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<p>1</p><p>PSICOLOGIA DA</p><p>EDUCAÇÃO E</p><p>DA APRENDIZAGEM</p><p>Profª. Me. Roberta Andrade e Barros</p><p>2</p><p>PSICOLOGIA DA</p><p>EDUCAÇÃO E DA</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>PROFª. ME. ROBERTA ANDRADE E BARROS</p><p>3</p><p>Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério</p><p>Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira</p><p>Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos</p><p>Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira</p><p>Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Esp. Izabel Cristina da Costa</p><p>Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza Mendes Leite</p><p>Fernanda Cristine Barbosa</p><p>Prof. Esp. Guilherme Prado</p><p>Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva</p><p>Élen Cristina Teixeira Oliveira</p><p>Maria Eliza P. Campos</p><p>© 2021, Faculdade Única.</p><p>Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-</p><p>ção escrita do Editor.</p><p>Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.</p><p>4</p><p>PSICOLOGIA DA</p><p>EDUCAÇÃO E DA</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>1° edição</p><p>Ipatinga, MG</p><p>Faculdade Única</p><p>2021</p><p>5</p><p>Graduada em Psicologia pela PUCMinas</p><p>(2008), especialista em Psicoterapia de Família</p><p>e de Casal pela mesma instituição (2010), mes-</p><p>tre em Educação pela Universidade Federal de</p><p>Minas Gerais (2013) e doutora em Psicologia</p><p>pela PUC Minas (2021). É professora universi-</p><p>tária desde 2009, tendo lecionado em institui-</p><p>ções particulares (Faseh, Gama Filho, Centro</p><p>Universitário UNA e PUCMinas) e públicas (Uni-</p><p>versidade Federal de Ouro Preto e Fundação</p><p>Helena Antipoff/Universidade Estadual de Mi-</p><p>nas Gerais), em diversos cursos de graduação</p><p>(Psicologia, Pedagogia, licenciatura em Letras,</p><p>Matemática, Biologia e Física, Direito, Turismo,</p><p>Nutrição, dentre outros) e especialização (Nu-</p><p>trição).</p><p>ROBERTA ANDRADE E BARROS</p><p>Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali-</p><p>ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :</p><p>http://lattes.cnpq.br/5621254824222953</p><p>Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.</p><p>6</p><p>LEGENDA DE</p><p>Ícones</p><p>Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas</p><p>quais você precisa ficar atento.</p><p>Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do</p><p>conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones</p><p>ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado</p><p>trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a</p><p>seguir:</p><p>São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca</p><p>virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.</p><p>Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,</p><p>associando-os a suas ações.</p><p>Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos</p><p>conteúdos abordados no livro.</p><p>Apresentação dos significados de um determinado termo ou</p><p>palavras mostradas no decorrer do livro.</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>VAMOS PENSAR?</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>7</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 2</p><p>UNIDADE 3</p><p>UNIDADE 4</p><p>SUMÁRIO</p><p>1.1 Breve histórico da Psicologia e contextualização ....................................................................................................................................................................................................10</p><p>1.2 O que é Psicologia da Educação ........................................................................................................................................................................................................................................12</p><p>1.3 A Psicologia da Educação no Brasil .................................................................................................................................................................................................................................13</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................18</p><p>2.1 Desenvolvimento humano: Introdução .......................................................................................................................................................................................................................23</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................31</p><p>3.1 Inatismo .............................................................................................................................................................................................................................................................................................35</p><p>3.2 Ambientalismo ............................................................................................................................................................................................................................................................................36</p><p>3.3 Abordagem Comportamental e suas contribuições para o desenvolvimento da educação: de Watson a Skinner .............................................36</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................42</p><p>A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO: INTERAÇÃO ENTRE A PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO</p><p>INTRODUÇÃO ÀS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO</p><p>CORRENTES EPISTEMOLÓGICAS: INATISMO, AMBIENTALISMO E A PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL</p><p>4.1 Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................................46</p><p>4.2 Jean Piaget .....................................................................................................................................................................................................................................................................................46</p><p>4.3 Lev Vigotski .....................................................................................................................................................................................................................................................................................50</p><p>4.4 Henri Wallon ..................................................................................................................................................................................................................................................................................54</p><p>4.5 Comparação entre os autores ...........................................................................................................................................................................................................................................58</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................60</p><p>CORRENTES EPISTEMOLÓGICAS: INTERACIONISMO</p><p>5.1 Inteligência: uma introdução .............................................................................................................................................................................................................................................65</p><p>da história familiar, analisou homens muito inteligentes. Galton é reconhecido</p><p>como um dos pais da eugenia, ciência que tinha como objetivo “aperfeiçoar” a espécie</p><p>humana através do controle do cruzamento entre indivíduos pré-determinados. (PATTO,</p><p>2008).</p><p>3.1 INATISMO</p><p>Eugenia: Ciência que pesquisa o aprimoramento genético da espécie humana por cruza-</p><p>mentos seletivos. (DICIONÁRIO AULETE, online)</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>36</p><p>Até hoje, as ideias de Galton impactam a sociedade de uma forma geral e,</p><p>especificamente, a educação escolar. O pré-conceito de que as pessoas negras são menos</p><p>inteligentes, de que os europeus são superiores, essas definições são estabelecidas sem</p><p>se conhecer aquele determinado sujeito, apenas por ele pertencer a determinado grupo</p><p>racial, espera-se que ele tenha certa capacidade (ou não), pois a herdou geneticamente.</p><p>No Brasil, é possível pensar nas diferenças de padrões sociais construídos acerca das</p><p>pessoas afrodescendentes e descendentes de europeus, por exemplo, conforme</p><p>analisado no capítulo 1 dessa obra, no item sobre as pesquisas de Patto (2008).</p><p>Oposta ao inatismo, o ambientalismo defende que o comportamento é resultado</p><p>exclusivo da experiência que o indivíduo vivencia, independentemente da sua genética.</p><p>Essa concepção foi baseada no empirismo (ALMEIDA, 2015).</p><p>O fundador do empirismo foi o filósofo inglês John Locke (1632-1704). Ele rejeitava</p><p>a concepção de que os sujeitos já nasciam com ideias, para ele, os seres humanos eram</p><p>como uma lousa em branco, que era preenchida através das experiências que tinha</p><p>ao longo da sua vida, por meio delas, os indivíduos construiriam o seu conhecimento.</p><p>SCHULTZ; SCHULTZ, 2016).</p><p>Para o ambientalismo, os sujeitos vão se desenvolver de acordo com o meio em</p><p>que estão inseridos e as experiências que viverão nele, isso lhes concede uma capacidade</p><p>de plasticidade muito grande (DAVIS; OLIVEIRA, 1994).</p><p>Diferentemente da teoria inatista, a ambientalista concede destaque ao professor,</p><p>pois é responsabilidade sua conduzir o processo de aprendizagem (seja no seu</p><p>planejamento, sua execução e sua organização) (DAVIS; OLIVEIRA, 1994).</p><p>Para Davis e Oliveira (1994), o principal questionamento do ambientalismo é</p><p>a passividade do sujeito, ele será determinado pelo ambiente. Especificamente no</p><p>contexto escolar, essas autoras criticam o diretismo exacerbado do professor, que não</p><p>abre margem para a espontaneidade dos estudantes.</p><p>Algumas estudiosas, como Davis e Oliveira (1994) e Alencar (2015), consideram que</p><p>a abordagem Comportamental se encontra inserida na corrente Ambientalista, dada a</p><p>relevância que esta concede ao ambiente como determinante para o comportamento</p><p>humano. Todavia, como nessa obra apresentamos o Ambientalismo reducionista, que</p><p>3.2 AMBIENTALISMO</p><p>Diretismo: Neologismo, palavra não dicionarizada que significa o direcionamento, no</p><p>caso da escola, trata-se da orientação pré-determinada do professor em relação aos alu-</p><p>nos: desde o planejamento até a execução das aulas.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>3.3 ABORDAGEM COMPORTAMENTAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES</p><p>PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO:</p><p>DE WATSON A SKINNER</p><p>37</p><p>negligencia os fatores biológicos e genéticos, consideramos que a Comportamental não</p><p>se insere nessa corrente epistemológica, pois, apesar da grande importância que confere</p><p>ao ambiente, a Comportamental não nega a influência genética e ambiental. Além disso,</p><p>dada a sua importância para a Psicologia e suas contribuições para a educação, optou-</p><p>se por apresentá-la em um item separadamente.</p><p>Conhecida como Psicologia Comportamental, Comportamentalismo, Psicologia</p><p>Experimental, Análise Experimental do Comportamento ou Behaviorismo (do inglês</p><p>behavior- comportamento), essa importante teoria tem como foco, como o próprio</p><p>nome sugere, o comportamento humano. (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2008).</p><p>De acordo com o dicionário Aulete (versão online) comportamento é a maneira de</p><p>se comportar, de viver, de agir e reagir; o modo de agir, em geral, em relação aos fatores</p><p>ambientais; o conjunto de reações e atitudes do indivíduo diante do meio social, em</p><p>sua interação com as situações, a reação de algo em determinadas circunstâncias ou a</p><p>forma pela qual um organismo, ou parte dele, funciona ou reage a estímulo.</p><p>Na Psicologia: “Comportamento é entendido como interação entre indivíduo e</p><p>ambiente (...). O ser humano começa a ser estudado a partir de sua interação com o</p><p>ambiente, sendo tomado como produto e produtor dessa interação” (BOCK; FURTADO;</p><p>TEIXEIRA, 2008, p. 59). De acordo com a abordagem Comportamental, as pessoas têm</p><p>padrões de comportamento, por exemplo, ser tímido ou agitado, que são apresentados</p><p>em diferentes contextos com certa regularidade.</p><p>Além do comportamento, um outro ponto muito discutido pela Comportamental</p><p>é a aprendizagem que, nessa abordagem, pode ser compreendida como “qualquer</p><p>mudança duradoura na maneira como os organismos respondem ao ambiente” (Goulart,</p><p>Delage, Rico, Bríno, 2012, p. 21). Para entender de que forma ocorre a aprendizagem, faz-</p><p>se necessário esclarecer alguns conceitos, que serão discutidos a seguir.</p><p>A Comportamental divide o comportamento em dois tipos:</p><p>- Respondente ou reflexo, que ocorre de maneira involuntária (GOULART, DELAGE,</p><p>RICO, BRÍNO, 2012). Por exemplo, quando o professor fecha os olhos no momento em que</p><p>a luz do aparelho data show reflete diretamente sobre o seu rosto, ou seja, o estímulo luz</p><p>eliciou (provocou) a resposta fechar os olhos.</p><p>- Operante, que ocorre de maneira voluntária, é aprendido e vai ocorrer para que</p><p>seja obtida alguma resposta almejada (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Por exemplo,</p><p>o aluno que tem o comportamento de estudar para conseguir uma boa nota.</p><p>No exemplo acima tem-se um outro conceito essencial, o de reforçador, a nota foi</p><p>o reforçador para que o aluno estudasse. O reforço altera a possibilidade de ocorrência de</p><p>um determinado comportamento: os reforços positivos aumentam essa chance (BOCK;</p><p>FURTADO; TEIXEIRA, 2008) e os negativos retiram um estímulo considerado aversivo</p><p>(JUNIOR; SOUZA; DIAS, 2005)</p><p>Em sala de aula, pode-se considerar que todas as crianças querem ser o ajudante</p><p>do dia e irão se comportar de maneira adequada para ocuparem tal cargo, assim sendo,</p><p>querer ser ajudante do dia é um reforçador positivo, é a resposta que as crianças querem</p><p>obter e irão se comportar para consegui-la. Já na situação de um professor que começa</p><p>a gritar sempre que os estudantes mantêm muitas conversas paralelas, trata-se de</p><p>um reforçador negativo, os alunos irão deixar de conversar durante as aulas para que o</p><p>educador não grite (estímulo aversivo).</p><p>Outros conceitos importantes para o entendimento da Comportamental no</p><p>ambiente escolar são:</p><p>38</p><p>- Esquiva e fuga: a esquiva é a tentativa que algo indesejado não ocorra, já a fuga,</p><p>como o próprio termo indica, é a tentativa de cessação de um estímulo aversivo quando</p><p>ele já foi iniciado. (JUNIOR; SOUZA; DIAS, 2005; BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Por</p><p>exemplo, o aluno que não vai à escola (esquiva) ou sai durante a aula (fuga) para não ser</p><p>vítima de bullying (estímulo aversivo).</p><p>- Punição: estratégia usada para reduzir a ocorrência de um dado comportamento</p><p>(JUNIOR; SOUZA; DIAS, 2005), pode ocorrer através do uso de um estímulo considerado</p><p>aversivo ou da retirada de um reforçador positivo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).</p><p>Por exemplo, quando uma aluna que costumava ser participativa deixa de participar da</p><p>aula depois que considerou que o professor foi injusto na correção de sua avaliação, ela</p><p>está punindo o educador.</p><p>- Discriminação de estímulos: quando uma resposta é dada diante de um estímulo</p><p>x, mas não no estímulo z (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Por exemplo, quando a</p><p>criança ouve o barulho da sirene escolar e entende que acabou o horário do recreio,</p><p>ou seja, ela reconhece que o som do toque de saída da aula é diferente do término do</p><p>recreio.</p><p>- Generalização de estímulos: ocorre quando as respostas dadas a diferentes</p><p>estímulos são semelhantes, pois os estímulos são compreendidos</p><p>como semelhantes</p><p>(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Para ilustrar, considere um estudante que se formou</p><p>no ensino médio e, ao ingressar na faculdade, age da mesma maneira como o fazia na</p><p>escola, como pedir permissão ao professor para ir ao banheiro. Outra situação é a criança</p><p>que recém ingressou na escola e chama a professora de mãe.</p><p>Para finalizar o tópico inicial da Comportamental, a seguir serão apresentados três</p><p>importantes teóricos dessa abordagem: Pavlov, Watson e Skinner.</p><p>Ivan Pavlov (1849/ 1936), cientista russo, que ao realizar um experimento com um cachorro,</p><p>constatou o processo de formação de condicionamento (CARRARA, 2004):</p><p>- 1) Antes do condicionamento:</p><p>O cão via o alimento → ele salivava (o alimento é um estímulo incondicionado- que</p><p>causa uma resposta reflexa, ou seja, o sujeito não consegue controlar, não é aprendida)</p><p>O cão ouvia o som do sino → nada ocorria (o sino era um estímulo neutro)</p><p>- 2) Durante condicionamento:</p><p>Pavlov tocava o som do sino ao mesmo tempo em que oferecia o alimento ao cão</p><p>→ o animal salivava (o estímulo neutro foi oferecido junto ao estímulo incondicionado,</p><p>ocorreu o que os Behavioristas chamam de pareamento de estímulos)</p><p>-3) Depois do condicionamento:</p><p>Ao ouvir o som do sino, mesmo sem a presença do alimento → o cachorro salivava (ocorreu</p><p>o condicionamento)</p><p>Esse é conhecido como condicionamento pavloviano, clássico ou respondente</p><p>(pois é baseado nos reflexos) e é a maneira mais simples de aprendizagem (ALENCAR,</p><p>2007).</p><p>Abaixo encontra-se um quadrinho que pode auxiliar na compreensão do</p><p>experimento de Pavlov:</p><p>39</p><p>O primeiro nome reconhecido como um psicólogo comportamental é John</p><p>Watson (1878/1958), pesquisador estadunidense que defendeu que a Psicologia é o</p><p>estudo do que é observável e mensurável, que seus objetivos são a predição e o controle</p><p>do comportamento, o oposto do que era comum na época: a Psicologia como o estudo</p><p>da consciência e o uso do método introspectivo (CARRARA, 2004) Ele estudou sobre o</p><p>comportamento animal de uma forma geral e, em 1913, cunhou o termo “Behaviorismo”.</p><p>Em 1925, Watson deu uma polêmica declaração: “Dê-me uma dúzia de bebês</p><p>sadios e bem constituídos e eu poderei tomar qualquer um deles ao acaso e treiná-</p><p>los em qualquer especialidade que eu selecione”, continuou o pesquisador: “tornando-o</p><p>um médico, advogado, artista, comerciante e mesmo pedidor de esmola ou ladrão-</p><p>independentemente de seus talentos, tendências, habilidades, vocação e raça de seus</p><p>ancestrais. ” (ALENCAR, 2007, p. 43). Com essa frase, ele afirmou que o ambiente é o</p><p>único determinante do comportamento humano, independentemente dos fatores</p><p>hereditários.</p><p>Por fim, o também psicólogo estadunidense, Burrhus Skinner (1904/1990) propôs,</p><p>em 1945, o termo Behaviorismo radical (que nega tudo o que escapa ao mundo físico).</p><p>Um dos focos de interesse de Skinner foi o controle do comportamento humano. Para</p><p>melhor compreender o comportamento, desenvolveu a “Caixa de Skinner”, aparelho</p><p>usado em laboratório no qual é mantido um sujeito experimental, geralmente um rato.</p><p>De acordo com os estímulos ambientais, o pesquisador irá moldar o comportamento do</p><p>sujeito experimental, seja para manter ou modificá-lo. Para tanto, são usados estímulos</p><p>sonoros (ruídos), visuais (luzes) e olfativos (odores) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008),</p><p>conforme ilustração abaixo:</p><p>Figura 4: Ilustração da experiência de Pavlov com cães</p><p>Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3C4qxFw. Acesso em: 10 ago. 2021.</p><p>Para conhecer melhor o experimento de Pavlov, assista ao vídeo “O cão de Pa-</p><p>vlov”, com aproximadamente quatro minutos de duração, disponível no Youtu-</p><p>be, com legendas em português. Disponível em: https://bit.ly/3xMsFj0. Acesso</p><p>em: 23 ago. 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>40</p><p>Diferentemente do que é compreendido por muitas pessoas que conhecem pouco</p><p>a Comportamental, essa abordagem não acredita na passividade dos sujeitos, nem na</p><p>postura ativa exclusivamente: eles são determinados pelo meio, da mesma forma como</p><p>são determinantes nesse meio (CARRARA, 2004).</p><p>Abordagem Comportamental e a educação</p><p>Uma das principais orientações do Behaviorismo para a educação é a definição</p><p>clara de quais comportamentos se espera do estudante, ou seja, que o professor dê</p><p>instruções adequadas e compreensíveis (CARRARA, 2004). Para tanto, o professor deve</p><p>colocar em seu plano de aula quais os comportamentos específicos esperados não</p><p>apenas dele, mas também da turma para a qual leciona (PEREIRA, MARINOTTI, LUNA,</p><p>2004).</p><p>O professor deve evitar que o estudante cometa erros desnecessários (pois isso</p><p>pode fazer com ele se sinta frustrado, o que pode levar à desmotivação na aprendizagem),</p><p>deve também reforçar sempre o comportamento desejado do aluno, evitando a punição</p><p>(CARRARA, 2004).</p><p>De acordo com Pereira, Marinotti e Luna (2004), as consequências aversivas, como</p><p>castigos, podem ter como efeitos: a fuga ou a esquiva (como o aluno que falta a aula com</p><p>medo da punição do professor), a produção de reações emocionais negativas (como o</p><p>estudante que fica agressivo diante do castigo estipulado pelo educador) e, apesar de</p><p>retrair o comportamento punido, não há aprendizagem, ou seja, o aluno pode parar de</p><p>atrapalhar a aula, por exemplo, para que o professor não o coloque de castigo, mas ele</p><p>não aprendeu que não deve perturbar a aula, quais os motivos e consequências desse</p><p>seu comportamento.</p><p>Figura 5: Representação da Caixa de Skinner</p><p>Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3dKEaAm. Acesso em: 10 ago. 2021.</p><p>No livro “Psicologia da Educação”, escrito por Luciano Gamez, o 3º capítulo é</p><p>dedicado ao Behaviorismo. Essa obra está disponível no site da Minha Bibliote-</p><p>ca Única. Disponível em: https://bit.ly/3xNsvrD. Acesso em: 23 ago. 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>41</p><p>É benéfico para o processo de aprendizagem quando o professor inicia uma</p><p>atividade auxiliando o aluno o máximo possível e estabelecendo metas mais baixas e,</p><p>com o passar do tempo, o professor deve diminuir a sua ajuda e aumentar a exigência</p><p>(CARRARA, 2004). Com o apoio do docente e as suas pequenas conquistas, o estudante</p><p>vai se sentir cada vez mais capaz e, consequentemente, motivado para continuar a</p><p>aprender.</p><p>É importante que o professor tenha em mente que o propósito da educação é a</p><p>aprendizagem do sujeito e que, para que essa finalidade seja alcançada, o educador deve</p><p>considerar o estágio em que se encontra cada estudante e não que seja estabelecido</p><p>um “padrão de aluno típico das camadas médias” (PEREIRA, MARINOTTI, LUNA, 2004, p.</p><p>15).</p><p>Apesar de muitas pessoas, não apenas no senso comum, mas no próprio ambiente esco-</p><p>lar, defender o uso de castigos e punições como estratégias de aprendizagem, a Compor-</p><p>tamental defende que não sejam usados métodos aversivos.</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>Qual das três concepções abordadas até aqui, o inatismo, o ambientalismo e a Psicologia</p><p>Comportamental, tem influenciado mais as estratégias utilizadas pelas professoras nas</p><p>escolas brasileiras atualmente?</p><p>VAMOS PENSAR?</p><p>42</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>1. (IBFC - MGS – Pedagogia/ Adaptada) O desenvolvimento humano se dá como um</p><p>processo de apropriação da experiência histórico-social pelo/a homem/mulher e essa</p><p>visão é resultado da evolução de várias teorias, entre elas, a teoria inatista que considera</p><p>importante somente os fatores genéticos e biológicos, ou seja, aquilo que é hereditário,</p><p>inato. Por isso, o nome inatismo, que compreende características e dons que se traz</p><p>quando nasce. Nesse sentido, assinale a alternativa correta a seguir:</p><p>a) Para os inatistas, as pessoas desenvolvem suas características básicas de acordo com</p><p>o ensino na sala de aula.</p><p>b) Para os inatistas, cada ser humano já traz consigo características básicas, definidas</p><p>desde o nascimento.</p><p>c) Para os inatistas, as características inatas ao ser humanos não podem ser desenvolvidas</p><p>fora da escola.</p><p>d) Para os inatistas, as características básicas não fazem parte do ser humano.</p><p>e) Para os inatistas, as características básicas do ser humano são resultado da interação</p><p>entre ambiente e fatores hereditários.</p><p>2. A Psicologia possui diferentes concepções acerca do desenvolvimento humano. A</p><p>concepção inatista e a concepção ambientalista apontam para diferentes influências</p><p>no desenvolvimento de habilidades cognitivas. Considerando essas teorias, analise as</p><p>afirmativas abaixo e marque a resposta correta.</p><p>a) O inatismo e o ambientalismo explicam que o desenvolvimento de habilidades é</p><p>determinado pela hereditariedade.</p><p>b) A teoria inatista explica que o desenvolvimento de habilidades é hereditário.</p><p>c) O inatismo e o ambientalismo explicam que o desenvolvimento de habilidades é</p><p>determinado pelo meio.</p><p>d) A teoria ambientalista explica que o desenvolvimento de habilidades é hereditário.</p><p>e) O inatismo e o ambientalismo explicam que o desenvolvimento de habilidades é</p><p>determinado pela interação entre o meio e a hereditariedade.</p><p>3. (VUNESP- Pedagogo) Sobre as características da concepção ambientalista do</p><p>desenvolvimento humano, assinale a alternativa correta.</p><p>a) O ser humano é concebido como um ser extremamente plástico, que desenvolve suas</p><p>características em função das condições presentes no meio em que se encontra.</p><p>b) A experiência sensorial é fonte de conhecimento, pois o desenvolvimento humano</p><p>está relacionado com as capacidades inatas.</p><p>c) A maturação biológica é tão importante quanto o papel do ambiente no desenvolvimento</p><p>do ser humano e de suas capacidades.</p><p>d) A concepção ambientalista defende que o desenvolvimento humano está relacionado</p><p>com o ambiente em consonância com os fatores inatos.</p><p>43</p><p>e) A aprendizagem é considerada exclusivamente como resultado dos fatores biológicos</p><p>que modificam o comportamento humano.</p><p>4. (Vunesp/Adaptada). Com relação às principais características da concepção inatista</p><p>do desenvolvimento humano é correto afirmar que:</p><p>a) O ambiente interfere no processo de desenvolvimento espontâneo do ser humano.</p><p>Assim, a educação e, portanto, a escola, possuem papéis fundamentais no processo</p><p>de desenvolvimento, ou seja, na personalidade, nos valores, nos hábitos e crenças, na</p><p>conduta social, nas relações emocionais, na forma de pensar e demais aspectos do ser</p><p>humano.</p><p>b) O papel do ambiente é amplo e essencial, pois determina as capacidades adaptativas</p><p>e permite a sobrevivência dos seres humanos.</p><p>c) Desvaloriza os fatores endógenos, ou seja, de origem interna do ser humano. Assim,</p><p>nada pode ser feito externamente para estimular o processo de aprendizagem.</p><p>d) O desenvolvimento cognitivo é resultado da interação dos aspectos hereditários com</p><p>o ambiente.</p><p>e) Parte do pressuposto de que os acontecimentos que ocorrem após o nascimento não</p><p>são essenciais, fundamentais ou importantes para o desenvolvimento do ser humano.</p><p>As qualidades e capacidades básicas já se encontram basicamente prontas e em sua</p><p>forma final no nascimento, depois há pouca diferenciação qualitativa e quase nenhuma</p><p>transformação ao longo da vida.</p><p>5. (Ludus/Adaptada). Uma autoridade educacional proferiu palestra sobre Concepções</p><p>de Aprendizagem e Prática Escolar Contemporânea. Na sua apresentação, destacou as</p><p>concepções: inatista e ambientalista. O item que define corretamente a concepção é:</p><p>a) As concepções inatista e ambientalista têm o mesmo significado, ambas tratam das</p><p>capacidades intelectuais do sujeito que aprende ativamente.</p><p>b) As concepções inatista e ambientalista são diferentes porque o inatismo refere- se ao</p><p>meio cultural do indivíduo e o ambientalismo explica as etapas de desenvolvimento da</p><p>aprendizagem do sujeito.</p><p>c) As concepções ambientalista e inatista possuem o mesmo sentido, porque definem o</p><p>meio social como o único recurso para o desenvolvimento da aprendizagem.</p><p>d) A concepção ambientalista e a inatista são comuns, pois veem o sujeito como o único</p><p>responsável por sua aprendizagem.</p><p>e) Nenhuma das alternativas acima está correta.</p><p>6. (CONTEMAX/Adaptada). Em decorrência de você estar atrasado para chegar ao</p><p>trabalho em uma manhã, você dirige acima do limite de velocidade estabelecido. Como</p><p>resultado, você é parado por um policial e recebe uma multa. Na referida situação, o que</p><p>ocorreu segundo os comportamentalistas? (Bock, Furtado & Teixeira, 2000)</p><p>a. Fuga.</p><p>b. Esquiva.</p><p>c. Punição.</p><p>d. Generalização de estímulo.</p><p>e. Discriminação de estímulo.</p><p>44</p><p>7. (FAU-Adaptada). Sobre as concepções behavioristas radicais/análise do comportamento</p><p>relativas à área educacional é correto afirmar:</p><p>a) Defesa do uso do controle aversivo do comportamento, por meio de punições, no</p><p>ambiente educativo.</p><p>b) A crença de que o professor deve informar de maneira clara aos alunos quais os</p><p>comportamentos são esperados.</p><p>c) A defesa de que quanto mais espontâneo o processo de ensino-aprendizagem, melhor</p><p>será para o estudante.</p><p>d) A crença de que o professor pouco pode potencializar o desenvolvimento do aluno,</p><p>pois ele já nasce com as suas características pré-estabelecidas.</p><p>e) A defesa de que o professor deve iniciar o ano letivo exigindo muito dos estudantes,</p><p>para que eles sintam medo e comportem-se de maneira adequada.</p><p>8. (FEPESE/ Adaptada). A respeito do Behaviorismo, é correto afirmar:</p><p>1. É uma corrente da Psicologia criada por Sigmund Freud.</p><p>2. O termo “behavior”, traduzido como “comportamento” para o português, permite</p><p>identificar essa corrente teórica também como Comportamentalismo.</p><p>3. Para essa abordagem, o comportamento é o seu objeto de estudo.</p><p>Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.</p><p>a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.</p><p>b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.</p><p>c) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.</p><p>d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.</p><p>e) Está correta apenas a afirmativa 3.</p><p>45</p><p>CORRENTES</p><p>EPISTEMOLÓGICAS:</p><p>INTERACIONISMO</p><p>46</p><p>4.1 INTRODUÇÃO</p><p>A corrente epistemológica interacionista compreende o desenvolvimento</p><p>humano como resultado da interação entre os aspectos biológicos, orgânicos e</p><p>ambientais, diferentemente do inatismo, que defende que as pessoas são determinadas</p><p>exclusivamente pela hereditariedade e do ambientalismo, que acredita que apenas as</p><p>experiências vão determinar esse desenvolvimento (DAVIS; OLIVEIRA, 1994).</p><p>Considerando a relevância dos aspectos biológicos e do meio em que o sujeito está</p><p>inserido, o Interacionismo, como o próprio nome indica, foca na interação dessa pessoa</p><p>com o seu meio, por isso, defende que o desenvolvimento humano vai depender dessa</p><p>interação. No caso do ambiente escolar, podem-se considerar as relações do estudante</p><p>com os seus colegas, com as professoras.</p><p>A seguir serão apresentados os três principais autores interacionistas: Jean Piaget,</p><p>Lev Vigotski e Henri Wallon. Apesar de fazerem parte da mesma corrente epistemológica,</p><p>o Interacionismo, eles possuem algumas diferenças (DAVIS; ALMEIDA; RIBEIRO;</p><p>RACHMAN, 2012), conforme será abordado ao longo do capítulo e sintetizado no último</p><p>item dessa unidade.</p><p>Jean Piaget nasceu em 1896, na Suíça e morreu em 1980, no mesmo país. Ele</p><p>se formou em Biologia, estudou Psicologia, Epistemologia e Educação. Desde muito</p><p>cedo, demonstrou interesse em pesquisa, aos 10 anos publicou o seu primeiro trabalho</p><p>científico, intitulado “Pardal Albino” e, aos 11 anos começou a trabalhar no museu de</p><p>História Natural, na Suíça.</p><p>A partir de sua participação em uma pesquisa sobre padronização de testes</p><p>psicológicos, passou a se interessar pelo cometimento do erro da criança e pelo</p><p>conhecimento. Buscou compreender a gênese do pensamento humano e, com</p><p>esse objetivo, elaborou uma das mais reconhecidas teorias psicológicas sobre o</p><p>desenvolvimento infantil.</p><p>Para Piaget (2001), assim como existe o desenvolvimento orgânico, existe o</p><p>desenvolvimento psíquico, ambos ocorrem desde o nascimento até a vida adulta,</p><p>quando atingem o equilíbrio. Enquanto no primeiro, o equilíbrio final é o crescimento</p><p>e a maturidade dos órgãos, no desenvolvimento psíquico, o equilíbrio final é o “espírito</p><p>adulto”. O equilíbrio orgânico é mais instável e tem uma evolução ascendente, regressiva,</p><p>4.2 JEAN PIAGET</p><p>Figura 6: Fotografia Piaget</p><p>Fonte: Site Museu Educação Diversidade (2019)</p><p>47</p><p>já o equilíbrio da mente é uma construção contínua, como a edificação de um grande</p><p>prédio, mais sólido.</p><p>Um importante conceito proposto por Piaget (2001) é o de equilibração progressiva,</p><p>que é a passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para o de maior, por</p><p>exemplo, da inteligência, da afetividade. Em se tratando da educação escolar, pode-se</p><p>considerar a aprendizagem, por exemplo, de um conceito complexo (tipo a multiplicação),</p><p>a criança inicialmente, vai entender um conceito mais simples (como a soma) para</p><p>depois conseguir compreender a multiplicação.</p><p>Diante de toda necessidade ou desequilíbrio, a criança faz uma ação (movimento,</p><p>pensamento, sentimento) para encontrar o equilíbrio, na busca de uma equilibração.</p><p>Toda necessidade/adaptação tende a (PIAGET, 2001):</p><p>- Assimilação: tentativa de solucionar uma situação usando uma estrutura já</p><p>formada. Um novo elemento é incorporado ou assimilado a um sistema já pronto (tornar</p><p>semelhante). Exemplo: a criança, na adaptação para começar a usar o copo “normal”, vai</p><p>virá-lo completamente, da forma como fazia com o copo de “transição” (com tampa).</p><p>Ou</p><p>- Acomodação: modificar estruturas antigas para dominar nova situação (adequar).</p><p>Exemplo: O primeiro animal que a criança conhece é uma galinha, ela irá chamar todos os</p><p>bichos de “cocó”, depois, ela vai compreender que cada animal tem um nome diferente</p><p>e irá diferenciá-los, chamando-os de “auau”, “miau”.</p><p>É importante destacar que o desequilíbrio fará com que o estudante busque</p><p>estratégias (antigas ou novas) para alcançar o equilíbrio, nesse sentido, é papel da</p><p>professora propor atividades, fazer questões que desequilibrem os seus alunos, de forma</p><p>que eles ajam e/ou pensem para solucionar o problema apresentado.</p><p>Piaget (2001) dividiu o desenvolvimento humano em quatro etapas ou estágios,</p><p>que serão apresentados a seguir:</p><p>- Período Sensório motor (da lactância até por volta de um ano e meio/dois anos)</p><p>- Período Pré-operacional (dos dois aos sete anos)</p><p>- Período das Operações concretas (dos sete aos 12 anos)</p><p>- Período das Operações formais (adolescência)</p><p>Período Sensório motor</p><p>Com duração aproximadamente até um ano e meio, dois anos, este é um estágio</p><p>decisivo para todo o desenvolvimento, de acordo com Piaget (2001), de tão complexas as</p><p>mudanças que nele ocorrem, há uma verdadeira “Revolução copérnica em miniatura”.</p><p>Orgânico: Referente aos órgãos dos seres vivos.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Copérnico: Referente a Nicolau Copérnico, matemático e astrônomo responsável pela</p><p>teoria heliocêntrica, de grande relevância para a compreensão do sistema solar.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>48</p><p>Através da percepção e do movimento, a criança passa a ter uma conquista do</p><p>universo prático. Piaget (2001) defendeu que não há passividade nesta etapa, prova disso</p><p>são os reflexos de sucção: eles melhoram com o tempo, há uma generalização dessa</p><p>atividade e, posteriormente, ocorrem discriminações ou reconhecimentos práticos,</p><p>por exemplo, a criança passa a diferenciar o bico da mamadeira, da chupeta e do seio</p><p>materno.</p><p>Para esse autor, os conjuntos motores e perceptivos são reconhecidos como</p><p>“esquemas senso-motores” (PIAGET, 2001), que nomeiam o estágio. A criança nesta</p><p>fase tem uma inteligência prática ou senso motora, que aparece antes da linguagem e</p><p>pode ser constatada através da manipulação de objetos, apesar de não haver o uso e a</p><p>compreensão de palavras e conceitos, a criança percebe e se movimenta.</p><p>Um conceito proposto por Piaget (2001) é o de reação circular, no qual resultados</p><p>são primeiramente obtidos ao acaso e, depois, passam a ser alcançados por repetição,</p><p>que demonstra a experimentação infantil. Por exemplo, a criança que está com a boca</p><p>aberta, movimentando os braços e, em um primeiro momento, sem intenção, coloca a</p><p>mão na boca, ela irá passar a ter a intencionalidade de pôr a mão na boca para explorar</p><p>seu corpo e seu movimento. É importante que a criança seja estimulada a explorar o seu</p><p>corpo e os objetos a sua volta, seja no ambiente doméstico, seja na escola.</p><p>Período Pré-operacional</p><p>Para Piaget (2001) este estágio ocorre entre os dois e sete anos e tem como principal</p><p>aquisição o aparecimento da linguagem, por meio dela, a criança passa a ser capaz de</p><p>reconstruir ações passadas, antecipar ações futuras, participar de trocas com outros</p><p>indivíduos (início da socialização da ação), interiorizar a palavra (aparição do pensamento</p><p>propriamente dito), interiorizar a ação. Nessa etapa, a criança que já “dominava” o universo</p><p>físico, passa a compreender o mundo social e o mundo das representações. Na escola,</p><p>é comum que as professoras utilizem imagens ou fotos para representar a rotina que</p><p>terão em um determinado dia, as crianças nesse estágio conseguem compreender essa</p><p>representação. Nos exemplos abaixo, as crianças maiores provavelmente se atentariam</p><p>às palavras, já as menores, focariam (e entenderiam) as ilustrações:</p><p>Nesta etapa, com frequência, as crianças não falam somente às outras, mas para</p><p>si mesmas, o que Piaget (2001) denominou de “linguagem egocêntrica”. Nos momentos</p><p>de convivência em grupos, ocorrem os “monólogos coletivos”: quando observadas de</p><p>longe, as crianças parecem conversar entre si, todavia, quando o observador se aproxima,</p><p>constata que todas falam ao mesmo tempo, mas não interagem.</p><p>Através de suas pesquisas, Piaget (2001) observou que nesse período ocorre a</p><p>aparição de sentimentos morais intuitivos: a primeira moral da infantil é a obediência</p><p>Figura 7: Modelo de rotina escolar: exemplo de representação</p><p>Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3dFXzCG. Acesso em: 08 ago.2021.</p><p>49</p><p>(heterônoma). Para as crianças dessa idade, não é ruim mentir para os colegas, pois</p><p>eles não se importam. É inadequado mentir para os pais, pois eles não gostam. Quanto</p><p>mais distante da realidade for uma mentirá, maior será a sua gravidade. Observa-se</p><p>uma subordinação da criança em relação ao adulto, há uma submissão tanto intelectual</p><p>quanto afetiva.</p><p>A inteligência, de senso-motora ou prática, passa ao pensamento propriamente</p><p>dito, sendo influenciado pela linguagem e pela socialização: “A linguagem é um veículo</p><p>de conceitos e noções que pertence a todos e reforça o pensamento individual com um</p><p>vasto sistema de pensamento coletivo. ” (PIAGET, 2001, p.28)</p><p>As formas de pensamento típicas dessa idade são, inicialmente, um egocentrismo</p><p>que exclui toda objetividade e, posteriormente, adaptado ao real (em uma preparação</p><p>para o pensamento lógico). A intuição é a lógica da primeira infância, a criança faz</p><p>afirmações sem demonstração, isso pode ser justificado pelo egocentrismo, pela falta</p><p>de domínio verbal e, principalmente, pela permanência em uma pré-lógica.</p><p>São tendências do pensamento das crianças (PIAGET, 2001):</p><p>- Animismo: tendência a conceber as coisas como vivas e dotadas de intenção.</p><p>- Finalismo: tudo tem uma finalidade.</p><p>- Fase dos “porquês”, “onde” e o “que é”? tudo existe por uma causa e um fim.</p><p>- Artificialismo ou crença que as coisas foram construídas pelo/a homem/mulher</p><p>ou divindade.</p><p>É muito comum que as crianças nesse estágio se interessem pelo jogo simbólico</p><p>ou de imaginação e imitação e essa é uma atividade duplamente egocêntrica, além de</p><p>satisfazer o eu ao transformar o real, possibilita reviver o prazer e o conflito experienciado</p><p>anteriormente, a criança é capaz de completar a realidade com a ficção. Com esse</p><p>conhecimento advindo das pesquisas de Piaget (2001), os jogos de faz de conta costumam</p><p>ser muito utilizados na escola, brincar de casinha, de alguma profissão (como cabelereiro,</p><p>médico), esse tipo de atividade estimula a criatividade da criança, além de possibilitar</p><p>que ela exerça a sua capacidade de representação e elaboração.</p><p>Período das Operações concretas</p><p>De acordo com Piaget (2001), por volta dos setes anos, ocorre a escolarização</p><p>efetiva, com isso, a criança passa a ter novas formas de organização, o que acarreta um</p><p>equilíbrio mais estável. Entre os sete e 12 anos, observa-se um duplo</p><p>progresso: a criança</p><p>passa a ter capacidade de concentração individual e, ao mesmo tempo, de colaboração</p><p>efetiva.</p><p>No campo das relações interindividuais, constata-se que aumentam as discussões,</p><p>as crianças passam a respeitar o ponto de vista do outro e a justificar as suas próprias</p><p>ações. Há o desaparecimento da linguagem egocêntrica. Com a diminuição das condutas</p><p>impulsivas e do egocentrismo, a criança pensa antes de agir (constata-se o início da</p><p>reflexão). Observa-se também a redução do egocentrismo social e intelectual e o início</p><p>da moral de cooperação e autonomia (PIAGET, 2001).</p><p>As crianças nessa etapa do desenvolvimento costumam se interessar por jogos de</p><p>regras, buscam a unidade das regras (ou seja, certificam-se que todos os participantes</p><p>dos jogos usem as mesmas normas) e controlam o comportamento dos colegas. Nesse</p><p>sentido, a professora pode propor jogos educativos que necessitem a compreensão e o</p><p>respeito às regras, seja na educação física (através de jogos que possuem normas mais</p><p>complexas) ou nas aulas teóricas, com o uso da adedanha, seja na aula de na aula de</p><p>português (mais comum) ou na de matemática, conforme figura abaixo:</p><p>50</p><p>Período das Operações formais</p><p>Piaget (2001) acreditava que durante a adolescência, as pessoas sentem que têm</p><p>seus “poderes multiplicados” em relação à afetividade e ao pensamento. Em um primeiro</p><p>momento, isso traz perturbação, mas, depois, esse sentimento fortalece o adolescente.</p><p>Do “aprisionamento” no concreto, o adolescente conquista a capacidade de</p><p>representações, das ideias, há a libertação do real. Ele passa a ser capaz de ter o</p><p>pensamento hipotético-dedutivo: consegue deduzir as conclusões de hipóteses, não</p><p>apenas de observação (PIAGET, 2001).</p><p>Para Piaget (2001), nesta etapa do desenvolvimento, o sujeito busca certa igualdade</p><p>e reciprocidade com adultos. No campo da moralidade, o adolescente compreende</p><p>as regras, podendo inclusive construí-las, acordá-las, perceber a sua utilidade e, caso</p><p>necessário, modificá-las. O adolescente experiência um forte sentimento de justiça,</p><p>neste momento, a intencionalidade da mentira é mais importante do que as suas</p><p>consequências.</p><p>Diante das várias aquisições, tanto em termos cognitivos como afetivos, a escola</p><p>deve estimular a participação ativa do adolescente, bem como o desenvolvimento do seu</p><p>senso crítico. Como sugestões de atividades, destacam-se: debates, tarefas de pesquisa</p><p>ativa, analise de casos reais e hipotéticos.</p><p>Figura 8: Modelo do uso da adedanha na matemática</p><p>Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3feydMF. Acesso em: 08 ago.2021.</p><p>Adedanha ou stop: nesse jogo, cada participante tem de preencher uma folha com co-</p><p>nhecimentos gerais, de acordo com a letra sorteada. Por exemplo, se saiu a letra “A” as</p><p>pessoas que estão jogando devem escrever um nome, um país, um verbo, uma profissão</p><p>etc que comece com “A”.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>4.3 LEV VIGOTSKI</p><p>51</p><p>Lev Semionovitch Vigotski nasceu em 1896, na Bielorrússia e morreu em 1934,</p><p>na Rússia, vítima de tuberculose. Assim como Piaget, ele iniciou seus estudos muito</p><p>novo, foram encontrados pequenos papéis com anotações sobre seus pensamentos de</p><p>quando ele tinha 16 anos. Suas crises de tuberculose foram impulsionadoras, ele “corria</p><p>contra o tempo” para conseguir sistematizar as suas teorias. (PRESTES, TUNES, 2015). De</p><p>fato, sua morte prematura prejudicou a estruturação de suas obras.</p><p>Vigotski formou-se Direito, estudou Psicologia, Educação, Arte, Linguística. Teve</p><p>como interesse central: “o estudo da gênese dos processos psicológicos tipicamente</p><p>humanos, em seu contexto histórico-cultural. ” (REGO, 2020, p. 16), por isso, pesquisou</p><p>sobre o aprendizado e desenvolvimento infantil.</p><p>Um ponto a ser destacado na biografia de Vigotski é o fato de ele ser da então</p><p>União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), isso fez com que o acesso às suas</p><p>obras fosse escasso: seus livros chegaram ao Brasil apenas em 1984. Além disso, ele viveu</p><p>em um período de grande instabilidade política (PRESTES, TUNES, 2015).</p><p>Das muitas contribuições de Vigotski para a educação, destaca-se a sua crença</p><p>na potência das crianças. De acordo com Mello (2015) ele defendeu a positividade no</p><p>desenvolvimento humano, em detrimento à negatividade. Ainda hoje, as teorias sobre</p><p>desenvolvimento e aprendizagem focam naquilo que a criança já sabe fazer, sem acreditar</p><p>no que a criança é capaz de aprender. Para Vigostki, a atenção da aprendizagem deve</p><p>estar no que a criança está pronta para aprender. Ele criou o importante conceito de</p><p>Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) (OLIVEIRA, 1993).</p><p>- Zona de Desenvolvimento real:</p><p>• Aquilo que a criança sabe fazer sozinha</p><p>• Ciclos de desenvolvimentos já completados</p><p>• É nessa zona que incide a maioria das avaliações escolares.</p><p>- Zona de Desenvolvimento Potencial:</p><p>• O que a criança sabe fazer com ajuda de alguém mais experiente, seja por meio de</p><p>diálogo, instrução, colaboração, assistência, imitação</p><p>• Aquilo que ainda não amadureceu, mas está em processo de maturação</p><p>• Refere-se às etapas posteriores do desenvolvimento.</p><p>- Zona de Desenvolvimento Proximal: é a distância entre a Zona de Desenvolvimento</p><p>Real e a Potencial: a “Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda</p><p>não amadureceram, que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão,</p><p>mas estão em estado embrionário” (VIGOTSKI, 1984, p. 97, citado por Oliveira, 1993).</p><p>A Zona de Desenvolvimento Proximal de hoje é a Zona de Desenvolvimento Real</p><p>de amanhã. Uma forma de explorar a ZDP na escola é utilizando uma pessoa mais</p><p>Figura 9: Fotografia Vigotski</p><p>Fonte: Site Nova Escola (2008)</p><p>52</p><p>experiente, como a própria professora ou uma colega para auxiliar o estudante, seja por</p><p>meio do diálogo, da colaboração ou da imitação. Se, em um primeiro momento a criança</p><p>irá necessitar desse apoio, com o tempo, esse auxílio já não será mais necessário.</p><p>De acordo com Rego (2014), um ponto muito importante da teoria de Vigotski é</p><p>a relevância concedida ao contexto para o desenvolvimento, para ele, não nascemos</p><p>humanos, mas aprendemos a sê-lo na interação com o meio e com as pessoas ao nosso</p><p>redor. É no contato com o outro que aprendemos.</p><p>Por isso, Vigotski defende que o desenvolvimento não é universal, ele vai ocorrer</p><p>de maneira diferente para cada pessoa, pois ela está inserida em um contexto histórico</p><p>e cultural diferente (REGO, 2014). Uma criança que vive em uma grande cidade vai se</p><p>desenvolver de maneira diferente de outra que mora na zona rural e de outra que vive</p><p>em um pequeno município, se nos referimos às crianças que nasceram em 1980, 2000</p><p>ou 2020, o momento histórico também interfere.</p><p>Os acessos a que cada uma delas também variam: desde a comida- o tipo,</p><p>a quantidade-, até os brinquedos, a escola, a família e sua forma de organização.</p><p>O desenvolvimento é resultado da interação do sujeito com o seu meio, sempre</p><p>considerando a pessoa como um ser ativo e nunca passivo. É importante destacar que</p><p>Vigotski atribui grande relevância ao contexto social e, ao mesmo tempo, considera</p><p>também a maturação biológica (OLIVEIRA, 1993).</p><p>O contexto sócio-histórico não interfere apenas na alimentação ou na escolarização</p><p>de uma criança, mas também nos processos psicológicos superiores. Eles são de origem</p><p>sociocultural e emergem dos processos elementares, de origem biológica, das estruturas</p><p>orgânicas. Como exemplo dos processos psicológicos superiores, podemos citar:</p><p>controle consciente do comportamento, atenção, pensamento abstrato, capacidade de</p><p>planejamento, ou seja, toda ação intencional e de liberdade do indivíduo (REGO, 2020).</p><p>À medida que os humanos crescem eles passam a ter, cada vez mais, ações</p><p>mediadas e menos ações diretas. A mediação é um processo de intervenção de um</p><p>elemento intermediário em uma relação, que deixa de ser direta e passa a ser mediada</p><p>(OLIVEIRA, 1993). A relação do estudante com um determinado autor, por exemplo, é</p><p>mediada, seja pelo livro, seja pela professora.</p><p>De acordo com Oliveira (1993), os</p><p>elementos mediadores são os instrumentos e os</p><p>signos. Os instrumentos são externos aos sujeitos, podem ser usados por seres humanos</p><p>ou por animais, como a vareta que é utilizada para alcançar uma fruta no topo da árvore,</p><p>a pá para cavar a terra.</p><p>Já os signos, ainda segundo Oliveira (1993), são usados apenas pelos seres</p><p>humanos, são como “instrumentos psicológicos”, ou seja, são ferramentas que auxiliam</p><p>nos processos psicológicos e não na ação concreta, com isso, há a libertação do mundo</p><p>concreto e a possibilidade de fazer operações mentais. São elementos que representam/</p><p>expressam objetos, situações.</p><p>O sistema simbólico básico é a linguagem, cujas principais funções são: o</p><p>intercâmbio social e o pensamento generalizante (conceito compartilhado, agrupamento</p><p>de uma categoria e diferenciação de outras) (REGO, 2020).</p><p>Uma das obras mais importantes de Vigotski é o livro “Pensamento e Linguagem”,</p><p>nele, o autor explora a interrelação entre esses dois processos. O desenvolvimento</p><p>do pensamento e da linguagem têm origens e trajetórias diferentes. Existe uma fase</p><p>pré-verbal do desenvolvimento do pensamento (inteligência prática, com utilização</p><p>de instrumentos) e uma fase pré-intelectual do desenvolvimento da linguagem (com</p><p>53</p><p>utilização de sons, gestos e expressões para alívio emocional/ contato com o grupo, mas,</p><p>nesse momento, a linguagem ainda não tem a função de símbolo) (OLIVEIRA, 1993).</p><p>Na análise de Oliveira (1993), baseando-se em Vigostki, as trajetórias do pensamento</p><p>e da linguagem iniciam-se desvinculadas e, em um momento do desenvolvimento</p><p>filogenético, unem-se, fazendo com que o pensamento passe a ser verbal e a linguagem</p><p>racional.</p><p>Para Vigotski, o significado de uma palavra é a mistura do pensamento e da</p><p>linguagem. E, ainda a esse respeito, o autor demonstra a importância do contexto</p><p>sócio-histórico para o pensamento e para a linguagem: o significado de uma palavra é</p><p>compartilhado, social, objetivo e mais estável- apesar de ser passível de transformação.</p><p>Por exemplo, o termo “boêmio”, antigamente, referia-se estritamente à pessoa oriunda</p><p>da Boêmia, com o passar dos anos, passou a ser compreendido também como errante,</p><p>nômade, desregrado. Além do significado, as palavras têm sentido, que é pessoal,</p><p>subjetivo e menos estável, muda ao longo do desenvolvimento (OLIVEIRA, 1993). Para</p><p>ilustrar a diferença entre significado e sentido, considere a palavra escola:</p><p>- significado: Estabelecimento de ensino coletivo, público ou particular</p><p>(DICIONÁRIO AULETE, online)</p><p>- sentido:</p><p>• para uma criança que gosta da escola: lugar agradável</p><p>• para uma criança que ainda está se adaptando ao ambiente escolar: lugar em que</p><p>não me sinto segura e confortável</p><p>• para uma mãe: instituição que meus filhos aprendem</p><p>• para um professor: lugar em que eu trabalho</p><p>Dessa forma, entende-se que a linguagem, como a falada, tem um aspecto social,</p><p>compartilhado e compreendido por todos, além de uma dimensão subjetiva, que vai</p><p>depender de cada sujeito.</p><p>Diante do exposto, uma prática docente baseada nos pressupostos de Vigotski</p><p>deve considerar que o desenvolvimento acontece inserido em um contexto: a</p><p>linguagem escrita, falada vai depender do meio do estudante e da escola, trata-se do</p><p>ambiente rural ou urbano? Esses são fatores que devem ser considerados no momento</p><p>da aprendizagem. Além disso, é importante acreditar na capacidade do estudante de</p><p>aprender e de resolver problemas, como os conflitos com os colegas. A docente, sob</p><p>essa perspectiva deve lançar as questões para os alunos: “como vamos resolver essa</p><p>disputa de quem vai ficar em qual grupo de trabalho? Quais as ferramentas podemos</p><p>usar para solucionar esse problema matemático? ” ao invés de simplesmente impor</p><p>uma resposta. Com isso, a educação irá estimular a aprendizagem e o desenvolvimento</p><p>dos estudantes. Considerando a importância da interação para esse desenvolvimento, é</p><p>importante também que sejam propostas atividades para serem realizadas com a ajuda</p><p>de outras pessoas, seja a professora, seja os colegas. Com o tempo, o aluno irá conseguir</p><p>concluí-las sem o apoio (MELLO, 2015) e novos desafios poderão ser apresentados.</p><p>54</p><p>Para conhecer mais sobre uma das precursoras dos estudos de Vigotski no</p><p>Brasil, a professora Silvia Lane, explore o site do Núcleo de Pesquisa da Dialéti-</p><p>ca Exclusão/Inclusão Social (Nexin): https://bit.ly/3SakogQ. Acesso em: 27 ago.</p><p>2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>4.4 HENRI WALLON</p><p>Wallon nasceu na França, em 1879 e morreu nesse mesmo país, no ano de</p><p>1962. Estudou Filosofia e Medicina, foi médico do exército francês e em instituições</p><p>psiquiátricas. Debruçou-se sobre a pesquisa em Educação e crianças. Ele chegou a</p><p>ingressar na carreira política, tendo sido um dos responsáveis por uma proposta de</p><p>reforma do sistema de ensino francês. Suas experiências pessoais o fizeram defender os</p><p>valores de solidariedade, justiça e antirracismo na escola (GRATIOT-ALPHANDÉRY, 1994).</p><p>Wallon defendia que a aprendizagem é composta por fenômenos psicológicos e</p><p>pedagógicos. Para ele, compreender o indivíduo em sua totalidade pressupõe a visão</p><p>integrada da pessoa: seu desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, sendo que o sujeito</p><p>está em contínuo processo de desenvolvimento e que, em cada momento, a pessoa é</p><p>uma totalidade (que é a integração desses três conjuntos- motor, afetivo e cognitivo.</p><p>(MAHONEY; ALMEIDA, 2012).</p><p>Uma das grandes contribuições de Wallon para a educação é a consideração da</p><p>afetividade no desenvolvimento humano, especialmente no ambiente escolar. Para além</p><p>de ser compreendida como algo agradável ou desagradável, essa deve ser entendida</p><p>como a capacidade ou disposição que as pessoas têm de serem afetadas pelo mundo</p><p>externo e interno. Dessa maneira, a relação interpessoal, principalmente na escola é</p><p>determinante: “A forma como o professor se relaciona com o aluno reflete nas relações</p><p>do aluno com o conhecimento e nas relações aluno-aluno. ” (MAHONEY, ALMEIDA, 2005,</p><p>p. 26). Para que a relação entre educadora e estudante seja positiva, é importante que</p><p>ela compreenda que o aluno tem diferentes motivações para estar na escola, bem como,</p><p>que ele já possui alguns saberes. É de extrema relevância que a educadora confie na</p><p>capacidade do estudante (indo ao encontro do proposto por Vigotski) e o respeite.</p><p>Para Almeida (2012) respeitar o estudante significa: conhecê-lo em sua etapa</p><p>de formação e conhecer os meios em que se desenvolve, além disso, deve-se seguir o</p><p>ritmo do seu desenvolvimento, além de disponibilizar outros meios para que ele possa</p><p>Figura 10: Fotografia Wallon</p><p>Fonte: Site Nova Escola (2008)</p><p>55</p><p>Quadro 1: Leis wallonianas do desenvolvimento humano</p><p>Fonte: Dourado e Prandini (2012, p.25)</p><p>aprender.</p><p>Assim como Vigotski, Wallon também acreditava que os indivíduos são produzidos</p><p>historicamente, em interação com o meio e que, assim como o meio modifica o ser</p><p>humano, ele também modifica o seu meio. Assim sendo, esses autores defendem a</p><p>natureza social das pessoas.</p><p>Wallon descreveu três leis reguladoras do desenvolvimento humano, descritas na</p><p>tabela abaixo:</p><p>Para Wallon, o desenvolvimento humano não ocorre de maneira linear e contínua</p><p>(como proposto por Piaget) e é resultado da maturação orgânica e do exercício</p><p>funcional. (DOURADO; PRANDINI, 2012). Esse estudioso descreveu cinco estágios do</p><p>desenvolvimento que foram nomeados e divididos da seguinte forma:</p><p>- Impulsivo emocional (0 a 1 ano),</p><p>- Sensório motor e projetivo (1 a 3 anos),</p><p>- Personalismo (3 a 6 anos),</p><p>- Categorial (6 a 11 anos) e</p><p>- Puberdade e Adolescência (11 anos em diante).</p><p>Em seguida descreveremos brevemente cada um desses estágios.</p><p>Estágio impulsivo emocional</p><p>Esse período inicia-se no nascimento e perdura até o primeiro ano da criança.</p><p>Observa-se nas crianças nesse estágio uma inaptidão prolongada, há total dependência</p><p>das pessoas ao seu redor para interpretar e responder às demandas infantis. No início da</p><p>vida da criança, na imersão no mundo social, não há delimitação entre ela e o outro,</p><p>nem</p><p>entre o mundo exterior e sujeito (DUARTE; GULASSA, 2012).</p><p>Assim como Piaget, Wallon também descreveu as atividades circulares, que são</p><p>movimentos inicialmente casuais, que passam a ser repetidos intencionalmente para</p><p>que a criança possa conhecer os efeitos desses movimentos e suas variações. Esse é</p><p>um importante instrumento de aprendizagem, que possibilita o conhecimento próprio</p><p>e dos objetos, além do desenvolvimento de gestos mais precisos e úteis (DUARTE;</p><p>GULASSA, 2012). Se a criança estiver na escola, ou mesmo em casa, é importante que</p><p>a professora (ou a pessoa cuidadora) a estimule nessa experimentação, por exemplo,</p><p>permitindo-a jogar a colher longe e perto, tocar nas folhas apertando-as, hora com força,</p><p>hora soltando-as.</p><p>Estágio sensório-motor e projetivo</p><p>1ª lei Lei da Alternância funcional Indica duas direções opostas que se alternam ao</p><p>longo do desenvolvimento:</p><p>- a centrípeta (voltada para a construção do eu) e</p><p>- a centrífuga (voltada para a elaboração da reali-</p><p>dade externa)</p><p>2ª lei Lei da Preponderância fun-</p><p>cional</p><p>As três dimensões (motora, afetiva e cognitiva) so-</p><p>bressaem-se, alternadamente, ao longo do desen-</p><p>volvimento do sujeito.</p><p>3ª lei Lei da Diferenciação e Inte-</p><p>gração funcional</p><p>As novas possibilidades não se anulam ou se justa-</p><p>põe às conquistas dos estágios anteriores, mas sim</p><p>integram-se a elas nas etapas seguintes.</p><p>56</p><p>Esse período inicia-se geralmente no primeiro ano e vai até o terceiro ano de idade.</p><p>Suas duas principais novidades, que são grandes aquisições para todo o desenvolvimento</p><p>humano, são a marcha e linguagem, sendo que ambas favorecem a atuação da criança</p><p>no mundo e sua maior independência (COSTA, 2012).</p><p>O andar possibilita à criança conhecer mais objetos (não apenas aqueles que</p><p>estão ao seu alcance próximo), medir distâncias, variar direções, transportar objetos,</p><p>ampliar a liberdade de explorar, reconhecer os objetos, os espaços e a si, além de facilitar</p><p>o desenvolvimento da “inteligência das situações”.</p><p>Ainda de acordo com Costa (2012), ao mesmo tempo em que ocorre o</p><p>desenvolvimento dessa inteligência prática, o conhecimento da linguagem possibilita à</p><p>criança nomear, identificar, diferenciar e agrupar objetos, além de uma outra forma de</p><p>exploração do mundo, o das representações.</p><p>No ambiente escolar, a criança nesse estágio precisa ser estimulada a descobrir</p><p>diferentes ambientes e objetos, além de tentar se comunicar. É muito comum que a</p><p>entrada da criança pequena na escola signifique um grande avanço em sua capacidade</p><p>de comunicação, se antes, no ambiente doméstico, a pessoa cuidadora muitas vezes se</p><p>antecipava às necessidades infantil e estava totalmente voltada para uma criança, na</p><p>escola, o estudante deve ser capaz de mostrar para a professora quando quer alguma</p><p>coisa, por exemplo, um determinado brinquedo.</p><p>Estágio do Personalismo</p><p>A ocorrência desse período é, geralmente, dos três aos seis anos. Nele, a criança</p><p>explora a si mesma como um ser diferente dos outros, sendo a tarefa central o processo</p><p>de discriminação entre eu e outro (separação e distinção). É muito comum nesse estágio</p><p>o uso de expressões como “eu”, “meu”, “não”, que demonstram a evolução da linguagem</p><p>e o início da consciência de si (BASTOS; DÉR, 2012).</p><p>Através da consciência corporal, há a unificação das partes do corpo em uma</p><p>totalidade, sendo essa uma condição fundamental para tomada de consciência de si e</p><p>do processo de diferenciação eu e outro. Por isso a importância de atividades escolares</p><p>que explorem o próprio corpo: olhar-se no espelho, conhecer e nomear as partes do</p><p>corpo, fazer desenhos do corpo, seja em menor escala (como no papel A4), seja em larga</p><p>escala (como a tarefa de pedir que a criança se deite para que seja feito o contorno do</p><p>seu corpo no chão). Em um primeiro momento, há a constituição do eu corporal, para</p><p>depois ocorrer a constituição do objeto e, finalmente, a constituição do eu psíquico.</p><p>Ainda para Bastos e Dér (2012), baseando-se nos estudos de Wallon, durante o</p><p>estágio do Personalismo, há três fases: a da oposição, da sedução e da imitação,</p><p>conforme descrição a seguir. É importante que a professora considere essas etapas para</p><p>compreender a maneira como a criança se relaciona com os colegas, com ela e com a</p><p>própria educadora.</p><p>Na fase da oposição, também conhecida como de recusa e reivindicação, que</p><p>ocorre geralmente por volta dos três anos, é comum que a criança apresente crises</p><p>intensas e muitas vezes sem motivo aparente, as famosas birras. Essas crises precisam</p><p>ser compreendidas como uma busca de afirmação de si, de se constituir como um eu</p><p>que está se diferenciando do outro. A criança sente prazer em contradizer e confrontar,</p><p>pois, está experimentando a sua independência.</p><p>Na fase da sedução, ou idade da graça, a criança sente a necessidade de ser</p><p>admirada, de sentir que agrada, uma vez que, assim, vai se admirar também. É comum</p><p>que ela alterne entre graça e timidez, habilidade e falta de habilidade. Se na etapa</p><p>57</p><p>anterior, as expressões mais faladas pela criança eram “não” e “é meu”, agora, a ela fala</p><p>bastante “olha como faço, olha como consigo”, com o objetivo de alcançar o apoio e a</p><p>aprovação. É importante que a professora valorize a produção da estudante, acompanhe</p><p>o seu desenvolvimento e aponte-o para ela, por exemplo: “anteriormente você não sabia</p><p>contar até 10, agora você aprendeu, parabéns! ”</p><p>Na fase da imitação, é como se as qualidades da criança não fossem mais suficientes,</p><p>assim sendo, as pessoas que a criança admira servem como modelo, ela apodera-se</p><p>de suas qualidades: cópia e assimila as qualidades do outro (BASTOS; DÉR, 2012). Por</p><p>sua proximidade e consideração pela professora, é comum que a criança a eleja como</p><p>alguém a ser imitado. Por isso, a educadora deve ter consciência que as crianças vão</p><p>observar todas as suas ações e, muito provavelmente, vão querer fazer aquilo que veem</p><p>(não apenas o que escutam!).</p><p>Estágio Categorial</p><p>De acordo com Amaral (2012), esse estágio ocorre geralmente entre os seis e os</p><p>11 anos de idade. Nele, observa-se maior estabilidade do que nos estágios anteriores,</p><p>seus processos são mais regulares. As várias habilidades que a criança conquistou, bem</p><p>como os diferentes meios nos quais convive, possibilitam que ela aprenda a se conhecer</p><p>melhor.</p><p>O desenvolvimento biológico somado à inserção no meio humano, viabilizam a</p><p>autodisciplina mental (atenção), isso faz com que a criança se mantenha atenta por</p><p>mais tempo, consiga desconsiderar outros estímulos e responder ao que lhe interessa.</p><p>As atividades escolares devem explorar essa conquista, podendo ser mais demoradas e</p><p>complexas, por exemplo, os textos/livros, podem ser mais longos.</p><p>Esse estágio é divido em duas fases, a pré-categorial (que ocorre até por volta dos</p><p>nove anos) e a categorial (AMARAL, 2012):</p><p>A primeira forma de organização intelectual da criança é por pares. Ela não</p><p>consegue se ater a uma unidade, apenas em relação. A criança estabelece relações</p><p>consideradas “desconexas” pelos adultos, ela não distingue fato e causa. Essas relações</p><p>ocorrem por vivência, contraste, parentesco ou até mesmo aproximação sonora. Com</p><p>o desenvolvimento da criança, ela passa a ter um sentimento de inadequação e busca</p><p>ajustar melhor suas representações. Isso faz com que ela passe chegue à fase categorial.</p><p>No pensamento categorial, a criança passa a ser capaz de diferenciar a realidade,</p><p>o mito, a religião, ela consegue nomear, agrupar, comparar, identificar, analisar, definir e</p><p>classificar objetos e acontecimentos. Agora, as relações que estabelece têm nexo. Apesar</p><p>de ainda não compreender completamente a abstração e o conceito, a criança tem</p><p>conhecimento das relações temporais, espaciais e causais. Isso possibilita que as crianças</p><p>tenham maior compreensão de fatos históricos, bem como consigam compreender</p><p>histórias e estabelecer nexos causais.</p><p>Estágio da Puberdade e da Adolescência</p><p>Período que se inicia por volta dos 11/12 anos de idade, em que há um rompimento</p><p>brusco da</p><p>relação mais estável vivida no estágio anterior, entre a criança, os adultos e o</p><p>mundo que a cerca. A necessidade de conquista, aventura e independência estimularão</p><p>a união com outros adolescentes, o encontro de formas comuns de expressão (DÉR;</p><p>FERRARI, 2012). Na escola, atividades em grupo que estimulem os debates e expressão/</p><p>respeito às diferentes opiniões são muito benéficas nessa etapa do desenvolvimento.</p><p>A crise da puberdade, fato biológico, afeta todas as dimensões do desenvolvimento</p><p>humano. O amadurecimento sexual propicia mudanças fisiológicas, além de</p><p>58</p><p>transformações corporais e psíquicas. Esse “novo” corpo faz com que o adolescente seja</p><p>desajeitado, não se reconheça e, para reajustar-se, ele precisa realizar um verdadeiro</p><p>mergulho em si. Para que ocorra a apropriação desse corpo, muitos adolescentes ficam</p><p>horas se olhando no espelho (DÉR; FERRARI, 2012). Na contemporaneidade, as “selfies”</p><p>também auxiliam nessa adaptação. A escola pode estimular a apropriação desse novo</p><p>corpo, propondo trabalhos de autoconhecimento, de reconhecimento e respeito às</p><p>diferenças.</p><p>Conforme abordado anteriormente, Piaget, Vigotski e Wallon possuem algumas</p><p>semelhanças e diferenças. Como similitudes, pode-se destacar o fato de que os três</p><p>pensavam o ser humano como ser social e, ao mesmo tempo consideravam a base</p><p>biológica do funcionamento psicológico, além disso, defendiam o conhecimento como</p><p>uma construção gradual (RODRIGUES, 2015).</p><p>Já entre as diferenças, os principais pontos são os estágios do desenvolvimento: para</p><p>Piaget, eles ocorrem de forma ordenada e universal, Wallon acreditava que acontecem</p><p>de maneira não linear e apresentam rupturas, enquanto Vigotski não estabelece estágios</p><p>universais do desenvolvimento (RODRIGUES, 2015).</p><p>Outro ponto divergente são as condições para esse desenvolvimento, Piaget</p><p>defendia que era a maturação biológica, para Vigotski, seria a interação, ao passo que</p><p>Wallon afirmava ser a afetividade (RODRIGUES, 2015).</p><p>Dada a complexidade das teorias de Piaget, Vigotski e Wallon e como forma de</p><p>auxiliar a análise comparativa de suas teorias, abaixo encontra-se um quadro que traz</p><p>algumas diferenças e semelhanças desses autores.</p><p>Puberdade: Fase de transição humana da infância para a adolescência, em que se de-</p><p>senvolvem os caracteres sexuais secundários e se acelera o crescimento, dando início à</p><p>atuação das funções reprodutivas; PUBESCÊNCIA (DICIONÁRIO AULETE, versão online).</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>4.5 COMPARAÇÃO ENTRE OS AUTORES</p><p>Piaget Vigotski Wallon</p><p>Nascimento/</p><p>morte</p><p>1896-1980 1896-1934 1879-1962</p><p>País de origem Suíça Bielorrússia França</p><p>Inteligência/</p><p>busca de co-</p><p>nhecimento</p><p>É alcançada gradati-</p><p>vamente no percurso</p><p>dos estágios universais,</p><p>pré-determinados pelo</p><p>desenvolvimento bioló-</p><p>gico.</p><p>Função psicológica</p><p>especificamente</p><p>humana. Surge no</p><p>contato com outras</p><p>pessoas e, só então é</p><p>internalizada.</p><p>Emerge da relação</p><p>indissociável entre</p><p>desenvolvimento</p><p>biológico e psíquico.</p><p>Afeto e cognição têm</p><p>ação recíproca.</p><p>Aprendizagem Estrutura-se no processo</p><p>de equilibração (assimi-</p><p>lação e a acomodação)</p><p>Adianta-se ao pro-</p><p>cesso de desenvolvi-</p><p>mento. Tem caráter</p><p>social e cultural.</p><p>Processo dirigido de</p><p>acordo com o mo-</p><p>mento de desenvolvi-</p><p>mento do aluno.</p><p>59</p><p>Estudante Ser em desenvolvimento</p><p>intelectual que avança</p><p>com base em estágios</p><p>pré-estabelecidos pelo</p><p>desenvolvimento bioló-</p><p>gico.</p><p>Ser social que se</p><p>apropria dos ins-</p><p>trumentos e dos</p><p>sistemas simbólicos</p><p>mediadores. Na in-</p><p>teração avança para</p><p>níveis potenciais.</p><p>Sujeito concreto e</p><p>completo. Desenvol-</p><p>ve-se em estágios,</p><p>de modo engajado,</p><p>integrado em um</p><p>mundo que ele mes-</p><p>mo projeta.</p><p>Professor Deve considerar o está-</p><p>gio de desenvolvimento</p><p>do aluno para desequi-</p><p>librar os esquemas já</p><p>dominados e, com isso,</p><p>motivar a aprendizagem.</p><p>É o mais experiente</p><p>na tarefa. Regula e</p><p>controla os processos</p><p>de ensino e apren-</p><p>dizagem do aluno</p><p>explorando a ZDP.</p><p>Deve considerar o</p><p>aluno em sua totali-</p><p>dade e completude.</p><p>Para além do desen-</p><p>volvimento intelectu-</p><p>al, busca o desenvol-</p><p>vimento da pessoa.</p><p>Relações so-</p><p>ciais\ sociabili-</p><p>dade</p><p>O sujeito se beneficia</p><p>das interações de acordo</p><p>com as possibilidades</p><p>dadas pelo estágio de</p><p>desenvolvimento em</p><p>que se encontra.</p><p>O desenvolvimento</p><p>depende da inter-</p><p>nalização de conhe-</p><p>cimentos presentes</p><p>no meio social, vai do</p><p>intersubjetivo para o</p><p>intrasubjetivo.</p><p>Devem ser justas e</p><p>democráticas. A so-</p><p>ciabilidade é essen-</p><p>cial na síntese dialé-</p><p>tica entre cognição e</p><p>afetividade.</p><p>Quadro 2: Comparação Piaget, Vigotski e Wallon</p><p>Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)</p><p>Na Minha Biblioteca Única encontra-se disponível o livro: “Desenvolvimento</p><p>Psicológico e Educação” (2004), de Coll, Marchesi e Palacios, Jesús, uma ótima</p><p>fonte de pesquisa de temas relacionados à Psicologia da Educação. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3CczAnS. Acesso em: 27 ago. 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>Diante do exposto nesta unidade, escreva um texto dissertativo expositivo sobre as princi-</p><p>pais diferenças e semelhanças entre as teorias de Piaget, Vigotski e Wallon.</p><p>VAMOS PENSAR?</p><p>60</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>1. (Unoesc – Professor/ Adaptada). Piaget, Vygotsky e Wallon tentaram mostrar que a</p><p>capacidade de conhecer e aprender se constrói a partir das trocas estabelecidas entre o</p><p>sujeito e o meio. As teorias sociointeracionistas concebem, portanto:</p><p>I. O desenvolvimento infantil como um processo dinâmico, pois as crianças são ativas.</p><p>II. Através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a</p><p>capacidade afetiva.</p><p>III. A articulação entre os diferentes níveis de desenvolvimento (motor, afetivo e cognitivo)</p><p>não se dá de forma isolada.</p><p>IV. Os estudos desses teóricos têm possibilitado uma nova compreensão do</p><p>desenvolvimento infantil.</p><p>Assinale a alternativa que contém apenas assertivas corretas:</p><p>a) I e III.</p><p>b) I, II, III e IV.</p><p>c) II, III e IV.</p><p>d) I, II e IV.</p><p>e) III e IV.</p><p>2. (IMPARH - Professor – Pedagogia/Adaptada). Dentre os teóricos que abordam a</p><p>questão do desenvolvimento e sua relação com a aprendizagem, consideremos Jean</p><p>Piaget e Henri Wallon, e, analisando as principais características de cada uma das teorias</p><p>citadas, relacione as colunas I e II.</p><p>Coluna I</p><p>1. Jean Piaget</p><p>2. Henri Wallon</p><p>Coluna II</p><p>( ) A criança é um ser completo em que os três campos funcionais – o motor, o afetivo e</p><p>o cognitivo – são indissociáveis. O desenvolvimento de um causa impactos qualitativos</p><p>nos demais.</p><p>( ) A afetividade, em maior ou menor grau, está presente em todos os estágios do</p><p>desenvolvimento.</p><p>( ) A assimilação é a incorporação dos dados da realidade nos esquemas disponíveis no</p><p>sujeito.</p><p>( ) O conhecimento é a equilibração/reequilibração entre assimilação e acomodação, ou</p><p>seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo.</p><p>61</p><p>A opção que contém a sequência correta, de cima para baixo, é:</p><p>a) 2- 2- 1- 1.</p><p>b) 1- 2- 1- 2.</p><p>c) 2- 1-1- 2.</p><p>d) 1- 2- 1- 1.</p><p>e) 1- 1- 2- 2.</p><p>3. (AMEOSC - Psicopedagogo/Adaptada). Vygotsky defende a ideia de que, para verificar</p><p>o nível de desenvolvimento da criança, temos que determinar níveis de desenvolvimento:</p><p>I. O primeiro deles seria o nível de desenvolvimento efetivo, que se faz através dos testes</p><p>que estabelecem a idade mental, isto é, aqueles que a criança é capaz de realizar por</p><p>si mesma;</p><p>II. O segundo deles se constituiria na área de desenvolvimento potencial, que se refere a</p><p>tudo aquilo que a criança é capaz de fazer com a ajuda dos demais, seja por imitação,</p><p>demonstração, entre outros;</p><p>III. O terceiro deles se refere ao plano do inconsciente individual e de suas relações e</p><p>interfaces com o inconsciente coletivo.</p><p>Sobre os itens acima podemos afirmar:</p><p>a) Todos estão corretos.</p><p>b) Todos estão incorretos.</p><p>c) Apenas I está correto.</p><p>d) Apenas III está incorreto.</p><p>e) Apenas II está correto.</p><p>4. (Instituto Unifil – Professor/Adaptada). Em relação aos fatores importantes da teoria</p><p>de Vygotsky, relacione as colunas e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a</p><p>sequência correta.</p><p>A) Mediação</p><p>B) Linguagem</p><p>C)</p><p>Cultura</p><p>D) Processo de interiorização</p><p>( ) universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real.</p><p>( ) que envolve um componente interno e outro externo e que sendo interpessoal se</p><p>torna intrapessoal.</p><p>( ) o conhecimento é adquirido através da interação com vários interlocutores, numa</p><p>relação em que todos os envolvidos são ativos.</p><p>( ) sistema simbólico de significados e significantes dos grupos humanos que favorece</p><p>o intercâmbio social e o fenômeno do pensamento.</p><p>a) A – B – C – D.</p><p>b) C – D – A – B.</p><p>62</p><p>c) D – C – B – A.</p><p>d) A – B – D – C.</p><p>e) B – A- D- C.</p><p>5. (IMPARH - Professor Substituto/Adaptada) O jogo tem um papel importante na</p><p>vida da criança. O jogo está estritamente relacionado com o processo evolutivo do</p><p>pensamento, “jogar é pensar” (PIAGET, 1975). Em relação à utilização de jogos como</p><p>ferramenta de ensino e aprendizagem, é CORRETO afirmar.</p><p>a) O jogo, por ser lúdico, permite o desenvolvimento social e não a aprendizagem de</p><p>conceitos.</p><p>b) Na atividade de jogo, o professor pode estimular a inteligência, assim como tornar</p><p>mais rica a própria linguagem do aluno.</p><p>c) O jogo emerge da estrutura cognitiva sem contribuir para sua construção.</p><p>d) Os jogos substituem os trabalhos de sala de aula, assim, devem se transformar em</p><p>tarefas obrigatórias.</p><p>e) Os jogos são atividades que devem ser realizadas restritamente em casa, não devem</p><p>ser utilizados na escola.</p><p>6. (FUNDATEC - Auxiliar de Classe/Adaptada). Para Piaget, o que marca a passagem do</p><p>período sensório-motor para o pré-operacional na criança?</p><p>a) A linguagem.</p><p>b) A abstração.</p><p>c) A moralidade.</p><p>d) A subjetividade.</p><p>e) O pensamento hipotético dedutivo.</p><p>7. (VUNESP- Professor). Wallon afirmava que toda pessoa constitui um sistema</p><p>específico e ótimo de trocas com o meio. Para Wallon, conforme Oliveira (2002), esse</p><p>sistema integra as ações da pessoa num processo de equilíbrio funcional que envolve</p><p>a) Motricidade, afeto e cognição.</p><p>b) Consciência, inteligência e motricidade.</p><p>c) Inteligência, afetividade e cumplicidade.</p><p>d) Afetividade, autoconhecimento e interação.</p><p>e) Psicomotricidade, afetividade e sensibilidade.</p><p>8. (Fundação Euclides da Cunha/Adaptada). A teoria do desenvolvimento de Henri</p><p>Wallon (1879-1962), é fundamental para compreender a dimensão afetiva do processo</p><p>ensino-aprendizagem. Também o educador Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia</p><p>afirma que “ensinar exige querer bem aos educandos”.</p><p>A teoria de desenvolvimento de Wallon ao considerar a dimensão afetiva articulada ao</p><p>processo ensino-aprendizagem explicita as seguintes questões:</p><p>I. O desenvolvimento da pessoa pressupõe um processo constante de transformações,</p><p>63</p><p>durante toda a vida;</p><p>II. A teoria do desenvolvimento tem como foco a interação da criança com o meio, a</p><p>relação entre os fatores orgânicos e socioculturais;</p><p>III. A afetividade é elemento relevante do processo ensino-aprendizagem para aumentar</p><p>a sua eficácia;</p><p>IV. O estudo da criança independe do conhecimento e da compreensão do meio em</p><p>que ela se desenvolve;</p><p>Dos itens acima mencionados, estão corretos:</p><p>a) I, II, III e IV.</p><p>b) Apenas I e II.</p><p>c) Apenas I, III e IV.</p><p>d) Apenas III e V.</p><p>e) Apenas I, II e III.</p><p>64</p><p>TEORIAS DAS</p><p>INTELIGÊNCIAS</p><p>MÚLTIPLAS:</p><p>APLICABILIDADE E</p><p>RESULTADOS</p><p>65</p><p>5.1 INTELIGÊNCIA: INTRODUÇÃO</p><p>O que é ser inteligente? Quais as habilidades necessárias para se considerar uma</p><p>pessoa inteligente? Essas são perguntas complexas que não têm uma única resposta: se</p><p>feitas à uma jogadora de futebol, a resposta será diferente da dada por um estilista ou</p><p>por uma investidora financeira. Mesmo entre pessoas que têm uma mesma profissão, as</p><p>repostas provavelmente serão diferentes, por exemplo, entre educadoras de matemática,</p><p>de história, de artes e de educação física.</p><p>Antes de adentramos nessa discussão, faz-se importante conceituar inteligência,</p><p>embora não haja um consenso sobre essa definição, para Bee e Boyd (2011, p. 2011) a</p><p>inteligência é:</p><p>Nesta unidade, serão discutidas questões relacionadas à inteligência, afinal, é</p><p>possível falar de um único tipo de inteligência? As pesquisas têm mostrado que não,</p><p>apesar de existirem conhecimentos mais reconhecidos socialmente do que outros,</p><p>conforme será abordado a seguir.</p><p>Os inatistas Galton e Binet acreditavam que a inteligência era herdada, como</p><p>uma espécie de dom, independentemente da educação e do empenho do estudante</p><p>(LOPES, LACERDA, BERNARDO, MOURA, 2016). Pesquisas atuais têm apontado para a</p><p>importância da escolaridade e para os pertencimentos de raça-etnia e cultura para o</p><p>desenvolvimento da inteligência, como as relatadas por Papalia, Olds e Feldman (2009),</p><p>além dos estudos que relacionam a inteligência às condições socioeconômicas, bem</p><p>como à interação entre pais e filhos, como os citados por Bee e Boyd (2011).</p><p>Na década de 1980, Gardner, um importante psicólogo estadunidense, passou</p><p>a defender que não se pode dizer que existe apenas um tipo de inteligência. Em um</p><p>primeiro momento, ele acreditava que existiam sete tipos: além das três que eram</p><p>comumente medidas pelos testes de inteligência tradicionais (a linguística, a lógico</p><p>matemática e a espacial), ele acrescentou também a inteligência a musical, a corpóreo</p><p>cenestésica, a interpessoal e a intrapessoal. Em 1998, ele somou a esses sete tipos de</p><p>inteligência a naturalística (PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2009). Estava então criada a</p><p>teoria das inteligências múltiplas (IM).</p><p>Um conjunto de capacidades definidas de várias formas</p><p>por diferentes psicólogos, mas que geralmente inclui a</p><p>capacidade de raciocinar de maneira abstrata, a capaci-</p><p>dade de tirar proveito da experiência e a capacidade de</p><p>se adaptar a contextos ambientais variáveis.</p><p>5.2 INTELIGÊNCIA OU INTELIGÊNCIAS?</p><p>Howard Gardner é professor na Universidade de Harvard, leciona as disciplinas</p><p>de Psicologia e Educação. Recebeu, ao longo de sua carreira, diversos prêmios e</p><p>títulos e, no ano de 2005, foi eleito pelas revistas Foreign Policy e Prospect como</p><p>um dos cem intelectuais mais influentes de todo o mundo. Disponível em: https://</p><p>bit.ly/3R8ctiM. Acesso em: 21 ago. 2021).</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>66</p><p>No quadro abaixo são apresentados os oito tipos de inteligência propostos por</p><p>Gardner:</p><p>De acordo com Gardner, uma pessoa pode ser muito habilidosa em mais de uma</p><p>área e apresentar dificuldades em outras. Além disso, a forma como os testes tradicionais</p><p>de inteligência, por exemplo o Quociente de Inteligência (QI), foram estruturados, ter</p><p>altas habilidades em tipos de inteligência menos reconhecidas socialmente, como a</p><p>naturalista, não significará que o estudante terá um resultado elevado nesse inventário</p><p>(PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2009).</p><p>Como crítica aos testes de inteligência, que valorizam algumas habilidades e</p><p>negligenciam outras, Gardner observa o produto para avaliar a inteligência: a capacidade</p><p>para contar uma história ou se movimentar, por exemplo (PAPALIA, OLDS, FELDMAN,</p><p>2009).</p><p>Segundo o site oficial do Professor Gardner , as duas principais consequências</p><p>Inteligência Definição Campos ou ocupações em que</p><p>são usadas</p><p>Linguística Habilidade de usar e entender</p><p>palavras e as nuances de seus</p><p>significados</p><p>Escrita, edição, tradução</p><p>Lógico</p><p>matemática</p><p>Habilidade de manipular nú-</p><p>meros e resolver problemas</p><p>lógicos</p><p>Ciências, negócios, medicina</p><p>Espacial Habilidade de encontrar o</p><p>caminho em um ambiente e</p><p>avaliar as relações espaciais</p><p>entre objetos</p><p>Arquitetura, marcenaria,</p><p>urbanismo</p><p>Musical Habilidade de perceber e criar</p><p>padrões de som e ritmo</p><p>Composição musical, regência</p><p>Corporal</p><p>cenestésica</p><p>Habilidade de se movimentar</p><p>com precisão</p><p>Dança, esportes, cirurgia</p><p>Interpessoal Habilidade de entender os ou-</p><p>tros e comunicar-se com eles</p><p>Ensino, atuação, política</p><p>Intrapessoal Habilidade de entender a si</p><p>mesmo</p><p>Orientação psicológica, psiquiatria,</p><p>liderança espiritual</p><p>Naturalista Habilidade de estabelecer a</p><p>diferença entre espécies e suas</p><p>características</p><p>Caça, pesca, agricultura.</p><p>Jardinagem, cozinha</p><p>Quadro 3: Inteligências múltiplas Gardner (1993 e 1998)</p><p>Fonte: Papalia, Olds, Feldman (2009, p. 336)</p><p>No site da Biblioteca Única você encontra o livro “Inteligências Múltiplas ao</p><p>redor do mundo”, escrito por Gardner, Chen e Moran, em que os autores anali-</p><p>sam a aplicação das teorias da IM em países asiáticos, europeus e americanos.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3BDwZlC. Acesso em: 22 ago 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>67</p><p>científicas da descoberta das inteligências múltiplas são:</p><p>- As inteligências são como uma espécie de “kit de ferramentas intelectual” das</p><p>pessoas. Exceto aquelas gravemente debilitadas, todas têm a capacidade de desenvolver</p><p>os múltiplos tipos de inteligência.</p><p>- Além disso, mesmo entre gêmeos, não há perfil de inteligência idêntico, cada</p><p>pessoa tem um perfil único, determinado por fatores genéticos e fruto das experiências</p><p>vividas (GARDNER, online).</p><p>O site do Professor Gardner também elenca duas implicações educacionais da</p><p>teoria das múltiplas inteligências:</p><p>- Como cada estudante tem o seu perfil de inteligência, a forma de ensinar e de</p><p>avaliar das escolas deve ser individualizada ou personalizada, de forma que a pessoa</p><p>possa aprender e demonstrar como aprendeu.</p><p>- É necessário que se busque a pluralização, tanto de conceitos como de habilidades,</p><p>que devem ser ensinados de maneiras diversas, de forma que atinjam o maior número</p><p>possível de estudantes. Com isso, o professor terá a possibilidade de ensinar aos alunos</p><p>como deve agir um especialista: aquele que é capaz de pensar em algo de diversas</p><p>maneiras (GARDNER, online).</p><p>Com o grande reconhecimento da teoria das múltiplas inteligências, muitas falsas</p><p>afirmações foram atribuídas ao Professor Gardner ou como sendo desdobramentos de</p><p>seus estudos iniciais. Algumas interpretações erradas dessa teoria são:</p><p>- De que há uma relação entre impressão digital e inteligência (GARDNER, online)</p><p>- De que há diferenças sexuais ou de raça no perfil de inteligência. Gardner, em</p><p>seu site, alerta para o perigo dessa afirmação, inclusive como uso imoral e antiético de</p><p>sua teoria (GARDNER, online).</p><p>Outro ponto desmentido por Gardner é que haveria apenas um modelo educacional</p><p>baseado em sua teoria, ao reconhecer a capacidade do professor, ele defende: “Sempre</p><p>há um abismo entre as afirmações científicas e as práticas de sala de aula; como tal, os</p><p>educadores estão na melhor posição para determinar se e em que medida a teoria das</p><p>IM deve guiar sua prática. ” (GARDNER, online).</p><p>A teoria das inteligências múltiplas foi utilizada em vários projetos ao redor do</p><p>mundo, abaixo serão apresentados três deles:</p><p>- Projeto Spectrum/Zero: objetiva desenvolver currículos e avaliações para os</p><p>anos iniciais de escolarização, partindo do pressuposto de que cada estudante tem um</p><p>perfil de inteligência, e que esse não é fixo, buscando aprimorá-lo através de atividades</p><p>realizadas em um ambiente estimulante. Ressalta a importância de a professora conhecer</p><p>o seu aluno, suas potencialidades e, diante dessas informações, criar um programa de</p><p>aprendizagem personalizado (GARDNER, online).</p><p>- Parque Explorama/Universe: foi inicialmente baseado na teoria das inteligências</p><p>múltiplas, encontra-se na Dinamarca. Nele, há as atrações que unem conceitos científicos</p><p>e curiosidade (GARDNER, online).</p><p>- Laboratório de Aprendizagem em Artes Multimídia (SMALLab): foi desenvolvido</p><p>por pesquisadores da Universidade do Arizona (Estados Unidos), por meio de tecnologia</p><p>e da imersão, os estudantes usam os seus sentidos para vivenciar em seu corpo o que</p><p>estão aprendendo, como conceitos físicos, por exemplo, ao invés de apenas conhecerem</p><p>de forma abstrata (GARDNER, online).</p><p>68</p><p>Figura 11: Fotografia de um experimento do SMALLab</p><p>Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3UAuGZn. Acesso em: 08 abr. 2021.</p><p>Diante do exposto, constata-se que são pontos importantes da teoria das</p><p>inteligências múltiplas: a individualização do ensino, afinal, cada estudante tem um</p><p>perfil de inteligência, e a pluralização desse ensino, de forma que ele seja apresentado</p><p>para o aluno de diversas maneiras. Para tanto, é importante que as educadoras sejam</p><p>criativas e consigam definir quais os conteúdos mais adequados, quando possível</p><p>e, principalmente, quais os métodos mais estimulantes para aquela turma, aquele</p><p>estudante.</p><p>Os três projetos apresentados acima possuem sites em que há curiosidades e</p><p>experimentos que exploram os diferentes tipos de inteligência. São orientações</p><p>que podem ajudar você a pensar em como colocar a teoria das IM no planeja-</p><p>mento de suas aulas. Apesar de estarem em outros idiomas, como dinamar-</p><p>quês, inglês ou alemão, você pode usar o tradutor do seu navegador para lê-los</p><p>em português.</p><p>- Projeto Spectrum/Zero: especialmente os ícones “projetos” e “Recursos”. Dis-</p><p>ponível em: https://bit.ly/3LKZzX1. Acesso em: 22 ago. 2021.</p><p>- Parque Explorama/ Universe: explore a parte “Ciência divertida”. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3LR5QjW. Acesso em 22 ago. 2021.</p><p>- Laboratório de Aprendizagem em Artes Multimídia: principalmente as abas</p><p>“Projetos legais” e “Vídeos”. Disponível em: https://bit.ly/3dHtP8C. Acesso em: 22</p><p>ago. 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>Diante do que foi estudado nessa unidade, pense na sua escolarização... você se recorda</p><p>de alguma professora que explorava as inteligências múltiplas? Teve alguma atividade</p><p>escolar que foi baseada nessa teoria? Se sim, tente se recordar de todos os detalhes: qual</p><p>a conduta da professora, como ela se relacionava com os estudantes, como ela conduzia</p><p>a aula, se foi uma atividade, qual era o seu objetivo, qual foi o resultado? Se você não teve</p><p>essa experiência, pense em como você, após formada, pretende colocar os conhecimen-</p><p>tos da IM no seu trabalho docente.</p><p>VAMOS PENSAR?</p><p>69</p><p>1. (IESES - 2021 - Adaptada). Criada pelo cientista norte americano Howard Gardner,</p><p>na década de 1980, essa teoria causou grande impacto na área educacional. Segundo</p><p>Gardner (1995), é necessário que sejam revistas as competências e as habilidades dos</p><p>seres humanos. Que deixemos de supervalorizar os aspectos linguísticos e lógico</p><p>matemáticos e que vejamos o ser humano como um todo. Partindo do princípio de</p><p>que todos nós somos diferentes na maneira de agir, sentir e pensar, deveriam, então,</p><p>ser consideradas as “habilidades” ou “dons” de cada um como inteligências, além das</p><p>capacidades linguísticas e lógico matemáticas:</p><p>a) Teoria do Ensino Tradicional.</p><p>b) Teoria da Linguagem.</p><p>c) Teoria do Quociente de Inteligência.</p><p>d) Teoria das Inteligências Múltiplas</p><p>e) Teoria Inatista</p><p>2. (IBADE - SEE-AC - Adaptada). Sobre a utilização da teoria das inteligências múltiplas</p><p>de Gardner na prática escolar, está correto afirmar que a (s) inteligência(s):</p><p>a) Agem de forma independente umas das outras.</p><p>b) São inatas e não podem ser estimuladas.</p><p>c) Combinam-se da mesma forma em todas as pessoas</p><p>d) Podem ser estimuladas de acordo com a variedade de atividades propostas.</p><p>d) É cenestésica quando inclui a habilidade de compreender outras pessoas.</p><p>e) Só podem ser estimuladas por psicólogas.</p><p>3. (OMNI - 2021 - Adaptada). Howard Gardner é professor de psicologia da Universidade</p><p>de Harvard e autor de mais de trinta livros. Gardner é conhecido na área educacional</p><p>principalmente por causa da sua teoria das Inteligências Múltiplas. Dentre as inteligências</p><p>descobertas pelo autor estão:</p><p>a) Linguística, musical e mística.</p><p>b) Interpessoal, intrapessoal e transpessoal.</p><p>c) Musical, artística e cinestésica.</p><p>d) Natural, existencial e mística.</p><p>e) Naturalista, interpessoal e musical.</p><p>4. (GUALIMP - 2019- Adaptada). Gardner concluiu, a princípio, que há sete tipos de</p><p>inteligência, algumas delas estão listadas abaixo, uma está CORRETA, assinale-a.</p><p>a) Espacial: Habilidade dos astronautas.</p><p>b) Musical: Habilidade de perceber e criar padrões de som e ritmo.</p><p>c) Corporal cinestésica: Habilidade de encontrar o caminho em um ambiente e avaliar as</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>70</p><p>relações espaciais entre objetos.</p><p>d) Estrangeira: habilidade de aprender idiomas e de usar a fala e a escrita para atingir</p><p>objetivos.</p><p>e) Intrapessoal: Habilidade de entender</p><p>5.2 Inteligência ou inteligências? .............................................................................................................................................................................................................................................65</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................69</p><p>TEORIAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E EDUCAÇÃO</p><p>6.1 A relação família e escola .......................................................................................................................................................................................................................................................73</p><p>6.2 Bullying ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................76</p><p>6.3 Indisciplina e violência na escola ....................................................................................................................................................................................................................................78</p><p>6.4 Absenteísmo estudantil .........................................................................................................................................................................................................................................................79</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................................................................................................................................................................................................82</p><p>RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................................................................85</p><p>REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................86</p><p>TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO</p><p>UNIDADE 5</p><p>UNIDADE 6</p><p>8</p><p>O</p><p>N</p><p>FI</p><p>R</p><p>A</p><p>N</p><p>O</p><p>L</p><p>I</p><p>C</p><p>V</p><p>R</p><p>O</p><p>UNIDADE 1</p><p>A primeira unidade contextualiza a Psicologia e, mais especificamente, a Psicologia</p><p>da Educação, para tanto, apresenta duas grandes psicólogas da Educação brasileira:</p><p>Helena Antipoff e Maria Helena Souza Patto.</p><p>UNIDADE 2</p><p>Esse segundo capítulo traz os pontos mais relevantes sobre o desenvolvimento</p><p>humano e o seu estudo, quais as suas dimensões, os seus domínios, qual a sua</p><p>relação com a educação.</p><p>UNIDADE 3</p><p>A Unidade III apresenta o inatismo, ambientalismo e a Psicologia Comportamental,</p><p>quais as suas concepções sobre o desenvolvimento e suas ideias para a educação.</p><p>UNIDADE 4</p><p>No quarto capítulo serão expostas as teorias de Piaget, Vigotski e Wallon, três dos</p><p>mais reconhecidos pensadores sobre o desenvolvimento e o aprendizado humano.</p><p>UNIDADE 5</p><p>Essa unidade abordará a teoria das inteligências múltiplas: o que é inteligência? É</p><p>possível falar em uma inteligência? Além disso, trará contribuições dessa teoria para</p><p>a educação.</p><p>UNIDADE 6</p><p>Nesse último capítulo serão propostas discussões relevantes para o cotidiano</p><p>escolar: a relação família e escola, o bullying, a indisciplina e violência na escola e o</p><p>absenteísmo estudantil.</p><p>9</p><p>A PSICOLOGIA DA</p><p>EDUCAÇÃO:</p><p>INTERAÇÃO ENTRE A</p><p>PSICOLOGIA E A</p><p>EDUCAÇÃO</p><p>10</p><p>Essa unidade tratará sobre a contextualização e breve histórico da Psicologia bem</p><p>como sua relação com a Educação. Para compreender a interação entre essas duas</p><p>ciências, faz se necessário, inicialmente, entender o que é a Psicologia.</p><p>No dicionário online Aulete, “psique” é explicada como alma, mente, espírito. Já</p><p>“logia” é o discurso, tratado. Assim sendo, a Psicologia pode ser compreendida como o</p><p>estudo da mente. Atualmente, com a preocupação em manter o seu compromisso com</p><p>a cientificidade, a Psicologia é entendida como o estudo da subjetividade. Mas, afinal, o</p><p>que é a subjetividade?</p><p>A definição do conceito da subjetividade é bastante complexa. Para Bock, Furtado</p><p>e Teixeira (2008) podemos compreendê-la como o modo de ser, de sentir e de se</p><p>comportar de cada um. É importante entender que cada pessoa tem uma subjetividade</p><p>que é determinada pelo contexto social em que se está inserida, da mesma forma que o</p><p>sujeito vai também determinar esse contexto: é uma via de mão dupla, o meio determina</p><p>o sujeito e é por ele determinado. Ao longo da vida, de acordo com as experiências que</p><p>tem, com as pessoas com as quais convive, o indivíduo pode mudar.</p><p>De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), antes de ser conhecida como</p><p>uma ciência e uma profissão, os assuntos hoje discutidos na Psicologia faziam parte do</p><p>cotidiano das pessoas, do senso comum, eram as ideias psicológicas. A partir do século</p><p>XIX, surge a Psicologia científica.</p><p>Nessa época, o padrão de cientificidade reconhecido era o das ciências exatas,</p><p>por isso, em um primeiro momento, a Psicologia tentou se adequar a esse modelo:</p><p>empenhou-se para mensurar os comportamentos e as características dos seres</p><p>humanos, além disso, preocupou-se em se manter neutra e distante do seu objeto de</p><p>estudo, a subjetividade humana. (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008).</p><p>Ainda segundo os referidos autores, com o passar do tempo, a Psicologia</p><p>compreendeu que não poderia ser igualada às ciências exatas, pois seu objeto de estudo</p><p>não é como uma máquina. Diante disso, aceitou as suas especificidades e buscou criar</p><p>os seus padrões de cientificidade, juntamente às outras ciências humanas, como a</p><p>Antropologia e a Sociologia, por exemplo.</p><p>No Brasil, antes de ter um curso próprio, a Psicologia foi ensinada como disciplina</p><p>em graduações de Direito, Medicina e Educação, no século XIX (CRPSP, 2011).</p><p>Como pode ser constatado, desde o início da sua história, a Psicologia traz importantes</p><p>contribuições para diferentes áreas do conhecimento, conforme será discutido,</p><p>especificamente sobre a Educação, ao longo deste livro.</p><p>A Psicologia é uma ciência e uma profissão, nesse sentido, outras profissões, como</p><p>os docentes, podem utilizar os conhecimentos psicológicos. Além disso, as profissionais</p><p>de Psicologia podem atuar em variadas áreas, utilizando diferentes teorias.</p><p>O campo ou área de atuação pode ser compreendido como o “lugar” em que</p><p>a psicóloga pode atuar. Para as profissionais da educação, é comum que trabalhem</p><p>com psicólogas escolares/educacionais, clínicas, especialistas em psicopedagogia,</p><p>em psicomotricidade ou avaliação psicológica. Por exemplo, uma professora pode ser</p><p>convidada pela psicóloga para conceder entrevista sobre um determinado estudante</p><p>ou a psicóloga pode auxiliar no acompanhamento escolar quando um aluno estiver com</p><p>alguma dificuldade de aprendizagem ou precisar passar por uma avaliação psicológica</p><p>1.1 BREVE HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA</p><p>11</p><p>ou ainda necessitar realizar algum tipo de acompanhamento psicológico.</p><p>Atualmente, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) reconhece 13 campos de</p><p>atuação para as profissionais dessa área: Psicologia Escolar/Educacional; Psicologia</p><p>Organizacional e do Trabalho; Psicologia de Trânsito; Psicologia Jurídica; Psicologia do</p><p>Esporte; Psicologia Clínica; Psicologia Hospitalar; Psicopedagogia; Psicomotricidade;</p><p>Psicologia Social; Neuropsicologia; Psicologia em Saúde e Avaliação Psicológica.</p><p>Para atuar em cada uma dessas áreas, a psicóloga deve escolher uma abordagem</p><p>ou teoria, que é como a lente usada para compreender o mundo, os</p><p>os outros e comunicar-se com eles.</p><p>5. (IBADE - 2020). A teoria das inteligências múltiplas, elaborada pelo cientista Howard</p><p>Gardner, causou impacto nos meios pedagógicos. Considere as seguintes afirmativas a</p><p>respeito dessa teoria:</p><p>I. O tipo de inteligência que deve ser mais valorizado é a lógica-matemática.</p><p>II. Há outros tipos de inteligência, além da linguística e da lógico-matemática.</p><p>III. A inteligência não é única e não pode ser medida e padronizada.</p><p>IV. As pessoas nascem com determinada quantidade de inteligência que serve de limite</p><p>para as diferentes realizações.</p><p>Estão corretas apenas as afirmativas:</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) I e IV.</p><p>d) II e III.</p><p>e) II e IV.</p><p>6. (INAZ do Pará - 2019 - Adaptada). “Fábio é um estudante do 5º ano do ensino</p><p>fundamental de uma escola da periferia. Um certo dia, na aula de Educação Física, ele, em</p><p>momento de brincadeira livre, deu dois saltos mortais... isso despertou o olhar curioso de</p><p>sua Professora, que era treinadora de Ginástica Olímpica. Desde aquele dia em diante, o</p><p>menino passou a treinar Ginástica em um Clube. ” Essa história fictícia aponta para uma</p><p>inteligência desenvolvida por Fábio. Utilizando os estudos das múltiplas inteligências de</p><p>Gardner podemos afirmar que a inteligência que mais se destaca em Fábio é:</p><p>a) Inteligência Corporal Cinestésica.</p><p>b) Inteligência Matemática.</p><p>c) Inteligência Interpessoal.</p><p>d) Inteligência Linguística.</p><p>e) Inteligência Interpessoal</p><p>7. (IBADE - 2018). A Teoria das Inteligências Múltiplas foi proposta, na década de 80,</p><p>por Howard Gardner, psicólogo e pesquisador da universidade de Harvard, nos Estados</p><p>Unidos. Para Gardner, as pessoas possuem capacidades diferentes, das quais se valem</p><p>para criar algo, resolver problemas e produzir bens sociais e culturais, dentro de seu</p><p>contexto. A teoria de Gardner pressupõe que:</p><p>a) As inteligências são hereditárias.</p><p>b) As inteligências se dividem em 5 (cinco) categorias.</p><p>c) As inteligências podem ser estimuladas.</p><p>71</p><p>d) Há como padronizar as combinações das inteligências.</p><p>e) As inteligências se combinam de forma a gerar outras inteligências.</p><p>8. (GUALIMP - 2020 - Adaptada). Howard Gardner (1985) questionou a tradicional visão</p><p>da inteligência, que enfatiza as habilidades linguísticas e lógica-matemática. Ele definiu</p><p>a inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam</p><p>significativos em um ou mais ambientes culturais. Dessa forma, apresenta uma visão</p><p>pluralística da mente, reconhece que as crianças têm habilidades e deficiências em</p><p>áreas diferentes. Sobre as inteligências múltiplas, é CORRETO afirmar que:</p><p>a) A inteligência linguística diz respeito à habilidade para apreciar, compor e interpretar</p><p>música, discriminação de sons e habilidade para perceber temas musicais.</p><p>b) A inteligência lógico matemática está relacionada à sensibilidade para padrões,</p><p>ordem, sistematização, à habilidade para explorar relações, categorias e à habilidade</p><p>para lidar com séries de raciocínios.</p><p>c) A inteligência espacial diz respeito à habilidade para usar a coordenação grossa e</p><p>fina em esportes, artes cênicas ou plástica, e ao controle dos movimentos do corpo e da</p><p>manipulação de objetos com destreza.</p><p>d) A inteligência cinestésica está relacionada à capacidade para perceber o mundo visual</p><p>e espacial de forma precisa e à habilidade para manipular formas e objetos mentalmente</p><p>e, a partir de percepções, criar equilíbrio e composição.</p><p>e) A inteligência interpessoal é aquela cuja habilidade está em entender os outros e</p><p>comunicar-se com eles, além da habilidade de entender a si mesmo.</p><p>72</p><p>TEMAS</p><p>CONTEMPORÂNEOS</p><p>EM PSICOLOGIA</p><p>DA EDUCAÇÃO</p><p>73</p><p>Para finalizar este livro didático, foram selecionados cinco temas contemporâneos</p><p>extremamente relevantes para a formação de futuras professoras: a relação da família</p><p>e da escola, bullying, indisciplina, violência no ambiente intraescolar e infrequência</p><p>escolar.</p><p>Esses são pontos complexos que serão apresentados separadamente. Após cada</p><p>um dos quatro itens, no ícone “Busque por mais”, são indicados materiais para serem</p><p>consultados, com o objetivo de dar continuidade à discussão aqui iniciada.</p><p>Atualmente, a família é considerada o primeiro grupo do qual as pessoas fazem</p><p>parte. Vindo em seguida a escola, em uma ordem de importância, já que muitos sujeitos</p><p>passarão grande parte de suas vidas nesse estabelecimento. Cada uma a seu modo,</p><p>essas instituições contribuem para a construção da identidade dos sujeitos: conversas</p><p>com pais (e professores), brigas com irmãos (ou colegas), imposições de limites, como</p><p>a proibição de usar o celular (ou o momento para ficar no canto e refletir sobre suas</p><p>atitudes na escola). Quiçá de formas bem semelhantes, família e escola fazem parte do</p><p>processo de construção da identidade das crianças e dos adolescentes.</p><p>Debater sobre a relação existente entre essas duas instituições significa ressaltar</p><p>as possibilidades e a urgência do diálogo entre elas, para que a educação seja realmente</p><p>um processo criador de autonomia, de busca de felicidade e de respeito à dignidade</p><p>humana.</p><p>Neste sentido, a educação é aqui apontada como um projeto de muitos. Afinal,</p><p>como defendia Paulo Freire (1987): “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si</p><p>mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. ” (FREIRE, 1987, p. 68).</p><p>O processo educativo deve ser compreendido então como um diálogo, não apenas entre</p><p>educadora e educando (como apontado por Freire, 1987), mas também entre escola e</p><p>família.</p><p>As famílias e as escolas sofreram transformações ao longo dos anos, seja em suas</p><p>estruturas, seja em suas funções. Para Durkheim (1978): “Quando se estuda historicamente</p><p>a maneira pela qual se formaram e se desenvolveram os sistemas de educação, percebe-</p><p>se que eles dependem da religião, da organização política, do grau de desenvolvimento</p><p>das ciências, do estado das indústrias” (DURKHEIM, 1978, p.37). Partindo do pressuposto</p><p>que instituições escolares e familiares são sistemas de educação, pode-se afirmar que</p><p>elas não estão fechadas em si, mas que são influenciadas pelas transformações que</p><p>ocorrem no mundo.</p><p>Há algumas décadas, era inaceitável a existência de uma família homoparental,</p><p>da mesma forma como dificilmente os pais procurariam matricular seus filhos em uma</p><p>escola que tivesse em sua grade uma disciplina sobre educação sexual (talvez porque</p><p>nem os genitores, na maioria dos lares, conversassem sobre sexo com seus filhos). Na</p><p>contemporaneidade, muitos pais, devido às mudanças sociais, acreditam ser importante</p><p>abordar tais assuntos com as crianças e os adolescentes. A questão passou a ser: quem</p><p>deve conversar sobre determinados temas, como sexo, por exemplo, a família ou a escola?</p><p>E então se passa a pensar: atualmente, qual o papel da família? E da escola?</p><p>6.1 A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA</p><p>74</p><p>Homoparental: famílias cujos núcleos de pais/mães são formados por casal homossexual,</p><p>sejam de mulheres ou de homens.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Família e escola são instituições que educam e incentivam o desenvolvimento.</p><p>A educação pode ser entendida como “uma das maneiras que as pessoas criam para</p><p>tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como</p><p>bem, como trabalho ou como vida” (BRANDÃO, 2007, p.10). Durkheim (1978) defende</p><p>a ideia de que a educação possibilita a criação de um novo ser. É apenas por meio do</p><p>processo educativo que há a construção do ser social, que é aquele que representa dentro</p><p>de cada um os grupos dos quais esta pessoa faz parte. Assim sendo, ambas, família e</p><p>escola, são responsáveis pela socialização dos sujeitos, mostram a eles o que é aceitável,</p><p>esperado e o que não é, dividindo, desta maneira, a responsabilidade da constituição do</p><p>eu daqueles que fazem parte destas instituições.</p><p>É comum se pensar que a escola deve se dedicar ao ensino de conteúdos formais,</p><p>como fazer contas, por exemplo. Todavia, quando uma mãe solicita ao seu filho que pegue</p><p>dois ovos na geladeira, ela também está ensinando-o conteúdos formais. Da mesma</p><p>forma, quando uma professora mostra para os estudantes como algumas brincadeiras</p><p>podem ofender os colegas, ela os está instruindo sobre questões que extrapolam os</p><p>ensinos formais. Assim sendo, pode-se perceber que esta divisão de que o conteúdo</p><p>formal é ensinado exclusivamente na escola e não formal é aprendido apenas em casa,</p><p>é quase impossível de ser seguida à risca.</p><p>A diferença entre escola e família é basicamente na forma de atuação de cada uma</p><p>delas. Na escola, de acordo com Brandão (2007, p. 26) “O ensino formal é o momento em</p><p>que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação), cria situações próprias para</p><p>o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos, e constitui</p><p>executores especializados”. Neste sentido, pode-se afirmar que a escola/professora deve</p><p>seguir uma metodologia pré-determinada: definir qual a sua abordagem, quanto tempo</p><p>será destinado para cada atividade, como cada tarefa será realizada (em casa, em sala</p><p>de aula, individualmente, em grupo, com consulta e assim por diante). Dessen e Polônia</p><p>(2007, p. 26) afirmam:</p><p>Já em relação às famílias, seu desempenho ocorre, geralmente, de forma menos</p><p>rígida, o que não significa que os pais não tenham critérios pré-estabelecidos de sua</p><p>função e do comportamento esperado de seus filhos.</p><p>Não são raros os conflitos entre pais e professores, não apenas por causa da falta</p><p>de concordância entre as funções de cada uma destas instituições. Patto (2000), ao</p><p>descrever “Quatro histórias do fracasso escolar” (apresentadas na unidade 1 desse livro),</p><p>demonstra que o diálogo entre genitores e educadores pode se tornar extremamente</p><p>Ela (a escola) é um espaço em que o indivíduo tende</p><p>a funcionar de maneira preditiva, pois, em sala de aula,</p><p>há momentos e atividades que são estruturados com</p><p>objetivos programados e outros mais informais que se</p><p>estabelecem na interação da pessoa com seu ambiente</p><p>social.</p><p>75</p><p>(...) cede o lugar a fatores sociais mal definidos, como a</p><p>insuficiência dos meios utilizados pela Escola, ou a inca-</p><p>pacidade e a incompetência dos professores (cada vez</p><p>mais frequentemente tidos como responsáveis, pelos</p><p>pais, dos maus resultados dos filhos) ou mesmo, mais</p><p>confusamente ainda, a lógica de um sistema global-</p><p>mente deficiente que é preciso reformar. (BOURDIEU,</p><p>2008, p.220)</p><p>difícil. São mães que acusam a escola de não ensinarem direito e de maltratarem</p><p>seus filhos, diretoras que alegam que os genitores não cuidam, como deveriam, das</p><p>crianças. Relatos que dizem de uma realidade e da urgência de se repensar a relação</p><p>existente entre escola e família. De acordo com Bourdieu (2008) o desenvolvimento das</p><p>ciências sociais fez com que fosse difundida a ideia de que o fracasso escolar não pode</p><p>ser atribuído (pelo menos exclusivamente) à deficiência individual do aluno, gerando</p><p>uma responsabilização coletiva pelo mau êxito escolar. A responsabilidade que antes era</p><p>unicamente pessoal do estudante excluído</p><p>Devido aos conflitos, troca de acusações e diversidade de opiniões de genitores e</p><p>profissionais da escola, torna-se tarefa árdua delimitar a atuação da escola e da família</p><p>na educação das crianças.</p><p>Pesquisas apontam como os contextos familiar e escolar influenciam-se</p><p>mutuamente. De acordo com Dessen e Polônia (2007) a violência na adolescência, por</p><p>exemplo, tem variáveis oriundas tanto de uma quanto de outra instituição. A maneira</p><p>como o adolescente vivencia a questão da violência em sua casa, será determinante</p><p>para seu comportamento na escola, sendo a recíproca também verdadeira. Da mesma</p><p>forma, a evasão e a repetência escolar: “Sabe-se que a estrutura familiar tem um forte</p><p>impacto na permanência do aluno na escola, podendo evitar ou intensificar a evasão e a</p><p>repetência escolar” (DESSEN; POLONIA, 2007, p. 27).</p><p>Após realizar uma investigação em três escolas (sendo uma pública e duas</p><p>particulares) de Belo Horizonte, Tânia Resende (2008) afirma que a tarefa de casa é</p><p>como um reflexo da relação entre a escola e a família, pois perpassa o dia a dia das</p><p>duas instituições, sendo que é a atividade a ser feita em casa que envolve de forma</p><p>mais direta o grupo familiar. A forma como o dever de casa mobiliza a família mostra o</p><p>significado que essa concede para a escolaridade. Da mesma maneira, o modo como</p><p>esse é explorado em sala de aula pode demonstrar o valor que a escola atribui para as</p><p>atividades desenvolvidas externamente, bem como a participação da família.</p><p>Alguns pais que participaram dessa pesquisa afirmaram que o momento de</p><p>acompanhar o dever de casa propicia interação com seus filhos, já outros alegaram</p><p>ser uma situação que gera tensão. Tais diferenças entre as respostas, de acordo com a</p><p>referida pesquisadora, podem ser explicadas principalmente por duas questões: a falta</p><p>de tempo e de instrução formal dos pais. (RESENDE, 2008).</p><p>Ainda de acordo com Resende (2008), independentemente de provocar tensão ou</p><p>diálogo com os filhos, a maioria dos genitores entrevistados disse considerar importante</p><p>a tarefa de casa, pois essa serve como fixação e revisão de conteúdo, bem como ocupação</p><p>do tempo dos filhos. Da mesma forma, opinaram julgar importante acompanhar a sua</p><p>realização e a consideram como um canal de participação na trajetória escolar da prole.</p><p>Partindo do pressuposto de que é imprescindível manter um diálogo entre escola</p><p>76</p><p>O início dos estudos sobre o bullying ocorreu na década de 1970 e, atualmente, esse</p><p>é compreendido como um “Conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas</p><p>que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro (s),</p><p>causando dor, angústia e sofrimento.” (FANTE, 2005, pp. 28-29).</p><p>e família, existem ações voltadas a trabalharem essa relação. Algumas instituições</p><p>escolares, preocupadas em manter um diálogo com as famílias de seus alunos, criam</p><p>estratégias, como relatado por Szymanski (2009): uma escola que abriu suas portas, aos</p><p>finais de semana, para que as famílias pudessem desfrutar momentos de lazer em seu</p><p>espaço físico, realizou campeonatos esportivos e até churrascos. Em Belo Horizonte/</p><p>Minas Gerais, uma alternativa que teve resultados positivos é a “Escola Aberta”, que</p><p>objetiva diminuir a distância entre a escola e a comunidade: os prédios das escolas são</p><p>disponibilizados aos finais de semana para que os estudantes e suas famílias participem</p><p>de atividades culturais e educativas.</p><p>São alternativas para o desenvolvimento de uma relação saudável entre instituições</p><p>escolares e familiares por parte das escolas: a valorização e reconhecimento das práticas</p><p>educativas familiares, o fortalecimento de associações de genitores e educadores, o</p><p>incentivo aos pais para acompanharem a vida escolar de seus filhos. Já para a família,</p><p>é indicado que essa procure participar das atividades promovidas pela escola, como</p><p>reuniões e gincanas; que busque se inteirar, com seus filhos e professores, de como</p><p>está a situação dos estudantes na escola; que incentive o empenho das crianças e dos</p><p>adolescentes ao estudo (DESSEN e POLONIA, 2007).</p><p>Assista ao curta intitulado “Alike”, que mostra a emocionante história de um pe-</p><p>queno menino, seu pai e a escola. Disponível em: https://bit.ly/3DXtw4f. Acesso</p><p>em: 08 ago. 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>Qual a importância de a família e a escola manterem uma relação de cooperação? E</p><p>quais são possíveis estratégias para que essas instituições estabeleçam uma relação po-</p><p>sitiva?</p><p>VAMOS PENSAR?</p><p>6.2 BULLYING</p><p>Bullying: termo em inglês que significa intimidar, ameaçar. (DICIONÁRIO DE CAMBRID-</p><p>GE, online)</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>77</p><p>A importância de estudar e discutir o fenômeno bullying está na sua especificidade</p><p>e nas suas possíveis consequências, podendo haver prejuízos psicológicos, sociais,</p><p>educacionais, financeiros e físicos, tanto para quem é a vítima direta quanto para aqueles</p><p>que assistem às agressões.</p><p>De acordo com Fante (2005), a cada dia que passa, há um crescimento no número</p><p>de casos em todas as escolas, públicas e particulares e em todos os graus de</p><p>ensino. Essa</p><p>é uma forma de “violência velada” que muitas vezes é justificada como “brincadeiras da</p><p>idade” (p. 10), mas que representa um sério risco à saúde e integridade dos estudantes.</p><p>Até o início dos anos 2000, o bullying era classificado em direto, como agressões</p><p>físicas e verbais, ou indireto, que é a disseminação de rumores desagradáveis e</p><p>desqualificantes (FANTE, 2005).</p><p>Na atualidade, há também o cyberbullying, que são “atos de violência psicológica</p><p>e sistemática contra crianças e adolescentes perpetrados nas ambiências das redes</p><p>de sociabilidade digital, podendo ocorrer a qualquer momento e sem um espaço</p><p>circunscrito e demarcado fisicamente. ” (FERREIRA; DESLANDES, 2018, p. 3370). Assim</p><p>como na versão presencial, no cyberbullying também há a intencionalidade de causar</p><p>dano à vítima, o que muda é que as agressões ocorrem por meio eletrônico: envio de</p><p>mensagens de textos, fotos, áudios ou vídeos, expressos nas redes sociais ou em jogos em</p><p>rede, transmitidas por telefones celulares, ou computadores (FERREIRA; DESLANDES,</p><p>2018).</p><p>Apesar de ser reconhecidamente multicausal, Fante (2005) aponta que a ausência</p><p>de valores humanistas e a presença de rejeição e de castigos físicos nos modelos</p><p>educativos podem contribuir para que ocorra bullying.</p><p>O bullying acarreta prejuízo para toda a instituição escolar. Para o agressor, são</p><p>possíveis consequências: o distanciamento e a falta de adaptação aos objetivos escolares,</p><p>a supervalorização da violência como forma de obtenção de poder e a propensão para</p><p>conduta delituosa.</p><p>Já para a vítima, destacam-se: sentimento de angústia, sofrimento, exclusão,</p><p>danos físicos, morais e materiais, depressão, baixo rendimento escolar, enurese, insônia,</p><p>taquicardia, cefaleia, agressividade, abuso de substâncias químicas, bloqueio do</p><p>pensamento, dificuldade de raciocínio. Em casos extremos, o bullying pode ser a causa</p><p>inclusive de suicídio. É importante ressaltar que ser vítima dessas agressões acarreta</p><p>consequências que podem perdurar por muitos anos, não apenas durante o período</p><p>escolar. Algumas pessoas podem apresentar dificuldades futuras na constituição de sua</p><p>família e no ambiente do trabalho. (FANTE, 2005).</p><p>Cyber: Termo em inglês que significa algo que envolve, usa ou está relacionado a compu-</p><p>tador, especialmente à internet (DICIONÁRIO DE CAMBRIDGE, online)</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>78</p><p>Enurese: urinar involuntariamente.</p><p>Taquicardia: aceleração cardíaca.</p><p>Cefaleia: dor de cabeça.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Por ser um fenômeno grave que coloca em risco não apenas a aprendizagem, mas</p><p>a integridade física e mental dos estudantes, é importante que a escola fique atenta às</p><p>relações que são estabelecidas entre os alunos, mostre-se disponível para o diálogo e</p><p>possíveis denúncias, aja rapidamente caso seja constatado algum caso de bullying e,</p><p>principalmente, trabalhe na prevenção desse tipo de agressão: estimule o respeito à</p><p>diferença e à valorização de todos, faça uma educação pautada nos Direitos Humanos.</p><p>Uma das grandes preocupações da equipe pedagógica é a indisciplina e, nos</p><p>últimos anos, a violência intraescolar também passou a fazer parte do cotidiano de parte</p><p>significativa das escolas. A partir dessa realidade, muitas questões surgiram: a indisciplina</p><p>é um tipo de violência? Há diferenças entre esses dois fenômenos?</p><p>De acordo com Silva e Matos (2014), a indisciplina pode ser compreendida como</p><p>“Vários comportamentos perturbadores que põem em causa as regras no ambiente</p><p>escolar” (p.716). É importante ressaltar que ela muda ao longo dos anos da escolarização:</p><p>nas séries iniciais, é observada por meio da obstrução da boa condução da aula, já nas</p><p>séries finais, constata-se o maior questionamento direto da autoridade do professor.</p><p>A indisciplina está relacionada ao insucesso escolar, sendo ela sua causa ou</p><p>consequência. Por exemplo, um aluno pode ser reprovado por ser indisciplinado, da</p><p>mesma forma, ele pode começar a apresentar atos de indisciplina depois de ter sido</p><p>retido e não ter aceitado ficar longe de seus colegas.</p><p>Em relação à violência, Silva e Matos (2014, p. 716) afirmam que nos últimos</p><p>anos houve um alargamento em seu conceito, com uma tendência a “englobar</p><p>comportamentos que antes eram percebidos como práticas banais no mundo social”.</p><p>Para evitar que isso ocorra, os referidos altores sugerem que sejam englobados como</p><p>violência apenas os atos previstos no Código Penal.</p><p>A violência intraescolar é multicausal, sendo apontadas como possíveis causas:</p><p>profundas desigualdades sociais, violência extraescolar, perda do sentido/valor da escola,</p><p>imposição da cultura escolar e a organização social que valoriza a violência. (NETO;</p><p>Explore o site “Turma Legal” de uma organização do Ceará, que apresenta ideias</p><p>de atividades e planos de aulas que estimulam o respeito à diferença e previne</p><p>a ocorrência de bullying. Disponível em: https://bit.ly/3BNoCnI. Acesso em: 15 ago.</p><p>2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>6.3 INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA</p><p>79</p><p>BARRETO, 2018)</p><p>É de extrema relevância que a instituição escolar consiga diferenciar o que</p><p>é a indisciplina e o que é a violência, um erro nessa distinção pode trazer graves</p><p>consequências.</p><p>Como riscos da confusão da indisciplina como violência, Silva e Matos (2014) citam:</p><p>criminalizar comportamentos escolares corriqueiros e de pouca gravidade, recorrer</p><p>frequente e desnecessariamente às forças policiais na resolução de conflitos</p><p>eminentemente escolares, além do impacto sobre o clima escolar, a socialização e a</p><p>aprendizagem dos estudantes.</p><p>Já entre os riscos de tratar a violência como indisciplina, destacam-se: não</p><p>tratamento dos atos violentos, menor probabilidade de acolher a vítima e de</p><p>responsabilizar o agressor, sentimento de impunidade, além do impacto sobre o clima</p><p>escolar, a socialização e a aprendizagem dos envolvidos. (SILVA, MATOS, 2014).</p><p>Para se diferenciar a indisciplina e a violência, é imprescindível que se considere: o</p><p>tipo de regras que violam, o impacto que geram no ambiente escolar e nos sujeitos e a</p><p>gravidade.</p><p>Indisciplina Violência</p><p>Tipo de regra violada Estritamente escolares Infringem regras sociais</p><p>Consequências Não geram danos tão graves Podem causar danos físicos,</p><p>morais, psicológicos ou ma-</p><p>teriais</p><p>Gravidade Comportamentos menos graves Natureza grave</p><p>Exemplos Conversas paralelas, gritos, deslo-</p><p>camentos fora de hora, brincadei-</p><p>ras perturbadoras e desobediên-</p><p>cias às ordens dos professores</p><p>Assassinatos, roubos, porte</p><p>de armas, tráfico de drogas,</p><p>ameaças, agressões físicas</p><p>ou psicológicas</p><p>Quadro 4: Diferenciação Indisciplina e violência na escola</p><p>Fonte: Silva e Matos (2014)</p><p>Navegue pelo site: https://bit.ly/3LNkYij. Acessado em: 15 ago. 2021. do Instituto</p><p>Vladimir Herzog, principalmente as partes “Cadernos do respeitar” e “Biblioteca”,</p><p>nessa última, assista ao curta “Vestido Novo”, que traz importantes reflexões so-</p><p>bre o respeito à dignidade e diversidade no ambiente escolar.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>6.4 ABSENTEÍSMO ESTUDANTIL</p><p>Ir ou não ir à escola/às aulas é determinado por várias causas, há aspectos</p><p>extraescolares e intraescolares. Entre os fatores externos ao ambiente escolar, pode-se</p><p>destacar:</p><p>- Valor da escolarização para a comunidade, a família: se a família não compreende</p><p>80</p><p>a importância da escola na vida da criança, ela não vai se esforçar para que o estudante</p><p>frequente às aulas, nem mesmo motivá-lo para que se dedique aos estudos.</p><p>- Assistência à saúde: crianças doentes faltam mais às aulas do que as saudáveis.</p><p>- Alimentação: esse é um ponto que pode fazer com que o estudante vá à escola</p><p>(para comer o alimento que é oferecido pela instituição escolar) ou que pode ser uma</p><p>justificativa para a não frequência escolar, quando a criança está com fome e não</p><p>consegue ir para escola/se concentrar nos estudos.</p><p>- Trabalho: a necessidade de trabalhar faz com que o estudante deixe de frequentar</p><p>às aulas, seja porque trabalha no horário do turno escolar, seja porque está muito cansado</p><p>devido à exigente rotina de trabalho.</p><p>- Segurança: conforme</p><p>será discutido posteriormente, a violência nos arredores</p><p>da residência e/ou escola pode fazer com que os estudantes faltem à aula, bem como a</p><p>insegurança dentro da instituição escolar.</p><p>- Aspectos familiares: por exemplo, a estabilidade no trabalho dos pais e o modo</p><p>de organização familiar interferem na frequência escolar dos filhos.</p><p>Especialmente para as camadas populares, a violência é um fator de forte</p><p>influência da frequência escolar, tanto a que ocorre na própria escola, como em seu</p><p>entorno. Schargel e Smink (2002) afirmaram que o medo ou a ocorrência de agressões</p><p>constantemente fazem com que os estudantes faltem às aulas e, posteriormente,</p><p>acabam abandonando os estudos.</p><p>Já entre causas escolares para o absenteísmo estudantil, ressalta-se:</p><p>- Baixa qualidade do ensino: Quando os pais e os próprios estudantes constatam</p><p>a baixa qualidade do ensino, eles não incentivam seus filhos/se esforçam para ir às aulas.</p><p>- Falta de sentido da escola para o estudante: Conteúdos sem significado prático</p><p>para a vida (VIEIRA, 2010), o tédio, a falta de motivação, de interesse e de prazer em</p><p>aprender (MILLET; THIN, 2012), a distância das aulas “em relação à cultura juvenil. ”</p><p>(ABRAMOVAY, 2006, p. 104).</p><p>- Questões relacionadas aos professores: Falta de interesse e sensibilidade dos</p><p>educadores em conhecer os estudantes (VIEIRA, 2010), desqualificação que os professores</p><p>fazem dos estudantes (MILLET; THIN, 2012) e o próprio absenteísmo docente (CARNOY,</p><p>2009; SZMANSKI, 2009; PATTO, 2008)</p><p>- Sociabilidade dos estudantes: Para “matar aula” para ficar com os amigos ou</p><p>“fugir” dos colegas, como no caso relatado por Abramovay (2006), em que uma estudante</p><p>cortou o cabelo, os colegas a apelidaram de ‘Pelé’ e, como consequência, ela faltou a</p><p>pelo menos cinco dias de aula.</p><p>- Defasagem série/idade: a defasagem série/idade é caracterizada quando a</p><p>idade do estudante não é adequada para a série que ele cursa. Essa é uma situação</p><p>multideterminada, pode ocorrer devido à entrada tardia na escola, às interrupções</p><p>ocorridas durante a escolarização e às reprovações. A defasagem pode ser a causa ou a</p><p>consequência do absenteísmo, ou seja, o estudante, descontente com o fato de não estar</p><p>na série “adequada” começa a faltar de aula (talvez por vergonha por ser mais velho do</p><p>que os colegas). Ou, a situação de o aluno faltar muito às aulas, terá como consequência</p><p>a sua reprovação no ano letivo.</p><p>81</p><p>Explore o site: https://bit.ly/3Shc135. Acesso em: 15 ago 2021. uma inciativa que</p><p>busca garantir o direito básico à educação, nele, há publicações, relatos de estra-</p><p>tégias e resultados sobre o tema.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>82</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>1. (CESPE- CEBRASPE- 2017). A respeito das relações da família com a escola no processo</p><p>de aprendizagem, assinale a opção correta.</p><p>a) A participação dos pais é desnecessária no processo de orientação educacional, uma</p><p>atribuição exclusiva do pedagogo escolar.</p><p>b) A comunidade não é considerada parte integrante do processo de aprendizagem da</p><p>criança.</p><p>c) Família e escola desempenham papéis essenciais, mas excludentes, no que se refere</p><p>à educação e ao desenvolvimento da criança.</p><p>d) A educação da criança e do adolescente é uma atribuição restrita ao Estado.</p><p>e) A família desempenha um papel fundamental na formação do indivíduo.</p><p>2. (ADAPTADA- CESPE- CEBRASPE - 2017). As relações efetivas no contexto escola-</p><p>família são favorecidas quando:</p><p>a) Deixa-se a encargo dos pais o conhecimento quanto à rede de apoio e de</p><p>encaminhamentos.</p><p>b) Os pais são responsabilizados pelo insucesso dos filhos.</p><p>c) Os responsáveis são informados o mais brevemente possível da ocorrência de um</p><p>problema ou um possível problema.</p><p>d) Família e escola trabalham juntas, compreendendo a importância da corresponsabilidade</p><p>no processo educativo</p><p>e) O professor utiliza termos técnicos, para demostrar aos pais seu conhecimento e</p><p>profissionalismo.</p><p>3. (IBADE- SEE-AC- 2019). O Cyberbullying é o bullying que ocorre de forma:</p><p>a) Física</p><p>b) Virtual</p><p>c) Pessoal</p><p>d) Consensual</p><p>e) Esporádica</p><p>4. (IBADE/SEE-AC/ 2019). Teixeira (2011, p.25) afirma que “podemos também dividir o</p><p>bullying [...] em duas categorias: o bullying direto e o bullying indireto. ” No bullying</p><p>indireto podem ocorrer:</p><p>a) Agressões físicas.</p><p>b) Ataques deliberados.</p><p>c) Atos de difamação.</p><p>d) Agressões verbais.</p><p>e) Confrontos para intimidação.</p><p>83</p><p>5. (ADAPTADA- CEFET-MG-2014). Atualmente o bullying tem sido muito discutido no</p><p>âmbito educacional, tanto nas escolas como também nas universidades. Entende-se</p><p>como bullying uma forma de violência gratuita e cruel, na qual os mais fortes convertem</p><p>os mais fracos, recorrentemente, em objeto de diversão e prazer, através de ‘brincadeiras’</p><p>que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar (FANTE, 2005). É importante ressaltar</p><p>que, segundo a autora, esse fenômeno acontece somente entre pares. Para Fante (2005),</p><p>para que o bullying seja configurado, alguns aspectos precisam estar presentes. Analise</p><p>as afirmações seguintes que apresentam aspectos que devem estar presentes para que</p><p>o bullying esteja configurado:</p><p>I. As vítimas são prejudicadas em vários sentidos;</p><p>II. Há uma simetria de poder entre o agressor e a vítima;</p><p>III. O agressor tem a intenção clara de causar danos à vítima;</p><p>IV. As agressões são justificadas em função de motivos reais e concretos;</p><p>As afirmações corretas estão</p><p>a) Apenas nos itens I e II.</p><p>b) Apenas nos itens I e III.</p><p>c) Apenas nos itens I, III e IV.</p><p>d) Apenas nos itens I, II e IV.</p><p>e) Apenas nos itens III e IV.</p><p>6. (IF-SC-2014).</p><p>No tocante à disciplina e indisciplina escolar, avalie as afirmativas abaixo.</p><p>I. Para entender as questões de indisciplina, é necessário compreender o lugar que a</p><p>escola ocupa hoje na sociedade, o lugar que crianças e jovens ocupam e o lugar que</p><p>a moral ocupa.</p><p>II. A causa principal e definitiva que determina a indisciplina escolar é a questão</p><p>psicológica das crianças e jovens.</p><p>III. As questões de indisciplina escolar ocorrem indistintamente nas escolas públicas e</p><p>privadas.</p><p>IV. A indisciplina escolar é resultado da interação entre vários fatores, internos e externos</p><p>à escola.</p><p>V. Uma solução para indisciplina é a organização escolar em classes homogêneas.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA.</p><p>84</p><p>a) Estão corretas somente as afirmativas I, III, IV e V.</p><p>b) Estão corretas somente as afirmativas I, II e V.</p><p>c) Estão corretas somente as afirmativas II e IV.</p><p>d) Estão corretas somente as afirmativas I, III e IV.</p><p>e) Estão corretas somente as afirmativas I e IV.</p><p>7. (ADVISE- Prefeitura de Jaboticabal- 2012). A imagem abaixo mostra uma cena que,</p><p>infelizmente, está se tornando rotina nas escolas de todo o mundo. Para combater esse</p><p>tipo de violência na escola é preciso que:</p><p>I. a escola exercite do bom relacionamento;</p><p>II. a escola cultive da paz no ambiente;</p><p>III. a escola faça um projeto de conscientização junto, somente, aos alunos para combater</p><p>a violência escolar;</p><p>IV. a escola faça um projeto de conscientização junto à comunidade escolar para</p><p>combater essa violência;</p><p>Estão corretos os itens:</p><p>a) I e II, apenas;</p><p>b) I e III, apenas;</p><p>c) I e IV, apenas;</p><p>d) I, II e IV, apenas;</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>8. A frequência escolar determina a adaptação ao ambiente escolar, a aprendizagem e o</p><p>conhecimento às normas da escola. Antes dos anos 2000, a maior preocupação escolar</p><p>brasileira era com a matrícula, atualmente, soma-se à matrícula, a qualidade do ensino</p><p>e a frequência dos estudantes às aulas.</p><p>Analise a frase abaixo e escolha a alternativa que melhor preenche a lacuna:</p><p>A frequência escolar é determinada por fatores _____________________.</p><p>a) Internos e externos à escola.</p><p>b) Exclusivamente intraescolares.</p><p>c) Unicamente extraescolares.</p><p>d) Exclusivamente familiares.</p><p>e) Unicamente financeiros.</p><p>85</p><p>RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 3</p><p>UNIDADE 5</p><p>UNIDADE 2</p><p>UNIDADE 4</p><p>UNIDADE 6</p><p>QUESTÃO 1 E</p><p>QUESTÃO 2 D</p><p>QUESTÃO 3 A</p><p>QUESTÃO 4 B</p><p>QUESTÃO 5 E</p><p>QUESTÃO 6 A</p><p>QUESTÃO 7 B</p><p>QUESTÃO 8 D</p><p>QUESTÃO 1 E</p><p>QUESTÃO 2 B</p><p>QUESTÃO 3 E</p><p>QUESTÃO 4 E</p><p>QUESTÃO 5</p><p>D</p><p>QUESTÃO 6 A</p><p>QUESTÃO 7 E</p><p>QUESTÃO 8 A</p><p>QUESTÃO 1 B</p><p>QUESTÃO 2 B</p><p>QUESTÃO 3 A</p><p>QUESTÃO 4 E</p><p>QUESTÃO 5 E</p><p>QUESTÃO 6 C</p><p>QUESTÃO 7 B</p><p>QUESTÃO 8 D</p><p>QUESTÃO 1 B</p><p>QUESTÃO 2 A</p><p>QUESTÃO 3 D</p><p>QUESTÃO 4 B</p><p>QUESTÃO 5 B</p><p>QUESTÃO 6 A</p><p>QUESTÃO 7 A</p><p>QUESTÃO 8 E</p><p>QUESTÃO 1 D</p><p>QUESTÃO 2 D</p><p>QUESTÃO 3 E</p><p>QUESTÃO 4 B</p><p>QUESTÃO 5 D</p><p>QUESTÃO 6 A</p><p>QUESTÃO 7 C</p><p>QUESTÃO 8 B</p><p>QUESTÃO 1 E</p><p>QUESTÃO 2 D</p><p>QUESTÃO 3 B</p><p>QUESTÃO 4 C</p><p>QUESTÃO 5 B</p><p>QUESTÃO 6 D</p><p>QUESTÃO 7 D</p><p>QUESTÃO 8 A</p><p>86</p><p>ABRAMOVAY, M. 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De acordo com Ferreira (2001),</p><p>ao realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a relação entre Educação e Psicanálise, foi</p><p>possível constatar que “o ponto de maior controvérsia entre os autores que se ocupam</p><p>do tema reside no debate sobre o possível e o impossível de ter na Psicanálise uma</p><p>ciência aplicável à educação (...).” (p.110).</p><p>A Psicologia Comportamental, que será mais bem discutida na unidade 3 deste</p><p>livro, foi criada por John Watson (1878-1958) e depois desenvolvida por Burrhus Frederic</p><p>Skinner (1904-1990). Trouxe grandes contribuições para a Psicologia organizacional e</p><p>clínica, além dos campos da Propaganda e Educação, especialmente no que se refere à</p><p>aprendizagem (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2008).</p><p>A Psicologia Humanista foi desenvolvida por Carl Rogers (1902-1987), dentre outros</p><p>pensadores. Para Rogers, deve-se ter uma consideração positiva das pessoas, para que</p><p>cada uma possa de fato ser quem se é, sem que os obstáculos sociais, por exemplo, o</p><p>temor de mostrar-se, impeça a aceitação da sua própria experiência e a autorrealização.</p><p>Algumas contribuições de Rogers para a educação são a necessidade de a professora</p><p>estimular o estudante a sair da posição de heteronomia para alcançar a autonomia,</p><p>bem como a importância da aceitação do outro- tanto o educador como o aluno- e do</p><p>estímulo à criatividade no processo educativo (ALMEIDA, 2012).</p><p>Heteronomia: Condição de quem está sujeito a vontade de outrem, que não tem autono-</p><p>mia (Dicionário Aulete, online)</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>E, por fim, a Psicologia da Gestalt, que foi criada por três pensadores alemães: Max</p><p>Whertheimer (1880-1943), Kurt Koffka (1886-1941) e Wolfgang Köhler (1887-1967). Essa</p><p>abordagem é conhecida como Psicologia da Forma e tem como um dos principais focos</p><p>o estudo da percepção, ou seja, um determinado estímulo, fará com que cada pessoa</p><p>tenha uma percepção e, em seguida, ela dará uma resposta. Nesse sentido, quanto mais</p><p>claro for o estímulo, mais fácil ele será compreendido. No caso da educação escolar, por</p><p>exemplo, isso significa que o professor deve expor o conteúdo de forma mais organizada</p><p>e compreensível possível para que o estudante tenha uma boa percepção e dê a resposta</p><p>12</p><p>adequada. (UFRS, sd)</p><p>Depois de realizada essa contextualização da Psicologia de uma forma geral, no</p><p>item a seguir serão discutidas questões específicas da Psicologia da Educação, de que</p><p>trata esse campo do conhecimento e sua construção no Brasil.</p><p>Inicialmente, faz-se importante compreender a complexidade do termo educação.</p><p>É muito comum que as pessoas pensem que a educação é especificamente o processo</p><p>que ocorre em uma escola, mas a educação não está restrita ao ambiente escolar, ela pode</p><p>ocorrer no contexto familiar, de uma igreja, de uma Organização Não Governamental,</p><p>por exemplo.</p><p>Pelo dicionário online Aulete, a educação é explicada como “Processo formal de</p><p>transmissão de conhecimentos em escolas, cursos, universidades”, como “Formação e</p><p>desenvolvimento da capacidade física, moral e intelectual do ser humano.”.</p><p>O presente livro irá abordar especificamente sobre a educação escolar, por se tratar</p><p>de um material de formação para futuros professores. De acordo com Larocca (2007, p.</p><p>59) para além de uma preparação ou treinamento, a educação deve ser compreendida</p><p>como uma “atividade intencional, histórica, social e culturalmente situada”. Ainda para</p><p>essa autora, “a educação não se restringe a transmissão dos saberes formalizados,</p><p>científicos ou técnicos, mas exige algo maior, pois requer a transformação substantiva”</p><p>das pessoas que dela fazem parte (LAROCCA, 2007, p. 59).</p><p>Em relação à Psicologia da Educação, de acordo com Coll (2004), essa deve</p><p>ser compreendida como uma “disciplina ponte” que tem como objeto de estudo</p><p>compreender os processos de mudanças oriundos do desenvolvimento, da aprendizagem</p><p>e da socialização que são decorrentes da educação. Esse autor ressalta que as atividades</p><p>educacionais não estão restritas ao ambiente escolar e ocorrem entre pessoas de</p><p>diferentes características concretas, por exemplo, a idade, pode-se considerar também o</p><p>pertencimento social, o gênero, a raça como aspectos relevantes de serem considerados</p><p>nos processos educacionais. Ou seja, o aprender de um menino de dez anos, branco,</p><p>pertencente à camada média, que estuda em uma escola particular será diferente de</p><p>uma mulher adulta, negra, transexual, que foi expulsa da escola pública que frequentava</p><p>quando era adolescente, por exemplo.</p><p>É imprescindível considerar que não se trata de pensar que a Psicologia esteja a</p><p>serviço da Educação, ou o contrário. É importante compreender que Psicologia e Educação</p><p>(Pedagogia, Licenciaturas, Didática) se complementam, trazem questionamentos,</p><p>reflexões e contribuições para entender um fenômeno tão complexo como a educação.</p><p>Assim sendo, a Psicologia da Educação é um campo de conhecimento multidisciplinar,</p><p>que integra diferentes disciplinas, sem hierarquias entre esses campos de saber. (COOL,</p><p>Educação não é sinônimo de escolarização! Este é um conceito mais amplo.</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>1.2 O QUE É A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO</p><p>13</p><p>2004).</p><p>Apesar de abranger diversas abordagens, ainda segundo Coll (2004) são orientações</p><p>da Psicologia da Educação de uma forma geral:</p><p>- Relações entre desenvolvimento, aprendizagem, cultura e educação: conceber</p><p>que o desenvolvimento e a aprendizagem ocorrem inseridos em uma dada cultura,</p><p>principalmente por meio da educação, seja no âmbito familiar ou escolar, dentre outros.</p><p>- Enfoques e modelos contextuais e culturais dos processos psicológicos: considerar</p><p>como o contexto e a cultura, por exemplo, frequentar uma escola pública de periferia de</p><p>uma grande cidade do sudeste brasileiro, determina a forma como a aprendizagem vai</p><p>ocorrer, além dos processos de atenção, comportamentos conscientes.</p><p>- Unidade do ensino e aprendizagem: compreender a indissociabilidade dos</p><p>processos de ensino e aprendizagem, a forma como o professor ensina, determina a</p><p>maneira como o estudante vai aprender.</p><p>- Interesse por diferentes tipos de práticas educacionais: abarcar a educação</p><p>como um processo complexo, que ocorre em diferentes contextos, formais, por exemplo,</p><p>a escola, e informais, como as relações familiares. E, mesmo no ambiente escolar,</p><p>considerar as diferentes práticas possíveis de serem utilizadas, como as metodologias</p><p>ativas, a gamificação, dentre outras.</p><p>Dentre as várias contribuições da Psicologia para a Educação, podem-se destacar</p><p>os estudos e as reflexões acerca do:</p><p>- Desenvolvimento humano: conhecer como as pessoas se desenvolvem, quais</p><p>capacidades são adquiridas em quais etapas da vida.</p><p>- Processo de ensino-aprendizagem: compreender como as pessoas aprendem,</p><p>por exemplo, quais as diferenças na forma de aprendizagem de crianças de sete anos e</p><p>de uma pessoa idosa? Como ensinar uma criança e um adulto a ler?</p><p>- Diferentes contextos educacionais: as formas como os conteúdos são apresentados</p><p>em uma escola formal é diferente das maneiras como as aprendizagens são abordadas</p><p>no ambiente familiar. Quando, durante o lanche da família, uma mãe solicita ao filho</p><p>que divida o bolo em partes iguais para os irmãos, é diferente de quando a professora,</p><p>na prova, coloca uma questão de “quanto é 1 dividido por 4?”.</p><p>- Importância da relação entre professor e estudante para o processo de ensino</p><p>e aprendizagem: Pesquisas, como a de Veras e Ferreira (2010), apontam que a relação</p><p>estabelecida entre educadoras</p><p>e alunos, mesmo no ensino superior, é determinante</p><p>para “uma experiência de aprendizagem favorável” (p. 219).</p><p>- Especificidades da profissão docente: como a formação, o adoecimento, a</p><p>superação de desafios e a criação de diferentes estratégias para a aprendizagem. Um</p><p>exemplo disso são as pesquisas que buscam conhecer como os professores se adaptaram,</p><p>adaptaram os conteúdos, os métodos e as aulas durante o ensino remoto decorrente da</p><p>COVID-19.</p><p>No próximo item, último dessa unidade, serão discutidas questões pertinentes à</p><p>Psicologia da Educação que vem sendo desenvolvida no Brasil.</p><p>1.3 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL</p><p>A Psicologia da Educação que vem sendo construída no Brasil tem trazido</p><p>contribuições importantes acerca do contexto escolar. Por exemplo, em 2015, o Conselho</p><p>14</p><p>Federal de Psicologia (CFP) publicou uma pesquisa sobre preconceito e violência na</p><p>escola, em que apresenta o resultado de um levantamento documental, pesquisa</p><p>bibliográfica e de campo, sendo essa última realizada por meio de oficinas que ocorreram</p><p>nas cinco regiões do país. (CFP, 2015)</p><p>Ao estudar sobre a escola, é imprescindível considerar o seu cotidiano, repleto de</p><p>desafios -como preconceito e violência- e de desigualdades- não apenas entre instituições</p><p>públicas e privadas, mas, também, se forem comparadas as escolas particulares entre si</p><p>e as públicas entre si.</p><p>Essas desigualdades de acesso e de qualidade da educação vêm sendo</p><p>constantemente denunciadas pela Psicologia, tanto pelo CFP como pela Associação</p><p>Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPPE). É muito importante que o</p><p>conhecimento das teorias da Psicologia da Educação seja aliado ao conhecimento do</p><p>contexto em que essa educação ocorre, bem como dos estudantes que dela fazem parte.</p><p>Não é possível promover o processo de ensino e aprendizagem descontextualizado, há</p><p>de se considerar as condições da escola e das pessoas (equipe pedagógica, pessoal de</p><p>apoio, estudantes), principalmente, as condições materiais.</p><p>Foram escolhidas duas personalidades que trouxeram muitas contribuições para a</p><p>Psicologia da Educação brasileira, duas mulheres, uma pioneira e outra contemporânea</p><p>desse campo do saber: Helena Antipoff e Maria Helena Souza Patto.</p><p>Helena Antipoff</p><p>Nasceu em 1892, na Rússia e formou-se psicóloga, na Suíça. Em 1929, foi convidada</p><p>pelo governo de Minas Gerais para participar da Reforma Educacional Francisco Campos</p><p>Mário Casassanta. (CAMPOS, 2000).</p><p>Suas pesquisas e práticas objetivaram conhecer e atuar sobre o desenvolvimento</p><p>das crianças, especialmente aquelas com alguma deficiência, bem como contribuir para</p><p>Na década de 1990, foi criada a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e</p><p>Educacional (ABRAPEE), que reúne profissionais e estudiosos do tema. Para</p><p>saber mais sobre as ações da ABRAPEE, como publicações e eventos, entre em</p><p>seu canal: https://bit.ly/3UthAgt. Acesso em: 14 ago. 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>Figura 1: Fotografia Antipoff</p><p>Fonte: Acervo pessoal do Autor (2022)</p><p>15</p><p>a formação de professores mais capacitados.</p><p>Antipoff demostrava interesse e preocupação com a democratização da educação</p><p>e com a exclusão social. Já na década de 1930, denunciou a situação das crianças que</p><p>permaneciam nas ruas da capital mineira, comparando esse contexto à realidade</p><p>vivenciada pelas crianças europeias, durante a Primeira Grande Guerra Mundial.</p><p>(CAMPOS, 2003).</p><p>Entre seus vários projetos, destacam-se dois: a Sociedade Pestalozzi e a Fazenda do</p><p>Rosário. Antipoff foi uma das organizadoras da Sociedade Pestalozzi, instituída em 1932,</p><p>que buscou promover a assistência às crianças excepcionais, além de formar professores</p><p>que as educavam. (CAMPOS, 2003).</p><p>Ainda de acordo com Campos (2003), a Fazenda do Rosário, instalada em 1940, em</p><p>Ibirité/Minas Gerais, foi uma extensão da Sociedade Pestalozzi e teve como objetivo a (re)</p><p>educação de crianças abandonadas ou “excepcionais”. Na década seguinte, participou</p><p>do movimento de criação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).</p><p>Antipoff faleceu, em 1974, no Brasil.</p><p>Como contribuições de Antipoff que influenciam a educação brasileira até os dias</p><p>atuais, sobressaem-se:</p><p>- A inteligência não é resultado apenas da predisposição genética e da idade da</p><p>criança, mas também é influenciada por fatores do ambiente, ou seja, ela propôs uma</p><p>“análise psicossocial da cognição. ” (CAMPOS, 2010, p. 26).</p><p>- Tanto a inteligência quanto a personalidade do aluno são produzidas em sua</p><p>relação com o meio em que está inserido, social e cultural. (CAMPOS, 2010).</p><p>- A necessidade de que os educadores conheçam os estudantes. (CAMPOS, 2010).</p><p>- A relevância concedida à formação continuada dos professores.</p><p>- A importância de que as pesquisas sobre os processos psicológicos que ocorrem</p><p>durante o ensino-aprendizagem sejam testadas no cotidiano escolar. (CAMPOS, 2010).</p><p>- A defesa de que a educação pode auxiliar no processo de adaptação das crianças</p><p>consideradas “excepcionais”, principalmente as escolas que tenham contato com a</p><p>natureza. Outro ponto é a necessidade de respeito, carinho e garantia da dignidade</p><p>desses estudantes. (ANTIPOFF, 1944)</p><p>E, para finalizar esse tópico sobre Helena Antipoff , segue o trecho de um de seus</p><p>textos:</p><p>A arte de ensinar, ou melhor, a arte de educar é a mais</p><p>delicada no mundo. Não basta, como em outras artes,</p><p>vestir de forma a ideia, escolhendo à vontade a matéria-</p><p>-prima. Aqui o artista não tem escolha: recebe quantos</p><p>meninos nasceram no município. A grande arte consis-</p><p>tirá em adaptar a sua ideia ao feitio particular do edu-</p><p>cando, e no universo psicológico da criança fazer resso-</p><p>ar o seu próprio universo. Explícita ou implicitamente,</p><p>deve haver entre os dois, entendimentos. Senão, na</p><p>melhor das hipóteses, os feitos educativos serão transi-</p><p>tórios, não passando de um verniz muito superficial; na</p><p>pior, criará rebeldia e revoltas.</p><p>16</p><p>Para conhecer mais o trabalho iniciado por Antipoff, entre no site da Fundação</p><p>Helena Antipoff, lá você irá encontrar os serviços prestados por essa instituição,</p><p>como escolas, núcleo de formação a distância, horta, biblioteca comunitária,</p><p>dentre outros. Disponível em: https://bit.ly/3BwsBos. Acesso em: 14 ago. 2021.</p><p>O livro “A educação Brasileira” (2003), escrito por Clóvis Roberto dos Santos,</p><p>traz algumas informações sobre a Fundação Helena Antipoff. Essa obra está</p><p>disponível na Minha Biblioteca Única, no link: https://bit.ly/3DOVrTN. Acesso em:</p><p>14 ago. 2021.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>Maria Helena Souza Patto</p><p>Figura 2: Fotografia Patto</p><p>Fonte: Instituto de Psicologia USP (2020)</p><p>Autora de uma das principais obras brasileira de Psicologia Educacional “A produção</p><p>do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia”, publicado pela primeira vez em</p><p>1990, Patto, ao realizar uma pesquisa em um escola municipal de São Paulo, mostra</p><p>as dificuldades da escolarização das camadas populares: o preconceito social, racial e</p><p>linguístico, as acusações sofridas pelas famílias que eram consideradas culpadas pelo</p><p>insucesso dos filhos na escola e os obstáculos enfrentados pelas professoras.</p><p>Ao longo do livro, Patto apresenta quatro histórias de (re) provação escolar, que</p><p>foram acompanhadas durante a realização de sua pesquisa. A primeira delas, a de Ângela,</p><p>filha mais velha de migrantes pernambucanos, desde nova vivenciou a sobrecarga do</p><p>trabalho doméstico. Repetente no 1º ano do ensino fundamental, ela foi apresentada</p><p>pela equipe pedagógica como imatura, com deficiência mental e paranoica, já seus pais,</p><p>foram retratados como desinteressados no desenvolvimento e na escolarização da filha.</p><p>De acordo com a coordenação escolar, ela, assim como todos os outros “repetentes”</p><p>não possuíam “condições pessoais de aprendizagem de um mínimo que justifique sua</p><p>promoção. ” (2008, p. 358). Para a mãe de Ângela, a filha “não tem amor na escola” (2008,</p><p>p. 360), ela relatou que a professora disse que “não entra nada na cabeça dela” (2008,</p><p>p.360). Ao analisar a relação da criança com a escola, Patto afirma: “Ângela defrontou-</p><p>se com o preconceito, a discriminação, o estigma e um ensino de má qualidade, o que</p><p>inegavelmente a leva a evitar a escola e a aprendizagem escolar e a dar a impressão de</p><p>que ‘não tem amor na escola. ” (2008, p. 362)</p><p>Com seu livro, Patto demonstrou uma situação que ainda hoje é vivenciada: o</p><p>17</p><p>fracasso escolar é explicado por problemas genéticos, algo que a criança já nasce ou por</p><p>problemas econômicos e familiares, a família não tem boas condições sociais e/ou não</p><p>valoriza a escola. Era a vivência prática daquilo que foi postulado pela teoria da carência</p><p>cultural: as dificuldades escolares dos estudantes das camadas populares são reflexos</p><p>da sua privação cultural, ou seja, o meio em que essas crianças vivem não é adequado</p><p>nem estimulante o suficiente para que elas aprendam.</p><p>Em todas essas justificativas descritas anteriormente, a escola se isenta da sua</p><p>responsabilidade no processo de ensino-aprendizagem, o estudante não aprende por</p><p>motivos externos à instituição escolar e, com isso, ela não pode melhorar a educação</p><p>que oferece.</p><p>A escola brasileira contemporânea conseguiu superar os obstáculos denunciados por An-</p><p>tipoff e Patto? Quais os avanços conquistados e os desafios a serem vencidos?</p><p>VAMOS PENSAR?</p><p>18</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>1. (ENADE-Adaptada). A Psicologia se reconhece e é socialmente identificada como</p><p>um campo multifacetado e dividido em várias áreas de atuação. Tais áreas configuram</p><p>temáticas, problemas, conhecimentos, tecnologias, modos de pensar e de atuar sobre</p><p>as demandas oriundas de diferentes segmentos e contextos sociais.</p><p>Considerando esse contexto, avalie as afirmações a seguir e a relação proposta entre</p><p>elas.</p><p>I. O estudo da Psicologia é exclusivo para as psicólogas.</p><p>PORQUE</p><p>II. Apenas as psicólogas conseguem compreender a complexidade dos fenômenos</p><p>psicológicos.</p><p>A respeito dessas afirmativas, assinale a opção correta.</p><p>a) As afirmações I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.</p><p>b) As proposições I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.</p><p>c) A afirmação I é verdadeira, e a II é uma proposição falsa.</p><p>d) A proposição I falsa, e a II é verdadeira.</p><p>e) As afirmações I e II são falsas.</p><p>2. (ENADE-Adaptada). As teorias em Psicologia constituíram-se de diversas raízes</p><p>filosóficas e epistemológicas, que deram origem a sistemas complexos de conceitos,</p><p>histórica e culturalmente determinados. Tais sistemas conceituais, por sua vez,</p><p>possibilitaram a emergência de abordagens, escolas, teorias e práticas diferenciadas de</p><p>Psicologia. Essa situação configura um campo de dispersão da Psicologia, que se formou</p><p>com a utilização de diversas perspectivas epistemológicas, metodológicas e conceituais.</p><p>A manifestação desse processo ocorreu por meio da produção de diferentes teorias e</p><p>sistemas que marcaram a primeira metade do século XX.</p><p>(BARRETO, C. L. B. T.; MORATO, H. T. R A dispersão do pensamento psicológico. Boletim de Psicologia, São</p><p>Paulo, v. 58, n. 129, dez. 2008.)</p><p>Considerando os fundamentos epistemológicos da Psicologia, é correto apenas o que se</p><p>afirma em</p><p>a) Existem poucas abordagens na Psicologia.</p><p>b) Existe uma abordagem psicológica: a Psicanálise.</p><p>c) Existem três abordagens na Psicologia, reconhecidas como “As três grandes forças”.</p><p>d) Apesar de serem reconhecidas três principais abordagens, existem diversas outras.</p><p>e) A abordagem psicológica mais famosa é a sistêmica.</p><p>19</p><p>3. Em 06 de agosto de 2020, foi publicado o seguinte comunicado: Celebramos hoje os</p><p>91 anos da chegada do/a educador/a e psicólogo/a russo/a _____________________ à Minas</p><p>Gerais com o objetivo de ajudar na reforma do ensino e deixou um legado importantíssimo</p><p>para educação brasileira.</p><p>O relato acima refere-se a:</p><p>a) Helena Antipoff</p><p>b) Maria Helena Souza Patto.</p><p>c) Francisco Campos Mário Casassanta.</p><p>d) Lev Vigotski.</p><p>e) Alexei Leontiev.</p><p>4. (COMPERVE - 2018 – UFRN/ Adaptada). Desde o surgimento da psicologia escolar e</p><p>educacional, o fenômeno denominado de fracasso escolar constituiu-se como objeto de</p><p>estudo privilegiado dessa área. Nesse contexto, Maria Helena Souza Patto, pesquisadora</p><p>com estudos consagrados na área, analisa que para compreender a gênese dessa</p><p>problemática, é necessário considerar:</p><p>a) A precariedade das condições sociais de crianças e adolescentes que, devido às</p><p>privações sofridas, são incapazes de aprender.</p><p>b) A influência da teoria da carência cultural, que marcou o início das práticas psicológicas</p><p>na educação no Brasil.</p><p>c) O contexto familiar que desvaloriza os saberes escolares e desacredita na educação</p><p>formal como meio de ascensão social.</p><p>d) O aspecto hereditário, uma vez que todos os transtornos de aprendizagem têm causas</p><p>genéticas e congênitas.</p><p>e) O rendimento escolar é resultado direto das capacidades psicológicas naturais de</p><p>cada um.</p><p>5. Analise a tirinha abaixo:</p><p>O quadrinho acima trata sobre a discussão se já nascemos com o nosso destino traçado.</p><p>Nesse sentido, é importante considerar a subjetividade, que é um conceito de estrema</p><p>relevância para a Psicologia, e pode ser melhor compreendida como:</p><p>a) A essência com a qual o sujeito nasce.</p><p>b) Aquilo que a pessoa é.</p><p>20</p><p>c) Algo totalmente individual.</p><p>d) Algo exclusivamente interno, aquilo que ocorre dentro do sujeito.</p><p>e) A forma como o sujeito é, de acordo com suas determinações sociais e materiais.</p><p>6. Por suas contribuições para a educação e sua sensibilidade, Carlos Drummond de</p><p>Andrade escreveu um poema para homenagear Helena Antipoff, intitulado “A casa de</p><p>Helena”. Essa psicóloga foi uma das responsáveis pela criação:</p><p>a) Fazenda do Rosário, Sociedade Pestallozi, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais</p><p>(APAE).</p><p>b) Fazenda do Rosário, apenas.</p><p>c) Sociedade Pestallozi e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), apenas.</p><p>d) Fazenda do Rosário e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), apenas.</p><p>e) Sociedade Pestallozi, apenas.</p><p>7. De acordo com Coll (2004, p. 19) “A existência da psicologia da educação como uma área</p><p>de conhecimento e de saberes teóricos e práticos claramente identificável, relacionado</p><p>com outros ramos e outras especialidades da psicologia e das ciências da educação,</p><p>mas ao mesmo tempo distintos delas, tem sua origem na crença racional e na convicção</p><p>profunda de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente com a utilização</p><p>adequada de conhecimentos psicológicos. ”</p><p>É possível afirmar que uma das principais tendências atuais na concepção da Psicologia</p><p>da educação é:</p><p>a) Compreender a Psicologia como a disciplina “mestra” nos estudos da educação.</p><p>b) Conceber a Psicologia da educação como uma disciplina ponte.</p><p>c) Considerar a pedagogia como a disciplina “rainha” nas pesquisas educacionais.</p><p>d) Defender que a Psicologia deve compreender a supremacia da didática no campo</p><p>educacional.</p><p>e) Defender que os conhecimentos sobre os fenômenos psicológicos são restritos às</p><p>psicólogas, mesmo quando ocorridos no contexto educacional.</p><p>8. Leia o trecho abaixo, retirado da música “Estudo Errado”, escrita por Gabriel, O Pensador:</p><p>“Encarem as crianças com mais seriedade</p><p>Pois na escola é onde formamos nossa personalidade</p><p>Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância a exploração e a indiferença</p><p>são sócios</p><p>Quem devia lucrar só é prejudicado</p><p>Assim cês vão criar uma geração de revoltados</p><p>Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio</p><p>Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...”</p><p>O autor relata uma situação ocorrida no ambiente escolar. Diante das reflexões realizadas</p><p>até o momento, a educação pode ser compreendida como:</p><p>a. Processo de aprendizagem que ocorre exclusivamente na escola.</p><p>21</p><p>b) Formação intelectual das crianças.</p><p>c) Preparação moral de crianças e adolescentes.</p><p>d) Construção do conhecimento que pode ocorrer em diversos ambientes.</p><p>e) Criação que os pais dão aos filhos, exclusivamente.</p><p>22</p><p>INTRODUÇÃO ÀS</p><p>DIFERENTES</p><p>CONCEPÇÕES DE</p><p>DESENVOLVIMENTO</p><p>23</p><p>Desenvolvimento humano pode ser progredir, regredir ou manter determinada</p><p>característica/habilidade física, cognitiva ou psicossocial</p><p>(PAPALIA, OLDS, FELDMAN,</p><p>2007). Assim sendo, nesta unidade serão trabalhadas questões acerca das mudanças e</p><p>permanências das pessoas ao longo dos anos.</p><p>No dicionário Aurélio, desenvolvimento está descrito como: 1) Fazer crescer,</p><p>prosperar. 2) Gerar, produzir. 3) Crescer, aumentar, progredir. É importante atentar-</p><p>se ao fato de que, por esse significado, o desenvolvimento é entendido sempre como</p><p>crescimento, todavia, como será discutido a seguir, essa concepção não pode ser utilizada</p><p>nas pesquisas sobre o desenvolvimento humano.</p><p>De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2007), o estudo do desenvolvimento</p><p>humano é o conhecimento científico de como as pessoas se transformam, além daqueles</p><p>atributos que continuam moderavelmente estáveis durante a vida do indivíduo.</p><p>As pesquisas mais atuais em desenvolvimento humano concordam em três</p><p>pontos que são (quase) consenso: o desenvolvimento ocorre ao longo de todo o ciclo</p><p>vital, desenvolver significa mudar e também manter e, por último, o desenvolvimento é</p><p>resultado da interação entre os fatores ambientais e genéticos.</p><p>Como esses pontos são muito importantes, elas serão discutidas detalhadamente.</p><p>1) Desenvolvimento ao longo do ciclo vital</p><p>Isso significa afirmar que as pessoas se desenvolvem até o último dia de sua</p><p>vida, mesmo se falecerem aos 100 anos ou mais. Durante o início dos estudos do</p><p>desenvolvimento humano, acreditava-se que os sujeitos só se desenvolviam no começo</p><p>da vida, principalmente durante a infância. Para se ter uma noção, segundo Papalia,</p><p>Olds e Feldman (2007), a adolescência passou a ser estudada pela Psicologia no início do</p><p>século XIX e a velhice apenas nas décadas de 1920/30. O estudo de cada uma das etapas</p><p>do desenvolvimento trouxe efeitos para o cotidiano e a educação, em específico. Saber</p><p>como ocorre o desenvolvimento cognitivo auxilia no planejamento das aulas, que deve</p><p>ser diferente se os estudantes estão no ensino fundamental, médio ou na Educação de</p><p>Jovens e Adultos (EJA).</p><p>Conceber o desenvolvimento como um processo que ocorre durante toda a vida</p><p>do sujeito é considerar que:</p><p>- O passado influencia o presente e o futuro, ou seja, as experiências que a pessoa</p><p>vivenciou vão intervir no seu futuro. Por exemplo, estudos de Alves et al (2005) apontam</p><p>a relação entre a inatividade física na adolescência e o sedentarismo adulto. Isso não</p><p>significa que necessariamente um adulto que não exerceu atividades físicas durante a</p><p>adolescência será sedentário, mas há uma probabilidade de que ele o seja.</p><p>2.1 DESENVOLVIMENTO HUMANO: INTRODUÇÃO</p><p>Apesar de no senso comum o desenvolvimento ser identificado como mudança e melho-</p><p>ra, conforme estudado, ele nem sempre significa alguma alteração e, muitas vezes, não</p><p>é no sentido do crescimento!</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>24</p><p>- O futuro também pode influenciar o presente. Se um adulto objetiva ser aprovado</p><p>em um concurso público, por exemplo, ele pode criar estratégias para alcançar o seu</p><p>objetivo, como estudar por quatro horas diariamente, reduzir o tempo que gasta nas</p><p>redes sociais para se dedicar à preparação para a prova.</p><p>É importante destacar que as teorias psicológicas têm ideias diferentes de quanto/</p><p>como o passado, o presente e o futuro interferem um no outro, mas, de uma forma geral,</p><p>acreditam nessa mútua influência. Por exemplo, a Psicanálise tem o foco nos eventos</p><p>passados, especialmente a primeira infância. Já a abordagem de Vigotski, que será</p><p>estudada na unidade 4 dessa obra, concede grande relevância ao que estar por vir, à</p><p>potencialidade do aprendizado.</p><p>2) Desenvolver: transformar e manter</p><p>Esse é um ponto polêmico dentro das pesquisas sobre o desenvolvimento humano,</p><p>algumas abordagens defendem que há certa estabilidade ao longo da vida, como</p><p>algumas pesquisas que utilizam o Modelo dos traços, já outras partem do pressuposto</p><p>de que desenvolver significa basicamente modificar. (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2007).</p><p>Alguns aspectos que se mantém razoavelmente estáveis ao longo do desenvolvimento</p><p>de uma pessoa: tipo sanguíneo, pigmentação dos olhos. De acordo com Papalia, Olds e</p><p>Feldman (2007), existem estudos que demonstram que alguns traços da personalidade</p><p>e do comportamento humano têm certa constância.</p><p>Já outras características, como a estatura, o peso e a capacidade cognitiva</p><p>alteram-se ao longo do ciclo vital. Pesquisas recentes apontam que até mesmo o Ácido</p><p>Desoxirribonucleico (DNA) pode-se alterar durante a vida da pessoa, diferentemente do</p><p>que se achava há até pouco tempo. (MARASCIULO, 2020).</p><p>3) Natureza e/ou contexto social</p><p>Dentre os aspectos aqui abordados, provavelmente esse é o mais controverso:</p><p>quanto do desenvolvimento humano é determinado pela natureza e quanto é resultado</p><p>da influência do contexto social do qual o sujeito faz parte?</p><p>As abordagens iniciais do estudo do desenvolvimento humano, como o inatismo,</p><p>que será estudado na próxima unidade, defendiam que esse é resultado exclusivo</p><p>da hereditariedade: as pessoas se desenvolveriam de acordo com os seus aspectos</p><p>biológicos, independentemente do meio em que estão inseridas. Assim sendo, desde</p><p>o nascimento, já existiria a essência, a semente de como esse sujeito iria se desenvolver</p><p>(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2007).</p><p>Um acontecimento importante para compreender a relação entre a discussão</p><p>sobre a afirmação de que as pessoas são resultado unicamente dos aspectos biológicos</p><p>foi o aparecimento do menino Victor, em 1800, no sul da França.</p><p>25</p><p>De acordo com Pereira e Galuch (2012) essa é uma história verídica, que serviu</p><p>como inspiração para o filme “Garoto selvagem”, na qual um menino foi encontrado</p><p>sozinho em um bosque: ele vivia como um animal, não sabia se comunicar, andar, nem</p><p>se comportar como um ser humano.</p><p>Victor foi levado a diversas instituições e, em determinado momento, ficou aos</p><p>cuidados do famoso médico Philipe Pinel, que acreditava que o garoto tinha sido</p><p>abandonado por sua família por ter demência, o que justificaria o fato de não andar,</p><p>falar etc. Além disso, o especialista acreditava que ele não seria capaz de aprender essas</p><p>habilidades.</p><p>Outro médico responsável pelo tratamento de Victor foi Jean Marc Gaspard Itard</p><p>que, diferentemente de seu professor Pinel, acreditava na possibilidade de educar o</p><p>menino, pois defendia que o desenvolvimento poderia ser potencializado por meio do</p><p>contato social. (PEREIRA e GALUCH, 2012).</p><p>Apesar de algumas limitações, com a educação dada por Itard, Victor teve</p><p>progressos em seu desenvolvimento, aprendeu a ler, escrever e a obedecer a regras</p><p>(PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2009).</p><p>Se, por um lado, Pinel defendia o desenvolvimento como resultado exclusivo</p><p>de fatores biológicos, por outro, Itard acreditava no poder do meio como importante</p><p>aspecto no seu desenrolar. Nos dias de hoje, compreendemos que Pinel acreditava nas</p><p>ideias inatistas, já Itard, inseria-se em uma concepção interacionista do desenvolvimento,</p><p>conforme será estudado nas duas próximas unidades.</p><p>Atualmente, a maior parte das pesquisas defende uma relação entre as dimensões</p><p>biológicas e sociais como determinantes do desenvolvimento humano. Teóricos como</p><p>Piaget, Vigotski e Wallon, que serão estudados na unidade 4, defendem a importância</p><p>de fatores biológicos e sociais para o desenvolvimento humano.</p><p>Os estudos sobre o desenvolvimento humano são interdisciplinares, ou seja,</p><p>diversos campos do saber trazem contribuições e se beneficiam das suas descobertas,</p><p>como a educação, a medicina, a terapia ocupacional, o serviço social. Além disso, há uma</p><p>interação entre as ciências que sobre ele se debruçam. Por exemplo, uma pesquisa que</p><p>objetiva compreender o impacto da pandemia covid 19 no desenvolvimento adolescente</p><p>pode contar com a presença de educadoras, psicólogas, médicos, nutricionistas,</p><p>terapeutas ocupacionais, sociólogos, dentre outros especialistas. O objetivo dessa</p><p>investigação científica seria conhecer o seu objeto -o impacto da pandemia covid 19</p><p>Figura 3: Ilustração Victor de Aveyron</p><p>Fonte: Site The layman’s linguist (2019)</p><p>26</p><p>no desenvolvimento adolescente-</p><p>através de diferentes saberes, com a colaboração de</p><p>várias ciências e, consequentemente, auxiliando-as em suas práticas profissionais.</p><p>De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2007), os estudos sobre o desenvolvimento</p><p>humano objetivam:</p><p>- Descrever: quando ocorrem determinados comportamentos, por exemplo: qual</p><p>a idade geralmente as crianças conseguem controlar os esfíncteres.</p><p>- Explicar: como ocorrem determinados comportamentos, por exemplo: o que é</p><p>necessário para que as crianças controlem seus esfíncteres.</p><p>- Prever: comportamentos posteriores, por exemplo: se a criança já consegue</p><p>identificar quando está com vontade de urinar, provavelmente ela irá conseguir controlar</p><p>os esfíncteres.</p><p>- Modificar: comportamentos considerados inadequados, por exemplo, se a criança</p><p>tem nove anos e ainda não consegue controlar os esfíncteres, ela deve ser avaliada por</p><p>uma especialista e passar por um tratamento para que consiga fazê-lo, pois os estudos</p><p>sobre o desenvolvimento infantil mostraram que nessa idade a criança já deve ser capaz</p><p>de controlar os esfíncteres.</p><p>É possível relacionar os quatro grandes objetivos do estudo do desenvolvimento</p><p>ao processo educativo. Em uma escola infantil, se todas as crianças do maternal</p><p>3 conseguem se comunicar, quando uma criança não o faz, a coordenação pode</p><p>solicitar que a família a leve para uma avaliação. Considere que ela foi avaliada por um</p><p>fonoaudiólogo e foi constatado algum problema de audição (explicação). O fato de a</p><p>criança ter dificuldades para se comunicação pode prejudicar o seu desenvolvimento</p><p>cognitivo e afetivo (possibilidade de prever), o que sugere que ela seja avaliada e, se</p><p>necessário faça acompanhamento com o profissional indicado (para modificar).</p><p>Domínios do desenvolvimento</p><p>O desenvolvimento humano pode ser dividido em três dimensões: física, cognitiva</p><p>e psicossocial. É importante destacar que esses domínios estão interligados e um</p><p>interfere no outro (PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2009).</p><p>Exemplos de desenvolvimento:</p><p>- Físico: aumento da estatura, amadurecimento dos órgãos sexuais, o</p><p>branqueamento dos cabelos.</p><p>- Cognitivo: aumento e diminuição da concentração, compreensão de conceitos</p><p>abstratos, capacidade de planejamento.</p><p>- Psicossocial: desenvolvimento da capacidade de cooperar com outras pessoas,</p><p>do sentimento de solidariedade, e da sabedoria.</p><p>Para ilustrar a afirmação de que cada uma dessas dimensões interfere na outra,</p><p>considere uma adolescente que teve a menarca (primeira menstruação), com isso, ela</p><p>se interessou em estudar sobre a reprodução humana e, ao mesmo tempo, sua família a</p><p>orientou sobre a possibilidade de gravidez na adolescência.</p><p>Em se tratando do ambiente escolar, pode-se ilustrar com a situação de um</p><p>estudante, de estatura baixa, que quer chamar a atenção das meninas de sua sala. Por</p><p>ser baixo, ele percebeu que teria dificuldades em entrar para o time de basquete, assim</p><p>sendo, ele resolveu estudar bastante, para se sobressair durante as aulas e ser o foco da</p><p>atenção das colegas.</p><p>Por sua complexidade, a escola influencia e é influenciado pelas três dimensões</p><p>do desenvolvimento humano. Por exemplo, as aulas de Educação Física, contribuem</p><p>no aumento da força física. As aulas de História, possibilitam o conhecimento de outros</p><p>27</p><p>momentos históricos e a convivência com colegas, pode auxiliar no desenvolvimento</p><p>do sentimento de solidariedade. Uma criança obesa que é sempre deixada no banco</p><p>reserva na hora do jogo de vôlei, como consequência, poderá ficar isolada e não terá</p><p>mais interesse em ir para a escola. Já a estudante que tem facilidade com cálculos, será</p><p>solicitada a explicar a matéria para os colegas, isso fará com que ela se sinta motivada a</p><p>estudar cada vez mais, além de valorizada por sua capacidade cognitiva.</p><p>As mudanças no desenvolvimento humano podem ser divididas em qualitativas e</p><p>quantitativas. Como os próprios termos indicam, as qualitativas referem-se à qualidade</p><p>e as quantitativas, à quantidade (BEE; BOYD, 2011).</p><p>Para que possa ficar mais compreensível, pense em uma criança pré-verbal, ou</p><p>seja, que ainda não fala, mas que emite alguns sons, como os balbucios. Quando ela</p><p>passa a ter a capacidade de usar a linguagem verbal, por exemplo, fala “mama” (para</p><p>expressar mamãe) ou “quê” (para demonstrar o verbo querer), ocorreu o desenvolvimento</p><p>qualitativo, de pré-verbal a criança passou a ser verbal. (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).</p><p>Já quando a família registra o número de palavras que essa criança fala, ela acompanha</p><p>o seu desenvolvimento verbal quantitativo.</p><p>Outro exemplo seria uma criança que entrou na escola pela primeira vez e tinha</p><p>apenas três amigos, vizinhos do prédio em que mora. No final do ano letivo, ele fez 20</p><p>amigos, nesse caso, observa-se uma mudança quantitativa. Ao se comparar a amizade</p><p>entre crianças menores, que apenas brincam juntas e adolescentes, que têm grupos para</p><p>estudar, grupos para ir para balada, grupos para praticar esporte, constata-se mudanças</p><p>qualitativas. (BEE; BOYD, 2011).</p><p>Influências no desenvolvimento humano</p><p>Conforme explicitado anteriormente, a tendência atual dos estudos sobre o</p><p>desenvolvimento humano é concebê-lo como multicausal, não apenas como puramente</p><p>biológico ou exclusivamente social.</p><p>Dentre os fatores determinantes do desenvolvimento humano, destacam-se:</p><p>hereditariedade, família, condições socioeconômicas, cultura, raça-etnia e contexto</p><p>histórico. Abaixo serão apresentadas pesquisas que comprovam a influência de cada</p><p>um desses aspectos do desenvolvimento humano:</p><p>- Hereditariedade: Segundo Marques-Lopes et al (2004), há a estimativa de que a</p><p>obesidade tenha entre 40% a 70% de caráter hereditário.</p><p>- Família: Para Silva et al (2008) a família apresenta fatores de risco e de proteção</p><p>que impactam o desenvolvimento infantil. Um exemplo dado pelas referidas autoras é</p><p>quanto à escolarização: nas famílias que se envolvem mais na educação escolar de seus</p><p>filhos, bem como naquelas cujos pais têm maior escolarização, a tendência é que os</p><p>estudantes obtenham maior sucesso escolar.</p><p>Desenvolvimento cognitivo: aquele relacionado às habilidades mentais, como atenção,</p><p>pensamento, aprendizado.</p><p>Desenvolvimento físico: aquele relativo ao corpo, tanto interno como externo.</p><p>Desenvolvimento psicossocial: aquele referente a si e aos outros, relacionamentos inter-</p><p>pessoais, personalidade, emoções.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>28</p><p>- Condições socioeconômicas: A situação socioeconômica é um importante</p><p>determinante para a saúde do idoso (CONFORTIN et al, 2017): ter uma casa segura,</p><p>alimentação apropriada para a idade, acesso a medicamentos e acompanhamento</p><p>médicos de qualidade fazem com que a pessoa consiga se desenvolver de maneira</p><p>adequada e saudável. Essa situação pode inclusive favorecer a sua capacidade/vontade</p><p>de voltar a estudar.</p><p>- Cultura: O comportamento alimentar é um dos principais determinantes do</p><p>desenvolvimento infantil. De acordo com Rossi, Moreira e Rauen (2008), a cultura exerce</p><p>forte influência na alimentação das crianças: disponibilidade e acesso a determinados</p><p>alimentos, bem como a estrutura das refeições podem ser apontados como fatores</p><p>culturais que interferem na alimentação.</p><p>- Raça-cor: Em um estudo que objetivou conhecer a prevalência dos principais</p><p>fatores de risco e proteção em escolares, segundo as diferenças de raça-cor, baseando-se</p><p>na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE/2012), Malta et al (2017) constataram</p><p>que: 1) Adolescentes brancos: frequentam escolas privadas, suas mães são mais</p><p>escolarizadas, experimentam mais bebida alcoólica. 2) Estudantes pretos, pardos e</p><p>indígenas: consomem mais feijão e frutas. 3) Adolescentes indígenas: praticam mais</p><p>atividades físicas e relataram ser mais vítima de violência física. 4) Estudantes amarelos</p><p>e pretos: informaram sofrer mais bullying.</p><p>- Contexto histórico: É importante que o sujeito seja concebido como um ser inserido</p><p>em uma história, sendo determinado por ela e, ao mesmo tempo, determinando-a. Isso</p><p>significa compreender a historicidade das pessoas.</p><p>Nascer e viver em um determinado</p><p>momento histórico tem as suas especificidades: durante a colonização dos portugueses,</p><p>as guerras mundiais, a ditadura civil-militar ou a pandemia do Coronavírus 19. Nesse</p><p>último caso, Costa et al (2021) fizeram uma pesquisa para conhecer as consequências da</p><p>pandemia do coronavírus para os adolescentes: mudanças nas formas de convivência;</p><p>os lugares ocupados; as mídias; os riscos e as preocupações, todos esses aspectos</p><p>acarretam consequências para o seu desenvolvimento. Destacam-se: a impossibilidade</p><p>de separação dos pais e de convivência física com seus grupos de pares, o fechamento</p><p>de serviços, como escola (COSTA et al, 2021).</p><p>De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2007), as influências no desenvolvimento</p><p>humano podem ser normativas e não normativas. As normativas são aqueles eventos que</p><p>ocorrem de maneira muito parecida entre as pessoas. Podem ser histórico-contextuais,</p><p>como no caso da pandemia do coronavírus, ou etários, de acordo com a faixa etária,</p><p>por exemplo, o período em que ocorre a menarca. Já as influências não normativas são</p><p>aquelas situações inesperadas para aquele momento do desenvolvimento humano,</p><p>como o casamento na infância, a viuvez no início da vida adulta.</p><p>No contexto educacional, pode-se ilustrar como influência normativa a passagem</p><p>da escola para o ensino superior, na juventude. Já um exemplo de evento não normativo é</p><p>a interrupção dos estudos durante a alfabetização de uma criança que precisa trabalhar.</p><p>29</p><p>O desenvolvimento humano é dividido em períodos, de uma forma geral, no</p><p>cotidiano, referimo-nos à infância, à adolescência, à juventude, à vida adulta e à velhice.</p><p>No entanto, para o estudo do desenvolvimento, esses períodos são mais específicos, de</p><p>forma a possibilitar o maior conhecimento sobre cada um deles, por exemplo, o que</p><p>ocorre com a cognição de um bebê que acabou de nascer? Quais são as características</p><p>físicas esperadas de uma senhora de 80 anos?</p><p>Abaixo está reproduzida a proposta de Papalia, Olds, Feldman (2007) de divisão</p><p>dos períodos do desenvolvimento humano de acordo com a faixa etária. É importante</p><p>ressaltar que essa divisão, apesar de se basear no critério etário, leva em consideração</p><p>também aspectos culturais. Por exemplo, para determinadas culturas, como as etnias</p><p>indígenas Tembé e Kaxuyana, a adolescência não existe, da infância, passa-se para a vida</p><p>adulta (TRAVASSOS, CECCARELLI, 2017), para outras, como a brasileira, considerando o</p><p>Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a adolescência acaba aos 18 anos.</p><p>É imprescindível que futuros professores tenham conhecimento científico sobre</p><p>O filme Nell (1994) mostra a história de uma jovem que foi encontrada em uma</p><p>floresta, onde vivia sem o contato com outras pessoas. Essa película, que é um</p><p>clássico, possibilita a discussão sobre a importância dos aspectos biológicos e</p><p>sociais para o desenvolvimento humanos e está disponível no google play. Dis-</p><p>ponível em: https://bit.ly/3R7jfoQ. Acesso em: 21 ago. 2021)</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>Faixa etária Período</p><p>Da concepção ao nascimento Pré-natal</p><p>Do nascimento aos três anos Primeira infância</p><p>Dos três aos seis anos Segunda infância</p><p>Dos seis aos 11 anos Terceira infância</p><p>Dos 11 aos 20 anos Adolescência</p><p>Dos 20 aos 40 anos Início da vida adulta</p><p>Dos 40 aos 65 anos Vida adulta intermediária</p><p>Dos 65 anos em diante Vida adulta tardia</p><p>Tabela 1: Faixa etária e período do desenvolvimento</p><p>Fonte: Papalia et al (2009, pp. 12/13)</p><p>Na Minha Biblioteca Única, busque pelo livro “O Mundo da Criança: Da Infância</p><p>à Adolescência”. Disponível em: https://bit.ly/3feshTU. Acesso em: 21 ago. 2012.</p><p>Essa obra, que tem como autoras duas das maiores referências nos estudos</p><p>do desenvolvimento humano, Papalia e Feldman, que juntaram-se à Martorell</p><p>para desvendar a vida de crianças e adolescentes, explorando seu desenvolvi-</p><p>mento físico, cognitivo e psicossocial.</p><p>BUSQUE POR MAIS</p><p>30</p><p>o desenvolvimento humano considerando, inclusive, que o processo educativo pode</p><p>ocorrer com estudantes em diferentes faixas etárias, desde a mais tenra idade, até os</p><p>idosos, conforme explicitado anteriormente.</p><p>O estudo sobre o desenvolvimento humano pode auxiliar os professores a saber</p><p>como lidar com os estudantes, o que esperar de cada um deles, o que eles já devem saber,</p><p>bem como o que podem aprender. Esse entendimento será indispensável no momento</p><p>da construção das atividades pedagógicas. Por exemplo, para Jean Piaget, (como será</p><p>estudo na unidade 4) é por volta dos 12 anos que os adolescentes conseguem ter uma</p><p>compreensão dos conceitos abstratos, assim sendo, nesse período, as tarefas escolares</p><p>devem explorar essa habilidade.</p><p>Além do conteúdo pedagógico a ser desenvolvido, outro aspecto que o estudo</p><p>do desenvolvimento pode contribuir para a prática do professor é como abordar tais</p><p>conteúdos, qual a metodologia a ser utilizada? De acordo com Henri Wallon (que também</p><p>será abordado na unidade 4), geralmente, por volta dos três anos, a criança passa por</p><p>uma fase de oposição, em que quer vivenciar a sua independência. Os professores</p><p>podem aproveitar esse momento e estimular que as crianças explorem o ambiente da</p><p>escola, busquem aquilo que as interessa, por exemplo.</p><p>Com essa unidade, foi possível constatar que o estudo do desenvolvimento</p><p>descreve, em cada um dos períodos, o tipo de desenvolvimento esperado, por</p><p>exemplo, para os professores de adolescentes, quais os tipos de desenvolvimento físico,</p><p>cognitivo e psicossocial espera-se que ocorram, além disso, quais as influências desse</p><p>desenvolvimento? Com essas informações, o educador estará mais apto para escolher o</p><p>conteúdo e o método mais adequados para planejar e executar as suas aulas.</p><p>A partir das próximas duas unidades, será abordado o estudo sobre as correntes</p><p>epistemológicas do desenvolvimento humano, ou seja, como as diferentes abordagens/</p><p>teorias acreditam que ocorre esse desenvolvimento, quais são as suas determinações,</p><p>como cada uma acredita que ocorre o processo de ensino e aprendizagem. Serão</p><p>abordados: o inatismo, o ambientalismo, a abordagem comportamental e as teorias</p><p>interacionistas.</p><p>Qual a relevância de o professor considerar o contexto em que o estudante está inserido,</p><p>por exemplo, meio urbano ou rural, e o seu desenvolvimento? É possível dizer que todas as</p><p>pessoas de uma mesma idade têm o mesmo desenvolvimento?</p><p>VAMOS PENSAR?</p><p>Epistemologia: estudo do conhecimento, teorias, métodos e técnicas.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>31</p><p>1. (Quadrix - 2018 - CFP - Especialista em Psicologia – Psicopedagogia/Adaptada).</p><p>Toda prática educativa traz em si uma teoria do conhecimento. Itard, médico francês</p><p>nascido em 1975, foi um dos primeiros a trabalhar com dificuldades de aprendizagem,</p><p>propondo um tratamento para o menino Victor de Aveyron, que ficou conhecido como</p><p>“menino selvagem”. Nessa ocasião, ainda não se acreditava, por forças do capitalismo,</p><p>que pacientes com algum tipo de atraso pudessem aprender, sendo esse caso um</p><p>marco na construção da visão atual em relação ao ser que não aprende. Considerando o</p><p>contexto apresentado e o atual, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Atualmente não existem mais práticas que tendem a segregar alunos que aprendem</p><p>de alunos que não aprendem.</p><p>b) Os estudos do desenvolvimento humanos são exclusivos dos médicos, assim sendo,</p><p>apenas eles podem opinar sobre o que está sendo solicitado na questão.</p><p>c) Ao professor cabe lecionar sua disciplina, independentemente do desenvolvimento</p><p>de seus alunos.</p><p>d) O professor, sozinho, não tem base teórica para conhecer os seus alunos, pois ele não</p><p>estuda sobre o desenvolvimento humano.</p><p>e) É de extrema relevância ampliar as discussões em torno da temática do desenvolvimento</p><p>humano e buscar a contextualização histórica, além de teorias e pesquisas científicas</p><p>para fomentar novas posturas.</p><p>2. Uma professora de Ensino Fundamental é convidada a assumir uma turma de</p><p>Educação de Jovens e Adultos (EJA). Apesar de estar muito sobrecarregada, ela aceita a</p><p>oferta, afinal, já possui todo o</p><p>material das aulas preparado.</p><p>Considerando os estudos sobre o desenvolvimento humano, marque a alternativa abaixo</p><p>que melhor analisa o pensamento dessa professora:</p><p>a) Ela está correta, afinal, independentemente da idade do estudante, o conteúdo deve</p><p>ser ministrado da mesma forma para todos.</p><p>b) Ela está errada, pois deve considerar a etapa de vida dos alunos para planejar a aula.</p><p>c) Ela está correta, uma vez que todas as turmas são iguais, independentemente não</p><p>apenas do pertencimento etário, mas também sociocultural.</p><p>d) Ela está errada, pois, independentemente de seus esforços, os idosos não têm</p><p>capacidade de se desenvolverem.</p><p>e) Os estudos do desenvolvimento não trazem contribuições para a educação escolar.</p><p>3. Diversas pesquisas têm buscado conhecer as consequências da pandemia para o</p><p>desenvolvimento humano, desde os recém-nascidos, até os idosos. Compreendendo que</p><p>o desenvolvimento humano sofre influências normativas e não normativas (Papalia, Olds</p><p>e Feldman, 2009), complete a frase a seguir com a alternativa que melhor a completa:</p><p>A pandemia do coronavírus é um evento ___________ do desenvolvimento humano, pois</p><p>FIXANDO O CONTEÚDO</p><p>32</p><p>____________________________.</p><p>a) Normativo/ afetou todas as pessoas do mundo.</p><p>b) Não normativo/ atingiu os sujeitos de maneira diferente.</p><p>c) Normativo etário/ afetou as pessoas da mesma idade de forma idêntica.</p><p>d) Não normativo/ atingiu todas as pessoas que viveram nesse contexto histórico.</p><p>e) Normativo histórico/ afetou todas as pessoas que viveram nesse contexto histórico.</p><p>4. A escola é um dos principais contextos em que os estudantes se desenvolvem. Analise</p><p>as afirmativas abaixo, que relacionam o desenvolvimento e a escolarização, e marque a</p><p>alternativa correta:</p><p>I. Na escola deve ser priorizado o desenvolvimento cognitivo, pois esse é o mais</p><p>importante.</p><p>II. O desenvolvimento psicossocial deve ocorrer exclusivamente no seio familiar.</p><p>III. Um desenvolvimento interfere no outro.</p><p>a) Todas estão corretas.</p><p>b) Todas estão erradas.</p><p>c) I e II estão corretas e III está errada.</p><p>d) I está errada e II e III estão corretas.</p><p>e) I e II estão erradas e III está correta.</p><p>5. (IBADE- Psicóloga) De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006), o desenvolvimento</p><p>humano é composto por três aspectos que estão interligados durante toda a vida, e cada</p><p>um influencia os outros. São eles, respectivamente:</p><p>a) Biológico, cognitivo e social.</p><p>b) Físico, mental e psicológico.</p><p>c) Biológico, cognitivo e psicossocial.</p><p>d) Físico, cognitivo e psicossocial.</p><p>e) Biológico, mental e psicológico.</p><p>6. Maria, uma aluna com dificuldades de interação com outros adolescentes, é convidada</p><p>pela professora de Química para participar do grupo de estudos sobre balanceamento</p><p>de equações. A mãe da estudante, no dia seguinte, se dirige à escola e reclama com a</p><p>direção que a educadora quer que a filha estude mais, apesar de saber que seu problema</p><p>é fazer amigos e não compreender a matéria. A genitora:</p><p>a) Não conhece os estudos do desenvolvimento humano, pois não sabe que o</p><p>desenvolvimento cognitivo pode influenciar o desenvolvimento psicossocial, assim,</p><p>Maria, ao ajudar os colegas, pode fazer amigos. Ou seja, a estratégia da professora foi</p><p>proposital, para ajudar Maria.</p><p>b) Conhece os estudos do desenvolvimento humano e sabe que o desenvolvimento</p><p>psicossocial é o mais relevante de todos, independentemente da situação e do contexto.</p><p>c) Não conhece os estudos do desenvolvimento humano, pois não sabe que o</p><p>desenvolvimento cognitivo é o mais importante de todos. Ou seja, Maria não tem</p><p>33</p><p>problema sério.</p><p>d) Conhece os estudos do desenvolvimento humano e sabe que um tipo de</p><p>desenvolvimento não interfere no outro. Ou seja, a escola deveria ter criado uma estratégia</p><p>puramente psicossocial para auxiliar Maria em sua dificuldade para fazer amigos.</p><p>e) Não conhece os estudos do desenvolvimento humano, pois não sabe que se a pessoa</p><p>tem dificuldade em um tipo de desenvolvimento, necessariamente o terá em todos. Ou</p><p>seja, se Maria tem problemas para fazer amigos (desenvolvimento psicossocial), ela terá</p><p>dificuldades para compreender a matéria (desenvolvimento cognitivo).</p><p>7. Analise as asserções abaixo marque a alternativa correta:</p><p>I. Os estudos do desenvolvimento humano são multidisciplinares.</p><p>II. Podem ser beneficiados por diferentes campos do saber, assim como podem</p><p>beneficiar diferentes práticas profissionais.</p><p>a) Ambas as afirmativas são falsas.</p><p>b) Ambas as afirmativas são verdadeiras e não correlação entre elas.</p><p>c) A afirmativa I é falsa e a II é verdadeira.</p><p>d) A afirmativa I é verdadeira e a II é falsa.</p><p>e) Ambas as afirmativas são verdadeiras e há relação entre elas.</p><p>8. Considerando os tipos de desenvolvimento humano, complete o quadro a seguir e</p><p>marque a alternativa correta:</p><p>a) 1. Cognitivo, 2. Peso, 3. Referente a si e aos outros.</p><p>b) 1. Mental, 2. Beleza, 3. Relacionado à inteligência.</p><p>c) 1. Cognitivo, 2. Inteligência emocional, 3. Referente a si e aos outros.</p><p>d) 1. Interpessoal, 2. Hipotireoidismo, 3. Referente à capacidade de comunicação.</p><p>e) 1. Intrapessoal, 2. Peso, 3. Relacionado à inteligência.</p><p>Tipo de desenvolvimento Conceito Exemplo</p><p>1) Relacionado às habilidades mentais Capacidade de abstração</p><p>Físico Relativo ao corpo 2)</p><p>Psicossocial 3) Emoções</p><p>34</p><p>CORRENTES</p><p>EPISTEMOLÓGICAS:</p><p>INATISMO,</p><p>AMBIENTALISMO</p><p>E A PSICOLOGIA</p><p>COMPORTAMENTAL</p><p>35</p><p>Nessa unidade, serão apresentadas três formas de conceber o desenvolvimento</p><p>humano: o inatismo, o ambientalismo e a Psicologia Comportamental. No final de cada</p><p>uma delas, são apresentadas suas ideias sobre o papel da educação no desenvolvimento.</p><p>Inato é aquilo que nasce com o sujeito, independentemente da sua experiência</p><p>(DICIONÁRIO AULETE, online) e do contexto em que está inserido. Assim sendo, a corrente</p><p>epistemológica do inatismo defende que a pessoa vai se desenvolver exclusivamente</p><p>de acordo com os aspectos biológicos herdados, independentemente do meio em que</p><p>está inserida (ALMEIDA, 2015). Dessa forma, os acontecimentos que ocorrem após o</p><p>nascimento têm pouca importância para a definição da personalidade, dos valores, das</p><p>condutas e da aprendizagem do sujeito. (DAVIS; OLIVEIRA, 1994).</p><p>Alguns ditados populares, como “quem herda, não furta”, “filho de peixe, peixinho</p><p>é” e “pau que nasce torto, nunca se endireita”, são expressões muito comuns no cotidiano</p><p>e partem dos pressupostos do inatismo: as pessoas são aquilo que herdam e não vão se</p><p>modificar, independentemente das experiências que tiverem.</p><p>De acordo com Davis e Oliveira (1994), o inatismo foi influenciado por ideias religiosas</p><p>(cada pessoa é a imagem e semelhança de Deus e nasce com seu destino determinado),</p><p>por concepções equivocadas da teoria evolucionista de Darwin (ao conceder ínfima</p><p>importância aos fatores ambientais) e pelos primeiros estudos de embriologia (que</p><p>erroneamente desconsideravam a influência do ambiente externo no desenvolvimento</p><p>embrionário).</p><p>Para o inatismo, a aprendizagem vai ocorrer de acordo com o desenvolvimento</p><p>de cada sujeito, que será determinado unicamente por sua herança genética. Dessa</p><p>forma, o papel do professor é passivo e restrito: a ele cabe esperar o momento em que</p><p>o estudante está pronto para determinada aprendizagem, sua função é principalmente</p><p>auxiliar o aluno a organizar a predisposição com a qual nasceu (ALMEIDA, 2015). Dessa</p><p>forma, acredita-se que o professor interfere minimamente no desenvolvimento. (DAVIS;</p><p>OLIVEIRA, 1994).</p><p>Para o inatismo, os estudantes provenientes de famílias com histórico de dificuldades</p><p>de aprendizagem e/ou problemas no desenvolvimento irão, necessariamente, apresentar</p><p>sérias limitações na sua escolarização (ALMEIDA, 2015) e nada poderá alterar esse</p><p>destino que foi genética e previamente traçado, o professor pode tentar usar diferentes</p><p>metodologias, conteúdos, mas não terá sucesso.</p><p>Um dos grandes nomes a defender essas ideias foi Francis Galton (1822-1911), para ele,</p><p>a inteligência era herdada. Em 1869, ele publicou o livro “A genialidade herdada” em que,</p><p>por meio</p>