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Universidade do Sul de Santa Catarina
Palhoça
UnisulVirtual
2008
Análise e Modificação 
do Comportamento 
Disciplina na modalidade a distância
Créditos
Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual - Educação Superior a Distância
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Relacionamento com o Mercado
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(Secretária de ensino)
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Vilmar Isaurino Vidal
Secretária Executiva
Viviane Schalata Martins
Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior
(Coordenador)
Jeff erson Amorin Oliveira
Marcelo Neri da Silva
Pascoal Pinto Vernieri
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Análise e 
Modificação do Comportamento.
O material foi elaborado, visando a uma aprendizagem 
autônoma. Com este objetivo, aborda conteúdos especialmente 
selecionados e adota linguagem que facilite seu estudo a 
distância. 
Por falar em distância, isso não significa que você estará 
sozinho(a). Não se esqueça de que sua caminhada nesta disciplina 
também será acompanhada constantemente pelo Sistema 
Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir 
necessidade. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo(a), 
pois sua aprendizagem é nosso principal objetivo.
 
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual. 
Saulo Satoshi Botomé 
Nádia Kienen
Palhoça
UnisulVirtual
2008
Design instrucional
Lucésia Pereira
Análise e Modificação 
do Comportamento
Livro didático
370.153
B76 Botomé, Saulo Satoshi
 Análise e modificação do comportamento : livro didático / Saulo Satoshi 
 Botomé, Nádia Kienen ; design instrucional Lucésia Pereira. – Palhoça : 
 UnisulVirtual, 2008.
 228 p. : il. ; 28 cm.
 Inclui bibliografia.
 1. Comportamento – Modificação. I. Kienen, Nádia. II. Pereira, Lucésia.
 III. Título.
Edição – Livro Didático
Professores Conteudistas
Saulo Satoshi Botomé
Nádia Kienen
Design Instrucional
Lucésia Pereira
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Edison Valim
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Copyright © UnisulVirtual 2008
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Palavras dos professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 – Fenômeno psicológico e a contribuição do conhecimento 
 psicológico para a intervenção profissional . . . . . . . . . . . . . 17
 
UNIDADE 2 – Histórico da evolução da noção de comportamento . . . . 43
UNIDADE 3 – Modificação de comportamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
UNIDADE 4 – Programar modificação de comportamento . . . . . . . . . . . 97
 
UNIDADE 5 – Síntese de comportamentos e técnicas de
 modificação de comportamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
UNIDADE 6 – Ética e modificação de comportamento . . . . . . . . . . . . . . . 177
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 219
Sumário
Palavras dos Professores Conteudistas
Prezado(a) aluno(a), 
Bem-vindo(a) à disciplina Análise e Modificação do 
Comportamento. Neste momento, você deve estar fazendo-
se diversas perguntas como: O que é modificação do 
comportamento?...O que é análise do comportamento?... O 
que é síntese do comportamento?... O que modificação do 
comportamento tem a ver com ensino e aprendizagem?... 
O que são técnicas de modificação do comportamento?... 
Como elas podem ser usadas?... Como se relaciona a ética 
com a modificação de comportamento?... O que a Psicologia 
tem a dizer a respeito desses fenômenos todos?... Por que 
preciso estudar sobre todos eles?... E por que estudá-los na 
Psicologia?... Ufa! Quantas coisas, não? Mas fique tranqüilo(a): 
o intuito com esta disciplina é que você possa responder a essas 
e muitas outras perguntas ao longo do semestre letivo. Aqui, 
vamos apenas apresentar de modo geral o que é modificação 
de comportamento para que você possa iniciar seus estudos, 
certo?
Todo profissional lida, em algum grau, com situações nas 
quais se faz necessário modificar comportamento de pessoas. 
O psicólogo quando lida diretamente com o comportamento 
de pessoas nos mais diversos contextos (clínica, escola, 
organizações etc.), o administrador quando se depara com 
necessidades de mudar comportamento das pessoas em 
organizações, o fisioterapeuta que necessita ensinar aos 
seus clientes como alterar a sua postura para não danificar 
os nervos da coluna, os pedagogos ao ensinar crianças e 
adolescentes nas escolas, o professor universitário ao formar 
novos profissionais para atuar em diferentes campos de 
atuação, o nutricionista que precisa ensinar as pessoas a mudar 
hábitos alimentares não-saudáveis, um técnico quando ensina 
a seu time uma jogada nova, o cientista ao avaliar os resultados 
de suas pesquisas e constatar que precisa fazer diferente um 
determinado procedimento de pesquisa, e, por que não, um casal 
quando necessita ensinar “modos” ao filho de três anos? Ou 
um cão que aprende com seu adestrador a obedecer a seu dono. 
Até mesmo você que estuda para poder aprender coisas novas 
está lidando com modificação do seu próprio comportamento. 
Sim, não apenas os profissionais, mas as pessoas em geral 
lidam também com modificação de comportamento. Enfim, os 
exemplos são infindáveis e certamente gastaríamos horas só para 
enunciá-los. 
Na disciplina Análise e Modificação do Comportamento, 
portanto, você estudará o que constitui o processo denominado 
modificar comportamento e alguns outros conceitos 
relacionados a ele (análise e síntese do comportamento, 
ensino e aprendizagem, etc.). O que pretendemos é que, por 
meio do estudo desses conceitos, você consiga compreender 
os fenômenos aos quais esses conceitos dizem respeito e se 
torne capaz de identificar esses fenômenos no cotidiano da 
realidade na qual você se inserirá depois de formado(a). Há 
diversas informações e exercícios nas próximas páginas que lhe 
darão uma base conceitual para transformar conhecimentos 
em futuros comportamentos profissionais e, por que não, em 
futuros comportamentos sociais relevantes. É com o intuito 
de complementar sua formação profissional para intervir 
na sociedade que a disciplina Análise e Modificação do 
Comportamento foi preparada. 
E então? Pronto(a) para modificar seus comportamentos?
Bons estudos!
Plano de estudo
O plano de estudo visa a orientá-lo(a) no desenvolvimento da 
disciplina. Possui elementos que o(a) ajudarão a conhecer o 
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. 
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva 
em conta instrumentos que se articulam e se complementam, 
portanto a construção de competências se dá sobre a 
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de 
ação/mediação.
São elementos desse processo:
 � o livro didático; 
 � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA; 
 � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de 
auto-avaliação); 
 � o Sistema Tutorial.
Ementa
Processos comportamentais de ensinar e aprender. 
Programação de modificação de comportamento. Princípios 
básicos para a modificação de comportamento. A função 
das técnicas no processo de modificação de comportamento. 
Aspectos éticos nos processos de intervenção profissional.
 
Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula, 4 créditos, 
incluindo o processo de avaliação.
12
Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivos 
a) Caracterizar os fenômenos de análise e modificação do 
comportamento. 
b) Caracterizar conceitos fundamentais da análise do 
comportamento relacionados a processos de análise e 
modificação do comportamento.
c) Identificar os fenômenos de análise e modificação 
do comportamento em diversos contextos de atuação 
profissional.
d) Identificar, em diversos contextos de atuação profissional, 
demandas sociais que necessitem de análise e 
modificação de comportamento.
e) Caracterizar os processos de ensino e aprendizagem 
como processos de análise e modificação de 
comportamento.
f) Relacionar os conceitos de análise e síntese com os 
processos de análise e modificação do comportamento.
g) Caracterizar a função das técnicas nos processos de 
análise e modificação do comportamento.
h) Caracterizar os principais aspectos éticos relacionados 
aos processos de análise e modificação do 
comportamento.
i) Avaliar os principais aspectos éticos envolvidos nos 
processos de análise e modificação de comportamento.
Conteúdo programático/objetivos 
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta 
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos 
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de 
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de 
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento 
de habilidades e competências necessárias à sua formação. 
13
Análise e Modificação do Comportamento
Unidades de estudo: 6
Unidade 1 - Fenômeno psicológico e a contribuição do conhecimento 
psicológico para a intervenção profissional
Esta unidade irá caracterizar o conceito de fenômeno psicológico 
e a sua relação com o conceito de comportamento. Além disso, 
mostrará a importância do conhecimento produzido pela 
Psicologia para os diversos campos de atuação profissional do 
psicólogo e de outros profissionais.
Unidade 2 – Histórico da evolução da noção de comportamento
Esta unidade mostrará o histórico de evolução do conceito de 
comportamento até a primeira década do século XXI sob a 
perspectiva da Análise do comportamento, discutindo como a 
noção de multideterminação evoluiu nas ciências e contribuiu 
para a compreensão do conceito de comportamento.
Unidade 3 – Análise e síntese do comportamento
Nesta unidade, serão caracterizados os conceitos básicos de 
análise, síntese, ensino, aprendizagem e contingências de 
reforçamento. E serão caracterizadas as relações desses conceitos 
básicos com o conceito de modificação de comportamento.
Unidade 4 – Programar modificação de comportamento
Para programar modificação de comportamento, é importante 
ter clareza de alguns conceitos básicos envolvidos nesse processo. 
Esta unidade irá caracterizar qual é o ponto de partida para 
escolher o que deve ser ensinado a alguém, o que são objetivos 
de ensino e quais são os cinco princípios básicos de ensino 
programado.
Unidade 5 – Síntese de comportamentos e técnicas em processos de 
modificação de comportamento
Após feita a programação de comportamentos, é preciso garantir 
que o aprendiz sintetize o comportamento programado para ser 
ensinado/aprendido. Para sintetizar um comportamento, são 
utilizados procedimentos que precisam ser planejados. Alguns 
desses procedimentos são chamados de técnicas de modificação 
14
Universidade do Sul de Santa Catarina
de comportamento. Esta unidade mostrará como fazer para 
sintetizar um comportamento, o que são procedimentos e 
técnicas de modificação de comportamento, quais suas funções e 
quais são os critérios para escolher uma técnica apropriada.
 
Unidade 6 – Ética e modificação de comportamento
Todo processo de intervenção profissional possui diversos 
aspectos éticos envolvidos. Nesta unidade, abordaremosos 
aspectos éticos e quais suas relações com os processos de 
modificação de comportamento.
Agenda de atividades/ Cronograma
 � Verifique com atenção o EVA e organize-se para acessar 
periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus 
estudos depende da priorização do tempo para a leitura, 
da realização de análises e sínteses do conteúdo e da 
interação com os seus colegas e tutor. 
 � Não perca os prazos das atividades. Registre as datas no 
espaço a seguir, com base no cronograma da disciplina 
disponibilizado no EVA.
 � Use o quadro para agendar e programar as atividades 
relativas ao desenvolvimento da disciplina.
15
Análise e Modificação do Comportamento
Atividades 
Avaliação a Distância
Avaliação Presencial
Avaliação Final 
Demais atividades (registro pessoal)
1UNiDADe 1
Fenômeno psicológico e a 
contribuição do conhecimento 
psicológico para a intervenção 
profissional
Objetivos de aprendizagem
 � Definir o que é fenômeno psicológico.
 � Caracterizar comportamento como fenômeno 
psicológico.
 � identificar fenômeno psicológico no cotidiano.
 � Caracterizar a contribuição do conhecimento da 
Psicologia para a intervenção profissional do psicólogo 
em seus diversos campos de atuação.
 � Caracterizar a contribuição do conhecimento da 
Psicologia para a intervenção de qualquer tipo de 
profissional em seu respectivo campo de atuação.
Seções de estudo
Seção 1 O que é fenômeno psicológico e quem o estuda?
Seção 2 O comportamento como fenômeno psicológico
Seção 3 Conhecimento produzido pela Psicologia como 
requisito básico para possibilitar a intervenção de 
profissionais de diferentes campos de atuação
18
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Para que você possa estudar o que é modificar comportamento, 
é preciso caracterizar primeiro o que é comportamento. Certo? 
Mas ainda é preciso voltar um pouco mais. Antes de caracterizar 
o que é comportamento, é preciso caracterizar o que é o 
fenômeno psicológico e o que ele tem a ver com comportamento. 
E, ao falar de fenômeno psicológico, não há como evitar falar 
da Psicologia e da função que o conhecimento produzido por 
ela tem para a formação dos mais diversos profissionais que irão 
atuar na sociedade. Complicou? Que tal retomar na forma de 
perguntas? Ao final da primeira unidade da disciplina Análise 
e Modificação do Comportamento, você deverá ser capaz de 
responder às seguintes questões:
 � O que é a Psicologia?
 � O que a Psicologia estuda? 
 � O que é fenômeno psicológico?
 � Por que a Psicologia é uma ciência básica para a formação 
de qualquer profissional?
 � Qual a relação entre fenômeno psicológico e 
comportamento?
 � O que é comportamento?
 
E então, você está pronto(a) para começar?
19
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
SEÇÃO 1 – O que é fenômeno psicológico e quem o 
estuda?
“A tendência moderna da Psicologia é, não obstante, da 
multiplicidade dos sistemas para uma unificação (...) As 
psicologias estão dando lugar à Psicologia, e a era das 
escolas poderá se acabar logo.” (KELLER, 1970, p. 134).
O que caracteriza o fenômeno psicológico? Quais são suas 
características? O que o define? Quem o estuda? Estas são 
algumas perguntas básicas que orientarão seus estudos nessa 
primeira seção. 
Comecemos pelo óbvio... Quem estuda o fenômeno psicológico? 
O psicólogo, claro. Mas será que é tão óbvio assim? Há na 
Psicologia as chamadas abordagens psicológicas, ou escolas 
psicológicas – Psicanálise, Gestalt, Análise do Comportamento, 
Existencialismo, Cognitivismo, Psicologia Sociohistórica e 
mais outras tantas. Será que os psicólogos de cada uma destas 
abordagens lidam com fenômenos diferentes das demais? Ou 
todos lidam com o mesmo fenômeno? O que diferencia uma 
abordagem das outras? É importante ter clareza de que as 
diversas abordagens, ou escolas, psicológicas lidam com a mesma 
coisa: o fenômeno psicológico. Se elas não lidassem com o mesmo 
fenômeno, será que teria sentido todas elas estarem reunidas sob 
a mesma área de conhecimento denominada de Psicologia?
O que diferencia uma abordagem da outra não é o fenômeno 
que cada uma delas estuda, mas sim a linguagem utilizada e 
os procedimentos de estudo e intervenção utilizados para lidar 
com o mesmo fenômeno. A Psicanálise, por exemplo, utiliza 
alguns termos como mecanismo de defesa para se referir a 
um determinado tipo de fenômeno psicológico e a Análise do 
Comportamento utiliza termos como fuga e esquiva para se 
referir ao mesmo fenômeno. Cada abordagem também utiliza 
procedimentos diferentes para estudar e intervir sobre o 
fenômeno psicológico. 
Não serão analisados aqui 
os diferentes tipos de 
procedimento utilizados 
pelos estudiosos de cada 
abordagem, contudo, ao 
final da unidade, você 
encontrará sugestões de 
material para aprofundar 
seus estudos.
20
Universidade do Sul de Santa Catarina
Além de utilizarem linguagens e procedimentos diferentes, 
muitas vezes os estudiosos de cada abordagem enfatizam mais 
um aspecto do que outro. No entanto, o fenômeno ainda é o 
mesmo. Por exemplo, ao falar de pensamento, o Cognitivismo dá 
maior ênfase aos processos fisiológicos que ocorrem no cérebro, 
enquanto a Análise do Comportamento enfatiza as relações 
desses processos com o ambiente. 
Se o fenômeno estudado pelas diversas abordagens 
é o mesmo, então o que o caracteriza? O que é 
fenômeno psicológico?
O fenômeno psicológico, independente da abordagem psicológica 
considerada, é caracterizado pela interação de um organismo 
com o ambiente. Mas cuide, porque não se trata de qualquer tipo 
de interação do organismo com o ambiente. É uma interação 
entre aquilo que um organismo faz e aspectos do ambiente no 
qual esse organismo está inserido. Lembre-se que o ambiente 
é caracterizado tanto pelos aspectos físicos como pelos sociais 
(outros organismos que estejam ali presentes) e, também, pelo 
próprio corpo do organismo. Se o organismo está inserido no 
ambiente, ele também é parte desse ambiente. 
Fenômeno psicológico é, portanto, uma interação 
entre aquilo que um organismo faz e aspectos do 
ambiente no qual esse organismo está inserido.
À medida que você examinar um exemplo, essa definição de 
fenômeno psicológico vai ficar mais evidente. Vamos continuar?
Leia a tirinha da Figura 1.1. A historinha foi retirada do livro 
“Toda a Mafalda”. Nessa historinha, Gui (irmãozinho de 
Mafalda) está na sala assistindo à televisão, quando seu pai chega 
em casa e se dirige para a cozinha para cumprimentar a esposa. 
Gui ouve seu pai cumprimentando sua mãe, vai até a cozinha e 
grita de ciúme a plenos pulmões: “ETA É MINA MULER!”. 
Esse é um exemplo de um tipo de fenômeno psicológico: o 
ciúme. 
21
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Figura 1.1 - Tira de quadrinhos da Mafalda, retratando o ciúme que o irmão de Mafalda, Gui, tem de 
sua mãe quando o pai se aproxima (Fonte: Quino, 1987, p. 263). 
De que maneira o ciúme pode ser entendido como uma interação 
entre aquilo que um organismo faz e aspectos do ambiente 
no qual ele está inserido? A Figura 1.2 repete os dois últimos 
quadrinhos da Figura 1.1. Nesses dois últimos quadrinhos, 
Gui (o organismo) está diante de uma determinada situação (o 
ambiente). Que situação é essa? 
Ele está em sua casa, mais especificamente na porta da cozinha, 
e, diante dele, está seu pai, que se aproxima de sua mãe e a 
cumprimenta afetuosamente (está próximo, com os braços em 
torno dela). E o que Gui faz nesse momento? Ele grita a frase 
“ETA É MINA MULER!”, muito provavelmente para que 
o pai se afaste da mãe e, assim, diminuir o risco de “perder” 
a mãe para seu pai. O ciúme é caracterizado, portanto, como 
interação entre aquilo que um organismo faz (Gui grita “ETA 
É MINA MULER!”) com aspectos do ambiente (cozinha de 
casa, presença dos pais e risco de perder a mãe para o pai) no qual 
esse organismo está inserido. Se o ciúme pode ser compreendido 
como uma interação daquilo que um organismo faz com o 
ambiente,então o ciúme pode ser considerado um fenômeno 
psicológico.
Mas espere um pouco. O fenômeno psicológico é caracterizado 
por uma interação entre aquilo que o organismo faz e aspectos 
do ambiente no qual esse organismo está inserido, certo? 
No entanto, no exemplo da Figura 1.2 é possível ver o que o 
organismo faz e aspectos do ambiente no qual o organismo está 
inserido. Mas como é possível perceber a interação do fazer do 
organismo com os aspectos do ambiente? 
22
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 1.2 – Parte final da tira de quadrinhos da Mafalda, retratando o ciúme de Gui em relação a sua 
mãe quando o seu pai se aproxima (Adaptado de: Quino, 1987, p. 263).
A interação entre o fazer do organismo e os aspectos do ambiente 
não é observável diretamente. Ela é inferida. Qual é a interação 
entre o fazer do Gui e o ambiente no qual ele corre o risco de 
perder a posse da mãe para seu pai? A interação está na função 
do grito de Gui. Ao gritar “ETA É MINA MULER!”, Gui está 
diminuindo a probabilidade de perder algo ou alguém (sua mãe) 
para outra pessoa (seu pai). 
então não é possível ver diretamente o fenômeno 
psicológico? 
Isso mesmo. É possível enxergar as partes componentes do 
fenômeno psicológico (o que um organismo faz mais os aspectos 
do ambiente), mas a interação entre eles não é diretamente 
observável, ela é inferida a partir da observação das mudanças 
que ocorrem naquilo que o organismo faz e nos aspectos do 
ambiente com os quais o organismo se relaciona.
O fenômeno psicológico, portanto, não está dentro do organismo. 
O fenômeno psicológico também não é apenas o organismo ou 
o que ele faz. Se você olhar para a Figura 1.3, verá que aquilo 
que antes poderia ser chamado de ciúme perdeu seu sentido. 
Compare a Figura 1.2 com a Figura 1.3. Na Figura 1.3, é 
possível ver apenas um organismo em atividade (Gui), ele está 
dizendo a frase “ETA É MINA MULER!”.
Inferir é obter uma 
conclusão a partir de 
uma evidência.
23
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Figura 1.3 – Tirinha de quadrinhos da Mafalda exemplificando que olhar apenas para o organismo e 
aquilo que ele faz não caracteriza o fenômeno psicológico (Adaptado de: Quino, 1987, p. 263).
Não é possível chamar isso que Gui faz (na Figura 1.3) de 
ciúme. Ciúme de quem? Ciúme do quê? Para quem Gui está 
gritando? Qual a função da frase gritada? Qual a relação entre 
aquilo que o organismo faz e aspectos específicos do ambiente, se 
não há o ambiente? O fenômeno psicológico na Figura 1.3 está 
incompleto. O fenômeno psicológico não é apenas o organismo 
ou o que ele faz. O fenômeno psicológico não está no organismo. 
O fenômeno psicológico também não é apenas o ambiente (não 
há fenômeno psicológico sem um organismo vivo presente). O 
fenômeno psicológico é, portanto, caracterizado pela interação 
entre o que um organismo faz e seu ambiente.
O fenômeno psicológico é caracterizado por uma 
interação entre aquilo que um organismo faz e 
aspectos do ambiente no qual esse organismo está 
inserido. As partes componentes do fenômeno 
psicológico (fazer do organismo + aspectos do 
ambiente) são diretamente observáveis, mas a 
interação entre esses componentes é inferida. 
O fenômeno psicológico, portanto, não é 
diretamente observável, ele é inferido a partir da 
observação das mudanças que ocorrem com aquilo 
que o organismo faz e o ambiente.
24
Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 2 – O comportamento como fenômeno 
psicológico
Na seção anterior, você estudou o que é fenômeno psicológico. 
Você estudou também que as diferentes abordagens em 
Psicologia lidam com o mesmo fenômeno, no entanto usam 
linguagens e procedimentos diferenciados para estudá-lo e para 
intervir sobre ele, além de darem ênfase a aspectos diferentes 
do mesmo fenômeno. Ao longo da disciplina Análise e 
Modificação do Comportamento, serão utilizados a linguagem 
e os procedimentos da abordagem denominada Análise do 
Comportamento para estudar e intervir sobre o fenômeno 
psicológico. Você deve estar se perguntando: De que maneira a 
Análise do Comportamento define fenômeno psicológico?
A Análise do Comportamento, ou melhor, os psicólogos que 
utilizam principalmente a linguagem e os recursos da Análise 
do Comportamento chamam o fenômeno psicológico de 
comportamento. Daqui para frente, então, sempre que você 
ler a palavra comportamento, lembre-se de que ela se refere 
ao fenômeno psicológico da maneira como ele é descrito e 
caracterizado pela Análise do Comportamento. 
e como os behavioristas caracterizam o 
comportamento?
Como já foi dito na seção anterior, os psicólogos behavioristas 
estudam a interação de um organismo com o ambiente. O 
Quadro 1.1 é uma representação esquemática de como a Análise 
do Comportamento representa essa interação organismo-
ambiente. O comportamento é compreendido como um processo 
(um fluxo). Ele é um processo, ou fluxo, porque não permanece 
constante. Todo processo é evanescente, ou seja, começa e 
termina. O comportamento, portanto, não é algo fixo e imutável. 
Muito pelo contrário, é algo em constante mudança.
Análise do Comportamento 
se refere à ciência que produz 
conhecimento sobre o fenômeno 
psicológico. Não a confunda 
com o chamado Behaviorismo: 
corrente filosófica que fornece 
os pressupostos básicos para a 
Análise do Comportamento.
25
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Esse processo é constituído de três componentes:
 � Classe de estímulos antecedentes
 � Classe de respostas 
 � Classe de estímulos conseqüentes
Como você pode ver no Quadro 1.1, são estabelecidos seis tipos 
de relação entre esses componentes do comportamento. Você se 
lembra de que a interação entre aquilo que o organismo faz e o 
ambiente caracterizava o fenômeno psicológico? Muito bem, a 
Análise do Comportamento representa essa interação por essas 
seis relações entre os três componentes do comportamento.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
 
 
Quadro 1.1 – Representação do modo como a Análise do Comportamento ilustra os componentes do 
comportamento e as relações entre eles (Adaptado de Botomé, 2001).
Mas o que é cada um desses componentes e quais são as 
características de cada uma dessas seis relações?
Bem, quando se diz ser o fenômeno psicológico a interação entre 
aquilo que um organismo faz e aspectos do ambiente no qual o 
organismo faz esse algo, aquilo que o organismo faz é chamado 
classe de respostas. 
O ambiente, desta forma, pode ser dividido em dois 
momentos: (1) antes da classe de respostas do organismo 
e (2) depois da classe de respostas. O ambiente antes 
da classe de respostas do organismo é chamado classe 
de estímulos antecedentes, que nada mais é do que o 
ambiente no qual o organismo está inserido. 
26
Universidade do Sul de Santa Catarina
O ambiente depois da classe de respostas é denominado de classe 
de estímulos conseqüentes, que nada mais é do que o ambiente 
no qual o organismo estava inserido e que foi alterado pela classe 
de respostas. 
Veja no quadro a seguir um esquema ilustrativo do que você 
estudou neste parágrafo. Vale ressaltar que quando alguns 
aspectos do ambiente estão relacionados com a classe de 
respostas, esses aspectos são denominados de estímulos. Por isso 
o nome “classe de estímulos antecedentes” e “ classe de estímulos 
conseqüentes”.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Aspectos do ambiente no qual 
o organismo está inserido.
Aquilo que o organismo 
faz (funcionamento do 
sistema nervoso, músculos 
esqueléticos, músculos lisos e 
glândulas).
Aspectos do ambiente que 
decorre da ação (aquilo que o 
organismo faz) do organismo. 
 
Quadro 1.2 – Representação dos três componentes do comportamento com uma breve descrição do 
que constitui cada um desses componentes.
A classe de respostas – aquilo que o organismo faz – representa 
o funcionamento do sistema nervoso, dos músculos estriadose lisos e das glândulas (HOLLAND & SKINNER,1975 
e KELLER & SCHOENFELD, 1973). No entanto o 
Behaviorismo usa sempre um verbo para caracterizar esse 
funcionamento dos músculos e glândulas. Por que? O 
funcionamento pormenorizado do sistema nervoso, músculos 
e glândulas é de maior interesse para os fisiologistas. Os 
psicólogos estão mais interessados nas relações da classe de 
respostas com o ambiente. Para facilitar o estudo dessas relações, 
o funcionamento do sistema nervoso, músculos e glândulas é 
identificado por um verbo no infinito (gritar, chorar, correr, etc.).
O conjunto formado por músculos estriados + músculos lisos 
+ glândulas é denominado de mecanismo de resposta. O 
mecanismo de resposta é a parte estrutural da ação do organismo. 
A classe de respostas é caracterizada pelo funcionamento desse 
mecanismo.
27
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Retome o exemplo do ciúme do Gui (Figura 1.4). 
Lembrou? Que tal tentar identificar os elementos 
constituintes de cada um dos componentes do 
comportamento do Gui de enciumar-se? Preste 
atenção no elemento que constitui a classe 
de respostas... Lembre-se que, para facilitar a 
identificação, é sempre utilizado um verbo no 
infinitivo (Quadro 1.3).
 
 
Figura 1.4 – Parte final da tira de quadrinhos da “Mafalda” retratando o ciúme de Gui em relação a 
sua mãe, quando o seu pai se aproxima. (Adaptado de: Quino, 1987, p. 263).
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Cozinha. 
-Pai interagindo com a mãe.
 
- Alta probabilidade de perder 
a posse da mãe para o pai.
- Gritar “ETA É MINA MULER!”. 
- Pai constrangido devido ao 
grito de Gui.
- Probabilidade de perder 
a posse da mãe para o pai 
diminuída.
Quadro 1.3 – Identificação dos elementos que constituem cada um dos três componentes do 
comportamento de enciumar-se de Gui.
E quanto às seis relações que podem ser estabelecidas entre os 
três componentes do comportamento? O que as caracteriza? 
Como posso identificá-las? Para caracterizá-las, use a Figura 1.4 
como auxiliar, ok?
28
Universidade do Sul de Santa Catarina
As abreviações SA, CR e SC são utilizadas, a seguir, para 
designar respectivamente classe de estímulos antecedentes (SA)̧ 
classe de respostas (CR) e classe de estímulos conseqüentes (SC). 
Para que você possa compreender melhor estas seis relações 
entre os três componentes do comportamento, cada relação 
será caracterizada com um exemplo. O exemplo utilizado será, 
novamente, o do ciúme de Gui, que você poderá rever nas 
Figuras 1.4 e no Quadro1.3.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
A B
C D
E
F
 
 
Quadro 1.4 – Representação do comportamento com destaque para cada uma das seis relações que 
são estabelecidas entre classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes (Adaptado de Botomé, 2001).
(A) Relação entre classe de estímulos antecedentes e classe de 
respostas (SA-CR): os aspectos específicos da classe de estímulos 
antecedentes facilitam, favorecem, impedem ou dificultam a 
ação do organismo de diferentes maneiras, inclusive, criando 
necessidades. 
 
No ciúme de Gui, a probabilidade de perder a posse da mãe para 
o pai (um aspecto da classe de estímulos antecedentes) favoreceu 
com que Gui gritasse “ETA É MINA MULER!” (a ação do 
organismo na classe de respostas). 
 
(B) Relação entre classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes (CR-SC): as propriedades específicas da ação 
do organismo (classe de respostas) produzem determinados 
resultados ou são seguidas por determinados aspectos específicos 
do ambiente.
A sigla “SA” é utilizada 
para se referir à classe de 
estímulos antecedentes 
porque é a abreviação de 
um termo utilizado como 
sinônimo de classe de 
estímulos antecedentes: 
Situação Antecedente. 
O mesmo ocorre com 
a classe de estímulos 
conseqüentes, a sigla 
“SC” se refere à Situação 
Conseqüente. 
29
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Quais foram os aspectos que resultaram da ação de Gui (gritar 
“ETA É MINA MULER!”)? Ao gritar, Gui produziu dois 
aspectos importantes no ambiente. Ele deixou o pai constrangido 
e diminuiu a probabilidade de perder a posse da mãe para o pai.
(C) Relação da classe de respostas com a classe de estímulos 
antecedentes (CR-SA): essa relação é caracterizada pela 
oportunidade para que a ação possa produzir um determinado 
tipo de resultado, oportunidade esta que é sinalizada por algum 
aspecto da classe de estímulos antecedentes.
O que sinalizou a oportunidade de Gui gritar para diminuir a 
probabilidade de perder a posse da mãe para o pai? A interação 
do pai com a mãe e a alta probabilidade de perder a posse da 
mãe para o pai (aspectos da classe de estímulos antecedentes) 
sinalizaram que Gui poderia fazer algo (gritar “ETA É MINA 
MULER!”) para diminuir a probabilidade de perder a posse da 
mãe. Se o pai estivesse na sala e a mãe na cozinha, provavelmente 
isto não sinalizaria para Gui a oportunidade de gritar para 
diminuir a probabilidade de perder a posse da mãe.
(D) Relação da classe de estímulos conseqüentes com a classe 
de respostas (SC-CR): as propriedades das conseqüências da 
ação (a classe de estímulos conseqüentes) exercem influência 
sobre a probabilidade de ocorrência futura da classe de respostas 
que produziu essas conseqüências. A probabilidade de ocorrência 
da classe de respostas pode aumentar, diminuir ou ficar suprida.
E então? Você já consegue examinar isso no exemplo do 
ciúme? Ao gritar “ETA É MINA MULER!” Gui produziu 
uma diminuição na probabilidade de perder a posse da mãe 
para o pai e deixou o pai constrangido. A ação de Gui (a 
classe de respostas) foi eficaz, ela conseguiu produzir um 
resultado satisfatório. Isso fortaleceu a relação entre a classe 
de estímulos conseqüentes produzidos e a classe de respostas. 
Portanto, foi aumentada a probabilidade de que Gui faça a 
mesma coisa em outra situação futura semelhante.
(E) Relação entre a classe de estímulos antecedentes e classe de 
estímulos conseqüentes (SA-SC): algum ou mais de um aspecto 
da situação antecedente sinaliza a conseqüência que será obtida, 
caso a classe de ações seja apresentada.
30
Universidade do Sul de Santa Catarina
Agora está mais fácil, não? A proximidade dos pais e a alta 
probabilidade de perder a posse da mãe para o pai sinalizam 
que o pai ficará constrangido e a probabilidade de perder a 
mãe diminuirá, se Gui gritar “ETA É MINA MULER!” ou 
apresentar alguma outra resposta semelhante a esta.
(F) Relação entre a classe de estímulos conseqüentes e a 
classe de estímulos antecedentes (SC-SA): a conseqüência 
da ação (a classe de estímulos conseqüentes) faz com que os 
aspectos do meio (inclusive as relações entre aspectos do meio) 
adquiram propriedades/valores de sinalizadores. Esses aspectos 
do meio sinalizam que, mediante um determinado tipo de ação 
(classe de respostas), será possível obter um determinado tipo de 
conseqüência (classe de estímulos conseqüentes). 
Ao gritar, Gui deixou o pai constrangido e diminuiu a 
probabilidade de perder a posse da mãe para ele, certo? Essas 
conseqüências da ação de Gui fazem com que os aspectos 
da classe de estímulos antecedentes (proximidade dos pais 
e alta probabilidade de perder a posse da mãe para o pai) 
adquiram a propriedade de sinalizadores. Sinalizadores de quê? 
Esses aspectos sinalizam que, se Gui gritar “ETA É MINA 
MULER!” ou se apresentar qualquer outra resposta semelhante, 
ele deixará o pai constrangido e diminuirá a probabilidade de 
perder a posse da mãe para o pai. 
Ufa! Quanta informação, não? Agora que você descobriu o que é 
comportamento e como ele é composto, que tal ir para a próxima 
seção para estudar um pouco mais a respeito da importância do 
conhecimento psicológico para a formação de profissionais de 
nível superior? 
31
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
SEÇÃO 3 – Conhecimento produzido pelaPsicologia 
como requisito básico para possibilitar a intervenção 
de profissionais de diferentes campos de atuação
A Psicologia como ciência produz conhecimento relativo ao 
seu fenômeno de estudo e intervenção: o comportamento 
ou fenômeno psicológico. Para os profissionais psicólogos, a 
importância do conhecimento produzido sobre o comportamento 
é um tanto quanto óbvia. O psicólogo necessita compreender, 
identificar e caracterizar o comportamento, pois é seu fenômeno 
de estudo e de intervenção. Em outras palavras, o psicólogo 
estuda o comportamento humano e intervém sobre ele 
profissionalmente. 
Mas será que o psicólogo necessita apenas 
do conhecimento da Psicologia para atuar 
profissionalmente? e para os demais profissionais? 
Quanto eles necessitam do conhecimento produzido 
pela Psicologia para poder intervir sobre a realidade? 
Você já parou para pensar sobre isso?
A Psicologia produz conhecimento sobre um determinado 
fenômeno, o comportamento. Ela pode, portanto, ser 
compreendida como uma área de conhecimento (BOTOMÉ 
& KUBO, 2002). Uma área de conhecimento é constituída 
pelo conhecimento produzido e sistematizado a respeito de um 
determinado fenômeno. Você consegue identificar outras áreas 
de conhecimento e seus respectivos fenômenos? A Fisiologia é 
uma delas, uma vez que organiza o conhecimento produzido a 
respeito do funcionamento dos organismos, seu objeto de estudo. 
A Fisioterapia organiza o conhecimento produzido a respeito 
do movimento. A Física lida com o conhecimento sobre as 
propriedades dos corpos. A Química, os processos químicos. A 
Arquitetura produz e organiza conhecimento sobre o abrigo. A 
Genética produz e organiza o conhecimento sobre o genoma dos 
organismos. E assim por diante...
32
Universidade do Sul de Santa Catarina
Portanto, para intervir profissionalmente, os psicólogos utilizam 
o conhecimento produzido e organizado pela Psicologia como 
área de conhecimento. Quando o psicólogo intervém, é possível 
dizer que ele está atuando em um campo de atuação profissional.
Mas o que é um campo de atuação profissional?
Um campo de atuação profissional se caracteriza por problemas 
e necessidades sociais que carecem de intervenção profissional 
(BOTOMÉ & KUBO, 2002). Os psicólogos, portanto, atuam 
nos mais diversos campos de atuação profissional, utilizando o 
conhecimento produzido pela Psicologia (área de conhecimento). 
Ele pode atuar em escolas, empresas, hospitais, creches, clínicas 
psicológicas, enfim, em qualquer lugar onde haja a necessidade 
de intervenção do psicólogo. Por exemplo, o psicólogo pode atuar 
no campo profissional organizacional. Este é um dos campos 
de atuação profissional do psicólogo que se caracteriza por 
problemas ou necessidades envolvendo o fenômeno psicológico 
(comportamento) em organizações. Perceba que não é o local que 
define um campo de atuação do psicólogo, e sim as necessidades 
e problemas envolvendo o fenômeno psicológico.
Então quer dizer que área de conhecimento e campo de atuação 
são coisas diferentes?
Isso mesmo. Apesar de nomeá-los indistintamente de, por 
exemplo, Psicologia, há diferenças entre a Psicologia como 
área de conhecimento e a Psicologia como campo de atuação 
profissional do psicólogo.
Mas será que somente o conhecimento produzido 
pela Psicologia é suficiente para que os psicólogos 
atuem?
O psicólogo irá atuar em campos profissionais que envolvam 
problemas ou necessidades relativas ao comportamento. Mas não 
basta o conhecimento sobre o fenômeno psicológico para atuar. 
33
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
O psicólogo precisa também de conhecimento de outras áreas 
como a Fisiologia, a Genética, a Biologia, a Sociologia, etc. Mas 
por quê? Porque o fenômeno psicológico não ocorre sozinho. 
Ele ocorre associado aos fenômenos estudados por outras áreas. 
Uma parte do comportamento é estudada pela Fisiologia – a 
classe de respostas (caracterizada pelo funcionamento do sistema 
nervoso, músculos e glândulas). Por isso a importância de 
estudar Fisiologia durante o curso de graduação em Psicologia. 
O comportamento ocorre, em sua maioria, relacionado a 
comportamentos de outras pessoas. Donde tornar-se importante 
estudar Sociologia na graduação em Psicologia. Desta forma, 
você já sabe que somente o conhecimento da Psicologia não seria 
suficiente para a atuação do psicólogo.
Os cursos de graduação em Psicologia formam os psicólogos 
para atuarem nos diversos campos de atuação profissional do 
psicólogo. Esses cursos de graduação precisam ensinar seus 
alunos a atuar, utilizando o conhecimento da Psicologia e 
também o conhecimento de outras áreas. O mesmo ocorre com 
os profissionais de outros campos de atuação. Por exemplo, o 
profissional formado em Medicina precisa estudar Fisiologia, 
Anatomia, Histologia, Genética... e Psicologia ao longo do 
curso de graduação. O profissional de Administração precisa 
estudar Direito, Contabilidade... e Psicologia. O arquiteto precisa 
aprender Física, Cálculo... e Psicologia, etc. 
Interessante, não? A Psicologia é, então, uma área de 
conhecimento básica para a formação de qualquer profissional? 
Deveria ser, assim como o Direito, a Administração, etc. Não 
é o que se vê em alguns cursos de formação de profissional de 
nível superior, mas é o que deveria ocorrer. Que tal entender 
um pouquinho melhor por que a Psicologia é uma área de 
conhecimento básica para formar qualquer profissional?
Vamos iniciar com exemplos: O administrador – profissional 
formado em Administração, que trabalha em campos de 
atuação profissional de administradores – lida com problemas e 
necessidades de organizações. Mas o que são organizações? 
o termo básica é utilizado 
aqui como sinônimo de 
necessária, essencial.
34
Universidade do Sul de Santa Catarina
Organização é um conjunto de pessoas se 
comportando.
Você deve concordar que esta é uma definição um tanto 
simplificada de organizações, mas o núcleo de qualquer 
organização está no comportamento das pessoas que a compõem. 
Pense: existem organizações sem pessoas se comportando? 
Portanto, se o administrador vai lidar com o comportamento 
das pessoas que constituem as organizações, ele necessita do 
conhecimento produzido pela Psicologia para poder atuar. O 
engenheiro que projeta e produz veículos também necessita 
de um conhecimento mínimo sobre comportamento. Quem 
irá utilizar os veículos produzidos? São pessoas, certo? E essas 
pessoas irão se comportar dentro desses veículos: elas vão 
guiar o veículo; irão deslocar-se utilizando esse veículo; elas 
irão conviver com outras pessoas dentro desse veículo. Para o 
engenheiro, portanto, também é importante o conhecimento, 
ainda que mínimo, de comportamento. Mesmo que sua atuação 
seja indireta em relação ao comportamento das pessoas.
É possível pensar em muitos outros exemplos. O designer gráfico 
que desenvolve cartazes lida também com o comportamento das 
pessoas que irão ler os cartazes. De que maneira as pessoas lêem 
os cartazes? Que tipo de comportamento o designer deseja que 
as pessoas apresentem ao ler o cartaz? Novamente, é preciso uma 
noção mínima sobre comportamento. O nutricionista que precisa 
alterar o comportamento de seu paciente o qual se alimenta com 
muito sal, sobrecarregando o fígado. O pedagogo que ensina 
novos comportamentos aos seus alunos. Todos são exemplos de 
profissionais que necessitam do conhecimento psicológico para 
desenvolver o trabalho próprio de cada profissão. E por que não 
falar do próprio comportamento do profissional que atua? Ele 
precisa avaliar, a todo momento, seu comportamento profissional, 
para saber se está adequado, ou não.
Todo profissional que lida, direta ou indiretamente, com o 
comportamento humano necessita utilizar o conhecimento 
produzido e organizado pela Psicologia para poder intervir 
profissionalmente sobre os problemas e necessidades da realidade. 
35
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Não quer dizer que todo profissional precisepassar anos 
estudando Psicologia para se formar um profissional competente, 
mas sim que ele precisa ter conhecimento mínimo sobre 
comportamento. 
A partir do que foi exposto aqui, esperamos que tenha ficado 
mais clara a relação da Psicologia como área de conhecimento 
com a formação dos diversos profissionais para atuarem em seus 
respectivos campos de atividade.
Com isso, você concluiu a primeira etapa da primeira unidade 
da disciplina. Que tal ir para a segunda etapa e fazer alguns 
exercícios? Lembre-se de não deixar nenhuma dúvida pendente. 
As discussões dessa primeira unidade darão base para a 
abordagem e exercícios das próximas unidades. Então, se tiver 
qualquer dúvida, volte e consulte novamente o material da 
Unidade 1 e faça bem todos os exercícios propostos antes de 
prosseguir para as próximas unidades do livro. Se a dúvida 
ainda persistir, procure o professor tutor, ou então, busque 
materiais complementares indicados na seção SAIBA MAIS. O 
importante é você não deixar as dúvidas se acumularem, antes de 
prosseguir seus estudos nesta disciplina.
36
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Que tal rever os principais assuntos abordados na Unidade 1? A 
primeira seção apresentou a definição de fenômeno psicológico 
e a diferença entre as diversas abordagens na Psicologia. O 
fenômeno psicológico é caracterizado pela interação entre aquilo 
que um organismo faz, a ação do organismo e os aspectos do 
ambiente no qual o organismo se encontra. Você se lembra quais 
“abordagens” da Psicologia estudam essa relação entre o que o 
organismo faz e o ambiente? Isso mesmo, todas as abordagens 
psicológicas, senão não haveria sentido em estarem todas na 
Psicologia. Essas abordagens diferem na linguagem que utilizam 
para falar do fenômeno psicológico, diferem nos procedimentos 
utilizados para estudar e intervir sobre o fenômeno psicológico e 
dão ênfase a aspectos diferentes do mesmo fenômeno.
Na Seção 2, você aprendeu como a Análise do Comportamento 
define comportamento e qual a relação de comportamento com 
fenômeno psicológico. A Análise do Comportamento denomina 
o fenômeno psicológico de comportamento. O comportamento 
é caracterizado pelas relações estabelecidas entre a ação do 
organismo (classe de respostas), alguns aspectos do ambiente no 
qual o organismo está inserido (classe de estímulos antecedentes) 
e alguns aspectos do ambiente que resultam da ação do 
organismo (classe de estímulos conseqüentes). 
Na última seção da primeira unidade, você teve oportunidade 
de ler a respeito da diferenciaçãoa da Psicologia como área de 
conhecimento e como campo de atuação profissional. Além 
disso, nessa mesma seção foi discutido qual é a contribuição 
da Psicologia como área de conhecimento para a formação 
de profissionais de nível superior. A Psicologia como área de 
conhecimento é constituída pelo conhecimento produzido sobre 
o comportamento. Os psicólogos que se formam em Psicologia 
utilizam o conhecimento sobre comportamento e o conhecimento 
produzido em outras áreas (Fisiologia, Estatística etc.) para 
intervir sobre as mais diversas necessidades e sobre os mais 
diversos problemas da sociedade.
37
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Os outros profissionais de nível superior também fazem uso do 
conhecimento de diversas áreas para poderem atuar na sociedade. 
O conhecimento produzido pela Psicologia deveria ser utilizado 
por todos esses profissionais, pois eles lidam constantemente 
com o fenômeno psicológico em suas profissões. A Psicologia 
que produz conhecimento sobre o comportamento deveria ser 
uma área de conhecimento básica, utilizada em todos os cursos 
de formação profissional de nível superior para complementar a 
formação desses profissionais.
E então, você está pronto(a) para as próximas unidades?
38
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
Resolva as atividades apresentadas e, a seguir, acompanhe as respostas 
e comentários a respeito, no final do livro. Para melhor aproveitamento 
do seu estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de 
fazer as atividades propostas.
1) Nas duas primeiras seções desta unidade, foram discutidos os conceitos 
de fenômeno psicológico e comportamento. A partir disso, responda: o 
que é fenômeno psicológico e qual sua relação com comportamento?
39
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
2) Na segunda seção, foi caracterizado como a Análise do 
Comportamento define comportamento. Você estudou que o 
comportamento é constituído de três componentes. identifique quais 
são esses três componentes e faça uma breve descrição de cada um 
deles.
3) Na segunda seção, também foram caracterizadas as seis relações 
 entre os três componentes de um comportamento. Cite quais são 
 essas relações e faça uma descrição de cada uma delas.
40
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você 
poderá pesquisar os seguintes livros:
Sobre a noção de comportamento
BOTOMÉ, Sílvio Paulo. Sobre a noção de comportamento. 
In: Feltes, Heloísa Pedroso de Morais & Zilles, Urbano (Orgs.). 
Filosofia: diálogo de horizontes. Caxias do Sul (RS): EDUCS & 
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. p. 687-708.
HOLLAND, James Gordon & SKINNER, Burrhus Frederic. A 
análise do comportamento. 6. reimpressão. São Paulo: E.P.U., 
1975. 337 p. Disponível em inglês como software em: 
<http://www.bfskinner.org/educational.html>.
KELLER, Fred Simmons. A definição de Psicologia. São 
Paulo: Herder, 1970. 150 p.
KELLER, Fred Simmons & SCHOENFELD, William 
Nathan. Princípios de Psicologia: um texto sistemático na 
ciência do comportamento. 5.reimpressão. São Paulo: E. P. U., 
1973. 451 p.
MILLENSON, John Rodney. Princípios de análise do 
comportamento. Brasília: Coordenada, 1975. 461 p.
SKINNER, Burrhus Frederic. Ciência e comportamento 
humano. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1967. 252 p. 
Disponível em inglês em: <http://www.bfskinner.org/f/Science_
and_Human_Behavior.pdf>
Sobre a definição de área de conhecimento e campo de atuação 
profissional
BOTOMÉ, Sílvio Paulo & KUBO, Olga Mitsue. 
Responsabilidade social dos programas de Pós-graduação e 
formação de novos cientistas e professores de nível superior. In: 
Interação em Psicologia, Curitiba, v.6, n.1, p. 81-110, jan./jun. 
2002. 
41
Análise e Modificação de Comportamento
Unidade 1
Sobre os diferentes procedimentos utilizados pelas diferentes 
abordagens psicológicas
FADIMAN, James & FRAGER, Robert. Teorias da 
Personalidade. São Paulo: Harbra, 1986. 
2UNiDADe 2
Histórico da evolução da 
noção de comportamento 
Objetivos de aprendizagem
� Avaliar as principais contribuições da Ciência e da 
Filosofia, ao longo da história da humanidade, a 
respeito da noção de comportamento.
� Caracterizar as principais contribuições da Ciência
e da Filosofia, ao longo da história da humanidade, 
a respeito da noção de comportamento. 
Seções de estudo
Seção 1 O estudo do comportamento: dos 
filósofos gregos até o final do século XiX
Seção 2 Condicionamento Clássico ou Respondente
Seção 3 Condicionamento operante e a Análise 
experimental do Comportamento 
44
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
“Assim como não existe um modo melhor de entender 
as atividades presentes de uma pessoa do que estando 
a par de sua história passada, também não há melhor 
meio de entender as atividades presentes de uma ciência 
do que através do conhecimento do seu passado.” 
(MILLENSON, 1975, p. 23)
Na primeira unidade, você estudou o fenômeno psicológico. 
Você caracterizou esse fenômeno, o relacionou com a atuação 
profissional do psicólogo e de outros profissionais e identificou a 
maneira como a Análise do Comportamento entende o fenômeno 
psicológico ou o comportamento dos organismos.
O comportamento é definido como as relações estabelecidas entre 
uma classe de estímulos antecedentes, uma classe de respostas 
e uma classe de estímulosconseqüentes. O organismo que se 
comporta, realiza uma determinada ação em um determinado 
ambiente (ou contexto), e essa ação altera esse ambiente. 
Essas relações entre organismo e ambiente é que definem o 
comportamento. 
Você lembra como era feita a representação do comportamento? 
Não se esqueça dela, pois será muito importante ao longo dessa 
unidade que você está iniciando. Reveja a maneira como a 
Análise do Comportamento representa as seis relações entre os 
três componentes do comportamento no Quadro 2.1. 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Quadro 2.1 – Representação do modo como a Análise do Comportamento ilustra os componentes do 
comportamento e as relações entre eles (Adaptado de Botomé, 2001).
45
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
Muito bem, o comportamento é entendido dessa maneira nesse 
início do século XXI, mas será que ele sempre foi entendido 
assim? Como o homem entendia e explicava o comportamento 
humano em cada época e em cada contexto histórico? Quem 
foram os estudiosos que contribuíram para que o comportamento 
fosse entendido assim? Que descobertas da ciência possibilitaram 
compreender o comportamento humano? Essas são algumas das 
perguntas que nortearão seus estudos na Unidade 2. 
As descobertas feitas e os conhecimentos produzidos pela 
humanidade são resultado do acúmulo de esforços de muitas 
pessoas ao longo de muitos anos. Levaria muito tempo para 
retomar todas essas contribuições. Portanto serão destacadas 
apenas algumas das descobertas feitas ao longo da história, que 
foram mais marcantes para compreender o comportamento 
humano da maneira como ele é conhecido nesse início de século 
XXI.
Você está pronto(a) para começar?
 
46
Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 1 – O estudo do comportamento: dos filósofos 
gregos até o final do século XIX
 
A preocupação em entender e explicar o comportamento 
humano é antiga. Um dos primeiros registros que demonstram a 
preocupação da humanidade em explicar seus comportamentos 
data da época dos filósofos gregos. É provável que, antes deles, 
já houvesse essa preocupação, no entanto as evidências históricas 
de épocas anteriores são poucas, para que se possa fazer tal 
afirmação. Um dos marcos iniciais do estudo do comportamento 
humano, portanto, foram as contribuições dos filósofos clássicos. 
Que tal voltar 2.432 anos atrás, para começar a entender como a 
humanidade estudava o comportamento humano? Vamos lá?
Aristóteles e outros filósofos gregos buscavam explicar as causas 
do comportamento humano por meio de eventos naturais, ou 
seja, eventos que pertenciam ao mesmo universo do humano e 
que não fossem explicações atribuindo a causa do comportamento 
a espíritos, divindades, etc. De acordo com Toulmin e Goodfield 
(1962 apud MILLENSON, 1975), Aristóteles buscou 
demonstrar que o comportamento humano era causado por 
qualidades abstratas inerentes ao homem, tais como apetite, 
paixão, razão, vontade e habilidade sensorial. O homem tem algo 
(qualidades) e esse algo causa o comportamento. 
Perceba que aquilo que os filósofos tentavam explicar era a ação 
do organismo (apenas um componente do comportamento), e 
não o comportamento propriamente dito. Ao comparar a noção 
atual de comportamento com aquilo que os filósofos tentaram 
explicar, é possível perceber que os filósofos tentavam encontrar 
o que causava a ação do organismo, aquilo que causava o que 
o organismo faz. As causas eram as qualidades do próprio 
organismo. O organismo era causa de suas próprias ações. 
Os filósofos estavam olhando apenas para o organismo (suas 
qualidades) e para a classe de respostas (a ação do organismo ou 
aquilo que o organismo faz). No Quadro 2.2 é possível relacionar 
essa explicação dos filósofos com a noção de comportamento 
do século XXI. A ação do organismo (explicação dos filósofos) 
está representada em preto e os demais componentes do 
comportamento que os filósofos não consideraram estão em 
cinza.
Aristóteles (384 a.C. a 322 
a.C.) nasceu em Estagira, 
na Macedônia. Por volta 
dos 18 anos, chega a Atenas 
para dar prosseguimento 
aos seus estudos
47
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
A ação do organismo 
 (aquilo que o 
organismo faz).
Quadro 2.2 – Representação da noção de comportamento com destaque para o componente que os 
filósofos gregos consideraram para explicar o comportamento.
Com o advento da era Cristã e da Idade Média, retrocederam 
as explicações que tentavam buscar causas naturais para explicar 
o comportamento humano. O que antes eram qualidades 
abstratas torna-se algo considerado imaterial, insubstancial e 
sobrenatural – a alma (MILLENSON, 1975). Aquilo que causa 
o comportamento estava além do universo humano. Como 
estudar algo que não pertence ao mundo do humano? 
Sob a influência do pensamento Cristão se tentava explicar não 
o comportamento mas sim a classe de respostas. O que causava 
a classe de respostas não eram mais as qualidades naturais do 
organismo (como propunham os filósofos), e sim a alma, que 
pertencia a um mundo sobrenatural. No Quadro 2.3 estão 
representados (1) o componente do comportamento que foi levado 
em consideração para explicar o comportamento -- a classe de 
respostas (ou ação do organismo) -- e (2) a causa dessa classe de 
respostas (a alma). A causa do comportamento é representada na 
Figura como não pertencente à noção de comportamento, mas 
como algo além do próprio comportamento. 
ALMA (mundo sobrenatural)
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
A ação do organismo 
(aquilo que o 
organismo faz).
Quadro 2.3 – Representação da noção de comportamento com destaque para os componentes 
(classe de resposta e o que “causava” a ação do organismo) que foram considerados para explicar o 
comportamento, devido às influências do pensamento Cristão.
A expressão Idade Média 
refere-se ao período 
histórico compreendido 
entre os séculos V e XV. 
Usualmente seu início 
é determinado com 
a queda do Império 
Romano do Ocidente, 
em 476 d.C, e que se 
estendeu até a tomada de 
Constantinopla, em 1453.
48
Universidade do Sul de Santa Catarina
No século XVII, René Descartes, filósofo e matemático 
francês, tentou explicar o comportamento pela analogia com 
os movimentos e sons das figuras mecânicas dos jardins 
reais de Versalhes. Algumas das figuras eram conectadas a 
ladrinhos por tubos fechados que bombeavam água. Quando 
alguém pisasse nos ladrinhos, a água era bombeada, fazendo 
as figuras se mexerem ou emitirem sons. Descartes explicou o 
comportamento humano pelo mesmo princípio: um estímulo 
externo poderia causar um movimento corporal. O estímulo 
externo era responsável por excitar os nervos que conduziam 
o impulso até o cérebro. No cérebro, os impulsos eram 
transmitidos de volta ao membro, fazendo-o mexer. No entanto, 
Descartes argumentava que era a alma, localizada no cérebro, a 
responsável por governar e guiar os impulsos nos movimentos 
corporais (MILLENSON, 1975).
Descartes deu um passo importante na tentativa de explicar 
o comportamento humano, incluindo o ambiente externo em 
sua explicação. De acordo com Millenson (1975), essa inclusão 
do ambiente externo foi o primeiro passo para uma abordagem 
experimental do comportamento, pois a teoria de Descartes 
poderia ser submetida à observação e experimentação. Algo 
externo, natural, observável e mensurável passou a fazer parte 
das explicações do comportamento. No entanto Descartes apenas 
levava em consideração uma parte daquilo que é considerado 
o comportamento (ver Quadro 2.4). E a alma, apesar de 
naturalizada (pois estava localizada no cérebro), ainda era a 
responsável por governar o comportamento. 
 ALMA (mundo sobrenatural)
 
Classe de estímulos 
antecedentes
Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Estímulo externo.A ação do organismo 
(aquilo que o 
organismo faz).
Quadro 2.4 – Representação da noção de comportamento com destaque para dois componentes 
(classe de estímulos antecedentes e classe de respostas) e apenas uma relação entre eles que foi 
considerada para explicar o comportamento de acordo com as idéias de René Descartes. A alma, 
localizada no cérebro, ainda foi mantida como principal explicação da “causa” do comportamento.
O Palácio de Versalhes é uma 
construção imponente e luxuosa, 
situada na cidade de Versalhes 
(subúrbio de Paris - França). 
O palácio começou ser construído 
nas primeiras décadas do século 
XVII. Em 1664, durante o governo 
de Luis XIV, foi finalizado. 
49
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
As idéias de Descartes impulsionaram diversos estudos científicos 
(experimentais) sobre a ação reflexa nos animais. Na metade do 
século XVIII, um psicólogo escocês chamado Robert Whytt 
comprovou experimentalmente que havia uma relação entre 
um estímulo externo e uma resposta corporal (MILLENSON, 
1975). Whytt observou o efeito da luz sobre a contração pupilar, 
o efeito de irritantes sobre a salivação e observou muitos outros 
reflexos. No entanto Whytt ainda mantinha a explicação de que a 
alma (difundida no cérebro e medula) era o principal controlador 
dos reflexos, e não o estímulo externo. 
De acordo com Millenson (1975), os estudos sobre os reflexos 
avançaram consideravelmente nos 150 anos seguintes. Com 
o progresso dos estudos, principalmente da Fisiologia, a 
natureza do impulso nervoso foi relacionada a um sistema 
elétrico e não mais hidráulico (como supunha Descartes), e 
Charles Sherrington, fisiologista inglês, formulou diversas leis 
quantificáveis da relação estímulo-resposta que explicitavam 
as causas do comportamento. Tais leis relacionavam “... 
velocidade, magnitude e probabilidade da resposta reflexa à 
intensidade, freqüência e outras propriedades mensuráveis do 
estímulo” (MILLENSON, 1975). Mesmo assim, a causa do 
comportamento ainda estava relacionada a forças sobrenaturais.
Os estudos e publicações de Charles Darwin (naturalista 
inglês que viveu no século XIX) foram contribuições de muita 
importância para o desenvolvimento da Psicologia. Darwin 
elaborou a teoria da evolução em 1859, baseada em diversas 
observações cuidadosas de fósseis e animais em diversas regiões 
da Terra. As observações de Darwin demonstraram que o 
homem e os animais pertencem ao mesmo reino e que suas 
diferenças eram apenas uma questão de grau. As contribuições 
de Darwin foram importantes para uma ciência psicológica, 
pois mostraram que os estudos de comportamento com animais 
poderiam abranger o comportamento humano e ser comparados 
entre si. Darwin substituiu a alma por termos mentalistas (sentir 
desejos, ter idéias, etc.) para explicar o comportamento animal 
(MILLENSON, 1975). No entanto esses termos ainda não 
eram suficientes para explicar cientificamente o comportamento 
humano (ver Quadro 2.5). 
Irritantes eram 
quaisquer substâncias 
capazes de provocar 
alterações na 
salivação do animal
50
Universidade do Sul de Santa Catarina
 Termos Mentalistas (mundo natural)
 Classe de estímulos 
antecedentes
Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Estímulo externo.
A ação do organismo 
(aquilo que o 
organismo faz).
Quadro 2.5 – Representação da noção de comportamento com destaque para dois componentes 
(classe de estímulos antecedentes e classe de respostas) e apenas uma relação entre eles. A alma foi 
substituída pela mente, para explicar as causas do comportamento.
As contribuições de Descartes e Darwin ainda não 
possibilitavam compreender o comportamento como as relações 
entre classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe 
de estímulos conseqüentes. No entanto foram contribuições 
determinantes para “superar” a influência do pensamento cristão; 
e, mais: permitiram o progresso crescente dos estudos científicos, 
com amplo reflexo no desenvolvimento da Psicologia e de outras 
áreas de conhecimento. Dentre esses estudos científicos que 
contribuíram para o desenvolvimento da Psicologia, estão as 
contribuições de Pavlov. Que tal conhecer mais detalhadamente 
as contribuições deste fisiologista?
 
SEÇÃO 2 – Condicionamento Clássico ou Respondente
No final do século XIX, os estudos 
sobre os reflexos continuavam. Dentre 
os estudiosos do reflexo, um merece 
destaque por suas investigações. Ivan 
Petrovitch Pavlov era um fisiologista russo 
que estudava secreções digestivas em 
cães. As descobertas de Pavlov trouxeram 
contribuições importantes para a Psicologia 
e para a compreensão do fenômeno 
psicológico. Nesta segunda seção, você 
estudará essas contribuições de Pavlov. Figura 2.1 – Retrato de Ivan 
Petrovitch Pavlov (1849-1936), 
fisiologista russo. (Fonte: Os 
pensadores, 1980).
51
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
O tipo de experimento realizado por Pavlov e que foi importante 
para o avanço sobre a compreensão do comportamento consistia 
no seguinte: era introduzido cirurgicamente um tubo na 
mandíbula de um cão para coletar o fluxo de saliva das glândulas. 
Em seguida, era introduzido alimento na boca do animal e 
assim era possível medir o fluxo de saliva liberada em função do 
alimento. Na Figura 2.2, há uma foto na qual estão presentes 
Pavlov e membros de sua equipe em experimento no qual 
mediam a salivação em cães. 
Figura 2.2 – Ivan Pavlov com membros de sua equipe nos experimentos 
de salivação de cães (Fonte: Os pensadores, 1980).
 
Pavlov, portanto, estava estudando o reflexo salivar em cães. 
Mas afinal o que ele descobriu que fez tanta diferença para o 
avanço dos estudos sobre comportamento dos organismos? O 
alimento a ser colocado na boca do cão era trazido por um dos 
experimentadores. Nas primeiras vezes em que o alimento foi 
trazido, o cão apenas salivava quando o alimento era colocado 
em sua boca. Em vezes posteriores, Pavlov notou que o cão 
começava a salivar ao ouvir os passos do experimentador que 
trazia o alimento. De acordo com Millenson (1975), isso não era 
novidade. Outros pesquisadores já haviam constatado o mesmo. 
Mas então o que fez Pavlov?
52
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ele notou que tal tipo de experimento poderia fornecer 
explicações para compreender um tipo de comportamento 
que era aprendido pelos cães nessas condições. Era um tipo 
de comportamento que dependia de uma história prévia de 
aprendizado, e Pavlov nomeou esse tipo de comportamento 
como reflexo condicional. Este reflexo era aprendido pelo 
cão depois de ele relacionar dois estímulos que ocorriam quase 
concomitantemente: os passos do experimentador precediam 
quase imediatamente a presença do alimento e a sensação do 
alimento na boca. O comportamento no qual o cão salivava 
com a introdução de alimento na boca foi nomeado de reflexo 
incondicional (ver Quadro 2.6). 
 
 
Alimento Salivar
 
Passos do experimentador ø
elicia
(A)
 
 
Alimento Salivar 
 
Passos do experimentador ø
elicia
eliciam
(B)
Quadro 2.6 – Esquema representando as relações entre os estímulos (alimento e passos) em dois 
momentos. Em (A) o alimento elicia a resposta de salivar do cão (reflexo incondicional) e os passos do 
experimentador (estímulo neutro - ø) eliciam outras respostas do cão como “ouvir os passos”. Em (B), 
a relação entre “alimento” e “passos” faz com que os passos eliciem, também, a resposta de salivar 
(reflexo condicional) do cão.
 
O alimento eliciava a resposta de salivar do cão e os passos 
do experimentador passaram a eliciar a resposta de salivar do 
cão. Mas o que é “eliciar”? Um estímulo na classe de estímulos 
antecedentes pode produzir uma açãodo organismo, ou seja, na 
presença daquele estímulo é possível que o organismo faça uma 
determinada ação. Quando essa relação é forte, ou seja, quando é 
alta a probabilidade de que essa ação do organismo seja produzida 
na presença daquele estímulo, diz-se que o estímulo elicia a 
resposta (ou ação) do organismo. 
53
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
eliciar, portanto, significa que, na presença daquele 
estímulo, a probabilidade de ocorrer determinada 
resposta é alta. 
 
Na presença de alimento, era alta a probabilidade de que ocorresse 
a resposta de salivar do cão. Quando os passos do experimentador 
foram relacionados com a presença do alimento, eles também 
adquiriram a propriedade de eliciar a salivação no cão.
Os passos do experimentador, antes de serem relacionados com o 
alimento e passarem a eliciar a salivação, eram um evento neutro para 
o cão em relação à resposta específica de salivar. Mas em que sentido 
os passos do experimentador eram considerados um evento neutro 
para o cão? Note que os passos do experimentador eram um estímulo 
para o cão ouvir os passos, mas eram um evento neutro em relação 
ao salivar. Não havia nenhuma relação dos passos do experimentador 
com a resposta de salivar. A partir do momento em que os passos 
foram relacionados com o alimento e passaram também a eliciar a 
salivação, eles se tornam um estímulo condicional. 
Por que condicional? 
 
Porque, para que os passos possam eliciar a resposta de salivar 
do cão, foi necessária uma condição anterior de relacionamento 
entre os dois (alimento e passos), cujas ocorrências foram 
praticamente concomitantes temporalmente. Assim, os passos 
do experimentador passaram a eliciar a resposta de salivar. O 
alimento, ao contrário, não necessitou de uma condição anterior 
de relacionamento com outros estímulos para poder eliciar a 
resposta de salivar. Por essa razão, ele é chamado nessa relação 
com a salivação de estímulo incondicional. O processo no 
qual um evento neutro se torna um estímulo condicional ao ser 
relacionado com um estímulo incondicional é denominado de 
condicionamento respondente ou condicionamento reflexo.
54
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ao serem relacionados com o alimento, os passos do 
experimentador também passaram a eliciar a resposta de 
salivar. Mas a resposta eliciada pelos passos e a resposta 
eliciada pelo alimento não são as mesmas, elas são similares. A 
salivação eliciada pelo alimento é uma resposta incondicional 
e a salivação eliciada pelos passos do experimentador é uma 
resposta condicional. Portanto, após feita a relação entre esses 
dois estímulos (alimento e passos do experimentador), uma nova 
relação surge (ver Quadro 2.7). 
 
 Alimento Salivar
 
 
 Passos do experimentador ø
elicia
eliciam (A)
 
 
 Alimento Salivar (resposta incondicional)
 
 Passos do experimentador Salivar (resposta incondicional)
elicia
eliciam
(B)
Quadro 2.7 – Esquema representando duas relações: a relação entre estímulo incondicional 
(alimento) e salivar (resposta incondicional), e a relação entre estímulo condicional (passos do 
experimentador) e salivar (resposta condicional). Em (A), o pareamento entre os passos do 
experimentador com o alimento. Em (B), a representação do estímulo incondicional eliciando a 
salivação incondicional, e os passos do experimentador eliciando a salivação condicional após o 
pareamento de estímulos.
 
Pavlov realizou diversos outros experimentos similares ao 
experimento no qual os passos do experimentador adquiriram 
a propriedade de eliciar a resposta de salivar no cão. Entre 
um desses outros experimentos, Pavlov relacionou o som de 
uma campainha (evento neutro) com o alimento (estímulo 
incondicional), e a campainha adquiriu a propriedade de eliciar 
a resposta de salivar do cão. O mesmo que ocorreu com o passo 
do experimentador, ocorreu com a campainha. Para descontrair 
um pouquinho, que tal ler uma tirinha do Garfield sobre esses 
experimentos?
Pareamento é o nome dado 
ao procedimento no qual um 
evento neutro é apresentado 
concomitantemente com 
outro estímulo (condicional 
ou incondicional) e esse 
evento neutro adquire as 
propriedades do estímulo 
com o qual foi apresentado 
concomitantemente, ou 
seja, o evento neutro passa 
a ter a mesma relação que o 
outro estímulo tem com uma 
determinada resposta do 
organismo.
55
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
 
Figura 2.3 – Tradução da fala no último quadrinho: “O gato de Pavlov”. Esta fala do último quadrinho 
foi traduzida de forma adaptada por “Pavlov explica” e publicada no jornal Folha de São Paulo. 
Tirinha do personagem “Garfield” feita pelo cartunista Jim Davis e publicada em 03 de outubro de 
2005. Fonte: Disponível em:<http://www.garfieldcollectibles.com/>.
E como ficam os reflexos incondicionais e condicionais em 
relação à noção de comportamento? Pavlov ateve-se apenas à 
relação entre a classe de estímulos antecedentes e a classe de 
respostas. Tanto no reflexo incondicional (Quadro 2.8) quanto 
no reflexo condicional (Quadro 2.9), a palavra reflexo não se 
referia ao comportamento integralmente, mas enfatizava uma das 
relações que compõem o comportamento: a relação entre a classe 
de estímulos antecedentes e a classe de respostas. Pavlov atribuiu 
o condicionamento respondente a uma função do cérebro, 
mas ele não demonstrou nenhuma relação experimentalmente 
entre o comportamento e o cérebro (MILLENSON, 1975). 
O cérebro substituiu a alma na explicação do comportamento, 
mas o comportamento como fenômeno natural ainda não fora 
completamente compreendido. 
 
 CÉREBRO (mundo natural)
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Alimento (estímulo 
incondicional).
- Salivar (ação 
do organismo).
Quadro 2.8 – Representação da noção de comportamento reflexo incondicional com destaque para 
dois componentes (classe de estímulos antecedentes e classe de respostas) e relação reflexa entre 
eles, objetos de estudo nos experimentos de Pavlov. Acima, o cérebro ao qual foi atribuída a função 
de determinante do comportamento reflexo.
56
Universidade do Sul de Santa Catarina
 CÉREBRO (mundo natural)
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Passos do experimentador 
(estímulo condicional).
- Salivar (ação do 
organismo).
Quadro 2.9 – Representação da noção de comportamento reflexo condicional com destaque para 
dois componentes (classe de estímulos antecedentes e classe de respostas) e relação reflexa entre 
eles, objetos de estudo nos experimentos de Pavlov. Acima, o cérebro ao qual foi atribuída a função 
de determinante do comportamento reflexo.
 
Os experimentos de Pavlov, ainda que não fossem suficientes para 
explicar o comportamento, constituíram um importante avanço 
na ciência do comportamento. Os estudos de Pavlov foram a base 
das descobertas posteriores de Skinner, as quais possibilitaram 
compreender o comportamento como as relações entre classe de 
estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes. Veja com mais detalhes as contribuições de 
Skinner na próxima seção.
Seção 3 – Condicionamento Operante e a Análise 
Experimental do Comportamento
Um dos expoentes máximos entre os cientistas ocidentais 
da Psicologia no século XX foi Burrhus Frederic Skinner 
(1904-1990). Suas descobertas acerca do comportamento dos 
organismos, divulgadas desde a década de 1940, influenciaram 
gerações de novos estudiosos e profissionais e consolidaram 
umasubárea de conhecimento da Psicologia conhecida como 
Análise do Comportamento ou Análise Experimental do 
Comportamento.
57
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
Mas, antes de ver caracterizadas as contribuições de Skinner, 
conheça as contribuições anteriores de outros dois pesquisadores, 
importantes para entender as descobertas e proposições de 
Skinner. 
Essas contribuições anteriores foram as de Edward Thorndike 
e John Watson. Thorndike passou a estudar um tipo de 
comportamento diferente dos comportamentos estudados 
por Pavlov. Ele estudou o comportamento denominado como 
“voluntário”. Os experimentos de Thorndike consistiam em 
colocar um animal em uma caixa fechada, que permitia ao 
animal sair caso ele puxasse uma corda, movesse um trinco, 
pressionasse uma barra, etc. Ele observou que, no início, os 
animais apresentavam muitas respostas difusas até que uma delas 
acionasse o mecanismo de fuga da caixa. Nas vezes posteriores 
em que o animal era reintroduzido na caixa, a taxa de respostas 
difusas ia diminuindo, até que o animal era capaz de sair da 
caixa sem que essas respostas difusas fossem apresentadas. 
Thorndike elaborou a lei do efeito para explicar esse processo 
de aprendizado do animal: aquilo que decorria de uma resposta 
do organismo tem influência sobre as respostas similares desse 
mesmo organismo em situações futuras similares. Com esses 
experimentos, Thorndike começou a considerar a relação entre 
a classe de respostas e a classe de estímulos conseqüentes do 
comportamento (ver Quadro 2.10). 
Os dados dos experimentos de Thorndike possibilitaram 
compreender a influência de um histórico de aprendizado sobre 
o comportamento “voluntário”. O comportamento voluntário, 
mais tarde conhecido como operante, é assim chamado para 
ser diferenciado do comportamento reflexo ou respondente 
que fora estudado por Pavlov. No entanto Thorndike não se 
contentou em explicar o fato de o animal sair da caixa como 
mero comportamento de fuga cuja ocorrência se relacionava com 
a história passada do organismo; atribuiu esse comportamento de 
fuga à satisfação que o animal sentia ao sair da caixa. Além disso, 
o comportamento de fuga da caixa foi considerado por Thorndike 
apenas um meio para explicar como agem os processos mentais 
(associações de idéias) do animal (MILLENSON, 1975).
58
Universidade do Sul de Santa Catarina
 PROCESSOS MENTAIS
 
 HISTÓRICO DE APRENDIZAGEM (mundo natural)
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
 
 - A ação do organismo (aquilo 
que o 
organismo faz).
- Mecanismo de fuga 
Acionado.
Quadro 2.10 – Representação da noção de comportamento, com destaque para dois componentes 
(classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes) e uma relação entre eles (relação entre 
classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes). A mente ainda permanecia para explicar o 
comportamento “voluntário” (ou operante).
Foi principalmente com John Watson (1878-1958) que a 
mente perdeu status como responsável pelo comportamento. 
Fundador do Behaviorismo Metodológico (1913), ele afirmava 
que o comportamento deveria ser estudado em termos das 
relações entre os estímulos do meio e as respostas observáveis 
do organismo. A mente (não-observável) não teria lugar 
numa ciência do comportamento. Watson também se valeu 
da teoria da evolução de Darwin para afirmar que os estudos 
do comportamento dos animais deveriam ser relacionados ao 
comportamento humano – um avanço considerável, tirando o 
homem do centro das ciências e o colocando no mesmo patamar 
de estudos dos animais. 
No entanto Watson queria explicar, por meio da relação 
reflexa estudada por Pavlov todo comportamento hereditário e 
adquirido. Ele desconsiderou os estudos de Thorndike sobre o 
comportamento voluntário e a lei do efeito. As proposições de 
Watson de banir a mente como explicação para o comportamento 
foram promissoras, no entanto seus métodos de investigação 
científica foram pouco satisfatórios. Tentar explicar o 
comportamento somente com base na relação reflexa limitou 
os procedimentos de investigação de Watson e também limitou 
suas tentativas de explicar o comportamento com base no que 
O Behaviorismo Metodológico 
era a filosofia que fornecia os 
pressupostos para os estudos 
científicos de Watson e seus 
seguidores. Diferentemente do 
Behaviorismo Radical proposto 
por Skinner anos mais tarde, o 
Behaviorismo Metodológico de 
Watson defendia que apenas o 
que era observável poderia ser 
estudado por uma ciência do 
comportamento. 
59
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
era possível observar e medir, em decorrência da necessidade de 
demonstrar as relações estudadas. Essa limitação possibilitou que 
os termos mentalistas continuassem a ser usados para explicar o 
comportamento.
Foi com Burrhus Frederic Skinner (1904-
1990) que a Psicologia, mais especificamente 
a Análise do Comportamento, encontrou 
os caminhos para uma ciência que não 
necessitava mais de explicações mentalistas ou 
sobrenaturais para explicar o comportamento 
humano. Formado em Letras (inglês) 
em Harvard (EUA), ingressou na Pós-
graduação em Psicologia em 1928, na mesma 
Universidade. Interessou-se principalmente 
pelos trabalhos de Watson, Pavlov e 
Thorndike e trabalhou fundamentalmente 
com experimentos em laboratório.
Que tal conhecer um pouco melhor as contribuições 
de Skinner?
 
Foi a partir de um experimento com ratos albinos 
(MILLENSON, 1975) que Skinner se deparou com uma das 
principais questões sobre o comportamento. Skinner estudou 
como os estímulos produzidos por uma classe de respostas 
alteram a probabilidade de emissão de respostas similares à 
resposta que produziu esses estímulos. Um rato era colocado 
em uma caixa experimental feita de metal e vidro (ver Figura 
2.5). Nessa caixa, algum tipo de resposta do rato (por exemplo, 
pressionar uma barra) produzia algum determinado tipo de 
estímulo (por exemplo: água, comida, choque, luz forte). Skinner 
verificou o que acontecia com a freqüência da resposta em função 
dos estímulos que ela produzia. 
Figura 2.4 – Retrato de Burrhus Frederic Skinner 
(1904-1990) (Fonte: Os pensadores, 1980).
60
Universidade do Sul de Santa Catarina
Nesse tipo de procedimento estudado nos experimentos de 
Skinner, os estímulos da classe de estímulos conseqüentes 
alteram a probabilidade de ocorrência futura de respostas 
similares às que produziram o estímulo conseqüente. Esse 
procedimento foi denominado de condicionamento operante. 
Foi a partir de experimentos desse tipo que Skinner apresentou as 
primeiras proposições sobre a noção de comportamento como as 
relações entre classe de estímulos antecedentes, classe de repostas 
e classe de estímulos conseqüentes. 
Figura 2.5 – Foto mostrando a caixa experimental utilizada por 
Skinner em seus experimentos de laboratório com ratos albinos 
(Fonte: Os pensadores, 1980).
O comportamento “pressionar a barra” do rato foi denominado 
de comportamento operante. Skinner notou que o que explicava 
o condicionamento respondente/reflexo (estudado por Pavlov) 
não era suficiente para explicar o comportamento do rato de 
pressionar a barra. Ele denominou de operante a relação entre 
a classe de respostas e a classe de estímulos conseqüentes, 
quando uma dada classe de respostas produzia, de maneira 
fidedigna e consistente, alterações em certos aspectos da classe 
de estímulos conseqüentes. Skinner percebeu que tanto Pavlov 
quanto Thorndike não estavam estudando o comportamento 
integralmente. Eles estavam estudando apenas uma parte do 
comportamento (ver Quadro 2.11). 
61
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
“Comportamento” respondente estudado por Pavlov: 
Classe de estímulos antecedentes (SA) Classe de respostas(CR)
“Comportamento” operante estudado por Thorndike:
Classe de respostas (CR)Classe de estímulos conseqüentes (SC)
Quadro 2.11 – Representação das partes do comportamento que Pavlov e Thorndike pesquisaram e 
sobre as quais produziram conhecimento.
O que se denomina de reflexo refere-se à relação entre a classe de 
estímulos conseqüentes e a classe de respostas. E a denominação 
“operante” enfatiza a relação entre a classe de respostas e a 
classe de estímulos conseqüentes. Tanto no comportamento 
reflexo estudado por Pavlov, quanto no comportamento 
voluntário estudado por Thorndike havia os três componentes 
do comportamento (classe de estímulos antecedentes, classe de 
respostas e classe de estímulos conseqüentes) que caracterizam o 
comportamento, apesar de os estudiosos não os descreverem nos 
experimentos realizados. Além de estarem presentes também as 
seis relações que caracterizam o comportamento. 
 
Estas seis relações foram estudadas na Unidade 1. 
 
Mas o que então difere um comportamento respondente/reflexo 
de um comportamento operante? No comportamento reflexo, a 
relação reflexa (relação entre a classe de estímulos antecedentes e 
a classe de respostas) é a relação mais forte e mais evidente (ver 
Quadro 2.12). No comportamento operante, a relação operante 
(relação entre a classe de respostas e a classe de estímulos 
conseqüentes) é a relação mais forte e mais evidente (ver Quadro 
2.13). 
elicia
produz
62
Universidade do Sul de Santa Catarina
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Quadro 2.12 – Representação de um comportamento respondente no qual a relação entre a classe de 
estímulos antecedentes e a classe de respostas é a relação mais forte e mais evidente.
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
 
Quadro 2.13 – Representação de um comportamento operante no qual a relação entre a classe de 
respostas e a classe de estímulos conseqüentes é a relação mais forte e mais evidente.
 
Com as descobertas de Skinner, as influências de Darwin 
e outras descobertas da ciência, foi possível entender o 
comportamento como um fenômeno multideterminado por, 
principalmente, três aspectos: filogenia, ontogenia e cultura. 
De acordo com Millenson (1975), Skinner defendia que uma 
ciência do comportamento deveria ser descritiva ou funcional, ou 
seja, deveria limitar-se às descobertas de relações ou correlações 
entre variáveis mensuráveis. As variáveis mensuráveis são os 
aspectos tanto do organismo quanto do ambiente que podem 
ser de alguma forma mensurados pela ciência. As relações e 
correlações são as seis relações entre os três componentes do 
comportamento e as relações do comportamento com seus 
determinantes filogenéticos, ontogenéticos e culturais (ver 
Quadro 2.14). A filogenia é caracterizada pelos comportamentos 
que foram selecionados ao longo da evolução de cada espécie de 
organismo. A ontogenia está relacionada aos comportamentos 
selecionados ao longo da história individual de vida de cada 
organismo. E a cultura diz respeito aos comportamentos 
selecionados por uma determinada comunidade.
63
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
 DETERMINANTES DETERMINANTES DETERMINANTES 
FILOGENÉTICOS ONTOGENÉTICOS CULTURAIS
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Quadro 2.14 – Representação do comportamento com destaque para seus três determinantes 
principais (determinantes filogenéticos, determinantes ontogenéticos e determinantes culturais).
A ciência que Skinner defendia é a chamada Análise 
do Comportamento ou Análise Experimental do 
Comportamento. Seus fundamentos são dados pelo 
Behaviorismo Radical – filosofia que continha os fundamentos 
para a produção do conhecimento científico da Análise do 
Comportamento. Esses fundamentos principais são (MATOS, 
2001):
1- a Psicologia é considerada como um ramo da Biologia que 
estuda o comportamento, e não os organismos;
2- o comportamento é considerado a interação com o meio, e 
não uma reação ao meio. Essa interação tem caráter seletivo 
(fortalece, enfraquece ou mantém comportamentos específicos); 
3- os estados internos do organismo existem. Por se situarem 
dentro do organismo e não poderem ser observados a não ser pelo 
próprio sujeito, não implica que eles não existam.
Diferente do Behaviorismo Metodológico de Watson, o 
Behaviorismo Radical não nega a existência de fenômenos que 
ocorrem debaixo da pele do organismo, aos quais não temos acesso 
direto. Para o Behaviorismo Radical, por exemplo, as respostas 
fisiológicas que ocorrem no organismo são importantes para 
compreender o comportamento. Essas reações fisiológicas fazem 
parte da classe de respostas. Veja, por exemplo, a representação da 
emoção que denominamos de medo (Quadro 2.15).
64
Universidade do Sul de Santa Catarina
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Presença de um 
estímulo ameaçador.
- Contrair musculatura.
- Aumentar pressão 
sanguínea periférica.
- Aumentar batimento 
cardíaco.
- Liberar adrenalina.
- Organismo em 
condições de fugir 
ou esquivar-se do 
estímulo ameaçador.
 
Quadro 2.15 – Representação de um comportamento emocional no qual a ação do organismo é 
caracterizada por respostas fisiológicas que não podem ser observadas diretamente. As seis relações 
do comportamento existem também entre os componentes do comportamento, mas não foram 
representadas nesse esquema.
Todos os fenômenos estudados pela Psicologia (percepção, 
emoções, sentimentos, pensamento, consciência, etc.) podem ser 
estudados com base na noção de comportamento de Skinner. 
Todos esses fenômenos – percepção, emoções, sentimentos, 
memória, etc. – não são entidades; são, todos, processos 
comportamentais e podem ser explicados pela descrição funcional 
de fenômeno psicológico proposta por Skinner. 
Ao longo da história, muitas foram as tentativas de se 
explicar o comportamento humano e seus determinantes. 
O comportamento ora era explicado por apenas um de seus 
componentes, a classe de respostas, ora por dois de seus 
componentes, a classe de estímulos antecedentes e a classe 
de respostas; ou a classe de respostas e a classe de estímulos 
conseqüentes. Os determinantes do comportamento foram 
compreendidos ora como entidades sobrenaturais (a alma), 
ora como entidades no próprio organismo que se comportava 
(a mente); ou então, como apenas uma parte do organismo (o 
cérebro). Apesar de serem contribuições parciais a respeito do 
comportamento, elas possibilitaram que a ciência chegasse à atual 
compreensão sobre o comportamento e seus determinantes.
O comportamento é, portanto, compreendido no início do século 
XXI como as relações entre a classe de estímulos antecedentes, 
a classe de respostas e a classe de estímulos conseqüentes. 
Seus determinantes são as variáveis que selecionaram os 
comportamentos de cada espécie de organismo ao longo 
da evolução (filogenia); as variáveis que selecionaram os 
65
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
comportamentos ao longo da história de vida de cada organismo 
(ontogenia); e as variáveis da comunidade na qual o organismo 
está inserido (cultura). As explicações parciais do comportamento 
e de seus determinantes foram superadas e as bases para uma 
ciência do comportamento foi fundamentada.
Depois dessa viagem pelo passado, que fizemos para 
compreender como evoluíram as descobertas da humanidade 
até chegarem à noção de comportamento proposta pelo 
Behaviorismo Radical, você já pode praticar alguns exercícios 
para avaliar sua aprendizagem nessa unidade. Vamos a eles?
Síntese
Na Seção 1 desta unidade, você estudou a maneira como a 
humanidade compreendia o comportamento humano até o 
final do século XIX. Os filósofos gregos consideravam apenas 
a ação do organismo (classe de respostas), para explicar o 
comportamento; e as causas deste estavam em qualidades dopróprio organismo. 
Com a influência do pensamento cristão, ainda se compreendia 
o comportamento apenas como a ação do organismo; e suas 
causas foram atribuídas à uma entidade sobrenatural – a alma. 
René Descartes avançou um pouco mais nessa compreensão 
e abrangeu, além da classe de respostas, a classe de estímulos 
antecedentes para explicar o comportamento. No entanto ele 
ainda usava a alma, entidade dentro do organismo, para explicar 
o comportamento. 
Darwin com seus estudos possibilitou a compreensão de que o 
homem e animal pertenciam ao mesmo reino, diferindo apenas 
em graus de complexidade. No entanto Darwin usava termos 
mentalistas para explicar o comportamento, o qual ainda era 
visto apenas como classe de estímulos antecedentes e classe de 
respostas.
66
Universidade do Sul de Santa Catarina
Na segunda seção, foram apresentadas informações a respeito das 
contribuições de Pavlov e da noção de condicionamento reflexo 
para o entendimento do comportamento. Pavlov realizou diversos 
experimentos caracterizando a relação entre a classe de estímulos 
antecedentes e a classe de respostas. Pavlov estudou como um 
determinado evento neutro passa a eliciar uma resposta após 
ser relacionado com um estímulo incondicional. No entanto a 
noção de comportamento ainda era parcial, e Pavlov atribuía seus 
determinantes ao cérebro, e não mais à alma ou mente. 
Por último, na Seção 3, você estudou as principais contribuições 
de Thorndike e Watson e a maneira como elas influenciaram 
as descobertas de Skinner sobre o comportamento. Thorndike 
investigava um tipo de comportamento diferente do estudado 
por Pavlov: o comportamento operante. Thorndike realizou 
experimentos onde caracterizou a influência que uma história 
de aprendizagem tem sobre os comportamentos futuros de um 
organismo. No entanto ele ainda estava investigando apenas parte 
do comportamento e usava a mente para explicá-lo. Por sua vez, 
Watson defendia que uma verdadeira ciência do comportamento 
deveria se ater apenas àquilo que podia ser observável. Também 
com uma explicação parcial do comportamento e de seus 
determinantes, os procedimentos metodológicos de Watson 
limitaram o avanço de suas investigações e possibilitaram que 
termos mentalistas ainda pudessem vigorar para explicar o 
comportamento.
Foi com Skinner que a Análise do Comportamento adquiriu 
o status de uma ciência natural, que não precisava de 
termos mentalistas ou entidades sobrenaturais para explicar 
o comportamento. Skinner fundou as bases filosóficas 
(Behaviorismo Radical) para uma verdadeira ciência do 
comportamento (Análise do Comportamento). Foi com ele que 
a ciência chegou à atual noção de comportamento caracterizado 
pelas relações entre classe de estímulos antecedentes, classe de 
respostas e classe de estímulos conseqüentes.
67
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
Atividades de auto-avaliação
efetue as atividades de auto-avaliação e acompanhe as respostas e 
comentários a respeito. Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize 
a conferência de suas respostas somente depois de fazer as atividades 
propostas.
1) As descobertas de René Descartes e de Charles Darwin possibilitaram 
que a concepção de comportamento influenciada pelo pensamento 
cristão fosse alterada. Caracterize quais foram as principais mudanças 
ocorridas na compreensão do comportamento a partir das descobertas 
de René Descartes e Charles Darwin.
68
Universidade do Sul de Santa Catarina
2) O que é o condicionamento reflexo? e quais mudanças ocorreram na 
compreensão de comportamento a partir das descobertas de Pavlov? 
3) Quais as principais contribuições de Skinner que possibilitaram 
compreender o comportamento da maneira como ele é caracterizado 
nesse início de século XXi? 
69
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você 
poderá pesquisar os seguintes livros:
Histórico da evolução da noção de comportamento
BOTOMÉ, Sílvio Paulo. Sobre a noção de comportamento. 
In: Feltes, Heloísa Pedroso de Morais & Zilles, Urbano (Orgs.). 
Filosofia: diálogo de horizontes. Caxias do Sul (RS): EDUCS & 
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. p. 687-708.
CARRARA, Kester. Behaviorismo Radical: crítica e 
metacrítica. São Paulo: Editora UNESP, 2005. 438 p. 
MILLENSON, John Rodney. Princípios de análise do 
comportamento. Brasília: Coordenada, 1975. 461 p.
PAVLOV, Ivan Petrovitch. Textos escolhidos. In: Os 
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 1-159.
SKINNER, Burrhus Frederic. Contingências do reforço: uma 
análise teórica. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 
1980. p. 167-394.
Diferenças entre Behaviorismo Radical e Behaviorismo 
Metodológico
MATOS, Maria Amélia. Behaviorismo metodológico e 
behaviorismo radical. In: Psicoterapia comportamental e 
cognitiva. Bernard Range (organizador). Campinas: Editorial 
Psy, 1995. p. 27-34.
____. Análise de contingências no aprender e no ensinar. In: 
Novas contribuições da Psicologia aos processos de ensino e 
aprendizagem. Eunice Soriano de Alencar (organizadora). 4.ed. 
São Paulo: Cortez, 2001. p. 141-165.
NETO, Marcus Bentes de Carvalho. Análise do 
comportamento: behaviorismo radical, análise experimental 
do comportamento e análise aplicada do comportamento. In: 
Interação em Psicologia, Curitiba, v.6, n.1, p. 13-18, jan./jun. 
2002.
3UNiDADe 3
Modificação de Comportamento
Objetivos de aprendizagem
� Caracterizar os processos de analisar e sintetizar 
comportamentos.
 � Caracterizar o fenômeno modificação de 
comportamentos.
 � Caracterizar os fenômenos ensino e aprendizagem.
 � Relacionar os conceitos de análise e síntese com 
modificação de comportamentos.
 � Relacionar modificação de comportamentos com os 
conceitos de ensino e aprendizagem.
 � identificar os fenômenos de análise, síntese, modificação 
de comportamentos, ensino e aprendizagem.
 � Analisar e sintetizar comportamentos simples.
Seções de estudo
Seção 1 Analisar e sintetizar comportamentos simples
Seção 2 ensinar e aprender como processos envolvidos 
na modificação de comportamentos
Seção 3 Contingências de reforçamento e sua relação 
com os processos de ensinar e aprender
72
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
“O que poucos têm considerado é a possibilidade que 
temos de fazer mudanças comportamentais sem alterar 
nossos processos biológicos ou nossa carga genética.” 
(SIDMAN, 2001, p. IX)
Nas unidades anteriores, você estudou o conceito de 
comportamento e também a sua evolução, analisando como é 
compreendido no início do século XXI. Agora você já pode 
prosseguir. Vamos às próximas etapas?
O fenômeno de estudo e de intervenção do psicólogo é o 
comportamento. Mas o que o psicólogo faz com ele? De que 
maneira ele estuda o comportamento e como é feita a intervenção 
sobre esse fenômeno? Nessa unidade, serão apresentados quatro 
processos básicos que caracterizam o trabalho do psicólogo ao 
estudar o comportamento dos organismos e intervir sobre ele. 
São os seguintes:
 � Análise de comportamentos;
 � Síntese de comportamentos;
 � Ensino de comportamentos;
 � Aprendizagem de comportamentos.
Além de caracterizar cada um desses quatro processos, também 
serão examinadas as relações entre eles. Qual a relação entre 
analisar um comportamento e sintetizar um comportamento? 
O que ensinar comportamentos tem a ver com aprender 
comportamentos? Que relações há entre analisar e ensinar 
comportamentos? E entre sintetizar e aprender comportamentos? 
O que isso tudo tem a ver com modificação do comportamento? 
Quantas perguntas, não? As perguntas são um bom recurso para 
orientar seus estudos e suas leituras. Portanto, que tal iniciar o 
estudo da Unidade 3? 
 
73
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
SEÇÃO 1 – Análise e síntese de comportamentos
Você já ouviu palavra “análise”. Pense um pouco e tente lembrar 
quando e onde você ouviu essa palavra. Onde ela é muito 
utilizada. Muitoprovavelmente você relacionou essa palavra ao 
uso em laboratórios ou experimentos químicos, onde se analisa 
determinada substância para saber do que ela é composta. 
Analisar é, portanto, decompor algo em seus elementos 
constituintes menores (ver Quadro 3.1). 
Quadro 3.1 – Representação da decomposição (análise) de uma 
substância “S” em seus elementos constituintes menores x, y e 
z (Adaptado de Mora, 2000).
No Quadro 3.1 está representada a análise de uma substância 
qualquer “S” em seus elementos constituintes. Essa substância é 
composta pelos elementos x, y e z. Considerar que a substância S 
é composta por esses elementos é diferente de considerar que ela 
é a soma desses elementos. A substância S é uma substância nova, 
com propriedades exclusivas. Ela não é apenas o somatório de x, 
y e z. Agora, compare o Quadro 3.1 com o Quadro 3.2.
x
y
z
x + y + z
Quadro 3.2 – Representação do somatório dos elementos x, y e z.
 
O somatório dos elementos de “x”, “y” e “z” é um conjunto de 
elementos formado por x+y+z e que mantém as propriedades de 
cada um desses elementos. Ao contrário da substância “S”, que 
possui propriedades exclusivas que não são apenas o somatório 
das propriedades de x, y e z. Cada elemento em contato com os 
outros se transforma, caracterizando uma substância nova, com 
características exclusivas.
x
y
z
S
74
Universidade do Sul de Santa Catarina
Na química, há vários exemplos de análise de substâncias. 
A água (H2O) é um líquido (em temperatura ambiente) que 
tem como propriedades auxiliar no transporte de substâncias 
dentro dos organismos, ser solvente universal, etc. Ao analisar 
a água, ou seja, ao separá-la em seus componentes menores, se 
obtém o hidrogênio (H2) – gás que pode ser utilizado como um 
combustível potente – e uma molécula de oxigênio que, se unida 
a outra molécula de oxigênio, forma o gás oxigênio (O2), usado 
na respiração de organismos (Quadro 3.3). Veja que a água não 
é um mero somatório do hidrogênio (H2) com uma molécula de 
oxigênio. Suas propriedades são diferentes das propriedades do 
hidrogênio (H2) e da molécula de oxigênio somadas. Moléculas 
de hidrogênio em contato com oxigênio, na proporção 2:1, 
se transformam em uma substância nova com propriedades 
exclusivas.
H2
O
H2O
Quadro 3.3 – Representação da análise da água (H2O) em suas 
moléculas constituintes menores H, H e O.
 
O mesmo raciocínio pode ser feito com o comportamento. 
Pegue como exemplo o comportamento “ir de bicicleta a um 
determinado local” (Figura 3.1). Esse comportamento foi 
analisado em cinco elementos menores. Da classe de estímulos 
antecedentes foram decompostos dois elementos: “bicicleta”, 
“avenida para andar de bicicleta”. Da classe de respostas, apenas 
um: “pedalar”. E da classe de estímulos conseqüentes, apenas um 
elemento: “chegada ao local desejado”.
75
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Bic ic leta.
- Avenida para andar 
de bic ic leta.
- Pedalar. - Chegada ao 
loc al desejado.
Figura 3.1 – Representação da decomposição (análise) do comportamento “ir de bicicleta a um 
determinado local” em seus cinco elementos constituintes menores.
 
Analogamente à composição da substância “S”, note que o 
comportamento “ir de bicicleta a um determinado local” não 
é apenas o somatório de seus cinco elementos menores. Esses 
cinco elementos em contato (em relação) se transformam em 
um comportamento novo único, com propriedades exclusivas. 
Cada elemento tem seu “lugar” específico no comportamento. 
O elemento “chegada ao local desejado”, por exemplo, não 
poderia estar na classe de estímulos antecedentes, muito menos 
na classe de respostas. Trocar “chegada ao local desejado” de 
lugar também alteraria as relações entre a classe de estímulos 
antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes. Se as relações forem alteradas, o comportamento 
também será. Assim, este comportamento deixaria de ser 
o comportamento “ir de bicicleta a um determinado local” 
e caracterizaria um outro tipo de comportamento (outra 
substância). O comportamento não é apenas o somatório de 
seus elementos constituintes menores, e suas características são 
diferentes das características de cada elemento separado.
Bicicleta
PedalarAvenida para andar 
de bicicleta
Chegada o local 
desejado
76
Universidade do Sul de Santa Catarina
E que tal analisar o comportamento de enciumar-se de Gui, que 
você viu na Unidade 1? Lembra dele (Figura 3.2)? 
 
 
Figura 3.2 – Parte final da tira de quadrinhos da Mafalda retratando o ciúme de Gui em relação a sua 
mãe quando o seu pai se aproxima. (Adaptado de: Quino, 1987, p. 263).
 
Agora que você relembrou o exemplo, olhe a Figura 3.3, na 
qual há a representação de uma análise do ciúme de Gui. O 
comportamento de enciumar-se de Gui foi analisado em cinco 
elementos menores. Da classe de estímulos antecedentes foram 
decompostos dois elementos: “pai interagindo com a mãe na 
cozinha” e “alta probabilidade de perder a posse da mãe para o 
pai”. Da classe de respostas foi decomposto apenas um elemento: 
“gritar: ETA É MINA MULHER!”. E da classe de estímulos 
conseqüentes, foram decompostos “pai constrangido devido ao 
grito de Gui” e “probabilidade de perder a posse da mãe para o 
pai diminuída”. Perceba, novamente, que o comportamento não é 
apenas o somatório de seus elementos constituintes. Ele também 
tem características próprias, que não são as características de 
cada elemento somadas. Cada um dos elementos se transforma 
na relação com os demais, configurando o comportamento 
“enciumar-se” de Gui. Qualquer alteração em um desses 
elementos implica outros comportamentos que não o enciumar-se 
de Gui. 
77
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- (1) Pai interagindo 
com a mãe na cozinha. 
 
- (2) Alta probabil idade 
de perder a posse da 
mãe para o pai.
- (3) Gr itar 
“E TA É MINA 
MULER!”.
- (4) Pai cons trangido 
devido ao gr ito de Gui.
 
- (5) Probabilidade de 
perder a posse da mãe 
para o pai diminuída.
(1) (3) (4)
Figura 3.3 – Representação da decomposição (análise) do comportamento de enciumar-se de Gui, 
identificando os cinco elementos menores que constituem os três componentes do comportamento.
A síntese é o complemento da análise. Após ser feita uma análise 
de um comportamento, os elementos analisados podem ser 
novamente compostos em um novo comportamento similar ao 
comportamento que foi analisado (ver Quadro 3.4). Sintetizar 
os elementos constituintes de um comportamento não é apenas 
representar esse comportamento. 
Sintetizar um comportamento diz respeito a fazer 
com que ocorra um comportamento similar ao 
comportamento que foi analisado.
(2) (5)Alt a probabi l idade de perder 
a posse da mãe para o pai
Probabilidade de perder a posse 
da mãe para o pai diminuída
78
Universidade do Sul de Santa Catarina
 
 Análise x Síntese
S y S’ 
 
z 
Quadro 3.4 – Representação da decomposição (análise) de um comportamento S em seus 
elementos constituintes menores x, y e z, seguido da composição (síntese) desses elementos em 
um novo comportamento S’, similar ao comportamento S.
 
 
No Quadro 3.4 está representada a análise de um comportamento 
qualquer S. Em seguida, seus elementos constituintes (x, y e z) 
foram sintetizados em um novo comportamento S’. Esse novo 
comportamento é similar ao comportamento anterior S, ou seja, 
tem as mesmas propriedades, é formado pelos mesmos elementos. 
Mas o comportamento S’ não é o comportamento S, porque este 
já ocorreu. S’ é um novo comportamento similar a S. 
Considere novamente o exemplo da análise do comportamento 
“ir de bicicleta a um determinado local”. Os elementosanalisados 
podem ser combinados novamente em um novo comportamento 
similar ao comportamento que foi analisado anteriormente. Ou 
então: o exemplo do comportamento de Gui de enciumar-se. 
É possível fazer com que um comportamento similar de Gui 
ocorra novamente. Não pode ser o mesmo comportamento 
que foi analisado, porque esse comportamento já ocorreu. Gui 
poderia fazer a mesma coisa – gritar “ETA É MINA MULER!” 
– algumas horas depois, ao ver seu pai sentado ao lado de sua 
mãe, no sofá. Perceba que este novo comportamento é similar ao 
comportamento que ocorreu na cozinha.
Por ser um comportamento similar ao comportamento S, 
o comportamento S’ também não é apenas o somatório dos 
elementos “x”, “y” e “z”. O comportamento S’ tem propriedades 
exclusivas, que são diferentes das propriedades de x+y+z. Ao 
fazer a síntese de um comportamento, se está sintetizando um 
comportamento que é mais que a soma dos elementos x, y e z. 
79
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
Tanto a análise quanto a síntese, portanto, são processos nos 
quais um fenômeno ou processo é decomposto em seus elementos 
constituintes (análise) e, posteriormente, esses elementos são 
compostos (relacionados), formando algo novo (síntese), com 
propriedades distintas das propriedades dos elementos que o 
compõem. A síntese é um processo complementar da análise. 
Com a síntese é possível compor algo novo similar àquilo que foi 
analisado anteriormente.
Mas o que a análise e síntese têm a ver com modificação do 
comportamento? Qual a relação de análise e síntese com ensino e 
aprendizagem? Vá até a Seção 2, para descobrir.
SEÇÃO 2 – Ensinar e aprender como processos 
envolvidos na modificação de comportamentos 
 
Até agora você estudou o que é análise e síntese e como ocorrem 
análise e síntese de comportamentos. Antes de prosseguir e 
relacionar o analisar e sintetizar comportamentos com o ensinar e 
aprender, que tal estudar o que é ensinar e o que é aprender? 
Ensinar é um processo que se caracteriza por disponibilizar 
condições necessárias para que o aprendiz aprenda um 
determinado comportamento. Não é apenas disponibilizar 
as condições físicas e estruturais (sala, equipamento, material 
de leitura e estudo, etc.) para que o aprendiz aprenda. O 
professor deve orientar o aluno a utilizar todos esses materiais 
para que, por meio deles, possa aprender um comportamento 
novo. O objetivo do ensino é fazer com que o aluno aprenda o 
comportamento desejado. Se esse aprendizado não ocorre, não 
houve ensino. O papel do professor, ou daquele que ensina, é 
facilitar a aprendizagem de novos comportamentos.
80
Universidade do Sul de Santa Catarina
Aprender é um processo no qual o aprendiz, ou aquele que 
aprende, apresenta um comportamento novo que não fazia parte 
de seu repertório comportamental anterior. Esse processo no 
qual o organismo aprende um comportamento novo pode ocorrer 
devido à interação do organismo com o ambiente sem mediação 
de outra pessoa. Ou pode ocorrer aprendizagem por intermédio 
de outra pessoa – é o caso do professor que ensina nas escolas, ou 
dos pais que educam seus filhos, ou do psicólogo que ensina um 
cliente a lidar com seus sentimentos no trabalho.
Considere como exemplo um pai que vai ensinar 
o filho a andar de bicicleta sem apoio das rodinhas 
laterais. O filho sabe andar de bicicleta com rodinhas, 
mas não sabe andar de bicicleta sem rodinhas. É 
possível afirmar que o comportamento “andar de 
bicicleta sem rodinhas” não faz parte do repertório 
comportamental do garoto. e o que ele pode fazer 
para aprender esse novo comportamento? ele pode 
pegar a bicicleta sem rodinhas e ficar tentando até 
conseguir, mas se arriscando a cair e se machucar. Ou 
o pai pode ajudá-lo a aprender com mais segurança.
Ao ensinar o filho a andar de bicicleta sem rodinhas o que o pai 
deve fazer? Primeiramente ele deve disponibilizar ao filho as 
condições físicas e materiais para o aprendizado: adquirir uma 
bicicleta sem rodinhas e levar o filho para um local onde não haja 
movimento de carros e onde haja espaço e condições suficientes 
para andar de bicicleta. A segunda coisa a fazer é instruir o 
garoto a como andar de bicicleta sem rodinhas: explicar como 
dar o impulso inicial, como equilibrar-se em cima da bicicleta, 
como guiá-la, como fazer para parar a bicicleta etc. Com as 
condições necessárias e com as informações relevantes, é hora de 
o garoto começar a se comportar, utilizando as condições físicas 
disponíveis (bicicleta e local apropriado) e as informações dadas 
pelas instruções do pai. 
Além das condições físicas e das instruções adequadas, o pai 
pode auxiliar o garoto a se comportar. Ele pode segurar a 
bicicleta no cano sob o banco e empurrar o garoto, auxiliando 
no equilíbrio. Aos poucos, o pai pode ir soltando e deixando 
o garoto pedalar sozinho. O tempo que o pai segura o cano 
da bicicleta pode ir diminuindo aos poucos, até que o garoto 
81
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
não precise mais de ajuda. Pronto, o garoto aprendeu um novo 
comportamento que antes não fazia parte do seu repertório 
comportamental. Tudo aquilo que o pai faz é para auxiliar uma 
aprendizagem mais rápida e com menores (ou nenhum) prejuízos 
ao filho.
Algo similar ocorre com o ensino nas escolas. Ser professor não 
significa apenas apresentar um monte de informações para os 
alunos em uma aula expositiva, pedir que os alunos leiam textos 
referentes ao assunto e depois cobrar as informações em prova. O 
que se está ensinando aos alunos é apenas repetir as informações 
que eles ouviram em sala e que leram em casa nos textos.
O que realmente faltou nesse processo de ensino?
O professor deve ensinar aos alunos o que fazer com as 
informações da aula e dos textos. O professor deve ensinar os 
alunos a apresentarem novos comportamentos com o auxílio das 
informações da aula e dos textos. Você consegue relacionar com 
o exemplo do pai que ensina o filho a andar de bicicleta? Não 
bastava o pai dar as condições físicas necessárias ao garoto e dizer 
a ele como andar de bicicleta. O pai precisou auxiliar o filho a se 
comportar em cima da bicicleta, até que ele fosse capaz de andar 
de bicicleta sozinho. Esse era o objetivo de ensino. 
Se o professor quer que os alunos se tornem futuros profissionais, 
ele deve auxiliar os alunos a apresentar comportamentos 
profissionais relevantes, utilizando as informações de textos ou 
de aula. Não basta ensinar a um futuro violinista toda a teoria 
da música e dar-lhe textos para leitura sobre execução de violino. 
Se o aluno não for capaz de tocar um violino, ele não poderá ser 
chamado de violinista. Dar diversos textos para um estudante 
de odontologia ler e dar diversas aulas sobre como arrancar um 
dente é apenas uma parte do processo de ensinar-aprender. O 
professor deve orientar o aluno a usar aquelas informações da aula 
e dos textos, de modo a ajudá-lo a apresentar o comportamento 
“arrancar um dente”. 
82
Universidade do Sul de Santa Catarina
E qual a relação do ensinar e aprender com a modificação de 
comportamentos? A modificação de comportamento ocorre 
sempre que alguém aprende um comportamento novo ou sempre 
que alguém ensina um comportamento novo a outra pessoa. 
Pegue o exemplo, novamente, do pai que ensinou o filho a andar 
de bicicleta. O filho sabia andar de bicicleta com rodinhas. Esse 
comportamento, “andar de bicicleta com rodinhas”, foi alterado/
modificado. O pai ensinou o garoto a andar de bicicleta sem 
rodinhas. O comportamento de andar de bicicleta foi, portanto, 
modificado. Antes o garoto só andava de bicicleta com o auxílio 
de rodinhas. Agora, ele pode andar de bicicleta sem rodinhas. 
O comportamento do filho foi modificado por intermédio 
da intervenção do pai. Modificar um comportamento é o 
mesmo que aprender um comportamento novo ou ensinar um 
comportamento novo a alguém.
Agora ficou fácil relacionar ensino e aprendizagem com 
modificação do comportamento? E quanto às relaçõesde análise 
e síntese de comportamentos com os processos de ensinar e 
aprender, que relações são essas? 
Sempre que se deseja ensinar novos comportamentos a alguém, é 
preciso analisar o comportamento a ser ensinado. Ao analisar um 
comportamento, é preciso identificar:
 � cada um dos elementos que constituem esse 
comportamento;
 � de qual componente do comportamento (classe de 
estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de 
estímulos conseqüentes) cada um desses elementos faz 
parte;
 � as relações que se estabelecem entre esses elementos.
É importante analisar o comportamento, para caracterizar 
adequadamente aquilo que se deseja ensinar. O pai que 
ensinou o filho a andar de bicicleta, por exemplo, analisou o 
comportamento “andar de bicicleta sem rodinhas” antes de 
ensinar o filho a andar de bicicleta. 
Quando o filho aprendeu o novo comportamento, “andar de 
bicicleta sem rodinhas”, o pai ajudou o filho a sintetizar um novo 
comportamento. Ao ensinar um novo comportamento a um 
83
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
aprendiz, aquele que ensina está ajudando o aprendiz a sintetizar 
um novo comportamento. Ao analisar o comportamento “andar 
de bicicleta sem rodinhas”, o pai precisou analisar qualquer 
comportamento de andar de bicicleta de outra pessoa que já saiba 
andar de bicicleta sem rodinhas. Ele poderia ter analisado o seu 
próprio comportamento “andar de bicicleta sem rodinhas”, para 
descobrir quais respostas precisariam ser apresentadas, diante de 
quais aspectos do ambiente e quais conseqüências necessitariam 
ser produzidas por essas respostas. Quando ensina seu filho a 
andar de bicicleta sem rodinhas, o pai está auxiliando o filho 
a sintetizar um comportamento novo a partir dos elementos 
que constituem tal comportamento. Ou seja, o comportamento 
“andar de bicicleta sem rodinhas” do filho foi aprendido, ele 
ocorreu. Veja a análise e síntese do “andar de bicicleta sem 
rodinhas” no Quadro 3.5.
Quadro 3.5 – Representação da decomposição (análise) do comportamento “andar de bicicleta sem 
rodinhas” feita pelo pai em seus elementos constituintes menores “elemento A”, “elemento B”, 
“elemento C”, etc., seguido da composição (síntese) desses elementos em um novo comportamento, 
o “andar de bicicleta sem rodinhas” do filho. 
Há muitos outros exemplos que podem ser citados, nos quais 
um organismo auxilia outro a sintetizar novos comportamentos. 
Um técnico de vôlei pode criar uma jogada para seu time e 
fazer seus jogadores a praticarem. Ele está ensinando um novo 
comportamento de jogo para seus atletas. A nutricionista que 
elabora um cardápio alimentar para um diabético está alterando 
o repertório comportamental deste. O diabético está sintetizando 
novos comportamentos alimentares. Ou então, uma fisioterapeuta 
que auxilia uma pessoa com problemas na coluna a sentar 
corretamente. A pessoa está aprendendo a sentar corretamente, 
sem prejudicar sua coluna. 
Comportamento 
“andar de bicicleta sem 
rodinhas” do filho
Comportamento 
“andar de bicicleta 
sem rodinhas”
elemento “A”
elemento “C”
elemento “B”
...
Análise Síntese
84
Universidade do Sul de Santa Catarina
E o psicólogo (ou psicóloga, claro) também lida com a 
síntese de comportamentos nos mais diversos contextos. Na 
clínica, o psicólogo pode auxiliar o paciente a aprender novos 
comportamentos para que ele possa lidar melhor com suas 
emoções. Ou então, o psicólogo organizacional que precisa 
auxiliar os funcionários de uma empresa na aprendizagem de 
novos comportamentos para operar uma nova máquina. E o 
psicólogo hospitalar que irá ensinar à gestante comportamentos 
para lidar com a depressão pós-parto. Enfim, em todas essas 
situações, é importante que a pessoa que ensina analise o 
comportamento a ser ensinado.
Qualquer processo de ensino exige que se conheçam os elementos 
que compõem o comportamento a ser ensinado e quais são as 
relações entre esses elementos. É, portanto, útil (e por que não 
necessário?) analisar o comportamento que se deseja ensinar. 
Ao aprender um novo comportamento, qualquer organismo 
está sintetizando esse comportamento novo. Nesse processo de 
aprender novos comportamentos, pode haver um organismo que 
auxilia o outro a aprender esses novos comportamentos.
Existem alguns processos básicos pelos quais os organismos 
aprendem novos comportamentos. E esses processos básicos 
já foram bem estudados e caracterizados pela Análise do 
Comportamento. Conhecê-los é importante para que qualquer 
organismo que ensina possa usá-los (ou deixar de usá-los) ao 
ensinar algum comportamento a outro organismo. Na próxima 
seção, você estudará esses processos básicos. Vamos lá?
85
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
SEÇÃO 3 – Contingências de reforçamento e sua 
relação com os processos de ensinar e aprender
As contingências de reforçamento são os processos básicos 
pelos quais os organismos aprendem novos comportamentos. A 
palavra “contingência” significa possibilidade. Caracteriza algo 
que é possível, em oposição a algo que é necessário. Ao falar de 
contingência em relação ao comportamento, o termo se refere 
à natureza das relações entre classe de estímulos antecedentes, 
classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes. 
Contingência de reforçamento caracteriza a probabilidade de 
influência entre esses três componentes do comportamento. As 
contingências de reforçamento caracterizam a maneira como uma 
determinada conseqüência altera a probabilidade de ocorrência da 
classe de respostas que a produziu e de todo o sistema de relações 
no qual a conseqüência ocorre.
Existem cinco tipos de contingência de reforçamento:
(1) Contingência de reforço positivo; 
(2) Contingência de reforço negativo; 
(3) Contingência de punição positiva;
(4) Contingência de punição negativa; 
(5) Extinção. 
Vamos agora estudar mais detalhadamente cada um destes 
aspectos.
(1) Contingência de reforço positivo – processo no qual 
é apresentado ou produzido um estímulo gratificante (ou 
reforçador), que aumenta a probabilidade de ocorrência da classe 
de respostas que produziu esse estímulo gratificante. Como 
efeito básico, ocorre o fortalecimento das relações entre classe de 
estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes.
86
Universidade do Sul de Santa Catarina
Um estímulo gratificante (ou reforçador) é caracterizado por 
todo estímulo que aumente a probabilidade de ocorrência da 
classe de respostas que o produziu. Se não há um aumento nessa 
probabilidade, o estímulo não pode ser nomeado de reforçador. 
O termo positivo não se refere à qualidade do estímulo – se o 
estímulo é bom ou ruim, gratificante ou aversivo. O “positivo” se 
refere à apresentação/acréscimo/inclusão de algo. É apresentado 
ou produzido um estímulo reforçador. 
Considere a seguinte situação: Pedro é um garoto de 
quatro anos de idade. Seu tio mora em outra cidade, 
mas gosta de visitar o sobrinho. em uma das vezes 
que o tio foi visitar Pedro, este pediu para o tio um 
chocolate. O tio comprou o chocolate e o deu a Pedro. 
Nas visitas seguintes, Pedro passou insistentemente a 
pedir chocolate para o tio, e este sempre agradava o 
sobrinho e lhe comprava o chocolate.
 
O que ocorreu com Pedro? Pedro aprendeu a pedir chocolate 
para o tio. O chocolate é o estímulo gratificante para Pedro. 
O primeiro chocolate que Pedro ganhou ao pedi-lo ao tio 
aumentou a probabilidade de Pedro voltar a pedir chocolate ao 
tio na próxima vez que ele o viesse visitar. Mas não são apenas 
alimentos os estímulos gratificantes/reforçadores. 
Um rapaz que aprendeu a estudar muito provavelmente obteve 
conseqüências gratificantes ao estudar. Pode ser que ele tenha 
conseguido aprovação dos pais ao estudar muito. A aprovação dos 
pais fortaleceu as relações do comportamento “estudar muito” e 
aumentou a probabilidade de ocorrência desse comportamento. 
Também é possível que o rapaz tenha aprendido a estudar muito 
porque o estudar muito aumentaseu nível de conhecimento 
sobre a realidade. Nesse último caso, o aumentar o nível de 
conhecimento é o estímulo reforçador. 
Ou então, uma pessoa que ajuda outras pessoas porque gosta de 
vê-las bem. A pessoa provavelmente aprendeu a ajudar os outros 
porque um dia ela ajudou e viu a outra pessoa que foi ajudada 
bem. O produto do ajudar – a outra pessoa ficar bem – é o 
estímulo gratificante/reforçador. Enfim, o núcleo da contingência 
de reforço positivo é o aumento da probabilidade de ocorrência da 
classe de respostas que produziu o estímulo gratificante.
87
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
É importante cuidar ao classificar um estímulo como gratificante/
reforçador. Um estímulo gratificante não o é por si só. Um chocolate 
ou um alimento não é reforçador só por ser um alimento. Todo 
estímulo gratificante/reforçador é gratificante/reforçador na relação 
com o organismo. Se um organismo já está saciado de comer 
chocolate, este perde seu valor gratificante para o organismo naquele 
momento. E também o que é reforçador para um organismo, 
pode não ser para outro. O jogo de futebol de domingo pode ser 
gratificante/reforçador para o marido, mas não para a esposa. Assim 
como o passeio pelo shopping pode ser gratificante/reforçador para a 
esposa, e não para o marido.
(2) Contingência de reforço negativo – processo no qual é retirado 
um estímulo aversivo, aumentando a probabilidade de ocorrência da 
classe de respostas que eliminou esse estímulo aversivo. Como efeito 
básico, ocorre o fortalecimento das relações entre classe de estímulos 
antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes.
Um estímulo aversivo tem três características básicas: (1) é todo 
estímulo que deixa o organismo em estado de desconforto; (2) 
diminui a freqüência da classe de respostas que o produz; e (3) 
aumenta a probabilidade de ocorrência da classe de respostas que o 
elimina. O termo “negativo” também não se refere à qualidade do 
estímulo, mas sim à sua eliminação ou retirada. 
Alfredo está em seu quarto, tentando estudar. No 
entanto, Alfredo não consegue estudar porque seu 
irmão está no quarto ao lado ouvindo música com 
volume alto. Alfredo resolve então fechar a porta do 
quarto. Ao fechá-la, Alfredo não conseguia mais ouvir 
a música do quarto do irmão e, então, conseguiu 
estudar tranquilamente. em todas as tardes seguintes 
em que Alfredo precisava estudar e que seu irmão 
estava em casa ouvindo música, ele fechava a porta 
do quarto para não ouvir o som do quarto do irmão.
 
Alfredo aprendeu um novo comportamento. Ele aprendeu a fechar a 
porta do quarto para eliminar o som da música provindo do quarto 
do irmão. O som alto é o estímulo aversivo. E o fechar a porta 
elimina esse estímulo. Em situações similares posteriores, Alfredo 
voltou a fechar a porta do quarto para não ouvir a música do quarto 
do irmão. Portanto é uma contingência de reforço porque houve um 
aumento na probabilidade de ocorrência desse comportamento.
88
Universidade do Sul de Santa Catarina
(3) Contingência de punição positiva – processo no qual é 
apresentado ou produzido um estímulo aversivo que diminui a 
probabilidade de ocorrência da classe de respostas que produziu 
esse estímulo aversivo. O comportamento fica suprimido, ou 
seja, ele deixa de ocorrer na presença do estímulo aversivo ou 
do agente punidor. Mas as relações entre classe de estímulos 
antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes NÃO são enfraquecidas e, portanto, na ausência 
do estímulo aversivo ou do agente punidor, o comportamento 
punido volta a ocorrer.
Relembrando, um estímulo aversivo é todo estímulo que (1) 
deixa o organismo em estado de desconforto, (2) diminui a 
probabilidade de ocorrência da classe de respostas que produziu 
esse estímulo e (3) aumenta a probabilidade de ocorrência da 
classe de respostas que o elimina. A classe de respostas que 
produziu o estímulo aversivo volta a ocorrer se o estímulo 
aversivo ou o agente punidor não estiverem presentes. Não há, 
portanto, um enfraquecimento das relações entre os componentes 
do comportamento na contingência de punição positiva. 
Um garoto começou a colar nas provas para tirar 
notas melhores. em certa prova, o professor o pegou 
colando (olhando a prova do colega) e o repreendeu 
tirando a prova e lhe dando zero. Depois desse dia, o 
garoto não mais colou em provas. No ano seguinte, 
o garoto passou de série e começou aulas com uma 
nova professora. Nas provas, ele voltou a colar.
 
A nota zero é o estímulo aversivo aplicado pelo agente punidor 
– o professor. A probabilidade de ocorrência da resposta que 
produziu tal estímulo – olhar a prova do colega – fica diminuída 
na presença do agente punidor. O comportamento fica suprimido, 
mas não há o enfraquecimento de suas relações. Tanto que o 
garoto volta a apresentar esse comportamento quando muda de 
ano e é uma nova professora quem passa a ministrar as aulas e 
provas. Além de ter esse efeito de não enfraquecer as relações 
entre os componentes do comportamento indesejado, a punição 
pode ampliar o repertório comportamental do garoto. Se ele foi 
pego olhando a prova do colega, ele pode, da próxima vez, trazer 
89
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
um papel escrito em baixo da camiseta. Ou então, é possível que 
ele tente olhar os livros sob a carteira. Ele aprende a apresentar 
outros tipos de resposta para fazer a mesma coisa – colar em 
prova. 
(4) Contingência de punição negativa – processo no qual é 
retirado um estímulo reforçador, diminuindo a probabilidade 
de ocorrência da classe de respostas que eliminou esse estímulo 
reforçador. O comportamento fica suprimido, ou seja, ele deixa 
de ocorrer na presença do agente punidor. As relações entre 
classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de 
estímulos conseqüentes NÃO são enfraquecidas e, portanto, na 
ausência do agente punidor o comportamento punido volta a 
ocorrer.
Maria é uma menina de três anos que vive grudada 
com seu ursinho de pelúcia. O pai de Maria não gosta 
que sua filha entre em seu escritório em casa. Um dia, 
quando Maria entrou no escritório, o pai ficou bravo 
e lhe tirou o ursinho de que ela tanto gosta. Depois 
desse incidente, Maria não mais se aproximou do 
escritório, quando o pai estava presente. No entanto, 
quando o pai ia trabalhar, Maria ia passear pelo 
escritório e ficava lá brincando.
 
Ir para o escritório é a resposta de Maria que foi punida com 
a retirada do estímulo reforçador – seu ursinho de pelúcia. 
Novamente, não há o enfraquecimento das relações entre os 
componentes do comportamento indesejado. O comportamento 
fica suprimido enquanto o pai está presente, mas Maria continua 
a ir para o escritório na ausência do pai – o agente punidor. 
(5) Contingência de extinção – processo no qual nenhum 
estímulo é retirado ou produzido pela classe de respostas. A 
classe de respostas do organismo ocorre, mas ela não tem efeito 
sobre os aspectos do ambiente que alteram sua probabilidade 
de ocorrência. Com isso, as relações entre classe de estímulos 
antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes são enfraquecidas e o comportamento deixa de 
ocorrer. 
90
Universidade do Sul de Santa Catarina
Joana não suporta choro. Toda vez que seu filho 
pequeno começava a chorar, ela lhe dava um pedaço 
de chocolate. Joana começou a perceber que seu filho 
passou a chorar algumas vezes sem motivo aparente, 
e ela começou a desconfiar. ela passou então a não dar 
mais chocolate para o menino quando este chorasse. 
em alguns dias, o menino parou de chorar quando 
não havia motivos aparentes.
 
O comportamento “chorar para ganhar chocolate” do filho 
de Joana foi fortalecido, pois sempre que o garoto chorava, a 
mãe lhe dava um estímulo reforçador (o chocolate). Quando o 
choro deixa de produzir a conseqüência gratificante, as relações 
entre os componentes desse comportamento se enfraquecem e a 
probabilidade de ocorrênciado comportamento diminui. 
Dentre as cinco contingências básicas de reforçamento, as de 
reforço (positivo e negativo) são as que se têm mostrado mais 
eficazes em processos de ensinar e aprender. As relações entre 
os componentes do comportamento que se deseja ensinar se 
fortalecem e há um aumento na probabilidade de ocorrência 
desses comportamentos. Nas contingências de punição (positiva 
ou negativa) não há um enfraquecimento das relações entre os 
componentes do comportamento indesejado. Há uma supressão 
momentânea da resposta, enquanto há a presença do estímulo 
ou do agente punidor. Na ausência de ambos, o comportamento 
indesejado volta a ocorrer. A punição tem se mostrado pouco 
eficaz em processos de ensinar e aprender. As contingências 
de extinção são eficazes para diminuir a probabilidade de 
ocorrência de comportamentos indesejados, pois, na extinção, 
ocorre o enfraquecimento das relações entre os componentes 
do comportamento. A contingência de extinção unida às 
contingências de reforço têm se mostrado úteis em processos de 
ensinar e aprender.
Agora, para praticar os conhecimentos conquistados, você pode 
realizar as atividades propostas nesta unidade. 
91
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
Síntese
Nessa terceira seção, você estudou alguns conceitos básicos 
relacionados à modificação de comportamentos. Dentre esses 
conceitos, estão o ensinar, o aprender, o sintetizar e o analisar 
comportamentos e as contingências de reforçamento. Além de 
estudar todos esses conceitos, você pôde caracterizar as relações 
entre cada um deles. 
Analisar e sintetizar comportamentos são processos 
complementares. Analisar um comportamento significa 
decompor esse comportamento em seus elementos constituintes 
para caracterizar quais são esses elementos, de quais componentes 
(classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de 
estímulos conseqüentes) eles fazem parte e quais as relações que 
se estabelecem entre cada um deles. Na síntese, esses elementos 
são combinados, permitindo que um novo comportamento, 
similar ao comportamento analisado, ocorra.
Ensinar é um processo que se caracteriza por disponibilizar 
condições necessárias para que o aprendiz aprenda um 
determinado comportamento, sendo que o objetivo de ensino 
é sempre fazer com que o aluno aprenda o comportamento 
desejado. Aprender é um processo no qual o aprendiz apresenta 
um comportamento novo, que não fazia parte de seu repertório 
comportamental anterior. Para ensinar é preciso analisar o 
comportamento objetivo e, ao aprender, o organismo que aprende 
está sintetizando um novo comportamento.
Quando um organismo aprende, ele está ampliando seu 
repertório comportamental. Isso significa que os comportamentos 
de seu repertório comportamental estão sendo modificados. 
Essa modificação de comportamentos que ocorre por meio 
dos processos de ensinar e aprender é o que se denomina de 
modificação de comportamentos. 
92
Universidade do Sul de Santa Catarina
É possível modificar comportamentos por meio de cinco 
processos básicos chamados de contingências de reforçamento. 
Contingência de reforçamento caracteriza de que maneira 
uma determinada conseqüência altera a probabilidade de 
ocorrência da classe de respostas que a produziu e de todo 
o sistema de relações na qual a conseqüência ocorre. As 
contingências de reforço se caracterizam pelo aumento da 
probabilidade de ocorrência do comportamento de interesse 
devido ao fortalecimento das relações entre os componentes 
desse comportamento. Nas contingências de punição ocorre uma 
diminuição da probabilidade de emissão da classe de respostas 
do comportamento indesejado na presença do agente punidor. 
Não há, na punição, um enfraquecimento das relações entre 
os componentes do comportamento. Já, na extinção, ocorre a 
diminuição da freqüência do comportamento indesejado, pois há 
um enfraquecimento das relações entres seus componentes.
Dentre as cinco contingências básicas de reforçamento, a de 
extinção unida às contingências de reforço (positivo e negativo) 
têm se mostrado mais eficazes em processos de ensinar e 
aprender. E as contingências de punição (positiva e negativa) têm 
se mostrado pouco eficazes em processos de ensinar e aprender, 
pois só alteram a probabilidade de ocorrência da resposta do 
comportamento indesejado na presença do agente punidor.
93
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
Atividades de auto-avaliação
efetue as atividades de auto-avaliação e, a seguir, acompanhe as respostas 
e comentários a respeito. Para melhor aproveitamento do seu estudo, 
realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as 
atividades propostas.
1) O que significa analisar comportamentos? 
2) O que significa sintetizar comportamentos? 
94
Universidade do Sul de Santa Catarina
3) Caracterize as cinco contingências básicas de reforçamento.
 
Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você 
poderá pesquisar os seguintes livros:
Síntese e Análise
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: 
Loyola, 2001. 3.115 pg.
NAVEGA, Sérgio. Pensamento crítico e argumentação sólida. 
São Paulo: Publicações Intelliwise, 2005. 312 p.
Aprendizagem
CATANIA, Anthony Charles. Aprendizagem: comportamento, 
linguagem e cognição. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1999. 467 p.
95
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 3
Contingências de reforçamento
HOLLAND, James Gordon & SKINNER, Burrhus Frederic. A 
análise do comportamento. 6ª reimpressão. São Paulo: E.P.U., 
1975. 337 p. Disponível em inglês como software em: <http://
www.bfskinner.org/educational.html>
KELLER, Fred Simmons & SCHOENFELD, William 
Nathan. Princípios de Psicologia: um texto sistemático na 
ciência do comportamento. 5ª reimpressão. São Paulo: E. P. U., 
1973. 451 p.
MILLENSON, John Rodney. Princípios de análise do 
comportamento. Brasília: Coordenada, 1975. 461 p.
SKINNER, Burrhus Frederic. Ciência e comportamento 
humano. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1967. 252 p. 
Disponível em inglês: <http://www.bfskinner.org/f/Science_and_
Human_Behavior.pdf>. Acesso em 12 de dezembro de 2008.
4UNiDADe 4
Programar modificação de 
comportamento 
 
Objetivos de aprendizagem
� Observar comportamentos;.
 � Caracterizar repertório de comportamentos de um 
organismo.
 � identificar comportamentos a serem modificados.
 � Analisar comportamentos a serem modificados.
 � identificar comportamentos a serem ensinados a um 
organismo.
 
Seções de estudo
Seção 1 identificando situações que exigem modificação 
de comportamentos
Seção 2 Observando diretamente comportamentos a 
serem modificados
Seção 3 Analisando comportamentos a serem 
modificados
98
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
 
Na Unidade 3, você estudou o que é modificar um 
comportamento. Lembra? Modificar um comportamento ocorre 
quando alguém aprende um comportamento novo ou quando 
alguém ensina a outra pessoa um comportamento novo. Para 
ensinar, a pessoa precisa analisar (decompor) o comportamento 
a ser ensinado. Quando o novo comportamento é aprendido, 
aquele que aprende está sintetizando (compondo) um novo 
comportamento.
Com essa rápida revisão da Unidade 3, você pôde perceber que 
alguns conceitos são essenciais para programar modificação de 
comportamento. Você consegue identificá-los? São eles:
 � Comportamento;
 � Modificar comportamento;
 � Ensinar;
 � Aprender;
 � Analisar comportamento;
 � Sintetizar comportamento.
Estes seis conceitos são importantes para você iniciar a Unidade 
4. Ao final desta, você estará apto(a) a programar modificações de 
comportamentos. Vamos começar?
 
99
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
SEÇÃO 1 – Identificando situações que exigem 
modificação de comportamentos 
 
Modificar um comportamento ocorre quando alguém ensina um 
comportamento a outra pessoa ou quando alguém aprende um 
novo comportamento. Há somente uma condição quepossibilita 
afirmar que alguém ensina um comportamento a outra pessoa: 
é quando alguém aprende o comportamento que foi ensinado. 
Lembra que, se não há aprendizagem, não há ensino? Um 
professor vai ensinar seu aluno a escrever, por exemplo, e o aluno 
não aprende a escrever. Se um aluno não aprendeu, é possível 
dizer que o professor ensinou? 
O que é central, portanto, na modificação de 
comportamento é a aprendizagem de novos 
comportamentos.
Qualquer pessoa pode aprender sozinha um novo 
comportamento. Sozinha no sentido de não necessitar de 
ajuda de outras pessoas. Também é possível aprender novos 
comportamentos como produto do comportamento de ensinar 
de alguém. As etapas do processo de modificar comportamentos, 
que serão discutidas aqui, servem para ambas as situações. No 
entanto será dado mais enfoque a modificar comportamento 
envolvendo o ensinar, por duas razões que explicito a seguir.
(1) Quando se aprende novos comportamentos sem auxílio de 
alguém que ensina, não é necessário seguir à risca todas as etapas 
do processo de modificar comportamentos que serão descritas 
nesta Unidade 4. 
(2) Toda vez que se quer ensinar um novo comportamento a 
alguém, é importante seguir as etapas do processo de modificar 
comportamentos as quais serão descritas aqui, como forma de 
maximizar a possibilidade de que o outro aprenda esse novo 
comportamento.
100
Universidade do Sul de Santa Catarina
Nesta Seção 1 da Unidade 4, você estudará quais são as primeiras 
etapas do processo de modificar comportamento. Dito de outra 
forma, quais são as primeiras decisões que alguém precisa realizar 
para modificar um comportamento. 
A primeira coisa a ser feita em um processo de modificar 
comportamentos é identificar uma situação que exige modificação 
de comportamentos e que precise da intervenção do psicólogo (ou 
da intervenção de um profissional que tenha um conhecimento 
básico sobre comportamento). A primeira coisa a ser feita, 
portanto, em um processo de modificação de comportamentos é 
identificar situações que exijam a intervenção de um profissional 
para modificar comportamentos. A intervenção profissional irá 
caracterizar-se por alterar as situações que exigem a modificação 
de comportamentos.
Mas o que são situações onde há exigência de que o 
profissional modifique comportamentos?
 
Para facilitar entender o que são situações onde há exigência de 
que o profissional modifique comportamentos de alguém, elas 
serão divididas em dois grupos: 
(1) situações nas quais há um organismo (ou mais) apresentando 
um comportamento indesejável; 
(2) situações nas quais é necessário um organismo aprender um 
novo comportamento.
Em situações nas quais há um organismo apresentando um 
comportamento indesejável, o profissional que irá intervir, 
deve modificar esse comportamento. De que maneira ele pode 
fazer isso? Ele ensinará ao organismo outro comportamento, 
preferencialmente um que seja incompatível com o 
comportamento indesejável, e extinguirá o comportamento 
indesejável. Um comportamento é incompatível com outro 
quando ambos não podem ser apresentados simultaneamente. 
Indesejável aqui é entendido 
como comportamento 
que exige custo alto de 
resposta pelo organismo 
(físico, social, emocional, 
financeiro) – o organismo se 
esforça muito para apresentar 
uma única resposta. 
Também é indesejável 
um comportamento que 
produz sofrimento ou 
desconforto para a pessoa 
que se comporta e para as 
pessoas no seu entorno. 
Em certas condições, um 
comportamento indesejável 
pode apresentar ambas 
características: envolver 
respostas de alto custo e 
produzir sofrimento para 
o organismo e para outras 
pessoas. 
101
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
É possível mascar chiclete e caminhar ao mesmo 
tempo – não são incompatíveis. Mas não é possível 
deglutir um alimento e respirar ao mesmo tempo – 
são incompatíveis.
Podemos ampliar os exemplos acima: pense em uma criança 
que vive xingando as pessoas. Você pode ensiná-la a elogiar ao 
invés de xingar. O “elogiar” é incompatível com o “xingar”. Ela 
não pode xingar e elogiar uma pessoa ao mesmo tempo. Você 
deve ter pensado que a criança pode elogiar e depois xingar uma 
pessoa. Sim, isso é possível, apresentar os dois comportamentos, 
um seguido do outro. Por isso é importante extinguir o 
comportamento “xingar”. Portanto, em situações onde há 
um organismo apresentado comportamentos indesejáveis, 
o profissional deve modificar esse tipo de comportamento, 
ensinando outros comportamentos incompatíveis com o 
comportamento indesejado. Além disso, o comportamento 
indesejável deve ser extinto. Lembra da contingência de extinção 
descrita na Unidade 3? 
No segundo grupo – situações nas quais é necessário um 
organismo aprender um novo comportamento – o profissional deve 
intervir, ensinando algum novo comportamento a um organismo. 
Observe que não há um comportamento indesejável, que precisa 
ser “substituído” por outro comportamento. O que ocorre é que o 
organismo precisa apresentar um novo comportamento que ainda 
não faz parte do seu repertório comportamental. 
Considere um dentista que necessita da ajuda de seu 
auxiliar para fazer limpeza nos dentes de um paciente. 
enquanto faz a limpeza de dentes, o dentista precisa 
que seu auxiliar faça a sucção de líquidos e saliva da 
boca do paciente. Se o auxiliar não sabe fazer a sucção 
dos líquidos e saliva, ele precisa aprender. Perceba 
que o auxiliar não apresenta comportamentos 
indesejáveis. O que ocorre é que um comportamento 
desejável – fazer sucção de líquidos e saliva da 
boca do paciente – não faz parte do repertório 
comportamental do auxiliar. ele precisa, portanto, 
aprender esse novo comportamento.
Repertório 
comportamental são todos 
os comportamentos que 
um organismo é capaz 
de apresentar até aquele 
momento. Se ele aprender 
um comportamento novo, 
ele ampliará seu repertório 
comportamental.
102
Universidade do Sul de Santa Catarina
Agora ficou mais claro o que é uma situação que exige 
modificação de comportamentos? Que tal prosseguir e descobrir 
como se identificam essas situações?
Geralmente, ocorre que as situações as quais exigem modificação 
de comportamento são identificadas por meio de uma queixa. 
Uma queixa ocorre quando uma pessoa ou instituição procura 
um determinado profissional e relata a ele que está enfrentando 
algum tipo de dificuldade ou problema. Por exemplo, um 
pescador que não consegue mais encontrar peixes nos locais onde 
costuma pescar pode buscar ajuda de um biólogo para saber o 
que ele precisará fazer para encontrar outros peixes para pescar. 
O problema, nesse caso, é caracterizado pelos determinantes que 
fizeram com que os peixes sumissem naquele local (por exemplo: 
grau elevado de poluentes na água, desaparecimento de alimentos 
para os peixes naquele local, alteração da temperatura, etc.). 
A queixa é caracterizada pelo pedido de ajuda do pescador ao 
biólogo. 
É possível também citar um exemplo que exige modificação 
de comportamento. Uma empresa pode estar tendo problemas 
de produção devido à falta de preparo de seus funcionários em 
lidar com as máquinas da empresa. A direção da empresa pode 
contratar um psicólogo e um engenheiro os quais conheçam as 
máquinas, para que possam ensinar aos funcionários a como lidar 
com elas.
Em alguns casos, a queixa pode não corresponder ao problema. 
Um rapaz que procura ajuda de um psicólogo pode queixar-se 
de angústia, sensação de fracasso e desmotivação para estudar 
e trabalhar. O psicólogo, ao investigar a situação a partir 
dessas queixas, descobre que o rapaz trabalhava com pessoas 
que considerava rudes e prepotentes, quase não tinha amigos 
e colegas, encontrava muita dificuldade nas disciplinas do 
curso universitário que fazia e, freqüentemente, não conseguia 
atender de modo satisfatório as exigências do trabalho. Diante 
de tudo isso, o rapaz não fazia nada para mudar essas situações. 
Ele tendia a ficar quieto, calado e deixar as situaçõescomo 
estavam. Ao ficar quieto e deixar as coisas como estavam, o rapaz 
apresentava sentimentos de angústia, fracasso e desmotivação 
para os estudos e trabalho. O problema, portanto, não são esses 
sentimentos, mas sim a maneira como o rapaz lidava com as 
situações do seu cotidiano na escola e no trabalho. 
103
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Como outro exemplo, podemos citar uma escola na qual as 
crianças estão tirando muitas notas baixas, e o diretor se queixa 
ao coordenador pedagógico da escola, dizendo que as crianças 
tiram notas baixas porque têm dificuldade de aprendizagem. O 
coordenador pedagógico, ao observar algumas aulas, identifica 
que não são as crianças que têm problemas com os estudos, mas 
são os professores que não estão sabendo ensinar as crianças. 
Novamente, a queixa não corresponde ao problema enfrentado. O 
problema que precisa ser resolvido, portanto, é que os professores 
precisam aprender novos procedimentos de ensino, para que 
possam ensinar melhor seus alunos. O coordenador pedagógico 
identificou o problema e, assim, pôde propor à escola um curso 
para melhorar os procedimentos de ensino dos professores.
A queixa pode dar indícios do problema que a pessoa ou 
instituição esteja enfrentando. Mas é importante identificar qual 
é a real demanda que exige modificação de comportamento. O 
profissional pode investigar melhor a queixa, fazendo perguntas 
específicas para a pessoa ou para a instituição que necessita de 
auxílio; ou pode ir presenciar a situação-problema. 
É também possível que o profissional identifique o problema 
sem o intermédio de uma queixa. Há situações nas quais as 
pessoas envolvidas ou relacionadas não identificam problemas 
ou dificuldades e, portanto, não apresentam queixas. Contudo, o 
profissional, por meio da observação da situação, pode identificar 
os aspectos que, se alterados, podem produzir melhorias para as 
pessoas envolvidas ou relacionadas àquela situação. 
104
Universidade do Sul de Santa Catarina
em uma escola de educação infantil (crianças de 
três a cinco anos de idade), o intervalo do lanche 
era relativamente longo (de 40 a 50 minutos) e 
as crianças, em geral, ficavam ao ar livre em um 
playground. A psicóloga da escola, ao observar as 
crianças brincando, percebeu que, freqüentemente, 
elas brincavam sozinhas e, quando estavam juntas, 
a proximidade não garantia uma interação de 
fato (ficavam somente próximas fisicamente). A 
psicóloga, então, propôs aos monitores da escola 
que acompanhassem essas crianças, aproveitando as 
situações de brincar próximas para incentivar o brincar 
cooperativo. Assim, a interação poderia ficar mais 
intensa e, em certo grau, acelerar o desenvolvimento 
de comportamentos sociais das crianças. Nessa 
situação, não houve queixa por parte das pessoas 
envolvidas (professores, monitores, pais, direção, 
etc.), mas a psicóloga identificou aspectos que, se 
alterados, produziriam melhorias nas interações entre 
as crianças.
 
Portanto, para identificar as situações que exigem 
modificação de comportamentos, o profissional deve ficar 
atento as seguintes características:
 � situações nas quais um determinado sujeito apresenta 
dificuldades em realizar alguma tarefa ou atividade;
 � situações onde há muita reclamação de várias pessoas a 
respeito dos comportamentos de um mesmo sujeito;
 � situações em que outras pessoas evitam se aproximar de 
um determinado sujeito;
 � situações em que um determinado comportamento é 
lesivo ao próprio organismo que se comporta;
 � situações nas quais não há pessoas preparadas para 
realizar determinada atividade;
 � situações nas quais não há pessoas preparadas para 
assumir determinado cargo ou função.
105
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
O que é essencial identificar são os comportamentos 
indesejáveis e as situações as quais exigem que um determinado 
comportamento seja apresentado. Essa identificação pode ser 
feita, porque o profissional presenciou a situação-problema, ou 
então, porque alguém apresentou uma queixa a esse profissional.
Uma vez feita a identificação das situações que exigem 
modificação de comportamento de alguém, o profissional que 
irá intervir para modificar comportamentos pode partir para 
a segunda etapa do processo de modificar comportamentos: 
a observação de comportamentos a serem modificados. Ao 
identificar a situação na qual um eventual problema esteja 
ocorrendo, o profissional que irá intervir pode observar os 
comportamentos indesejáveis que necessitam ser alterados ou as 
situações nas quais um determinado comportamento precisa ser 
apresentado. 
Nas situações onde ocorrem comportamentos indesejáveis, 
o profissional que irá intervir deve observar o próprio 
comportamento indesejável ocorrendo. E nas situações nas quais 
há necessidade de ocorrer um comportamento que o organismo 
não apresenta em seu repertório comportamental, o profissional 
deve observar o repertório comportamental do organismo e deve 
observar a situação que exige o comportamento a ser aprendido.
Mas o que deve ser observado? Como deve ser feita essa 
observação? Que tal iniciar o estudo da Seção 2 para buscar uma 
resposta a estas questões?
SEÇÃO 2 – Observando diretamente comportamentos a 
serem modificados 
Você estudou na seção anterior como identificar situações 
que exigem modificação de comportamentos. Você também 
estudou que há dois tipos de situação que exigem modificação de 
comportamento. 
106
Universidade do Sul de Santa Catarina
O primeiro tipo são situações nas quais há um organismo 
apresentando um comportamento indesejável, e então é 
preciso extinguir o comportamento indesejável e ensinar outro 
comportamento mais apropriado ao organismo. O segundo 
tipo é constituído de situações nas quais é necessário que um 
organismo aprenda um novo comportamento que ainda não faz 
parte do seu repertório comportamental. 
Em ambas as situações mencionadas é preciso identificar 
o problema, observando a situação na qual ele ocorre. Essa 
observação pode ser feita de duas maneiras:
(1) diretamente;
(2) indiretamente.
Na observação direta, o profissional que irá intervir presencia ele 
mesmo a situação que é objeto de observação. Ele irá observar a 
situação na qual irá intervir. Retome o exemplo do biólogo que 
recebeu a queixa do pescador sobre o sumiço dos peixes de um 
local específico. Na observação direta, o biólogo vai até o local 
onde está ocorrendo o sumiço dos peixes e observa a água, a 
qualidade da água, os peixes no local, alterações feitas na região 
(aterros, novas construções, etc.), se houve aumento de detritos na 
água, etc. Ele, portanto, presencia a situação para identificar qual 
é o problema (quais eram os determinantes do sumiço dos peixes) 
e intervir para resolvê-lo. No caso da psicóloga que observou 
as crianças pequenas brincando no playground, também estava 
observando diretamente os comportamentos das crianças.
O psicólogo que observa um atleta jogar vôlei para 
auxiliá-lo na melhora de desempenho, está fazendo 
uma observação direta.
Na observação indireta, o profissional que irá intervir investiga 
a situação por meio de outras fontes de informação. No mesmo 
exemplo do sumiço dos peixes, o biólogo pode investigar a 
situação sem ir ao local. Ele pode perguntar ao pescador se 
houve alguma alteração nas proximidades, desde quando 
os peixes estão sumidos, se ele notou alguma alteração na 
qualidade da água, etc. O biólogo não vai até o local, ele não 
107
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
presencia a situação-problema. O que ele faz é investigar o 
sumiço dos peixes por meio do relato do pescador a respeito 
de possíveis alterações feitas ou ocorridas no local. Por isso a 
observação é indireta.
O psicólogo clínico intervém principalmente por 
meio de observação indireta. Por meio dos relatos 
do paciente sobre o que faz, como faz, o que sente, 
etc., o psicólogo investiga qual é o problema ou a 
situação-problema.
 
Aqui valefazer uma ressalva. Se o biólogo tivesse pedido 
ao pescador que filmasse o local onde os peixes sumiram 
e, posteriormente, assistisse à fita para caracterizar o 
problema, isto seria uma observação direta ou indireta? É 
uma observação direta. O biólogo fez uma observação da 
situação-problema que ele pretende investigar. ele utilizou 
um recurso (um instrumento tecnológico) para registrar a 
situação a ser observada, mas continua sendo observação 
direta. ele observou aquilo que é o objeto de investigação 
– a causa do sumiço dos peixes. Seria uma observação 
indireta, se o biólogo tivesse filmado o pescador falando 
sobre as condições do local, quando os peixes sumiram, etc. 
É possível, então, observar a situação-problema de duas maneiras: 
diretamente ou indiretamente. Mas o que deve ser observado? 
Se o que está em foco é a modificação de comportamento, logo 
o que é preciso observar são comportamentos. Você se lembra da 
definição de comportamento (ver quadro 4.1)? Comportamento 
se caracteriza pelas relações entre a classe de estímulos 
antecedentes, a classe de respostas e a classe de estímulos 
conseqüentes.
108
Universidade do Sul de Santa Catarina
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Quadro 4.1 – Representação esquemática do modo como a Análise do Comportamento representa os 
componentes do comportamento e as relações entre eles (Adaptado de Botomé, 2001).
 
A observação, direta ou indireta, em situações que necessitam ou 
demandam modificação de comportamentos se caracteriza por 
observar comportamentos. Mas não é qualquer comportamento 
que pode ser observado. Em situações nas quais há um 
organismo apresentando um comportamento indesejável, é 
preciso observar esse comportamento indesejável. Nas situações 
onde se deseja ensinar um novo comportamento (não há um 
comportamento indesejável que se deseje extinguir), é preciso 
observar o repertório comportamental do organismo ao qual será 
ensinado o novo comportamento.
Por que é importante observar o repertório 
comportamental do organismo que irá aprender um 
novo comportamento? 
Para ensinar qualquer comportamento para um organismo, é 
preciso levar em consideração aquilo que o organismo já sabe 
fazer, ou seja, seu repertório comportamental. Caracterizar 
o que o organismo já sabe fazer (os comportamentos que já 
foram aprendidos pelo organismo) é importante para identificar 
e definir com maior precisão aquilo que deverá ser ensinado 
(comportamento que o organismo ainda não aprendeu). O 
ensino, dessa maneira, é otimizado. Não se perde tempo tentando 
ensinar algo que o organismo já sabe fazer. 
Uma professora de educação física vai ensinar uma de suas alunas 
a correr. Ela observa o repertório comportamental de sua aluna e 
um comportamento que está relacionado ao correr é o andar. A 
professora, portanto, poderia observar o comportamento de andar 
da aluna para definir melhor o que ela precisará ensinar para a 
menina aprender a correr. Algumas aprendizagens que a menina 
109
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
desenvolveu ao aprender a andar não precisarão ser ensinadas pela 
professora. Por exemplo, a menina já sabe movimentar as pernas 
de maneira a deslocar o corpo para frente e já sabe movimentar 
os braços em oposição ao movimento das pernas. Quando a perna 
esquerda vai para frente, o braço esquerdo vai para trás. Portanto, 
a professora não precisará ensinar esses movimentos. Ela pode 
apenas ensinar como fazer isso de maneira a se deslocar mais 
rapidamente e mantendo o equilíbrio. 
Feitas estas considerações, vamos estudar o principal item 
desta Seção 2, que é discutir como observar diretamente um 
comportamento.
Comportamento é definido como as relações entre a classe 
de estímulos antecedentes, a classe de respostas e a classe 
de estímulos conseqüentes. Você pode, na maioria das 
vezes, observar esses três componentes (classe de estímulos 
antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes), mas dificilmente observará as seis relações entre 
eles. Você lembra que as relações entre esses componentes são 
inferidas a partir das alterações que ocorrem no ambiente (classe 
de estímulos antecedentes e classe de estímulos conseqüentes) e 
na ação do organismo (classe de respostas)?
Ao observar um comportamento, portanto, você deve prestar 
atenção nos três componentes do comportamento:
(1) classe de estímulos antecedentes: a situação na qual o 
organismo que se comporta está inserido;
(2) classe de respostas: aquilo que o organismo faz na situação 
onde está inserido;
(3) classe de estímulos conseqüentes: aquilo que se segue ou 
deriva da classe de respostas do organismo.
Antes de iniciar qualquer tipo de observação, lembre-
se de definir como irão ser feitos os registros de 
observação e prepare o material para que o registro 
possa ser feito: filmadora, folha de registro, gravador, 
caneta, prancheta, etc.
110
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ao observar a classe de estímulos antecedentes, o observador 
deve ficar atento aos aspectos da situação na qual o organismo se 
encontra. Ele deve prestar atenção em:
 � o que está presente na situação na qual o organismo se 
encontra;
 � quais são os eventos neutros nessa situação (os eventos 
neutros são os aspectos da situação antecedente que 
não exercem influência sobre a classe de respostas do 
comportamento observado);
 � quais são os estímulos com os quais o organismo lida ou 
precisa lidar nessa situação;
 � com quantos estímulos o organismo lida ou precisa lidar 
nessa situação;
 � quais são as características desses estímulos com os quais 
o organismo lida ou precisará lidar. 
Tome como exemplo um técnico de vôlei que deseje caracterizar 
a classe de estímulos antecedentes do comportamento “levantar a 
bola para o atacante” do levantador do seu time em uma partida 
oficial de um campeonato. A situação na qual o levantador 
se encontra é uma partida de vôlei oficial de um determinado 
campeonato. Os eventos presentes na situação são a estrutura 
física do estádio, as torcidas, as luzes, os jogadores no banco de 
reserva, os juízes, a quadra, a rede, o time adversário, as linhas da 
quadra, a quadra, o técnico do time adversário, o próprio técnico 
do time, etc. Enfim, é tudo aquilo que está presente ali, naquele 
momento do jogo.
Alguns desses eventos podem influenciar a classe de respostas do 
comportamento “levantar a bola para o atacante” do levantador. 
São os chamados estímulos. Para identificá-los, o técnico pode 
observar para que coisas o levantador direciona os olhos a fim 
de realizar um levantamento – ele observa quais são as “coisas” 
para as quais o seu levantador fica atento durante a partida, antes 
de levantar a bola para o atacante. Essas coisas para as quais o 
levantador fica atento são os estímulos da classe de estímulos 
antecedentes. São estímulos porque, provavelmente, são eles 
111
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
que influem a classe de respostas do comportamento “levantar 
a bola para o atacante” do levantador durante a partida. Dentre 
esses estímulos, para os quais o levantador provavelmente atenta 
quando levanta a bola, há, como principais: a movimentação 
e posicionamento dos jogadores do time adversário, a 
movimentação e posicionamento dos jogadores do seu time, a 
posição da rede, as linhas da quadra, a movimentação da bola, 
etc.
Algumas outras coisas podem não ser estímulos para o 
levantador, a cor do tênis dos jogadores do time adversário, por 
exemplo. A cor do tênis dos adversários é, portanto, um evento 
neutro para o levantador, pois não influencia a classe de respostas 
do comportamento “levantar a bola para o atacante”. Eventos 
neutros fazem parte da situação na qual o organismo se encontra. 
No entanto esses eventos não fazem parte da classe de estímulos 
antecedentes, pois não influenciam a classe de respostas do 
comportamento observado.
Como características dos estímuloscom os quais o jogador 
lida, é possível considerar a bola do jogo, por exemplo. A bola 
é um objeto esférico, feito com material de couro e borracha, 
preenchido com ar, que tem determinado peso, determinado 
tamanho, etc. Essas são as características de um dos 
estímulos que compõem a classe de estímulos antecedentes do 
comportamento “levantar a bola para o atacante” do levantador 
do time. Algumas dessas características serão fundamentais para 
o levantador considerar, ao levantar a bola de maneira apropriada 
para o atacante.
Para contar a quantidade de estímulos, nesse caso do 
levantador, é preciso contar quantos são os estímulos com 
os quais o levantador lida ao levantar a bola para o atacante 
durante a partida de vôlei. Algumas vezes, contá-los pode ser 
desnecessário, ou por exigir muito tempo e esforço, ou por não 
ter importância para a intervenção que se pretende fazer. Caso 
haja necessidade de contar a quantidade de estímulos, não há 
segredo. É só contá-los no sentido literal do termo: um, dois, três, 
etc. Se o técnico quiser melhorar o desempenho do levantador, 
observar a quantidade de estímulos para os quais o levantador 
atenta é importante. Quanto maior for a quantidade de estímulos 
relevantes que o levantador considere ao levantar uma bola para o 
atacante, maiores as chances de o atacante fazer o ponto.
112
Universidade do Sul de Santa Catarina
Lembre-se de que, além de físicos (objetos, máquinas, 
equipamentos, etc.) e sociais (outras pessoas se comportando), 
os estímulos também podem estar presentes no próprio 
organismo que se comporta. No exemplo do jogador de vôlei, 
a rede e a bola são alguns dos estímulos físicos com os quais 
ele lida. Os jogadores do outro time se movimentando é um 
exemplo de estímulo social. Se o jogador precisa ficar calmo 
para poder fazer uma levantada de bola precisa ao atacante, ele 
pode prestar atenção em seu próprio batimento cardíaco para 
mantê-lo em baixa freqüência. Este é um exemplo de como o 
próprio organismo de quem se comporta pode ser um estímulo 
componente da classe de estímulos antecedentes.
Ao observar a classe de respostas, o observador deve atentar, pelo 
menos, para cinco características daquilo que o organismo faz. 
São elas: topografia da resposta, latência de resposta, freqüência 
da resposta, duração da resposta e intensidade da resposta. 
(1) topografia da resposta: descreve a maneira como um 
determinado movimento é feito. 
(2) latência de resposta: diz respeito ao tempo entre a 
apresentação de um estímulo e a emissão da resposta eliciada ou 
produzida pelo estímulo apresentado.
(3) freqüência da resposta: é a quantidade de vezes que a classe de 
respostas ocorre em um determinado período de tempo.
(4) duração da resposta: o tempo que leva do começo da emissão 
da respostas até o seu término.
(5) intensidade da resposta: diz respeito à força com que a 
resposta é emitida.
Que tal exemplificar novamente com o jogo de vôlei?
Imagine que o técnico deseje, agora, observar o comportamento 
“cortar a bola” de um de seus atacantes. Como ele observaria a 
classe de respostas do comportamento “cortar a bola”? O técnico 
poderia observar a maneira como o movimento dos braços é feito 
no cortar a bola (topografia da resposta). O jogador pula, dobra 
o antebraço direito (no caso de destros) e desloca o ombro direito 
113
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
para trás. A mão direita fica com a palma aberta, virada para 
frente, na altura da cabeça, e os dedos ficam encostados uns nos 
outros. Quando a bola está na posição para a cortada (acima 
da cabeça do atacante), ele movimenta o ombro direito para 
frente, levanta o braço direito para cima, desdobra o antebraço 
e o levanta para cima também e acerta a bola com a palma da 
mão direita, para que a bola caia no chão, dentro dos limites 
da quadra do time adversário. A latência da resposta pode ser 
medida a partir do momento em que a bola sai das mãos do 
levantador até que o atacante comece a sair do chão no pulo para 
a cortada. A freqüência pode ser medida calculando quantas 
cortadas o levantador dá em um set de jogo. Do momento em 
que o levantador sai do chão até o momento em que ele cai no 
chão novamente, após a cortada, pode ser observado como a 
duração da classe de respostas. E a intensidade é a força que o 
atacante coloca no braço para dar a cortada. Ela pode ser medida 
pela velocidade que a bola atinge na cortada, por exemplo. 
Dependendo dos objetivos ao observar, algumas características 
da classe de respostas “cortar a bola” podem ser mais importantes 
que outras.
Na observação da classe de estímulos conseqüentes, o observador 
deve prestar atenção nas alterações que ocorreram nos aspectos 
do ambiente com os quais a classe de respostas se relaciona. Ele 
deve observar as mudanças que ocorreram nos estímulos que 
constituíam a classe de estímulos antecedentes em função da 
classe de respostas que o organismo apresentou. Você se lembra 
de todos os aspectos listados para serem observados na classe de 
estímulos antecedentes? Na observação da classe de estímulos 
conseqüentes, o observador irá atentar para as mudanças 
ocorridas nesses aspectos observados na classe de estímulos 
antecedentes em função da apresentação da classe de respostas.
Voltemos ao vôlei. O técnico agora quer observar o 
comportamento “bloquear um ataque adversário” de um de 
seus defensores de rede. Para caracterizar a classe de estímulos 
conseqüentes, é preciso caracterizar a classe de estímulos 
antecedentes. Como estímulos que compõem a classe de 
estímulos antecedentes há: movimentação e posicionamento dos 
jogadores do time adversário, o levantador do time adversário 
levantando a bola para o atacante, a rede e o atacante cortando 
a bola levantada em direção ao chão da quadra do outro time. 
114
Universidade do Sul de Santa Catarina
Como classe de respostas, o bloqueador que está sendo observado 
pelo técnico pula, levanta ambos os braços ao máximo acima 
da cabeça, deixa os braços próximos e com as mãos voltadas 
para frente, de maneira a bloquear a passagem da bola para o 
lado do seu time. Se o bloqueio funcionar, como estímulos da 
classe de estímulos conseqüentes haverá: bola cortada pelo 
atacante adversário bloqueada, time adversário parado olhando 
a bola cair dentro de seu lado da quadra e juiz apitando o 
ponto do time do bloqueador. Se o bloqueador tivesse feito o 
bloqueio, mas deixasse a bola passar e cair no lado da quadra 
de seu time, a classe de estímulos conseqüentes seria diferente: 
bola cortada pelo atacante adversário parcialmente bloqueada, 
time adversário parado olhando a bola cair dentro do lado da 
quadra do time do bloqueador e juiz apitando o ponto do time 
do atacante. Novamente, dentre as conseqüências produzidas, há 
algumas mais relevantes para serem observadas do que outras, 
dependendo do objetivo de quem observa.
Ficou mais fácil entender como observar comportamentos? 
Que tal observar um outro exemplo, agora com a observação 
dos três componentes do comportamento? Vamos observar o 
comportamento de rezar 30 orações de Marina.
Marina é uma garota de 20 anos. ela mora com os pais 
e, nos últimos meses, começou a rezar toda vez que os 
pais saíam de casa, com medo de que eles morressem. 
Logo que os pais saíam de casa, ela se ajoelhava ao pé 
da cama de seu quarto e rezava 30 orações. Após fazer 
as orações, ela dizia sentir-se mais aliviada.
Em que situação Marina se encontra quando reza as 30 orações? 
Ela está em casa juntamente com seus pais. No momento em 
que os pais estão para sair, é possível que a maioria das coisas 
da casa se tornem eventos neutros para Marina e alguns poucos 
eventos se tornem estímulos para a resposta de fazer 30 orações. 
Esses estímulos são os que compõem a classe de estímulos 
antecedentes. Na classe de estímulos antecedentes há, portanto, 
alguns estímulos relevantes que têm relação com a resposta 
de Marina de fazer trinta orações: a saída dos pais de casa,a 
115
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
ausência dos mesmos e qualquer estímulo que sinalize a saída dos 
pais (o horário em que os pais costumam sair para trabalhar de 
manhã, o ruído da porta abrindo antes da saída dos pais, o som 
da porta batendo após a saída dos pais, o som do motor do carro, 
etc.). E todos esses estímulos produzem ou aumentam a sensação 
de mal-estar de Marina por temer a morte dos pais. 
Quanto à observação da classe de respostas, é importante 
caracterizar os cinco elementos citados anteriormente: topografia, 
latência, freqüência, duração, intensidade. A topografia da 
resposta de Marina se caracteriza por ajoelhar-se ao pé da cama, 
juntar a palma das duas mãos próximas ao peito e pensar ou falar 
30 vezes a mesma oração. A latência é o tempo que decorre da 
saída dos pais até que Marina comece a rezar. A freqüência pode 
ser de 30 orações por dia, se os pais saírem uma vez de casa. Se 
eles saírem duas vezes, a freqüência aumenta para 60 orações por 
dia. A duração da resposta é relativa a quanto tempo Marina leva 
para pensar ou falar as trinta orações. A intensidade diz respeito 
à força da resposta. Se apenas a mãe saísse, provavelmente a 
resposta de fazer trinta orações seria menos intensa/forte que se o 
pai e a mãe saíssem.
Na classe de estímulos conseqüentes à resposta de fazer trinta 
orações há: a sensação de mal-estar diminuída e, para Marina, 
a probabilidade de morte dos pais também diminuída. É pouco 
provável que o fato de Marina rezar diminua a probabilidade de 
morte dos pais, mas, para Marina, isso é tido como verdadeiro. 
Ao rezar, ela acredita que a probabilidade de morte dos pais é 
diminuída. Então para ela isso ocorre. 
Ficou mais fácil com esse outro exemplo?
A segunda etapa do processo de programar modificação 
de comportamentos caracteriza-se pela observação de 
comportamentos. Quando houver um comportamento indesejável 
que se deseje extinguir e um comportamento que se deseje 
ensinar incompatível com o comportamento indesejável, deve-se 
observar o comportamento indesejável direta ou indiretamente. 
Quando se deseja apenas ensinar um novo comportamento, é 
116
Universidade do Sul de Santa Catarina
preciso observar o repertório comportamental do organismo 
ao qual se deseja ensinar tal comportamento. Em ambas as 
situações, observar comportamento indesejável e observar 
repertório comportamental, a observação é feita da mesma 
maneira como foi feita nos exemplos apresentados anteriormente. 
Nos exemplos dos jogadores de vôlei, houve a caracterização de 
um comportamento do repertório comportamental de cada um 
deles (do levantador, do atacante e do bloqueador). E, no caso de 
Marina, foi feita a observação de um comportamento indesejável 
– rezar 30 orações devido ao medo de morte dos pais.
A observação é uma etapa fundamental no processo de 
modificação de comportamentos. É ela que dá subsídios para 
a terceira etapa do processo de programar modificação de 
comportamentos – a análise de comportamentos. Essa terceira 
etapa do processo será tratada na próxima seção. 
SEÇÃO 3 – Analisando comportamentos a serem 
modificados
Na terceira etapa do processo de programar modificação de 
comportamentos – analisar comportamentos – é necessário 
decompor os comportamentos observados em seus elementos 
menores constituintes e caracterizar as seis relações entre os 
três componentes dos comportamentos observados. Ambas 
– decomposição dos comportamentos e caracterização das 
relações entre os três componentes – concluem a terceira etapa 
de programar modificação de comportamentos. Essa etapa 
fornece os subsídios para a modificação de comportamentos 
propriamente dita.
Antes de caracterizar esta terceira etapa, será feita uma revisão 
tanto da análise de comportamentos quanto da caracterização 
das seis relações entre seus três componentes. Como você deve 
ter percebido, ambos os assuntos já foram apresentados nesta 
117
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
disciplina, mas serão retomados para facilitar a continuação do 
estudo sobre análise e modificação de comportamentos.
Na Unidade 3, você estudou o que era analisar um 
comportamento. E, anteriormente, na Unidade 1, você 
estudou quais são as seis relações entre os três componentes do 
comportamento (classe de estímulos antecedentes, classe de 
respostas, classe de estímulos conseqüentes). Nessa terceira seção, 
retomaremos a análise de comportamentos e a caracterização 
das seis relações entre os três componentes do comportamento 
para aplicá-las à terceira etapa do programar modificação de 
comportamentos. 
Observe que a Figura 4.1 é a mesma figura apresentada na 
Unidade 3. Nela está representada a análise do comportamento 
“enciumar-se” do personagem Gui. Esse comportamento foi 
analisado em cinco elementos. Dois deles foram identificados 
como pertencentes à classe de estímulos antecedentes, um à 
classe de respostas e dois à classe de estímulos conseqüentes.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- (1) Pai interagindo 
com a mãe na cozinha. 
 
- (2) Alta probabil idade 
de perder a posse da 
mãe para o pai.
- (3) Gr itar 
“E TA É MINA 
MULER!”.
 - (4) Pai cons trangido
devido ao gr ito de Gui.
 
- (5) Probabilidade de 
perder a posse da mãe 
para o pai diminuída.
(1) (3) (4)
Figura 4.1 – Representação da decomposição (análise) do comportamento “enciumar-se” de Gui, identificando os cinco elementos 
menores que constituem os três componentes do comportamento.
(2) (5)Alt a probabi l idade de perder 
a posse da mãe para o pai
Probabilidade de perder a posse 
da mãe para o pai diminuída
118
Universidade do Sul de Santa Catarina
Na Unidade 1, as seis relações entre os três componentes 
desse mesmo comportamento “enciumar-se” de Gui foram 
caracterizadas. Você se lembra delas? (Use o Quadro 4.2 para 
auxiliá-lo(a) na visualização das relações).
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Quadro 4.2 – Representação do comportamento com destaque para cada uma das seis relações que 
são estabelecidas entre classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes (Adaptado de Botomé, 2001).
 
A seguir, está apresentada a caracterização de cada uma das 
seis relações entre os três componentes do comportamento 
“enciumar-se” de Gui.
(A) Relação entre classe de estímulos antecedentes e classe 
de respostas (SA-CR): no exemplo do ciúme de Gui, a 
probabilidade de perder a posse da mãe para o pai (um aspecto da 
classe de estímulos antecedentes) favoreceu com que Gui gritasse 
“ETA É MINA MULER!” (a ação do organismo na classe de 
respostas). 
(B) Relação entre classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes (CR-SC): ao gritar “ETA É MINA MULER!”, 
Gui produziu dois aspectos importantes no ambiente. Ele deixou 
o pai constrangido e diminuiu a probabilidade de perder a posse 
da mãe para o pai.
(C) Relação da classe de respostas com a classe de estímulos 
antecedentes (CR-SA): a interação do pai com a mãe e a alta 
probabilidade de perder a posse da mãe para o pai (aspectos da 
classe de estímulos antecedentes) sinalizaram que Gui, ao fazer 
algo (gritar “ETA É MINA MULER!”), poderia diminuir a 
probabilidade de perder a posse da mãe. Se o pai estivesse na sala 
e a mãe na cozinha, provavelmente isto não sinalizaria para Gui a 
oportunidade de gritar para diminuir a probabilidade de perder a 
posse da mãe.
A B
C D
E
F
119
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
(D) Relação da classe de estímulos conseqüentes com a classe 
de respostas (SC-CR): ao gritar “ETA É MINA MULER!” 
Gui produziu uma diminuição na probabilidade de perder a 
posse da mãe para o pai e deixou o pai constrangido. A ação de 
Gui (a classe de respostas) produziu um resultado satisfatório. 
Isso fortaleceu a relação entre a classe de estímulos conseqüentes 
produzidos e a classe de respostas. Portantofoi aumentada a 
probabilidade de que Gui faça a mesma coisa em outra situação 
futura semelhante.
(E) Relação entre classe de estímulos antecedentes e classe de 
estímulos conseqüentes (SA-SC): a proximidade dos pais e a 
alta probabilidade de perder a posse da mãe para o pai sinalizam 
que o pai ficará constrangido e a probabilidade de perder a 
mãe diminuirá se Gui gritar “ETA É MINA MULER!” ou 
apresentar alguma outra resposta semelhante a esta.
(F) Relação entre a classe de estímulos conseqüentes e a classe 
de estímulos antecedentes (SC-SA): ao gritar, Gui deixou o pai 
constrangido e diminuiu a probabilidade de perder a posse da 
mãe para ele. Essas conseqüências da ação de Gui fazem com que 
os aspectos da classe de estímulos antecedentes adquiram, em 
situações futuras semelhantes, a propriedade de sinalizar que, se 
Gui gritar “ETA É MINA MULER!” ou se apresentar qualquer 
outra resposta semelhante, ele deixará o pai constrangido e 
diminuirá a probabilidade de perder a posse da mãe para o pai.
Feitas as devidas revisões, vamos ver como se aplica a análise de 
comportamento e a caracterização das seis relações entre seus 
componentes ao programar modificações de comportamento.
Para isto, serão examinados dois exemplos para ilustrar de que 
maneira analisar comportamentos e caracterizar as seis relações 
entre seus componentes são tarefas importantes para programar 
modificações de comportamento. Os dois exemplos já lhe são 
familiares. 
(1) Comportamento de rezar 30 orações de Marina, para evitar a 
morte dos pais quando eles saem de casa.
(2) Aprender a andar de bicicleta sem a ajuda das rodinhas 
laterais de apoio.
120
Universidade do Sul de Santa Catarina
Vamos relembrar a história de Marina. Ela é uma garota de 
20 anos, mora com os pais e, nos últimos meses, começou a 
rezar toda vez que os pais saíam de casa, com medo de que eles 
morressem. Logo que os pais saíam de casa, ela se ajoelhava ao 
pé da cama de seu quarto e rezava 30 orações. Após fazer as 
orações, ela dizia sentir-se mais aliviada.
O caso de Marina é uma situação típica na qual há um 
comportamento indesejável que se quer extinguir. A partir da 
observação feita do comportamento indesejável de Marina “rezar 
30 orações para evitar a morte dos pais” (lembra-se da observação 
na Seção 2?), é possível decompor esse comportamento em seus 
elementos menores constituintes.
Em relação à classe de estímulos antecedentes, foi possível 
identificar os seguintes estímulos: 
(1) horário no qual os pais costumam sair para trabalhar;
(2) som dos passos dos pais na direção da porta de casa;
(3) expressões e gestos de despedida dos pais;
(4) ruído da porta abrindo antes da saída dos pais;
(5) som da porta batendo após a saída dos pais;
(6) som do motor do carro;
(7) ausência dos pais;
(8) alta expectativa de que os pais morram;
(9) sensação de mal-estar de Marina por temer a morte dos pais.
 
Na classe de respostas, é possível notar respostas de:
(10) ajoelhar-se ao pé da cama;
(11) juntar a palma das duas mãos próximas ao peito; 
(12) pensar ou falar trinta vezes a mesma oração.
121
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Na classe de estímulos conseqüentes, há:
(13) diminuição da sensação de mal-estar;
(14) expectativas em relação à morte dos pais diminuída.
Portanto foram analisados 14 elementos constituintes do 
comportamento de Marina. A representação do comportamento 
de Marina “rezar trinta orações” no Quadro 4.3 permite maior 
clareza para identificar e caracterizar as seis relações entre os três 
componentes desse comportamento “rezar trinta orações”. 
Em seguida ao Quadro, há a caracterização de cada uma das 
seis relações entre os três componentes desse comportamento de 
Marina.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(1) Horário no qual os pais 
costumam sair para trabalhar; 
(2) som dos passos dos pais na 
direção da porta de casa;
 
(3) expressões e gestos de 
despedida dos pais;
 
(4) ruído da porta abrindo 
antes da saída dos pais;
 
(5) som da porta batendo 
após a saída dos pais;
 
(6) som do motor do carro;
 
(7) ausência dos pais;
 
(8) alta expectativa
de que os pais morram;
 
(9) sensação de
mal-estar de Marina 
por temer a morte dos pais.
(10) Ajoelhar-se ao pé da 
cama; 
(11) juntar a palma das duas 
mãos próximas ao peito; 
(12) pensar ou falar trinta 
vezes a mesma oração.
(13) Diminuição da sensação 
de mal-estar; 
(14) expectativas em relação 
à morte dos pais diminuída.
 
Quadro 4.3 – Representação do comportamento “rezar trinta orações” de Marina com destaque para 
cada uma das seis relações que são estabelecidas entre classe de estímulos antecedentes, classe de 
respostas e classe de estímulos conseqüentes.
A B
C D
E
F
122
Universidade do Sul de Santa Catarina
É importante destacar que a síntese não corresponde ao que foi 
feito no Quadro 4.3. A síntese de um comportamento ocorre 
quando um organismo aprende um determinado comportamento 
novo. O que foi apresentado no Quadro 4.3 é a análise de um 
comportamento já aprendido. Cuide para não confundir isso.
(A) Relação entre classe de estímulos antecedentes e classe de 
respostas (SA-CR): os aspectos específicos da classe de estímulos 
antecedentes – (1) horário no qual os pais costumam sair para 
trabalhar, (2) som dos passos dos pais na direção da porta de 
casa, (3) expressões e gestos de despedida dos pais, (4) ruído da 
porta abrindo antes da saída dos pais, (5) som da porta batendo 
após a saída dos pais, (6) som do motor do carro, (7) ausência dos 
pais, (8) alta expectativa de que os pais morram, (9) sensação de 
mal-estar de Marina por temer a morte dos pais – favoreceram 
com que a ação de Marina – (10) ajoelhar-se ao pé da cama, (11) 
juntar a palma das duas mãos próximas ao peito, (12) pensar ou 
falar trinta vezes a mesma oração – acontecesse.
(B) Relação entre classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes (CR-SC): a classe de respostas de Marina – (10) 
ajoelhar-se ao pé da cama, (11) juntar a palma das duas mãos 
próximas ao peito, (12) pensar ou falar trinta vezes a mesma 
oração – produz a (13) diminuição da sensação de mal-estar e as 
(14) expectativas em relação à morte dos pais são diminuídas.
(C) Relação da classe de respostas com a classe de estímulos 
antecedentes (CR-SA): há uma oportunidade para que a ação 
de Marina – (10) ajoelhar-se ao pé da cama, (11) juntar a palma 
das duas mãos próximas ao peito, (12) pensar ou falar trinta 
vezes a mesma oração – possa produzir um determinado tipo 
de resultado: (13) diminuição da sensação de mal-estar e (14) 
diminuição das expectativas em relação à morte dos pais. Essa 
oportunidade é sinalizada pelos aspectos da classe de estímulos 
antecedentes – (1) horário no qual os pais costumam sair para 
trabalhar, (2) som dos passos dos pais na direção da porta de 
casa, (3) expressões e gestos de despedida dos pais, (4) ruído da 
porta abrindo antes da saída dos pais, (5) som da porta batendo 
após a saída dos pais, (6) som do motor do carro, (7) ausência dos 
pais, (8) alta expectativa de que os pais morram e (9) sensação de 
mal-estar de Marina por temer a morte dos pais.
123
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
(D) Relação da classe de estímulos conseqüentes com a classe 
de respostas (SC-CR): as propriedades das conseqüências da 
ação de Marina – (13) diminuição da sensação de mal-estar e 
(14) diminuição das expectativas em relação à morte dos pais 
– aumentam a probabilidade de ocorrência futura da classe de 
respostas (10) ajoelhar-se ao pé da cama, (11) juntar a palma das 
duas mãos próximas ao peito, (12) pensar ou falar trinta vezes a 
mesma oração.
(E) Relação entre classe de estímulos antecedentes e classe 
de estímulos conseqüentes (SA-SC): a (8) alta expectativa de 
que os pais morram e a (9) sensação de mal-estar de Marina por 
temer a morte dos pais sinalizam a conseqüência que será obtida 
– (13) diminuição da sensação de mal-estar e(14) diminuição 
das expectativas em relação à morte dos pais – caso a classe de 
respostas – (10) ajoelhar-se ao pé da cama, (11) juntar a palma 
das duas mãos próximas ao peito, (12) pensar ou falar trinta vezes 
a mesma oração – seja apresentada.
(F) Relação entre a classe de estímulos conseqüentes e a classe 
de estímulos antecedentes (SC-SA): as conseqüências da ação 
de Marina – (13) diminuição da sensação de mal-estar e (14) 
diminuição das expectativas em relação à morte dos pais – faz 
com que alguns aspectos da classe de estímulos antecedentes 
– (8) alta expectativa de que os pais morram e (9) sensação de 
mal-estar de Marina por temer a morte dos pais – adquiram 
propriedades/valores de sinalizadores.
Com a identificação dos elementos que compõem o 
comportamento “rezar trinta orações para evitar a morte dos 
pais ao saírem de casa” e com a caracterização das seis relações 
entre os três componentes desse comportamento, é possível 
(1) identificar qual a contingência de reforçamento que está 
mantendo esse comportamento indesejável e (2) identificar 
comportamentos que são incompatíveis com esse comportamento 
indesejável para serem ensinados à Marina.
A contingência de reforçamento caracterizada pelo 
comportamento indesejável de Marina é uma contingência de 
reforçamento negativo. Por que contingência de reforçamento 
negativo? Porque a classe de respostas de Marina elimina ou 
diminui estímulos aversivos – a expectativa em relação à morte 
124
Universidade do Sul de Santa Catarina
dos pais e a sensação de mal-estar de Marina. A caracterização 
da contingência é importante para derivar comportamentos 
incompatíveis com esse comportamento “rezar 30 orações para 
evitar a morte dos pais” de Marina.
Para as situações que envolvem modificação de um 
comportamento indesejável, a análise dos elementos 
que constituem esse comportamento é importante 
para que seja possível identificar as contingências de 
reforçamento que estão mantendo o comportamento 
indesejável.
Para derivar comportamentos incompatíveis com o 
comportamento de “rezar 30 orações”, é importante que sejam 
comportamentos nos quais a classe de respostas também 
eliminem os estímulos aversivos (a expectativa em relação à 
morte dos pais e a sensação de mal-estar). Dois comportamentos 
podem ser derivados a partir disso. Ao invés de apresentar a 
classe de respostas “fazer 30 orações”, Marina poderia dizer aos 
pais que se cuidem na rua. Ou ela poderia ligar para saber se está 
tudo bem com eles e para saber se eles estão se cuidando.
O que muda do comportamento “rezar 30 orações” para 
esses outros dois comportamentos incompatíveis com 
ele? Nos Quadros 4.4 e 4.5, estão representados esses 
dois comportamentos incompatíveis. O que diferencia o 
comportamento “rezar 30 orações” do comportamento “ligar 
para saber se os pais estão bem e se cuidando” é, basicamente, 
a classe de respostas apresentada por Marina. Mesmo havendo 
apenas a alteração na classe de respostas, isso já caracteriza outro 
comportamento. Em relação ao comportamento “pedir aos pais 
que se cuidem na rua”, há algumas diferenças em relação à classe 
de estímulos antecedentes também. Marina precisa falar com os 
pais, antes que eles saiam de casa. 
125
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(1) Horário no qual os pais 
costumam sair para trabalhar; 
(2) som dos passos dos pais na 
direção da porta de casa;
 
(3) expressões e gestos de 
despedida dos pais;
 
(4) ruído da porta abrindo 
antes da saída dos pais;
 
(5) som da porta batendo 
após a saída dos pais;
 
(6) som do motor do carro;
 
(7) ausência dos pais;
 
(8) alta expectativa
de que os pais morram;
 
(9) sensação de
mal-estar de Marina 
por temer a morte dos pais.
(10) Pegar o telefone;
(11) discar o número do 
celular dos pais; 
(12) verbalizar perguntando 
se está tudo bem e se eles 
estão se cuidando.
(13) Diminuição da sensação 
de mal-estar; 
(14) expectativas em relação 
à morte dos pais diminuída.
 
Quadro 4.4 – Representação do comportamento “ligar para os pais para saber se estão bem e 
se cuidando” de Marina com a identificação dos elementos constituintes de cada um dos três 
componentes do comportamento (classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de 
estímulos conseqüentes).
126
Universidade do Sul de Santa Catarina
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(1) Horário no qual os pais 
costumam sair para trabalhar; 
(2) som dos passos dos pais na 
direção da porta de casa;
 
(3) expressões e gestos de 
despedida dos pais;
 
(4) ruído da porta abrindo 
antes da saída dos pais;
 
(5) alta expectativa
de que os pais morram
 
(6) sensação de
mal-estar de Marina 
por temer a morte dos pais.
(7) Verbalizar aos pais pedindo 
que eles se cuidem na rua.
(8) Saída dos pais de casa;
(9) diminuição da sensação de 
mal-estar; 
(10) expectativas em relação 
à morte dos pais diminuída.
 
Quadro 4.5 – Representação do comportamento “pedir para os pais que se cuidem na rua” de 
Marina com a identificação dos elementos constituintes de cada um dos três componentes do 
comportamento.
 
Portanto há o comportamento indesejável “rezar 30 orações” que 
precisa ser extinto e outros dois comportamentos que podem ser 
ensinados: “pedir aos pais que se cuidem na rua” e “ligar para 
saber se os pais estão bem e se cuidando”. 
Na próxima unidade, a síntese desses dois 
comportamentos novos e a extinção do 
comportamento indesejável serão abordadas mais 
especificamente.
A análise (decomposição) feita com o comportamento indesejável 
de Marina também é feita quando não há um comportamento 
indesejável e apenas se quer ensinar um novo comportamento 
a um organismo. A análise de comportamentos, neste caso, é 
feita com comportamentos do repertório comportamental do 
organismo que irá aprender um novo comportamento. A partir 
da análise dos comportamentos do repertório comportamental, é 
possível derivar o comportamento que se deseja ensinar. Lembre-
se de que a análise é feita com comportamentos do repertório 
comportamental que estão relacionados ao comportamento que se 
deseja ensinar.
127
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Retome o exemplo do pai que quer ensinar o filho a andar de 
bicicleta sem a ajuda de rodinhas laterais. O filho já sabe andar 
de bicicleta com auxílio de rodinhas laterais, e este é um dos 
comportamentos do repertório do filho que o pai poderia analisar 
para derivar o que exatamente ensinar para o filho aprender a 
andar de bicicleta sem auxílio de rodinhas laterais. A partir da 
análise do comportamento “andar de bicicleta com auxílio de 
rodinhas laterais” fica mais fácil identificar aquilo que precisa ser 
aprendido pelo organismo.
Mas o que precisa ser aprendido não é o andar de 
bicicleta sem o auxílio de rodinhas laterais?
Ao analisar os comportamentos do repertório comportamental 
do filho, isso pode ficar mais claro. O filho já sabe andar 
de bicicleta sem auxílio de rodinhas laterais. Para analisar 
esse comportamento, vamos pensar numa seqüência de 
comportamentos que o menino precisa apresentar para andar 
de bicicleta com auxílio de rodinhas laterais. Ele precisa (a) 
segurar no guidão, depois (b) passar uma das pernas sobre o 
quadro da bicicleta. Ele precisa (c) sentar no banco da bicicleta 
e depois (d) apoiar os pés cada um em um pedal. Feito isso, ele 
precisa (e) movimentar as pernas para fazer girar os pedais e (f) 
guiar a bicicleta com o manuseio do guidão. Cada uma dessas 
coisas que o menino precisa fazer para “andar de bicicleta com o 
auxílio de rodinhas” caracteriza uma classe de respostas de um 
comportamento. 
Portanto “pedalar de bicicleta com rodinha” não envolve apenas 
um comportamento, mas sim vários comportamentos que devem 
ser apresentados em uma determinada seqüência. No Quadro 
4.6 está representada a seqüência desses comportamentosque 
constituem o “pedalar de bicicleta com auxílio de rodinhas 
laterais”. Abaixo de cada comportamento, está escrito o nome 
desse comportamento. O comportamento (A) manter a bicicleta 
firme para poder subir sobre ela envolve a classe de respostas (a) 
segurar o guidão; o comportamento (B) deixar a bicicleta entre 
as pernas para poder sentar-se sobre ela envolve a classe de 
respostas (b) passar uma das pernas sobre o quadro da bicicleta; 
128
Universidade do Sul de Santa Catarina
e, assim por diante, até o comportamento (F). Cada classe de 
estímulos conseqüentes de um comportamento torna-se classe 
de estímulos antecedentes para o próximo comportamento. 
A classe de estímulos conseqüentes do comportamento (A) vira 
classe de estímulos antecedentes para o comportamento (B); a 
classe de estímulos conseqüentes do comportamento (B) vira 
classe de estímulos antecedentes para o comportamento (C), e 
assim por diante.
(A) manter a bicicleta firme para poder subir sobre ela (B) deixar a bicicleta entre as pernas 
para poder sentar-se sobre ela
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(a) Segurar no 
guidão.
b) Passar uma 
das pernas sobre 
o quadro da 
bicicleta. 
(C) sentar no banco da bicicleta para poder pedalar
(D) colocar cada um dos pés em cada 
pedal para poder pedalar
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(c) Sentar 
no banco da 
bicicleta.
(d) Apoiar os 
pés cada um 
em um pedal.
 
(E) pedalar (F) guiar a bicicleta com o manuseio do guidão
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(e) Movimentar as 
pernas para fazer 
girar os pedais.
(f) Manusear o 
guidão. 
Quadro 4.6 – Representação da seqüência de comportamentos que constituem o “andar de bicicleta com auxílio de 
rodinhas laterais” do filho, com destaque para o nome de cada um desses comportamentos e para a transformação da 
classe de estímulos conseqüentes de um comportamento em classe de estímulos antecedentes para o comportamento 
seguinte. As relações entre classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes não 
foram representadas para facilitar a visualização da cadeia comportamental.
 
Essa é a noção de cadeia 
comportamental ou seqüência 
de comportamentos de uma 
cadeia comportamental. 
Uma classe de estímulos 
conseqüentes de um 
comportamento se torna classe 
de estímulos antecedentes de 
outro comportamento.
129
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Depois de feita a identificação dos comportamentos do 
repertório comportamental do organismo que irá aprender 
(como foi mostrado no Quadro 4.6), é possível observar e 
identificar cada um dos elementos constituintes da classe de 
estímulos antecedentes e da classe de estímulos conseqüentes de 
cada comportamento identificado. A classe de respostas já foi 
caracterizada anteriormente para identificar a seqüência na qual 
os comportamentos identificados ocorrem. Nos quadros a seguir 
(Quadro 4.7 a Quadro 4.12), estão representadas as análise dos 
elementos constituintes de cada um dos seis comportamentos 
identificados como constituintes do repertório comportamental 
do menino que irá aprender com o pai a andar de bicicleta 
sem auxílio de rodinhas laterais. Para auxiliar na descrição 
dos elementos constituintes do comportamento, o menino será 
chamado de Lucas, certo?
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(1) Bicicleta com rodinhas 
laterais parada.
 
(2) Jardim de casa
com espaço para se 
locomover com a bicicleta.
(3) Segurar no guidão
da bicicleta.
 
(4) Bicicleta com rodinhas 
laterais ainda parada.
(5) Guidão da
bicicleta firme. 
(6) Lucas com equilíbrio 
para passar a perna sobre a 
bicicleta.
Quadro 4.7 – Representação da análise (decomposição) dos elementos constituintes do 
comportamento (A) manter a bicicleta firme para poder subir sobre ela observado como um 
dos comportamentos do repertório comportamental de Lucas.
130
Universidade do Sul de Santa Catarina
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
(4) Bicicleta com rodinhas 
laterais ainda parada.
(5) guidão da 
bicicleta firme. 
(6) Lucas com 
equilíbrio para 
passar a perna 
sobre a bicicleta.
(7) Passar uma das
pernas sobre o quadro
da bicicleta. 
 
(8) Bicicleta com rodinhas 
laterais continua parada.
(9) Guidão da
bicicleta firme.
(10) Lucas com cada
perna de cada 
lado da bicicleta.
Quadro 4.8 – Representação da análise (decomposição) dos elementos constituintes do 
comportamento (B) deixar a bicicleta entre as pernas para poder sentar-se sobre ela 
observado como um dos comportamentos do repertório comportamental de Lucas.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
 
(8) Bicicleta com rodinhas 
laterais continua parada.
(9) Guidão da
bicicleta firme.
(10) Lucas com
cada perna de cada 
lado da bicicleta.
(11) Sentar no banco
da bicicleta.
 
(12) Bicicleta com rodinhas 
laterais parada.
(13) Guidão da
bicicleta firme.
(14) Lucas sentado
no banco da bicicleta 
com cada perna de 
cada lado da bicicleta.
Quadro 4.9 – Representação da análise (decomposição) dos elementos constituintes do 
comportamento (C) sentar no banco da bicicleta para poder pedalar observado como um dos 
comportamentos do repertório comportamental de Lucas.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
 
(12) Bicicleta com rodinhas 
laterais parada.
(13) Guidão da
bicicleta firme.
(14) Lucas sentado no banco 
da bicicleta com 
cada perna de um 
lado da bicicleta.
(15) Apoiar os pés
cada um em um pedal.
 
(16) Bicicleta com rodinhas 
laterais parada.
(17) Guidão da
bicicleta firme.
(18) Lucas sentado no
banco da bicicleta 
com cada pé apoiado 
em cada um dos 
pedais da bicicleta.
Quadro 4.10 – Representação da análise (decomposição) dos elementos constituintes do 
comportamento (D) colocar cada um dos pés em cada pedal para poder pedalar observado 
como um dos comportamentos do repertório comportamental de Lucas.
131
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
 
(16) Bicicleta com rodinhas 
laterais parada.
(17) Guidão da
bicicleta firme.
(18) Lucas sentado
no banco da bicicleta 
com cada pé apoiado 
em cada um dos 
pedais da bicicleta.
(19) Jardim de casa
com espaço para se 
locomover com 
a bicicleta.
(20) Movimentar as pernas para 
fazer girar os pedais.
 
(21) Bicicleta com rodinhas 
laterais em movimento.
(22) Guidão da
bicicleta firme.
(23) Lucas sentado no banco 
da bicicleta com cada pé 
apoiado em cada um dos 
pedais da bicicleta 
e pedalando.
(24) Jardim de casa
com espaço para se 
locomover com 
a bicicleta.
Quadro 4.11 – Representação da análise (decomposição) dos elementos constituintes 
do comportamento (E) pedalar observado como um dos comportamentos do repertório 
comportamental de Lucas. 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
 
(21) Bicicleta com rodinhas 
laterais em movimento.
(22) Guidão da bicicleta 
firme.
(23) Lucas sentado no 
banco da bicicleta com cada 
pé apoiado em cada um 
dos pedais da bicicleta e 
pedalando.
(24) Jardim de
casa com espaço para 
se locomover com 
a bicicleta.
(25) Manusear o guidão.
(21) Bicicleta com rodinhas 
laterais em movimento.
(22) Guidão da bicicleta firme 
e sendo direcionado por Lucas.
(23) Lucas sentado no 
banco da bicicleta com cada 
pé apoiado em cada um 
dos pedais da bicicleta epedalando.
(24) Jardim de
casa com espaço para 
se locomover com 
a bicicleta.
Quadro 4.12 – Representação da análise (decomposição) dos elementos constituintes do 
comportamento (F) guiar a bicicleta com o manuseio do guidão observado como um dos 
comportamentos do repertório comportamental de Lucas.
132
Universidade do Sul de Santa Catarina
A partir da análise dos seis comportamentos que compõem o 
“andar de bicicleta com auxílio de rodinhas laterais” constituintes 
do repertório comportamental de Lucas, é possível derivar 
qual comportamento precisa ser ensinado ao menino, para que 
ele aprenda a andar de bicicleta sem o auxílio das rodinhas 
laterais. Evidentemente, o menino não precisará aprender tudo 
aquilo que ele já saber fazer. Ele não precisa aprender a pedalar, 
por exemplo, porque ele já o sabe. O que ainda lhe falta para 
conseguir andar de bicicleta sem o auxílio das rodinhas? O exame 
dos comportamentos constituintes da cadeia comportamental 
“andar de bicicleta com rodinhas laterais” facilitou identificar que 
o único comportamento que falta a Lucas para ele ser capaz de 
andar de bicicleta sem rodinhas é o “equilibrar-se sobre a bicicleta 
sem rodinhas laterais”. Esse é o comportamento que deve ser 
ensinado a Lucas.
Definido o comportamento a ser ensinado, ainda falta ensinar 
esse comportamento para o menino. É preciso que o menino 
sintetize (aprenda) esse novo comportamento. O que o pai deve 
fazer para ensinar esse comportamento ao filho? O que ele 
deve levar em consideração para ensinar? Que comportamentos 
o pai deve apresentar para que seu filho possa sintetizar o 
comportamento “andar de bicicleta sem o auxílio de rodinhas 
laterais”? A síntese de comportamentos será estudada por você na 
próxima unidade. 
A análise do comportamento indesejável e a identificação da 
contingência de reforçamento possibilitam que sejam derivados 
comportamentos incompatíveis com o comportamento 
indesejável. Quando se deseja apenas ampliar o repertório 
comportamental de um organismo, a análise desse repertório 
possibilita derivar novos comportamentos que poderão, 
posteriormente, ser ensinados de modo mais eficaz e eficiente.
A análise de comportamentos indesejáveis e de repertórios 
comportamentais permite que sejam derivados novos 
comportamentos a serem ensinados ao organismo que teve seus 
comportamentos analisados. Em outras palavras, a derivação de 
comportamentos novos a partir da análise de comportamentos 
indesejáveis e de repertórios comportamentais possibilita que o 
profissional auxilie um determinado organismo a sintetizar novos 
comportamentos. 
133
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Ficou fácil compreender essas três etapas do programar 
modificação de comportamentos? Na próxima unidade, você verá 
como modificar comportamentos com base nessa programação de 
modificação de comportamentos.
Você está pronto(a) para aferir o quanto foi capaz de aprender 
nesta unidade? Realize então as atividades de auto-avaliação.
Síntese
A Seção 1 da Unidade 4 apresentou conhecimentos a respeito 
da primeira etapa em um processo de programar modificação 
de comportamentos. Essa primeira etapa consiste em identificar 
situações que precisam da intervenção profissional para modificar 
comportamentos. Para identificar situações que exigem 
modificação de comportamentos é preciso ficar atento para 
situações nas quais são exigidos determinados comportamentos 
que nenhum indivíduo é capaz de apresentar e situações nas quais 
um comportamento é lesivo (indesejável) para o próprio indivíduo 
ou para a sociedade. Esse comportamento lesivo precisa ser 
extinto e outros incompatíveis com ele precisam ser ensinados.
Na Seção 2, você estudou a segunda etapa de um processo 
de modificação de comportamentos – a observação de 
comportamentos em situações que exigem modificação de 
comportamentos. Quando houver a necessidade de alterar algum 
comportamento indesejável, o profissional que irá intervir deve 
observar esse comportamento indesejável ocorrendo. Quando em 
situações que exigem apenas a aprendizagem de comportamentos 
novos, é importante observar o repertório comportamental do 
indivíduo que irá aprender os novos comportamentos. Para 
observar um comportamento é necessário prestar atenção (1) nos 
estímulos que compõem a classe de estímulos antecedentes, (2) 
nas características da classe de respostas e (3) nas alterações que 
ocorrem na classe de estímulos antecedentes caracterizando a 
classe de estímulos conseqüentes. 
134
Universidade do Sul de Santa Catarina
Por fim, a terceira etapa do processo de programar modificação 
de comportamentos apresentada na terceira seção desta unidade 
– a análise de comportamentos. A partir das observações feitas 
é possível decompor (analisar) os comportamentos observados. 
A partir da análise do comportamento indesejável é possível 
examinar qual a contingência de reforçamento que mantém esse 
comportamento. Feita a análise e descoberta a contingência, é 
possível derivar novos comportamentos incompatíveis com o 
comportamento indesejável para serem ensinados ao organismo. 
Quando não há o comportamento indesejável, a análise do 
repertório comportamental do organismo possibilita derivar 
novos comportamentos a serem ensinados para esse organismo.
O processo de programar modificação de comportamentos é 
importante para que se possa ensinar novos comportamentos 
a um organismo. Quando o organismo aprende novos 
comportamentos, ele não só amplia seu repertório 
comportamental como também pode extinguir comportamentos 
indesejáveis. A programação de modificação de comportamentos 
é, portanto, a base para que se possa sintetizar novos 
comportamentos. 
Atividades de auto-avaliação
Leia a história abaixo e responda às questões:
 “Paulo é uma rapaz de 23 anos. Devido a um acidente que teve com 
cães na infância, Paulo não gosta de ouvir latidos. Toda vez que ele está 
caminhando na calçada e ouve um cachorro latindo em alguma casa, 
Paulo fica muito tenso e atravessa a rua para distanciar-se do local de 
onde ouve os latidos para poder continuar andando. ele relata que a 
tensão passa, quando ele está do outro lado da rua, mais distante de 
onde o cachorro late. esse seu comportamento de atravessar a rua para 
evitar o latido de cães incomoda Paulo. Seus colegas fazem piadas e 
dão risada quando estão caminhando com Paulo e passam por um 
cachorro. Paulo gostaria de não ter que passar por esse tipo de situação 
novamente.”
135
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
1) Quais são os elementos constituintes de cada um dos três componentes 
do comportamento (classe de estímulos antecedentes, classe de 
respostas e classe de estímulos conseqüentes) do comportamento 
“atravessar a rua para evitar o latido de cães” de Paulo?
 
Classe de estímulos 
antecedentes
Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
2) Qual a contingência de reforçamento que está mantendo o 
comportamento “atravessar a rua para evitar o latido de cães” de Paulo? 
Por que? 
 
 
 
136
Universidade do Sul de Santa Catarina
3) Que comportamentos incompatíveis com o comportamento “atravessar a rua 
para evitar o latido de cães” podem ser ensinados a Paulo?
 
137
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 4
Saiba mais
Para aprofundar os conceitos estudados nesta unidade, você 
poderá consultar os seguintes livros:
 
Sobre programar modificação de comportamento
HÜBNER, Maria Martha Costa & MARINOTTI, Miriam. 
Análise do comportamento para a Educação: contribuições 
recentes. Santo André (SP): ESETec, 2004. 318 p.
MATOS, Maria Amélia. Análise de contingências no aprender e 
no ensinar. In: Novas contribuições da Psicologia aos processos 
de ensino e aprendizagem. Eunice Soriano de Alencar 
(organizadora). 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 141-165.
TEIXEIRA, Adélia Maria Santos. Análise de contingências 
em programação de ensino infantil – liberdade e efetividade na 
Educação. Santo André (SP): ESETec, 2006.292p.
ZANOTTO, Maria de Lourdes Bara. Formação de professores: 
a contribuição da Análise do Comportamento. São Paulo: 
EDUC – Editora da PUC-SP, 2000. 183 p.
 
Sobre observação direta do comportamento
DANNA, Marilda Fernandes & MATOS, Maria Amélia. 
Aprendendo a observar. São Paulo: Edicon, 2006. 176 p. 
FAGUNDES, Antônio Jayro da Fonseca Motta. Descrição, 
definição e registro de comportamento. 14. ed. São Paulo: 
Edicon, 2006. 187 p.
5UNiDADe 5
Síntese de comportamentos 
e técnicas de modificação de 
comportamento
Objetivos de aprendizagem
� Sintetizar comportamentos.
 � Caracterizar o que são técnicas de modificação de 
comportamento.
 � Caracterizar a função das técnicas em processos de 
modificação de comportamentos.
Seções de estudo
Seção 1 Analisando o comportamento a ser ensinado
Seção 2 Técnicas de modificação de comportamento e 
suas funções
Seção 3 Síntese do comportamento e os cinco princípios 
básicos de aprendizagem
140
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
“– O único fato que eu poderia anunciar a plenos 
pulmões é que a Boa Vida espera vocês – aqui e agora! 
(...) Não depende de mudança de governo ou das 
maquinações do mundo da política. Não está aguardando 
uma melhoria da natureza humana. Nesse preciso 
momento, temos as técnicas necessárias, tanto materiais 
como psicológicas, para criar uma vida plena e satisfatória 
para qualquer um.” (fala de um dos personagens do livro 
Walden II, SKINNER, 1978, p. 196)
 
Na Unidade 4, você estudou o processo de programar 
modificação de comportamentos. Então você já sabe que esse 
processo é constituído de três etapas principais, são elas: 
(1) identificar situações que exigem modificação de 
comportamentos;
(2) observar comportamentos indesejáveis ou observar o 
repertório comportamental do organismo ao qual será ensinado 
um novo comportamento;
(3) analisar os comportamentos indesejáveis ou o repertório 
comportamental observado para definir o comportamento a ser 
ensinado.
A terceira etapa – analisar os comportamentos indesejáveis ou o 
repertório comportamental observado – possibilita que se defina 
o comportamento que se deseja ensinar ou o comportamento que 
é necessário ensinar.
Na Análise do Comportamento, esse comportamento a ser 
ensinado também recebe outros nomes: comportamento 
terminal ou comportamento objetivo, por exemplo. Lembre que 
a definição de um comportamento a ser ensinado foi estudada na 
Unidade 4. Ao longo do texto, será usado algumas vezes o termo 
“comportamento objetivo”. Entenda, portanto, comportamento 
objetivo como o comportamento a ser ensinado em um processo 
de ensino-aprendizagem ou de modificação de comportamento.
141
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
Na Unidade 3, foram caracterizadas as relações entre ensinar, 
aprender, sintetizar, analisar e modificar comportamentos.
Você recorda a relação existente entre esses conceitos?
 
Ao ensinar, quem ensina precisa definir qual comportamento 
será ensinado. Esse comportamento a ser ensinado é o 
comportamento objetivo. O termo “objetivo” é utilizado, pois o 
objetivo do ensino é que o aprendiz aprenda esse comportamento 
a ser ensinado. Quando o aprendiz aprende, diz-se que ele 
sintetizou um novo comportamento e, conseqüentemente, 
ampliou seu repertório comportamental. Esse processo no qual 
um organismo amplia seu repertório comportamental pode ser 
denominado de modificar comportamentos. 
Para ensinar um comportamento objetivo, ou seja, para que o 
aprendiz o sintetize, é preciso que a pessoa que ensina defina 
esse comportamento e, em seguida, o analise. Nesta penúltima 
unidade, você poderá estudar com mais detalhes esse processo de 
análise e síntese do comportamento objetivo. Bom estudo!
SEÇÃO 1 – Analisando o comportamento a ser ensinado
 
Na Unidade 4, você aprendeu a identificar o comportamento 
objetivo que será ensinado a um determinado organismo. Certo? 
Feita a definição desse comportamento a ser aprendido, é possível 
partir para a próxima etapa do trabalho de modificação de 
comportamento – a etapa de síntese do comportamento a ser 
aprendido. Dizemos que houve a síntese de um comportamento, 
quando um organismo aprende esse comportamento. Mas, antes 
que esse comportamento possa ser aprendido pelo aprendiz, 
ainda é necessário desenvolver algumas etapas anteriores no 
processo de ensino.
142
Universidade do Sul de Santa Catarina
Estas etapas anteriores à síntese propriamente dita, que dizem 
respeito às decisões de quem vai ensinar, podem ser dividas em 
três:
(1) análise do comportamento a ser ensinado;
(2) definição dos procedimentos de ensino a serem utilizados para 
que o comportamento seja aprendido;
(3) ensinar com base nos cinco princípios básicos de 
aprendizagem.
Em cada seção dessa Unidade 5, você estudará essas três etapas, 
certo? Na Seção 1, iremos começar pela primeira etapa: a análise 
do comportamento a ser ensinado.
Você estudou na Unidade 3 que o processo de síntese 
é complementar ao processo de análise. Isso também é 
válido para a análise e síntese de comportamentos. Para 
que um comportamento possa ser sintetizado mais eficaz e 
eficientemente, ele precisa antes ser analisado. Antes que o 
aprendiz sintetize ou aprenda o comportamento objetivo, é 
preciso que o professor (ou aquele que ensina) analise esse 
comportamento. 
Mas por que é preciso analisar o comportamento 
antes de ensiná-lo a alguém?
Essa é uma boa pergunta. É preciso analisar o comportamento 
antes de ensiná-lo por uma única razão: quem ensina deve 
conhecer aquilo que está ensinando. Como é que você ensina 
a alguém algo que você não conhece? É complicado dizer que 
se ensina algo que não se conhece ou que se conhece mais ou 
menos. Portanto é essencial que se analise o comportamento a ser 
ensinado.
É possível dizer que uma pessoa conhece um comportamento 
quando identifica e caracteriza seus componentes e relações. 
A pessoa que analisa um comportamento está identificando 
e caracterizando os elementos que constituem cada um dos 
143
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
três componentes do comportamento (classe de estímulos 
antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes). Além disso, ela também está identificando e 
caracterizando as seis relações entre esses três componentes 
do comportamento a ser ensinado. Quem analisa um 
comportamento, portanto, está conhecendo esse comportamento. 
Para ensinar um comportamento é preciso, então, conhecê-lo. 
E conhecer um comportamento significa analisá-lo (identificar 
e caracterizar seus componentes e relações). Mas como fazer 
isso? É fácil. Na Unidade 4, você estudou como identificar o 
comportamento a ser ensinado. Depois que esse comportamento 
foi ensinado, é possível analisá-lo. Ou seja, depois de identificar 
qual o comportamento a ser ensinado, é possível identificar e 
caracterizar seus componentes e as relações que se estabelecem 
entre esses componentes. 
É a partir de dois tipos de situações que exigem modificação 
de comportamento que se identifica o comportamento a ser 
ensinado (você também viu isso na Unidade 4). Na primeira 
situação, há um comportamento indesejável que se quer extinguir 
e, em seu lugar, um novo comportamento deve ser ensinado. Na 
segunda situação, há apenas a necessidade de ensinar um novo 
comportamento. Neste último caso, não há um comportamento 
indesejável que se deseja extinguir. Mas vamos examinar melhor 
como identificar o comportamento a ser ensinado em cada uma 
dessas situações.
Quando se trata de modificação de comportamento envolvendo 
comportamento indesejável, há pelo menos dois tipos dele:
(1) comportamento indesejável no qual a classe de respostas é 
inapropriada;
(2) comportamento indesejável no qual a classe de respostas é 
apropriada, mas é apresentada em uma situação inadequada.
No primeiro tipo de comportamento indesejável, o organismo 
apresenta uma classe de respostas que é inapropriada para a 
situação na qualse encontra. Em determinada situação (classe de 
estímulos antecedentes), o organismo faz algo que é inapropriado 
para essa situação. Essa classe de respostas inapropriada acaba 
144
Universidade do Sul de Santa Catarina
produzindo conseqüências aversivas para o organismo que 
se comporta e para as pessoas que se relacionam com aquele 
organismo. Também é possível que a classe de respostas 
inapropriadas elimine um estímulo gratificante para o organismo 
ou para as pessoas que com ele convivem. No Quadro 5.1 está 
representado um comportamento indesejável em que a resposta é 
inapropriada na relação com a classe de estímulos antecedentes. 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Situação adequada. - Ação inapropriada. 
 
- Conseqüências aversivas 
produzidas. 
OU 
- Estímulos 
gratificantes 
eliminados.
Quadro 5.1 – Representação esquemática de um comportamento indesejável no qual a classe de 
respostas é inapropriada para a classe de estímulos antecedentes.
 
Quando uma determinada classe de respostas apresentada 
em uma situação (classe de estímulos antecedentes) produz 
conseqüências aversivas (pouco efetivas, que produzem 
sofrimento, eliminam estímulos gratificantes etc.) para o 
organismo que se comporta e para outras pessoas que se 
relacionam com ele, isso caracteriza necessidade de mudar 
esse comportamento. Para que essa mudança ocorra, é preciso 
alterar as respostas envolvidas nesse comportamento indesejável. 
Quando a classe de respostas apropriada substitui a classe de 
respostas inapropriada, a classe de estímulos conseqüentes 
também se altera e o comportamento é outro. 
Portanto o comportamento a ser ensinado é o comportamento 
no qual, diante da mesma classe de estímulos antecedentes, 
uma nova classe de respostas produz uma classe de estímulos 
conseqüentes mais benéficos ao organismo que se comporta e às 
outras pessoas que com ele se relacionam. Vale ressaltar que uma 
resposta apropriada é aquela que produz estímulos gratificantes 
ou que elimina estímulos aversivos. 
145
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
Pedro é um menino de cinco anos. em todas as 
festas de aniversário de seus coleguinhas, Pedro 
fica puxando o cabelo das meninas. As coleguinhas 
de Pedro não gostam que ele fique puxando 
seus cabelos, então elas contam aos seus pais 
e começam a não convidar mais Pedro para as 
festinhas de aniversário. Nas situações de festas de 
aniversário, Pedro apresenta respostas que produzem 
conseqüências aversivas para suas coleguinhas e 
para os pais delas. A classe de respostas de Pedro – 
puxar cabelo – é inapropriada para as festinhas de 
aniversário e, portanto, necessita ser alterada para 
produzir conseqüências mais benéficas para ele e para 
suas coleguinhas e pais.
No Quadro 5.2 está representado o outro tipo de comportamento 
indesejável. Neste, a classe de respostas é apropriada, mas ela é 
apresentada em uma situação (classe de estímulos antecedentes) 
considerada inapropriada para esta classe de respostas. É uma 
situação inapropriada para a classe de respostas ser apresentada, 
porque esta produz conseqüências aversivas (pouco benéficas, 
sofrimento, desconforto, etc.) para o organismo que se comporta 
e para as pessoas que estão ali com aquele organismo. Ou então, 
as respostas do organismo eliminam estímulos gratificantes para 
ele ou para as pessoas que com ele convivem. 
 
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Situação com 
carcterísticas 
inapropriadas.
- Ação apropriada. 
 
- Conseqüências aversivas 
produzidas. 
OU 
- Estímulos 
gratificantes 
eliminados.
Quadro 5.2 – Representação de um comportamento indesejável no qual a classe de respostas é 
apropriada, mas a classe de estímulos antecedentes é inapropriada para esta classe de respostas 
devido à produção de conseqüências aversivas ou pela eliminação de estímulos gratificantes.
146
Universidade do Sul de Santa Catarina
Em relação a esse tipo de comportamento indesejável, o que 
deve ser alterado são as relações entre a classe de estímulos 
antecedentes e a classe de respostas. O organismo que apresenta 
o comportamento indesejável deve aprender que a classe de 
respostas apropriada deve ser apresentada em outras situações que 
não aquela do comportamento indesejável. 
O organismo, portanto, deve aprender a apresentar a mesma 
classe de respostas, mas em relação à outra classe de estímulos 
antecedentes considerada mais apropriada para essa classe de 
respostas. Ao apresentar a classe de respostas na nova situação, 
o organismo muito provavelmente produzirá conseqüências 
gratificantes ou eliminará conseqüências aversivas. E ele estará 
sintetizando um novo comportamento que envolve conseqüências 
mais benéficas para ele e para as pessoas que com ele convivem.
Almir gosta de elogiar sua namorada. No entanto, 
ele a elogia somente quando estão discutindo ou 
brigando. isso deixa sua namorada mais irritada ainda 
nas brigas e discussões. A classe de respostas de 
Almir – dizer palavras agradáveis para a namorada 
– é apropriada. No entanto, Almir a apresenta em 
uma situação inapropriada – durante uma briga ou 
discussão. isso produz uma conseqüência aversiva 
para Almir: sua namorada fica mais irritada do que 
já estava. Almir precisa aprender a dizer palavras 
agradáveis para a namorada em outras situações em 
que não estejam brigando, como em um jantar ou em 
um passeio pelo parque.
 
Que tal examinar agora as situações de modificação de 
comportamento que não envolvem comportamentos indesejáveis? 
As situações onde não há comportamento indesejável e apenas 
é necessário ensinar um novo comportamento ao organismo, 
podem ser dividas em dois tipos:
147
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
(1) situações nas quais há uma classe de eventos (físicos ou 
sociais) que necessitam ser transformados em outros eventos, 
mas o organismo ainda não é capaz de apresentar respostas que 
transformarão aqueles eventos em outros;
(2) situações nas quais as condições que possibilitarão a síntese de 
um novo comportamento ainda não existem.
Nas situações nas quais há uma classe de eventos que necessitam 
ser transformados em outros, o organismo deve aprender a 
apresentar, nessa situação existente, uma classe de respostas 
apropriada, que produza os resultados (classe de estímulos 
conseqüentes) desejáveis para aquela situação. No Quadro 5.3 é 
apresentada uma representação desse tipo de situação, na qual 
existe uma classe de eventos antecedentes que necessitam ser 
transformados em outros eventos.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Situação com eventos 
que necessitam ser 
transformados em outros 
eventos.
??? ???
Quadro 5.3 – Representação de um comportamento a ser aprendido, no qual existe uma classe de 
eventos antecedentes que necessitam ser transformados em outros eventos. O ponto de interrogação 
(?) representa a inexistência de elementos.
Uma indústria têxtil adquiriu, recentemente, novas 
máquinas para sua fábrica. essas máquinas servem 
para bordar figuras nas camisetas que produz. 
A fábrica está precisando treinar alguns de seus 
funcionários para que manuseiem essas máquinas. 
Há a classe de estímulos antecedentes (camisetas 
produzidas, máquinas para bordar figuras nas 
camisetas), mas não há funcionários que saibam 
manusear essas máquinas. eles não apresentam a 
classe de respostas necessária para produzir camisetas 
bordadas.
148
Universidade do Sul de Santa Catarina
Há também as situações nas quais as condições que possibilitarão 
a síntese de um novo comportamento ainda não existem e é 
preciso criá-las ou disponibilizá-las para que um determinado 
organismo possa aprender um novo comportamento. Este tipo de 
situação está representado no Quadro 5.4. Além de disponibilizar 
ou criar as condições que possibilitarão a síntese de um novo 
comportamento, é precisoque o organismo aprenda a apresentar 
a classe de respostas apropriada que produz os resultados 
desejados.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
??? ??? ???
Quadro 5.4 – Representação de um comportamento a ser aprendido, no qual não há a explicitação 
de nenhum dos três componentes (classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de 
estímulos conseqüentes). O ponto de interrogação (?) representa a inexistência de elementos.
Uma empresa que produz motos ainda não possui 
um setor com máquinas para fabricar rodas. As 
rodas são todas encomendadas de outra empresa, 
o que acaba encarecendo o produto final. Se a 
empresa deseja fabricar também as rodas, ela 
precisa construir um setor e adquirir as máquinas 
apropriadas (condições que possibilitarão a síntese de 
novos comportamentos) para que seus funcionários 
aprendam a manusear as máquinas (apresentar a 
classe de respostas) para produzir rodas (classe de 
estímulos conseqüentes).
Em suma, há pelo menos quatro tipos de situações que 
exigem modificação de comportamentos. Em cada uma dessas 
situações, há diferentes elementos que existem (ou não) e que 
devem ser levados em consideração para analisar (decompor) os 
comportamentos a serem ensinados/aprendidos. Essas quatro 
situações são apresentadas em conjunto, no quadro 5.5.
149
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Situação adequada. - Ação inapropriada. 
 
- Conseqüências aversivas 
produzidas. 
OU 
- Estímulos 
gratificantes 
eliminados.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Situação com 
carcterísticas 
inapropriadas.
- Ação apropriada. 
 
- Conseqüências aversivas 
produzidas. 
OU 
- Estímulos 
gratificantes 
eliminados.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Situação com eventos 
que necessitam ser 
transformados em outros 
eventos.
??? ???
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
??? ??? ???
Quadro 5.5 – Representação das quatro situações que exigem modificação de comportamento. Na 
primeira delas, há uma ação inapropriada sendo apresentada em uma dada situação. Na segunda, 
uma ação apropriada sendo apresentada em uma situação inapropriada para esta ação. Em terceiro, 
um comportamento a ser aprendido, no qual somente há uma classe de eventos antecedentes. E, 
por último, uma situação na qual inexistem os três componentes do comportamento que se deseja 
ensinar.
150
Universidade do Sul de Santa Catarina
A caracterização das quatro situações (apresentadas no Quadro 
5.5) auxilia na tarefa de analisar o comportamento a ser ensinado. 
É a partir da caracterização dessas quatro situações que a pessoa 
que irá ensinar pode identificar e caracterizar cada um dos 
componentes constituintes do comportamento a ser ensinado. 
A partir da identificação e caracterização desses componentes, é 
possível também caracterizar as seis relações que são estabelecidas 
entre eles. 
Retome os exemplos dados anteriormente para cada uma das 
quatro situações. Para cada uma delas, será feita a identificação e 
a análise do comportamento a ser aprendido. Vamos lá?
No primeiro exemplo, Pedro puxava o cabelo das meninas nas 
festas de aniversário. O comportamento indesejável de Pedro 
é “puxar os cabelos das coleguinhas em festas de aniversário”. 
É um comportamento indesejável porque, mesmo que sejam 
produzidas conseqüências desejáveis para Pedro – a atenção 
das coleguinhas –, a classe de respostas de Pedro produz uma 
conseqüência aversiva para suas coleguinhas e familiares destas e, 
a longo prazo, fará com que Pedro não seja mais convidado para 
as festinhas. Esse comportamento de Pedro apresenta uma classe 
de respostas inapropriada – puxar o cabelo das coleguinhas. 
Pedro precisa aprender a apresentar um outro tipo de classe de 
respostas nas festinhas de aniversário, que seja incompatível com 
a classe de respostas “puxar cabelo” e que produza conseqüências 
mais benéficas para ele e para as coleguinhas. Ao invés de puxar 
o cabelo, ele poderia falar com as suas coleguinhas, por exemplo. 
Muitos comportamentos podem ser ensinados a Pedro para 
substituir o comportamento indesejável de puxar o cabelo das 
coleguinhas. Um conjunto de comportamentos que poderia ser 
ensinado a Pedro, portanto, é o “conversar com as coleguinhas 
para conhecê-las melhor”. Selecionaremos um dentre esses, no 
qual Pedro pode perguntar às suas coleguinhas ‘ de que tipo de 
doces elas gostam’. 
A classe de estímulos antecedentes continua a mesma do 
comportamento indesejável – festa de aniversário de alguém da 
turma de Pedro. A classe de respostas que deve ser apresentada 
por Pedro no lugar do “puxar os cabelos de coleguinhas” é 
“fazer perguntas para as coleguinhas a respeito de quais tipos de 
151
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
doces elas gostam”. Como conseqüência, ao invés de um choro, 
uma reclamação ou até mesmo outro puxão de cabelo, Pedro 
provavelmente conseguiria uma outra resposta da coleguinha 
como um sorriso e mais predisposição dela para convidá-lo para 
outra festa de aniversário. No Quadro 5.6 está representada a 
análise desse comportamento a ser ensinado.
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Festa de aniversário de um 
dos coleguinhas da turma 
de Pedro.
- Perguntar para a coleguinha 
que tipos de doce ela gosta 
de comer. 
 
- Coleguinha responde 
que gosta de brigadeiro e 
cajuzinho. 
- Coleguinha sorri para 
Pedro. 
 
- Maior probabilidade 
de conversar sobre 
outros assuntos 
com a coleguinha. 
- Maior 
probabilidade de 
Pedro ser convidado 
para outra festa.
Quadro 5.6 – Representação do comportamento “fazer perguntas para as coleguinhas a respeito 
dos tipos de doces de que elas gostam” a ser ensinado a Pedro como um substituto para o 
comportamento “puxar os cabelos das coleguinhas nas festas de aniversário”.
 
No segundo exemplo, Almir apresentava uma classe de respostas 
apropriada, mas em uma situação inapropriada para esta classe 
de respostas, lembra? Ele elogiava a namorada sempre que 
estavam brigando ou discutindo. O comportamento indesejável, 
portanto, é o “elogiar a namorada em uma discussão ou briga”. 
É indesejável porque a namorada fica mais irritada, quando 
Almir a elogia numa briga/discussão. Neste caso, Almir precisa 
parar de elogiar a namorada em discussões e brigas – extinção 
do comportamento indesejável. E Almir deve aprender a elogiar 
a namorada em outras situações que não envolvam discussões 
ou brigas. Se Almir a elogiar em outras situações, não precisará 
elogiá-la durante as brigas e discussões.
152
Universidade do Sul de Santa Catarina
Na verdade, “elogiar a namorada em situações que não envolvam 
discussões e brigas” é um conjunto de comportamentos. Há 
diversas outras situações que não envolvem briga e discussão nas 
quais Almir pode elogiar a namorada. Para analisar, utilizaremos 
o comportamento “elogiar a namorada durante o jantar”. A classe 
de respostas desse novo comportamento é a mesma envolvida 
no comportamento indesejável – “dizer coisas agradáveis para 
a namorada”. O que mudou foram as relações entre a classe de 
respostas e a classe de estímulos antecedentes. Agora Almir só 
apresenta a classe de respostas “dizer coisas agradáveis para a 
namorada” em uma situação específica: um jantar. Ao fazer isso, 
a classe de respostas de Almir produz outras coisas que não a 
irritação da namorada. Ela fica contente com o elogio, sorri pra 
Almir, lhe agradece, o beija etc. No Quadro 5.7 está apresentada 
a análise do comportamento “elogiar a namorada durante um 
jantar”.
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Jantar com a namorada. - Dizer palavras agradáveispara a namorada. 
 
- Namorada contente. 
- Sorriso da namorada. 
- Namorada agradece a 
Almir. 
- Namorada beija 
Almir. 
- Relações de vínculo 
com a namorada 
se fortalecem.
Quadro 5.7 – Representação do comportamento “elogiar a namorada durante o jantar” a ser 
ensinado a Almir como um substituto para o comportamento “elogiar a namorada em uma briga ou 
discussão”.
 
Os dois próximos exemplos não envolvem comportamentos 
indesejáveis. Há apenas um novo comportamento a ser aprendido 
por alguém. No caso da indústria têxtil que adquiriu as novas 
máquinas para bordar, o comportamento a ser ensinado para 
que um determinado funcionário possa manusear a máquina 
153
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
é o comportamento “produzir camiseta com figuras bordadas”. 
Como a classe de estímulos antecedentes já existe, ela não 
precisa ser criada. A classe de respostas é que não existe e a 
classe de estímulos conseqüentes também não. O funcionário 
que irá manusear a máquina deve aprender a apresentar a classe 
de respostas apropriada em relação às máquinas para produzir 
camisetas bordadas adequadamente (ver Quadro 5.8).
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Máquinas para bordar 
figuras em camisetas.
- Camisetas para serem 
bordadas.
- Linhas para 
bordar as camisetas.
- Manusear as máquinas de 
bordar. 
 
- Camisetas bordadas de 
acordo com as especificações 
da indústria.
Quadro 5.8 – Representação do comportamento “produzir camisetas com figuras bordadas” a ser 
ensinado aos funcionários da empresa têxtil que irão manusear as máquinas de bordar.
 
No outro exemplo, uma empresa que produz motos deseja 
começar a fazer suas próprias rodas para as motos, mas ainda 
não possui as máquinas e o local para tal. Neste caso, nenhum 
dos três componentes do comportamento existe. É preciso criar 
as condições para que haja uma classe de estímulos antecedentes 
(local apropriado, materiais apropriados e máquinas para 
trabalhar e produzir as rodas). Os funcionários devem aprender 
a manusear as máquinas (classe de respostas) para que as rodas 
das motos sejam fabricadas (classe de estímulos conseqüentes). 
No Quadro 5.9 está representada a análise do comportamento 
“produzir rodas para as motos”.
154
Universidade do Sul de Santa Catarina
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Local apropriado para as 
máquinas de fabricação de 
rodas construído.
- Máquinas de 
fabricação de rodas 
compradas.
- Materiais a serem 
utilizados pra fazer as rodas.
- Manusear as máquinas de 
fabricação de rodas. 
 
- Rodas para
motos produzidas 
adequadamente.
Quadro 5.9 – Representação do comportamento “produzir rodas para motos” a ser ensinado aos 
funcionários da empresa de fabricação de motos que irão manusear as máquinas de fabricação de 
rodas.
Portanto existem quatro tipos básicos de situações nas quais 
é preciso sintetizar comportamentos novos: (1) situações com 
comportamento indesejável, no qual a classe de respostas é 
inapropriada, (2) situações com comportamento indesejável, 
no qual a classe de respostas é apropriada, mas apresentada 
diante de uma classe de estímulos inapropriada para esta classe 
de respostas, (3) situações nas quais um novo comportamento 
precisa ser aprendido e há apenas a classe de estímulos 
antecedentes desse comportamento e (4) situações nas quais um 
novo comportamento precisa ser aprendido e não há nenhum 
dos três componentes do comportamento. Para cada uma dessas 
situações é importante analisar os comportamentos que precisam 
ser ensinados. A análise é necessária, pois quem irá ensinar 
precisa conhecer aquilo que está ensinando. 
Feita a análise dos comportamentos a serem ensinados, a 
pessoa que ensinará pode passar para a próxima etapa: a 
definição dos procedimentos a serem utilizados para sintetizar o 
comportamento objetivo. Dentre esses procedimentos, há os que 
são denominados de técnicas de modificação de comportamento. 
Você estudará isso com mais detalhes na próxima seção. 
155
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
SEÇÃO 2 – Técnicas de modificação de comportamento 
e suas funções
Antes de iniciar a apresentação dos conteúdos desta seção, é 
preciso fazer uma ressalva. Algumas vezes a palavra “professor” 
será utiliza não apenas no sentido do professor que atua nas 
escolas e instituições de ensino, mas no sentido de ser um 
organismo ou pessoa que ensina algo a outro organismo ou 
pessoa. O termo “aluno”, também: às vezes será utilizado no 
sentido de um organismo que aprende e não somente se referindo 
ao aluno nas escolas e demais instituições de ensino. O professor 
que ensina seus alunos a fazer conta de matemática, o amigo que 
ajuda o outro a usar o computador, uma filha ensinando a mãe 
a usar a agenda do celular também, ou ainda, o pai ensinando o 
filho a dar nó em gravata, o psicólogo que ensina seu paciente a 
lidar com a ansiedade, um adestrador de cães ensinando o cão a 
sentar, etc, são exemplos da relação entre ensinar e aprender que 
envolvem um “professor” e um “aluno”. Feita esta ressalva, você 
irá agora estudar o que são os procedimentos de ensino e o que 
deve ser levado em consideração para elaborá-los.
Você estudou na Seção 1 desta unidade que a pessoa que ensina 
precisa analisar o comportamento a ser ensinado. Feita esta 
análise, a pessoa que irá ensinar não pode ir logo ensinando 
de qualquer jeito, de qualquer maneira, em qualquer lugar e 
usando qualquer coisa para fazê-lo. Para ensinar, a pessoa que 
ensina precisa planejar procedimentos os quais garantam uma 
aprendizagem efetiva para aquela pessoa que irá aprender. 
Portanto, antes de ensinar a alguém, é preciso planejar quais 
serão os procedimentos utilizados no processo de ensino. 
Qualquer procedimento de ensino escolhido ou elaborado 
deve garantir uma coisa: que o organismo que irá aprender, 
aprenda o comportamento que foi ensinado. O professor ou a 
pessoa que irá ensinar, deve se comportar de maneira a fazer 
com que o outro organismo aprenda de modo mais eficaz 
possível. Os procedimentos planejados pelo professor para 
que os comportamentos do aluno ocorram, devem ser os mais 
eficazes possíveis em relação à aprendizagem do comportamento 
156
Universidade do Sul de Santa Catarina
objetivo. Aqui fica, portanto, estabelecido o critério que deve 
nortear a elaboração e planejamento de qualquer procedimento 
de ensino: os comportamentos do professor devem ocorrer de 
maneira a garantir uma aprendizagem eficaz de seus alunos. 
O professor deve garantir que o aluno aprenda o comportamento 
a ser ensinado. Os procedimentos que um pai adota para ensinar 
seu filho a andar de bicicleta sem rodinhas, por exemplo, deve 
possibilitar que o pai se comporte em relação ao filho para que 
este aprenda eficientemente a andar de bicicleta sem rodinhas. 
Um procedimento de ensino se caracteriza pelos comportamentos 
do professor, ou daquele que ensina em relação ao que é 
necessário ser aprendido por outra pessoa. 
Procedimento de ensino é, portanto, um conjunto de 
comportamentos do professor em relação ao aluno os 
quais garantam a aprendizagem. 
Para elaborar e planejar esses comportamentos que caracterizam 
o procedimento de ensino, o professor deve caracterizar:
(1) o que fazer para garantir a aprendizagem do comportamento 
objetivo;
(2) que materiais e equipamentos utilizar para garantir ou 
maximizar a aprendizagem do comportamento objetivo;
(3) quando utilizar esses materiais e equipamentos, para garantir 
ou maximizar a aprendizagem do comportamento objetivo;
(4) como utilizar esses materiais e equipamentos, de maneira 
a garantir ou maximizar a aprendizagem do comportamento 
objetivo.
Qualquer decisão sobre o procedimento de ensino deve ser 
orientada pelo comportamento objetivo em foco. 
157
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
Em relação a (1) o que fazer para garantir a aprendizagemdo 
comportamento objetivo, aquele que ensina deverá ter quatro 
comportamentos principais: (a) instruir o aprendiz a respeito do 
comportamento que ele irá aprender, (b) explicar ao aprendiz a 
atividade que ele deve realizar para aprender o comportamento 
objetivo, (c) solicitar o desempenho do aprendiz para que ele 
possa aprender, ou seja, solicitar que o aprendiz se comporte 
para aprender o comportamento objetivo e (d) conseqüenciar 
o desempenho do aprendiz para que este saiba se foi um 
desempenho correto, ou não, e possa corrigir o desempenho, 
se este ainda não foi satisfatório em relação ao comportamento 
objetivo. 
Cada um desses aspectos vai variar de acordo com as 
características do aprendiz. Por exemplo, a maneira como se 
instrui uma criança é diferente da maneira como se instrui um 
adulto. Contudo esses quatro aspectos orientam o professor 
no planejamento do procedimento de ensino em relação ao 
que fazer para garantir a aprendizagem do aluno. Na Seção 3, 
esses aspectos que caracterizam o que o professor deve fazer 
para garantir a aprendizagem do comportamento objetivo serão 
examinados com mais detalhes.
Após definir o que fazer para que o aprendiz aprenda, o 
professor necessita (2) selecionar materiais e equipamentos 
para auxiliá-lo em cada um desses fazeres citados anteriormente. 
Para (a) instruir o aprendiz em relação ao comportamento a ser 
aprendido, o professor pode utilizar giz para escrever em um 
quadro (materiais: giz e quadro). Para (b) explicar a atividade 
que o aprendiz irá realizar, o professor pode elaborar um texto 
escrito em uma folha, explicando a atividade (material: texto 
explicativo). Para (c) solicitar desempenho do aluno, o professor 
pode apenas falar (não há, portanto, material ou equipamento). 
Mas o professor pode precisar de equipamentos para que o 
aluno apresente o comportamento solicitado (por exemplo, 
uma bicicleta se o comportamento a ser aprendido for o andar 
de bicicleta). E, como (d) conseqüência para o desempenho do 
aprendiz, o professor pode fazer anotações e entregar ao aprendiz 
como uma avaliação de seu desempenho. O que é importante 
é que o professor se oriente pela pergunta: “qual é a melhor 
condição para maximizar a aprendizagem do comportamento 
objetivo pelo aluno?”.
158
Universidade do Sul de Santa Catarina
Algumas vezes, o fazer só é possível com os materiais ou 
equipamentos. Nestes casos, o material ou equipamento não é 
mais auxiliar, ele é essencial para garantir o fazer. Por exemplo, 
no caso do comportamento “andar de bicicleta”, a bicicleta é 
essencial para que o aluno possa desempenhar aquilo que o 
professor solicita. A escolha dos materiais e equipamentos, 
portanto, dependerá do comportamento a ser ensinado, das 
características do aprendiz, das características do professor e 
das características da etapa na qual será utilizado. No entanto, 
o essencial que deve ser garantido é a escolha de materiais 
e equipamentos que garantam o aprendizado eficaz do 
comportamento objetivo.
Para definir o (3) quando utilizar esses materiais e 
equipamentos, há duas coisas importantes. Primeiro, como 
já foi citado acima, é em quais das quatro etapas do fazer os 
equipamentos e materiais serão necessários. Em segundo, é 
em que momento do processo de aprendizado esses materiais e 
equipamentos serão necessários. Retome o exemplo da bicicleta. 
A bicicleta será usada na etapa de solicitar desempenho do 
aprendiz. Ela não foi usada nas outras três etapas: instruir, 
explicar e conseqüenciar. Este é o primeiro caso. No segundo 
caso, o professor poderia pegar duas bicicletas para serem 
usadas – uma pequena e uma grande. A pequena deve ser 
usada nas primeiras tentativas do aprendiz, e a grande, somente 
depois, por ser mais difícil de usar. O momento do processo 
de aprendizagem em que há a utilização do equipamento é 
importante. Se o professor usasse primeiro a bicicleta grande e 
depois a pequena, o aprendizado do aluno ficaria comprometido 
(dificultado).
E, por último, (4) como utilizar esses materiais e equipamentos. 
A maneira de utilização de cada material e equipamento 
vai variar, dependendo do comportamento objetivo, das 
características de quem vai usar o material ou equipamento e, 
obviamente, dependerá das características do próprio material 
e equipamento. Mas aqui, novamente, o modo de utilização do 
equipamento deve garantir ou maximizar a aprendizagem do 
comportamento objetivo. 
159
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
Ficou fácil compreender como planejar um 
procedimento de modificação de comportamentos?
De maneira geral, não há materiais e equipamentos pré-definidos 
para serem utilizados nos procedimentos de modificação 
de comportamento. Até mesmo aquilo que é nuclear nesses 
procedimentos – o comportamento do organismo que ensina – 
varia e não pode ser pré-definido em todas as suas características. 
Há somente algumas orientações básicas que devem ser 
garantidas (instruir o aluno a respeito do comportamento a 
ser aprendido, explicar a atividade que o aluno deverá realizar, 
solicitar desempenho ao aluno e conseqüenciá-lo). E, não 
esquecendo que todo processo deve garantir a aprendizagem do 
aluno de modo eficaz.
No entanto, há alguns tipos de procedimentos nos quais já estão 
pré definidos (1) os comportamentos do organismo que ensina 
e (2) alguns tipos alguns tipos de situações nas quais esses 
procedimentos podem ser utilizados para auxiliar a aprendizagem 
pelo aluno do comportamento objetivo. Esses procedimentos são 
chamados técnicas de modificação de comportamento. 
Técnicas de modificação de comportamento são, 
portanto, procedimentos nos quais já estão definidos 
quais comportamentos o organismo que ensina deve 
apresentar em relação ao aprendiz, além de já estarem 
caracterizados alguns tipos de situações nas quais a 
técnica é eficiente.
As técnicas de modificação de comportamento são procedimentos 
estudados e testados diversas vezes em diversas situações, e 
cuja eficácia como auxiliar na aprendizagem de determinados 
tipos de comportamento foi demonstrada suficientemente. 
Para possibilitar que diferentes profissionais utilizem esses 
procedimentos e consigam alterações comportamentais iguais ou 
similares às demonstradas nos testes feitos, eles são padronizados. 
Tal padronização significa que cada técnica possui (1) descrição 
de como proceder e (2) indicadores de quais comportamentos 
devem ser apresentados por quem ensina. O que ocorre é que 
160
Universidade do Sul de Santa Catarina
as técnicas de modificação de comportamento são, devido à sua 
eficiência, largamente utilizadas. Obviamente, as técnicas devem 
ser usadas para situações específicas. Elas não servem para toda e 
qualquer situação que exige modificação de comportamentos.
As técnicas de modificação de comportamento têm a mesma 
função que os demais procedimentos de modificação de 
comportamentos. A função dessas técnicas, como o próprio nome 
diz, é de modificar comportamentos. Mas, por serem um tipo 
de procedimento padronizado, as técnicas de modificação de 
comportamento também têm função de facilitar o trabalho de 
modificação de comportamento, pois elas facilitam o processo de 
planejar o procedimento que será utilizado. Ele já está pronto. 
A seguir, serão descritos três tipos de técnica de modificação 
de comportamento derivadas principalmente do conhecimento 
produzido pela Análise do Comportamento e largamente 
utilizadas pelos profissionais em situação de intervenção.
(1) Modelagem.
(2) Esvanecimento (Fadding) ou transferência de controle de 
estímulos.
(3) Dessensibilização sistemática.
 
O exemplo clássico de uso da técnica de modelagem é a 
situação experimental na qual é colocado um rato na caixa de 
Skinner para aprender a pressionar uma barra e ganhar água 
ou alimento. A maneira pela qual se ensinou esse organismo 
a apresentar respostas de pressão à barra para obter água ou 
alimento é chamada de modelagem da resposta. Primeiramente 
é definido e analisadoum comportamento objetivo. No caso 
do rato na caixa de Skinner, o comportamento a ser ensinado 
para o rato é o de pressionar a barra para ganhar água ou 
alimento. Depois de definido e analisado o comportamento a 
ser ensinado, a pessoa que ensina irá conseqüenciar toda a classe 
de respostas do aprendiz, que se aproxime da classe de respostas 
do comportamento objetivo. E, gradualmente, a conseqüência 
vai sendo dada para classes de respostas que vão se aproximando 
cada vez mais da classe de respostas do comportamento objetivo. 
Isso é feito até que o organismo apresente a classe de respostas do 
comportamento objetivo.
161
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
No caso do rato na caixa de Skinner, a conseqüência é a 
apresentação de um estímulo gratificante. Toda vez que o rato 
apresenta uma resposta que se aproxima da classe de respostas 
do comportamento objetivo, ele recebe água ou alimento. 
Como conseqüência, a primeira classe de respostas do rato que 
pode ser conseqüenciada é o olhar em direção à barra. Depois 
disso, a conseqüência é apresentada somente para a resposta de 
aproximar-se da barra e não mais o olhar em direção à barra. Em 
seguida, pode ser conseqüenciada a resposta de tocar a barra. E, 
finalmente, o pressionar a barra. 
Estudos realizados exaustivamente durante os últimos 50 anos 
em Análise do Comportamento possibilitaram afirmar que 
o efeito desse tipo de procedimento sobre a aprendizagem de 
qualquer organismo é o mesmo, independente de serem homens 
ou animais. Portanto, para ensinar muitos comportamentos que 
necessitam ser aprendidos, são utilizadas técnicas de modelagem 
da resposta. Quando se vai ensinar uma criança a desenhar 
uma circunferência, por exemplo. Primeiro o professor ensina a 
criança a segurar o lápis (uma classe de respostas que se aproxima 
da classe de respostas do comportamento objetivo). Em seguida, 
se ensina a criança a manusear o lápis. Depois a utilizar o lápis 
para riscar o papel. Em seguida, a ela é ensinado fazer uma linha. 
E depois a unir as pontas dessa linha. Logo em seguida vai se 
modelando essa última classe de respostas – unir as pontas de 
uma linha desenhada no papel – até que a criança aprenda a dar a 
forma de uma circunferência para essa linha. 
A modelagem é, portanto, uma técnica muito útil para 
ensinar, principalmente, comportamentos complexos, ou seja, 
comportamentos que exigem uma classe de respostas muito 
refinadas e precisas – como o desenhar, o escrever, o tocar 
etc. Também é uma técnica útil para ensinar organismos mais 
jovens – crianças, por exemplo – que mais provavelmente 
precisam aprender outros comportamentos, antes de aprender 
comportamento objetivo.
Na técnica de esvanecimento (ou fadding), a classe de respostas 
do organismo (que é a classe de respostas do comportamento 
objetivo) deve ficar sob controle de um ou mais estímulos de 
uma determinada classe de respostas, que vão sendo alterados. 
A técnica de esvanecimento (fadding) consiste em fazer com que 
162
Universidade do Sul de Santa Catarina
uma classe de respostas (a do comportamento objetivo) fique sob 
controle (seja apresentada) diante de estímulos de uma classe 
de estímulos antecedentes específica, que, gradualmente, são 
inseridos (ou alterados) no ambiente no qual o organismo em 
questão se comporta. Por exemplo, um professor de Educação 
Física que quer ensinar uma criança a chutar uma bola de futebol. 
A classe de respostas “chutar” fica sob controle do estímulo 
“bola”. Mas a bola de futebol é muito pequena. Então o professor 
irá primeiramente dar uma bola que seja mais fácil para a criança 
chutar. Ele dá uma bola de plástico para a criança chutar, que 
é bem maior e mais leve que a bola de futebol. Depois que a 
criança aprendeu a chutar a bola grande, o professor pode ir 
dando outras bolas, de tamanhos cada vez menores, até chegar ao 
tamanho da bola de futebol.
Portanto, na técnica de esvanecimento, a classe de respostas 
do comportamento objetivo fica sob controle de um estímulo. 
Uma das características desse estímulo (o tamanho da bola, por 
exemplo) vai sendo alterada até que se chegue à característica 
do estímulo definido como sendo o estímulo envolvido no 
comportamento objetivo. Se o estímulo do comportamento 
objetivo é a bola de futebol, então o tamanho da bola vai sendo 
alterado, até que a criança aprenda a chutar uma bola de futebol. 
A técnica de esvanecimento é muito utilizada quando a classe 
de respostas do comportamento objetivo é relativamente 
simples, quando há necessidade de alterar substancialmente as 
características da resposta, ou ainda, quando o organismo já sabe 
apresentar a resposta envolvida no comportamento objetivo. No 
entanto a propriedade do estímulo sob cujo controle essa classe 
de respostas deve ficar é específica e dificulta a aprendizagem 
do comportamento objetivo. A técnica serve para gradualmente 
variar a propriedade do estímulo de interesse (bola grande, por 
exemplo) até atingir a especificidade necessária em relação à qual 
a resposta do organismo deverá ficar sob controle (bola pequena 
de futebol). 
A técnica de dessensibilização sistemática é um tipo específico 
de modelagem. Ela é utilizada em situações nas quais um 
organismo, por razões variadas, teme lidar com aspectos que 
caracterizam a situação (classe de estímulos antecedentes) do 
comportamento objetivo. Por exemplo, um rapaz que precisa 
163
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
aprender a nadar, mas tem medo de aproximar-se de lagos, 
piscinas, etc. São feitas, portanto, aproximações sucessivas do 
organismo, até que ele consiga chegar perto de uma piscina ou 
lago. No caso do rapaz que precisa aprender a nadar, é possível 
começar levando o rapaz até a entrada de um clube que tem 
piscina. Depois que o rapaz conseguir ir, sem problemas, até a 
entrada, quem ensina pode fazê-lo entrar na portaria. Após ele 
conseguir ir até a portaria sem problemas, faz-se com que ele 
entre no clube, vá até o bar, visite as quadras. Depois que ele 
estiver familiarizado com o clube, pode ser solicitado a ele para ir 
olhar a piscina de longe. E, gradualmente, fazê-lo aproximar-se 
da piscina. Levá-lo até o vestiário, depois até o pátio da piscina, 
etc. Até que ele consiga aproximar-se da piscina e entrar na água 
sem problemas. 
Muito provavelmente, esse organismo ficou com medo de nadar 
em lagos ou piscinas por algum motivo. Pode ter sido algum 
acidente que teve e onde quase se afogou. É importante descobrir 
o que ocorreu, para que ele ficasse com medo de água dessa 
maneira. E, ao longo do desenvolvimento da técnica, demonstrar 
para o sujeito que é possível entrar na água com segurança, 
sem que o acidente tenha risco de ocorrer novamente. Pode 
ser que o motivo pelo qual essa pessoa teme nadar em piscinas 
ou lagos seja pela eventual presença de peixes e outros animais 
aquáticos. Uma solução possível seria, com o uso de uma técnica 
dessensibilização, fazer com que essa pessoa perceba que os 
peixes são inofensivos, ou ensiná-la a discriminar lagos e piscinas 
nos quais há peixes e outros animais aquáticos, e aqueles em que 
não há.
Portanto não é simplesmente aplicar a técnica. É preciso um 
trabalho para compreender os motivos do medo que o sujeito 
enfrenta e, com o auxílio da técnica de dessensibilização ou outro 
tipo de técnica, ensinar o organismo a superar esse medo. 
Existem diversos outros tipos de técnicas e também é possível 
combinar duas ou mais técnicas para ensinar o comportamento 
objetivo. O que importa não é usar uma técnica toda sofisticada 
ou a técnica que está na moda. O importante para o professor 
(e para o aluno) é avaliar quando e em que situações uma 
determinada técnica pode ser utilizada para garantir uma 
aprendizagem eficaz do aluno. Se não houver nenhuma técnica 
164
Universidade do Sul de Santa Catarina
que satisfaça esta condição, o profissional deve elaborar um novo 
procedimento ou adaptar procedimentos já existentes que serãomais úteis para modificar um determinado comportamento de 
um organismo. 
Não se prenda à técnica. Sempre avalie se ela será 
suficientemente boa para ajudar o aprendiz a 
aprender melhor o comportamento objetivo.
Todo procedimento de modificação de comportamento é 
constituído, portanto, de um conjunto de comportamentos 
que o organismo que aprende deve apresentar para garantir a 
aprendizagem do comportamento objetivo. Há alguns critérios 
que precisam ser garantidos, mas todo o planejamento do 
procedimento de modificação de comportamento irá variar de 
acordo com as características do aprendiz, do sujeito que ensina 
e do comportamento objetivo. O que é importante e deve ser 
garantida é a aprendizagem desse comportamento objetivo. E as 
técnicas nada mais são que tipos de procedimento nos quais os 
comportamentos que devem ser apresentados pelo organismo que 
ensina já foram testados e avaliados largamente, e, portanto, há 
mais facilidade e segurança para serem aplicadas.
Para a próxima seção, duas etapas do procedimento de 
modificação de comportamento serão re-estudadas com mais 
detalhes. Você irá conhecer alguns princípios de aprendizagem 
que devem ser garantidos na solicitação de desempenho ao 
aprendiz. E você estudará também de que maneira conseqüenciar 
o organismo após seu desempenho.
165
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
SEÇÃO 3 – Síntese do comportamento e os cinco 
princípios básicos de aprendizagem
Na Seção 2, você estudou que, para elaborar e planejar um 
procedimento de modificação de comportamento, é preciso 
caracterizar:
(1) o que fazer para garantir a aprendizagem do comportamento 
objetivo;
(2) que materiais e equipamentos utilizar para garantir ou 
auxiliar a aprendizagem do comportamento objetivo;
(3) quando utilizar esses materiais e equipamentos para garantir 
ou auxiliar a aprendizagem do comportamento objetivo;
(4) como utilizar esses materiais e equipamentos de maneira a 
garantir ou auxiliar a aprendizagem do comportamento objetivo.
Em relação ao primeiro desses quatro itens – (1) o que fazer para 
garantir a aprendizagem do comportamento objetivo – você 
estudou que há quatro etapas principais:
(a) instruir o aprendiz a respeito do comportamento que ele irá 
aprender;
(b) explicar ao aprendiz a atividade que ele deve realizar para 
aprender o comportamento objetivo;
(c) solicitar o desempenho do aprendiz para que ele possa 
aprender, ou seja, solicitar que o aprendiz se comporte para 
aprender o comportamento objetivo;
(d) conseqüenciar o desempenho do aprendiz para que este 
saiba se foi um desempenho correto, ou não, e possa corrigir o 
desempenho caso este não tenha sido satisfatório em relação ao 
comportamento objetivo.
166
Universidade do Sul de Santa Catarina
Nesta última seção da Unidade 5, iremos examinar dois desses 
itens que você estudou na Seção 2:
(c) solicitar o desempenho do aprendiz para que ele possa 
aprender, ou seja, solicitar que o aprendiz se comporte para 
aprender o comportamento objetivo;
(d) conseqüenciar o desempenho do aprendiz para que este 
saiba se foi um desempenho correto ou não e possa corrigir o 
desempenho caso este não tenha sido satisfatório em relação ao 
comportamento objetivo.
Serão feitas algumas considerações a respeito de cinco princípios 
de aprendizagem que devem ser levados em consideração para 
garantir uma boa aprendizagem. Além disso, também serão feitas 
relações com as contingências de reforçamento que você estudou 
na Unidade 2 desta disciplina.
Há cinco princípios de aprendizagem que devem ser considerados 
em processos de modificação de comportamento:
(1) pequenos passos (graduação mínima);
(2) ritmo individual;
(3) resposta ativa;
(4) conseqüenciação imediata (ou feedback imediato);
(5) avaliação de procedimento.
Quando a pessoa que ensina vai solicitar um desempenho do 
aprendiz, ela deve levar em consideração três características 
importantes de um processo de aprendizagem. A primeira dessas 
características são os pequenos passos. 
Mas, o que são os pequenos passos? 
Ao solicitar um desempenho após o outro, é preciso garantir que 
o 2º desempenho seja o mais próximo possível do 1º. O segundo 
desempenho deve ser facilitado pelo primeiro desempenho. Ao 
solicitar um desempenho que seja avançado (grau grande de 
complexidade) em relação ao desempenho anterior, é provável 
167
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
que o aprendiz execute bem o segundo desempenho, ou tenha 
dificuldade para executá-lo. E isso prejudica o processo de 
aprendizagem. O erro é um tipo de desempenho que pode ter 
conseqüências danosas no processo de aprender, de modo geral.
Ao ensinar uma pessoa a fazer um bolo, você pode começar, 
ensinando-a a separar os ingredientes que serão necessários 
para fazer o bolo. Se, logo em seguida, você solicita que a 
pessoa misture todos os ingredientes, bata e coloque a massa 
em uma forma, é muito provável que a pessoa tenha dificuldade 
de executar esta seqüência de maneira precisa. Ela não só vai 
ter dificuldade, como também não irá aprender muitos outros 
comportamentos que são necessários para se fazer um bolo. 
Após a seleção dos ingredientes, seria mais apropriado solicitar 
que a pessoa comece misturando dois ou três ingredientes 
primeiro e, aos poucos, ir acrescentando os demais. Por exemplo: 
seria importante a pessoa aprender a misturar primeiro a farinha 
com um pouco de leite e depois acrescentar o restante do leite 
para que a farinha não crie pelotas e dissolva corretamente. É 
importante, portanto, garantir que um desempenho solicitado 
não seja muito avançado em relação ao desempenho anterior 
executado pelo aprendiz. 
A segunda característica que deve ser levada em consideração ao 
se solicitar um desempenho do aprendiz é o ritmo individual. 
Cada pessoa vai levar tempos diferentes para aprender a executar 
uma determinada tarefa ou para aprender um determinado 
comportamento. Ao solicitar um desempenho, ou solicitar que 
uma pessoa estude alguns conceitos em um material didático, 
o tempo que a pessoa necessita para aprender a executar esse 
desempenho deve ser respeitado. Não adianta querer que uma 
criança aprenda a fazer cálculos matemáticos tão rápido quanto 
um adulto. Isso é desrespeitar seu ritmo de desempenho e de 
aprendizagem. 
Em terceiro, é importante solicitar ao aprendiz que ele 
apresente os comportamentos solicitados pelo professor. 
Esses comportamentos podem ser o comportamento objetivo 
ou comportamentos que irão facilitar a aprendizagem do 
comportamento objetivo. Solicitar que o aprendiz se comporte 
é denominado de princípio da resposta ativa. Se alguém deseja 
168
Universidade do Sul de Santa Catarina
ensinar uma criança a andar de bicicleta, é preciso solicitar que 
a criança se comporte, ou seja, que ela ande de bicicleta. Não 
adianta apenas falar sobre como andar de bicicleta ou demonstrar 
com se anda de bicicleta. É importante solicitar que a criança, ou 
pessoa que aprende, apresente o comportamento objetivo. Se ela 
não se comporta, não irá aprender o comportamento desejado.
Após o aprendiz executar o desempenho solicitado, é preciso 
apresentar algum tipo de conseqüência. Aqui estamos falando da 
conseqüenciação imediata. Se não ocorre uma consequenciação, 
o comportamento que caracteriza o desempenho do aprendiz é 
extinto (lembra da contingência de extinção?). Independente do 
desempenho do aprendiz ter sido “bom ou ruim”, é importante 
conseqüenciá-lo para que ele volte a apresentar um desempenho 
novamente. Imagine o aluno que faz uma prova e só recebe 
sua nota três semanas depois. O que seria importante o aluno 
perceber sobre seu desempenho ficou comprometido pela demora 
na apresentação da conseqüência (nota, comentário do professor, 
etc.) Obviamente que, se o desempenho for aquele que atenda aos 
critérios para ser considerado correto, a pessoa que ensina deve 
garantir que esse desempenho melhore nas próximas tentativas. 
Para que seja otimizada aprobabilidade de ocorrência do 
desempenho do aprendiz, e para que ele aprenda realmente o 
comportamento que se deseja ensinar, é importante apresentar 
como conseqüência um estímulo gratificante, ou, então, remover 
um estímulo aversivo. Apresentar um estímulo aversivo ou retirar 
um estímulo gratificante também funciona, mas é pouco eficaz, 
ou seja, funciona a curto prazo e enquanto o agente punidor 
estiver presente.
169
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
Se uma mãe quer ensinar o filho a estudar, ela pode 
solicitar o desempenho do filho, pedindo que ele 
estude até um determinado horário. Depois desse 
horário, se o menino estudou, a mãe pode deixá-
lo ir brincar com os amigos do prédio, ou, então, ir 
jogar videogame ou ver televisão. Vai depender do 
que é reforçador para o garoto. Se o menino não 
estudou, a mãe não deve puni-lo. ela deve extinguir 
esse comportamento de fazer outras coisas a não ser 
estudar. Se ela punir o comportamento de fazer outras 
coisas a não ser estudar, é provável que o garoto 
comece a estudar. Mas ele só se manterá estudando 
enquanto a mãe estiver presente, ou seja, ele se 
mantém estudando devido ao medo da punição. ele 
não está aprendendo a estudar. ele está aprendendo a 
evitar a punição da mãe.
As conseqüências imediatas são importantes para serem 
apresentadas logo após um desempenho do aluno, mas, na 
maioria das vezes, são artificiais. Essas conseqüências artificiais 
devem ser substituídas por conseqüências naturais ao longo do 
processo de aprender do aluno. O organismo que está aprendendo 
um determinado comportamento também deve aprender a ficar 
sob o controle das conseqüências naturais do seu comportamento. 
O menino que estuda, por exemplo, deve aprender a ficar sob 
controle das conseqüências naturais de seu comportamento 
de estudar. Ele aprende coisas novas ao estudar, é capaz de 
responder a questões de verificação no colégio, sobre o assunto 
estudado, pode ampliar o que ele já sabe sobre outros assuntos 
relacionados com que estudou, etc. A pessoa que ensina também 
deve garantir esse tipo de aprendizado ao organismo que aprende. 
Foi dito anteriormente que era necessário apresentar uma 
conseqüência imediata, mesmo se o desempenho do aprendiz 
fosse ruim, certo? Mas, se o desempenho é ruim, o que deve ser 
feito para garantir que o aprendiz melhore seu desempenho em 
outras tentativas? O organismo que ensina deve apresentar ao 
aprendiz informações a respeito de seu desempenho. É o que se 
convencionou chamar de feedback. 
170
Universidade do Sul de Santa Catarina
O feedback consiste em informar o aprendiz a respeito 
da qualidade do seu desempenho. Quem ensina deve 
dizer onde o aprendiz errou, o que fez de errado, 
como fez errado, o que deveria fazer para acertar, etc. 
É também importante informar o aprendiz o que ele 
fez certo, onde ele acertou, como ele acertou, etc. O 
aprendiz precisa desse feedback para poder corrigir 
seu próprio comportamento. e isso é também um 
aprendizado importante. 
Lembre-se de que o professor (aquele que ensina) não vai estar 
sempre presente para corrigir o comportamento do aprendiz. 
O aprendiz deve aprender a avaliar seu próprio comportamento 
também. Não esqueça que o professor necessita apresentar essas 
informações sobre o desempenho do aluno o mais imediatamente 
possível.
Por último, após o desempenho do aprendiz, é possível avaliar o 
procedimento de ensino. Quando um desempenho do aprendiz 
não ocorre como o esperado, é preciso avaliar por que houve 
essa falha. Em algumas situações, é possível que o procedimento 
utilizado não tenha sido eficaz. O tipo de linguagem utilizada 
pode não ter sido adequado para que o aprendiz compreendesse 
o que foi solicitado, por exemplo. Ou então, podem estar 
sendo exigidos desempenhos muito avançados, sem respeitar 
o princípio dos pequenos passos. Esses são exemplos de como 
o procedimento pode não estar bom o suficiente. É preciso, 
portanto, avaliar (e corrigir quando necessário) o procedimento 
utilizado sempre após o desempenho do aprendiz. 
Em síntese, nesta seção você teve oportunidade de estudar alguns 
conceitos e princípios que possibilitam pessoas a maximizar a 
probabilidade de ocorrerem sínteses comportamentais. Para que 
um aprendiz possa sintetizar novos comportamentos, a pessoa 
que irá ensiná-la deve definir e analisar o comportamento a 
ser ensinado. O professor (a pessoa que ensina) deve analisar 
o comportamento objetivo para conhecer aquilo que vai 
ensinar. Feita essa análise, ainda é preciso definir quais serão 
os procedimentos utilizados pelo professor para auxiliar o 
aprendiz a sintetizar o comportamento objetivo. Ao planejar 
a solicitação de desempenho ao aprendiz e a conseqüenciação 
que será utilizada para esse desempenho, a pessoa que ensina 
deve levar em consideração os cinco princípios básicos de 
171
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
aprendizagem (pequenos passos, ritmo individual, resposta 
ativa, conseqüenciação imediata e avaliação de procedimento) 
e as características das cinco contingências de reforçamento 
(estudadas na Unidade 3). 
Ufa! Quanto planejamento não? Quantas coisas a considerar. 
Seria tão mais fácil definir o comportamento a ser ensinado e 
já partir para a síntese, não? A princípio pode parecer que sim, 
mas não se iluda. A etapa de planejamento é a mais importante 
em um processo de modificação de comportamento. Se a 
modificação não for bem planejada, a pessoa que irá ensinar 
corre o risco de ficar “perdida” durante o processo de ensino 
(durante a síntese do comportamento) e isso compromete 
diretamente as aprendizagens dos alunos. Esperamos que, 
após tanto planejamento cuidadoso, já seja possível sintetizar 
comportamentos tranquilamente. 
Síntese
Na Seção 1 desta unidade, você estudou que é preciso analisar 
um comportamento antes de ensiná-lo a alguém. É importante 
analisar o comportamento a ser ensinado, porque quem ensina 
deve conhecer aquilo que está ensinando. É complicado ensinar 
algo que não se conhece ou que se conhece pouco. Uma pessoa 
conhece um comportamento quando identifica e caracteriza seus 
componentes e relações. A pessoa que analisa um comportamento 
está identificando e caracterizando os elementos que constituem 
cada um dos três componentes do comportamento (classe de 
estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes) e está identificando e caracterizando as seis 
relações entre esses três componentes do comportamento a 
ser ensinado. Não se esqueça de que este comportamento a 
ser ensinado recebe nomes como comportamento objetivo e 
comportamento terminal.
172
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ainda na Seção 1, você estudou que há quatro tipos principais de 
situações que necessitam de modificação de comportamentos: 
(1) situações com comportamento indesejável, no qual a classe de 
respostas é inapropriada;
(2) situações com comportamento indesejável, no qual a classe de 
respostas é apropriada, mas apresentada diante de uma classe de 
estímulos inapropriada para esta classe de respostas;
(3) situações nas quais um novo comportamento precisa ser 
aprendido e há apenas a classe de estímulos antecedentes desse 
comportamento;
(4) situações nas quais um novo comportamento precisa 
ser aprendido e não há nenhum dos três componentes do 
comportamento.
Para que possa ser ensinado um novo comportamento 
nestas quatro situações, é importante elaborar e planejar um 
procedimento de ensino. Na Seção 2, você estudou que um 
procedimento de ensino se caracteriza por um conjunto de 
comportamentos do professor em relação ao aluno, os quais 
garantam a aprendizagem de um novo comportamento. Para 
elaborar e planejar esses comportamentos do professor, os quais 
caracterizam o procedimento de ensino, é preciso caracterizar:
(1) o que fazer para garantir a aprendizagem do comportamento 
objetivo;
(2) que materiais e equipamentos utilizar para garantir ou 
auxiliar a aprendizagemdo comportamento objetivo;
(3) quando utilizar esses materiais e equipamentos, para garantir 
ou auxiliar a aprendizagem do comportamento objetivo;
(4) como utilizar esses materiais e equipamentos, de maneira a 
garantir ou auxiliar a aprendizagem do comportamento objetivo.
173
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
Em relação a (1) o que fazer para garantir a aprendizagem dos 
comportamentos objetivo, a pessoa que ensina deve (a) instruir 
o aprendiz a respeito do comportamento que ele irá aprender, 
(b) explicar ao aprendiz a atividade que ele deve realizar para 
aprender o comportamento objetivo, (c) exigir desempenho 
do aprendiz para que ele possa aprender, ou seja, exigir que o 
aprendiz se comporte para aprender o comportamento objetivo e 
(d) conseqüenciar o desempenho do aprendiz para que este saiba 
se foi um desempenho correto ou não.
As técnicas de modificação de comportamento são procedimentos 
nos quais já estão definidos quais comportamentos o organismo 
que ensina deve apresentar em relação ao aprendiz, além de 
já estarem caracterizados alguns tipos de situação em que a 
técnica é eficiente. Para que possam ser utilizadas por diversos 
profissionais, as técnicas de modificação de comportamento são 
padronizadas, ou seja, são especificados (1) a descrição de como 
proceder e (2) os indicadores de quais comportamentos devem ser 
apresentados por quem ensina. 
Ainda na Seção 2, você estudou três tipos de técnicas de 
modificação de comportamentos: modelagem, esvanecimento 
(fadding) e dessensibilização sistemática.
E, na Seção 3, você estudou cinco princípios básicos de ensino-
aprendizagem que devem ser considerados em todo o processo de 
modificação de comportamentos: 
(1) pequenos passos (graduação mínima);
(2) ritmo individual;
(3) resposta ativa;
(4) conseqüenciação imediata (ou feedback imediato);
(5) avaliação de procedimento.
174
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
efetue as atividades de auto-avaliação e, ao final do livro, confira as 
respostas e comentários a respeito. Para melhor aproveitamento do seu 
estudo, realize esta conferência somente depois de fazer as atividades 
propostas.
1) Por que é importante que a pessoa que irá ensinar analise o 
comportamento a ser ensinado ao aprendiz?
175
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 5
2) O que são procedimentos de modificação de comportamento e qual 
a relação destes procedimentos com as técnicas de modificação de 
comportamento?
3) Quais são os cinco princípios básicos de aprendizagem que devem 
ser levados em consideração em um processo de ensinar-aprender? 
explique-os.
176
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Para aprofundar os conceitos estudados nesta unidade, você 
poderá consultar os seguintes livros:
ABREU, Cristiano Nabuco & GUILHARDI, Hélio José 
(organizadores). Terapia Comportamental e Cognitivo-
comportamental: práticas clínicas. São Paulo: Roca, 2004. 482 p. 
HOLLAND, James Gordon & SKINNER, Burrhus Frederic. A 
análise do comportamento. 6ª reimpressão. São Paulo: E.P.U., 
1975. 337 p. Disponível em inglês como software em: <http://
www.bfskinner.org/educational.html>. Acesso em 12 de dez. de 
2007.
MATOS, Maria Amélia. Análise de contingências no aprender e 
no ensinar. In: Novas contribuições da Psicologia aos processos 
de ensino e aprendizagem. Eunice Soriano de Alencar 
(organizadora). 4.ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 141-165.
MATOS, Maria Amélia & TOMANARI, Gerson Yukio. A 
análise do comportamento no laboratório didático. São Paulo: 
Manole, 2002. 303 p.
LETTNER, Harald Wolfgang & RANGÉ, Bernard Pimentel. 
Manual de psicoterapia comportamental. São Paulo: Manole, 
1987. 341 p.
6UNiDADe 6 
 
Ética e modificação de 
comportamento 
 
Objetivos de aprendizagem
� Caracterizar controle do comportamento como um 
fenômeno natural.
 � identificar controle de comportamento ocorrendo no 
cotidiano.
 � Caracterizar o que é ética.
 � Caracterizar o que é moral.
 � Caracterizar o que é código de ética profissional.
 � Caracterizar o que é moral.
 � Diferenciar ética, moral e código de ética profissional.
 � Avaliar conseqüências de um comportamento de 
intervenção profissional.
 � Caracterizar as relações entre ética e modificação de 
comportamentos.
 � Modificar comportamentos, levando em consideração a 
dimensão ética.
 
 
Seções de estudo
Seção 1 Controle do comportamento como fenômeno 
natural
Seção 2 O que é ética?
Seção 3 Moral, ética e Código de Ética Profissional
Seção 4 Ética e modificação de comportamento
178
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Até agora, você estudou o que é o processo de modificar 
comportamentos, como fazer para planejar uma modificação 
de comportamentos e como modificar um comportamento. 
O psicólogo é um dos profissionais mais interessados na 
modificação de comportamento de pessoas de modo geral, e 
são esses comportamentos que se constituem como fenômeno 
de seu estudo e intervenção. Mas não é apenas o psicólogo que 
lida com modificação de comportamento. Existem diversos 
outros profissionais que lidam diariamente com modificação 
de comportamento das pessoas que eles atendem, e que devem 
prover condições para que esses comportamentos sejam 
modificados: por exemplo, o médico, o professor, o fisioterapeuta. 
Mesmo um engenheiro, um químico, um bibliotecário ou 
um matemático, os quais lidam com menor freqüência com 
comportamentos de outras pessoas, pois também eles são 
requisitados, em algumas circunstâncias, a modificá-los.
Qualquer que seja o tipo e grau de intervenção profissional, 
principalmente as que envolvem o atendimento direto a outras 
pessoas, deve levar em consideração a ética profissional. Quando 
o que está no núcleo de uma intervenção são comportamentos 
de pessoas que necessitam ser modificados, considerar a ética 
profissional é de fundamental importância, pois é ela que 
assegurará o exercício pleno e responsável do profissional na 
sociedade. Mas o que é ética? Como ela se relaciona com a 
modificação de comportamento? Nesta unidade, você estudará 
conceitos que o, a auxiliarão a responder a essas questões.
Bom estudo!
 
179
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
SEÇÃO 1 – Controle do comportamento como 
fenômeno natural
“Entretanto, os fatos sobre o controle não vieram de 
algum romance ou filme. Admirável mundo novo não 
inventou o controle, nem o fizeram Laranja mecânica, 
1984 ou a Análise do Comportamento. O controle da 
conduta pelo ambiente físico e social é uma característica 
do mundo, exatamente como o controle de objetos físicos, 
reações químicas ou processos fisiológicos. Somos feitos 
assim.” (SIDMAN, 2001, p. 45 e 46).
 
Antes de estudar a ética propriamente dita, é preciso 
compreender o que é controle do comportamento. Para Sidman 
(2001), controle e coerção são muitas vezes compreendidos 
como sinônimos pelas pessoas, mas, na verdade, não o são. 
Coerção é apenas um tipo de controle. Existem muitos outros 
tipos de controle que tanto o ambiente físico quanto o social 
podem exercer sobre o comportamento das pessoas. Mas o que é 
controle? E o que é coerção?
Afinal, quando controle é considerado sinônimo de coerção, a 
palavra ganha uma conotação negativa. Esqueça essa conotação 
negativa que é dada à palavra controle. Controle não significa 
dominação. Entenda controle como sinônimo de influência. 
Portanto, quando se fala em controle, se está falando em graus de 
influência. O quanto algo influencia alguma outra coisa. No caso 
estudado nesta disciplina, controle é quando algo influencia o 
comportamento de alguém.
Não há qualquer comportamento que ocorra no vácuo. Ele 
não surge de livre e espontânea vontade. Há variáveis (ou 
determinantes) que influem (ou controlam) comportamentos. 
Na Unidade 2, você estudou três desses determinantes que 
influem no comportamento: a filogenia, a ontogenia e a 
cultura (ver Figura 6.1). Estes três determinantes controlam o 
comportamentodos organismos. Que tal entender um pouco 
melhor o que é esse controle do comportamento? Veja o esquema.
180
Universidade do Sul de Santa Catarina
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
DETERMINANTES 
FILOGENÉTICOS
DETERMINANTES 
ONTOGENÉTICOS
DETERMINANTES 
CULTURAIS
Figura 6.1 – Representação do comportamento, com destaque para seus três determinantes 
principais (filogenéticos, ontogenéticos e culturais).
A filogenia diz respeito aos comportamentos selecionados ao 
longo da evolução de cada espécie de organismo. Os organismos 
que eram capazes de apresentar comportamentos mais adaptados 
ao ambiente onde se inseriam, tinham maiores chances de 
sobrevivência. E, ao sobreviverem, passavam suas características 
aos seus descendentes, possibilitando que estes apresentassem 
os comportamentos mais adaptados daquela espécie. Estes 
descendentes se tornaram mais adaptados ao ambiente onde a 
espécie vivia, ou seja, eram organismos capazes de apresentar os 
comportamentos necessários à sobrevivência de maneira mais 
eficiente. E, então, esses descendentes também foram passando 
suas características para as demais gerações. Devido a isso, a 
genética (as características adquiridas ao longo da evolução de 
cada espécie) é uma das variáveis que controla o comportamento.
Organismos que aprendiam mais rapidamente comportamentos 
de fuga, por exemplo, tiveram maiores chances de sobreviver 
ao ataque de predadores e passaram suas características aos seus 
descendentes. Os descendentes desses organismos se tornaram, 
portanto, organismos mais eficientes em comportamentos de 
fuga. Se há ratos que convivem conosco e que aprenderam a 
fugir de predadores (gatos, por exemplos), esse comportamento 
de fuga de predadores dos ratos é controlado, em parte, pelas 
características da espécie que são transmitidas pela genética, ou 
seja, pela filogenia.
181
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
Mas dizer que a genética controla o comportamento não significa 
dizer que é somente a genética que controla, ou influencia, 
o comportamento. A genética é apenas um dos fatores que 
controlam o comportamento. Lembra que, entre outros, ainda 
há a ontogenia e a cultura? E o controle não é absoluto, ou 
seja, não quer dizer que a genética controla, ou não controla, 
o comportamento. Há graus de controle. Para determinados 
comportamentos, a genética pode ser mais influente do que para 
outros comportamentos. 
Organismos que não comiam alimentos venenosos devido ao 
gosto ou cheiro também tiveram maiores chances de sobreviver e 
passaram suas características para seus descendentes. Carnívoros 
que apresentavam comportamentos de caça eficientes (aproximar-
se da presa sem ser notado, perseguir a presa, abater a presa, 
etc.) também tiveram seus comportamentos filogeneticamente 
selecionados, ou seja, a genética controlando/influindo em seus 
comportamentos ao selecionar estruturas do organismo que 
favoreceram a ocorrência de determinados comportamentos.
Como exemplo do controle que a genética exerce sobre o 
comportamento no homem, podemos citar o comportamento de 
caminhar bípede. É provável que os ancestrais do homem tenham 
vivido em regiões onde o caminhar apenas sobre as pernas era 
o comportamento mais adaptativo. Os organismos que tinham 
características mais apropriadas para o “caminhar bípede” passaram 
essas suas características para seus descendentes pela genética. E, 
assim, o caminhar bípede, um comportamento, foi sendo passado 
para as próximas gerações, até o surgimento do homo sapiens.
O outro determinante que influencia o comportamento é a 
ontogenia. Esta diz respeito aos comportamentos selecionados ao 
longo da história de vida de cada organismo. Por exemplo: duas 
meninas irão caminhar, apoiando-se apenas sobre os pés. Isto é 
uma influência das características da espécie humana. Mas há 
diferenças nesse comportamento de caminhar de cada menina. 
Irá depender do histórico de vida pessoal de cada uma delas. 
O Homo sapiens ( nossa 
espécie ) surgiu há 
aproximadamente 150 mil 
anos atrás, possivelmente 
na África, como resultado 
de adaptações de Homo 
erectus ao meio em que 
eles viviam. Desde então 
o Homo sapiens vem 
evoluindo e aumentando 
seu número cada vez mais, 
extinguindo todas as 
espécies que se opunham 
a ele, tornando-se o “ 
animal “ dominante do 
planeta. Disponível em: 
<http://www.avph.com.
br/homosapiens.htm>. 
Acesso em: 03jan.2008
 
182
Universidade do Sul de Santa Catarina
Uma das meninas poderia começar a caminhar com dois anos de 
idade e a outra com um ano. A que começou a caminhar mais 
cedo pode ter sido mais estimulada pelos pais. Ou então, uma 
pode ter começado a fazer balé, e a outra, não. A menina que faz 
balé irá caminhar com as pontas dos pés apontando para fora. 
Estes são exemplos de como o histórico de vida pode controlar 
um comportamento.
Estamos tratando, então, do controle exercido pelas 
experiências passadas de cada indivíduo durante sua vida, 
sobre a probabilidade de ocorrência de comportamentos atuais. 
Determinantes ontogenéticos dizem respeito ao controle do 
comportamento, dadas as conseqüências produzidas pelas 
respostas (classe de respostas) que o organismo apresenta em 
certas condições (classe de estímulos antecedentes). Lembra 
que você já estudou as seis relações entre os três componentes 
do comportamento na Unidade 1? As relações são os tipos de 
influência que ocorrem entre os elementos dos três componentes 
do comportamento.
Veja um exemplo que irá facilitar a compreensão desta questão. 
Considere o comportamento “comer uma maçã”. Um organismo 
irá comer um determinado alimento, a maçã, quando estiver de 
estômago vazio e quando o alimento estiver disponível. Como 
conseqüência do ingerir a maçã, o organismo ficará nutrido e 
poderá ficar mais algum tempo sem comer. No Quadro 6.1 esse 
comportamento está analisado.
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Maçã disponível na 
fruteira.
- Estômago vazio.
 
- Ingerir a maçã. - Estômago cheio.
- Organismo nutrido.
Quadro 6.1 – Representação do comportamento “comer uma maçã” de uma pessoa qualquer.
183
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
Como ocorre o controle entre esses elementos do 
comportamento comer uma maçã? 
A maçã disponível na fruteira e o estômago vazio controlam a 
resposta de ingerir a maçã, controlam no sentido de influenciar 
a resposta de ingerir a maçã. A pessoa que come a maçã não 
come uma pedra, por exemplo. A pedra não influencia o 
comportamento de comer. Se o estômago da pessoa está vazio, é 
muito provável que ela coma a maçã, quando ela está disponível. 
Se estiver cheio, é muito provável que a pessoa não coma. Nestes 
dois casos, o estômago cheio, ou vazio, influencia, em diferentes 
graus, o ingerir a maçã, ou seja, em ambas as hipóteses, controla 
a resposta de ingerir a maçã. A bexiga cheia, por outro lado, não 
controla a resposta de ingerir a maçã. 
Os elementos da classe de estímulos conseqüentes também 
controlam a resposta de ingerir a maçã, ou seja, influem na classe 
de respostas. A pessoa ingere a maçã porque sabe que, ao fazê-lo, 
irá encher o estômago vazio e irá nutrir-se.
Mas, saber que ingerir a maçã proporcionará estômago 
cheio, diminuição da fome e saciedade por algum tempo, 
só será possível graças à experiência prévia desse organismo 
em circunstâncias similares ou equivalentes. Ou seja, seu 
conhecimento atual sobre o que ocorrerá se “ingerir a maçã” 
em determinadas circunstâncias, irá depender de respostas 
apresentadas no passado e do tipo de conseqüências produzidas 
por estas respostas no passado. 
Em um comportamento, tanto o ambiente controla as respostas 
do organismo quanto as respostas do organismo controlam o 
ambiente. Há controle de ambos. E isso ocorre com qualquer 
comportamento. Seja ele um tanto simples quanto esse do 
comer a maçã, quanto comportamentos mais complexos comosentimentos, emoções, pensamentos, etc.
184
Universidade do Sul de Santa Catarina
Que tal olhar outro exemplo? Imagine um rapaz sentando em 
uma praça, olhando uma moça atraente passar. No Quadro 6.2 
está representado o comportamento de olhar a moça atraente 
passar. 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Praça.
- Moça atraente 
caminhando.
- Direcionar os olhos 
para a moça 
caminhando. 
- Satisfação por ter olhado 
uma moça atraente.
- Moça atraente se
sente valorizada/bonita.
Quadro 6.2 – Representação do comportamento “olhar uma moça atraente passar” de um rapaz 
sentando em uma praça.
A moça atraente caminhando controla a resposta do rapaz de 
direcionar os olhos para ela. Se a moça não fosse tão atraente, 
a probabilidade de o rapaz olhá-la seria menor. A praça (o local 
onde o rapaz está) também influencia a resposta de direcionar os 
olhos para a moça. Se o rapaz estivesse em seu local de trabalho, 
provavelmente não olharia a moça da mesma maneira que a 
olhou passando na praça. Ele poderia direcionar os olhos menos 
tempo para a moça, ou, até mesmo, nem direcionar o olhar para 
ela. 
As conseqüências também controlam a resposta “direcionar o 
olhar para a moça atraente passando”. Se não fosse satisfatório 
ou gratificante para o rapaz direcionar os olhos para a moça, ele 
provavelmente não o faria. Direcionar o olhar para um homem 
não tem as mesmas conseqüências que direcionar os olhos para 
uma mulher atraente. Para o rapaz, poderia até ser aversivo 
direcionar os olhos para um homem passando. Portanto as 
conseqüências também controlam a resposta de direcionar os 
olhos para a moça atraente passando e, muito provavelmente, 
no passado, quando ele olhou para uma moça também atraente, 
obteve sensações agradáveis.
185
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
A classe de respostas também controla o ambiente. Ao direcionar 
os olhos para a moça que passa, o rapaz a faz sentir-se bem. 
Se a moça notar que o rapaz a olha, ela vai sentir-se bonita, 
valorizada, etc. e até poderá retribuir o olhar do rapaz. O mesmo 
não aconteceria se o rapaz não a olhasse. 
Os determinantes culturais dizem respeito aos comportamentos 
selecionados por uma determinada comunidade. Aquilo que uma 
comunidade faz como grupo ou subgrupo de indivíduos controla 
comportamentos de um organismo que pertence a esse grupo ou 
subgrupo. A cultura de diferentes países, por exemplo, influencia 
no comportamento, assim como as diferenças culturais dentro de 
um mesmo país. 
No comportamento de cumprimentar outro homem, 
brasileiros usam cumprimentos como o abraço 
ou o aperto de mão. Já os russos cumprimentam 
outro homem com um beijo. Na maioria dos países 
ocidentais, as pessoas estão acostumadas a comer 
com talheres (garfo e faca), já no Japão é comum 
os japoneses utilizarem o rashi (par de palitos, 
geralmente de bambu, usados para pegar os 
alimentos). 
Dentro de um mesmo país, também há diferenças culturais, 
como no Brasil, onde os nordestinos sorriem com maior 
freqüência que os sulistas. E há também diferenças culturais 
entre homens e mulheres. Homens brasileiros são mais restritos 
em demonstrar afeto em relação a outro homem, já as mulheres 
brasileiras o fazem com maior freqüência e também com menores 
restrições. Beijam e abraçam uma amiga, etc. Todos estes são 
exemplos de como a cultura controla comportamentos.
Há também fatores culturais como leis e regras que controlam 
comportamentos. O rapaz que não ultrapassa o limite de 
velocidade com seu automóvel na estrada, para não levar uma 
multa, por exemplo. As regras criadas pela sociedade dizem 
que, em determinada estrada, não se pode andar acima de uma 
determinada velocidade. Ou o jogador de futebol que não põe a 
mão na bola durante o jogo. Segundo as regras do futebol, não se 
pode tocar a bola com as mãos ou braços (com exceção do goleiro 
dentro da área). 
186
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dentre os controles estabelecidos por determinantes culturais 
sobre o comportamento, está a coerção. Coerção é, portanto, 
um tipo de controle exercido por alguma pessoa ou instituição 
sobre outro(s) organismo(s). Para exercer esse controle, ou 
seja, para influenciar determinados comportamentos, a 
pessoa ou instituição controladora utiliza, basicamente, três 
tipos de contingências: (1) contingência de reforço negativo, 
(2) contingência de punição positiva e (3) contingência de 
punição negativa. Você também já estudou esses três tipos de 
contingência na Unidade 3. Na contingência de reforço positivo 
é apresentado ou produzido um estímulo gratificante para o 
organismo, em função de uma resposta. Na punição positiva, a 
classe de respostas produz estímulos aversivos ou é seguida por 
eles. E, na contingência de punição negativa, há a retirada de 
estímulos gratificantes caso a classe de respostas ocorra.
Você recorda o exemplo do comportamento “comer”? Para 
ensinar uma criança a comer, ou seja, para influenciar o 
comportamento comer comidas saudáveis, os pais da criança 
podem utilizar contingências de reforço positivo para aumentar 
a probabilidade de a criança comer comidas saudáveis. Os pais 
podem elogiar o filho após ele ter comido os alimentos saudáveis, 
ou podem deixar o filho comer algum doce após a refeição. 
Ou podem ensinar o filho a prestar atenção nas conseqüências 
gratificantes naturais do comportamento “comer comidas 
saudáveis”: organismo melhor nutrido, menos chances de contrair 
doenças, maior disposição para fazer as coisas do dia-a-dia, 
melhor funcionamento fisiológico do organismo, etc. Os pais 
estão exercendo um determinado tipo de controle, utilizando 
contingência de reforçamento positivo.
Na coerção, a contingência de reforço positivo e a contingência 
de extinção não são utilizadas. Na coerção, apenas são usadas, 
fundamentalmente, contingências de reforço negativo, punição 
negativa e punição positiva. Estas três contingências são eficazes 
a curto prazo. No entanto, a longo prazo, elas são prejudiciais ao 
organismo que se comporta e à sociedade na qual ele vive.
Na contingência de reforço negativo, um determinado 
organismo se encontra em uma situação onde há a presença 
de um estímulo aversivo. Diante desse estímulo, o organismo 
apresenta uma determinada classe de respostas que elimina esse 
187
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
estímulo aversivo. Na coerção, esse estímulo aversivo é disposto 
no organismo por outra pessoa ou por uma instituição. Essa 
outra pessoa ou instituição, portanto, controla um determinado 
comportamento de um organismo, dispondo estímulos aversivos 
para que esse organismo apresente determinada resposta 
que evite esses estímulos ou diminua sua aversividade. Esse 
comportamento controlado por uma pessoa ou instituição, na 
contingência de reforço negativo, é um comportamento que a 
pessoa ou instituição controladora deseja que outros organismos 
apresentem. 
O estado cria a cobrança de impostos para empresas. 
essas empresas, portanto, precisam pagar taxas de 
dinheiro ao Governo, para que possam funcionar e 
trabalhar na sociedade. A cobrança de impostos é, 
portanto, uma estimulação aversiva. Uma empresa 
precisa pagar para poder trabalhar. Quando o governo 
estipula que as empresas podem pagar menos 
impostos, se fizerem atividades de cunho social, ele 
está controlando comportamentos das pessoas da 
empresa que ajudam a melhorar as condições de vida 
das pessoas menos favorecidas da sociedade, ainda 
que utilizando recursos artificiais para isso. 
Ao diminuir os impostos pagos pela empresa, às vezes ao 
isentá-la até mesmo de pagá-los, o Governo está diminuindo 
a estimulação aversiva. O problema de usar contingências de 
reforço negativo é que, na presença de estímulos aversivos, o 
organismo (aquele que é controlado) está sempre em um estado 
fisiológico que não é benéfico para ele – certo grau de medo 
ou certo grau de ansiedade, por exemplo. Também é elevadaa probabilidade de que o organismo controlado apresente o 
comportamento desejado apenas na presença da estimulação 
aversiva e do agente punidor (aquele que apresenta o estímulo 
aversivo ou que ameaça apresentá-lo). O organismo aprende a 
fugir ou esquivar-se da estimulação aversiva e do agente punidor.
No caso das empresas que começam a desenvolver atividades 
sociais, é muito provável que elas desenvolvam esse tipo de 
atividade apenas para evitar pagar impostos. Em sua maioria, 
o benefício social é pouco relevante para a empresa e fica em 
segundo plano. A empresa aprende a fugir dos impostos, e não a 
melhorar as condições de vida das pessoas menos favorecidas da 
sociedade. 
188
Universidade do Sul de Santa Catarina
No caso de uso de contingência de punição positiva, ocorre o 
mesmo. Se é apresentado ao organismo um estímulo aversivo, ele 
fica em um estado fisiológico prejudicial ao próprio organismo. 
Somente a presença do agente punidor e da possibilidade da 
apresentação do estímulo aversivo já são suficientes para deixar o 
organismo em estado fisiológico alterado. E, novamente, é muito 
provável que o organismo aprenda a fugir ou esquivar-se do 
agente punidor, e não aprenda o comportamento que realmente 
se deseja que ele aprenda.
Algumas igrejas costumam controlar o comportamento das 
pessoas por meio de contingência de punição positiva ou 
contingência de reforço negativo. A pessoa pecadora, por 
exemplo, para sua alma não ser punida com o inferno, terá que 
confessar seus pecados e, ao confessar, receberá um castigo – 
fazer 20 orações. Ao fazer isso, estas igrejas tentam ensinar às 
pessoas que elas devem ajudar e respeitar os outros, mas não é o 
que as pessoas, em muitos casos, acabam aprendendo. Para evitar 
um estímulo aversivo – o inferno, o confessionário e ter que fazer 
20 orações – a pessoa não deve pecar. Com isto, estão ensinando 
a pessoa a fugir ou esquivar da estimulação aversiva e do agente 
punidor. A pessoa, então, passa a evitar a ida à Igreja, passa a não 
gostar de orar, etc. E ela não aprende o que realmente deveria 
aprender, ou seja, não aprende efetivamente a ajudar e a respeitar 
os outros. 
Algumas escolas também tendem a trabalhar com coerção. 
Por exemplo: a criança que faz muita bagunça na sala de aula 
pode perder o direito de sair para a merenda com os colegas 
(contingência de punição negativa). É retirado da criança um 
estímulo gratificante – a merenda com os colegas. A criança 
aprende a permanecer quieta em sala de aula, para evitar a 
punição. Ela não aprende a prestar atenção à aula porque 
aprender é algo importante para ela e para a sociedade.
Apesar dos muitos exemplos de controle do comportamento 
por meio de contingências aversivas, o controle sobre o 
comportamento não deve ser entendido como sinônimo de 
coerção. Em contingências de reforço positivo, há também graus 
de controle sobre os comportamentos dos organismos. O controle 
sobre o comportamento é, portanto, algo que deve ser entendido 
como influência, e não como coerção. O comportamento não 
surge do nada, há determinantes que influenciam sua ocorrência.
189
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
Coerção é apenas um tipo de controle sobre o comportamento. 
Na coerção, há uma pessoa ou instituição que se utiliza de 
contingências de reforço negativo e punição (negativa e positiva) 
para controlar o comportamento de outras pessoas. Não é 
o tipo de controle mais indicado para ser exercido sobre o 
comportamento de outros organismos, porque envolve mais 
prejuízos para quem controla, para a sociedade e para quem 
é controlado do que benefícios. Quando há prejuízo para o 
organismo que se comporta, para a sociedade e para o agente 
controlador, a dimensão ética do comportamento não está sendo 
respeitada. 
Mas o que a ética tem a ver com o controle do 
comportamento?
Você irá estudar isso na próxima seção.
 SEÇÃO 2 – O que é ética?
Para compreender o que é ética, começaremos com uma pequena 
história sobre Ian, um cientista que inventou a máquina do tempo 
e resolveu viajar pelo passado.
ian é um cientista do século XXViii, o qual inventou 
uma máquina que tornou possível a viagem no tempo. 
Maravilhado com sua invenção, ian passou a viajar pelo 
passado. Mas ele não viajava ao acaso, sempre estava 
querendo descobrir alguma coisa sobre a humanidade. 
em uma de suas investigações pelo passado, ian decidiu 
entender um pouco das diferenças entre homens e 
mulheres. Sim, até lá no século XXViii, as diferenças 
entre homens e mulheres ainda não estavam totalmente 
desvendadas.
190
Universidade do Sul de Santa Catarina
ian então foi primeiro para uma época muito distante 
de seu tempo, viajou até uma das primeiras civilizações 
humanas onde o homem vivia da caça e da coleta de raízes 
e frutas. Chegando lá, ian ficou observando, escondido, 
uma aldeia onde os homens saíam para caçar e as mulheres 
ficavam nas proximidades da aldeia, colhendo alimentos e 
cuidando das crianças. “Poxa... essa é uma ótima situação 
para eu começar a entender as diferenças entre homens e 
mulheres”, pensou ian.
Um belo dia, os homens adultos e jovens saíram para caçar 
e somente as mulheres e crianças permaneceram na aldeia. 
ian resolveu ficar e observar primeiro as mulheres. ele 
percebeu que as mulheres conversavam muito entre elas, 
davam risadas, cantarolavam enquanto coletavam raízes 
e frutas. e assim o faziam por algumas horas. elas também 
conversavam entre elas, riam e cantavam, enquanto 
olhavam as crianças na aldeia. e, claro, também interagiam 
com as crianças... falavam com elas, as abraçavam, faziam 
brincadeiras, etc. Também as mulheres nunca iam sozinhas 
buscar água em um rio próximo, sempre estavam em duas 
ou mais e conversavam enquanto iam até o rio. e a rotina 
das mulheres era essa até a chegada dos homens com a 
caça.
Poucos dias depois, os homens saíram novamente para 
caçar. Desta vez, ian decidiu acompanhá-los de longe, para 
observar como caçavam. Completamente diferentes das 
mulheres, os homens pouco falavam entre eles. Quando 
o faziam, eram poucas palavras em um tom muito baixo, 
ao contrário das mulheres que falavam e riam sem se 
preocupar com a altura da voz. Os homens muito se 
comunicam por gestos. e eles caminhavam por horas, 
às vezes, por dias, até encontrar uma presa e abatê-la. 
Ao avistarem a presa, a tensão era grande. Movimentos 
precisos, muito silêncio, caminhada lenta e sorrateira até 
próximo da presa. e, de repente, o ataque. Se esse não 
fosse bem sucedido, os homens perseguiam a presa até 
conseguir abatê-la. Abatida a presa, os homens tinham de 
carregá-la de volta à aldeia. e assim os homens o faziam, 
toda vez que saíam para caçar. 
ian estava animado com todas as suas observações e 
deste modo continuou por mais alguns dias. em uma bela 
manhã, uma das crianças da aldeia encontrou ian. era Nzula, 
um garoto em seus seis ou sete anos de idade (eles não 
contavam exatamente a idade como nós, naquela época), 
muito esperto e conversador. ian e Nzula se tornaram 
grandes amigos e, sempre que Nzula visitava ian em seu 
esconderijo, ambos passavam horas conversando.
191
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
ian contava histórias do futuro e Nzula contava a ian as 
histórias de sua aldeia. em uma dessas conversas, ian 
perguntou a Nzula por que as mulheres não saíam com 
os homens para caçar. Nzula explicou que as mulheres 
falavam muito e isso poderia espantar as presas. Além 
disso, as mulheres não eram tão fortes fisicamente quanto 
os homens para agüentar dias caminhando e depois 
carregar a presa de volta até a aldeia. “Muito bem”, disse 
ian. ele entendeu que havia razões para as mulheres 
permanecerem na aldeia e os homens irem à caça. Razões 
estas que beneficiavam todos da aldeia. 
ian estava satisfeito com essas descobertas e, então, se 
despediu de Nzula e voltou para o século XXViii. ian fez suas 
anotações e resolveu investigar outra época, o século XiX. 
“Como será que ocorre essa divisãode tarefas entre homem 
e mulher no século XiX?”, indagou-se ian. e lá foi ele com 
sua máquina do tempo para a europa de 1852. 
Chegando à europa, ian reparou que ocorria o mesmo que 
na aldeia de Nzula. Os homens saíam e as mulheres ficavam 
em casa. Mas no século XiX, os homens não saíam para 
caçar, saíam para trabalhar. e as mulheres ficavam em casa, 
cuidando dos afazeres domésticos, ou então, tentando 
ocupar seu tempo ocioso com leituras, música, etc. ian, 
novamente, acabou conhecendo um menino de oito anos, 
Jack, e eles passaram a conversar freqüentemente. em 
uma dessas conversas, ian indagou do garoto a razão de os 
homens irem trabalhar fora, e as mulheres, não. O garoto 
respondeu “Porque é o certo. É errado as mulheres irem 
trabalhar fora de casa”. ian percebeu que parecia não haver 
razões plausíveis para essa distinção de atividades entre 
homens e mulheres. Tanto que as mulheres começaram, 
no mesmo século XiX, a ingressar no mesmo mundo 
do trabalho do homem. ian viajou para o ano de 2007 e 
comprovou isso. em 2007, homens e mulheres dividiam os 
afazeres domésticos e ambos tinham trabalhos fora de casa.
 
Considere que uma criança entre 6 e 8 anos de idade, tanto na 
Europa de 1852 quanto na comunidade de Nzula, pudesse relatar 
com fidedignidade o que ocorria em sua época. Ao ler a história 
de Ian, você pôde observar que Ian presenciou duas situações 
temporalmente distintas, mas muito parecidas em alguns 
aspectos. Na primeira, a comunidade de Nzula avaliava o que 
192
Universidade do Sul de Santa Catarina
ocorreria se as mulheres fossem caçar com os homens. Ao fazer 
essa avaliação, a comunidade de Nzula percebia que era melhor 
para a comunidade que as mulheres não acompanhassem os 
homens nas caçadas. Na segunda situação, a Europa de 1852, os 
homens iam trabalhar fora, enquanto as mulheres permaneciam 
em casa. Neste caso, apesar da semelhança dos comportamentos 
dos homens – de saírem para o trabalho – e das mulheres – 
permanecerem em casa cuidando da casa e dos filhos – não era 
feita uma avaliação efetiva das conseqüências de o homem ir 
trabalhar fora, e a mulher, não. A civilização daquela época na 
Europa tinha como um valor social correto o homem ir trabalhar 
fora de casa, e a mulher, não. Não havia uma avaliação efetiva das 
conseqüências disso para as mulheres, para os homens e para a 
sociedade.
Mas o que isso tudo tem a ver com ética?
Tudo aquilo que um organismo faz tem conseqüências. Ou seja, 
toda a classe de respostas de um comportamento desse organismo 
tem conseqüências. São conseqüências para o organismo que 
se comporta, para outras pessoas que se relacionam com esse 
organismo e para a sociedade da qual esse organismo faz 
parte. Essas conseqüências dizem respeito à dimensão ética 
do comportamento. A dimensão ética de um comportamento 
é caracterizada, portanto, pelas conseqüências da classe de 
respostas em relação ao organismo que se comporta, a outras 
pessoas que se relacionam com esse organismo e à sociedade.
Todo comportamento apresenta uma dimensão ética, ou seja, 
todo comportamento apresenta conseqüências para o organismo, 
para outras pessoas que se relacionam com este organismo e 
para a sociedade em geral. Ser ético significa avaliar, a todo 
momento, as conseqüências envolvidas em cada comportamento 
(para o próprio organismo que se comporta, para as pessoas 
relacionadas a ele e para a sociedade), para garantir o máximo 
de conseqüências favoráveis para o organismo que se comporta, 
para as pessoas que se relacionam com esse organismo e para a 
sociedade.
193
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
No caso da comunidade de Nzula, eles, muito provavelmente, 
estavam sendo éticos, pois avaliavam as conseqüências de os 
homens irem caçar e de as mulheres ficarem na aldeia para 
colher raízes e cuidar das crianças. Se as mulheres fossem caçar, 
provavelmente elas espantariam a caça e levariam desvantagem 
em relação à força dos homens – teriam mais dificuldade para 
agüentar longos períodos de caça e precisariam de maior energia 
para carregar a caça de volta à aldeia. 
Ao avaliarem essas conseqüências, a comunidade de Nzula optou 
pelos comportamentos que trariam mais benefícios para todos: 
homens caçando e mulheres permanecendo nas aldeias. No 
entanto, para garantir a dimensão ética do comportamento de 
homens e mulheres nessa decisão, há que ressaltar a importância 
de que cada membro dessa comunidade esteja ciente e de acordo 
com essa decisão. Ainda, para garantir essa dimensão ética no 
comportamento de homens e mulheres, é também importante 
garantir que essa comunidade tenha os meios e procedimentos 
de participação de seus membros na decisão, de modo justo e 
equilibrado.
O mesmo não ocorria na Europa de 1852. Lá, não era feita uma 
avaliação das conseqüências da mulher ficar em casa e do homem 
ir trabalhar fora. Se a mulher fosse trabalhar fora, por exemplo, 
ela poderia ajudar a pagar as despesas da casa. O homem poderia 
ajudar mais a cuidar da casa e ambos poderiam passar mais 
tempo juntos. Para a sociedade também seria benéfico, pois 
as mulheres não ficariam mais ociosas em casa, e a sociedade 
disporia de mais pessoas para trabalhar e ajudar a melhorar 
as condições de vida da população. Nesse caso, para garantir 
a dimensão ética de seus comportamentos, seriam necessários 
meios e procedimentos que garantissem formas de participação 
equilibradas dos membros dessa coletividade nas decisões que 
afetarão as vidas individuais e de toda a sociedade.
Comportamentos profissionais também possuem essa 
dimensão ética. Todo profissional deve levar em consideração 
essa dimensão ética em sua atuação profissional. Qualquer 
profissional necessita avaliar constantemente as conseqüências 
de seus comportamentos. Além de avaliá-las, os profissionais, 
ao atuarem, devem manter seus comportamentos sob o controle 
dessas conseqüências. Ou seja, devem atuar de maneira que seus 
194
Universidade do Sul de Santa Catarina
comportamentos garantam o máximo de benefícios para a pessoa 
que recebe o atendimento do profissional, para as pessoas que se 
relacionam com ela e para a sociedade.
O psicólogo, ao utilizar uma técnica com seu paciente na clínica 
psicológica, deve garantir que essa técnica seja a melhor para seu 
paciente, para as pessoas que se relacionam com esse paciente e 
para a sociedade. Ao garantir esses benefícios, por conseqüência, 
o próprio psicólogo será também beneficiado pelo bem-estar 
das pessoas que dependem de seu trabalho. Ao garantir esses 
benefícios, o psicólogo está atuando eticamente.
O mesmo ocorre com os demais profissionais. Um médico, ao 
atender um paciente, deve garantir que seu atendimento trará 
benefícios para o paciente, para a sociedade na qual esse paciente 
vive e para ele próprio, o médico. Um médico que receita um 
medicamento para uma dor de seu paciente, sem identificar o que 
está causando a dor e sem tratar essa causa da dor, está agindo 
anti-eticamente. A medicação alivia a dor do paciente, mas não 
está resolvendo o problema, não está sendo tratada a causa da dor, 
e o paciente está sendo lesado. 
Um administrador que faz uma consultoria para uma empresa 
deve garantir que sua consultoria melhore as condições de 
trabalho da empresa. Essa melhora das condições de trabalho da 
empresa deve beneficiar a empresa, a qual melhora a qualidade de 
seus serviços e a qualidade das relações entre seus funcionários. 
Deve ser uma melhora que também garanta um melhor 
atendimento à sociedade. Dessa maneira, o administrador está 
agindo eticamente.
Todo profissional, portanto, deve manter seus comportamentos 
profissionais sob o controle das conseqüências desses seus 
comportamentos para a(s) pessoa(s) que necessita(m) de sua 
intervenção (aquele que é atendido e aquele que solicita a 
intervenção), para as pessoas que convivem com essa pessoa, para 
a sociedade e para o próprio profissional. Além de ficar sob esse 
controle, o profissional deve garantir queseus comportamentos 
sejam benéficos para o seu paciente, para as pessoas que com ele 
convivem e para a sociedade. Os comportamentos do profissional 
não devem ser lesivos para ninguém.
195
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
Alguns cuidados, no entanto, devem ser tomados para que não 
se confunda a dimensão ética do comportamento com a moral e 
com o código de ética. Na próxima seção, serão feitas as devidas 
distinções entre esses três fenômenos. Vamos adiante?
SEÇÃO 3 – Moral, ética e Código de Ética Profissional
 
 
Quando se fala em ética (ou na dimensão ética do 
comportamento), deve-se cuidar para não confundi-la com a 
moral e com o Código de Ética. Na seção anterior, você estudou 
a dimensão ética do comportamento e o que um profissional 
deve fazer para atuar eticamente. Para garantir que a dimensão 
ética de qualquer comportamento profissional seja observada, é 
necessário que o profissional seja capaz de avaliar constantemente 
as conseqüências de sua atuação, a fim de maximizar benefícios 
para quem precisa de seu trabalho, para as pessoas que se 
relacionam com esse cliente e para a sociedade em geral. 
Mas e quanto à moral e ao Código de Ética? O que são 
cada um deles e como se relacionam com a ética?
É comum atribuir algum tipo de qualidade para um 
comportamento. O comportamento “roubar” é ruim. Já o 
comportamento “ajudar o próximo” é tido como bom. Dizemos 
que o comportamento de uma criança ao bater no coleguinha 
é errado. Deixar de cumprimentar alguém é falta de educação. 
É correto respeitar um idoso. Ou então, não é bom xingar as 
pessoas no trânsito. Enfim, há diversos exemplos. Atribuir uma 
qualidade para um comportamento é o que se denomina de 
moral. A moral diz respeito, portanto, aos comportamentos que 
a sociedade considera como bons ou maus, corretos ou incorretos, 
certos ou errados, etc. A moral é essa atribuição de qualidade 
aos comportamentos que ocorrem (ou deixam de ocorrer) na 
sociedade.
196
Universidade do Sul de Santa Catarina
As sociedades, geralmente, atribuem determinadas qualidades 
aos comportamentos para garantir que eles ocorram ou deixem 
de ocorrer. É um tipo de controle que a sociedade exerce sobre 
os comportamentos de seus membros. Os adultos, por exemplo, 
dizem para as crianças que é errado brincar no meio da rua. 
Ao dizer que o comportamento “brincar na rua” é errado, os 
adultos estão atribuindo uma qualidade ao comportamento 
brincar na rua. Os adultos assim o fazem para exercer um tipo de 
controle sobre o comportamento das crianças de brincar na rua. 
Os adultos querem garantir que elas não irão aventurar-se em 
brincadeiras, em meio ao asfalto. 
A decisão dos adultos de permitir, ou não, a crianças brincar 
na rua é feita, muito provavelmente, com base em avaliação 
precisa e pertinente das conseqüências dessa decisão. Se crianças 
brincam em contexto de alto risco, a probabilidade delas 
serem atropeladas, se machucarem, ou, até mesmo, morrerem 
é alta. Ademais, se algo desse tipo ocorre, conseqüências 
onerosas advirão para todos os envolvidos, e não só para as 
crianças. Haverá conseqüências onerosas para a pessoa que 
“causou” o acidente, para os familiares e amigos da criança e 
para a sociedade em geral. Deste modo, quando consideram 
os resultados da avaliação das conseqüências de determinados 
comportamentos, os adultos estão assegurando a dimensão 
ética presente nesses comportamentos. Em alguns casos, as 
qualidades são atribuídas aos comportamentos de acordo com 
a dimensão ética desses comportamentos. As conseqüências do 
comportamento “brincar na rua” fazem a sociedade atribuir a 
qualidade de “errado” para esse tipo de comportamento.
Mas isso nem sempre ocorre. Em outras situações, não se leva em 
conta a dimensão ética do comportamento, para lhe atribuir uma 
qualidade.
 Na história de Ian, quando os europeus atribuíram a qualidade 
de errado ao comportamento “trabalhar fora de casa” da mulher, 
eles, muito provavelmente, não levaram em consideração as 
conseqüências desse comportamento para as mulheres, para 
os homens e para a sociedade. As “razões” para tal atribuição 
poderiam estar pautadas em critérios pouco relevantes, ou 
mesmo, em comportamentos supersticiosos ou algum outro 
comportamento sem função.
197
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
Moral e ética são, portanto, fenômenos distintos. É importante 
distingui-los adequada e precisamente. Uma das possíveis razões 
para que ética e moral sejam confundidas é que se levam em 
consideração as conseqüências de um comportamento para lhe 
atribuir uma qualidade. Cuide para não confundir esses dois 
fenômenos!
Algumas vezes, para garantir a ocorrência de determinados 
comportamentos, a sociedade cria leis e códigos e institui uma 
organização fiscalizadora para garantir que essas leis e códigos 
sejam cumpridos. Comportamentos que vão contra essas leis e 
códigos são punidos por essas agências fiscalizadoras. Quando 
se criam esses códigos e leis e quando são criadas entidades 
sociais para garantir que eles sejam seguidos, estamos falando de 
legalidade. 
Ao criar leis e códigos e ao estipular instituições fiscalizadoras, 
a sociedade também está criando um tipo de controle sobre os 
comportamentos das pessoas. O problema é que, geralmente, 
esse tipo de controle é coercitivo. Quando comportamentos 
inadequados ocorrem, as entidades fiscalizadoras os punem com 
a apresentação de algum tipo de estímulo aversivo. É o caso 
de pessoas que ultrapassam o limite de velocidade nas estradas 
e têm de pagar uma multa de trânsito. A polícia rodoviária é 
a organização criada para fiscalizar, entre outros, as estradas. 
Ou então, a pessoa perde algum estímulo gratificante que 
possuía. Se a pessoa rouba, ela perde o direito de viver entre as 
demais pessoas da sociedade. A pessoa deve ficar reclusa em um 
presídio. Nesse caso, juízes e polícia fiscalizam e punem tais 
comportamentos considerados errados segundo leis vigentes.
Os Códigos de Ética Profissionais dizem respeito a essa 
legalidade. São criados para garantir que determinados 
comportamentos profissionais ocorram ou para garantir que 
determinados comportamentos (antiprofissionais) não ocorram. 
Os Conselhos (regionais e federais) são as entidades criadas para 
garantir fiscalização sobre esses comportamentos.
Os Códigos de Ética indicam quais comportamentos o 
profissional deve apresentar e quais comportamentos o 
profissional não deve apresentar em sua atuação profissional. 
A dimensão ética desses comportamentos, no entanto, é pouco 
198
Universidade do Sul de Santa Catarina
abordada pelos códigos de ética. Não há, nos Códigos, uma 
avaliação pormenorizada das conseqüências dos comportamentos 
profissionais para o profissional, para as pessoas que o profissional 
atende e para a sociedade. Os Conselhos (federais e regionais) 
fiscalizam a ocorrência de comportamentos antiéticos, ou seja, 
eles fiscalizam a ocorrência de comportamentos que, de alguma 
maneira, são lesivos para as pessoas a quem os profissionais 
atendem, para a sociedade ou para o próprio profissional e seus 
pares. Os Conselhos, em geral, não ensinam os profissionais 
a serem éticos, apenas fiscalizam a ocorrência desses 
comportamentos antiéticos.
Os Cursos de graduação são responsáveis pelo ensino 
de comportamentos éticos. A aprendizagem de como 
avaliar as conseqüências de um comportamento para 
a pessoa atendida pelo profissional, para a sociedade 
e para o próprio profissional deve ser desenvolvida 
ao longo desses Cursos. Além de aprenderem a 
avaliar essas conseqüências de comportamentos 
profissionais, os alunos devem aprender a agir de 
acordo com essa avaliação, beneficiando as pessoas 
atendidas, a sociedade e o próprio profissional e seus 
pares. 
Todo comportamento possui uma dimensão ética, ou seja, 
todo comportamento tem conseqüências para o organismo 
que se comporta, para as pessoas que se relacionam com esse 
organismo e para a sociedade em geral. E essa dimensãoética 
não deve ser confundida com a moral ou com os Códigos de 
Ética Profissionais. Os Cursos de graduação devem garantir 
a aprendizagem de como agir de acordo com a avaliação das 
conseqüências de comportamentos profissionais. Sem essa 
aprendizagem, corre-se o risco de formar profissionais que irão 
mais lesar do que beneficiar a sociedade.
Se todo profissional deve aprender a ser ético, os profissionais 
que trabalham com modificação de comportamento não fogem à 
regra. 
199
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
Mas como ocorre a dimensão ética em 
comportamentos profissionais nos processos de 
modificação de comportamento? 
Na próxima seção, será feito um exame da ética em processos de 
modificação de comportamento.
SEÇÃO 4 – Ética e modificação de comportamento
Toda atuação profissional que visa modificar comportamentos 
deve levar em consideração as conseqüências dessa atuação. 
Ao modificar comportamentos, o profissional deve garantir 
que sua atuação não seja lesiva para seu cliente, para as pessoas 
no entorno de seu cliente, para a sociedade e para o próprio 
profissional e a categoria de profissionais relacionados a ele.
A esta altura, você deve estar perguntando-se: Mas de que 
maneira isso deve ser feito? Como agir para garantir que as 
pessoas sejam beneficiadas, e não prejudicadas, por essa atuação?
Quando alguém modifica um comportamento de outra pessoa, 
esse alguém está ensinando um novo comportamento a outra 
pessoa. Ao ensinar esse novo comportamento, quem ensina 
deve levar em consideração a dimensão ética de sua atuação. 
A pessoa que ensina um novo comportamento deve avaliar as 
conseqüências de sua atuação para a pessoa que está aprendendo, 
para a sociedade e para ele próprio que está ensinando.
200
Universidade do Sul de Santa Catarina
Quando alguém está ensinando outra pessoa, esse alguém 
apresenta diversos comportamentos de ensino, ou seja, ensinar 
(ou modificar um comportamento) é comportar-se. Se o processo 
de ensinar envolve diversos comportamentos de quem ensina, 
é importante que aquele que ensina leve em consideração a 
dimensão ética de cada um de seus comportamentos de ensino. 
Esses comportamentos de ensino têm conseqüências para quem 
aprende, para quem ensina e para a sociedade.
Os comportamentos de quem ensina devem, portanto, ficar 
a todo momento sob o controle de suas conseqüências para 
garantir que não haja prejuízos para os envolvidos no processo. 
Ao contrário, os comportamentos de quem ensina necessitam 
garantir o máximo de benefícios para todas as pessoas envolvidas, 
que dependem de seu trabalho. 
A primeira pessoa a quem devem ser garantidas as conseqüências 
não lesivas é a pessoa que aprende. Ela está diretamente 
envolvida com os comportamentos de quem ensina e é a 
primeira que sofre suas influências. Em alguns casos, há outra 
pessoa (ou instituição) que contrata os serviços do profissional 
modificador de comportamentos. Nesses casos, é importante 
garantir que essa pessoa que contrata também não seja lesada 
pelos comportamentos da pessoa que está ensinando um novo 
comportamento. É o caso das escolas que contratam o serviço 
do professor, para que este ensine novos comportamentos aos 
estudantes. Ou é o caso do pai que leva o filho ao psicólogo 
clínico, para que o psicólogo possa auxiliar o filho em um 
eventual problema.
Além das conseqüências para a pessoa que aprende (e para a 
pessoa que contrata), há também conseqüências diretas para 
o profissional que está ensinando o novo comportamento. O 
profissional, ao ensinar, não deve apresentar comportamentos 
que sejam lesivos para ele próprio. Se um fisioterapeuta chega 
constantemente atrasado para cuidar de seus pacientes, ele 
provavelmente irá perder seus clientes. Nesta situação, não só 
os pacientes são lesados por perderem o tempo inicial de suas 
sessões, como também o próprio fisioterapeuta, que poderá não 
ter mais pacientes devido aos seus atrasos.
201
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
É importante também que o profissional que atua garanta 
que a categoria de profissionais da qual ele faz parte não seja 
prejudicada pela sua atuação. Se um médico atende mal um 
paciente, ele está prejudicando o paciente que não teve seu 
problema resolvido satisfatoriamente; está prejudicando ele 
próprio, pois ele perdeu o paciente e corre o risco de perder 
outros; e está prejudicando a categoria de profissionais médicos, 
pois o paciente mal atendido pode concluir que os médicos não 
estão sendo bem formados pelas universidades.
Uma das conseqüências de um processo de modificação de 
comportamentos é o novo comportamento que é aprendido 
por um organismo. Esse organismo irá apresentar esse novo 
comportamento na sociedade onde ele vive. Portanto, ao ensinar 
um comportamento novo para um determinado organismo, 
aquele que ensina deve garantir que esse novo comportamento 
possa produzir o máximo de benefícios para todos os envolvidos. 
Por isto um profissional não pode ensinar comportamentos 
criminosos para uma pessoa, pois comportamentos criminosos 
são lesivos para a sociedade. Se eles são ensinados a alguém, a 
pessoa que ensina está sendo antiética. Ela não está levando em 
consideração que o comportamento ensinado prejudica a sociedade. 
Um administrador de uma empresa não pode deixar que a pessoa 
que cuida dos estoques de produtos guarde para venda produtos 
estragados, por exemplo. A empresa pode ser beneficiada com 
essas vendas, ou seja, ela ganha dinheiro com algo que, em 
princípio, não poderia ser vendido. Mas as pessoas que compram 
os produtos estragados são prejudicadas. Elas trocam o dinheiro 
delas por algo ruim, estragado, que não funciona. Ao permitir 
que seu funcionário estoque produtos estragados, o administrador 
está ensinando seu funcionário a guardar produtos estragados, 
por mais simples que possa ser esse processo de aprendizagem. 
Nesse sentido, permitir a estocagem de mercadoria estragada é um 
comportamento antiético do administrador, pois lesa a sociedade.
202
Universidade do Sul de Santa Catarina
Um psicólogo pode receber em sua clínica um menino 
encaminhado pelos pais com a queixa de que o garoto fala 
pouco. O psicólogo não poderia fazer o garoto falar, ensinando 
a ele um monte de palavrões. Os pais ficaram horrorizados e 
insatisfeitos com a atuação do psicólogo. Imagine se o garoto 
começa a falar palavrões na escola. O comportamento (anti) 
profissional do psicólogo está lesando as pessoas envolvidas 
com o garoto (os pais) e a uma parte da sociedade (a escola). 
O psicólogo precisa identificar quais as razões pelas quais o 
garoto fala pouco e, a partir daí, auxiliá-lo a falar mais com as 
pessoas. O garoto pode, por exemplo, se comunicar só por gestos, 
porque os pais logo o atendem quando ele gesticula. Os pais, 
nesse caso, não incentivam o garoto a falar. O psicólogo pode 
ajudar o garoto a falar ao invés de gesticular no consultório e, 
ao mesmo tempo, pode pedir aos pais que incentivem o garoto a 
falar, não atendendo seus pedidos quando ele gesticula; apenas, 
quando fala. Dessa maneira, o psicólogo estará modificando 
comportamentos eticamente, ao promover condições para 
melhorar a qualidade da interação entre filhos e pais.
Se a pessoa que modifica comportamentos utiliza contingência 
de reforço negativo e contingência de punição (positiva e 
negativa), ela está prejudicando a pessoa que aprende o novo 
comportamento e, até mesmo, prejudicando a sociedade na qual 
essa pessoa vive. Por isso é importante cuidar para que essas 
contingências não sejam utilizadas em processos de modificação 
de comportamento. A utilização desses tipos de contingência 
pode ser considerada antiética, pois lesa as pessoas envolvidas 
no processo. Vamos ver como esta afirmação se confirma nos 
exemplos discutidos ao longo desta seção.
Quando o governo estipula que as empresas podem pagar menos 
impostos, se fizerem atividades de cunho social, ele está tentando 
fazer com que as empresas modifiquemseus comportamentos. 
Ele está tentando ensinar as empresas a ajudar a melhorar as 
condições de vida das pessoas menos favorecidas da sociedade. 
Ao reduzir ou eliminar uma estimulação aversiva (os impostos), o 
governo faz com que as empresas aprendam a fugir dos impostos, 
e não a melhorar as condições de vida das pessoas menos 
favorecidas da sociedade. É uma atuação do governo que acaba 
prejudicando a sociedade. Quando não houver mais a isenção de 
impostos para empresas que desenvolvem atividades sociais, é 
pouco provável que elas continuem a desenvolver essas atividades. 
203
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
No caso da Igreja que deseja ensinar as pessoas a não serem 
pecadoras, ocorre o mesmo. A Igreja diz que o pecador não irá 
para “o céu” a não ser que confesse seus pecados e reze tantas 
orações para se redimir. Ao fazer isso, a Igreja está ensinando a 
pessoa a fugir ou esquivar da estimulação aversiva (o inferno, o 
confessionário, a oração) e do agente punidor (a Igreja e os padres 
e freiras). A pessoa não aprende que deve respeitar as demais 
pessoas e ajudá-las. A atuação da Igreja também está sendo lesiva 
para a sociedade. As pessoas estão deixando de aprender a ajudar 
e respeitar os outros.
Dentro das escolas ocorre algo semelhante. A criança que não 
aprende a ler é punida com a repetência. Ela terá que cursar 
novamente a série para aprender a ler. A escola está ensinando o 
que para essa criança? A criança aprende a ler para não repetir o 
ano. Ela não está aprendendo a ler porque ela irá precisar saber 
ler para poder conviver com as demais pessoas, se comunicar, 
trabalhar, etc. A atuação da escola é lesiva porque está ensinando 
as crianças a ler para passar de ano, e não ensinando a ler porque 
é algo importante para a vida em sociedade. A escola passa a 
ser um local que a criança não gosta de freqüentar, um local 
aonde não tem muito sentido ir para aprender a ler. Isso lesa a 
sociedade, além de lesar as crianças, porque as crianças aprendem 
a não gostar da escola, não a freqüentam, fogem, etc. As crianças 
acabam se afastando de uma instituição que deveria garantir uma 
melhora na vida das pessoas por meio de novas aprendizagens.
Enfim, como todo comportamento, os comportamentos 
profissionais da pessoa que modifica comportamentos também 
têm sua dimensão ética. Ao modificar comportamentos, o 
profissional está produzindo conseqüências para a pessoa que 
ele atende, para a sociedade e para ele próprio. Este profissional 
deve aprender a avaliar as conseqüências de seus comportamentos 
profissionais para garantir que estas conseqüências não sejam 
lesivas para as pessoas. Os comportamentos do profissional 
modificador de comportamentos devem ficar, portanto, sob 
controle dessas conseqüências. E não é apenas quando o 
profissional atua que esse controle deve ocorrer. Em todo o 
processo de planejamento da modificação de comportamento, 
esse controle já deve existir. Se o profissional deixa de lado essa 
dimensão ética de seus comportamentos, ele corre o risco de lesar 
a si, aos que ele atende e a toda a sociedade. E não é esse tipo de 
profissional que as universidades querem e pretendem formar.
204
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
 
Na Seção 1, você estudou o que é controle do comportamento. 
Quando se fala de controle, está-se falando de influência, e não 
de coerção. A coerção é um controle exercido por contingências 
de (1) reforço negativo, (2) punição positiva e (3) punição 
negativa. O controle não envolve apenas esses três tipos de 
contingência. O controle do comportamento também pode 
ser feito por meio de outras contingências de reforçamento 
(contingência de reforço positivo e extinção).
O controle sobre o comportamento é feito por três fatores 
principais: filogenia, ontogenia e cultura. Ao longo da evolução 
de uma espécie, aqueles organismos que apresentavam os 
comportamentos mais adaptados ao seu ambiente sobreviviam. A 
genética desses organismos passou suas características estruturais 
para seus descendentes, permitindo que estes apresentassem os 
mesmos comportamentos adaptados de seus antecessores. Desta 
maneira, a filogenia controla (influencia) o comportamento.
Ao longo da vida de um indivíduo, determinadas conseqüências 
para certas respostas possibilitaram a ocorrência e aprendizagem 
de alguns comportamentos, e não de outros. Dependendo 
desse histórico de vida (aprendizagem de comportamentos), um 
organismo comporta-se de uma determinada maneira, diferente 
de um outro indivíduo que aprendeu outros comportamentos ao 
longo de sua vida. As aprendizagens ao longo da vida de cada 
organismo (ontogenia) influem em seus comportamentos.
A cultura diz respeito aos comportamentos de um conjunto de 
pessoas. Dependendo da cultura na qual alguém está inserido, 
as pessoas dessa cultura influenciam esse alguém de uma 
determinada maneira, e este alguém aprende comportamentos 
distintos de um outro alguém inserido em outra cultura. E, desta 
forma, a cultura influi nos comportamentos dos organismos.
205
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
Quando se faz referência às conseqüências de um 
comportamento, a questão ética entra em jogo. Na Seção 2, você 
estudou que a Ética é uma dimensão do comportamento. Todo 
comportamento tem conseqüências para quem se comporta, 
para as pessoas que se relacionam diretamente com esse alguém 
que se comporta e para a sociedade em geral. Ser ético é agir de 
maneira a garantir que essas conseqüências não sejam lesivas, e 
sim benéficas para todos os envolvidos. 
Na Seção 3 foram abordadas as diferenças entre ética, moral 
e Código de Ética Profissional. A ética são as conseqüências 
implicadas em cada comportamento. A moral diz respeito à 
atribuição de qualidade (adjetivação) a comportamentos, que 
pode levar em consideração a dimensão ética, ou não. E o Código 
de Ética Profissional são leis que regem quais comportamentos 
podem, ou não, ocorrer em uma atuação profissional. Para 
garantir o cumprimento dessas leis, são criadas entidades 
fiscalizadoras – Conselhos Federais e Regionais. 
Se todo comportamento tem uma dimensão ética, o profissional 
que lida com modificação de comportamentos deve levar em 
consideração essa dimensão ética. Não só na modificação 
de comportamentos mas também no planejamento dela o 
profissional deve garantir que sua atuação irá maximizar 
benefícios para a pessoa que irá aprender um novo 
comportamento, para as pessoas que contratam o serviço 
do profissional modificador de comportamentos, para o 
próprio profissional que atua (e também para sua categoria de 
profissionais) e para a sociedade em geral. Garantir isso é atuar 
eticamente na modificação de comportamentos. 
206
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
efetue as atividades de auto-avaliação e, a seguir, acompanhe as respostas 
e comentários a respeito. Para melhor aproveitamento do seu estudo, 
realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer as 
atividades propostas.
1) explique o que é o controle do comportamento e como ele ocorre.
2) O que é dimensão ética do comportamento?
207
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 6
3) Quais as diferenças entre dimensão ética, moral e Código de Ética 
Profissional?
208
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Para aprofundar os conceitos estudados nesta unidade, você 
poderá consultar os seguintes livros:
 
Código de Ética Profissional do psicólogo. Brasília: agosto de 
2005. Disponível em: <http://www.pol.org.br/legislacao/pdf/
cod_etica_novo.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2008.
GUILHARDI, Hélio José. Aspectos Éticos e Técnicos da 
prática psicoterápica. Texto escrito a partir da fala do autor 
em uma Mesa Redonda promovida pelo Conselho Regional de 
Psicologia do Estado de São Paulo (CRP-06). São Paulo: junho 
de 1995. Disponível em: <http://www.terapiaporcontingencias.
com.br/pdf/helio/Aspectos_Eticos_Tecnicos.pdf>. Acesso em: 02 
jan. 2008.WRUCK, Diane Françoise. Comportamentos característicos 
da dimensão ética na formação do psicólogo. 2004. 176 f. 
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal de 
Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
SIDMAN, Murray. Coerção e suas implicações. Campinas: 
Livro Pleno, 2001. 301 p. 
SKINNER, Burrhus Frederic. Sobre o Behaviorismo. 9.ed. São 
Paulo: Cultrix, 2004. 216 p. 
Para concluir o estudo
A disciplina Análise e Modificação do Comportamento 
apresentou alguns dos principais conceitos relacionados 
ao processo de modificar comportamentos. Ela também 
descreveu algumas das mais importantes etapas 
envolvidas no modificar comportamentos e demonstrou 
a importância desse processo para os profissionais 
que trabalham, direta ou indiretamente, com o 
comportamento de pessoas e para a sociedade. 
A apresentação desses conceitos, etapas e relevância 
social vinculada às atividades de auto-avaliação ao final 
de cada unidade possibilitaram a você compreender 
o que é o processo de modificar comportamentos. E, 
além de possibilitar essa compreensão, esta disciplina 
teve como objetivo geral capacitar você, aluno(a), a 
analisar e sintetizar comportamentos em um processo de 
modificação de comportamentos.
Para ser capaz de modificar comportamentos, é 
importante saber, antes de tudo, o que é comportamento 
e quais suas características. Na primeira parte da 
disciplina, você estudou o que é comportamento (ou 
fenômeno psicológico) para a Psicologia (principalmente 
para a Análise do Comportamento).
Ainda, visando estudar e compreender o que é 
comportamento, na segunda unidade você pôde estudar 
a maneira pela qual os filósofos e cientistas investigaram 
e entenderam o fenômeno psicológico (comportamento) 
ao longo da história da Ciência e da Filosofia. Ainda na 
segunda unidade, foram apresentados diversos conceitos 
para definir com maior grau de clareza e precisão a 
noção de comportamento na perspectiva da Análise do 
Comportamento.
210
Universidade do Sul de Santa Catarina
Além de comportamento, alguns outros conceitos estão 
relacionados com o processo de modificar comportamentos: 
análise, síntese, analisar comportamentos, sintetizar 
comportamentos, ensinar, aprender e contingências de 
reforçamento. Na terceira unidade, você estudou cada um desses 
conceitos. E, além de caracterizados, os conceitos abordados 
foram relacionados entre si e, obviamente, relacionados com o 
processo de modificar comportamentos. Para quem modifica 
comportamentos, é importante conhecer esses conceitos e 
saber como eles se relacionam. São conceitos fundamentais 
em processos de modificar comportamentos e não devem ser 
ignorados.
Antes de iniciar qualquer modificação de comportamentos, é 
preciso identificar uma situação que necessite um profissional 
para modificar comportamentos. Há duas situações principais 
que exigem modificação de comportamento: uma, na qual 
há um comportamento indesejável que se deseja extinguir; e 
outra, na qual não há um comportamento indesejável, mas há a 
necessidade de ser ensinado um novo comportamento a alguém. 
Quando há um comportamento indesejável de alguém que 
necessita ser extinguido e substituído por outro comportamento 
mais adequado, é importante observá-lo (o comportamento 
indesejável) e analisá-lo, para que possa ser feita a identificação 
de comportamentos mais adequados para serem ensinados. 
Isso tudo você estudou na quarta unidade, como primeiras 
etapas do processo de programar/planejar uma modificação de 
comportamento.
Na quinta unidade, foram apresentadas informações também 
a respeito do (1) planejamento de um processo de modificar 
comportamentos e a respeito do (2) modificar comportamentos 
propriamente dito. Você viu que a etapa de planejamento 
deve ser cuidadosamente feita, pois é nela que são decididos 
quais comportamentos novos serão ensinados (análise dos 
comportamentos a serem ensinados), de que maneira se ensinam 
esses novos comportamentos (procedimentos de ensino), o 
que utilizar para ensiná-los (materiais e equipamentos a serem 
utilizados nos procedimentos de ensino) e que princípios de 
aprendizagem devem ser respeitados nesse processo, etc. Nessa 
unidade, você também estudou as técnicas de modificação de 
comportamento como procedimentos de ensino padronizados.
211
Análise e Modificação do Comportamento
Como toda atividade profissional que envolve o trabalho 
do profissional diretamente com pessoas, a modificação 
de comportamentos também implica questões éticas. Na 
última unidade do livro, você pôde estudar o que significa a 
dimensão ética dos comportamentos profissionais de quem 
modifica comportamentos. Além disso, essa última unidade 
apresentou uma diferenciação dos conceitos de dimensão ética 
do comportamento, moral e Código de Ética Profissional. 
Garantir a dimensão ética dos comportamentos de qualquer 
profissional é garantir a maximização de benefícios desses 
comportamentos para as pessoas que dependem, direta ou 
indiretamente, da atuação desses profissionais. E para quem 
trabalha com modificação de comportamentos, essa dimensão 
ética deve ser respeitada desde a identificação de situações que 
necessitam de modificação de comportamentos até a síntese 
dos comportamentos objetivo pelo aprendiz. Não esquecendo 
que estes comportamentos serão apresentados pelo aprendiz na 
sociedade onde ele vive.
A disciplina Análise e Modificação de Comportamento não 
teve o intuito de encerrar definitivamente os assuntos abordados 
sobre o processo de modificar comportamentos e todos os seus 
principais conceitos. Mesmo porque a quantidade de conceitos 
abordados foi grande e seria preciso mais tempo, leituras e 
exercícios para trabalhar todos eles em grau elevado de clareza 
e precisão. Nesta disciplina, os conceitos foram trabalhados de 
maneira a proporcionar uma base conceitual mínima para que 
você, aluno(a), se torne apto(a) a modificar comportamentos 
profissionalmente. Esperamos que essa disciplina tenha cumprido 
seus objetivos e que você tenha aproveitado as aprendizagens que 
desenvolveu ao longo do semestre e gostado delas.
Saulo Satoshi Botomé e
Nádia Kienen:
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Sobre os professores conteudistas
Saulo Satoshi Botomé é mestrando em Psicologia pela 
Universidade Federal de Santa Catarina. Concluiu sua 
graduação em Psicologia pela mesma Universidade em 2005. 
Teve sua formação voltada para trabalhar com processos 
de ensinar-aprender, análise de sentimentos e emoções, 
processos organizacionais e desenho de histórias em 
quadrinhos. Atualmente, leciona as disciplinas “Linguagem 
e Pensamento” e “Memória e Cognição” para o Curso 
de Graduação em Psicologia do Instituto Blumenauense 
de Ensino Superior e desenvolve trabalho voluntário de 
atendimento clínico psicológico no Serviço de Atendimento 
Psicológico da Universidade Federal de Santa Catarina. 
 
Nádia Kienen é doutoranda em Psicologia pela 
Universidade Federal de Santa Catarina. Leciona 
as disciplinas “Fundamentos de Análise do 
Comportamento”, “Estágio Básico em Iniciação 
Científica”, “Estágio Básico em Observação do 
Comportamento” e “Análise e Modificação de 
Comportamento” na Universidade do Sul de Santa 
Catarina. Também já lecionou, nessa mesma 
Universidade, as disciplinas “Psicologia” e “Psicologia 
aplicada à Fisioterapia” no curso de Fisioterapia e 
“Psicologia Experimental” no curso de Psicologia. É 
coordenadora de Trabalhos de Conclusão de Curso 
no Curso de Psicologia. Com Mestrado também 
em Psicologia, realizou pesquisa e publicou artigos 
referentes às relações de trabalho e condições de saúde 
de professores e alunos universitários. Além disso, 
publicou trabalhos referentes à análise de processos 
comportamentais básicos em organizações e instituições, 
entre as quais a formação do psicólogo, dedicando 
atualmente parte de seu tempo para estudos nessa área. 
Participou de grupos de estudo e de cursos a respeito de 
análise do comportamento e de programação de ensino.
Respostas e comentários das 
atividades de auto-avaliação
Unidade 1
Resposta da questão 1 – Fenômeno psicológico é caracterizado 
pela interação (ou relações) entre aquilo que um organismo 
faz e os aspectos do ambiente no qual esse organismo está 
inserido. Lembre-se de que o ambiente é caracterizado tanto 
pelos aspectos físicos, como pelos sociais (outros organismos 
que estejam ali presentes) e, também, pelo próprio corpo do 
organismo. Se o organismo está inserido no ambiente, ele 
também é parte desse ambiente. Comportamento é o nome que 
a Análise do Comportamento (uma das escolas psicológicas) dá 
para o fenômeno psicológico. 
Resposta da questão 2 – Os três componentes do 
comportamento são (1) a classe de estímulos antecedentes, (2) 
a classe de respostas e (3) a classe de estímulos conseqüentes. A 
classe de estímulos antecedentes é constituída pelos aspectos do 
ambiente no qual o organismo que se comporta está inserido, 
que tem relação com a classe de respostas do comportamento 
em questão. Quando os aspectos ambientais têm relação com 
a classe de respostas, eles são denominados de estímulos, 
por isso a denominação “classe de estímulos antecedentes”. A 
classe de respostas é representada pela ação do organismo, ou 
por aquilo que o organismo faz. essa ação é caracterizada pelo 
funcionamento do sistema nervoso, dos músculos estriados e 
lisos e das glândulas. Vale lembrar que o conjunto formado pelo 
sistema nervoso, mais músculos estriados e lisos e mais glândulas 
é denominado de mecanismo de resposta. A classe de respostas 
é, portanto, caracterizada pelo funcionamento do mecanismo 
de resposta. A classe de estímulos conseqüentes é constituída 
pelos aspectos do ambiente que foram alterados pela classe 
de respostas do organismo. esses aspectos alterados pela ação 
do organismo também são denominados estímulos, pois são 
aspectos relacionados à classe de respostas do organismo.
220
Universidade do Sul de Santa Catarina
Resposta da questão 3 – São seis as relações existentes entre os três 
componentes do comportamento:
(1) relação entre classe de estímulos antecedentes e classe de respostas (SA-CR);
(2) relação entre classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes (CR-SC);
(3) relação da classe de respostas com a classe de estímulos antecedentes (CR-SA);
(4) relação da classe de estímulos conseqüentes com a classe de respostas (SC-CR);
(5) relação entre classe de estímulos antecedentes e classe de estímulos 
conseqüentes (SA-SC);
(6) relação entre a classe de estímulos conseqüentes e a classe de 
estímulos antecedentes (SC-SA). 
Na (1) relação entre classe de estímulos antecedentes e classe de respostas, 
os aspectos específicos da classe de estímulos antecedentes facilitam, 
favorecem, impedem ou dificultam a ação do organismo de diferentes 
maneiras, inclusive, criando necessidades.Na (2) relação entre classe de 
respostas e classe de estímulos conseqüentes, as propriedades específicas 
da ação do organismo (classe de respostas) produzem determinados 
resultados ou são seguidas por determinados aspectos específicos do 
ambiente. Na (3) relação da classe de respostas com a classe de estímulos 
antecedentes, essa relação é caracterizada pela oportunidade para que 
a ação possa produzir um determinado tipo de resultado, oportunidade 
esta que é sinalizada por algum aspecto da classe de estímulos 
antecedentes. Na (4) relação da classe de estímulos conseqüentes com a 
classe de respostas, as propriedades das conseqüências da ação (a classe 
de estímulos conseqüentes) exercem influência sobre a probabilidade 
de ocorrência futura da classe de respostas que produziu essas 
conseqüências. A probabilidade de ocorrência da classe de respostas 
pode aumentar, diminuir ou ficar suprida. Na (5) relação entre classe de 
estímulos antecedentes e classe de estímulos conseqüentes, algum ou 
mais de um aspecto da situação antecedente sinaliza a conseqüência que 
será obtida, caso a classe de ações seja apresentada. e na (6) relação entre 
a classe de estímulos conseqüentes e a classe de estímulos antecedentes, a 
conseqüência da ação (a classe de estímulos conseqüentes) faz com que os 
aspectos do meio (inclusive as relações entre aspectos do meio) adquiram 
propriedades/valores de sinalizadores. esses aspectos do meio sinalizam 
que, mediante um determinado tipo de ação (classe de respostas), será 
possível obter um determinado tipo de conseqüência (classe de estímulos 
conseqüentes).
221
Análise e Modificação do Comportamento
Unidade 2
Resposta da questão 1 – Antes de René Descartes (século XVii) e Charles 
Darwin (século XiX), a igreja explicava parcialmente o comportamento 
humano. ela entendia o comportamento humano apenas como a classe 
de respostas do organismo (a ação do organismo) e dizia que o que 
causava essa ação era uma alma sobrenatural. René Descartes tentou 
explicar o comportamento pela analogia com os movimentos e sons 
das figuras mecânicas dos jardins reais de Versalhes. Descartes incluiu o 
ambiente externo em sua explicação sobre o comportamento humano. 
Algo externo, natural, observável e mensurável passou a fazer parte das 
explicações do comportamento. Mas ainda era uma explicação parcial, 
pois o ambiente incluído por Descartes na explicação do comportamento 
fazia referência apenas à classe de estímulos antecedentes. A alma, apesar 
de naturalizada (pois estava localizada no cérebro), ainda era a responsável 
por governar o comportamento. Charles Darwin elaborou a teoria da 
evolução em 1859 e demonstrou que o homem e os animais pertencem ao 
mesmo reino e que suas diferenças eram apenas uma questão de grau. As 
contribuições de Darwin foram importantes para uma ciência psicológica, 
pois mostraram que os estudos de comportamento com animais poderiam 
abranger o comportamento humano e ser comparados entre si. Darwin 
substituiu a alma por termos mentalistas (sentir desejos, ter idéias, etc.) 
para explicar o comportamento. No entanto esses termos ainda não eram 
suficientes para explicar cientificamente o comportamento humano e seus 
determinantes, e a classe de estímulos conseqüentes ainda não havia sido 
considerada como parte do comportamento.
Resposta da questão 2 – Condicionamento reflexo ou condicionamento 
respondente é um processo no qual um evento neutro se torna um 
estímulo condicional ao ser relacionado com um estímulo incondicional. 
Uma determinada classe de respostas é apresentada por um organismo 
em função de um estímulo incondicional. Quando um evento neutro 
(evento que não elicia a classe de respostas eliciada pelo estímulo 
incondicional) é pareado com o estímulo incondicional, ele passa a 
eliciar uma classe de respostas similar à classe de respostas eliciada 
pelo estímulo incondicional. Quando o evento neutro passa a eliciar 
essa classe de respostas, ele se torna um estímulo condicional. Apesar 
de ainda não incluir a classe de estímulos conseqüentes na explicação 
do comportamento, ivan Pavlov enfatizou e estudou eficientemente 
222
Universidade do Sul de Santa Catarina
a relação “classe de estímulos antecedentes classe de respostas”. 
Pavlov demonstrou a influência de uma história prévia de aprendizagem 
sobre os comportamentos atuais de um organismo, mas ele atribuiu 
o condicionamento respondente a uma função do cérebro. O 
cérebro substituiu a alma na explicação do comportamento, mas 
o comportamento como fenômeno natural ainda não tinha sido 
completamente compreendido.
Resposta da questão 3 – A partir de experimentos realizados com ratos 
e pombos sobre condicionamento operante (influência da classe de 
estímulos conseqüentes sobre a probabilidade de ocorrência da classe 
de respostas), Burrhus Frederic Skinner pôde caracterizar cientificamente 
o comportamento como sendo as relações entre a classe de estímulos 
antecedentes, a classe de respostas e a classe de estímulos conseqüentes. 
Skinner também foi responsável por caracterizar as seis relações entre 
os três componentes do comportamento. Além disso, Skinner defendia 
que uma ciência do comportamento deveria ser descritiva ou funcional, 
ou seja, deveria limitar-se às descobertas de relações ou correlações 
entre variáveis mensuráveis. O que determinava o comportamento e 
podia ser explicado pela Psicologia eram os determinantes filogenéticos 
(comportamentos selecionados ao longo da evolução de cada espécie), 
ontogenéticos (comportamentos selecionados ao longo da história de vida 
de cada organismo) e culturais (comportamentos selecionados por uma 
determinada comunidade).
Unidade 3
Resposta da questão 1 – Analisar um comportamento significa decompor 
esse comportamento em seus elementos constituintes menores. Ou seja, 
significa identificar e caracterizar cada um dos elementos que compõem 
cada um dos três componentes do comportamento (classe de estímulos 
antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes). 
Vale ressaltar que o comportamento não é apenas o somatório de seus 
elementos constituintes menores, e as características do comportamento 
são diferentes das características de cada um de seus elementos 
separados.
Resposta da questão 2 – A síntese é o complemento da análise. Após ser 
feita a análise de um comportamento, os elementos analisados podem 
ser novamente compostos em um novo comportamento similar ao 
223
Análise e Modificação do Comportamento
comportamento que foi analisado. Sintetizar os elementos constituintes 
de um comportamento não é apenas representar esse comportamento. 
Sintetizar significa fazer com que ocorra um comportamento similar 
ao comportamento analisado. Quando uma pessoa aprende um 
comportamento novo, dizemos que esse comportamento novo foi 
sintetizado.
Resposta da questão 3 – Contingência de reforço positivo – processo no 
qual é apresentado ou produzido um estímulo gratificante (ou reforçador) 
que aumenta a probabilidade de ocorrência da classe de respostas 
que produziu esse estímulo gratificante. Como efeito básico, ocorre o 
fortalecimento das relações entre classe de estímulos antecedentes, classe 
de respostas e classe de estímulos conseqüentes. Um estímulo gratificante 
(ou reforçador) é caracterizado por todo estímulo que aumente a 
probabilidade de ocorrência da classe de respostas que o produziu. Se não 
há um aumento nessa probabilidade, o estímulo não pode ser nomeado 
de reforçador. O termo positivo não se refere à qualidade do estímulo – se 
o estímulo é bom ou ruim, gratificante ou aversivo. O “positivo” se refere 
à apresentação/acréscimo/inclusão de algo. É apresentado ou produzido 
um estímulo reforçador. É importante cuidar ao classificar um estímulo 
como gratificante/reforçador. Um estímulo gratificante não o é por si só. 
Todo estímulo gratificante/reforçador é gratificante/reforçador na relação 
com o organismo. Se um organismo já está saciado de comer chocolate, 
esteperde seu valor gratificante para o organismo naquele momento. e 
também o que é reforçador para um organismo, pode não ser para outro.
Contingência de reforço negativo – processo no qual é retirado um 
estímulo aversivo que aumenta a probabilidade de ocorrência da classe de 
respostas que eliminou esse estímulo aversivo. Como efeito básico, ocorre 
o fortalecimento das relações entre classe de estímulos antecedentes, 
classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes. Um estímulo 
aversivo tem três características básicas: (1) é todo estímulo que deixa o 
organismo em estado de desconforto; (2) diminui a freqüência da classe 
de respostas que o produz; e (3) aumenta a probabilidade de ocorrência 
da classe de respostas que o elimina. O termo “negativo” também não se 
refere à qualidade do estímulo, mas sim à sua eliminação ou retirada. 
Contingência de punição positiva – processo no qual é apresentado 
ou produzido um estímulo aversivo que diminui a probabilidade de 
ocorrência da classe de respostas que produziu esse estímulo aversivo. O 
comportamento fica suprimido, ou seja, ele deixa de ocorrer na presença 
do estímulo aversivo ou do agente punidor. Mas as relações entre classe 
de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
224
Universidade do Sul de Santa Catarina
conseqüentes NÃO são enfraquecidas e, portanto, na ausência do estímulo 
aversivo ou do agente punidor, o comportamento punido volta a ocorrer.
Contingência de punição negativa – processo no qual é retirado um 
estímulo reforçador que diminui a probabilidade de ocorrência da classe 
de respostas que eliminou esse estímulo reforçador. O comportamento 
fica suprimido, ou seja, ele deixa de ocorrer na presença do agente 
punidor. As relações entre classe de estímulos antecedentes, classe de 
respostas e classe de estímulos conseqüentes NÃO são enfraquecidas e, 
portanto, na ausência do agente punidor o comportamento punido volta 
a ocorrer.
Contingência de extinção – processo no qual nenhum estímulo é 
retirado ou produzido pela classe de respostas. A classe de respostas do 
organismo ocorre, mas ela não tem efeito sobre os aspectos do ambiente 
que alteram sua probabilidade de ocorrência. Com isso, as relações entre 
classe de estímulos antecedentes, classe de respostas e classe de estímulos 
conseqüentes são enfraquecidas e o comportamento deixa de ocorrer. 
Unidade 4 
Resposta da questão 1 – 
 
Classe de estímulos 
antecedentes Classe de respostas Classe de estímulos 
conseqüentes
- Rua com calçadas laterais.
- Casas com cachorros 
que têm acesso ao 
portão para a rua.
- Cachorro latindo 
no portão da casa 
diante de Paulo.
- Tensão de Paulo 
devido aos latidos 
do cachorro.
- Atravessar a rua até 
a outra calçada.
- Paulo distanciado do 
cachorro. 
- Latido menos intenso do 
cachorro. 
- Tensão de Paulo 
diminuída. 
- Probabilidade de 
continuar andando 
aumentada. 
- Probabilidade de 
atravessar a rua 
em uma situação 
 semelhante aumentada. 
225
Análise e Modificação do Comportamento
Resposta da questão 2 – A contingência de reforçamento que está 
mantendo o comportamento “atravessar a rua para evitar o latido 
de cães” de Paulo é uma contingência de reforço negativo, pois há a 
eliminação ou diminuição de um estímulo aversivo (latidos do cachorro) 
e a probabilidade de Paulo atravessar a rua quando encontrar um 
cachorro latindo no portão novamente é aumentada. esse aumento da 
probabilidade de ocorrência do comportamento “atravessar a rua para 
evitar os latidos do cachorro” de Paulo caracteriza o fortalecimento das 
relações entre os componentes desse comportamento.
Resposta da questão 3 – Dentre alguns comportamentos que podem ser 
ensinados a Paulo incompatíveis com o comportamento “atravessar a rua 
para evitar o latido de cães”, temos: (1) caminhar ouvindo música com fone 
de ouvido em volume alto, (2) passar correndo pelo portão sem dar tempo 
do cachorro notar Paulo e começar a latir, (3) caminhar por ruas que não 
tenham casas com cachorros no portão, (4) caminhar no meio da rua (caso 
seja uma região de pouco movimento de carros), etc.
É possível que você tenha identificado comportamentos diferentes 
dos listados acima. Avalie se eles são realmente incompatíveis com 
o comportamento “atravessar a rua para evitar o latido de cães”. Um 
comportamento incompatível com este é um comportamento que, se 
apresentado, não permite que o “atravessar a rua para evitar o latido de 
cães” ocorra.
No entanto o mais importante para auxiliar Paulo é descobrir quais foram 
os acontecimentos que o fizeram temer cães a ponto de ficar tenso só de 
ouvir seus latidos. Se Paulo foi mordido por um cachorro há algum tempo 
atrás e passou a temer cachorros por causa disso, seria importante ensinar-
lhe que não são todos os cães que o morderão. existem cães que são 
extremamente dóceis e não morderiam alguém, a não ser que provocados. 
Paulo pode aprender, então, a: (1) identificar cachorros dóceis e diferenciá-
los de cachorros agressivos, (2) aproximar-se de cães dóceis e interagir com 
eles, (3) interagir com um cachorro dócil sem agredi-lo, (4) compreender 
que um cão atrás de um portão não pode mordê-lo, etc. Perceba que 
estes também são comportamentos incompatíveis com o comportamento 
“atravessar a rua para evitar o latido de cães”. Mas provavelmente serão 
comportamentos mais eficazes que os citados anteriormente.
226
Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 5 
Resposta da questão 1 – É preciso analisar o comportamento antes 
de ensiná-lo, porque quem ensina deve conhecer aquilo que está 
ensinando. Se a pessoa não conhece o comportamento que irá ensinar, 
ela corre o risco de comprometer a qualidade da aprendizagem do 
comportamento objetivo. Para conhecer um comportamento, é preciso 
identificar e caracterizar seus componentes e relações, ou seja, a pessoa 
que ensina deve analisar os elementos constituintes de cada um dos três 
componentes do comportamento (classe de estímulos antecedentes, 
classe de respostas e classe de estímulos conseqüentes) e também deve 
identificar e caracterizar as seis relações entre esses três componentes do 
comportamento a ser ensinado. 
Resposta da questão 2 – Um procedimento de ensino se caracteriza por 
um conjunto de comportamentos do professor, ou daquele que ensina, 
em relação ao que é necessário ser aprendido por outra pessoa. esses 
comportamentos de quem ensina devem ocorrer de maneira a garantir 
uma aprendizagem eficaz de seus alunos, ou seja, o professor deve 
garantir que o aluno aprenda o comportamento a ser ensinado, e não 
outro comportamento qualquer.
Resposta da questão 3 – Há cinco princípios de aprendizagem que 
devem ser considerados em processos de modificação de comportamento: 
(1) pequenos passos (graduação mínima), (2) ritmo individual, (3) 
resposta ativa, (4) conseqüenciação imediata (ou feedback imediato) e (5) 
avaliação de procedimento. Os pequenos passos se referem a solicitar um 
desempenho do aprendiz o mais próximo possível de um desempenho 
anterior, garantido que o segundo desempenho seja facilitado pelo 
primeiro desempenho. Ao solicitar um desempenho que seja avançado 
(grau grande de complexidade) em relação ao desempenho anterior, é 
provável que o aprendiz não execute bem o segundo desempenho, ou 
tenha dificuldade para executá-lo. 
Ritmo individual diz respeito ao tempo que alguém leva para aprender 
a executar uma determinada tarefa ou para aprender um determinado 
comportamento. Ao solicitar um desempenho, ou solicitar que uma 
pessoa estude alguns conceitos em um material didático, o tempo que 
a pessoa necessita para aprender a executar esse desempenho deve ser 
respeitado.
A resposta ativa é quando a pessoa que ensina solicita ao aprendiz que 
este apresente o comportamento objetivo ou apresente comportamentos 
que irão facilitar a aprendizagem do comportamento objetivo.
A conseqüenciação imediata ocorre quando a pessoa que ensina 
apresenta uma conseqüência para o aprendizimediatamente depois 
de seu desempenho. e há dois tipos de conseqüências: (1) um estímulo 
gratificante (comentário, elogio etc.) imediatamente após o desempenho 
do aprendiz, para aumentar a probabilidade de ocorrer novamente o 
227
Análise e Modificação do Comportamento
comportamento apresentado que foi conseqüenciado; (2) conseqüência 
informativa (também o mais imediatamente possível) para que o próprio 
aprendiz possa avaliar o quanto o seu desempenho se aproximou ou se 
afastou do desempenho desejado, ou seja, para ele avaliar a qualidade de 
seu desempenho. As conseqüências imediatas para garantir a ocorrência 
do comportamento conseqüenciado são importantes, mas, na maioria 
das vezes, são artificiais. elas devem, portanto, ser substituídas por 
conseqüências naturais ao longo do processo de aprender do aluno. O 
organismo que está aprendendo um determinado comportamento deve 
aprender também a ficar sob o controle das conseqüências naturais do seu 
comportamento.
e avaliar o procedimento de ensino significa rever o procedimento de 
ensino para determinar possíveis falhas, equívocos, problemas ou erros 
de procedimento. Geralmente, isso é feito quando um desempenho do 
aprendiz não ocorre como o esperado. Mas também pode ser feita uma 
avaliação de procedimento quando o desempenho do aprendiz foi o 
esperado, para melhorar os procedimentos de ensino ou para ampliá-los. 
Unidade 6
Resposta da questão 1 – Não há qualquer comportamento que ocorra 
no vácuo. ele não surge de livre e espontânea vontade. Há variáveis (ou 
determinantes) que influem (ou controlam) comportamentos. O controle 
do comportamento diz respeito a essa influência que é exercida por esses 
determinantes sobre o comportamento. Há três determinantes principais 
que influem no comportamento: a filogenia, a ontogenia e a cultura. A 
filogenia diz respeito aos comportamentos selecionados ao longo da 
evolução de cada espécie de organismo. Os organismos que eram capazes 
de apresentar comportamentos mais adaptados ao ambiente onde se 
inseriam, tinham maiores chances de sobrevivência. e, ao sobreviverem, 
passavam suas características aos seus descendentes, possibilitando 
que estes apresentassem os comportamentos mais adaptados daquela 
espécie. estes descendentes se tornaram mais adaptados ao ambiente 
onde a espécie vivia, ou seja, eram organismos capazes de apresentar os 
comportamentos necessários à sobrevivência de maneira mais eficiente. 
A ontogenia diz respeito aos comportamentos selecionados ao longo 
da história de vida de cada organismo. Quando se fala em ontogenia, 
estamos nos referindo ao controle exercido pelas experiências passadas 
de cada indivíduo durante sua vida, sobre a probabilidade de ocorrência 
de comportamentos atuais. Determinantes ontogenéticos dizem respeito 
ao controle do comportamento dadas as conseqüências produzidas pelas 
respostas (classe de respostas) que o organismo apresenta em dadas 
condições (classe de estímulos antecedentes). Os determinantes culturais 
dizem respeito aos comportamentos selecionados por uma determinada 
comunidade. Aquilo que uma comunidade faz como grupo ou subgrupo 
de indivíduos controla comportamentos de um organismo que pertence a 
esse grupo ou subgrupo. 
228
Universidade do Sul de Santa Catarina
Resposta da questão 2 – A dimensão ética de um comportamento diz 
respeito às conseqüências que um comportamento de um organismo 
tem para com outras pessoas que se relacionam, direta ou indiretamente, 
com esse organismo que se comporta. essas conseqüências devem 
ser constantemente avaliadas para que sejam produzidos benefícios 
e não malefícios para todos os envolvidos com o comportamento em 
questão. Para garantir a dimensão ética de comportamentos profissionais, 
o profissional deve comportar-se de maneira a garantir um máximo 
de benefícios possíveis para a pessoa que ele atende, para a pessoa 
que solicita seus serviços, para ele próprio (e para a sua categoria de 
profissionais) e para a sociedade em geral.
Resposta da questão 3 – A dimensão ética de um comportamento diz 
respeito às conseqüências que um comportamento de um organismo 
tem para com outras pessoas que se relacionam, direta ou indiretamente, 
com esse organismo que se comporta. Conseqüências que devem ser 
avaliadas a todo momento. A moral diz respeito a uma atribuição de 
qualidade aos comportamentos que ocorrem (ou deixam de ocorrer) na 
sociedade. Por exemplo: comportamentos maus, comportamentos bons, 
comportamentos corretos, etc. Os Códigos de Ética Profissionais são leis 
criadas por uma sociedade para garantir a ocorrência de determinados 
comportamentos e a não-ocorrência de outros. Para garantir que essas leis 
sejam seguidas, são criadas entidades fiscalizadoras como os Conselhos 
(regionais e federais).
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