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<p>Política Externa do Brasil e o Desenvolvimentismo -</p><p>Aula 11 (16/05/22)</p><p>A PEB no regime militar</p><p>Leitura: MIYAMOTO, Shiguenoli. Política Externa Brasileira: 1964-1985. Vol. 8, n. 2013 [p. 3 a 19].</p><p>● STUENKEL, Oliver.Identidade, Status E Instituições Internacionais: O Caso do Brasil, da</p><p>Índia e do Tratado De Não Proliferação. Contexto Internacional, vol 32, n 2, 2010.</p><p>● SPEKTOR, Matias. O Brasil e a Argentina entre a cordialidade oficial e o projeto de</p><p>integração: a política externa do governo de Ernesto Geisel(1974-1979). Rev. Bras. Polít. Int.</p><p>45 (1): 117-145.</p><p>● FERREIRA , Túlio Sérgio Henriques.A ruína do consenso: a política exterior do Brasil no</p><p>governo Figueiredo (de 1979 a 1985). Rev. Brasil. Polít. Int. 49 (2): 119-136 [2006]</p><p>___________________________________________________________________</p><p>Falamos sobre as duas dimensões: a interna e externa que ajudam a entender a PE</p><p>da ditadura (1964 - 1985) → pontos centrais: a PE durante esses 20 anos foi uma</p><p>PE que se adaptou às necessidades do Brasil diante do cenário internacional. Era</p><p>uma PE preocupada em manter uma boa imagem do Brasil imediatamente após o</p><p>golpe informado aos países ao redor do mundo de que havia uma revolução</p><p>comunista sendo preparada no Brasil e de que essa foi uma decisão necessária</p><p>para proteger o país, a sociedade brasileira e a região → Brasil não poderia cair “na</p><p>mão dos comunistas" então a diplomacia da ditadura teve essa primeira incubencia</p><p>de tratar a imagem interncaional do Brasil perante a sociedade internacional.</p><p>Para que isso acontecesse houve uma caça às bruxas no itamaraty que afastou</p><p>diplomatas que se recusaram a participar e a representar o Brasil e criaram algum</p><p>tipo de dificuldade nesse sentido → aparelhamento feito com cautela, pois as forças</p><p>armadas sabiam que dependiam da expertise dos diplomatas brasileiros, assim</p><p>como parte do itamaraty ainda via com bons olhos as forças armadas (Itamaraty</p><p>sempre foi, em grande medida, uma instituição conservadora).</p><p>→ A PE durante a ditadura foi favorecida por isso, pois, embora houvesse alguns</p><p>diplomatas mais arredios e indispostos a participar, os diplomatas de forma geral,</p><p>pelo seu treinamento, estavam atendendo a demanda do novo governo.</p><p>→ Depois disso se começa a acompanhar os movimentos no cenário político</p><p>internacional, o Brasil se preocupa com os rumos da guerra fria que tem fechado as</p><p>portas para oportunidades econômicas e comerciais com outros países fora do</p><p>bloco capitlista/ocidental. Isso era ainda mais gritante num mundo transformado por</p><p>um processo acelerado de globalização → Brasil via o “doce na vitrine" mas não</p><p>podia comprar - via oportunidades mas não podia ir atrás delas, ou porque havia o</p><p>sentimento de pertencimento ao bloco capitalista, ou porque havia um cuidado muito</p><p>grande para não mandar a mensagem errada para a opinião pública nacional →</p><p>oportunidades comerciais com própria China (um dos motivos que levaram ao</p><p>golpe) mas depois perceberam que seria algo vantajoso negociar com a China e</p><p>isso não afetaria a política nacional (ex: se você se aproximar da China você se</p><p>tornará comunista) a China não se importava com isso, apenas quer fazer negócios</p><p>e era um mercado consumidor e fornecedor → poderia trazer dinheiro para o Brasil</p><p>e isso era importante para justificar a sua permanência no poder!</p><p>→ a ditadura assumiu o governo com a narrativa que iria devolvê-lo ao controle civil</p><p>rapidamente (apenas estabeleceria o governo) acabou ficando no poder por 20</p><p>anos.</p><p>→ No momento posterior, ao longo da década de 70 foi a percepção que o Brasil</p><p>poderia dar início a uma diplomacia mas independente → recupera pressupostos da</p><p>PEI - Brasil tinha direito de conduzir a sua própria agenda internacional →</p><p>impulsionado pelo governo Carter nos EUA e Médici no Brasil → denúncias de</p><p>tortura chegam nos EUA → Brasil sente uma oportunidade de se afastar</p><p>politicamente dos EUA → parecido com o que Bolsonaro está fazendo agora com o</p><p>Biden → com Trump era uma aproximação total e alimento e agora com o Biden é</p><p>possível ver um movimento no sentido contrário impulsionado pela agenda de</p><p>governo (afastamento) → Bolsonaro copia movimento que a ditadura realizou</p><p>durante o governo Carter e há tentativa de retorno da aproximação com o governo</p><p>Nixon (mas nos anos seguintes o apoio para com a ditadura passou a diminuir já no</p><p>fim da década de 70 e começo da década de 80).</p><p>→ A diplomacia assumiu o papel que é o de começar a vender o Brasil como um</p><p>país de diálogo → essa imagem foi reforçada por uma necessidade de enviar um</p><p>recado para a comunidade internacional de que estamos entregando o governo de</p><p>volta para os civis de forma ordeira e pacífica! (transição para o regime democrático)</p><p>Diplomacia tem mais uma vez a tarefa de passar “um esmalte” na imagem</p><p>internacional do Brasil! e fez isso com muito esmero e o Brasil na década de 90</p><p>volta a ser visto como um país de oportunidades (vitória de Collor em 90 reafirma a</p><p>força do neoliberalismo → isso trouxe uma tranquilidade para a classe empresarial</p><p>internacional - transição cuidadosa - “comunistas não assumiram o poder”)</p><p>→ Início da implementação de uma política neoliberal seguindo uma agenda</p><p>latinoamericana. Agenda neoliberal impulsionada pelo fim da guerra fria num</p><p>período de relativa unipolaridade hegemônica dos EUA para com os demais países</p><p>do mundo → Colapso da união soviética seria o triunfo do modelo norte americano</p><p>importado para países em desenvolvimento no formato de políticas neoliberais.</p><p>→ A agenda ambiental aparece no Brasil pois era uma novidade e o Brasil tinha um</p><p>capital político para gastar em relação a essa questão (não tinha capital político para</p><p>falar de direitos humanos - acabou de sair da ditadura - e nem de estabilidade -</p><p>inflação). A questão ambiental está surgindo e o Brasil se candidata para sediar a</p><p>ECO-92. O Brasil pensa que essa é uma agenda de fácil adaptação e tem capital</p><p>político para dizer que é um país que se preocupa com a causa! ajuda a redefinir</p><p>sua imagem - nova democracia que se preocupava com a questão ambiental.</p><p>A política externa da fase de desenvolvimentista pós redemocratização foi uma</p><p>readequação, portanto, das placas tectônicas da política doméstica com um olho no</p><p>que estava acontecendo no cenário interno → preocupação para onde “sopravam</p><p>os ventos” e como “ajustar as velas” da embarcação além de precisar de um “novo</p><p>branding”/nova imagem para se projetar mais uma vez no sistema internacional. →</p><p>adequação a esse sistema multipolar.</p><p>→ Esse período unimultipolar vai até os ataques de 11 de setembro → já com o</p><p>governo FHC e estabilização econômica, o Brasil está pronto para ser governado</p><p>por Lula pela primeira vez e foi favorecido por 11 de setembro pois as atenções</p><p>estavam voltadas para os EUA e as ações dos EUA contra a guerra ao terror e isso</p><p>permitiu ao Brasil e ao governo, ao presidente Lula e as lideranças da nossa PE de</p><p>reinserir o Brasil num sistema que estava chacoalhando e que era preciso assumir</p><p>uma nova identidade → Brasil se aproxima dos EUA condenado os ataques do 11</p><p>de setembro, mas ao mesmo tempo não se meter nesse conflito!</p><p>→ mais uma vez a agenda de PE está associada com a questão desenvolvimentista</p><p>→ final da década de 80 e início da década de 90 a questão ambiental associado ao</p><p>desenvolvimentismo era importante - o direito ao desenvolvimento por parte dos</p><p>países do “terceiro mundo” também era visto como um dever pelo desenvolvimento</p><p>(como ser capaz de ofertar uma melhor qualidade de vida para a população se eu</p><p>não me desenvolver? Como garantir direitos básicos para a população se eu não</p><p>tiver caixa para fazer isso? → Para ter dinheiro é preciso desenvolver a economia e</p><p>para isso não há um modelo que não destrua de certa forma o meio ambiente! ou</p><p>seja, é preciso destruir o meio ambiente agora para garantir para uma melhor</p><p>qualidade de vida a minha população) → O direito ao desenvolvimento também</p><p>começa a ser visto como dever numa releitura encabeçada pelo Brasil com apoio de</p><p>países como a China, Índia, África do Sul e outros países da África e América Latina</p><p>→ Brasil tenta se re-inserir justificando a sua necessidade de se desenvolver e</p><p>dizendo que tem muito capital verde para “queimar” → posso me desenvolver muito</p><p>pois por muitos anos preservei a minha natureza - posso queimar essa reserva para</p><p>dar um salto em direção ao desenvolvimento (paradoxo) → ao mesmo tempo que o</p><p>Brasil se vende como campeão da agenda ambiental ele está acelerando o</p><p>processo de destruição ambiental → Essa PE é proposital! vender uma imagem pois</p><p>se está praticando o contrário.</p><p>PARTE II DA AULA</p><p>Como a PE do período FHC, quais eram as diretrizes da sua PE e como ela</p><p>contribui com a estabilização do Brasil?</p><p>→ Na década de 90 o que estava crescendo no Brasil e no mundo?</p><p>→ Década após o fim da guerra fria</p><p>→ A década de 1990 compreende um período de estabilização econômica e</p><p>também foi uma década de otimismo muito grande, pois com a vitória dos EUA na</p><p>guerra fria e expansão do modelo norte americano para os países do terceiro</p><p>mundo, os países já desenvolvidos viram a oportunidade de colocar o pé no</p><p>acelerador e países em desenvolvimento precisam fazer escolhas em relação a qual</p><p>lugar se vai ocupar na cadeia produtiva global → produzir commodities? vai se</p><p>industrializar? Qual será a escolha?</p><p>→ Ao mesmo tempo que a guerra fria acaba a pressão diminui → há uma pressão</p><p>para adotar o modelo neoliberal, mas há uma certa liberdade de escolhas sobre</p><p>qual papel tomará na cadeia de produção global.</p><p>→ Nesse momento o Brasil está passando por um período de escolhas → foi</p><p>decidido passar por um processo de estabilização da moeda associado ao período</p><p>de neoliberalização da nossa economia (abertura e privatização) e o retorno da</p><p>imagem que o Brasil estava aberto para negócios. Com uma economia estabilizada</p><p>e um país aberto para negócios se traz uma tranquilidade para o mercado e essa</p><p>tranquilidade foi muito importante para atrai mais investimentos estrangeiros o que</p><p>ajudou a manter a inflação sob controle - Plano Real não pode ser lido apenas como</p><p>uma receita que foi aplicada e deu certo, pois, poderia rapidamente se desvalorizar</p><p>também havia → por trás plano real havia um entendimento de que agora era</p><p>necessário estabilizar o Brasil tranquilidade e estabilidade para os investidores</p><p>externos.</p><p>Essa tranquilidade é o que trouxe uma estabilidade para que a transição do governo</p><p>FHC para o Lula pudesse acontecer e Lula pegasse um Brasil, que não estava</p><p>voando nem tão baixo e nem tão alto → Brasil estava muito mais estabilizado</p><p>quando Lula assumiu do que quando FHC assumiu.</p><p>→ Quando Lula foi eleito ele escreveu a Carta ao Povo Barsileiro, pois até então ele</p><p>era visto como um radical, contudo, o seu vice era um representante do meio</p><p>empresarial (importante para estabilização) e se compromete a fazer uma política</p><p>de justiça social e não fazer uma caça às bruxas.</p><p>→ O boom das commodities favorece o Brasil - China cresce e decide que é a hora</p><p>de produzir menos soja e vai se focar na aceleração de mudança de matriz</p><p>econômica indo para um cenário industrializado - ciclo de valorização de produtos</p><p>de exportação de baixo valor agregado mas que em grande quantidade</p><p>representam aumento do saldo positivo da balança comercial dos países da</p><p>América Latina. A entrada de dólares consolida essa estabilização e oferece a “bala</p><p>na agulha” para o governo brasileiro dar início a execução de algumas políticas</p><p>voltadas para classe média e baixa.</p><p>O Brasil conseguiu promover políticas de inclusão social sem mexer no bolso das</p><p>classes mais altas, pois estava entrando dinheiro pelo boom das commodities.</p><p>→ a classe alta estava ganhando e a pobreza estava sendo combatida também.</p><p>→ A diplomacia brasileira ficou incumbida de 2 objetivos: o primeiro era o de</p><p>garantir que a imagem do Brasil seria de um país aberto para fazer negócios</p><p>(venham até nós!) e em um segundo momento, da virada para o segundo mandato</p><p>Lula, é quando o governo começa a “colocar as asas de fora” e o Brasil começa a</p><p>querer, já convencido de que se tornou mais uma potência, e quando a diplomacia</p><p>agora começa a querer se envolver em assuntos aos quais não se tem tradição →</p><p>Rodada de Doha, Teerã (negociar o programa nuclear iaraniano) - Brasil se</p><p>posiciona de forma mais incisiva dentro do sistema multilateral como na votação da</p><p>resolução 1371 no Conselho de Segurança e o Brasil começa a se posicionar com</p><p>uma imagem descolada de uma aliança automática com os EUA → Celso Amorim</p><p>fala de uma PE altiva e ativa → não confundir diplomacia com PE - o que o PT</p><p>queria era transformar o Itamaraty como grande agente de PE brasileira, por isso</p><p>esse tipo de afirmação de Amorim tem uma armadilha! Ele diz que o trabalho da</p><p>diplomacia brasileira é o trabalho PEB e temos visto ao longo da disciplina que não</p><p>necessariamente a diplomacia e PE são a mesma coisa ou que caminham na</p><p>mesma direção o tempo todo.</p><p>→ PEB e o desenvolvimentismo pós redemocratização passa em primeiro lugar por</p><p>uma estabilização da imagem do Brasil no exterior, criação de uma imagem que o</p><p>Brasil estava aberto a fazer negócios, e em um terceiro momento o Brasil querendo</p><p>se colocar como protagonista. A análise desses 30 anos de PE pós</p><p>redemocratização é a análise de primeiro acalmar os ânimos, transmitir</p><p>tranquilidade, passar a imagem de que somos uma potência que aprendeu e depois</p><p>de fato começar a colocar “as asas de fora”.</p><p>→ A análise para com o governo Dilma - retrocesso na PEB, e por um lado, porque</p><p>se começa um ciclo de crises no Brasil, e por outro, por não se ter o apoio da</p><p>liderança do Estado na construção de uma agenda positiva de PEB junto com a</p><p>agência do Itamaraty e os representantes diplomáticos.</p><p>→ Tipos de perguntas: relaciona PE, diplomas e desenvolvimentismo (relacione</p><p>essas 3 palavras a partir de um episódio em particular entre 1988 a 2010), escolha</p><p>um episódio da PEB e relacione essas palavras.</p><p>→ Qual foi a importância da PE para o desenvolvimento econômico do Brasil no pós</p><p>redemocratização?</p><p>→ compare a PE do governo Lula com PE do gov FHC no que diz respeito ao</p><p>desenvolvimentismo o que fizeram em prol do desenvolvimentismo?</p><p>→ compare a PE do governo militar com a PE do PT (pode traçar um contraste ou</p><p>comparar as semelhanças)</p><p>→ PT e a expansão para com os países do sul global (países que falam portugues</p><p>na África) e também reconheceu governos de esquerda na África (antagonismo para</p><p>norte americanos ) → motivações diferentes mas resultados parecidos.</p><p>→ desenvolvimentismo no governo FHC → afastamento dessa ideia da forma que</p><p>pensamos - estabilização econômica é uma forma de garantir o desenvolvimento →</p><p>no que adiante ter uma política ferrenha de desenvolvimentismo se a inflação corrói</p><p>a sua moeda levando a uma constante instabilidade?</p><p>- por isso abraçam uma agenda neoliberal e diminuem os gastos públicos</p><p>(uma das premissas do desenvolvimentismo tradicional) → não se tem</p><p>dinheiro para isso, pois a inflação come a renda → se existe uma forma de</p><p>trazer tranquilidade para o mercado é colocando um novo projeto de moeda</p><p>acompanhado de um apoio das elites políticas que vão transmitir estabilidade</p><p>e calmaria! → Brasil estaria bem para atrair mais empresários e</p><p>investimentos (abertura) → isso permite que quando Lula assumiu ele possa</p><p>dar continuidade a uma política desenvolvimentista (FHC coloca a casa em</p><p>ordem) → estabilização da moeda como base para uma futura política</p><p>desenvolvimentista mais agressiva.</p><p>→ no governo Lula de desenvolvimentismo tem-se o impulsionamento das</p><p>atividades econômicas em vários setores, prelúdio ao PAC, mineradoras,</p><p>construtoras e empreiteiras, política dos campeões nacionais e etc - governo Lula</p><p>aceita comandar a operação de paz no Haiti (lobby de empresas brasileiras que</p><p>queiram ganhar em cima disso) → itamaraty e forças armadas gostam da ideia →</p><p>de olho na expansão para o Caribe (ajuda a construir porto em cuba, metrô e porto</p><p>na venezuela e etc), atuação do BNDES e seus planos.</p><p>atuação do IPEA → tudo</p><p>isso entra na agenda de desenvolvimentismo.</p><p>→ Cooperação triangular com agências da ONU com financiamento de fundação</p><p>para o desenvolvimento.</p><p>→ É fácil de ver uma agência desenvolvimentista → governo Lula favorecido pelo</p><p>contexto doméstico e internacional!</p>