Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>Introdução à</p><p>Engenharia de</p><p>Segurança do</p><p>Trabalho</p><p>Unidade 1 - História da Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>Sumário</p><p>CLIQUE NO CAPÍTULO PARA SER REDIRECIONADO</p><p>Evolução da engenharia de segurança</p><p>Contextualizando a segurança do trabalho</p><p>Evolução da formação profissional</p><p>Engenharia de Segurança do Trabalho moderna</p><p>Segurança do trabalho no Brasil</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais</p><p>Contexto histórico</p><p>Aspectos econômicos</p><p>Aspectos políticos</p><p>Aspectos sociais</p><p>História do prevencionismo</p><p>Sintetizando a história</p><p>Prevencionismo pré-Revolução Industrial</p><p>Revolução 4.0</p><p>6</p><p>17</p><p>27</p><p>Sumário</p><p>CLIQUE NO CAPÍTULO PARA SER REDIRECIONADO</p><p>Entidades públicas e privadas</p><p>Conceitos legais</p><p>Direitos e deveres prevencionistas</p><p>O papel do serviço especializado em engenharia e medicina</p><p>do trabalho</p><p>Serviço especializado em engenharia e medicina do</p><p>trabalho entidades privadas</p><p>Serviço especializado em engenharia e medicina do</p><p>trabalho entidades públicas</p><p>Terceiro setor</p><p>Referências</p><p>37</p><p>46</p><p>Objetivos Definição</p><p>Explicando Melhor Você Sabia?</p><p>Acesse Resumindo</p><p>Nota Importante</p><p>Saiba Mais Reflita</p><p>Atividades Testando</p><p>Para o início do</p><p>desenvolvimento de uma</p><p>nova competência;</p><p>Se houver necessidade</p><p>de se apresentar um novo</p><p>conceito;</p><p>Algo precisa ser melhor</p><p>explicado ou detalhado;</p><p>Curiosidades indagações</p><p>lúdicas sobre o tema em</p><p>estudo, se form necessarias;</p><p>Se for preciso acesar um</p><p>ou mais sites para fazer</p><p>dowload, assistir videos, ler</p><p>textos, ouvir podcast;</p><p>Quando for preciso se fazer</p><p>um resumo acumulativo</p><p>das últimas abordagens;</p><p>quando forem necessárias</p><p>observações ou</p><p>complementações para o</p><p>seu conhecimento;</p><p>As observações escritas</p><p>tiveram que ser priorizadas</p><p>para você;</p><p>Textos, referências</p><p>bibliográficas e links para</p><p>aprofundamento do seu</p><p>conhecimento;</p><p>Se houver a necessidade</p><p>de chamar a atenção</p><p>sobre algo a ser refletido ou</p><p>discutido sobre;</p><p>Quando alguma atividade</p><p>de autoaprendizagem for</p><p>aplicada;</p><p>Quando o desenvolvimento</p><p>de uma competência for</p><p>concluído e questões forem</p><p>explicadas.</p><p>@faculdadelibano_</p><p>1</p><p>Evolução da</p><p>engenharia de</p><p>segurança</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Capítulo 1</p><p>O direito e sua relação com a</p><p>justiça e a moral</p><p>Objetivos</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de conhecer e analisar o</p><p>contexto histórico da Segurança do Trabalho, as perspectivas para o</p><p>futuro da segurança e saúde do trabalho e compreender o papel da</p><p>Engenharia de Segurança no contexto econômico, político e social.</p><p>Contextualizando a segurança do trabalho</p><p>Querido(a) aluno(a), estamos prestes a iniciar nossa jornada rumo à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho, mas precisamos primeiro estabelecer o que é trabalho.</p><p>Para Sussekind (2002, p. 1), em seu curso de Direito do Trabalho, a definição de trabalho é:</p><p>“toda energia humana, física ou intelectual, empregada com um fim produtivo, constitui</p><p>trabalho”.</p><p>F I G U R A 1</p><p>Carteira de trabalho</p><p>F O N T E</p><p>https://bit.ly/2KAuU30. Acesso em: 16</p><p>dez. 2020.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>Assim, podemos chamar de trabalhadores todos os seres humanos, homens e mulheres</p><p>que exercem uma atividade que tenha por finalidade o seu sustento, estando inseridos</p><p>no mercado de trabalho por meio de uma relação contratual; que pode ser formal,</p><p>quando o trabalhador tem um contrato de trabalho registrado mediante carteira</p><p>de trabalho pela consolidação das leis do trabalho (CLT) ou estatutário, quando seu</p><p>contrato é registrado em uma entidade pública. Esse trabalhador também pode exercer</p><p>seu trabalho nos setores informais, quando não há um contrato de trabalho registrado</p><p>na carteira de trabalho.</p><p>Dessa forma, a relação do homem com o trabalho pode ser encontrada na história da</p><p>humanidade de forma muito marcante em seus acontecimentos e em suas mudanças,</p><p>tanto nas relações sociais entre os homens como na relação do homem com o meio.</p><p>A relação do homem com o meio é um importante registro da evolução da humanidade.</p><p>Por isso, Walter Bazzo analisa o desenvolvimento das relações humanas e afirma que:</p><p>Analisando a história, logo percebemos que ela é de fato permeada</p><p>de significativos desenvolvimentos que marcaram profundamente</p><p>o destino da humanidade. O controle do fogo, a domesticação</p><p>dos animais, a invenção da agricultura, a criação de cidades,</p><p>o desenvolvimento da imprensa ou a construção de um avião</p><p>comercial estão aí para comprovar esta interpretação. (BAZZO, 2006,</p><p>p. 66)</p><p>Na pré-história, o homem apresenta uma relação extrativista com o meio e sua energia é</p><p>consumida no trabalho de retirar do ambiente o fruto de sua sobrevivência. Ele precisava</p><p>ir em busca da caça, do alimento, do abrigo estando exposto a diferentes situações de</p><p>risco e vulnerabilidade. Ainda na pré-história, no período Neolítico, o homem começa a</p><p>busca por PROTEÇÃO, por mais SEGURANÇA em relação ao meio com o qual ele interage.</p><p>Essa busca o leva a desenvolver habilidades em talhar a pedra e posteriormente os</p><p>metais para fabricar suas armas de caça e de proteção. É também nesse momento</p><p>histórico que o homem trabalha na terra, cultivando, domesticando animais e produzindo</p><p>alimentos e se tornam sedentários, formando pequenos grupos familiares com o mesmo</p><p>objetivo (SILVA, 2019).</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>Sendo assim, podemos ver nesse momento que o trabalho para o homem é uma relação</p><p>dele com o meio e com os outros. É pela força do trabalho que o homem constrói suas</p><p>primeiras comunidades. Além disso, a formação da comunidade também foi uma forma</p><p>de gerar mais segurança e conforto. Os homens agora saíam para caçar em bandos</p><p>com as armas confeccionadas por eles enquanto as mulheres e crianças cultivavam a</p><p>terra e cuidavam dos animais (SILVA, 2019).</p><p>Diante disso, o homem não parou nas cavernas e continuou evoluindo, agregando</p><p>conhecimento e aplicando suas descobertas para produzir mais e sentir-se socialmente</p><p>mais seguro. A força vital era a sua maior fonte de energia, até que o homem começou</p><p>a dominar a energia da natureza, primeiro o fogo, depois a água e o vento.</p><p>No estudo do ambiente de trabalho é preciso avaliar os pontos de tensão e os conflitos</p><p>que fazem com que os homens criem novas relações de trabalho. Dessa forma,</p><p>primeiramente analisemos pela ótica do trabalho, partindo da pedra lascada, passando</p><p>pelos metais até o domínio do conhecimento técnico, com a construção de máquinas,</p><p>ainda que rudimentares. Depois, por uma ótica social, partindo de uma sociedade</p><p>caçadora/coletora, passamos para uma sociedade rural até chegarmos em ambientes</p><p>urbanos, com novas relações de produção para obter lucro e consumo capitalista.</p><p>O trabalho realizado atualmente encontra-se dentro de um contexto histórico. Um</p><p>exemplo da evolução das relações de trabalho é compararmos o trabalho de um artesão</p><p>medieval, que nele concentrava- se todo o trabalho de criar, planejar e modificar as</p><p>peças produzidas, com a indústria metalúrgica atual, onde há linha de produção</p><p>F I G U R A 2</p><p>Sociedade pré-histórica</p><p>F O N T E</p><p>Pixabay</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>mecanizada, objetivando a produtividade e a empregabilidade no setor.</p><p>Assim, vemos o homem começar a gerar o contrato de trabalho, pois o trabalho não</p><p>era mais para garantir a sobrevivência, e sim para garantir o salário e o lucro, ou seja, o</p><p>homem trabalha para outro homem e recebe algo em troca (BAZZO, 2006).</p><p>F I G U R A 3</p><p>C o n t r a t o d e</p><p>t r a b a l h o</p><p>F O N T E</p><p>pixabay</p><p>Hipócrates, o pai da medicina, a respeito do envenenamento por chumbo realizados</p><p>no século XV e, séculos depois, em Roma, volta-se a falar sobre envenenamento com</p><p>enxofre, zinco e vapores ácidos.</p><p>Nesses escritos, os autores relatam fatos acontecidos, porém a Engenharia de Segurança</p><p>do Trabalho vai surgir para desenvolver a técnica</p><p>de prevenção com o objetivo de gerar</p><p>maior qualidade de vida aos trabalhadores, e para os empregadores um aumento na</p><p>produtividade e nos resultados positivos em sua gestão organizacional.</p><p>Embora durante séculos os marcos da Segurança do Trabalho, como quando Bernardino</p><p>Ramazzini descreve doenças relacionadas a 50 profissões e por seu trabalho ele é</p><p>considerado o Pai da Medicina do Trabalho (MACEDO, 2012), estejam ligados a ações</p><p>corretivas, a Engenharia de Segurança do Trabalho trabalha para avaliar os riscos</p><p>por meio de métodos qualitativos e quantitativos, de forma que se possa controlar o</p><p>aparecimento de doenças ocupacionais e evitar acidentes.</p><p>Dessa forma, a Engenharia de Segurança tem o apoio dos demais profissionais da</p><p>prevencionista, como o médico do trabalho, que auxilia da gestão de segurança</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>analisando e acompanhando a saúde do trabalhador mediante exames médicos</p><p>ocupacionais (admissional, periódico, retorno ao trabalho ou mudança de função e o</p><p>demissional) que ajudam em diagnósticos precoces.</p><p>Outro aspecto importante que devemos destacar na Engenharia de Segurança do</p><p>Trabalho é a prevenção de acidentes de trabalho, que além de garantir a integridade</p><p>física, mental e social do colaborador, deve ser vista como um bom investimento de</p><p>capital, já que garante a continuidade das operações e redução com os custos do</p><p>acidente.</p><p>Atualmente, podemos destacar a função do engenheiro de segurança do trabalho de</p><p>produzir e manter atualizado o Perfil Profissional Previdenciário (PPP), documento que</p><p>registra as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores da empresa e que é utilizado</p><p>para a análise da rescisão do contrato por desligamento e concessão de benefícios</p><p>por incapacidade, usado durante a perícia realizada pelos médicos do INSS para</p><p>comprovação do nexo causal.</p><p>A Engenharia de Segurança do Trabalho só é hoje uma realidade porque foram necessários</p><p>mais de 100 anos, desde a primeira lei que garantia segurança aos trabalhadores, para</p><p>que a proteção dos trabalhos atingisse a todos os povos. Foi apenas no século XX, depois</p><p>da Primeira Guerra Mundial, quando aconteceu a Conferência da Paz, onde foi criada a</p><p>Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de Saúde (OMS),</p><p>em 1919, com o início das suas operações, impactando o mundo. Em 1958 e 1959, em</p><p>Conferência Internacional do Trabalho, foi estabelecida a Recomendação no 112 para os</p><p>serviços de saúde ocupacional.</p><p>Podemos destacar na gestão da Saúde e Segurança do Trabalho (SST), realizada pela</p><p>Engenharia de Segurança do Trabalho, a atenção às recomendações estabelecidas</p><p>pela OIT em níveis globais e o atendimento às Normas Regulamentadora Nacionais,</p><p>priorizando as práticas organizacionais que proporcionem aos trabalhadores a vivência</p><p>do conceito de saúde estabelecido pelas Organizações Mundiais de Saúde (OMS), que</p><p>estabelece saúde como bem-estar físico mental e social e não apenas ausência de</p><p>sintomas, por meio dos exames ocupacionais.</p><p>Sendo assim, a engenharia de segurança deve estar atenta às condições ergonômicas</p><p>e de conforto ofertadas aos colaboradores, principalmente para os postos de trabalho</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>que exigirem um desgaste psicofisiológico do trabalhador, reduzindo situações que</p><p>levem aos conflitos e ao estresse. Uma boa prática organizacional para reduzir esses</p><p>efeitos é o uso de meritocracia como reconhecimento e qualificação profissional.</p><p>Em um aspecto mais operacional, a Engenharia de Segurança do Trabalho deve priorizar</p><p>as medidas de controle coletivas e organizacionais ou administrativas, utilizando-</p><p>se das medidas individuais como complementadoras no processo de antecipação,</p><p>reconhecimento, avaliação e controle de risco previsto pela NR 9. (BRASIL, 2016)</p><p>Evolução da formação profissional</p><p>Assim como as máquinas e os processos evoluíram, a formação profissional também</p><p>precisou evoluir, saindo do Assistente de Segurança do Trabalho, passando pelo Auxiliar</p><p>de Segurança do Trabalho até chegarmos no Técnico de Segurança do Trabalho e</p><p>Engenheiro de Segurança do Trabalho. Vamos conhecer o conceito de cada um desses</p><p>profissionais.</p><p>• Auxiliar Técnico de Segurança no Trabalho: é o profissional responsável por</p><p>promover a segurança e prevenção de riscos. Ele orienta os funcionários a utilizar os EPIs</p><p>de forma correta, estabelece normas de segurança, informa sobre meios de prevenção</p><p>de acidentes, inspeciona áreas de trabalho a fim de verificar as condições do ambiente</p><p>e verifica equipamentos usados para determinar possíveis fatores de risco. O profissional</p><p>trabalha diretamente com a área de saúde e segurança em empresas (Empregos.com.</p><p>br, 2015).</p><p>• Técnico de Segurança do Trabalho: o profissional de Segurança do Trabalho pode</p><p>atuar em empresas, brigadas de incêndio e instituições públicas e privadas. Sua meta é</p><p>preservar a segurança dos trabalhadores a partir de programas de prevenção, como a</p><p>Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que visa a precaução de acidentes</p><p>e doenças relacionadas ao trabalho (BRASIL, 2017).</p><p>• Engenheiro de Segurança: desenvolve, testa e supervisiona sistemas, processos</p><p>e métodos produtivos, gerencia atividades de segurança no trabalho e do meio</p><p>ambiente, gerencia exposições a fatores ocupacionais de risco à saúde do trabalhador,</p><p>planeja empreendimentos e atividades produtivas e coordena equipes, treinamentos e</p><p>atividades de trabalho (BRASIL, 2017).</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>Se desde os primórdios da sociedade o engenheiro é importante no dia a dia de uma</p><p>sociedade, seja planejando ou executando projetos, também na área de segurança é</p><p>fundamental para a procura de soluções, para a concretização de ideias ou mesmo</p><p>para a administração dos serviços</p><p>necessários à execução da gestão de segurança. Não seria diferente na engenharia</p><p>moderna, que se caracteriza pelo uso de ferramentas de gestão atreladas à aplicação</p><p>de conhecimentos científicos para a solução de problemas (ALVIM, 2006).</p><p>Engenharia de Segurança do Trabalho moderna</p><p>A engenharia de segurança que vemos hoje está inserida em uma nova cultura</p><p>organizacional, que iniciou durante uma reunião em Londres em 1946, onde foi decidido</p><p>pelos vinte e cinco países representantes criar uma organização internacional,</p><p>International Organization for Standardization (ISO), que tem como objetivo facilitar</p><p>a coordenação de normas industriais. Através da ISO foi possível estabelecer como</p><p>gerenciar os negócios ao longo do processo e não por resultados.</p><p>Hoje, podemos dizer que todos os segmentos vêm se preocupando com a Segurança</p><p>e Saúde Ocupacional para reduzir e controlar acidentes de trabalho. As organizações</p><p>querem ainda servir os clientes com produtos de qualidade, garantir a prevenção no</p><p>uso de máquinas e equipamentos e qualquer tipo de erro.</p><p>Junto com a ISO, a norma OHSAS 18001 fortalece o desenvolvimento da política de</p><p>segurança, possibilitando a padronização das regras que devem ser respeitadas por</p><p>todos, acrescentando os terceiros em uma conduta de equidade e postura prevencionista.</p><p>Sendo assim, atualmente, a condução de um Sistema de Gestão da Saúde e Segurança</p><p>Ocupacional é um elemento fundamental da estratégia organizacional.</p><p>A implementação de um Sistema de Gestão Integrada permite à organização proteger</p><p>sua força de trabalho e outras pessoas sob seu controle, cumprir os requisitos legais e</p><p>facilitar o aprimoramento contínuo. A ISO 45001 é um futuro real na área da Segurança</p><p>do Trabalho. É a nova norma internacional para uma Gestão da Saúde e Segurança que</p><p>embora seja semelhante à OHSAS 18001, a nova norma ISO 45001 aproxima a gestão de</p><p>Segurança do Trabalho a um sistema de gestão integrada (SGI). Mas qual a finalidade</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução</p><p>da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>de gerir um Sistema Integrado?</p><p>Depois de verificar o quanto eram custosos os gastos com acidentes e doenças do</p><p>trabalho, as empresas descobriram que investindo na prevenção e no controle de</p><p>perdas, elas reduziriam custos, pois estariam evitando possíveis acidentes e doenças</p><p>ocupacionais e seus custos com afastamento e benefícios, além de garantir uma boa</p><p>reputação com os stakeholders, que reconhecem um ambiente mais seguro como um</p><p>ambiente mais produtivo.</p><p>Segurança do trabalho no Brasil</p><p>A história da Segurança do Trabalho acompanha a Revolução Industrial nos países</p><p>europeus e nos EUA e não seria diferente no Brasil. Porém, como nos demais países</p><p>subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, a Revolução Industrial no Brasil ocorreu de</p><p>forma tardia, por volta de 1930, e não tardou para que o país fosse um dos que registrava</p><p>o maior número de acidentes e mortes no trabalho (MACEDO, 2012).</p><p>Foi apenas após a Constituição Federal de 1988 que a legislação trabalhista começou a</p><p>se adequar, embora desde 1943 existissem leis para reger as relações de trabalho, como</p><p>a Consolidação das Leis trabalhista (CLT), e posteriormente a Lei de Planos de Benefícios</p><p>da Previdência Social. Em 1978 foram aprovadas Normas Regulamentadoras, Capítulo V,</p><p>Título II, da CLT Relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. Em dezembro de 1997 foi</p><p>alterado o Capítulo V da CLT (relativo à Segurança e Medicina do Trabalho) (BARSANO &</p><p>BARBOSA, 2018).</p><p>Hoje são um total de 38 Normas Regulamentadoras e 36 em vigência após as últimas</p><p>revisões ocorridas em 2022, com significativas alterações na NR1 e na NR9, em que altera</p><p>as responsabilidades dos empregados e a revogação da NR2, NR27.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>A legislação brasileira ainda permite que estados e municípios estabeleçam uma</p><p>legislação aplicada à Segurança do Trabalho desde que não alterem a legislação</p><p>Federal (BARSANO & BARBOSA, 2018).</p><p>Consultando o site do ENIT, você encontrará na íntegra todas as normas regulamentadoras</p><p>vigentes, com suas devidas alterações textuais.</p><p>Importante</p><p>O Brasil não é o primeiro país a flexibilizar a legislação aplicada à</p><p>segurança. Outros países buscam essa flexibilização decorrente do</p><p>processo de globalização, mas sem alterar os direitos absolutos relativos</p><p>à segurança e saúde do trabalho.</p><p>F I G U R A 4</p><p>N o r m a s R e g u l a m e n t a d o r a s</p><p>F O N T E</p><p>Elaborada pela autora.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Evolução da engenharia de segurança Capítulo 1</p><p>Resumindo</p><p>Conhecer as raízes, ou seja, a história da origem de determinados temas</p><p>sempre nos enriquece de conhecimentos. E foi o que esta unidade lhe</p><p>proporcionou, através de uma viagem no tempo sobre SST. Vimos que a</p><p>gestão é elemento essencial para a gestão de Segurança do Trabalho.</p><p>Em um contexto global, as relações de trabalho se modificaram frente a</p><p>modificações sofridas no mercado, em destaque o neoliberalismo, com</p><p>uma busca por produtividade e lucro, além da terceirização dos serviços.</p><p>@faculdadelibano_</p><p>2</p><p>Aspectos</p><p>econômicos,</p><p>políticos e sociais</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Capítulo 2</p><p>Aspectos econômicos,</p><p>políticos e sociais</p><p>Objetivos</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de conhecer os aspectos</p><p>econômicos, políticos e sociais que estão envolvidos com os eventos</p><p>históricos do prevencionismo. Como você imagina que viviam as pessoas</p><p>que tiveram que migrar do campo (área rural) para as cidades (área</p><p>urbana)? Como era a distribuição de renda entre a população? E a política?</p><p>Existia direita e esquerda? Como a política afeta o desenvolvimento do</p><p>prevencionismo? Entender os aspectos políticos, sociais e econômicos é</p><p>necessário para entender os surgimentos das leis e dos procedimentos</p><p>de segurança, e é isso que faremos neste capítulo. Vamos viajar juntos</p><p>pelo tempo.</p><p>Contexto histórico</p><p>Como vimos no capítulo anterior, o trabalho existe na história da humanidade</p><p>acompanhando a formação e o desenvolvimento das sociedades e suas relações com</p><p>o meio. Inicialmente, temos uma relação harmônica entre os povos nômades e coletores,</p><p>que depois desenvolveram a capacidade de confeccionar peças de forma artesanal</p><p>até a chegada da Revolução Industrial, na qual nos dedicaremos mais detalhadamente</p><p>no capítulo seguinte. A Revolução Industrial pode servir de marco, onde o conhecimento</p><p>técnico se torna um diferencial nas relações de trabalho (VIERA, 2019).</p><p>As relações de trabalho na idade média foram a responsável pela formação da</p><p>escravidão. “Um homem poderia se tornar escravo como resultado de guerras, de</p><p>condenações penais, do nascimento etc.” (VIERA, 2019, s.p.). E hoje ainda existe trabalho</p><p>escravo ou em condições semelhantes a que era imposta aos escravos? Como você</p><p>definiria essas condições ou as exemplificaria vivenciadas pelos diferentes tipos de</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>escravos desde a história antiga, no Egito, na Grécia, em Roma e até os negros africanos</p><p>escravizados pelos os navegadores europeus?</p><p>Para respondermos questões como essas, vamos conhecer um pouco mais sobre os</p><p>aspectos econômicos, políticos e sociais.</p><p>Aspectos econômicos</p><p>Como descrever os aspectos econômicos que envolvem a relações de trabalho e a</p><p>Segurança do Trabalho? É simples, precisamos analisar as perdas e os custos com os</p><p>afastamentos por acidentes e doenças ocupacionais.</p><p>Mas será que esses valores sempre foram levados em consideração ou podemos</p><p>apontar que quando investir na segurança é mais lucrativo que pagar pelos custos dos</p><p>afastamentos?</p><p>Podemos dividir os aspectos econômicos em dois períodos, o período pré-industrial e</p><p>pós-industrial, por isso é tão importante nos dedicarmos ao estudo da Segurança do</p><p>Trabalho após a Revolução Industrial.</p><p>No período pré-industrial, a morte ou os acidentes nos ambientes de trabalho eram</p><p>comuns devido aos inúmeros perigos enfrentados pelos trabalhadores que eram tratados</p><p>com fatos corriqueiros, sem grande impacto econômico. As políticas econômicas da</p><p>época estavam mais preocupadas com os prejuízos gerados pelas guerras e pelas</p><p>doenças por falta de condições básicas de saúde.</p><p>Mesmo em condições precárias de trabalho, exposição a condições de risco eminente,</p><p>como o trato com animais e epidemias que assolavam as cidades, era vital para a</p><p>economia que o trabalho não parasse, muito menos era possível ter gasto com a</p><p>prevenção dos acidentes ou com a qualidade de vida.</p><p>O período industrial iniciou-se com a produção de teares para a indústria têxtil e a</p><p>máquina a vapor, espalhando-se por toda a Europa, América do Norte e, posteriormente,</p><p>na segunda metade do século XX, nos países da Ásia, África e América do Sul. Porém,</p><p>embora temporalmente separadas, as condições relacionadas à Segurança do Trabalho</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>são muito semelhantes, pois foi apenas após a Revolução Industrial que a Segurança do</p><p>Trabalho ganha inquietação e significado em função do sistema econômico.</p><p>Mas o que mudou na economia após a Revolução Industrial? Por que agora era</p><p>economicamente viável investir em segurança? Como você profissional de Segurança</p><p>do Trabalho explicaria as vantagens de investir em condições mais seguras de trabalho</p><p>e qualidade de vida?</p><p>Essa resposta pode ser dada entendendo que os investimentos feitos pelo poder público</p><p>no processo de industrialização tinham como finalidade tirar os países da condição de</p><p>subdesenvolvimento, que requer além das indústrias uma sociedade com um poder de</p><p>compra, ou seja, o aumento da renda per capita e melhores condições de vida. Uma</p><p>sociedade industrializada que não investe nas condições de trabalho é uma sociedade</p><p>com saldo negativo em relação aos custos com acidentes e doenças do trabalho.</p><p>Quando um trabalhador era afastado do sistema</p><p>de produção, havia uma redução</p><p>na produção da empresa e consequentemente dos lucros, além da paralisação da</p><p>produção pelo tempo que levasse o afastamento do acidentado ou que fosse treinado</p><p>outro para ficar em seu lugar.</p><p>Para o trabalhador, o afastamento também era economicamente prejudicial, pois</p><p>mesmo com as legislações já implementadas, que garantiam o direito à previdência</p><p>social, as indenizações não eram suficientes para manter o padrão de vida.</p><p>Fica claro que obtemos um resultado negativo com os custos dos acidentes e das</p><p>doenças ocupacionais, que superam os benefícios do processo industrializado. Por isso,</p><p>a saúde e a segurança do trabalhador estão ligadas ao triângulo Empresa, Estado e</p><p>Explicando Melhor</p><p>Para entender melhor, vamos assistir a um clássico do cinema “Tempos</p><p>modernos” do autor e diretor Charles Chaplin. No filme podemos observar</p><p>que o trabalhador é quase parte da máquina, parte da engrenagem da</p><p>produção.</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>Trabalhador (BARSANO & BARBOSA,</p><p>2018).</p><p>Atualmente, a comissão tripartite tem</p><p>a função de avaliar e propor medidas</p><p>para implementação da Convenção</p><p>nº 187 da Organização Internacional</p><p>do Trabalho (OIT) no país (PANTELÃO,</p><p>2009).</p><p>Aspectos políticos</p><p>Ao analisar os diversos aspectos que envolvem a segurança do trabalho, percebemos a</p><p>evolução dos valores morais e sociais dentro da cultura organizacional. Grande parte das</p><p>mudanças organizacionais foi impulsionada por pensamentos políticos, atendendo as</p><p>pressões de diversos fatores e agentes sociais, principalmente os aspectos econômicos.</p><p>Não diferente da abordagem econômica capitalista, que em princípio trata o trabalhador</p><p>como a parte do processo produtivo, sem direitos legais trabalhistas ou sociais, após</p><p>a Revolução Industrial, junto com os pensamentos marxistas, o trabalho ganha valor</p><p>político e social, podendo acompanhar os movimentos operários que lutam contra</p><p>a sociedade industrializada capitalista. No entanto, ambos, capitalismo e socialismo,</p><p>falharam na construção de uma política prevencionista e protetiva ao trabalhador.</p><p>Podemos definir tecnicamente o ambiente ocupacional como um local que expõe</p><p>os trabalhadores aos riscos inerentes às suas atividades, como os riscos químicos,</p><p>físicos e biológicos, causadores de acidente e doenças ocupacionais, além daqueles</p><p>relacionados ao ambiente de trabalho que podem induzir ou estimular o aparecimento</p><p>de doenças do trabalho, cabendo ao Estado regulamentar os requisitos legais para</p><p>F I G U R A 5</p><p>Comissão tripartite</p><p>F O N T E</p><p>Elaborada pela autora.</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>garantir aos trabalhadores o direito de exercer suas atividades de forma segura e com</p><p>qualidade de vida.</p><p>A Revolução Francesa era baseada nos ideais de liberdade e igualdade que tinha a</p><p>burguesia e os trabalhadores lutando contra um governo monarquista. O conceito</p><p>de igualdade deveria ser concedido por um político constituinte com representes da</p><p>burguesia e do povo (SILVA, 2019). Foi nesse cenário que aconteceu a criação do conceito</p><p>de direita. Aqueles que defendiam a monarquia sentavam-se à direita da câmara, e os</p><p>que defendiam a burguesia e trabalhadores sentavam-se à esquerda da câmara.</p><p>Atualmente, ainda usamos na política os conceitos de direita e esquerda, mas não mais</p><p>pelo local que se encontram posicionados no plenário, mas pela posição que assumem</p><p>diante da sociedade, a favor ou contra as governantes, sem que necessariamente</p><p>estejam do lado dos direitos dos trabalhadores.</p><p>No Brasil podemos acompanhar os movimentos econômicos, políticos e sociais que</p><p>levaram a um posicionamento político em prol dos direitos dos trabalhadores. Ainda</p><p>no tempo do Brasil Colônia, com a sociedade que aceitava o trabalho escravo com</p><p>naturalidade, com as atividades econômicas concentradas nos engenhos de açúcare</p><p>mineração, assim como o poder político que era orquestrado pelos senhores de engenho</p><p>juntamente com os remanescentes da corte imperial, não havia espaço para uma</p><p>política voltada para a igualdade social e direitos iguais. Mesmo após a abolição, as</p><p>desigualdades sociais se mantiveram, fruto de uma política formada por uma burguesia</p><p>latifundiária.</p><p>A Revolução Industrial no Brasil era estimulada por políticas latifundiárias e uma</p><p>burguesia que entendiam que esse era o caminho para ultrapassar a posição de país</p><p>subdesenvolvido, no qual vemos uma sociedade massacrada pelo mercado, sem</p><p>Reflita</p><p>A pergunta agora é: o estado é capaz de garantir o valor da vida humana?</p><p>Para responder a essa pergunta é preciso analisar os diferentes cenários</p><p>políticos que nos são apresentados no passado e na atualidade.</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>direitos trabalhistas, mesmo já havendo um movimento protecionista na Europa. Vemos</p><p>trabalhadores brasileiros, homens, mulheres e crianças trabalhando em condições</p><p>insalubres e precárias.</p><p>Apenas após a Segunda Guerra Mundial surgem no Brasil leis de proteção ao trabalhador</p><p>no governo de Getúlio Varga (1945), sem muitas portarias regulamentadoras. Após esse</p><p>período, podemos destacar a Portaria nº 3.237/72, que regulamenta a obrigatoriedade</p><p>do SESMT, baseada na Recomendação OIT 112, e a Portaria nº 3.214/78, que instituiu, junto</p><p>ao extinto Ministério do Trabalho e Emprego, as Normas Regulamentadoras.</p><p>Até a Constituição Federal de 1988, as empresas encontravam dificuldades em</p><p>implementar as ações que atendessem aos requisitos legais constituintes das NRs,</p><p>assim como o governo em fiscalizar. Na década de 1990, temos a publicação da Portaria</p><p>MTE 02/92, constituindo um sistema tripartite constituído por cinco representantes do</p><p>governo, cinco dos empregadores e cinco dos empregados, incluindo a participação</p><p>dos poderes políticos representados pelo Ministério da Saúde, Previdência e Assistência</p><p>Social.</p><p>Foram longos anos até chegarmos nas últimas atualizações propostas pelas forças</p><p>políticas atuais que propuseram fortes mudanças nos direitos trabalhista e previdenciário,</p><p>incluindo alterações textuais e revogação de algumas NRs. Isso muito se deve à existência</p><p>de forças políticas conservadoras, muito influenciadas pelos efeitos econômicos e seus</p><p>representantes.</p><p>Aspectos sociais</p><p>Os estudos socioeconômicos nos mostram que a Revolução Industrial gerou mais que</p><p>uma sociedade mecanizada, mas também abriu novas fontes de trabalho, emprego</p><p>melhorias e soluções tecnológicas. Mas como toda mudança, ela também apresenta</p><p>aspectos negativos em relação à industrialização que envolve problemas sociais.</p><p>Isso porque os trabalhadores muitas vezes eram tratados piores que escravos, já que os</p><p>escravos tinham seus senhores para comercializá-los e, por isso, tinham valor monetário.</p><p>Já o trabalhador custava pouco e poderia ser facilmente trocado por um mais acessível</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>economicamente. Não era socialmente e muito menos economicamente viável cultivar</p><p>políticas prevencionistas.</p><p>Vemos então que o trabalho tinha suas regras estabelecidas pelo empregador, que</p><p>se beneficiava da lei da oferta e da procura para modificar as regras dos contratos de</p><p>trabalho. Por isso, foi preciso o posicionamento político do Estado para estabelecer regras</p><p>às condições de trabalho, mas que ainda não preconizava um visão de segurança no</p><p>trabalho e sim uma ordem econômica e social (MATOS & MASCULO, 2011).</p><p>Podemos destacar diversos aspectos encontrados no ambiente de trabalho que</p><p>impactavam diretamente na saúde e segurança e também no ambiente e suas</p><p>relações sociais como: falta de saneamento básico, ausência de higiene e organização,</p><p>inexistência de proteção jurídica do trabalhador e degradação ambiental (MORAES,</p><p>2009).</p><p>As pressões sociais levaram a manifestações públicas contra o trabalho</p><p>desumano,</p><p>levando ao surgimento da Lei de Prevenção da Saúde e da Moral (1802), que estabelecia</p><p>a proteção dos trabalhadores, porém não teve efeitos práticos por falta de instrumentos</p><p>para a sua aplicação efetiva. A legislação limitava a um máximo de doze horas de</p><p>Reflita</p><p>Supondo que um homem vivesse cerca de 50 a 60 anos na primeira</p><p>Revolução Industrial. Se ele trabalhasse dos 15 aos 50 anos seriam 35</p><p>anos de trabalho, considerando que crianças e idosos apresentam</p><p>produtividade negativa, seriam 35 anos de vida produtiva. Agora,</p><p>considere que essa mesma pessoa sofresse um acidente e ficasse</p><p>incapacitado aos 30 anos de idade, seriam menos 15 anos de produção.</p><p>Sem contar os acidentes que levavam a morte. Então eu te pergunto,</p><p>quanto vale a vida humana? Não muito diferente do cenário atual, valia</p><p>o quanto podia produzir, portanto era aceitável o trabalho infantil nas</p><p>fábricas. Atualmente não existente em termos oficiais, mas ainda sendo</p><p>combatido tanto para o cumprimento dos dispositivos legais como por</p><p>uma parte da sociedade.</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>trabalho diário e proibia o trabalho noturno, a limpeza das paredes e a ventilação dos</p><p>dormitórios, mas não estabelecia restrições quanto à idade mínima de admissão. Ou</p><p>seja, a política prevencionista vem atrelada aos valores morais da sociedade. O direito</p><p>do trabalho foi gradativamente estabelecendo critérios de segurança no trabalho,</p><p>passando a viver com outras normas, muitas delas de origem sindicalistas, como a</p><p>proteção ao desemprego e negociaçõe s coletivas.</p><p>Aquele que é considerado um marco na legislação prevencionista da era industrial “Lei</p><p>da fábrica” (FACTORY ACT, 1833), proibia o trabalho noturno aos menores de 18 anos; as</p><p>fábricas deveriam ter escolas, que deveriam ser frequentadas por todos os trabalhadores</p><p>menores de 13 anos; a idade mínima para o trabalho era de 9 anos e um médico deveria</p><p>atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondia a sua idade cronológica,</p><p>além de definir uma jornada de trabalho diária de 12 horas. A lei foi ainda ampliada em</p><p>1867, estipulando a proteção de máquinas e controle de poeiras nocivas. A inspeção</p><p>médica nas fábricas iniciou em 1897, com a adoção de leis de compensação (MATOS &</p><p>MASCULO, 2011).</p><p>No século XX vemos um movimento globalizado na busca de unificar conceito relativos</p><p>à responsabilidade social e segurança. A criação da OIT teve um papel relevante contra</p><p>as questões do trabalho, tanto no âmbito humanitário, lutando contra as situações</p><p>injustas e degradantes de trabalho, quanto econômicas e políticas.</p><p>Assim como os demais países que tiveram uma Revolução Industrial mais tardia, o Brasil</p><p>ainda esbarra em fatores sociais, políticos e econômicos que limitam a aplicação e o</p><p>cumprimento das exigências legais e políticas do prevencionismo. Como consequência,</p><p>a sociedade ainda se faz valer dos seus direitos trabalhistas por vias civis e criminais</p><p>mediante ações judiciais.</p><p>Introdução à Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos econômicos, políticos e sociais Capítulo 2</p><p>Resumindo</p><p>Quando se contextualiza a Segurança do Trabalho, não podemos</p><p>apenas abordar os aspectos físicos do trabalhador, pois envolvem</p><p>também aspectos econômicos, políticos e sociais, como vimos neste</p><p>capítulo. As legislações trabalhistas precisam garantir a segurança física</p><p>do trabalhador, evitando os acometimentos de acidentes e doenças</p><p>ocupacionais e combater o desemprego e as desigualdades sociais.</p><p>Não somente é uma forma de garantir direitos para o trabalhador e sua</p><p>família, mas também seu papel na sociedade, não podendo ser tratado</p><p>como produtos descartáveis, valendo-se da lei da oferta e da procura.</p><p>Além disso, ainda podemos citar inúmeros aspectos econômicos</p><p>envolvidos na mão de obra como um todo. As questões econômicas, de</p><p>certa forma, impulsionaram o avanço protecionista no intuito de reduzir</p><p>os custos com acidentes e doenças ocupacionais.</p><p>@faculdadelibano_</p><p>3</p><p>História do</p><p>prevencionismo</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Capítulo 3</p><p>História do prevencionismo</p><p>Objetivos</p><p>Ao término deste capítulo você conhecerá alguns marcos importantes</p><p>da caminhada prevencionista, mostrando sua relevância econômica,</p><p>política e social até chegarmos ao século XX com suas modernidades</p><p>na revolução 4.0.</p><p>Sintetizando a história</p><p>A história prevencionista pode ser descrita como envolvente e reveladora, que nos motiva</p><p>cada vez mais conhecer e entender os processos que envolvem um contexto histórico</p><p>e social, principalmente quando evidenciamos saltos que envolvem os conhecimentos</p><p>técnicos científicos e transformações tecnológicas inovadoras.</p><p>O advento das máquinas foi apenas o primeiro marco dessa longa jornada. Depois</p><p>da primeira Revolução Industrial, tivemos ainda o descobrimento do poder energético</p><p>dos combustíveis fósseis, o surgimento dos bancos e processadores de dados até a</p><p>incrível habilidade de transformar uma imagem digital em produtos 3D, que atrelados à</p><p>inteligência artificial proporcionam ao mundo um avanço nas relações do homem com</p><p>o meio.</p><p>O vice-presidente da CNI, Paulo Afonso Ferreira, afirma em seu artigo para a agência de</p><p>notícias CNI, no portal da indústria, que o Brasil precisa estar preparado para enfrentar</p><p>os avanços tecnológicos, e destaca a evolução das máquinas e os impactos na</p><p>humanidade:</p><p>Por muito tempo temia-se o avanço tecnológico e não tínhamos a noção de onde</p><p>poderíamos chegar. Falava-se em substituir o homem pela máquina, mas o que podemos</p><p>perceber é que houve uma integração entre eles. O maior patrimônio das empresas é</p><p>seu capital intelectual e de seus colaboradores. O ser humano, principalmente dotado</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>de conhecimento, será sempre necessário na concepção de produtos, serviços e na</p><p>interface com a máquina. (FERREIRA, 2017, on-line)</p><p>Como antecipar, reconhecer avaliar e prevenir os novos riscos presentes nos ambientes</p><p>de trabalho transformados pelas as inovações tecnológicas? Esse é o grande desafio do</p><p>profissional prevencionista no mercado atual. Há uma necessidade em desenvolver novas</p><p>habilidades e competências para adequar os novos postos de trabalho, automatizados,</p><p>conectados, globalizados sem abrir mão da humanização desses setores.</p><p>F I G U R A 6</p><p>Globalização</p><p>tecnológica</p><p>F O N T E</p><p>pixabay</p><p>Reflita</p><p>A NR 24 trata das condições sanitárias e do conforto nos locais de</p><p>trabalho, estabelecendo condições mínimas de higiene e conforto no</p><p>ambiente ocupacional. Logo no item</p><p>24.2.1 é estabelecido que as instalações sanitárias devem ser dotadas</p><p>de lavatórios (local para lavar as mãos e fazer assepsia). Com a</p><p>tecnologia, esse lavatório atualmente pode ser dotado de torneiras com</p><p>acionamento automático e secadores com sensores de presença e</p><p>secagem por circuito de ventilação de ar. Todo esse sistema evitaria</p><p>a contaminação dos colaboradores ao tocar nos dispositivos de</p><p>acionamento dos lavatórios e secadores. Vejam como a tecnologia</p><p>pode ser positiva para o prevencionismo. E você? Como você adequaria</p><p>a NR24 aos avanços tecnológicos em prol do prevencionismo?</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>Agora que já exercitamos nossas habilidades e competências na gestão de SST, vamos</p><p>embarcar no conhecimento dos marcos históricos que separamos para vocês antes,</p><p>durante e depois da Revolução Industrial até chegarmos aos dias de hoje.</p><p>Prevencionismo pré-Revolução Industrial</p><p>Assim como a história do trabalho está diretamente ligada à história do homem, o mesmo</p><p>podemos dizer que os acidentes de trabalho fazem para da humanidade, assim como</p><p>as doenças ocupacionais fazem parte da história do trabalho e consequentemente do</p><p>homem.</p><p>Ao longo da história o trabalho, o causador de acidentes tem sido como o trabalho</p><p>dos escravos, que era exigido o exercício até a exaustão na construção</p><p>de cidades e</p><p>monumentos, greco-romanos ou os antigos artesãos medievais, que tinham suas mãos</p><p>lesionadas na confecção e modelagem de peças. Nesse mesmo período, podemos</p><p>pontuar o registro em papiros egípcios e greco-romanos a ocorrências de doenças</p><p>ocupacionais, algumas ligadas aos agentes químicos e trabalhos manuais e as</p><p>tentativas de preveni-las.</p><p>Os avanços nos conhecimentos científicos à aplicação de técnicas não ocorreram em</p><p>um único momento, muitos desses avanços estão ligados a filósofos e pensadores.</p><p>Alguns marcos que podemos destacar são os escritos de Hipócrates, Aristóteles e</p><p>Platão, referindo- se a trabalhadores das minas de estanho, doenças de corredores</p><p>e deformações do esqueleto em certas profissões, respectivamente. Chumbo, zinco e</p><p>F I G U R A 7</p><p>Doenças</p><p>ocupacionais</p><p>F O N T E</p><p>pixabay</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>mercúrio eram alguns dos elementos tóxico presente nas minas e causador de doenças</p><p>ocupacionais.</p><p>Seus conhecimentos científicos também eram usados para solucionar problemas com</p><p>os artefatos produzidos, baseados em seu funcionamento, fenômenos físicos e químicos</p><p>até chegarmos à construção de máquinas que aplicavam todo esse conhecimento</p><p>adquirido para otimização dos recursos e do meio.</p><p>No entanto, não vemos o prevencionismo seguir a mesma linha temporal na história,</p><p>considerando a higiene e segurança ocupacional um estudo recente, levando a acreditar</p><p>que o prevencionismo tomou importância na era moderna, apenas no período pós-</p><p>Revolução Industrial.</p><p>A idade média chega e a ausência prevencionista na sociedade europeia no período</p><p>pré-revolução, que estava mais preocupada com as perdas e mortes ocorridas em</p><p>função de guerras e epidemias, também. O fato é que os trabalhadores das minas</p><p>continuaram morrendo por intoxicação ou que os operadores da imprensa sofreram</p><p>lesões ou perda total dos membros nas prensas não era um assunto relevante.</p><p>Você Sabia?</p><p>O prevencionismo aparece nos escritos do filósofo Galeno no século II,</p><p>fazendo menções de contaminação por substâncias tóxicas presentes</p><p>nas minas e recomenda o uso de máscaras de bexigas.</p><p>Você Sabia?</p><p>O chapeleiro louco de Alice no País das Maravilhas era exposto ao</p><p>mercúrio durante a confecção de feltro, que resultava na instabilidade</p><p>emocional e irritabilidade (SILVEIRA; VENTURA; PINHEIRO, 2004).</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>A idade moderna é marcada por importantes acontecimentos históricos, com a queda</p><p>da Bastilha e a Revolução Francesa, mas na história prevencionista ela se destaca pela</p><p>obra de Bernadino Ramazzini, que em seu livro De Morbis Artificum Diatriba descreve os</p><p>agravos à saúde do trabalhador, sendo o primeiro a descrever detalhadamente sobre</p><p>doenças ocupacionais. O destaque para esse estudo era a forma que o autor usou para</p><p>coletar seus dados clínicos, perguntando a cada paciente: “Qual seu trabalho?”, o que</p><p>lhe possibilitou medidas preventivas (MACEDO, 2012).</p><p>Mas afinal, o que leva os empregados e empregadores a se importarem efetivamente</p><p>com a saúde e segurança no trabalho? Isso nós iremos descobrir estudando os eventos</p><p>que ocorreram após a Revolução Industrial.</p><p>Prevencionismo pós-Revolução Industrial</p><p>Historicamente podemos definir que a Revolução Industrial ocorre no século XVIII, na</p><p>Europa e depois segue para a América do Norte. Como marco histórico, podem destacar</p><p>a invenção da máquina a vapor (1784), que trouxe um grande aumento da produtividade</p><p>e ampliando o consumo de bens. Porém, não apenas benefícios foram gerados pela</p><p>revolução, mas também um grande custo para os trabalhadores, principalmente os</p><p>acidentes causados pela falta de treinamentos e proteção para as máquinas, agora</p><p>tão importantes para o processo produtivo, e que muitas vezes levavam à morte.</p><p>Quando não era o óbito o produto do ambiente de trabalho insalubre, era a perda da</p><p>audição devido aos elevados níveis de ruído, sem contar os problemas de saúde pública</p><p>gerada pela má condição de higiene nos ambientes.</p><p>Respondendo à pergunta do item anterior: mas afinal, o que leva os empregados e</p><p>empregadores a se importarem efetivamente com a saúde e segurança no trabalho?</p><p>A chegada das máquinas torna mais visível a até então distorcida linha que separava</p><p>as classes sociais, de um lado os trabalhadores, pobres e de outro os empregadores,</p><p>ricos. Para o pobre, a máquina é um competidor de sua força de trabalho, enquanto que</p><p>para os ricos ela era a fonte de mais lucro e menos gastos. A falta de uma legislação</p><p>protecionista e o aumento da concentração populacional urbana gerou uma pressão</p><p>social que obrigou políticos e legisladores, primeiramente na Inglaterra, com a lei de</p><p>“saúde Moral dos aprendizes” e depois em outros países europeus introduzirem normas</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>jurídicas, com a lei que protegiam os acidentados e seus dependentes criados na</p><p>Alemanha em 1884.</p><p>À medida que as fábricas ganhavam novas proporções, o acometimento de doenças</p><p>ocupacionais e não ocupacionais cresciam, até que em 1832 John Marshall contratou o</p><p>primeiro médico a atuar em suas fábricas. Logo após, em 1833, foi decretado o Factory</p><p>Act, considerada a primeira legislação abrangendo as condições de trabalho nas</p><p>fábricas. Somente em 1844 é que foram acrescentados os itens referentes às proteções</p><p>com máquinas e o registro de acidentes (MORAES, 2009).</p><p>Com o surgimento de novos pensamentos, os chamados pensamentos liberais, faz</p><p>aparecer novos estudos que incluíam a Ciência Social (1833) e Higiene Social (1838),</p><p>que estimulam a ampliação legal da Segurança do Trabalho e proporcionam as</p><p>modificações em leis já existentes, como a proteção para máquinas e a ventilação</p><p>mecânica para controlar a poeira dos ambientes.</p><p>No Brasil, a grande frequência de acidentes acompanhada pelas doenças ocupacionais,</p><p>ainda subnotificadas, é mais alta do que em outros países, principalmente quando</p><p>comparado com os países europeus (FILGUEIRAS, 2017). Levando em conta que o</p><p>processo industrial no Brasil iniciou tardiamente, quando os países europeus já adotavam</p><p>medidas prevencionista, era de se esperar que o Brasil já despontasse para os avanços</p><p>Reflita</p><p>Você consegue relacionar o prevencionismo com os conhecimentos</p><p>científicos? Pois é assim que podemos entender o surgimento das</p><p>leis que irão criar uma cultura prevencionista. Elas surgem a partir de</p><p>uma pressão social acompanhada pela evolução do conhecimento.</p><p>No momento que o homem é pressionado, seja por condições de</p><p>trabalho sub-humanas, no caso dos pobres, ou por cobranças da</p><p>sociedade, no caso dos ricos, o homem se vê necessitado de buscar</p><p>novos conhecimentos, esse conhecimento proporciona o surgimento</p><p>de pensamentos prevencionistas que se materializam nas leis e</p><p>posteriormente na constitucionalização desses direitos e deveres.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>industriais prevencionistas, mas como podemos ver, isso não aconteceu, como ainda</p><p>não acontece.</p><p>Embora as transformações europeias tenham influenciado o direito trabalhista, junto com</p><p>a entrada na Organização Internacional do Trabalho (1919), foi apenas após a Segunda</p><p>Guerra que as primeiras leis de proteção ao trabalhador surgiram. Os fatos marcantes</p><p>foram a Consolidação das Leis Trabalhista (CLT, 1943), a criação da Associação Brasileira</p><p>de Prevenção de Acidentes (ABPA, 1945), a Fundacentro (1966), a obrigatoriedade dos</p><p>Serviços Médicos e de Higiene e Segurança do Trabalho (1972) e a publicação das</p><p>primeiras Normas Regulamentadoras (1978) (MATOS & MASCULO, 2011).</p><p>Revolução 4.0</p><p>Acompanhe o infográfico e descubra as principais características das Revoluções</p><p>industriais ocorridas desde da primeira revolução no século XVIII até a Revolução 4.0, no</p><p>século XXI.</p><p>A revolução 4.0 é um movimento de desenvolvimento, que está transformando</p><p>os</p><p>processos industriais tradicionais nos apresentando a indústria do futuro, a qual é de</p><p>F I G U R A 8</p><p>E v o l u ç ã o d a i n d ú s t r i a</p><p>F O N T E</p><p>Elaborada pela autora.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>extrema importância a sua discussão, para que possamos nos adaptar a essa nova</p><p>onda.</p><p>A indústria 4.0 é o um conceito de “fábricas inteligentes” que desenvolvem estratégias</p><p>que permitam alinhar as novas tecnologias aos meios de produção. O conceito da</p><p>Indústria 4.0 está baseado no uso de tecnologia e automação que podem permitir</p><p>máquinas a se adaptarem às mudanças nas etapas de produção, tornando cada</p><p>etapa independente através de sistemas cibernéticos.</p><p>Você deve estar se perguntando, qual a relação com a história do prevencionismo? Na</p><p>revolução 1.0, foi preciso estabelecer os critérios de saúde e segurança nas indústrias; na</p><p>revolução 2.0, o prevencionismo aparece voltado para ações globalizadas para atender</p><p>às instituições internacionais OIT e ONU; na revolução 3.0, as ações prevencionistas se</p><p>voltam para incorporação do cuidado com o meio ambiente por meio das políticas de</p><p>SMS e desenvolvimento sustentável. E na Revolução 4.0?</p><p>São os novos capítulos que deveremos escrever para adequar as mudanças nas</p><p>relações de trabalho geradas pela Revolução 4.0. Haverá mudanças acompanhadas</p><p>pordesemprego e queda dos salários em função da substituição e extinção de</p><p>alguns cargos nas indústrias, mas também haverá a criação de novas empresas e</p><p>novas indústrias, porém com um número reduzido de novos empregos, que surgiram</p><p>principalmente para atender a demanda de criatividade e desenvolvimento de novas</p><p>ideias.</p><p>Torna-se então indispensável, para entrar na concorrência das inovações, as empresas</p><p>entrarem em modelos de gestão que auxiliem a tomada de decisão e as estratégias de</p><p>negócio, adotando medidas proativas em sua gestão de saúde e segurança que se inicia</p><p>no processo de seleção e contratação de profissionais que demonstrem habilidades</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>História do prevencionismo Capítulo 3</p><p>Resumindo</p><p>Quando se contextualiza a Segurança do Trabalho, não podemos</p><p>apenas abordar os aspectos físicos do trabalhador, pois envolvem</p><p>também aspectos econômicos, políticos e sociais, como vimos neste</p><p>capítulo. As legislações trabalhistas precisam garantir a segurança física</p><p>do trabalhador, evitando os acometimentos de acidentes e doenças</p><p>ocupacionais e combater o desemprego e as desigualdades sociais.</p><p>Não somente é uma forma de garantir direitos para o trabalhador e sua</p><p>família, mas também seu papel na sociedade, não podendo ser tratado</p><p>como produtos descartáveis, valendo-se da lei da oferta e da procura.</p><p>Além disso, ainda podemos citar inúmeros aspectos econômicos</p><p>envolvidos na mão de obra como um todo. As questões econômicas, de</p><p>certa forma, impulsionaram o avanço protecionista no intuito de reduzir</p><p>os custos com acidentes e doenças ocupacionais.</p><p>@faculdadelibano_</p><p>4</p><p>Entidades públicas</p><p>e privadas</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Capítulo 4</p><p>Entidades públicas e</p><p>privadas</p><p>Objetivos</p><p>Ao término deste capítulo você conhecerá o conceito de entidades</p><p>públicas e privadas e os aspectos relevantes sobre a Saúde e Segurança</p><p>do Trabalho, em especial sobre o SESMT.</p><p>Conceitos legais</p><p>Atualmente, a prevenção de acidentes de doenças do trabalho está presente em</p><p>diferentes setores de trabalho, com inúmeras leis criadas para garantir as condições</p><p>de higiene, e segurança do trabalho. Vários setores estão envolvidos no processo de</p><p>prevencionismo, todos com o objetivo de garantir e gerar melhorias nas condições de</p><p>trabalho no Brasil. Como é a aplicação dessas leis pelas entidades públicas e privadas?</p><p>Existem diferenças no âmbito legal? E a administração e fiscalização dessas entidades?</p><p>Para responder a essas perguntas, é preciso estabelecer os conceitos de entidades</p><p>públicas e privadas. Hely Lopes Meireles explica que Entidade é a pessoa jurídica, pública</p><p>ou privada. As entidades são classificadas em estatais, autárquicas, fundacionais e</p><p>paraestatais, que podem atuar em vários setores, inclusive com entidades prevencionista</p><p>(MAFRA, 2005).</p><p>As entidades estatais e entidades autárquicas são pessoas jurídicas de direito público. As</p><p>entidades fundacionais são pessoas jurídicas de direito público ou privado. As entidades</p><p>fundacionais particulares podem ser criadas por autorização legal, enquanto que as</p><p>fundações públicas são criadas por lei. As entidades empresariais são pessoas jurídicas</p><p>de direito privado, sob a forma de economia mista ou empresas públicas. As entidades</p><p>paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado, são os conhecidos sistemas</p><p>autônomos (SESI, SENAC, SENAI).</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Entidades públicas e privadas Capítulo 4</p><p>Vamos primeiro tratar dos deveres constituídos às atividades empregadoras, assim</p><p>como seus direitos, conforme o estabelecido à legislação do trabalho. Por fim, meramente</p><p>didático, abordaremos em uma segunda parte os direitos e deveres dos empregados.</p><p>Direitos e deveres prevencionistas</p><p>As entidades públicas e privadas, segundo a lei trabalhista vigente em nosso país,</p><p>apresentam direitos e deveres para a segurança e da medicina do trabalho, destacando:</p><p>Art. . 154 - A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capitulo,</p><p>não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à</p><p>matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados</p><p>ou Municípios em que se situem os respectivos estabelecimentos, bem como daquelas</p><p>oriundas de convenções coletivas de trabalho.</p><p>Art. 155 - Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança</p><p>e medicina do trabalho:</p><p>I - estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos preceitos</p><p>deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200;</p><p>II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais atividades</p><p>relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o território nacional,</p><p>inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho;</p><p>III - conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de ofício, das decisões</p><p>proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de segurança e medicina</p><p>do trabalho.</p><p>Art. 156 - Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos limites de</p><p>sua jurisdição:</p><p>I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina do</p><p>trabalho;</p><p>II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste</p><p>Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se façam</p><p>necessárias;</p><p>III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes deste</p><p>Capítulo, nos termos do art. 201.</p><p>Art. 157 - Cabe às empresas:</p><p>I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Entidades públicas e privadas Capítulo 4</p><p>II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar</p><p>no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;</p><p>III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;</p><p>IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. Art. 158 - Cabe aos</p><p>empregados:</p><p>I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de</p><p>que trata o item II do artigo anterior;</p><p>Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo. Parágrafo</p><p>único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:</p><p>a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do</p><p>artigo anterior;</p><p>b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.</p><p>Art. 159 - Mediante convênio autorizado pelo Ministro do Trabalho, poderão ser delegadas</p><p>a outros órgãos</p><p>federais, estaduais ou municipais atribuições de fiscalização ou</p><p>orientação às empresas quanto ao cumprimento das disposições constantes deste</p><p>Capítulo.</p><p>As entidades públicas e privadas devem assegurar aos trabalhadores o direito à igualdade</p><p>no acesso ao emprego, no trabalho e na formação profissional, direito à igualdade e</p><p>não discriminação, condições de trabalho, proibição de discriminação e assédio, além</p><p>da aplicação dos instrumentos de regulamentação coletiva e regulamentos internos.</p><p>O papel do serviço especializado em engenharia e medicina do</p><p>trabalho (SESMT)</p><p>Apesar de existir hoje no Brasil uma legislação prevencionista, que sofre atualizações e</p><p>adequações às mudanças nas relações de trabalho, veremos a importância do SESMT</p><p>e de sua constante busca pela melhoria das condições de saúde e segurança no</p><p>ambiente de trabalho.</p><p>Aqui destacamos a relação tripartite, governo, empresa e empregador que apesar</p><p>de investirem na saúde e segurança do trabalho os trabalhadores ainda sofrem com</p><p>as consequências da exposição aos agentes de riscos ocupacionais em ambientes</p><p>laborais, assim como as condições inseguras que ainda são responsáveis por acidentes</p><p>no trabalho.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Entidades públicas e privadas Capítulo 4</p><p>Não podemos ignorar as novas tecnologias e novas atividades- profissões que surgem</p><p>continuamente e com elas condições de trabalho diferenciadas, porém não menos</p><p>causadoras de doenças ocupacionais, como o estresse ocupacional, a síndrome de</p><p>Bornout, os Distúrbios Osteomolecular Relacionadas ao Trabalho (DORTs).</p><p>Para que os trabalhadores possam atuar em seu ambiente de trabalho que atenda</p><p>às condições de saúde e segurança do trabalho, é necessário um constante processo</p><p>de formação e informação acerca de direitos e deveres para evitar a falta de saúde e</p><p>segurança em detrimento do lucro.</p><p>Explicando Melhor</p><p>Um motorista está direcionando sua carga por uma rodovia pública</p><p>até seu destino, quando durante o trajeto ele nota que os comandos</p><p>de frenagem não estão funcionando com 100% de sua capacidade.</p><p>Nesse caso dizemos que o motorista está em uma condição insegura</p><p>- situações presentes no ambiente de trabalho e que colocavam em</p><p>risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas, são defeitos, falhas,</p><p>irregularidades técnicas e falta de recursos de segurança. Acontece sem</p><p>a interferência do trabalhador, pois ele está vulnerável a essas condições</p><p>– mesmo que ele chegue ao destino sem que ocorra um acidente.</p><p>As condições inseguras podem ser agravadas por atos inseguros –</p><p>relacionados à falha humana – caso o motorista tenha ingerido bebida</p><p>alcoólica ou faça uma ultrapassagem em local proibido, por exemplo.</p><p>Você Sabia?</p><p>A NR04 determina a obrigatoriedade da implantação do SESMT em</p><p>que não abrange a proteção de agentes públicos que atuam em uma</p><p>relação de trabalho não celetista, ficando esses susceptíveis à falta de</p><p>comprometimento do Estado em adotar políticas de saúde e segurança.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Entidades públicas e privadas Capítulo 4</p><p>Nossa legislação trabalhista é compostas de leis referentes à proteção à saúde do</p><p>trabalho em esfera Federal, Estadual, Distrital e Municipal, não ficando as entidades</p><p>desobrigadas ao cumprimento destas em detrimento a outras, entre elas podemos</p><p>destacar a Constituição Federal, o Código Penal Brasileiro, a CLT, o Estatuto dos Servidores</p><p>Públicos e a Portaria 3.214/78, que regulamenta as NRs, que entre outros requisitos legais</p><p>estabelece que os empregadores implementem o SESMT estando este submetido às</p><p>ordens da empresa e à fiscalização da Secretaria do Trabalho (extinto MTE). A normativa</p><p>especifica em seu item 4.1:</p><p>As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e</p><p>dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação</p><p>das Leis do Trabalho - CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em</p><p>Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a</p><p>saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. (BRASIL, 2016)</p><p>Porém, a norma não estabelece que a implementação e manutenção do SESMT</p><p>sejam apenas para empresas que possuem contrato de trabalho no que rege a CLT,</p><p>desobrigando assim, de forma equivocada, a implementação do SESMT nos órgãos</p><p>públicos da administração direta e indireta, e poderes Legislativo e Judiciário ficam</p><p>desobrigados. Outra questão que fragiliza a implementação do SESMT é a terceirização</p><p>permitida.</p><p>Esse tendencioso pensamento por parte do Estado aumenta a importância do SESMT</p><p>em empresas privadas que esperam que os profissionais ligados a este serviço realizem</p><p>milagres prevencionistas em função de sua gestão, cobrando resultados mesmo</p><p>mantendo o serviço provido de poucos investimentos ou mesmo mantendo-os apenas</p><p>para atendimento à obrigação legal, ao invés de ampliar suas ações na implantação</p><p>de uma política de segurança do trabalho, com ações que efetivamente previnam os</p><p>trabalhadores de acometimentos de doenças e acidentes ocupacionais.</p><p>O SESMT é composto por profissionais da área de Saúde e Segurança do Trabalho.</p><p>a. Engenheiro de Segurança do Trabalho: engenheiro ou arquiteto portador de</p><p>certificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do</p><p>Trabalho, em nível de pós- graduação.</p><p>b. Médico do trabalho: médico portador de certificado de conclusão de curso de</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Entidades públicas e privadas Capítulo 4</p><p>especialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de</p><p>certificado de residência médica em área de concentração em saúde do trabalhador</p><p>ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência</p><p>Médica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou faculdade</p><p>que mantenha curso de graduação em Medicina.</p><p>c. Enfermeiro do trabalho: enfermeiro portador de certificado de conclusão de curso</p><p>de especialização em Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado</p><p>por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem.</p><p>d. Auxiliar de enfermagem do trabalho: auxiliar de enfermagem ou técnico de</p><p>enfermagem portador de certificado de conclusão de curso de qualificação de auxiliar</p><p>de enfermagem do trabalho, ministrado por instituição especializada reconhecida e</p><p>autorizada pelo Ministério da Educação.</p><p>e. Técnico de Segurança do Trabalho: técnico portador de comprovação de registro</p><p>profissional expedido pelo Ministério do Trabalho (BRASIL, 2016)</p><p>Serviço especializado em engenharia e medicina do trabalho –</p><p>entidades privadas</p><p>Nos setores privados, os profissionais além de serem mal remunerados, muitos têm</p><p>suas funções desviadas ou não é permitido que exerçam sua função com autonomia</p><p>em relação ao empregador e aos trabalhadores e servem para que a empresa tenha</p><p>alguém a quem possa delegar a responsabilidade pela falta de condições seguras na</p><p>empresa.</p><p>Para evitar essas práticas equivocadas em setores privados, o Estado, mediante</p><p>fiscalização do trabalho, exercida pelas Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs),</p><p>orientam, notificam e até mesmo autuam as empresas de forma a garantir o real</p><p>cumprimento da legislação.</p><p>Serviço especializado em engenharia e medicina do trabalho –</p><p>entidades públicas</p><p>Não apenas os trabalhadores com contratos de trabalho regidos pela CLT são acometidos</p><p>por acidentes e doenças ocupacionais. Os trabalhadores não celetistas que atuam em</p><p>entidades públicas são expostos a acidentes e doenças ocupacionais em total descaso</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Entidades públicas e privadas Capítulo 4</p><p>do Estado para com seus servidores, que em diversos setores atuam em condições</p><p>inseguras, inadequadas em exposição ao risco iminente de óbito.</p><p>A ausência do SESMT aumenta o número de afastamento de servidores públicos</p><p>acometidos por acidentes e doenças do trabalho, aumentando</p><p>o gasto previdenciário</p><p>com auxílio-doença.</p><p>Embora o Estado tenha consciência da responsabilidade pelos danos causados aos</p><p>servidores, ainda há a omissão por parte das entidades públicas. Alguns passos vemos ser</p><p>dados em função da disponibilidade de vagas em concursos públicos para profissionais</p><p>do SESMT, que assim poderá realizar, como as entidades privadas, a implementação do</p><p>SESMT.</p><p>Essa nova conduta por parte do Estado contribuirá para a redução das estatísticas</p><p>de acidentes de trabalho além da redução de gastos previdenciários em virtude dos</p><p>afastamentos por acidentes e doenças ocupacionais. Podemos ainda, certamente,</p><p>esperar um aumento na produtividade e eficiências dos serviços públicos, visto que por</p><p>experiências das entidades privadas em seus resultados, o trabalhador mais saudável</p><p>representa mais rendimento de suas atribuições.</p><p>Terceiro setor</p><p>Atualmente é uma realidade na economia global o aumento da atuação das</p><p>organizações do terceiro setor, o que leva ao crescimento de trabalhadores atuando em</p><p>organizações sem fins lucrativos. E como funciona a legislação trabalhista prevencionista</p><p>no terceiro setor?</p><p>Definição</p><p>O terceiro setor é formado pelas organizações privadas que desenvolvem</p><p>atividades em favor da sociedade, sem fins lucrativos, chamadas</p><p>de ONGs, que atuam independente dos demais setores, mesmo que</p><p>possam receber investimentos ou trabalhar em parceria com demais</p><p>setores (ALBUQUERQUE, 2006).</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Entidades públicas e privadas Capítulo 4</p><p>Entre as entidades do terceiro setor podemos apresentar contratos trabalhistas</p><p>que regem o trabalho de organizações obedecendo às regras da CLT, observando</p><p>os elementos que caracterizam a relação de emprego, tais como pessoalidade,</p><p>continuidade, remuneração e subordinação hierárquica.</p><p>Devemos ter em mente que para a legislação brasileira são considerados trabalhadores</p><p>também os contratos de trabalho por prazo indeterminado, contrato de trabalho por</p><p>prazo determinado (contratação desde que a natureza e a transitoriedade do trabalho</p><p>fundamentam a predeterminação do prazo, prevista na CLT), contrato de aprendizagem,</p><p>prevista pela Constituição Federal, assim como a CLT autoriza a contratação de menores</p><p>– entre 14 e 18 anos de idade –, desde que na condição de aprendizes, com contrato de</p><p>trabalho especial e em consonância com os requisitos da Lei nº 10.097/2000 e o trabalho</p><p>autônomo: realizado por pessoa física e em caráter de não exclusividade. O RPA é a</p><p>maneira legal de realizar pagamento para qualquer pessoa física que preste serviço</p><p>pontual a uma empresa ou organização e que não possua emissão de notas fiscais.</p><p>O que nós precisamos agora é agregar as normas de saúde e segurança, unificando</p><p>essa nova gestão às normas existentes.</p><p>Resumindo</p><p>As entidades podem ser divididas pelo direito administrativo em</p><p>entidades públicas e privadas. Para a legislação prevencionista essa</p><p>divisão abre um grande abismo na implementação de políticas de saúde</p><p>e segurança prevencionista do trabalho, sendo as entidades públicas</p><p>e privadas obrigadas por lei a constituírem o Serviço de Engenharia e</p><p>Medicina do Trabalho (SESMT) para aquelas que estabelecem contratos</p><p>de trabalho baseados na CLT, porém ficando desobrigadas as entidades</p><p>públicas com contratos não estabelecidos pela CLT a constituírem o</p><p>SESMT. No entanto, os servidores estatutários também estão expostos a</p><p>acidentes e doenças ocupacionais, o que aumentam os ônus do Estado,</p><p>que acaba tendo seus recursos previdenciários aplicados em benefícios</p><p>a trabalhadores afastados por acidentes e doenças do trabalho.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Referências</p><p>ALBUQUERQUE, A. C. Terceiro setor: história e gestão de organizações. São Paulo: Summus</p><p>Editorial, 2006.</p><p>ALVIM, M. B. A relação do homem com o trabalho na contemporaneidade: uma visão</p><p>crítica fundamentada na Gestalt-Terapia. Estudos & Pesquisas em Psicologia, Brasília, v.</p><p>6, n. 2, out. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3mye0ze. Acesso em: 22 set. 2020.</p><p>BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do Trabalho: guia prático e didático. São Paulo:</p><p>Editora Saraiva, 2018.</p><p>BAZZO, W. A. Introdução à engenharia: conceitos, ferramentas e comportamentos.</p><p>Trinidade: Editora UFSC, 2006.</p><p>BRASIL. Classificação Brasileira de Ocupações. 2017. Ministério do Trabalho. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3gNNcf3. Acesso em: 27 abr. 2021.</p><p>BRASIL. ENIT. NR 4 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina</p><p>do trabalho. 2016. Disponível em: https://bit.ly/305hNvW. Acesso em: 2 out. 2020.</p><p>EMPREGOS.COM.BR. Auxiliar Técnico de Segurança no Trabalho – Saiba a importância</p><p>do Auxiliar Técnico de Segurança no Trabalho no mercado e suas principais atividades</p><p>e habilidades profissionais. Disponível em: https://bit.ly/37zk7z7. Acesso em: 30 set. 2020.</p><p>FERREIRA, P. A. O avanço da tecnologia e as transformações na sociedade. Portal da</p><p>indústria. 2017. Disponível em: https://bit.ly/37yaKjh. Acesso em: 30 set. 2020, FILGUEIRAS, V.</p><p>A. Saúde e segurança do trabalho no Brasil. Brasília: Gráfica Moviento, 2017.</p><p>GERMANO, A. SST e inovação tecnológica: o que você precisa saber sobre segurança e</p><p>saúde no trabalho na indústria 4.0. SESI, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3asnKIP. Acesso</p><p>em: 8 out. 2020.</p><p>Introdução à Engenharia</p><p>de Segurança do Trabalho</p><p>Referências</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE COACHING. O que significa stakeholder e o seu</p><p>papel dentro de uma empresa? 2020. Disponível em: https://bit.ly/38ncvyK. Acesso em: 8</p><p>out. 2020.</p><p>MACEDO, R. B. Segurança, saúde e medicina do trabalho. Curitiba, Paraná: IESDE Brasil,</p><p>2012.</p><p>MAFRA, F. Âmbito jurídico. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2LR9grX. Acesso em: 2</p><p>out. 2020.</p><p>MATOS, U. O.; MASCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho. Rio de janeiro: Elsevier:</p><p>ABEPRO, 2011.</p><p>MORAES, G. SMSQRS – Teoria da vulnerabilidade. 2. ed., v. 1. Rio de Janeiro: Gerenciamento</p><p>Verde Editora, 2009.</p><p>PANTALEAO, S. F. Normas regulamentadoras - segurança e saúde do trabalho. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3nysccN. Acesso em: 23 set. 2020.</p><p>PANTALEAO, S. F. Comissão Tripartite Paritária Permanente - CTPP. Disponível em: https://</p><p>bit.ly/2J4Kvrh. Acesso em: 30 set. 2020.</p><p>SBCOACHING. Stakeholder: o que são e como identificar (Guia Completo). Carreira. 4 set.</p><p>2018. Disponível em: https://bit.ly/3p8nJ0Q. Acesso em: 6 out. 2020 SILVA, D. N. Pré-história.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2Kjyij0. Acesso em: 25 set. 2020.</p><p>SILVEIRA, L. C.; VENTURA, D. F.; PINHEIRO, M. D. Toxicidade mercurial – Avaliação do sistema</p><p>visual em indivíduos expostos a níveis tóxicos de mercúrio. Ciência e Cultura, I, p. 35-37.</p><p>SUSSEKIND, A. Curso de direito do trabalho. Rio de Janeiro: RENOVAR, 2020.</p><p>VIERA, E. B. Perspectiva do direito do trabalho no Brasil. Revista da Escola Nacional de</p><p>Inspeção do Tabalho, Ano 3, p. 173-199, 2019.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina