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<p>AULA 05 – O PENSAMENTO</p><p>SOCIOLÓGICO DE KARL MARX</p><p>A visão sociológica de karl marx,cuja obra marcou profundamente</p><p>o pensamento ocidental no século XIX. Ele se propôs a analisar a</p><p>sociedade capitalista de modo profundo, buscando a compreensão</p><p>daquele fatores que contribuiriam para o surgimento da miséria e do</p><p>elevado nível de exploração da mão de obra assalariada.</p><p>Segundo Marx, esse seria um processo histórico segundo o qual</p><p>as elites burguesas expropriariam duplamente as classes trabalhadoras:</p><p>primeiro, no que se refere à propriedade dos meios de produção e, em</p><p>seguida, expropriando também o saber dos trabalhadores, no que se</p><p>refere à organização da produção social.</p><p>O alemão Karl Marx influenciou de modo significativo o</p><p>pensamento ocidental, tanto no século XIX quanto no século XX.</p><p>Ao nos referirmos a ele como um dos clássicos do pensamento</p><p>sociológico, o fazemos por reconhecer a forte influência que o seu</p><p>trabalho exerce, ainda hoje, sobre as obras de muitos autores.</p><p>A obra de Marx também teve influência sobre a construção do</p><p>primeiro regime socialista a ser instituído na história recente da</p><p>humanidade. Esta experiência se daria na Rússia, em 1917, ano em</p><p>que o partido bolchevique, liderado por Lênin, no comando de um</p><p>movimento revolucionário instituiria naquele país um projeto socialista</p><p>de inspiração marxista.</p><p>A partir daí, a Rússia passou a se chamar União das Repúblicas</p><p>Socialistas Soviéticas – URSS, ou como se costumava dizer ao nível do</p><p>senso comum, União Soviética.</p><p>Vamos conhecer um pouco da história da expansão do socialismo</p><p>de Marx pelo mundo.</p><p>1) AMÉRICA CENTRAL - No continente americano é a vez de Cuba,</p><p>que sob o comando de Fidel Castro, passa a fazer parte do mundo</p><p>socialista em 1960.</p><p>2) EUROPA - No início do século XX, o mundo assiste a uma grande</p><p>expansão do chamado socialismo real, nas mais diversas regiões. Com</p><p>fim da Segunda Guerra Mundial e sob a influência soviética, verifica-se</p><p>a expansão do socialismo pela grande maioria dos países do leste</p><p>europeu como Polônia, Bulgária, Hungria, Romênia dentre outros.</p><p>3) ÁFRICA - Durante as guerras de libertação nacional, Angola e</p><p>Moçambique também fazem opção por uma ordem socialista.</p><p>4) ÁSIA - Em 1949 é a vez a da China que, em uma revolução</p><p>camponesa comandada por Mao Tse Tung também inclui esta nação na</p><p>órbita do mundo socialista.</p><p>Outros países asiáticos, como Coréia do Norte e Vietnã ,sob o comando</p><p>de partidos comunistas, passam a hastear a bandeira vermelha do</p><p>socialismo marxista-leninista nas décadas de 1950 e 1970,</p><p>respectivamente.</p><p>Todo este quadro no cenário geopolítico mundial mostra a</p><p>importância do marxismo para o mundo contemporâneo.</p><p>Na verdade, esta bipolaridade entre os dois modelos</p><p>socioculturais — o ocidental, marcado pela presença do capitalismo e</p><p>da economia de mercado, e o socialismo — traria muitas consequências</p><p>para as relações entre as diferentes nações do mundo, dentre as quais</p><p>se pode destacar a própria guerra fria.</p><p>No meio intelectual, o marxismo também faria sentir a sua</p><p>presença ao longo de todo o século XX.</p><p>Com a participação de seu amigo e colaborador Friedrich Engels,</p><p>Marx tinha, como objeto de sua pesquisa, a sociedade capitalista</p><p>do século XIX . Suas teses e princípios teóricos eram baseados no</p><p>materialismo dialético.</p><p>Neste sentido, para Marx, as contradições não seriam situações</p><p>anômalas presentes na sociedade, mas ao contrário, fariam parte de</p><p>sua própria essência.</p><p>A identificação destas contradições no interior da sociedade</p><p>concentraria o foco da análise marxista no modo como o trabalho social</p><p>é organizado. A análise da história humana com base nos princípios da</p><p>dialética materialista levaria Marx a identificar as contradições de</p><p>interesses existentes entre as principais classes sociais, como o</p><p>principal fator de motivação das mudanças sociais.</p><p>Para Marx, esta “luta de classes” seria o principal combustível</p><p>para as transformações nas sociedades humanas. Este modo de</p><p>pensar a sociedade daria origem a um novo conceito elaborado por</p><p>Marx, que seria o materialismo histórico. Na prática, um a aplicação da</p><p>dialética materialista ao estudo da história humana.</p><p>Na perspectiva marxista, o trabalho social não funciona apenas</p><p>com o um intermediário das relações entre sociedade e natureza, mas</p><p>também como o intermediário nas relações estabelecidas pelos homens</p><p>entre si.</p><p>A qualidade d as ferramentas ou forças produtivas utilizadas pelos</p><p>indivíduos, somada aos tipos de relações estabelecidas no processo</p><p>produtivo caracterizaram, na concepção marxista, o modelo de</p><p>sociedade com o qual se estaria lidando.</p><p>A partir da visão de Marx, foi possível se identificar alguns tipos</p><p>de sociedades ou modos de produção.</p><p>a) MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL - O feudalismo predominou na</p><p>Idade Média, cujo antagonismo de classes seria identificado entre os</p><p>nobres, donos das terras e os servos que, ao ocuparem estas terras, se</p><p>viam obrigados a prestarem serviços aos primeiros.</p><p>b) MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA - O escravismo predominou</p><p>na chamada Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), momento em que</p><p>as principais contradições se dariam entre os escravos e seus senhores.</p><p>c) MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA - O predomínio do</p><p>capitalismo é no período contemporâneo. Nesta nova fase da</p><p>organização social, as relações de produção ou o modo como os</p><p>indivíduos se relacionavam para organizar e implementar o trabalho</p><p>social seriam desenvolvidos com base num processo de remuneração</p><p>assalariada da mão de obra. Eram os operários que, desprovidos da</p><p>propriedade das fábricas e dos meios de produção, “vendiam” aos</p><p>burgueses, donos destes estabelecimentos, o único bem que possuíam,</p><p>que seria a sua força de trabalho. Assim, neste modo de produção,</p><p>como afirmava Marx, as principais contradições seriam aquelas</p><p>existentes entre a burguesia - dona dos meios de produção; e o</p><p>proletariado - que compreenderia os operários e trabalhadores de</p><p>um modo geral.</p><p>É importante destacar que, a cada um desses modos de produção</p><p>corresponderiam diferentes níveis de desenvolvimento das forças</p><p>produtivas e diferentes formas de organização do trabalho social ou das</p><p>relações de produção.</p><p>São justamente as diferentes posições dos homens com relação</p><p>às formas de propriedades presentes numa sociedade, ou modo de</p><p>produção, que irão definir as diferentes classes sociais existentes. A</p><p>transformação de um tipo de sociedade para outro, ou de um modo de</p><p>produção a outro, se dá por meio dos conflitos abertos entre a classe</p><p>dominante e as classes exploradas num determinado período.</p><p>Assim, de acordo com Marx, a história humana é uma história</p><p>das lutas entre as classes.</p><p>Nesta aula você conheceu as bases do pensamento sociológico</p><p>marxista.</p><p>Os principais conceitos elaborados por Marx e Engels como o</p><p>materialismo dialético, o materialismo histórico e o conceito de modo de</p><p>produção.</p><p>A ideia da luta de classes como aquele princípio das contradições que</p><p>motivariam as mudanças na história das sociedades.</p><p>HEGEL - É considerado o pai do socialismo alemão.</p><p>Para MARX a sociedade é vista como modos de produção.</p><p>AULA 06 – A TEORIA MARXISTA E AS</p><p>PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO</p><p>Na concepção de Marx, as ideias que os indivíduos incorporam,</p><p>na sociedade capitalista, implicam numa visão imprecisa ou falsa da</p><p>realidade. Isto acontece na medida e m que a consciência que os</p><p>trabalhadores constroem sobre o seu próprio modo de vida tende a ser</p><p>profundamente influenciada pelos valores das elites burguesas.</p><p>Numa posição diferente daquela assumida por Durkheim, Marx</p><p>não percebe as representações coletivas como produto do conjunto da</p><p>sociedade. Para ele, estas ideias — às quais chamou de ideologia —</p><p>são o fruto de um processo de dominação, que leva as classes</p><p>oprimidas a perceberem o mundo com as lentes de seus</p><p>opressores, processo este denominado de alienação.</p><p>Esta aula aborda o projeto de educação de Marx, que busca</p><p>superar esta ausência de consciência, ou seja, um projeto que possa</p><p>construir indivíduos integralmente desenvolvidos e emancipar os</p><p>trabalhadores do seu processo de alienação.</p><p>Na concepção marxista,</p><p>a partir da lógica do pensamento</p><p>dialético, haveria uma reciprocidade de influências entre a consciência e</p><p>as condições materiais da vida em sociedade.</p><p>INDIVÍDUO MEIO SOCIAL</p><p>Por um lado, o mundo das ideias</p><p>é influenciado de forma</p><p>determinante pela realidade</p><p>material</p><p>por outro lado, esta mesma base</p><p>material da sociedade pode ser</p><p>transformada pela ação</p><p>consciente dos indivíduos</p><p>A particularidade da concepção de Marx está no fato de ele</p><p>perceber este grande conjunto das ideias representado pelos valores e</p><p>crenças predominantes, no caso da sociedade capitalista, como o fruto</p><p>de um processo de dominação das elites burguesas. Como</p><p>consequência, por terem perdido o controle sobre a organização da</p><p>produção, os trabalhadores teriam perdido, também, a possibilidade de</p><p>construir uma visão adequada sobre a sua própria realidade. Eles</p><p>perceberiam o mundo a partir dos valores da burguesia, como se esta</p><p>fosse a única forma possível de trabalhar e viver.</p><p>BURGUESIA X PROLETARIADO</p><p>Segundo Marx, no capitalismo existem os burgueses,</p><p>proprietários dos meios de produção e aqueles que vendem o</p><p>único bem que possuem, ou seja, a sua força de trabalho, em troca</p><p>do pagamento de salário. Estes seriam os proletários, classe que</p><p>representaria a maioria da sociedade. Para eles, o modo de vida</p><p>estabelecido na sociedade capitalista parece algo natural. É como se</p><p>trabalhar em troca de um salário fosse uma espécie modo de vida que</p><p>sempre existiu e sempre existirá.</p><p>● Meios de produção – Fábricas e empresas de modo geral.</p><p>● Proletários - Este indivíduo não vê a sociedade capitalista como</p><p>um a sociedade historicamente construída pela luta entre classes</p><p>com interesses opostos.</p><p>Um conceito fundamental, na concepção marxista, é o de alienação.</p><p>O trabalho na sociedade capitalista é considerado como algo sobre</p><p>o qual o próprio trabalhador não possui nenhum controle. Ou seja,</p><p>um operário numa determinada linha de montagem executa muito bem</p><p>a sua função, por exemplo, encaixar amortecedores na carroceria do</p><p>veículo, sem ter a menor ideia sobre o procedimento para construir, de</p><p>modo completo, um automóvel. Este saber lhe foi expropriado num</p><p>processo histórico, juntamente com os meios de produção. Este</p><p>mecanismo é definido por Marx como alienação.</p><p>A organização do trabalho social na sociedade capitalista,</p><p>segundo Marx, possuiria, portanto, uma considerável diferença em</p><p>relação ao que era feito na sociedade feudal.</p><p>Naquele período, em que predominavam as oficinas artesanais</p><p>nas vilas e pequenas cidades, o Mestre Artesão era ao mesmo tempo</p><p>executor e organizador do processo produtivo.</p><p>Processo produtivo - Por exemplo, numa oficina de sapateiros, caberia</p><p>a ele a compra da matéria prima, o planejamento dos modelos a serem</p><p>fabricados, o corte do couro, a costura, o acabamento final e a própria</p><p>venda do produto, ou seja, ele era responsável por todas as etapas do</p><p>processo produtivo.</p><p>Essa situação difere profundamente daquela presente na</p><p>sociedade capitalista, na qual o dono da fábrica, que organiza e planeja</p><p>a produção, não é quem executa o trabalho.</p><p>Executa o trabalho - Por exemplo, não vemos os executivos das</p><p>grandes montadoras de automóveis encaixando as peças dos veículos</p><p>na linha de montagem.</p><p>No modelo civilizatório marcado pela presença do capitalismo, a</p><p>fragmentação das atividades profissionais é a marca registrada. A</p><p>divisão entre aqueles que realizam trabalhos exclusivamente</p><p>intelectuais e a grande maioria que executa tarefas manuais e</p><p>repetitivas, sem a exigência de uma elaboração mais complexa é, de</p><p>fato, a regra.</p><p>A causa da consciência distorcida construída pela grande maioria</p><p>dos trabalhadores acerca do seu próprio modo de vida, é justamente</p><p>esta divisão qualitativa do trabalho.</p><p>Vamos conhecer, a seguir, mais sobre o pensamento de Marx.</p><p>Marx considerava esta situação, além de injusta, a causa de todo</p><p>o processo de alienação presente na sociedade de sua época, a Europa</p><p>do século XIX.</p><p>Para resolver este problema, além da ação de conscientização</p><p>das massas pelos integrantes do partido comunista (que ele</p><p>considerava o partido revolucionário da causa dos trabalhadores) Marx</p><p>imaginou um projeto de educação que pudesse compensar estas</p><p>diferenças.</p><p>Marx e Engels percebiam as práticas de educação escolar como</p><p>uma importante ferramenta que poderia ser utilizada, tanto para</p><p>perpetuar o processo de alienação e de dominação existente na</p><p>sociedade capitalista, quanto para emancipar os trabalhadores desta</p><p>realidade.</p><p>É fundamental que você procure deslocar o pensamento para o</p><p>século XIX e tente imaginar como viviam as pessoas nas cidades</p><p>industriais naquele momento, para poder entender o raciocínio de Marx</p><p>com relação ao seu projeto educacional.</p><p>Em algumas citações de O Capital, sua obra mais importante,</p><p>Marx relata algumas visitas a escolas localizadas em cidades na</p><p>Inglaterra, cujas condições de ensino eram tão precárias, que só</p><p>poderiam servir como espécie de engodo, para a nova legislação</p><p>inglesa de 1844, que determinava que as crianças ao serem</p><p>contratadas pelas fábricas deveriam estar devidamente matriculadas em</p><p>algum estabelecimento de ensino.</p><p>PROJETO EDUCACIONAL DE MARX</p><p>Sugerido para solucionar o problema educacional, o projeto de Marx</p><p>certamente seria alvo de certa estranheza nos dias atuais. Para ele:</p><p>● as escolas deveriam formar indivíduos integralmente</p><p>desenvolvidos, isto é, que ao longo da sua formação dividissem</p><p>seu tempo entre o trabalho manual, as ati vidades intelectuais e o</p><p>lazer;</p><p>● as crianças de até 12 anos deveriam passar ao menos 2 horas por</p><p>dia trabalhando de modo a combinar o trabalho braçal com prática</p><p>intelectual. Esta jornada de trabalho associada à educação</p><p>deveria ser elevada até um período de 6 horas por dia, quando a</p><p>criança completasse 16 anos.</p><p>O Projeto Educacional de Marx pode ser representado pela</p><p>equação abaixo.</p><p>Projeto educacional de Marx = educação infantil + educação</p><p>profissional + educação física</p><p>Para Marx era fundamental que todos os indivíduos combinassem</p><p>educação intelectual, educação profissional e educação física, na sua</p><p>formação. Só assim, todos se tornariam indivíduos integralmente</p><p>desenvolvidos, capazes de desenvolver diferentes tarefas e atividades</p><p>sociais. Ele considerava injusto que alguns indivíduos trabalhassem</p><p>apenas com a mente, desenvolvendo seu intelecto, enquanto outros</p><p>passassem toda a vida presos a atividades manuais repetitivas e</p><p>embrutecedoras, no que se refere ao espírito humano.</p><p>Mesmo para os membros da burguesia, a educação fragmentada</p><p>era considerada por Marx como prejudicial, na medida em que o</p><p>indivíduo se via desprovido daquilo que ele considerava como</p><p>conhecimento tecnológico.</p><p>É importante ressaltar que este projeto de educação sugerido pela</p><p>teoria marxista se apresentava para a realidade europeia no século XIX.</p><p>Neste momento o acesso a escola, mesmo num sentido</p><p>tradicional, era restrito a um pequeno número de crianças originárias</p><p>das classes mais favorecidas.</p><p>Além disso, a possibilidade de automação do processo produtivo,</p><p>como conhecemos hoje, era algo inconcebível em termos tecnológicos.</p><p>Sendo assim, na visão de Marx, a ideia de que todos pudessem, ao</p><p>longo de seu dia, compartilhar todas as funções existentes na</p><p>sociedade, tanto as mais enaltecedoras quanto as mais laboriosas, se</p><p>apresentava como a alternativa mais justa.</p><p>Burgueses = Proprietários dos meios de produção.</p><p>Práticas de educação escolar = Ferramenta que pode ser</p><p>utilizada,tanto para perpetuar o processo de alienação e de dominação</p><p>existente na sociedade capitalista, quanto para emancipar os</p><p>trabalhadores desta realidade.</p><p>Alienação = Mecanismo no qual o trabalhador não possui nenhum</p><p>controle sobre o trabalho que desempenha.</p><p>Proletáriarios = Donos da força de trabalho, que é “vendida” em troca</p><p>do pagamento de salário.</p><p>AULA 07 – A SOCIOLOGIA DE MAX</p><p>WEBER</p><p>O sociólogo Max Weber parte do princípio de que a sociedade</p><p>não é apenas algo exterior aos indivíduos. Ao contrário, ela seria o</p><p>resultado de uma imensa rede de interações entre os seus</p><p>membros.</p><p>Para analisar esta rede</p><p>de relações não basta observá-la de modo</p><p>distante, é necessário se aproximar, interagir e, a partir daí, assimilar os</p><p>diferentes tipos de racionalidade que motivam as ações sociais.</p><p>Esta compreensão do sentido subjetivo das ações dos indivíduos</p><p>que se relacionam com os demais membros da sociedade ou grupo é a</p><p>base da sociologia weberiana, que será abordada nesta aula.</p><p>Um importante conceito que é a base a partir da qual a sociologia</p><p>weberiana pode ser estruturada é o conceito de ação social.</p><p>AÇÃO SOCIAL, segundo Weber, é todo tipo de conduta humana</p><p>relacionada a outros indivíduos e dotada de um sentido</p><p>subjetivamente elaborado.</p><p>Para Weber as ações sociais são definidas por atos, omissões</p><p>ou permissões.</p><p>Para Weber, a sociedade não seria um organismo com uma</p><p>espécie de complementaridade entre as suas partes, como postulava</p><p>Durkheim, nem tampouco uma espécie de prisão para as classes</p><p>menos favorecidas, como imaginava Marx.</p><p>Para ele, a sociedade se apresentava como uma grande teia</p><p>formada por diversos tipos de ações sociais. A identificação do</p><p>sentido subjetivo dessas ações, ou seja, do tipo de racionalidade que as</p><p>motiva e que leva a este ou àquele comportamento é o que define a</p><p>sociologia weberiana como compreensiva.</p><p>De um modo diferente daquele empregado por seus</p><p>contemporâneos, Weber rompe de forma mais sistemática com o</p><p>cientificismo de influência positivista, muito presente nas obras de</p><p>pensadores do século XIX, como Émile Durkheim.</p><p>Na opinião de Max Weber, as ciências sociais, definidas por ele</p><p>como ciências da cultura, são disciplinas cujas diretrizes metodológicas</p><p>e teóricas são profundamente influenciadas pelo ponto de vista do</p><p>investigador, ou seja, ao se produzir conhecimento científico, ou se</p><p>relacionar com ele é de grande relevância se levar em consideração os</p><p>valores presentes na personalidade do cientista ou pesquisador.</p><p>Neste sentido, não existiria uma espécie de ciência “neutra”,</p><p>sendo o próprio foco da pesquisa científica estabelecido, muitas vezes,</p><p>em sintonia com os valores morais, políticos ou religiosos de quem</p><p>desenvolve o trabalho.</p><p>Um traço marcante do pensamento weberiano é a sua ruptura</p><p>radical com a lógica do cientificismo positivista.</p><p>Auguste Comte definia a sociologia como a física social. Segundo</p><p>ele, a lógica de pesquisa desta disciplina seria destinada a conhecer os</p><p>processos sociais, para poder prever os seus desdobramentos.</p><p>Ao contrário,Weber, ao perceber a sociedade como uma teia</p><p>constantemente renovada de ações sociais, afirma ser esta realidade</p><p>hipoteticamente infinita e que apenas um fragmento de cada vez pode</p><p>ser objeto de conhecimento sistematizado, no sentido da pesquisa</p><p>científica.</p><p>Weber, Para a sociologia weberiana a sociedade concebida como</p><p>esta totalidade, ou um “todo” monolítico seria algo absolutamente</p><p>incompreensível “pela simples razão de que este todo reside na</p><p>interação entre as partes e não é possível conhecer todas elas ao</p><p>mesmo tempo, porque são muitas e porque se renovam a cada dia.”</p><p>(Rodrigues, 2006: p. 61).</p><p>É na simples escolha de uma das partes deste todo para ser</p><p>estudada, que se encontram envolvidos os valores do pesquisador.</p><p>A escolha de um caminho para a pesquisa envolve um tipo de</p><p>racionalidade e, consequentemente, também se caracteriza como uma</p><p>ação social.</p><p>Com o objetivo de qualificar estas ações sociais, Weber</p><p>desenvolve o conceito de tipos puros ou tipos ideais, sabendo que estas</p><p>construções não espelhariam de forma fiel a realidade. Elas se</p><p>apresentariam como pontos de referência, a partir dos quais seria</p><p>possível se estabelecer níveis de comparação com o mundo concreto,</p><p>funcionando, na prática, como um importante método de investigação</p><p>para as ciências sociais.</p><p>Todas as ações praticadas em sociedade implicam em um</p><p>determinado nível de racionalidade, por parte do sujeito que as executa.</p><p>Justamente a partir do seu caráter mais ou meno s racional, Weber</p><p>estabelece uma classificação para as ações sociais, segundo o princípio</p><p>dos tipos ideais.</p><p>1. Ação social racional com relação a fins = São aquelas cujo sentido</p><p>subjetivo envolve os meios adequados para se atingir determinados</p><p>objetivos, previamente estabelecidos.</p><p>Ex .:uma pesquisa científica, um projeto econômico, fazer um</p><p>curso de graduação etc.</p><p>2. Ação social afetiva = São aquelas cujo sentido subjetivo racional se</p><p>mistura a uma forte carga emocional, muitas vezes comprometendo a</p><p>própria análise da racionalidade em questão.</p><p>Ex.: ações motivadas por ciúme, cólera, paixão etc.</p><p>3. Ação social racional com relação ao regular ou ação social</p><p>tradicional = São aquelas cujo sentido subjetivo se constrói com</p><p>vistas à observação de costumes ou tradições.</p><p>Ex.: o casamento religioso ou o batismo dos filhos em determinada</p><p>igreja, para quem não é praticante daquela crença. Ir para a</p><p>universidade porque todos na família assim o fizeram etc.</p><p>4. Ação social racional com relação a valores = São aquelas cujo</p><p>princípio racional não se vincula tanto ao objetivo a ser alcançado, mas</p><p>à afirmação de determinados valores.</p><p>Ex .: participar de uma manifestação em defesa d a natureza ou em prol</p><p>dos direitos humanos, ou entrar para a universidade porque a família</p><p>considera este um ponto importante.</p><p>Para finalizar esta aula, vale ressaltar que a afirmação de que</p><p>Weber considerava as situações descritas como tipos ideais,</p><p>construídas para simples efeito de comparação é porque elas não</p><p>representam a realidade num sentido fiel, mas sim para efeito de</p><p>aproximação.</p><p>Um rapaz pode ingressar na universidade para se graduar em</p><p>Medicina, o que seria uma ação social racional com relação a fins.</p><p>Entretanto, ao se matricular escolhe uma turma da manhã com o intuito</p><p>de reencontrar uma ex-namorada. Além disso, todos na família são</p><p>médicos e isto o faz sentir na obrigação de dar continuidade a esta</p><p>cultura familiar. Neste caso, seriam misturadas à ação racional outras de</p><p>caráter afetivo e tradicional.</p><p>● Ação social racional com relação a fins - São aquelas cujo</p><p>sentido subjetivo envolve os meios adequados para se atingir</p><p>determinados objetivos, previamente estabelecidos.</p><p>● Ação social racional com relação a valores - São aquelas cujo</p><p>princípio racional não se vincula tanto ao objetivo a ser alcançado,</p><p>mas à afirmação de determinados valores.</p><p>● Ação social afetiva - São aquelas cujo sentido subjetivo racional</p><p>se mistura a uma forte carga emocional, muitas vezes</p><p>comprometendo a própria análise da racionalidade em questão.</p><p>● Ação social racional com relação ao regular ou ação social</p><p>tradicional - São aquelas cujo sentido subjetivo se constrói com</p><p>vistas à observação de costumes ou tradições.</p>

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