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<p>UNIP-SOROCABA</p><p>Curso: DIREITO</p><p>Disciplina: Ilicitude e Culpabilidade</p><p>Prof.: Marco A. Zaccariotto Alves ATIVIDADE DOMICILIAR</p><p>CARGA</p><p>HORÁRIA:</p><p>06 h/a</p><p>Nome do aluno:</p><p>Laila Cristina Nunes</p><p>RA:</p><p>N476265</p><p>Turma:</p><p>DR3Q17</p><p>Atividade Domiciliar solicitada para atender a compensação de ausência referente à suspensão preventiva das aulas do dia 16/03 a 29/03.</p><p>ATIVIDADE</p><p>Data das aulas compensadas: 19/03 a 29/03</p><p>1 - Tício, proprietário de uma pousada, percebendo que Júlio, seu hospede a 5 (cinco) dias, estava demorando lhe pagar ou não lhe pagaria as diárias de hospedagem, fez efetivo penhor da bagagem de Júlio, antes de recorrer a autoridade Judiciária, dando-lhe comprovante dos bens que se apossou. Júlio, inconformado com a situação, dirigiu-se até a Delegacia de Polícia para relatar o caso. O Delegado então, instaurou o Inquérito Policial indicando Tício como autor do crime de Apropriação Indébita (art. 168 CP) e encaminhou os autos ao Juízo Criminal Competente. O Ministério Público então, ofertou denuncia e o Juiz, abriu prazo para Resposta a Acusação. Devidamente Intimado, Tício o procura como advogado.</p><p>Frente ao exposto, demonstre os argumentos e embasamentos legais de defesa de</p><p>Tício.</p><p>O artigo 1467 do Código Civil nos traz a definição de credor pignoratício, sendo, nos moldes no inciso I, “os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito”. O artigo 1470 traz a apropriação de bens como garantia de pagamento lícita, podendo o credor, especificado pelo artigo 1467, fazer o efetivo penhor antes de recorrer à autoridade judiciária. E o artigo 1469 garante o direito do credor tomar em garantia um ou mais objetos. Sendo Tício dono de uma pousada, preenche o requisito do inciso I do artigo 1467, o que o torna credor pignoratício. Portanto, o fato cometido pelo mesmo, a luz desses artigos, se torna lícito, prejudicando assim a segunda elementar analítica, não categorizando o ato como crime.</p><p>2 – Paulo, Médico Legista da Polícia Civil, atendendo a uma urgência fora de suas funções públicas, provoca aborto para salvar a vida de uma gestante. Explique a excludente de ilicitude presente no caso em tela.</p><p>Como médico, Paulo está em exercício regular do direito de sua profissão, podendo causar lesões, tendo como objetivo remediar uma lesão mais grave. Isso está previsto no artigo 23 do Código Penal, inciso III. “Não há crime quanto o agente pratica o fato: III. Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”. Isso já caracteriza a excludente de ilicitude. Pode-se levar também em consideração o fato de que o aborto foi praticado para salvar a vida da gestante, o chamado aborto necessário, assegurado pelo artigo 128, inciso I, do Código Penal.</p><p>3 – Lúcia, temendo por seus bens, sobre o muro de sua casa, instala concertinas e uma cerca eletrificada. No Direito, como são conhecidos esses objetos e segundo a doutrina, qual a sua Natureza Jurídica?</p><p>Os objetos em questão são conhecidos como ofendículos e consistem em aparatos colocados para que possamos garantir a segurança de nossas casas.Existem três correntes de pensamento sobre sua classificação. Alguns os veem como exercício regular do direito (Mirabete e Anibal Bruno), outros como uma forma de legítima defesa (Damásio de Jesus e Nelson Hungría) e há ainda quem defenda que sejam uma mistura de ambos, sendo, no momento da instalação, exercício regular do direito e, no momento em que entram em ação contra um invasor, passam a ser legítima defesa. Claro que existe também a necessidade de moderação ao fazer uso deste meio. O artigo 23 do Código Penal, em seu parágrafo único, nos traz que o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo. Portanto, cercas elétricas devem estar dentro do pulso de corrente permitido e estarem devidamente avisadas, ou um aviso de cão feroz, caso seja feito uso de cão de guarda. Dentro desses parâmetros, tais aparatos se tratam de excludentes de ilicitude.</p><p>4 – No que tange a Culpabilidade mais especificamente a Imputabilidade, qual o critério utilizado para auferir a Inimputabilidade por idade? Na sua opinião jurídica, a redução da maioridade penal é constitucional? Explique.</p><p>A Imputabilidade é a responsabilidade atribuída ao agente ao cometer fato típico. Porém, alguns indivíduos não possuem condições de serem responsabilizados por seus atos, sendo esse o caso dos menores de 18 anos, idade mínima prevista pelo artigo 27 do Código Penal. Qualquer pessoa abaixo de 18 anos é considerada inimputável, não sofrendo a pena prevista para o ato cometido, pois o menor não comete crime, mas sim ato infracional, aos quais são aplicadas medidas socioeducativas como sanção, de natureza absolutória imprópria. A diminuição da maioridade penal não é constitucional, pois a maioridade após os 18 anos constitui um direito e garantia fundamental, consistindo em cumprir pena “em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado” (Constituição Federal, artigo 5º, inciso XLVIII). O artigo 228, também da Constituição, nos traz também que menores de 18 anos sã inimputáveis e estão sujeitos às legislações especiais, não sendo aplicada a pena comum, mas sim a medida socioeducativa.</p><p>5 – Maria Helena é presa em flagrante pela prática de Furto (art. 155 CP), a família da acusada procura seus serviços como advogado(a) para defender os interesses dela, e oferta alguns laudos psiquiátricos demonstrando que aquela sofre de doença conhecida como Cleptomania. Ato contínuo, você junta os laudos para análise do juiz competente que decide pela perícia médica e abre prazo comum ao MP e a você para ofertar perguntas ao expert. Formule-as, explicando os motivos para buscar o melhor para sua cliente.</p><p>O artigo 26 do Código Penal caracteriza o portador de doença mental como inimputável por ser “incapaz de entender o caráter ilícito do fato”. Tendo os laudos que demonstram que Maria Helena é acometida por um transtorno que gera na mesma o impulso irresistível de cometer furtos, conhecido como Cleptomania, não seria incorreto afirmar que a mesma cometeu tal ato movida por interesse no valor do objeto em questão, uma vez que a compulsão é apenas pelo ato do furto, sem ser levado em consideração o objeto ou seu valor? Não se deve considerar que o transtorno em questão afeta o juízo da mesma, tal como citado no artigo, pois no momento do ato, ela não avaliou qual o valor do objeto furtado nem as consequências que isso traria, pois naquele momento só existia o desejo da mesma saciar o impulso incontrolável que sentia de cometer o furto? Tendo tais laudos, comprovando a doença, é possível asseverar que a razão do furto possa haver sido outra, se não em decorrência do transtorno pelo qual a mesma é acometida?</p>