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<p>INSTALAÇÕES</p><p>O ambiente onde os búfalos são mantidos precisa ser planejado considerando o bem-estar dos animais. Isso inclui proteger os búfalos de desconfortos físicos e térmicos, além de reduzir medo e estresse, permitindo que eles exibam comportamentos naturais. Embora os búfalos tenham uma boa capacidade de adaptação a diferentes condições climáticas, eles são vulneráveis ao estresse em altas temperaturas.</p><p>As instalações para búfalos devem oferecer conforto tanto para os animais quanto para os cuidadores, sendo necessárias estruturas como abrigo, boa higiene, durabilidade e praticidade. Para se atingir um nível satisfatório de rentabilidade na pecuária é necessário que se racionalize os gastos nas instalações, de forma simples, higiênica e de baixo custo. A base fundamental na redução do custo de produção na pecuária está na construção de instalações bem planejadas, funcionais e adequadas à propriedade. É importante a escolha do local das instalações, uma vez que, não se pode transferir de um lugar para outro uma instalação.</p><p>De acordo com Kenneth et al (2021), o bem-estar dos búfalos de leite depende de diversos fatores, como o manejo adequado das instalações e a manutenção regular.</p><p>5.1. Manutenção das instalações</p><p>Todas as instalações devem seguir normas que garantam o bem-estar dos búfalos, como a capacidade máxima de animais, espaço adequado para alimentação e bebida, e área de descanso. Tanto dentro quanto fora das instalações, é importante que os búfalos não sofram ferimentos recorrentes devido a características do ambiente, como batidas ou arranhões acidentais como: calos no pescoço, ferimentos nas tetas e úberes, caudas fraturadas, perda de pelos em locais específicos recorrentes, manqueira, infecções, cascos moles.</p><p>Assim,recomenda-se a construção de um centro de manejo em local de fácil acesso e adequado onde devem haver: as aguadas, o estábulo, sala do leite, bezerreiro, sala de ração, escritório, curral, esterqueiro, saleiro, cerca, área do parto, alojamento para touros e instalações para bezerros (PEREIRA,1999).</p><p>5.2. Centro de manejo</p><p>a) Aguadas</p><p>As aguadas, são fontes naturais como rios, lagos e açudes, onde os animais utilizam para beberem água e tomar banho, devem estar bem distribuídas na propriedade para evitar que os búfalos precisem percorrer grandes distâncias ou se aglomerem perto da água. É crucial que a água seja limpa para evitar problemas de saúde, e que haja áreas de banho próximas ao estábulo para as vacas banhar-se antes de cada ordenha e por recorrência de que os búfalos utilizam o banho para regular a temperatura corporal, uma vez que possuem glândulas sudoríparas pouco desenvolvidas.</p><p>b) Estábulos</p><p>O estábulo são essenciais para o manejo do rebanho, servindo para abrigar, alimentar e ordenhar as vacas. Devem estar localizados em terreno plano e bem drenado, no sentido leste-oeste, alto, de fácil acesso e provido de água de boa qualidade e em abundância.</p><p>c) Sala do leite</p><p>A sala do leite deve ser localizada no estábulo ou próxima a ele, é onde o leite é armazenado e feita a limpeza e esterilização de vasilhames e utensílios. O ambiente deve ser seco, elevado, ventilado e protegido contra insetos e moscas, com janelas e portas com telas.</p><p>d) Bezerreiro</p><p>A hipotermia deve ser evitada e bezerros suscetíveis devem ser alojados em instalações bem protegidas, usando cama espessa e seca e evitando correntes de ar ou provendo aquecimento suplementar. Embora bezerros saudáveis possam tolerar baixas temperaturas do ar, animais recém-nascidos e doentes, são particularmente suscetíveis ao frio e devem haver instalações isoladas para bezerros que apresentem alto risco de doença infecciosa para que possam ser mantidos em quarentena se necessário.</p><p>O bezerreiro deve ser coletivo com piso de cimento e em estrado de madeira possuir comedouro e bebedouro. Os animais deverão ser separados por faixa etária e por sexo, animais de zero a 60 dias, de 61 a 120 dias e de 121 a 210 dias. Neste sistema, os bezerros acompanham suas respectivas mães após a ordenha e são colocados no bezerreiro na parte da tarde</p><p>e) Área do parto</p><p>Em parto no pasto, as novilhas devem ser inspecionadas pelo menos uma vez ao dia, as pastagens devem ser selecionadas para proporcionar às búfalas um ambiente seco para o parto e acesso a um abrigo artificial ou natural com as condições climáticas ideais.</p><p>Piquetes, currais ou baias para os partos devem ser livres de poças e aguadas, oferecendo um ambiente seco e seguro aos animais. Os bubalinos podem buscar o alívio de dores permanecendo submersos em poças, rios e lagos. Assim, o acesso a esses locais deve ser impedido na estação de parição devido a probabilidade de a búfala parir dentro desses locais, ocasionando afogamento e óbito do bezerro ao nascer.</p><p>Os bubalinos apresentam pouca dificuldade de parto. O excesso de intervenção humana pode criar estresse desnecessário para as mães. No caso de novilhas, a aproximação humana aos bezerros deve ser evitada nos primeiros momentos após o parto devido a possível rejeição da mãe à cria. Entretanto, a aproximação deve ser realizada em casos que a mãe e/ou o bezerro necessite de auxílio. Desta forma, para um melhor bem-estar, alimento e água devem ser disponibilizados, durante todo o período.</p><p>f) Alojamento para Touros</p><p>As baias ou currais dos touros devem permitir que eles tenham contato visual, sonoro e olfativo com o restante do rebanho e com as atividades gerais da fazenda, devem ser inspecionados pelo menos uma vez por dia, sendo que os touros que não estão acostumados entre si, devem ser mantidos separados e distantes, especialmente na época de monta, pois, o odor característico pode provocar sérios danos às instalações e aos manejadores.</p><p>g) Sala de ração</p><p>A sala de ração serve para armazenar todo o concentrado e volumoso que será consumido pelo rebanho em determinado período, por este motivo, deve ser anexa ao estábulo.</p><p>h) Escritório</p><p>Ambiente adequado para armazenar todos os dados zootécnicos do rebanho como fichas de vacinação e controle produtivo e reprodutivo. É um local de administração da propriedade.</p><p>i) Curral</p><p>É indispensável, sendo utilizado constantemente no manejo, vacinação, marcação, castração, controle e apartação do gado. Normalmente é construído de madeira e possui uma área coberta,podem possuir o piso de cascalho, pedra ou concreto, deve haver o tronco de contenção que também é utilizado nos manejos do rebanho para inseminação, vacinação, os cochos devem ser de madeira ou alvenaria, em caso de pecuária mista podem incluir uma balança e um embarcadouro.</p><p>j) Estrumeira ou esterqueira</p><p>É o depósito de esterco para sofrer fermentação podendo-se obter uma boa maturação no período de dois a quatro meses e deve estar perto do estábulo e o mais próximo possível da capineira, pois à medida que se corta o capim aduba-se o local com o esterco curtido, garantindo assim, uma longa vida da capineira.</p><p>k) Saleiro</p><p>O saleiro é uma instalação de muita importância, pelo fato de ser imprescindível a oferta constante de sal comum e mineralizado para os animais. Pode ser de tamanho e material diversos. Aconselha-se que fique em pontos opostos às aguadas e que sejam cobertos para que não haja desperdício no caso de chuvas.</p><p>l) Cerca</p><p>As cercas serão construídas com cinco fios de arame lisos distanciados.</p><p>m) Pastagem</p><p>Para a formação devem ser aproveitadas as capoeiras e áreas degradadas, devem ser divididas em piquetes diversificadas para evitar o ataque de pragas, entretanto não devem ser misturadas dentro de um mesmo piquete pois pode haver competição, ter pelo menos, 20% a mais em pastagem, para eventuais problemas no período seco, usar sementes de boa qualidade e procedência. Porem, a realidade mostra que a maioria dos criadores de búfalos não faz o manejo adequado das pastagens, mantendo um número de animais maior do que a pastagem suporta e por estes animais na maioria das vezes não ter a disposição áreas com boa oferta de forragem, fogem em busca de comida.</p><p>5.3. Bem-estar animal</p><p>Segundo Vasconcelos, et al (2016) o bem-estar animal</p><p>não é sinonimo de conforto térmico, eles refletem nos seus sentimentos e comportamento, funções biológicas e caracteristicas de sua vida natural, os animais devem ser livres de medo e estresse, livre de fome e sede, livre de desconforto e ter a liberdade de expressar seu comportamento natural</p><p>A relação ambiente/animal, deve-se manter as melhores condições de conforto, para que os animais expressem o seu melhor potencial genético produtivo. Desta forma alguns comportamentos podem ser observados (tabela 1)</p><p>CALOR</p><p>FRIO</p><p>Buscam sombra</p><p>Buscam sol</p><p>Buscam lugares frescos</p><p>Buscam lugares secos</p><p>Expõem-se ao vento</p><p>Refugiam-se do vento</p><p>Bucam pisos frios</p><p>Buscam pisos quentes</p><p>Aumentam o consumo de água</p><p>Diminuem o consumo de água</p><p>Diminuem o consumo de alimento</p><p>Aumentam o consumo de alimento</p><p>Tabela 1. Ações tomadas no calor e no frio</p><p>Assim quando os animais estão com o calor corporal muito elevado, eles buscam uma forma de dissipar calor que são influenciados não só pelos fatores climáticos, ou do meio em que está inserido, como também de fatores relacionados ao próprio animal (cor e quantidade de pelos), assim, passa a usar como por exemplo: condução, convecção, radiação ou evaporação como formas de dissipação desse calor para voltar ao seu conforto térmico. Esses estresses térmicos podem acarretar em problemas, nos machos causa queda de libido, pode diminuir ou aumentar o numero de espermatozoides causando anomalias e nas fêmeas causa uma maior taxa de retorno ao cio, maior taxa de morte embrionária e nascimento de bezerros mais leves. Por consequência, deve-se realizar modificações ambientais primarias para proteger os animais de períodos de climas extremos como localização, orientação das instalações, telhado, pintura em coberturas, beirais, lanternin, temperatura da água de consumo, arborização e sombreamento, e modificações secundarias que são dentro dos galpões onde estão os animais como ventilação, aquecimento, refrigeração e nebulização.</p><p>5.4. Manejo sustentavel</p><p>Segundo Junior et al (2005) os sistemas silvipastoris funcionam como excelentes alternativas para elevar o conforto dos animais e a sustentabilidade dos ecossistemas, pois a combinação de árvores, pastagens e animais ajudam a melhorar a biodiversidade e a eficiência do uso da terra. Os búfalos são essenciais para a sustentabilidade na agricultura, pois oferecem carne e leite de alta qualidade, são adaptáveis e ajudam a reduzir custos na pecuária familiar, alem de que podem ser implantados biodigestores que utilizam os dejetos animais para gerar energia na propriedade e da cama dos animais que posteriormente podem ser usados nas lavouras como adubo.</p><p>CADEIA PRODUTIVA</p><p>De acordo com a coleção EMBRAPA (1998) criação de búfalos, para a produção de carne e leite de bubalinos tem-se que:</p><p>a) Produção de carne</p><p>Imagem 1. Cadeia produtiva completa da carne bubalina (JORGE,2005)</p><p>A produção de carne de búfalos no Brasil está se transformando graças a avanços nos sistemas de criação, melhoramento genético e garantia de qualidade. A carne de búfalo é nutritiva, com menos gordura e colesterol e mais proteínas que a carne bovina. Os búfalos têm a vantagem de se adaptar a ambientes onde outros ruminantes não prosperam (áreas alagadiças), sendo capazes de converter alimentos de baixa qualidade em carne e leite, pois possuem elevada capacidade de digerir alimentos com elevado teor de fibras.</p><p>Por outro lado, a carne de búfalo comparada à de bovinos possui 40%menos colesterol, 12 vezes menos gordura uma vez que a maior quantidade da gordura de cobertura pode ser facilmente removida, 55% menos calorias, 11 % a mais de proteínas e 10% a mais de minerais, portanto, mais indicada para a saúde humana. A carcaça de búfalos é composta de 68% de carne, 21 % de ossos e 11 % de gordura, que se equipara aos percentuais dos bovinos (NETO, 2023).</p><p>As características de odor, sabor e suculência da carne de bubalino são muito semelhantes às de bovinos. Quanto à cor, a carne bubalina é mais clara nos animais jovens e mais escura que a de bovinos nos animais mais velhos.</p><p>O maior obstáculo para o consumo de carne de búfalo é o preconceito ainda existente no seio da população. A inclusão da carne de búfalo no cardápio de alguns bons restaurantes dos principais centros urbanos tem contribuído para o aumento do consumo. Embora os búfalos representem apenas uma pequena parcela da produção de carne no Brasil, a carne é macia, possui cortes nobres, e tem potencial de crescimento no mercado. No entanto, a falta de identificação correta no mercado e uma visão cultural negativa ainda limitam o consumo dessa carne.</p><p>b) Produção de leite</p><p>Imagem 2. Cadeia produtiva completa do leite bubalino, idêntica ao dos bovinos</p><p>A produção mundial de leite de búfala vem crescendo significativamente por apresentar características físicas e químicas superiores ao leite de vaca, como o maior teor de gordura, alem de apresentar produtividade superior aos zebuinos, isto é, cada litro de leite é produzido a um custo menor, por apresentarem grande rusticidade, o que lhes permite aproveitar melhor as forragens de qualidade inferior e se adaptar às mais diferentes condições climáticas e por sua marcante resistência a doenças</p><p>Na elaboração de laticínios, o leite da búfala apresenta rendimento industrial 40% superior ao do leite bovino. Possui, ainda, 33% menos colesterol, 48% mais proteína, 59% mais cálcio e 47% mais fósforo. Por conter maior teor de gordura, são necessários apenas 14 litros de leite de búfala para produzir 1 kg de manteiga, enquanto para obter a mesma quantidade de manteiga com leite bovino, são necessários aproximadamente 20 litros. Por outro lado, com apenas 5 litros de leite de búfala pode-se obter 1 kg de queijo mussarela de alta qualidade (NETO, 2023).</p><p>Tendo em vista o maior rendimento do leite de búfala em laticínios, recomenda-se seu total aproveitamento na fabricação de queijos, manteiga, iogurte e doce de leite. O soro pode servir de alimento para suínos e outros animais .</p><p>9.3. Marketing</p><p>Deve sempre buscar um amplo programa de marketing envolvendo suas etapas clássicas PPPP (Produto, Preço, Praça e Promoção) promovendo um bom produto, uma boa apresentação, padronização, regularidades e qualidade, levando em locais diferenciados e cômodos ao consumidor, para ter uma distribuição melhor do produto, assegurando sua persistência no mercado (BERNARDES, 2011).</p><p>9.4. Certificação e rastreabilidade</p><p>O SISBOV (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina), foi criado para identificar, registrar e monitorar cada bovino e bubalino de forma individual em todas as fases da produção da carne, desde a criação do animal até o momento em que a carne chega ao consumidor final, seja ele nascido no Brasil ou importado. Isso permite saber onde o animal foi criado, como foi tratado, o que ele comeu, onde foi abatido, entre outros detalhes. Esse sistema envolve uma série de ações e procedimentos que servem para asegurar a origem, a saúde, a produção e a segurança dos produtos derivados desses animais, com o objetivo de regulamentar seu rastreamento no país.</p><p>O SISBOV estabelece as regras e os procedimentos para esse acompanhamento nas fazendas e embora participar do SISBOV seja opcional, todos os animais que serão exportados para países que exigem rastreamento devem ser registrados no sistema. O produtor interessado deve solicitar o cadastro da sua propriedade junto a uma empresa certificadora autorizada pelo Ministério da Agricultura. Após os animais serem corretamente identificados, a certificadora faz uma inspeção na fazenda e, se todas as exigências legais forem cumpridas, os animais são registrados no Banco Nacional de Dados do SISBOV, e a fazenda passa a ser reconhecida como Estabelecimento Rural Aprovado no sistema (ERAS). A partir daí, os animais são monitorados individualmente e todas as movimentações devem ser registradas.</p><p>REFERENCIAS</p><p>MARQUES, J.R .F.. Criação de búfalos, Brsília, DF. Embrapa, 1998.</p><p>VASCONCELOS, A; PESSOA, E. Instalações,</p><p>bem-estar e ambiência na produção de bubalinos. Prezi, 2016.</p><p>KENNETH, E, et al. Bubalinos de leite. Humane Farm Animal Care, v.1, p.1-67, 2021.</p><p>PEREIRA, R. G. A.; TOWNSEND, C. R.; COSTA, N.L. Recomendações técnicas para a criação de búfalos em Rondônia. Embrapa, n 18, dez 1999, p. 1-12.</p><p>BERNARDES, O. Integração, associativismo e arranjos na cadeia produtiva da bubalinocultura: Situação atual e perspectivas. UNESP - Botucatu, SP. Anais, 2011. v. 3.</p><p>NETO, O.J.A.G, et al. Aspectos da cadeia produtiva de búfalos no brasil: uma revisão. Recima 21 - revista científica multidisciplinar, v.4, n.10, 2023.</p><p>JORGE, A.M. Produção de carne bubalina. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.29, n.2, p.84-95, 2005.</p><p>JUNIOR, J.B. L, et al. Produção sustentável de carne de búfalos em sistema silvipastoril para a pequena propriedade rural da Amazônia. Anais, Campo Grande, MS, 2005.</p><p>image1.wmf</p><p>image2.jpeg</p>