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<p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Imprimir ASPECTOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E CONCEITUAIS DA GESTÃO PEDAGÓGICA 80 minutos > Aula 1 - Agestão pedagógica e a educação brasileira > Aula 2 - Conceito de gestão pedagógica > Aula 3 - O gestor pedagógico educador > Aula 4 A organização escolar > Aula 5 - Revisão da unidade > Referências Aula 1 A GESTÃO PEDAGÓGICA E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA Mesmo as escolas privadas têm sua gestão submetida à legislação educacional e responde às secretarias de educação municipal ou estadual e, ainda, ao Ministério da Educação. Essa é a discussão que gostaria de te convidar a fazer nessa aula! E então, vamos começar? 15 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Vamos começar juntos a estudar a gestão pedagógica no sistema de educação brasileiro? A gestão envolve duas atividades fundamentais, que é a tomada de decisão e a organização do trabalho. No âmbito escolar, assim como em qualquer empresa, a gestão é uma atividade central. Contudo, no âmbito da gestão escolar há um conjunto de políticas educacionais, formalizadas por lei, portarias e resoluções, que definem como é a gestão em ambientes educacionais. Mesmo as escolas privadas têm sua gestão submetida à legislação educacional e responde às secretarias de educação municipal ou estadual e, ainda, ao Ministério da Educação. Essa é a discussão que gostaria de te convidar a fazer nessa aula! E então, vamos começar?</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO O surgimento da gestão escolar se deu a partir das demandas empíricas: quanto mais a educação se democratiza, há mais estudantes, mais trabalho e maior necessidade de pessoas prontas para cuidar dos aspectos administrativos da escola. A escola tem, na figura do diretor, o protagonista na gestão escolar, mas hoje o organograma da gestão escolar tem se tornado mais complexo, porque as demandas das escolas também se tornaram mais amplas. Por exemplo, hoje se fala sobre a demanda de assistentes sociais e psicólogos presentes durante todo o tempo em que o estudante está na escola, para a garantia de direitos e da saúde mental de crianças e adolescentes. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei n° 9.394/1996 nos dá os principais direcionamentos da gestão escolar, conforme podemos verificar no artigo Art. 3° O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VIII gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino. (BRASIL, 1996) Você já ouviu falar do conceito de gestão democrática? Ele implica reconhecer que todos os envolvidos na escola, famílias, estudantes, comunidade e gestores precisam fazer parte da tomada de decisão. Certamente, você sabe que isso é muito complexo, porque é uma tomada de decisão difícil quando há muitos atores e nem sempre eles querem se envolver efetivamente com a escola. Observe o que diz a LDB sobre como potencializar isso: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996). A existência de conselhos escolares é fundamental para os gestores, que devem acolher as demandas e estudar a possibilidade de resolvê-las. A LDB ainda regulamenta a função do Conselho Nacional de Educação, instituição participativa, formada por 50% de conselheiros da sociedade civil organizada e 50% por</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu conselheiros do governo, que tomam decisões sobre as políticas educacionais e ainda fiscalizam a aplicação dos recursos públicos, conforme o Artigo 9° § 1° "Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei". (BRASIL, 1996). Há ainda os conselhos estaduais e municipais com essa mesma composição paritária e que tem uma função fundamental na efetivação da gestão democrática do sistema brasileiro de educação básica. A gestão escolar está repleta de desafios e um deles é lidar com as políticas econômicas de caráter neoliberal que vêm sendo implementadas no Brasil a partir da década de 90 do século XX.</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu GESTÃO ESCOLAR E o NEOLIBERALISMO neoliberalismo é um conjunto de políticas econômicas que supõe a subordinação do Estado à lógica do mercado, que começou a ser adotado no Brasil a partir da década de 90 do século XX. Ele implica a diminuição dos gastos governamentais com políticas de proteção social, que garantem direitos para as pessoas em vulnerabilidade e risco social. Embora o neoliberalismo seja uma política econômica, quando o Estado deixa de lado a necessidade de atender às demandas da população e passa a priorizar as exigências do mercado, há um impacto nas instituições que fazem parte desse Estado, inclusive as de educação (CROCHICK, 2021). Talvez você esteja se perguntando: mas como isso afeta a educação? Afeta porque as políticas educacionais ganham um caráter neoliberal, cuja proposta é atender às demandas do mercado de trabalho por mão de obra barata. Por exemplo, a Base Nacional Curricular Comum tem uma vertente neoliberal ao fazer a opção pela Pedagogia das Competências. Dessa forma, os currículos das escolas acabam sendo desenvolvidos com base em uma perspectiva pedagógica empresarial, que não têm foco na emancipação do estudante, mas sim nas competências socioemocionais exigidas pelo mercado. A BNCC tem um amplo viés voltado para o empreendedorismo, que é um conceito muito utilizado pelas políticas neoliberais para justificar um projeto de fortalecimento do trabalho informal e de não contratação de trabalhadores pelo regime da Previdência Social (BRASIL, 2018). neoliberalismo, segundo Crochick (2021), tem como característica cooptar a subjetividade do indivíduo para o trabalho. Assim, por meio de conceitos como sucesso, promoção, vestir a camisa da empresa, vencer pelo esforço próprio etc., convence o trabalhador de que é escolha pessoal esse estilo de vida que leva ao adoecimento psíquico pelas longas horas de trabalho, que impedem o indivíduo a buscar lazer, tempo de qualidade com os filhos, cultura e descanso; tudo isso em nome do sucesso profissional e de uma vida para o consumo. projeto educacional da BNCC está voltado para formar esse trabalho alienado, não um cidadão emancipado. A escola faz parte desse projeto e ele afeta a gestão, porque implica que a aprendizagem será voltada para preparar o estudante para o mercado de trabalho apenas, não para a emancipação dos indivíduos e para a transformação social. Um dos instrumentos para essa visão de ensino/aprendizagem é o biopoder. Foucault (2001) explica que a escola neoliberal é uma instituição disciplinar que se utiliza do biopoder. Ela se baseia na ideia de que a aprendizagem se dá a partir da disciplina corporal e, portanto, espera que os estudantes fiquem horas em suas carteiras, em silêncio, passivamente aprendendo o que o professor "passa". Trata-se do poder exercido pelos gestores sobre o corpo dos estudantes. Nessa perspectiva, essa é a prática de ensino e aprendizagem da escola que os gestores exigem das suas equipes. A escola disciplinar, voltada para o mercado de trabalho, com um projeto alienante de educação, que forma indivíduos que não foram preparados para a crítica social, é gerenciada para funcionar a partir dessa lógica. GESTÃO E BNCC</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu A Base Nacional Curricular Comum não é um currículo. Ela é um documento normativo e, portanto, obrigatório tanto para rede pública quanto para rede privada, que é uma referência para a elaboração dos currículos. A BNCC não é um instrumento propriamente dito de gestão, mas afeta a tomada de gestão dos gestores, a gestão do conhecimento na escola e a maneira como se darão as práticas de ensino e aprendizagem, pois esse documento reconhece que o ensino e aprendizagem é algo que precisa efetivamente ser gerenciado. É a forma como a BNCC pensa a aprendizagem e propõe as ações docentes que impactam a gestão escolar. Como já dissemos, a BNCC tem como base a pedagogia das competências, que são divididas em gerais e específicas. Observe, a seguir, como são definidas as competências pela BNCC: Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2018, p. 6) Por sua vez, as competências se dividem em centenas e centenas de habilidades, focado naquilo que o mercado de trabalho requer do estudante. Esse caráter neoliberal é percebido no fato de que, nas competências, não se fala em método científico, que deve ser a base de desenvolvimento de crianças e adolescentes. É a partir do método científico que o estudante vai ter acesso ao conhecimento, será capaz de compreender a lógica negativa da existência humana do capitalista e dos processos que o alienam. A aprendizagem de competências socioemocionais na escola apenas naturaliza a exploração do trabalho. Essa geração que está sendo formada pela BNCC é aquela da sociedade do desempenho, da qual nos fala Han (2017), cujos trabalhadores estão exauridos em todas as suas forças mentais e físicas, mas alienados, porque conformados pela ideia de que sucesso justificam qualquer psicopatologia. A gestão escolar, nessa educação neoliberal, exerce o biopoder porque a pedagogia das competências tem como foco ensinar o estudante como se comportar em diversos espaços do mercado de trabalho. Trata-se de disciplinar os corpos para a dominação do capitalismo. Um exemplo disso são as práticas de elaboração de um projeto de vida, que traz a expectativa de o estudante pensar o futuro profissional, ainda que boa parte dos jovens que estão na educação brasileira nem sempre têm seus direitos fundamentais resguardados, como segurança nutricional, moradia decente, renda mínima, saúde, lazer, cultura. Dessa forma, o projeto de vida acaba causando ampla ansiedade e uma programação para a vida que se dá apenas pelo mercado. A gestão escolar que se pauta pela perspectiva da emancipação e da transformação escolar tem como foco a ciência enquanto norteadora de todas as práticas. Seu objetivo não pode ser produzir mão de obra barata com as competências e demandas, mas sim indivíduos capazes de se alienados e que rompam com essa lógica.</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu VÍDEO RESUMO Quanta coisa estudamos, não é mesmo? Então, separe um momento para assistir a este vídeo e entender de forma mais aprofundada o que é a gestão neoliberal da escola e porque a BNCC está ajudando tanto nesse processo. Vamos lá? 6d Saiba mais Que tal conhecer melhor a relação entre neoliberalismo e BNCC? Para isso, recomendamos que leia o artigo seguir: neoliberalismo e a base nacional comum curricular (bncc): aproximações contextuais. Aula 2 CONCEITO DE GESTÃO PEDAGÓGICA Nesta aula, vamos estudar a gestão escolar, diferenciando-a da gestão de empresas comerciais. 16 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! Nesta aula, vamos estudar a gestão escolar, diferenciando-a da gestão de empresas comerciais. Embora as escolas sejam públicas ou privadas, tenham natureza jurídica empresarial, elas precisam ter um direcionamento gerencial diferente de uma empresa, porque um aluno não é um mero cliente e não deve ser tratado como tal. Além disso, as empresas têm como foco o lucro e os resultados financeiros. Por sua vez, as escolas precisam ter como foco a aprendizagem e o desenvolvimento motor, social, afetivo e cognitivo dos alunos. Dessa forma, convidamos você a esta aula, na qual vamos conhecer como diversos autores pensam a respeito da gestão escolar, seus desafios, limites e possibilidades. Vamos começar? ESCOLA E DESEMPENHO Olá, estudante! Você tem ouvido falar de palavras como: desempenho, eficácia, eficiência, resultados, metas e indicadores? Em qual contexto você ouviu? Essas palavras são comuns em contextos de gestão de negócios. De fato, as empresas hoje estão concentrando-se nesses conceitos para se tornarem sustentáveis, ou seja, obterem os resultados financeiros necessários para se manterem no mercado. É nesse contexto que as empresas deixam de focar na administração tradicional para criarem estratégias de gestão.</p><p>15/08/2024. 16:15 U1_ges_ped_pro_edu A administração é um conjunto de técnicas tradicionais voltadas para organizar uma empresa. Ela define regras, rotinas de trabalho, organogramas e fluxogramas. O conceito de gestão é uma modernização do conceito de administração, que deixa de ser focada apenas na organização do trabalho, para se voltar para desempenho e resultados. Atualmente, as escolas, assim como as empresas, têm abandonado as ideias administrativas para se voltarem para os paradigmas de gestão (GOBBI et al., 2019). Com isso, as escolas passam a criar metas para serem atingidas e resultados a serem alcançados. Vejamos então como Gobbi et al. definem gestão escolar: " (...) a Gestão Escolar foi operacionalizada como uma dimensão composta pela liderança pedagógica e engajamento, centrais para a gestão de uma organização escolar pública brasileira que envolve muitas atividades, como organizar a autonomia, a elaboração, monitoramento e melhoria da proposta pedagógica, a administração de pessoal e recursos materiais e financeiros, a articulação com a família e sociedade etc. Sua natureza é técnica e também política. (GOBBI et al. 2019, p. 200) É importante pensar que as empresas capitalistas têm como foco o cliente, para garantir que o cliente fidelize e não busque os concorrentes. Nesse contexto, elas precisam "agradar" o cliente e fazer todas as suas vontades. Essa não é a lógica da escola. O estudante ali deve ser compreendido como sujeito de direito, deve ser protagonista, mas ele não é cliente. Assim, a gestão escolar não pode ter como foco meramente resultados financeiros e lucro, para distribuir dividendos para acionistas. A escola deve garantir direitos humanos, relações equitativas entre todos, inclusão social e transformação emancipatória dos sujeitos. Por isso, a gestão de uma empresa comercial, no contexto capitalista, deve ser diferente da gestão escolar, porque há uma dimensão axiológica que é diferente. Gobbi et al. (2019) pontuam que a liderança escolar também deve ser pautada por esses valores, mas que a gestão por desempenho deve ser aplicada. Gerenciar uma escola por desempenho implica definir metas e resultados a serem alcançados e definir indicadores que sejam utilizados no monitoramento e avaliação das ações e aquilo que foi obtido. Precisamos ter um cuidado especial. Gerenciar por desempenho é diferente de educar por desempenho. A seguir vamos entender melhor essa diferença e os cuidados para não misturar, porque a aprendizagem é transformação dos sujeitos, algo muito complexo para ser medido por meio de critérios de desempenho. GESTÃO POR DESEMPENHO E ENSINO POR DESEMPENHO Para começar, vamos recuperar algumas determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação:</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu " Art. 9° A União incumbir-se-á de: VI assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. (BRASIL, 1996) Esses são dois artigos que mostram que a avaliação tem um espaço muito importante dentro da gestão educacional brasileira e que ela tem uma dimensão de desempenho, o que é bastante criticado pela literatura. Será que aprendizagem e transformações dos sujeitos podem ser medidas, como é feito com as vendas de uma empresa? Medeiros mostra a necessidade de se repensar os processos avaliativos e explica: Um trabalho educativo feito nos moldes da moderna tecnologia caracteriza-se, portanto, por uma análise científica e planejada dos problemas, tratados como partes de todo um sistema, que deve funcionar de modo integrado. Apoia-se em teorias de aprendizagem e de ensino claramente formuladas e utiliza a avaliação como elemento de controle e aperfeiçoamento de cada etapa. (MEDEIROS, 2022, p. 163) Note que a autora pontua que a avaliação tem como objetivo aperfeiçoar o sistema e avaliá-lo de forma integrada, ou seja, não se trata de medir o desempenho dos estudantes, mas de perceber o funcionamento de todo o sistema. Resultados ruins em uma prova falam mais do sistema educacional e da própria escola do que efetivamente do estudante. Por isso que a gestão da escola deve ser feita com base em desempenho, em métricas, variáveis e indicadores, mas os processos de aprendizagem não devem ter como base o desempenho. O mercado de trabalho avalia os trabalhadores com base no seu desempenho, mas essa lógica não pode fazer parte da escola.</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu A LDB é o resultado de um processo histórico amplo, iniciado no Brasil na década de 90, de adoção do neoliberalismo como política econômica. Nessa lógica, as políticas neoliberais também ganham uma perspectiva neoliberal, ou seja, de atendimento às demandas do capital. Por isso a LDB enfatiza essa perspectiva da avaliação escolar de medir o rendimento essa é a mesma lógica do mercado de trabalho. Essa educação que forma mão de obra barata precisa que os indivíduos estejam adaptados à lógica do mercado e aplicam, desde a educação básica, avaliações que medem desempenho. Fala-se tanto em gestores escolares comprometidos com a qualidade da educação, mas de que educação estamos falando? Essa educação é para quem? Para o estudante ou para mercado? A gestão escolar de qualidade é aquela focada na emancipação, não na formação de mão de obra. DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR COMO ATIVIDADE POLÍTICA Souza (2012) percebe a gestão escolar como uma atividade política e, portanto, trata-se de uma ação que não é neutra. Embora a escola seja o espaço de divulgação do pensamento científico, da investigação e da razão, ela ainda assim é resultado de tomadas de decisão políticas. Por exemplo, há um movimento ultraconservador em curso, que leva para a escola discussões que tiram o seu caráter democrático. Discussões sobre a "escola sem partidos" ou "escola sem ideologia de gênero" são tentativas de negar direitos humanos na escola, em busca de impor uma percepção conservadora de mundo e manter os indivíduos alienados. Os gestores escolares precisam estar compromissados com a laicidade da educação, com a ética e com o método científico para impedir que tais concepções adentrem os espaços educacionais. Não podemos, por exemplo, negar aos adolescentes o direito à educação sexual, porque alguns atores políticos conservadores confundem educação sexual com seus preconceitos. Educação sexual é ensinar os limites do outro, o cuidado pessoal, o respeito às escolhas dos indivíduos e a inclusão. Mas essa é uma discussão que foi politizada no Brasil. De acordo com Souza: (...) a gestão escolar pode ser compreendida como um processo político, de disputa de poder, explícita ou não, no qual as pessoas que agem na/sobre a escola pautam-se predominantemente pelos seus próprios olhares e interesses acerca de todos os passos desse processo. Assim, visam a garantir que as suas formas de compreender a instituição e os seus objetivos prevaleçam sobre as dos demais sujeitos, a ponto de, na medida do possível, levá-los a agirem como elas pretendem. (SOUZA, 2012, p. 239) Por isso mesmo a liderança escolar é tão complexa. Ela não deve ser baseada em sistemas de disputa de poder, mas de construção de consensos. A autonomia dos docentes é um dos elementos em maior disputa na escola. O trabalho do professor é definido pelas próprias políticas educacionais, pelos currículos, pela direção</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu e coordenadores. A necessidade de dar respostas positivas às avaliações governamentais também é um reflexo dessa autonomia que foi tomada dos processos, porque eles ficam reféns daquilo que é cobrado nas avaliações. Considerando esses desafios, as lideranças precisam cuidar da cultura e do clima organizacional. Isso implica consolidar uma cultura organizacional baseada na emancipação dos estudantes, não na sua adaptação ao projeto do capital. O clima organizacional, por sua vez, deve ser democrático e consensual, no qual todos os atores escolares saibam que têm e que merecem ser ouvidos, porque todos são sujeitos de direitos ali naquele espaço. A gestão deve ter uma percepção de descentralizar o poder e flexibilizar a hierarquia, de tal forma que haja uma relação de confiança entre todos. O ambiente escolar não pode ser opressor e disciplinar, mas humanizado, acolhedor e empático, porque a aprendizagem ocorre onde há liberdade, não onde há opressão. VÍDEO RESUMO Estudante, gerenciar uma escola é uma tarefa complexa, porque a escola é diferente de uma empresa comercial, que é gerenciada com foco no lucro. O aluno não é um cliente e a aprendizagem não é alta que eu consiga medir de forma tão simples quanto a quantidade de mercadorias vendidas em um mês. Então, que tal ver esse vídeo e entender melhor as características de gestão de uma escola? 6d Saiba mais Nesta aula falamos sobre clima organizacional escolar. Comentamos que a aprendizagem ocorre em espaços de liberdade e não de opressão. Por isso o clima é tão importante. Para saber mais sobre isso, leia o artigo Liderança do diretor, clima escolar e desempenho dos alunos: qual a relação? Aula 3 GESTOR PEDAGÓGICO EDUCADOR gestor empresarial é, geralmente, um administrador que item um conhecimento geral de finanças, contabilidade, gestão de pessoas, marketing, sistemas de informação, dentre outros. 14 minutos INTRODUÇÃO Ola,</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu gestor empresarial é, geralmente, um administrador que tem um conhecimento geral de finanças, contabilidade, gestão de pessoas, marketing, sistemas de informação, dentre outros. Por sua vez, o gestor educacional precisa ter noções de tudo isso, além dos conhecimentos em pedagogia, políticas e legislação educacional. Dessa forma, vamos pensar: qual é a formação do gestor educacional e quais competências profissionais ele precisa desenvolver em seu processo formativo? A partir desse questionamento, convidamos você a pensar nesta aula sobre os sentidos do trabalho do gestor educacional, pensando nas falhas formativas e nos desafios impostos ao trabalho do gestor pelas políticas educacionais neoliberais. A FORMAÇÃO DO GESTOR PEDAGOGO Para compreender a formação de gestores escolares, precisamos conhecer as diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em pedagogia, que tem componentes curriculares na área de gestão educacional. Aliás, o curso de pedagogia é aquele que, por definição, forma o gestor escolar, conforme vemos no artigo 5°, da Resolução CNE/CP n° 1, de 15 de maio de 2006. " Art. 5° O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a: Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: III a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. (BRASIL, 2006) Dessa forma, podemos perceber que faz parte do currículo do pedagogo a formação em gestão escolar. Afinal, onde o gestor pedagogo pode trabalhar? Qual é a área profissional de desenvolvimento de uma carreira de um gestor pedagogo? Claro que, em primeiro lugar, pensamos no diretor de escola de educação básica. Mas o campo é muito maior. Um gestor pedagogo pode trabalhar no âmbito de secretarias municipais e estaduais de educação e ainda no processo de formulação, monitoramento e avaliação das políticas públicas de educação. Um gestor pedagogo precisa ter um amplo conhecimento das políticas e legislações educacionais, além de ter o compromisso de manter-se sempre atento às mudanças, já que Ministério da Educação e as secretarias publicam resoluções e portarias de caráter administrativo que impactam as rotinas escolares. Por conta desse cenário, o estudante de pedagogia tem parte da sua carga horária de estágio, na área de gestão, conforme podemos observar na Resolução CNE/CP n° 1, a seguir, de 15 de maio de 2006</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Art. 8° Nos termos do projeto pedagógico da instituição, a integralização de estudos será efetivada por meio de IV estágio curricular a ser realizado, ao longo do curso, de modo a assegurar aos graduandos experiência de exercício profissional, em ambientes escolares e não-escolares que ampliem e fortaleçam atitudes éticas, conhecimentos e competências: e) na participação em atividades da gestão de processos educativos, no planejamento, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação de atividades e projetos educativos. - (BRASIL, 2006) Portanto, as universidades que formam pedagogos precisam garantir que horas de estágio sejam cumpridas em gestão escolar, para que o estudante tenha vivências práticas nesse campo de atuação. Costumeiramente, as universidades solicitam que o estudante conheça o projeto político pedagógico da escola onde cumpre as horas e faça uma análise sobre ele. Essa vivência prática é fundamental para que o estudante conheça as rotinas administrativas, modelos de liderança e os desafios do trabalho do gestor. A seguir vamos conhecer mais sobre o currículo do curso de pedagogia, e como ele foi constituído para o gestor pedagogo. COMPETÊNCIAS DO GESTOR PEDAGÓGICO Ministério da Educação define os currículos dos cursos de pedagogia e os temas da gestão escolar que devem fazer parte do currículo. Vejamos então o que determina a Resolução CNE/CP n° 1, de 15 de maio de 2006 sobre o tema: Art. 8° Nos termos do projeto pedagógico da instituição, a integralização de estudos será efetivada por meio de: disciplinas, seminários e atividades de natureza predominantemente teórica que farão a introdução e o aprofundamento de estudos, entre outros, sobre teorias educacionais, situando processos de aprender e ensinar historicamente e em diferentes realidades socioculturais e institucionais que proporcionem fundamentos para a prática pedagógica, a orientação e apoio a estudantes, gestão e avaliação de projetos educacionais, de instituições e de políticas públicas de Educação. (BRASIL, 2006, grifos</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu O trecho grifado no texto da lei mostra que a atuação do gestor educacional é bem ampla e, portanto, é preciso conhecer com profundida a lógica institucional das políticas educacionais. Por isso, o gestor escolar deve ter um perfil profissional responsável, ético, proativo, compromissado com o interesse público e com a transformação social. Alves e Bispo (2022) fizeram um estudo do trabalho do gestor escolar e perceberam lacunas na formação que prejudicam a efetivação do direito à educação de qualidade no âmbito micro, ou seja, das escolas onde atuam como diretores ou coordenadores. Os autores pontuam que a formação do gestor é essencialmente neoliberal no Brasil, de forma curta e superficial, com prioridades dadas a metas e resultados. A gestão escolar passa, portanto, a ser pensada como a gestão de uma empresa comercial ou industrial. Sobre isso, Alves e Bispo (2022, p. 229) afirmam: " Esse cenário impõe também aos processos formativos de gestores novas maneiras e estratégias de promover o conhecimento, pois, além de adquiri-lo, é necessário saber aplicá-lo e adaptá-lo às novas informações dentro do contexto escolar. O aprendizado coletivo se torna mais importante à medida que valoriza os ganhos de autonomia institucional e o desenvolvimento profissional. (grifos nossos). (ALVES; BISPO, 2022, p. 229) Por isso a escola deve ser uma organização de aprendizagem permanente, na qual os gestores estão abertos a aprender e a ensinar. Os gestores escolares não são como os administradores técnicos de uma empresa, porque a administração de uma escola é impactada por questões políticas, partidárias e ideológicas. gestor pedagogo precisa ter uma formação que inclua disciplinas na área de políticas públicas. Tomemos, como exemplo, a reforma do ensino médio, de 2017, que gerou um amplo conjunto de discussões de cunho político no país, que tem muitos impactos na gestão escolar e modificou toda a organização do ensino médio. Ela é resultado de um processo decisório que envolveu elites econômicas que queriam uma educação neoliberal. Ou seja, são questões políticas influenciando diretamente na gestão escolar. A ESCOLA, o GESTOR E AS RELAÇÕES DE PODER Para começar, olhe esta imagem e pense no que ela significa para você. Figura 1 Planta do panóptico</p><p>U1_ges_ped_pro_edu 15/08/2024, 16:15 B A A A A F A A A A Fonte: Wikimedia. Agora, observe seguinte imagem: Figura 2 Construção panóptica</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Fonte: Wikimedia. epistemólogo Foucault (2001) usou a metáfora dessa prisão denominada panóptico para explicar a escola na sociedade contemporânea. Essa prisão fictícia seria construída a partir de um jogo de luzes no qual o prisioneiro não sabe se há alguém na torre de vigilância, mas está sempre com medo de fugir, pela possibilidade de estar sendo vigiado. Essa metáfora fala sobre as relações de poder estabelecidas na escola e sobre como a escola tradicional é um espaço de dominação e controle. Para a autora, a escola é um espaço disciplinar, de docilização dos corpos, para que ele se "adapte" a ser mão de obra barata para o capitalismo. Talvez você esteja se perguntando: mas o que isso se relaciona com o trabalho do gestor educacional? O gestor precisa ter o compromisso ético de não impor uma liderança disciplinar na escola onde é coordenador, diretor, supervisor ou qualquer outro cargo hierárquico que tenha. O gestor organiza a escola e, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, precisa estruturá-la de forma a garantir direitos educacionais e proteção social. Do ponto de vista das políticas públicas, a escola é um espaço de proteção social de crianças e adolescentes. Por isso, cabe ao gestor organizá-la para ser um ambiente acolhedor e de empatia, no qual a criança e o adolescente se percebam como pertencentes àquele espaço e se identifiquem como atores centrais nesse espaço. Não pode ser um espaço no qual essas crianças e adolescentes se sintam oprimidos, marginalizados e estigmatizados. Foucault (2001) criou um conceito denominado biopoder para entender as instituições sociais, inclusive a escola, e como elas criam mecanismos para definir regramentos de comportamento e usos do corpo, definindo o que é "normal" e o que é anormal". O gestor escolar precisa ser capaz de romper com essas práticas, porque ele precisa evitar esse processo de patologização do social, que implica em classificar os indivíduos em "normal" e "anormal" e se pautar, na escola, pelo chamado Direito Humano à Diferença, que é o reconhecimento de que a diferença é fundamental na vida em sociedade. gestor precisa aprender que o poder que possui é um dado da função e da posição que ocupa dentro da hierarquia das políticas educacionais e não naturalizar as relações de poder Dessa forma, não cabe a ele exercer esse biopoder de caráter moralista e disciplinador, mas sim de estabelecer relações éticas com todos os atores escolares, para tomar decisões que garantam o direito à educação e a proteção social da criança e do adolescente.</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu VÍDEO RESUMO O gestor pedagogo não é apenas alguém que toma as decisões na escola, mas é um agente muito importante dentro da lógica das políticas educacionais, que deve garantir a efetivação do direito à educação e a proteção à criança e ao adolescente. Neste vídeo, convidamos você a conhecer melhor o conceito de proteção social! Vamos lá? 6d Saiba mais Nesta aula aprendemos o conceito de biopoder Vamos entender melhor esse conceito e sua aplicação na escola? Então, leia o texto Biopoder, vida e educação, que estuda exatamente isso. Aula 4 A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR No Brasil, a escola é um espaço institucionalizado, ou seja, ela é composta por um conjunto de regras que regulamentam trabalho pedagógico e organizam a ação de professores, gestores e estudantes. 16 minutos INTRODUÇÃO Olá, estudante! No Brasil, a escola é um espaço institucionalizado, ou seja, ela é composta por um conjunto de regras que regulamentam o trabalho pedagógico e organizam a ação de professores, gestores e estudantes. A escola organiza também um cronograma, no qual é indicada a relação entre idade cronológica do estudante e o ano em que ele deve estar incluído, construindo uma linha evolutiva de conhecimentos, do mais simples ao mais complexo. Nessa construção organizativa ao final de cada ano, o estudante é promovido para o próximo, supondo que ele domina o sistema de conhecimentos esperado para sua idade. Então, que tal pensar criticamente sobre esse sistema e entendê-lo em sua complexidade? Vamos começar a nossa aula! CICLOS E SÉRIES NA LDB A Lei de Diretrizes e Bases da Educação é que define um modelo de organização da escola que divide de forma cronológica e evolutiva as séries e o Observe a seguir:</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu " Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. - (BRASIL, 1996) Dessa forma, a escola brasileira é organizada da seguinte forma: Educação infantil: de 0 a 5 anos. Ensino fundamental: a partir dos 6 anos, com duração de nove anos. Ensino médio: duração mínima de três anos. Educação de jovens e adultos: destinada a qualquer pessoa que não teve acesso ao ensino fundamental e médio na idade própria. A LDB define também uma carga horária mínima de 800 horas, distribuídas por 200 dias letivos. Contudo, no aspecto da reforma do ensino médio deve ser ampliada progressivamente, chegando até 1.400 horas anuais, por meio da educação integral. Manter uma organização do trabalho escolar, das rotinas, dos ciclos e das horas é, sem dúvida, necessário, mas o que se equivocam em relação às políticas educacionais é essa percepção linear da aprendizagem e ao considerar que todas as crianças, com as mesmas idades, possuem as mesmas habilidades e tiveram acesso aos mesmos conhecimentos prévios. Tragtenberg (2018) explica que a escola é efetivamente um espaço de força e repleto de rituais, que organizam o trabalho pedagógico e até mesmo as rotinas de todos os atores escolares. Para o autor, os rituais escolares são parte integrante do universo pedagógico e se organizam em: 1. Deveres 2. Disciplinas 3. Punições 4. Recompensas Nesse contexto, a escola é percebida por Tragtenberg (2018) como um conjunto de objetos bem definidos, conforme o papel do ator educacional dentro do espaço escolar. O professor precisa preparar a aula, fazer plano de ensino, fazer chamada, classificar os estudantes por nota, "dar" a aula. O estudante tem metas a serem atingidas, como "se comportar", "tirar boas notas" e "ter êxito escolar". Sobre isso, explica Tragtenberg:</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu O conhecimento escolar é usado no quadro de problemas surgidos da prática escolar com objetivos definidos: dar notas, classificar e sancionar os indivíduos. Isso porque há uma separação entre as práticas escolares e as práticas produtivas em geral. A separação escolar é chave na determinação do papel no conjunto de relações da sociedade atual. Isso é por conta da divisão entre o trabalho material e o intelectual, entre teoria e prática. Toda escolarização é por sua natureza conservadora, pois é ela quem legitima a separação entre a consciência e a prática. (TRAGTENBERG, 2018, p. 190) conjunto de regras que estruturam a escola é, segundo o autor, preparar os estudantes para tomar o seu lugar no sistema capitalista de produção. Será que se organizamos o sistema de forma diferente, ele ainda será uma reprodução da sociedade capitalista? É o que veremos a seguir. A ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA BNCC A BNCC não estrutura a maneira como a escola se organiza, mas ela é produtora de um discurso sobre como ensinar e o que ensinar. A BNCC faz uma proposta de se ensinar por competências as unidades temáticas e habilidades definidas ao longo de todo o texto A perspectiva da BNCC tem sido bastante criticada pelo seu compromisso com o neoliberalismo. Segundo Crochick: (...), é contrária a uma formação que contemple uma dimensão histórico-cultural, propícia à diferenciação individual e à autonomia, e pouco propensa à reflexão. (...) A modificação proposta na BNCC considera a adequação às supostas mudanças no mercado de trabalho, que, como argumentamos, é cada vez mais restrito, devido ao desemprego estrutural, acarretado pela crescente automação. 2021 p. 13) Por outro lado, temos a proposta de educação por temas geradores, que foi elaborada por Paulo Freire, em sua obra A Pedagogia do Oprimido. Freire criou o conceito de tema gerador em uma perspectiva de educação emancipatória e explica:</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Ainda que esta postura - a de uma dúvida crítica seja legítima, nos parece que a constatação do "tema gerador", como uma concretização, é algo a que chegamos através, não só da própria experiência existencial, mas também de uma reflexão crítica sobre as relações homens-mundo e homens-homens, implícitas nas primeiras. - (FREIRE, 1987, p. 56) A educação organizada por meio de temas geradores, em vez da escola neoliberal, tem como sentido pensar a relação homem-mundo e, assim, tirá-la da condição de alienação. Freire (1987) tinha uma perspectiva de educação de que esta deveria ser uma prática de liberdade e é aqui que entram os complexos temáticos. Vejamos na imagem a seguir como se organiza a educação como prática de liberdade. Figura 1 Relações entre complexos temáticos e temas geradores Universo temático Contém os temas Realizam-se em mínimo geradores uma metodologia que traz consciência Fonte: elaborado pela autora. Os temas geradores são sempre saberes que possibilitam ao homem olhar o mundo criticamente trata-se de falar sobre a relação existencial concreta em suas contradições. Na concepção de Tragtenberg (2018), a escola tradicional coloca objetivos e metas a serem alcançadas pelos estudantes, que se referem a notas e classificações. Freire (1987, p. 64) percebe exatamente o oposto em relação à educação emancipatória: "Assim como não é possível (...) elaborar um programa a ser doado ao povo, também não o é elaborar roteiros de pesquisa do universo temático a partir de pontos prefixados pelos investigadores que se julgam a si mesmos os sujeitos exclusivos da investigação." Os temas gerados são sempre do povo, ou seja, trazidos pelos estudantes, que devem perceber que eles são expressões da realidade e que há irracionalismo mitificador diante da realidade, da qual o ser humano pode sair pelo pensamento dialético. Nessa educação, o homem se prepara para a práxis, para a transformação social. A seguir, vamos pensar juntos sobre como a pedagogia de projeto pode ser apreendida como prática transformadora. NOVAS PERSPECTIVAS DE EDUCAÇÃO</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Uma das perspectivas da pedagogia de projetos é a formação multidimensional dos educandos. Hoje, há diversas pedagogias que se distinguem da escola tradicional. Um exemplo de aplicação de forma multidimensional é a Pedagogia Waldorf, cujo grande foco são os projetos que envolvem o contato da criança com a natureza, com a arte e possibilidade de brincar sem tecnologia. Na tabela a seguir, podemos ver a diferença entre as duas perspectivas: Tabela 1 Educação tradicional e educação waldorf Educação tradicional Educação Waldorf Tradição epistemológica mecanicista. Foco na criatividade e nas aptidões individuais. Separação entre o pensar e o sentir. Preocupação com o desenvolvimento social e emocional. Dá pouca atenção à subjetividade do estudante. As aulas são construídas a partir dos interesses do estudante. Descarta a emoção e o lúdico do processo de O brincar e a afetividade são partes integrantes do aprendizagem. aprender. Fonte: elaborada pela autora. A escola tradicional se organiza segundo uma perspectiva epistemológica iluminista e racionalista. A pedagogia Waldorf, embora tenha como foco de saberes o conhecimento científico, organiza a escola de outra forma. Ela supera a percepção instrumental de educação, conforme Silva: " Assim, embora nesse momento de seu desenvolvimento a criança já evidencie que consegue raciocinar aproximando-se da lógica adulta, os seus esquemas conceituais e ações executadas mentalmente ainda necessitam ser manipulados ou imaginados de forma concreta. Em atenção e respeito a esta especificidade no desenvolvimento do educando, o processo de ensino-aprendizagem no ensino fundamental Waldorf é conduzido não de forma abstrata e teórica, como é a tônica no sistema convencional de ensino, mas a partir da vivência, da observação e da descrição dos fenômenos. (SILVA, 2015, p. 102-3) No que se refere a esse apego ao real e ao concreto, as escolas Waldorf se organizam como casas, com muito espaço natural e artísticos e menos apego à hierarquia da sala de aula, com carteiras, lousa e professor ao centro. A educação tradicional se concentra apenas nos aspectos conteudistas e instrumentais da</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu aprendizagem, enquanto os projetos da escola Waldorf se focam no desenvolvimento de emoções, afetos, sensibilidade e relações sociais (SILVA, 2015). É muito comum essa perspectiva de falar em ludicidade na educação, mas o que isso implica, efetivamente? A ludicidade possibilita consolidar na criança o pensamento abstrato e a capacidade de simbolizar, que é fundamental para a alfabetização e letramento do sujeito. Na pedagogia de projetos, a problematização também é feita por meio do brinquedo e dos jogos, porque o brincar promove questionamentos e levanta questões para investigação. A pedagogia de projetos torna a escola uma experiência única, ao contrário da escola tradicional, que é instrumental, porque é voltada para o mercado de trabalho. Para a emancipação do indivíduo, não basta memorizar conteúdos, mas sim acessar a si mesmo como indivíduo afetivo, simbólico e relacional, cuja aprendizagem ocorre pelo contato com a própria realidade e pela liberdade. VÍDEO RESUMO Hoje, há diversas propostas pedagógicas de organização da escola e da aprendizagem fugindo da escola tradicional. Contudo, são escolas caras e pouco acessíveis à maior parte da população brasileira. Nesse contexto, vamos aprender a diferença entre a escola instrumental e a escola emancipatória? Então assista a este vídeo. 6d Saiba mais Nesta aula você conheceu a pedagogia Waldorf, como forma de organização da escola e da aprendizagem diferente da educação tradicional. Para conhecer mais sobre outras pedagogias, que tal conhecer a pedagogia montessoriana? Leia o texto Habilidades de resolução de problemas e métodos de ensino: o método Montessori e o ensino tradicional em questão. Aula 5 REVISÃO DA UNIDADE 14 minutos GESTÃO EDUCACIONAL</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Olá, estudante! Que tal revisar os principais conceitos desta unidade? Então, vamos pensar juntos sobre o que significa ser um gestor escolar em um sistema de ensino e de políticas educacionais neoliberais. Vamos começar pensando que ser gestor escolar não é o mesmo que ser um gestor empresarial, embora a escola seja, do ponto de vista jurídico, uma empresa. O gestor empresarial tem como objetivo garantir que o cliente receba valor e que os acionistas recebam seus dividendos. A escola ainda que privada precisa fazer Ela precisa ser um agente de emancipação. E, nesse contexto, é assim que o gestor precisa ser para colocar nas práticas da sua gestão. Vamos pensar sobre isso, a partir de Freire: " Educação que, desvestida da roupagem alienada e alienante, seja uma força de mudança e de libertação. A opção, por isso, teria de ser também, entre uma "educação" para a "domesticação", para a alienação, e uma educação para a liberdade. "Educação" para o homem-objeto ou educação para o homem-sujeito. - (FREIRE, 2010, p. 36) A proposta de Freire (2010) é de uma educação para um homem enquanto sujeito, no formato de uma educação para a liberdade e de uma educação para a emancipação. Contudo, são as próprias políticas educacionais que criam obstáculos ao trabalho do gestor escolar. Vamos entender por quê? Observe este artigo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: V a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. (BRASIL, 1996) Como criar uma escola emancipatória se o gestor está preso a uma política educacional que utiliza o conceito de "desempenho" para "medir" a aprendizagem, baseada em avaliações reprodutivas e disciplinadoras? A preocupação com os indicadores é muito forte nas nossas políticas educacionais. Brasil possui, inclusive, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) certamente alvo de preocupação por parte dos gestores escolares. Esse indicador transforma a aprendizagem e a própria escola em números a serem enviados aos organismos internacionais. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Teiveira IDER é um índice e as médias de desempenho nas avaliações. Na tabela a seguir, veja a base de índice:</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Tabela 1 Composição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) Indicadores Fonte de dados Fluxo escolar. Dados sobre aprovação escolar, obtidos no censo escolar. Médias de desempenho nas Médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação avaliações. Básica (SAEB). Fonte: elaborado pela autora com base no Inep 2023. Essas demandas de metas e resultados - mesma lógica das empresas privadas são preocupações do gestor escolar, que precisa criar estratégias para obter os resultados esperados. Portanto, é um trabalho cheio de contradições. REVISÃO DA UNIDADE Quanta contradição tem o trabalho do gestor escolar, não é mesmo? As nossas políticas educacionais estão efetivamente repletas de contradições, entre emancipação e neoliberalismo? Convidamos você a assistir a esta videoaula, na qual vamos lembrar as principais legislações brasileiras sobre a organização da escola e como elas afetam o trabalho do gestor. ESTUDO DE CASO Para começar nosso estudo de caso, pense como diretor de uma escola pública e o conceito de agir educativo, de Freire (2010). direito de escola conduz o seu agir educativo pautado pelas políticas educacionais e suas decisões precisam levar em conta a legislação educacional. Por exemplo, se a legislação determina que as horas mínimas anuais no ensino fundamental sejam 800, ele não pode garantir apenas 700. Por sua vez, se a legislação torna as avaliações obrigatórias, ele não pode aboli-las. O agir educacional é sempre pautado na legislação. Contudo, o agir educacional pode ter um âmbito emancipatório, ainda que limitado pela legislação educacional disciplinar e de mercado. Para pensar isso, convidamos você a ler este trecho, de Freire:</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu Duplamente importante se nos apresentava o esforço de reformulação de nosso agir educativo, no sentido da autêntica democracia. Agir educativo que, não esquecendo ou desconhecendo as condições culturológicas de nossa formação paternalista, vertical, por tudo isso antidemocrática, não esquecesse também e sobretudo as condições novas da atualidade. De resto, condições propícias ao desenvolvimento de nossa mentalidade democrática, se não fossem destorcidas pelos irracionalismos. E isto porque, às épocas de mudanças aceleradas, vem correspondendo uma maior flexibilidade na compreensão possuída pelo homem, que o pode predispor a formas de vida mais plasticamente democráticas. (FREIRE, 2010, p. 91) Vamos pensar sobre esse agir educacional mais democrático e, portanto, mais focado na emancipação dos sujeitos educacionais. Esse agir educacional tira o homem da sua alienação e de subordinação diante do capital e o potencializa a pensar as contradições da sua própria história. Nessa busca, é preciso possibilitar ao homem a sua condição ontológica, ser um sujeito de transformação e autônomo. Para nosso estudo de caso, suponha que seja seu primeiro dia de trabalho. Você realizou seu sonho de passar em um concurso público e está assumindo a direção de uma escola estadual. Você está cheio de ideias e deseja constituir um agir educacional transformador, certo de que é seu papel potencializar os sujeitos a levarem uma vida autônoma, sem amarras alienantes e com um projeto de vida transformador de si mesmo e da sua comunidade. ! Reflita Nosso estudo de caso não é simples, porque o trabalho do gestor escolar está repleto de limites, especialmente as políticas educacionais liberais. Ele precisa administrar uma escola pautada na BNCC, que tem como base a pedagogia das competências e a preparação do estudo para o empreendedorismo e para construir as competências socioemocionais demandadas pelo mercado de trabalho. Está submetido à LDB, que determina resultados e desempenhos, ainda que seja tão difícil avaliar aprendizagem com base em indicadores matemáticos. Contudo, você, como gestor escolar, não quer que seu agir educacional seja disciplinador. Você quer fazer a diferença e efetivamente modificar a trajetória de vida dos seus estudantes, tirando-os da alienação do capital. Então, vamos construir estratégias para fazer isso? Pense em como, apesar das políticas neoliberais, você pode construir um agir educacional emancipatório? O que você poderia fazer, dentro da legislação educacional, para constituir um agir educacional que seja significativo e democrático?</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO Para pensar a solução para nosso estudo de caso, convidamos você a pensar em uma citação de Freire: O papel da autoridade democrática não é, transformando a existência humana num "calendário" escolar "tradicional", marcar as lições de vida para as liberdades mas, mesmo quando tem um conteúdo programático a propor, deixar claro, com seu testemunho, que o fundamental no aprendizado do conteúdo é a construção da responsabilidade da liberdade que se assume. No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia. Me movo como educador porque, primeiro, me movo como gente. (FREIRE, 1996, p. 37) Professor, vamos começar pensando no conceito de autoridade apresentado por Freire (1996). A autoridade do diretor da escola é organizacional e ele não pode exercê-la além disso. Há uma hierarquia na escola, mas ela é limitada pela liberdade do sujeito da educação - ou seja, seu estudante. O que Freire (1996) nos ensina e que ajuda a resolver o nosso estudo de caso, é que, dadas as leis e as políticas educacionais, ainda sim o gestor escolar tem a responsabilidade ética de garantir uma educação para a liberdade e para a emancipação. Colocar-se como "gente" antes de gestor escolar é fundamental para o desenvolvimento da empatia necessária para que o agir educacional do gestor seja pautado pela liberdade. Para o autor, não há autoridade legítima sem liberdade. Como gestor escolar, você pode propor práticas pedagógicas que garantam a liberdade do estudante, a construção da sua autonomia e sua capacidade de sair da alienação. Para isso, na tabela a seguir propomos algumas ações iniciais: Tabela 1 Agir educacional ético Exercício da autoridade do Gestão democrática, na qual todos os atores educacionais sejam docente. chamados a deliberar. Práticas em sala de aula. Que valorizem a neurodiversidade. Seleção de conteúdo para as Descolonizadores, que descontruam saberes naturalizados. aulas. Atividades a serem desenvolvidas. Envolvendo problemas reais enfrentados pelos estudantes. Praticas Que envolvam soluçoes-problemas, nao reproduçao de</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu e Pedagogia de projetos. aprendizagem. Fonte: elaborada pela autora. RESUMO VISUAL Figura 1 Bases históricas e políticas da gestão escolar neoliberalismo pedagogia das competências sociedade disciplinar Bases históricas e políticas da Fonte: elaborada pela autora. Figura 2 Principais legislações educacionais que pautam a tomada de decisão do gestor escolar</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu o Federal (artigos 205 a 214 Lei de Diretrizes e Bases Base Nacional Comum Curricular Fonte: elaborada pela autora. Figura 3 Fundamentos organizacionais da escola brasileira Ciclos e séries Currículo formal Registro de presença e de notas Prestação de contas Disciplina na escola, aos órgãos Educação que prepara horários de lanche. regulatórios. Exemplo: para o trabalho Autorização para ir ao Censo escolar e banheiro, disposição das salas de aula centralizada no Fonte: elaborada pela autora.</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu REFERÊNCIAS 05 minutos Aula 1 BRASIL. Lei n° 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996. Disponível em: Acesso em: 17 mar. 2023. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC 110518 versaofinal site.pdf. Acesso em: 17 mar. 2023. CROCHICK, J. L. Educação, neoliberalismo e/ou sociedade administrada. Educar em Revista, V. 37, p. e80472, 2021. Disponível em: Acesso em: 17 mar. 2023. DIÓGENES, E. neoliberalismo e a base nacional comum curricular (bncc): aproximações contextuais. Revista Plurais Virtual, Anápolis, V. 10, n. 3 set./dez. 2020, p. 350-366. Disponível em: Acesso em: 17 mar. 2023. FOUCAULT. M. A microfísica do poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. HAN, B. C. Sociedade do cansaço. Vozes: Petrópolis: 2017. Aula 2 BRASIL. Lei n° 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996. Disponível em: Acesso em: 26 mar. 2023. GOBBI, B. C. et al. Uma boa gestão melhora o desempenho da escola, mas o que sabemos acerca do efeito da complexidade da gestão nessa relação? Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, V. 28, n. 106, p. 198-220, jan. 2020. Disponível em: Acesso em: 26 mar. 2023. MEDEIROS, E. B. Nossas práticas de avaliação: um anacronismo na escola. Revista Brasileira de Educação Médica, V. 6, n. 3, p. 162-168, set. 2022. Disponível em: Acesso em: 26 mar. 2023.</p><p>15/08/2024, 16:15 U1_ges_ped_pro_edu OLIVEIRA, A. C. P. de; WALDHELM, A. P. S. Liderança do diretor, clima escolar e desempenho dos alunos: qual a relação? Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, V. 24, n. 93, p. 824-844, out. 2016. SOUZA, A. R. D. A natureza política da gestão escolar e as disputas pelo poder na escola. Revista Brasileira de Educação, V. 17, n. 49, p. 159-174, jan. 2012. Disponível em: Acesso em: 26 mar. 2023. Aula 3 ALVES, T. L. de L.; BISPO, M. de S. Formação de gestores públicos escolares à luz da reflexividade prática. Revista De Administração Pública, V. 56, n. 2, 2022 226-247. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-761220210227. Acesso em: 31 mar.2023. AZEVEDO, R. DE O.; VEIGA-NETO, A. J. D. Biopoder, vida e educação. Pro-Posições, V. 30, 2019. Disponível em: Acesso em: 2 abr. 2023. BRASIL. Resolução CNE/CP 1, de 15 de maio de 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf.Acesso em: 31 mar. 2023. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2001. Aula 4 BRASIL. Lei n° 9394/1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996. Disponível em: em: 7 abr. 2023. CROCHICK, J. L. Educação, neoliberalismo e/ou sociedade administrada. Educar em Revista, V. 37, 2021. Disponível em: em: 7 abr. 2023. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. MENDONCA, R. R.; BARBOSA, A. J. G. Habilidades de resolução de problemas e métodos de ensino: o método Montessori e o ensino tradicional em questão. Psicol. Educ., São Paulo, n. 49, p. 3-12, dez. 2019. Disponível Acesso em: 7 abr. 2023 SILVA, D. A. DE A. E. 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Imagem de capa: Storyset e</p><p>15/08/2024 16:18 U2_ges_ped_pro_edu Imprimir DIMENSÕES DA GESTÃO 93 minutos > Aula 1 Agestão do currículo > Aula 2 - Agestão da ação docente > Aula 3 A gestão dos resultados > Aula 4 - A gestão pedagógica democrática inclusiva > Aula 5 - Revisão da unidade > Referências Aula 1 A GESTÃO DO CURRÍCULO A disciplina propõe-lhe ajudar a compreender a normativa do processo e seu alinhamento didático, metodológico e estratégico com a finalidade de uma aprendizagem propositiva e qualitativa, essenciais à formação cidadã. 16 minutos INTRODUÇÃO A promoção da aprendizagem perpassa o campo curricular educacional, agregando as construções políticas, históricas, socioculturais, econômicas e pedagógicas, sendo oportuno delinearmos, por meio das propostas curriculares, as ações, mediações e interpretações contemporâneas da educação. Harmonizar e equalizar parâmetros contributivos ao planejamento e à gestão e operacionalização das práticas escolares é o principal mote do currículo escolar, beneficiando as ações metodológicas e a obtenção dos objetivos propostos ao Projeto Político Pedagógico (PPP). A disciplina propõe-lhe ajudar a compreender a normativa do processo ensino/aprendizagem e seu alinhamento didático, metodológico e estratégico com a finalidade de uma aprendizagem propositiva e qualitativa, essenciais à formação cidadã.</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu A GESTÃO DO CURRÍCULO Base da prática pedagógica, o currículo escolar contempla as atividades, competências e os conteúdos a serem desenvolvidos, para que se tenha efetividade na escolarização dos estudantes. De caráter organizativo e normativo, referencia e prescreve planejamento, disponibilizando conteúdos, metodologias e estratégias a serem adotadas, provendo a gestão do conhecimento, orientando o processo de ensino e aprendizagem no cotidiano escolar, sendo indispensável à proposta pedagógica, ao trabalho e à prática docente. Objetivando a gestão e o dimensionamento do planejamento e da operacionalização do Projeto Político Pedagógico, permite análises e revisões às práticas e resultados educacionais, buscando melhorias contínuas dos processos. Prescrevendo todas as atividades a serem realizadas ao longo do ano letivo, compartilhado com toda a comunidade escolar, o currículo deve atender às diretrizes educacionais, garantindo formação democrática, atendendo às políticas e demandas de humanização, cidadania, direito à educação e à diminuição das desigualdades, conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), congregando competências a serem desenvolvidas ao longo da educação básica. Os princípios que norteiam o currículo se articulam dentro das concepções das teorias pedagógicas, mas focam nas metodologias, discutindo condições que ressignifiquem os conhecimentos dos estudantes, para uma visão mais universal e humanizada, tomando, por exemplo, o entendimento de geopolíticas, impactos ambientais produzidos pelas ações humanas, dentre outros. Estudando a história do currículo, percorremos concepções acerca do que se deve aprender. Inicialmente, as perspectivas não críticas, que trabalhavam conteúdos universais, instrumentalizando com foco em racionalidades, tecnicistas e não críticas, baseando-se em teorias neutras e restritas, concentrando-se em questões técnicas, focava apenas na transmissão de informações, sem dialogicidade e questionamento, até chegar-se ao pensamento crítico, como contempla Saviani (2010), também com a discussão da didática crítica, que se iniciou por meio das teorias críticas e contestadoras, questionando-se a neutralidade das teorias, observando-se que havia uma correlação entre o saber, a identidade e o poder Vários teóricos, precursores dessas teorias, questionavam a escolha de um tipo de conhecimento em detrimento de outro(s), observando quais interesses baseavam esse currículo, sem o reconhecimento do que objetiva o conhecimento e a universalidade do saber. Chegando à atualidade por meio das teorias pós-críticas e pós-modernas, também conhecidas como multiculturais e relativistas, não há neutralidade teórica, sendo imprescindível valorizar todos os tipos de conhecimentos dos grupos sociais, respeitando e valorizando as diversidades culturais, as influências sócio-históricas, inclusive, criticando e reconhecendo as interferências eurocêntricas. Percebe-se, nessa discussão, que nenhum conhecimento é neutro, já que todos possuem uma intencionalidade, precisando-se respeitar as diversidades culturais, relativizando todos os saberes, assim também outros documentos e normativas corroboram o planejamento e a execução do currículo escolar,</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu nessa proposta que reconhece as diversidades, sejam elas a BNCC, as PCNs, dentre outras, como cita Moreira (2013). Assim, desde uma atividade lúdica à exploração de um texto de determinado gênero acompanharão um modo metodológico que intencione um propósito. currículo elaborado pode trabalhar as transformações, em detrimento ao não acesso ao conhecimento mais elaborado e diferenciado, criando perspectivas de um conhecimento mais amplo, propiciando a compreensão de que todos podem contribuir para uma sociedade igualitária, como descreve Saviani (2010) quanto à necessidade de uma desalienação, compreendendo que pode contribuir para o todo, fazendo parte do processo em entendimento, ação e fala.</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu A GESTÃO DO CURRÍCULO NO CONTEXTO ESCOLAR currículo deve integrar um encaminhamento lógico, que proporcione o desenvolvimento do conhecimento, integrando saberes, a fim de que o estudante compreenda o mundo em que vive, não só com base em sua perspectiva, mas na percepção dos demais. Há a compreensão de três aspectos do currículo, que se entrelaçam e precisam interagir: o social, que contempla e considera as particularidades do contexto cultural, social e político de estudante, com base em sua realidade cotidiana e do lugar e modo em que vive; o currículo estruturador, que interliga as disciplinas por meio da interdisciplinaridade e o oculto, que compreende valores subjetivos ou implícitos a todos os conteúdos abordados, envolvendo ações e atitudes. Ao elaborar, é preciso que se tenha como propósito levar a informação ao estudante, de forma que ele possa transformar o conhecimento compreendido em prol de uma concepção social que interage com vários elementos do saber e a vida do estudante. Nesse aspecto, compreendendo como se dá o desenvolvimento de doenças a partir da falta de elementos higiênicos, desde a falta de saneamento ao complexo das ações bioquímicas de alguns elementos químicos, poderá suscitar ao estudante que ele busque manter condições saudáveis no manejo de produtos químicos, descarte de medicamentos, entre outros exemplos. Sem descartar e negar os conhecimentos do senso comum, mas incorporando-os às cientificidades que cada área possui, em qualquer nível do conhecimento, pode-se fazer com que qualquer estudante consiga desenvolver habilidades e competências que o habilitem a entender e interagir com quaisquer outras informações que sejam mais complexas. Nesse aspecto, o estudante não precisa ser um profundo conhecedor da ciência política, mas compreender o manejo dos interesses econômicos, políticos e sociais de um conflito por terras ou guerras. A aprendizagem, quando planeja no currículo dinâmico e norteador um conhecimento interdisciplinar, desde o ensino básico, possibilita o acesso a conhecimentos mais complexos e diversificados. Os documentos orientadores, que contemplam as legislações educacionais, como a BNCC, os PCNs, as diretrizes curriculares, devem basear a formação do currículo, norteando práticas e metodologias, respeitando-se os níveis de ensino, como citado na LDB e refutada na BNCC (BRASIL, 2018). Os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (BRASIL, 1996; ênfase adicionada, apud BNCC, 2018, p. 11) Uma outra consideração que precisa ser contemplada refere-se aos contextos e identidades étnicas e linguísticas, inclusive na contextualização da realidade do estudante, porque essa condição se refere ao diferentes humanos,</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu ambiental e concepções éticas de valorização Disciplinas, conteúdos, objetivos de aprendizagem, tecnologias assistivas e metodologias de trabalhos, práticas docentes, carga horária, tipos de avaliações e indicadores devem ser contemplados e orientar o currículo, inclusive para guiar todo o processo de gestão escolar, com ênfase na área pedagógica, oferecendo aporte ao levantamento de indicadores e instrumentos de mudança. A GESTÃO DO CURRÍCULO NA SALA DE AULA Os objetivos educacionais precisam de revisão e atualização permanentes, efetivando-se a aprendizagem. Elaborar o currículo escolar necessita de componentes diversificados e criteriosos, como: relevância dos conhecimentos, favorecendo uma seleção e utilização de elementos do que precisa ser ensinado, dos ritmos de aprendizagem, permitindo uma participação heterogênea e diversificada; a colaboração, elencando o desenvolvimento de competências diferenciadas, ofertando também os ajustes quanto às avaliações no sentido de percepção quanto coerência, desajustes, diferenciações que se façam necessárias e com componentes interdisciplinares, inclusive, interacionais, da atuação docente e do agrupamento de estudantes, seja em séries ou a partir de idades e interesses. Figura 1 Quadro explicativo acerca do delineamento de uma matriz curricular PROPOSTAS FORMAS DE OBJETIVOS CONTEÚDOS DE ATIVIDADE AVALIAÇÃO POR QUE? 0 QUE? COMO? EVIDÊNCIAS Objetivo de Temas, fatos, Situações e Atividades desenvolver conceitos, teorias; Práticas de ensino avaliativas devem competências/ Procedimentos, e aprendizagem favorecer que o capacidades amplas: métodos, ténicas, para trabalhar com aluno demonstre (intelectuais, os conteúdos o que está estratégias; físicas, afetivas, aprendendo ou o éticas, estéticas) Normas, valores, que já aprendeu atitudes, hábitos. Fonte: Educação Integral (2019, p. 88). Explicitando os propósitos da gestão do currículo na sala de aula, é necessário que o planejamento prescreva os questionamentos, conforme indicado na Figura 1. A matriz curricular também norteia os passos a serem delineados e que, em contexto específico da sala de aula devem contemplar todos os estudantes, buscando uma posição igualitária e heterogênea, como já discutimos. Em relação aos objetivos, é imperioso analisar a intencionalidade do aprendizado, seja no desenvolvimento das competências e de capacidades afins ou questionando-se quanto ao objetivo da aprendizagem.</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu Quanto aos conteúdos, eles precisam estar alinhados ao que se quer desenvolver, agindo como elementos de discussão de conceitos, fatos, teorias, perspectivas, além de métodos, técnicas e estratégias que se em normas, valores, atitudes e hábitos. Em termos práticos da execução da prática docente, é preciso que o planejamento contemple as propostas, questionando-se como executar as práticas e, por fim, avaliar, por meio de evidências que tratem da absorção do conhecimento em si, se ela se deu, como se deu, o que falta ser desenvolvido e até readequado. Como pode-se perceber em todas as fases, é pertinente executar todo o planejamento de forma personalizada, com uma intencionalidade e de acordo com as legislações, perfis de estudantes, contextualizações de desmembramentos dos conteúdos e possibilidade de agregar e transformar. Para isso, é necessário alinhar o conhecimento ao processo de elementos que sejam universais e comuns a um baseamento de todos os estudantes em termos de faixas, séries, conteúdos, dentre outros, e de partes diversificadas, as quais são bem agregadas às realidades dos estudantes, ofertando o conhecimento com base em suas perspectivas, propiciando criticidade e desdobramento de competências pessoais e coletivas, respeitando particularidades e regionalidades, como preconiza a BNCC. Esses parâmetros precisam de constante revisão e atualização dos objetivos educacionais, dos conteúdos, dos encaminhamentos metodológicos e do sistema de avaliação, visando à otimização do planejamento das aulas e à efetivação da aprendizagem. São benefícios do planejamento docente na gestão do currículo em sala de aula a promoção de autonomia, o fomento à pesquisa e ao engajamento de interesses pelas questões científicas, sociais, culturais, históricas ou em áreas que possam promover a qualidade social e em que o estudante se posicione como ator e interlocutor, e não como observador, como é na educação bancária, discutida por Freire (1997). VÍDEO RESUMO Você ingressará numa das temáticas mais instigantes da gestão escolar. Planejamento, percepção aguçada, respeito às particularidades e complexidades que compõem o desenvolvimento do aprendizado e dos saberes são alguns dos componentes e ganhos do planejamento e execução do currículo escolar, compactuando com as perspectivas discutidas nas legislações educacionais, como a BNCC e os PCNs, que possibilitam diálogo, criticidade, protagonismo, motivação e interesse dos que aprendem, dos que ensinam e de toda a sociedade, que se beneficia de um aprendizado cidadão. 6d Saiba mais Discute-se atualmente a interferência de grupos privados financeiros e sem experiência na educação, na formação de professores e nas discussões didático-pedagógicas e também nas relativas à gestão escolar. O contraponto de um conglomerado financeiro que "quebrou", portanto não deveria ter a excelência que</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu apregoava, mas que continua influenciando nas políticas públicas do país e, consequentemente, no currículo escolar. Saiba mais pesquisando a dissertação A ao direito à educação pelas reformas neoliberais e ideologias da desescolarização nos países sul-americanos. Aula 2 A GESTÃO DA AÇÃO DOCENTE Pilar da gestão escolar, a gestão pedagógica baliza as diretrizes da atividade principal da escola: a formação humana, e a escolarização, fomentando qualidade e construção de ambientes proativos. 15 minutos INTRODUÇÃO Pilan da gestão escolar, a gestão pedagógica baliza as diretrizes da atividade principal da escola: a formação humana, cidadã e a escolarização, fomentando qualidade e construção de ambientes proativos. Formação acadêmica, capacitação recorrente e desenvolvimento humano são condições que equalizam distorções e auxiliam um desenvolvimento pleno da gestão escolar, daí a importância de discuti-la. Na atualidade, não há mais espaço à gestão tradicional do ensino, havendo a necessidade de conceder-se um desenvolvimento que permita a pluralidade de ideias e promova o protagonismo do estudante, para que ele se desenvolva plenamente como sujeito crítico e partícipe de soluções e ações que lhe possibilitem viver com plenitude e que possibilitem qualidade a toda a sociedade. Por isso, há necessidade de você analisar, compreender e discutir os papéis do educador, da sua formação continuada e das estratégias de uma gestão democrática para uma efetividade qualitativa em ação da função e do papel da educação e da instituição escolar. Vamos lá? A GESTÃO DA AÇÃO E DO TRABALHO DOCENTE NA ESCOLA A gestão da ação e do trabalho docente na escola pode ser estimulante e desafiadora a profissionais da educação, estudantes e familiares, tanto quanto à sociedade, desde que haja um envolvimento que compreenda o planejamento, construções coletivas e revisão permanente dos projetos pedagógicos. Fazendo uma analogia ao processo de administração que concerne a qualquer tipo de ação, seja profissional ou acadêmica, existem metodologias, práticas e concepções que demonstram haver a necessidade de planejamento, cuidados e orientações que não só impactam na produtividade, mas, principalmente, na qualidade dela.</p><p>15/08/2024. 16:18 U2_ges_ped_pro_edu Compreendendo que a educação não é um produto, nem repasse de informações, é papel da escola a promoção de criticidade, dialogicidade e transformação, o que se dá, principalmente, pela ação educacional do professor em sua ação docente. Assim, ao trabalhar-se um conteúdo específico de língua portuguesa, por exemplo, é importante que o estudante, a partir da execução prática, investigativa ou analítica, consiga estabelecer a comunicação oral, escrita ou não verbal, utilizando os conceitos que balizam a disciplina, o assunto ou o saber com desenvoltura e conexão assertiva e adequada, como revelam Nogaro e da Silva (2014). Dessa forma, o estudante pode nem lembrar a conceituação do que seja uma oração subordinada, mas saberá utilizá-la em sua prática vivencial cotidiana, o que trará qualidade ao seu discurso, ao seu relacionamento social e, por conseguinte, ofertará qualidade e ensinamento aos demais, com os quais se relacione. Por meio das discussões de diversos teóricos, podemos compreender que a construção do saber depende da realidade social do estudante e da instituição escolar, tanto quanto do conhecimento do professor. A melhoria do ensino poderá ser vivenciada e verificada por meio das observações quanto aos avanços socioemocionais. Organizando-se recursos físicos, humanos e financeiros poderá se usufruir de um encaminhamento e desenvolvimento qualitativo e eficaz do conhecimento. Motivar estudantes e a si mesmo, promovendo uma absorção e desenvolvimento do saber e das aprendizagens não segue uma homogeneização, mas a compreensão das diversidades, visto que enquanto pessoas temos características, interesses e tempos de aprendizagens diferentes. Prover a formação e desenvolvimento de habilidades, frente a um mundo complexo, exige do profissional docente repensar suas ações, respeitando a proposta política pedagógica da escola, das legislações e normativas e dos contextos sociais aos quais sua prática se insere, devendo haver sempre uma proposição, uma meta, um norte. Coerência no cumprimento das ações e objetivos educacionais incorporam, portanto, a capacidade de cumprir suas metas na prática. Um bom exemplo dessa questão pode ser observado na performance dos estudantes nas olimpíadas de Matemática realizadas nas últimas décadas, em que se visualiza que, para além da compreensão de conceitos, há uma dinamização prática do conhecimento, verificando-se o desenvolvimento de habilidades cognitivas e a ampliação do gostar e do compreender a lógica. TRABALHO REFLEXIVO E COLABORATIVO Compreendendo-se o papel dos educadores no processo de escolarização, socialização e formação pessoal para atuação plena em sociedade, é necessário acompanhar as mudanças sociais, suas demandas e os pontos críticos que colocam todos em vulnerabilidade. Ao considerar a promoção de interdisciplinaridades e multidisciplinaridades, espera-se permitir e propiciar que o conhecimento seja integralizado de forma que haja a compreensão das interrelações que permeiam os diferentes saberes. Mas, para que isso ocorra, o profissional de educação necessita de uma visão ampliada de</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu sua área de atuação em consonância com a interação com as demais, ressaltando a diversidade de saberes, conhecimentos e habilidades existentes, como discorrem Nogaro e Silva (2015). Revisitando a história recente da educação no país, observa-se que os modelos tradicionais de ensino centralizavam o conhecimento sem conceber uma pluralidade de ideias e a possibilidade de, ao tornar-se, por exemplo, um profissional, o indivíduo consiga se adaptar a diferentes situações, metodologias, finalidades e condições de trabalho. Nessa discussão, incorpora-se a educação especial e inclusiva, que demonstra em sua cientificidade e prática dialógica a possibilidade de promover diferentes condições e níveis de aprendizado e escolarização às pessoas que possuam condições físicas, psíquicas e sociais, ofertando qualidade às relações humanas, sem desqualificar pessoas e tampouco beneficiar grupos em detrimento de outros. Com a experiência de uma prática docente que conduzisse o aprendizado, com qualidade e de forma efetiva, ao vivenciar nos últimos anos a situação pandêmica e as restrições que a Covid-19 impôs, alguns profissionais de educação conseguiram desenvolver soluções criativas com metodologias e práticas acessíveis e dinâmicas, em atendimento às dificuldades logísticas, operacionais e, principalmente, circunstanciais impostas. Nesse exemplo, podemos considerar que peculiaridades socioemocionais, como equilíbrio, motivação, criatividade, dentre outros aspectos, foram decisivas para alguns educadores com relação ao sucesso nas práticas docentes, relevando o trabalho reflexivo e colaborativo. AÇÃO DOCENTE SUPERVISIONADA (ADS) E FORMAÇÃO CONTINUADA Para que se acompanhe de forma qualitativa e plena as demandas exigidas para um pleno exercício da gestão escolar, é preciso que a gestão pedagógica realize a reflexão e o diagnóstico permanente da necessidade de treinamentos, capacitações e formações que consolide efetividade e qualidade, incorporando metodologias que agreguem novas perspectivas às práticas pedagógicas. Além disso, a gestão da ação docente atua no diagnóstico da necessidade de treinamentos e capacitações para os professores. Dessa forma, ela promove formação continuada, desenvolvendo no corpo docente as competências essenciais para o cumprimento dos objetivos educacionais. Rechaçando cobranças que não tragam reflexões e críticas pela crítica, a gestão precisa prover e favorecer feedbacks construtivos, autoavaliações e condições em contínuas adaptações e/ou reformulações que conduzam a melhorias nas práticas docentes e na qualidade de ensino e aprendizagem. Uma outra consideração, advinda dos processos de gestão de pessoas, é a avaliação do desempenho que, se realizada de forma adequada, proporcionará autorreflexões e autocríticas, além de avaliações de pares, de todos os atores envolvidos nos processos educacionais, favorecendo a identificação de desajustes e a readequação da atuação profissional, para que se consiga minimizar erros, retrabalho, conflitos, perda de recursos financeiros e de tempo, dentre outros aspectos.</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu Prover desenvolvimento ao corpo de educadores das instituições em habilitações socioemocionais, pautas de vulnerabilidades, processos críticos e exemplos práticos de profissionais e programas pode promover mudanças de paradigmas, facilitando processos e abandonando práticas que, por vezes, são apenas condicionadas a modos recorrentes e tradicionais de realizar tarefas, sem, contudo, ofertar o conhecimento e o desenvolvimento de habilidades e competências. Referenciando Sacristán (1999), que diz ser a ação a balizadora de expressões e manifestações advindas das práticas acumuladas e vivenciadas, condicionando, inclusive, o desenvolvimento histórico de cada indivíduo, a prática docente é uma forma de intervenção à realidade social, sendo esta uma ação pertinente ao indivíduo e a prática uma questão e condição cultural e social, como citam Pimenta e Lima (2004). As ações docentes supervisionadas (ADS) referem-se às atividades de estágio supervisionado, em que se trabalha e desenvolve a ação docente supervisionada, intermediando ação e trabalho, treinando competências e possibilitando demonstrar habilidades e conhecimentos adquiridos, tanto quanto o treinamento de competências sob uma supervisão profissional, inclusive, contemplada por legislações que normatizam a formação docente e que carecem de revisão, pois na prática há mais burocracia e cumprimento formal da legislação do que propriamente um propósito e um desenvolvimento técnico e comportamental. Com a mediação de um profissional experiente, a ADS deveria ser diversificada. Na atuação, há espaços formais e não formais de escolarização, motivando práticas responsáveis, executando-se melhor do que foi apreendido. VÍDEO RESUMO Na gestão do trabalho docente, é preciso que haja reflexões na execução do trabalho, o que auxilia na reestruturação positiva e propositiva da escola e das intervenções cotidianas, visando um trabalho democrático, que busque autonomia e protagonismo. Basear a reflexão nessa prática docente suscitará dúvidas, perplexidades, incômodos e explicitação quanto a dificuldades em compreender-se algo que não foi claro ou não trouxe suficiência, corroborando a motivação da pesquisa e a busca de soluções e resoluções para questões diversas. Desde a ação docente supervisionada à formação continuada, deve-se buscar a aprendizagem e o saber, acarretando melhorias na reorganização do trabalho, de suas condições e nas perspectivas de uma ação igualitária. 6d Saiba mais Exemplificando uma prática, Montenegro e Fernandez (2015) ofertam uma análise acerca da necessidade de se romper com visões simplistas, agregando formações construtivistas e focadas na autoformação e na aprendizagem dos estudantes por meio do Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (PCK, na sigla em</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu inglês), que é reconhecido como aquele que representa o conhecimento profissional dos professores e se desenvolve na prática e por processos reflexivos. Saiba mais sobre essa vivência lendo o artigo Processo reflexivo e desenvolvimento do conhecimento pedagógico do conteúdo numa intervenção formativa com professores de Aula 3 A GESTÃO DOS RESULTADOS Componente adequado à percentualização qualitativa da educação, as avaliações devem prescrever indicações fidedignas de dados e informações que promoções na formulação de políticas públicas e estratégias que foquem no aperfeiçoamento do aprendizado e do 22 minutos INTRODUÇÃO Componente adequado à percentualização qualitativa da educação, as avaliações devem prescrever indicações fidedignas de dados e informações que baseiam promoções na formulação de políticas públicas e estratégias que foquem no aperfeiçoamento do aprendizado e do ensino É importante entender as peculiaridades relativas às homogeneizações das avaliações em alta escala, principalmente no Brasil, dada as complexidades territoriais, sociais e político-culturais, que interferem nos resultados e, consequentemente, nas ações em políticas públicas. Visando à expansão qualitativa de todo o sistema educacional e ao atendimento às legislações e normativas correntes no país, é imprescindível compreender as particularidades e complexidades desse assunto tão importante e de dimensões significativas, que sempre estão nas discussões sociais e nas relações estudante/professor e sistema educacional. Bons estudos! A AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS PARA DOCENTES E DISCENTES Um dos sistemas de avaliação em larga escala, o Saeb, Sistema de Avaliação da Educação Básica, possibilitou a criação de outras avaliações realizadas por estados, municípios e em instituições educacionais, que auxiliam nas intervenções e aperfeiçoamento de processos. De acordo com Fernandes e Gremaud (2009), condições relacionadas à transparência, prestação de contas e interpretações de informações que conduzam à qualidade na educação têm o potencial de produzir novas orientações que impactam em instituições, sistemas e, principalmente, no trabalho gestor, no docente e na</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu escolarização do estudante. Nas últimas décadas, e em decorrência de mudanças nas políticas públicas e da incorporação das análises advindas dos sistemas de avaliação de larga escala, reorientam práticas, com a perspectiva do atendimento ao preconizado em normas e legislações educacionais, seja das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), da BNCC, que é a Base Nacional Curricular, norteando essas ações. Um dos elementos de maior significância nesse processo, o professor, responsável pela gestão dos processos de ensino e aprendizagem, precisa ter um desempenho assegurado, dinamizando a aprendizagem, as avaliações dos processos e a melhoria técnico-comportamental, para que as metas preestabelecidas sejam alcançadas. Interações diárias, planejamentos, utilização de métodos, práticas e tecnologias que possam personalizar o ensino e a aprendizagem, atingindo a todos os estudantes, é uma meta e necessita de aprimoramento constante e reconhecimento, além de respaldo que lhes dê motivação ao exercício profissional. Alguns elementos relacionados às capacitações e formações recorrentes objetivam conceder melhores condições de atuação, reconhecimento quanto às titulações, seja pela oferta de melhores posições de trabalho, como melhores remunerações. Professores, gestores escolares e gestores de administração das políticas públicas oportunizam análises e táticas decorrentes das avaliações educacionais, influenciando significativamente nas práticas docentes, notadamente quanto à promoção da melhoria da aprendizagem. Uma das condições mais discutidas e reconhecida pelos professores é o reconhecimento do trabalho realizado pelos estudantes, tanto em relação aos saberes transmitidos quanto às mediações e aos exemplos que remetem a construções de cidadania e reflexões necessárias a um êxito na escolarização e no desenvolvimento psicossocial. Luck (2009) refuta essa necessidade, que é inerente ao ser humano e aos trabalhadores em geral, por meio de reconhecimento que mobilize e motive os professores a exercerem suas ações de forma crítica, ética e com alto grau de ações exitosas, ressaltando que a avaliação pode indicar caminhos de desenvolvimento que permitam qualidade e eficácia ao processo educacional. A gestão escolar tem grande ação no desempenho dos professores, inclusive quanto ao envolvimento de estudantes, auxiliando na aproximação da família, na melhoria das práticas pedagógicas, relacionamentos interpessoais entre a equipe profissional, a comunidade e estudantes. Para o desenvolvimento da gestão democrática, a educação de qualidade precisa liberdade e democracia, segundo indica Paro (2000). Fatores sociais adversos, resultados de avaliações gerais e os índices de violência, falta de letramento, inserções em empregos mal remunerados e sem possibilidade de desenvolvimento intelectual e pessoal são escalas que indicam a discrepância entre os dados levantados por meio das avaliações dos sistemas educacionais, que levam alguns gestores públicos e grande parcela da sociedade a naturalizarem o processo de exclusão escolar, o que caminha na contramão dos propósitos educacionais.</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu Promover ações educacionais que qualifiquem os estudantes a desenvolverem o conhecimento crítico diversificado é o principal papel da escola. As avaliações, infelizmente, trazem desconforto e características qualitativas insipientes, induzindo os estudantes ao não entendimento e valorização de que é importante quantificar o conhecimento e a aprendizagem dos sujeitos. Entretanto, é necessário promover o protagonismo e o interesse em desenvolver-se mais e melhor, sem engessar os estudantes. ANÁLISE DOS RESULTADOS E INDICADORES DE AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA As avaliações deveriam balizar as estratégias para aperfeiçoar e desenvolver todo o processo de ensino. Nesse propósito, e alinhadas às reformas administrativas, as políticas públicas educacionais as incorporaram em larga escala como um instrumento para agregar melhorias às gestões educacionais das redes de ensino em nosso país e em diversos outros. No Brasil, há uma padronização dessas avaliações, que permitem nas análises das informações desses resultados uma fundamentação de políticas e programas educacionais. Alguns teóricos e educadores as questionam, discutindo a sua validação e a homogeneização tanto das provas quanto do tratamento de resultados, indicando que há uma heterogeneidade complexa no país, seja pelas diferenças sociais, culturais, econômicas ou políticas e, principalmente, porque não há garantias de haver um equilíbrio quanto à escolarização, ao ensino e à aprendizagem no país. Sousa (2014) e de Oliveira (2010) compreendem a importância das avaliações para o contexto gestor de políticas públicas, mas questionam pontos como são difundidas e seus resultados são utilizados, principalmente no que concerne à competição entre instituições educacionais. Concepções quanto à possibilidade de melhorias em autonomia, descentralização da gestão e controle de recursos, sejam humanos, materiais, de infraestrutura ou de organização metodológica e incorporação de práticas e tecnologias que possibilitem melhor ensino e aprendizagem são os propósitos discutidos e apontados tanto pelos sistemas governamentais que gerenciam essas avaliações quanto daqueles que consideram os resultados analisados, importantes para a mensuração de fatores, como descritos inicialmente. Referenciando verificações de qualidade de ensino, elevação de níveis de aprendizagem, autores como Afonso (2014); Bonamino e Souza (2001) e Castro (2009) indicam diagnósticos, regulações, análises, controles e monitoramentos tanto de estudantes quanto dos sistemas educacionais, agregando-se o trabalho docente, o das gestões das instituições educacionais e dos sistemas de ensino municipais e estaduais. São pontos decorrentes das avaliações:</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu Responsabilização de docentes, instituições e sistemas de ensino DIRETRIZES Escola, professor e sistemas responsáveis pelos resultados e pelas distorções na escolarização, incluindo-se gestores públicos Avaliação e acompanhamento de processos, resultados e da transparência da prestação de contas dos serviços em termos quantitativos e qualitativos. Transparência de informações Acompanhamento do perfil de qualidade de escolarização das instituições, inclusive optando pelas que possuam melhores resultados. Condução de comparações internas e externas, incluindo-se territórios, faixas etárias, de escolarização, principalmente tendo como base um currículo comum ou de referência. controle de dados e validade As correções e formulações de avaliações possibilitam uma neutralidade, à medida que utilizam execuções e orientações homogêneas, baseadas em currículos de referência. Há um maior controle, precisão e credibilidade dos resultados. Agregam maior consistência e equidade de dados, ofertando um sistema de informações com diferenciadas possibilidades de análise, como etnia, sexo, características geográficas etc. Fonte: elaborado pela autora. Considerando os pontos positivos e negativos, é importante observar que condições de aplicação, interesses econômicos, respeito às diferenças e diversidades, profissionais, empresas e gestão de avaliações precisam ser amplamente observados e auditados, com o intuito de minimizar discrepâncias e considerar as diferenças. Para além dos professores, todas as variáveis precisam ser consideradas, mas é principalmente nesse profissional que recaem as condições de melhorias em uso de tecnologias, metodologias e práticas, com a finalidade do desenvolvimento educacional. Hypólito e Jorge (2020) ressaltam a importância de se trabalhar todos os conteúdos e não especificamente aqueles que costumam ser cobrados. Outro questionamento é analisar o sistema educacional como um todo e não somente o rendimento dos estudantes, contextualizando-se as diferenças nos sistemas educacionais. Deve-se ter cuidado com medidas injustas, como a perda de autonomia de unidades escolares e de docentes, potencialização de resultados com base no ensino de estratégias para que se atinjam resultados, como no caso de concursos. Além de condições socioemocionais e personalísticas quanto ao tipo, em que há pessoas com melhor performance em avaliações objetivas, enquanto outras, as subjetivas, a premiação às melhores escolas e professores, desconsiderando aspectos gerais e específicos que podem atrapalhar os resultados, como citam Bauer (2012), Brooke (2013), Freitas (2013) e Sousa (2008). Na prática, como citam Bonamino e Oliveira (2013), é perigoso que haja ações para transferir estudantes com rendimentos baixos ou que necessitem de atendimento educacional especializado, assim como investir naqueles que têm melhores rendimentos. Há também a condição de agregar-se problemas de saúde física e emocional pelas condições estressantes, como as pressões decorrentes das avaliações, tanto a professores quanto gestores e estudantes.</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu A PRÁTICA DA AUTOAVALIAÇÃO: DOCENTES E GERENTES Outra discussão recorrente refere-se à formação docente, reconhecendo-se que não há um preparo acadêmico da prática docente, tampouco de gestão, havendo, na prática dos serviços, o desenvolvimento desses perfis profissionais. Assim, os perfis de estudantes, de seus familiares e a contextualização institucional e social interferem nessa prática e em resultados. Nóvoa (2009), inclusive, quando discorre sobre as cinco facetas que delineiam o bom professor, indica a qualidade da formação, da ação pedagógica, dos resultados de aprendizagem, da interrelação com outros professores, do entendimento da gestão, da condução do aprendizado, do interesse, da interação coletiva e colaborativa, considerando as questões práticas do desenvolvimento do aprendizado, das práticas docentes, da qualidade das relações institucionais, dentre outros fatores propositivos, democráticos e interacionais. As avaliações, tanto de professores quanto gestores, podem guiar os planejamentos, orientar as práticas escolares, nortear aspectos quantitativos e qualitativos, permitir informações sobre a qualidade do ensino, ofertar à sociedade transparência e condições de escolha de melhores locais para o desenvolvimento escolar de seus filhos, incrementar processos educacionais no âmbito profissional escolas e professores - e também estudantes e familiares, e mapear as dificuldades, discrepâncias e inadequações do aprendizado individual e coletivo. As condições de trabalho, a formação inicial, o material pedagógico, assim como a disponibilidade de formação em serviço são variantes que podem qualificar os processos de docência e melhorar a aprendizagem. Há, entretanto, variantes que comprometem a qualidade do ensino-aprendizagem. Em termos de inadequações advindas do contexto dos estudantes, há uma indicação quanto ao despreparo destes em termos de escolarização e também de suas relações interpessoais, incluindo-se aí a falta de ação e interação das famílias. Assim, nos contextos expostos, é importante que a relação da gestão escolar com toda a comunidade, estudantes, professores e familiares expresse qualidade e conduza a um ambiente de aprendizagem democrático, acolhedor e que proporcione interesse, respeito, protagonismo e motivação para estudar. Os gestores escolares, com base nas mudanças nos sistemas de ensino, também precisam ser capacitados continuamente, inclusive sendo suas escolhas para o cargo vinculadas à execução de projetos e atreladas às suas realizações, que interferem nas preferências da comunidade escolar. Freire (1997) já apontava para a necessidade de aferição da qualidade da prática pedagógica docente, assim considerando principalmente o contexto democrático desejado para uma relação crítica e participativa. É importante que haja uma autogestão e autoavaliação do próprio profissional, no sentido de que ele se conscientize das mudanças que precisa fazer em sua formação, metodologia de trabalho e interação com os demais profissionais, estudantes e sociedade em geral. Freire (1997) ainda alerta que esses propósitos devem permear o compromisso profissional dos professores e, consequentemente, da gestão escolar, que necessitam de planejamento, organização, avaliação crítica e revisão de práticas que devem coontar melhorias e não</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu VÍDEO RESUMO Faremos uma análise quanto às avaliações no contexto inclusive das avaliações em larga escala, que têm baseado muitas ações e práticas na gestão de políticas públicas educacionais. Analisaremos sistemas, a importância de indicadores que medem o desenvolvimento de escolarização e as autoavaliações de professores e gestores, considerando os impactos desses resultados ao cotidiano escolar, interesse e desenvolvimento de estudantes, assim buscando a compreensão de como essas avaliações interferem no cotidiano das escolas, de estudantes, da sociedade e da prática escolar. 6d Saiba mais Ao vivenciarmos uma situação atípica com a pandemia da Covid-19, observamos mudanças e retrocessos no desenvolvimento educacional de estudantes, assim como na prática docente e na gestão de escolas. Refletir sobre esse problema, reorganizando nossas práticas, agregando novas condições interacionais e de desenvolvimento de ações que possam minimizar essas perdas não só fortalecerão a retomada de condições pessoais e coletivas como proporcionarão ações práticas que auxiliem no desenvolvimento educacional em nosso país. Analisando uma prática realizada, vamos refletir quanto ao propósito das avaliações e do desenvolvimento do saber por meio da leitura de uma experiência do artigo Avaliação escolar em tempos de pandemia:possibilidades e incontingências. Aula 4 A GESTÃO PEDAGÓGICA DEMOCRÁTICA INCLUSIVA Sem haver quem ensina e quem aprende não pode haver educação. Autonomia, livre manifestação individual e coletiva. 16 minutos INTRODUÇÃO Sem haver quem ensina e quem aprende não pode haver educação. Autonomia, livre manifestação individual e coletiva. Para aprimorar seus conhecimentos, o ser humano continua a experimentar, criar, inventar e interagir. Hoje, vivemos um tempo em que é preciso buscar uma nova visão de mundo a cada momento, "[...] firma-se a convicção de que não só os poderosos ou os técnicos que têm capacidade de descobrir caminhos; todos temos a sabedoria e este direito não pode ser subtraído das pessoas" (GANDIN, 2004, p. 55).</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu A GESTÃO PEDAGÓGICA GARANTINDO VALORES DE EQUIDADE, INCLUSÃO E TRANSPARÊNCIA A questão da autonomia escolar tem sua relatividade mediante as normas e regulamentações previstas na legislação. Por esse motivo, a gestão corrobora sua liderança quando, ao expor as demandas governamentais, trabalha com os funcionários e professores mediante uma análise crítica de implementação das leis e normas de acordo com a realidade escolar. Por outro lado, quando a escola não exerce sua autonomia e faz da regulamentação oficial uma camisa de força, ela se isola do contexto social, deixa de exercer sua função participativa e promove internamente a fragmentação setorial. A autonomia está relacionada à ideia de liberdade, democracia e participação temas estabelecidos como direitos constitucionais. A autonomia faz parte da natureza da ação pedagógica e não é conquistada de um dia para o outro. É preciso deixar claro que todas as mudanças acontecem gradualmente. A escola vazia, sem estudantes e sem seus pais, é um aglomerado de cadeiras e não cumpre o seu papel. Por essa razão, são imprescindíveis as alternativas para a criação de um mecanismo que garanta a participação de todos na gestão escolar. Uma gestão democrática com liberdade e eticidade, como afirma Paulo Freire A autoridade coerentemente democrática, ainda mais, que reconhece a eticidade de nossa presença, a das mulheres e dos homens no mundo, reconhece também e necessariamente que não se vive a eticidade sem liberdade e não se tem liberdade sem risco. O educando que exercita a sua liberdade ficará tão mais livre quanto mais eticamente vá assumindo a responsabilidade de suas ações. (FREIRE, 2007, p. 93). Para alcançar a autonomia, a equipe gestora da escola precisa buscar a participação de fato, e não como mero discurso. Os passos para uma gestão mais democrática incluem alguns procedimentos, tais como: eleição de diretores, abertura à participação por meio dos conselhos e colegiados e criação de um fluxo de comunicação constante entre os diferentes setores. O convite à participação é uma forma de distribuição de poder. Por essa razão, a equipe gestora precisa saber ouvir, acolher, dialogar e dispor-se a fazer essa "distribuição". Gandin (2004) indica os pressupostos da participação de fato, introduzindo preocupações com o que ele chama de "desastres graves": A participação é, contudo, hoje, um conceito que serve a três desastres extremamente graves: a manipulação das pessoas pelas "autoridades", através de um simulacro de participação; a utilização de metodologias inadequadas, com consequente desgaste da ideia, e a falta de compreensão do que seja realmente a participação. (GANDIN, 2004, p. 56)</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu O exercício da democracia e do respeito à autonomia requerem atitudes e convicções que ainda precisam ser aprendidas. O objetivo da educação básica, na educação infantil, já sinaliza a necessidade de se educar para a autonomia, porque ela não é inerente ao ser humano, ao contrário, já nasce com extrema dependência dos pais. Implica conhecimento, discernimento e responsabilidade. AMBIENTE ESCOLAR INCLUSIVO E DEMOCRÁTICO PARA DOCENTES E DISCENTES O pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, um dos princípios básicos para a construção da autonomia, democracia e participação na gestão escolar está presente no artigo 2° da LDB, de 1996, entretanto, essa orientação vem da Constituição Federal de 1988. Desde a elaboração das bases curriculares para o curso de Pedagogia (Resolução CNE/CP n° 01 de 15/5/2006) foi definida uma atuação diferenciada do pedagogo como professor na educação básica, infantil e fundamental, além de condições de conhecimentos mais amplos (filosóficos, sociológicos, antropológicos) que lhe permitam conhecer a complexidade do funcionamento da escola e pensar a educação como um todo, definitivamente como um processo de transformação social com base na educação para e pela cidadania. A gestão faz parte do fazer docente e a gestão para a concretização dos propósitos de educação para e na cidadania ocasiona uma atuação democrática, autônoma e participativa. Para falar da democratização das relações organizacionais no interior da escola destaca-se, acima de tudo, o compromisso do gestor com a construção desse processo. A administração, na perspectiva coletiva, exige participação de toda a comunidade escolar. gestor precisa compreender a dimensão sociopolítica de sua administração e deve ser sensível à necessidade de uma prática que insira a escola em seu contexto mais social, político e econômico. Estamos diante de um momento que implica mudanças radicais na concepção de gestão: "O princípio da gestão democrática e da autonomia da escola acarreta uma completa mudança do sistema de ensino. Nosso atual sistema de ensino assenta-se ainda no princípio da centralização" (GADOTTI, 2008, p. 47). Em relação ao aspecto didático e ao processo de ensino e aprendizagem, o papel da equipe gestora escolar para a obtenção de resultados positivos perpassa a intervenção no âmbito pedagógico com a participação de todos os atores da comunidade escolar. Assim, a intervenção da gestão precede: Democratização do conhecimento sobre todas as dinâmicas pedagógicas requeridas pelas leis educacionais. Processo de construção do projeto político-pedagógico e a garantia de sua aplicação e dinâmicas. Funcionamento efetivo dos órgãos colegiados de participação da comunidade escolar. Participação da formação continuada dos professores por meio das reuniões pedagógicas e incentivo à participação nos projetos de capacitações. Acompanhamento da elaboração dos planos de ensino de forma que reflitam a concepção de aplicação</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu Orientação metodológica à coordenação pedagógica. Acompanhamento dos processos de avaliação e de recuperação da aprendizagem. Aplicação dos recursos materiais e financeiros de acordo com as decisões das necessidades elencadas pelos professores e comunidade. Participação na elaboração dos processos de avaliações internas e externas. Promoção da avaliação de todos os aspectos pedagógicos e curriculares a cada ano letivo para corrigir falhas e traçar novos rumos (avaliação institucional). DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA INCLUSIVA O desafio de uma gestão democrática é fazer a articulação de aspectos como cidadania, autonomia, democracia, direitos e deveres, mobilizando as pessoas para que se envolvam como protagonistas da educação em sua região. Um diagnóstico fundamentado em conhecimentos sociais e culturais dos sujeitos que atuam em determinada área geográfica e as forças que os identificam permite a construção de um planejamento socializado ou participativo. Cada escola apresenta sua cultura organizacional própria que se evidencia nas redes estabelecidas e nos acontecimentos cotidianos. Os conflitos ou associações podem ser melhor entendidos quando se compreende essa dinâmica interna da comunidade escolar. Entretanto, não se pode crer que a cultura organizacional seja imutável. Uma visão sociocrítica consegue identificar os aspectos interligados que envolvem as experiências subjetivas e culturais das pessoas e transpor esse obstáculo na busca de relações solidárias e participativas, que valorizem todos esses elementos no processo de planejamento. Afinal, pelo objetivo maior de escolarização da população, as responsabilidades de cada membro da equipe devem ser respeitadas e cumpridas. Chama-se de cultura instituída as normas legais, os regimentos, as rotinas, a estrutura organizacional. Já às regras e normas criadas pela vivência e relação cotidiana dos membros que fazem parte da escola é dado o nome de cultura instituinte. A escola é uma instituição organizada como um espaço de cruzamento de culturas. E são essas culturas, originadas na experiência vivencial de cada ator, que formam sua identidade, sua autonomia e a função de mediar conhecimentos. A escola, como qualquer outra instituição, desenvolve sua cultura institucional específica. A denominada cultura institucional, ou organizacional, é sempre definida como o conjunto de significados, de comportamentos que a própria instituição cria e desenvolve. Por vezes, o entusiasmo de alguns atores/gestores por fazer melhor esbarra com uma cultura de decepção gerada por fracassos anteriores. A cultura organizacional pode como resistência a mudanças - em vista, por exemplo das múltiplas reformas educativas - a partir das diferenças observadas entre as culturas dos responsáveis pela elaboração de normas, considerados mais importantes e entendidos, e a cultura dos professores, responsáveis por viver e pôr essas reformas em prática.</p><p>15/08/2024, 16:18 U2_ges_ped_pro_edu A cultura instituída pode trazer experiências positivas e fomentar experiências novas e bem-sucedidas. O esforço comum para construir a autonomia, a participação e a gestão democrática em diálogo e respeito fará a diferença para o sucesso ou o fracasso. Já dissemos antes que a gestão democrática e participativa exige uma formação anterior que visa à construção da autonomia e cidadania. A autonomia é como a liberdade e basicamente, uma utopia. "Os são pessoas insatisfeitas. Não porque se sintam frustrados, mas porque a autonomia, como a liberdade, é um processo sempre inacabado, um horizonte em direção do qual podemos caminhar sempre sem nunca alcançá-lo definitivamente" (GADOTTI, 2008, p. 43). Em consequência, a cidadania também nos deixa insatisfeitos, pois é um exercício diário pelo bem comum, e só deixaremos de querer esse bem a todos quando ele definitivamente estiver acessível. Um educador fundamental para a compreensão dessa discussão filosófica em torno da educação é Paulo Freire, autor do livro Pedagogia da autonomia. O projeto Escola Cidadã tem repercussão em vários municípios brasileiros e merece ser conhecido. VÍDEO RESUMO Uma escola pública que procura ser democrática deve estar aberta à sua comunidade e in além do mínimo legal, isto é, superar a política educacional prevista no artigo 205 da Constituição Brasileira de 1988. As dimensões de implementação da organização escolar estão relacionadas com o objetivo de promover mudanças e transformações no contexto escolar. Estas buscam a transformação das práticas educativas, de forma a ampliar e melhorar o alcance educacional. 6d Saiba mais A gestão democrática é fonte de mobilização e participação nas escolas brasileiras. Que tal se aprofundar nas atribuições da comunidade enquanto promotores de um ensino de qualidade? Leia o artigo Transparência e gestão participativa aliadas à qualidade. Aula 5 REVISÃO DA UNIDADE 15 minutos</p>