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<p>25</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>Capítulo 2</p><p>Demonstração</p><p>do resultado do</p><p>exercício</p><p>Graças à relevância das informações apresentadas e à multiplici-</p><p>dade de sua aplicação na gestão corporativa, a demonstração do re-</p><p>sultado do exercício (DRE), ao lado do balanço patrimonial (BP), é uma</p><p>das demonstrações contábeis mais utilizadas tanto pela área financeira</p><p>quanto pela área contábil, cada uma com suas especificidades. É ne-</p><p>cessário destacar que este texto foi elaborado com base no ponto de</p><p>vista da gestão financeira, que se diferencia da gestão contábil em di-</p><p>versos aspectos.</p><p>26 M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Gestão financeira empresarial</p><p>Em resumo, podemos considerar que as funções da área finan-</p><p>ceira são:</p><p>• obter recursos monetários destinados ao desenvolvimento</p><p>e à expansão das operações das empresas;</p><p>• maximizar os recursos disponíveis, tanto no que tange à</p><p>sua obtenção quanto na sua utilização das diversas áreas</p><p>de consumo;</p><p>• analisar a performance financeira e econômica da</p><p>empresa no que diz respeito ao resultado monetário</p><p>gerado pelos eventos financeiros. (LUZ, 2014, p. 32)</p><p>A palavra “resultado” no título já explicita sua principal aplicação: ofere-</p><p>cer aos que a consultam ou elaboram (no segundo caso, necessariamen-</p><p>te, profissionais de contabilidade com registro profissional ativo) a infor-</p><p>mação de que a empresa obteve lucro ou prejuízo no período considerado</p><p>e dimensionar a magnitude desse resultado. Entretanto, sua contribuição</p><p>à gestão vai além, propiciando informações importantíssimas acerca da</p><p>composição do resultado obtido, o que é extremamente valioso no pro-</p><p>cesso de decisão. Para o gestor financeiro, é importante conhecer “o que”</p><p>deve merecer maior cuidado (custos sobre vendas? Despesas financei-</p><p>ras?), seja para insistir/aumentar o que for considerado “bom”, seja para</p><p>evitar/reduzir o que for considerado “ruim”.</p><p>A DRE, como será detalhado mais à frente, é elaborada a partir da</p><p>receita obtida com suas operações durante o exercício retratado. A par-</p><p>tir daí, de maneira verticalizada, ela considera as receitas “auferidas” e</p><p>os gastos “incorridos” pela empresa. É importante notar, desde já, que</p><p>não se fez referência a “recebimentos” e “desembolsos”. Neste capítulo,</p><p>serão ressaltadas as características de cada regime contábil, cujas di-</p><p>ferenças conceituais têm implicações práticas muito relevantes. Como</p><p>será visto, contadores e gestores financeiros direcionarão sua atenção</p><p>para regimes diferentes, nunca deixando de considerar os dois. Assim, a</p><p>27Demonstração do resultado do exercício</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>depender do ponto de vista, a receita poderá (ou não) ser um recebimen-</p><p>to, e o gasto poderá (ou não) significar um desembolso.</p><p>Finalmente, o capítulo apresentará as principais contas presentes</p><p>em uma DRE, com suas abrangências e seus significados devidamente</p><p>pormenorizados. Ao longo do texto, algumas das principais aplicações</p><p>do relatório serão apresentadas. Deverá ficar bem claro que, além de a</p><p>DRE possibilitar às empresas o cumprimento de suas obrigações legais</p><p>— as tributárias, por exemplo —, seu uso gerencial espontâneo (isto é,</p><p>não em cumprimento a alguma “obrigação legal”) é uma atividade ne-</p><p>cessária ao gestor financeiro.</p><p>1 Objetivos da demonstração do resultado do</p><p>exercício</p><p>Os objetivos da DRE podem ser organizados em dois grupos: aque-</p><p>les que são considerados obrigações de todos e aqueles que refletem</p><p>as escolhas de cada categoria de usuários. Sem considerar o assunto</p><p>esgotado, vamos conhecer alguns desses objetivos.</p><p>1.1 Obrigações legais</p><p>A DRE tem a incumbência de explicitar as diversas obrigações tributá-</p><p>rias a que as empresas estão sujeitas, seja sobre as operações (vendas</p><p>de bens e prestação de serviços), seja sobre o lucro. Do primeiro caso,</p><p>são exemplos:</p><p>• O Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), por</p><p>meio do qual microempreendedores individuais (MEIs), microem-</p><p>presas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPPs) pagam, em um</p><p>só movimento, tributos devidos a municípios, a estados e à União.</p><p>28 M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Gestão financeira empresarial</p><p>• O Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias</p><p>e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e</p><p>Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e o Imposto sobre</p><p>Serviços de Qualquer Natureza (ISS), devidos a municípios e ao</p><p>Distrito Federal, que incidirão e terão seus valores apresentados</p><p>na DRE.</p><p>• Os tributos incidentes sobre o lucro, como o Imposto de Renda</p><p>de Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro</p><p>Líquido (CSLL).</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>EPPs poderão ser constituídas, se atendidos os critérios de enquadra-</p><p>mento, sob os formatos de empresário individual (EI), empresa individu-</p><p>al de responsabilidade limitada (Eireli) e sociedade de responsabilidade</p><p>limitada (LTDA), cada um com características próprias.</p><p></p><p>1.2 Ferramenta gerencial</p><p>A tomada de decisão, de maneira geral, é muito auxiliada pelo im-</p><p>portante insumo que é a DRE. Os negócios da empresa estão trilhando</p><p>um bom caminho? Que categorias de custos e despesas deverão ser</p><p>acompanhadas mais de perto? Os gestores estarão aptos a responder</p><p>a essas perguntas com base na análise da DRE.</p><p>A relevância estratégica desse documento transcende, com larga</p><p>margem, a informação de lucro ou prejuízo e a quantificação desse</p><p>resultado. Por disponibilizar esses e outros dados para a apuração de</p><p>indicadores de rentabilidade, a DRE se configura como um importante</p><p>instrumento de avaliação econômica da empresa. Aqui, trata-se de ges-</p><p>tão financeira, da criação de valor, de riqueza para os proprietários, de</p><p>29Demonstração do resultado do exercício</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>sustentabilidade para o negócio — essa visão só faz aumentar a impor-</p><p>tância da DRE como ferramenta gerencial.</p><p>Num sentido econômico, podemos considerar que a missão, ou o</p><p>propósito maior de uma empresa, não é o lucro, e sim sua continui-</p><p>dade. O lucro é uma condição para a organização assegurar sua</p><p>continuidade, mas não pode ser considerado um valor absoluto.</p><p>(FERREIRA, 2020, p. 26)</p><p>1.3 Operações de crédito</p><p>Independentemente do porte, as empresas têm projetos e, quanto</p><p>mais saudável a empresa, mais projetos ela terá. Em projetos empre-</p><p>sariais, é necessário apresentar as fontes de recursos humanos, mate-</p><p>riais e financeiros, além da estimativa de cada um dos números envol-</p><p>vidos. No caso dos recursos financeiros, a empresa poderá ter recursos</p><p>próprios a aplicar e necessitar complementar o capital com recursos</p><p>de instituições financeiras. Por conta disso, ela deverá ser submetida</p><p>à análise de crédito, e, também nesse</p><p>caso, a DRE merecerá atenção</p><p>especial — desta vez, por parte dos analistas de crédito, que avaliarão a</p><p>possibilidade de concessão do crédito pretendido e seu limite.</p><p>1.4 Atração de investidores</p><p>Principalmente (mas não somente) em empresas de grande porte,</p><p>as demonstrações financeiras costumam ser analisadas por potenciais</p><p>investidores. Isso porque, assim como os bancos, que são fontes de</p><p>empréstimos, os investidores também “emprestam” dinheiro para as</p><p>empresas em que pretendem investir; por isso, é de bom tom avaliar o</p><p>beneficiário desse “empréstimo”. Isso é feito por meio da aplicação em</p><p>títulos da dívida privada (debêntures, que são títulos de renda fixa) ou</p><p>da compra de ações (títulos de renda variável) da empresa tomadora de</p><p>recursos, mas essa é uma conversa para outro momento.</p><p>30 M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Gestão financeira empresarial</p><p>2 Regime de competência</p><p>A contabilidade está atenta a todos os eventos que alteram o patri-</p><p>mônio da empresa, os quais devem ser registrados ou contabilizados.</p><p>Cada registro será chamado de evento (ou lançamento) contábil. Assim,</p><p>se um veículo para uso corporativo for adquirido por R$ 100.000,00, ha-</p><p>verá aumento em bens no imobilizado, o que gerará um ou mais lan-</p><p>çamentos (eventos) contábeis. Esses lançamentos, denominados “regi-</p><p>mes contábeis”, dividem-se em dois tipos: regime de competência (ou</p><p>econômico) e regime de caixa (ou financeiro).</p><p>O que distingue os dois regimes é a época em que receitas e gastos</p><p>são reconhecidos, isto é, lançados, contabilizados. O regime de compe-</p><p>tência estabelece que os reconhecimentos de gastos e receitas devem</p><p>ocorrer na época de seus respectivos fatos geradores, independente-</p><p>mente de movimentação financeira. Por isso, nesse regime, há gastos</p><p>(custos ou despesas) que podem ser incorridos pagos ou não pagos, de</p><p>forma independente. Diz-se que um gasto é “incorrido” quando ocorre o</p><p>seu fato gerador, ou seja, o fato que motivou a ocorrência, a assunção</p><p>desse compromisso (a compra do veículo citada há pouco, por exem-</p><p>plo); se a compra foi feita e o veículo foi pago, diz-se que o gasto foi</p><p>“incorrido e pago”; se a compra foi feita e o pagamento foi combinado</p><p>para 30 dias depois, diz-se que o gasto foi “incorrido, não pago” — quan-</p><p>do houver a liquidação financeira da compra, o gasto terá seu status</p><p>alterado para “pago”.</p><p>No caso das receitas, ainda sob regime de competência, o raciocínio</p><p>deve ser análogo. Consideremos, então, o ponto de vista do vendedor</p><p>do veículo: se ele recebeu pagamento à vista, diz-se que a receita foi “au-</p><p>ferida e recebida”; se recebeu promessa de pagamento futuro, a receita</p><p>foi “auferida, não recebida” — somente quando ocorrer o pagamento, a</p><p>receita será considerada “recebida”. É necessário considerar que, excep-</p><p>cionalmente, tanto no caso de receitas quanto de gastos, pode haver o</p><p>adiantamento da liquidação financeira em relação à formalização. Isso</p><p>31Demonstração do resultado do exercício</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>quer dizer que há o gasto “não incorrido, pago” (o comprador pagou,</p><p>mas, por qualquer motivo, não formalizou a compra) e a receita “não</p><p>auferida, recebida” (o vendedor recebeu, mas, por qualquer motivo, não</p><p>formalizou a venda).</p><p>Agora, tratemos do regime de caixa. Nele, os reconhecimentos so-</p><p>mente ocorrem quando existe a movimentação (sensibilização) de cai-</p><p>xa. Os gastos são lançados apenas quando efetivamente pagos, e as</p><p>receitas são reconhecidas apenas quando os valores foram efetivamen-</p><p>te recebidos.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Não há regime certo ou errado. O regime de competência e o regime de</p><p>caixa atendem aos diferentes pontos de vista defendidos, respectiva-</p><p>mente, por contadores e gestores financeiros.</p><p></p><p>3 Definições das principais contas da DRE</p><p>Antes de prosseguirmos, é oportuno reafirmar que este não é um</p><p>texto voltado à elaboração de demonstrações financeiras. Se assim fos-</p><p>se, você estaria lendo um livro de contabilidade.</p><p>Diferentemente disso, este livro busca oferecer ao profissional de</p><p>finanças em desenvolvimento subsídios para interpretar as principais</p><p>demonstrações financeiras, considerando que essa atividade integra</p><p>as tarefas do gestor financeiro — afinal, este livro tem foco na gestão</p><p>financeira corporativa. Com esse olhar de intérprete necessário das</p><p>DREs (e de outros relatórios), você recebe informações e orientações</p><p>para satisfazer um eventual interesse de aprofundamento. O assunto</p><p>é extenso, mas indispensável!</p><p>32 M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Gestão financeira empresarial</p><p>3.1 Demonstração do resultado do exercício</p><p>A seguir, apresentamos resumidamente as contas principais des-</p><p>se importante relatório, conforme recomendado pela Lei no 6.404</p><p>(BRASIL, 1976).</p><p>• Receita bruta: valor faturado no período retratado, referente às</p><p>operações-fim.</p><p>• (-) Deduções e abatimentos: tributos que oneram a venda de</p><p>bens/serviços (PIS/Cofins, ISS, ICMS). Devoluções (afinal, se hou-</p><p>ve devolução de bens ou desistência de consumo do serviço, a</p><p>receita associada não foi confirmada).</p><p>• (=) Receita líquida.</p><p>• (-) CMV/CPV/CSP: dedução dos custos dos produtos “entregues”</p><p>aos clientes. Uma empresa comercial terá custo de mercadorias</p><p>vendidas (CMV); uma indústria será onerada com custo de produ-</p><p>tos vendidos (CPV); e uma prestadora de serviços arcará com os</p><p>custos dos serviços prestados (CSP).</p><p>• (=) Lucro bruto.</p><p>• (-) Despesas com vendas: despesa operacional. Gastos para a re-</p><p>alização de vendas (propaganda, salários, comissões sobre ven-</p><p>das, etc.)</p><p>• (-) Despesas administrativas: despesa operacional. Poderosa fon-</p><p>te de gastos, essa despesa é relacionada ao funcionamento do</p><p>negócio (aluguel, água, energia elétrica, pagamento de funcioná-</p><p>rios, combustível, seguros, etc.).</p><p>• (-) Despesas financeiras: despesa operacional (juros pagos/rece-</p><p>bidos, tarifas bancárias, descontos concedidos/recebidos, etc.).</p><p>Aqui, são informadas as despesas financeiras “líquidas”, isto é, o</p><p>33Demonstração do resultado do exercício</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>resultado da soma das despesas financeiras (número negativo)</p><p>com as receitas financeiras (número positivo). Um resultado po-</p><p>sitivo indicará que o valor das receitas superou o das despesas</p><p>financeiras.</p><p>• (-) Despesas com depreciação e amortização: despesa opera-</p><p>cional. São grandezas contábeis (econômicas) e, portanto, não</p><p>implicam movimentação de dinheiro, embora sejam intituladas</p><p>“despesas”. Depreciação, um conceito mais difundido, pode ser</p><p>entendido como a perda de valor de ativos tangíveis por ação do</p><p>tempo de uso; a amortização muito se assemelha à depreciação,</p><p>entretanto se aplica a ativos intangíveis. Assim, uma máquina</p><p>está sujeita a depreciação, enquanto o capital investido em uma</p><p>marca ou patente sofrerá os efeitos da amortização. Em análises</p><p>financeiras, os valores dessas despesas têm de ser “devolvidos”</p><p>ao resultado líquido,</p><p>pois, como já foi dito, não terá havido saí-</p><p>da de dinheiro, embora, no curso da DRE, os referidos valores te-</p><p>nham sido deduzidos do lucro bruto.</p><p>Há outras despesas e receitas operacionais a considerar para obter</p><p>o lucro operacional:</p><p>• (=) Lucro operacional (lucro bruto deduzido das despesas com</p><p>vendas, despesas administrativas, despesas financeiras, depre-</p><p>ciação e amortização).</p><p>• (-) Outras despesas: antes chamadas de “despesas não operacio-</p><p>nais” (dividendos, juros de empréstimos, etc.).</p><p>• (+) Outras receitas: antes chamadas de “receitas não operacio-</p><p>nais”. Ex.: venda de sucata (desde que a empresa não tenha a</p><p>venda de sucata como parte do negócio).</p><p>• (=) Resultado antes do imposto de renda.</p><p>34 M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Gestão financeira empresarial</p><p>• (-) Provisões do IRPJ e da CSLL: gastos com imposto de renda e</p><p>contribuição social sobre o lucro líquido; gastos com “participa-</p><p>ções” (empregados, administradores, etc.).</p><p>• (=) Lucro/prejuízo do exercício: neste ponto, a DRE finalmente</p><p>apresenta o que pretende: o resultado da empresa no período</p><p>analisado. Atenção! Não se esqueça de que esse resultado inclui</p><p>despesas com depreciação/amortização, que não movimentam</p><p>dinheiro; portanto, na análise financeira, elas precisam ser devol-</p><p>vidas (somadas) ao lucro/prejuízo.</p><p>4 Aplicações práticas</p><p>Analise os diferentes resultados mensais de Empresa Vendedora</p><p>Ltda. com apenas uma nova operação comercial sob cada um dos</p><p>regimes:</p><p>Nova operação: venda de mercadoria pelo preço de R$ 20.000,00</p><p>em 27 de janeiro de 20XX.</p><p>Condições negociadas: 50% à vista; 25%, 30 dias após venda; 25%,</p><p>60 dias após venda.</p><p>Fluxo de caixa (estimado, anterior à nova operação):</p><p>Janeiro/XX – recebimentos de R$ 10.000,00; pagamentos de</p><p>R$ 8.000,00.</p><p>Fevereiro/XX – recebimentos de R$ 15.000,00; pagamentos de</p><p>R$ 9.000,00.</p><p>Março/XX – recebimentos de R$ 7.000,00; pagamentos de</p><p>R$ 13.000,00.</p><p>35Demonstração do resultado do exercício</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>Tabela 1 – Planejamento financeiro – trimestre 1/20XX</p><p>EMPRESA VENDEDORA LTDA. 20XX</p><p>Janeiro Fevereiro Março</p><p>Competência Caixa Competência Caixa Competência Caixa</p><p>10.000 10.000 18.000 18.000 7.000 7.000</p><p>(8.000) (8.000) (9.000) (9.000) (13.000) (13.000)</p><p>20.000 10.000 0 5.000 0 5.000</p><p>Resultados</p><p>mensais</p><p>22.000 12.000 9.000 14.000 (6.000) (1.000)</p><p>PARA PENSAR</p><p>Considerando os dados apresentados na tabela 1, reflita sobre as ques-</p><p>tões a seguir:</p><p>1. Do ponto de vista da contabilidade, seria possível liquidar um “novo”</p><p>compromisso de R$ 15.000 em janeiro? O administrador financeiro</p><p>concordaria? Por quê?</p><p>2. Do ponto de vista financeiro, seria possível liquidar um “novo”</p><p>compromisso de R$ 13.000 em fevereiro? E sob o ponto de vista</p><p>contábil? Por quê?</p><p></p><p>4.1 Resolução</p><p>1. Do ponto de vista contábil (regime de competência), seria pos-</p><p>sível liquidar o compromisso, pois a receita da venda de R$</p><p>20.000 foi integralmente lançada em janeiro, haja vista o fator</p><p>gerador (a venda) ter ocorrido naquele mês. O administrador fi-</p><p>nanceiro não concordaria, pois teria “em seus controles” uma</p><p>disponibilidade de R$ 12.000 e, segundo o regime de caixa, essa</p><p>36 M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Gestão financeira empresarial</p><p>quantia seria insuficiente para sustentar o gasto pretendido</p><p>(R$ 15.000).</p><p>2. Do ponto de vista financeiro, seria possível liquidar o compro-</p><p>misso, pois a expectativa (regime de caixa) é de que R$ 14.000</p><p>estejam disponíveis. Do ponto de vista contábil, não seria possí-</p><p>vel, pois a “disponibilidade” seria de apenas R$ 9.000 (segundo</p><p>o regime de competência).</p><p>Considerações finais</p><p>A DRE, um dos mais importantes insumos para a análise financeira,</p><p>foi o tema deste capítulo. O relatório e algumas de suas muitas informa-</p><p>ções disponíveis foram visitados com o objetivo de retomar e atualizar</p><p>os conhecimentos do leitor sobre contas de resultado e sua organiza-</p><p>ção na forma vertical e dedutiva. Foram tratadas, com alguma insistên-</p><p>cia, as duas abordagens possíveis para o registro dos fatos contábeis.</p><p>“Caixa” e “competência” batizam os dois regimes contábeis tratados nas</p><p>páginas anteriores.</p><p>O regime financeiro (“de caixa”) é o adequado para a gestão financeira</p><p>e tem como interesse maior a gestão de fundos, isto é, do dinheiro, de</p><p>forma que a empresa esteja sempre com suas obrigações quitadas pon-</p><p>tualmente. O regime de competência, utilizado por conta da legislação,</p><p>se não atende o administrador, atende o contador, que deverá conviver</p><p>com “despesas incorridas, não pagas” e, em outros casos, com “receitas</p><p>auferidas, não recebidas”, por exemplo. O regime de caixa não permite</p><p>enganos na entrada ou saída de valores. O valor foi pago? O caixa foi</p><p>sensibilizado com a saída? Então, o lançamento será feito “naquela data”,</p><p>não importando a data em que o compromisso foi assumido. Entretanto,</p><p>a afirmação de que um dos regimes é “certo” e o outro “errado” é, ela sim,</p><p>incorreta! Cada regime tem sua aplicação.</p><p>37Demonstração do resultado do exercício</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>A lei que disciplina a apresentação das demonstrações financeiras e</p><p>outras matérias de interesse corporativo, embora seja conhecida como</p><p>“Lei das S/A”, alcança, há anos, diversas formas de constituição de enti-</p><p>dades e é eficaz nas indicações de apresentação desses documentos.</p><p>Entretanto, a contabilidade é uma ciência e, como tal, desenvolve-se</p><p>de acordo com a evolução do conhecimento humano. Nesse ambien-</p><p>te dinâmico, o comitê de pronunciamentos contábeis (CPC) também</p><p>comparece para disciplinar a apresentação dos relatórios. Chegamos</p><p>às duas estruturas da DRE, ambas com amparo institucional, cada uma</p><p>com seus apoiadores. Embora não seja o profissional responsável pela</p><p>elaboração das demonstrações contábeis, o administrador financeiro</p><p>deve zelar pelo diálogo constante entre a contabilidade e a administra-</p><p>ção financeira, parceiras necessárias e longevas.</p><p>No próximo capítulo, você poderá empregar muitos dos conheci-</p><p>mentos apresentados neste capítulo.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.</p><p>Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por</p><p>Ações. Brasília: Presidência da República, 1976. Disponível em: http://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 29 jan. 2022.</p><p>FERREIRA, Renata. Gestão financeira e finanças corporativas. São Paulo:</p><p>Editora Senac São Paulo, 2020. E-book.</p><p>LUZ, Érico Eleuterio da. Controladoria corporativa. 2. ed. Curitiba: InterSaberes,</p><p>2014.</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.404-1976?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.404-1976?OpenDocument</p>