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Aula de Direito Tributário I

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CURSO: DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO I
Prof. Msc: Abílio Barroso 
E-mail: abliobarroso_fan@yahoo.com.br 
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I – CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Direito financeiro e direito tributário.
Denominação do direito tributário.
Direito tributário como ramo do direito público.
Autonomia do direito tributário.
Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
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Direito financeiro e direito tributário.
 “O Direito Financeiro, como sistema normatizador de toda a atividade financeira do Estado, abarca, por compreensão, as prestações pecuniárias exigidas pelo estado, abrangidas no conceito de tributo. Com efeito, o direito financeiro tem por objetivo a disciplina do orçamento público das receitas públicas (entre as quais se incluem as receitas tributarias), da despesa pública e da dívida pública”. (AMARO p.1).
 “O Direito Financeiro [...] disciplina todo o restante da atividade financeira do Estado, regulando todas as receitas não tributárias, o orçamento, o crédito público e a despesa pública” MACHADO,. p. 49.
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Direito financeiro e direito tributário.
Segundo o entendimento de Hugo de Brito Machado, o Direito Tributário é o “ramo do direito que se ocupa das relações entre fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar, e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”. ( Sabbag p. 2)
Nos dizeres de Paulo de Barros Carvalho, “o Direito tributário é o ramo didaticamente autônomo do Direito, integrado pelo conjunto de proposições jurídico-normativas, que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”. ( Sabbag p. 2)
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Direito financeiro e direito tributário.
No pólo ativo (credor), os entes tributantes ou pessoas jurídicas de direito público interno, também conhecidas por fiscos – a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal. Aliás, curiosamente, o “fisco”, no Império Romano, era um cesto de junco, utilizado pelos soldados romanos para a arrecadação de tributos;
No pólo passivo (devedor), o contribuinte (ou o responsável), representado pelas pessoas físicas ou jurídicas. (Sabbag p. 4)
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Direito financeiro e direito tributário.
Tributar (de tribuere, dividir por tribos, repartir, distribuir, atribuir) mantém ainda hoje o sentido designativo da ação estatal: o Estado tributa. O tributo (tributum) seria o resultado dessa ação estatal, indicando o ônus distribuído entre os súditos Como o súdito paga o tributo para o Estado, o verbo passou a designar também a ação de pagar tributo, dizendo-se tributário.( AMARO p.16)
o direito tributário é a disciplina jurídica dos tributos. Com isso se abrange todo o conjunto de princípios e normas reguladores da criação, fiscalização e arrecadação das prestações de natureza tributária. (AMARO p.2)
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Direito financeiro e direito tributário.
Por fim, destaque-se que, nas receitas derivadas, a fonte é a lei, e tais entradas referem-se a prestações tributárias ou não-tributárias.
I. Os tributos (impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e as contribuições):
II. As multas pecuniárias (administrativas e penais): diferente de tributo
III. As reparações de guerra:
As reparações de guerra, ainda que reservadas ao plano teórico, em nosso pacífico Estado, devem ser consideradas receitas derivadas.
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Direito financeiro e direito tributário.
A receita originária é, em regra, proveniente da exploração estatal de seus bens e empresas comerciais ou industriais, à semelhança de particulares, nas atividades de locação, administração ou alienação. 
Frise-se que a denominação “receita originária” é equívoca, pois a atuação no mercado e na economia não é – nem pode ser – uma atividade “originária” do Estado. A bem da verdade, ad argumentandum, se a percepção do tributo é a principal forma de financiamento do Estado, é à receita tributária que se deveria atribuir o rótulo de receita originária, afastando-lhe o timbre de receita, e não o contrário, como se está a demonstrar. (SABBAG p. 6-7)
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Denominação do direito tributário.
(...) A expressão direito fiscal hoje superada em nosso país, não obstante o adjetivo “fiscal” continue sendo empregado, com freqüência, para qualificar assuntos relacionados com tributos: débitos fiscais, questões fiscais, aspectos fiscais etc. “Fiscal” é relativo a fisco (do latim, fiscus, cesto para guardar dinheiro, e, em sentido figurado, o tesouro público). Em Portugal, porém, é corrente a designação de direito fiscal. (AMARO p. 4-5)
No plano do direito positivo brasileiro, a expressão direito tributário firmou-se com a Emenda n. 18, de 1965, que estruturou o “Sistema Tributário Nacional”, seguida, em 1966, pela lei n. 5.172, posteriormente denominada Código Tributário Nacional pelo Ato Complementar n. 36/37. ( AMARO p. 5)... com o advento da Constituição de 1967, assumiu a eficácia de lei complementar(...), 
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Direito tributário como ramo do direito público.
 O conceito dado por Rubens Gomes de Sousa, para quem direito tributário é o “ramo do direito público que rege as relações jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributos”.
A preponderância do interesse coletivo no direito dos tributos é evidente, daí derivando o caráter cogente de suas normas, inderrogáveis pela vontade dos sujeitos da relação jurídico-tributária. (p. 5).
 Relação com o Direito Administrativo P. da indisponibilidade.
 
 
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Autonomia do direito tributário.
(...) Paulo de Barros Carvalho só aceita que se fale em autonomia didática do direito tributário.
No primeiro, debate-se a questão geral sobre se se pode ou não falar em autonomia dos ramos do direito, o que abrange a questão específica consistente em poder ou não sustentar que o direito tributário seja autônomo.
 A questão da autonomia deste ou daquele ramo do direito costuma ser ligada as reais ou supostas especificidades ou propriedades de um dado conjunto de normas jurídicas, que possam distingui-lo dos demais setores do direito. Até aí trata-se de discussão com acentuada natureza acadêmica. (AMARO p.6)
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Autonomia do direito tributário.
 O Direito Tributário desfruta de autonomia perante os ramos jurídicos. Apresenta-se, pois, como um direito autônomo, em face da homogeneidade de sua estrutura normativa e de seus preceitos elementares. Não é apenas um ramo didaticamente autônomo dos demais; frui, sem sombra de dúvida, uma autonomia dogmática ou científica (corpo de regras próprias orientadas por “princípios jurídicos próprios, não aplicáveis aos demais ramos da ciência jurídica”) e uma autonomia estrutural (institutos dessemelhantes dos demais ramos do Direito). ( SABBAG p. 11)
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Autonomia do direito tributário.
 Portanto, se se quiser dizer que o direito tributário goza de autonomia legislativa (por ser objeto de conjuntos de normas dirigidas especificamente à disciplina dos tributos), ou que possui autonomia cientifica (por abrigar princípios e institutos não comuns a outros ramos do direito) e que desfruta, ademais, de autonomia didática (por ser ensinado em cadeiras autônomas nos cursos jurídicos)(,.........)
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Autonomia do direito tributário.
 
(.......)é preciso sublinhar que, em todos esses aspectos, a autonomia é sempre relativa. Não se legisla, nem se teoriza, nem se ensina matéria tributária sem que se tenham presentes conceitos estruturados noutros ramos da ciência jurídica. Não se pode, por exemplo, falar do imposto de renda sem o conhecimento de um sem-número de conceitos que se encontram definidos não nas leis ou nos códigos tributários, mas na lei civil, comercial, trabalhista etc 
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
As relações do direito tributário com o direito CONSTITUCIONAL. Em primeiro lugar, porque, se a constituição contém as bases do ordenamento jurídico,
é nela que se encontra o próprio fundamento de validade do tributo. Com efeito, é a Constituição que, a par da outorga de competência tributária para as várias pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), define os lineamentos básicos do sistema tributário nacional (os princípios constitucionais tributários, as imunidades, a partilha da competência tributaria etc.) ( AMARO p.11)
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 O direito ADMINISTRATIVO. A atuação do estado, visando a arrecadação e fiscalização de tributos, opera-se por intermédio dos órgãos que compõe a administração pública, cuja atuação é regida pelo direito administrativo, o que suscita a discussão, já referida linhas atrás, sobre a natureza das normas que cuidam especificamente de procedimentos administrativos tributários. (AMARO p.12)
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 O direito CIVIL em todos os seus setores - direitos reais, direito das obrigações, direito de família direito das sucessões -, fornece farta matéria-prima para a lei fiscal. Os contratos, as relações de família, as questões sucessórias, a propriedade habitam a província tributaria com foros de cidadania. Assim, por exemplo, em torno do contrato de compra e venda de imóvel, regulado pelo direito civil, a lei tributaria pode estruturar uma ou mais relações tributarias; sobre o fato da transmissão do direito de propriedade. (AMARO p.12)
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 Não menos relevo tem as figuras do direito COMERCIAL. A contribuição dos institutos ali regulados é muitíssimo grande: as sociedades mercantis, os títulos de participação societária, as demonstrações financeiras, os atos de comércio. A todo o momento nos defrontamos com figuras do direito comercial que são familiares ao direito tributário. (p.12)
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 Com a mesma naturalidade, freqüentam os textos tributários institutos do direito do TRABALHO: salário, aviso prévio, indenização por tempo de serviço, etc. (AMARO p.12) e também o Direito Previdenciário Ex: das contribuições 
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 O direito PENAL além de sancionar criminalmente os ilícitos tributários considerados mais graves, fornece ao direito dos tributos um conjunto de princípios extremamente útil no campo das infrações e penalidades fiscais de caráter não delituoso. Na aplicação de uma multa pecuniária em face de certa infração fiscal, é invocável, por exemplo, o brocardo do direito penal in dúbio pro reo, bem como a retroatividade benigna. ( AMARO p.13)
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 Há clara intimidade entre o Direito Tributário e o Direito Penal, na medida em que o primeiro, marcado pela compulsoriedade na tributação, dá margem à aplicação de sanções, em caso de inadimplemento obrigacional ou de infração tributária, v.g., a prisão, a multa, o regime especial de fiscalização, a interdição, o perdimento de bens, a apreensão de coisa etc. (SABBAG p. 15).
 Tributo não é sanção !!!
 
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 No campo do direito internacional têm-se avolumado os acordos e tratados que versam sobre a matéria tributaria, com vistas a facilitar o comércio internacional de bens, serviços e capitais. Citem-se como exemplos os tratados para evitar a dupla tributação internacional da renda, e os acordos de livre comércio, a par de normas da legislação interna, que se dedicam a disciplina de situações nas quais os vários aspectos da relação material subjacente a incidência da norma tributaria podem encontrar-se em mais de um território soberano. O conjunto das normas que regulam os tributos no âmbito internacional constitui o que se costuma chamar de direito tributário internacional. (AMARO p.13)
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 Torna-se fácil perceber a conexão dogmática entre o Direito Tributário e o Direito Processual, na medida em que a tributação, naturalmente, abre-se para a resistência, e esta, para a composição de litígios, no palco do contraditório e da ampla defesa. (SABBAG p. 16).
 Lei de execução fiscal Lei 6.830/80. 
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O Direito Tributário e outros ramos científicos
Ciência das finanças: na Ciência das finanças, “o Direito Tributário vai buscar muitos princípios econômico-financeiros para a base da elaboração de seus institutos”.
Merceologia: na Merceologia, o Direito Tributário vai buscar o esclarecimento dos elementos de fato adstritos à incidência do IPI, do ICMS e dos impostos aduaneiros (de exportação e importação), uma vez que tal ciência se dedica à classificação, nomenclatura ou especificação das mercadoria. (SABBAG p. 17)
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Relações do direito tributário com outros ramos do direito.
 Economia: na economia, buscar-se-á com o Direito Tributário a troca de informações, ligadas aos fatores de riqueza, produção, circulação, distribuição e consumo, uma vez que é patente a atuação do tributo como forma de intervenção no campo econômico. Ademais, as duas disciplinas, unidas em saudável interdisciplinaridade, permitirão que se alcancem forma de obtenção de melhores resultados econômicos, com maior aproveitamento da elevada carga tributária do nosso país. (SABBAG p. 17)
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O objeto dos comandos jurídicos só pode ser comportamento humano(.....) o comportamento objeto do comando, na relação obrigacional recebe a denominação de prestação.( p.22)
O Direito é pois, um instrumento para a obtenção de finalidades e objetivos que só podem ser alcançadas mediante comportamentos humanos( p.27)
Toda norma, pois, contém uma hipótese e um comando. O comando só é associado à hipótese(..) e a hipótese sempre contém dois aspectos: um subjetivo: pessoa(..) objetivo: determinação das circuntâncias( tempo, modo, lugar, qualidade,quantidade etc) em que o mandamento incide ( incidir quer dizer: colher o comportamento, obrigar o comporamento”.( p.26. ATALIBA) 
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“Em síntese: objeto da relação tributária é o comportamento consistente de levar dinheiro aos cofres públicos” ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6 ed. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 23.
 “o Direito Financeiro [...] disciplina todo o restante da atividade financeira do Estado, regulando todas as receitas não tributárias, o orçamento, o crédito publico e a despesa pública”[Grifos do autor] MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 19 ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 49.
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 Entre as características propostas para o Estado Contemporâneo insistimos na sua condição instrumental e no seu compromisso com o Bem Comum, compreendido este além da satisfação das necessidades materiais, alcançando a dimensão do respeito aos valores fundamentais da pessoa humana, os quais devem sustentar o interesse comum.[1]
 [1] PASOLD, Cesar Luiz. Função Social do Estado Contemporâneo. Op. Cit., p. 65 O Estado brasileiro assume em seu discurso constitucional compromissos explícitos com a efetivação da justiça social e com o direito-dever de intervenção nos domínios econômico e social, exercendo uma função social Ibidem, p. 103.
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Estado Brasileiro, na sua condição de instrumento para a obtenção do Bem Comum, tem que ser competente e capaz de se organizar economicamente sob o império do patrimônio social da Nação que o criou, e que com sacrifícios o mantém.[1]
O Direito, no âmbito do seu caráter instrumental[2], serve justamente de meio colocado à disposição da sociedade para concretização das finalidades e objetivos que podem ser atingidos através dos comportamentos humanos. 
 
[2] “Consiste no caráter instrumental do direito nesta qualidade que todos reconhecem à norma jurídica de servir como meio posto à disposição das vontades para obter, mediante comportamentos humanos, o alcance das finalidades desejadas pelos titulares daquelas vontades.
Os objetivos que dependem de comportamento humano podem ter no direito um excelente instrumento de alcance” ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. Op. Cit. p.25.
. [1] PASOLD, Cesar Luiz. Função Social do Estado Contemporâneo. Op. Cit., p. 41.
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Isto posto, vislumbra-se que a transferência de dinheiro (coisa material) das pessoas para os cofres públicos só pode ser obtida por intermédio de comportamentos humanos[1], isto é, “usa-se o direito de tributar como forma de obrigar tais comportamentos”. Neste enfoque, a norma jurídica na sua condição de atributividade dando efeitos jurídicos às coisas a que ela incide, ou seja, a juridicização que é “o processo peculiar ao direito; noutros termos: o direito adjetiva os fatos para que sejam jurídicos”[2], deve estar inspirada no bem comum que é a função precípua do Estado Contemporâneo.
 [1] ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. Op. Cit. p.29. 
 [2] MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado.Campinas: Bookseller, 2000. v. 2. p. 52.
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 Feitas estas considerações, veja-se o conceito de tributação:
 “Exercício do Poder Instituído de Tributar exprimido na imposição de comportamentos voltados ao abastecimento dos cofres para levar a cabo a ação Estatal, alicerçado no Bem Comum e na Dignidade da pessoa humana para a concretização da Função Social do Estado”[1].
 Obs: Aspecto tributário e não financeiro.
[1] BARROSO, Abílio et al. A Tributação como Instrumento de Consecução da Função Social do Estado Contemporâneo Brasileiro. UNIVALI. Florianópolis/SC Revista Acadêmica.2002
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