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<p>A INFLUÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA NA IDADE MÉDIA</p><p>Elzileia R. de Araujo¹</p><p>Emilly C. E. Grabski¹</p><p>Erica de Souza¹</p><p>Vitor Mattos²</p><p>[footnoteRef:0]RESUMO [0: ¹Elzileia R. de Araujo, Emilly C. E. Grabski, Erica de Souza</p><p>²Vitor Mattos</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso FLC35060HID – Prática interdisciplinar: Medievo, Modernidades e Transições</p><p>]</p><p>Neste artigo, é feita uma análise sobre o papel desempenhado pela Igreja Católica na Idade Média, com ênfase na diferenciação entre o alto e o baixo clero, na acumulação de riquezas e terras, bem como no seu papel como guardiã do conhecimento. É examinada a forma como a Igreja era encarada como suprema autoridade, exercendo influência nos aspectos políticos, sociais e econômicos daquela época.A pesquisa discute a transição da Idade Média para a modernidade, caracterizada pelo movimento iluminista que questionou a autoridade da Igreja em prol da razão e do progresso humano.</p><p>Palavras chaves: Igreja Católica, Movimento Iluminista, Idade Media</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>O impacto da Igreja Católica na Idade Média foi extremamente significativo, sendo uma das forças mais marcantes no desenvolvimento da sociedade europeia. Durante esse período, que se estendeu do século V ao século XV, a Igreja desempenhou um papel crucial, não apenas na espiritualidade das pessoas, mas também influenciou fortemente os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. Como guardiã dos valores cristãos, a Igreja influenciou a moralidade, as leis e os costumes cotidianos, enquanto suas vastas propriedades e riquezas lhe conferiam um grande poder econômico. Além disso, a Igreja foi fundamental na educação, nas artes e na preservação do conhecimento, deixando um legado duradouro refletido em grandiosos monumentos arquitetônicos e em uma rica herança literária e artística. Assim, a Igreja Católica medieval não só liderava espiritualmente, mas também fornecia alicerce para a civilização ocidental.</p><p>2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA</p><p>A Igreja Católica era a instituição religiosa dominante na Europa medieval, sendo a principal autoridade espiritual. Controlava a vida religiosa da população, definindo dogmas, práticas litúrgicas e morais. O Papa, como chefe supremo da Igreja, tinha autoridade quase absoluta sobre questões de fé. As diferentes interpretações da doutrina cristã e de outras religiões pagãs estiveram presentes no contexto europeu, que constituíram os fundamentos religiosos e ideológicos da Igreja Católica. Graças à centralização dos seus princípios e à formulação de uma estrutura hierárquica, a Igreja conseguiu expandir a sua esfera de influência na Idade Média.</p><p>Em consonância com Huberman,</p><p>“ A Igreja constituía uma organização que se estendeu por todo o mundo cristão, mais poderosa, maior, mais antiga e duradoura que qualquer coroa. Tratava-se de uma era religiosa e a Igreja, sem dúvida, tinha um poder e prestígio espiritual tremendo.” (HUBERMAN, 1981, p.15)</p><p>Durante a Idade Média, os membros da Igreja Católica eram divididos em alto e baixo clero. O alto clero incluía indivíduos provenientes de famílias nobres que ocupavam cargos como papa, cardeal e bispo. Eles viviam em palácios, castelos ou no Vaticano, distantes do povo. Em contraste, o baixo clero era composto por padres e diáconos de origens humildes, que residiam nas paróquias e permaneciam próximos da comunidade. Além disso, havia uma distinção entre o clero regular e o clero secular.</p><p>Os membros do clero regular pertenciam a ordens religiosas como os carmelitas, dominicanos, beneditinos e franciscanos, vivendo em mosteiros onde, além de suas funções religiosas, frequentemente se dedicavam a atividades econômicas. Por outro lado, o clero secular vivia entre a população comum e era chamado de secular por estar inserido na sociedade. Estes membros respondiam diretamente ao Vaticano, sem vínculos com ordens religiosas específicas.</p><p>Os mosteiros e catedrais tornaram-se centros de aprendizagem e preservação do conhecimento, onde monges e clérigos copiavam manuscritos antigos, contribuindo para a preservação do património cultural europeu. A Igreja também acumulou grandes propriedades e riquezas, tornando-se uma das maiores proprietárias de terras do continente. Este poder económico permite à Igreja financiar grandes projectos arquitectónicos e artísticos, deixando um legado duradouro sob a forma de catedrais e magníficas obras de arte.</p><p>A igreja, por intermédio de religiosos, foi de grande importância aos reinos bárbaros que eram gradualmente formados, transmitindo, àqueles cujas relações com o clero eram amistosas, tecnologias jurídicas, políticas e agrícolas. Paralelamente ao aumento de sua importância e poder, a Igreja passa a desenvolver um direito canônico apto às intervenções na sociedade que proporcionassem sua continua autoridade sobre os diversos assuntos da época (AGUIAR, 2010, p. 111 apud SCALQUETTE, 2020, p. 67).</p><p>A Igreja Católica era vista como a única autoridade capaz de interpretar a Bíblia, sendo considerada a representante de Deus na Terra. Mesmo os reis se submetiam à autoridade do papa e da Igreja. Sendo o seu maior poder espiritual. A maioria das pessoas do período temia mais os tormentos do inferno do que os da vida ou até mesmo a própria morte. Outro grande poder da Igreja Medieval era o econômico. A Igreja Católica era responsável por recolher e administrar o dízimo, um imposto que correspondia a 10% dos rendimentos de pessoas e instituições. Em várias partes da Europa, até mesmo os reinos pagavam o dízimo à Igreja. Além disso, a Igreja possuía muitos terrenos e propriedades, como castelos e cidadelas, que eram doados, deixados como herança em testamentos ou adquiridos por compra</p><p>.</p><p>Na modernidade, a igreja perdeu grande parte do seu poder e prestígio, a filosofia da época, chamada de iluminista por se guiar pela luz da Razão, censurava sobretudo a forte religiosidade medieval. Sintetizando tais críticas, Denis Diderot (1713-1784) afirmava que “sem religião seríamos um pouco mais felizes”, Para o marquês de Condorcet (1743-1794), a humanidade sempre marchou em direção ao progresso, com exceção do período no qual predominou o cristianismo.</p><p>Este movimento iluminista não só criticou a religião, mas também promoveu a separação entre Igreja e Estado, defendendo o secularismo como princípio fundamental no desenvolvimento das sociedades modernas. Filósofos como Voltaire, Rousseau e Montesquieu enfatizaram a importância da liberdade de pensamento e da tolerância religiosa, questionando dogmas e promovendo o pensamento crítico e científico.</p><p>As revoluções burguesas, como a Revolução Francesa, foram influenciadas por estes ideais e causaram mudanças drásticas nas estruturas de poder, reduzindo ainda mais a influência da Igreja. Por exemplo, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão proclamou a igualdade e a liberdade individual, princípios que conflitam com o poder e os privilégios da Igreja. Além disso, os avanços nas ciências naturais e sociais no século XIX, bem como o surgimento de figuras como Darwin e Marx, forneceram explicações alternativas para as origens e o funcionamento do mundo e da sociedade, reduzindo ainda mais a dependência de explicações religiosas. Por exemplo, a teoria da evolução de Darwin desafiou a narrativa bíblica da criação, enquanto o materialismo histórico de Marx questionou o papel da religião como o “ópio do povo”.</p><p>De acordo com Denis Diderot e o marquês de Condorcet, o pensamento iluminista criticava fortemente a religiosidade medieval, promovendo a razão e o progresso humano como pilares fundamentais, enquanto consideravam que a influência do cristianismo tinha sido um obstáculo para o avanço da humanidade.</p><p>Nos dias de hoje, a Igreja continua a ter influência numa variedade de áreas, mas enfrenta novos desafios num mundo cada vez mais secular e pluralista. A globalização e a comunicação instantânea facilitaram a intersecção de diferentes culturas e religiões, exigindo que a Igreja adotasse uma postura mais dialógica e menos dogmática. A Igreja</p><p>Católica, sob a liderança de papas como João Paulo II, Bento XVI e Papa Francisco, esforça-se por se adaptar à nova era, abordar questões sociais e morais contemporâneas e promover o diálogo inter-religioso.</p><p>3. MATERIAIS E MÉTODOS</p><p>Para a criação deste artigo, foram empregados diversos recursos e métodos que possibilitaram uma análise abrangente sobre o tema da influência da Igreja Católica na Idade Média e sua crítica pelos filósofos iluministas na modernidade.</p><p>Nesta fase foram selecionadas e analisadas as obras na quais foram cuidadosamente estudadas para compreender as críticas feitas à influência da Igreja Católica na Idade Média e o seu impacto na transição para a era moderna. Foram examinados documentos históricos para explicar a estrutura de poder da Igreja medieval, incluindo a organização do alto e baixo clero, bem como a relação entre a Igreja e o Estado durante o período. Esta análise também leva em conta as mudanças sociais, políticas e culturais que contribuíram para a perda gradual da influência da Igreja nos tempos modernos, destacando os tratados políticos e os relatórios das revoluções burguesas que influenciaram significativamente este processo.</p><p>4. RESULTADOS E DISCUSSÃO</p><p>A discussão dos resultados enfatiza a importância da crítica iluminista para o desenvolvimento do pensamento secular e democrático nos tempos modernos. A contestação das doutrinas religiosas medievais e a defesa da autonomia individual contra as imposições da Igreja abriram caminho para uma nova compreensão da liberdade, dos direitos humanos e da justiça social. Além disso, a secularização do Estado e a promulgação de constituições seculares foram marcos na história política e cultural do Ocidente, refletindo uma mudança de paradigma relativamente ao papel da religião na esfera pública. Esta transformação não só reduziu o poder da Igreja, mas também fortaleceu o pluralismo religioso e a tolerância, que são a base de uma sociedade democrática e inclusiva.</p><p>Os resultados deste trabalho destacam que apesar da Igreja Católica ter perdido o poder de dominância nesta transição de períodos, sua influência ainda é muito presente na sociedade, sendo o Cristianismo a religião com o maior número de fiéis em todo o mundo, mas não é mais a instituição de papel central na sociedade.</p><p>5. CONCLUSÃO</p><p>A pesquisa examinou o impacto da Igreja Católica durante a Idade Média e as críticas iluministas durante o processo de transição para a modernidade. Na época medieval, a Igreja exercia um controle absoluto tanto espiritual quanto político, exercendo influência sobre a comunidade europeia. O movimento iluminista do século XVIII questionou essa supremacia, defendendo a importância da razão, da liberdade de pensamento e da separação entre Igreja e Estado. Isso levou à secularização da sociedade do ocidente, com o surgimento de leis seculares e a consolidação dos direitos individuais. Mesmo que a presença da Igreja ainda seja sentida, principalmente em temas éticos, o diálogo inter-religioso e o respeito à pluralidade são fundamentais para permitir uma convivência harmoniosa e inclusiva na sociedade.</p><p>6. REFERÊNCIA</p><p>LE GOFF, Jacques. O Deus da Idade Média. Editora Record, São Paulo, 2006.</p><p>LE GOFF, Jacques. Em busca da Idade Média. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2016.</p><p>LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Bauru, SP: Edusc, 2005.</p><p>SILVA, Marcelo Cândido. História Medieval. São Paulo: Contexto, 2019.</p><p>¹Elzileia R. de Araujo, Emilly C. E. Grabski, Erica de Souza</p><p>²Vitor Mattos</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso FLC35060HID – Prática interdisciplinar: Medievo, Modernidades e Transições</p>