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<p>PRINCÍPIOS, DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS</p><p>Qual a diferença entre direitos e garantias fundamentais? Os direitos fundamentais são os bens</p><p>protegidos pela Constituição. É o caso da vida, da liberdade, da propriedade. Já as garantias são formas</p><p>de se protegerem esses bens, ou seja, instrumentos constitucionais. Um exemplo é o habeas corpus,</p><p>que protege o direito à liberdade de locomoção.</p><p>Teoria das Gerações do Direito</p><p>Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em gerações. Veja as principais</p><p>características de cada uma delas a seguir:</p><p>1) Primeira Geração: abrange os direitos relativos à liberdade, isto é, os civis e políticos,</p><p>reconhecidos no final do século XVIII, com as Revoluções Francesa e Americana. Restringem a ação</p><p>do Estado sobre o indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das</p><p>pessoas. São, por isso também chamados liberdades negativas: traduzem a liberdade de não sofrer</p><p>ingerência abusiva por parte do Estado. Exemplo: direito de propriedade, o direito de locomoção, o</p><p>direito de associação e o direito de reunião.</p><p>2) Segunda Geração: abarca os direitos referentes à igualdade: econômicos, sociais e</p><p>culturais. Em sua maioria, são representados por liberdades positivas, isto é, direitos de se receberem</p><p>prestações do Estado (políticas e serviços públicos). É o caso do direito à educação, por exemplo.</p><p>Alguns, contudo, consubstanciam liberdades negativas. Exemplo: liberdade de greve.</p><p>3) Terceira Geração: refere-se ao princípio da solidariedade (fraternidade). São os direitos</p><p>que não protegem interesses individuais, mas que transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar</p><p>a coletividade (direitos transindividuais ou supraindividuais). Compreende os direitos difusos e os</p><p>coletivos (supraindividuais). Citam-se, como exemplos, o direito do consumidor e o direito ao</p><p>desenvolvimento.</p><p>Parte da doutrina considera, ainda, a existência de direitos de quarta geração. Esses incluiriam: o</p><p>direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Desses direitos dependeria a</p><p>concretização de uma “civitas máxima”, uma sociedade sem fronteiras e universal. Percebeu como as</p><p>três primeiras gerações seguem a sequência do lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e</p><p>Fraternidade? Guarde isso para a prova!</p><p>Direitos Difusos: Apresentam indivisibilidade, ou seja, é impossível satisfazer-se um de seus</p><p>titulares individualmente. Isso porque seus sujeitos são indeterminados. Exemplo: direito ao ar puro.</p><p>Direitos Coletivos: Também têm natureza indivisível, mas têm como titulares um grupo, uma</p><p>categoria ou uma classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica.</p><p>Exemplo: direitos de determinadas categorias sindicais que agem coletivamente por meio de seus</p><p>sindicatos.</p><p>Destinatários de Direito e Garantias</p><p>A proteção ao núcleo essencial dos direitos fundamentais não está explícita na Constituição;</p><p>trata-se de construção que advém da doutrina. Os destinatários de direitos e garantias individuais e</p><p>coletivos as pessoas físicas e jurídicas, sejam brasileiras ou estrangeiras residentes no Brasil, ou não</p><p>residentes, mas que se encontrem no país. O direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à</p><p>propriedade são considerados Princípios pela doutrina e os seguintes são decorrentes destes. As normas</p><p>definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.</p><p>Direito à Vida</p><p>Abrange também o direito a uma existência digna. Inclui também a vida intra - uterina. É legítima</p><p>a realização de pesquisas com a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos</p><p>produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento. Pena de morte é</p><p>possível em caso de guerra declarada. É admitido aborto em casos de risco a vida da gestante, estupro e</p><p>casos de anincéfalos.</p><p>Princípio da Igualdade</p><p>Os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual na medida de suas desigualdades.</p><p>A lei poderá sim criar distinções entre homens e mulheres, desde que haja razoabilidade para o critério</p><p>eleito para a discriminação. Não é autorizado o Poder Judiciário, ou qualquer outro, a estender</p><p>vantagem a indivíduos não contemplados pela lei, por mais que seja justo. entende o STF que não</p><p>afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo</p><p>feminino e masculino da Aeronáutica.</p><p>Também entende a Corte Suprema que o foro especial para a mulher nas ações de separação</p><p>judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio da isonomia entre</p><p>homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges. Note, todavia, que só a lei ou a própria CF</p><p>podem determinar discriminações entre as pessoas, nos casos acima. Os atos infralegais (como edital de</p><p>concurso, por exemplo) não podem determinar tais limitações sem que haja previsão legal.</p><p>Direito à Liberdade</p><p>É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos</p><p>termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Abrange não só a liberdade física,</p><p>mas a de pensamento, de crenças e convicções, de expressão, de reunião, de associação etc. Cabe</p><p>Habeas Corpus.</p><p>a) Liberdade de Expressão e de Pensamento</p><p>É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. É livre a expressão da</p><p>atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.</p><p>Engloba também o direito de ouvir, assistir e ler. O direito de resposta, proporcional ao agravo, no</p><p>mesmo meio e com os mesmos meios, além da indenização por dano material, moral ou à imagem (à</p><p>pessoa física e jurídica). A instauração de processo não pode ser feita baseada em denuncias anônima</p><p>(pode investigar), salvo quando produzido pelo próprio acusado ou quando a própria denúncia</p><p>configurar crime.</p><p>É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário</p><p>ao exercício profissional. Esse direito e o resguardo do sigilo da fonte, refere-se a informações que</p><p>são de interesse público ou geral e não cabe cogitar quando se trate de informações pessoais ou</p><p>privadas. Mas a divulgação da informação não será anônima e o jornalista a fará em seu nome sob</p><p>sua responsabilidade os eventuais danos que ela causar.</p><p>O TCU não pode manter em sigilo a autoria de denúncia a ele apresentada contra administrador</p><p>público. Também com base no direito à manifestação do pensamento e no direito de reunião, o STF</p><p>considerou inconstitucional qualquer interpretação do Código Penal que possa ensejar a criminalização</p><p>da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, inclusive</p><p>através de manifestações e eventos públicos. Esse foi um entendimento polêmico, que descriminalizou</p><p>a chamada “marcha da maconha” e a defesa da legalização do aborto.</p><p>b) Liberdade de exercício profissional</p><p>É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações</p><p>profissionais que a lei estabelecer. Norma de eficácia Contida. Tendo como fundamento a liberdade de</p><p>expressão, o STF considerou que o diploma de jornalismo e o registro profissional no Ministério do</p><p>Trabalho não são condições para o exercício da profissão de jornalista. Não é dado à Fazenda Pública</p><p>obstaculizar a atividade empresarial com a imposição de penalidades no intuito de receber imposto</p><p>atrasado. Nesse sentido, o STF editou a Súmula nº 323, segundo a qual é inadmissível a apreensão de</p><p>mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.</p><p>c) Liberdade de consciência e de crença</p><p>É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos</p><p>religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias. É assegurada,</p><p>nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares pública ou privada</p><p>de internação coletiva. Ninguém será privado</p><p>de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção</p><p>filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a</p><p>cumprir prestação alternativa, fixada em lei.</p><p>Assim, o indivíduo pode não cumprir obrigação a todos imposta e não ser privado de direitos,</p><p>desde que cumpra prestação alternativa fixada em lei, do contrario, poderá ter suspenso (ou perda)</p><p>seus direitos políticos.</p><p>Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.</p><p>§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em</p><p>tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o</p><p>decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de</p><p>caráter essencialmente militar.</p><p>§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de</p><p>paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.</p><p>É vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas,</p><p>subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações</p><p>de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.</p><p>d) Liberdade de reunião</p><p>Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,</p><p>independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada</p><p>para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. O direito protege</p><p>também quem não quer se reunir. Cabe Mandado de Segurança e não Habeas Corpus. Haverá restrição</p><p>nos casos de Estado de Defesa e de Sítio mesmo no seio das associações.</p><p>e) Liberdade de associação</p><p>A Constituição assegura a liberdade de associação para fins lícitos, mas veda a associação de</p><p>caráter paramilitar. Pode: para a criação (de associações, bem como de cooperativas) não é necessária</p><p>autorização do Poder público; é vedada a interferência estatal em seu funcionamento e além do direito</p><p>de associar-se, é também assegurado o direito de não se associar ou não se manter associado.</p><p>As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas</p><p>por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso (Dissolver), o trânsito em julgado. A suspensão ou</p><p>dissolução das associações são temas que exigem reserva de jurisdição. As associações, quando</p><p>expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou</p><p>extrajudicialmente.</p><p>Representação Judicial e Substituição Processual</p><p>Princípio da Legalidade</p><p>Aos particulares é lícito fazer tudo aquilo que a lei não proíba. O agente público somente pode</p><p>agir conforme o estabelecido em lei. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa</p><p>senão em virtude de lei (eficácia plena).</p><p>a) Princípio da Legalidade e Reserva Legal</p><p>b) Princípio da Legalidade Penal e da retroatividade da lei penal mais</p><p>favorável</p><p>Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Em regra a lei</p><p>penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, mesmo que ele já esteja cumprindo a pena. “A lei</p><p>penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao permanente, se a sua vigência é anterior à</p><p>cessação da continuidade ou da permanência.” Crime continuado é aquele composto por uma série de</p><p>atos seguidos de mesma espécie, configurando, ao final, um único crime (como seria o caso de diversos</p><p>assaltos a diferentes lojas de um Shopping Center, na mesma tarde).</p><p>Já o crime permanente é um ato único, mas que se prolonga no tempo (como um seqüestro, que</p><p>pode durar dias ou semanas, por exemplo). É vedada a aplicação de analogia para definição de delitos</p><p>ou aplicação de penas. É vedada a utilização de Medida Provisória sobre matéria de Direito Penal ou</p><p>Processual Penal que é competência privativa da União.</p><p>O Princípio da Insignificância é aplicado quando o baixo potencial ofensivo da conduta é levado</p><p>em conta para descaracterizar o crime. Em decorrência desse princípio o réu será absolvido e será</p><p>tratado como réu primário.</p><p>O princípio da reserva legal determina que somente lei em sentido estrito(lei formal, editada</p><p>pelo Poder Executivo) poderá definir crime e cominar penas. Nem mesmo medida provisória poderá</p><p>definir um crime e cominar penas, eis que essa espécie normativa não pode tratar de direito penal.</p><p>Direito à Intimidade e à Privacidade</p><p>São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o</p><p>direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Para a reparação por</p><p>dano moral não é necessário que tenha havido dano material. Mas o STF já definiu que essas</p><p>indenizações podem ser concomitantes e que, ademais, a reparação por dano moral não exige ofensa à</p><p>reputação do indivíduo (o mero desconforto causado pela publicação de uma foto não autorizada já</p><p>geraria direito à reparação). Pessoas jurídicas não pode ser sujeito passivo de crime de calúnia e injuria.</p><p>Também relacionada ao direito à intimidade é a decisão do STF no sentido da não admissão da</p><p>coação do possível pai para realizar o exame de DNA em ação de investigação de paternidade. Isso</p><p>porque tal medida implicaria ofensa a diversas garantias constitucionais, tais como a preservação da</p><p>dignidade humana, da intimidade e da intangibilidade do corpo humano.</p><p>a) Sigilo Bancário</p><p>QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO</p><p>PODER EXECUTIVO Autoridades Fiscais (processo fiscal em curso ou administrativo instaurado)</p><p>PODER LEGISLATIVO</p><p>Plenário de qualquer das Casas</p><p>CPI</p><p>PODER JUDICIÁRIO Determinação Judicial</p><p>MINISTÉRIO PÚBLICO Defesa do Patrimônio Público</p><p>O TCU não dispõe de competência para quebra de sigilo bancário.</p><p>b) Inviolabilidade Domiciliar</p><p>A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do</p><p>morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por</p><p>determinação judicial. Flagrante delito ou desastre e para prestar socorro não precisa ser de dia, mas</p><p>determinação judicial somente durante o dia. Flagrante delito é, logo após o delito, a perseguição</p><p>ininterrupta. Esse artigo é de eficácia contida.</p><p>INVIOLABILIDADE DOMICILIAR</p><p>Flagrante delito ou desastre Prestação de Socorro Durante o dia, por determinação judicial</p><p>Alcança, também, qualquer recinto fechado, não aberto ao público, ainda que de natureza</p><p>profissional (escritório do advogado, consultório do médico, dependências privativas da empresa,</p><p>quarto de hotel etc.). Mesmo com fortes indícios de ilícitos praticados no estabelecimento, não poderá</p><p>adentrar sem autorização judicial.</p><p>Porém, o STF considerou válido provimento judicial (oriundo de Ministro do próprio STF) que</p><p>autorizou o ingresso de autoridade policial em recinto profissional durante a noite, para o fim de instalar</p><p>equipamentos de captação acústica (escuta ambiental) e de acesso a documentos no ambiente de</p><p>trabalho do acusado.</p><p>c) Inviolabilidade das Correspondências e Comunicações</p><p>É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das</p><p>comunicações telefônicas, salvo, no último caso (comunicações telefônicas), por ordem judicial, nas</p><p>hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual</p><p>penal. Não pode nos processos de extradição.</p><p>Segundo o STF a administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública,</p><p>de disciplina prisional ou de prevenção da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, proceder à</p><p>interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula da inviolabilidade do</p><p>sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salva guarda de práticas ilícitas.</p><p>A própria Constituição admite a restrição dessas garantias nas situações excepcionais de Estado</p><p>de Defesa e Estado de Sítio, ou seja, neste caso, não necessária autorização judicial.</p><p>INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA</p><p>Ordem judicial Na forma que a lei estabelecer Investigação criminal e instrução processual penal</p><p> Ordem judicial (reserva de jurisdição, não se admite interceptação administrativa ou por</p><p>ordem de CPI); (MP também não pode)</p><p> Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer (estão descritos na Lei nº 9.296/1996:</p><p>quando houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; quando a prova não</p><p>puder ser feita por outros meios disponíveis; quando o fato investigado constituir infração penal punida</p><p>com pena de reclusão); e</p><p> Para fins de investigação criminal e instrução processual penal.</p><p>Isso significa que não se admite interceptação telefônica em processos administrativos ou de</p><p>natureza cível. Porém, o STF entende que os dados colhidos em interceptações de comunicações</p><p>telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de provas em investigação criminal ou instrução</p><p>processual penal, podem ser utilizados em procedimento administrativo disciplinar, contra as mesmas</p><p>pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam</p><p>despontado à colheita dessa prova.</p><p>Reclusão x Detenção - o STF flexibilizou a regra (crime com pena de reclusão) e admite a</p><p>utilização daquele conteúdo (cuja colheita foi licitamente autorizada e não havia outros meios) na</p><p>investigação de crime punível com pena de detenção se houver conexão entre os delitos. A diferença</p><p>entre elas está no regime de cumprimento de pena: na reclusão, inicia-se o cumprimento da pena em</p><p>regime fechado, semiaberto ou aberto; na detenção, o cumprimento da pena inicia-se em regime</p><p>semiaberto ou aberto.</p><p>A Lei admite que o juiz autorize a interceptação por um período de até 15 dias, renovável por</p><p>igual tempo, comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Entretanto, são admitidas diversas e</p><p>sucessivas prorrogações desse prazo. Não é exigida a transcrição total da conversa, visando a aumentar</p><p>a celeridade das investigações.</p><p>O sigilo da correspondência tem por fim proteger a comunicação, a correspondência em si,</p><p>enquanto em trânsito e lacrada, e não o conteúdo de uma correspondência já aberta, guardada na casa</p><p>da pessoa ou apreensão de um computador. Portanto, no caso de ingresso em um escritório para</p><p>realização de busca e apreensão (procedimento realizado com a devida autorização judicial), a</p><p>apreensão de uma carta já aberta seria válida, lícita. Mesmo o sigilo das correspondências poderá ser</p><p>afastado caso essa garantia esteja sendo utilizada para acobertar atividades ilícitas. Email corporativo</p><p>não é abrangido pelo sigilo das correspondências porque não é para uso pessoal.</p><p>Direito de Propriedade</p><p>A Constituição assegura o direito de propriedade, como um dos direitos fundamentais (CF, art.</p><p>5°, XXII). Trata-se de um direito fundamental de 1ª geração típico, reflexo da adoção do regime</p><p>econômico capitalista pelo Brasil. O indivíduo tem garantido seu direito à propriedade, mas ao mesmo</p><p>tempo é exigido dele que a faça atender a sua função social.</p><p>A propriedade poderá ser desapropriada por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse</p><p>social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, situação na qual o direito de propriedade cede</p><p>frente ao interesse público.</p><p>Hipóteses em que haverá desapropriação sem necessariamente indenizado em dinheiro:</p><p> Desapropriação do solo urbano não aproveitado, nos termos do plano diretor do</p><p>município. O expropriante será o município e o pagamento ocorrerá em títulos da dívida pública</p><p>resgatáveis em 10 anos;</p><p> Desapropriação rural por interesse social para fins de reforma agrária do terreno que</p><p>não cumpra sua função social. O expropriante será a União e o pagamento ocorrerá em títulos da</p><p>dívida agrária resgatáveis em 20 anos;</p><p> Desapropriação confiscatória, sem direito a indenização e aplicável a terrenos com</p><p>cultura ilegal de plantas psicotrópica.</p><p>A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será</p><p>objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei</p><p>sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.</p><p>Além da desapropriação, a Requisição Administrativa é outra limitação ao direito de</p><p>propriedade. Segundo a CF, no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar</p><p>de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.</p><p>É garantido o direito de herança. A CF protege especificamente os filhos e o cônjuge brasileiros</p><p>ao regular a sucessão de bens de estrangeiros no país. Nesse sentido, a sucessão de bens de</p><p>estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos</p><p>brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus”. Em suma, falecido o</p><p>estrangeiro, a lei aplicável (brasileira ou estrangeira) para regular a sucessão de bens situados no país</p><p>será sempre a que for mais favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros.</p><p>No caso da propriedade industrial, a Constituição estabelece que a lei assegure aos autores de</p><p>inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais,</p><p>à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o</p><p>interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.</p><p>Já o direito autoral está estabelecido nas seguintes hipóteses:</p><p>I - Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas</p><p>obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;</p><p>II - São assegurados, nos termos da lei;</p><p>a) A proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e</p><p>voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;</p><p>b) O direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que</p><p>participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas.</p><p>Direito Autoral x Propriedade Industrial - No caso de direito autoral sobre obras</p><p>literárias, por exemplo, é garantido o direito exclusivo do autor, sendo que a lei irá estabelecer o</p><p>período de utilização por parte dos herdeiros. Por outro lado, no caso de inventos industriais, a lei</p><p>poderá limitar o período de utilização do próprio autor.</p><p>Segurança Jurídica</p><p>Em homenagem à segurança jurídica a Constituição dispõe que a lei não prejudicará (mas pode</p><p>modificar) o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Nesse sentido, impede-se a</p><p>incidência retroativa de leis sobre situações jurídicas já consolidadas sob leis anteriores, mas nada</p><p>impede que leis mais favoráveis retroajam sobre situações já consolidadas.</p><p>Trata-se da garantia constitucional da Irretroatividade da Lei. A garantia da irretroatividade da</p><p>lei, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. Essa proteção constitucional não alcança</p><p>a chamada “mera expectativa de direito”. Aplica-se a leis de direito público e privados (contratos).</p><p>Segundo o STF, não existe direito adquirido em face de:</p><p> Uma nova Constituição (texto originário);</p><p> Mudança do padrão monetário (alteração da moeda);</p><p> Criação ou aumento de tributos; ou</p><p> Mudança de regime estatutário.</p><p>O Estado não é impedido de criar leis retroativas; estas serão permitidas, mas apenas se</p><p>beneficiarem os indivíduos, impondo-lhes situação mais favorável do que a que existia sob a vigência da</p><p>lei anterior. A garantia da irretroatividade da lei, não é invocável pela entidade estatal que a tenha</p><p>editado.</p><p>a) Direito Adquirido - é aquele que já se incorporou ao patrimônio do particular, uma vez</p><p>que já foram cumpridos todos os requisitos aquisitivos exigidos pela lei então vigente. É o que ocorre se</p><p>você cumprir todos os requisitos para se aposentar sob a vigência de uma lei X. Depois de cumpridas as</p><p>condições de aposentadoria, mesmo que seja criada lei Y com requisitos mais gravosos, você terá direito</p><p>adquirido a se aposentar.</p><p>b) Ato Jurídico Perfeito - é aquele que reúne todos os elementos constitutivos exigidos pela</p><p>lei; é o ato já consumado pela lei vigente ao tempo em que se efetuou. Tome-se como exemplo um</p><p>contrato celebrado hoje, na vigência de uma lei X.</p><p>c) Coisa Julgada - compreende a decisão judicial da qual não cabe mais recurso.</p><p>Direitos de Caráter Judicial e Garantias Constitucionais do Processo</p><p>A Constituição estabelece uma série de dispositivos que visam a assegurar ao indivíduo proteção</p><p>no âmbito do processo judicial (apesar de que essas garantias transcendem a própria esfera judicial).</p><p>Inafastabilidade de Jurisdição Devido Processo Legal Contraditório e Ampla Defesa</p><p>a) Inafastabilidade de Jurisdição</p><p>A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Decorre desse</p><p>princípio o fato de que, no Brasil, não se exige o esgotamento das vias administrativas para que se possa</p><p>acionar o poder judiciário. Todavia, essa regra apresenta algumas exceções, situações nas quais o</p><p>indivíduo deverá a percorrer a instância administrativa antes de acionar o Judiciário.</p><p>I - Habeas Data - somente após a negativa administrativa é que está configurado o</p><p>interesse de agir do indivíduo para que ele ingresse com a ação junto ao Poder Judiciário;</p><p>II - Justiça Desportiva (de acordo com a própria regra da CF prevista no art. 217, § 1ºe 2º).</p><p>III - Súmula Vinculante - caso a Administração contrarie súmula vinculante poderá o</p><p>interessado ingressar com pedido de reclamação perante o STF somente depois de esgotadas as</p><p>instâncias administrativas.</p><p>Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre</p><p>o valor da causa. A opção pela via judicial implica renúncia tácita ao processo administrativo.</p><p>Todavia, por mais relevante que seja, não se trata de uma garantia absoluta: o direito de acesso</p><p>ao Poder Judiciário deve ser exercido, pelos jurisdicionados, por meio das normas processuais que</p><p>regem a matéria, não constituindo-se negativa de prestação jurisdicional e cerceamento de defesa a</p><p>inadmissão de recursos quando não observados os procedimentos estatuídos na normas instrumentais.</p><p>Com efeito, o art. 5º, inciso XXXV não obsta que o legislador estipule regras para o ingresso do pleito na</p><p>esfera jurisdicional, desde que obedecidos os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.</p><p>Quando este fixa formas, prazos e condições razoáveis, não ofende a Inafastabilidade da</p><p>Jurisdição. Destaque-se que o princípio da inafastabilidade de jurisdição não assegura a gratuidade</p><p>universal no acesso aos tribunais, mas sim a garantia de que o Judiciário se prestará à defesa de todo e</p><p>qualquer direito, ainda que contra os poderes públicos, independentemente das capacidades</p><p>econômicas das partes.</p><p>É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação</p><p>judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário (Súmula Vinculante nº 28).</p><p>Segundo a Corte, a necessidade do depósito prévio limitaria o próprio acesso à primeira instância,</p><p>podendo, em muitos casos, inviabilizar o direito de ação.</p><p>b) Devido Processo Legal e Princípio da Razoabilidade</p><p>PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE</p><p>Adequação Necessidade Proporcional</p><p>Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Portanto,</p><p>aquelas leis restritivas de direito que desrespeitar algum desses requisitos serão inconstitucionais por</p><p>serem desarrazoadas, por desrespeitarem o princípio da razoabilidade (e, em última instância, o</p><p>princípio do devido processo legal). Deve ser aplicado pelo legislador e pelo aplicador da lei.</p><p>c) Contraditório e Ampla Defesa</p><p>Assegura-se aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral o</p><p>contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Os princípios do contraditório</p><p>e da ampla defesa são garantias indissociáveis, que decorem do devido processo legal, independente</p><p>de estar na condição de acusado.</p><p>Por Ampla Defesa entende-se o direito de trazer ao processo, administrativo ou judicial, todos os</p><p>elementos de prova licitamente obtidos para provar a verdade. Por Contraditório entende-se o direito</p><p>do indivíduo de tomar conhecimento e contraditar tudo que é alegado contra ele pela outra parte.</p><p>Direito de ver os seus argumentos considerados</p><p>Direito de se manifestar sobre os elementos do processo</p><p>Direito de ser informado e ter acesso às informações do processo</p><p>1) No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o</p><p>anulará se houver prova de prejuízo para o réu.</p><p>2) Ofende os princípios do contraditório e ampla defesa a denúncia vaga, genérica ou</p><p>imprecisa, que não descreva de forma adequada a conduta do réu. Se não está precisamente definida</p><p>a conduta do réu ele não tem como se defender (há prejuízo ao direito de defesa: o que ele vai alegar</p><p>se não sabe direito o que fez?).</p><p>3) No âmbito do processo criminal, a garantia constitucional do contraditório não é exigível na</p><p>fase do inquérito. Nesse sentido, não é admitida sentença condenatória fundamentada</p><p>exclusivamente em elementos colhidos em inquéritos policiais.</p><p>4) O STF entende que não há ofensa ao contraditório e à ampla defesa quando do</p><p>interrogatório realizado pela autoridade policial sem a presença de advogado.</p><p>5) O STF garantiu a advogados o acesso a provas já documentadas em autos de inquéritos</p><p>policiais que envolvam seus clientes, inclusive os que tramitam em sigilo.</p><p>O mesmo raciocínio estende-se à sindicância preparatória do PAD. No âmbito do processo</p><p>administrativo, a sindicância prévia para abertura do PAD - Processo Administrativo Disciplinar não</p><p>precisa observar a fase de contraditório. Mas da sindicância previa não pode resultar em imposição de</p><p>sanção ou qualquer outro tipo de penalidade.</p><p>CONTRADITÓRIO AMPLA-DEFESA</p><p>Direito de Manifestação Meios Lícitos para Provar</p><p>Sumulas vinculantes:</p><p>Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa</p><p>quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,</p><p>excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.”</p><p>(Súmula Vinculante 3).</p><p>“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar (não é obrigado) não</p><p>ofende a Constituição.” (Súmula Vinculante 5).</p><p>“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já</p><p>documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,</p><p>digam respeito ao exercício do direito de defesa.” (Súmula Vinculante 14).</p><p>“É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para</p><p>admissibilidade de recurso administrativo.” (Súmula Vinculante 21).</p><p>d) Duplo Grau de Jurisdição</p><p>O duplo grau de jurisdição obrigatório pressupõe que não haverá processos judiciais (ou</p><p>administrativos) de apenas uma instância. Assim, ele assegura que qualquer decisão poderá ser</p><p>reapreciada por uma instância superior, mediante a interposição de recurso. Segundo o STF o princípio</p><p>do duplo grau de jurisdição não é uma garantia constitucional vigente. Ou seja, não está proibida a</p><p>existência de processos de instância única.</p><p>Nesse sentido, não cabe recurso da decisão do Senado que julga o Presidente da República por</p><p>crime de responsabilidade; ou, ainda, é irrecorrível a decisão do STF que julga o Presidente e os</p><p>parlamentares nas infrações penais comuns.</p><p>Todavia, que o duplo grau de jurisdição é princípio previsto na Convenção Americana de Direitos</p><p>Humanos, que é um tratado de direitos humanos com hierarquia supralegal regularmente internalizado</p><p>no ordenamento jurídico brasileiro.</p><p>e) Celeridade Processual e Publicidade dos Atos Processuais</p><p>A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração</p><p>do processo e</p><p>os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos</p><p>processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.</p><p>f) Juiz Natural</p><p>Não haverá juízo ou tribunal de exceção e ninguém será processado nem sentenciado senão pela</p><p>autoridade competente. O princípio do juiz natural deve ser interpretado buscando não só evitar a</p><p>criação de tribunais de exceção, mas também de respeito absoluto às regras objetivas de determinação</p><p>de competência, para que não sejam afetadas a independência e imparcialidade do órgão julgador.</p><p>O STF entende que esse princípio não se limita aos órgãos e juízes do Poder Judiciário. Segundo o</p><p>Pretório Excelso, ele alcança, também, os demais julgadores previstos pela Constituição, como o Senado</p><p>Federal, por exemplo.</p><p>g) Júri Popular</p><p>É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:</p><p>a) A plenitude de defesa;</p><p>b) O sigilo das votações;</p><p>c) A soberania dos veredictos;</p><p>d) A competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.</p><p>Segundo o STF, as autoridades que têm foro especial por prerrogativa de função previsto na</p><p>Constituição Federal não se submetem a julgamento perante o tribunal do júri. É dizer: se o governador</p><p>do DF (que tem foro especial por prerrogativa de função perante o STJ) praticar um crime doloso contra</p><p>a vida, ele será julgado pelo STJ, e não pelo júri popular. A Constituição do estado poderá se entender</p><p>pertinente, atribuir foro especial a outras autoridades locais perante o Tribunal de Justiça. Mas a</p><p>competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função</p><p>estabelecida exclusivamente pela Constituição estadual.</p><p>A soberania dos veredictos traduz a idéia de que, como regra, a decisão do tribunal do júri não</p><p>pode ser substituída por outra, proferida pelos tribunais do Poder Judiciário. Não obstante, o STF afirma</p><p>que “a soberania dos veredictos não exclui a possibilidade de recorrer”. A competência para o processo</p><p>e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri (Súmula STF nº 603).</p><p>h) Vedação à Prova Ilícita</p><p>São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Não são admissíveis as</p><p>provas ilícitas e nem as provas decorrentes dessas, segundo a chamada doutrina da ilicitude por</p><p>derivação (ou teoria dos frutos da árvore envenenada). Entretanto, a existência de prova ilícita não</p><p>torna o processo nulo como um todo. A confissão sob prisão ilegal é prova ilícita.</p><p>Há situações em que a gravação de escuta telefônica realizada sem autorização judicial será</p><p>considerada lícita, desde que presente uma excludente de antijuridicidade, como a legítima defesa.</p><p>Nesse sentido, é lícita a gravação (realizada por um dos interlocutores ou por terceiro), sem o</p><p>consentimento do outro, desde que diante de legítima defesa.</p><p>É lícita a prova obtida mediante gravação da conversa realizada por um dos interlocutores (ou</p><p>por terceiro quando autorizado) quando aquele que grava está recebendo proposta criminosa do outro</p><p>interlocutor (com quem ele fala); e é lícita a prova de um crime descoberta acidentalmente durante</p><p>escuta telefônica autorizada judicialmente para apuração de crime diverso, desde que haja conexão</p><p>entre os crimes.</p><p>Direito de Informação</p><p>Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de</p><p>interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,</p><p>ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.</p><p>No caso de lesão ao direito à informação, o remédio constitucional a ser usado pelo particular é</p><p>o mandado de segurança. Não é o habeas data! Isso porque se busca garantir o acesso a informações de</p><p>interesse particular do requerente, ou de interesse coletivo ou geral, e não aquelas referentes à sua</p><p>pessoa (que seria a hipótese de cabimento de habeas data).</p><p>Direito de Petição</p><p>São a todos (PF, PJ) assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de</p><p>petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. São as</p><p>seguintes as características do direito de petição:</p><p>I - Destinado a:</p><p>a) Defesa de direitos; e</p><p>b) Reparação de ilegalidade ou abuso de poder.</p><p>II - Universalidade (assegurado a todos);</p><p>III - Gratuidade;</p><p>IV - Desnecessidade de advogado para o seu exercício.</p><p>O remédio constitucional que protege o direito de certidão é o mandado de segurança. O habeas</p><p>data é utilizado, quando não se tem acesso a informações pessoais do impetrante ou quando se deseja</p><p>retificá-las. Quando alguém solicita uma certidão, já tem acesso às informações; o que quer é apenas</p><p>receber um documento formal do Poder Público que ateste a veracidade das informações. Portanto, é</p><p>incabível o habeas data.</p><p>Direito de Certidão</p><p>A CF garante a todos, independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em</p><p>repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal e não</p><p>de terceiros, a menos que esteja representando. Aqui, cabe Mandado de Segurança.</p><p>Em ambos os casos (Direito de Petição e Certidão), assegura-se o não pagamento de taxas, por</p><p>serem ambas as hipóteses essenciais ao próprio exercício da cidadania. Todavia, não confunda isenção</p><p>de taxa com gratuidade. Mesmo com a isenção desses tributos, poderão ser cobrados emolumentos,</p><p>custas ou honorários.</p><p>Petição é um pedido, uma reclamação ou um requerimento endereçado a uma autoridade</p><p>pública. Exemplo: um servidor público pode, por meio de petição, pedir remoção para outra localidade,</p><p>para tratar de sua saúde. Já a certidão é um atestado ou um ato que dá prova de um fato. Dentro da</p><p>linguagem jurídica, é uma cópia autêntica feita por pessoa que tenha fé pública, de documento escrito</p><p>registrado em um processo ou em um livro. Exemplo: certidão de nascimento.</p><p>Assistência jurídica gratuita e gratuidade do registro civil de</p><p>nascimento e da certidão de óbito</p><p>Determina a Constituição que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que</p><p>comprovarem insuficiência de recursos. Vale mencionar que esse direito abrange não só os indivíduos,</p><p>mas também as pessoas jurídicas, desde que demonstrada a incapacidade financeira. Assim, há</p><p>distinção quanto à aplicação desse direito às pessoas físicas e jurídicas.</p><p>I - Tanto pessoas físicas quanto jurídicas fazem jus à assistência jurídica gratuita;</p><p>II - No caso das pessoas físicas, a mera declaração é suficiente para enquadrar aquela pessoa</p><p>na situação de insuficiência de recursos, não sendo necessária a comprovação documental;</p><p>III - Ao contrário, para terem acesso a esse direito, as pessoas jurídicas devem comprovar de</p><p>fato a alegada incapacidade financeira.</p><p>Se não existir Defensoria Pública o Estado tem que pagar particular. Cabe ao Estado o custeio do</p><p>exame de DNA para quem necessita. A Constituição Federal estabelece ainda que são assegurados,</p><p>independentemente do pagamento de taxas, para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o</p><p>registro civil de nascimento e a certidão de óbito. (casamento não)</p><p>Já o beneficiário da justiça gratuita que perde a causa é sim condenado ao pagamento das</p><p>custas, mas só serão exigidas se até 5 anos contados da decisão final puder fazê-lo sem prejuízo do</p><p>sustento de sua família.</p><p>Crimes Constitucionalizados</p><p> A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de</p><p>reclusão, nos termos da lei;</p><p> A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia (imperdoáveis) a</p><p>prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como</p><p>crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se</p><p>omitirem;</p><p> Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,</p><p>contra a ordem constitucional</p><p>e o Estado Democrático.</p><p>TODOS SÃO INAFIANÇÁVEIS</p><p>IMPRESCRITÍVEIS INSUCETÍVEIS DE GRAÇA OU ANISTIA</p><p>Racismo Tortura</p><p>Ação de grupos armados, civis ou</p><p>militares, contra a ordem constitucional e</p><p>o Estado Democrático</p><p>Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins</p><p>Terrorismo</p><p>Hediondos</p><p>A competência para conceder indultos e comutar penas é privativa do Presidente da República,</p><p>delegável aos Ministros de Estados, ao PGR e ao AGU. Quanto à anistia depende de lei do Congresso</p><p>nacional. Uma frase mnemônica: 3 T e hediondos não têm graça!</p><p>O STF decidiu que a discriminação contra os judeus é, sim, considerada racismo e, portanto,</p><p>trata-se de crime imprescritível.</p><p>Princípio da individualização das penas; penas admitidas e penas</p><p>vedadas</p><p>Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a</p><p>decretação do perdimento de bens serem, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles</p><p>executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.</p><p>A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:</p><p>a) Privação ou restrição da liberdade;</p><p>b) Perda de bens;</p><p>c) Multa;</p><p>d) Prestação social alternativa;</p><p>e) Suspensão ou interdição de direitos.</p><p>A enumeração das penas não é exaustiva, podendo a lei criar formas diversas de penalidade,</p><p>desde que estas não estejam no rol de vedação constitucional. O princípio da individualização da pena</p><p>implica que a regulamentação da imposição da pena deverá observar as características pessoais do</p><p>infrator (Tem bons antecedentes? É réu primário?). Assim, o STF considerou inconstitucional o</p><p>dispositivo legal que proibia de forma absoluta a progressão da pena no caso de crimes hediondos. O</p><p>Brasil admite a pena de morte.</p><p>O STF admite a possibilidade da progressão de regime de cumprimento de pena ou aplicação</p><p>menos severa nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. A pena de</p><p>expulsão (de estrangeiro) é admitida pelo ordenamento jurídico. Já no que concerne à pena de caráter</p><p>perpétuo, destaca-se o entendimento do STF de que, em decorrência da vedação às penas perpétuas, o</p><p>máximo penal legalmente exequível, no ordenamento positivo nacional, é de trinta (30) anos, a</p><p>significar, portanto, que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser</p><p>superior àquele limite imposto pelo artigo 75, "caput", do Código Penal.</p><p>NÃO HAVERÁ PENAS (rol exaustivo)</p><p>Caráter Perpétuo Trabalhos Forçados Banimento</p><p>Morte, salvo guerra declarada art. 84 XIX Cruéis</p><p>Cabe destacar que a pena de banimento (expulsão de nacional) não se confunde com a expulsão</p><p>de estrangeiro do Brasil, plenamente admitida pelo nosso ordenamento jurídico. A expulsão é forma de</p><p>exclusão do território nacional de estrangeiro que, dentre outras hipóteses, atentar contra a segurança</p><p>nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou</p><p>cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.</p><p>Princípio da Presunção da Inocência</p><p>Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.</p><p>Assim, a regra será o acusado poder recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da sentença penal</p><p>condenatória. De qualquer forma, continuam válidas as prisões em flagrante, temporária e preventiva,</p><p>desde que preenchidos os pressupostos da legislação penal.</p><p>Segundo o STF não pode caracterizar maus antecedentes para o réu a simples existência de</p><p>investigações policiais ou persecuções criminais em curso, sem trânsito em julgado.</p><p>O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses</p><p>previstas em lei. A identificação civil será feita pela carteira de identidade, por exemplo. Já a criminal</p><p>consiste em processo fotográfico e datiloscópico (o famoso “tocar piano”). Com esse inciso a</p><p>Constituição assegura ao indivíduo que porte um documento oficial de identificação o direito de não ser</p><p>submetido à identificação criminal, salvo naquelas hipóteses previstas em lei.</p><p>Hipóteses constitucionais em que é admitida a prisão</p><p>Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de</p><p>autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente</p><p>militar, definidos em lei.</p><p>De início, podemos observar que exceto nas prisões militares ou em flagrante, a CF limita às</p><p>autoridades judiciárias a competência para determinar a prisão. Durante o estado de defesa e estado de</p><p>sítio a própria CF admite a prisão administrativa sem previa autorização judicial.</p><p> A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;</p><p> Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade</p><p>provisória, com ou sem fiança;</p><p> Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;</p><p> A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados</p><p>imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;</p><p> O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado (sob</p><p>pena de nulidade do interrogatório), sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;</p><p> O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu</p><p>interrogatório policial;</p><p> A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do</p><p>delito, a idade e o sexo do apenado;</p><p> Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus</p><p>filhos durante o período de amamentação.</p><p>O STF firmou entendimento de que o uso de algemas deve ter caráter excepcional e o seu</p><p>excesso configura afronta à dignidade do preso e à presunção de inocência, justificada a</p><p>excepcionalidade por escrito. O Presidente só pode ser preso depois de sentença condenatória, nas</p><p>infrações comuns. Os congressistas e deputados estaduais só podem ser preso em flagrante se for crime</p><p>inafiançável.</p><p>Excesso de prisão e indenização por erro judiciário</p><p>O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do</p><p>tempo fixado na sentença.</p><p>Pois bem, em regra, não há responsabilidade do Estado por atos legislativos e jurisdicionais.</p><p>Entretanto, poderá ocasionar indenização o erro judiciário no âmbito da esfera penal (condenação penal</p><p>indevida), bem como o excesso de tempo na prisão, além do período fixado na sentença. O erro do</p><p>judiciário não pode ser apurado e corrigido por meio de habeas corpus, mas somente por revisão</p><p>criminal.</p><p>Prisão civil por dívida</p><p>Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e</p><p>inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.</p><p>Recentemente, o STF afastou a possibilidade de prisão civil do depositário infiel em nosso país,</p><p>em respeito ao Pacto de San José da Costa Rica, tratado internacional sobre direitos humanos ratificado</p><p>pelo Brasil no ano de 1992 (também conhecido como “Convenção Interamericana de Direitos</p><p>Humanos”). Nesse tratado só é admitida a prisão civil por dívida em uma única hipótese: devedor de</p><p>alimentos voluntário. É Ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de</p><p>depósito.</p><p>O bem de família poderá ser penhorado nos casos de fiador mesmo que único bem imóvel.</p><p>Extradição</p><p>Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado</p><p>antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas</p><p>afins, na forma da lei. Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.</p><p>I - O brasileiro nato não será extraditado em nenhuma circunstância; e</p><p>II - O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado apenas nos casos de:</p><p>a) Crime comum cometido antes da naturalização;</p><p>b) Comprovado envolvimento em tráfico ilícito de drogas.</p><p>III - Estrangeiros poderão ser extraditados pela prática de crimes diversos, ressalvados os</p><p>crimes políticos</p><p>e de opinião.</p><p>Segundo o STF, o crime de terrorismo não se inclui entre os crimes políticos para fins de vedação</p><p>à extradição de estrangeiro. Compete ao STF julgar somente a extradição passiva (é quando o outro país</p><p>que pede a extradição). Asilo politico é com o executivo.</p><p>O Presidente não se vincula a decisão do STF (mas não é discricionária) e poderá ou não entregar</p><p>o acusado nos termos do tratado de extradição firmado entre o Brasil e o outro Estado.</p><p>O pedido de extradição somente será atendido pelo Brasil se houver tratado internacional entre</p><p>países, ou se não houver tratado, promessa de reciprocidade de tratamento ao Brasil. Só haverá</p><p>extradição se for crime lá e aqui (mera contravenção não) e o extraditado só será julgado, pelo pais</p><p>requerente, pelo objeto do pedido de extradição ou se o Estado requerido autorizar os outros</p><p>julgamentos. Emendas constitucionais não podem criar novas hipóteses de extradição, mas podem</p><p>suprimi-lás.</p><p>Ação Privada Subsidiária da Pública</p><p>Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.</p><p>Essa função provocadora do Poder Judiciário é, em regra, função do Ministério Público, que é o</p><p>legitimado para o ajuizamento da ação penal (pública). Como exceção, há casos em que pode o</p><p>indivíduo dar início à ação (nesse caso, denominada ação penal privada). É função institucional de o</p><p>Ministério Público promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.</p><p>Todavia, embora a iniciativa de ações públicas seja privativa do MP, se essa ação não for</p><p>intentada no prazo legal no caso de um crime de ação pública, poderá o particular iniciar a ação penal</p><p>privada subsidiária. A ação subsidiária só é cabível diante da inércia do MP. Assim, caso este órgão tenha</p><p>pedido arquivamento do processo, não será cabível a ação penal privada, pois não se terá configurado a</p><p>inércia.</p><p>Defesa do Consumidor</p><p>O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Eficácia limitada. A</p><p>responsabilidade do fornecedor será objetiva por danos causados ao consumidor e ocorre a inversão do</p><p>ônus da prova. Segundo o STF, as instituições financeiras também são alcançadas pelo Código de Defesa</p><p>do Consumidor. Além disso, o referido Código é aplicável aos casos de indenização por danos morais e</p><p>materiais por má prestação de serviço em transporte aéreo.</p>

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