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<p>SEMANA 1</p><p>HOMICÍDIO - ART. 121</p><p>Bem Jurídico protegido</p><p>É a vida humana independente e o objeto material consiste no ser humano nascido com</p><p>vida.</p><p>Considerações sobre o início da proteção penal à vida pelo Artigo 121</p><p>do Código Penal</p><p>O direto protege a vida desde a sua formação embrionária. Até o início do parto a sua</p><p>eliminação tipifica o crime de aborto, uma vez que o ser evolutivo ainda não é uma</p><p>criatura humana. Iniciado o parto, a conduta de suprimir-lhe a vida já tipificará o crime</p><p>de homicídio. Assim, o ataque a vida humana extrauterina configura o crime de</p><p>homicídio, já o ataque a vida intrauterina é incriminado pelos tipos do aborto (arts. 124</p><p>a 126)</p><p>Espécies</p><p>Homicídio Simples - art. 121, caput</p><p>Homicídio Privilegiado - art. 121, § 1º</p><p>Homicídio Qualificado - art. 121, § 2º</p><p>Homicídio Culposo - art. 121, § 3º</p><p>Sujeito Ativo e Passivo do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, após o nascimento e desde que esteja com vida</p><p>Objeto Material do crime</p><p>A vida humana. É irrelevante a viabilidade do ser nascente, bastando o nascimento com</p><p>vida.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de matar alguém), que pode ser DIRETO (o agente quer o resultado) ou</p><p>EVENTUAL (o agente assume o risco de produzir o resultado). Não exige o tipo básico</p><p>qualquer finalidade específica do sujeito ativo, podendo o motivo determinante do crime</p><p>constituir, eventualmente, uma causa de diminuição de pena (§ 1º) ou qualificadora (§</p><p>2º)</p><p>Modalidade Comissiva e omissiva</p><p>O homicídio pode ser praticado através de ação (comissivo) ou omissão. A primeira</p><p>hipótese ocorre quando o agente dirige sua conduta com o fim de causar a morte da</p><p>vítima, já a modalidade omissiva ocorre quando o agente deixa de fazer aquilo a que</p><p>estava obrigado em virtude da qualidade de garantidor (crime omissivo impróprio) art.</p><p>13, § 2º, CP, como por exemplo quando a mão desejando a morte de seu filho não o</p><p>alimenta</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – o momento consumativo do homicídio se verifica com a cessação da</p><p>atividade encefálica da vítima (art. 3º, caput, da Lei 9434/97 - Lei do Transplante de</p><p>Órgãos),</p><p>Tentativa – admite</p><p>Classificação Doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO - OMISSIVO</p><p>IMPRÓPRIO; CRIME DOLOSO E CULPOSO (pois há previsão legal para a figura</p><p>culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma</p><p>pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO "DE EFEITOS PERMANENTES" (o resultado</p><p>opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO</p><p>(pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE</p><p>(pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Desistência voluntária e arrependimento eficaz (art. 15, CP)</p><p>São espécies de tentativa abandonada ou qualificada, pois o resultado não se produz por</p><p>força da vontade do agente, ao contrário da tentativa em que atuam circunstâncias</p><p>alheias a essa vontade. Na desistência voluntária interrompe-se o iter criminis, ou seja,</p><p>o agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo a sua</p><p>consumação. No arrependimento eficaz (ou resipiscência) o agente, após encerrar a</p><p>execução do crime, impede a produção do resultado naturalístico.</p><p>Crime Impossível por absoluta ineficácia do meio e absoluta</p><p>impropriedade do objeto</p><p>O crime impossível é também chamado de tentativa inidônea, tentativa inadequada ou</p><p>quase-crime. Ninguém pode pretender cometer um homicídio por envenenamento com a</p><p>aplicação de farinha em vez de veneno (ineficácia absoluta do meio). Ocorre a absoluta</p><p>impropriedade do objeto no disparo de arma de fogo, com dolo de matar, em cadáver.</p><p>Concurso de pessoas - autoria mediata, colateral e incerta</p><p>Autor mediato - é aquele que se serve de outra pessoa, sem condições de</p><p>discernimento, para realizar, em seu lugar, a conduta típica. A pessoa é usada como</p><p>mero instrumento de atuação.</p><p>Autoria colateral - ocorre quando maia de um agente realiza simultaneamente a</p><p>conduta, não havendo liame subjetivo entre eles.</p><p>Autoria incerta - ocorre quando, na autoria colateral, não se sabe quem foi o causador</p><p>do resultado. Na realidade, sabe-se quem realizou a conduta, mas não quem deu causa</p><p>ao resultado naturalístico.</p><p>Erro de tipo essencial e acidental e o crime de Homicídio.</p><p>Para fins penais considera-se erro a falsa representação da realidade, ou seja, o agente</p><p>supõe realidade diversa da que efetivamente existe.</p><p>O erro de tipo é aquele que incide sobre as elementares ou circunstâncias da figura</p><p>típica, incluindo as formas qualificadas ou privilegiadas, bem como as circunstâncias</p><p>legais agravantes. Pode-se dizer que no erro de tipo o agente conhece a proibição legal,</p><p>mas não conhece a própria conduta.</p><p>O erro de tipo essencial é aquele que incide sobre elementares e circunstâncias. Já erro</p><p>de tipo acidental incide sobre dados irrelevantes da figura típica.</p><p>Figuras típicas</p><p>Homicídio simples</p><p>Art. 121, caput - trata-se de conduta desprovida de elementos normativos ou subjetivos.</p><p>Em regra, não é crime hediondo, exceto quando praticado em atividade típica de grupo</p><p>de extermínio, ainda que por um só agente (art. 1º, I, 1ª parte, da Lei 8072/90.</p><p>Homicídio privilegiado</p><p>Art. 121, § 1º - é uma denominação doutrinária e jurisprudencial.. Cuida-se, na verdade,</p><p>de causa de diminuição de pena (minorante). As hipóteses legais de privilégio</p><p>apresentam caráter subjetivo, não se comunicando aos coautores e partícipes (art. 30</p><p>do CP), se o crime for praticado em concurso de pessoas. Presente uma das hipóteses o</p><p>juiz deverá diminuir a pena obrigatoriamente (trata-se de direito subjetivo do réu). Cabe</p><p>aos jurados reconhecer a causa de diminuição de pena, pois é crime doloso contra a</p><p>vida, e por ausência de previsão na Lei 8072/90 não é crime hediondo.</p><p>a) por motivo de relevante valor social</p><p>É aquele relacionado ao interesse da coletividade, e não apenas do agente</p><p>individualmente considerado, como por exemplo o agente, por amor a pátria, elimina</p><p>um traidor.</p><p>b) por motivo de relevante valor moral</p><p>É aquele que diz respeito a interesse particular do autor do homicídio, aprovado pela</p><p>moralidade média e considerado nobre e altruísta, como por exemplo a eutanásia</p><p>c) pelo domínio de violenta emoção logo após a injusta provocação da</p><p>vítima</p><p>Leva-se em conta o aspecto psicológico do agente que, dominado pela emoção violenta,</p><p>não se controla, tendo sua culpabilidade reduzida. O CP exige três requisitos</p><p>cumulativos: 1º) domínio de violenta emoção, ou seja, emoção intensa, capaz de</p><p>alterar o estado de ânimo do agente a ponto de tirar-lhe a seriedade e a isenção que</p><p>ordinariamente possui; 2º) injusta provocação da vítima (comportamento apto a</p><p>desencadear a violenta emoção e a consequente prática do crime), não necessariamente</p><p>com o propósito direto e específico de provocar , bastando que o agente sinta-se</p><p>provocado injustamente,</p><p>por exemplo) ocorre o crime do</p><p>art. 15 da Lei 10.826/03, já disparo efetuado intra muros, não expondo a incolumidade</p><p>pública a perigo de dano, caracterizará o crime do art. 132 do CP.</p><p>ABANDONO DE INCAPAZ - Art. 133</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde da pessoa.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de expor a vítima a perigo através de abandono)</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime próprio, ou seja, somente a pessoa que possui o dever de</p><p>zelar pela vida, pela saúde ou pela segurança da vítima.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com o abandono efetivo do incapaz,</p><p>desde que este corra perigo real, efetivo, isto é, concreto, ainda que momentâneo, pois é</p><p>irrelevante a duração do abandono, ou melhor, da situação de perigo provocada pelo</p><p>abandono.</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que exige qualquer condição especial do sujeito</p><p>ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico</p><p>para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma</p><p>ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO; CRIME DOLOSO (não há previsão</p><p>legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por</p><p>qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS</p><p>PERMANENTES (o resultado opera-se de forma imediata, mas muitas vezes, após a</p><p>consumação do crime, pode persistir a situação de perigo, independentemente da</p><p>vontade ou de nova atividade do agente); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser</p><p>praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta) e CRIME DE</p><p>PERIGO CONCRETO (pois há necessidade inafastável de ser demonstrado que o</p><p>comportamento do agente criou, efetivamente, a situação de perigo para a vida ou a</p><p>saúde de outrem)</p><p>Figuras típicas: simples, qualificada e majorada.</p><p>Art. 133, caput (figura simples)</p><p>Art. 133, § § 1º e 2º (figura qualificada)</p><p>Art. 133, § 3º (figura majorada)</p><p>EXPOSIÇÃO E ABANDONO DE</p><p>RECÉM-NASCIDO - Art. 134</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde do recém-nascido.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de abandonar o recém-nascido) e elemento subjetivo específico na expressão</p><p>PARA OCULTAR DESONRA PRÓPRIA.</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime próprio, ou seja, somente a mãe do recém-nascido, visto</p><p>que objetiva ocultar desonra própria. Damásio de Jesus, Heleno Fragoso e Nélson</p><p>Hungria, entre outros, admitem que o pai incestuoso ou adúltero também pode ser</p><p>sujeito ativo.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o recém-nascido.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com o abandono efetivo do recém-</p><p>nascido, desde que este corra perigo efetivo, isto é, concreto, ainda que momentâneo,</p><p>pois é irrelevante a duração do abandono, ou melhor, da situação de perigo provocada</p><p>pelo abandono.</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa, desde que praticado na modalidade comissiva..</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que exige qualquer condição especial do sujeito</p><p>ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico</p><p>para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma</p><p>ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO; CRIME DOLOSO (não há previsão</p><p>legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por</p><p>qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS</p><p>PERMANENTES (o resultado opera-se de forma imediata, mas muitas vezes, após a</p><p>consumação do crime, pode persistir a situação de perigo, independentemente da</p><p>vontade ou de nova atividade do agente); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser</p><p>praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas: simples e qualificada.</p><p>Art. 134, caput (forma simples)</p><p>Art. 134 § § 1º e 2º (forma qualificada)</p><p>A figura qualificada pelo resultado morte e o delito de infanticídio –</p><p>confronto: elemento subjetivo do tipo.</p><p>Caso a mãe, por exemplo, tenha querido abandonar o recém-nascido com a finalidade</p><p>de causar-lhe a morte, tal fato será considerado meio de execução do crime de</p><p>homicídio. Havendo elemento normativo do tipo "durante o parto ou logo após",</p><p>ocorrerá o infanticídio. O resultado morte somente pode qualificar o crime de exposição</p><p>ou abandono de recém-nascido se tiver ocorrido culposamente.</p><p>O delito de exposição e abandono de recém - nascido e concurso de</p><p>pessoas.</p><p>O motivo de honra constitui elementar do tipo, de modo que o terceiro que concorrer</p><p>para a exposição ou abandono de recém-nascido, pelo genitor, responderá como co-</p><p>autor ou partícipe do crime em tela, em face da comunicabilidade daquela condição</p><p>pessoal entre os participantes, conforme art. 30 do CP</p><p>OMISSÃO DE SOCORRO - Art.135</p><p>Distinção entre crimes omissivos próprios e impróprios - a figura do</p><p>agente garantidor.</p><p>Crimes comissivos são aqueles praticados mediante ação, ou seja, o sujeito faz alguma.</p><p>Crimes Omissivos são os praticados mediante inação, isto é, o sujeito deixa de fazer</p><p>alguma.</p><p>Crime omissivo impróprio (comissivo por omissão) é aquele em que o sujeito, mediante</p><p>uma omissão, permite a produção de um resultado posterior. Em tal crime o resultado é</p><p>imputado ao sujeito normativamente e não fisicamente. Ocorrido o resultado, a pena é</p><p>imposta ao sujeito porque a lei assim determina. Para que alguém responda por crime</p><p>comissivo por omissão é preciso que tenha dever jurídico de impedir o resultado, trata-</p><p>se do agente garantidor (art. 13, § 2º, CP).</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde da pessoa humana.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "QUANDO POSSÍVEL FAZÊ-LO SEM RISCO PESSOAL" ao</p><p>contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo</p><p>imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem</p><p>como qualquer outro campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como</p><p>“sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”,</p><p>“decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre de omitir com a consciência do perigo em que a vítima se encontra).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre no momento da omissão.</p><p>Tentativa – como é crime omissivo próprio não cabe tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME OMISSIVO (o verbo nuclear demonstra uma</p><p>inação,; CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas: simples e majorada.</p><p>Art. 135, CP - figura simples</p><p>Art. 135, Parágrafo Único - figura majorada</p><p>Confronto entre o delito de omissão de socorro e lesões corporais e</p><p>homicídio qualificados ou majorados pela omissão de socorro.</p><p>Para a doutrina majoritária a causa de aumento de pena prevista no Parágrafo Único</p><p>somente poderá ser atribuída ao agente a título de culpa, ou seja, trata-se de crime</p><p>preterdoloso (dolo na omissão, culpa no resultado).</p><p>Confronto entre o delito de omissão de socorro previsto no Código</p><p>Penal e na Lei n. 9503/1997 - Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>O art. 304 do CTB faz menção ao condutor do veículo que, na ocasião do acidente,</p><p>deixa de prestar imediato socorro à vítima. Esse dispositivo será aplicável unicamente</p><p>ao condutor que AGINDO SEM CULPA se envolve em acidente e não socorre</p><p>imediatamente a vítima.</p><p>Confronto entre o delito de omissão de socorro previsto no Código</p><p>Penal e na Lei n. 10741/2003 - Estatuto do Idoso.</p><p>Em virtude do princípio da especialidade, quando se tratar de pessoa com idade igual ou</p><p>superior a 60 anos, aplica-se o tipo penal de omissão previsto no art. 97 do Estatuto do</p><p>Idoso.</p><p>CONDICIONAMENTO DE</p><p>ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITAR</p><p>- Art. 135-A</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde da pessoa humana.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de exigir o que o tipo proíbe), como também o elemento específico do tipo</p><p>na expressão "COMO CONDIÇÃO PARA O ATENDIMENTO MÉDICO-</p><p>HOSPITALAR EMERGENCIAL".</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer funcionário pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa que necessita de atendimento médico-</p><p>hospitalar.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a simples exigência</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL na modalidade simples (que não</p><p>exige resultado naturalístico para a consumação) e MATERIAL na modalidade</p><p>circunstanciada (que não exige resultado naturalístico para a consumação); CRIME</p><p>COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação), porém pode ser praticado</p><p>por OMISSÃO (na figura do auxílio); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a</p><p>figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou</p><p>forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata,</p><p>sem se prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra,</p><p>apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em</p><p>vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas: simples e majorada.</p><p>Art. 135-A, CP - figura simples</p><p>Art. 135-A, Parágrafo Único - figura majorada</p><p>OBS - A Lei 12.653/2012 que introduziu o art. 135-A no CP dispõe o</p><p>seguinte no art. 2º:</p><p>Art. 2o O estabelecimento de saúde que realize atendimento médico-</p><p>hospitalar emergencial fica obrigado a afixar, em local visível, cartaz</p><p>ou equivalente, com a seguinte informação: “Constitui crime a exigência</p><p>de cheque-caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem como</p><p>do preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição</p><p>para o atendimento médico-hospitalar emergencial, nos termos do art. 135-</p><p>A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.”</p><p>MAUS TRATOS - Art. 136</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde da pessoa humana.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de maltratar a vítima, de modo a expor a sua incolumidade física ou</p><p>psíquica a perigo).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime próprio, ou seja, só pode ser autor a pessoa que tem outra</p><p>sob sua guarda, autoridade ou vigilância para fins de educação, ensino, tratamento ou</p><p>educação.</p><p>SUJEITO PASSIVO – a vítima deve ser pessoa subordinada ao responsável pela</p><p>conduta criminosa.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art135a</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art135a</p><p>OBS: se a vítima for pessoa idosa incide o crime tipificado no art. 99 da Lei</p><p>10.741/03 - Estatuto do Idoso.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com o perigo para a vida ou a saúde de</p><p>outrem com a exposição da vítima a perigo efetivo. Assim, é suficiente a probabilidade</p><p>de dano, sendo desnecessária a ocorrência de qualquer resultado material.</p><p>Tentativa – é possível somente na modalidade comissiva. Assim, na modalidade</p><p>privação de alimentos ou de cuidados indispensáveis é impossível a tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que exige qualquer condição especial do sujeito</p><p>ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado naturalístico</p><p>para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma</p><p>ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO; CRIME DOLOSO (não há previsão</p><p>legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA VINCULADA (a lei estabelece os</p><p>modos pelos quais o crime pode ser cometido); CRIME INSTANTÂNEO na</p><p>modalidade abuso de correção (o resultado opera-se de forma imediata, sem se</p><p>prolongar no tempo) e PERMANENTE nas modalidades de privação de alimentos,</p><p>privação de cuidados necessários e sujeição a trabalho excessivo</p><p>ou inadequado (o</p><p>resultado se prolonga no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em</p><p>regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado</p><p>em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas: simples, qualificada e majorada.</p><p>Art. 136, caput - Figura Simples</p><p>Art. 136, § § 1º e 2º - Figura Qualificada</p><p>Art. 136, § 3º - Figura Majorada</p><p>Confronto entre o delito de maus tratos e o delito de tortura previsto</p><p>no art. 1°, inciso II da Lei n. 9455/1997.</p><p>A distinção entre o crime de maus-tratos o delito de tortura previsto no art. 1º, II, da Lei</p><p>9455/97 (tortura castigo) deve ser feita no caso concreto, ou seja, no art. 136 é suficiente</p><p>a exposição a perigo da vida ou da saúde da pessoa, já na tortura depende de intenso</p><p>sofrimento físico ou mental. No crime de maus-tratos o dolo é de perigo, na tortura</p><p>castigo há dolo de dano. A diferenciação se baseia no elemento subjetivo, isto é, se o</p><p>fato é praticado por alguém para o fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, mas</p><p>com imoderação, o crime é de maus-tratos. Porém, se a finalidade é submeter a vítima a</p><p>intenso sofrimento físico ou mental, o delito é de tortura.</p><p>JURISPRUDÊNCIA STJ</p><p>RECURSO ESPECIAL Nº 610.395 - SC (2003/0175343-3) - MINISTRO GILSON</p><p>DIPP - 5ª TURMA</p><p>“CRIMINAL. RESP. TORTURA QUALIFICADA POR MORTE.</p><p>DESCLASSIFICAÇÃO PARA CRIME DE MAUS-TRATOS QUALIFICADO PELA</p><p>MORTE PROMOVIDA PELO TRIBUNAL A QUO. REVISÃO DA DECISÃO.</p><p>IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 07/STJ. RECURSO NÃO-</p><p>CONHECIDO. I. A figura do inc. II do art. 1.º, da Lei n.º 9.455/97 implica na existência</p><p>de vontade livre e consciente do detentor da guarda, do poder ou da autoridade sobre a</p><p>vítima de causar sofrimento de ordem física ou moral, como forma de castigo ou</p><p>prevenção. II. O tipo do art. 136, do Código Penal, por sua vez, se aperfeiçoa com a</p><p>simples exposição a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou</p><p>vigilância, em razão de excesso nos meios de correção ou disciplina. III. Enquanto na</p><p>hipótese de maus-tratos, a finalidade da conduta é a repreensão de uma indisciplina, na</p><p>tortura, o propósito é causar o padecimento da vítima. IV. Para a configuração da</p><p>segunda figura do crime de tortura é indispensável a prova cabal da intenção deliberada</p><p>de causar o sofrimento físico ou moral, desvinculada do objetivo de educação."</p><p>RIXA - Art. 137</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>A vida e a saúde das pessoas envolvidas na rixa.</p><p>Rixa é uma luta tumultuosa e confusa que travam entre si três ou mais pessoas,</p><p>acompanhada de vias de fato ou violências recíprocas. Devem existir ao menos três</p><p>pessoas participando ativamente da rixa.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de participar da rixa).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a prática de vias de fato ou</p><p>violências recíprocas, momento em que ocorre o perigo abstrato de dano.</p><p>Tentativa – de acordo com a doutrina majoritária somente é possível a tentativa na rixa</p><p>ex proposito ou preordenada. Na rixa ex improviso (quando a agressão tumultuária tem</p><p>início repentinamente) não cabe tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo);</p><p>CRIME PLURISSUBJETIVO ou de concurso necessário (há necessidade de pelo</p><p>menos três pessoas); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários</p><p>atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas: simples e qualificada.</p><p>Art. 137, caput - Figura Simples</p><p>Art. 137, Parágrafo Único - Figura Qualificada</p><p>Confronto com os delitos de ameaça, lesão corporal e homicídio:</p><p>concurso de crimes ou conflito aparente de normas.</p><p>Ameaça - Não há concurso material com o crime de rixa. O delito de ameaça é</p><p>absorvido pelo crime de rixa.</p><p>Lesão corporal leve e vias de fato - não há concurso material com o crime de rixa,</p><p>ambos são absorvidos pelo crime de rixa.</p><p>Homicídio e lesão corporal grave - se ocorrer a morte ou lesão corporal grave de um dos</p><p>rixosos e for possível identificar o autor, responderá este pelo homicídio ou lesão grave</p><p>em concurso (material ou formal - controvertido) com a rixa (qualificada ou simples -</p><p>controvertido). Se o autor do homicídio ou lesão grave não for identificado todos</p><p>responderão pela rixa qualificada.</p><p>O delito de rixa e a legítima defesa (real ou putativa).</p><p>Não é possível suscitar a legítima defesa no crime de rixa, pois quem dele dolosamente</p><p>participa comete ato ilícito. É possível invocar a legítima defesa quando alguém</p><p>intervém na rixa em defesa própria ou de terceiro, pois não há participação em rixa sem</p><p>animus rixandi.</p><p>Na reação de uma suposta agressão pode ser invocado a legítima defesa putativa,</p><p>afastando, assim, o crime de rixa, vez que faltaria a vontade consciente de participar da</p><p>rixa.</p><p>SEMANA 4</p><p>Crimes contra a honra</p><p>Conceito de Honra.</p><p>Honra é o conjunto de qualidades físicas morais e intelectuais de um ser humano, que o</p><p>fazem merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima</p><p>Disponibilidade para fins de atipicidade da conduta.</p><p>A honra é um bem jurídico disponível. Assim sendo, o consentimento do ofendido, se</p><p>prévio, emanado de pessoa capaz e livre de qualquer tipo de coação ou fraude, exclui o</p><p>crime, como por exemplo o comerciante que autoriza o credor a chamá-lo de "ladrão" se</p><p>não vier a pagar a dívida dentro do prazo.</p><p>Distinção entre honra objetiva e subjetiva.</p><p>Honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pesam a respeito do cidadão no</p><p>tocante a seus atributos físicos, intelectuais, morais etc. Honra subjetiva é o sentimento</p><p>de cada um a respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da</p><p>pessoa humana. Enquanto a honra subjetiva é o sentimento de que temos a respeito de</p><p>nós mesmos, a honra objetiva é o sentimento alheio incidido sobre nossos atributos.</p><p>Calúnia - Art. 138</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a honra objetiva, ou seja, a reputação do indivíduo.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "FALSAMENTE" ao contrário dos descritivos, seu significado</p><p>não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica,</p><p>social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento</p><p>humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”,</p><p>“documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de caluniar a vítima,</p><p>imputando-lhe a prática de fato definido como</p><p>crime, de que o sabe inocente). Todo doutrina entende que exige-se um especial fim de</p><p>agir (elemento subjetivo específico do tipo), consistente na intenção de macular a honra</p><p>alheia.</p><p>Exigindo seriedade na conduta do agente, não incide no crime (inexistindo dolo) aquele</p><p>que age com intenção de brincar (animus jocandi), aconselhar (animus consulendi),</p><p>narrar o fato, próprio da testemunha (animus narrandi), corrigir (animus corrigendi) ou</p><p>defender direito (animus defendendi).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, em regra qualquer pessoa pode praticar.</p><p>Excepcionalmente não podem ser autores pessoas que desfrutam de inviolabilidade</p><p>(senadores, deputados, vereadores, estes nos limites do município em que exercem a</p><p>vereança). O advogado (art. 7º, § 2º da Lei 8.906/94) não está imune ao delito de</p><p>calúnia.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, inclusive, majoritariamente os inimputáveis.</p><p>também majoritariamente entende-se que a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo da</p><p>calúnia, como por exemplo imputar falsamente um crime ambiental (arts. 3º e 21 a 24</p><p>da Lei 9605/98).</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre quando a imputação falsa chega ao</p><p>conhecimento de um terceiro que não a vítima.</p><p>Tentativa - admite-se a tentativa, desde que a forma não seja verbal.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação, isto é, não exige dano à reputação do ofendido);</p><p>CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME</p><p>DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE</p><p>(pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO</p><p>(o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE quando praticado por escrito (pode ser desdobrado em vários</p><p>atos, que, no entanto, integram a mesma conduta) ou CRIME UNISSUBSISTENTE</p><p>quando praticado de forma verbal (praticado com um único ato).</p><p>Exceção da verdade no crime de calúnia (art. 138, § 3º).</p><p>Visto que a falsidade da imputação é elemento constitutivo da calúnia, sem a qual o tipo</p><p>não se perfaz, o suposto caluniador poderá arguir, em sua defesa, a exceção da verdade,</p><p>isto é, que atribuiu fato verdadeiro. Afinal, uma vez provada a veracidade da imputação,</p><p>exclui-se a própria tipicidade da alegada calúnia.</p><p>Confronto entre os delitos de calúnia e denunciação caluniosa.</p><p>Para caracterizar a denunciação caluniosa (art. 339 do CP) não basta a imputação falsa</p><p>de crime, mas é indispensável que em decorrência de tal imputação seja instaurada</p><p>investigação policial ou processo judicial. A simples imputação falsa de fato definido</p><p>como crime constitui calúnia.</p><p>JURISPRUDÊNCIA, STJ, CORTE ESPECIAL</p><p>AÇÃO PENAL Nº 574 - BA (2009/0107351-2) RELATORA : MINISTRA ELIANA</p><p>CALMON AUTOR : A C DE A AUTOR : J S M ADVOGADO : JOAO DANIEL</p><p>JACOBINA BRANDÃO DE CARVALHO RÉU : A F T ADVOGADO : LUCAS</p><p>PINTO CARAPIÁ RIOS EMENTA PROCESSUAL PENAL – CRIMES CONTRA A</p><p>HONRA – QUEIXA-CRIME – ARTS. 138, CAPUT , 139, CAPUT E 140, CAPUT ,</p><p>DO CÓDIGO PENAL – DELITOS DE CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA –</p><p>JUÍZO DE DELIBAÇÃO – JUSTA CAUSA DEMONSTRADA. 1. O agente que</p><p>atribui falsamente a terceiros a prática de fatos criminosos incorre na prática do delito</p><p>de calúnia. Dolo específico que, em juízo de delibação da exordial acusatória,</p><p>revela-se demonstrado. 2. Imputação de fatos desabonadores e ofensas que, em juízo</p><p>de admissibilidade da exordial acusatória, demonstram-se aptos a atingir a reputação</p><p>profissional e a honra do ofendido. 3. Queixa-crime recebida em parte.</p><p>Difamação - Art.139</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a honra objetiva, isto é, a reputação do indivíduo, a sua boa fama.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática de fato desonroso).</p><p>Todo doutrina entende que exige-se um especial fim de agir (elemento subjetivo</p><p>específico do tipo), consistente na intenção de macular a honra alheia.</p><p>Exigindo seriedade na conduta do agente, não incide no crime (inexistindo dolo) aquele</p><p>que age com intenção de brincar (animus jocandi), aconselhar (animus consulendi),</p><p>narrar o fato, próprio da testemunha (animus narrandi), corrigir (animus corrigendi) ou</p><p>defender direito (animus defendendi).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, inclusive, majoritariamente, a pessoa jurídica.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre quando um terceiro, que não o</p><p>ofendido, toma conhecimento da imputação ofensiva à reputação.</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa, desde que a forma não seja verbal.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação, isto é, não exige dano à reputação do ofendido);</p><p>CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME</p><p>DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE</p><p>(pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO</p><p>(o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE quando praticado por escrito (pode ser desdobrado em vários</p><p>atos, que, no entanto, integram a mesma conduta) ou CRIME UNISSUBSISTENTE</p><p>quando praticado de forma verbal (praticado com um único ato).</p><p>Exceção da verdade no crime de difamação - funcionário público no</p><p>exercício de suas funções - art. 139, Parágrafo Único.</p><p>Excepcionalmente o legislador autoriza nos casos em que o ofendido é funcionário</p><p>público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.</p><p>Semelhanças e dessemelhanças entre calúnia e difamação.</p><p>As semelhanças: ambas lesam a honra objetiva do sujeito passivo, imputam fatos e</p><p>necessitam chegar ao conhecimento de terceiro para consumar-se.</p><p>As dessemelhanças: natureza do fato imputado, isto é, na calúnia é fato definido como</p><p>crime, enquanto na difamação a imputação é de fato ofensivo à reputação do ofendido,</p><p>depreciativo do seu apreço social, mas não é fato criminoso. Na calúnia há elemento</p><p>normativo do tipo indispensável (falsidade), já na difamação é de regra irrelevante,</p><p>salvo quando se tratar de funcionário público (art. 139, PU, CP)</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>INFORMATIVO 491, STJ (5ª TURMA )</p><p>ADVOGADO. CRIME DE DIFAMAÇÃO. AUSÊNCIA TEMPORÁRIA DO</p><p>MAGISTRADO DA SALA DO INTERROGATÓRIO.</p><p>O paciente responde à ação penal pelo crime de difamação, por ter afirmado, ao</p><p>peticionar em processo judicial em que atuava como advogado, que a juíza do feito,</p><p>ainda que temporariamente, ausentou-se do interrogatório do seu cliente, deixando de</p><p>assinar o referido ato. Ciente dessa manifestação, a juíza ofereceu representação ao</p><p>Ministério Público Federal, requerendo que fossem</p><p>tomadas as medidas criminais</p><p>cabíveis, originando-se a denúncia pelo crime de difamação. A Turma concedeu a</p><p>ordem de habeas corpus para trancar a ação penal por atipicidade da conduta do</p><p>paciente, por não ter sido caracterizado o animus difamandi,consistente no especial fim</p><p>de difamar, na intenção de ofender, na vontade de denegrir, no desejo de atingir a honra</p><p>do ofendido, sem o qual não se perfaz o elemento subjetivo do tipo penal em testilha,</p><p>impedindo que se reconheça a configuração do delito. Precedentes citados: APn 603-</p><p>PR, DJe 14/10/2011, e APn 599-MS, DJe 28/6/2010. HC 202.059-SP, Rel. Min.</p><p>Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/2/2012.</p><p>Injúria - Art.140</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a honra subjetiva.</p><p>Dignidade é o sentimento próprio a respeito dos atributos morais do cidadão. Decoro é o</p><p>sentimento próprio a respeito dos atributos físicos e intelectuais da pessoa humana</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20202059</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – as pessoas que têm a capacidade de compreender as ofensas</p><p>contra ela proferidas, ou seja, ter consciência de estar sendo atacada na sua dignidade. A</p><p>pessoa jurídica, por não possuir honra subjetiva, não pode ser sujeito passivo do crime</p><p>de injúria.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre quando a ofensa à dignidade e o decoro</p><p>chega ao conhecimento da vítima.</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa, desde que a forma não seja verbal.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO (na figura do auxílio);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Espécies: simples, real, discriminatória.</p><p>Art. 140, caput (injúria simples)</p><p>Art. 140, § 2º (injúria real)</p><p>Art. 140, § 3º (injúria qualificada)</p><p>Perdão Judicial.</p><p>Art. 140, § 1º, I e II. Trata-se de causa de extinção da punibilidade, conforme art. 107,</p><p>IX, do CP.</p><p>Semelhanças e dessemelhanças entre calúnia, difamação e injúria.</p><p>Semelhanças: entre calúnia e injúria praticamente inexiste semelhança, a não ser o</p><p>procedimento para o processo penal (art. 519 e ss. do CPP). Entre difamação e injúria</p><p>reside na não exigência do elemento normativo falsidade (exclusiva da calúnia), pois</p><p>nesses dois crimes é irrelevante que a conduta desonrosa do agente ativo seja falsa ou</p><p>verdadeira.</p><p>Dessemelhanças: na calúnia e na difamação imputa-se fato, enquanto na injúria a</p><p>conduta do agente limita-se à emissão de conceitos depreciativos, sem imputar,</p><p>objetivamente, a autoria de qualquer fato.</p><p>Disposições gerais aos crimes contra a Honra</p><p>Pedido de explicações em Juízo. Art. 144 do Código Penal.</p><p>É medida de ordem cautelar e só se justifica na hipótese de ofensas equívocas.</p><p>INFORMATIVO Nº 525</p><p>Pedido de Explicações - Inocorrência de Ofensas Equívocas – Inadmissibilidade</p><p>(Transcrições)</p><p>PROCESSO - Pet - 4444</p><p>INFORMATIVO Nº 624</p><p>Explicações em Juízo (CP, art. 144) - Natureza e Finalidade - Competência</p><p>(Transcrições)</p><p>PROCESSO - HC - 107370</p><p>Retratação. Art. 143 do Código Penal.</p><p>Retratar-se significa retirar o que foi dito. É causa de extinção da punibilidade (art. 107,</p><p>VI, CP). Tem natureza subjetiva, ou seja, não se comunica aos demais querelados que</p><p>não se retrataram. Só é cabível na calúnia e na difamação e desde que seja antes do juiz</p><p>proferir a sentença, não se tratando de decisão irrecorrível. É preciso que seja cabal, isto</p><p>é, total, abrangendo tudo que foi dito pelo ofensor.</p><p>Art. 143, Parágrafo Único . Nos casos em que o querelado tenha praticado</p><p>a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a</p><p>retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em</p><p>que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)</p><p>A retratação em regra dispensa a concordância do ofendido. Porém, a Lei 12.188/15</p><p>(dispõe sobre o direito de resposta) acrescentou o parágrafo único ao art. 143 e, de</p><p>acordo com o novo dispositivo legal, nos casos em que o querelado tenha praticado a</p><p>calúnia ou difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação será, se assim</p><p>entender o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.</p><p>INFORMATIVO 657, STF, (2ª TURMA)</p><p>Retratação e crime de calúnia</p><p>A 2ª Turma indeferiu habeas corpus em que alegada ausência de justa causa para a ação</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=4444&classe=Pet&codigoClasse=0&ORIGEM=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=107370&classe=HC&codigoClasse=0&ORIGEM=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=</p><p>http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13188.htm#art13</p><p>penal em virtude de retratação por parte do acusado, nos termos do art. 143 do CP. Na</p><p>espécie, o paciente fora denunciado pela suposta prática do crime de calúnia (CP, art.</p><p>138), com a causa de aumento de pena prevista no art. 141, II, do CP (“contra</p><p>funcionário público, no exercício das funções”), porquanto imputara a magistrado o</p><p>delito de advocacia administrativa ao deferir reiterados pedidos de dilação de prazo à</p><p>parte contrária. Salientou-se que a retratação seria aceitável nos crimes contra a honra</p><p>praticados em desfavor de servidor ou agentes públicos, pois a lei penal preferiria que o</p><p>ofensor desmentisse o fato calunioso ou difamatório atribuído à vítima à sua</p><p>condenação. Porém, reputou-se que, no caso, não houvera a retratação, uma vez que o</p><p>paciente apenas tentara justificar o seu ato como reação, como rebeldia momentânea, ao</p><p>mesmo tempo em que negara ter-se referido ao juiz em particular.</p><p>HC 107206/RS, rel. Min.Gilmar Mendes, 6.3.2012. (HC-107206)</p><p>Exclusão do crime. Art. 142 do Código Penal.</p><p>São causas especiais de exclusão da ilicitude e por expressa previsão legal aplicam-se</p><p>somente à injúria e à difamação.</p><p>Causas de aumento. Art. 141 do Código Penal.</p><p>ART. 141, II, CP - CRIME CONTRA HONRA DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO e</p><p>DESACATO - De acordo com BITENCOURT se a ofensa é proferida na presença ou</p><p>diretamente ao funcionário público, no exercício da função ou em razão dela, o crime</p><p>deixa de ser contra a honra para tipificar o desacato. DAMÁSIO entende que a ofenda</p><p>praticada na presença do ofendido constitui desacato, em sua ausência , crime contra</p><p>honra majorado.</p><p>ART. 141, III, CP - na presença de várias pessoas devem existir no mínimo três, não</p><p>ingressando no cômputo o ofendido e o coautor ou partícipe. Para ser computada é</p><p>preciso que a pessoa tenha capacidade de entender a ofensa.</p><p>assim, não podem ingressar</p><p>no cômputo, por exemplo, as crianças, que no momento do fato não tenham condições</p><p>de entender o caráter ofensivo à honra do sujeito passivo.</p><p>ART. 141, IV, CP - somente se aplica quando o sujeito tinha conhecimento da idade ou</p><p>da peculiar condição da vítima. A ressalva final "exceto no caso de injúria" visa evitar o</p><p>bis in idem, pois praticá-la contra pessoa idosa ou portadora de deficiência física incorre</p><p>no crime de injúria qualificada.</p><p>Ação Penal nos crimes contra a Honra. Art. 145 do Código Penal.</p><p>Questões controvertidas: a ação penal de iniciativa pública</p><p>condicionada, nos casos de injúria real, injúria discriminatória e</p><p>quando perpetradas contra a honra do Presidente da República, ou</p><p>contra chefe de governo estrangeiro.</p><p>A ação penal de iniciativa privada é a regra nos crimes contra a honra, contudo, há</p><p>exceções.</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=107206&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>Será de ação pública incondicionada quando na injúria real, ou seja, quando da injúria</p><p>resulta lesão corporal (art. 145, caput, parte final). Se resultar vias de fato a ação</p><p>continua ser de iniciativa privada.</p><p>Será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça nos crimes contra a honra</p><p>do presidente da república ou de chefe de governo estrangeiro (art. 145, PU, 1ª parte).</p><p>No tocante ao crime contra honra de funcionário público, em razão de suas funções</p><p>públicas (art. 141, II, CP), necessário se faz observar a súmula 714 do STF:</p><p>É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E</p><p>DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO</p><p>OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE</p><p>SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.</p><p>No caso de injúria qualificada (art. 140, § 3º) a ação será pública condicionada à</p><p>representação.</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>INFORMATIVO 557, STJ , (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. POSSIBILIDADE DA PRÁTICA DE CALÚNIA,</p><p>DIFAMAÇÃO E INJÚRIA POR MEIO DA DIVULGAÇÃO DE UMA ÚNICA</p><p>CARTA.</p><p>É possível que se impute de forma concomitante a prática dos crimes de calúnia, de</p><p>difamação e de injúria ao agente que divulga em uma única carta dizeres aptos a</p><p>configurar os referidos delitos, sobretudo no caso em que os trechos utilizados para</p><p>caracterizar o crime de calúnia forem diversos dos empregados para demonstrar a</p><p>prática do crime de difamação. Ainda que diversas ofensas tenham sido assacadas por</p><p>meio de uma única carta, a simples imputação ao acusado dos crimes de calúnia, injúria</p><p>e difamação não caracteriza ofensa ao princípio que proíbe o bis in idem, já que os</p><p>crimes previstos nos arts. 138, 139 e 140 do CP tutelam bens jurídicos distintos, não se</p><p>podendo asseverar de antemão que o primeiro absorveria os demais. Ademais,</p><p>constatado que diferentes afirmações constantes da missiva atribuída ao réu foram</p><p>utilizadas para caracterizar os crimes de calúnia e de difamação, não se pode afirmar</p><p>que teria havido dupla persecução pelos mesmos fatos. De mais a mais, ainda que os</p><p>dizeres também sejam considerados para fins de evidenciar o cometimento de injúria, o</p><p>certo é que essa infração penal, por tutelar bem jurídico diverso daquele protegido na</p><p>calúnia e na difamação, a princípio, não pode ser por elas absorvido. RHC 41.527-RJ,</p><p>Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015, DJe 11/3/2015.</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RHC%2041527</p><p>SEMANA 5</p><p>CONSTRANGIMENTO ILEGAL -</p><p>ART. 146</p><p>Bem jurídico tutelado. Natureza subsidiária do delito.</p><p>É a liberdade individual ou pessoal de autodeterminação, isto é, liberdade de o</p><p>indivíduo fazer ou não fazer o que quiser, dentro dos limites da ordem jurídica.</p><p>O crime de constrangimento ilegal é delito subsidiário quando o constrangimento</p><p>constituir meio de realização ou for seu elemento integrante, como por exemplo nos</p><p>crimes de roubo, extorsão, estupro.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de constranger a vítima, através de violência ou grave ameaça, a fazer</p><p>o que a lei não determina ou a não fazer o que ela manda). Parte da doutrina</p><p>(DAMÁSIO e BITENCOURT) entende haver elemento subjetivo específico do tipo,</p><p>isto é, constranger a vítima com o fim à ação ou omissão pretendida.</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa que possua capacidade de autodeterminação.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre no momento em que a vítima faz ou</p><p>deixa de fazer algo, em decorrência da violência ou grave ameaça utilizada pelo agente.</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo</p><p>agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se</p><p>prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas</p><p>por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Concurso com crimes praticados com violência</p><p>Art. 146, § 2º, do CP - o agente que, com violência, constrange ilegalmente a vítima,</p><p>vindo a feri-la, deve responder pelo constrangimento ilegal (simples ou agravado,</p><p>conforme o caso), em concurso material com o crime resultante da violência (lesão leve,</p><p>grave ou gravíssima)</p><p>Causas excludentes de ilicitude.</p><p>Art. 14, § 3º, do CP - são causas especiais de exclusão da ilicitude, por se constituírem</p><p>em manifestações inequívocas do estado de necessidade de terceiro. Para parte da</p><p>doutrina (DAMÁSIO e BITENCOURT) são causas de exclusão da tipicidade, pois se</p><p>esses fatos "não se compreendem na disposição" que tipifica o crime de</p><p>constrangimento ilegal, constituem comportamento atípico. Convém ressaltar que</p><p>qualquer corrente que se adote exclui-se o crime de constrangimento ilegal.</p><p>AMEAÇA - ART. 147</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>É a liberdade da pessoa humana.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "MAL INJUSTO E GRAVE" ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>MAL INJUSTO - é aquele que a vítima não está obrigada a suportar, podendo ser</p><p>ilícito ou imoral.</p><p>MAL GRAVE - é o capaz de produzir ao ofendido um prejuízo relevante. O mal deve</p><p>ser sério, ou fundado, iminente ou verossímil, ou seja, passível de realização</p><p>Elemento subjetivo:</p><p>há somente elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de matar o próprio filho durante o parto ou logo após), que pode ser</p><p>DIRETO (o agente quer o resultado) ou EVENTUAL (o agente assume o risco de</p><p>produzir o resultado).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – pode ser qualquer pessoa física, desde que seja capaz de sentir a</p><p>idoneidade da ameaça.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre quando o teor da ameaça chega ao</p><p>conhecimento do ameaçado</p><p>Tentativa – admite na forma escrita, inadmite na forma verbal.</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que exige não resultado</p><p>naturalístico para a consumação, pois a vítima não precisa sentir-se intimidada);</p><p>CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME</p><p>DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE</p><p>(pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO</p><p>(o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Concurso com crimes praticados com violência</p><p>O crime de ameaça é também delito subsidiário quando constituir meio de realização ou</p><p>for elemento integrante de outro crime será por este absorvido, como por exemplo no</p><p>crime de roubo, extorsão, estupro etc.</p><p>Ação Penal.</p><p>De acordo com o Parágrafo Único do art. 147 o crime de ameaça é de ação penal</p><p>pública de iniciativa pública condicionada à representação da vítima ou seu</p><p>representante legal.</p><p>SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO</p><p>- ART. 148</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>É a liberdade individual, em especial a liberdade de locomoção.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de privar alguém de sua liberdade).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – qualquer pessoa, pois trata-se de crime comum</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a efetiva restrição ou privação da</p><p>liberdade de locomoção por tempo juridicamente relevante.</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa na modalidade comissiva.</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO ou OMISSIVO (comissivo</p><p>quando o sujeito ativo, com sua ação, priva a vítima de sua liberdade, omissivo quando,</p><p>por exemplo, o carcereiro deixa de colocar em liberdade o condenado que já cumpriu a</p><p>pena); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME</p><p>PERMANENTE (a consumação se prolonga no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO</p><p>(pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE</p><p>(pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta);</p><p>CRIME SUBSIDIÁRIO (tal crime subsiste como delito autônomo somente quando a</p><p>privação da liberdade não funciona como elementar ou meio de execução de outro</p><p>crime, a exemplo do art. 159 do CP).</p><p>Distinção do delito de extorsão mediante sequestro.</p><p>O que difere o art. 148 (sequestro) do art. 149 (extorsão mediante sequestro) é que neste</p><p>há uma finalidade especial do agente, consubstanciada na vontade de obter, para si ou</p><p>para outrem, vantagem como condição ou preço do resgate.</p><p>Concurso entre os delitos de sequestro e roubo.</p><p>Se o sequestro é cometido com meio de execução do roubo o sequestro é absorvido</p><p>pelo roubo e incide a majorante do inciso V do § 2º do art. 157 do CP.</p><p>REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA</p><p>À DE ESCRAVO - ART. 149</p><p>O crime de redução a condição análoga à de escravo é também denominado</p><p>pela doutrina de PLÁGIO . Existe três espécies de plágio: 1) plágio</p><p>literário que consiste na usurpação de obra alheia; 2) plágio político que</p><p>consiste em alistar pessoa no exército de outra nação e 3) plágio civil que</p><p>consiste no apossamento de homem livre, com a finalidade de</p><p>locupletar-se com o seu trabalho.</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>É a liberdade individual.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "ESCRAVO" ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de subjulgar determinada pessoa, suprimindo-lhe a liberdade).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – qualquer pessoa, pois trata-se de crime comum.</p><p>SUJEITO PASSIVO – a partir da vigência da Lei 10.803/03 somente pode ser sujeito</p><p>passivo desse crime quem se encontra na condição de contratado, empregado, operário,</p><p>enfim, trabalhador do sujeito ativo.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre quando o agente reduz a vítima a</p><p>condição semelhante à de escravo, por tempo juridicamente relevante, isto é, quando a</p><p>vítima torna-se totalmente submissa ao poder de outrem</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa, pois trata-se de crime material.</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo</p><p>agente); CRIME PERMANENTE (a consumação se prolonga no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Concurso com crimes praticados com violência.</p><p>O crime é punido com reclusão de dois a oito anos e multa. Além disso, se houver</p><p>emprego de violência, responderá também o agente pelo crime dela resultante. Foi</p><p>adotado, portanto, o sistema do concurso material obrigatório entre a redução análoga à</p><p>condição de escravo com violência e o crime dela decorrente (lesão corporal leve,</p><p>grave, gravíssima e tentativa de homicídio, por exemplo).</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>Informativo nº 0543</p><p>Período: 13 de agosto de 2014.</p><p>Terceira Seção</p><p>DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. REQUISITOS PARA</p><p>CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À</p><p>DE ESCRAVO.</p><p>Para configuração do delito de “redução a condição análoga à de escravo” (art.</p><p>149 do CP) – de competência</p><p>da Justiça Federal – é desnecessária a restrição à</p><p>liberdade de locomoção do trabalhador. De fato, a restrição à liberdade de locomoção</p><p>do trabalhador é uma das formas de cometimento do delito, mas não é a única.</p><p>Conforme se infere da redação do art. 149 do CP, o tipo penal prevê outras condutas</p><p>que podem ofender o bem juridicamente tutelado, isto é, a liberdade de o indivíduo ir,</p><p>vir e se autodeterminar, dentre elas submeter o sujeito passivo do delito a condições de</p><p>trabalho degradantes, subumanas. Precedentes citados do STJ: AgRg no CC 105.026-</p><p>MT, Terceira Seção, DJe 17/2/2011; CC 113.428-MG, Terceira Seção, DJe 1º/2/2011.</p><p>Precedente citado do STF: Inq 3.412, Tribunal Pleno, DJe 12/11/2012. CC 127.937-</p><p>GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/5/2014.</p><p>Informativo nº 0333</p><p>Período: 24 a 28 de setembro de 2007.</p><p>Quinta Turma</p><p>COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. ART. 149 CP. DELITOS CONTRA</p><p>ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.</p><p>Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de redução à condição análoga</p><p>de escravo, uma vez que se enquadram na categoria de delitos contra a organização do</p><p>trabalho nos termos do art. 109, VI, da CF/1988. Precedentes citados do STF: RE</p><p>398.041-PA, DJ 3/3/2005; do STJ: CC 62.156-MG, DJ 6/8/2007, e HC 43.384-BA, DJ</p><p>5/8/2005. REsp 909.340-PA, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/9/2007.</p><p>TRÁFICO DE PESSOAS - ART. 149-A,</p><p>CP</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>É a liberdade individual.</p><p>https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod=0543</p><p>https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod=0543</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=CC%20127937</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=CC%20127937</p><p>https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod=0333</p><p>https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod=0333</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20909340</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de subjulgar determinada pessoa, suprimindo-lhe a liberdade), como também</p><p>elemento subjetivo específico, ou seja, o especial fim de agir na expressão "COM A</p><p>FINALIDADE".</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – qualquer pessoa, pois trata-se de crime comum.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com as ações previstas no tipo penal</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa.</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA VINCULADA (somente pode ser praticado por pelas formas</p><p>descritas no tipo penal); CRIME PERMANENTE nas modalidades transporte,</p><p>transferência, acolhimento e alojamento (a consumação se prolonga no tempo) e</p><p>CRIME INSTANTÂNEO nas demais modalidades; CRIME UNISSUBJETIVO (pode</p><p>ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode</p><p>ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>“Tráfico de Pessoas</p><p>Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou</p><p>acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso,</p><p>com a finalidade de:</p><p>I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;</p><p>II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;</p><p>III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;</p><p>IV - adoção ilegal; ou</p><p>V - exploração sexual.</p><p>Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.</p><p>§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:</p><p>I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou</p><p>a pretexto de exercê-las;</p><p>II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com</p><p>deficiência;</p><p>III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de</p><p>coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de</p><p>superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função;</p><p>ou</p><p>IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.</p><p>§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não</p><p>integrar organização criminosa.”</p><p>VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO - ART.</p><p>150</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>É a liberdade individual.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art149a</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "CLANDESTINA ou ASTUCIOSAMENTE" e "CONTRA A</p><p>VONTADE EXPRESSA OU TACITAMENTE DE QUEM DE DIREITO" ao contrário</p><p>dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível</p><p>um juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer</p><p>outro campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa</p><p>causa”, “indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro”</p><p>...</p><p>Elemento subjetivo: há somente elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de entrar ou permanecer em casa alheia, contra a vontade do</p><p>morador).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar, inclusive o</p><p>proprietário, pois não são a posse e a propriedade os objetos da proteção legal, mas a</p><p>intimidade e a privacidade domésticas..</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o morador.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a entrada ou permanência em casa</p><p>alheia.</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME DE MERA CONDUTA (a consumação se</p><p>dá comm a simples ação ou omissão, sem qualquer resultado naturalístico); CRIME</p><p>COMISSIVO na modalidade entrar (o verbo nuclear implica a prática de uma ação) e</p><p>OMISSIVO na modalidade permanecer (indica uma inação); CRIME DOLOSO (não há</p><p>previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado</p><p>por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO na modalidade</p><p>entrar (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo)</p><p>PERMANENTE na modalidade permanecer (a consumação se prolonga no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Conflito aparente de normas e concurso de crimes com demais delitos</p><p>previstos no Código Penal e na Legislação Extravagante.</p><p>A doutrina majoritária afirma a violação de domicílio é crime subsidiário, ou seja, é</p><p>cometido como meio para praticar outro crime mais grave. Nesses casos o crime-fim</p><p>absorve a</p><p>violação de domicílio. Para o professor DAMÁSIO não se trata de crime</p><p>subsidiário, uma vez que entre a violação de domicílio e os delitos que a absorvem não</p><p>há subsidiariedade nem expressa nem implícita. Cuida-se, no conflito aparente de</p><p>normas, de crime consunto, ou seja, delito que, pela aplicação do princípio da</p><p>consunção, fica absorvido por outro, de maior gravidade, a quem serve como meio de</p><p>execução ou normal fase de realização.</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>Informativo nº 0549</p><p>Período: 5 de novembro de 2014.</p><p>Quinta Turma</p><p>DIREITO PENAL. INVASÃO DE GABINETE DE DELEGADO DE POLÍCIA.</p><p>Configura o crime de violação de domicílio (art. 150 do CP) o ingresso e a</p><p>permanência, sem autorização, em gabinete de Delegado de Polícia, embora faça</p><p>parte de um prédio ou de uma repartição públicos. O § 4º do art. 150 do CP, em</p><p>seu inciso III, dispõe que a expressão “casa” compreende o “compartimento não</p><p>aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade”. Ora, se o</p><p>compartimento deve ser fechado ao público, depreende-se que faz parte de um prédio</p><p>ou de uma repartição públicos, ou então que, inserido em ambiente privado, possua uma</p><p>parte conjugada que seja aberta ao público. Assim, verifica-se que, sendo a sala de um</p><p>servidor público – no caso, o gabinete de um Delegado dePolícia – um compartimento</p><p>com acesso restrito e dependente de autorização, e, por isso, um local fechado ao</p><p>público, onde determinado indivíduo exerce suas atividades laborais, há o necessário</p><p>enquadramento no conceito de “casa” previsto no art. 150 do Estatuto Repressivo. Com</p><p>efeito, entendimento contrário implicaria a ausência de proteção à liberdade</p><p>individual detodos aqueles que trabalham em prédios públicos, já que poderiam ter os</p><p>recintos ou compartimentos fechados em que exercem suas atividades invadidos por</p><p>terceiros não autorizados a qualquer momento, o que não se coaduna com o objetivo da</p><p>norma penal incriminadora em questão. Ademais, em diversas situações o serviço</p><p>público ficaria inviabilizado, pois bastaria que um cidadão ou que grupos de cidadãos</p><p>desejassem manifestar sua indignação ou protestar contra determinada situação para que</p><p>pudessem ingressar em qualquer prédio público, inclusive nos espaços restritos à</p><p>população, sem que tal conduta caracterizasse qualquer ilícito, o que, como visto, não é</p><p>possível à luz da legislação penal em vigor. HC 298.763-SC, Rel. Min. Jorge Mussi,</p><p>julgado em 7/10/2014.</p><p>INVASÃO DE DISPOSITIVO</p><p>INFORMÁTICO - ART. 154-A</p><p>https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod=0549</p><p>https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod=0549</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20298763</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>Liberdade individual, especialmente no tocante à inviolabilidade dos segredos.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "ALHEIA" e "SEM AUTORIZAÇÃO" ao contrário dos</p><p>descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um</p><p>juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro</p><p>campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de invadir dispositivo informático alheio) e elemento subjetivo específico do</p><p>tipo na expressão "com o fim de".</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é a pessoa que sofre o dano material ou moral.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre no momento em que o agente invade o</p><p>dispositivo informático da vítima.</p><p>Tentativa – admite-se por ser crime plurissubsistente.</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo</p><p>agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se</p><p>prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas</p><p>por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Ação Penal.</p><p>Por força do art. 154-B do CP a ação é pública condicionada à representação da vítima,</p><p>salvo quando o delito é cometido contra a administração pública direta ou indireta de</p><p>qualquer dos poderes da União, Estado, Distrito Federal ou Município ou contra</p><p>empresas concessionárias de serviços públicos, sendo a ação pública incondicionada.</p><p>SEMANA 6</p><p>Crimes contra o Patrimônio:</p><p>Conceito de patrimônio para o Direito Penal</p><p>Para o Direito Civil, o patrimônio compreende o conjunto de relações ativas e passivas de</p><p>que é titular uma pessoa. É, na clássica definição de Clóvis Beviláqua: "o complexo das</p><p>relações jurídicas de uma pessoa, que tiverem valor econômico". (Clóvis Beviláqua, Teoria</p><p>Geral do Direito Civil, 5ª Ed., 1951, pp. 209-210).</p><p>Ora, diante de tais características, percebe-se que a noção de patrimônio acima exposta</p><p>diverge daquela tida para o Direito Penal. A uma, porque a concepção civilista abrange, no</p><p>conceito de patrimônio, não só o ativo como também o passivo, fato estranho à cadeira de</p><p>Direito Penal, que não compreende o aspecto negativo do patrimônio. A duas, porque, ao</p><p>contrário do conceito privatístico, o patrimônio, para fins penais abrange os bens de valor</p><p>meramente afetivo.</p><p>Com efeito, o conceito penal de valor patrimonial não corresponde necessariamente ao de</p><p>valor econômico, e por via de conseqüência, o dano patrimonial não é sinônimo de dano</p><p>econômico.</p><p>Assim, tomando-se por exemplo o art. 155 do CP, podemos afirmar que, comete o crime</p><p>de furto quem subtrai de outrem uma mecha de cabelos de um filho já morto, uma carta de</p><p>um ente querido, ou a única foto de um ascendente remoto, eis que tais subtrações,</p><p>embora não produzam danos econômicos, certamente acarretam danos de ordem</p><p>patrimonial.</p><p>Por todo exposto, podemos concluir que o patrimônio, tutelado pelo Direito Penal no Título</p><p>II da parte especial do CP, abrange não só as coisas economicamente apreciáveis, mas</p><p>também aquelas que, embora não possuam tal característica, tenham algum valor para</p><p>seu proprietário ou possuidor, por satisfazer suas necessidades, sentimentos, usos ou</p><p>prazeres.</p><p>Aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes contra o</p><p>patrimônio.</p><p>De acordo com o princípio da insignificância o Direito Penal não deve preocupar-se</p><p>com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores que</p><p>descrevam condutas incapazes de lesar o bem jurídico.</p><p>A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido. O</p><p>princípio da insignificância não é aplicado no plano abstrato.</p><p>A aplicação do princípio da insignificância exclui a tipicidade, pois não haverá</p><p>adequação típica.</p><p>INFORMATIVO 696, STF, (CLIPPING)</p><p>RHC N. 106.731-DF</p><p>RED. PARA O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI</p><p>Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Furto, na modalidade tentada (art. 155,</p><p>caput, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal), de um cartucho de tinta avaliado</p><p>em R$ 25,70 (vinte e cinco reais e setenta centavos). Mínimo grau de lesividade.</p><p>Ausência de periculosidade social da ação. Inexpressividade da lesão jurídica causada.</p><p>Aplicação do princípio da insignificância. Possibilidade. Recurso provido.</p><p>1. Consoante se infere dos autos, o valor da res furtiva é diminuto (R$ 25,70), tendo o</p><p>delito permanecido na esfera da mera tentativa. Embora ostente o recorrente em seu</p><p>prontuário uma condenação transitada em julgado em 28/9/99 por latrocínio (art. 157, §</p><p>3º, do Código Penal), pelo que se pode abstrair das circunstâncias referidas no édito</p><p>condenatório, de lá para cá não teria existido nenhuma outra conduta desabonadora de</p><p>sua personalidade, o que não dá azo a considerá-lo um infrator contumaz.</p><p>2. O Ministro Celso de Mello, em análise extremamente oportuna, destacou que o</p><p>princípio da insignificância tem como vetores “a mínima ofensividade da conduta</p><p>do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de</p><p>reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica</p><p>provocada” (HC nº 84.412/SP, Segunda Turma, DJ de 19/11/04). Partindo desse</p><p>conceito, a realidade dos autos demonstra que tais vetores se fazem simultaneamente</p><p>presentes, pois, não obstante as circunstâncias em que foi praticado o delito, foi mínima</p><p>a ofensividade da conduta do recorrente, não sendo reprovável o seu comportamento ao</p><p>ponto de se movimentar a máquina judiciária.</p><p>3. Recurso provido.</p><p>*noticiado no Informativo 678</p><p>INFORMATIVO 739, STF (CLIPPING)</p><p>HC N. 118.361-MG</p><p>RELATOR: MIN. GILMAR MENDES</p><p>Habeas corpus. 2. Furto de fios elétricos praticado mediante concurso de agentes.</p><p>Condenação. 3. Pedido de aplicação do princípio da insignificância. 4. Ausência de dois</p><p>dos vetores considerados para a aplicação do princípio da bagatela: a ausência de</p><p>periculosidade social da ação e o reduzido grau de reprovabilidade da conduta. 5. A</p><p>prática delituosa é altamente reprovável, pois afeta serviço essencial da sociedade. Os</p><p>efeitos da interrupção do fornecimento de energia não podem ser quantificados apenas</p><p>sob o prisma econômico, porque importam em outros danos aos usuários do serviço. 6.</p><p>Personalidade do agente voltada ao cometimento de delitos patrimoniais (reiteração</p><p>delitiva). Precedentes do STF no sentido de afastar a aplicação do princípio da</p><p>insignificância aos acusados reincidentes ou de habitualidade delitiva comprovada.</p><p>7. Furto em concurso de pessoas. Maior desvalor da conduta. Precedentes do STF.</p><p>8. Ordem denegada.</p><p>Furto:</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>A maioria entende que o bem jurídico tutelado é a propriedade (que é um direito</p><p>complexo, que se instrumentaliza pelo domínio, possibilitando ao seu titular o exercício</p><p>de atributos consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa</p><p>que lhe serve de objeto – art. 1.228, CC), posse (exercício de um poder sobre a coisa</p><p>correspondente ao direito de propriedade – art. 1196, CC – teoria adotada no CC/02:</p><p>teoria objetiva e natureza jurídica da posse direito subjetivo dotado de estrutura</p><p>peculiar) e detenção (detentor ou fâmulo ou servidor da posse é quando se mantém o</p><p>contato físico com a coisa sem autonomia, sem ser possuidor)</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “COISA ALHEIA” ao contrário dos descritivos, seu significado</p><p>não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica,</p><p>social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento</p><p>humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”,</p><p>“documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>O objeto da tutela é a coisa alheia, o que não significa dizer apenas que a coisa não</p><p>deve pertencer ao agente, mas que efetivamente pertença a alguém. Com fundamento no</p><p>referido elemento, reconhece-se que não se tutela no presente tipo penal a COISA</p><p>ABANDONADA (res derelictae), da COISA DE NINGUÉM (res nullius) e da</p><p>COISA DE TODOS (res commune omnium), exatamente porque não compõem, nestas</p><p>hipóteses, o conjunto de bens, direitos e obrigações de quem quer seja. Por sua vez, a</p><p>COISA PERDIDA (res deperdita) é tutelada pela previsão específica constante do art.</p><p>169, II, do CP, pois, ainda quando perdida, a coisa não deixa de compor o patrimônio de</p><p>seu proprietário pelo que se justifica a tutela.</p><p>Elemento subjetivo: é o DOLO que consiste na vontade e consciência de praticar o</p><p>verbo descrito no tipo penal, assim como temos o elemento subjetivo do tipo, vale dizer,</p><p>o especial fim de agir, como se observa na expressão “PARA SI OU PARA</p><p>OUTREM”.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Por força do especial fim de agir “PARA SI OU PARA OUTREM”</p><p>FURTO DE USO:</p><p>A subtração de uso é considerada um indiferente penal, pelo fato de o art. 155, CP</p><p>exigir, ao seu reconhecimento, que a finalidade do agente seja a de subtrair a coisa</p><p>alheia móvel PARA SI OU PARA OUTREM. Portanto, deve agir com o chamado</p><p>animus furandi ou, ainda, o animus rem sibi habendi, vale dizer, o dolo de ter a coisa</p><p>para si ou para outrem, a vontade de se assenhorar da coisa subtraída.</p><p>De modo geral se exigem, para se reconhecer o furto de uso, os seguintes requisitos: a)</p><p>devolução rápida, quase imediata, da coisa alheia; b) restituição integral e sem dano do</p><p>objeto subtraído; c) devolução antes que a vítima constate a subtração;d) elemento</p><p>subjetivo especial, ou seja, fim exclusivo de uso.</p><p>Cabe frisar que somente as coisas infungíveis serão passíveis de ser subtraídas tão-</p><p>somente para o uso momentâneo do agente. Sendo fungível a coisa, a exemplo do</p><p>dinheiro, tem-se entendido, majoritariamente, pelo furto comum, e não pela subtração</p><p>de uso.</p><p>OBS: O CÓDIGO PENAL MILITAR INCRIMINA O FURTO DE</p><p>USO, CONFORME SE VERIFICA NO ART. 241:</p><p>Furto de uso</p><p>Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim de uso momentâneo e, a</p><p>seguir, vem a ser imediatamente restituída ou reposta no lugar onde se achava:</p><p>Pena - detenção, até seis meses.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se a coisa usada é</p><p>veículo motorizado; e de um têrço, se é animal de sela ou de tiro.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a posse ou</p><p>propriedade de um bem.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – a respeito da consumação o STJ, em recurso repetitivo, pacificou o</p><p>momento consumativa do furto, isto é, "consuma-se o crime de furto com a posse de</p><p>fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao</p><p>agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada." (Tese Julgada sob</p><p>o rito do art. 543-C do CPC - TEMA 934)</p><p>INFORMATIVO 326, STJ</p><p>COMPETÊNCIA. FRAUDE ELETRÔNICA. INTERNET. CONTA-CORRENTE.</p><p>BANCO.</p><p>O cerne da questão consiste em se determinar o juízo competente para processar e julgar</p><p>crime de transferências eletrônicas bancárias sem consentimento do correntista para</p><p>outra pessoa via internet em detrimento da CEF. No caso dos autos, a fraude foi usada</p><p>para burlar o sistema de proteção e vigilância do banco sobre os valores mantidos sob</p><p>sua guarda, configurando crime de furto qualificado por fraude e não estelionato.</p><p>Assim, considera-se consumado o crime de furto no momento em que o agente</p><p>torna-se possuidor da res furtiva, ou seja, no momento em que o bem subtraído sai</p><p>da esfera de disponibilidade da vítima. No caso, a conta-corrente da vítima estava</p><p>situada em Porto Alegre-RS, local da consumação do delito (art. 155, § 4º, II, do CP).</p><p>javascript:document.frmDoc1Item0.submit();</p><p>javascript:document.frmDoc1Item0.submit();</p><p>javascript:document.frmDoc1Item0.submit();</p><p>javascript:document.frmDoc1Item0.submit();</p><p>javascript:document.frmDoc1Item0.submit();</p><p>Com esse entendimento, em sintonia com o parecer do MPF e a jurisprudência deste</p><p>Superior Tribunal, a Seção declarou</p><p>podendo, ainda, ser dirigida a terceira pessoa e até mesmo a</p><p>um animal. Havendo agressão injusta por parte da vítima, estará configurada a legítima</p><p>defesa (art. 25, CP) e 3º) reação imediata, ou seja, é indispensável seja o fato praticado</p><p>logo após a injusta provocação da vítima.</p><p>Homicídio qualificado - Art. 121, § 2º</p><p>O art. 121, § 2º, descreve certas qualificadoras agravantes, umas ligadas aos motivos</p><p>determinantes do crime, indiciários de depravação espiritual do agente (incisos I, II e V</p><p>- circunstâncias subjetivas), e outras com o modo maligno que acompanham o ato ou</p><p>fato em sua execução (incisos III e IV - circunstâncias objetivas).</p><p>As qualificadoras e sua interpretação analógica</p><p>Qualificadoras são circunstâncias que aumentam obrigatoriamente a pena e devem ser</p><p>aplicadas sobre a pena base. A qualificadora tem como característica o aumento dos</p><p>limites mínimo e máximo da pena e é justamente essa característica que a distingue da</p><p>causa especial de aumento de pena (majorante), pois nesta o aumento é promovido</p><p>tomando-se como referência a pena base do tipo fundamental.</p><p>Interpretação analógica é espécie no gênero interpretação extensiva. Consiste em se</p><p>estender a atividade hermenêutica para abranger os casos semelhantes aos que foram</p><p>exemplificados no texto legal. Como exemplo tem o art. 121, § 2º, I e IV, do CP. Na</p><p>interpretação analógica não há que falar em lacuna no texto da lei, diferente da analogia</p><p>em que há lacuna na lei. Na interpretação analógica a vontade da lei é a de abranger os</p><p>casos semelhantes à casuística veiculada.</p><p>Motivos qualificadores determinantes: Mediante paga, promessa de</p><p>recompensa ou qualquer outro motivo torpe; motivo fútil</p><p>Mediante paga - é o chamado homicídio mercenário, que o agente pratica por motivo</p><p>de pagamento. Na paga o recebimento do dinheiro antecede a prática do homicídio.</p><p>Promessa de recompensa - também conhecido como homicídio mercenário, porém o</p><p>recebimento do dinheiro não ocorre antes da prática do homicídio, mas sim basta um</p><p>compromisso futuro de pagamento.</p><p>INFORMATIVO 375, STJ, (6ª TURMA)</p><p>HOMICÍDIO QUALIFICADO. PAGA. COMUNICAÇÃO. CO-AUTORES.</p><p>A Turma entendeu que, no homicídio, o fato de ter sido o delito praticado mediante</p><p>paga ou promessa de recompensa, por ser elemento do tipo qualificado, é circunstância</p><p>que não atinge exclusivamente o executor, mas também o mandante ou qualquer outro</p><p>co-autor. Ademais, com relação ao pedido de exclusão da qualificadora do recurso que</p><p>impossibilitou a defesa da vítima, torna-se necessário o revolvimento do conteúdo</p><p>fático-probatório, o que é vedado na via estreita do habeas corpus. Precedentes citados</p><p>do STF: HC 71.582-MG, DJ 9/6/1995; do STJ: HC 56.825-RJ, DJ 19/3/1997, e REsp</p><p>658.512-GO, DJ 7/4/2008. HC 99.144-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em</p><p>4/11/2008.</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%2099144</p><p>Motivo torpe - é o motivo baixo, repugnante, vil, ignóbil, que repugna a coletividade.</p><p>Motivo fútil - é o homicídio praticado por motivo insignificante, sem importância,</p><p>totalmente desproporcionado em relação ao crime, em vista de sua banalidade.</p><p>Meios de execução qualificadores: Com emprego de veneno, fogo ou</p><p>explosivo, asfixia, tortura ou qualquer outro meio insidioso ou cruel,</p><p>ou de que possa resultar perigo comum</p><p>Emprego de veneno (venefício) - para alcançar o intento criminoso o agente utiliza</p><p>substância capaz de destruir as funções vitais do organismo humano.</p><p>Emprego de fogo ou explosivo - a utilização de fogo ou explosivo, como meio de</p><p>alcançar a morte da vítima, revela o modo especialmente perverso escolhido pelo</p><p>agente, podendo, inclusive, colocar em risco um número indeterminado de pessoas.</p><p>Emprego de asfixia - asfixia é o impedimento, por qualquer meio (mecânico -</p><p>enforcamento, afogamento, estrangulamento, esganadura ou sufocação - ou tóxico -</p><p>produzidos por gases deletérios) da passagem do ar pelas vias respiratórias ou pulmões</p><p>da pessoa, acarretando a falta de oxigênio no sangue.</p><p>Emprego de tortura - tortura é o suplício, que causa atroz e desnecessário</p><p>padecimento. A tortura, geralmente, é física, como por exemplo mutilar a vítima, mas</p><p>também pode ser moral, desde que exacerbe o sofrimento da vítima, como por exemplo</p><p>eliminar pessoa cardíaca provocando-lhe sucessivos traumas morais. O homicídio</p><p>qualificado pelo emprego da tortura não se confunde com o crime de tortura da qual</p><p>resulta morte (art. 1º, § 3º, da Lei 9455/97).</p><p>Meio insidioso - é o meio dissimulado na sua eficiência maléfica. Está presente no</p><p>homicídio cometido por meio de estratagema, como por exemplo sabotando o freio do</p><p>veículo automotor.</p><p>Meio cruel - é o meio que faz sofrer além do desnecessário. São meios cruéis o</p><p>pisoteamento da vítima e a morte causada por prolongado e sofrido espancamento,</p><p>através de socos, pontapés e golpes de palmatória. Os tribunais têm decidido que a</p><p>qualificadora do meio cruel somente pode ser admitida na hipótese em que o agente age</p><p>por puro sadismo, com o nítido propósito de prolongar o sofrimento da vítima. Assim,</p><p>já se decidiu que o disparo de vários tiros contra a vítima não caracteriza a qualificadora</p><p>do meio cruel, tendo em vista a inexistência de prova no sentido de que os vários tiros</p><p>tenha aumentado o seu penar.</p><p>Meio que possa resultar perigo comum - é aquele que pode alcançar indefinido</p><p>número de pessoas.</p><p>Modos de execução qualificadores: À traição, de emboscada, mediante</p><p>dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a</p><p>defesa do ofendido</p><p>À traição - é o ataque sorrateiro, praticado inesperadamente.</p><p>Emboscada - é a tocaia, com o agente escondido à espera da vítima.</p><p>Mediante dissimulação - por esse modo. o agente esconde ou disfarça o seu propósito,</p><p>para atingir o ofendido desprevenido.</p><p>Mediante outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa - o modo deve ser</p><p>análogo aos outros do inciso IV (traição, emboscada ou dissimulação).</p><p>Fins qualificadores: Para assegurar a execução, a ocultação, a</p><p>impunidade ou a vantagem em outro crime</p><p>O inciso V enuncia hipóteses de conexão (vínculo) entre o crime de homicídio e outros</p><p>crimes. A doutrina subdivide a conexão em teleológica (homicídio praticado para</p><p>assegurar a execução de outro crime, futuro) e consequencial (quando o homicídio visa</p><p>assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime, passado).</p><p>OBS - "outro crime" de que fala o dispositivo pode ser de autoria do próprio homicida</p><p>ou pessoa diversa.</p><p>OBS: Entrou em vigor no 10 de março de 2015 a Lei 13.104/2015 que</p><p>trata do feminicídio. As três importantes novidades para o Direito</p><p>Penal são as seguintes:</p><p>I - alterou o art. 121 do CP para incluir como circunstância qualificadora do homicídio o</p><p>feminicídio (inciso VI), descrevendo seus requisitos típicos.</p><p>II - Criou uma causa de aumento de pena (um terço até a metade) para os casos em que</p><p>o feminicídio tenha sido praticado nas hipóteses previstas no § 7º.</p><p>III - incluiu o feminicídio no rol dos crimes hediondos previstos na Lei 8072/90.</p><p>OBS: Entrou em vigor no dia 07 de julho de 2015 a Lei 13.142/15 com</p><p>as seguintes novidades para o Direito Penal em relação ao homicídio</p><p>(HOMICÍDIO FUNCIONAL):</p><p>I - acrescentou mais uma circunstância qualificadora no crime de homicídio (inciso</p><p>VII), ou seja, contra autoridades ou agentes descritos nos arts. 142 e 144 da CF.</p><p>II - incluiu tal circunstância qualificadora no rol dos crimes hediondos previstos na Lei</p><p>8072/90.</p><p>Presença de mais de uma qualificadora e a dosimetria da pena</p><p>De acordo com Fernando Capez é impróprio falar em crime duplamente ou triplamente</p><p>qualificado. Assim, basta uma única qualificadora para deslocar a conduta do caput para</p><p>o § 2º do art. 121. Nesse sentido, resta saber que função assumiriam as demais</p><p>qualificadoras. Existem 2 posições. 1ª) uma é considerada como qualificadora e as</p><p>demais, como circunstâncias</p><p>competente o Juízo Federal suscitante. Precedente</p><p>citado: CC 67.343-GO. CC 72.738-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,</p><p>julgado em 8/8/2007.</p><p>Tentativa – trata-se de crime material, portanto a tentativa é perfeitamente possível.</p><p>Ocorrerá quando o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a retirar</p><p>o bem do domínio de seu titular.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação</p><p>no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima); CRIME</p><p>COMISSIVO (é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por</p><p>meio de uma ação positiva. Logicamente, por intermédio da omissão imprópria também</p><p>pode ser praticado, nos termos do art. 13, § 2º, CP); CRIME DOLOSO (não há previsão</p><p>legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por</p><p>qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de</p><p>imediato, não se alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado,</p><p>em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>Figuras típicas (furto simples, furto noturno, furto privilegiado, furto</p><p>de energia e furto qualificado);</p><p>Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado</p><p>durante o repouso noturno.</p><p>O período noturno não se confunde com noite (ausência de luz solar), mas deve ser</p><p>verificado, no caso concreto, observando os costumes da localidade tocantes à hora em</p><p>que a comunidade se recolhe e levanta para a vida cotidiana.</p><p>Quanto ao repouso, o entendimento majoritário é bem expressado por LUIZ</p><p>REGIS PRADO quando diz que “a majorante incide ainda que o furto ocorra em local</p><p>desabitado, satisfazendo-se simplesmente com a circunstância de que seja praticado</p><p>durante o momento, segundo os costumes locais, em que pessoas estejam</p><p>repousando.”. Este é o entendimento firmado no STJ, conforme ementa abaixo:</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=CC%2072738</p><p>HC 29.153/MS (STJ, 5ª TURMA)</p><p>CRIMINAL. HC. FURTO. CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO. REPOUSO</p><p>NOTURNO. ESTABELECIMENTO COMERCIAL. LOCAL DESABITADO.</p><p>IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA.</p><p>I. Para a incidência da causa especial de aumento prevista no § 1º do art. 155 do</p><p>Código Penal, é suficiente que a infração ocorra durante o repouso noturno,</p><p>período de maior vulnerabilidade para as residências, lojas e veículos.</p><p>II. É irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento comercial ou de residência,</p><p>habitada ou desabitada, bem como o fato de a vítima estar, ou não, efetivamente</p><p>repousando.</p><p>III. Ordem denegada.</p><p>INFORMATIVO 554, STJ, 6ª TURMA</p><p>DIREITO PENAL. FURTO QUALIFICADO PRATICADO DURANTE O</p><p>REPOUSO NOTURNO.</p><p>A causa de aumento de pena prevista no § 1° do art. 155 do CP – que se refere à</p><p>prática do crime durante o repouso noturno – é aplicável tanto na forma simples</p><p>(caput) quanto na forma qualificada (§ 4°) do delito de furto. Isso porque esse</p><p>entendimento está em consonância, mutatis mutandis, com a posição firmada pelo STJ</p><p>no julgamento do Recurso Especial Repetitivo 1.193.194-MG, no qual se afigurou</p><p>possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de</p><p>furto qualificado (art. 155, § 4º, do CP), máxime se presentes os requisitos. Dessarte,</p><p>nessa linha de raciocínio, não haveria justificativa plausível para se aplicar o § 2° do art.</p><p>155 do CP e deixar de impor o § 1° do referido artigo, que, a propósito, compatibiliza-se</p><p>com as qualificadoras previstas no § 4° do dispositivo. Ademais, cumpre salientar que o</p><p>§ 1° do art. 155 do CP refere-se à causa de aumento, tendo aplicação apenas na terceira</p><p>fase da dosimetria, o que não revela qualquer prejuízo na realização da dosimetria da</p><p>pena com arrimo no método trifásico. Cabe registrar que não se desconhece o</p><p>entendimento da Quinta Turma do STJ segundo o qual somente será cabível aplicação</p><p>da mencionada causa de aumento quando o crime for perpetrado na sua forma simples</p><p>(caput do art. 155). Todavia, o fato é que, após o entendimento exarado em 2011 no</p><p>julgamento do EREsp 842.425-RS, no qual se evidenciou a possibilidade de aplicação</p><p>do privilégio (§ 2°) no furto qualificado, não há razoabilidade em negar a incidência da</p><p>causa de aumento (delito cometido durante o repouso noturno) na mesma situação em</p><p>que presente a forma qualificada do crime de furto. Em outras palavras, uma vez que</p><p>não mais se observa a ordem dos parágrafos para a aplicação da causa de diminuição (§</p><p>2º), também não se considera essa ordem para imposição da causa de aumento (§</p><p>1º). HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em</p><p>4/12/2014, DJe 17/12/2014.</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20306450</p><p>INFORMATIVO 851, STF, 2ª TURMA.</p><p>Direito Penal - Dosimetria. Furto qualificado e causa de aumento de pena - 2</p><p>É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o</p><p>repouso noturno (CP/1940, art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma</p><p>qualificada (CP/1940, art. 155, § 4º). Com base nesse entendimento, a Segunda Turma,</p><p>em conclusão, denegou a ordem em “habeas corpus” — v. Informativo 824.</p><p>Destacou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já reconheceu a</p><p>compatibilidade das causas privilegiadas de furto (CP/1940, art. 155, § 2º) com a sua</p><p>modalidade qualificada.</p><p>Além disso, sustentou que a inserção pelo legislador do dispositivo da majorante antes</p><p>das qualificadoras não inviabilizaria a aplicação da majorante do repouso noturno à</p><p>forma qualificada de furto.</p><p>Acrescentou que, de acordo com a análise dos tipos penais, a única estrutura</p><p>permanente e inatingível diz respeito ao “caput”, representativo da figura básica do</p><p>delito.</p><p>Ademais, ressaltou que se deve interpretar cada um dos parágrafos constantes do tipo de</p><p>acordo com a sua natureza jurídica, jamais pela sua singela posição ocupada</p><p>topograficamente.</p><p>HC 130952/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 13.12.2016. (HC-130952)</p><p>§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa</p><p>furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,</p><p>diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.</p><p>Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §</p><p>2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem</p><p>presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a</p><p>qualificadora for de ordem objetiva.</p><p>INFORMATIVO 459, STJ, (5ª TURMA )</p><p>HC. FURTO PRIVILEGIADO E QUALIFICADO.</p><p>Trata-se de habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública contra acórdão do TJ em</p><p>que o paciente foi condenado ao cumprimento de dois anos de reclusão em regime</p><p>aberto, substituído por prestação de serviços à comunidade por igual período e, ainda,</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=130952&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>ao pagamento de dez dias-multa por violação do art. 155, § 4º, III e IV, do CP. Isso</p><p>porque o paciente, juntamente com o corréu e mediante o emprego de chave falsa</p><p>(mixa), subtraiu para si um aparelho toca-cds que se achava instalado no interior do</p><p>veículo, sendo que não houve prejuízo à vítima, pois a res furtiva foi recuperada. As</p><p>instâncias ordinárias reconheceram que o paciente era primário, bem como que a res</p><p>furtiva foi avaliada em R$ 150,00 – consta do auto de avaliação indireta juntado aos</p><p>autos que esse valor era inferior ao salário mínimo vigente de R$ 240,00 à época do</p><p>delito (janeiro de 2004). Busca a impetração o reconhecimento do furto privilegiado,</p><p>aplicando-se ao paciente pena de multa; para isso, alega que a conduta perpetrada pelo</p><p>agente se amolda ao tipo previsto no art. 155, § 2º, do CP. Para o Min. Relator, a</p><p>questão dos autos envolve admitir ou não, em nosso ordenamento jurídico, a figura do</p><p>furto qualificado-privilegiado. Assevera que o acentuado desvalor de ação nas hipóteses</p><p>de furto qualificado não pode ser abalado ou neutralizado pela configuração de dados</p><p>componentes do furto privilegiado (menor desvalor de resultado e primariedade), visto</p><p>que o furto privilegiado se identificaria com o furto bisonho de um réu primário. Afirma</p><p>não guardar o furto privilegiado relação com as maneiras de agir (revoltantes e</p><p>atrevidas) descritas no § 4º do art. 155 do CP (furto qualificado). Ademais, explica que,</p><p>se o desvalor de resultado não distingue, em termos do bem jurídico patrimônio, o</p><p>ilícito penal do ilícito civil, carece de sentido jurídico aceitar que, no furto, um menor</p><p>desvalor de resultado possa nulificar o acentuado desvalor de ação (fator decisivo, aqui,</p><p>na identificação do grau do injusto). Considera ainda o Min. Relator, entre outras</p><p>questões, que, se fosse aplicado ao § 4º o disposto no § 2º, ter-se-ia acentuada diferença</p><p>de tratamento penal na aplicação ao réu reincidente em comparação ao primário; no</p><p>concurso de agentes, o primário ficaria com pena simbólica e o reincidente, com pena</p><p>acima de dois anos de reclusão (dada a agravante), mas ressalta que a mesma situação</p><p>poderia ocorrer em processos distintos. Observa, com base na doutrina e na</p><p>jurisprudência, que, se fosse diferente, toda tentativa de furto seria, em verdade,</p><p>tentativa de furto privilegiado. Conclui que, ainda que a res furtiva seja de pequeno</p><p>valor (e não ínfimo, porquanto esse implicaria a incidência do princípio da</p><p>insignificância) e o réu seja primário, não se aplica ao furto qualificado a minorante do</p><p>§ 2º do mesmo artigo e codex citados. Não obstante os abalizados argumentos do Min.</p><p>Relator, a Turma, ao prosseguir o julgamento, concedeu a ordem, aderindo, por maioria,</p><p>ao voto vista do Min. Jorge Mussi, de acordo com a mais recente orientação do</p><p>Supremo Tribunal Federal a qual afirma não haver qualquer incompatibilidade teórica</p><p>ou legal da incidência do privilégio do § 2º do art. 155 do CP às hipóteses de furto</p><p>qualificado, desde que as qualificadoras sejam de ordem objetiva e que a pena final não</p><p>fique restrita à multa. O voto vista aplicou, em favor do paciente, o privilégio do § 2º do</p><p>art. 155 do CP, observando que sua pena definitiva ficou em oito meses de reclusão,</p><p>substituída por prestação de serviços à comunidade por igual período em local e hora a</p><p>serem designados pelo juízo da execução, além do pagamento de sete dias-multa,</p><p>mantidos, no mais, a sentença e o acórdão impugnado. Também noticiou que a Sexta</p><p>Turma deste Superior Tribunal vem reconhecendo a compatibilidade entre o furto</p><p>qualificado e o privilégio disposto no § 2º do art. 155 do CP, conforme a orientação do</p><p>STF. Precedentes citados do STF: HC 102.490-SP, DJe 18/6/2010; HC 97.034-MG,</p><p>DJe 7/5/2010; HC 99.569-MG, DJe 12/3/2010; HC 99.581-RS, DJe 5/3/2010; HC</p><p>96.752-RS, DJe 14/8/2009; HC 96.843-RS, DJe 14/6/2009; no STJ: REsp 77.143-SP,</p><p>DJ 10/6/1996; REsp 84.671-SP, DJ 17/2/1997; HC 124.238-MG, DJe 7/12/2009, e HC</p><p>118.206-MG, DJe 8/6/2009. HC 157.684-SP, Rel. originário Min. Felix Fischer, Rel.</p><p>para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 7/12/2010.</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20157684</p><p>INFORMATIVO 580, STF, (1ª TURMA )</p><p>Art. 155, § 2º, do CP: Furto Qualificado e Privilégio - 3</p><p>Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para assentar</p><p>a compatibilidade entre as hipóteses de furto qualificado e o privilégio constante do §</p><p>2º do art. 155 do CP. No caso, o paciente fora condenado pela prática do crime previsto</p><p>no art. 155, § 4º, I, do CP, em virtude da subtração de um aparelho de som, mediante</p><p>arrombamento de janela, à pena de 2 anos, a qual fora substituída por 2 penas restritivas</p><p>de direito (CP, art. 44) — v. Informativo 557. Aduziu-se que a jurisprudência do STF é</p><p>assente no sentido da conciliação entre homicídio objetivamente qualificado e, ao</p><p>mesmo tempo, subjetivamente privilegiado. Dessa forma, salientou-se que, em se</p><p>tratando de circunstância qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução</p><p>do crime), seria possível o reconhecimento do privilégio, o qual é sempre de natureza</p><p>subjetiva. Entendeu-se que essa mesma regra deveria ser aplicada na presente situação,</p><p>haja vista que a qualificadora do rompimento de obstáculo (natureza nitidamente</p><p>objetiva) em nada se mostraria incompatível com o fato de ser o acusado primário e a</p><p>coisa de pequeno valor. Ademais, considerando a análise das circunstâncias judiciais</p><p>(CP, art. 59) realizada pelo juízo monocrático, que revelara a desnecessidade de uma</p><p>maior reprovação, reduziu-se a pena em 1/3, para torná-la definitiva em 8 meses de</p><p>reclusão, o que implicaria a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva em caráter</p><p>retroativo, tendo em conta a ausência de recurso da acusação, bem como a menoridade</p><p>do paciente (menor de 21 anos na data do fato). Assim, tendo em conta que o prazo</p><p>prescricional de 1 ano já teria transcorrido entre a data do recebimento da denúncia e a</p><p>data da publicação da sentença penal condenatória, julgou-se extinta a punibilidade do</p><p>paciente pela prescrição retroativa. Vencido o Min. Marco Aurélio que denegava o writ</p><p>por reputar incabível a mesclagem, aduzindo que o legislador, no que pretendera aplicar</p><p>a crimes qualificados a causa de diminuição, assim o fizera. HC 98265/MS, rel. Min.</p><p>Ayres Britto, 24.3.2010. (HC-98265)</p><p>INFORMATIVO 481, STJ, 3ª SEÇÃO</p><p>FURTO QUALIFICADO. PRIVILÉGIO. PRIMARIEDADE. PEQUENO VALOR. RES</p><p>FURTIVA.</p><p>A Seção, pacificando o tema, julgou procedente os embargos de divergência,</p><p>adotando orientação de que o privilégio estatuído no § 2º do art. 155 do CP</p><p>mostra-se compatível com as qualificadoras do delito de furto, desde que as</p><p>qualificadoras sejam de ordem objetiva e que o fato delituoso não seja de maior</p><p>gravidade. Sendo o recorrido primário e de pequeno valor a res furtiva, verificando-</p><p>se que a qualificadora do delito é de natureza objetiva – concurso de agentes – e</p><p>que o fato criminoso não se revestiu de maior gravidade, torna-se devida a</p><p>incidência do benefício legal do furto privilegiado, pois presente a excepcionalidade</p><p>devida para o seu reconhecimento na espécie. Precedentes citados do STF: HC</p><p>96.843-MS, DJe 23/4/2009; HC 100.307-MG, DJe 3/6/2011; do STJ: AgRg no HC</p><p>170.722-MG, DJe 17/12/2010; HC 171.035-MG, DJe 1º/8/2011, e HC 157.684-SP,</p><p>DJe 4/4/2011. EREsp 842.425-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgados em</p><p>24/8/2011.</p><p>§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra</p><p>que tenha valor econômico.</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=EREsp%20842425</p><p>INFORMATIVO 623, STF, (2ª TURMA)</p><p>Furto e ligação clandestina de TV a cabo</p><p>A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de</p><p>condenado pela prática do crime descrito no art. 155, § 3º, do CP (“Art. 155 - Subtrair,</p><p>para si ou para outrem, coisa alheia móvel: ... § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia</p><p>elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina</p><p>de sinal de TV a cabo. Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e</p><p>ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão</p><p>pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica.</p><p>HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261)</p><p>Furto qualificado</p><p>§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é</p><p>cometido:</p><p>I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;</p><p>INFORMATIVO 4 81, STJ (6ª TURMA)</p><p>FURTO. ROMPIMENTO. OBSTÁCULO. PERÍCIA.</p><p>A Turma reiterou que, tratando-se</p><p>de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo,</p><p>de delito que deixa vestígio, torna-se indispensável a realização de perícia para a sua</p><p>comprovação, a qual somente pode ser suprida por prova testemunhal quando</p><p>desaparecerem os vestígios de seu cometimento ou esses não puderem ser constatados</p><p>pelos peritos (arts. 158 e 167 do CPP). No caso, cuidou-se de furto qualificado pelo</p><p>arrombamento de porta e janela da residência, porém, como o rompimento de obstáculo</p><p>não foi comprovado por perícia técnica, consignou-se pela exclusão do acréscimo da</p><p>referida majorante. Precedentes citados: HC 136.455-MS, DJe 22/2/2010; HC 104.672-</p><p>MG, DJe 6/4/2009; HC 85.901-MS, DJ 29/10/2007, e HC 126.107-MG, DJe 3/11/2009.</p><p>HC 207.588-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/8/2011.</p><p>STJ</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA NA HIPÓTESE</p><p>DE FALTA DE PERITOS OFICIAIS.</p><p>Verificada a falta de peritos oficiais na comarca, é válido o laudo pericial que reconheça</p><p>a qualificadora do furto referente ao rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP)</p><p>elaborado por duas pessoas idôneas e portadoras de diploma de curso superior, ainda</p><p>que sejam policiais. A incidência da qualificadora prevista no art. 155, § 4º, I, do CP</p><p>está condicionada à comprovação do rompimento de obstáculo por laudo pericial, salvo</p><p>em caso de desaparecimento dos vestígios, quando a prova testemunhal poderá lhe</p><p>suprir a falta. Na ausência de peritos oficiais na comarca, é possível que se nomeie duas</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=97261&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20207588</p><p>pessoas para realizar o exame, como autoriza o art. 159, § 1º, do CPP. O referido</p><p>preceito, aliás, não impõe nenhuma restrição ao fato de o exame ser realizado por</p><p>policiais.</p><p>REsp 1.416.392-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 19/11/2013.</p><p>INFORMATIVO 429, STJ (6ª TURMA)</p><p>TENTATIVA. FURTO. QUALIFICADORA.</p><p>Discute-se, no crime de tentativa de furto, se o rompimento de obstáculo (quebra do</p><p>vidro de veículo para subtrair aparelho de som) tipifica o delito de furto qualificado e, se</p><p>reconhecido tal rompimento, a pena aplicada fere o princípio da proporcionalidade. Para</p><p>o Min. Relator, o rompimento de porta ou vidro para o furto do próprio veículo é</p><p>considerado furto simples. Não seria razoável reconhecer como qualificadora o</p><p>rompimento de vidro para furto de acessórios dentro de carro, sob pena de resultar a</p><p>quem subtrai o próprio veículo menor reprovação. Assevera, assim, que, nos casos</p><p>como dos autos, considerar o rompimento de obstáculo como qualificadora seria</p><p>ofender o princípio da proporcionalidade da resposta penal, que determina uma</p><p>graduação de severidade da pena em razão da prática do crime, apesar de a</p><p>jurisprudência deste Superior Tribunal considerá-la como qualificadora. Com esse</p><p>entendimento, a Turma, por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus. Precedentes</p><p>citados: AgRg no REsp 983.291-RS, DJe 16/6/2008, e REsp 1.094.916-RS, DJ</p><p>13/10/2009. HC 152.833-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 5/4/2010.</p><p>INFORMATIVO 585, STF (1ª TURMA)</p><p>Furto Qualificado e Rompimento de Obstáculo</p><p>A Turma indeferiu habeas corpus em que a Defensoria Pública da União pleiteava,</p><p>sob alegação de ofensa ao princípio da proporcionalidade, o afastamento da</p><p>qualificadora do rompimento de obstáculo à subtração da coisa (CP, art. 155, § 4º, I).</p><p>Sustentava que o furto dos objetos do interior do veículo seria mais severamente punido</p><p>do que o furto do próprio veículo, impondo-se sanção mais elevada para o furto do</p><p>acessório. Entendeu-se que, na situação dos autos, praticada a violência contra a coisa,</p><p>restaria configurada a forma qualificada do mencionado delito.HC 98606/RS, rel. Min.</p><p>Marco Aurélio, 4.5.2010. (HC-98606)</p><p>INFORMATIVO 551, STF (2ª TURMA)</p><p>Furto: Rompimento de Obstáculo e Qualificadora</p><p>A destruição ou avaria de automóvel para a subtração de objeto que se encontra em</p><p>seu interior faz incidir a qualificadora prevista no art. 155, § 4º, I, do CP (“Art. 155 -</p><p>Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro</p><p>anos, e multa. ... § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é</p><p>cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;”). Com</p><p>fundamento nessa orientação, a Turma indeferiu habeas corpus impetrado pela</p><p>Defensoria Pública da União em favor de condenado pela prática do delito de furto</p><p>qualificado em virtude de rompimento de obstáculo (CP, art. 155, § 4º, I), no qual se</p><p>pleiteava o afastamento dessa majorante. Aduziu-se que, tendo o paciente utilizado de</p><p>violência contra empecilho o qual dificultava a subtração dos objetos do veículo,</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20152833</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=98606&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=98606&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>deveria incidir a mencionada qualificadora.HC 98406/RS, rel. Min. Ellen Gracie,</p><p>16.6.2009. (HC-98406)</p><p>INFORMATIVO 532, STJ (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. FURTO DE OBJETO LOCALIZADO NO INTERIOR DE VEÍCULO.</p><p>A subtração de objeto localizado no interior de veículo automotor mediante o</p><p>rompimento do vidro qualifica o furto (art. 155, § 4º, I, do CP). Precedente citado: EREsp</p><p>1.079.847-SP, Terceira Seção, Dje de 5/9/2013. AgRg no REsp 1.364.606-DF, Rel. Min.</p><p>Jorge Mussi, julgado em 22/10/2013.</p><p>II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou</p><p>destreza;</p><p>INFORMATIVO 506, STJ (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. FURTO QUALIFICADO PELA ESCALADA. PRINCÍPIO</p><p>DA INSIGNIFICÂNCIA.</p><p>Não é possível a aplicação do princípio da insignificância ao furto praticado</p><p>mediante escalada (art. 155, § 4º, II, do CP). O significativo grau de reprovabilidade</p><p>do modus operandi do agente afasta a possibilidade de aplicação do princípio da</p><p>insignificância. Precedentes citados do STF: HC 84.412-SP, DJ 19/11/2004; do STJ:</p><p>HC 187.881-RS, DJe 28/9/2011, e HC 195.114-RS, DJe 7/10/2011. REsp 1.239.797-</p><p>RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/10/2012.</p><p>INFORMATIVO 554, STJ (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. QUALIFICADORA DA DESTREZA NO CRIME DE</p><p>FURTO.</p><p>No crime de furto, não deve ser reconhecida a qualificadora da “destreza” (art.</p><p>155, § 4º, II, do CP) caso inexista comprovação de que o agente tenha se valido de</p><p>excepcional – incomum – habilidade para subtrair a coisa que se encontrava na</p><p>posse da vítima sem despertar-lhe a atenção. Efetivamente, não configuram essa</p><p>qualificadora os atos dissimulados comuns aos crimes contra o patrimônio – que, por</p><p>óbvio, não são praticados às escancaras. A propósito, preleciona a doutrina que essa</p><p>qualificadora significa uma “especial habilidade capaz de impedir que a vítima perceba</p><p>a subtração realizada em sua presença. É a subtração que se convencionou chamar de</p><p>punga. A destreza pressupõe uma atividade dissimulada, que exige habilidade incomum,</p><p>aumentando o risco de dano ao patrimônio e dificultando sua proteção”. Nesse passo, “a</p><p>destreza constitui a habilidade física ou manual empregada pelo agente na subtração,</p><p>fazendo com que a vítima não perceba o seu ato. É o meio empregado pelos batedores</p><p>de carteira, pick-pockets ou punguistas, na gíria criminal brasileira. O agente adestra-se,</p><p>treina, especializa-se, adquirindo habilidade tal com as mãos e dedos que a subtração</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=98406&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=98406&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201239797</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201239797</p><p>ocorre como um passe de mágica, dissimuladamente. Por isso, a prisão em flagrante</p><p>(próprio) do punguista afasta a qualificadora, devendo responder por tentativa de furto</p><p>simples; na verdade, a realidade prática comprovou exatamente a inabilidade do</p><p>incauto”. Dispõe ainda a doutrina que “Destreza: é a agilidade ímpar dos movimentos</p><p>de alguém, configurando uma especial habilidade. O batedor de carteira (figura</p><p>praticamente extinta diante da ousadia dos criminosos atuais) era o melhor exemplo. Por</p><p>conta da agilidade de suas mãos, conseguia retirar a carteira de alguém, sem que a</p><p>vítima percebesse. Não se trata do 'trombadinha', que investe contra a vítima,</p><p>arrancando-lhe, com violência, os pertences”. REsp 1.478.648-PR, Rel. Min. Newton</p><p>Trisotto (desembargador convocado do TJ/SC), julgado em 16/12/2014, DJe</p><p>2/2/2015.</p><p>III - com emprego de chave falsa;</p><p>INFORMATIVO 442, STJ (5ª TURMA)</p><p>Com base em precedentes deste Superior Tribunal, reafirmou-se que o uso da chave</p><p>mixa para destrancar fechadura de automóvel com fim de viabilizar o acesso à res furtiva</p><p>configura a qualificadora de emprego de chave falsa, o que atrai uma reprimenda maior</p><p>e a incidência do art. 155, § 4º, III, do CP.</p><p>IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.</p><p>No concurso de pessoas a teoria adotado como regra foi a UNITÁTRIA (art. 29, caput,</p><p>CP) e excepcionalmente a PLURALISTA (art. 29, § 2º, arts. 124 e 126 ...). são</p><p>requisitos para o concurso de pessoas: pluralidade de condutas; relevância causal de</p><p>todas elas; liame subjetivo ou concurso de vontades e identidade de infração para todos.</p><p>SÚMULA 442, STJ</p><p>É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do</p><p>roubo.</p><p>§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração</p><p>for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro</p><p>Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>Distinção entre o delito de furto e os seguintes crimes:</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201478648</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art155§5</p><p>Apropriação indébita: aqui a coisa é licitamente entregue pelo dono ao agente, para</p><p>determinada finalidade, passando este, depois de algum tempo, a dela dispor como se</p><p>fosse sua. Na apropriação indébita, frise-se, a posse do agente sobre o bem é desvigiada.</p><p>No furto, o agente não tem posse do bem, apoderando-se deste contra a vontade da</p><p>vítima, que desconhece a subtração. Na hipótese em que o agente tem a mera detenção</p><p>provisória do bem (v.g., vendedor de loja, caixa de supermercado), esta é exercida sob a</p><p>vigilância do proprietário, de modo que o apoderamento do objeto implica a</p><p>configuração de crime de furto e não apropriação indébita.</p><p>Estelionato: difere o estelionato do furto mediante o emprego de fraude. No furto</p><p>mediante fraude, há a retirada do bem contra a vontade da vítima, que tem a vigilância</p><p>sobre o bem desviada em face do ardil empregado pelo agente. Este, então, utiliza-se da</p><p>fraude para reduzir a vigilância do dono do bem e, com isso, facilitar a subtração. No</p><p>estelionato, a vítima, iludida com o ardil empregado pelo agente, entrega-lhe o bem</p><p>voluntariamente. A fraude não é empregada para reduzir a vigilância da vítima, mas,</p><p>sim, para obter a entrega voluntária do próprio bem pelo proprietário.</p><p>Exercício arbitrário das próprias razões: quando a intenção do agente for fazer</p><p>justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão legítima (v.g., credor que se</p><p>apodera de objeto móvel de seu devedor para satisfazer dívida que este se recusa a</p><p>pagar), o crime será de exercício arbitrário das própria razões (art. 345, CP)</p><p>Favorecimento real: se o agente prestar auxílio após a consumação do crime, sem que</p><p>tenha existido qualquer acordo anterior ao furto, responderá pelo crime de</p><p>favorecimento real (art. 349, CP) – como por exemplo o amigo do agente que guarda o</p><p>objeto da subtração em sua residência) na hipótese de haver prévio acordo ao crime de</p><p>furto, ambos responderão pelo crime de furto qualificado pelo concurso de agentes.</p><p>Receptação: se o agente adquirir objeto que sabe ser produto do crime de furto, ou, se</p><p>não o sabe, adquire-o culposamente, responderá pelo crime de receptação dolosa ou</p><p>culposa. Se, no entanto, o recebimento do bem for ajustado previamente à prática do</p><p>furto, responderão ambos os agentes pelo crime de furto qualificado pelo concurso de</p><p>pessoas. Se o furto for de veículo de automóvel que venha a ser transportado para outro</p><p>Estado ou para o exterior, responderão os agentes pelo furto na forma qualificada</p><p>prevista no § 5º.</p><p>Peculato-furto: no § 1º do art. 312 do CP está prevista a figura do peculato furto. Trata-</p><p>se de crime praticado por aquele que detém a qualidade de funcionário público, e que se</p><p>vale da facilidade proporcionada por essa condição para subtrair ou concorrer para que</p><p>terceiro subtraia dinheiro, valor ou bem de que não tem a posse.</p><p>Roubo: aqui há emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que</p><p>diminua a resistência da vítima</p><p>SÚMULA N. 567, STJ</p><p>Sistema de vigilância realizado por monitoramento</p><p>eletrônico ou por existência de segurança no interior de</p><p>estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível</p><p>a configuração do crime de furto. Terceira Seção, aprovada</p><p>em 24/2/2016, DJe 29/2/2016.</p><p>SEMANA 7</p><p>Roubo:</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Trata-se de crime complexo, tendo como elementares constitutivas a descrição de fatos</p><p>que, isoladamente, constituem crimes distintos; protege, com efeito, bem jurídicos</p><p>diversos: o patrimônio, público ou privado, de um lado, e liberdade individual e a</p><p>integridade física e a saúde, que são simultaneamente atingidos pela ação incriminada.</p><p>Sintetizando, são bens jurídicos protegidos pelo art. 157 e seus parágrafos, além do</p><p>patrimônio (posse, propriedade e detenção), a liberdade individual (constrangimento</p><p>ilegal), a integridade física (lesão corporal) e a vida das pessoas (morte no latrocínio)</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “COISA ALHEIA MÓVEL” ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: “PARA SI OU PARA OUTREM” concernente ao estado anímico</p><p>ou psicológico do agente, o legislador destaca uma parte do dolo e a insere</p><p>expressamente no tipo penal, o dolo é elemento da conduta e não do tipo.</p><p>INFORMATIVO 5 39, STJ, (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. TIPICIDADE DA CONDUTA DESIGNADA COMO "ROUBO</p><p>DE USO".</p><p>É típica a conduta denominada “roubo de uso”. De início, cabe esclarecer</p><p>que o crime de roubo (art. 157 do CP) é um delito complexo que possui como</p><p>objeto jurídico tanto o patrimônio como a integridade física e a liberdade do</p><p>indivíduo. Importa assinalar, também, que o ânimo de apossamento –</p><p>elementar do crime de roubo – não implica, tão somente, o aspecto de</p><p>definitividade, pois se apossar de algo é ato de tomar posse, de dominar ou de</p><p>assenhorar-se do bem subtraído, que pode trazer o intento de ter o bem para</p><p>si, de entregar para outrem ou apenas de utilizá-lo por determinado período. Se</p><p>assim não fosse, todos os acusados de delito de roubo, após a prisão,</p><p>poderiam afirmar que não pretendiam ter a posse definitiva dos bens</p><p>subtraídos para tornar a conduta atípica. Ressalte-se, ainda, que o STF e o</p><p>STJ, no que se refere à consumação do crime de roubo, adotam a teoria</p><p>da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a qual se</p><p>considera consumado o delito no momento em que o agente obtém a</p><p>posse da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica ou haja</p><p>perseguição policial, sendo prescindível que o objeto do crime saia da</p><p>esfera de vigilância da vítima . Ademais, a grave ameaça ou a violência</p><p>empregada para a realização do ato criminoso não se compatibilizam com a</p><p>intenção de restituição, razão pela qual não é possível reconhecer a atipicidade</p><p>do delito “roubo de uso”. REsp 1.323.275-GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado</p><p>em 24/4/2014.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.</p><p>SUJEITO PASSIVO – a ofensa perpetrada no crime de roubo pode ser:</p><p>a) Imediata: é a empregada contra o titular do direito de propriedade ou posse (v.g.,</p><p>violência empregada contra o dono da loja para que este entregue o dinheiro do</p><p>caixa).</p><p>b) Mediata: é a empregada contra terceiro que não seja titular do direito de propriedade</p><p>ou posse (v.g., agente que ameaça com arma de fogo o empregado da loja para que</p><p>este lhe entregue o dinheiro do caixa)</p><p>Distinção entre roubo próprio e impróprio.</p><p>Roubo próprio – art. 157, caput, CP – a violência ou grave ameaça (ou a redução da</p><p>impossibilidade de defesa) são praticados contra a pessoa para a subtração da coisa.</p><p>Roubo impróprio – art. 157, § 1º, CP – a violência ou grave ameaça são praticadas,</p><p>logo depois da subtração, para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da</p><p>coisa subtraída.</p><p>A diferença reside no momento e na finalidade em que é empregada a grave ameaça ou</p><p>a violência contra a pessoa, ou seja, são diferenças temporais ou teleológicas. Assim,</p><p>quando o sujeito ativo pratica a violência ou grave ameaça antes da subtração ou</p><p>durante ela, responde por roubo próprio; quando, porém, após subtrair a coisa alheia,</p><p>emprega violência ou grave ameaça, responde por roubo impróprio.</p><p>Exemplos de roubo impróprio</p><p>Quando o sujeito ativo, já se retirando do portão com a res furtiva, alcançado pela</p><p>vítima, abate-a (assegurando a detenção) ou, então, já na rua, constata que deixou um</p><p>documento no local, que o identificará e, retornando para apanhá-lo, agride o morador</p><p>que o estava apanhando (garantindo a impunidade).</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação do roubo próprio – 2 posições</p><p>1ª) o roubo se consuma no momento em que o agente subtrai o bem. O crime se</p><p>consuma nesse instante, ou seja, com o apoderamento do bem, pois nesse momento</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201323275</p><p>aposse do agente substitui a da vítima, já não tendo esta o poder de disponibilidade</p><p>sobre o bem.</p><p>INFORMATIVO 5 20, STF, (1ª TURMA)</p><p>Roubo e Momento Consumativo - 2</p><p>A Turma reafirmou a orientação desta Corte no sentido de que a prisão do agente</p><p>ocorrida logo após a subtração da coisa furtada, ainda que sob a vigilância da</p><p>vítima ou de terceira pessoa, não descaracteriza a consumação do crime de roubo.</p><p>Por conseguinte, em conclusão de julgamento, indeferiu, por maioria, habeas corpus no</p><p>qual se pretendia a tipificação da conduta do paciente na modalidade tentada do crime</p><p>de roubo, ao argumento de que o delito não se consumara, haja vista que ele, logo após</p><p>a subtração dos objetos da vítima, fora perseguido por policial e vigilante que</p><p>presenciaram a cena criminosa e o prenderam em flagrante, recuperando os pertences -</p><p>v. Informativo 517. Reputou-se evidenciado, na espécie, roubo frustrado, pois todos</p><p>os elementos do tipo se consumaram com a inversão da posse da res furtiva.</p><p>Vencido o Min. Marco Aurélio, relator, que concedia a ordem para restabelecer o</p><p>entendimento sufragado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que, por</p><p>reconhecer a hipótese de tentativa, reduzira a pena aplicada ao paciente.</p><p>HC 92450/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Ricardo</p><p>Lewandowski, 16.9.2008. (HC-92450)</p><p>Súmula 582, STJ</p><p>Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de</p><p>violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição</p><p>imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e</p><p>pacífica ou desvigiada.</p><p>2ª) o roubo se consuma com a retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima</p><p>mais posse tranquila da res, ainda que por curto período de tempo. Desse modo,</p><p>enquanto o agente sofre perseguição, há somente tentativa do crime, pois não chegou</p><p>ainda a garantir a posse desvigiada do bem.</p><p>Tentativa</p><p>Como crime complexo, o início da execução coincide com a prática da ameaça ou da</p><p>violência, ou ainda com o uso de qualquer outro meio para inibir a vítima, objetivando a</p><p>subtração da coisa. O uso de qualquer desses meios integra a descrição típica do roubo,</p><p>caracterizando o início da execução. Logo, responde por tentativa de roubo o agente</p><p>que, apontando um revólver para a vítima, determina que saia de seu veículo, pois</p><p>assim, já ingressou na fase executiva do crime de roubo.</p><p>Consumação do roubo impróprio:</p><p>Consumação – o roubo impróprio consuma-se com o emprego da violência ou grave</p><p>ameaça à pessoa, após a subtração.</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=92450&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=92450&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/doc.jsp?livre=@num=%27582%27</p><p>Tentativa – 2 correntes</p><p>1ª) é inadmissível a tentativa</p><p>2ª) é admissível quando, após a subtração, o agente é preso ao empregar a violência ou</p><p>grave ameaça. Para as duas correntes, se a subtração for apenas tentada e houver</p><p>violência ou grave ameaça na fuga, haverá furto tentado em concurso com crime contra</p><p>a pessoa, e não roubo tentado.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação</p><p>no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima); CRIME</p><p>COMISSIVO (é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por</p><p>meio de uma ação positiva. Logicamente, por intermédio da omissão imprópria também</p><p>pode ser praticado, nos termos do art. 13, § 2º, CP); CRIME DOLOSO (não há previsão</p><p>legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por</p><p>qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de</p><p>imediato, não se alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado,</p><p>em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas - roubo simples, roubo majorado e roubo qualificado</p><p>Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,</p><p>mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por</p><p>qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,</p><p>emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a</p><p>impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.</p><p>§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:</p><p>I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;</p><p>O substantivo arma gera controvérsia na doutrina. 1ª corrente – a expressão abrange</p><p>somente os objetos produzidos (e destinados) com a finalidade bélica (ex: arma de</p><p>fogo); 2ª corrente – realiza interpretação extensiva, ou seja, compreende também os</p><p>objetos confeccionados sem finalidade bélica, porém capazes de intimidar, ferir o</p><p>próximo (ex. faca de cozinha, navalha, foice, tesoura etc.). Prevalece na doutrina e</p><p>jurisprudência o sentido amplo.</p><p>INFORMATIVO 353, STJ, (6ª TRMA)</p><p>ROUBO. ARMA. APREENSÃO.</p><p>A Turma, por maioria, reiterou que, para caracterizar-se a causa de aumento prevista no</p><p>art. 157, § 2º, I, do CP, há a necessidade de apreender e realizar perícia na arma, com o</p><p>intuito de constatar sua potencialidade lesiva, a menos que sua eficácia evidencie-se</p><p>incontroversa por outros meios de prova, tais como o relato de testemunhas ou vítimas.</p><p>In casu, retirada a causa de aumento, a pena deve ser fixada em seu mínimo legal, a</p><p>modificar o regime de cumprimento da pena. O Min. Paulo Gallotti acompanhou esse</p><p>entendimento com ressalvas. Precedentes citados do STF: HC 72.315-MG, DJ</p><p>26/5/1995; do STJ: HC 59.350-SP, DJ 25/5/2007; HC 36.182-SP, DJ 21/3/2005; AgRg</p><p>no HC 79.973-SP, DJ 10/12/2007, e HC 88.060-SP, DJ 17/12/2007. HC 97.376-SP,</p><p>Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em</p><p>22/4/2008.</p><p>INFORMATIVO 511, STJ, (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. ROUBO. MAJORANTE. PERÍCIA QUE CONSTATA</p><p>INEFICÁCIA DA ARMA DE FOGO.</p><p>A majorante do art. 157, § 2º, I, do CP não é aplicável aos casos nos quais a arma</p><p>utilizada na prática do delito é apreendida e periciada, e sua inaptidão para a</p><p>produção de disparos é constatada. O legislador, ao prever a majorante descrita no</p><p>referido dispositivo, buscou punir com maior rigor o indivíduo que empregou artefato</p><p>apto a lesar a integridade física do ofendido, representando perigo real, o que não ocorre</p><p>nas hipóteses de instrumento notadamente sem potencialidade lesiva. Assim, a</p><p>utilização de arma de fogo que não tenha potencial lesivo afasta a mencionada</p><p>majorante, mas não a grave ameaça, que constitui elemento do tipo “roubo” na sua</p><p>forma simples. Precedentes citados: HC 190.313-SP, DJe 4/4/2011, e HC 157.889-SP,</p><p>DJe 19/10/2012. HC 247.669-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em</p><p>4/12/2012.</p><p>II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;</p><p>Mesma controvérsia do furto.</p><p>III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente</p><p>conhece tal circunstância.</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%2097376</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20247669</p><p>O sujeito ativo deve ter consciência de que a vítima está em serviço de transporte de</p><p>valores. Exige-se que a finalidade do transporte seja a condução de valores de uma</p><p>localidade para outra. Tal não ocorre, por exemplo, no caso de roubo de valores</p><p>recebidos diariamente pelo motorista de táxi, pois este não se encontra na condição de</p><p>prestador de serviço de transporte de valores.</p><p>O que são valores? Certamente o vendedor que distribui mercadoria, recebe o preço e</p><p>retorna à base, também transporta valores. Sem razão assim, aqueles que buscam limitar</p><p>o aumento apenas aos casos de transporte de valores das casas bancárias.</p><p>INFORMATIVO 548, STJ, (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. CAUSA DE AUMENTO DE PENA RELATIVA AO</p><p>TRANSPORTE DE VALORES.</p><p>Deve incidir a majorante prevista no inciso III do § 2º do art. 157 do CP na</p><p>hipótese em que o autor pratique o roubo ciente de que as vítimas, funcionários da</p><p>Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), transportavam grande</p><p>quantidade de produtos cosméticos de expressivo valor econômico e liquidez. O</p><p>inciso III do § 2º do art. 157 do CP disciplina que a pena aumenta-se de um terço até</p><p>metade “se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal</p><p>circunstância”. O termo “valores” não se restringe a dinheiro em espécie, devendo-se</p><p>incluir bens que possuam expressão econômica (HC 32.121-SP, Quinta Turma, DJ</p><p>28/6/2004). Nesse contexto, cumpre considerar que, na hipótese em análise, a grande</p><p>quantidade de produtos cosméticos subtraídos possuem expressivo valor econômico e</p><p>liquidez, já que podem ser facilmente negociáveis e convertidos em pecúnia. Deve,</p><p>portanto, incidir a majorante pelo serviço de transporte de valores. REsp 1.309.966-RJ,</p><p>Min. Rel. Laurita Vaz, julgado em 26/8/2014.</p><p>IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser</p><p>transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº</p><p>9.426, de 1996)</p><p>V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua</p><p>liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>Roubo qualificado pelo resultado morte (latrocínio) - incidência da Lei</p><p>8.072/90; consumação e tentativa (Súmula 610, do STF); competência</p><p>para julgamento (Súmula 603, do STF).</p><p>§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão,</p><p>de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201309966</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art157§2iv</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art157§2iv</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art157§2iv</p><p>a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de</p><p>1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90)</p><p>No tocante à consumação, deve ser observado o seguinte:</p><p>1 – morte consumada e subtração consumada, gera latrocínio consumado</p><p>2 – morte tentada e subtração tentada, latrocínio tentado. Magalhães Noronha sugere o</p><p>desmembramento do crime complexo, configurando o concurso de delitos, ou seja,</p><p>roubo tentado e homicídio tentado.</p><p>3 – morte consumada e subtração tentada. De acordo com a súmula 610 do STF é</p><p>latrocínio consumado. O STF certamente atentou para o fato de que a conduta, no caso,</p><p>atinge a vida humana, bem jurídico acima de interesses meramente patrimoniais.</p><p>ROGÉRIO GRECO discorda do posicionamento do STF, por entender que a</p><p>consumação de crime complexo é preciso que se verifique todos os elementos que</p><p>integram o tipo, isto é, havendo homicídio consumado e subtração tentada, deve o</p><p>agente responder por tentativa de latrocínio e não latrocínio consumado.</p><p>4 – morte tentada e subtração consumada, há tentativa de latrocínio.</p><p>HC 91585/RJ, STF</p><p>EMENTAS: AÇÃO PENAL. Crime. Qualificação jurídica. Condenação por</p><p>latrocínio tentado. Subtração consumada. Não consecução da morte como</p><p>resultado da violência praticada, mas apenas de lesão corporal grave numa das</p><p>vítimas. Dolo homicida reconhecido pelas instâncias ordinárias. Impossibilidade de</p><p>revisão desse juízo factual em sede de habeas corpus. Tipificação conseqüente do</p><p>fato como homicídio, na forma tentada, em concurso material com o crime de</p><p>roubo. Submissão do réu ao tribunal do júri. Limitação, porém, de pena em caso</p><p>de eventual condenação. Aplicação do princípio que proíbe a reformatio in peius.</p><p>HC concedido para esses fins. 1. Se é incontroverso ter o réu, em crime</p><p>caracterizado por subtração da coisa e violência contra a pessoa, com resultado de</p><p>lesão corporal grave, agido com animus necandi, então os fatos correspondem ao</p><p>tipo de homicídio na forma tentada, em concurso material com o de roubo. 2.</p><p>Reconhecida, em habeas corpus, a competência do tribunal do júri para rejulgar</p><p>réu condenado por latrocínio tentado, mas desclassificado para tentativa de</p><p>homicídio, não pode eventual condenação impor-lhe pena maior que a já fixada na</p><p>sentença cassada.</p><p>HAVENDO PLURALIDADE DE VÍTIMAS NUMA SÓ</p><p>SUBTRAÇÃO, GERA PLURALIDADE DE CRIMES ? Não, sendo o</p><p>latrocínio crime complexo, a pluralidade de vítimas não implica pluralidade de</p><p>latrocínios. O número de vítimas serve apenas na fixação da pena.</p><p>INFORMATIVO 708, STF (CLIPPING)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art157§2iv</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art157§2iv</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>HC N. 109.539-RSRELATOR: MIN. GILMAR MENDES</p><p>Habeas corpus. 2. Paciente condenado pela prática de latrocínio consumado em</p><p>concurso formal com latrocínio tentado (arts. 157, § 3º, última parte, c/c 61, II, c e h, e</p><p>157, § 3º, última parte, c/c 61, II, c e h, c/c 14, II, todos do CP). 3. Delito praticado</p><p>mediante ação desdobrada em vários atos atingindo duas vítimas. 4. Pedido de</p><p>afastamento da causa de aumento de 1/6</p><p>referente ao concurso formal de crimes. 5.</p><p>Paciente objetivou roubar bens que guarneciam a residência do casal (patrimônio</p><p>único). Não é razoável a importância dada à subtração das alianças das vítimas a fim de</p><p>justificar a subtração de patrimônio individual. 6. Embora as alianças nupciais integrem</p><p>patrimônio personalíssimo na legislação civil, na seara do Direito Penal, há de se</p><p>conferir relevância ao dolo do agente. 7. Caracterizada a prática de latrocínio</p><p>consumado, em razão do atingimento de patrimônio único. 8. O número de vítimas deve</p><p>ser sopesado por ocasião da fixação da pena-base, na fase do art. 59 do CP. Precedente:</p><p>HC n. 71267-3/ES, 2ª Turma, rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 20.4.95. 9. Determinação</p><p>de baixa dos autos ao Juízo de primeiro grau, para que proceda a nova dosimetria da</p><p>pena, considerando a quantidade de vítimas na primeira fase do sistema trifásico e</p><p>respeitando a pena aplicada, em atenção ao princípio do non reformatio in pejus. 10.</p><p>Ordem parcialmente concedida.</p><p>INFORMATIVO 7 25, STF (CLIPPING)</p><p>RHC N. 107.210-PE</p><p>RED P/ O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI</p><p>...</p><p>2. O pretendido reconhecimento do concurso formal próprio no delito de latrocínio</p><p>praticado encontra respaldo jurídico na jurisprudência do Supremo Tribunal, segundo a</p><p>qual “o crime de latrocínio é um delito complexo, cuja unidade não se altera em razão</p><p>da diversidade de vítimas fatais; há um único latrocínio, não obstante constatadas duas</p><p>mortes; a pluralidade de vítimas não configura a continuidade delitiva, vez que o crime-</p><p>fim arquitetado foi o de roubo e não o de duplo latrocínio” (HC nº 71.267/ES, Segunda</p><p>Turma, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ de 20/4/95).</p><p>Distinção entre roubo e extorsão.</p><p>O agente que coage a vítima, mediante o emprego de arma de fogo, a entregar-lhe a</p><p>carteira comete o crime de roubo ou de extorsão? Observe-se que na prática se costuma</p><p>classificar tal fato como crime de roubo, até porque as penas do roubo e extorsão são</p><p>idênticas. Correntes doutrinárias que buscam diferenciar roubo de extorsão:</p><p>1ª corrente – de acordo com Nélson Hungria, na extorsão a vítima entrega o bem para o</p><p>agente, ao passo que no roubo há subtração, ou seja, o bem é retirado pelo agente, razão</p><p>pela qual seria tecnicamente mais correto dizer que há na espécie crime de extorsão,</p><p>pois não houve de fato a subtração, mas a entrega da coisa pela vítima.</p><p>2ª corrente – no roubo o mal é iminente e a vantagem contemporânea, ao passo que na</p><p>extorsão o mal prometido e a vantagem a que se visa são futuros.</p><p>3ª corrente – Damásio entende que na extorsão é imprescindível o comportamento da</p><p>vítima, enquanto no roubo é prescindível. No exemplo do assalto, é irrelevante que a</p><p>coisa venha a ser entregue pela vítima ao agente ou que este a subtraia. Trata-se de</p><p>roubo. Constrangido o sujeito passivo, a entrega do bem não pode ser considerada ato</p><p>livremente voluntário, tornando tal conduta de nenhuma importância no plano jurídico.</p><p>A entrega pode ser dispensada pelo autor do fato. Já na extorsão o apoderamento do</p><p>objeto material depende da conduta da vítima. É O ENTENDIMENTO DA</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>JURISPRUDÊNCIA ROUBO</p><p>INFORMATIVO 682, STF, (1ª TURMA)</p><p>Crimes de roubo e continuidade delitiva</p><p>A prática reiterada de crimes contra o patrimônio, indicadora de delinquência habitual</p><p>ou profissional, impossibilita o reconhecimento de continuidade delitiva para efeito de</p><p>unificação de penas. Com base nessa orientação, a 1ª Turma, por maioria, denegou</p><p>habeas corpus em que pretendido novo cálculo de pena pela prática de 2 delitos de</p><p>roubo qualificado, objetos de condenações diversas. Ressaltou-se que as seguidas ações</p><p>criminosas descaracterizariam o crime continuado. Vencido o Min. Marco Aurélio, que</p><p>concedia a ordem ao consignar que a matéria teria se esgotado no tribunal de justiça.</p><p>Além disso, sinalizou a existência de princípio de hermenêutica e aplicação do Direito,</p><p>segundo o qual o preceito deveria ser interpretado de modo a beneficiar e não a</p><p>prejudicar aquele protegido pela norma.</p><p>HC 109730/RS, rel. Min. Rosa Weber, 2.10.2012. (HC-109730)</p><p>INFORMATIVO 684, STF, (2ª TURMA)</p><p>Roubos: continuidade delitiva e quadrilha armada - 1</p><p>A 2ª Turma denegou habeas corpus em que pretendida a redução de penas-base, o</p><p>reconhecimento de continuidade delitiva de diversos crimes de roubo e o afastamento de</p><p>qualificadora do crime de quadrilha. Na situação dos autos, cuidava-se de condenado,</p><p>com outras pessoas, pela prática de 3 delitos de roubo qualificado — 2 consumados e</p><p>1tentado — e formação de quadrilha armada. No que tange ao pleito de redução das</p><p>penas-base, reputou-se que a sentença condenatória não mereceria reparo, pois</p><p>considerara desfavoráveis antecedentes criminais do paciente e sua personalidade para</p><p>elevar a reprimenda em 2 anos acima do mínimo legal, portanto, bem justificada.</p><p>Outrossim, não teria desbordado os lindes da proporcionalidade e da razoabilidade,</p><p>logo, inexistiria flagrante ilegalidade ou teratologia a justificar a concessão da ordem,</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=109730&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>sendo incabível a utilização de writ para realização de novo juízo de reprovabilidade.</p><p>HC 113413/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.10.2012. (HC-113413)</p><p>Roubos: continuidade delitiva e quadrilha armada - 2</p><p>Quanto ao pedido de reconhecimento de continuidade delitiva entre todos os delitos de</p><p>roubo, consumados e tentado, apontou-se que o acórdão do STJ estaria consonante com</p><p>o posicionamento firmado nesta Corte, no sentido de não bastar similitude entre as</p><p>condições objetivas (tempo, lugar, modo de execução e outras similares), mas, ainda,</p><p>precisaria haver, entre estas, ligação a mostrar, de plano, que os crimes subsequentes</p><p>seriam continuação do primeiro. Além do mais, a reiteração delitiva, indicadora de</p><p>deliquência habitual ou profissional, por si só descaracterizaria crime continuado.</p><p>No ponto, esclareceu-se que o paciente fora reconhecido como criminoso habitual,</p><p>uma vez que faria disto seu modus vivendi. Acresceu-se ser assente na doutrina e</p><p>na jurisprudência que prática do crime como profissão, incidiria na hipótese de</p><p>habitualidade, ou de reiteração delitiva, que não se confundiria com a da</p><p>continuidade delitiva. Em seguida, afirmou-se que, para se chegar à conclusão diversa,</p><p>necessitar-se-ia revolver fatos e provas, impossível nesta via eleita.</p><p>HC 113413/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.10.2012. (HC-113413)</p><p>Roubos: continuidade delitiva e quadrilha armada - 3</p><p>Ato contínuo, registrou-se o acerto da aplicação do concurso material entre os roubos</p><p>consumados, no interior de shopping, e a tentativa de subtração de automóvel, nas</p><p>imediações do referido estabelecimento comercial. Sublinhou-se que a tentativa</p><p>ocorrida na área externa consubstanciaria ação autônoma, cometida tão só com o</p><p>objetivo de assegurar a fuga do paciente e de comparsa, não havendo falar em</p><p>continuidade delitiva. No tocante ao concurso formal dos delitos perpetrados dentro do</p><p>estabelecimento, acentuou-se a correção das decisões das instâncias antecedentes, visto</p><p>que constituiriam desígnios autônomos. Por último, reportou-se à jurisprudência do</p><p>STF segundo a qual a condenação simultânea pelos crimes de roubo qualificado</p><p>com emprego de arma de fogo e formação de quadrilha armada não configuraria</p><p>bis in idem. Isso porque não haveria relação de dependência ou subordinação entre</p><p>as citadas condutas e os dispositivos penais visariam bens jurídicos diversos.</p><p>HC 113413/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.10.2012. (HC-113413)</p><p>EXTORSÃO:</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Os bens jurídicos protegidos na criminalização da extorsão, que também é crime</p><p>complexo, a exemplo do roubo, são a liberdade individual, o patrimônio (posse e</p><p>propriedade) e a integridade física e psíquica do ser humano.</p><p>A extorsão é muito semelhante ao crime de roubo, oferecendo, inclusive, grande</p><p>dificuldade prática</p><p>para definir, in concreto, se determinado fato pode ser classificado</p><p>como roubo ou como extorsão, especialmente os chamados “assaltos a mão armada”.</p><p>Em verdade, não apenas o modus operandi de ambos é assemelhado mas também os</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=113413&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=113413&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=113413&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>bens jurídicos protegidos na definição da extorsão são exatamente os mesmos no crime</p><p>de roubo</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento descritivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “INDEVIDA VANTAGEM ECONÔMICA” ao contrário dos</p><p>descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um</p><p>juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro</p><p>campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: DOLO e o especial fim de agir “COM O INTUITO DE OBTER</p><p>PARA SI OU PARA OUTREM” concernente ao estado anímico ou psicológico do</p><p>agente, o legislador destaca uma parte do dolo e a insere expressamente no tipo penal, o</p><p>dolo é elemento da conduta e não do tipo</p><p>É o dolo representado pela vontade consciente de usar da violência, real ou moral, para</p><p>constranger alguém a fazer, tolerar ou deixar de fazer alguma coisa.</p><p>A esse elemento subjetivo geral é acrescido o elemento subjetivo especial do tipo,</p><p>constituído pelo especial fim de obter indevida vantagem econômico, para si ou para</p><p>outrem.</p><p>Concernente ao estado anímico ou psicológico do agente, o legislador destaca uma parte</p><p>do dolo e a insere expressamente no tipo penal, o dolo é elemento da conduta e não do</p><p>tipo.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. Pratica o crime</p><p>de extorsão quem constrange a vítima a agir, ativa ou passivamente, com o intuito de</p><p>obter vantagem patrimonial ilícita para si ou para terceiro.</p><p>SUJEITO PASSIVO – a ofensa perpetrada no crime de extorsão pode ser:</p><p>c) Imediata: é a empregada contra o titular do direito de propriedade ou posse (v.g.,</p><p>violência empregada contra o dono da loja para que este entregue o dinheiro do</p><p>caixa).</p><p>d) Mediata: é a empregada contra terceiro que não seja titular do direito de propriedade</p><p>ou posse (v.g., agente que ameaça com arma de fogo o empregado da loja para que</p><p>este lhe entregue o dinheiro do caixa)</p><p>Pode também a própria pessoa jurídica ser vítima do crime de extorsão. Seus</p><p>representantes legais podem ser coagidos a fazer, tolerar ou deixar de fazer alguma</p><p>coisa desejada pelo sujeito passivo.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação</p><p>Diverge a doutrina acerca do momento consumativo. Para a maioria o crime é formal</p><p>(ou de consumação antecipada), perfazendo-se no momento em que o agente emprega</p><p>os meios aptos a constranger a vítima a lhe proporcionar indevida vantagem econômica</p><p>(o enriquecimento indevido constitui mero exaurimento, a ser considerado na pena).</p><p>VER SÚMULA 96, STJ</p><p>Existe, contudo, minoria sustentando ser o crime material, não bastando, segundo</p><p>pensam, o emprego da violência ou grave ameaça. Além do constrangimento violento</p><p>ou atemorizante, para a consumação do crime, mostra-se indispensável a obtenção da</p><p>vantagem indevida.</p><p>Tentativa</p><p>A tentativa é perfeitamente possível, pois a extorsão não se faz em um único ato,</p><p>apresentando um caminho a ser percorrido (delito plurissubsistente). O exemplo mais</p><p>comum do conatus é a carta extorsionária interceptada</p><p>INFORMATIVO 502, STJ (6ª TURMA)</p><p>CRIME DE EXTORSÃO. FORMA TENTADA.</p><p>Trata-se de recurso interposto pelo MP estadual contra acórdão que manteve</p><p>sentença condenatória, porém reformou-a parcialmente para reconhecer a forma</p><p>tentada do delito de extorsão praticado pelo ora recorrido. O órgão ministerial</p><p>sustenta que o acórdão violou o art. 158 do CP, pois o legislador não subordina a</p><p>consumação do delito à efetiva consecução do proveito econômico, bastando que o</p><p>agente tenha obrado com tal intuito. Na espécie, o recorrido constrangeu a vítima,</p><p>mediante grave ameaça, consistente no prenúncio de que a mataria, exigindo-lhe a</p><p>quantia de 300 reais, a retirada dos boletins de ocorrência contra ele registrados e</p><p>a entrega dos filhos nos finais de semana. Diante da reiteração das ameaças, a</p><p>vítima acionou a polícia, que surpreendeu o recorrido, procedendo a sua prisão. Sob</p><p>tal contexto, a Turma entendeu que, in casu, feita a exigência pelo recorrido, a</p><p>vítima não se submeteu à sua vontade, deixando de realizar a conduta que ele</p><p>procurava lhe impor. Assim, a hipótese é de tentativa como decidido pelo tribunal a</p><p>quo, e não, como pretende o recorrente, de crime consumado. Precedente citado:</p><p>HC 95389-SP, DJe 23/11/2009. REsp 1.094.888-SP, Rel. Min. Sebastião Reis</p><p>Júnior, julgado em 21/8/2012.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (se consuma</p><p>independentemente do recebimento da vantagem patrimonial pretendida, isto é, com a</p><p>ação de constranger e a ação (ativa ou passiva) da vítima); CRIME COMISSIVO (é da</p><p>essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação</p><p>positiva. Logicamente, por intermédio da omissão imprópria também pode ser</p><p>praticado, nos termos do art. 13, § 2º, CP); CRIME DOLOSO (não há previsão legal</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20%201094888</p><p>para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer</p><p>meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato,</p><p>não se alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra,</p><p>apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em</p><p>vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>Figuras típicas - simples, majoradas e qualificadas:</p><p>Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e</p><p>com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a</p><p>fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de</p><p>arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.</p><p>§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do</p><p>artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90</p><p>§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa</p><p>condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de</p><p>reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal</p><p>grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,</p><p>respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)</p><p>INFORMATIVO 531, STJ, (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. INCIDÊNCIA DA MAJORANTE DO § 1º DO ART. 158 DO CP</p><p>SOBRE A EXTORSÃO QUALIFICADA PREVISTA NO § 3º DO MESMO</p><p>DISPOSITIVO LEGAL.</p><p>Em extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, sendo essa</p><p>condição necessária para a obtenção da vantagem econômica (art. 158, §</p><p>3º, do CP), é possível a incidência da causa de aumento prevista no § 1º do</p><p>art. 158 do CP (crime cometido por duas ou mais pessoas ou com emprego</p><p>de arma). A Lei n. 11.923/2009 não cria um novo delito autônomo chamado de</p><p>"sequestro relâmpago",</p><p>sendo apenas um desdobramento do tipo do crime de</p><p>extorsão, uma vez que o legislador apenas definiu um modus operandi do referido</p><p>delito. É pressuposto para o reconhecimento da extorsão qualificada a prática da</p><p>ação prevista no caput do art. 158 do CP, razão pela qual não é possível dissociar o</p><p>crime qualificado das circunstâncias a serem sopesadas na figura típica do art. 158.</p><p>Assim, tendo em vista que o texto legal é dotado de unidade e que as normas se</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11923.htm#art1</p><p>harmonizam, conclui-se, a partir de uma interpretação sistemática do art. 158 do</p><p>CP, que o seu § 1º não foi absorvido pelo § 3º, pois, como visto, o § 3º constitui-se</p><p>qualificadora, estabelecendo outro mínimo e outro máximo da pena abstratamente</p><p>cominada ao crime; já o § 1º prevê uma causa especial de aumento de pena.</p><p>Dessa forma, ainda que topologicamente a qualificadora esteja situada após a</p><p>causa especial de aumento de pena, com esta não se funde, uma vez que tal fato</p><p>configura mera ausência de técnica legislativa, que se explica pela inserção</p><p>posterior da qualificadora do § 3º no tipo do art. 158 do CP, que surgiu após uma</p><p>necessidade de reprimir essa modalidade criminosa. Ademais, não há qualquer</p><p>impedimento do crime de extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima</p><p>ser praticado por uma só pessoa sem o emprego de arma, o que configuraria o</p><p>crime do § 3º do art. 158 do CP sem a causa de aumento do § 1º do art. 158. Em</p><p>circunstância análoga, na qual foi utilizada majorante prevista topologicamente em</p><p>parágrafo anterior à forma qualificada, tal como na hipótese, o STJ decidiu que,</p><p>sendo compatível o privilégio do art. 155, § 2º, do CP com as hipóteses objetivas</p><p>de furto qualificado (REsp 1.193.194-MG, Terceira Seção, recurso representativo de</p><p>controvérsia, DJe 28/8/2012), mutatis mutandis, não há incompatibilidade entre o</p><p>furto qualificado e a causa de aumento relativa ao seu cometimento no período</p><p>noturno (AgRg no AREsp 741.482-MG, Quinta Turma, DJe 14/9/2015; e HC</p><p>306.450-SP, Sexta Turma, DJe 17/12/2014). REsp 1.353.693-RS, Rel. Min.</p><p>Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/9/2016, DJe 21/9/2016.</p><p>Incidência da Lei 8.072/90:</p><p>Incide a Lei 8072/90 em razão do art. 1º, III.</p><p>Distinção com o delito de roubo:</p><p>Distinção entre roubo e extorsão.</p><p>O agente que coage a vítima, mediante o emprego de arma de fogo, a entregar-lhe a</p><p>carteira comete o crime de roubo ou de extorsão? Observe-se que na prática se costuma</p><p>classificar tal fato como crime de roubo, até porque as penas do roubo e extorsão são</p><p>idênticas. Correntes doutrinárias que buscam diferenciar roubo de extorsão:</p><p>1ª corrente – de acordo com Nélson Hungria, na extorsão a vítima entrega o bem para o</p><p>agente, ao passo que no roubo há subtração, ou seja, o bem é retirado pelo agente, razão</p><p>pela qual seria tecnicamente mais correto dizer que há na espécie crime de extorsão,</p><p>pois não houve de fato a subtração, mas a entrega da coisa pela vítima.</p><p>2ª corrente – no roubo o mal é iminente e a vantagem contemporânea, ao passo que na</p><p>extorsão o mal prometido e a vantagem a que se visa são futuros.</p><p>3ª corrente – Damásio entende que na extorsão é imprescindível o comportamento da</p><p>vítima, enquanto no roubo é prescindível. No exemplo do assalto, é irrelevante que a</p><p>coisa venha a ser entregue pela vítima ao agente ou que este a subtraia. Trata-se de</p><p>roubo. Constrangido o sujeito passivo, a entrega do bem não pode ser considerada ato</p><p>livremente voluntário, tornando tal conduta de nenhuma importância no plano jurídico.</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1353693</p><p>A entrega pode ser dispensada pelo autor do fato. Já na extorsão o apoderamento do</p><p>objeto material depende da conduta da vítima. É O ENTENDIMENTO DA</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>A Lei 11.923/09 e a figura do "sequestro relâmpago" - questões</p><p>sobre a incidência da Lei 8.072/90 quando ocorre o resultado</p><p>morte; distinção com a extorsão mediante sequestro e o roubo</p><p>majorado pelo sequestro.</p><p>JURISPRUDÊNCIA EXTORSÃO</p><p>INFORMATIVO 375, STJ (6ª TURMA)</p><p>ROUBO. EXTORSÃO. CONTINUAÇÃO DELITIVA.</p><p>É possível a continuação delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, pois esses delitos</p><p>foram colocados no CP sob mesmo capítulo, a indicar serem de mesma espécie, além de</p><p>ofenderem os mesmos bens juridicamente tutelados. Na hipótese dos autos, o agente</p><p>subtraiu bens móveis da vítima e subseqüentemente a coagiu para obter a senha de seu</p><p>cartão magnético. Assim, todos os requisitos necessários à continuação estão presentes.</p><p>Há pluralidade de condutas (a subtração e a imposição à adoção de determinado</p><p>comportamento), sendo certo que, para a continuação delitiva, os crimes de mesma</p><p>espécie não precisam ser idênticos. Também existe homogeneidade das circunstâncias</p><p>de tempo e lugar (o réu realizou o roubo e a extorsão no mesmo local e lapso temporal).</p><p>Além disso, o agente utilizou-se do mesmo modo de execução (o seqüestro</p><p>momentâneo da vítima com uso de violência ou grave ameaça), afora a existência de</p><p>conexão ocasional (aproveitou-se da ocasião antecedente para continuar a praticar o</p><p>delito e obter maior lucro). Anote-se que a impossibilidade de caracterização da</p><p>continuidade delitiva entre o furto e o roubo não pode servir de guia à solução da</p><p>hipótese em apreço, visto que, diferentemente do tipo do furto, o do roubo também</p><p>tutela outros bens jurídicos além do patrimônio, que são os mesmos aos que o da</p><p>extorsão busca salvaguardar. Precedente citado: REsp 190.534-SP, DJ 8/3/1999. REsp</p><p>1.031.683-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG),</p><p>julgado em 6/11/2008.</p><p>INFORMATIVO 5 31, STJ (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE EXTORSÃO.</p><p>Pode configurar o crime de extorsão a exigência de pagamento em troca</p><p>da devolução do veículo furtado, sob a ameaça de destruição do bem. De</p><p>acordo com o art. 158 do CP, caracteriza o crime de extorsão “constranger</p><p>alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si</p><p>ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou</p><p>deixar fazer alguma coisa”. A ameaça – promessa de causar um mal –, como</p><p>meio de execução do crime de extorsão, deve sempre ser dirigida a uma</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201031683</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201031683</p><p>pessoa (alguém), sujeito passivo do ato de constranger. Dessa conclusão,</p><p>porém, não deriva outra: a de que a ameaça se dirija apenas à integridade</p><p>física ou moral da vítima. Portanto, contanto que a ameaça seja grave, isto é,</p><p>hábil para intimidar a vítima, não é possível extrair do tipo nenhuma limitação</p><p>quanto aos bens jurídicos a que o meio coativo pode se dirigir. A propósito,</p><p>conforme a Exposição de Motivos do Código Penal, "Aa extorsão é definida</p><p>numa fórmula unitária, suficientemente ampla para abranger todos os casos</p><p>possíveis na prática". REsp 1.207.155-RS, Rel. Min. Sebastião Reis</p><p>Júnior, julgado em 7/11/2013.</p><p>EXTORSÃO MEDIANTE</p><p>SEQUESTRO:</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Os bens jurídicos protegidos na criminalização do art. 159 do CP, a exemplo do crime</p><p>de roubo e extorsão, são a liberdade individual, o patrimônio (posse e propriedade) e a</p><p>integridade física e psíquica do ser humano. Trata-se de crime complexo, isto é,</p><p>pluriofensivo.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento descritivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “ QUALQUER VANTAGEM ” ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível</p><p>um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: DOLO e o especial fim de agir “COM O FIM DE OBTER,</p><p>PARA SI OU PARA OUTREM ” concernente ao estado anímico ou psicológico do</p><p>agente, o legislador destaca uma parte do dolo e a insere expressamente no tipo penal, o</p><p>dolo é elemento da conduta e não do tipo.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.</p><p>SUJEITO PASSIVO – sujeitos passivos serão tanto o indivíduo que tem sua liberdade</p><p>de locomoção tolhida, quanto aquele que sofre a lesão patrimonial. PESSOA</p><p>JURÍDICA PODE SER VÍTIMA? Rogério Greco entende que sim e exemplifica</p><p>dizendo que seus sócios podem, por exemplo, ser privados da sua liberdade, para que se</p><p>efetue o pagamento do resgate por intermédio do patrimônio da pessoa jurídica a eles</p><p>pertencente..</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201207155</p><p>Se privar a liberdade de locomoção de um animal (não protegido pela norma em sua</p><p>liberdade de ir, vir e ficar), obrigando seu dono a pagar resgate pela sua liberdade, o</p><p>crime será de extorsão (art. 158, CP)</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação</p><p>A exemplo do delito anterior, o crime de extorsão mediante sequestro é formal,</p><p>consumando-se com a privação da liberdade da vítima, configurando o recebimento do</p><p>resgate mero exaurimento, a ser considerado pelo magistrado na dosagem da pena.</p><p>INFORMATIVO 27, STF (1ª TURMA)</p><p>Seqüestro e Competência</p><p>A competência para o julgamento do crime de extorsão mediante seqüestro é do juízo da</p><p>comarca em que a vítima foi seqüestrada, não do juízo da comarca para a qual foi ela</p><p>levada e mantida presa. Delito que se consuma no momento em que a vítima é</p><p>privada de sua liberdade. HC 73.521-CE, rel. Min. Ilmar Galvão, 16.04.96.</p><p>Tentativa</p><p>A tentativa é possível, quando o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não</p><p>consegue privar a vítima de sua liberdade, havendo intenção de futuramente exigir</p><p>vantagem como condição para libertá-la.</p><p>HC 81647 / PB - PARAÍBA</p><p>HABEAS CORPUS</p><p>Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO</p><p>Ementa</p><p>EMENTA: HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE EXTORSÃO MEDIANTE</p><p>SEQÜESTRO. ALEGAÇÃO DE QUE NÃO SE TERIA IDO ALÉM DE ATOS</p><p>PREPARATÓRIOS. Tentativa plenamente configurada quando comparsas do</p><p>paciente, de arma em punho, se acercaram do veículo em que se achava a pessoa</p><p>visada, devendo-se a não-consumação do crime -- a que bastaria, ressalte-se, a</p><p>simples privação da liberdade dessa, independentemente da obtenção da vantagem</p><p>pretendida --, à circunstância de haver a vítima logrado escapar à ação dos</p><p>agentes, ao perceber a aproximação destes. Habeas corpus indeferido.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (se consuma</p><p>independentemente do recebimento da vantagem patrimonial pretendida, isto é, com a</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=81647&classe=HC&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>ação de constranger e a ação (ativa ou passiva) da vítima); CRIME COMISSIVO (é da</p><p>essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação</p><p>positiva. Logicamente, por intermédio da omissão imprópria também pode ser</p><p>praticado, nos termos do art. 13, § 2º, CP); CRIME DOLOSO (não há previsão legal</p><p>para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer</p><p>meio, forma ou modo); CRIME PERMANENTE (a consumação alonga-se no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.)</p><p>Figuras típicas - simples e qualificadas:</p><p>Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,</p><p>qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de</p><p>25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)</p><p>Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072,</p><p>de 25.7.1990)</p><p>§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o</p><p>seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o</p><p>crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90</p><p>(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072,</p><p>de 25.7.1990)</p><p>§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº</p><p>8.072, de 25.7.90</p><p>Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 8.072, de 25.7.1990)</p><p>§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90</p><p>Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº</p><p>8.072, de 25.7.1990)</p><p>Delação premiada:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10446.htm#art1i</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art159§1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159</p><p>§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar</p><p>à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de</p><p>um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)</p><p>INFORMATIVO 2 53, STJ (6ª TURMA)</p><p>SEQÜESTRO. EXTORSÃO. DELAÇÃO PREMIADA.</p><p>A delação premiada pressupõe a informação à autoridade e o efeito de facilitar a</p><p>libertação do seqüestrado (§ 4º, art. 159, do CP, acrescentado pela Lei n. 8.072/1990).</p><p>Sendo assim, não há delação quando a libertação da vítima se dá após o</p><p>recebimento do preço do resgate, ainda que nenhuma outra violência tenha sido</p><p>praticada contra ela. Outrossim, não existe a prescrição da pretensão punitiva, pois</p><p>não supera os doze anos o lapso temporal entre a última causa interruptiva (sentença</p><p>condenatória) e a presente data. Com esse entendimento, a Turma deu provimento ao</p><p>recurso do MP para afastar a redução da pena referente à delação premiada. Precedente</p><p>citado do STF: HC 69.328-SP, DJ 5/6/1992. REsp 223.364-PR, Rel. Min. Hélio</p><p>Quaglia Barbosa, julgado em 30/6/2005.</p><p>Incidência da Lei 8.072/90:</p><p>Incide a Lei 8072/90 por força do art. 1º, IV.</p><p>Distinção com as demais figuras típicas contra o patrimônio.</p><p>EXTORSÃO E CONCUSSÃO – na concussão o sujeito ativo é funcionário público,</p><p>e, em razão da função, exige vantagem indevida, a qual a vítima cede. Não há, assim, o</p><p>emprego de violência (física ou grave ameaça) contra a vítima. Contudo nada impede</p><p>que o funcionário público, ainda que em razão do cargo, pratique o crime de extorsão,</p><p>para tanto, basta que constranja a vítima mediante o emprego de violência ou grave</p><p>ameaça, v.g, policiais que constrangem a vítima, sob mira de revólveres e sob ameaça</p><p>de injusta prisão, a lhes entregar dinheiro. Cometem crime de extorsão, em face do</p><p>emprego da grave ameaça.</p><p>EXTORSÃO E CONSTRANGIMENTO ILEGAL - a extorsão é uma espécie do</p><p>agravantes. 2ª) uma circunstância é considerada como</p><p>qualificadora. Com base nela se fixa a pena de 12 a 30 anos. As demais são</p><p>consideradas como circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, pois o art. 61 do CP dispõe</p><p>que as circunstâncias não podem funcionar como agravantes quando forem, ao mesmo</p><p>tempo, qualificadoras.</p><p>Possibilidade de reconhecimento simultâneo entre qualificadora e</p><p>privilégio e sua divergência</p><p>De com a doutrina e jurisprudência é perfeitamente possível a coexistência das</p><p>circunstâncias privilegiadoras (§ 1º), que são todas de natureza subjetiva, com as</p><p>qualificadoras de natureza objetiva (§ 2º, III e IV).</p><p>Homicídio Culposo</p><p>Art. 121, § 3º, CP. É um crime de tipo aberto, ou seja, não apresenta a descrição típica</p><p>completa, pois o mandamento proibitivo não observado pelo sujeito não surge de forma</p><p>clara, necessitando ser pesquisado pelo julgador no caso concreto.</p><p>Elementos do fato típico culposo</p><p>1) conduta (sempre voluntária); 2) resultado involuntário; 3) nexo causal; 4) tipicidade;</p><p>5) previsibilidade objetiva; 6) ausência de previsão (na culpa consciente inexiste esse</p><p>elemento) e 7) quebra do dever objetivo de cuidado (imprudência, negligência ou</p><p>imperícia).</p><p>Modalidades de culpa</p><p>O CP não define a culpa, mas o art. 18, II, nos traz as suas diversas modalidades.</p><p>Imprudência - consiste na violação das regras de conduta ensinadas pela experiência. É</p><p>o atuar sem precaução, precipitado, imponderado. Há sempre um comportamento</p><p>positivo.</p><p>Negligência - é a culpa na sua forma omissiva. Implica a abstenção de um</p><p>comportamento que era devido. O negligente deixa de tomar, antes de agir, as cautelas</p><p>que deveria.</p><p>Imperícia - consiste na falta de conhecimentos técnicos ou habilitação para o exercício</p><p>de arte ou profissão. É a prática de certa atividade de modo modo omissivo (negligente)</p><p>ou insensato (imprudente), por alguém incapacitado para tanto, quer pela ausência de</p><p>conhecimento, quer pela falta de prática.</p><p>Princípio da Confiança</p><p>Tem por premissa que todas as pessoas devem esperar por parte das outras que estas</p><p>sejam responsáveis e ajam de acordo com as normas da sociedade, visando evitar danos</p><p>a terceiros.</p><p>Culpa inconsciente e consciente. Diferença entre culpa consciente e</p><p>dolo eventual</p><p>Culpa inconsciente - é a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era</p><p>previsível.</p><p>Culpa consciente ou com previsão - é aquela em que o agente prevê o resultado,</p><p>embora não o aceite. O agente entende que evitará o resultado, embora previsível,</p><p>confiando que sua habilidade impedirá o evento lesivo.</p><p>A culpa consciente difere do dolo eventual, pois neste o agente prevê o resultado, mas</p><p>não se importa que ele ocorra. Já na culpa consciente, embora prevendo o que possa vir</p><p>a acontecer, o agente não aceita essa possibilidade.</p><p>Concorrência e compensação de culpas</p><p>No Direito Penal não há compensação de culpas. A culpa recíproca poderá influenciar</p><p>na fixação da pena, vez que o art. 59 do CP menciona "comportamento da vítima".</p><p>Já a concorrência de culpas tem lugar quando dois ou mais agentes, em atuação</p><p>independente uma da outra, causam resultado lesivo por imprudência, negligência ou</p><p>imperícia. Todos respondem pelo ato lesivo.</p><p>Conflito aparente de normas entre o Homicídio Culposo do Código</p><p>Penal e do Código de Trânsito Brasileiro</p><p>Quando há inobservância do dever objetivo de cuidado na direção de veículo automotor</p><p>e tal fato ocasiona a morte de alguém a tipificação está prevista no art. 302 da Lei</p><p>9503/97 - CTB.</p><p>Perdão Judicial. Natureza Jurídica. Perdão Judicial no Código de</p><p>Trânsito Brasileiro. Natureza jurídica da sentença que concede o</p><p>Perdão Judicial</p><p>Está previsto no art. 121, § 5º, do CP. Trata-se de uma causa extintiva da punibilidade</p><p>(art. 107, IX, CP). Majoritariamente na doutrina entende-se que aplica-se aos crimes de</p><p>trânsito o perdão judicial. A natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial</p><p>é controvertida, pois uma 1ª corrente entende que é declaratória, conforme súmula 18 do</p><p>STJ, já a 2ª corrente entende que é condenatória.</p><p>INFORMATIVO 5 42, STJ, (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. APLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL NO CASO</p><p>DE HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR.</p><p>O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo na</p><p>direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) que, embora atingido moralmente</p><p>de forma grave pelas consequências do acidente, não tinha vínculo afetivo com a</p><p>vítima nem sofreu sequelas físicas gravíssimas e permanentes. Conquanto o perdão</p><p>judicial possa ser aplicado nos casos em que o agente de homicídio culposo sofra</p><p>sequelas físicas gravíssimas e permanentes, a doutrina, quando se volta para o</p><p>sofrimento psicológico do agente, enxerga no § 5º do art. 121 do CP a exigência de um</p><p>laço prévio entre os envolvidos para reconhecer como “tão grave” a forma como as</p><p>consequências da infração atingiram o agente. A interpretação dada, na maior parte das</p><p>vezes, é no sentido de que só sofre intensamente o réu que, de forma culposa, matou</p><p>alguém conhecido e com quem mantinha laços afetivos. O exemplo mais comumente</p><p>lançado é o caso de um pai que mata culposamente o filho. Essa interpretação desdobra-</p><p>se em um norte que ampara o julgador. Entender pela desnecessidade do vínculo seria</p><p>abrir uma fenda na lei, não desejada pelo legislador. Isso porque, além de ser de difícil</p><p>aferição o “tão grave” sofrimento, o argumento da desnecessidade do vínculo serviria</p><p>para todo e qualquer caso de delito de trânsito com vítima fatal. Isso não significa dizer</p><p>o que a lei não disse, mas apenas conferir-lhe interpretação mais razoável e humana,</p><p>sem perder de vista o desgaste emocional que possa sofrer o acusado dessa espécie de</p><p>delito, mesmo que não conhecendo a vítima. A solidarização com o choque psicológico</p><p>do agente não pode conduzir a uma eventual banalização do instituto do perdão judicial,</p><p>o que seria no mínimo temerário no atual cenário de violência no trânsito, que tanto se</p><p>tenta combater. Como conclusão, conforme entendimento doutrinário, a desnecessidade</p><p>da pena que esteia o perdão judicial deve, a partir da nova ótica penal e constitucional,</p><p>referir-se à comunicação para a comunidade de que o intenso e perene sofrimento do</p><p>infrator não justifica o reforço de vigência da norma por meio da sanção penal. REsp</p><p>1.455.178-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014.</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201455178</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201455178</p><p>Causas de aumento de pena</p><p>Art. 121, § 4º, primeira parte, CP, aplica-se ao homicídio culposo. a 2ª parte aplica-se ao</p><p>homicídio doloso..</p><p>Homicídio culposo e causas especiais de aumento de pena</p><p>Art. 121, § 4º, primeira parte, CP.</p><p>Diferença da imperícia para a causa de aumento de pena da</p><p>inobservância da regra técnica de profissão, arte ou ofício</p><p>Não se confunde inobservância de regra técnica com imperícia. No caso do aumento de</p><p>pena, o agente conhece a regra técnica, porém deixa de observá-la. Já na imperícia, que</p><p>pressupõe inabilidade ou insuficiência profissional, ele não a conhece, não domina</p><p>conhecimentos técnicos.</p><p>INFORMATIVO 5 20, STJ, (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE BIS IN IDEM NO CASO DE</p><p>APLICAÇÃO DE CAUSA DE AUMENTO DE PENA REFERENTE AO</p><p>DESCUMPRIMENTO DE REGRA TÉCNICA NO EXERCÍCIO DA</p><p>PROFISSÃO.</p><p>É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do</p><p>CP no caso de homicídio culposo cometido por médico e decorrente do</p><p>descumprimento de regra técnica no exercício da profissão. Nessa situação, não há</p><p>que se falar em bis in idem. Isso porque o legislador, ao estabelecer a circunstância</p><p>especial de aumento de pena prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer</p><p>maior reprovabilidade à conduta do profissional que, embora tenha o</p><p>gênero “constrangimento ilegal” (art. 146, CP). Se a vantagem almejada for apenas</p><p>moral, haverá constrangimento ilegal. Trata-se de crime eminentemente subsidiário.</p><p>Caso o intuito do agente seja auferir vantagem econômica, haverá crime de extorsão.</p><p>EXTORSÃO E ESTELIONATO – o ponto comum desses dois crimes reside na</p><p>entrega da coisa ao agente pela própria vítima. Na extorsão a entrega da coisa se dá</p><p>mediante o emprego de meios coativos (violência ou grave ameaça); no estelionato, a</p><p>entrega do bem se dá em virtude de fraude empregada pelo agente, ou seja, por estar</p><p>iludida, enganada, a vítima faz entrega voluntariamente.</p><p>EXTORSÃO INDIRETA:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9269.htm#art1</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20223364</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É crime pluriofensivo, na medida em que os bens jurídicos protegidos são o patrimônio</p><p>e a liberdade individual do sujeito passivo. A patrimônio diretamente a liberdade</p><p>individual secundariamente.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento descritivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “DOCUMENTO” ao contrário dos descritivos, seu significado</p><p>não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica,</p><p>social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento</p><p>humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”,</p><p>“documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: DOLO o especial fim de agir “COMO GARANTIA DE DÍVIDA”</p><p>concernente ao estado anímico ou psicológico do agente, o legislador destaca uma parte</p><p>do dolo e a insere expressamente no tipo penal, o dolo é elemento da conduta e não do</p><p>tipo.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, é qualquer pessoa que exige ou recebe o</p><p>documento como garantia</p><p>SUJEITO PASSIVO – figura como sujeito passivo, em primeiro lugar, aquele que</p><p>entrega o documento. Em regra é o devedor, mas nada impede que terceira pessoa,</p><p>eventualmente lesada em seu direito pela concessão da garantia, seja vítima da infração.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação:</p><p>Na modalidade exigir consuma-se com a simples exigência, pois o crime é formal. Na</p><p>modalidade receber, como o delito é material, consuma-se com o efetivo recebimento</p><p>do documento.</p><p>Tentativa</p><p>Na modalidade exigir a tentativa somente é possível na forma escrita. Na modalidade</p><p>receber é possível a tentativa se o agente não recebe o documento por circunstâncias</p><p>alheias.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (na modalidade de exigir),</p><p>uma vez que se consuma independentemente do recebimento efetivo do documento</p><p>exigido CRIME MATERIAL na modalidade receber; CRIME COMISSIVO (é da</p><p>essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação</p><p>positiva. Logicamente, por intermédio da omissão imprópria também pode ser</p><p>praticado, nos termos do art. 13, § 2º, CP); CRIME DOLOSO (não há previsão legal</p><p>para a figura culposa); CRIME DE FORMA VINCULADA (a lei descreve de modo</p><p>particularizado a atividade); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de</p><p>imediato, não se alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado,</p><p>em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de</p><p>alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a</p><p>vítima ou contra terceiro:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.</p><p>Distinção com as demais figuras típicas contra o patrimônio e com a</p><p>denunciação caluniosa.</p><p>EXTORSÃO INDIRETA E DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (art. 339, CP) – o crime</p><p>de extorsão indireta consuma-se independentemente de ser dado início ao procedimento</p><p>criminal contra a vítima (devedor) e, no momento em que este é iniciado, outro crime se</p><p>configura, qual seja, o de denunciação caluniosa. Ambos os delitos atingem</p><p>objetividades jurídicas diversas. A extorsão constitui crime contra o patrimônio, ao</p><p>passo que a denunciação, crime contra a administração da justiça. Nesse sentido o delito</p><p>de denunciação caluniosa não pode ser considerado post factum impunível. Assim,</p><p>haverá concurso material entre os crimes de extorsão indireta e denunciação caluniosa</p><p>na hipótese em que o credor, na posse do documento que garanta a sua dívida, der causa</p><p>ao procedimento criminal contra o devedor.</p><p>SEMANA 8</p><p>DANO: ART. 163, CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>O bem jurídico protegido é o patrimônio, público ou privado, tanto sob o aspecto da</p><p>posse quanto da propriedade.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivo e normativo)</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “ALHEIA” ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: somente o elemento subletivo geral, ou seja, o DOLO, consistente</p><p>na vontade consciente de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.</p><p>A doutrina diverge sobre a existência ou não de elemento subjetivo do tipo (elemento</p><p>específico), que seria o animus nocendi:</p><p>1ª Corrente – (Nélson Hungria) é indispensável o animus nocendi e exemplifica</p><p>dizendo que não poderia ser considerado agente de crime de dano o meu amigo que,</p><p>sem ânimo hostil, tenha cortado, para pregar-me uma peça, os fios da campainha</p><p>elétrica de minha casa (ATUAL ENTENDIMENTO DO STJ).</p><p>HABEAS CORPUS Nº 90.840 - MS (2007/0220440-8)</p><p>HABEAS CORPUS – DANO QUALIFICADO – CRIME COMETIDO EM</p><p>TENTATIVA DE FUGA DE ESTABELECIMENTO PRISIONAL – CONDUTA</p><p>ATÍPICA – PRECEDENTES – ORDEM CONCEDIDA E ESTENDIDA AOS CO-</p><p>RÉUS. 1. O dano praticado contra estabelecimento prisional, em tentativa de fuga,</p><p>não configura fato típico, posto que, para tal, exige-se o dolo específico de destruir,</p><p>inutilizar ou deteriorar o bem, o que não ocorre quando o objetivo único da</p><p>conduta é fugir. 2 . Devem ser estendidos os efeitos do julgamento aos co-réus em</p><p>situação idêntica à do paciente, conforme determina o artigo 580, do Código de</p><p>Processo Penal, fazendo cessar, assim o constrangimento ilegal. 3 . Ordem</p><p>concedida e estendida aos co-réus.</p><p>2ª Corrente (Damásio e Magalhães Noronha) – basta a vontade de destruir, não sendo</p><p>exigível o fim especial de causar prejuízo ao ofendido, pois a figura penal não faz</p><p>referência expressa a nenhum elemento subjetivo do tipo. (CORRENTE</p><p>MAJORITÁRIA NA DOUTRINA).</p><p>INFORMATIVO 25, STF (CLIPPING)</p><p>HC nº 73189-9 Rel.: Min. Carlos Velloso</p><p>EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. "HABEAS CORPUS". CRIME DE</p><p>DANO. PRESO QUE DANIFICA A CELA PARA FUGIR. EXIGÊNCIA APENAS</p><p>DO DOLO GENÉRICO. CP, art. 163, parágrafo único, III.</p><p>I. - Comete o crime de dano qualificado o preso que, para fugir, danifica a cela do</p><p>estabelecimento prisional em que está recolhido. Cód. Penal, art. 163, parág. único,</p><p>III.</p><p>II . - O crime de dano exige, para a sua configuração, apenas o dolo genérico.</p><p>III. - H.C. indeferido.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer</p><p>pessoa pode praticá-lo.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a posse ou</p><p>propriedade de um bem.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – trata-se de crime material, ou seja, consuma-se com o dano efetivo ao</p><p>objeto material, total ou parcialmente</p><p>Tentativa – é possível, pois trata-se de crime plurissubsistente.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação</p><p>no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima); CRIME</p><p>COMISSIVO (os verbos implicam em ação, excepcionalmente pode ser omissivo</p><p>impróprio); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME</p><p>DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>A modalidade “FAZER DESAPARECER” a coisa móvel, como por</p><p>exemplo, soltar um animal na floresta, segundo a doutrina, é fato atípico,</p><p>pois não há como enquadrar essa conduta em nenhum dos verbos do tipo</p><p>penal, exceto para Nélson Hungria que equipara essa conduta ao dano. É</p><p>contudo fato típico no CPM (art. 259).</p><p>Dano qualificado</p><p>Parágrafo único - Se o crime é cometido:</p><p>I - com violência à pessoa ou grave ameaça;</p><p>II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não</p><p>constitui crime mais grave</p><p>III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa</p><p>concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)</p><p>INFORMATIVO 712, STF, (1ª TURMA)</p><p>Princípio da insignificância e bem de concessionária de serviço público</p><p>É inaplicável o princípio da insignificância quando a lesão produzida pelo paciente</p><p>atingir bem de grande relevância para a população. Com base nesse entendimento, a 2ª</p><p>Turma denegou habeas corpus em que requerida a incidência do mencionado princípio</p><p>em favor de acusado pela suposta prática do crime de dano qualificado (CP, art . 163,</p><p>parágrafo único, III ). Na espécie, o paciente danificara protetor de fibra de aparelho</p><p>telefônico público pertencente à concessionária de serviço público, cujo prejuízo fora</p><p>avaliado em R$ 137,00. Salientou-se a necessidade de se analisar o caso perante o</p><p>contexto jurídico, examinados os elementos caracterizadores da insignificância, na</p><p>medida em que o valor da coisa danificada seria somente um dos pressupostos para</p><p>escorreita aplicação do postulado. Asseverou-se que, em face da coisa pública atingida,</p><p>não haveria como reconhecer a mínima ofensividade da conduta, tampouco o reduzido</p><p>grau de reprovabilidade do comportamento. Destacou-se que as consequências do ato</p><p>perpetrado transcenderiam a esfera patrimonial, em face da privação da coletividade,</p><p>impossibilitada de se valer de um telefone público.</p><p>HC 115383/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.6.2013. (HC-115383)</p><p>INFORMATIVO 567, STJ, (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. CRIME DE DANO PRATICADO CONTRA A CEF.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L5346.htm#art163iii</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=115383&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>O crime de dano (art. 163 do CP) não será qualificado (art. 163, parágrafo</p><p>único, III) pelo fato de ser praticado contra o patrimônio da Caixa</p><p>Econômica Federal (CEF). O crime de dano qualificado previsto no art. 163,</p><p>parágrafo único, III, do CP possui a seguinte redação: "Destruir, inutilizar ou</p><p>deteriorar coisa alheia: [...]. Parágrafo único - Se o crime é cometido: [...] III -</p><p>contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de</p><p>serviços públicos ou sociedade de economia mista [...]". Diante da literalidade do</p><p>referido dispositivo penal, questiona-se se o dano ao patrimônio de entes públicos</p><p>nele não mencionados, como as empresas públicas, permitiria ou não a incidência</p><p>da qualificadora em questão. Como se sabe, o Direito Penal é regido pelo princípio</p><p>da legalidade, não havendo crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem</p><p>prévia cominação legal, nos termos do art. 5º, XXXIX, da CF e do art. 2º do CP. Em</p><p>observância ao mencionado postulado, não se admite analogia em matéria penal</p><p>quando utilizada de modo a prejudicar o réu. Desse modo, ainda que o legislador</p><p>tenha pretendido proteger o patrimônio público de forma geral por via da previsão</p><p>da forma qualificada do dano e, além disso, mesmo que a destruição ou a</p><p>inutilização de bens de empresas públicas seja tão prejudicial quanto as cometidas</p><p>em face das demais pessoas jurídicas mencionadas na norma penal em exame, o</p><p>certo é que, não é possível incluir a CEF (empresa pública) no rol constante do</p><p>dispositivo em apreço. Precedente citado: AgRg no REsp 1.469.224-DF, Sexta</p><p>Turma, DJe 20/2/2015. RHC 57.544-SP, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo</p><p>(Desembargador convocado do TJ-PE), julgado em 6/8/2015, DJe</p><p>18/8/2015.</p><p>IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>O delito de dano e o consentimento do ofendido: natureza</p><p>jurídica.</p><p>Inicialmente, deve ser esclarecido que a sua relevância depende se o dissentimento é ou</p><p>não elementar do crime: se elementar, o consentimento exclui a tipicidade; não sendo</p><p>elementar, pode servir como causa supralegal de exclusão da ilicitude. Na violação ao</p><p>domicílio (art. 150, CP) o crime está estruturado precisamente no dissentimento do</p><p>proprietário ou do possuidor direto (elemento do tipo) pelo qual sua falta faz</p><p>desaparecer a própria tipicidade.</p><p>Já no furto (art. 155), não há referência ao não consentimento do proprietário, cuidando-</p><p>se de circunstância exterior ao tipo legal. Neste caso o consentimento do ofendido,</p><p>renunciando a proteção legal, pode justificar a conduta típica.</p><p>São REQUISITOS para que o consentimento do ofendido atue como causa supralegal</p><p>de exclusão da ilicitude:</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RHC57544</p><p>1- O dissentimento (não consentimento) não pode integrar o tipo penal (elementar</p><p>do tipo)</p><p>2- O ofendido tem que ser capaz</p><p>3- O consentimento deve ser válido, ou seja, não se admite o consentimento se sua</p><p>obtenção ocorre mediante fraude, coação, erro etc.</p><p>4- O bem deve ser disponível, isto é, não se admite o consentimento quando ele</p><p>versa sobre bem jurídico indisponível.</p><p>5- O bem deve ser próprio</p><p>6- O consentimento deve ser prévio ou simultâneo à lesão ao bem jurídico.</p><p>7- O consentimento deve ser expresso.</p><p>8- O agente deve ter ciência da situação de fato que autoriza a justificante, assim,</p><p>não atua amparado pelo consentimento do ofendido o sujeito que dolosamente danifica</p><p>um bem de seu amigo e, posteriormente, descobre haver uma carta expressando a</p><p>autorização daquela mesma lesão, já que ausente o elemento subjetivo.</p><p>APROPRIAÇÃO INDÉBITA: ART. 168,</p><p>CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>O bem jurídico tutelado é a inviolabilidade do patrimônio, particularmente em relação à</p><p>propriedade. Na verdade protege o direito de propriedade, direta e indiretamente, contra</p><p>eventuais abusos do possuidor, que possa ter a intenção de dispor da coisa alheia como</p><p>se fosse sua.</p><p>O pressuposto da apropriação indébita é a anterior posse lícita da coisa alheia, da qual o</p><p>agente se apropria indevidamente. A posse, que deve preexistir ao crime, deve ser</p><p>exercida pelo agente em nome alheio, isto é, em nome de outrem.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “COISA ALHEIA MÓVEL” ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de apropriar-se da coisa alheia móvel, o que pressupõe a intenção de</p><p>apoderar-se da coisa, como o propósito de ter a coisa definitivamente, agindo como se</p><p>dono fosse. É o que denomina animus rem sibi habendi).</p><p>Há corrente doutrinária entendendo que além do DOLO é preciso um especial fim de</p><p>agir, havendo, assim, elemento subjetivo do tipo, ou seja, é indispensável a intenção do</p><p>sujeito em obter um proveito, que não precisa ser necessariamente econômico-</p><p>patrimonial, bastando que seja injusto. Segundo o professor Magalhães Noronha o</p><p>verbo APROPRIAR contém o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade de</p><p>obter proveito para si ou para outrem, pois do contrário outro crime configurar-se-á.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser qualquer pessoa que tenha a posse ou</p><p>detenção legítima de coisa alheia.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, física ou jurídica, titular do direito patrimonial.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – o momento consumativo do crime do art. 168 é de difícil precisão, pois</p><p>depende, em última análise, de uma atitude subjetiva. A consumação da apropriação</p><p>indébita coincide com aquele momento em que o agente, por ato voluntário, inverte o</p><p>título da posse exercida sobre a coisa.</p><p>Tentativa – há controvérsia sobre a possibilidade de tentativa na apropriação indébita.</p><p>Uma 1ª corrente entende que é possível, pois tratando-se de crime material, em tese,</p><p>seria possível, como v.g., quando o agente é impedido de vender o objeto de que tem a</p><p>posse ou detenção. Já uma 2ª corrente (LUIZ REGIS PRADO) entende inadmissível,</p><p>pois a apropriação é delito instantâneo que pressupõe a posse ou detenção pelo sujeito</p><p>passivo, consumando-se com a exteriorização de sua vontade de não restituir.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação</p><p>no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima); CRIME</p><p>COMISSIVO ou OMISSIVO (pode ser praticado tanto por ação como por omissão);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a</p><p>detenção:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a</p><p>coisa:</p><p>I - em depósito necessário;</p><p>II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,</p><p>testamenteiro ou depositário judicial;</p><p>III - em razão de ofício, emprego ou profissão.</p><p>Distinção com outros crimes contra o patrimônio</p><p>APROPRIAÇÃO INDÉBITA E ESTELIONATO – na apropriação indébita a coisa é</p><p>entregue livremente ao agente. Este não emprega nenhum artifício para obter a posse ou</p><p>detenção da coisa. A posse e a detenção são obtidas de forma lícita, ou seja, o agente</p><p>não age com dolo ab initio. Já no estelionato, pelo contrário, o agente age com dolo ab</p><p>initio, isto é, o agente desde o início tem a intenção de apoderar-se definitivamente da</p><p>coisa.a posse ou a detenção da coisa desde o início já é ilícita.</p><p>APROPRIAÇÃO INDÉBITA E FURTO – se a detenção for vigiada, haverá furto, pois</p><p>o agente não tem a livre disponibilidade do bem (empregado de uma loja que é vigiado</p><p>pelo gerente). Se a posse ou detenção for desvigiada, ocorrerá apropriação indébita</p><p>(representante comercial que detém os bens para a venda fora da esfera de vigilância do</p><p>proprietário)</p><p>JURISPRUDÊNCIA APROPRIAÇÃO INDÉBITA</p><p>INFORMATIVO 409, STJ, (6ª TURMA)</p><p>EXTINÇÃO. PUNIBILIDADE. DEVOLUÇÃO. COISA APROPRIADA.</p><p>A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, extinguir a punibilidade</p><p>quando há devolução da coisa apropriada antes de recebida a denúncia. No caso, a coisa</p><p>apropriada fora restituída antes mesmo do oferecimento da denúncia, que descreve ter</p><p>sido o paciente contratado para assistir as vítimas numa reclamação trabalhista e se</p><p>apropriou dos valores a que condenada a reclamada. Precedentes citados: HC 48.805-</p><p>SP, DJ 19/11/2007, e RHC 21.489-RS, DJ 24/3/2008. RHC 25.091-MS, Rel.</p><p>originário Min. Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ-CE), Rel.</p><p>para acórdão Min. Nilson Naves, julgado em 29/9/2009.</p><p>INFORMATIVO 4 15, STJ, (6ª TURMA)</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RHC%2025091</p><p>CONTRIBUIÇÃO PREVIDNCIÁRIA. APROPRIAÇÃO.</p><p>A Turma, prosseguindo o julgamento, proveu o agravo, entendendo que, no crime de</p><p>apropriação indébita de contribuição previdenciária, a conduta omissiva delimitada no</p><p>art. 13, § 2º, do CP deve vir pautada pelo desvalor do resultado, por inexistir o dolo na</p><p>conduta não intencional, como a que não se realizou por circunstância fora das</p><p>condições do empresário. Na hipótese, a vontade de se apropriar dos valores</p><p>descontados dos salários dos empregados sem motivo justo deve ser discutido já com a</p><p>imputação da denúncia, sob pena de aceitar a prática do crime, mesmo diante da</p><p>impossibilidade de efetuar o recolhimento. Desse modo, no caso de empresa acometida</p><p>de grave crise financeira, comprovada a sua impossibilidade de agir, cabível o</p><p>reconhecimento da atipicidade diante da falta de prova da responsabilidade subjetiva.</p><p>Cabe, portanto, exigir que a denúncia demonstre o dolo específico, não configurado na</p><p>espécie. Precedentes citados: REsp 63.986-PR, DJ 28/8/1995, e REsp 866.394-RJ, DJe</p><p>22/4/2008. AgRg no REsp 695.487-CE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,</p><p>julgado em 10/11/12</p><p>ESTELIONATO: ART. 171, CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>O bem jurídico protegido é a inviolabilidade do patrimônio, particularmente em relação</p><p>aos atentados que podem ser praticados mediante fraude. Tutela-se tanto o interesse</p><p>social, representado pela confiança recíproca que deve presidir os relacionamentos</p><p>patrimoniais individuais e comerciais, quanto o interesse público de reprimir a fraude</p><p>causadora de dano alheio.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento descritivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “VANTAGEM ILÍCITA” ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: DOLO e o especial fim de agir “PARA</p><p>SI OU PARA OUTREM”</p><p>concernente ao estado anímico ou psicológico do agente, o legislador destaca uma parte</p><p>do dolo e a insere expressamente no tipo penal, o dolo é elemento da conduta e não do</p><p>tipo</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20695487</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é a pessoa enganada, ou seja, aquele que sofre o prejuízo, porém</p><p>pode o sujeito passivo, que sofre a lesão patrimonial, ser diverso da pessoa enganada.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação</p><p>Trata-se de crime material, portanto o crime se consuma com a obtenção da vantagem</p><p>ilícita indevida, ou seja, quando o agente aufere o proveito econômico, causando dano à</p><p>vítima.</p><p>Tentativa</p><p>É admissível. É necessário verificar se o meio empregado era realmente apto a ludibriar</p><p>a vítima, caso em que haverá tentativa. Se for adulteração grosseira de documento que</p><p>de pronto pode ser constatada, haverá crime impossível (art. 17, CP)</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem</p><p>jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (exige resultado</p><p>naturalístico, consistente no dano patrimonial); CRIME COMISSIVO (é da essência do</p><p>próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva.</p><p>Logicamente, por intermédio da omissão imprópria também pode ser praticado, nos</p><p>termos do art. 13, § 2º, CP); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura</p><p>culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou</p><p>modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se</p><p>alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas</p><p>por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas – simples e majoradas:</p><p>Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo</p><p>alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou</p><p>qualquer outro meio fraudulento:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz</p><p>pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.</p><p>A jurisprudência considera como pequeno valor do prejuízo aquele que não ultrapassa</p><p>um salário mínimo</p><p>§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>Disposição de coisa alheia como própria</p><p>I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia</p><p>coisa alheia como própria;</p><p>Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria</p><p>II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria</p><p>inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a</p><p>terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer</p><p>dessas circunstâncias;</p><p>Defraudação de penhor</p><p>III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por</p><p>outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto</p><p>empenhado;</p><p>Fraude na entrega de coisa</p><p>IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve</p><p>entregar a alguém;</p><p>Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro</p><p>V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o</p><p>próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença,</p><p>com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;</p><p>Fraude no pagamento por meio de cheque</p><p>VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do</p><p>sacado, ou lhe frustra o pagamento.</p><p>INFORMATIVO 537, STJ, (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. RESSARCIMENTO DE DANO DECORRENTE DE</p><p>EMISSÃO DE CHEQUE FURTADO.</p><p>Não configura óbice ao prosseguimento da ação penal – mas sim causa de</p><p>diminuição de pena (art. 16 do CP) – o ressarcimento integral e voluntário, antes</p><p>do recebimento da denúncia, do dano decorrente de estelionato praticado mediante</p><p>a emissão de cheque furtado sem provisão de fundos. De fato, a conduta do agente</p><p>que emite cheque que chegou ilicitamente ao seu poder configura o ilícito previsto</p><p>no caput do art. 171 do CP, e não em seu § 2º, VI. Assim, tipificada a conduta como</p><p>estelionato na sua forma fundamental, o fato de ter o paciente ressarcido o prejuízo à</p><p>vítima antes do recebimento da denúncia não impede a ação penal, não havendo falar,</p><p>pois, em incidência do disposto na Súmula 554 do STF, que se restringe ao estelionato</p><p>na modalidade de emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos, prevista no</p><p>art. 171, § 2.º, VI, do CP. A propósito, se no curso da ação penal ficar devidamente</p><p>comprovado o ressarcimento integral do dano à vítima antes do recebimento da peça de</p><p>acusação, esse fato pode servir como causa de diminuição de pena, nos termos do</p><p>previsto no art. 16 do CP. Precedentes citados: RHC 29.970-SP, Quinta Turma, DJe</p><p>3/2/2014; e HC 61.928-SP, Quinta Turma, DJ 19/11/2007. HC 280.089-SP, Rel. Min.</p><p>Jorge Mussi, julgado em 18/2/2014.</p><p>§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento</p><p>de entidade de direito público ou de instituto de economia popular,</p><p>assistência social ou beneficência.</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20280089</p><p>Estelionato contra idoso</p><p>§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra</p><p>idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)</p><p>O § 4º do art. 171 do CP foi acrescentado pela Lei 13.228/15. Sendo assim, acredita o</p><p>legislador que o delito de estelionato receberá a punição adequada e proporcional à</p><p>reprovabilidade social da ação criminosa, contribuindo para a devida proteção das</p><p>pessoas idosas, como determina o art. 230 da CRFB</p><p>Questões Relevantes:</p><p>INFORMATIVO 409, STJ, (6ª TURMA)</p><p>HC. ESTELIONATO JUDICIÁRIO.</p><p>In casu, o paciente, juntamente com outras pessoas, teria levado o juízo cível a erro e,</p><p>assim, obtido vantagem supostamente indevida, em ação judicial que culminou na</p><p>condenação da União ao pagamento de valores, o que, no entendimento da acusação,</p><p>caracterizaria estelionato. Em habeas corpus (HC) perante o Tribunal a quo, buscou-se</p><p>o trancamento da ação penal por ausência de justa causa, mas a ordem foi denegada.</p><p>Discutiu-se a possibilidade de se praticar o tipo do crime previsto no art. 171 do CP na</p><p>seara judicial, denominado pela jurisprudência e doutrina de “estelionato judiciário”.</p><p>Nesta instância, entendeu-se que as supostas manobras e inverdades no processo podem</p><p>configurar deslealdade processual e infração disciplinar, mas não crime de falso e</p><p>estelionato. O caso carece de tipicidade penal; estranho, portanto, à figura do</p><p>estelionato, mais ainda à do denominado estelionato judiciário. Com esses fundamentos,</p><p>entre outros, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu a ordem.</p><p>Precedentes citados: RHC 2.889-MG, DJ 7/3/1994, e REsp 878.469-RJ, DJ 29/6/2007.</p><p>HC 136.038-RS, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 1º/10/2009.</p><p>Torpeza Bilateral:</p><p>Trata-se da hipótese em que a vítima também age de má-fé. A má-fé aqui se refere ao</p><p>intuito de obter proveito mediante um negócio ilícito ou imoral, e não ao emprego de</p><p>fraude pela vítima.</p><p>A má-fé da vítima tem o condão de excluir o crime de estelionato praticado pelo</p><p>agente? Esse tema foi bastante discutido na doutrina e jurisprudência. Vejamos:</p><p>1ª posição – não existe crime de estelionato. É o entendimento de Nelson Hungria, com</p><p>os seguintes argumentos: a) somente goza de proteção legal o patrimônio que serve a</p><p>um fim legítimo, dentro de sua função econômico-social; b) o Código Civil no art. 883,</p><p>http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13228.htm</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20136038</p><p>caput, disque que “não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter</p><p>fim ilícito, imoral ou proibido por lei”. Só existe estelionato quando alguém é iludido</p><p>em sua boa-fé; logo, quando houver má-fé da vítima, falta um pressuposto básico para o</p><p>crime.</p><p>2ª posição – existe estelionato, não importando a má-fé do ofendido. É a posição</p><p>majoritária. Fundamentos: a) o autor revela maior temibilidade, pois, ilude a vítima e</p><p>lhe causa prejuízo; b) não existe compensação de condutas no Direito Penal, devendo</p><p>punir-se o sujeito ativo e, se for o caso, também a vítima; c) a boa-fé do lesado não</p><p>constitui elemento do tipo do crime de estelionato; d) o dolo do agente não pode ser</p><p>eliminado apenas porque houve má-fé, pois a consciência e vontade finalística de quem</p><p>realiza a conduta independe da intenção da vítima.</p><p>Fraude para recebimento de indenização de seguro;</p><p>Art. 171, § 2ª, V</p><p>Estelionato e falsidade documental (Súmula 17, do STJ).</p><p>Súmula 17: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva,</p><p>é por este absorvido.</p><p>Ex: Sujeito que falsifica um documento (público ou particular) e, posteriormente, dele</p><p>se vale para enganar alguém, obtendo vantagem ilícita em prejuízo alheio. Aplica-se o</p><p>princípio da consunção, ou seja o crime-fim (estelionato) absorve o crime-meio</p><p>(falsidade documental), desde que este se esgote naquele, isto é, desde que a fé pública,</p><p>o patrimônio ou outro bem jurídico qualquer não possam mais ser atacados pelo</p><p>documento falsificado e utilizado por alguém como meio fraudulento para obtenção de</p><p>de vantagem ilícita em prejuízo alheio.</p><p>A Lei n.12.550/2011 e o conflito de Direito Intertemporal.</p><p>Segundo o STF o fato era atípico, ou seja, não se tratava nem de estelionato, nem de</p><p>falsidade ideológica. Hoje a conduta está tipificado no art. 311-A, CP</p><p>INFORMATIVO 283, STJ, (6ª TURMA)</p><p>COLA ELETRÔNICA. ESTELIONATO.</p><p>Em habeas corpus com pedido de trancamento da ação penal por atipicidade da</p><p>chamada “cola eletrônica”, discutiu-se se a imputação feita ao paciente: o</p><p>“fornecimento”, mediante paga, de gabarito de vestibular por meio de comunicação por</p><p>dispositivo eletrônico se subsume à descrição típica do art. 171 do CP. A denúncia</p><p>imputa ao paciente e a mais 9 pessoas a conduta de formação de associação criminosa,</p><p>liderada pelo paciente, e especializada em fraude de vestibular, que, em determinada</p><p>ocasião, possibilitou o ingresso de 28 alunos no curso de medicina. Note-se que já há</p><p>sentença condenatória. Para a tese vencedora, há o tipo legal de crime a que se referiu a</p><p>denúncia (art. 171 do CP). Para o Min. Paulo Medina, vencido, a denominada “cola</p><p>eletrônica” não estaria adequada ao tipo do art. 171 do CP. Prosseguindo o julgamento,</p><p>a Turma, por maioria, considerou, em parte, prejudicado o pedido de habeas corpus e o</p><p>denegou quanto ao restante. HC 41.590-AC, Rel. Min. Paulo Gallotti, julgado em</p><p>4/5/2006.</p><p>INFORMATIVO 5 43, STF, (PLENÁRIO)</p><p>Cola Eletrônica e Tipificação Penal - 4</p><p>Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, rejeitou denúncia apresentada</p><p>contra Deputado Federal, em razão de ter despendido quantia em dinheiro na tentativa</p><p>de obter, por intermédio de cola eletrônica, a aprovação de sua filha e amigos dela no</p><p>vestibular de universidade federal, conduta essa tipificada pelo Ministério Público</p><p>Federal como crime de estelionato (CP, art. 171), e posteriormente alterada para</p><p>falsidade ideológica (CP, art. 299) - v. Informativos 306, 395 e 448. Entendeu-se que o</p><p>fato narrado não constituiria crime ante a ausência das elementares objetivas do tipo,</p><p>porquanto, na espécie, a fraude não estaria na veracidade do conteúdo do documento,</p><p>mas sim na utilização de terceiros na formulação das respostas aos quesitos. Salientou-</p><p>se, ainda, que, apesar de seu grau de reprovação social, tal conduta não se enquadraria</p><p>nos tipos penais em vigor, em face do princípio da reserva legal e da proibição de</p><p>aplicação da analogia in malam partem. Vencidos os Ministros Carlos Britto, Ricardo</p><p>Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, que recebiam a denúncia.</p><p>Inq 1145/PB, rel. orig. Min. Maurício Corrêa, rel. p/ o acórdão Min. Gilmar</p><p>Mendes, 19.12.2006. (Inq-1145)</p><p>INFORMATIVO 506, STJ, (5ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. COLA ELETRÔNICA. ATIPICIDADE DA CONDUTA.</p><p>A “cola eletrônica”, antes do advento da Lei n. 12.550/2011, era uma conduta</p><p>atípica, não configurando o crime de estelionato. Fraudar concurso público ou</p><p>vestibular através de cola eletrônica não se enquadra na conduta do art. 171 do CP</p><p>(crime de estelionato), pois não há como definir se esta conduta seria apta a significar</p><p>algum prejuízo de ordem patrimonial, nem reconhecer quem teria suportado o revés.</p><p>Assim, caso ocorresse uma aprovação mediante a fraude, os únicos prejudicados seriam</p><p>os demais candidatos ao cargo, já que a remuneração é devida pelo efetivo exercício da</p><p>função, ou seja, trata-se de uma contraprestação pela mão de obra empregada, não se</p><p>podendo falar em prejuízo patrimonial para a administração pública ou para a</p><p>organizadora do certame. Ademais, não é permitido o emprego da analogia para ampliar</p><p>o âmbito de incidência da norma incriminadora; pois, conforme o princípio da</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%2041590</p><p>http://www.stf.jus.br/processos/processo.asp?PROCESSO=1145&CLASSE=Inq&ORIGEM=AP&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M</p><p>http://www.stf.jus.br/processos/processo.asp?PROCESSO=1145&CLASSE=Inq&ORIGEM=AP&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M</p><p>legalidade estrita, previsto no art. 5º, XXXIX, da CF e art. 1º do CP, a tutela penal se</p><p>limita apenas àquelas condutas previamente definidas em lei. Por fim, ressalta-se que a</p><p>Lei n. 12.550/2011 acrescentou ao CP uma nova figura típica com o fim de punir quem</p><p>utiliza ou divulga informação sigilosa para lograr aprovação em concurso público.</p><p>Precedentes citados do STF: Inq 1.145-PB, DJe 4/4/2008; do STJ: HC 39.592-PI, DJe</p><p>14/12/2009, e RHC 22.898-RS, DJe 4/8/2008. HC 245.039-CE, Rel. Min. Marco</p><p>Aurélio Bellizze, julgado em 9/10/2012.</p><p>Súmulas relativas ao estelionato:</p><p>STF:</p><p>SÚMULA Nº 246</p><p>COMPROVADO NÃO TER HAVIDO FRAUDE, NÃO SE CONFIGURA O CRIME DE EMISSÃO DE CHEQUE SEM</p><p>FUNDOS.</p><p>SÚMULA Nº 521</p><p>O FORO COMPETENTE PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DOS CRIMES DE ESTELIONATO, SOB A</p><p>MODALIDADE DA EMISSÃO DOLOSA DE CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS, É O DO LOCAL ONDE SE DEU A</p><p>RECUSA DO PAGAMENTO PELO SACADO.</p><p>SÚMULA Nº 554</p><p>O PAGAMENTO DE CHEQUE EMITIDO SEM PROVISÃO DE FUNDOS, APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, NÃO</p><p>OBSTA AO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL.</p><p>STJ:</p><p>.</p><p>SÚMULA Nº 17</p><p>QUANDO O FALSO SE EXAURE NO ESTELIONATO, SEM MAIS POTENCIALIDADE LESIVA, E POR</p><p>ESTE ABSORVIDO.</p><p>SÚMULA Nº 24</p><p>APLICA-SE AO CRIME DE ESTELIONATO, EM QUE FIGURE COMO VÍTIMA ENTIDADE AUTÁRQUICA</p><p>DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, A QUALIFICADORA DO § 3º, DO ART. 171 DO CODIGO PENAL.</p><p>SÚMULA Nº 48</p><p>COMPETE AO JUIZO DO LOCAL DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM ILICITA PROCESSAR E JULGAR</p><p>CRIME DE ESTELIONATO COMETIDO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DE CHEQUE.</p><p>SÚMULA Nº 107</p><p>COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR CRIME DE ESTELIONATO</p><p>PRATICADO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DAS GUIAS DE RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES</p><p>PREVIDENCIARIAS, QUANDO NÃO OCORRENTE LESÃO A AUTARQUIA FEDERAL.</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20245039</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=246.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=521.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=554.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas</p><p>RECEPTAÇÃO: ART. 180, CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É o patrimônio, público ou privado. Há quem admita que a posse também seja objeto</p><p>da tutela penal na medida em que representa um aspecto importante do patrimônio.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos</p><p>e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto</p><p>do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: TEMA CONTROVERTIDO ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: para a doutrina majoritária a receptação contém duas espécies de</p><p>dolo: a) o agente sabe que é produto de crime; b) devia saber que é produto de crime.</p><p>Dessa distinção, origina-se a diversidade de elementos subjetivos: 1ª - que sabe ser</p><p>produto de crime DOLO DIRETO; 2ª – que deve saber ser produto de crime DOLO</p><p>EVENTUAL, além de possuir também elemento subjetivo do tipo representado pela</p><p>expressão “EM PROVEITO PRÓPRIO OU ALHEIO” concernente ao estado anímico</p><p>ou psicológico do agente, o legislador destaca uma parte do dolo e a insere</p><p>expressamente no tipo penal, o dolo é elemento da conduta e não do tipo.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo, salvo o autor,</p><p>coautor ou partícipe do delito antecedente.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é a vítima do crime anterior, ou seja, de quem proveio a coisa</p><p>anterior.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – na receptação própria o crime é material, ocorre quando o agente</p><p>realiza uma das condutas típicas. Na receptação imprópria, o crime é formal, basta o</p><p>simples ato de influenciar, não sendo necessário que o terceiro de boa-fé efetivamente</p><p>adquira, receba ou oculte a coisa produto de crime</p><p>Tentativa – trata-se de crime material, portanto a tentativa é perfeitamente possível.</p><p>Ocorrerá quando o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a</p><p>retirar o bem do domínio de seu titular.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM na receptação própria (aquele que não exige qualquer</p><p>condição especial do sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a</p><p>lesão efetiva ao bem jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL na</p><p>receptação própria e FORMAL na receptação imprópria; CRIME COMISSIVO (é da</p><p>essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação</p><p>positiva. Logicamente, por intermédio da omissão imprópria também pode ser</p><p>praticado, nos termos do art. 13, § 2º, CP); CRIME DOLOSO tanto na receptação</p><p>simples como na qualificada; CULPOSO no § 3º; CRIME DE FORMA LIVRE (pode</p><p>ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO, salvo</p><p>nas modalidades “transportar”, “conduzir” “ocultar” “ter em depósito” e “expor à</p><p>venda”; CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um</p><p>agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que,</p><p>no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito</p><p>próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que</p><p>terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº</p><p>9.426, de 1996)</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em</p><p>depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de</p><p>qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de</p><p>atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de</p><p>crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo</p><p>anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o</p><p>exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela</p><p>desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece,</p><p>deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº</p><p>9.426, de 1996)</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de</p><p>pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº</p><p>9.426, de 1996)</p><p>§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz,</p><p>tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na</p><p>receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela</p><p>Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União,</p><p>Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou</p><p>sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo</p><p>aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)</p><p>JURISPRUDÊNCIA RECEPTAÇÃO</p><p>INFORMATIVO 267, STJ, (6ª TURMA)</p><p>RECEPTAÇÃO. TALONÁRIO. CHEQUES. CARTÕES. CRÉDITO.</p><p>Trata-se de paciente preso em flagrante e denunciado como incurso nas penas do art.</p><p>180 do CP, por ter recebido e ocultado, em proveito próprio, um talonário de</p><p>cheques e dois cartões magnéticos subtraídos de terceiros, os quais sabia serem</p><p>produto de crime. A Turma deu provimento ao recurso para determinar o</p><p>trancamento da ação penal, uma vez que o talonário de cheques e os cartões de</p><p>crédito não podem ser objeto de receptação, pois não possuem, por si, valor</p><p>econômico, que é indispensável para a caracterização de crime contra o patrimônio,</p><p>o que não se confunde com a conduta de se usar o talonário para prática de crime.</p><p>Precedentes citados: REsp 150.908-SP, DJ 19/10/1998, REsp 256.160-DF, DJ</p><p>15/4/2002, e RHC 12.738-SP, DJ 30/9/2002. RHC 17.596-DF, Rel. Min. Hélio</p><p>Quaglia Barbosa, julgado em 8/11/2005.</p><p>INFORMATIVO 485, STJ, (5ª TURMA)</p><p>FOLHAS DE CHEQUE E OBJETO MATERIAL DO CRIME.</p><p>A Turma, ao reconhecer a atipicidade da conduta praticada pelo paciente, concedeu a</p><p>ordem para absolvê-lo do crime de receptação qualificada de folhas de cheque.</p><p>Reafirmou-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o</p><p>talonário de cheque não possui valor econômico intrínseco, logo não pode ser objeto</p><p>material do crime de receptação. HC 154.336-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art180</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RHC%2017596</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20154336</p><p>em 20/10/2011.</p><p>RHC 117143/RS, rel. Min. Rosa Weber, 25.6.2013. (RHC-117143)</p><p>INFORMATIVO 475, STJ, (6ª TURMA)</p><p>PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. RECEPTAÇÃO.</p><p>CELULAR.</p><p>A Turma aplicou o princípio da insignificância na hipótese de receptação de um</p><p>celular avaliado em R$ 55,00, mas adquirido pelo paciente por R$ 10,00. Ressalvou</p><p>seu entendimento a Min. Maria Thereza de Assis Moura. Precedentes citados do</p><p>STF: HC 91.920-RS, DJe 12/3/2010; HC 84.412-SP, DJ 19/11/2004; do STJ: HC</p><p>142.586-SP, DJe 1º/7/2010, e HC 153.757-MG, DJe 3/5/2010. HC 191.067-MS,</p><p>Rel. Min. Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ-CE), julgado</p><p>em 2/6/2011.</p><p>INFORMATIVO 451, STJ, (3ª SEÇÃO)</p><p>ERESP. RECEPTAÇÃO SIMPLES E QUALIFICADA. ART. 180, CAPUT, § 1º,</p><p>DO CP.</p><p>In casu, conforme os autos, os embargados foram denunciados pela prática do delito</p><p>de receptação qualificada, uma vez que, no mês de agosto de 2003, ficou constatado</p><p>que eles tinham em depósito, no exercício de atividade comercial, diversos veículos</p><p>que sabiam ser produto de crime. Processados, sobreveio sentença, condenando-os</p><p>pela infração do art. 180, § 1º, do CP às penas de quatro anos e seis meses de</p><p>reclusão em regime semiaberto e 30 dias-multa. Em sede de apelação, o tribunal a</p><p>quo reduziu a pena para um ano e seis meses de reclusão, além de 15 dias-multa, sob</p><p>o fundamento de que a pena estabelecida para o delito de receptação qualificada</p><p>mostrava-se desproporcional à gravidade do crime. Segundo aquela corte, mais</p><p>apropriada seria, na espécie, a fixação da pena nos limites previstos para a forma</p><p>simples de receptação. Sobreveio, então, o REsp, ao qual, monocraticamente, foi</p><p>negado seguimento, ensejando agravo regimental que também foi desprovido pela</p><p>Sexta Turma deste Superior Tribunal. Nos embargos de divergência (EREsp), o MP</p><p>ressaltou que a Quinta Turma do STJ, bem como o STF, vêm pronunciando-se sobre</p><p>a matéria contra a possibilidade de aplicar a pena prevista no art. 180, caput, do CP</p><p>quando caracterizada a forma qualificada do delito. A defesa, por sua vez, assinalou</p><p>que, se acolhida a argumentação do embargante, haveria uma punição muito mais</p><p>severa à receptação qualificada, praticada com dolo eventual, do que a prevista para</p><p>a modalidade simples, mesmo com dolo direto. Nesse contexto, a Seção entendeu</p><p>que, apesar dos fundamentos defensivos no sentido de que não seria razoável o</p><p>agravamento da sanção do tipo penal qualificado, que traz como elemento</p><p>constitutivo do tipo o dolo eventual, não há como admitir a imposição da</p><p>reprimenda prevista para a receptação simples em condenação pela prática de</p><p>receptação qualificada (crime autônomo). Assim, adotou o entendimento de que a</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=117143&classe=RHC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20191067</p><p>pena mais severa cominada à forma qualificada do delito tem razão de ser, tendo em</p><p>vista a maior gravidade e reprovação da conduta, uma vez que praticada no</p><p>exercício de atividade comercial ou industrial. Observou tratar de opção legislativa,</p><p>em que se entende haver a necessidade de repressão mais dura a tais condutas, por</p><p>serem elas dotadas de maior lesividade. Desse modo, não existem motivos para</p><p>negar a distinção feita pelo próprio legislador, atento aos reclamos da sociedade que</p><p>representa, no seio da qual é mais reprovável a conduta praticada no exercício de</p><p>atividade comercial, como ocorre no caso, cuja lesão exponencial resvala num sem</p><p>número de consumidores, todos vitimados pela cupidez do comerciante que revende</p><p>mercadoria espúria. Inviável, pois, sem negar vigência ao dispositivo</p><p>infraconstitucional em questão e sem ofensa aos princípios da proporcionalidade e</p><p>da razoabilidade constitucionalmente previstos, impor ao paciente, pela violação do</p><p>art. 180, § 1º, do CP, a sanção prevista ao infrator do caput do referido artigo.</p><p>Diante disso, acolheu, por maioria, os embargos a fim de reformar o acórdão</p><p>embargado e dar provimento ao recurso especial, restabelecendo a condenação pela</p><p>forma qualificada da receptação nos termos da sentença. Precedentes citados do</p><p>STF: RE 443.388-SP, DJe 11/9/2009; do STJ: HC 128.253-SC, DJe 3/8/2009, e</p><p>REsp 700.887-SP, DJ 19/3/2007. EREsp 772.086-RS, Rel. Min. Jorge Mussi,</p><p>julgados em 13/10/2010.</p><p>RECEPTAÇÃO QUALIFICADA</p><p>INFORMATIVO 712, STF, (1ª TURMA)</p><p>Receptação qualificada e constitucionalidade</p><p>É constitucional o § 1º do art. 180 do CP, que versa sobre o delito de receptação</p><p>qualificada (“§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,</p><p>desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,</p><p>em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,</p><p>coisa que deve saber ser produto de crime”). Com fundamento nessa orientação, a 1ª</p><p>Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus. A recorrente</p><p>reiterava alegação de inconstitucionalidade do referido preceito, sob a assertiva de</p><p>que ofenderia o princípio da culpabilidade ao consagrar espécie de responsabilidade</p><p>penal objetiva. Reportou-se a julgados nos quais, ao apreciar o tema, o STF teria</p><p>asseverado a constitucionalidade do dispositivo em comento. Precedentes citados:</p><p>RE 443388/SP (DJe de 11.9.2009); HC 109012/PR (DJe de 1º.4.2013).</p><p>RHC 117143/RS, rel. Min. Rosa Weber, 25.6.2013. (RHC-117143)</p><p>INFORMATIVO 353, STJ, (6ª TURMA)</p><p>RECEPTAÇÃO QUALIFICADA. PENA.</p><p>É consabido que há imperfeições (formal e material) no § 1º do art. 180 do CP</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=EREsp%20772086</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=117143&classe=RHC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>quanto ao crime de receptação qualificada, pois o fato menos grave é apenado mais</p><p>severamente. Inclusive, é da tradição brasileira e estrangeira uma menor</p><p>punibilidade para a receptação em relação ao crime tido por originário. Porém,</p><p>devido à atual redação do § 1º, determinada pela Lei n. 9.426/1996, o dolo eventual</p><p>(que também determina o reconhecimento da prática de receptação culposa)</p><p>transformou a punibilidade de menor (menos grave) em maior (mais grave). Fala-se</p><p>na inconstitucionalidade do referido § 1º, mas melhor aqui seria desconsiderar esse</p><p>preceito secundário. Com esse entendimento, adotado pela maioria, a Turma</p><p>concedeu a ordem a fim de substituir a reclusão de três a oitos anos prevista no § 1º</p><p>pela de um a quatro anos do caput do art. 180 do CP, e fixou a pena,</p><p>definitivamente, em um ano e dois meses de reclusão, ao seguir as diretrizes</p><p>originalmente adotadas pela sentença, considerada aí a reincidência e a multa lá</p><p>fixada. Note-se que o início de cumprimento da pena privativa de liberdade dar-se-á</p><p>no regime aberto. HC 101.531-MG, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em</p><p>22/4/2008.</p><p>RECEPTAÇÃO DE ANIMAL: ART.</p><p>180-A, CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É o patrimônio.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente</p><p>no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o</p><p>objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: CONTROVERTIDO ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro</p><p>campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa</p><p>causa”, “indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”,</p><p>“decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: é o dolo (vontade e consciência de praticar o núcleo descrito</p><p>do tipo), como também existe elemento subjetivo específico do tipo na expressão</p><p>"COM A FINALIDADE"</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo, salvo o autor,</p><p>coautor ou partícipe do delito antecedente.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é a vítima do crime anterior, ou seja, de quem proveio o</p><p>semovente.</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20101531</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – na receptação própria o crime é material, ocorre quando o agente</p><p>realiza uma das condutas típicas.</p><p>Tentativa – é admitida em todas as modalidades.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM na receptação própria (aquele que não exige qualquer</p><p>condição especial do sujeito ativo); CRIME DE DANO (consuma-se apenas com a</p><p>lesão efetiva ao bem jurídico tutelado); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL;</p><p>CRIME COMISSIVO (é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser</p><p>praticado por meio de uma ação positiva. CRIME DOLOSO ( não existe a forma</p><p>culposa) CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma</p><p>ou modo); CRIME PERMANENTE nas modalidades transportar, conduzir, ocultar</p><p>e ter em depósito, nas demais hipóteses é CRIME INSTANTÂNEO; CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas</p><p>Receptação de animal</p><p>Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em</p><p>depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de</p><p>comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que</p><p>abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de</p><p>crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela</p><p>Lei nº 13.330, de 2016)</p><p>ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS</p><p>Isenção de pena - casos</p><p>http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art3</p><p>Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos</p><p>neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;</p><p>II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou</p><p>ilegítimo, seja civil ou natural.</p><p>IMUNIDADES ABSOLUTAS ART. 181 - NJ – CAUSAS PESSOAIS DE</p><p>EXCLUSÃO DE PENA</p><p>Trata-se de CAUSAS PESSOAIS DE EXCLUSÃO DE PENA, que funcionam como</p><p>condições negativas de punibilidade do crime. A escusa absolutória pessoal não exclui o</p><p>crime, somente impede a aplicação da pena</p><p>Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime</p><p>previsto neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;</p><p>II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;</p><p>III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.</p><p>IMUNIDADES RELATIVAS ART. 182 - NJ – FAVOR LEGAL DE</p><p>NATUREZA PROCESSUAL – A AÇÃO PENAL SOMENTE SE</p><p>PROCEDE MEDIANTE REPRESENTAÇÃO</p><p>Não afasta a punibilidade do fato praticado, mas cria determinado obstáculo ao</p><p>exercício da ação penal. Nas hipóteses relacionadas nesse dispositivo legal somente</p><p>pode a autoridade pública (autoridade policial ou MP) instaurar o inquérito policial ou</p><p>deflagrar a ação penal se houver REPRESENTAÇÃO, que é uma CONDIÇÃO DE</p><p>PROCEDIBILIDADE</p><p>Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:</p><p>I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja</p><p>emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;</p><p>II - ao estranho que participa do crime.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art95</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art95</p><p>III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior</p><p>a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>EXCLUSÃO DE IMUNIDADE E PRIVILÉGIO</p><p>No art. 183, I - não alcança os delitos perpetrados com violência ou grave ameaça à</p><p>pessoa, como o roubo ou a extorsão.</p><p>No art. 183, II – não alcança o estranha (concurso de pessoas)</p><p>No art. 183, III – não alcança os delitos praticados contra pessoa idosa</p><p>INFORMATIVO 405, STJ (5ª TURMA)</p><p>COMPETÊNCIA. JÚRI. HOMICÍDIO. CONEXÃO. ESTELIONATO.</p><p>No REsp, o recorrente pleiteia que seja decretada a nulidade da denúncia ou,</p><p>alternativamente, do laudo pericial e a consequente impronúncia, bem como seja</p><p>reconhecida a causa de isenção de pena do art. 181, I, do CP, dada a inépcia da</p><p>denúncia, a nulidade do laudo pericial e a excludente de culpabilidade. Para a Turma, se</p><p>a denúncia atendeu aos requisitos do art. 41 do CPP, não há a alegada inépcia da peça</p><p>acusatória. Também não poderia haver cerceamento de defesa em razão de prazo para</p><p>formulação dos quesitos se, na oportunidade, a defesa mostrou-se inerte. Por fim, não</p><p>poderia o juiz singular afastar a incidência do crime conexo de estelionato por escusa</p><p>absolutória do art. 181, I, do CP, por implicar subtração da competência do Tribunal do</p><p>Júri. Precedente citado: HC 80.636-SP, DJe 24/11/2008. REsp 957.112-SP, Rel. Min.</p><p>Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2009.</p><p>INFORMATIVO 5 31, STJ (6ª TURMA)</p><p>DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E PENAL. APLICABILIDADE</p><p>DE ESCUSA ABSOLUTÓRIA NA HIPÓTESE DE ATO INFRACIONAL.</p><p>Nos casos de ato infracional equiparado a crime contra o patrimônio, é possível</p><p>que o adolescente seja beneficiado pela escusa absolutória prevista no art. 181, II,</p><p>do CP. De acordo com o referido artigo, é isento de pena, entre outras hipóteses, o</p><p>descendente que comete crime contra o patrimônio em prejuízo de ascendente,</p><p>ressalvadas as exceções delineadas no art. 183 do mesmo diploma legal, cujo teor</p><p>proíbe a aplicação da escusa: a) se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,</p><p>quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; b) ao estranho que</p><p>participa do crime; ou c) se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou</p><p>superior a 60 anos. Efetivamente, por razões de política criminal, com base na</p><p>existência de laços familiares ou afetivos entre os envolvidos, o legislador optou por</p><p>afastar a punibilidade de determinadas pessoas. Nessa conjuntura, se cumpre aos</p><p>ascendentes o dever de lidar com descendentes maiores que lhes causem danos ao</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art183iii</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20957112</p><p>patrimônio, sem que haja interesse estatal na aplicação de pena, também não se observa,</p><p>com maior razão, interesse na aplicação de medida socioeducativa ao adolescente pela</p><p>prática do mesmo fato. Com efeito, tendo em mente que, nos termos do art. 103 do</p><p>ECA, ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal, é possível</p><p>a aplicação de algumas normas penais na omissão do referido diploma legal, sobretudo</p><p>na hipótese em que se mostrarem mais benéficas ao adolescente. Ademais, não há</p><p>razoabilidade no contexto em que é prevista imunidade absoluta ao sujeito maior de 18</p><p>anos que pratique crime em detrimento do patrimônio de seu ascendente, mas no qual</p><p>seria permitida a aplicação de medida socioeducativa, diante da mesma situação fática,</p><p>ao adolescente. De igual modo, a despeito da função reeducativa ou pedagógica da</p><p>medida socioeducativa que eventualmente vier a ser imposta, não é razoável a</p><p>ingerência do Estado nessa relação específica entre ascendente e descendente, porque, a</p><p>teor do disposto no art. 1.634, I, do CC, compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos</p><p>menores, dirigir-lhes a criação e educação. Portanto, se na presença da imunidade</p><p>absoluta aqui tratada não há interesse estatal na aplicação de pena, de idêntico modo,</p><p>não deve haver interesse na aplicação de medida socioeducativa. HC 251.681-PR, Rel.</p><p>Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 3/10/2013.</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20251681</p><p>SEMANA 9</p><p>ESTUPRO: ART. 213, CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>A partir da lei 12.015/09 o bem jurídico protegido é a liberdade sexual da mulher e do</p><p>homem, ou seja, a faculdade que ambos têm de escolher livremente seus parceiros</p><p>sexuais, podendo</p><p>recusar inclusive o próprio cônjuge, se assim o desejarem</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto</p><p>do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de constranger alguém a ter conjunção carnal ou a praticar ou</p><p>permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.)</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, podendo ser praticado, indistintamente, por</p><p>homem ou mulher.</p><p>SUJEITO PASSIVO – homem e mulher podem ser sujeitos passivos</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – o delito se consuma com a prática do ato de libidinagem (gênero que</p><p>abrange conjunção carnal e vasta enumeração de atos libidinosos ofensivos à</p><p>dignidade sexual da vítima</p><p>Tentativa – é perfeitamente possível quando iniciada a execução o ato sexual visado</p><p>não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME MATERIAL (que causa transformação no mundo exterior);</p><p>CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME</p><p>DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE</p><p>(pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a</p><p>consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.)</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,</p><p>a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique</p><p>outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 12.015, de 2009)</p><p>§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a</p><p>vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído</p><p>pela Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº</p><p>12.015, de 2009)</p><p>§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de</p><p>2009)</p><p>Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº</p><p>12.015, de 2009)</p><p>QUESTÕES RELEVANTES</p><p>A revogação do art. 214, do CP e a não-ocorrência de abolitio</p><p>criminis (a junção do antigo crime de atentado ao pudor ao atual</p><p>crime de estupro)</p><p>Com a revogação do art. 214 do CP, não houve abolitio criminis da infração penal de</p><p>atentado violente ao pudor, pois o que ocorreu foi exclusão formal do tipo penal do</p><p>art. 214, ou seja, a conduta prevista no revogado art. 214 foi deslocada para o atual art.</p><p>213, incidindo, assim, o princípio da CONTINUIDADE TÍPICO-NORMATIVA, isto</p><p>é, subsiste o fato criminoso disciplinado em tipo penal diverso. Para que haja abolitio</p><p>criminis (art. 2º, c/c art. 107, III, CP) é necessário exclusão formal e material do tipo</p><p>penal e no caso do atentado violento ao pudor somente houve exclusão formal e não</p><p>exclusão material do tipo penal.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>A classificação do estupro como tipo misto alternativo e a</p><p>(im)possibilidade de concurso de crimes em casos de prática de mais</p><p>de uma conduta no mesmo contexto fático.</p><p>GUILHERME DE SOUZA NUCCI, ROGÉRIO GRECO e ROGÉRIO SANCHES</p><p>entendem que o crime de estupro passou a ser de conduta múltipla ou de conteúdo</p><p>variado, ou seja, praticando o agente mais de um núcleo, dentro de um mesmo</p><p>contexto fático, não desnatura a unidade do crime. A mudança é benéfica devendo</p><p>retroagir.</p><p>ABRÃO AMISY NETO, citado por Rogério Greco em seu CP Comentado, afirma</p><p>que a alteração legislativa buscou reforçar a proteção ao bem jurídico e não</p><p>enfraquecê-la; caso o legislador pretendesse criar um tipo de ação única ou misto</p><p>alternativo não distinguiria conjunção carnal de outros atos libidinosos. Visível,</p><p>portanto, que o legislador, ao continuar distinguindo a conjunção carnal dos outros</p><p>atos libidinosos não pretendeu impor uma única sanção, em caso de condutas distintas.</p><p>A conduta de conjunção carnal e outro ato libidinoso no mesmo contexto fático,</p><p>comporta a cumulação de crimes. VICENTE GRECO FILHO entende que nada</p><p>mudou para beneficiar o condenado cuja situação de fato levou à condenação pelo art.</p><p>213 e art. 214 cumulativamente; agora, seria condenado também cumulativamente à</p><p>primeira parte do art. 213 e à segunda parte do mesmo artigo. Para essa corrente o art.</p><p>213 seria tipo misto cumulativo.</p><p>ALBERTO SILVA FRANCO entende que nada autoriza dizer que o crime do art. 213</p><p>do CP seria um tipo misto alternativo ou tipo misto cumulativo. A ideia-chave da</p><p>categoria TIPO MISTO é a da descrição, numa mesma moldura penal, de diversas</p><p>condutas. Exemplo de tipo misto alternativo é o art. 33 da Lei 11.343/06; já o exemplo</p><p>de tipo misto cumulativo é o art. 248 do CP. Assim sendo, o delito do art. 213 é crime</p><p>único, ou seja, há uma unidade de conduta (HC 144.870/DF, STJ)</p><p>O conflito de leis no tempo - retroatividade da Lei 12.015/09 aos casos</p><p>anteriores de concurso entre atentado violento ao pudor e estupro</p><p>contra a mesma vítima em um mesmo contexto</p><p>INFORMATIVO 577, STF</p><p>A Turma deferiu habeas corpus em que condenado pelos delitos previstos nos artigos</p><p>213 e 214, na forma do art. 69, todos do CP, pleiteava o reconhecimento da</p><p>continuidade delitiva entre os crimes de estupro e atentado violento ao pudor.</p><p>Observou-se, inicialmente, que, com o advento da Lei 12.015/2009, que promovera</p><p>alterações no Título VI do CP, o debate adquirira nova relevância, na medida em que</p><p>ocorrera a unificação dos antigos artigos 213 e 214 em um tipo único [CP, Art. 213:</p><p>“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou</p><p>a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela</p><p>Lei nº 12.015, de 2009).”]. Nesse diapasão, por reputar constituir a Lei 12.015/2009</p><p>norma penal mais benéfica, assentou-se que se deveria aplicá-la retroativamente ao</p><p>caso, nos termos do art. 5º, XL, da CF, e do art. 2º, parágrafo único, do CP. HC</p><p>86110/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 2.3.2010. (HC-86110)</p><p>INFORMATIVO 595, STF (2ª TURMA)</p><p>Estupro e Atentado Violento ao Pudor: Lei 12.015/2009 e Continuidade Delitiva</p><p>Em observância ao princípio constitucional da retroatividade da lei penal mais</p><p>benéfica (CF, art. 5º, XL), deve ser reconhecida a continuidade delitiva aos crimes de</p><p>estupro e atentado violento ao pudor praticados anteriormente à vigência da Lei</p><p>12.015/2009 e nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução. Com</p><p>base nesse entendimento, a Turma concedeu habeas corpus de ofício para determinar</p><p>ao juiz da execução, nos termos do enunciado da Súmula 611 do STF, que realize</p><p>nova dosimetria da pena, de acordo com a regra do art. 71 do CP. Tratava-se, na</p><p>espécie, de writ no qual condenado</p><p>em concurso material pela prática de tais delitos,</p><p>pleiteava a absorção do atentado violento ao pudor pelo estupro e, subsidiariamente, o</p><p>reconhecimento da continuidade delitiva. Preliminarmente, não se conheceu da</p><p>impetração. Considerou-se que a tese defensiva implicaria reexame de fatos e provas,</p><p>inadmissível na sede eleita. Por outro lado, embora a matéria relativa à continuidade</p><p>delitiva não tivesse sido apreciada pelas instâncias inferiores, à luz da nova legislação,</p><p>ressaltou-se que a citada lei uniu os dois ilícitos em um único tipo penal, não mais</p><p>havendo se falar em espécies distintas de crimes. Ademais, elementos nos autos</p><p>evidenciariam que os atos imputados ao paciente teriam sido perpetrados nas mesmas</p><p>condições de tempo, lugar e maneira de execução. HC 96818/SP, rel. Min. Joaquim</p><p>Barbosa, 10.8.2010. (HC-96818)</p><p>INFORMATIVO 440, STJ (5ª TURMA)</p><p>CONTINUIDADE DELITIVA. ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO.</p><p>PUDOR.</p><p>Trata-se, entre outras questões, de saber se, com o advento da Lei n. 12.015/2009, há</p><p>continuidade delitiva entre os atos previstos antes separadamente nos tipos de estupro</p><p>(art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214 do mesmo codex), agora</p><p>reunidos em uma única figura típica (arts. 213 e 217-A daquele código). Assim,</p><p>entendeu o Min. Relator que primeiramente se deveria distinguir a natureza do novo</p><p>tipo legal, se ele seria um tipo misto alternativo ou um tipo misto cumulativo.</p><p>Asseverou que, na espécie, estaria caracterizado um tipo misto cumulativo quanto aos</p><p>atos de penetração, ou seja, dois tipos legais estão contidos em uma única descrição</p><p>típica. Logo, constranger alguém à conjunção carnal não será o mesmo que</p><p>constranger à prática de outro ato libidinoso de penetração (sexo oral ou anal, por</p><p>exemplo). Seria inadmissível reconhecer a fungibilidade (característica dos tipos</p><p>mistos alternativos) entre diversas formas de penetração. A fungibilidade poderá</p><p>ocorrer entre os demais atos libidinosos que não a penetração, a depender do caso</p><p>concreto. Afirmou ainda que, conforme a nova redação do tipo, o agente poderá</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=96818&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=96818&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>praticar a conjunção carnal ou outros atos libidinosos. Dessa forma, se praticar, por</p><p>mais de uma vez, cópula vaginal, a depender do preenchimento dos requisitos do art.</p><p>71 ou do art. 71, parágrafo único, do CP, poderá, eventualmente, configurar-se</p><p>continuidade. Ou então, se constranger vítima a mais de uma penetração (por</p><p>exemplo, sexo anal duas vezes), de igual modo, poderá ser beneficiado com a pena</p><p>do crime continuado. Contudo, se pratica uma penetração vaginal e outra anal, nesse</p><p>caso, jamais será possível a caracterização de continuidade, assim como sucedia com</p><p>o regramento anterior. É que a execução de uma forma nunca será similar à de outra,</p><p>são condutas distintas. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento,</p><p>por maioria, afastou a possibilidade de continuidade delitiva entre o delito de estupro</p><p>em relação ao atentado violento ao pudor. HC 104.724-MS, Rel. originário Min.</p><p>Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, julgado em 22/6/2010.</p><p>INFORMATIVO 468, STJ (5ª TURMA)</p><p>ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CONTINUIDADE</p><p>DELITIVA.</p><p>In casu, o recorrido foi condenado à pena de nove anos e quatro meses de reclusão</p><p>pela prática de dois crimes de atentado violento ao pudor em continuidade e à pena</p><p>de sete anos de reclusão por dois delitos de estupro, igualmente em continuidade,</p><p>cometidos contra a mesma pessoa. Em grau de apelação, o tribunal a quo reconheceu</p><p>a continuidade delitiva entre os crimes de estupro e atentado violento ao pudor e</p><p>reduziu a pena para sete anos e seis meses de reclusão em regime fechado. O MP, ora</p><p>recorrente, sustenta a existência de concurso material entre os delitos. A Turma, ao</p><p>prosseguir o julgamento, por maioria, negou provimento ao recurso, adotando o</p><p>entendimento de que os delitos de estupro e de atentado violento ao pudor</p><p>correspondem a uma mesma espécie de tipo penal, confirmando a possibilidade do</p><p>crime continuado. Dessarte, consignou-se que o tribunal de origem nada mais fez que</p><p>seguir a orientação de uma vertente jurisprudencial razoável que acabou por</p><p>harmonizar-se com a legislação nova que agora prestigia essa inteligência, isto é,</p><p>sendo os fatos incontroversos, o que já não pode ser objeto de discussão nessa</p><p>instância especial, o acórdão recorrido apenas adotou a tese de que os crimes são da</p><p>mesma espécie e, assim, justificou a continuidade. Precedentes citados do STF: HC</p><p>103.353-SP, DJe 15/10/2010; do STJ: REsp 565.430-RS, DJe 7/12/2009. REsp</p><p>970.127-SP, Rel. originária Min. Laurita Vaz, Rel. para acórdão Min. Gilson</p><p>Dipp, julgado em 7/4/2011.</p><p>A hediondez do delito de estupro em qualquer de suas formas (art. 1°,</p><p>inciso V, da Lei 8.072/90).</p><p>De acordo com o art. 1º, V da Lei 8072/90 o estupro é considerado crime hediondo.</p><p>VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20104724</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20970127</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20970127</p><p>FRAUDE - ART. 215</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Liberdade sexual</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivo e normativo)</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto</p><p>do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica,</p><p>social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento</p><p>humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”,</p><p>“documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: é o DOLO, elemento subletivo geral, ou seja, consistente na</p><p>vontade consciente de ter conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Há também</p><p>elemento subjetivo específico do tipo, isto é, a finalidade de obter vantagem</p><p>econômica no Parágrafo Único.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a introdução completa ou</p><p>incompleta do pênis na vagina, no caso de conjunção carnal ou com a prática de atos</p><p>libidinosos diversos.</p><p>Tentativa – é perfeitamente possível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação</p><p>no mundo exterior); CRIME COMISSIVO (os verbos implicam em ação,</p><p>excepcionalmente pode ser omissivo impróprio); CRIME DOLOSO (não há previsão</p><p>legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA VINCULADA (somente pode ser</p><p>praticado por meio de fraude ou similar); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação</p><p>opera-se de imediato, não se alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode</p><p>ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE</p><p>(pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta)</p><p>Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº</p><p>12.015, de 2009)</p><p>Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com</p><p>alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre</p><p>manifestação de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de</p><p>2009)</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 12.015, de 2009)</p><p>Parágrafo único. Se o crime é cometido com o</p><p>necessário</p><p>conhecimento para o exercício de sua ocupação, não o utilize adequadamente,</p><p>produzindo o evento criminoso de forma culposa, sem a devida observância das regras</p><p>técnicas de sua profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado obis in idem na</p><p>situação, ter-se-ia que concluir que essa majorante somente poderia ser aplicada se o</p><p>agente, ao cometer a infração, incidisse em pelo menos duas ações ou omissões</p><p>imprudentes ou negligentes, uma para configurar a culpa e a outra para a majorante, o</p><p>que não seria condizente com a pretensão legal. Precedente citado do STJ: HC 63.929-</p><p>RJ, Quinta Turma, DJe 9/4/2007. Precedente citado do STF: HC 86.969-6-RS, Segunda</p><p>Turma, DJ 24/2/2006. HC 181.847-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. para</p><p>acórdão Min. Campos Marques (Desembargador convocado do TJ/PR), julgado</p><p>em 4/4/2013.</p><p>INFORMATIVO 5 73, STJ, (6ª TURMA)</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20181847</p><p>HOMICÍDIO CULPOSO. AUMENTO. PENA. REGRA TÉCNICA. BIS IN</p><p>IDEM .</p><p>Trata-se de recurso em habeas corpus em que se discute o afastamento da causa de</p><p>aumento de pena constante do § 4º do art. 121 do CP, relativa à inobservância de regra</p><p>técnica de profissão, sustentando o recorrente que essa mesma causa foi utilizada para a</p><p>caracterização do próprio tipo penal. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria,</p><p>deu provimento ao recurso sob o fundamento de que, embora a causa de aumento de</p><p>pena referente à inobservância de regra técnica de profissão se situe no campo da</p><p>culpabilidade, demonstrando que o comportamento do agente merece uma maior</p><p>censurabilidade, não se pode utilizar do mesmo fato para, a um só tempo, tipificar a</p><p>conduta e, ainda, fazer incidir o aumento de pena. Consignou-se que, no caso, a peça</p><p>exordial em momento algum esclarece em que consistiu a causa de aumento de pena,</p><p>apenas se referindo à inobservância de regra técnica como a própria circunstância</p><p>caracterizadora da negligência do agente, fazendo de sua ação uma ação típica. Assim,</p><p>entendeu-se estar claro que a inobservância de regra técnica foi utilizada para configurar</p><p>o próprio núcleo da culpa, não podendo servir também para possibilitar o aumento de</p><p>pena, visto que não se pode recair em indesejável bis in idem. Precedentes citados do</p><p>STF: HC 95.078-RJ, DJe 15/5/2009; do STJ: REsp 606.170-SC, DJ 14/11/2005. RHC</p><p>22.557-SP, Rel.Min. Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ-CE),</p><p>julgado em 17/5/2011.</p><p>Aplicação do princípio da subsidiariedade em relação ao crime de</p><p>Omissão de socorro</p><p>Somente aplica a causa de aumento de pena da omissão de socorro para a pessoa que</p><p>deu causa ao evento culposo. Caso a omissão de socorro ocorra para aquele que não deu</p><p>causa ao evento culposo, aplica-se o crime autônomo do art. 135 do CP.</p><p>Causas especiais de aumento de pena no Homicídio Doloso.</p><p>Art. 121, § 4º, segunda parte, CP. É uma causa especial de aumento de pena, porque</p><p>está prevista na Parte Especial do CP e sua natureza é objetiva, pois leva em</p><p>consideração a idade da vítima.</p><p>Aplicação da Teoria da Atividade.</p><p>De acordo com o art. 4º do CP considera-se praticado o crime no momento da conduta</p><p>(ação ou omissão), pouco importando o momento do resultado, trata-se da aplicação da</p><p>Teoria da Atividade.</p><p>Homicídio e a Lei dos Crimes Hediondos.</p><p>De acordo com o art. 1º, I, da Lei 8072/90, com redação determinada pela Lei 8.930/94</p><p>o homicídio simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda</p><p>que cometido por um só agente. Tal homicídio é classificado pela doutrina como</p><p>homicídio condicionado, pois depende da verificação de um requisito (condição) para</p><p>que seja considerado hediondo.</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RHC%2022557</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=RHC%2022557</p><p>O homicídio qualificado é crime hediondo.</p><p>Homicídio simples como crime hediondo de acordo com a Lei 8.072/90</p><p>e suas divergências.</p><p>Temos doutrina negando ao homicídio praticado em atividade típica de grupo de</p><p>extermínio o rótulo de "simples", pois grupos de extermínio buscam promover a justiça</p><p>por suas próprias mãos e, neste caso, o crime será qualificado pela torpeza</p><p>Homicídio qualificado e privilegiado ao mesmo tempo e a controvérsia</p><p>sobre a incidência da Lei 8.072/90.</p><p>O homicídio qualificado-privilegiado é considerado hediondo? A doutrina diverge. Uma</p><p>1ª corrente entende que não, pois não está previsto na Lei 8072/90 e por força do</p><p>critério legal considera-se hediondo somente se estiver previsto na Lei. Outro</p><p>argumento é que a circunstância privilegiadora é de caráter subjetivo e diz respeito ao</p><p>móvel do crime, já que as qualificadoras se relacionam à forma de execução. Há</p><p>também o argumento fazendo analogia com o art. 67 do CP. Já a 2ª corrente entende que</p><p>tal homicídio é hediondo, pois as circunstâncias do privilégio interferem na quantidade</p><p>da pena e não na qualidade ou natureza do delito.</p><p>SEMANA 2</p><p>INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO E</p><p>AUXÍLIO AO SUICÍDIO - ART. 122</p><p>A autolesão e o sistema jurídico-penal vigente.</p><p>De início cabe afirmar que ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si próprio,</p><p>vez que uma das características inerentes ao Direito Penal moderno repousa na</p><p>necessidade de intersubjetividade nas relações penalmente relevantes, isto é não há</p><p>incriminação de atitude meramente interna do agente, bem como do pensamento ou de</p><p>condutas moralmente censuráveis, incapazes de invadir o patrimônio jurídico alheio.</p><p>(Princípio da Alteridade).</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>É a vida humana.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de provocar a morte da vítima por meio do suicídio), que pode ser</p><p>DIRETO (o agente quer o resultado) ou EVENTUAL (o agente assume o risco de</p><p>produzir o resultado).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa que possua um mínimo de capacidade de</p><p>resistência e de discernimento, pois, em caso contrário, estará caracterizado o crime de</p><p>homicídio.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a morte da vítima ou com a</p><p>produção de lesão corporal de natureza grave (expressão que abrange a lesão</p><p>gravíssima).</p><p>Tentativa – de acordo com a doutrina majoritária inadmite-se a tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO (na figura do auxílio);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta). CRIME DE AÇÃO MÚLTIPLA OU DE CONTEÚDO</p><p>VARIADO (o tipo penal contém várias modalidades de conduta, e, ainda</p><p>fim de obter</p><p>vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº</p><p>12.015, de 2009)</p><p>ASSÉDIO SEXUAL:</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Na tipificação do assédio sexual a proteção penal estende-se para além da liberdade</p><p>sexual, abrangendo, com efeito, outros bens jurídicos como a dignidade e a honra</p><p>sexuais são igualmente protegidas e a dignidade das relações trabalhista-funcionais</p><p>também assumem a condição de bem jurídico penalmente protegido.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivo e normativo)</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto</p><p>do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: “SUPERIOR HIERÁRQUICO OU ASCENDÊNCIA” ao</p><p>contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo</p><p>imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem</p><p>como qualquer outro campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões</p><p>como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”, “funcionário público”,</p><p>“dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: é o DOLO, elemento subletivo geral, ou seja, consistente na</p><p>vontade consciente de constranger a vítima. Há também elemento subjetivo do tipo,</p><p>isto é, a finalidade de obter vantagem ou favorecimento sexual.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – trata-se de crime próprio, que somente pode ser praticado por</p><p>superior hierárquico ou ascendente em relação de emprego, cargo ou função, em</p><p>relações hetero ou homossexuais.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o sujeito passivo é próprio também, exigindo o tipo uma</p><p>condição especial sua, qual seja, ser subalterno do autor. Não havendo essa relação</p><p>entre os personagens, a conduta do agente poderá se amoldar ao art. 146 do CP ou art.</p><p>61 da LCP.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – no tocante ao momento consumativo há duas correntes. A primeira</p><p>corrente entende que o crime se perfaz com o constrangimento (ainda que</p><p>representado por um só ato), independentemente da obtenção da vantagem sexual</p><p>visada (FERNANDO CAPEZ); já uma segunda corrente entende ser o crime habitual,</p><p>sendo necessária a prática de reiterados atos constrangedores (RODOLFO</p><p>PAMPLONA FILHO).</p><p>Tentativa – a depender do posicionamento adotado a tentativa poderá ser ou não</p><p>admitida</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (é crime de consumação</p><p>antecipada); CRIME COMISSIVO (os verbos implicam em ação, excepcionalmente</p><p>pode ser omissivo impróprio); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura</p><p>culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma</p><p>ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se</p><p>alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra,</p><p>apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em</p><p>vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou</p><p>favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de</p><p>superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,</p><p>cargo ou função." (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)</p><p>Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº</p><p>10.224, de 15 de 2001)</p><p>Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de</p><p>2001)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10224.htm#art216a</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10224.htm#art216a</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10224.htm#art216a</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/2001/Mv424-01.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/2001/Mv424-01.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10224.htm#art216a</p><p>§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18</p><p>(dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>Ausência de violência ou grave ameaça</p><p>Se o assédio é mediante violência ou grave ameaça o crime será de estupro, tentado ou</p><p>consumado. Se a ameaça não for grave e , especificamente, relacionar-se com a</p><p>atividade em que existe a subordinação, poderá ocorrer o delito de assédio sexual.</p><p>Questões relevantes:</p><p>A superioridade hierárquica ou ascendência como elementares do</p><p>tipo</p><p>De acordo com LUIZ FLÁVIO GOMES na superioridade hierárquica há uma escala,</p><p>há degraus na relação empregatícia (há uma carreira). Já na ascendência não há</p><p>degraus, não há carreira. Há só uma posição de domínio, de influência, de respeito e às</p><p>vezes de temor.</p><p>A relação empregatícia ou o exercício de cargo ou função públicos</p><p>como elementares do tipo</p><p>A lei dispõe em "emprego, cargo ou função". Emprego: relações privadas. Cargo ou</p><p>função: relações públicas.</p><p>Assédio sexual nas relações empregatícias domésticas.</p><p>O assédio sexual praticado contra a empregada doméstica enquadra-se perfeitamente</p><p>na figura típica do art. 216-A, CP.</p><p>Conflito aparente entre o assédio sexual e o crime de constrangimento</p><p>ilegal e a contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor.</p><p>A lei exige que o crime seja praticado por agente que se prevaleça de sua condição</p><p>hierarquicamente superior ou de sua ascendência, qualquer delas inerente ao exercício</p><p>de emprego, cargo ou função. Desse modo, a importunação feita sem concurso dessa</p><p>elementar, como, por exemplo, uma "cantada" vulgar na rua, poderá caracterizar a</p><p>contravenção penal descrita no art. 61 da LCP.</p><p>ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART.</p><p>217-A, CP)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a dignidade sexual do indivíduo menor de 14 anos ou daquele que, por</p><p>enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a</p><p>prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente</p><p>no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o</p><p>objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO</p><p>(vontade livre e consciente de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso</p><p>com indivíduo nas condições previstas no caput ou § 1º. Não é exigida finalidade</p><p>especial</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser qualquer pessoa.</p><p>SUJEITO PASSIVO – a vítima só pode ser pessoa com menos de 14 anos (caput)</p><p>ou portadora de enfermidade ou deficiência mental ou incapaz de discernimento</p><p>para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, sem condições de oferecer</p><p>resistência.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a prática do ato de libidinagem.</p><p>Tentativa – é perfeitamente possível, ou seja, iniciada a execução do ato de</p><p>libidinagem, o ato sexual visado não se consuma por circunstâncias alheias à</p><p>vontade do agente.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao</p><p>resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação</p><p>no mundo exterior); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de</p><p>uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME</p><p>DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo);</p><p>CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando</p><p>no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por</p><p>um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>CONCEITO DE VULNERÁVEL PARA FINS PENAIS</p><p>Vulnerável é algo ou alguém que está suscetível a ser ferido, ofendido ou tocado.</p><p>Vulnerável significa uma pessoa frágil e incapaz de algum ato. O termo é</p><p>geralmente atribuído a mulheres, crianças e idosos, que possuem maior fragilidade</p><p>perante outros grupos da sociedade.</p><p>Na sociedade, um indivíduo vulnerável é aquele possui condições sociais, culturais,</p><p>políticas, étnicas, econômicas, educacionais e de saúde diferente de outras pessoas,</p><p>tornando uma situação desigual. O fato de existirem indivíduos em uma situação</p><p>vulnerável faz com que tenha uma desigualdade na sociedade.</p><p>O Legislador brasileiro adotou concepções distintas de vulnerabilidade, ou seja, na</p><p>ótica do legislador existe duas espécies ou modalidade de vulnerabilidade.</p><p>VULNERABILIDADE ABSOLUTA que se refere ao menor de 14 anos (art. 217-</p><p>A) e VULNERABILIDADE RELATIVA que se refere ao menor de 18 anos,</p><p>empregada ao contemplar a figura do favorecimento da prostituição ou outra forma</p><p>de exploração sexual (art. 218-B).</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso</p><p>com menor de 14 (catorze) anos:</p><p>Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.</p><p>§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas</p><p>no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não</p><p>tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por</p><p>qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.</p><p>§ 2o (VETADO)</p><p>§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.</p><p>§ 4o Se da conduta resulta morte:</p><p>Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.”</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art217a</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm</p><p>Questões relevantes</p><p>A prática do estupro com violência presumida em continuidade</p><p>delitiva, estendendo- se para além da entrada em vigor da Lei</p><p>12.015/09 e o enunciado n° 711, da Súmula do STF.</p><p>INFORMATIVO 725, STF, CLIPPING</p><p>AG. REG. NO RE EM HC N. 97.664-DF</p><p>RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI</p><p>EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS</p><p>CORPUS. PENAL. ESTUPRO CONTRA VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS. ART.</p><p>213 C/C ART. 224, A, DO CP, COM REDAÇÃO ANTERIOR À LEI 12.015/2009.</p><p>VIOLÊNCIA PRESUMIDA. CARÁTER ABSOLUTO. PRECEDENTES.</p><p>AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.</p><p>1. A jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal reafirmou o</p><p>caráter absoluto da presunção de violência no crime de estupro contra vítima</p><p>menor de catorze anos (art. 213 c/c art. 224, “a”, do CP, com a redação anterior</p><p>à Lei 12.015/2009), sendo irrelevantes, para tipificação do delito, o</p><p>consentimento ou a compleição física da vítima. Precedentes.</p><p>2. Agravo regimental a que se nega provimento.</p><p>A hediondez do estupro de vulnerável;</p><p>É crime hediondo, conforme art. 1º, IV, da Lei 8072/90.</p><p>Ação penal no estupro de vulnerável.</p><p>ART. 225 do Código Penal.</p><p>JURISPRUDÊNCIA:</p><p>INFORMATIVO 555, STJ, (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. CONSUMAÇÃO DO CRIME DE ATENTADO</p><p>VIOLENTO AO PUDOR MEDIANTE VIOLÊNCIA PRESUMIDA.</p><p>Considera-se consumado o delito de atentado violento ao pudor cometido por</p><p>agente que, antes da vigência da Lei 12.015/2009, com o intuito de satisfazer sua</p><p>lascívia, levou menor de 14 anos a um quarto, despiu-se e começou a passar as</p><p>mãos no corpo da vítima enquanto lhe retirava as roupas, ainda que esta tenha</p><p>fugido do local antes da prática de atos mais invasivos. Considerar consumado</p><p>atos libidinosos diversos da conjunção carnal somente quando invasivos, ou seja,</p><p>nas hipóteses em que há introdução do membro viril nas cavidades oral, vaginal ou</p><p>anal da vítima, não corresponde ao entendimento do legislador, tampouco ao da</p><p>doutrina e da jurisprudência acerca do tema. Conforme ensina a doutrina, libidinoso</p><p>é ato lascivo, voluptuoso, que objetiva prazer sexual; aliás, libidinoso é espécie do</p><p>gênero atos de libidinagem, que envolve também a conjunção carnal. Nesse</p><p>contexto, o aplicador precisa aquilatar o caso concreto e concluir se o ato praticado</p><p>foi capaz de ferir ou não a dignidade sexual da vítima. Quando o crime é praticado</p><p>contra criança, um grande número de outros atos (diversos da conjunção carnal)</p><p>contra vítima de tenra idade, são capazes de lhe ocasionar graves consequências</p><p>psicológicas, devendo, portanto, ser punidos com maior rigor. Conforme já</p><p>consolidado pelo STJ: "o ato libidinoso diverso da conjunção carnal, que caracteriza</p><p>o delito tipificado no revogado art. 214 do CP, inclui toda ação atentatória contra o</p><p>pudor praticada com o propósito lascivo, seja sucedâneo da conjunção carnal ou</p><p>não, evidenciando-se com o contato físico entre o agente e a vítima durante o</p><p>apontado ato voluptuoso" (AgRg no REsp 1.154.806-RS, Sexta Turma, DJe</p><p>21/3/2012). Por certo, não há como classificar, com rigidez preestabelecida, os</p><p>contatos físicos que configurariam o crime de atentado violento ao pudor em sua</p><p>forma consumada. Cada caso deve ser analisado pelo julgador de maneira artesanal,</p><p>e algumas hipóteses menos invasivas entre pessoas adultas poderão, singularmente,</p><p>até mesmo afastar a configuração do crime sexual, permanecendo, residualmente, a</p><p>figura contravencional correspondente. Na hipótese em análise, entretanto, ficou</p><p>evidenciada a prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal em desfavor da</p><p>vítima em um contexto no qual o réu satisfez sua lascívia ao acariciar o corpo nu do</p><p>menor. Ressalta-se, por fim, que a proteção integral à criança, em especial no que se</p><p>refere às agressões sexuais, é preocupação constante de nosso Estado,</p><p>constitucionalmente garantida (art. 227,caput e § 4º, da CF), e de instrumentos</p><p>internacionais. REsp 1.309.394-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em</p><p>3/2/2015, DJe 20/2/2015.</p><p>USO DE MENOR PARA</p><p>SATISFAZER A LASCÍVIA DE</p><p>OUTREM (CORRUPÇÃO DE</p><p>MENORES) ART. 218</p><p>O legislador não atribuiu nomen juris a esta figura penal. CEZAR ROBERTO</p><p>BITENCOURT denomina “uso de menor para satisfazer a lascívia de outrem”. Já</p><p>ROGÉRIO GRECO mantém o nomen juris do texto anterior, ou seja, “corrupção de</p><p>menores.</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela-se a dignidade sexual do vulnerável menor de 14 anos. ROGÉRIO GRECO</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201309394</p><p>entende que além da dignidade sexual do menor de 14 anos, tutela-se também o</p><p>direito o direito a um desenvolvimento sexual condizente com a sua idade</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivo e normativo)</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente</p><p>no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o</p><p>objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente o elemento subletivo geral, ou seja, o DOLO,</p><p>consistente na vontade consciente de induzir a vítima a satisfazer a lascívia alheia,</p><p>devendo o agente ter ciência de que pratica a conduta em face de menor de 14 anos.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar o crime, ou seja</p><p>homem ou mulher..</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, ou seja, homem ou mulher.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se com a prática de qualquer ato pela vítima destinado a</p><p>satisfazer a lascívia de outrem, não</p><p>se exigindo efetiva satisfação sexual desse</p><p>terceiro.</p><p>Tentativa – é perfeitamente possível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado se produz de imediato); quanto</p><p>ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no mundo exterior);</p><p>CRIME COMISSIVO (os verbos implicam em ação, excepcionalmente pode ser</p><p>omissivo impróprio); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura</p><p>culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio,</p><p>forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato,</p><p>não se alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em</p><p>regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a</p><p>lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de</p><p>2009)</p><p>Revogação da Lei 2.252/54 e a alteração promovida na Lei 8.069/90</p><p>A corrupção de menores prevista na lei 2252/54 foi revogada, porém não houve</p><p>abolitio criminis, vez que a conduta continua sendo típica, ou seja, agora a conduta</p><p>está prevista no art. 244-B da Lei 8069/90.</p><p>O tipo do art. 218 do CP não se confunde com o art. 244-B da Lei 8069/90.</p><p>Primeiro porque o art. 218 do CP trata especificamente de conduta lesiva à</p><p>dignidade sexual, é especial em relação ao art. 244-B do ECA, que é aplicável à</p><p>coautoria e à participação, com menor de 18 anos, em infração penal de qualquer</p><p>natureza (crime ou contravenção). Segundo porque os elementos constitutivos dos</p><p>respectivos tipos penais são diversos. No art. 218 do CP o crime consiste em induzir</p><p>menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem; no art. 244-B do ECA o crime</p><p>reside em corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 anos, com ele</p><p>praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la</p><p>AÇÃO PENAL</p><p>É pública incondicionada (art. 225, CP)</p><p>JURISPRUDÊNCIA CORRUPÇÃO DE MENORES</p><p>INFORMATIVO 518, STJ, (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. CONSUMAÇÃO NO CRIME DE CORRUPÇÃO DE</p><p>MENORES.</p><p>A simples participação de menor de dezoito anos em infração penal cometida</p><p>por agente imputável é suficiente à consumação do crime de corrupção de</p><p>menores — previsto no art. 1º da revogada Lei n. 2.252/1954 e atualmente</p><p>tipificado no art. 244-B do ECA —, sendo dispensada, para sua configuração,</p><p>prova de que o menor tenha sido efetivamente corrompido. Isso porque o delito</p><p>de corrupção de menores é considerado formal, de acordo com a jurisprudência do</p><p>STJ. HC 159.620-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em</p><p>12/3/2013.</p><p>INFORMATIVO 393, STJ, (5ª TURMA)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art2</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC159620</p><p>CORRUPÇÃO. MENOR. CRIME DE PERIGO.</p><p>A Turma denegou a ordem por considerar, no caso, de rigor a condenação do</p><p>paciente pela prática do crime de corrupção de menores previsto no art. 1º da Lei n.</p><p>2.252/1954, que é de perigo, sendo descipienda, portanto, a demonstração de efetiva</p><p>e posterior corrupção penal do menor. No caso dos autos, não ficou demonstrado</p><p>conforme consignado no acórdão recorrido, que o menor participante da conduta</p><p>delituosa tivesse passagens pelo juízo da infância e da juventude pela prática de atos</p><p>infracionais ou, ainda, que tenha sido o mentor do crime de roubo. Observa o Min.</p><p>Relator, quanto à anterior inocência moral do menor, que essa se presume iuris</p><p>tantum (não iuris et de iure) como pressuposto fático do tipo. Explica que quem já</p><p>foi corrompido logicamente não pode ser vítima de corrupção, todavia não é</p><p>possível que o réu adulto tenha a seu favor a presunção de inocência e o menor</p><p>envolvido tenha contra si uma presunção oposta. Precedentes citados: REsp</p><p>852.716-PR, DJ 19/3/2007; REsp 853.350-PR, DJ 18/12/2006, e REsp 822.977-RJ,</p><p>DJ 30/10/2006. HC 128.267-DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 5/5/2009.</p><p>SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA</p><p>MEDIANTE PRESENÇA DE</p><p>CRIANÇA OU ADOLESCENTE</p><p>(ART. 218-A)</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>A liberdade sexual em sentido amplo dos menores de 14 anos.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente</p><p>no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o</p><p>objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: há o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO, que é a</p><p>vontade consciente de praticar as ações descritas no tipo penal e o ELEMENTO</p><p>SUBJETIVO DO TIPO que se verifica pela expressão “a fim de satisfazer lascívia</p><p>própria ou de outrem.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum pode ser praticado por qualquer pessoa.</p><p>SUJEITO PASSIVO – somente pode ser o menor de 14 anos, tanto do sexo</p><p>masculino como do feminino.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20128267</p><p>Consumação – há duas modalidades distintas de condutas. A) praticar ato de</p><p>libidinagem (conjunção carnal ou outro ato libidinoso) na presença de menor e b)</p><p>induzir a presenciá-lo. Na modalidade PRATICAR, como crime material, consuma-</p><p>se com a efetiva prática de ato libidinoso, na presença de menor de 14 anos. Na</p><p>modalidade INDUZIR a presenciá-lo, também como crime material (para alguns</p><p>formal), consuma-se com o efetivo induzimento, ou seja, quando a vítima é</p><p>convencida pelo agente a presenciar a prática de conjunção carnal ou outro ato</p><p>libidinoso</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM na receptação própria (aquele que não exige qualquer</p><p>condição especial do sujeito ativo); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado se produz</p><p>de imediato); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL; CRIME COMISSIVO (é</p><p>da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma</p><p>ação positiva); CRIME DOLOSO (não há figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.)</p><p>Figuras típicas</p><p>“Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou</p><p>adolescente</p><p>Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze)</p><p>anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato</p><p>libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.”</p><p>Forma de promoção da ação penal.</p><p>Art. 225 do CP</p><p>FAVORECIMENTO DA</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a</p><p>PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA</p><p>FORMA DE EXPLORAÇÃO</p><p>SEXUAL DE CRIANÇA OU</p><p>ADOLESCENTE OU DE</p><p>VULNERÁVEL (ART. 218- B) -</p><p>Rubrica alterada pela Lei 12.978/14</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É genericamente a dignidade sexual de pessoa definida como vulnerável, sendo</p><p>certo que no art. 218-B vulnerável é o menor de 18 anos (nos outros dispositivos é o</p><p>menor de 14 anos).</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivo e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente</p><p>no mundo dos fatos e só precisam ser</p><p>descritos pela norma, como por exemplo, o</p><p>objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO, que é a vontade</p><p>consciente de praticar as ações descritas no tipo penal .</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.</p><p>SUJEITO PASSIVO – somente pode ser o menor de 18 anos, tanto do sexo</p><p>masculino como do sexo feminino..</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – é desnecessário para a consumação que a vítima se entregue à</p><p>prostituição com a multiplicidade de relações carnais, pois o que se objetiva é a</p><p>resolução ou deliberação da vítima de dedicar-se à prostituição, podendo</p><p>caracterizar-se com a frequência a estabelecimento adequado, pelo modo de vida</p><p>etc.</p><p>Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também</p><p>multa (§ 1º)</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa em todas as hipóteses.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL; CRIME COMISSIVO (é</p><p>da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma</p><p>ação positiva); CRIME DOLOSO, não há modalidade culposa; CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>HABITUAL, ou seja, constitui-se de atos que, isoladamente, são penalmente</p><p>irrelevantes; CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por</p><p>um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>ART. 218-B COMO CRIME HEDIONDO</p><p>De acordo com a Lei LEI Nº 12.978, DE 21 MAIO DE 2014. foi acrescentado o inciso</p><p>VIII ao art. 1º da Lei 8072/90. Assim, tal crime é tipificado como hediondo.</p><p>Art. 2º O art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,</p><p>passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VIII:</p><p>"Art. 1º ....................................................................................</p><p>.................................................................................................</p><p>........</p><p>VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de</p><p>exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável</p><p>(art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).</p><p>OBS – FERNANDO CAPEZ entende que tal crime não é habitual,</p><p>bastando seja praticada uma única ação de induzir, atrair etc. para</p><p>a consumação</p><p>Figuras típicas</p><p>Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra</p><p>forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que,</p><p>por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário</p><p>discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que</p><p>a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº</p><p>12.015, de 2009)</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.978-2014?OpenDocument</p><p>http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L8072.htm#art1viii</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem</p><p>econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de</p><p>2009)</p><p>§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de</p><p>2009)</p><p>I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com</p><p>alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação</p><p>descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se</p><p>verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei</p><p>nº 12.015, de 2009)</p><p>§ 3</p><p>o</p><p>Na hipótese do inciso II do § 2</p><p>o</p><p>, constitui efeito obrigatório da</p><p>condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento</p><p>do estabelecimento.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3</p><p>SEMANA 10</p><p>Mediação para servir à lascívia de</p><p>outrem - art. 227, do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a moralidade pública sexual, objetivando particularmente, evitar o incremento e</p><p>o desenvolvimento da prostituição. LENOCÍNIO significa prestar assistência ou</p><p>auxiliar à vida de libertina de outrem, ou dela tirar proveito.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de induzir a vítima a satisfazer a lascívia de outrem).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Da leitura</p><p>do tipo penal percebe-se que a mediação pressupõe um triângulo constituído pelo</p><p>sujeito ativo (lenão), a vítima (pessoa induzida a satisfazer a lascívia de outrem) e o</p><p>“destinatário” da atividade criminosa do primeiro. Este (consumidor) não pode ser</p><p>considerado coautor do crime, ainda que haja instigado o mediador, pois a norma exige</p><p>o fim de satisfazer a lascívia de outrem ( e não a própria)</p><p>SUJEITO PASSIVO – pode ser qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a prática do ato que importe na satisfação da</p><p>lascívia de outrem, independentemente deste considerar-se satisfeito. NÃO É CRIME</p><p>HABITUAL.</p><p>Tentativa – é admissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima); CRIME</p><p>COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não</p><p>há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser</p><p>praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a</p><p>consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.)</p><p>Favorecimento da prostituição ou</p><p>outra forma de exploração sexual -</p><p>art. 228, do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>A exemplo do art. 218-B pune-se o favorecimento da prostituição ou outra forma de</p><p>exploração sexual, porém, agora, a vítima já não é criança ou adolescente.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: é o DOLO (vontade livre e consciente de induzir ou atrair alguém</p><p>à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la ou impedir que alguém a</p><p>abandone). É controvertido na doutrina se há ou não o especial fim de agir (elemento</p><p>subjetivo específico). Para LUIZ REGIS PRADO há sim elemento subjetivo específico</p><p>que é representado pelo especial fim e satisfazer a lascívia alheia, já CEZAR</p><p>ROBERTO BITENCOURT entende que somente há dolo e não há elemento subjetivo</p><p>específico.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa.</p><p>SUJEITO PASSIVO – pode ser qualquer pessoa não menor de 18 anos, seja homem ou</p><p>mulher.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – nas modalidades induzir , atrair e facilitar consuma-se o delito no</p><p>momento em que a vítima passa a se dedicar à prostituição ou outra forma de</p><p>exploração sexual, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes, ainda</p><p>que não tenha atendido nenhum. Já na modalidade impedir ou dificultar o abandono da</p><p>exploração sexual o crime se consuma no momento em que a vítima delibera por deixar</p><p>a atividade e o agente obsta esse intento, protraindo a consumação durante todo o</p><p>período de embaraço (crime permanente)</p><p>Tentativa – é perfeitamente possível em todas as modalidades.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima); CRIME</p><p>COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não</p><p>há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser</p><p>praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a</p><p>consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo) nos verbos induzir,</p><p>atrair e facilitar e PERMANENTE (o crime se alonga no tempo) nos verbos impedir e</p><p>dificultar; CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um</p><p>agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no</p><p>entanto, integram a mesma conduta.). CAPEZ entende que o crime não é habitual, já</p><p>BITENCOURT entende que tal crime é habitual.</p><p>Casa de prostituição - art. 229, do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Com a nova rubrica do Capítulo V,mudou-se o foco da proteção jurídica. Tem-se em</p><p>vista, agora, principalmente, a proteção da dignidade do indivíduo, sob o ponto de vista</p><p>sexual.secundariamente,protege também os bons costumes.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: é o dolo, consistente na vontade consciente de manter</p><p>estabelecimento em que ocorre exploração sexual, dispensando, com a nova redação,</p><p>elemento subjetivo especial do injusto, consistente na intenção de satisfazer a lascívia</p><p>alheia</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser qualquer pessoa que mantenha</p><p>estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja ou não intuito de lucro ou a</p><p>intermediação direta dele.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é a vítima de exploração sexual (homem ou mulher). A</p><p>coletividade, secundariamente, também é vítima desse crime..</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a manutenção do estabelecimento, lembrando</p><p>que se trata de delito habitual.</p><p>Tentativa – por se tratar de crime habitual, não é possível a tentativa.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL ( para consumar-se não exige,</p><p>como resultado, a efetiva degradação da moral sexual, em sentido contrário Nucci</p><p>entende ser crime MATERIAL, ou seja, para consumar-se exigiria a efetiva exploração</p><p>sexual); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME</p><p>DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE</p><p>(pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a</p><p>consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.) e HABITUAL (constitui-se de atos que, isoladamente, são</p><p>penalmente irrelevantes)</p><p>HABITUALIDADE DO DELITO</p><p>A conduta incriminada é representada pelo verbo manter que significa sustentar,</p><p>conservar ou custear estabelecimento em que ocorra exploração sexual, em outros</p><p>termos o crime consiste em manter esses locais. O verbo manter implica a ideia de</p><p>continuidade, de reiteração, da repetição da mesma ação, que não se confunde com a</p><p>permanência, cuja ação única alonga-se no tempo.</p><p>Rufianismo - art. 230, do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a dignidade sexual e a moralidade sexual, esta na medida em que o rufião vive da</p><p>prostituição alheia.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: é o DOLO, consistente na vontade livre e consciente de tirar</p><p>proveito da prostituição alheia, participando dos seus lucros, ou ser por ela sustentado,</p><p>ainda que em parte. Não há elemento subjetivo específico</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar o crime.</p><p>SUJEITO PASSIVO – a pessoa que exerce a prostituição (homem ou mulher), ou seja,a</p><p>pessoa que se presta ao comércio carnal.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a participação reiterada do rufião no</p><p>recebimento dos lucros, bem como da sua manutenção à custa da prostituta. Há</p><p>necessidade de habitualidade.</p><p>OBS – é perfeitamente possível concurso material entre casa de exploração sexual e</p><p>rufianismo, permanecendo atual (e aplicável) o entendimento do STJ no sentido de que</p><p>o art. 229 do CP não fica absorvido pelo art. 230 (RSTJ 134/525).</p><p>Tentativa – é inadmissível por se tratar de crime habitual.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima); CRIME</p><p>COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não</p><p>há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser</p><p>praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a</p><p>consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.) e HABITUAL (constitui-se de atos que, isoladamente, são</p><p>penalmente irrelevantes)</p><p>HABITUALIDADE DO DELITO</p><p>A conduta incriminada é representada pelo verbo manter que significa sustentar,</p><p>conservar ou custear estabelecimento em que ocorra exploração sexual, em outros</p><p>termos o crime consiste em manter esses locais. O verbo manter implica a ideia de</p><p>continuidade, de reiteração, da repetição da mesma ação, que não se confunde com a</p><p>permanência, cuja ação única alonga-se no tempo.</p><p>Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração</p><p>sexual. - art. 231 - do Código Penal REVOGADO</p><p>PELA LEI Nº 13.344, DE 6 DE</p><p>OUTUBRO DE 2016.</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Moralidade pública sexual.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento</p><p>subjetivo: é o dolo, consistente na vontade consciente dirigida à prática da</p><p>ação tipificada. Há também elemento específico do tipo consistente na exploração</p><p>sexual.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser qualquer pessoa.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a entrada ou saída da pessoa no território</p><p>nacional. O exercício da prostituição, se ocorrer, constituirá exaurimento do crime.</p><p>Tentativa – é possível a tentativa.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.344-2016?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.344-2016?OpenDocument</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (para consumar-se não exige</p><p>resultado naturalístico); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de</p><p>uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.).</p><p>Tráfico interno de pessoa para fim de exploração</p><p>sexual. art. 231 -A - do Código Penal REVOGADO</p><p>PELA LEI Nº 13.344, DE 6 DE</p><p>OUTUBRO DE 2016.</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Moralidade pública sexual.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: é o dolo, consistente na vontade consciente dirigida à prática da</p><p>ação tipificada. Há também elemento específico do tipo consistente na exploração</p><p>sexual.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser qualquer pessoa.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a efetiva prática de qualquer das condutas</p><p>descritas no tipo.</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.344-2016?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.344-2016?OpenDocument</p><p>Tentativa – é possível a tentativa.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (para consumar-se não exige</p><p>resultado naturalístico); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de</p><p>uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.).</p><p>Ato obsceno - art. 233, do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Os bens jurídicos protegidos são a moralidade pública e o pudor</p><p>público,particularmente no que se refere ao aspecto sexual.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: é o DOLO, consistente na vontade consciente de praticar ato</p><p>obsceno em local público, aberto ou exposto ao público, sendo que, de acordo com a</p><p>maioria da doutrina, não especial fim de agir, ou seja, elemento subjetivo específico,</p><p>porém NUCCI entende que há elemento subjetivo específico, consistente na vontade de</p><p>ofender o pudor alheio.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é a coletividade (chama-se de crime vago que é aquele que tem</p><p>por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, como a família,o público ou a</p><p>sociedade), além de qualquer pessoa que presencie o ato, que nesse caso também</p><p>assume a condição de sujeito passivo.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime coma prática do ato obsceno, sendo irrelevante a</p><p>presença de outras pessoas ou que estas se sintam ofendidas</p><p>Tentativa – é admissível, embora difícil de configurar. Já DAMÁSIO não admite a</p><p>tentativa, ou seja, ou o sujeito pratica o ato que seja obsceno, e o crime será consumado,</p><p>ou não pratica, e, nesta hipótese, não existe início de execução passível de interrupção.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (para consumar-se não exige,</p><p>como resultado, a efetiva ofensa ao pudor de alguém ou que tenha realmente sido</p><p>presenciado); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.)</p><p>A adequação social de determinadas condutas que anteriormente</p><p>poderiam ser classificadas como obscenas - Topless; Beijo lascivo;</p><p>micção em público e outros exemplos.</p><p>Processo : 0007551-33.2008.8.19.0006 (2011.700.027580-1)</p><p>O entendimento jurisprudencial majoritário tem sido no sentido da atipicidade da</p><p>conduta descrita nos autos, de urinar em via pública, conforme decisão já proferida pela</p><p>2ª Turma Recursal e transcrita pelo apelante, sendo que na última reunião dos Juízes das</p><p>Turmas Recursais foi decidido que, na hipótese, cabível a análise caso a caso, de forma</p><p>a se aferir da prova dos autos se o agente agiu com o dolo necessário à prática do delito</p><p>que lhe é imputado ato obsceno, que tem como elemento subjetivo a intenção de</p><p>ofender o pudor público. A conduta de urinar em via pública, apesar de reprovável, não</p><p>se confunde com a exposição gratuita e deliberada do órgão genital. Tal conduta tem</p><p>por objetivo o atendimento a necessidade fisiológica premente, sendo que, em via de</p><p>regra, seus autores procuram ocultar de alguma forma o órgão genital. Na hipótese dos</p><p>autos, relatou a denúncia, em consonância com o constante do registro de ocorrência,</p><p>apenas que "o denunciado, consciente e voluntariamente, praticou ato obsceno em lugar</p><p>público, ao urinar em logradouro público". Nada foi descrito na denúncia, nem no</p><p>registro de ocorrência, acerca de elementos fáticos a indicar ter o réu agido com o dolo</p><p>necessário à prática do delito do ato obsceno.</p><p>http://srv85.tjrj.jus.br/consultaConselho/consultaProcesso.do?todosMovimentos=N&txtNumero=20117000275801&CNJ=0007551-33.2008.8.19.0006</p><p>Escrito ou objeto obsceno - art. 234,</p><p>do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela-se o pudor público e a moralidade pública.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: é o DOLO (elemento subjetivo genérico), isto é, a vontade livre e</p><p>consciente de praticar uma das condutas típicas, e o elemento</p><p>subjetivo específico, ou</p><p>seja, a finalidade de comércio, de distribuição ou de exposição pública.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – será a coletividade. Também será vítima a pessoa que tiver</p><p>contato com o escrito ou objeto obsceno.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a prática de uma das ações típicas,</p><p>independentemente da efetiva ofensa ao pudor público (bastando a potencialidade do</p><p>dano).</p><p>Tentativa – é perfeitamente possível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (para consumar-se não exige,</p><p>como resultado, a efetiva ofensa ao pudor de alguém); CRIME COMISSIVO (o verbo</p><p>nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a</p><p>figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio,</p><p>forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se</p><p>alongando no tempo), salvo na modalidade “ter sob sua guarda” que é PERMANENTE;</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.)</p><p>Princípio da adequação social</p><p>Embora o art. 234 do CP continue em vigor e só outra lei possa revogá-lo, tais condutas</p><p>não devem ser punidas, uma vez que o sentimento comum de pudor público, bem</p><p>jurídico tutelado, se modificou, não restando mais atingidos por elas, e ainda em face do</p><p>princípio da adequação social, que é uma das causas supralegais de exclusão da</p><p>tipicidade,hoje aceito pela doutrina moderna.</p><p>Conflito aparente com os delitos da Lei 8.069/90 (E.C.A.).</p><p>ART. 241 DA LEI 8069/90</p><p>SEMANA 11</p><p>Bigamia - Art. 235 do Código</p><p>Penal.</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a organização da família.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de celebrar novo matrimônio, já sendo casado).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime próprio, ou seja, homem ou mulher que contrai novo</p><p>casamento.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o Estado e o cônjuge do primeiro casamento.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a celebração do segundo casamento.</p><p>Tentativa – é admissível</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que exige qualquer condição especial do sujeito</p><p>ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no mundo</p><p>exterior); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>VINCULADA (somente pode ser cometido com a contração de um novo casamento que</p><p>exige de uma série de formalidades legais); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS</p><p>PERMANENTES (a consumação não se alonga no tempo, embora seus efeitos</p><p>perdurem, não se alongando no tempo); CRIME PLURISSUBJETIVO</p><p>(necessariamente deve ser praticado por mais de uma pessoa, mesmo que uma delas não</p><p>seja impedida de casar-se, é também conhecido como CRIME DE CONCURSO</p><p>NECESSÁRIO); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários</p><p>atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Confronto entre os delitos de bigamia e falsidade ideológica.</p><p>Se para cometer o crime de bigamia o agente, obrigatoriamente, também pratica como</p><p>crime-meio, o delito de falsidade ideológica (art. 299, CP), fazendo inserir declaração</p><p>falsa (estado civil de solteiro) em documento público, fica a falsidade ideológica</p><p>absorvida pelo crime de bigamia.</p><p>Questões relevantes:</p><p>A causa de exclusão de tipicidade prevista no art. 235, § 2º, CP.</p><p>Nos termos do § 2º do art. 235 do CP se for anulado o primeiro casamento, por qualquer</p><p>razão, ou o posterior, por motivo diverso da bigamia, considera-se inexistente o crime.</p><p>Desta forma, enquanto não sobrevier a declaração de nulidade ou anulabilidade de um</p><p>dos casamentos, é possível o reconhecimento da bigamia.</p><p>Termo Inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença</p><p>final previsto no art.111, IV, do CP</p><p>De acordo com o art. 111, IV, do CP, a prescrição, antes de transitar em julgado a</p><p>sentença final, começa a correr nos crimes de bigamia da data em que o fato se tornou</p><p>conhecido. Portanto, trata-se de exceção à regra de que a prescrição se inicia no dia em</p><p>que o crime se consumou.</p><p>Induzimento a erro essencial e</p><p>ocultação de impedimento - Art.</p><p>236 do Código Penal.</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a organização da família.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de induzir a vítima em erro essencial ou ocultando-lhe impedimento).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o Estado e o outro contraente que esteja de boa-fé.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a celebração do casamento.</p><p>Tentativa – por força do Parágrafo Único do art. 236 do CP a tentativa é juridicamente</p><p>inadmissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma</p><p>ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA VINCULADA (somente pode ser praticado da forme determinada pela lei);</p><p>CRIME INSTANTÂNEO (a consumação não se alonga no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Questão relevante: forma de propositura da ação penal e a condição</p><p>específica de procedibilidade da ação penal.</p><p>Trata-se de crime de ação penal de iniciativa privada, ou seja, exclusiva do contraente</p><p>enganado (ação penal privada personalíssima). Portanto, somente pode ser instaurada</p><p>mediante queixa do cônjuge ofendido, após o trânsito em julgado da sentença que</p><p>decretou a nulidade do matrimônio (condição de procedibilidade).</p><p>Conhecimento de impedimento</p><p>prévio - Art. 237 do Código Penal.</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a organização da família.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de contrair casamento conhecendo a existência de impedimento legal</p><p>que lhe cause a nulidade absoluta).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o Estado e o outro contraente de boa-fé.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime no momento da celebração do casamento.</p><p>Tentativa – é admissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo);</p><p>quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior) Rogério Greco e Guilherme de Souza Nucci entendem que é</p><p>FORMAL; CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>VINCULADA (somente pode ser praticado da forme determinada pela lei); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (a consumação não se alonga no</p><p>tempo, embora seus efeitos perdurem, não se alongando no tempo); CRIME</p><p>PLURISSUBJETIVO (necessariamente deve ser praticado por mais de uma pessoa,</p><p>mesmo que uma delas não seja impedida de casar-se, é também conhecido como</p><p>CRIME DE CONCURSO NECESSÁRIO); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta)</p><p>Simulação de autoridade para</p><p>celebração de casamento - Art.</p><p>238 do Código Penal.</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela o matrimônio.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: FALSAMENTE ao contrário dos descritivos, seu significado não</p><p>se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica,</p><p>social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento</p><p>humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”,</p><p>“documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de atribuir-se, falsamente autoridade para celebração de casamento).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o Estado e os cônjuges de boa-fé.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime o delito com o simples ato de o agente atribuir-se</p><p>falsa autoridade, independentemente da efetiva realização do casamento.</p><p>Tentativa – é admissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não precisa causar</p><p>transformação no mundo exterior); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo);</p><p>CRIME INSTANTÂNEO (a consumação não se alonga no tempo); CRIME</p><p>PLURISSUBJETIVO (necessariamente deve ser praticado por mais de uma pessoa,</p><p>mesmo que uma delas não seja impedida de casar-se, é também conhecido como</p><p>CRIME DE CONCURSO NECESSÁRIO); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Questões relevantes:</p><p>A subsidiariedade do delito e confronto com o delito de usurpação de</p><p>função publica.</p><p>Por força de preceito legal o delito é subsidiário. É necessário fazer distinção com o art.</p><p>328 do CP, isto é, se a conduta for praticada com vistas à obtenção de vantagem o crime</p><p>será o de usurpação de função pública.</p><p>Simulação de casamento - Art.</p><p>239 do Código Penal</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela o matrimônio.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "ENGANO" ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de enganar o outro contraente simulando casamento, por meio de</p><p>engano).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o Estado e o cônjuge enganado.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a simulação do casamento</p><p>Tentativa – é admissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não precisa causar</p><p>transformação no mundo exterior); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA VINCULADA (somente pode ser praticado da forme determinada</p><p>pela lei); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação não se alonga no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Questões relevantes:</p><p>A subsidiariedade do delito e confronto com o delito de violação sexual</p><p>mediante fraude.</p><p>Por força de preceito legal o delito é subsidiário. Em razão da subsidiariedade expressa</p><p>se a simulação do casamento for meio fraudulento utilizado pelo agente para obter a</p><p>posse sexual responderá pelo art. 215 do CP.</p><p>Registro de nascimento</p><p>inexistente - art. 241 do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a segurança do estado de filiação (paternidade, maternidade e a filiação) e a fé</p><p>pública dos documentos oficiais.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de promover o registro civil de nascimento inexistente).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – são todas as pessoas que de alguma forma sejam prejudicadas</p><p>pelo registro falso, devendo-se, contudo, ter a cautela de não confundir sujeita passivo</p><p>com prejudicados pelo crime.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a efetiva inscrição no registro civil das</p><p>pessoas naturais de nascimento inexistente, independentemente da ocorrência efetiva de</p><p>prejuízo para alguém.</p><p>Tentativa – é admissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma</p><p>ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (a consumação não se alonga no</p><p>tempo, embora seus efeitos perdurem, não se alongando no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta.)</p><p>Início da contagem do prazo prescricional</p><p>De acordo com o art. 111, IV, do CP, a prescrição, antes de transitar em julgado a</p><p>sentença final, começa a correr nos crimes de falsificação ou alteração de assentamento</p><p>do registro civil da data em que o fato se tornou conhecido. Portanto, trata-se de</p><p>exceção à regra de que a prescrição se inicia no dia em que o crime se consumou.</p><p>OBS – ESTE CRIME ABSORVE O CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA,</p><p>PELA ESPECIALIDADE E PELA CONSUNÇÃO.</p><p>Parto Suposto - art. 242</p><p>do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a segurança do estado de filiação e a fé pública dos documentos oficiais.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: o tipo subjetivo é composto, em todas as condutas descritas, pelo</p><p>DOLO, representado pela vontade consciente de praticar as ações incriminadas, isto é,</p><p>dar parto alheio como próprio, registrar falsamente o filho alheio como próprio, ocultar</p><p>recém-nascido com a finalidade de suprimir ou alterar direitos inerentes a seu estado</p><p>civil ou substituir recém-nascido, com a finalidade de suprimir ou alterar direitos</p><p>inerentes a seu estado civil. Mas duas últimas modalidades, porém, o ELEMENTO</p><p>SUBJETIVO DO TIPO consiste no especial fim de suprimir direitos inerentes ao estado</p><p>civil dos neonatos.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – na modalidade “dar parto alheio como próprio” é somente a</p><p>mulher, ou seja, é crime próprio. Já nas demais modalidades qualquer pessoa pode</p><p>praticar, isto é trata-se de crime comum.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o Estado, bem como os herdeiros prejudicados, as pessoas</p><p>lesadas com o registro e os recém-nascidos.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a realização efetiva de qualquer das condutas</p><p>descritas no tipo penal, seja dando parto alheio como próprio, seja registrando filho</p><p>alheio como próprio, seja ocultando ou substituindo recém-nascido, de forma a suprimir</p><p>ou alterar direito inerente ao estado civil.</p><p>Tentativa – é admissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO na primeira modalidade e CRIME COMUM nas demais</p><p>modalidades; quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma</p><p>ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Início da contagem do prazo prescricional</p><p>De acordo com o art. 111, IV, do CP, a prescrição, antes de transitar em julgado a</p><p>sentença final, começa a correr nos crimes de falsificação ou alteração de assentamento</p><p>do registro civil da data em que o fato se tornou conhecido. Portanto, trata-se de</p><p>exceção à regra de que a prescrição se inicia no dia em que o crime se consumou.</p><p>Perdão Judicial</p><p>Na forma privilegiada poderá ser concedido o perdão judicial (ver súmula 18 do STJ)</p><p>Sonegação de estado de filiação -</p><p>art. 243 do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a segurança do estado de filiação e a fé pública dos documentos oficiais.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de deixar menor em asilo de expostos ou em local similar) e ELEMENTO</p><p>SUBJETIVO DO TIPO que consiste no especial fim de prejudicar direito inerente ao</p><p>estado civil.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o Estado, além da pessoa prejudicada em virtude do</p><p>comportamento praticado pelo sujeito ativo. Para BITENCOURT o Estado é sujeito</p><p>passivo secundário, sendo sujeito passivo primário o menor prejudicado.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a o efetivo abandono no local previsto e nas</p><p>condições mencionadas, verificando-se a ocultação ou a alteração do estado civil, desde</p><p>que logicamente, tenha a finalidade de prejudicar direito inerente à filiação.</p><p>Tentativa – é admissível.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo), no entanto na primeira modalidade é CRIME PRÓPRIO (Bitencourt);</p><p>quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no mundo</p><p>exterior) Rogério Greco entende que é FORMAL; CRIME COMISSIVO (o verbo</p><p>nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a</p><p>figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio,</p><p>forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se</p><p>alongando no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas</p><p>por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta.)</p><p>Abandono material - art. 244 do</p><p>CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a estrutura e o organismo familiar, particularmente sua preservação,</p><p>relativamente ao amparo material devido ascendentes, descendentes e cônjuge,</p><p>reciprocamente.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: há elemento normativo na expressão “sem justa causa”.</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de deixar de prover à subsistência, ou de faltar ao pagamento de</p><p>pensão, ou, ainda, de omitir socorro, nas diversas hipóteses previstas em lei.). O crime</p><p>de abandono material exige dolo próprio, não podendo ser confundido, por exemplo,</p><p>com mero inadimplemento de pensão alimentícia formalmente fixada judicialmente.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime próprio, são sujeitos ativos os cônjuges, genitores,</p><p>ascendente ou descendente.</p><p>SUJEITO PASSIVO – são o cônjuge, o filho menor de 18 anos ou inapto para o</p><p>trabalho, ascendente inválido ou maior de sessenta anos de idade, ascendente ou</p><p>descendente gravemente enfermo.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a recusa do agente em proporcionar os</p><p>recursos necessários à vítima, ou quando falta ao pagamento de pensão ou deixa de</p><p>prestar socorro.</p><p>Tentativa – é inadmissível, pois trata-se de crime omissivo próprio.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que causa transformação no</p><p>mundo exterior); CRIME OMISSIVO (é da essência do verbo nuclear – “deixar de“ –</p><p>que só pode ser praticado mediante ação negativa); CRIME DOLOSO (não há previsão</p><p>legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por</p><p>qualquer meio, forma ou modo); CRIME PERMANENTE (a consumação alonga-se no</p><p>tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um</p><p>agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no</p><p>entanto, integram a mesma conduta).</p><p>A classificação como tipo misto cumulativo e a ocorrência de concurso</p><p>de crimes quando a conduta afeta vários membros da família</p><p>Trata-sede tipo misto cumulativo, ou seja, cada verbo separado um do outro por ponto e</p><p>vírgula, tem independência conceitual e é referido a condutas totalmente autônomas,</p><p>reunidas num mesmo tipo.</p><p>De acordo com o Código Penal Comentado do professor Celso Delmanto “a ação de</p><p>deixar de prover a vários filhos e a mulher não configura concurso formal, pois a</p><p>ação punida é deixar de prover à família” (TACrSP, julgados 65/251, RT 518/385)</p><p>A justa causa como um conceito aberto.</p><p>De acordo com o tipo penal do art. 244 do CP somente haverá o crime se não houver</p><p>justa causa. A justa causa é um elemento de natureza normativa, que deverá ser</p><p>valorado no caso concreto a fim de se saber se, efetivamente, o agente,nas condições em</p><p>que se encontrava, podia ou não levar a efeito os comportamentos exigidos pelo art. 244</p><p>do CP.</p><p>Entrega de filho menor a pessoa</p><p>inidônea - art. 245 do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a assistência familiar. É direito dos filhos menores que os pais lhe propiciem a</p><p>devida assistência, criação e educação.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de entregar menor de dezoito anos a pessoa com a qual pode ficar em</p><p>perigo). Na hipótese de saber que pode correr perigo o dolo pode ser direto ou eventual;</p><p>na hipótese em que deve saber o elemento subjetivo só pode ser o dolo eventual.</p><p>OBS: FERNANDO CAPEZ entende que a expressão “deve saber” indica apenas que o</p><p>agente desconhecia o perigo, portanto trata-se de tipo culposo.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – somente serão os pais (legítimos ou adotivos). Outras pessoas,</p><p>mesmo tutor, não podem ser autor desse crime, a não ser pelo concurso de pessoas.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o filho menor de 18 anos, sendo irrelevante a natureza da</p><p>filiação, que é inclusive proibida pela CF..</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a entrega efetiva do menor (art. 245, caput),</p><p>ou na segunda hipótese com o auxílio nos atos praticados para enviar o menor ao</p><p>exterior (art. 245, § 2º).</p><p>Tentativa – é admissível, em borá de difícil configuração.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (somente podem praticá-lo os genitores, responsáveis</p><p>pelas ações tipificadas); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (não exige resultado</p><p>naturalístico para consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo);</p><p>CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no</p><p>tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um</p><p>agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no</p><p>entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Conflito aparente de normas com as figuras típicas previstas nos</p><p>artigos 238, da Lei 8.069/90.</p><p>Confrontando-se o art. 238 da Lei 8069/90 com o art. 245 do CP conclui-se pela</p><p>concomitante vigência de ambos. Entretanto, o art. 238 do ECA, por ser especial, afasta</p><p>a aplicação do art. 245 do CP, quando a situação concreta assim o exigir.o art. 245 do</p><p>CP fica reservado para outras hipóteses, mais genéricas, como o pai que entrega o filho</p><p>menor de 18 anos a pessoa de má reputação, para simples convivência, com ou sem</p><p>intuito de lucro, mas sem caráter definitivo.</p><p>Abandono intelectual - art. 246 do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela o direito à instrução fundamental dos filhos menores.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: há elemento normativo na expressão “sem justa causa”.</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de não cumprir o dever de dar educação, ou seja, deixar de prover a</p><p>instrução primária de filho em idade escolar, sem justa causa).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – são os pais do menor, sejam legítimos ou adotivos.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o filho em idade escolar obrigatória, qual seja, aquela a partir</p><p>de 4 anos.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime quando, por tempo juridicamente relevante, o</p><p>sujeito ativo, isto é, os pais, conjuntamente,ou qualquer deles, isoladamente, não</p><p>providencia a instrução fundamental do filho..</p><p>Tentativa – é inadmissível, pois trata-se de crime omissivo próprio.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (somente podem praticá-lo os genitores, responsáveis</p><p>pelas ações tipificadas); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (não exige resultado</p><p>naturalístico para consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo);</p><p>CRIME INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no</p><p>tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um</p><p>agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no</p><p>entanto, integram a mesma conduta).</p><p>A justa causa como elemento normativo do tipo - conceito aberto</p><p>De acordo com o tipo penal do art. 246 do CP somente haverá o crime se não houver</p><p>justa causa. A justa causa é um elemento de natureza normativa, que deverá ser</p><p>valorado no caso concreto.</p><p>O conceito de idade escolar para fins de caracterização da elementar</p><p>do tipo</p><p>LEI 9394/96</p><p>Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação</p><p>básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)</p><p>Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na</p><p>escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação</p><p>básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)</p><p>Tempo necessário para caracterizar o abandono intelectual</p><p>A doutrina tem se manifestado no sentido de que para caracterizar o delito de abandono</p><p>intelectual é necessário que o sujeito passivo tenha ficado sem a devida instrução por</p><p>um período de tempo juridicamente relevante.</p><p>Abandono moral - art. 247 do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a formação e educação moral do menor.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de permitir a liberalidade do menor em qualquer das formas previstas</p><p>no tipo penal). No inciso IV exige também o ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm#art3</p><p>consistente no especial fim de exercitar a comiseração pública (é a piedade, a pena, a</p><p>compaixão que a situação mendicante de alguém pode despertar na sociedade).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – serão não apenas os pais, mas qualquer pessoa a quem o menor foi</p><p>confiado, isto é, que o tenha sob seu poder, guarda ou vigilância.</p><p>SUJEITO PASSIVO – é o menor de 18 anos submetido ao poder ou confiado à guarda</p><p>ou vigilância do agente.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime quando o menor pratica quaisquer das condutas</p><p>previstas, no caso de permissão anterior; se a permissão for posterior à prática a</p><p>consumação dá-se com o assentimento.</p><p>Tentativa – é admissível somente se a permissão for antes da prática da conduta.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial</p><p>que seja</p><p>praticada mais de uma, haverá somente um único crime).</p><p>Natureza jurídica do resultado lesão corporal grave ou morte;</p><p>controvérsia: elementar do tipo penal ou condição de punibilidade.</p><p>Há divergência doutrinária se a morte ou lesão grave é condição de punibilidade da</p><p>participação em suicídio ou elemento do delito. Uma 1ª corrente entende tratar-se de</p><p>condição de punibilidade da participação em suicídio (Nélson Hungria); uma 2ª corrente</p><p>entende ser elemento do delito (Magalhães Noronha e Damásio)</p><p>Figuras típicas</p><p>Figura simples.</p><p>É a figura descrita no caput do art. 122 do CP</p><p>Induzir - significa suscitar a ideia, sugerir o suicídio.</p><p>Instigar - significa reforçar, estimular, encorajar um desejo já existente.</p><p>Prestar auxílio - consiste na prestação de ajuda material, que tem caráter meramente</p><p>secundário.</p><p>Figuras majoradas: motivo egoístico, menoridade da vitima</p><p>(capacidade de discernimento) e vítima com capacidade de resistência</p><p>diminuída.</p><p>Motivo egoístico - é aquele que diz respeito a interesse próprio, à obtenção de</p><p>vantagem pessoal. O sujeito visa tirar proveito do suicídio.</p><p>Vítima menor - é o menor de 18 e maior de 14 anos. Caso a vítima não tenha ainda</p><p>completado 14 anos haverá uma presunção no sentido da sua incapacidade de</p><p>discernimento e que conduzirá ao reconhecimento do homicídio.</p><p>Vítima com capacidade de resistência diminuída - se a vítima tem eliminada a</p><p>capacidade de resistir o delito será de homicídio, se a sua capacidade está diminuída o</p><p>crime será do art. 122 do CP, por exemplo quando a vítima está embriagada ou sob</p><p>efeito de substância entorpecente.</p><p>Questões controvertidas.</p><p>O “pacto de morte”: caracterização; distinção do delito de homicídio.</p><p>Para que responda pelo art. 122 do CP o agente não pode ter praticado qualquer ato de</p><p>execução característico do delito de homicídio, pois, caso contrário, deverá ser</p><p>responsabilizado pelo crime de homicídio.</p><p>A conduta omissiva e a caracterização do tipo penal.</p><p>Pode a omissão do agente caracterizar auxílio a suicídio? Segundo parte da doutrina,</p><p>aquele que conscientemente omite a ação a que estava obrigado em razão da posição de</p><p>garante que ocupava contribui também para o advento do suicídio, já que não impediu,</p><p>o garantidor, o suicídio alheio, embora possuísse capacidade concreta de ação. Outra</p><p>corrente doutrinária salienta que não há que se cogitar em auxílio por omissão, mesmo</p><p>se presente o dever de agir, pois não se pode ver assistência material na simples inércia,</p><p>na conduta puramente negativa, ou de quem nada faz, ainda quando tivesse o dever</p><p>jurídico de fazer.</p><p>A figura do médico como agente garantidor quando sua conduta for</p><p>contrária à vontade do paciente ou de seus responsáveis legais.</p><p>O médico que atua contra a vontade da vítima, maior e capaz, como por exemplo o</p><p>médico fazer transfusão de sangue em situação de imprescindibilidade, age amparado</p><p>pelo art. 146, § 3º, I, do CP, pois tal comportamento deverá ser encarado como tentativa</p><p>de suicídio.</p><p>Análise da conduta de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio</p><p>quando resultado for de lesão corporal leve.</p><p>Como se trata de um crime condicionado, uma vez que para a perfeita configuração do</p><p>crime do art. 122 exige-se a ocorrência de uma condição, que á a morte da vítima ou a</p><p>existência de lesões corporais de natureza grave, caso o agente induza alguém a matar-</p><p>se, mas a vítima tentando, sofre apenas lesões leves, não há delito.</p><p>INFANTICÍDIO - ART.123</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>É a vida humana.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "DURANTE O PARTO OU LOGO APÓS" ao contrário dos</p><p>descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um</p><p>juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro</p><p>campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de matar o próprio filho durante o parto ou logo após), que pode ser</p><p>DIRETO (o agente quer o resultado) ou EVENTUAL (o agente assume o risco de</p><p>produzir o resultado).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime próprio, ou seja, somente a mãe.</p><p>SUJEITO PASSIVO – o nascente (durante o parto) ou o recém-nascido (logo após o</p><p>parto).</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo do infanticídio é com a morte do nascente ou</p><p>neonato.</p><p>Tentativa – admite</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que exige qualquer condição especial do sujeito</p><p>ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado naturalístico</p><p>para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma</p><p>ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO - OMISSIVO IMPRÓPRIO; CRIME</p><p>DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE</p><p>(pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO</p><p>"DE EFEITOS PERMANENTES" (o resultado opera-se de forma imediata, sem se</p><p>prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas</p><p>por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Questões controvertidas.</p><p>Natureza jurídica do estado puerperal.</p><p>O puerpério é o período que se estende do início do aprto até a volta da mulher às</p><p>condições pré-gravidez.Trata-se o estado puerperal de perturbações, que acometem as</p><p>mulheres, de ordem física e psicológica decorrentes do parto. O critério adotado é o</p><p>psicofisiológico, isto é, a atenuação da pena leva em consideração o desequilíbrio</p><p>fisiopsíquico da mulher parturiente.</p><p>Distinção entre o delito de infanticídio e outras figuras típicas, tais</p><p>como: homicídio e crimes de perigo (abandono de incapaz e abandono</p><p>de recém-nascido, qualificados pelo resultado morte).</p><p>Art. 121 - Homicídio; art. 133, § 2º - Abandono de Incapaz; art. 134, § 2º - Abandono</p><p>de</p><p>Concurso de pessoas no delito de infanticídio: possibilidade e</p><p>comunicabilidade do estado puerperal (art. 30 do Código Penal).</p><p>Não há dúvida de que o estado puerperal é circunstância (condição, particularidade</p><p>etc.) pessoal e que, sendo elementar do delito de infanticídio comunica-se com os</p><p>partícipes, a exato teor do art. 30 do CP.</p><p>ABORTO - ARTS. 124, 125, 126, 127 e</p><p>128</p><p>Bem jurídico tutelado.</p><p>A vida do ser humano em formação. O Direito Penal protege a vida humana desde o</p><p>momento em que o novo ser é gerado.</p><p>Elementos do tipo.</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de interromper a gravidez, matando o produto da concepção), que pode ser</p><p>DIRETO (o agente quer o resultado) ou EVENTUAL (o agente assume o risco de</p><p>produzir o resultado).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – no autoaborto e no aborto consentido (art. 124) é crime próprio, ou</p><p>seja, somente a mulher gestante. Já no aborto provocado por terceiro, com ou sem</p><p>consentimento da gestante,</p><p>do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (delito que não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo);</p><p>CRIME PERMANENTE (a consumação se alonga no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Controvérsia acerca da habitualidade do delito</p><p>O comparecimento uma o outra vez ao local proibido é insuficiente para caracterizar o</p><p>verbo frequentar, que tem o sentido de reiteração, repetição, ou seja, habitualidade.</p><p>Somente o comparecimento reiterado terá idoneidade para tipificar a conduta proibida</p><p>nos incisos I e II do art. 147, CP.</p><p>Questões relevantes</p><p>O agente poderá incorrer em erro a respeito do local ou atividade (art. 20 do CP). A</p><p>prática de mais de uma conduta dá lugar ao concurso material, pois não se trata de crime</p><p>de conteúdo variado.</p><p>Conflito aparente entre a figura do art. 247, inciso II e o art. 240, da</p><p>Lei 8.069/90;</p><p>Se o menor trabalhar diretamente no espetáculo, em cena de sexo explícito ou</p><p>pornográfica configura-se o crime do art. 240 do ECA.</p><p>Induzimento a fuga, entrega arbitrária</p><p>ou sonegação de incapazes - art. 248</p><p>do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela o poder familiar, a tutela ou curatela, mais especialmente os direitos a seu</p><p>exercício.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: Há na terceira conduta, isto é, “deixar de entregar”. Essa</p><p>modalidade apresenta dois elementos normativos que são as expressões “sem justa</p><p>causa” e “legitimamente”.</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de praticar qualquer das condutas previstas no tipo penal).</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – pode ser qualquer pessoa.</p><p>SUJEITO PASSIVO – são aqueles que detêm o direito/dever de exercer o poder</p><p>familiar, tutela ou curatela, isto é, são os pais, tutores ou curadores, bem como menor de</p><p>18 anos ou interdito.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime a) com a efetiva fuga do incapaz; b) com a entrega;</p><p>c) com a recusa injustificada do agente.</p><p>Tentativa – é admissível somente nas duas últimas modalidades (induzimento a fuga e</p><p>entrega arbitrária).</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa);</p><p>CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo);</p><p>CRIME PERMANENTE (a consumação alonga-se no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Subtração de incapazes - art. 249 do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a proteção do poder familiar, tutela ou curatela.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de subtrair menor ou interdito do poder ou guarda de quem</p><p>legalmente o detenha). Em outros termos, para a tipificação do art. 249 do CP é</p><p>necessária a vontade consciente do agente de retirar o menor da guarda de seu</p><p>responsável.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – pode ser qualquer pessoa, inclusive o pai, a mãe, tutor ou curador</p><p>destituídos ou temporariamente privados do poder familiar, tutela, curatela ou guarda (§</p><p>1º).</p><p>SUJEITO PASSIVO – são os pais, tutores ou curadores e, especialmente, o incapaz que</p><p>é subtraído.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a efetiva subtração do incapaz, mesmo que o</p><p>agente não consiga consolidar seu domínio sobre a vítima, mantendo uma posse</p><p>tranquila.</p><p>Tentativa – é admissível, embora de difícil configuração.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (para consumação não exige</p><p>resultado naturalístico); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de</p><p>uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE</p><p>FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Conflito aparente com o crime previsto no art. 237, da Lei 8.069/90</p><p>Há um conflito aparente de normas em relação ao art. 237 do ECA e art. 249 do CP.</p><p>Resolve-se, nesse caso, com a utilização de três critérios, concomitantemente:</p><p>subsidiariedade: prevalece o art. 237, pois o art. 249 estabelece, no preceito sancionador</p><p>o seu caráter de tipo de reserva (se o fato não constitui elemento de outro crime); b)</p><p>especialidade: prevalece o art. 237, uma vez que há uma finalidade específica por parte</p><p>do agente (com o fim de colocação em lar substituto); sucessividade: prevalece, ainda, o</p><p>art. 237, por se tratar de lei mais recente.</p><p>Perdão judicial - requisitos, natureza jurídica e controvérsia acerca da</p><p>obrigatoriedade ou facultatividade da concessão.</p><p>Há previsão no § 2 º para o perdão judicial, para o caso de restituição do menor ou do</p><p>interdito, sem que este tenha sofrido maus-tratos ou privações, que dizem respeito aos</p><p>danos físicos e morais. Nessa hipótese, “se houver restitutio e não tiver o incapaz</p><p>sofrido, por exemplo, privações (falta de alimentos, agasalhos etc) ou maus-tratos,por</p><p>exemplo, vexames, ofensas a sua moral etc. o julgador, facultativamente, poderá não</p><p>aplicar pena ao agente , de acordo com a lição de Rogério Greco. Já Luiz Regis Prado</p><p>entende que o perdão judicial é obrigatório, pois trata-se de direito subjetivo do réu, e</p><p>não de mera faculdade judicial.</p><p>SEMANA 12</p><p>Incêndio - art. 250, do CP</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>Tutela a incolumidade pública, particularmente o perigo comum que pode decorrer das</p><p>chamas provenientes de um incêndio.</p><p>Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos);</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo)</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ</p><p>Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de causar incêndio). Não há exigência de elemento subjetivo do tipo</p><p>para caracterizar o crime, ou seja, o especial fim de agir poderá agravar a pena,</p><p>conforme § 1º, I.</p><p>Sujeitos do delito</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive</p><p>o proprietário do bem incendiado.</p><p>SUJEITO PASSIVO – a coletividade e aqueles que têm sua integridade pessoal ou</p><p>patrimonial lesada ou ameaçada pelo dano.</p><p>Consumação e tentativa</p><p>Consumação – consuma-se o crime com a superveniência da situação</p><p>é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – no autoaborto e no aborto consentido (art. 124) é o feto, ou,</p><p>genericamente falando o produto da concepção.Quando há aborto sem consentimento da</p><p>gestante o sujeito há dupla subjetividade passiva, ou seja, o feto e a gestante.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo do aborto dá-se com a morte do feto, no útero</p><p>materno ou depois de prematura a expulsão provocada pelo agente. É prescindível a</p><p>expulsão do produto da concepção.</p><p>Tentativa – admite-se em todas as modalidades do aborto.</p><p>Classificação doutrinária.</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO DE MÃO PRÓPRIA NO ART. 124 (aquele que exige</p><p>qualquer condição especial do sujeito ativo) CRIME COMUM (aquele que não exige</p><p>qualquer condição especial do sujeito ativo) nos arts. 125 e 126; quanto ao resultado é</p><p>CRIME MATERIAL (que exige resultado naturalístico para a consumação); CRIME</p><p>COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não</p><p>há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser</p><p>praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o</p><p>resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente), já no art. 124,</p><p>2ª parte é CRIME PLURISSUBJETIVO OU DE CONCURSO NECESSÁRIO (que é</p><p>aquele que somente é praticado havendo no mínimo duas pessoas); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas.</p><p>Autoaborto e consentir para que terceiro lhe provoque aborto.</p><p>Art.124, do Código Penal</p><p>Na primeira hipótese a gestante efetua contra si própria o procedimento abortivo. Na</p><p>segunda hipótese a grávida autoriza um terceiro, que não precisa ser médico, a fazê-lo.</p><p>Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante.</p><p>Art.125, do Código Penal - dissenso real e presumido. A capacidade</p><p>para consentir.</p><p>É a forma mais gravosa do delito de aborto. O dissentimento é real quando o sujeito</p><p>emprega contra a gestante fraude, grave ameaça ou violência (conforme art. 126, PU, 2ª</p><p>parte). O dissentimento é presumido está previsto no art. 126, PU, 1ª parte, ou seja, é</p><p>presumido o dissentimento se a vítima é menor de 14 anos, alienada ou débil mental.</p><p>É crime de dupla subjetividade passiva, vez que existem duas vítimas: o feto e a</p><p>gestante.</p><p>Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante.</p><p>Art.126, do Código Penal</p><p>É necessário que o consentimento da gestante seja válido, isto é, que ela tenha</p><p>capacidade para consentir..</p><p>Aborto qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave ou</p><p>morte. Art.127, do Código Penal.</p><p>São causas de aumento de pena aplicáveis somente ao aborto praticado por terceiro</p><p>(nunca à gestante). Trata-se de crime qualificado pelo resultado, de natureza</p><p>preterdolosa.</p><p>Aborto necessário – natureza jurídica. Art.128, do Código Penal.</p><p>Art. 128, I - conhecido também como aborto terapêutico. Trata-se de excludente de</p><p>ilicitude, ou seja, é lítica a conduta daquele que pratica aborto necessário.</p><p>Aborto humanitário – natureza jurídica. Art.128, do Código Penal.</p><p>Art. 128, II - conhecido também como aborto sentimental ou ético. Trata-se de</p><p>excludente de ilicitude, ou seja, é lítica a conduta daquele que pratica aborto necessário.</p><p>Questões Controvertidas</p><p>Tipificação das condutas e a teoria adotada acerca do concurso de</p><p>pessoas.</p><p>A teoria monista ou unitária, adota pelo CP no art. 29 é excepcionada nos arts. 124, 2ª</p><p>parte e 126 do CP.</p><p>Confronto com os delitos de lesão corporal qualificada pelo resultado</p><p>previstas nos §§ 1° e 2°, incisos IV e V, todos do art. 129 do Código</p><p>Penal.</p><p>Art. 129, § 1º, IV - lesão corporal de natureza grave qualificado pelo resultado</p><p>aceleração de parto - ocorre quando, em decorrência da lesão corporal produzida na</p><p>gestante, antecipa-se o termo final da gravidez, ou seja, o feto é expulso precocemente</p><p>do útero materno. É necessário que o feto nasça com vida, pois do contrário</p><p>caracterizará a lesão corporal de natureza gravíssima (art. 129, § 2º, V, CP), sendo certo</p><p>que neste caso o agente não quer nem assume o aborto.</p><p>Aplicação de analogia para a figura prevista no art.128, II do Código</p><p>Penal.</p><p>Mesmo a lei somente fale em gravidez resultante de estupro, admite-se também no caso</p><p>de a gravidez resultar de praticas libidinosas diversas, aplicado, de acordo com a</p><p>doutrina e jurisprudência, a analogia in bonam partem.</p><p>Aborto de feto anencefálico: entendimentos doutrinários e</p><p>jurisprudenciais.</p><p>No julgamento da ADPF 54/DF, ajuizada pela Confederação Nacional dos</p><p>Trabalhadores na Saúde - CNTS, o plenário do STF declarou a inconstitucionalidade da</p><p>interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta</p><p>tipificada nos arts 124, 126 e 128, I e II. Assim o STF reconheceu o direito da gestante</p><p>de submeter-se à antecipação terapêutica de parto na hipótese de anencefalia,</p><p>previamente diagnosticada por profissional habilitado. VER RESOLUÇÃO CFM Nº</p><p>1.989/2012</p><p>Aborto qualificado pelo resultado e resultado diverso do pretendido.</p><p>Art. 127, CP. Pode ocorrer que dos meios empregados para provocar o aborto não</p><p>aconteça a morte do feto, embora ocorra lesão corporal grave ou morte da gestante.</p><p>Nesse caso há duas posições tipificando a conduta. Uma primeira corrente entende</p><p>tratar-se de aborto qualificado tentado (majoritária). Já uma segunda corrente entende</p><p>tratar-se de aborto qualificado pelo resultado consumado, pois segundo LUIZ REGIS</p><p>PRADO é incabível aborto qualificado tentado, pois delito qualificado pelo resultado</p><p>não admite tentativa e porque o art. 127 não exige a consumação do aborto.</p><p>Aborto e Lei de Biossegurança (art. 5º da Lei 11.105/05).</p><p>A conduta praticada contra embrião fecundado extracorpóreo ou in vitro não se</p><p>subsume ao tipo do aborto, pois ainda não está fixado no útero materno.</p><p>SEMANA 3</p><p>LESÃO CORPORAL Art.129</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo-o na sua saúde corporal, fisiológica</p><p>e mental (atividade intelectiva, volitiva e sentimental).</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de ofender a integridade física ou a saúde de outrem).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, porém nas hipóteses do art. 129, § § 1º, IV e 2º,</p><p>V, a vítima deve, necessariamente, ser mulher grávida.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – consuma-se o criem no instante em que ocorre a ofensa à integridade</p><p>corporal ou à saúde física ou mental da vítima.</p><p>Tentativa – na modalidade dolosa é perfeitamente possível.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DOLOSO e CULPOSO (há previsão legal para a figura</p><p>culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma</p><p>pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se</p><p>prolongar no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas</p><p>por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos,</p><p>que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>O conceito de dor e a tipificação da conduta. (In)disponibilidade do</p><p>bem jurídico tutelado. Aplicação do principio da insignificância.</p><p>A dor não integra o conceito de lesão corporal, até porque a sua análise é de índole</p><p>estritamente subjetiva. Nas lesões corporais dolosas de natureza leve o consentimento</p><p>do ofendido caracterizará causa supralegal de exclusão da ilicitude, desde que seja (a)</p><p>expresso, pouco importando sua forma, (b) livre de coação, (c) anterior a consumação</p><p>da infração e (d) manifestado por pessoa capaz.</p><p>É possível a incidência do princípio da insignificância na lesão corporal dolosa de</p><p>natureza leve e na lesão corporal culposa (art. 129, caput e § 6º, CP), quando a conduta</p><p>acarreta em ofensa ínfima à integridade corporal ou à saúde da pessoa humana.</p><p>HC 95.445/DF - STF - Min. Eros Grau:</p><p>HABEAS CORPUS. PENAL. LESÃO CORPORAL LEVE [ARTIGO 209, § 4º, DO</p><p>CPM]. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE . 1. O princípio</p><p>da insignificância é aplicável no âmbito da Justiça Militar de forma criteriosa e</p><p>casuística. Precedentes. 2. Lesão corporal leve, consistente em único soco desferido</p><p>pelo paciente contra outro militar, após injusta provocação deste. O direito penal não há</p><p>de estar voltado à punição de condutas que não provoquem lesão significativa a bens</p><p>jurídicos relevantes, prejuízos relevantes ao titular do bem tutelado ou, ainda, à</p><p>integridade da ordem social. Ordem deferida.</p><p>Figuras típicas.</p><p>Lesão corporal leve.</p><p>Art. 129, caput</p><p>Lesão corporal qualificada pelo resultado: grave ou gravíssimo.</p><p>Art. 129. § 1º e § 2º</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>INFORMATIVO 590, STJ, (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. NATUREZA DA LESÃO CORPORAL QUE RESULTA EM PERDA</p><p>DE DENTES.</p><p>A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem</p><p>natureza grave (art. 129, § 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, §</p><p>2º, IV, do CP). Com efeito, deformidade, no sentido médico-legal, ensina doutrina,</p><p>"é o prejuízo estético adquirido, visível, indelével, oriundo da deformação de uma</p><p>parte do corpo". Assim, a perda de dois dentes, muito embora possa reduzir a</p><p>capacidade funcional da mastigação, não enseja a deformidade permanente</p><p>prevista no art. 129, § 2º, IV, do CP e, sim, debilidade permanente (configuradora</p><p>de lesão corporal grave). De fato, a perda da dentição pode implicar redução da</p><p>capacidade mastigatória e até, eventualmente, dano estético, o qual, apesar de</p><p>manter o seu caráter definitivo - se não reparado em procedimento interventivo -,</p><p>não pode ser, na hipótese, de tal monta a qualificar a vítima como uma pessoa</p><p>deformada. Dessa forma, entende-se que o resultado provocado pela lesão causada</p><p>à vítima (perda de dois dentes) subsume-se à lesão corporal grave, e não à</p><p>gravíssima. Precedente citado: REsp 1.220.094-MG, Quinta Turma, DJe</p><p>9/3/2011. REsp 1.620.158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em</p><p>13/9/2016, DJe 20/9/2016.</p><p>INFORMATIVO 562, STJ, (6ª TURMA)</p><p>DIREITO PENAL. CRIME DE LESÃO CORPORAL QUALIFICADO PELA</p><p>DEFORMIDADE PERMANENTE.</p><p>A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, §</p><p>2º, IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que</p><p>elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é</p><p>valorado no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores,</p><p>notadamente quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de</p><p>tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida) e promovidas a</p><p>critério exclusivo da vítima. HC 306.677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho</p><p>(Desembargador convocado do TJ-SP), Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro,</p><p>julgado em 19/5/2015, DJe 28/5/2015.</p><p>Lesão corporal seguida de morte – delito preterdoloso.</p><p>Art. 129, § 3º</p><p>Lesão corporal privilegiada.</p><p>Art. 129, § 4º</p><p>Lesão corporal culposa.</p><p>Art. 129, § 6º</p><p>Conflito aparente de normas entre o delito de lesão corporal culposa</p><p>prevista no Código Penal e no Código de Trânsito Brasileiro (Lei n.</p><p>9503/1997).</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1620158</p><p>http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC%20306677</p><p>Quando a lesão corporal culposa for provocada na direção de veículo automotor, aplica-</p><p>se o art. 303 do CTB.</p><p>Perdão Judicial.</p><p>Art. 129, § 8º, CP</p><p>Natureza jurídica.</p><p>Trata-se de uma causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX, CP).</p><p>Obrigatoriedade ou facultatividade de aplicação.</p><p>Pode parecer ser uma faculdade do juiz conceder o perdão judicial, mas não é. Trata-se</p><p>de um direito subjetivo de liberdade, isto é, a expressão "poderá" empregada pelo CP</p><p>não consiste em uma faculdade. Assim, satisfeitos os pressupostos exigidos pela norma,</p><p>está o juiz obrigado a deixar de aplicar a pena.</p><p>Natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial.</p><p>Controvérsia: entendimento dos Tribunais Superiores. Verbete de</p><p>Súmula n. 18 STJ.</p><p>A natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial é controvertida, pois uma</p><p>1ª corrente entende que é declaratória, conforme súmula 18 do STJ, já a 2ª corrente</p><p>entende que é condenatória.</p><p>Conflito aparente de normas e Concurso de crimes com demais figuras</p><p>típicas contra a pessoa.</p><p>Deve ser feita a distinção entre lesão corporal e os crimes contra a vida, devendo tal</p><p>distinção ser feita na análise do dolo, ou seja, na análise da intenção, no animus necandi</p><p>temos a intenção de matar e no animus vulnerandi ou laedendi a intenção de ferir ou</p><p>lesionar.</p><p>Confronto entre a contravenção penal de vias de fato, crime de lesão</p><p>corporal leve e injúria qualificada, crime de perigo de transmissão de</p><p>moléstia grave, autolesão e estelionato, autolesão e crime militar.</p><p>Contravenção de vias de fato (art. 21, LCP) - trata-se de ofensa física que não produz</p><p>lesão ou incômodo à saúde, nem tampouco deixa vestígios (exemplo: empurrões, puxão</p><p>de cabelo etc.)</p><p>Lesão corporal leve e injúria qualificada - se a violência deve for empregada com o</p><p>nítido propósito de injuriar o crime será o do art. 140, § 2º, do CP.</p><p>Crime de perigo de transmissão de moléstia grave (art. 130, CP) - se resultar lesão</p><p>corporal leve, este será absorvido pelo crime do art. 130 do CP, por se tratar de mero</p><p>exaurimento; se resultar lesão corporal grave ou gravíssima o agente responde por este</p><p>crime.</p><p>Autolesão e estelionato - no Direito Penal a autolesão não constitui ato ilícito, exceto</p><p>quando acarretar prejuízo a terceiro. É o que se dá com o crime do art. 171, § 2º, V, do</p><p>CP.</p><p>Autolesão e crime militar - se a autolesão caracterizar a criação ou simulação de</p><p>incapacidade física o art. 184 do Código Penal Militar pune tal conduta.</p><p>A representação como condição de procedibilidade da ação penal para</p><p>o delito de lesões corporais leves e culposas.</p><p>De acordo com o art. 88 da Lei 9099/95 somente se procede mediante representação</p><p>quando ocorrer os crimes de lesão corporal leve ou culposa.</p><p>Distinção entre violência doméstica e violência de gênero</p><p>discriminatório contra a mulher – confronto entre o art. 129, § § 9°,</p><p>10 e 11 do Código Penal e art. 5° da Lei n. 11340/2006 (Lei Maria da</p><p>Penha).</p><p>Art. 129, § 9º - trata-se de forma qualificada da lesão corporal leve e leva em conta o</p><p>contexto em que é praticada. O legislador não quis proteger somente a integridade física</p><p>da vítima (homem e mulher), mas também tutelar a tranquilidade e harmonia dentro do</p><p>âmbito familiar.</p><p>Art. 129, § 10 - Se a lesão corporal for grave, gravíssima ou seguida de morte, e o crime</p><p>for praticado com violência doméstica, incidirá sobre as penas respectivas (art. 129, § §</p><p>1º, 2º e 3º) o aumento de 1/3 imposto pelo § 10.</p><p>Art. 129, § 11 - a pena de lesão corporal leve</p><p>cometida com violência doméstica será</p><p>aumentada de 1/3 quando a vítima for pessoa portadora de deficiência.</p><p>Vale ressaltar que há diferença entre violência doméstica (art. 129 § § 9°, 10 e 11 do</p><p>Código Penal) e violência de gênero (prevista na Lei 11.340/06 - Lei Maria da Penha).</p><p>São fenômenos distintos, que tem respostas políticos-criminais diversas. Houve uma</p><p>opção legislativa ainda mais específica, e censurante, no que tange à proteção do gênero</p><p>(mulher).</p><p>OBS: Entrou em vigor no dia 07 de julho de 2015 a Lei 13.142/15 com</p><p>acrescentando o § 12 ao art. 129 do Código Penal.</p><p>O consentimento do ofendido em cirurgias estéticas, transexuais</p><p>(mudança de sexo, transplante de órgãos, transfusão de sangue e</p><p>violência desportiva).</p><p>Nas lesões corporais de natureza leve o consentimento do ofendido caracterizará causa</p><p>supralegal de exclusão da ilicitude, desde que o ofendido seja capaz de consentir, o</p><p>consentimento seja válido, ou seja, não viciado (ocorrido através de fraude ou</p><p>simulação, coação etc.), o bem seja disponível (é irrelevante o consentimento quando</p><p>ocorrer lesão corporal grave ou gravíssima) e o consentimento deve ser prévio ou</p><p>simultâneo à lesão corporal.</p><p>Na cirurgia de mudança de sexo não há crime por ausência de dolo de lesionar a</p><p>integridade corporal ou a saúde do paciente. O médico que realiza a cirurgia não pratica</p><p>crime por estar acobertado pela excludente de ilicitude do exercício regular de direito</p><p>(Portaria do Ministério da Saúde 1.707/08).</p><p>A Lei 9434/97 autoriza a disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo</p><p>humano de pessoa viva, para fins de transplante e tratamento. O doador, maior e capaz,</p><p>deve anuir ao ato, que não pode causar graves prejuízos à sua saúde. Devem ser</p><p>cumpridos os requesitos legais previstos nos arts. 1º e 9º da lei, sob pena de tipificação</p><p>do crime previsto no art. 14 do mesmo diploma legal.</p><p>Nas cirurgias emergenciais (transfusão de sangue) não há crime, mesmo que o médico</p><p>atue sem o consentimento do ofendido, desde que exista risco concreto de morte do</p><p>paciente, pois ocorre a excludente do estado de necessidade de terceiro.</p><p>Nos esportes em que a lesão decorre naturalmente de sua prática não há crime em razão</p><p>da exclusão de ilicitude pelo exercício regular do direito.</p><p>A ação penal nos crimes de lesão corporal leve e culposa praticadas nos</p><p>casos de violência doméstica contra a mulher.</p><p>Na ADIN 4424/DF o Plenário do STF, por maioria, julgou procedente ação direta,</p><p>proposta pelo Procurador Geral da República, para atribuir interpretação conforme a</p><p>Constituição aos artigos 12, I; 16 e 41, todos da Lei 11.340/2006, e assentar a natureza</p><p>incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, praticado mediante</p><p>violência doméstica e familiar contra a mulher. Entendeu-se não ser aplicável aos</p><p>crimes glosados pela lei discutida o que disposto na Lei 9.099/95, de maneira que, em</p><p>se tratando de lesões corporais, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticadas</p><p>contra a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria pública</p><p>incondicionada.</p><p>Da Periclitação da Vida e da Saúde.</p><p>Crimes de perigo e sua distinção dos crimes de dano</p><p>Crimes de dano são aqueles que só se consomem com a efetiva lesão do bem jurídico,</p><p>exemplo homicídio e lesões corporais.</p><p>Crimes de perigo são os que se consomem tão-só com a possibilidade do dano,</p><p>exemplo perigo de contágio venéreo (art. 130, caput e art. 250 do CP). O perigo pode</p><p>ser concreto ou presumido (abstrato). Assim, crime de perigo concreto é aquele que</p><p>precisa ser provado, isto é, a conduta do agente precisa ser demonstrada no caso</p><p>concreto. Crime de perigo abstrato é aquele em que o perigo é presumido pela lei, ou</p><p>seja, o tipo penal entende como suficiente, para fins de caracterização do perigo, a</p><p>pratica do comportamento, comissivo ou omissivo, por ele previsto.</p><p>PERIGO DE CONTÁGIO VENÉRIO -</p><p>Art. 130</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde da pessoa.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: "MOLÉSTIA VENÉREA" ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: no caput há somente o DOLO (vontade livre e consciente de</p><p>expor alguém a contágio de moléstia venérea) de perigo que pode ser direto (na</p><p>expressão "que sabe") ou eventual (na expressão "deve saber"). No § 1º há o especial</p><p>fim de agir, ou seja, dolo de dano.</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, para a maioria da doutrina, ou seja, qualquer</p><p>pessoa pode praticar. Minoritariamente entende-se que é crime próprio, pois exige uma</p><p>condição especial do agente, qual seja, ser portador de moléstia venérea.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a prática de atos de libidinagem,</p><p>capazes de transmitir a moléstia venérea.</p><p>Tentativa – admite-se</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se, dependendo da corrente adotada de CRIME COMUM ou PRÓRIO (aquele</p><p>que não exige (COMUM) ou exige (PRÓPRIO) condição especial do sujeito ativo);</p><p>quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para a</p><p>consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação);</p><p>CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA</p><p>VINCULADA (somente pode ser praticado pela forma prevista em lei); CRIME</p><p>INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo);</p><p>CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente);</p><p>CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas: simples e qualificada.</p><p>Art. 130, caput (figura simples), § 1º (figura qualificada)</p><p>Concurso de crimes ou conflito aparente de normas com os delitos</p><p>contra a dignidade sexual.</p><p>O crime do art. 130 do CP pode ser praticado em concurso formal com criems contra a</p><p>liberdade sexual. É o que se dá quando alguém comete um estupro, sabendo ou devendo</p><p>saber da contaminação da moléstia venérea. Responderá pelos dois crimes em concurso</p><p>formal perfeito. Se, entretanto, o sujeito tinha a intenção de transmitir a moléstia,</p><p>responderá pelo crime qualificado e pelo estupro, em concurso formal imperfeito (art.</p><p>70, caput, in fine), justificado pela existência de desígnios autônomos.</p><p>O delito de perigo de contágio venéreo e a Lei n. 9099/1995.</p><p>Como a pena máxima em abstrato do caput do art. 130 é de um ano, a competência para</p><p>julgar tal crime é do Juizado Especial Criminal, pois trata-se de crime de menor</p><p>potencial ofensivo (art. 61 da Lei 9.099/95).</p><p>PERIGO DE MOLÉTIA GRAVE - Art.</p><p>131</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde da pessoa.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: MOLÉSTIA GRAVE ao contrário dos descritivos, seu</p><p>significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de</p><p>valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo</p><p>do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”,</p><p>“indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há o elemento subjetivo</p><p>geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e</p><p>consciente de realizar ato capaz de produzir o contágio), como há também elemento</p><p>subjetivo específico do tipo na expressão "com o fim de".</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, para a maioria da doutrina, ou seja, qualquer</p><p>pessoa pode praticar. Minoritariamente entende-se que é crime próprio, pois exige uma</p><p>condição especial do agente, qual seja, ser portador de moléstia grave.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa. inclusive o portador da moléstia grave, pois a</p><p>contaminação pode ser agravada, ou então é possível seja a vítima infectada por nova</p><p>enfermidade.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre quando da prática do ato capaz de</p><p>produzir o contágio da moléstia grave</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME PRÓPRIO (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer</p><p>meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma</p><p>imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado,</p><p>em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser</p><p>desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).</p><p>Concurso de crimes ou conflito aparente de normas com o delito</p><p>previsto no art. 267 do Código Penal – crime de perigo à incolumidade</p><p>pública.</p><p>Se em decorrência da contaminação pela moléstia grave é também provocada epidemia,</p><p>o sujeito responde pelos crimes dos arts. 131 e 267, § 2º (modalidade culposa), em</p><p>concurso formal.</p><p>Confronto entre o perigo de contágio venéreo e o delito de perigo de</p><p>contágio de moléstia grave.</p><p>Se a moléstia for venérea e a exposição tiver sido por contato sexual a figura será a do</p><p>art. 130 do CP.</p><p>Confronto entre o perigo de contágio de moléstia grave e o delito de</p><p>lesões corporais.</p><p>Ao efetivar-se a transmissão da moléstia grave, quatro situações podem ocorrer: a) se</p><p>resultar lesão corporal leve (art. 129, caput, CP) este crime será absorvido pelo perigo</p><p>de contágio de moléstia grave, por se tratar de mero exaurimento; b) se resultar lesão</p><p>grave ou gravíssima o agente responde somente por este crime (art. 129, § 1º e § 2º,</p><p>CP).</p><p>O delito de perigo de contágio de moléstia grave e a Lei n. 9099/1995.</p><p>Como a pena máxima em abstrato do caput do art. 131 é de quatro anos, a competência</p><p>para julgar tal crime não é do Juizado Especial Criminal, pois não se trata de crime de</p><p>menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei 9.099/95), porém cabe suspensão condicional</p><p>do processo, vez que a pena mínima é de um ano (art. 89, Lei 9099/95).</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>INFORMATIVO 584, STF, 1ª TURMA</p><p>Portador do Vírus HIV e Tentativa de Homicídio</p><p>A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que se discute se o portador do vírus</p><p>HIV que, tendo ciência da doença e deliberadamente a ocultando de seus parceiros,</p><p>pratica tentativa de homicídio ao manter relações sexuais sem preservativo. Trata-se de</p><p>writ impetrado contra o indeferimento, pelo STJ, de liminar em idêntica medida na qual</p><p>se reitera o pleito de revogação do decreto de prisão preventiva e de desclassificação do</p><p>delito para o de perigo de contágio de moléstia grave (CP: “Art. 131 Praticar, com o fim</p><p>de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o</p><p>contágio: ...”). Preliminarmente, o Min. Marco Aurélio, relator, salientando a existência</p><p>de sentença de pronúncia e aduzindo que, em prol de uma boa política judiciária, a</p><p>situação em tela estaria a ensejar a manifestação do STF, conheceu do writ. No mérito,</p><p>concedeu, em parte, a ordem para imprimir a desclassificação do crime e determinar o</p><p>envio do processo para distribuição a uma das varas criminais comuns do Estado-</p><p>membro. Em interpretação sistemática, reputou descabido cogitar-se de tentativa de</p><p>homicídio, porquanto haveria crime específico, considerada a imputação. Registrou,</p><p>relativamente ao tipo subjetivo, que se teria no art. 131 do CP a presença do dolo de</p><p>dano, enquanto que no art. 121 do CP verificar-se-ia a vontade consciente de matar ou a</p><p>assunção do risco de provocar a morte. Afirmou não ser possível potencializar este</p><p>último tipo a ponto de afastar, tendo em conta certas doenças, o que disposto no aludido</p><p>art. 131 do CP. Após os votos dos Ministros Dias Toffoli e Cármen Lúcia</p><p>acompanhando o relator, pediu vista o Min. Ayres Britto.</p><p>HC 98712/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 27.4.2010. (HC-98712)</p><p>Ementa</p><p>MOLÉSTIA GRAVE – TRANSMISSÃO – HIV – CRIME DOLOSO CONTRA</p><p>A VIDA VERSUS O DE TRANSMITIR DOENÇA GRAVE. Descabe, ante</p><p>previsão expressa quanto ao tipo penal, partir-se para o</p><p>enquadramento de ato relativo à transmissão de doença grave como a</p><p>configurar crime doloso contra a vida. Considerações.</p><p>PERIGO PARA A VIDA OU A SAÚDE</p><p>DE OUTREM - Art. 132</p><p>Bem jurídico tutelado</p><p>É a incolumidade física e a saúde da pessoa.</p><p>Elementos do tipo</p><p>Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no</p><p>mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do</p><p>crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).</p><p>Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se</p><p>extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social,</p><p>cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano.</p><p>Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”,</p><p>“funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...</p><p>Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade</p><p>livre e consciente de expor a vida ou a saúde de outrem).</p><p>Sujeitos do delito.</p><p>SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar.</p><p>SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa.</p><p>Consumação e tentativa.</p><p>Consumação – o momento consumativo ocorre com a produção do perigo concreto</p><p>para a vítima.</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=98712&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>Tentativa – admite-se a tentativa na modalidade comissiva.</p><p>Classificação doutrinária</p><p>Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do</p><p>sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado</p><p>naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a</p><p>prática de uma ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO; CRIME DOLOSO (não</p><p>há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser</p><p>praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o</p><p>resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME</p><p>UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME</p><p>PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto,</p><p>integram a mesma conduta).</p><p>Figuras típicas: simples e majorada.</p><p>Art. 132, caput (figura simples)</p><p>Art. 132, Parágrafo Único (figura majorada). É um delito de trânsito, embora situado no</p><p>CP.</p><p>OBS: Por força do princípio da especialidade, quando a vítima for pessoa idosa e a</p><p>conduta encontrar correspondência no art. 99 da Lei 10.741/03, restará afastado o art.</p><p>132 do CP.</p><p>Concurso de crimes ou conflito aparente de normas com os delitos</p><p>previstos na Lei n. 10.826/2003, Estatuto do Desarmamento.</p><p>No art. 15 do Estatuto do Desarmamento há o crime de disparo de arma de fogo. Assim,</p><p>no crime do art. 132 do CP o sujeito expõe a perigo de dano pessoa certa e determinada.</p><p>No crime do art. 15 da Lei 10.826/03 o fato é cometido contra a incolumidade pública,</p><p>expondo a perigo um número indeterminado de pessoas. Nesse sentido, explica</p><p>Damásio de Jesus: disparo efetuado extra muros (na rua</p>