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<p>MONITORIA DE BASES SEMIOLÓGICAS</p><p>- Guia de Habilidades -</p><p>EXAME RESPIRATÓRIO</p><p>Introdução</p><p>1) O exame do aparelho respiratório consiste</p><p>em uma avaliação dos pulmões, assim como</p><p>do tórax. Para isso, deverá ser realizada:</p><p>inspeção, palpação, percussão e ausculta. 1</p><p>2) Para a realização do exame, o paciente</p><p>deverá:</p><p>• No exame do tórax anterior, estar sentado</p><p>ou em decúbito dorsal;</p><p>• No exame do tórax posterior, estar</p><p>sentado com os braços cruzados em frente</p><p>ao tórax.</p><p> Caso não seja possível colocá-lo nessas</p><p>posições, vire o paciente para um lado</p><p>e, em seguida, para o outro. 2</p><p>3) Em pacientes homens, a roupa deverá ser</p><p>removida até a cintura. Caso seja mulher,</p><p>atentar para a exposição desnecessária,</p><p>expondo, gradualmente, as regiões a serem</p><p>examinadas. 2</p><p>Exame Físico</p><p>I. INSPEÇÃO</p><p>A inspeção do exame físico respiratório é</p><p>dividida em duas etapas: inspeção estática e</p><p>dinâmica.</p><p>Inspeção estática:</p><p>1) Formato do tórax:</p><p>• Normal: o tórax, no adulto normal, é mais</p><p>largo do que profundo. Seu diâmetro</p><p>lateral é maior que o diâmetro</p><p>anteroposterior. 2</p><p>• Plano ou chato: parede anteroposterior</p><p>sem sua concavidade normal. 3</p><p>• Tonel ou barril: aumento do diâmetro</p><p>anteroposterior com horizontalização dos</p><p>arcos costais. Pode ser perceptível em</p><p>pacientes com DPOC. 3</p><p>• Escavado, em funil, infundibuliforme ou</p><p>pectus exacavatum: é caracterizado por</p><p>uma depressão na porção inferior do</p><p>esterno e região epigástrica. É uma</p><p>anormalidade congênita. 3</p><p>• Cariniforme, tórax de pombo ou pectus</p><p>carinatum: é caracterizado por um</p><p>esterno proeminente e costelas</p><p>horizontalizadas. É uma anormalidade que</p><p>pode ser de origem congênita ou</p><p>adquirida. 3</p><p>• Cifótico: caracterizado por uma curvatura</p><p>da coluna dorsal, formando uma</p><p>gibosidade. 3</p><p>• Escoliótico: caracterizado por um desvio</p><p>da coluna para o lado (escoliose). 3</p><p>• Cifoescolótico: apresenta, além da cifose,</p><p>uma escoliose. 3</p><p>Figura 1. Configurações torácicas comuns</p><p>Swartz, 2015.</p><p>2) Assimetrias;</p><p>3) Deformidades;</p><p>4) Lesões e cicatrizes;</p><p>5) Disposição da traqueia;</p><p>6) Extremidades:</p><p>2</p><p>• Presença de cianose: avaliar pele, unhas,</p><p>lábios e mucosas. 3</p><p>• Hipocratismo digital: perda do ângulo</p><p>entre as unhas e as falanges distais. 1</p><p> É característico de doenças como</p><p>neoplasias torácicas e doença</p><p>pulmonar crônica. 1</p><p> Outros nomes usuais: unhas em vidro</p><p>de relógio e dedos em baqueta de</p><p>tambor ou baqueteamento digital.</p><p> Teste da janela de Schamroth</p><p>7) Posição do paciente: 1</p><p>• Utilização da ancoragem;</p><p> O paciente se apoia para facilitar sua</p><p>respiração.</p><p> É comum em pacientes com doença</p><p>obstrutiva.</p><p>• Ortopneico: dificuldade respirar deitado,</p><p>fazendo uso, normalmente, de muitos</p><p>travesseiros.</p><p>Inspeção dinâmica:</p><p>1) Frequência respiratória, no adulto:</p><p>• Eupneia: 10/12 a 20 inc/min</p><p>• Bradipneia: < 10 inc/min</p><p>• Taquipneia: > 20 inc/min</p><p>2) Tipo respiratório:</p><p>• Torácico ou costal: tipo respiratório</p><p>normal em pé ou sentado. 3</p><p>• Abdominal ou diafragmática: tipo</p><p>respiratório fisiológico em decúbito</p><p>dorsal. 3</p><p>• Misto.</p><p>3) Ritmo respiratório:</p><p>Normal</p><p>Caracterizado por tempo de inspiração e</p><p>expiração bem parecidos. 3</p><p>Suspirosa</p><p>Movimentos respiratórios normais</p><p>interrompidos por “suspiros” isolados ou</p><p>agrupados. 3</p><p>Bradipneia</p><p>Aumento do intervalo entre o ciclo de</p><p>inspiração e expiração. 3</p><p>Taquipneia</p><p>Diminuição do intervalo entre o ciclo de</p><p>inspiração e expiração. 3</p><p>Cheyne-Stokes</p><p>Caracterizado por fase de apneia seguida de</p><p>incursões respiratórias de amplitude crescente</p><p>que chega a um pico e decresce, retornando a</p><p>fase de apneia. 3</p><p>• É característico da Insuficiência cardíaca</p><p>congestiva, TCE, AVE e Hipertensão</p><p>intracraniana.</p><p>Biot</p><p>É o ritmo respiratório em que há uma</p><p>anarquia de movimentos inspiratórios e</p><p>expiratórios, seguidos de apneia. 3</p><p>Kussmaul</p><p>Caracteriza-se por inspirações rápidas e</p><p>amplas, intercaladas com curtos períodos de</p><p>apneia e expirações profundas e ruidosas. 3</p><p>• É o padrão respiratório característico da</p><p>cetoacidose diabética.</p><p>https://revista.spdv.com.pt/index.php/spdv/article/download/330/303/</p><p>http://newbp.bmj.com/topics/pt-br/623</p><p>https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2019/12/06204131/arte-dedos.jpg</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=p7MM2SMnNZQ</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=REeIL9a0_PM</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=TG0vpKae3Js</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=p7MM2SMnNZQ</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=REeIL9a0_PM</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=TG0vpKae3Js</p><p>3</p><p>4) Uso da musculatura acessória.</p><p>• Músculos intercostais</p><p>(tiragem intercostal).</p><p>• M. ECOM e M. Trapézio</p><p>(retração supraclavicular).</p><p> São perceptíveis na asma grave, DPOC</p><p>ou obstrução das vias aéreas</p><p>superiores. 2</p><p>5) Retrações anormais</p><p>• Respiração paradoxal, em gangorra, em</p><p>serrote (Sinal de Hoover): assincronia</p><p>entre a respiração torácica e abdominal. 3</p><p> Tórax instável: fraturas em dois ou</p><p>mais pontos em arcos costais</p><p>adjacentes, normalmente decorrente</p><p>de traumas de alta energia no tórax.</p><p>II. PALPAÇÃO</p><p>1) Regiões de hipersensibilidade. 2</p><p>2) Anormalidades observadas. 2</p><p>3) Expansão torácica. 2</p><p>• Avaliar:</p><p> Simetria.</p><p> Amplitude.</p><p>• Locais:</p><p> Tórax posterior: ápice, médio e base</p><p>pulmonar.</p><p> Tórax anterior: ápice e base pulmonar.</p><p>4) Frêmito toracovocal (FTV): pedir para o</p><p>paciente falar “trinta e três”. 3</p><p>• Deverá ser realizado preferencialmente</p><p>com a face palmar da mão dominante</p><p>correspondente ao 2º, 3º e 4º</p><p>quirodáctilos, modificando apenas o lado</p><p>examinado. 3</p><p> Locais de avaliação nas Figuras 2 e 3.</p><p> O examinador deverá se concentrar na</p><p>vibração sonora sentida, buscando</p><p>regiões de menor vibração ou de</p><p>aumento.</p><p> Deve-se se examinar o FTV com uma</p><p>mesma mão, a fim de não criar falsas</p><p>percepções de alteração.</p><p>III. PERCUSSÃO</p><p>1) Notas de percussão:</p><p>• Som claro pulmonar ou atimpânico: som</p><p>normal pulmonar. 3</p><p>• Som maciço: indicativo de substituição de</p><p>ar por massa ou líquido. 2,3</p><p>Exemplo: Pneumonia ou neoplasia2</p><p>• Som timpânico: Indicativo de presença de</p><p>mais ar do que o normal. 2,3</p><p>Exemplo: DPOC ou pneumotórax 2</p><p>2) Comparar regiões homólogas.</p><p>3) Percutir nos EIC´S.</p><p> Locais de percussão nas Figuras 2 e 3.</p><p>IV. AUSCULTA</p><p>1) Os sons normais na ausculta pulmonar são:</p><p>• Traqueal: Som da passagem do ar através</p><p>da glote. Inspiração possui tonalidade de</p><p>sopro, a expiração é mais forte e mais</p><p>prolongada e há um intervalo entre</p><p>inspiração e expiração. É audível na região</p><p>de projeção da traqueia. 3</p><p>• Brônquico: Som audível próximo ao</p><p>esterno, é um som de alta frequência,</p><p>semelhante ao ruído do ar passando por</p><p>tubulações, possui componente</p><p>expiratório mais longo e mais intenso do</p><p>que o inspiratório. 1,3</p><p>• Broncovesicular: É o som intermediário</p><p>entre o brônquico e o murmúrio vesicular</p><p>quando se refere a intensidade. Possui</p><p>componentes inspiratório e expiratório</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=MnQtw-zJoWg</p><p>https://youtu.be/LJVfErMKRi8?t=58</p><p>https://cdn.kastatic.org/ka-perseus-images/d0734832e9d3ab4b48e6acbdd0e48bcfbba4d131.gif</p><p>https://cdn.kastatic.org/ka-perseus-images/d0734832e9d3ab4b48e6acbdd0e48bcfbba4d131.gif</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=GjUmrZPqz2I</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=pF4EadVERLk</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=q3qDBAbQsUs</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=e8TjdcUQVRo&t=308s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=e8TjdcUQVRo&t=308s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=WfkWMfE9VTY&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=8</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=E9iNwFF6R1Y&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=7</p><p>4</p><p>iguais. É audível no 1º e 2º espaço</p><p>intercostal anteriormente e entre as</p><p>escápulas posteriormente. 1</p><p>• Murmúrio vesicular: Som grave com</p><p>componente inspiratório mais intenso,</p><p>mais duradouro e de maior tonalidade que</p><p>o expiratório. É produzido quando o ar</p><p>passa pelas bifurcações das vias</p><p>respiratórias. É audível na maioria dos</p><p>campos pulmonares. 1,3</p><p>2) Os sons anormais,</p><p>também chamados de</p><p>ruídos adventícios podem ser descontínuos ou</p><p>contínuos.</p><p>Ruídos descontínuos:</p><p>• Estertores finos ou crepitantes: Som de</p><p>tonalidade aguda que ocorre no fim da</p><p>inspiração, possuindo duração curta e sem</p><p>modificação com a tosse. É o som análogo</p><p>ao atrito de fios de cabelo. 3</p><p> Perceptível em insuficiência cardíaca</p><p>congestiva e doenças intersticiais. 3</p><p>• Estertores grossos ou bolhosos: Som de</p><p>tonalidade grave que é audível no início da</p><p>inspiração e durante toda a expiração.</p><p>Sofrem nítida alteração com a tosse. 3</p><p> Perceptível em bronquite crônica e</p><p>bronquiectasias. 3</p><p>Ruídos contínuos:</p><p>• Roncos: Som grave que aparece com o</p><p>estreitamento dos brônquios por espasmo</p><p>ou edema. Surge tanto na inspiração</p><p>quanto na expiração, mas é mais comum</p><p>na última. Normalmente está associado à</p><p>presença de muco e são caracterizados</p><p>como mutáveis. 2, 3</p><p>• Sibilos: Som agudo que aparece tanto na</p><p>inspiração quanto na expiração, é também</p><p>causado por estreitamento das vias</p><p>aéreas.2,3</p><p> Perceptível na asma e na bronquite. 3</p><p>• Estridor: Som causado pela semiobstrução</p><p>da traqueia ou laringe. 3</p><p>• Atrito pleural: Ocorre em casos de</p><p>pleurite que dificulta o deslizamento entre</p><p>as pleuras visceral e parietal gerando um</p><p>ruído anormal.2,3</p><p>VI. FIGURAS</p><p>Figura 2. Locais de referência, no tórax anterior, para</p><p>avaliação do FTV, percussão e ausculta.</p><p>Swartz, 2015.</p><p>Figura 3. Locais de referência, no tórax posterior,</p><p>para avaliação do FTV, percussão e ausculta.</p><p>Swartz, 2015.</p><p>Descrição do Exame Físico</p><p>Aparelho Respiratório: tórax normal, sem</p><p>assimetrias, deformidades, lesões ou cicatrizes.</p><p>Paciente eupneico, com ritmo respiratório</p><p>normal, sem uso de musculatura acessória. Sem</p><p>áreas de hipersensibilidade, expansibilidade</p><p>preservada bilateralmente, FTV preservado</p><p>bilateralmente, som claro pulmonar difuso à</p><p>percussão, murmúrio vesicular bem distribuído</p><p>e ausência de ruídos adventícios.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=VtnMRG0ORLs&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=1</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=LHqqvrm2j6g&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=2</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=LHqqvrm2j6g&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=2</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=aSor2XBc9K8&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=6</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=aSor2XBc9K8&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=6</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=YgDiMpCZo0w&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=4</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=YgDiMpCZo0w&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=4</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=T4qNgi4Vrvo&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=T4qNgi4Vrvo&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=JSdEK79J4dw&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=6&t=0s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=JSdEK79J4dw&list=PL3n8cHP87ijAalXtLG2YbDpuwjxuJRR-A&index=6&t=0s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OA9jzo_fDV4&t=442s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OA9jzo_fDV4&t=442s</p><p>5</p><p>Referências</p><p>1 SWARTZ, M. H. Tratado de Semiologia Médica,</p><p>7ª ed., 2015.</p><p>2 BATES, B.; BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G.</p><p>Propedêutica Médica, 11ª ed., 2015.</p><p>3 PORTO, C. C. Semiologia Médica, 7ª ed., 2014.</p><p>ATENÇÃO: O Guia de Habilidades é um</p><p>facilitador do aprendizado de técnicas do exame</p><p>físico e da anamnese e não substitui o estudo</p><p>pela bibliografia oficial do Componente Bases</p><p>Semiológicas.</p><p>Exame Físico</p><p>I. INSPEÇÃO</p><p>II. PALPAÇÃO</p><p>III. PERCUSSÃO</p><p>IV. AUSCULTA</p><p>VI. FIGURAS</p><p>Descrição do Exame Físico</p><p>Aparelho Respiratório: tórax normal, sem assimetrias, deformidades, lesões ou cicatrizes. Paciente eupneico, com ritmo respiratório normal, sem uso de musculatura acessória. Sem áreas de hipersensibilidade, expansibilidade preservada bilateralmente, F...</p>