Prévia do material em texto
<p>ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS</p><p>AMBIENTAIS, AUDITORIA E</p><p>FORMAS DE CONTINGÊNCIA</p><p>DE DESASTRES ECOLÓGICOS</p><p>AULA 3</p><p>Profª Maurielle Felix da Silva</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Anteriormente, você aprendeu sobre quais as áreas de atuação do</p><p>profissional Biólogo e o que diz a legislação sobre a atuação profissional.</p><p>Também aprendeu sobre licenciamento ambiental, quais os tipos de relatórios</p><p>ambientais e qual a abrangência e o detalhamento desses relatórios, sejam eles</p><p>mais complexos, como um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) acompanhado de</p><p>um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), sejam mais simples, como um</p><p>Relatório Ambiental Simplificado (RAS).</p><p>Nesta etapa, vamos aprender sobre o conceito de planejamento</p><p>ambiental e suas respectivas fases e os temas (matérias) abordados nos estudos</p><p>ambientais, com enfoque naqueles que são de relevância para o exercício da</p><p>profissão do Biólogo.</p><p>Vamos juntos nesta jornada pelo conhecimento!</p><p>TEMA 1 – PLANEJAMENTO AMBIENTAL</p><p>Crédito: Black Salmon/Shutterstock.</p><p>Simonds (1978 citado por Santos, 2004) dizia que o planejamento é o</p><p>direcionador da quantidade, da qualidade e da velocidade de natureza das</p><p>trocas. Simplificando essa ideia, o planejamento pode ser entendido como um</p><p>3</p><p>processo sistemático de se determinar o estágio em que você encontra, onde</p><p>deseja chegar e qual o melhor caminho para isso.</p><p>O processo do planejamento também pode ser resumido como algo</p><p>contínuo que envolve coleta, organização e análise sistematizadas das</p><p>informações, por meio de procedimentos e métodos, para chegar a decisões ou</p><p>escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos</p><p>disponíveis.</p><p>Quando falamos de planejamento ambiental, podemos interpretar que se</p><p>refere às questões do meio físico, biótico e humano (socioeconômico e</p><p>sociocultural). Simonds (1978) destaca que planejamento ambiental se</p><p>estabelece na interação e integração dos sistemas que compõem o ambiente e</p><p>possui o objetivo de estabelecer as relações entre os sistemas ecológicos e os</p><p>processos da sociedade, das necessidades socioculturais a atividades e</p><p>interesses econômicos, a fim de manter a máxima integridade possível dos seus</p><p>elementos componentes.</p><p>Nesse contexto, o profissional que trabalha no planejamento ambiental</p><p>precisa, de forma geral, ter uma visão sistêmica e da totalidade. Porém, nesses</p><p>trabalhos, é comum que, em um primeiro momento, seja realizada a</p><p>compartimentação do espaço (por meio do estudo dos diferentes temas, que</p><p>veremos adiante, que compõem o planejamento ambiental) para depois integrá-</p><p>lo novamente, o que também denominamos de análise integrada.</p><p>TEMA 2 – ESTRUTURA PARA O PLANEJAMENTO AMBIENTAL</p><p>Crédito: Miha Creative/Shutterstock.</p><p>4</p><p>Os planejamentos ambientais são organizados dentro de uma estrutura</p><p>que envolve pesquisa, análise e síntese (Santos, 2004). A referida autora traz de</p><p>maneira sistemática:</p><p>– A pesquisa tem o objetivo de reunir e organizar dados para facilitar</p><p>sua interpretação.</p><p>– Na fase de análise os dados organizados são avaliados para atingir</p><p>a compreensão do meio estudado, com seus acertos e conflitos.</p><p>– A síntese refere-se à aplicação dos conhecimentos alcançados para</p><p>a tomada de decisões.</p><p>De forma geral, para o cumprimento dessas três etapas, o planejamento</p><p>se apresenta como um processo, ou seja, é elaborado em fases que evoluem</p><p>sucessivamente, em que cada resultado de uma fase serve como base ou</p><p>princípio para o desenvolvimento da fase seguinte.</p><p>Cabe também destacar que a estrutura organizacional do planejamento</p><p>orienta a equipe multidisciplinar para a realização dos levantamentos de dados</p><p>e a composição do banco de dados, fase que alguns autores denominam como</p><p>inventário.</p><p>Santos (2004) reflete que é nessa fase de inventário que também se</p><p>formulam as questões básicas para um bom encaminhamento do processo, tais</p><p>como: Quais os elementos ou parâmetros do meio que devem ser estudados?</p><p>Quais deles devem ser considerados bons indicadores das condições</p><p>ambientais da área? Qual a importância relativa de cada um deles? Em que</p><p>escala devem ser adotados? Como devem ser cruzados entre si?</p><p>Retornemos para a fase de inventário para que possamos compreender,</p><p>a partir de agora, quais os temas mais presentes nos levantamentos de dados</p><p>para a realização de estudos de planejamento ambiental.</p><p>TEMA 3 – TEMAS EM PLANEJAMENTO AMBIENTAL</p><p>Crédito: Rawpixel.com/Shutterstock.</p><p>5</p><p>Quando pensamos em temas dentro do planejamento ambiental,</p><p>podemos fazer uma analogia com matérias ou disciplinas a serem apresentadas.</p><p>Cabe destacar que cada tema possui conceitos e métodos particulares e se trata</p><p>de um núcleo próprio de dados que gera uma composição específica de</p><p>informações.</p><p>São exemplos de temas: clima, geologia, geomorfologia (relevo),</p><p>vegetação, fauna, uso da terra, renda e educação etc.</p><p>Por sua vez, os temas podem ser divididos em subtemas; por exemplo, o</p><p>clima pode ser dividido em temperatura, precipitação e umidade, e a vegetação,</p><p>em tipos de vegetação e espécies.</p><p>O quadro a seguir sintetiza os temas e subtemas normalmente presente</p><p>em diagnósticos.</p><p>Quadro 1 – Temas abordados em diagnósticos de planejamentos ambientais</p><p>Tema Dados/Subtemas</p><p>Clima</p><p>Precipitação</p><p>Temperatura</p><p>Classificação climática</p><p>Umidade relativa do ar</p><p>Insolação</p><p>Nebulosidade</p><p>Ventos</p><p>Balanço hídrico</p><p>Radiação solar</p><p>Massas de ar</p><p>Pressão atmosférica</p><p>Geologia</p><p>Unidades geológicas (descrição, estrutura, litologia e/ou evolução ou</p><p>dinâmica)</p><p>Ocorrência de minerais de interesse econômico</p><p>Hidrogeologia</p><p>Geomorfologia</p><p>Unidades geomorfológicas (descrição dos tipos de relevo, formas de</p><p>relevo, padrões de drenagem, altitude, declividade, processos de erosão</p><p>e acumulação e/ou fragilidades e potencialidades)</p><p>Pedologia</p><p>Classes de solos</p><p>Vulnerabilidade à erosão</p><p>Potencial ou restrição de uso</p><p>Recursos</p><p>hídricos</p><p>Caracterização das bacias hidrográficas, da rede de drenagem e/ou dos</p><p>aquíferos</p><p>Quantidade e qualidade de água</p><p>Uso e consumo de água</p><p>Fontes de poluição</p><p>Arqueologia Sítios arqueológicos (localização ou identificação de áreas de ocorrência</p><p>potencial)</p><p>Fauna</p><p>Espécies (identificação de locais de ocorrência, hábitat, dieta,</p><p>abundância, status, endemismo, espécies migratórias e de importância</p><p>econômica)</p><p>6</p><p>Tema Dados/Subtemas</p><p>Flora</p><p>Tipos de vegetação</p><p>Espécies (riqueza, status, importância econômica, endemismo)</p><p>Capacidade de proteção do solo a processos erosivos</p><p>Uso e ocupação</p><p>da terra</p><p>Histórico e uso atual</p><p>Localização de áreas degradadas e de áreas protegidas (unidades de</p><p>conservação e áreas indígenas)</p><p>Atividades</p><p>econômicas</p><p>Setor primário, secundário e terciário (histórico e evolução do setor,</p><p>caracterização da produção ou serviço, infraestrutura disponível, trabalho</p><p>e geração de renda)</p><p>Estrutura</p><p>fundiária</p><p>Distribuição dos estabelecimentos</p><p>Condição do produtor</p><p>Projetos de colonização e assentamentos</p><p>Situação fundiária das UCs</p><p>Situação jurídica das áreas indígenas</p><p>Ocupações de terra (localização)</p><p>Aspectos</p><p>culturais e da</p><p>organização</p><p>social e política</p><p>Cultura popular, indígena e quilombola</p><p>Organização social e política</p><p>Demografia e</p><p>condições de</p><p>vida da</p><p>população</p><p>Demografia</p><p>Saúde</p><p>Trabalho e renda</p><p>Educação</p><p>Condições de moradia</p><p>Outros (lazer, propriedades de veículos, de aviões etc.)</p><p>Infraestrutura</p><p>de serviços</p><p>Saneamento</p><p>Saúde</p><p>Transporte</p><p>Energia elétrica</p><p>Educação</p><p>Comunicação</p><p>Infraestrutura das UCs</p><p>Lazer</p><p>Habitação</p><p>Segurança pública</p><p>Aspectos</p><p>jurídicos e</p><p>institucionais</p><p>Legislação ambiental</p><p>Programas ou projetos ambientais existentes</p><p>Identificação de instituições e sua atuação</p><p>Fonte: elaborado por Silva, 2024, com base em Fidalgo, 2003 citado por Santos, 2004.</p><p>É importante notar também que os temas para planejamento ambiental se</p><p>encaixam nos três principais eixos abordados no licenciamento ambiental e se</p><p>referem a dados que precisam ser buscados em relação aos meios físico, biótico</p><p>e socioeconômico.</p><p>Devido à enorme quantidade de dados a serem levantados tanto de fontes</p><p>primárias como secundárias é importante que o profissional possua organização</p><p>7</p><p>e opte por soluções que melhor representam os fenômenos a serem estudados,</p><p>como utilizar tabelas, quadros, gráficos e mapas em suas representações.</p><p>De acordo com Mikosik (2020), os resultados das pesquisas podem ser</p><p>apresentados em figuras e tabelas a fim de proporcionar uma leitura fluida,</p><p>dinâmica e capaz de assegurar a compreensão dos resultados trazidos pelo</p><p>profissional. Para tanto, esses elementos têm funções específicas: as tabelas</p><p>resumem e facilitam as comparações; os gráficos exibem, de maneira visual, as</p><p>variações ou padrões de distribuição; os quadros apresentam informações de</p><p>cunho teórico, como classificações, comparações e dados numéricos, sem</p><p>tratamento estatístico.</p><p>TEMA 4 – UTILIZAÇÃO DE MAPAS NO PLANEJAMENTO AMBIENTAL</p><p>Crédito: Rawpixel.com/Shutterstock.</p><p>No que se refere aos mapas, Sanchez (2013) comenta que ferramentas</p><p>como os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) são amplamente</p><p>utilizadas em estudos de planejamento ambiental, pois permitem a guarda, a</p><p>manipulação, a análise e a exibição de dados espacialmente referenciados e são</p><p>a base da cartografia digital.</p><p>Cabe destacar que os referidos dados espacialmente referenciados ou</p><p>dados geoespaciais, conforme o Art. 2, inciso I, do Decreto n. 6.666, de 27 de</p><p>novembro de 2008, são: “aqueles que se distinguem essencialmente pela</p><p>componente espacial, que associa a cada entidade ou fenômeno uma</p><p>8</p><p>localização na Terra, traduzida por sistema geodésico de referência, em dado</p><p>instante ou período de tempo, podendo ser derivado, entre outras fontes, das</p><p>tecnologias de levantamento, inclusive as associadas a sistemas globais de</p><p>posicionamento apoiados por satélites, bem como de mapeamento ou de</p><p>sensoriamento remoto” (Brasil, 2008).</p><p>A partir de agora, daremos foco ao desenvolvimento dos temas fauna e</p><p>flora, que fazem parte do meio biótico, trazendo exemplos de como os dados</p><p>podem ser representados nos estudos de planejamento ambiental.</p><p>TEMA 5 – MEIO BIÓTICO</p><p>5.1. Fauna</p><p>Crédito: Soos Jozsef/Shutterstock.</p><p>Os estudos relacionados aos aspectos biológicos raramente podem</p><p>dispensar os trabalhos de campo. Tanto para os levantamentos de fauna como</p><p>para os de flora, são necessários vários profissionais para compor a equipe de</p><p>campo. Sanchez (2013) comenta que os levantamentos de vegetação</p><p>normalmente são realizados por uma ou duas pessoas responsáveis técnicas,</p><p>além de auxiliares de campo. Por outro lado, os levantamentos de fauna</p><p>demandam especialistas nos vários grupos zoológicos, normalmente sendo:</p><p>ornitólogos (aves), mastozoólogos (mamíferos), herpetólogos (répteis e anfíbios)</p><p>9</p><p>e ictiólogos (peixes), além de, porventura, entomólogos (insetos) e demais</p><p>especialistas.</p><p>De maneira geral, os estudos começam pelo levantamento de dados</p><p>secundários, podendo ser consultados em relatórios oficiais, teses, dissertações</p><p>e artigos científicos. Esse levantamento prévio permite realizar um</p><p>reconhecimento inicial do que será provavelmente encontrado em campo e, a</p><p>partir de então, planejar as etapas do trabalho de campo.</p><p>Em alguns casos, pode ocorrer de as informações secundárias estarem</p><p>desatualizadas. No entanto, ainda serão de grande valia para a compreensão do</p><p>cenário anterior em contraponto ao que será localizado em campo.</p><p>Em planejamento ambiental, a fauna tem, basicamente, a função de</p><p>indicar a qualidade ambiental do meio, escolher e definir áreas a serem</p><p>protegidas e especificar manejo (Santos, 2004).</p><p>Byron (2000, p. 39 citado por Sanchez, 2013) propõe, como requisito</p><p>mínimo, aos estudos de base para o levantamento de fauna "mapear todos os</p><p>hábitats da área provável a ser afetada", incluindo ainda uma avaliação da</p><p>qualidade de cada hábitat, e realizar "levantamentos de campo mais detalhados"</p><p>a respeito da abundância e distribuição de espécies-chave selecionadas.</p><p>A referida autora sugere que as espécies selecionadas no levantamento</p><p>sejam classificadas em uma ou mais categorias a seguir:</p><p>(1) Espécies ameaçadas. São aquelas que constam de alguma lista</p><p>oficial, em qualquer categoria de ameaça, ou que sabidamente estejam</p><p>em avaliação para possível inclusão nessas listas.</p><p>(2) Espécies endêmicas. São aquelas que só ocorrem em determinado</p><p>ambiente.</p><p>(3) Espécies características de cada hábitat. São aquelas "usualmente</p><p>associadas a um determinado hábitat"; não são necessariamente raras</p><p>e avaliar sua situação (população e distribuição) pode ajudar a medir o</p><p>estado de conservação de seu hábitat.</p><p>(4) Espécies suscetíveis à fragmentação de hábitats. Predadores</p><p>situados no topo da cadeia alimentar, vários pequenos mamíferos,</p><p>espécies mutualistas, como polinizadores e simbiontes, e outras.</p><p>De acordo com Santos (2004), em alguns estudos de planejamento há o</p><p>mapeamento da distribuição das espécies indicadoras de duas maneiras: pela</p><p>identificação no mapa de vegetação dos ambientes propícios à espécie ou pela</p><p>sua distribuição identificada por levantamento exaustivo in situ, ou seja, dentro</p><p>do seu hábitat natural.</p><p>Na primeira opção normalmente é realizado um trabalho de campo</p><p>expedito para verificar a ocorrência das espécies por meio de pontos de</p><p>observação, sendo que com esse procedimento é possível comparar as áreas</p><p>10</p><p>onde a espécie é esperada em relação aos locais onde sua presença foi ou não</p><p>confirmada, sendo possível, então, inferir prováveis problemas de conservação</p><p>da espécie.</p><p>Já na segunda opção é elaborado um banco de dados que relaciona</p><p>pontos de ocorrência com coordenadas geográficas (latitude e longitude) obtidas</p><p>por GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) e área de abrangência</p><p>ou área provável de movimentação ou limites extremos de localização da</p><p>espécie. Nesse caso, uma possibilidade de representação é elaborar um mapa</p><p>de abundância com a representação da densidade de indivíduos por área</p><p>(densidade estimada por área).</p><p>5.2 Flora</p><p>Crédito: Lili Laliqu/Shutterstock.</p><p>11</p><p>Pelo seu inerente potencial como indicador, a vegetação é um tema muito</p><p>valorizado pelos planejadores. É um elemento do meio natural muito sensível às</p><p>condições e tendências da paisagem, reagindo distinta e rapidamente às</p><p>variações (Santos, 2004). A referida autora comenta que os estudos da</p><p>vegetação nos permitem conhecer as condições naturais do território e as</p><p>influências antrópicas recebidas, podendo-se estimar, de maneira geral, a</p><p>qualidade do meio.</p><p>Alguns autores denominam o levantamento da vegetação como</p><p>mapeamento de hábitats ou mapeamento de biótopos. Conforme descrito em</p><p>Sánchez (2013), um dos métodos para mapeamento e identificação das</p><p>formações vegetais consiste na descrição da sua fitofisionomia associando essa</p><p>informação às características de relevo. Para isso é interessante sistemas de</p><p>classificação da vegetação de amplo reconhecimento no âmbito da comunidade</p><p>científica, tal como o disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e</p><p>Estatística (IBGE) que adota uma classificação bioecológica que contém</p><p>diversos tipos e subtipos de formações vegetais (IBGE, 1992).</p><p>É comum encontrar em estudos ambientais mapas de vegetação que</p><p>contêm, de maneira geral, características como distribuição, grau de</p><p>fragmentação, forma e heterogeneidade espacial dos remanescentes florestais.</p><p>De acordo com Santos (2004), para elaborar um mapa de vegetação para um</p><p>estudo de planejamento ambiental é necessário ter clareza no tipo de</p><p>mapeamento a ser realizado, pois esse interfere na escala de mapeamento e</p><p>nos insumos utilizados para extrair as informações sobre a vegetação, como</p><p>imagens de satélite e fotografias áreas.</p><p>Cabe destacar que, de acordo com a escala selecionada</p><p>para estudo,</p><p>podem ser utilizados desde os mapas do tipo exploratório até mapas de detalhe,</p><p>sendo as escalas de mapeamento variadas entre 1:250.000 e 1:5.000. Por</p><p>exemplo, na escala exploratória (de menor detalhamento), pode-se mapear o</p><p>domínio, mas não os tipos vegetacionais, enquanto a escala de reconhecimento</p><p>ou semidetalhe mapeia os tipos, mas não o estado de conservação.</p><p>Um exemplo de mapeamento em escala detalhe é o mapeamento</p><p>realizado por Britez (2023), no qual traz espacialidade das diferentes tipologias</p><p>vegetacionais do litoral paranaense em escala 1:5.000 (Figura 1).</p><p>12</p><p>Figura 1 – Mapa de vegetação do município de Guaratuba/PR</p><p>Crédito: Maurielle Felix da Silva.</p><p>Em relação aos dados coletados diretamente em campo nos</p><p>levantamentos de vegetação, cabe destacar que existem inúmeras indicações</p><p>na literatura, cabendo ao profissional identificar qual a lista de informações e</p><p>características que mais se adequa ao estudo ambiental que está sendo</p><p>realizado. Santos (2004) traz um compilado dos procedimentos para descrição</p><p>da vegetação mais usuais encontrados em estudos ambientais.</p><p>13</p><p>Quadro 2 – Planilha de campo: descrição da vegetação</p><p>Responsável pela planilha: Espécies mais frequentes:</p><p>Área ocupada: Espécies importantes:</p><p>Área original/área atual da cobertura</p><p>vegetal (%): Espécies emergentes:</p><p>Tipo de cobertura vegetal: Espécies invasoras ou dominantes:</p><p>Domínio /</p><p>formação / tipo: preservada Ocorrência de floração:</p><p>pouco preservada Ocorrência de frutificação:</p><p>muito antropizada Tipo predominante de reprodução:</p><p>Número de estratos:</p><p>Tipos de estrato /</p><p>estrutura</p><p>arbóreo</p><p>Áreas de borda /</p><p>forma</p><p>circular</p><p>arbustivo oval</p><p>subarbustivo fusiforme</p><p>herbáceo estrelar</p><p>escandescente irregular</p><p>epifítico ininterrupta</p><p>Elemento</p><p>predominante</p><p>árvores pouco interrompida</p><p>arbustos muito interrompida</p><p>herbáceas Áreas de borda /</p><p>largura</p><p>aproximada</p><p>faixa estreita</p><p>epífitas faixa extensa</p><p>lianas faixa muito extensa</p><p>líquens Zona de contato abrupta</p><p>outros gradativa</p><p>Tamanho das</p><p>folhas</p><p>macrófila</p><p>Estrutura e/ou</p><p>composições</p><p>particulares</p><p>minérios</p><p>mesófila bolsões climáticos</p><p>micrófila composições/solo/relevo</p><p>nanófila outras</p><p>Características</p><p>das folhas</p><p>caducifólia</p><p>Presença de</p><p>cipós lenhosos</p><p>perenifólia espinhos</p><p>aciculifólia</p><p>muitos elementos lenhosos –</p><p>serrapilheira</p><p>esclerofilia</p><p>serrapilheira foliar</p><p>densa/pouca</p><p>suculenta gomose</p><p>outra Valores da Biodiversidade</p><p>Altura das</p><p>árvores</p><p>0,3 – 1m Valores éticos e</p><p>morais</p><p>valor intrínseco</p><p>1 – 3m valor com herança humana</p><p>3 – 5m</p><p>Valores estéticos</p><p>e de recreação</p><p>contemplação</p><p>5 – 15m observação</p><p>15 – 25m sentidos: ouvir / tocar / ver</p><p>> 25m atividade físicas</p><p>Densidade da</p><p>cobertura</p><p>muito baixa: até 10% arte a partir da paisagem</p><p>baixa: 10 – 50%</p><p>Valor como</p><p>recurso</p><p>fonte de alimento</p><p>regular: 50 – 70%</p><p>fonte de produtos</p><p>farmacêuticos</p><p>alta: 70 – 90% fonte de controle biológico</p><p>muito alta: > 90%</p><p>fonte de materiais para</p><p>construção</p><p>14</p><p>Composição do</p><p>dossel</p><p>esporádico</p><p>fonte de materiais para</p><p>manufatura</p><p>raro</p><p>fonte de combustíveis</p><p>energéticos</p><p>agrupado para pesquisa científica</p><p>interrompido</p><p>contínuo</p><p>íntegro</p><p>para educação de forma geral</p><p>para desenvolvimento</p><p>tecnológico</p><p>N° de indivíduos</p><p>em (100m2)</p><p>1 – 5</p><p>Valor para o</p><p>equilíbrio do</p><p>ambiente</p><p>manutenção das fontes</p><p>naturais de água</p><p>absorção de resíduos</p><p>5 – 15</p><p>equilíbrio climático:</p><p>global/regional/local</p><p>15 – 30</p><p>indicadores de mudanças</p><p>ambientais</p><p>30 – 60</p><p>proteção a distúrbios</p><p>ambientais:</p><p>enchentes/vendavais/pragas</p><p>60 – 90 Valores</p><p>desconhecidos</p><p>(espécies)</p><p>muito alto (1% de</p><p>conhecimento)</p><p>> 90 alto (2% – 30%)</p><p>Perímetro de</p><p>tronco</p><p>< 4cm médio (> 30% < 90%)</p><p>4 – 10cm baixo (> 90%)</p><p>10 – 20cm Valor de</p><p>reconstrução</p><p>(reflorestamentos</p><p>para)</p><p>reabilitação</p><p>20 – 30cm recuperação</p><p>> 30cm restauração</p><p>Estágio</p><p>sucessional</p><p>clímax Principais ações impactantes</p><p>subclímax fogo</p><p>sucessão inicial desmatamento (corte de madeira dura)</p><p>sucessão</p><p>intermediária desmatamento (corte de madeira mole)</p><p>sucessão tardia corte seletivo (palmito, bromélias, antúrios)</p><p>Distribuição</p><p>espacial dos</p><p>fragmentos</p><p>aleatória trilhas ou vias vicinais</p><p>agrupada linhas de energia e comunicação</p><p>sistemática mineração</p><p>outra distribuição agricultura de subsistência</p><p>Grau de</p><p>isolamento de</p><p>remanescente</p><p>florestal dentro da</p><p>unidade</p><p>alto outras</p><p>médio</p><p>Provável reversibilidade natural do estado de</p><p>impacto</p><p>baixo bastante lenta (> 100 anos)</p><p>Rareza de</p><p>cobertura vegetal</p><p>/ espécie</p><p>sim lenta (30 – 100 anos)</p><p>não média (10 – 30 anos)</p><p>Razão de rareza</p><p>espécies ameaçadas</p><p>de extinção rápida (< 10 anos)</p><p>espécies raras</p><p>Valor do</p><p>ecossistema</p><p>natural</p><p>1</p><p>espécies endêmicas 2</p><p>ecossistema raro /</p><p>endêmico 3</p><p>fauna rara / protegida</p><p>por lei 4</p><p>monumento histórico</p><p>natural 5</p><p>espécies de valor</p><p>cultural/regional</p><p>15</p><p>madeiras nobres</p><p>outras razões</p><p>Fonte: elaborado por Silva, 2024, com base em Santos, 2004.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Crédito: Pickadook/Shutterstock.</p><p>Agora que já estamos alinhados com os principais conceitos relacionados</p><p>aos relatórios ambientais e à avaliação de impacto ambiental, sugiro que você</p><p>acesse o portal do órgão licenciador do seu estado e procure pela seção em que</p><p>constam documentos relacionados ao licenciamento ambiental, ou seja, os</p><p>estudos de impacto ambiental (EIA) e demais relatórios ambientais vistos nesta</p><p>etapa.</p><p>Em seguida, identifique os temas acordados no EIA separando-os de</p><p>acordo com os meios físico, biótico e socioeconômico. Ao realizar a leitura,</p><p>exercite sua percepção e busque verificar as etapas de reunião de dados, análise</p><p>e síntese.</p><p>Bons estudos!</p><p>16</p><p>FINALIZANDO</p><p>Crédito: Roman Motizov/Shutterstock.</p><p>Se você chegou até aqui, tenha certeza de que já expandiu os seus</p><p>conhecimentos em planejamento ambiental e sua estrutura organizacional, bem</p><p>como os temas abordados nos estudos ambientais.</p><p>Cabe destacarmos ainda que, por mais que tenhamos adentrado os</p><p>temas de relevância para a atuação profissional do Biólogo (fauna e flora), os</p><p>conhecimentos pertinentes a esses temas não se esgotam nesta etapa, e é de</p><p>suma importância o aprofundamento e até mesmo, como em outras profissões,</p><p>uma especialização na área em que se deseja seguir.</p><p>17</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Decreto n. 6.666, de 27 de novembro de 2008. Institui, no âmbito do</p><p>Poder Executivo federal, a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), e</p><p>dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 28 nov. 2008.</p><p>Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-</p><p>2010/2008/decreto/d6666.htm>. Acesso em: 11 abr. 2024.</p><p>BRITEZ, R. M. de. Mapeamento da cobertura vegetal e uso da terra no litoral</p><p>do Paraná. Curitiba: Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais –</p><p>UFPR, 2023. Disponível em: <https://lageamb.ufpr.br/wp-</p><p>content/uploads/2019/05/CadernoCOberturaVegetal.pdf>. Acesso em: 11 abr.</p><p>2024.</p><p>IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da</p><p>vegetação brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 1992. (Manuais técnicos em</p><p>geociências).</p><p>MIKOSIK, A. P. M. Metolodologia do trabalho de campo em geografia.</p><p>Curitiba: InterSaberes, 2020.</p><p>SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São</p><p>Paulo: Oficina de Textos, 2013.</p><p>SANTOS, R. F. dos. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo:</p><p>Oficina de Textos, 2004.</p>