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<p>UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS</p><p>UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE PALMEIRAS DE GOIÁS</p><p>AGRONOMIA</p><p>EDUARDO NASCIMENTO DE SOUZA NERES</p><p>JOÃO PEDRO BARBOSA DE SOUZA REIS</p><p>MANUAL DE FITOPATOLOGIA</p><p>Fitopatologia aplicada</p><p>PALMEIRAS DE GOIÁS - GOIÁS</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. ANTRACNOSE DA BANANA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3</p><p>2. ANTRACNOSE NO FEIJOEIRO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 5</p><p>3. CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM NO FEIJOEIRO - - - - - - - - - 7</p><p>4. MANCHA PARDA DO ARROZ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 9</p><p>5. FERRUGEM MARROM DA CANA-DE-AÇÚCAR - - - - - - - - - - - - - - - 11</p><p>6. PODRIDÃO VERMELHA DA CANA-DE-AÇÚCAR - - - - - - - - - - - - - - 13</p><p>7. REFERÊNCIAS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 15</p><p>2</p><p>ANTRACNOSE DA BANANA</p><p>Local: Compra em supermercado em Palmeiras de Goiás - Goiás</p><p>Hospedeiro: Bananeira (Musa spp.)</p><p>Doença: Antracnose da banana</p><p>Agente causal: Colletotrichum musae (Berk. & Curtis) Arx</p><p>Etiologia: A doença é causada por Colletotrichum musae. Esta espécie</p><p>apresenta grande variabilidade quanto à forma e tamanho dos esporos,</p><p>características culturais, reação a produtos químicos e patogenicidade.</p><p>Conídios, quando depositados sobre frutos verdes no campo, em presença</p><p>de um filme de água, germinam e formam apressório dentro de 4h. A</p><p>penetração ocorre 24 a 72h após. Neste caso, a infecção permanecerá</p><p>quiescente até o início da maturação dos frutos.</p><p>Epidemiologia: Alta umidade acima de 90%, temperaturas entre 22°C e</p><p>28°C, ferimentos na casca do fruto e armazenamento inadequado favorece o</p><p>aparecimento do fungo no local. Os conídios do fungo são transportados pelo</p><p>vento, chuva, insetos ou até mesmo ferramentas e implementos agrícolas</p><p>contaminados.</p><p>A antracnose é uma doença fúngica que afeta a bananeira, causada</p><p>pelo fungo Colletotrichum musae. Mais prevalente em regiões tropicais e</p><p>subtropicais devido ao calor e à umidade ideais para o fungo, ela se</p><p>manifesta em manchas escuras nas folhas e frutos, podendo levar à podridão</p><p>pós-colheita.</p><p>16-06-2024</p><p>3</p><p>ANTRACNOSE DA BANANA</p><p>SINTOMATOLOGIA</p><p>• Formação de lesões meio circulares escuras e deprimidas sobre as quais,</p><p>em condições de alta umidade, aparecem frutificações rosadas do fungo;</p><p>• Desintegração total do fruto, em casos mais severos da doença o fruto pode</p><p>se desintegrar por completo;</p><p>• Com o progresso da doença, as lesões aumentam de tamanho, podendo</p><p>coalescer. Geralmente a polpa não é afetada, exceto em condições de altas</p><p>temperaturas ou quando o ponto ótimo de maturação é ultrapassado.</p><p>MÉTODOS DE CONTROLE</p><p>• Uso de variedades de banana resistentes à antracnose;</p><p>• Plantio em locais com boa drenagem e arejamento para reduzir a umidade</p><p>ao redor das plantas;</p><p>• Manter espaçamento adequado entre plantas para promover a circulação de</p><p>ar.</p><p>• Remoção e destruição de restos de plantas infectadas para reduzir a fonte</p><p>de inóculo;</p><p>• Aplicação de fungicidas específicos, como benzimidazóis (ex: Metiltiofan) e</p><p>estrobilurinas (ex: Flutriafol), conforme recomendação técnica e observando</p><p>períodos de carência e segurança.</p><p>4</p><p>ANTRACNOSE NO FEIJOEIRO</p><p>Local: Fazenda nas proximidades de Palmeiras de Goiás - Goiás</p><p>Hospedeiro: Feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.)</p><p>Doença: Antracnose no feijoeiro</p><p>Agente causal: Glomerella cingulata f. sp. phaseoli (Colletotrichum</p><p>lindemuthianum (Sacc. & Magn.) Br. & Cav.)</p><p>Etiologia: O fungo penetra na planta através de ferimentos nas folhas ou por</p><p>aberturas naturais como os estômatos e coloniza os tecidos vegetais,</p><p>liberando enzimas que degradam as paredes celulares e causam necrose.</p><p>Por fim, o fungo produz conídios na superfície das lesões, perpetuando o</p><p>ciclo da doença.</p><p>Epidemiologia: Umidade relativa acima de 80% e temperaturas entre 21°C e</p><p>29°C auxiliam para o aparecimento do fungo, sua disseminação ocorre por</p><p>manusear um local com ferramentas agrícolas contaminadas, pelo vento, por</p><p>meio da água também.</p><p>A antracnose no feijoeiro, causada pelo fungo Glomerella cingulata f.</p><p>sp. phaseoli (anteriormente Colletotrichum lindemuthianum), é uma doença</p><p>fúngica séria que afeta folhas e vagens, causando manchas necróticas e</p><p>podridão dos grãos. Propaga-se em condições úmidas e temperaturas</p><p>moderadas, sendo controlada por práticas culturais e, quando necessário, por</p><p>fungicidas específicos para evitar perdas econômicas significativas na</p><p>produção de feijão.</p><p>5</p><p>ANTRACNOSE NO FEIJOEIRO</p><p>SINTOMATOLOGIA</p><p>• Observam-se lesões pequenas de coloração marrom ou preta nos</p><p>cotilédones;</p><p>• O hipocótilo pode apresentar lesões alongadas, superficiais ou deprimidas,</p><p>podendo ocorrer o estrangulamento do hipocótilo e morte da plântula;</p><p>• Lesões necróticas de coloração marrom-escura nas nervuras na face</p><p>inferior da folha.</p><p>• Às vezes estas lesões podem ser vistas na face superior das folhas, quando</p><p>então uma região clorótica desenvolve-se ao lado das manchas necróticas e</p><p>as folhas tendem a curvar-se para baixo.</p><p>MÉTODOS DE CONTROLE</p><p>• Plantio de variedades de feijão resistentes à antracnose.</p><p>• Evitar o plantio em áreas com histórico da doença.</p><p>• Rotação de culturas com plantas não hospedeiras para reduzir o inóculo</p><p>fúngico no solo (ex.: milho, sorgo, trigo).</p><p>• Eliminação e destruição de restos de plantas infectadas após a colheita.</p><p>• Aplicação de fungicidas específicos, como tiofanato-metílico e azoxistrobina,</p><p>conforme recomendação técnica. (Ex. Metiltiofan e Azoxistrobin Nortox).</p><p>6</p><p>CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM NO FEIJOEIRO</p><p>Local: Fazenda nas proximidades de Palmeiras de Goiás - Goiás</p><p>Hospedeiro: Feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.)</p><p>Doença: Crestamento bacteriano comum no feijoeiro</p><p>Agente causal: Xanthomonas campestris pv. phaseoli (Smith) Dye</p><p>Etiologia: A bactéria Xanthomonas campestris pv. phaseoli (Smith) Dye,</p><p>apresenta forma de bastonete reto, sendo gram-negativa, estritamente</p><p>aeróbica e móvel por um flagelo polar. A bactéria produz um polissacarídeo</p><p>extracelular no meio de cultura e na planta que auxilia na sua sobrevivência</p><p>por períodos prolongados sob variadas condições de ambiente.</p><p>Epidemiologia: A bactéria Xanthomonas campestris pv. phaseoli (Smith)</p><p>Dye, é um patógeno de clima quente, que ocasiona maiores danos a 28°C do</p><p>que a temperaturas inferiores.</p><p>O crestamento bacteriano comum, causado pela bactéria Xanthomonas</p><p>campestris pv. phaseoli, é uma doença de grande relevância na cultura do</p><p>feijoeiro (Phaseolus vulgaris), impactando significativamente a produção</p><p>agrícola. Esta patologia é caracterizada por lesões foliares distintas, como</p><p>manchas angulares de cor marrom-escura, que eventualmente levam à</p><p>necrose das folhas.</p><p>7</p><p>CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM NO FEIJOEIRO</p><p>SINTOMATOLOGIA</p><p>• Manchas encharcadas nas folhas, que aumentam em tamanho e progridem</p><p>para necróticas.</p><p>• Lesões necróticas que podem apresentar um tênue halo amarelecido ao seu</p><p>redor.</p><p>• As lesões também podem estar esparsas no limbo, bem como na parte</p><p>marginal, progredindo para o centro dos folíolos. Com o aumento da</p><p>severidade da doença, as folhas podem ficar presas à planta ou destacarem-</p><p>se.</p><p>MÉTODOS DE CONTROLE</p><p>• Uso de sementes certificadas e livres de patógenos;</p><p>• Plantio de variedades de feijão resistentes ao crestamento bacteriano</p><p>comum;</p><p>• Evitar o plantio em áreas com histórico da doença.</p><p>• Rotação de culturas com plantas não hospedeiras para reduzir o inóculo</p><p>bacteriano no solo. Milho (Zea mays), Sorgo (Sorghum bicolor) e Soja</p><p>(Glycine max);</p><p>• Eliminação de restos de plantas infectadas após a colheita;</p><p>• Evitar irrigação por aspersão para reduzir a dispersão da bactéria.</p><p>• Aplicação de bactericidas à base de cobre (ex: Funguran Verde) para</p><p>reduzir a população bacteriana na superfície das plantas.</p><p>8</p><p>MANCHA PARDA DO ARROZ</p><p>Local: Rancho dos Ipês, Palmeiras de Goiás - Goiás</p><p>Hospedeiro: Arroz (Oryza sativa)</p><p>Doença: Mancha Parda do Arroz</p><p>Agente causal: Bipolaris oryzae</p><p>Etiologia: O Fungo Bipolaris oryzae é classificado na subdvisão</p><p>Deuteromycotina, classe Hyphomycetes e família Dematiaceae. As hifas são</p><p>de coloração normalmente marrom escura. Colônias geralmente</p><p>pretas ou</p><p>acinzentadas. Os conídios são levemente curvos e finos nas extremidades. O</p><p>desenvolvimento é favorecido com temperatura entre 25-30°C. A</p><p>sobrevivência ocorre geralmente em restos de cultura, sementes ou</p><p>hospedeiros alternativos.</p><p>Epidemiologia: Normalmente o inóculo está presente no solo e pode ser</p><p>disseminado pelo vento e chuva a partir de plantas contaminadas</p><p>contaminadas. A infecção é favorecida quando há água na superfície foliar,</p><p>porém umidade relativa de 89% já é suficiente para que a infecção ocorra. As</p><p>estruturas reprodutivas presentes nos tecidos necróticos passam a ser</p><p>disseminadas novamente pelos respingos de chuva ou irrigação.</p><p>A mancha parda é uma doença significativa do arroz que afeta a</p><p>qualidade e a produtividade das plantações, com reduções da ordem de 30%.</p><p>É causado pelo fungo Bipolaris oryzae, que pode atacar diferentes partes da</p><p>planta, incluindo folhas, caules e grãos. Esta doença é prevalente em</p><p>diversas regiões do mundo, especialmente em áreas tropicais e subtropicais,</p><p>ocorrendo tanto em sistemas irrigados como em sequeiro.</p><p>9</p><p>MANCHA PARDA DO ARROZ</p><p>SINTOMATOLOGIA</p><p>• Pequenas manchas arredondadas nas folhas de coloração marrom com</p><p>interior cinza.</p><p>• Manchas ovaladas de coloração marrom-avermelhada e interior</p><p>normalmente cinza nas folhas e grãos.</p><p>• Bordas das lesões geralmente são mais escuras que o centro.</p><p>MÉTODOS DE CONTROLE</p><p>• Fertilidade correta do solo.</p><p>• Evitar estresse hídrico.</p><p>• Variedades resistentes.</p><p>• Eliminação de gramíneas nas proximidades da plantação.</p><p>• Rotação de culturas com leguminosas como soja ou feijão.</p><p>• Aplicação preventiva de fungicidas como maneb, mancozeb, ziram.</p><p>10</p><p>FERRUGEM MARROM DA CANA-DE-AÇÚCAR</p><p>Local: Rancho dos Ipês, Palmeiras de Goiás - Goiás</p><p>Hospedeiro: Cana-de-açucar (Saccharum spp)</p><p>Doença: Ferrugem marrom da cana-de-açúcar</p><p>Agente causal: Puccinia melanocephala</p><p>Etiologia: Puccinia melanocephala produz uredósporos marrons-escuros,</p><p>ovóides a elipsóides. Os teliosporos podem se formar isoladamente ou em</p><p>pústulas urediniais, são capazes de germinar, mas não infectam folhas de</p><p>cana-de-açúcar, indicando que possui hospedeiro alternativo. Propaga-se por</p><p>meio do vento. Seu desenvolvimento é favorecido em condições quentes e</p><p>úmidas. É comumente encontrada em regiões tropicais e subtropicais.</p><p>Epidemiologia: O ciclo de vida inclui estágios de esporulação (produção de</p><p>esporos) e estágios de dormência (estágios de inverno ou condições</p><p>desfavoráveis). Esses esporos são dispersados principalmente pelo vento,</p><p>mas também podem ser transportados por água ou por equipamentos</p><p>agrícolas que movimentam plantas infectadas.</p><p>A ferrugem da cana foi encontrada no Brasil em 1986, porém sua</p><p>chegada não provocou grandes prejuízos pois mais de 90% dos canaviais</p><p>eram de cultivares resistentes. Os maiores danos era em programas de</p><p>melhoramento, onde novas cultivares promissoras eram eliminadas pois não</p><p>detinham resistência a doença. Porém atualmente dependendo da</p><p>severidade, pode causar danos significativos pela redução na produção de</p><p>açúcar e biomassa.</p><p>11</p><p>MANCHA PARDA DO ARROZ</p><p>SINTOMATOLOGIA</p><p>• Pústulas na parte inferior da folha são amareladas a marrom-escuro.</p><p>• Medem de 2 a 7 mm de comprimento e 1 mm de largura.</p><p>• Podem agrupar-se formando placas de tecido necrosado.</p><p>MÉTODOS DE CONTROLE</p><p>• Uso de cultivares resistentes.</p><p>• Uso de cultivares intermediarias em locais onde é desfavorável ao</p><p>desenvolvimento do patógeno.</p><p>• Fungicidas como ciprocanazol e azoxistrobina.</p><p>12</p><p>PODRIDÃO VERMELHA DA CANA-DE-AÇÚCAR</p><p>Local: Rancho dos Ipês, Palmeiras de Goiás - Goiás</p><p>Hospedeiro: Cana-de-açucar (Saccharum spp)</p><p>Doença: Podridão vermelha da cana-de-açúcar</p><p>Agente causal: Colletotrichum falcatum que corresponde na fase perfeita a</p><p>Glomerella tucumanensis</p><p>Etiologia: Produz acérvulos sub-epidérmicos erupitivos com setas retas ou</p><p>tortuosas, pardo-escuras, septadas, abundantes e facilmente vistas com lupa</p><p>manual.</p><p>Epidemiologia: A sobrevivência deste fungo está em restos de plantas</p><p>infectadas, solo e hospedeiros alternativos, persistindo como micélio ou</p><p>conídios (esporos assexuados). Os conídios são disseminados pelo vento,</p><p>água, insetos ou equipamentos agrícolas, entrando em contato com plantas</p><p>suscetíveis. Infecta a planta através de feridas ou aberturas naturais,</p><p>penetrando no sistema vascular. O fungo coloniza os vasos do xilema,</p><p>produzindo toxinas e enzimas que degradam os tecidos internos, resultando</p><p>em descoloração vermelha característica.</p><p>Esta doença causa prejuízos importantes a cultura, principalmente pela</p><p>inversão da sacarose. São frequente relatos de perdas de 50 a 70% da</p><p>sacarose de colmos atacados simultaneamente pelo fungo e pela broca da</p><p>cana. Reduções em toneladas de cana são bem menores, variando de 12 a</p><p>41%.</p><p>13</p><p>MANCHA PARDA DO ARROZ</p><p>SINTOMATOLOGIA</p><p>• Manifestação em diferentes formas de acordo com os órgãos afetados e</p><p>estádio vegetativo.</p><p>• Nos colmos causa a podridão vermelha.</p><p>• Nas folhas aparecem lesões vermelhas que podem ficar com o centro</p><p>branco.</p><p>• Em solos secos, raízes e colo da planta são acatados e exibem podridão</p><p>seca semelhante aos colmos.</p><p>MÉTODOS DE CONTROLE</p><p>• Uso de variedades resistentes como único método de controle.</p><p>• Sendo a espécie Saccharum spontaneum com as melhores fontes de</p><p>resistência.</p><p>14</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>KIMATI, H; AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; CAMARGO, L. F. A. (Ed.). Manual de</p><p>Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. 4. ed. São Paulo: Revista Agronômica</p><p>Ceres, 1995-1997.</p><p>15</p><p>Slide 1</p><p>Slide 2</p><p>Slide 3</p><p>Slide 4</p><p>Slide 5</p><p>Slide 6</p><p>Slide 7</p><p>Slide 8</p><p>Slide 9</p><p>Slide 10</p><p>Slide 11</p><p>Slide 12</p><p>Slide 13</p><p>Slide 14</p><p>Slide 15</p>