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<p>EDITORA intersaberes Rua Clara 58 Mossunguê CEP 81200-170 Curitiba PR Brasil Fone: (41) 2106-4170 www.intersaberes.com Conselho editorial Dr. Ivo José Both (presidente) Dr. Elena Godoy Dr. Nelson Dias Dr. Neri dos Santos Dr. Gregor Baranow Editora-chefe Lindsay Azambuja Supervisora editorial Ariadne Nunes Wenger Analista editorial Ariel Martins Informamos que é de inteira responsabilidade da autora a emissão de Análise de informação Andre Akamine Ribas conceitos. Revisão de texto Schirley Horácio de Gois Hartmann Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou Capa Denis Kaio Tanaami forma sem a prévia autorização da Editora Projeto gráfico Bruno Palma e Silva SUMÁRIO Diagramação Regiane Rosa A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n° 9.610/1998 e punido Iconografia Apresentação, 9 Danielle Scholtz pelo art. 184 do Código Penal. Introdução, 11 edição, 2012. 1 Didática: momentos históricos, 13 2 Abordagens do processo didático: fundamentos e instâncias opera- Foi feito depósito legal. cionais, 31 3 Elementos objetivos, conteúdo, método, avaliação, 53 4 Princípios orientadores da didática na perspectiva da sistematiza- Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) ção coletiva do conhecimento, 69 (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Considerações finais, 79 Martins, Pura Lúcia Oliver Referências, 81 Didática / Pura Lúcia Oliver Martins. - InterSaberes, 2012. Bibliografia. Bibliografia comentada, 85 ISBN 978-85-8212-465-9 Atividades de Avaliação Final, 89 1. Didática 2. Prática de ensino 3. Professores e alunos I. Título. Gabarito, 91 12-09366 Nota sobre a autora, 95 Índices para catálogo Didática: Prática de Educação 370.7</p><p>Como se caracteriza a educação na década de 1970, quando se DIDÁTICA: MOMENTOS realiza o I Encontro Nacional de Professores de Didática (1972)? HISTÓRICOS O ensino exige a apreensão da realidade. Não 1.1 se pensa ensino desconectado de um contexto O ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES social mais amplo. DE DIDÁTICA (1972) Veiga, 2004 I Encontro Nacional de Professores de Didática é realizado no Tratar do processo didático focalizando as for- período pós-1964, momento histórico caracterizado pelo esforço do Estado em racionalizar processo produtivo, tendo em vista a reto- mas e as práticas de interação entre professores mada do crescimento econômico e do desenvolvimento industrial. O e alunos como uma das dimensões da didática planejamento educacional é considerado "área prioritária", integrado implica resgatar o percurso da área situando-a ao Plano Nacional de Nesse período histórico, a nos diferentes momentos históricos. educação passa a ser vista como fator de desenvolvimento e, portanto, Um olhar sobre a história recente da didá- como investimento individual e social. tica no Brasil mostra que, nos últimos 35 anos, A orientação básica para modelo educacional que vai funda- esta tem sido questionada, sobretudo na déca- mentar as reformas do ensino superior e do ensino de 1° e 2° graus* da de 1980, quanto à sua função na formação centra-se na racionalização, na eficiência e na eficácia do processo. Há de educadores e à sua especificidade como área de conhecimento, buscando-se sua identidade. uma centralização normativa separando planejamento e execução. O trabalhador passa a ser estimulado individualmente por meio de dife- Nesse período histórico, há pelo menos dois renciação de salários, gratificações e é controlado pelos gestores** na marcos fundamentais. O I Encontro Nacional hierarquia da organização, os quais lhe transmitem as ordens numa de Professores de Didática, realizado em 1972 relação unilateral, de cima para baixo. na Universidade de Brasília, e I Seminário A As questões fundamentais colocadas nesse momento histórico são Didática em Questão, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, dez captadas pelos intelectuais que, em consonância com o contexto polí- tico-econômico e educacional do período, discutem a necessidade de anos depois.* formarum "novo professor", tecnicamente competente e comprometido Na atual legislação, o ensino de 1° e 2° graus é denominado respectivamente de ensino fundamental e ensino médio. Para mais informações, consultar Martins, 2003a, Gestores: classe intermediária entre capitalista e trabalhadores, que tem o papel p. 25-43. fiscalizador e controlador do processo de trabalho.</p><p>com O programa político-econômico do país. O documento final do As medidas de racionalização do processo de trabalho, tendo encontro destaca a "necessidade da integração dos professores de di- como central controle do tempo, implicam a centralização do dática no processo de expansão e atualização do ensino brasileiro" e processo produtivo em uma instância superior, externa ao trabalhador. ainda, como exigência, a formação "de um novo professor, cuja prepa- planejamento cuidadoso de todas as tarefas que deverão ser executa- ração didática seja embasada em conhecimento científico e vinculada das pelos trabalhadores passa a ser a questão central. Esse modelo fica às contingências nacionais" (Primeiro 1973, p. 153). expresso na didática do período, quando o planejamento passa a ocupar lugar de destaque nos seus manuais e programas de en- Como se caracteriza a formação do professor nesse período? O A racionalização do processo aparece como necessidade básica que é ser professor competente nesse momento histórico? para alcance dos objetivos do ensino. Com efeito, nessa fase, a formação do professor passa a fazer-se que acontecia no cenário político brasileiro quando se realizou por meio de treinamentos, nos quais são transmitidos os instrumentos I Seminário A Didática em Questão (1982)? Qual perfil do técnicos necessários à aplicação do conhecimento científico, fundado na professor discutido no encontro? qualidade dos produtos, na eficiência e na eficácia. Referindo-se a essa perspectiva técnica da formação do professor, afirma Pérez Gómez 1.2 (1992, p. 402-403) que o professor é um técnico que domina as apli- SEMINÁRIO A DIDÁTICA EM QUESTÃO (1982)* cações do conhecimento científico produzido por outros e convertido período em que realiza Seminário A Didática em Questão em regras de atuação. De acordo com esse autor, o professor deve configura-se como um importante momento histórico, marcado pela aprender conhecimentos e desenvolver competências e atitudes ade- abertura política do regime militar instalado em 1964 e pelo acirra- quadas para sua intervenção prática, apoiando-se nos conhecimentos mento das lutas de classe no país. Nesse período, surgem novas pala- que elaboram os cientistas básicos e aplicados. Não necessita chegar de ordem: partir da prática, compromisso político com as "camadas popula- ao conhecimento científico, senão dominar as rotinas de intervenção res", transformação social, unidade teoria-prática. técnica que se derivam daqueles. Enfatiza-se a necessidade de formar educadores críticos e conscien- Por esse ponto de vista, o professor competente corresponde a um do papel da educação na sociedade, e mais, comprometidos com as bom executor de tarefas, observando sua posição no interior da organi- demandas das camadas populares cada vez mais presentes na escola e zação do trabalho na escola. O mesmo autor observa que a racionalida- cedo dela excluídos. Se, no primeiro encontro (1972), buscava-se um de técnica impõe, pela própria natureza de sua concepção da produção do conhecimento social, uma relação de subordinação dos níveis mais Esse seminário ampliou-se ao longo dos últimos 26 anos e recebe a denomina- aplicados e próximos da prática aos níveis mais abstratos de produção da ção de Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (Endipe). Sua edição foi ciência. No mesmo sentido e seguindo a mesma lógica, deve produzir-se realizada em Porto Alegre, no primeiro semestre de 2008. O XII Endipe, ocor- rido em 2004 na cidade de Curitiba-PR, reuniu mais de quatro mil educadores de uma relação de subordinação do professor ao pedagogo ou psicólogo. todo país.</p><p>professor tecnicamente competente, comprometido com programa Esses desafios marcaram a década de 1980 como um período de político-econômico do país, no segundo (1982), a preocupação girava intenso movimento de revisão crítica e reconstrução da didática no em torno da formação de um professor politicamente comprometido Brasil. Nas palavras de Candau (1991, p. 10), "foi uma etapa de rup- com a transformação social. de paradigmas, de negação, de buscas, de reconstrução. [...] foi a Candau (1984, p. 19) ressalta que, nesse momento, década de mais fecunda produção intelectual brasileira sobre a prática pedagógica e seus determinantes". começa-se a despertar para a importância da dimensão política até então silen- Com comprometidos numa mesma unidade de perspectiva ciada pela perspectiva instrumental fundada na "neutralidade da técnica" [...] (visão crítica da educação), os intelectuais da área apresentaram uma que a prática pedagógica exclusivamente em função das variáveis internas do multiplicidade de enfoques para a questão da didática e seu papel na processo de ensino-aprendizagem, sem articulação com 0 contexto social em que formação do educador. a prática se dá. nesse movimento de revisão e ampliação da didática, em oposição à abordagem instrumental vigente até esse período, Candau Da didática instrumental para uma didática fundamental. Por que sistematiza as questões desse momento histórico. A autora propõe acontece essa mudança a partir da década de 1980? uma didática fundamental, que, nas palavras de Freitas (1995, p. 22), Nesse período, a dimensão política do ato pedagógico torna-se "mais do que um enfoque propriamente dito, foi um amplo movimento objeto de discussão e análise. Para tanto, passa a ser fundamental a de reação a um tipo de didática baseada na neutralidade..." contextualização da prática pedagógica na busca por compreender a Dessa forma, O movimento que inicialmente incluiu uma crítica e íntima relação entre a prática escolar e a social mais ampla. uma ao caráter meramente instrumental da didática avançou Valorizam-se os estudos do cotidiano escolar como fonte de conheci- em seguida para a busca de alternativas e reconstrução do conheci- mento para alcance da íntima relação entre "a didática pensada" e a mento da área. O grande desafio que se colocava, então, era ultrapassar "didática vivida" o novo desafio de então. "Partir da prática" passou a nível da crítica apontando alternativas concretas para ensino de ser elemento central. O documento final do I Seminário A Didática em didática mais articulado com a realidade das escolas de ensino fun- Questão, segundo Candau (1984, p. 111-114), destaca a necessidade damental e médio e com os interesses e as necessidades práticas da de se rever ensino de didática, que em geral se constituía em maioria da população. uma dissociação entre a didática que é vivenciada, inclusive nas aulas de di- Como se realiza o ensino na pedagogia crítico-social dos conteúdos, dática, e discurso sobre que deveria ser a própria prática. [...] É necessário proposta por Libâneo? rever essa postura: partir da prática pedagógica, procurando refletir e analisar Ao longo da década de 1980, as produções teóricas dos educado- as diferentes teorias em confronto com ela. Trata-se de continuamente res expressam tentativas de dar conta dessa nova situação. Tomando a relação teoria-prática procurando, inclusive, reconstruir a própria teoria a como parâmetro a questão da relação teoria-prática, podemos identi- partir da prática. ficar processos distintos que procuram ampliar a discussão da didática,</p><p>iniciada por Candau, em reação ao modelo pedagógico centrado no As propostas de uma pedagogia crítica originadas desses grupos campo da instrumentalidade.* entuam a importância de estimular uma consciência crítica e uma ação De um lado, encontram-se grupos que discutem a importância de transformadora pela ativa de conteúdos formar uma consciência crítica nos professores para que estes colo- articulados aos interesses da maioria da população. Entende-se que quem em prática as formas mais críticas de ensino, articuladas aos in- uma formação teórica crítica sólida garantirá uma prática consequente. teresses e às necessidades práticas das camadas populares, tendo em Como realiza ensino na pedagogia da sistematização coletiva vista garantir sua permanência na escola pública. Propostas expressivas do conhecimento, proposta por Martins? como a pedagogia histórico-crítica, de Dermeval Saviani, base teóri- ca da pedagogia crítico-social dos conteúdos, sistematizada por José De outro lado, encontram-se grupos mais radicais, voltados para Carlos Libâneo, caminham nessa direção. alteração dos próprios processos de produção do conhecimento, Intimamente vinculada à abertura social e política brasileira, a das relações sociais. A pedagogia dos conflitos sociais, de Oder José questão fundamental para esses grupos é a democratização do acesso dos Santos, base teórica da pedagogia da sistematização coletiva do à escola e a permanência dos alunos das classes trabalhadoras no am- conhecimento, proposta por Martins (2006), caminha nessa direção. biente escolar. Há que se socializar conhecimento. Afirma Saviani Propõe uma no outro e, num primeiro momento, enfatizar (1984b): a escola é uma instituição cujo papel consiste na socialização que outro sabe, a prática social dos envolvidos, chegando-se ao nível do saber sistematizado. [...] a escola diz respeito ao conhecimento ela- da alteração das relações sociais. borado e não ao conhecimento ao saber sistematizado e Para esses grupos, a questão fundamental passa pelas formas organiza- não ao saber fragmentado, à cultura erudita à cultura popular". cionais assumidas pelas práticas de luta dos trabalhadores. Segundo Santos Do ponto de vista didático, ensino orienta-se pelo eixo da trans- 124), "A questão escolar não se resume num aperfeiçoamento missão-assimilação ativa de conhecimentos. Explica Libâneo (1985) metodológico ou tecnológico dos trabalhadores do ensino para se obter p. 127-128): "A pedagogia crítico-social dos conteúdos valoriza a instrução uma melhor distribuição do saber sistematizado [...] ela se verifica, sobre- enquanto domínio do saber sistematizado e os meios de ensino, enquanto tudo, na reorganização das relações sociais vigentes em seu interior" processo de desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos e via- Desse ponto de vista, passa-se a discutir a importância de se rom- bilização da atividade de transmissão/assimilação ativa de conhecimentos". per com eixo da transmissão-assimilação dos conteúdos, ainda que Para esses grupos, O elemento central está calcado na concepção buscando-se um processo de ensino que altere, na prática, suas segundo a qual a aprendizagem se faz fundamentalmente a partir do relações básicas na direção da sistematização coletiva do conhecimen- domínio da teoria. A prática, pois, decorre da teoria. Daí a importância to Nas palavras de Santos (1992, p. 130), "a compreensão da realidade do racional, do cognitivo, do pensamento. Nessa concepção, a ação social decorre não da assimilação resultante da transmissão de 'bons prática é guiada pela teoria; valoriza-se pensamento sobre a ação. mas sim da prática sobre essa realidade social. É a teoria que é a expressão da e são tantas práticas... É este papel do Para mais informações, consultar Martins, 2007, p. 77-103. ele é meio, não se constitui em objetivo em si</p><p>Nas propostas desses grupos, elemento central é a ação prática primeiro momento dimensão política do ato pedagógico (1985 uma ação prática material e social determinante do processo. Alte- 1988) é um período marcado por intensa participação social. Os mo- ram-se as formas de agir, de pensar, de sentir a própria situação escolar. vimentos sociais que ocorreram no Brasil no final da década de 1970 e Valorizam-se a prática dos alunos e os problemas postos por essa prá- primeira metade da década de 1980 consolidaram novas formas de or- tica. As propostas de uma pedagogia crítica desses grupos deixam de ganização mobilização que repercutiram na escola. Os grupos sociais cingir-se à de conteúdos, ainda que críticos, e definem como classe e passa-se a dar ênfase à problemática política. valorizam próprio processo de fazer como elemento educativo. Os no seu dia a dia, na sala de aula e na escola, reclamam Nas palavras de Martins (2006), da predeterminação do seu trabalho por instâncias superiores, querem Um dos pontos-chave da nova proposta pedagógica encontra-se na alteração do participar, essa participação tem um caráter eminentemente político. processo de ensino e não apenas na alteração do discurso a respeito dele. [...] não Como os movimentos sociais influem na prática dos professores no basta transmitir ao futuro professor um conteúdo mais [...] preciso romper com 0 eixo da transmissão-assimilação em que se distribui um saber sistematizado período de 1989 a 1993? falando sobre ele. Não se trata de falar sobre, mas de vivenciar e refletir com. momento a organização do trabalho na escola (1989 E acrescenta a autora: "Aquilo que é vivenciado e analisado pro- é marcado pela intensificação da quebra do sistema orga- voca mudanças mais profundas do que aquilo que é apenas ouvido, no nizacional da escola. Os movimentos sociais que consolidaram novas plano do discurso. No fazer, gera-se saber". formas de organização e mobilização foram se desenvolvendo à revelia Desse movimento desencadeado em meados dos anos 1980 resulta- alheios às instituições sindicatos, partidos políticos e às formas ram alterações na organização das escolas, nos cursos de formação de tradicionais de organização do trabalho, chegando não só a mudanças professores, nas produções acadêmicas dos estudiosos da área e funda- dessas instituições, como também, e sobretudo, a mudanças, ainda que mentalmente na prática pedagógica dos professores dos três graus de embrionárias, nas próprias relações de produção. Nesse processo, os ensino. Nesse período, os docentes intensificaram suas iniciativas para grupos sociais se definem como classes, e uma nova ordem social se fazer frente às contradições do sistema e produziram saberes pedagó- configura. Os professores já se compreendem e se posicionam como gicos nas suas próprias trabalhadores, assalariados; organizam-se em sindicatos, participam de movimentos No interior da organização escolar, Acompanhando as iniciativas dos professores, Martins identifica, tentativas de alterar as relações sociais estabelecidas no seu in- nesse percurso histórico, quatro momentos fundamentais, com ên- fases terior, burlando as normas, agindo de maneira diferente daquela que é Como os movimentos sociais influem na prática dos professores no prescrita pela escola. Desse modo, redefine-se o papel do especialista, que já não pode período de 1985 a 1988? mais assumir o papel de controlador. Há que se desenvolver trabalhos mais há que se colocar junto com os professores e não acima Texto elaborado com base em Martins, 2003b. há que se juntar aos docentes na luta por um processo de ensino</p><p>que dê conta da clientela oriunda das classes É um pe- () componente intelectual. As novas formas de exploração e controle da de transição em que os professores quebram normas, tomando de exigem um novo tipo de uma vez que a produtivi- iniciativas que consolidem novas formas de organização. dade repousa cada vez mais na utilização do complexo. Como os movimentos sociais influem na prática dos professores no Com torna-se fundamental que a escola prepare um traba- período de 1994 a 2000? Ihador ativo, criativo, produtivo e, para tal, volta-se discutir importância de centrar fazer e as práticas de interação No terceiro momento a produção e a sistematização coletivas entre professores alunos no aprender a aprender. de conhecimento (1994 a 2000), a ênfase na problemática do aluno como sujeito vai se aprofundando à medida que se verificam alterações no interior da organização escolar por iniciativa de seus agentes. O Neste situamos historicamente a didática no Brasil mostrando aluno é concebido como um ser historicamente situado, pertencente a que, nos últimos 35 anos, esta tem sido questionada quanto à sua fun- uma determinada classe, portador de uma prática social com interesses formação de educadores e à sua especificidade enquanto área de próprios e de um conhecimento adquirido nessa prática, os quais não Registramos que, na constituição da identidade da área, podem mais ser ignorados pela escola. Esse período se relaciona com pelo menos dois marcos fundamentais. O I Encontro Nacional de os anteriores através da problemática da interdisciplinaridade, que Professores de Didática, realizado em 1972, na Universidade de Brasília, continua sendo uma questão importante. Seminário A Didática em Questão, realizado na PUC do Rio de O que significa a interação entre professor e aluno centrada no laneiro, dez anos depois. Enquanto, no primeiro encontro (1972), bus- "aprender a aprender" neste início de século? um professor tecnicamente competente, comprometido com programa do país, no segundo (1982), a preocupa- O quarto momento caracteriza-se pela ênfase na girava em torno da formação de um professor politicamente com- aprender a aprender (2001 até os dias atuais). A expressão aprender a prometido com a transformação social. aprender é do final do século XIX e início do século XX, tendo surgido Vimos que desse movimento desencadeado em meados dos anos no movimento da Escola Nova. Hoje volta a ser utilizada, mas com 1980 resultaram alterações na organização das escolas, nos cursos de outro sentido. Não é mais centrada no sujeito psicológico, mas, sim, formação de professores, nas produções acadêmicas dos estudiosos da no sujeito produtivo, intelectualmente ativo, criativo, capaz de domi- área e, fundamentalmente, na prática pedagógica dos professores dos nar os processos de aprender. A questão central é que aluno aprenda graus de ensino. Sistematizamos, nesse percurso histórico, quatro a aprender. Nesse momento histórico, de acordo com Santos (2005), momentos fundamentais: a) primeiro momento: período marcado por assistimos à reestruturação do capitalismo: intensa participação b) segundo momento: marcado pela inten- as novas formas de organização dos processos de trabalho [...] tendem a da quebra do sistema organizacional da c) terceiro para segundo plano, a exploração do componente manual do e passa a momento: aprofundamento da ênfase na problemática do aluno como</p><p>sujeito concebido como um ser historicamente d) quarto mo- D. professor como um técnico que domina as aplicações do mento: ênfase na aprendizagem. A expressão aprender a aprender é do final científico produzido por outros e convertido em do século XIX e início do século XX, tendo surgido no movimento da regras de atuação. Escola Nova. Hoje volta a ser utilizada, mas com outro sentido. Indicamos, assim, que, no momento histórico atual, torna-se impe- Assinale a alternativa que completa a afirmação a seguir. rativo preparar um trabalhador intelectualmente ativo, criativo, produ- Na década de 1970, a educação é vista como: tivo. Daí retorno à ênfase no aprender a aprender. fator de desenvolvimento e também como investimento indi- vidual social. ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO lator de transformação social. 1. Assinale a alternativa que melhor completa as informações a seguir. fator de desenvolvimento crítico dos educadores. No ano de 1972, foi realizado o I Encontro Nacional de Professores D. fator de discriminação social. de Didática na Universidade de Brasília. Aquele momento histórico foi as alternativas da coluna A com as proposições da coluna A. pela abertura política do regime militar. no que se refere aos momentos fundamentais que influenciam a B. pelo acirramento das lutas de classe no país. prática dos professores. C. pelo esforço do Estado em racionalizar processo produtivo. D. pelo compromisso político com as camadas populares. Coluna Coluna B ( ) O aluno passa a ser visto como um 2. Assinale a alternativa que responde à questão a seguir. a dimensão política ser historicamente situado, portador de do (1985 a 1988) um saber adquirido na prática social e que No ano de 1982, foi realizado na PUC do Rio de Janeiro o I Semi- precisa ser considerado pela escola. nário A Didática em Questão. Qual o perfil de professor discutido ( ) Os professores no seu dia a dia recla- nesse encontro? (II) organização do mam da predeterminação do seu trabalho A. O professor cuja preparação didática seja embasada em conhe- trabalho na escola (1989 a 1993) por instâncias superiores e querem cimento científico e vinculada às contingências nacionais. participar. ( ) Há uma ênfase na aprendizagem B. O professor como um bom executor de tarefas, observando sua momento a produção e a siste- centrada no sujeito produtivo, intelec- posição no interior da organização do trabalho na escola. coletivas do conhecimento tualmente ativo, criativo, capaz de domi- A formação de um professor politicamente comprometido com a 2000) nar os processos de aprender. a transformação social, que se posiciona como trabalhador, ( ) Ocorre a intensificação da partici- (IV) 4" momentos aprender a aprender assalariado e que faz tentativas de alterar as relações sociais pação dos professores em movimentos até os dias atuais) estabelecidas no interior da escola.</p>

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