Vol 3 Parte 2-181-182

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<p>Celulose</p><p>Cada molécu la de celulose é formada por 10 000 ou mais unidades</p><p>de moléculas de 13-glicose numa cadeia não ramificada.</p><p>Pelo fato de as unidades de glicose estarem unidas em sua forma</p><p>13, o polímero pode formar uma estrutura linear rígida. Essa estrutura</p><p>torna a celu lose fibrosa, resistente e insolúvel em água.</p><p>O inverso ocorre com os polímeros em que as unidades de glico­</p><p>se estão ligadas em sua forma a, como o amido e o glicogênio, que</p><p>podem se enro lar e formar grânu los densos que absorvem água.</p><p>Justamente por causa das liga -</p><p>i ções 13, a celulose não pode ser digeri- ~</p><p>a</p><p>da pelo organismo humano. Só alguns ~</p><p>ti.</p><p>anima is ruminantes, como o cavalo e ~</p><p>~</p><p>o boi, e insetos, como o cupim, podem ~</p><p>~</p><p>. < ·-· -· ..</p><p>\</p><p>. 1 1 \\ . • . •</p><p>' .. • • • - ~ ... ....</p><p>,.</p><p>• ..</p><p>• ..</p><p>•</p><p>digerir a celulose.</p><p>Na realidade, no caso dos cupins, a</p><p>digestão da celu lose é feita por m icror­</p><p>ganismos protozoários que vivem em</p><p>seus tubos digestórios.</p><p>.i• ·1L1l ! I , .. _ ..</p><p>A presença de celulose na dieta hu­</p><p>mana, porém, é importante para esti­</p><p>mular a movimentacão do alimento no</p><p>'</p><p>trato intestinal, melhorando o funcio-</p><p>, ,.,</p><p>-</p><p>• • .,</p><p>.,</p><p>.</p><p>111 · 1 · ... 1 tJ . _, .. J</p><p>'1'.Jt;i;, .. ,11 ....</p><p>--· " - .</p><p>--. ~mi -</p><p>/ /,: llílO ,,</p><p>' i</p><p>111• ,'</p><p>'</p><p>i</p><p>,</p><p>'</p><p>~</p><p>-.</p><p>..</p><p>' , ,</p><p>namento do intestino, o que previne</p><p>alguns tipos de câncer (de intestino e</p><p>de estômago, por exemplo).</p><p>Empresa de processamento de celulose em Jacareí (SP).</p><p>Heterosídeos</p><p>Os heterosídeos são polissacarídeos que, ao sofrerem hidrólise,</p><p>produzem outros compostos além de oses.</p><p>Um exemplo importante de heterosídeo é a amigdalina, C20H27N011,</p><p>encontrada em sementes de amêndoas amargas.</p><p>Essa substância sofre hidrólise produzindo glicose, aldeído benzoi­</p><p>co e gás cianídrico, conforme mostra a equação a seguir.</p><p>CH20H ~---0---CH2</p><p>1 H</p><p>1 e-o</p><p>H"- /H \</p><p>e OH H e"</p><p>HO/ \ 1 1 / H</p><p>e-e</p><p>1 1</p><p>H OH</p><p>e-o 1</p><p>H / H \ ,.,.,o-e</p><p>"e OH H e 1</p><p>HO / \ 1 1 / "- H CN</p><p>e-e</p><p>1 1</p><p>H OH</p><p>H,O,.</p><p>o</p><p>o</p><p>Um processo semelhante ocorre com a mandioca-brava, que, se</p><p>não for devidamente preparada, pode causar sérios problemas de saú­</p><p>de em quem a consumir.</p><p>+ lHCN</p><p>i I</p><p>' J , • 1 , •</p><p>1</p><p>;' , "•</p><p>•. .,</p><p>7 •</p><p>"'</p><p>-</p><p>. . ... ... -- ,;,,. . . -</p><p>f</p><p>Polímeros naturais 395</p><p>..</p><p>....</p><p>-</p><p>-</p><p>Química</p><p>e tecnologia</p><p>Fermentação da sacarose e produção de etanol</p><p>O etanol pode ser obtido da fe rmentação de</p><p>vários vegetais ricos em açúcar, amido ou celu­</p><p>lose, corno cana-de-açúcar, m ilho, beterraba, sor­</p><p>go, trigo, arroz, mandioca e celulose, extraída de</p><p>matéria vegetal, principalmente de eucaliptos,</p><p>a lém de palhas, madeiras, resíduos agrícolas e</p><p>resíduos sulfíticos de fábricas de papel.</p><p>No Brasil, a fe rmentação da cana-de-açúca r é</p><p>o principal método de obtenção do etanol. A pro­</p><p>dução de etanol da cana-de-açúcar, em gera l, obe­</p><p>dece aos seguintes procedimentos:</p><p>1º) Moagem da cana</p><p>A cana-de-açúcar é transportada à usina on­</p><p>de é lavada, picada e enviada pa ra a moagem. A</p><p>moagem produz o caldo de cana, também conhe­</p><p>cido como garapa, que contém um alto teor de</p><p>sacarose, C12H220 11, e também o bagaço, a parte</p><p>sólida rica em celulose, (C6H100 5)n·</p><p>A m ist ura garapa-resíduo é filt rada. Feita</p><p>a separação, o bagaço é utilizado para cogera­</p><p>ção de energia ou como maté ria-prima na pro­</p><p>dução de celulose, chapas de aglomerado e</p><p>racão animal.</p><p>'</p><p>2º) Produção de melaço</p><p>A garapa é aquecida para se obter o melaço,</p><p>que consiste numa solução de = 40% em massa,</p><p>de sacarose (a cristalização do melaço produz o</p><p>açúcar mascavo).</p><p>Em seguida, acrescenta-se um pouco de água</p><p>e de ácido ao melaço para hidrolisar a sacarose</p><p>(hidro = água e lise = quebra), obtendo-se assim</p><p>o mosto de fermentação.</p><p>sacarose</p><p>,</p><p>agua gl icose frutose</p><p>3º) Fermentação do mosto</p><p>Neste momento, acrescentam-se ao mosto os</p><p>fermentos biológicos, corno a Saccharomyces, que</p><p>é um tipo de levedura. Esses microrganismos, ao</p><p>se alimentarem dos açúcares, produzem enzimas,</p><p>como a zimase, que atuam como catalisadores,</p><p>396 Capítulo 14</p><p>ou seja, aceleram a tra nsformação dos açúca res</p><p>presentes no mosto em etanol.</p><p>1 C6H120 6 (s)- 2 CH3CH20H(e) + 2 C02(g) + 26 kcal</p><p>açúcar etanol gás carbônico</p><p>Esse processo tem duração média de 50 horas,</p><p>e o etanol produzido por fermentação chega no</p><p>máximo a 14% em volume na solução, pois acima</p><p>dessa concentração o etanol destrói a enzima zi­</p><p>rnase, e a fermentação é interrompida.</p><p>4º} Destilação do mosto fermentado</p><p>O mosto fermentado é então enviado para a</p><p>destilaria, onde é submetido a uma destilação</p><p>fracionada para separar o álcool etílico da solu­</p><p>ção. A destilação prossegue até formar uma solu­</p><p>ção com 96% de etanol e 4% de água (etanol</p><p>96 ºGL). Nessa proporção, o etanol e a água for­</p><p>mam uma mistura azeotrópica, ou seja, de ponto</p><p>de ebulição constante e que, portanto, não pode</p><p>ser separada por destilação.</p><p>Sº) Obtenção do etanol anidro</p><p>Para obter etanol puro ou anidro, a indústria</p><p>ut iliza agentes desidratantes para retirar a água</p><p>excedente. Um exemplo é a adição de óxido de</p><p>cálcio (cal viva) à mistura.</p><p>O óxido de cálcio reage com a água formando</p><p>hidróxido de cálcio:</p><p>1 CaO(s) + 1 H20(e) - 1 Ca(OH}2(ppt)</p><p>Corno o hidróxido de cálcio não é solúvel em</p><p>álcool etílico, ocorre a formação de urna mistura</p><p>heterogênea que pode ser separada por filtração.</p><p>O etanol com no máximo 0,5% de água é conside­</p><p>rado anid ro.</p><p>Cada litro de á lcool obtido na destilação pro­</p><p>duz cerca de 12 litros de resíduos do mosto fer­</p><p>ment ado. Esse resíduo recebe o nome de vinhaça</p><p>ou vinhoto. É possível aproveitar o vinhoto como</p><p>fertilizante, aumentando-se a produtividade do</p><p>canavial, porém, corno a produção desse resíduo</p><p>é muito grande, muitas empresas acabam des­</p><p>pejando em corpos de água, causando sérios pro­</p><p>blemas de poluição ambiental.</p><p>180-2</p><p>181-2</p>