação (doutrina e jurisprudência majoritárias).</p><p>OBS.: Parte da Doutrina entende, ainda, que a previsão de busca e apreensão de “cartas abertas ou não” não</p><p>foi recepcionada pela Constituição, que tutelou, sem qualquer ressalva, o sigilo da correspondência. A Doutrina</p><p>majoritária sustenta que a carta aberta pode ser objeto de busca e apreensão (a carta, uma vez aberta, torna-</p><p>se um documento como outro qualquer).</p><p>Cláusula de reserva jurisdicional - A busca domiciliar só pode ser determinada pela autoridade judiciária (Juiz),</p><p>em razão do princípio constitucional da inviolabilidade de domicílio.</p><p>Execução - Mesmo com autorização judicial, a diligência só poderá ser realizada durante o dia. Conceito de dia</p><p>– Há divergência doutrinária e jurisprudencial. Na jurisprudência prevalece o conceito físico-astronômico : dia é</p><p>o lapso de tempo entre o nascer (aurora) e o pôr-do-sol (crepúsculo).</p><p>Conceito de casa – Qualquer:</p><p>• Compartimento habitado</p><p>• Aposento ocupado de habitação coletiva</p><p>• Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.</p><p>OBS.: Assim, não é necessário que se trate de local destinado à moradia, podendo ser, por exemplo, um</p><p>escritório ou consultório particular. A inexistência de obstáculos (ausência de cerca ou muro, por exemplo), não</p><p>descaracteriza o conceito.</p><p>OBS.: Os veículos, em regra, não são considerados domicílio, salvo se representarem a habitação de alguém</p><p>(Boleia do caminhão, trailer, etc.).</p><p>OBS.: Quartos de hotéis, pousadas, motéis, etc., são considerados CASA para estes efeitos, quando estiverem</p><p>ocupados.</p><p>Requisitos - A ordem judicial de busca e apreensão deve ser devidamente fundamentada, esclarecendo as</p><p>FUNDADAS RAZÕES nas quais se baseia</p><p>Mas e se não houver ninguém em casa? O CPP determina que seja intimado algum vizinho para que presencie</p><p>o ato.</p><p>Mandado - O mandado de busca e apreensão deve ser o mais preciso possível, de forma a limitar ao estritamente</p><p>necessário a ação da autoridade que realizará a diligência, devendo especificar claramente o local, os motivos e</p><p>fins da diligência. Deverá, ainda, ser assinado pelo escrivão e pela autoridade que a determinar.</p><p>E no caso de a diligência ter de ser realizada no escritório de advogado? Nos termos do art. 7°, §6° do Estatuto</p><p>da OAB, alguns requisitos devem ser observados:</p><p>• Deve haver indícios de autoria e materialidade de crime praticado pelo próprio advogado</p><p>• Decretação da quebra da inviolabilidade pela autoridade Judiciária competente</p><p>• Decisão fundamentada</p><p>• Acompanhamento da diligência por um representante da OAB</p><p>Busca Pessoal</p><p>Conceito - A busca pessoal é aquela realizada em pessoas, com a finalidade de encontrar arma proibida ou</p><p>determinados objetos</p><p>OBS.: Poderá ser determinada pela autoridade policial e seus agentes, ou pela autoridade judicial. Requisitos -</p><p>Deve se basear em FUNDADAS SUSPEITAS de que o indivíduo se encontre em alguma das hipóteses previstas no</p><p>CPP.</p><p>Busca pessoal em mulher - O CPP determina que a busca pessoal em mulher será realizada por outra mulher, se</p><p>não prejudicar a diligência :</p><p>Pode a busca pessoal ser realizada em localidade diversa daquela na qual a autoridade exerce seu poder? Em</p><p>caso de perseguição, tendo esta se iniciado no local onde a autoridade possui “Jurisdição ”.</p><p>Interceptação telefônica e captação ambiental</p><p>Finalidade - Regulamentar o artigo 5º, XII da CRFB/88, que estabelece a inviolabilidade das comunicações</p><p>telefônicas, permitindo a interceptação de tais comunicações apenas em casos excepcionais, por decisão</p><p>judicial.</p><p>Conceitos</p><p>Interceptação de comunicações telefônicas - Esse termo significa a captação de conversas realizadas por meio</p><p>telefônico, entre TERCEIROS, e ocorre quando NENHUM DOS INTERLOCUTORES TEM CIÊNCIA DA GRAVAÇÃO</p><p>DA CONVERSA.</p><p>Escuta telefônica - É a modalidade na qual um dos interlocutores tem ciência da gravação, que é feita por</p><p>TERCEIRA PESSOA. À semelhança da interceptação telefônica, só é admitida mediante autorização judicial.</p><p>Gravação telefônica – É a modalidade na qual um dos interlocutores realiza a gravação da conversa, ou seja, não</p><p>há a participação de terceiros. É considerada prova LÍCITA.</p><p>Interceptações ambientais - Incluem a interceptação ambiental stricto sensu, a gravação ambiental e a escuta</p><p>ambiental. Uma comunicação ambiental é aquela realizada pessoalmente, e não através de qualquer aparelho</p><p>de transmissão.</p><p>OBS. Os Tribunais Superiores aplicam as mesmas regras da interceptação telefônica às interceptações</p><p>ambientais, porque ambas são praticadas por um terceiro que não participa da conversa.</p><p>Medida excepcional e subsidiária</p><p>Trata-se de medida excepcional, e que só pode ser decretada pelo Juiz competente – pois há a cláusula de</p><p>reserva de jurisdição, ou seja, somente um juiz pode autorizar a interceptação da conversa telefônica.</p><p>ATENÇÃO: se for autorizada por juiz incompetente (se já era incompetente antes do acesso ao conteúdo das</p><p>conversas), o conteúdo das conversas obtido será considerado prova ilícita e deverá, nos termos do art. 157 do</p><p>CPP, ser desentranhada dos autos.</p><p>PORÉM, pela Teoria do Juízo aparente, o STF entendeu que se a incompetência só é descoberta depois, com a</p><p>oitiva das gravações, o conteúdo das conversas poderá sim ser utilizado como prova no processo.</p><p>Requisitos</p><p>• Haver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal</p><p>• A prova não puder ser feita por outros meios</p><p>• O fato investigado deve ser punido com pena de reclusão</p><p>• A situação objeto da investigação deve ser descrita com clareza, com a qualificação dos suspeitos, salvo se isso</p><p>for impossível.</p><p>Captação ambiental</p><p>A Lei 13.964, conhecida como Lei anticrime, incluiu como novo meio de obtenção de prova a captação ambiental</p><p>de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos.</p><p>Trata-se de forma subsidiária de obtenção de prova para investigações criminais.</p><p>Depende de autorização judicial após requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público.</p><p>Só poderá ser requerida quando:</p><p>I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e</p><p>II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas</p><p>máximas sejam superiores a 4 anos ou em infrações penais conexas.</p><p>O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo de</p><p>captação ambiental.</p><p>Prazo legal - não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por iguais períodos,</p><p>se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal permanente,</p><p>habitual ou continuada.</p><p>Prova emprestada</p><p>Embora as interceptações telefônicas só possam ser autorizadas nestes casos expressamente previstos, o STF</p><p>admite que a prova obtida através de uma interceptação lícita (que obedeceu aos requisitos legais) possa ser</p><p>utilizada como “prova emprestada” em outros processos criminais ou até mesmo procedimentos</p><p>administrativos disciplinares instaurados em face dos mesmos investigados OU DE OUTROS.</p><p>Interceptação telefônica</p><p>• De ofício, pelo Juiz (Sem pedido de ninguém)</p><p>• A requerimento da autoridade policial, durante a investigação criminal</p><p>• A requerimento do MP, durante a investigação ou durante a instrução processual penal</p><p>Mas, e no caso de crimes de ação penal privada? A Doutrina entende que a vítima tem legitimidade para</p><p>requerer autorização para realização de interceptação telefônica.</p><p>Prazo e prorrogação</p><p>O prazo é de até 15 dias, renovável uma vez por igual período.</p><p>STF – Pode haver diversas prorrogações, desde que isso seja necessário.</p><p>Início da contagem do prazo – Data em que se efetiva a diligência.</p><p>Procedimentos</p><p>Quem conduz? A autoridade policial, dando ciência de tudo ao MP.</p><p>Conclusão - Após a realização dos trabalhos, a autoridade policial encaminhará o resultado ao Juiz,</p><p>acompanhado de resumo das operações realizadas. Neste momento o Juiz determinará que os documentos</p><p>relativos à interceptação sejam autuados em apartado, apensados aos autos principais, tramitando em segredo</p><p>de justiça. Após, dará ciência ao MP.</p><p>Material irrelevante - Deverão ser descartados, mediante requerimento da parte interessada ou do MP, naquilo</p><p>que se chama de “incidente de inutilização”.</p><p>Degravação e perícia</p><p>•! Não é necessária a transcrição de todo o conteúdo interceptado, somente das partes relevantes.</p><p>•! A integralidade do áudio interceptado deve ser disponibilizada à defesa, sob pena de nulidade por vício da</p><p>ampla defesa.</p><p>•! Não é necessária a perícia para atestar a legitimidade do material. Entretanto, se alguma das partes tiver</p><p>dúvida, pode requerer a perícia.</p><p>Prova pericial</p><p>Conceito - é um meio de prova que consiste em um exame elaborado por pessoa, em regra profissional, dotada</p><p>de formação e conhecimentos técnicos específicos, acerca de fatos necessários ao deslinde da causa.</p><p>OBS: Só pode recair sobre circunstâncias ou situações que tenham</p><p>relevância para o processo, já que a prova</p><p>não tem como objeto fatos inúteis.</p><p>A perícia não vincula o juiz, que pode discordar das conclusões dos expertos, embora só possa fazê-lo de forma</p><p>fundamentada (CPP, art. 182).</p><p>Natureza jurídica: é um meio de prova, à qual se atribui um valor especial (está em uma posição intermediária</p><p>entre a prova e a sentença). É também chamada de prova crítica.</p><p>Perícia “percipiendi” - ocorre quando o perito se limita a apontar as percepções colhidas, apenas descrevendo</p><p>de forma técnica o objeto examinado, sem proceder a uma análise valorativa ou conclusiva.</p><p>Laudo pericial: Nada mais é do que o documento elaborado pelos peritos, o qual deve conter: descrição</p><p>minuciosa do objeto examinado; respostas aos quesitos formulados; fotografias, desenhos etc., sempre que</p><p>possível.</p><p>Por outro lado, o laudo pericial pode ainda ser complementado, quando se apresentar lacunoso, deficiente e</p><p>obscuro, iniciativa que caberá à autoridade policial ou judiciária, dependendo da fase em que estiver a apuração.</p><p>Do exame de corpo de delito</p><p>Conceito: É o conjunto de vestígios materiais (elementos sensíveis) deixados pela infração penal, ou seja,</p><p>representa a materialidade do crime. Os elementos sensíveis são os vestígios corpóreos perceptíveis por</p><p>qualquer dos sentidos humanos.</p><p>* Distinção entre exame de corpo de delito direto e indireto:</p><p>a) Direto: é feito sobre o próprio corpo de delito – o cadáver, a janela arrombada, a chave utilizada etc.</p><p>b) Indireto: advém de um raciocínio dedutivo sobre um fato narrado por testemunhas, sempre que impossível</p><p>o exame direto.</p><p>Indispensabilidade do exame de corpo de delito: Conforme dispõe o art. 158 do Código de Processo Penal:</p><p>“Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não</p><p>podendo supri-lo a confissão do acusado”. Nesse caso, faltante o exame, enseja-se a ocorrência de nulidade.</p><p>Sendo possível o exame de corpo de delito direto, não pode supri-lo o indireto (feito, por exemplo, através de</p><p>prova testemunhal).</p><p>Impossibilidade do exame de corpo de delito direto em infração que deixa vestígio: Dispõe o art. 167 do Código</p><p>de Processo Penal que: “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios,</p><p>a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”. Duas interpretações são possíveis: a) o juiz poderá considerar</p><p>suprida a falta do exame de corpo de delito pela prova testemunhal, ou seja, pelos depoimentos prestados em</p><p>audiência quando, desde logo, os vestígios desapareceram; b) o art. 167 do Código de Processo Penal não</p><p>determina que o juiz tome a prova testemunhal como substitutiva do exame de corpo de delito direto, mas que</p><p>os peritos elaborem um laudo indireto, a partir das informações prestadas pelas testemunhas. Para essa última</p><p>corrente, não se trata de prova testemunhal, mas de exame pericial indireto elaborado a partir de informes</p><p>fornecidos pelas testemunhas. Entendemos correta a primeira posição. Quando a infração deixar vestígios, o</p><p>art. 158 do Código de Processo Penal determina a realização do exame direto, caso estes vestígios constituam</p><p>o próprio corpo do delito (ex.: um cadáver), ou o exame indireto, quando embora desaparecido o corpo do</p><p>delito, ainda restarem vestígios periféricos (roupas com sangue da vítima, ao lado das cinzas do corpo</p><p>incinerado). O art. 167 do Código de Processo Penal cuida de hipótese diversa, qual seja, a do desaparecimento</p><p>de todos os vestígios, principais e periféricos. Neste caso, não tem sentido falar-se em perícia, podendo a prova</p><p>testemunhal suprir-lhe a falta. Em reforço, o art. 564, III, b, do Código de Processo Penal, ao prever a nulidade</p><p>ante a falta de exame de corpo de delito direto ou indireto, ressalva expressamente a hipótese do art. 167,</p><p>dizendo que neste caso a ausência do exame direto ou indireto não gera nulidade.</p><p>Obs.: A lei prevê que a simples confissão do acusado não pode suprir a falta do exame de corpo de delito indireto</p><p>(CPP, art. 158).</p><p>Espécies:</p><p>a) Necropsia ou autópsia: é o exame interno feito no cadáver a fim de constatar a causa da morte. Denomina-</p><p>se laudo necroscópico ou laudo cadavérico.</p><p>b) Exumação: é o desenterramento, ao contrário da inumação, que é o sepultamento.</p><p>Perito</p><p>Conceito: É um auxiliar da justiça, devidamente compromissado, estranho às partes, portador de um</p><p>conhecimento técnico altamente especializado e sem impedimentos ou incompatibilidades para atuar no</p><p>processo. A sua nomeação é livre ao juiz, não se admitindo interferência das partes, nem mesmo na ação</p><p>privada. No caso de perícia a ser realizada em outra comarca, por meio de carta precatória, a nomeação será</p><p>feita pelo juízo deprecado, salvo no caso de ação privada, quando se admite, se houver acordo entre as partes,</p><p>a nomeação pelo juiz deprecante.</p><p>Espécies:</p><p>a) Perito oficial: é aquele que presta o compromisso de bem e fielmente servir e exercer a função quando assume</p><p>o cargo, ou seja, quando, após o regular concurso de provas e títulos, vem a ser nomeado e investido no cargo</p><p>de perito. Daí a desnecessidade de esse perito prestar compromisso nos processos e investigações em que atua.</p><p>b) Perito louvado ou não oficial: trata-se daquele que não pertence aos quadros funcionais do Estado, e que,</p><p>portanto, uma vez nomeado, deve prestar o aludido compromisso. Caso não compareça para realizar o exame,</p><p>poderá ser conduzido coercitivamente (CPP, art. 278). Pode ainda cometer o crime de falsa perícia (CP, art. 342).</p><p>A sua nomeação é feita pela autoridade policial na fase de inquérito e pelo juiz, no processo.</p><p>Impedimentos: A relevância da função pericial, base da decisão, exige uma confiabilidade total do juiz na pessoa</p><p>do perito – repudia-se a indignidade.</p><p>O fato de alguém já ter manifestado sua opinião sobre o que constitui objeto da perícia ou então ter prestado</p><p>depoimento no processo o torna incompatível para servir como louvado – repudia-se a incompatibilidade.</p><p>Os analfabetos e os menores de 21 anos de idade não podem atuar como peritos. Embora os últimos sejam</p><p>considerados capazes, nos termos do Código Civil, não podem atuar como peritos. É que esse dispositivo não</p><p>está vinculado à capacidade civil, mas tão somente a um requisito para o exercício de função pública,</p><p>semelhante ao que a própria Constituição Federal estabelece em hipóteses como as do Prefeito Municipal,</p><p>Ministro do STF ou do STJ, e assim por diante.</p><p>Cadeia de custódia - é o mapeamento dos vestígios coletados, trazendo aos autos os cuidados periciais com a</p><p>coleta, manejo e descarte dos vestígios criminais.</p><p>Interrogatório</p><p>Características</p><p>a) Ato processual personalíssimo</p><p>b) Ato privativo do juiz</p><p>c) Ato oral</p><p>d) Ato não preclusivo</p><p>Interrogatórios que requerem cuidados diferenciados</p><p>a) interrogatório do analfabeto com deficiência de se comunicar,</p><p>b) do estrangeiro desconhecedor da língua portuguesa</p><p>c) do mudo</p><p>Conteúdo do interrogatório</p><p>a) fase de identificação – o réu não pode mentir em relação à sua qualificação.</p><p>b) fase relacionada aos fatos imputados ao acusado – aqui o acusado pode apresentar a sua versão dos fatos,</p><p>pode confessar, pode ficar em silêncio e, de acordo com a doutrina majoritária, pode mentir ou omitir</p><p>informações sem sofrer qualquer ônus processual.</p><p>Videoconferência</p><p>Excepcionalmente o réu pode ser interrogado diretamente do presídio, por meio de sistema de áudio e vídeo</p><p>em tempo real.</p><p>Se estiver cumprindo a sanção do regime disciplinar diferenciado, será preferencialmente interrogado por</p><p>videoconferência.</p><p>7. Prisão e Liberdade provisória</p><p>Prisões Cautelares</p><p>Trata-se de uma medida de natureza cautelar (cautela = cuidado, a fim de se evitar um prejuízo), cuja finalidade</p><p>pode ser garantir o regular desenvolvimento da instrução processual, a aplicação da lei penal ou, nos casos</p><p>expressamente previstos em lei, evitar a prática de novas infrações penais.</p><p>Espécies de prisão cautelar</p><p>1. PRISÃO EM FLAGRANTE</p><p>Natureza - A</p><p>prisão em flagrante é uma modalidade de prisão cautelar que tem como fundamento a prática de</p><p>um fato com aparência de fato típico. Possui natureza administrativa, pois não depende de autorização judicial</p><p>para sua realização.</p><p>Sujeitos – A prisão em flagrante pode ser efetuada por:</p><p>• Qualquer do povo (facultativamente)</p><p>• A autoridade policial e seus agentes (obrigatoriamente)</p><p>Espécies de prisão em flagrante</p><p>• Flagrante próprio (art. 302, I e II do CPP) – Será considerado flagrante próprio, ou propriamente dito, a</p><p>situação do indivíduo que está cometendo o fato criminoso (inciso I) ou que acaba de cometer este fato</p><p>(inciso II). Também chamado de flagrante real, verdadeiro ou propriamente dito.</p><p>• Flagrante impróprio (art. 302, III do CPP) – Aqui, embora o agente não tenha sido encontrado pelas</p><p>autoridades no local do fato, é necessário que haja uma perseguição, uma busca pelo indivíduo, ao final</p><p>da qual, ele acaba preso. Também chamado de imperfeito, irreal ou “quase flagrante”.</p><p>• Flagrante presumido (art. 302, IV do CPP) – Temos as mesmas características do flagrante impróprio,</p><p>com a diferença que a Doutrina não exige que tenha havida qualquer perseguição ao suposto infrator,</p><p>desde que ele seja surpreendido, logo depois do crime, com objetos (armas, papéis, etc....) que façam</p><p>presumir que ele foi o autor do delito. Também chamado de flagrante ficto ou assimilado.</p><p>OBS.: Caso o infrator se apresente espontaneamente, não será possível sua prisão em flagrante.</p><p>Prisão em flagrante em situações especiais</p><p>Crimes habituais - Não cabe prisão em flagrante, pois o crime não se consuma em apenas um ato, exigindo-se</p><p>uma sequência de atos isolados para que o fato seja típico (maioria da Doutrina e da Jurisprudência). Parte</p><p>minoritária, no entanto, entende possível, se quando a autoridade policial surpreender o infrator praticando um</p><p>dos atos, já se tenha prova inequívoca da realização dos outros atos necessários à caracterização do fato típico</p><p>(Minoritário). Há decisões jurisprudenciais nesse último sentido (possível, desde que haja prova da</p><p>habitualidade).</p><p>Crimes permanentes - O flagrante pode ser realizado em qualquer momento durante a execução do crime, logo</p><p>após ou logo depois.</p><p>Crimes continuados - Por se tratar de um conjunto de crimes que são tratados como um só para efeito de</p><p>aplicação da pena, pode haver flagrante quando da ocorrência de qualquer dos delitos.</p><p>Modalidades especiais de flagrante</p><p>• Flagrante esperado – A autoridade policial toma conhecimento de que será praticada uma infração penal</p><p>e se desloca para o local onde o crime acontecerá. Iniciados os atos executórios, ou até mesmo havendo</p><p>a consumação, a autoridade procede à prisão em flagrante. TRATA-SE DE MODALIDADE VÁLIDA DE</p><p>PRISÃO EM FLAGRANTE.</p><p>• Flagrante provocado ou preparado – Aqui a autoridade instiga o infrator a cometer o crime, criando a</p><p>situação para que ele cometa o delito e seja preso em flagrante. É o famoso “a ocasião faz o ladrão”.</p><p>NÃO é VÁLIDA, pois quem efetuou a prisão criou uma situação que torna impossível a consumação do</p><p>delito, tratando-se, portanto, de crime impossível. Súmula 145 do STF. OSB.: A Doutrina e a</p><p>Jurisprudência, no entanto, vêm admitindo a validade de flagrante preparado quando o agente</p><p>provocador instiga o infrator a praticar um crime apenas para prendê-lo por crime diverso.</p><p>• Flagrante forjado – Aqui o fato típico não ocorreu, sendo simulado pela autoridade policial para</p><p>incriminar falsamente alguém. É ABSOLUTAMENTE ILEGAL.</p><p>• Flagrante diferido (ou retardado) – A autoridade policial retarda a realização da prisão em flagrante, a</p><p>fim de, permanecendo “à surdina”, obter maiores informações e capturar mais integrantes do bando.</p><p>Trata-se de tática da polícia (admitida apenas em determinadas leis penais especiais).</p><p>Procedimentos para lavratura do APF</p><p>Quem lavra? O Auto de Prisão em Flagrante – APF geralmente é lavrado pela autoridade policial do local em que</p><p>ocorreu a PRISÃO, ou, se não houver neste local, a autoridade do local mais próximo.</p><p>O Juiz pode lavrar o APF, nos crimes cometidos em sua presença.</p><p>Diligências - Após ser apresentado o preso em flagrante delito à autoridade policial, esta deverá adotar o</p><p>seguinte procedimento:</p><p>• Ouvir o condutor</p><p>• Ouvir as testemunhas</p><p>• Ouvir a vítima, se for possível</p><p>• Ouvir o preso (Interrogatório)</p><p>OBS.: A ausência de testemunhas não impede a lavratura do APF. Neste caso, deverão assinar o APF, junto com</p><p>o condutor, duas pessoas que tenham presenciado a apresentação do preso à autoridade.</p><p>A autoridade, após lavrado o APF deverá:</p><p>• Imediatamente - Comunicar a prisão e o local em que está preso ao juiz competente, ao MP e à família</p><p>do preso ou à pessoa por ele indicada</p><p>• Em 24h (a contar da prisão) - Remeter os autos do APF ao Juiz competente e, se o preso não tiver</p><p>advogado, à Defensoria Pública. No mesmo prazo, deve ser entregue ao preso a NOTA DE CULPA,</p><p>assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.</p><p>OBS.: No APF deve constar expressamente a informação acerca da existência de filhos, respectivas idades e se</p><p>possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado</p><p>pela pessoa presa. Tal exigência foi introduzida no CPP pela Lei 13.257/16.</p><p>Audiência de custódia</p><p>E quando o Juiz receber o Auto de Prisão em Flagrante, o que deve fazer? O artigo 310 do CPP apresenta três</p><p>possíveis decisões:</p><p>1. Relaxar a prisão ilegal – Se houver alguma ilegalidade na prisão</p><p>2. Converter a prisão em prisão preventiva – Caso estejam presentes os requisitos para tal, bem como se</p><p>mostrarem inadequadas ou insuficientes as outras medidas cautelares</p><p>3. Conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança, a depender do caso – Quando não for o caso de</p><p>decretação da preventiva ou relaxamento da prisão.</p><p>MUITO CUIDADO - Em 2020, o STF decidiu que o juiz não pode converter o flagrante em prisão preventiva se o</p><p>representante do Ministério Público não requerer. Isso vai cair na sua prova - o juiz não pode decretar prisão de</p><p>ofício, nem mesmo na audiência de custódia.</p><p>2. PRISÃO PREVENTIVA</p><p>Conceito - A prisão preventiva é o que se pode chamar de prisão cautelar por excelência, pois é aquela que é</p><p>determinada pelo Juiz no bojo do Processo Criminal ou da Investigação Policial, de forma a garantir que seja</p><p>evitado algum prejuízo.</p><p>Decretação, revogação e substituição - O Juiz pode, a qualquer momento, revogar a decisão, decretar</p><p>novamente a preventiva ou substituí-la por outra medida, desde que entenda que tais medidas são as mais</p><p>adequadas na situação (sempre de maneira fundamentada).</p><p>Legitimados – A preventiva pode ser decretada pelo Juiz:</p><p>• A requerimento do MP</p><p>• Por representação da autoridade policial</p><p>• A requerimento do querelante ou do assistente de acusação</p><p>Pressupostos (fumus comissi delicti)</p><p>Prova da materialidade do delito (existência do crime)</p><p>Indícios suficientes de autoria</p><p>Hipóteses de cabimento (periculum libertatis) - art. 312 do CPP</p><p>• Garantia da ordem pública – A perturbação da ordem pública pode ser conceituada como o abalo</p><p>provocado na sociedade em razão da prática de um delito de consequências graves. Assim, a prisão</p><p>preventiva se justificaria para restabelecer a tranquilidade social, a sensação de paz em um determinado</p><p>local (um bairro, uma cidade, um estado, ou até mesmo no país inteiro). A jurisprudência, contudo, vem</p><p>entendendo que é possível o reconhecimento da “ameaça à ordem pública” quando haja alta</p><p>probabilidade de que o agente volte a delinquir.</p><p>• Garantia da Ordem Econômica – Esta hipótese é direcionada aos crimes do colarinho branco, àquelas</p><p>hipóteses em que o agente pratica delitos contra instituições financeiras e entidades públicas, causando</p><p>sérios prejuízos financeiros.</p><p>• Conveniência da Instrução Criminal – Tem a finalidade de evitar que o indivíduo ameace testemunhas,</p><p>tente destruir provas, etc. Em resumo, busca evitar que a</p><p>instrução do processo seja prejudicada em</p><p>razão da liberdade do réu.</p><p>• Segurança na aplicação da Lei penal – Busca evitar que o indivíduo fuja, de forma a se furtar à aplicação</p><p>da pena que possivelmente lhe será imposta.</p><p>OBS.: Pode ser decretada a preventiva, ainda, quando houver o descumprimento de alguma das obrigações</p><p>impostas pelo Juiz como medida cautelar diversa da prisão:</p><p>Presentes os pressupostos e requisitos, pode ser decretada a preventiva em relação a qualquer crime?</p><p>Não, somente nas hipóteses do art. 313 do CPP:</p><p>• Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.</p><p>• Se o infrator tiver o sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado (desde</p><p>que tenha ultrapassado menos de cinco anos desde a extinção da punibilidade)</p><p>• Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo</p><p>ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.</p><p>• Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos</p><p>suficientes para esclarecer a dúvida, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a</p><p>identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da prisão.</p><p>Vedação à decretação da preventiva</p><p>A prisão preventiva em nenhum caso poderá decretada se o juiz verificar, pelas provas constantes dos autos, ter</p><p>o agente praticado o crime amparado por excludente de ilicitude (Ex.: legítima defesa).</p><p>Também não cabe prisão preventiva se a acusação estiver relacionada com contravenção penal.</p><p>3. PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>Conceito - A prisão temporária é uma modalidade de prisão cautelar que não se encontra no CPP, estando</p><p>regulamentada na Lei 7.960/89. Esta Lei não sofreu alteração pela Lei 12.403/11. Possui prazo certo e só pode</p><p>ser determinada DURANTE A INVESTIGAÇÃO POLICIAL.</p><p>Cabimento – A prisão temporária só pode ser determinada para os seguintes delitos:</p><p>1. Homicídio doloso</p><p>2. Sequestro ou cárcere privado</p><p>3. Roubo</p><p>4. Extorsão</p><p>5. Extorsão mediante sequestro</p><p>6. Estupro e estupro de vulnerável</p><p>7. Rapto violento (crime revogado)</p><p>8. Epidemia com resultado de morte</p><p>9. Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte</p><p>10. Quadrilha ou bando (atualmente chamado de associação criminosa)</p><p>11. Genocídio</p><p>12. Tráfico de drogas</p><p>13. Crimes contra o sistema financeiro</p><p>14. Crimes previstos na Lei de Terrorismo</p><p>15. Quaisquer crimes hediondos ou equiparados (não constam expressamente na Lei 7.960/89)</p><p>Mas basta que se trata de um destes delitos? Não. Além disso, é necessário que esteja presente pelo menos um</p><p>dos requisitos previstos nos incisos I e II do art. 1º:</p><p>I - Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; ou</p><p>II - Quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua</p><p>identidade.</p><p>Legitimados</p><p>A prisão temporária pode ser decretada:</p><p>• A requerimento do MP</p><p>• Por representação da autoridade policial</p><p>OBS.: Não pode ser decretada de ofício pelo Juiz. Também não pode ser prorrogada de ofício.</p><p>Prazo</p><p>O prazo é, em regra, de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco dias.</p><p>Em se tratando de crime hediondo ou equiparado, o prazo é de trinta dias, prorrogáveis por mais 30 dias.</p><p>Tópicos importantes</p><p>Findo o prazo da temporária, o preso deverá ser colocado em liberdade (independentemente de ordem</p><p>judicial), salvo se o Juiz decretar sua prisão preventiva. O prolongamento ilegal da prisão temporária constitui</p><p>crime de abuso de autoridade.</p><p>Não será necessária a expedição de alvará de soltura.</p><p>Os presos temporários devam ficar separados dos demais detentos.</p><p>4. PRISÃO ESPECIAL</p><p>Cabível para determinadas pessoas (Ministros de Estado, Magistrados, Oficiais das Forças armadas, etc.).</p><p>Os presos especiais possuem os mesmos direitos e deveres dos presos comuns.</p><p>OBS.: Não podem, entretanto, ser transportados juntamente com os demais presos.</p><p>OBS.: O militar, caso preso em flagrante delito, deverá ser recolhido ao quartel da Instituição à qual pertencer</p><p>(PM, Exército, Marinha...).</p><p>As hipóteses de prisão especial estão no artigo 295 do CPP.</p><p>Obs. possuir diploma de curso superior garante apenas ao réu a prisão especial. Após a condenação com trânsito</p><p>em julgado, o condenado irá para um presídio comum.</p><p>5. PRISÃO DOMICILIAR</p><p>Conceito - Alternativa à prisão preventiva, consiste no recolhimento do indivíduo em sua residência, só podendo</p><p>sair dela com autorização judicial.</p><p>Cabimento - É cabível quando o infrator for:</p><p>⇒!Maior de 80 (oitenta) anos</p><p>⇒!Extremamente debilitado por motivo de doença gravei</p><p>⇒! Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou</p><p>com deficiência</p><p>⇒!Gestante – Não mais se exige que seja gestação de alto risco nem que esteja a partir</p><p>do 7º mês de gestação.</p><p>⇒!Mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos</p><p>⇒!Homem – Quando seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze)</p><p>anos de idade incompletos.</p><p>Medidas cautelares diversas da prisão</p><p>Requisitos</p><p>⇒!Necessidade</p><p>⇒!Adequação (e suficiência)</p><p>Pressupostos</p><p>§! Fumus comissi delicti – Prova da materialidade e indícios de autoria</p><p>§! Periculum libertatis – Risco que a liberdade plena do infrator gera. Caso a medidadiversa da prisão se mostre</p><p>insuficiente, deverá ser decretada a preventiva.</p><p>Cabimento</p><p>Só podem ser aplicadas caso a infração penal cometida seja apenada com pena privativa de liberdade (e desde</p><p>que estejam presentes os pressupostos e requisitos).</p><p>Aplicação</p><p>Podem ser aplicadas ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, podendo ser aplicadas na fase processual ou pré-</p><p>processual.</p><p>• Na fase processual - Podem ser decretadas a requerimento das partes.</p><p>• Na fase pré-processual – Podem ser decretadas por representação da autoridade policial ou</p><p>requerimento do MP, mas não podem ser aplicadas de ofício.</p><p>Parte contrária deve ser ouvida antes da decretação da medida? Em regra, sim, mas não será quando a oitiva</p><p>prévia possa frustrar a execução da medida. Neste caso, só será ouvida após a execução da medida.</p><p>Descumprimento</p><p>Caso não seja cumprida a medida cautelar diversa da prisão, poderá o Juiz:</p><p>• Cumulá-la com outra, mais severa;</p><p>• Substituí-la por outra; ou</p><p>• Decretar a prisão preventiva</p><p>Alteração das circunstâncias</p><p>O Juiz poderá, a qualquer tempo, desde que sobrevenham novos fatos que alterem as circunstâncias até então</p><p>existentes:</p><p>• Substituir a medida – Caso se mostre insuficiente ou inadequada</p><p>• Revogar a medida – Caso se mostre desnecessária</p><p>• Voltar a decretá-la – Caso volte a se mostrar necessária</p><p>Liberdade Provisória e Fiança</p><p>A concessão da liberdade provisória não impede a fixação de alguma medida cautelar DIVERSA DA PRISÃO.</p><p>A liberdade provisória pode ser concedida SEM FIANÇA (a regra), ou COM FIANÇA.</p><p>Fiança</p><p>Trata-se de uma medida cautelar que visa a garantir que o réu irá colaborar, comparecendo a todos os atos do</p><p>processo sob pena de perder parte ou todo o dinheiro depositado em Juízo.</p><p>Arbitramento</p><p>A autoridade policial só poderá arbitrar a fiança nos crimes cuja pena máxima não seja superior a quatro anos.</p><p>Caso o crime possua pena máxima superior a 04 anos, a fiança deverá ser requerida ao Juiz, que a arbitrará em</p><p>até 48 horas.</p><p>OBS.: O MP não será ouvido previamente ao arbitramento da fiança, mas terá vista dos autos após esse</p><p>momento.</p><p>Valor</p><p>Para o arbitramento do valor da fiança deverá a autoridade (autoridade policial ou Juiz) verificar algumas</p><p>circunstâncias, como as condições financeiras do acusado, sua vida pregressa, sua periculosidade, etc.</p><p>OBS.: Poderá consistir em dinheiro, metais preciosos, títulos, etc., ou seja, quaisquer bens que possuam valor</p><p>econômico.</p><p>Inadmissibilidade</p><p>⇒ Nos crimes de racismo</p><p>⇒ Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes</p><p>hediondos</p><p>⇒ Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado</p><p>Democrático</p><p>⇒ Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo</p><p>justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do CPP</p><p>⇒ Em caso de prisão civil ou militar</p><p>⇒ Quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.</p><p>E se a fiança for concedida nestes casos? Deverá ser cassada.</p><p>Atenção para a questão da OAB!</p><p>Ainda que não se possa arbitrar fiança, é possível a concessão de liberdade provisória.</p><p>Destinação do valor da fiança</p><p>§! Será devolvido a quem pagou - Se absolvido o réu, se extinta a ação ou se for declarada sem efeito a fiança.</p><p>§! Será perdido em favor do Estado – Caso o réu seja condenado e não se apresente para o início do</p><p>cumprimento da pena definitivamente imposta. Servirá, neste caso, para pagar as custas do processo, indenizar</p><p>o ofendido, etc. O restante será destinado ao FUNDO PENITENCIÁRIO.</p><p>§! Será utilizado para pagar as despesas a que o réu está obrigado e o restante será devolvido a quem pagou a</p><p>fiança – Caso condenado o réu, mas se apresente para cumprimento da pena.</p><p>Neste caso, será utilizado o valor para pagar as custas do processo, indenizar o ofendido, etc.</p><p>Após a utilização do valor da fiança para estes fins, o saldo será devolvido a quem pagou a fiança.</p><p>Quebramento da fiança - perda de METADE do valor da fiança.</p><p>A fiança será considerada quebrada quando houver:</p><p>⇒ Descumprimento da confiança depositada no réu.</p><p>⇒ Prática de nova infração penal (crime ou contravenção) dolosa.</p><p>OBS.: Tanto no caso de perda total quanto no de perda parcial do valor da fiança, o saldo (após recolhidas as</p><p>custas processuais e demais encargos aos quais esteja obrigado o acusado) será recolhido ao FUNDO</p><p>PENITENCIÁRIO.</p><p>Cassação da fiança</p><p>⇒ Verificar-se que ela foi arbitrada de maneira ilegal. (Ex.: fiança arbitrada para crime inafiançável ou arbitrada</p><p>por autoridade incompetente, etc.).</p><p>⇒ Houver inovação na classificação do delito – Desde que faça com que, de acordo com a nova classificação, a</p><p>fiança seja incabível. (Ex.: O agente é denunciado por homicídio simples, mas depois há o aditamento da</p><p>denúncia, para passar a considerar a conduta como homicídio qualificado, que é hediondo e não admite fiança).</p><p>Consequência - cassada a fiança, o valor será devolvido, em sua integralidade (e atualizado), a quem prestou a</p><p>fiança.</p><p>Reforço da fiança</p><p>Deverá ser exigido o reforço da fiança em alguns casos:</p><p>⇒ Quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente</p><p>⇒ Quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação</p><p>dos metais ou pedras preciosas</p><p>⇒ Quando for inovada a classificação do delito (e houver necessidade de complementar o valor)</p><p>E se o réu não realizar o reforço da fiança? Neste caso, a fiança será considerada sem efeito e o réu será recolhido</p><p>à prisão. Esta decretação da prisão, contudo, não é automática. O Juiz deverá fundamentar a decretação da</p><p>preventiva, apontando a presença dos pressupostos que autorizam sua decretação.</p><p>8 – Procedimentos</p><p>Procedimento comum</p><p>Ritos:</p><p>• Ordinário – Pena máxima igual ou superior a 04 anos.</p><p>• Sumário – Pena máxima inferior a 04 anos e não pode ser uma infração de menor potencial ofensivo,</p><p>descrita abaixo.</p><p>• Sumaríssimo – Infrações penais de menor potencial ofensivo: todas as contravenções penais e os crimes</p><p>cuja pena máxima em abstrato não ultrapasse 2 anos.</p><p>São infrações penais de menor potencial ofensivo:</p><p>• Os crimes cuja pena máxima cominada não seja superior a dois anos.</p><p>• As contravenções penais, não importando a pena.</p><p>OBS.: Procedimento comum se aplica, subsidiariamente, a todos os procedimentos especiais, salvo se houver</p><p>previsão em sentido contrário.</p><p>1. RITO ORDINÁRIO</p><p>Sequência de atos pré-instrutórios</p><p>Juiz rejeita ou recebe a inicial acusatória – Se rejeitar, cabe RESE. Se receber, o processo segue.</p><p>Recebendo a inicial, manda citar o réu – Decisão de recebimento não precisa de fundamentação complexa (STJ).</p><p>O acusado tem 10 dias para apresentar resposta à acusação – Na resposta à acusação, poderá alegar tudo</p><p>quanto interesse à sua defesa, juntar provas e arrolar testemunhas.</p><p>Caso não apresente resposta à acusação – Juiz nomeará defensor para apresentá-la, pois é uma peça obrigatória.</p><p>EXCEÇÃO: Em se tratando de réu citado por edital, neste caso, o Juiz suspenderá o processo, ficando suspenso</p><p>também o curso do prazo prescricional (art. 366 do CPP). Essa regra da suspensão só não vale para o crime de</p><p>lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98)</p><p>Providências após a resposta à acusação</p><p>Após a apresentação da resposta do réu o Juiz poderá:</p><p>• Absolver sumariamente o réu (art. 397 do CPP)</p><p>• Extinguir o processo – Se reconhecer algum vício na ação penal.</p><p>• Dar sequência ao processo – Estando tudo em ordem e não sendo caso de absolvição sumária, designará</p><p>data para audiência de instrução e julgamento.</p><p>Mas, Professor, quando cabe absolvição sumária (art. 397)?</p><p>I. Quando houver manifesta causa excludente da ilicitude do fato – Ex.: Legítima defesa, estado de</p><p>necessidade, etc.</p><p>II. Quando houver manifesta causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade por</p><p>doença mental – Ex.: Inexigibilidade de conduta diversa, erro de proibição escusável, etc.</p><p>III. Quando o fato narrado evidentemente não constituir crime – utilizamos, aqui, as excludentes de</p><p>tipicidade.</p><p>IV. Quando estiver extinta a punibilidade do agente – Ex.: o crime já prescreveu; era crime e deixou de ser</p><p>(abolitio criminis) etc.</p><p>OBS.: A decisão de absolvição sumária é de mérito e, portanto, faz coisa julgada material (não pode ser ajuizada</p><p>nova ação penal com base no mesmo fato, contra a mesma pessoa).</p><p>Da instrução propriamente dita</p><p>Princípio da identidade física do Juiz – O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. Isso foi</p><p>relativizado pelo STJ. Não se aplica esta regra nos casos de Juiz:</p><p>• Promovido</p><p>• Licenciado</p><p>• Afastado</p><p>• Convocado</p><p>• Aposentado</p><p>Audiência de instrução e julgamento</p><p>Na audiência o Juiz deve, NESTA ORDEM:</p><p>I. Tomar as declarações do ofendido</p><p>II. Inquirir as testemunhas arroladas pela acusação</p><p>III. Inquirir as testemunhas arroladas pela defesa</p><p>IV. Tomar os esclarecimentos dos peritos,</p><p>V. Proceder às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas</p><p>VI. Realizar o interrogatório do réu</p><p>OBS.: No caso de expedição de carta precatória ou rogatória, para a oitiva de testemunhas, é possível a inversão</p><p>da ordem, ou seja, é possível que a oitiva de testemunha de acusação (por exemplo), realizada carta precatória,</p><p>seja realizada depois da oitiva das testemunhas de defesa.</p><p>Inclusive, pode ser realizada após o interrogatório do réu – Casos excepcionais, mas admitidos pelo STJ.</p><p>Número máximo de testemunhas – Até 08 para cada parte e para cada crime descrito na denúncia/queixa-crime.</p><p>Não estão incluídas neste número as testemunhas não compromissadas e as referidas.</p><p>Pergunto: a parte pode desistir da testemunha arrolada? Sim, mas se o Juiz quiser, poderá ouvi-la assim mesmo,</p><p>como “testemunha do Juízo”.</p><p>Alegações finais</p><p>Após a instrução, não sendo o caso de realização de diligências, passa-se à fase das alegações finais. A regra</p><p>geral diz que as alegações finais devem ser apresentadas oralmente em audiência. Tempo para falar: 20 minutos</p><p>para acusação e 20 minutos para a defesa, prorrogáveis por mais 10 minutos.</p><p>Obs. Se houver mais de um acusado, o prazo será individual para cada um.</p><p>Havendo assistente da acusação, será concedido a este prazo de 10 minutos para falar, após o MP. Nesse caso,</p><p>serão acrescidos 10 minutos ao tempo da defesa.</p><p>Situações em que as alegações orais serão substituídas por memoriais escritos.</p><p>• Quando o caso for complexo ou diante do número excessivo de acusados</p><p>• Quando houver necessidade de realização de diligências</p><p>das funções de julgar, acusar e defender.</p><p>Da disponibilidade e da indisponibilidade</p><p>Disponibilidade é a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos.</p><p>No processo criminal prevalece o princípio da indisponibilidade ou da obrigatoriedade da ação penal pública.</p><p>A autoridade policial não pode se recusar a proceder às investigações preliminares (CPP, art. 5º) nem arquivar</p><p>inquérito policial (CPP, art. 17), do mesmo modo que o Ministério Público não pode desistir da ação penal</p><p>interposta (CPP, art. 42) nem do recurso interposto (CPP, art. 576). É a regra da indisponibilidade. A Constituição,</p><p>contudo, admite um abrandamento dessa regra permitindo a transação em infrações penais de menor potencial</p><p>ofensivo (art. 76, da Lei 9.099/95) e acordo de não persecução penal preenchidas as regras legais (art. 28-A do</p><p>CPP).</p><p>Nas hipóteses abaixo, prevalece a DISponibilidade:</p><p>a) nos crimes de ação penal privada, em que o ius accusationis fica a cargo do ofendido, que poderá ou não exercê-lo,</p><p>como melhor lhe aprouver;</p><p>b) nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, nos quais a atividade dos órgãos oficiais fica</p><p>condicionada à manifestação de vontade do ofendido;</p><p>c) nos crimes de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.</p><p>Oficialidade</p><p>Em decorrência da indisponibilidade do processo penal, os órgãos incumbidos da persecutio criminis não podem</p><p>ser privados. Sendo pública a função penal, a pretensão punitiva do Estado também deve ser deduzida por</p><p>agentes públicos.</p><p>A Constituição consagra o princípio da oficialidade ao dispor que a ação penal pública é privativa do Ministério</p><p>Público (CF, art. 129, I) e que a função de polícia judiciária incumbe à Polícia Civil ou Polícia Federal (CF, art. 144,</p><p>§ 4º, c/c o CPP, art. 4º).</p><p>Mesmo na ação penal privada, apenas a iniciativa da ação é transferida ao particular para oferecer a queixa-</p><p>crime. Porém, no momento da sentença, é o Estado, Órgão oficial, que condena, aplica e executa a pena.</p><p>Oficiosidade</p><p>As autoridades públicas incumbidas da persecução penal devem agir de ofício, sem necessidade de provocação</p><p>ou de assentimento de outrem.</p><p>O abrandamento é dado, novamente, pelos casos de ação penal de iniciativa privada (CPP, art. 5º, § 5º) e de</p><p>ação penal pública condicionada, em que a falta de iniciativa da parte gera a decadência do direito de queixa ou</p><p>de representação, gerando a extinção da punibilidade do agente.</p><p>Da verdade formal ou processual</p><p>Regra de que o juiz depende, na instrução da causa, da iniciativa das partes quanto às provas e às alegações em</p><p>que fundamentará sua decisão (iudex secundum allegata et probata partium iudicare debet).</p><p>Segundo o princípio, pode o juiz dar-se por satisfeito, quanto à instrução do feito, com as provas produzidas</p><p>pelas partes.</p><p>Contudo, nota-se clara tendência publicista no processo, levando o juiz a assumir uma posição mais ativa,</p><p>impulsionando o andamento da causa, determinando provas ex officio (art. 156 do CPP) e reprimindo condutas</p><p>abusivas ou irregulares.</p><p>Da verdade material</p><p>Característico do processo penal, dado o caráter público do direito material sub judice, excludente da autonomia</p><p>privada.</p><p>É dever do magistrado superar a desidiosa iniciativa das partes na colheita do material probatório, esgotando</p><p>todas as possibilidades para alcançar a verdade real dos fatos, como fundamento da sentença.</p><p>Conclusão - é a busca pela verdade dos fatos no âmbito do processo.</p><p>Do impulso oficial</p><p>Instaurada a relação processual, compete ao juiz mover o procedimento de fase em fase, até exaurir a função</p><p>jurisdicional. O juiz deve movimentá-lo até o ato final, que é a sentença.</p><p>Da persuasão racional do juiz</p><p>O juiz só decide com base nos elementos existentes no processo, mas os avalia segundo critérios críticos e</p><p>racionais, devendo observar, na sua apreciação, as regras legais porventura existentes e as máximas de</p><p>experiência.</p><p>É o sistema que vale como regra.</p><p>Opõe-se ao sistema da prova legal, que atribui valor absoluto aos elementos probatórios, obrigando o juiz a</p><p>aplicá-los mecanicamente, sem qualquer valoração subjetiva (p. ex.: perícia sobra a causa da morte de uma</p><p>pessoa), e ao sistema do julgamento secundum conscientiam, onde a decisão é livre de qualquer critério (Júri</p><p>popular).</p><p>Da motivação das decisões judiciais</p><p>As decisões judiciais precisam sempre ser motivadas (CF, art. 93, IX; CPP, art. 381).</p><p>A não motivação de uma decisão judicial importará em sua nulidade: Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes</p><p>casos: V - em decorrência de decisão carente de fundamentação.</p><p>Esse princípio é visto como uma garantia da sociedade, que pode medir a imparcialidade do juiz e a legalidade</p><p>e justiça das decisões judiciais.</p><p>A motivação (fundamentação) permite o exercício do duplo grau de jurisdição em sua plenitude.</p><p>Publicidade</p><p>A publicidade é garantia de independência, imparcialidade, autoridade e responsabilidade do juiz.</p><p>Encontra exceção nos casos em que o decoro ou o interesse social aconselhem que eles não sejam divulgados</p><p>(CPP, arts. 485, § 11º, e 792, § 1º), em que devemos ter o sigilo dos autos. Esta é a chamada publicidade restrita,</p><p>segundo a qual os atos são públicos só para as partes e seus procuradores, ou para um reduzido número de</p><p>pessoas.</p><p>A restrição se baseia no art. 5º, LX, da CF, segundo o qual “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos</p><p>processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. O art. 93, IX, da CF, com a redação</p><p>conferida pela Emenda Constitucional n. 45 , prevê que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário</p><p>serão públicos... podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,</p><p>ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não</p><p>prejudique o interesse público à informação”. Assim, o Poder Judiciário somente poderá restringir o número de</p><p>pessoas em julgamento quando o direito público à informação não for prejudicado. Sopesam-se os dois bens</p><p>jurídicos: direito à intimidade e direito público à informação.</p><p>Merece destaque a Súmula Vinculante 14, com a seguinte redação: “É direito do defensor, no interesse do</p><p>representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório</p><p>realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.</p><p>Lealdade processual</p><p>Consiste no dever de não empregar meios fraudulentos no âmbito processual (ilícitos processuais). Sua violação</p><p>acarreta sanções de ordem processual. O princípio não mereceu acolhida no Código de Processo Penal, sendo</p><p>este omisso a respeito. Todavia, a fraude destinada a produzir efeitos em processo penal foi tipificada no Código</p><p>Penal como crime apenado com detenção (CP, art. 347), vejamos:</p><p>Fraude processual. Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado</p><p>de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a</p><p>dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que</p><p>não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.</p><p>Economia processual</p><p>O processo é instrumento, não se podendo exigir um gasto exagerado de dinheiro público com relação aos bens</p><p>que estão em disputa.</p><p>Exprime a procura da máxima eficiência na aplicação do direito, com o menor dispêndio de atos processuais</p><p>possível. No processo penal, não se anulam atos imperfeitos quando não prejudicarem a acusação ou a defesa</p><p>e quando não influírem na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa (CPP, arts. 563 e 566).</p><p>Outra situação em que se aplica o princípio é a reunião de processos conexos ou em relação de continência (CPP,</p><p>arts. 76 e 77).</p><p>Celeridade processual</p><p>A celeridade processual é garantia constitucional expressa no art. 5º,</p><p>após a instrução</p><p>2. RITO SUMÁRIO</p><p>Mesmas regras do rito ordinário, como algumas diferenças. Anote aí:</p><p>A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias (No rito ordinário o prazo é de 60 dias).</p><p>O número máximo de testemunhas é de CINCO (engloba as não compromissadas e referidas).</p><p>Não há previsão de fase de “requerimento de diligências”.</p><p>Não há possibilidade de apresentação de alegações finais por escrito.</p><p>Será aplicável às IMPO quando, por alguma razão, estas infrações penais não puderem ser julgadas pelos</p><p>Juizados Especiais Criminais (Ex.: Quando for necessária citação por edital, que é modalidade de citação vedada</p><p>no JECRIM).</p><p>9 - Recursos</p><p>Recurso em sentido estrito</p><p>Cabimento - Destina-se a impugnar decisões interlocutórias. Contudo, o RESE só poderá ser manejado nas</p><p>hipóteses TAXATIVAMENTE previstas no art. 581 do CPP.</p><p>Tópicos importantes quanto ao cabimento:</p><p>* Decisão que julga extinta a punibilidade – Se estiver no corpo da sentença, o recurso será a apelação. Logo, só</p><p>cabe o RESE se a decisão for isolada. Se a decisão for proferida em sede de execução penal, caberá o AGRAVO</p><p>em execução.</p><p>* Toda e qualquer decisão proferida pelo Juiz da execução penal será atacável mediante agravo em execução.</p><p>Assim, todas as hipóteses do art. 581 que tratam de situações durante o cumprimento da pena, foram</p><p>tacitamente revogadas pelo art. 197 da LEP.</p><p>Processamento</p><p>Prazo - 05 DIAS, salvo na hipótese do inciso XIV, na qual o prazo será de 20 DIAS.</p><p>EXCEÇÃO: O prazo para o assistente de acusação, NÃO HABILITADO, interpor o RESE contra decisão que declara</p><p>extinta a punibilidade, será de 15 dias, contados a partir do momento em que termina o prazo para o</p><p>oferecimento do recurso pelo MP.</p><p>Forma – Por petição ou por termo nos autos.</p><p>Razões – Devem ser apresentadas em 02 dias.</p><p>Juízo de retratação</p><p>O Juiz poderá, em 02 dias, reformar sua decisão (efeito regressivo do recurso).</p><p>E se a decisão for de rejeição da inicial acusatória? Neste caso o acusado ainda não foi citado, mas deve ser</p><p>intimado para apresentar suas contrarrazões (súmula 707 do STF).</p><p>Apelação</p><p>Cabimento - A apelação, em regra, será o recurso cabível para atacar as SENTENÇAS. No entanto, a apelação</p><p>será também um recurso SUBSIDIÁRIO com relação às decisões interlocutórias mistas (terminativas ou não-</p><p>terminativas), pois serão apeláveis estas decisões quando não for, para elas, previsto o cabimento do RESE.</p><p>* Processamento</p><p>Prazo - 05 DIAS.</p><p>EXCEÇÕES:</p><p>* Prazo para a interposição de apelação pelo ofendido nos crimes de ação penal pública:</p><p>– Se já estiver habilitado como assistente de acusação, o prazo será de 05 dias.</p><p>- Se não estiver habilitado, o prazo será de 15 dias.</p><p>O prazo será contado a partir do escoamento do prazo para o MP (art. 598, § único do CPP e súmula 448 do</p><p>STF). No primeiro caso, contudo (assistente já habilitado), o prazo será contado da data de sua intimação, caso</p><p>seja posterior à do MP.</p><p>* Apelação nos processos da competência do JECrim – Neste caso o prazo é de 10 dias.</p><p>Forma – Por petição ou por termo nos autos.</p><p>Razões – Devem ser apresentadas em 08 dias. EXCEÇÕES:</p><p>• Razões apresentadas pelo assistente em relação ao recurso que não foi por ele</p><p>interposto – 03 dias</p><p>• Razões no rito sumaríssimo (Juizados Especiais Criminais) – Simultaneamente com a apelação - 10 dias.</p><p>Efeitos</p><p>• Devolutivo – Possui, como todo recurso. Em se tratando de apelação da DEFESA, ainda que se tenha</p><p>recorrido apenas de parte da decisão, o efeito devolutivo abrange toda a matéria tratada no processo.</p><p>OBS.: No rito do júri a fundamentação é vinculada. O Tribunal não pode determinar a realização de novo</p><p>julgamento com base em fundamento não alegado no recurso.</p><p>• Suspensivo</p><p>Apelação interposta contra sentença absolutória própria – Não possui.</p><p>Apelação interposta contra sentença absolutória imprópria – Possui.</p><p>Apelação interposta contra sentença condenatória – Possui.</p><p>Apelação interposta pelo assistente de acusação – Não possui.</p><p>Processamento</p><p>Interposição – Perante o Juiz que proferiu a decisão. Após a apresentação das razões e contrarrazões, sobe ao</p><p>Tribunal.</p><p>Embargos infringentes</p><p>Conceito - Cabível quando, durante o julgamento de um recurso (apelação ou RESE), em segunda instância,</p><p>houver decisão colegiada não-unânime desfavorável ao réu.</p><p>Prazo – 10 dias.</p><p>Limites – o conteúdo do voto vencido.</p><p>Embargos de declaração</p><p>Conceito - Os embargos de declaração são o recurso cabível para sanar alguma obscuridade, omissão,</p><p>ambiguidade ou contradição na decisão.</p><p>Prazo – 02 dias.</p><p>Forma - Só podem ser opostos por PETIÇÃO, e não por termo nos autos.</p><p>Efeitos – Interrompem o prazo para a interposição dos demais recursos.</p><p>Carta testemunhável</p><p>Cabimento - Cabível quando não recebido o recurso que deva ser remetido à instância superior ou, embora</p><p>recebido, não seja remetido à instância superior. Possui natureza RESIDUAL (só é cabível se não for previsto</p><p>outro recurso para a hipótese).</p><p>Interposição – Dirigida ao Escrivão.</p><p>Prazo – 48 horas.</p><p>Processamento – O mesmo trâmite do recurso que não foi admitido.</p><p>Efeito suspensivo – Não possui.</p><p>Efeito regressivo – Possui juízo de retratação.</p><p>Agravo em execução</p><p>Cabimento - Impugnar as decisões proferidas pelo Juiz da Execução Penal.</p><p>Prazo – 05 dias (súmula 700 do STF). Razões recursais = 02 dias.</p><p>Rito - Segue o rito do Recurso em Sentido Estrito.</p><p>Efeitos – NÃO possui, em regra, efeito suspensivo. Possui efeito regressivo (juízo de retratação).</p><p>10. Ações de impugnação</p><p>Revisão criminal</p><p>NÃO É RECURSO. Trata-se de ação autônoma de impugnação.</p><p>Cabimento - Visa a desconstituir a sentença condenatória, não estando sujeita a prazo, pois pode ser manejada</p><p>a qualquer tempo, inclusive após a morte do réu. Trata-se de meio de impugnação privativo da defesa.</p><p>Pressupostos</p><p>• Existência de sentença condenatória criminal – Não se admite em face de sentença absolutória, salvo no</p><p>caso de sentença absolutória imprópria.</p><p>• Existência de trânsito em julgado</p><p>Competência</p><p>Do STF e do STJ quando a Revisão Criminal se der contra decisões por eles proferidas</p><p>Pelos TRFs e TJs quando a Revisão Criminal tiver por objeto decisões proferidas por eles ou pelos Juízes a eles</p><p>vinculados.</p><p>Efeitos</p><p>Sendo julgada procedente a revisão, poderá ser:</p><p>• Alterada a classificação da infração</p><p>• Absolvido o réu</p><p>• Modificada a pena</p><p>• Anulado o processo</p><p>OBS.: Nunca poderá ser agravada a situação do réu (non reformatio in pejus).</p><p>Habeas corpus</p><p>Natureza - Trata-se de um sucedâneo recursal externo. Um instrumento similar a um recurso, mas não é recurso,</p><p>pois é uma ação autônoma (um novo processo).</p><p>Espécies</p><p>• Preventivo - Finalidade é preservar a liberdade de qualquer pessoa, quando há risco de violação a este</p><p>direito.</p><p>• Repressivo – Fazer cessar violação à liberdade.</p><p>OBS.: Doutrina e Jurisprudência admitem, ainda, uma terceira modalidade de HC, cuja finalidade é suspender</p><p>atos processuais ou impugnar procedimentos que possam importar em prisão futura da pessoa. É o chamado</p><p>HC TRANCATIVO.</p><p>OBS.: Não se admite HC para determinar o trancamento de ação penal ou IP quando se trata de infração penal</p><p>em que não há possibilidade de aplicação de pena privativa de liberdade (súmula 693 do STF).</p><p>Sujeitos do HC</p><p>- Impetrante – É aquele que ajuíza o HC. Qualquer pessoa pode impetrar um HC em seu favor ou em favor de</p><p>outra pessoa. Inclusive o MP pode impetrar o HC em favor de alguém. NÃO SE EXIGE CAPACIDADE</p><p>POSTULATÓRIA (Não é necessária a presença de advogado). A PESSOA JURÍDICA PODE IMPETRAR HC. CUIDADO!</p><p>O Juiz não pode impetrar HC, mas pode concedê-lo sem que haja pedido (de ofício).</p><p>- Paciente – É aquela pessoa em favor da qual se impetra o HC (Impetrante e paciente podem ser, portanto, a</p><p>mesma pessoa).</p><p>- Coator – É a autoridade (ou o particular) que privou a liberdade de locomoção da pessoa ou que está</p><p>ameaçando privar a liberdade da pessoa.</p><p>Cabimento (art. 648, CPP)</p><p>• Não</p><p>houver justa causa;</p><p>• Alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;</p><p>• Quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;</p><p>• Houver cessado o motivo que autorizou a coação;</p><p>• Não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;</p><p>• O processo for manifestamente nulo;</p><p>• Extinta a punibilidade.</p><p>o LXXVIII - “a todos, no âmbito judicial e</p><p>administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua</p><p>tramitação”.</p><p>Duplo grau de jurisdição</p><p>Tem previsão expressa no Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos Humanos,</p><p>promulgada pelo Decreto n. 678/92), no art. 8º, item 3º, h.</p><p>Trata-se da possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau.</p><p>Decorre ele, no plano constitucional, da própria estrutura atribuída ao Poder Judiciário, incumbindo-se a</p><p>Constituição, nos artigos 102, II, 105, II, e 108, II, de outorgar competência recursal a vários órgãos da jurisdição,</p><p>reportando-se expressamente aos Tribunais, no art. 93, III, como órgãos do Poder Judiciário de segundo grau.</p><p>Juiz natural</p><p>Está previsto no art. 5º, LIII, da Constituição Federal, que dispõe que ninguém será sentenciado senão pelo juiz</p><p>competente. Significa dizer que todos têm a garantia constitucional de ser submetidos a julgamento somente</p><p>por órgão do Poder Judiciário, dotado de todas as garantias institucionais e pessoais previstas no Texto</p><p>Constitucional. Juiz natural é, portanto, aquele previamente conhecido, segundo regras objetivas de</p><p>competência estabelecidas anteriormente à infração penal, investido de garantias que lhe assegurem absoluta</p><p>independência e imparcialidade.</p><p>Do princípio depreende-se também a proibição de criação de tribunais de exceção, com os quais,</p><p>evidentemente, não se confundem as jurisdições especializadas, que são meras divisões de atividade</p><p>jurisdicional.</p><p>Promotor natural</p><p>Este princípio também deflui da regra constante do art. 5º, LIII, da Constituição, e significa que ninguém será</p><p>processado senão pelo órgão do Ministério Público, dotado de amplas garantias pessoais e institucionais, de</p><p>absoluta independência e liberdade de convicção e com atribuições previamente fixadas e conhecidas.</p><p>Presunção de inocência</p><p>As pessoas nascem inocentes, sendo esse o seu estado natural, razão pela qual, para quebrar tal regra, torna-se</p><p>indispensável que o Estado-acusação evidencie, com provas suficientes, ao Estado-juiz, a culpa do réu. Tem por</p><p>objetivo garantir, primordialmente, que o ônus da prova cabe à acusação e não à defesa.</p><p>Duplo Grau de Jurisdição</p><p>Trata-se da possibilidade de revisão, por via de</p><p>recurso, das decisões de primeiro grau.</p><p>Juiz Natural</p><p>Aquele previamente conhecido, segundo</p><p>regras de competência estabelecidas</p><p>anteriormente à infração penal, investido de</p><p>garantias que lhe assegurem absoluta</p><p>independência e imparcialidade.</p><p>Em palavras mais simples, para reverter o estado de inocência que todos nós temos, a Constituição da República</p><p>exige o trânsito em julgado de uma decisão penal condenatória (sentença ou acórdão).</p><p>Não deveria existir exceção a essa regra. Porém, o art. 492, § 4º, do CPP diz: " § 4º A apelação interposta contra</p><p>decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá</p><p>efeito suspensivo."</p><p>Atenção: não confunda prisão penal (de culpados) com prisão processual (cautelar). A prisão processual é regida</p><p>pela proteção do processo, não tendo relação com a culpa antecipada do réu.</p><p>Por força da presunção de inocência, na dúvida o magistrado deve absolver o acusado. Trata-se do princípio da</p><p>prevalência do interesse do réu (in dubio pro reo), garantindo que, em caso de dúvida, deve sempre prevalecer</p><p>o estado de inocência, absolvendo-se o acusado.</p><p>Esquema dos princípios processuais penais mais cobrado na OAB:</p><p>Princípios</p><p>mais</p><p>cobrados no</p><p>Exame de</p><p>Ordem</p><p>I -</p><p>Imparcialidade</p><p>do juiz</p><p>II - Igualdade</p><p>processual</p><p>III -</p><p>Contraditório</p><p>IV - Ampla</p><p>defesa</p><p>V - Duplo grau</p><p>de jurisdição</p><p>VI -</p><p>indisponibilida</p><p>de</p><p>VII - Juiz</p><p>natural</p><p>VIII -</p><p>Motivação</p><p>IX - Vedação</p><p>das provas</p><p>ilícitas</p><p>X - Publicidade</p><p>Lei Processual Penal no Espaço</p><p>Princípio da territorialidade – A Lei processual penal brasileira só produzirá seus efeitos dentro do território</p><p>nacional. O CPP, em regra, é aplicável aos processos de natureza criminal que tramitem no território nacional.</p><p>Porém, temos exceções:</p><p>✓ Tratados, convenções e regras de Direito Internacional</p><p>✓ Jurisdição política – Crimes de responsabilidade</p><p>✓ Processos de competência da Justiça Eleitoral</p><p>✓ Processos de competência da Justiça Militar</p><p>✓ Legislação especial</p><p>Nas exceções aqui apresentadas, o processo seguirá regras processuais diferentes do Código de Processo Penal.</p><p>Mas é importante tem em mente que o CPP, nesses casos, terá aplicação subsidiária. Isso significa que, no</p><p>silêncio das leis especiais, todos pedem auxílio ao CPP para preencherem as suas lacunas normativas.</p><p>Com relação à Justiça Militar, há certa divergência, mas prevalece o entendimento de que também é aplicável</p><p>o CPP de forma subsidiária.</p><p>Conclusão - O CPP só é aplicável aos atos processuais praticados no território nacional. Se, por algum motivo, o</p><p>ato processual tiver de ser praticado no exterior, serão aplicadas as regras processuais do país em que o ato for</p><p>praticado.</p><p>Lei Processual Penal no Tempo</p><p>REGRA – Adoção do princípio tempus regit actum: o ato processual será realizado conforme as regras</p><p>processuais estabelecidas pela Lei que vigorar no momento de sua realização (ainda que a Lei tenha entrado em</p><p>vigor durante o processo).</p><p>OBS.: A lei nova não pode retroagir para alcançar atos processuais já praticados (ainda que seja mais benéfica),</p><p>mas se aplica aos atos futuros dos processos em curso.</p><p>OBS.: Tal disposição só se aplica às normas puramente processuais.</p><p>Normas materiais inseridas em Lei Processual (heterotopia) – Devem ser observadas as regras de aplicação da</p><p>lei PENAL no tempo (retroatividade benéfica, etc.).</p><p>Normas híbridas (ou mistas) – Há controvérsia, mas prevalece que também devem ser observadas as regras de</p><p>aplicação da lei PENAL no tempo.</p><p>Normas relativas à execução penal – Há controvérsia, mas prevalece que são normas de direito material (logo,</p><p>devem ser observadas as regras de aplicação da lei PENAL no tempo).</p><p>Sistemas processuais penais</p><p>2. Inquérito Policial</p><p>Inquérito Policial</p><p>Conceito - Conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária, cuja finalidade é angariar elementos de</p><p>prova (prova da materialidade e indícios de autoria), para que o legitimado (ofendido ou MP) possa ajuizar a</p><p>ação penal.</p><p>Natureza – Procedimento administrativo pré-processual. NÃO é processo judicial.</p><p>Características do IP</p><p>✓ Administrativo: O Inquérito Policial, por ser instaurado e conduzido por uma autoridade policial, possui</p><p>nítido caráter administrativo.</p><p>✓ Inquisitivo (inquisitorialidade): A inquisitorialidade do Inquérito decorre de sua natureza pré-</p><p>processual. No Processo temos autor (MP ou vítima), acusado e Juiz. No Inquérito não há acusação, logo,</p><p>não há nem autor, nem acusado. No Inquérito Policial, por ser inquisitivo, não há direito ao contraditório</p><p>pleno nem à ampla defesa.</p><p>✓ Oficioso (Oficiosidade): Possibilidade (poder-dever) de instauração de ofício quando se tratar de crime</p><p>de ação penal pública incondicionada.</p><p>Inquisitivo O poder se concentra nas mãos do julgador, que acumula funções de Juiz e acusador. Neste</p><p>sistema predomina o sigilo procedimental, a confissão é tida como prova máxima e o</p><p>contraditório e a ampla defesa são quase inexistentes. Não há possibilidade de recusa do</p><p>Julgador e o processo é eminentemente escrito (e sigiloso).</p><p>Acusatório Neste sistema há separação clara entre as figuras do acusador e do julgador, vigorando o</p><p>contraditório, a ampla defesa e a isonomia entre as partes. A publicidade impera e há</p><p>possibilidade de recusa do Juiz (suspeição, por exemplo). Há restrição à atuação do Juiz na</p><p>fase investigatória, sendo esta atuação bastante limitada (ex.: impossibilidade de decretação</p><p>da prisão preventiva “de ofício”).</p><p>Misto Neste sistema são mesclados determinados aspectos de cada um dos outros dois sistemas.</p><p>Geralmente a primeira fase (investigação)</p><p>é predominantemente inquisitiva e a segunda fase</p><p>(processo judicial) é eminentemente acusatória.</p><p>✓ Escrito (formalidade): Todos os atos produzidos no bojo do IP deverão ser escritos, e reduzidos a termo</p><p>aqueles que forem orais.</p><p>✓ Indisponibilidade: A autoridade policial não pode dispor do IP, ou seja, não pode mandar arquivá-lo.</p><p>✓ Dispensabilidade: Não é indispensável à propositura da ação penal. Se o legitimidado ativo do processo</p><p>(MP ou ofendido) tiver em mãos a prova da existência do crime - materialidade - e prova da autoria</p><p>delitiva, será possível oferecer denúncia ou queixa-crime diretamente, sem a instauração do inquérito</p><p>policial.</p><p>✓ Discricionariedade na condução: A autoridade policial pode conduzir a investigação da maneira que</p><p>entender mais frutífera, sem necessidade de seguir um padrão pré- estabelecido.</p><p>OBS.1: Requisição do MP ou do Juiz deve ser cumprida pela autoridade policial. Salvo se a requisição for</p><p>nitidamente ilegal.</p><p>OBS.2: Requerimento do ofendido não obriga a autoridade policial. A defesa poderá, se indeferido, apresentar</p><p>o mesmo requerimento ao juiz ou ao Ministério Público.</p><p>OBS.3: Denúncia anônima (delatio criminis inqualificada) - Delegado, quando tomar ciência de fato definido</p><p>como crime, através de denúncia anônima, não deverá instaurar o IP de imediato, mas determinar que seja</p><p>verificada a procedência da denúncia e, caso realmente se tenha notícia do crime, instaurar o IP.</p><p>Tramitação do IP</p><p>Logo após tomar conhecimento da prática de infração penal, a autoridade deve:</p><p>✓ Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a</p><p>chegada dos peritos criminais;</p><p>✓ Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;</p><p>✓ Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;</p><p>✓ Ouvir o ofendido;</p><p>✓ Ouvir o indiciado (interrogatório em sede policial);</p><p>✓ Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;</p><p>✓ Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias – O</p><p>exame de corpo de delito é indispensável nos crimes que deixam vestígios;</p><p>✓ Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua</p><p>folha de antecedentes;</p><p>✓ Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição</p><p>econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros</p><p>elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter;</p><p>✓ Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o</p><p>nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.</p><p>* Possibilidade de se proceder à reprodução simulada dos fatos (reconstituição) - Desde que esta não</p><p>contrarie a moralidade ou a ordem pública. O suspeito não é obrigado a participar.</p><p>OBS.: O procedimento de identificação criminal só é admitido para aquele que não for civilmente identificado.</p><p>Exceção: mesmo o civilmente identificado poderá ser submetido à identificação criminal, nos seguintes casos:</p><p>✓ Se o documento apresentado contiver rasuras ou indícios de falsificação.</p><p>✓ O documento não puder comprovar cabalmente a identidade da pessoa.</p><p>✓ A pessoa portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes;</p><p>✓ A identificação criminal for indispensável às investigações policiais (Necessário despacho do Juiz</p><p>determinando isso).</p><p>✓ Constar nos registros policiais que a pessoa já se apresentou com outros nomes.</p><p>✓ O estado de conservação, a data de expedição do documento ou o local de sua expedição impossibilitem</p><p>a perfeita identificação da pessoa.</p><p>OBS.: É permitida a colheita de material biológico para determinação do perfil genético (DNA), exclusivamente</p><p>quando isso for indispensável às investigações – depende de autorização judicial. Deve ser armazenado em</p><p>bando de dados sigiloso.</p><p>Requerimento de diligências pelo ofendido e pelo indiciado – Ambos podem requerer a realização de diligências,</p><p>mas ficará a critério da Autoridade Policial deferi-las ou não.</p><p>Forma de Tramitação do IP</p><p>Sigiloso - A autoridade policial deve assegurar o sigilo necessário à elucidação do fato ou o exigido pelo interesse</p><p>da sociedade. Prevalece o entendimento de que o IP é sempre sigiloso em relação às pessoas do povo em geral,</p><p>por se tratar de mero procedimento investigatório.</p><p>Acesso do advogado aos autos do IP - O advogado do indiciado deve ter franqueado o acesso amplo aos</p><p>elementos de prova já documentados nos autos do IP, e que digam respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>Não se aplica às diligências em curso (Ex.: interceptação telefônica ainda em curso) – Súmula Vinculante nº 14.</p><p>O interrogatório feito na Delegacia de Polícia não precisa ser feito na presença de advogado.</p><p>Questão: A Lei Lei 13.245/2016 passou-se a exigir a presença do advogado no interrogatório policial? Ainda não</p><p>há posição do STF ou STJ. Duas correntes:</p><p>✓ Alguns vão entender que o advogado, agora, é indispensável durante o IP.</p><p>✓ Outros vão entender que a Lei não criou essa obrigatoriedade.</p><p>O que a Lei criou foi, na verdade, um dever para o advogado que tenha sido devidamente constituído pelo</p><p>indiciado (dever de assisti-lo, sob pena de nulidade). Caso o indiciado não queira ou não tenha advogado, poderá</p><p>ser interrogado desacompanhado de defesa técnica.</p><p>Conclusão do IP</p><p>✓ Indiciado preso: 10 dias</p><p>✓ Indiciado solto: 30 dias</p><p>OBS.1: Em se tratando de indiciado solto, o prazo é processual. Em se tratando de indiciado preso o prazo é</p><p>material (conta-se o dia do começo).</p><p>OBS.2: No caso de indiciado preso, o prazo se inicia da data da prisão. Com o prazo da prisão temporária, o prazo</p><p>do inquérito policial será ampliado.</p><p>• LEI DE DROGAS</p><p>✓ Indiciado preso: 30 dias</p><p>✓ Indiciado solto: 90 dias</p><p>OBS.1: com o indiciado solto, o prazo de 90 dias começa com a Portaria de instauração do inquérito policial.</p><p>OBS.2: Ambos podem ser duplicados.</p><p>• CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR</p><p>✓ Indiciado preso ou solto: 10 dias</p><p>OBS.: Em caso de indiciado solto, o STJ entende tratar-se de prazo impróprio (descumprimento do prazo não</p><p>gera repercussão prática).</p><p>Indiciamento – Ato fundamentado por meio do qual a autoridade policial centraliza as investigações em apenas</p><p>um ou alguns dos suspeitos. Ato privativo da autoridade policial, mas depende de autorização do Tribunal se o</p><p>indiciado for pessoa detentora de foro por prerrogativa de função (STF – Inq. 2.411).</p><p>Destinatário do IP – Prevalece que:</p><p>✓ Destinatário imediato – titular da ação penal</p><p>✓ Destinatário mediato – Juiz</p><p>Arquivamento do Inquérito Policial</p><p>Cabe ao Ministério Público requer o arquivamento do inquérito policial caso não tenha em mãos prova da</p><p>existência do crime (materialidade) ou indícios de autoria (provas de quem praticou o crime). O MP apenas</p><p>requer, quem determina o arquivamento é o Juiz.</p><p>Se o Juiz discordar do pedido de arquivamento feito pelo Ministério Público, remeterá para o Procurador Geral</p><p>(Chefe do Ministério Público) a discussão a respeito do tema.</p><p>O Chefe do Ministério Público decide:</p><p>• Se o Procurador-Geral concordar com o membro do Ministério Público, o Juiz deverá arquivar e acatar a</p><p>vontade do Ministério Público.</p><p>• Se concordar com o Juiz e discordar do pedido de arquivamento do promotor/procurador, ele próprio,</p><p>chefe do Ministério Público, oferece a denúncia ou designa outro membro para ajuizar a ação.</p><p>Ação penal privada – Os autos do inquérito policial serão remetidos ao Juízo competente, onde aguardarão a</p><p>iniciativa do ofendido ou de seu representante legal (ou serão entregues ao requerente, caso assim requeira,</p><p>mediante traslado). Após o inquérito policial estar nas mãos do ofendido, ele deverá contratar um advogado,</p><p>com poderes especiais, para oferecer a queixa-crime.</p><p>IMPORTANTE: o ofendido (querelante)</p><p>tem 6 meses para oferecer a queixa-crime, prazo esse contado do dia</p><p>em que a vítima descobre quem foi o autor do crime praticado contra ela.</p><p>Arquivamento implícito – Criação doutrinária. Duas hipóteses:</p><p>✓ Quando o membro do Ministério Público oferece denúncia por apenas alguns fatos indicados no</p><p>inquérito policial, silenciando quanto a outros.</p><p>✓ Requerer o arquivamento em relação a alguns investigados, silenciando quanto a outros. STF e STJ não</p><p>aceitam a tese de arquivamento implícito.</p><p>Arquivamento indireto – Quando o membro do Ministério Público deixa de oferecer a denúncia por entender</p><p>que o Juízo (que está atuando durante a fase investigatória) é incompetente para processar e julgar a ação penal.</p><p>Não é unânime.</p><p>Trancamento do IP - Consiste na cessação da atividade investigatória por decisão judicial quando há abuso na</p><p>instauração do IP ou na condução das investigações, geralmente quando não há elementos mínimos de prova.</p><p>Decisão de arquivamento de IP faz coisa julgada? Em regra, não, podendo ser reaberta a investigação se de</p><p>outras provas (provas novas) a autoridade policial tiver notícia.</p><p>Exceções que não permitem o desarquivamento caso novas provas sejam descobertas:</p><p>✓ Arquivamento por atipicidade do fato</p><p>✓ Arquivamento em razão do reconhecimento de manifesta causa de exclusão da ilicitude ou da</p><p>culpabilidade – Aceito pela Doutrina e jurisprudência majoritárias. STF não vem admitindo a coisa julgada</p><p>neste caso.</p><p>✓ Arquivamento por extinção da punibilidade</p><p>OBS.: Se o reconhecimento da extinção da punibilidade se deu pela morte do agente, mediante apresentação</p><p>de certidão de óbito falsa (o agente não estava morto) é possível reabrir as investigações, tendo em vista que</p><p>atos inexistentes não possuem consequências jurídicas.</p><p>IMPORTANTE: a autoridade policial não pode mandar arquivar autos de inquérito policial. Somente o juiz</p><p>competente pode determinar o arquivamento do inquérito policial após o requerimento do Ministério Público</p><p>nesse sentido.</p><p>Poder de Investigação do MP</p><p>Entendimento pacífico no sentido de que o MP pode investigar sem a ajuda da Polícia, mediante procedimentos</p><p>próprios, mas não pode presidir nem instaurar inquérito policial.</p><p>De acordo com a Súmula 234 do STJ, o representante do Ministério Público que conduzir a investigação não</p><p>ficará impedido para oferecer a denúncia.</p><p>AÇÃO PENAL E AÇÃO CIVIL EX DELICTO</p><p>Conceito de ação penal</p><p>A ação penal é o instrumento que dá início ao processo penal, através do qual o Estado poderá exercer seu</p><p>direito de investigar, processar e punir o criminoso (ius puniendi).</p><p>Espécies</p><p>Pode ser de duas grandes espécies:</p><p>• Pública - titularidade do MP</p><p>(1) incondicionada</p><p>(2) condicionada:</p><p>a) representação do ofendido</p><p>b) requisição do Ministro da Justiça.</p><p>• Privada - titularidade do ofendido</p><p>(1) exclusiva</p><p>(2) personalíssima</p><p>(3) subsidiária da pública</p><p>Obs. A respeito da ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça:</p><p>* Não tem prazo (pode ser oferecida enquanto não extinta a punibilidade)</p><p>* Não cabe retratação.</p><p>* MP não está vinculado à requisição (oferecida a requisição, pode o MP deixar de denunciar)</p><p>A Representação do ofendido possui as seguintes características:</p><p>* Deve ser oferecida dentro de 06 meses, sob pena de decadência</p><p>* É retratável, até o oferecimento da denúncia pelo MP</p><p>* Não exige forma específica</p><p>* Não é divisível quanto aos autores do fato criminoso</p><p>Obs. sobre a ação penal privada subsidiária da pública (quando há INÉRCIA do MP), o ofendido passa a ter</p><p>legitimidade para ajuizar a queixa-crime subsidiária. Essa legitimidade dura por seis meses, e neste período,</p><p>tanto o MP quando o ofendido podem ajudar ação penal (legitimidade concorrente).</p><p>Após os 6 meses sem o oferecimento da queixa-crime subsidiária, apenas o MP volta a ter a titularidade da ação</p><p>penal, e poderá oferecer a denúncia até o final do prazo prescricional ou até outra causa extintiva da</p><p>punibilidade atingir a persecução penal (ex: morte do agente, abolitio criminis etc.)</p><p>Características</p><p>• A ação penal pública (tanto a incondicionada quanto à condicionada) é de titularidade exclusiva do MP e goza</p><p>das seguintes características:</p><p>* Obrigatoriedade</p><p>* Oficialidade</p><p>* Indisponibilidade</p><p>* Divisibilidade</p><p>• A ação penal privada é de titularidade do ofendido e goza das seguintes características:</p><p>* Indivisibilidade</p><p>* Oportunidade</p><p>* Disponibilidade</p><p>* Deve ser ajuizada dentro de seis meses (contados da data em que foi conhecida a autoria do delito), sob pena</p><p>de decadência do direito de queixa.</p><p>Acordo de não persecução penal</p><p>Uma das grandes novidades (levar ao CPP o que já acontecia na prática fundamentada pela Resolução do</p><p>Conselho Nacional do Ministério Público) é o acordo de não persecução penal.</p><p>Trata-se da possibilidade de o Ministério Público deixar de oferecer a denúncia em ações penais públicas</p><p>preenchidos alguns requisitos e condições.</p><p>• Requisitos para a apresentação do acordo</p><p>Quais são os requisitos para o MP apresentar ao suspeito/indiciado uma proposta de acordo de não persecução</p><p>penal?</p><p>1 - não ser caso de arquivamento</p><p>2 - ter o agente delitivo confessado formal e integralmente o delito</p><p>3 - a infração não ter sido praticada com violência ou grave ameaça</p><p>4 - a pena mínima cominada ao delito ser inferior a 4 anos - atenção aqui, pessoal. Seguindo as regras gerais de</p><p>fixação de competência, para descobrir a pena mínima cominada ao delito você deve calcular as causas de</p><p>aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.</p><p>• Condições a que fica vinculado quem aceita o acordo</p><p>Presentes todos esses requisitos, o representante do MP poderá propor um acordo para evitar o oferecimento</p><p>da denúncia. Nesse acordo, algumas condições serão apresentadas e, caso o suspeito/indiciado as aceite, ficará</p><p>vinculado a cumpri-las para evitar ser processado criminalmente.</p><p>As condições previstas no 28-A do CPP são:</p><p>I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo: se a coisa se perdeu, por</p><p>exemplo;</p><p>II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto</p><p>ou proveito do crime: instrumentos são os objetos utilizados para praticar o crime; produto é o que o agente</p><p>obtém diretamente com a prática do crime, como uma quantia de 300 reais retirado da carteira da vítima;</p><p>proveito é o que o agente adquire com o produto do crime, como a compra de um celular com os 300 reais</p><p>furtados.</p><p>III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada</p><p>ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução: trata-se de proposta de</p><p>aplicação antecipada de pena restritiva de direitos.</p><p>IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade pública ou</p><p>de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger</p><p>bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito: importante destacar que prestação</p><p>pecuniária é espécie de pena restritiva, e não uma pena de multa; ou</p><p>V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e</p><p>compatível com a infração penal imputada: o MP pode estipular outras condições não previstas expressamente</p><p>nesse rol, como por exemplo, a entrega de cestas básicas.</p><p>• Quando não cabe o acordo</p><p>Há situações em que o acordo de não persecução penal não é cabível. Vamos apresentá-las:</p><p>a. Quando for caso de arquivar o inquérito policial.</p><p>b. quando for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos do artigo 76</p><p>da Lei 9.099/95.</p><p>c. quando o investigado for reincidente</p><p>d. quando houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional,</p><p>exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas</p><p>- hipótese bem estranha aprovada no plano legislativo</p><p>por quem não conhece as ciências criminais. Se o fato pretérito é insignificante, falta-lhe a tipicidade material</p><p>pela insignificância e sequer será crime. Logo, essa observação legal seria desnecessária.</p><p>e. ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não</p><p>persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo.</p><p>f. nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões</p><p>da condição de sexo feminino, em favor do agressor - trata-se de norma que deve ser complementada pelo</p><p>artigo 121, § 2º-A, em que nos é apresentado o real significado da expressão "por razões da condição de sexo</p><p>feminino".</p><p>Atenção</p><p>Para a prova da OAB, a nossa aposta fica por conta do § 3º do novo art. 28-A:</p><p>O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério</p><p>Público, pelo investigado e por seu defensor.</p><p>A presença do advogado/defensor é indispensável para a formalização do acordo de não persecução penal.</p><p>Cuidado com doutrina que não conhece a sua banca!</p><p>Após assinado pelas partes, será realizada uma audiência para a homologação do acordo de não persecução</p><p>penal. Nela, o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu</p><p>defensor, e sua legalidade.</p><p>Em outras palavras, não pode o MP fixar condições diversas incompatíveis com a legalidade das penas.</p><p>Professor, o que acontece se a proposta de acordo estiver errada?</p><p>Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução</p><p>penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com</p><p>concordância do investigado e seu defensor.</p><p>Se não for corrigido a contento, a proposta de acordo não será homologada pelo juiz.</p><p>Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para requisitar a complementação das</p><p>investigações ou oferecer a denúncia.</p><p>Também será o caso de rescindir o acordo e oferecer a denúncia, caso o suspeito descumpra as condições</p><p>homologadas.</p><p>Sistematizando:</p><p>• Descumpriu o acordo - rescisão + oferecimento da denúncia + não proposta de suspensão do processo.</p><p>• Cumpriu o acordo - extinção da punibilidade sem gerar antecedentes criminais</p><p>Após homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério</p><p>Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.</p><p>A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento.</p><p>Última questão: se o seu cliente preencher os requisitos para receber a proposta de acordo de não repercussão</p><p>penal e o representante do MP se recusa a oferecer, o que fazer?</p><p>Resposta - Em caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o</p><p>investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. O</p><p>Procurador-Geral dará a última palavra.</p><p>Institutos privativos da ação penal exclusivamente privada</p><p>1. Renúncia</p><p>• Antes do ajuizamento da ação</p><p>• Expressa ou tácita (Com relação à renúncia tácita, decorrente da não inclusão de algum dos infratores na ação</p><p>penal, o STJ firmou entendimento no sentido de que a omissão do querelante deve ter sido VOLUNTÁRIA, ou</p><p>seja, ele deve ter, de fato, querido não processar o infrator).</p><p>• Oferecida a um dos infratores a todos se estende</p><p>• Não depende de aceitação pelos infratores (ato unilateral)</p><p>2. Perdão</p><p>• Depois do ajuizamento da ação</p><p>• Expresso ou tácito</p><p>• Processual ou extraprocessual</p><p>• Oferecido a um dos infratores a todos se estende</p><p>• Depende de aceitação pelos infratores (ato BILATERAL)</p><p>• Se um dos infratores não aceitar, isso não prejudica o direito dos demais</p><p>RENÚNCIA</p><p>MOMENTO</p><p>Antes de iniciado o processo</p><p>ACEITAÇÃO</p><p>Não depende (ato unilateral)</p><p>FORMA</p><p>Expressa ou tácita</p><p>EXTENSÃO</p><p>Oferecida a um, a todos se estende</p><p>PERDÃO</p><p>Depois de iniciado o processo</p><p>Depende de aceitação pelo infrator (ato bilateral)</p><p>Expresso ou tácito (pode ser, ainda, processual ou extraprocessual)</p><p>Oferecido a um, a todos se estende</p><p>OBS.: O perdão pode ser aceito pessoalmente (pelo ofendido ou seu representante legal) ou por procurador</p><p>com poderes especiais.</p><p>3. Perempção</p><p>• Penalidade ao querelante pela negligência na condução do processo</p><p>• Cabível quando:</p><p>* O querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos</p><p>* Falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no</p><p>processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo</p><p>* O querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar</p><p>presente</p><p>* O querelante deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais ➢! Sendo o querelante pessoa</p><p>jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.</p><p>Disposições importantes</p><p>Ação penal privada subsidiária</p><p>Cabimento - Quando se tratar de crime de ação penal pública, e o MP nada fizer no prazo legal de oferecimento</p><p>da denúncia (inércia do MP), o ofendido, ou quem lhe represente, poderá ajuizar ação penal privada subsidiária</p><p>da pública, tendo essa legitimidade um prazo de validade de seis meses, a contar do dia seguinte em que termina</p><p>o prazo para manifestação do MP (consolidando sua inércia).</p><p>OBS.: Não é cabível a ação penal privada subsidiária se o MP requer o arquivamento ou requer a realização de</p><p>novas diligências (neste caso não há inércia).</p><p>Atuação do MP na queixa-crime subsidiária</p><p>⇒ Aditar a queixa – Pode se referir a qualquer aspecto (inclusão de réus, inclusão de qualificadoras, etc.).</p><p>⇒ Repudiar a queixa – O MP só pode repudiar a queixa quando alegar que não ficou inerte, ou seja, que não é</p><p>hipótese de ajuizamento da queixa-crime subsidiária. Neste caso, deverá desde logo apresentar a denúncia</p><p>substitutiva .</p><p>⇒ Retomar a ação como parte principal – Aqui o querelante (a vítima) é negligente na condução de causa,</p><p>cabendo ao MP retomar a ação como parte principal (como autor da ação).</p><p>Ação civil "ex delicto"</p><p>Natureza – ação que busca a reparação civil dos prejuízos causados pela infração penal.</p><p>Sistema adotado – sistema da independência ou separação das esferas (mitigado).</p><p>Titularidade - o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.</p><p>Fases da persecução penal até atingir a ação civil ex delicto:</p><p>1. Há a prática de uma infração penal (crime ou contravenção penal) contra uma vítima, e esse delito causa</p><p>um dano a essa pessoa. Exemplo: “A”, de forma proposital, chuta o veículo da vítima até destrui-lo parcialmente.</p><p>Essa conduta configura crime de dano (art. 163 do CP).</p><p>2. O Ministério Público oferece a denúncia, que é recebida pelo juiz, dando início à ação penal pública. Após</p><p>colhido todo o acervo probatório na fase de instrução, pode ser que o agente ativo do delito seja condenado</p><p>criminalmente, de forma definitiva (esgotada toda a fase recursal).</p><p>3. Na sentença condenatória, o juiz criminal (guarde isso) fixa uma valor mínimo a ser indenizado para a</p><p>vítima do crime, no próprio processo crime.</p><p>4. Nesses termos, diz o artigo 387 do Código de Processo Penal: “Art. 387. O juiz, ao proferir sentença</p><p>condenatória: (...) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os</p><p>prejuízos sofridos pelo ofendido;”</p><p>5. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução cível poderá ser efetuada por esse valor</p><p>mínimo fixado pelo juiz criminal. Utilizamos a palavra PODERÁ pois a vítima ou seus sucessores não estão</p><p>obrigado a aceitar o tal valor mínimo.</p><p>6. O ofendido (ou demais legitimados) podem optar por liquidar o dano na esfera cível, buscando aumentar</p><p>o tal valor mínimo fixado na sentença penal. Mas, para aumentar o valor a ser indenizado, tal discussão</p><p>deve</p><p>ser feita na esfera civil, e não no processo criminal.</p><p>7. Se eu posso lutar, lá na fase de liquidação civil do título executivo judicial penal, para aumentar meu</p><p>valor da indenização, qual é a vantagem de utilizar o valor mínimo fixado pelo juiz criminal?</p><p>8. A resposta para essa questão está nas dificuldades estruturais da prática forense. A fase da</p><p>liquidação da sentença, seja por artigos seja por arbitramento, pode demorar muito tempo. Temos alguns casos</p><p>com demora de 4 a 5 meses, apenas para juntar a petição ao processo, o que dirá finalizar todo o procedimento.</p><p>A ideia do legislador foi ajudar a vítima a ganhar tempo e ser indenizada o mais rápido possível, reduzindo a</p><p>sensação de injustiça, impunidade e abandono estatal com a segurança pública.</p><p>Espécies</p><p>⇒ Ação civil ex delicto propriamente dita - trata-se de uma ação civil de conhecimento, ou seja, uma ação em</p><p>que se buscará “obter a verdade”, saber se o fato aconteceu, quem praticou, se gerou danos, etc. Normalmente</p><p>acontece no âmbito civil e tem alguns objetivos – comprovar se alguém deve, quem deve e quanto deve pagar.</p><p>⇒ Ação de execução ex delicto (ou execução civil ex delicto) - ocorre quando a vítima da infração penal já possui</p><p>um título executivo judicial, que é a sentença penal condenatória. No processo de execução se buscará apenas</p><p>a satisfação do crédito que decorre do título executivo (a sentença penal condenatória transitada em julgado).</p><p>Neste caso, a vítima pode executar a parte líquida da sentença (o valor mínimo fixado pelo Juiz) e proceder à</p><p>liquidação do valor que efetivamente entende devido – executa a parte certa e determinada e busca ampliar os</p><p>valores na fase de liquidação.</p><p>Hipóteses em que a decisão criminal vincula o Juízo cível</p><p>⇒ Se o acusado for absolvido por ter ficado comprovada a inexistência do fato.</p><p>⇒ Se o acusado for absolvido por ter ficado comprovado que ele não concorreu para o fato</p><p>⇒ Se o acusado for absolvido por ter ficado comprovado que agiu amparado por uma</p><p>excludente de ilicitude real - Ressalvado o direito daquele que sofreu eventual dano sem contribuir para a</p><p>situação.</p><p>⇒ Se acusado for condenado</p><p>Obs.: Absolvição por falta de provas, ou extinção da punibilidade , ou, ainda, pelo fato de a conduta não ser</p><p>criminosa, não impedem a propositura da ação civil, não repercutindo naquela esfera.</p><p>Obs.: Quando a vítima for pobre, competirá à Defensoria Pública atuar no Juízo cível para buscar o ressarcimento</p><p>a que o ofendido tem direito.</p><p>4. Jurisdição e competência</p><p>Muito bem, futuros colegas da advocacia, chegou o momento de estudarmos o tema que tem mais incidência</p><p>no Exame da OAB – Competência.</p><p>O tema de competência tem sido muito cobrado nos exames da OAB, portanto vamos desvendar esse tema.</p><p>Para estudarmos esse tema tão importante, precisamos entender a diferença entre a Jurisdição e a</p><p>Competência, com as suas regras e classificações específicas, ok?</p><p>Vamos começar a aula pelos conceitos!</p><p>Mas professor, a parte conceitual é muito chata. E os exercícios da OAB são problemas práticos. Por que</p><p>precisamos estudar a parte conceitual?</p><p>É MUITO importante entender os conceitos dessa aula para que possam acertar os testes que serão</p><p>apresentados para você. Sem os conceitos, não faz sentido estudar as classificações e regras de aplicação. Vamos</p><p>na sequência e depois vocês irão entender.</p><p>Conceito de jurisdição</p><p>A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a um caso concreto, resolvendo-o de maneira</p><p>definitiva, cujo objetivo é sanar uma crise jurídica e trazer a paz social.</p><p>Em outras palavras, cabe ao Estado-juiz pacificar os conflitos que lhe são apresentados pelo titular da ação penal</p><p>(Ministério Público ou ofendido – querelante) aplicando no processo o Direito, condenando ou absolvendo o</p><p>réu.</p><p>Essa foi fácil. E a competência?</p><p>Conceito de competência</p><p>A competência é o conjunto de regras que estabelecem, previamente, os limites em que cada Juiz pode exercer,</p><p>de maneira válida, o seu Poder Jurisdicional.</p><p>Por isso a doutrina afirma que a competência é a medida da jurisdição.</p><p>Isso mesmo, cada magistrado brasileiro tem um limite jurisdicional de atuação.</p><p>Exemplo: o juiz que trabalha na 1.ª Vara do Júri do foro central da capital de São Paulo, só possui competência</p><p>para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os crimes que lhe são</p><p>conexos.</p><p>Pode esse mesmo juiz receber a denúncia por um crime de competência da Justiça Militar? Claro que não. Ele</p><p>não tem competência para fazê-lo.</p><p>Esse tema é muito relevante pois pode ser utilizado como tese de defesa processual penal – incompetência do</p><p>Juízo.</p><p>Veja como o Código de Processo Penal trata do tema:</p><p>LIVRO III</p><p>DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL</p><p>TÍTULO I</p><p>DAS NULIDADES</p><p>(…)</p><p>Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:</p><p>I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;</p><p>Relação entre a Jurisdição e a Competência</p><p>Após investigo no cargo, o magistrado receberá de forma automática o poder-dever de aplicar o Direito vigente</p><p>nos casos concretos que lhe são submetidos.</p><p>Dotado do poder jurisdicional, surgem a regras de fixação de competência, limitando a jurisdição entre justiça</p><p>especial e comum, dentre a justiça comum a subdivisão fica entre justiça estadual e federal.</p><p>Portanto, há uma relação umbilical entre os temas de nossa aula, por essa razão são sempre estudadas em</p><p>conjunto.</p><p>Prontos para os detalhes e regras de cada um dos temas?</p><p>Bora, galera!</p><p>JURISDIÇÃO</p><p>É o poder de julgar um caso concreto, de acordo com o ordenamento jurídico vigente, por meio do devido</p><p>processo legal.</p><p>Quando alguém pratica um crime, nasce o direito de investigar, processar e punir o infrator. E quem possui</p><p>poderes para o processo e execução é o órgão jurisdicional.</p><p>Diante disso temos que entender que Jurisdição é a atuação do Estado consistente na aplicação do Direito</p><p>vigente a um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva.</p><p>O estudo da jurisdição precisa enfrentar temas complexos para que seja corretamente compreendido. A partir</p><p>de agora iremos abordar os seguintes temas sobre Jurisdição:</p><p>- finalidades;</p><p>- características;</p><p>- princípios e;</p><p>- espécies.</p><p>Finalidades da jurisdição</p><p>O exercício do poder jurisdicional faz sentido, em determinada coletividade, se buscar atingir algumas</p><p>finalidades, objetivos.</p><p>Primeiro o juiz é investido</p><p>na Jurisdição</p><p>Na sequência a jurisdição é limitada</p><p>pelas regras de fixação de</p><p>Competência</p><p>Não faria sentido as pessoas abrirem mão do direito de fazer justiça com as próprias mãos, cedendo ao</p><p>monopólio de resolução de conflitos do Estado, se não concordassem com as finalidades que o Estado busca ao</p><p>aplicar o Direito nos casos concretos que chegam até ele.</p><p>São finalidades do exercício da jurisdição:</p><p>Social: buscar a tranquilidade social aplicando o Direito para quem desrespeita as regras da</p><p>sociedade e tornando isso público.</p><p>Jurídica: dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo o sistema jurídico vigente,</p><p>solucionando a controvérsia inicial entre as partes. Importante frisar que a solução do</p><p>conflito precisa ter natureza jurídica, pois estamos vivendo em um Estado de Direito.</p><p>Pedagógica: fazer com que a população se torne cada vez mais consciente das condutas que</p><p>não pode praticar. A ausência de impunidade reforça a vigência e a aplicação das regras</p><p>jurídicas doutrinando a população para evitar comportamentos dolosos e criminosos sob</p><p>pena da aplicação do Direito de maneira coercitiva.</p><p>Política: fortalecer o monopólio estatal de resolução dos conflitos, fazendo com que as</p><p>pessoas confiem na atuação estatal e procurem o Estado quando forem vítimas de crime,</p><p>evitando a vingança privada e as execuções sumárias.</p><p>Características</p><p>Para que a jurisdição seja exercida corretamente, ou seja, sem a prática de atos inexistentes, nulos ou anuláveis,</p><p>deve ser exercida respeitando, de forma cumulativa, todas as características abaixo</p><p>apresentadas:</p><p>✓ Inércia - o princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se movimenta, só presta a</p><p>tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado acioná-lo,</p><p>requerendo que exerça seu poder jurisdicional. Em outras palavras, nenhum magistrado, como regra</p><p>geral, possui poder para utilizar a jurisdição sem ter sido provocado por quem de direito. Essa regra</p><p>serve para proteger a sociedade de abusos e utilização indevida da jurisdição para atender aos interesses</p><p>particulares ou ideológicos do magistrado. Nenhum senso ou busca pela Justiça justifica a quebra a</p><p>inércia jurisdicional.</p><p>Há uma exceção – a concessão de ordem de habeas corpus de ofício, para sanar ilegalidade ou abuso de</p><p>poder de prender.</p><p>✓ Substitutividade - a vontade do Estado-juiz (vontade da lei aplicada no caso concreto) substitui a</p><p>vontade das partes. E a sociedade aceita de forma tácita essa situação pelo simples fato de integrar a</p><p>coletividade. A ordem social estaria em risco de cada um decidisse como resolver os seus problemas e</p><p>executasse as suas conclusões, sem nenhum controle jurídico. Por essa razão, a centralização da solução</p><p>dos conflitos é peça fundamental para a ordem social.</p><p>✓ Definitividade - Em um dado momento, a decisão prestada pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável.</p><p>Se cada decisão judicial comportasse uma gama infinita de recursos, os litígios seriam perpétuos e de</p><p>nada adiantaria levar ao Estado-juiz o caso concreto para ser solucionado. Entretanto, a característica</p><p>da definitividade possui uma exceção.</p><p>Exceção: a ação constitucional de revisão criminal. Para as hipóteses de erro judiciário, ao condenar um</p><p>inocente ou ultrapassar os limites legais da punição justa e proporcional, cabe revisão criminal a</p><p>qualquer tempo, de forma a alterar a sentença condenatória injusta ou desproporcional.</p><p>Princípios</p><p>Pessoal, questão interessante para a sua prova da OAB é perguntar sobre os princípios que regem a jurisdição</p><p>penal.</p><p>Quais seriam eles e qual o seu alcance.</p><p>Vamos estuda-los a partir de agora.</p><p>✓ Investidura</p><p>Para se exercer a jurisdição, deve-se estar investido do Poder jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado,</p><p>ele é quem delega esse Poder aos seus agentes.</p><p>Só possui jurisdição e pode praticar atos jurisdicionais o magistrado que é investido no cargo.</p><p>As formas de investidura são três:</p><p>a) aprovação, nomeação e posse no concurso de ingresso na Magistratura estadual ou federal;</p><p>b) ingresso em segunda instância, no Tribunal de Justiça ou no Tribunal Regional Federal por meio do chamado</p><p>Quinto Constitucional, ou seja, 1/5 dos desembargadores são formados por membros da advocacia e do</p><p>Ministério Público e escolhidos em lista sêxtupla por seu órgão de classe - OAO ou MP -, em seguida o Tribunal</p><p>seleciona 3 nomes da lista e a escolha final fica a cargo do chefe do Poder Executivo;</p><p>c) nomeação pelo Presidente da República e sabatina do Poder Legislativo para ingresso como Ministro do</p><p>Superior Tribunal de Justiça – STJ ou do Supremo Tribunal Federal – STF.</p><p>Após a investidura, o magistrado estará apto a aplicar o Direito ao caso concreto.</p><p>✓ Indelegabilidade</p><p>Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem delegá-lo a terceiros. Algumas situação jurídicas</p><p>admitem a outorga de poderes especiais a terceiros para a prática de determinados atos, como por exemplo a</p><p>vítima outorgando para o advogado contratado por ela poderes especiais para oferecer queixa-crime; ou o</p><p>condenado definitivo outorgando para o seu advogado poderes especiais para interpor revisão criminal.</p><p>Entretanto, o poder-jurisdicional nunca poderá ser delegado, nem mesmo se o magistrado ficar impossibilitado</p><p>de exercê-lo por determinado período. Nesse caso, caberá ao chefe da instituição selecionar um magistrado</p><p>substituto para a atuação jurisdicional.</p><p>A justificativa para essa vedação seria, por via indireta, a violação da garantia do juiz natural.</p><p>✓ Inevitabilidade</p><p>Sobre ser inevitável exercer a jurisdição, nenhum magistrado pode se abster de julgar, nem mesmo diante de</p><p>suas crenças ou consciência. Se lhe foi atribuído um processo, é seu dever proferir uma decisão jurisdicional.</p><p>Em relação às partes, elas ficam vinculadas, obrigatoriamente, aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição).</p><p>Nem mesmo “a lei excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito” (CF, art. 5º, XXXV).</p><p>Entretanto, as partes terão o direito de recusar o magistrado nos casos de suspeição, impedimento e</p><p>incompetência.</p><p>Inafastabilidade</p><p>O processo deve garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa. Não podem as pessoas serem afastadas de</p><p>seu direito de buscar uma solução judicial para o seu problema. A partir do momento que o Estado chamou para</p><p>si o monopólio de resolução de conflitos, não pode afastar o jurisdicionado de seu exercício.</p><p>✓ Juiz natural</p><p>Estabelecimento de regras prévias e abstratas de definição da competência, a fim de se evitar a “escolha” do</p><p>Juiz da causa. É uma garantia muito importante, pois minimiza o direcionamento de decisões escolhendo</p><p>diferentes juízes posteriormente aos casos praticados. Temos dois direitos constitucionais que assim nos</p><p>asseguram esse direito: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, que é</p><p>aquela cujo poder jurisdicional vem fixado em regras predeterminadas (CF, art. 5º, LIII); do mesmo modo, não</p><p>haverá juízo ou tribunal de exceção (CF, art. 5º, XXXVII).</p><p>✓ Territorialidade</p><p>Toda jurisdição possui um limite territorial, no caso, o território brasileiro. Todo Juiz tem jurisdição no território</p><p>nacional. Entretanto, por questão de organização funcional, a competência de cada magistrado é delimitada de</p><p>várias formas que serão estudadas no item Competência, dessa aula.</p><p>Espécies</p><p>✓ Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo órgão que atua no processo desde o início. Já a</p><p>superior é exercida em grau recursal.</p><p>✓ Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no processo penal, é formada pelas 02 “Justiças</p><p>especiais”: Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). Já a jurisdição comum é</p><p>exercida residualmente. Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição comum, que se divide em</p><p>estadual e federal.</p><p>COMPETÊNCIA</p><p>Seria impossível para um único magistrado julgar todas as causas existentes. Para estabelecer regras que tornem</p><p>o exercício da jurisdição viável física e materialmente, a lei distribui a jurisdição por vários órgãos do Poder</p><p>Judiciário. Esses órgãos jurisdicionais somente poderão aplicar o Direito dentro dos limites que lhe foram</p><p>conferidos nessa distribuição. Esses limites são estabelecidos pelas regras de competência.</p><p>Competência em razão da matéria</p><p>Pessoal, esta espécie de regra de fixação de competência leva em consideração a natureza do fato criminoso</p><p>para definir qual a “Justiça” competente.</p><p>O crime eleitoral será processado e julgado pela Justiça Eleitoral.</p><p>Já o crime militar, expresso no Código Penal Militar, será processado e julgado pela Justiça Militar, também</p><p>conhecida como Justiça Castrense.</p><p>Fora da jurisdição especial, resta a Justiça Comum, que se subdivide em Justiça Comum Federal e, se não for</p><p>essa a hipótese, a Justiça Comum Estadual, que surge como subsidiária.</p><p>COMO DESCOBRIR O JUIZ COMPETENTE</p><p>JURISDIÇÃO</p><p>SUPERIOR</p><p>EXERCIDA EM GRAU</p><p>RECURSAL</p><p>INFERIOR</p><p>ÓRGÃO QUE ATUA</p><p>DESDE O INÍCIO</p><p>A possibilidade de existência de foro por prerrogativa de função pode, a depender do caso, afastar estas regras,</p><p>como darei exemplos a seguir.</p><p>1.º Exemplo: Se um Juiz Estadual comete crime federal este será julgado pela pelo Tribunal de Justiça de seu</p><p>Estado, e não pelo Tribunal Regional Federal.</p><p>2.º Exemplo: Se um Juiz Estadual matar sua esposa ele será julgado pelo Tribunal de Justiça de seu Estado e não</p><p>pelo Tribunal do Júri.</p><p>A Lei 13.491/2017 retirou da competência</p><p>do Tribunal do Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida de</p><p>civis praticados por militares das Forças Armadas em situações de verdadeiro “policiamento urbano” (§ 2º, I, II</p><p>e III do artigo 9º do CPM).</p><p>Ex. Forças armadas em policiamento no Rio de Janeiro matam alguns civis em confronto com traficantes. Os</p><p>militares envolvidos serão julgados pela Justiça Militar, e não pelo Tribunal do Júri.</p><p>Competência criminal da Justiça Federal</p><p>Agora vamos falar sobre a competência criminal da Justiça Federal.</p><p>Preste muita atenção, pois esse tema cai muito nos exames e com muita pegadinha!</p><p>Segue a relação de competência, com as exceções! Anote tudo e decore.</p><p>✓ Crimes que afetam bens, serviços ou interesses da União, suas autarquias e empresas públicas. Ressalva-</p><p>se a competência da justiça eleitoral e justiça militar.</p><p>Atenção: Não abrange as sociedades de economia mista.</p><p>1.º Justiça militar ou eleitoral?</p><p>SIM - vai para o juiz competente.</p><p>NÃO - pergunta se é crime federal</p><p>SIM – Justiça Federal</p><p>NÃO – Justiça Estadual</p><p>✓ Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o</p><p>resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;</p><p>✓ Crimes em que haja grave violação de direitos humanos – mesmo se a competência for da Justiça comum</p><p>estadual, o Procurador-Geral da República pode suscitar ao Superior Tribunal de Justiça o deslocamento</p><p>de competência. Eis a legislação a respeito:</p><p>Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:</p><p>§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República,</p><p>com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados</p><p>internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o</p><p>Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de</p><p>deslocamento de competência para a Justiça Federal.</p><p>✓ habeas corpus e mandado de segurança em matéria criminal de sua competência ou quando o</p><p>constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;</p><p>✓ Crimes políticos;</p><p>✓ Crimes relacionados à disputa sobre direitos indígenas.</p><p>Atenção: não abrange as hipótese em que os índios puderem ser individualmente identificados como</p><p>autor ou vítima de delitos comuns. Nesse caso, a competência será da Justiça estadual. Exemplo: um</p><p>índio estupra uma mulher na linha do trem, tarde da noite. A competência será regida pelas normas</p><p>regulares da Justiça estadual, mesmo tendo sido praticado por um índio.</p><p>✓ Crimes ou contravenções cometidos a bordo de navios ou aeronaves – Ressalva-se, apenas, a</p><p>competência da Justiça Militar.</p><p>Atenção: trata-se de uma das duas exceções em que uma contravenção penal é julgada pela Justiça</p><p>Federal.</p><p>✓ Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro;</p><p>✓ Execução de carta rogatória (após o exequatur (cumpra-se) pelo STJ);</p><p>✓ Execução de sentença estrangeira (após a homologação pelo STJ). O Superior Tribunal de Justiça analisa,</p><p>apenas, os aspectos formais dessa decisão estrangeira, sem ingressar no mérito se a decisão foi justa ou</p><p>não;</p><p>✓ Crimes contra o sistema financeiro – Lei 7.492 de 1986;</p><p>✓ Crimes contra a organização do trabalho (arts. 197 a 207 do CP);</p><p>✓ Crimes de contrabando e de descaminho (arts. 334-A e 334 do CP, respectivamente), ainda que</p><p>inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta.</p><p>A regra geral da competência na Justiça Federal é a de que a Justiça Federal não tem competência para julgar</p><p>contravenções penais! Mas sempre existem duas exceções.</p><p>a) as contravenções praticadas pelos detentores de foro na Justiça Federal;</p><p>b) as contravenções praticadas com ofensa a direitos e interesses indígenas.</p><p>Há uma tema que estava abrangido pela competência da Justiça Federal, porém não mais lhe pertence. Hoje</p><p>esses crimes são julgados, como regra, pela Justiça Estadual. Estamos tratando dos crimes ambientais.</p><p>Crimes eleitorais e a cisão da Operação Lava Jato</p><p>O artigo 109, inciso IV, da Constituição diz que a Justiça Federal julga causas de interesse da União, "ressalvada</p><p>a competência da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar".</p><p>E o Código Eleitoral diz, no inciso II do artigo 35, que o juiz eleitoral deve julgar os crimes eleitorais e os "comuns</p><p>que lhe são conexos".</p><p>Com base nessas duas premissas legais, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela separação dos processos que</p><p>estavam sob a competência da Justiça Federal de Curitiba e do Rio de Janeiro e segmentou muitos casos para a</p><p>Justiça Eleitoral, por entender que havia a preponderância da competência especial em detrimento da comum.</p><p>Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal decidiu que processos da Operação Lava Jato que envolvem</p><p>crimes eleitorais, como caixa dois, associados a crimes comuns, como corrupção, devem tramitar na Justiça</p><p>Eleitoral (Inq. n. 4435).</p><p>Competência em razão da pessoa</p><p>A prerrogativa de foro pertence ao cargo, e não à pessoa.</p><p>Pode ocorrer de, em determinados casos, considerando a presença de determinadas autoridades no polo</p><p>passivo (acusados), que essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a chamada</p><p>prerrogativa de função (não utilize “foro privilegiado”).</p><p>Essa regra deixa bem claro que os crimes praticados antes do exercício do cargo ou mandato não garantem aos</p><p>eleitos ou nomeados a prerrogativa de foro pelo fatos delitivos praticados antes dessa data. Apenas para os</p><p>delitos praticados durante a função ou mandato e em razão dele.</p><p>✓ O foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e</p><p>relacionados às funções desempenhadas.</p><p>✓ Após o término da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação</p><p>de alegações finais, a competência não mais se altera pelo fato de o agente deixar de ocupar o cargo,</p><p>seja qual for o motivo (renúncia ao cargo, posse em outro cargo etc.).</p><p>Conflito entre competência de foro por prerrogativa de função e competência do</p><p>tribunal do júri</p><p>Pessoal, o aprendizado aqui reside em aparente dúvida de competência entre dois órgãos jurisdicionais por</p><p>força da prerrogativa de foro ou do Tribunal do Júri. Qual deles será o competente se uma autoridade que possui</p><p>prerrogativa de foro matar dolosamente alguém.</p><p>Existe uma regra muito importante que soluciona essa dúvida. Fique ligado nesse tema.</p><p>✓ Prerrogativa de função prevista na CRFB/88 x Competência do Júri – Prevalece a competência de foro por</p><p>prerrogativa de função, já que as duas regras estão previstas no texto constitucional da Magna Carta.</p><p>✓ Prerrogativa de função não prevista na CF/88 x Competência do Júri – Prevalece a competência do Tribunal</p><p>do Júri, pois apenas essa, nesse caso, está expressa na Constituição da República Federativa do Brasil.</p><p>Súmula 721 do Supremo Tribunal Federal</p><p>A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido</p><p>exclusivamente pela Constituição estadual.</p><p>Competência criminal do STF</p><p>Muito bem, meus amigos, chegou o momento de tratarmos da competência criminal do Supremo Tribunal</p><p>Federal – STF.</p><p>Essa competência por prerrogativa de foro está na Constituição da República Federativa do Brasil.</p><p>Vejamos o conteúdo das disposições legais da competência criminal do STF:</p><p>Supremo Tribunal Federal tem competência para processar e julgar, originariamente, nas infrações penais</p><p>comuns:</p><p>Perda do cargo</p><p>durante o processo</p><p>REGRA</p><p>a competência</p><p>também se desloca</p><p>EXCEÇÃO</p><p>se já foi intimado para</p><p>apresentar alegações finais não</p><p>desloca mais</p><p>1. o Presidente da República;</p><p>2. o Vice-Presidente da República;</p><p>3. os membros do Congresso Nacional (81 senadores e 513 deputados);</p><p>4. os Ministros do Supremo Tribunal Federal (11 Ministros);</p><p>5. o Procurador-Geral da República;</p><p>6. os Ministros de Estado (hoje, mais de 30 pessoas com status de Ministro);</p><p>7. os</p>

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