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<p>FISIOPATOLOGIA E TERAPIA</p><p>NUTRICIONAL NAS DOENÇAS</p><p>CARENCIAIS, PULMONARES,</p><p>ÓSSEAS, RENAIS E</p><p>NEUROLÓGICAS</p><p>AULA 3</p><p>Profª Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Anteriormente, iniciamos o tema das doenças pulmonares e vimos o quão</p><p>a nutrição está interligada a elas – em várias situações, o estado nutricional</p><p>comprometido pode se exacerbar ou piorar devido à presença de alguma doença</p><p>respiratória. Além disso, em alguns casos, essas doenças podem impor</p><p>necessidades nutricionais aumentadas e carecer de orientações específicas.</p><p>Nesta aula, iremos prosseguir com a fisiopatologia e a terapia nutricional no</p><p>câncer de pulmão, transplante, Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo</p><p>(SDRA), Fibrose Cística (FC) e COVID-19.</p><p>TEMA 1 – CÂNCER DE PULMÃO</p><p>O câncer de pulmão tem sua etiologia, na maioria dos casos, no</p><p>tabagismo persistente. Sua incidência é tão alta que em alguns países</p><p>representa a primeira causa de morte (INCA, 2015). Pacientes oncológicos</p><p>apresentam alto risco de desnutrição, tanto pela doença base de característica</p><p>catabólica, quanto pelos efeitos colaterais envolvidos no tratamento por meio de</p><p>radioterapia, quimioterapia e cirurgia. Dessa forma, os esforços da equipe de</p><p>nutricionistas devem ser voltados para a prevenção da desnutrição e do manejo</p><p>dos sintomas (Mahan; Raymond, 2018).</p><p>Para avaliação do estado nutricional e da conduta alimentar,</p><p>frequentemente são utilizados os mesmos princípios e estratégias aplicados aos</p><p>portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) (Cuppari, 2002). O</p><p>Quadro 1 apresenta os principais questionamentos acerca do manejo da terapia</p><p>nutricional no câncer pulmonar.</p><p>3</p><p>Quadro 1 – Condutas para o paciente oncológico adulto nos períodos pré e pós-</p><p>operatórios</p><p>Questão Proposta</p><p>Quais os pacientes adultos</p><p>oncológicos que devem ser</p><p>avaliados?</p><p>• Todos os atendidos no ambulatório.</p><p>Quais indicadores de risco</p><p>nutricional ou de</p><p>desnutrição que devem ser</p><p>utilizados?</p><p>• TRN-2002 ≥ 3;</p><p>• ASG-PPP ≥ 2 e ASG = B ou C;</p><p>• Ingestão alimentar < 75% das necessidades nutricionais nas</p><p>2 últimas semanas;</p><p>• Sintomas do TGI de impacto nutricional por mais de 3 dias</p><p>consecutivos ou alternados na última semana;</p><p>• % perda de peso significativo ou grave;</p><p>• Possível cirurgia de grande porte.</p><p>Quais instrumentos devem</p><p>ser utilizados para triagem</p><p>e avaliação nutricional?</p><p>• No momento da internação e ambulatorial: TRN-2002, ASG-</p><p>PPP ou ASG;</p><p>• Durante a internação e no ambulatório: anamnese</p><p>nutricional e dinamometria.</p><p>Com que frequência devem</p><p>ser feitas triagem e</p><p>avaliação?</p><p>• Sem risco nutricional: em até 30 dias;</p><p>• Com risco nutricional: em até 15 dias, se internado;</p><p>• Na admissão hospitalar, ou em até 48 horas;</p><p>• Durante a internação: semanalmente.</p><p>Quais métodos devem ser</p><p>utilizados na retriagem e na</p><p>reavaliação?</p><p>• Ingestão alimentar < 75% das necessidades nutricionais nas</p><p>2 últimas semanas;</p><p>• Sintomas do TGI de impacto nutricional por mais de 3 dias</p><p>consecutivos ou alternados na última semana;</p><p>• % perda de peso significativo ou grave;</p><p>• Cirurgia de grande porte;</p><p>• Anamnese nutricional;</p><p>Quais dados de triagem e</p><p>avaliação nutricional devem</p><p>ser registrados?</p><p>• Todos os dados coletados devem ser registrados em</p><p>prontuário.</p><p>Qual método deve ser</p><p>utilizado para estimativa</p><p>das necessidades calóricas</p><p>e qual a quantidade</p><p>calórica adequada?</p><p>• Calorias por quilograma de peso corporal atual;</p><p>• Para ganho e manutenção do peso: de 30 kcal/kg a 35</p><p>kcal/kg ao dia;</p><p>• No pós-operatório ou na presença de sepse: de 20 kcal/kg a</p><p>25 kcal/kg ao dia.</p><p>Quais as recomendações</p><p>proteicas?</p><p>• Estresse moderado: de 1,2 g/kg a 1,5 g/kg ao dia;</p><p>• Estresse grave: de 1,5 g/kg a 2,0 g/kg ao dia.</p><p>Quais as recomendações</p><p>hídricas? • 30 ml/kg ao dia ou de 1,5 l a 2,5 l/dia.</p><p>Quais os principais</p><p>sintomas que possuem</p><p>influência no estado</p><p>nutricional?</p><p>• Anorexia;</p><p>• Digeusia e disosmia;</p><p>• Náuseas e vômitos;</p><p>• Xerostomia;</p><p>• Mucosite e úlceras orais;</p><p>• Disfagia.</p><p>Fonte: INCA, 2015.</p><p>TEMA 2 – TRANSPLANTE DE PULMÃO</p><p>O estágio final das doenças pulmonares é marcado por uma deterioração</p><p>progressiva das funções dos pulmões, gerando consequências como limitação</p><p>4</p><p>da atividade física e incapacidade de realizar pequenas tarefas diárias. Nesses</p><p>casos, o transplante de pulmão é uma alternativa recomendável (Souza et al.,</p><p>2009).</p><p>Para que o paciente possa realizar o transplante pulmonar, ele deve</p><p>passar por uma avaliação complexa e que envolve toda a equipe multidisciplinar,</p><p>inclusive o profissional da nutrição. Essa equipe irá acompanhar o indivíduo no</p><p>pré e pós-operatório, realizando uma abordagem global dos sintomas e de</p><p>possíveis complicações. A indicação para a cirurgia tem como base o histórico</p><p>do paciente, sua condição física, achados laboratoriais, entre outros (Camargo</p><p>et al., 2015).</p><p>Os cuidados nutricionais devem iniciar já no período pré-operatório,</p><p>começando pela triagem nutricional e avaliação antropométrica completa, a fim</p><p>de identificar o grau de comprometimento do estado nutricional e, se necessário,</p><p>realizar uma intervenção imediata. Os pacientes nos extremos de nutrição – os</p><p>obesos e os desnutridos – apresentam risco aumentado no pós-operatório, e</p><p>grupos com IMC < 17kg/m² e > 27kg/m² possuem uma mortalidade maior nos</p><p>primeiros 90 dias do pós-operatório do que os demais indivíduos (Camargo,</p><p>2014).</p><p>De acordo com as orientações recomendadas pelo Instituto Nacional de</p><p>Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) no documento Consenso nacional</p><p>de nutrição oncológica (2015), todos os pacientes candidatos a cirurgia eletiva</p><p>de grande porte, desnutridos ou apenas em risco de desnutrição, devem receber</p><p>dieta por via oral, enteral ou parenteral, ou a combinação dessas, rica em</p><p>proteínas e com imunomoduladores. Isso pode ser realizado por meio de fórmula</p><p>imunomoduladora contendo arginina, ômega 3, nucleotídeos e antioxidantes,</p><p>geralmente de cinco a sete dias antes da operação. Ressaltamos que, sempre</p><p>que possível, a via oral é a primeira escolha.</p><p>Quanto aos cuidados após o transplante, a alimentação é iniciada logo</p><p>que a função gastrointestinal esteja restabelecida. No caso de permanência em</p><p>ventilação mecânica por período prolongado, instala-se uma sonda de</p><p>alimentação enteral, pois raramente se faz necessária a utilização da nutrição</p><p>parenteral total (D’Imperio, 2006). É importante reforçar para o paciente e seus</p><p>familiares que uma alimentação saudável e segura ajudará a prevenir doenças</p><p>infecciosas que possam prejudicar o quadro clínico pós-operatório. Além disso,</p><p>alguns medicamentos utilizados nessa fase podem produzir efeitos colaterais,</p><p>5</p><p>como diabetes, dislipidemia, hipertensão e osteoporose. A diabetes mellitus é</p><p>uma complicação frequente, decorrente do emprego de altas doses de</p><p>corticosteroides, somado ao uso de ciclosporina ou tacrolimus (Camargo et al.,</p><p>2015).</p><p>TEMA 3 – FIBROSE CÍSTICA (FC)</p><p>A fibrose cística (FC), também conhecida como mucoviscidose, é uma</p><p>afecção genética autossômica recessiva que acomete vários órgãos e sistemas,</p><p>em especial os do trato respiratório e digestório (Forte et al., 2012). Diante dessa</p><p>disfunção, ocorrem alterações no transporte de cloreto e bicarbonato,</p><p>ocasionando a desidratação das secreções corporais e, consequentemente, a</p><p>produção de muco viscoso. Assim, o resultado é o surgimento de diferentes</p><p>patologias, como a inflamação e obstrução das vias aéreas, insuficiência</p><p>pancreática e digestiva, obstrução intestinal e diabetes (Ponzano et al., 2018).</p><p>A relação do estado nutricional de indivíduos com FC e o prognóstico da</p><p>doença é bem descrita na literatura (Forte et al., 2012; Ponzano et al., 2018).</p><p>Pacientes fibrocísticos comumente apresentam aumento do gasto energético e</p><p>redução da ingestão diária, tornando a desnutrição um achado frequente e um</p><p>dos maiores desafios</p><p>no tratamento da doença (Barni et al., 2017). Há vários</p><p>fatores que contribuem para esse quadro, como aumento do esforço respiratório,</p><p>estresse catabólico, uso de broncodilatadores, presença de inflamação crônica</p><p>e anorexia. Ademais, a fisiopatologia da FC favorece a má absorção de</p><p>nutrientes, dado que esses indivíduos podem apresentar insuficiência</p><p>pancreática, comprometimento hepático e bloqueio intestinal devido ao muco</p><p>espesso. Além disso, a perda de lipídios, ocasionada pela má absorção e</p><p>esteatorreia, resulta em deficiência de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e de</p><p>cálcio (Simon, 2011).</p><p>O acompanhamento nutricional dos pacientes fibrocísticos deve ser</p><p>realizado de forma periódica, considerando a função pulmonar e gastrointestinal,</p><p>qualidade e quantidade da alimentação e avaliação antropométrica e bioquímica</p><p>(Athanazio et al., 2017; Simon, 2011). Recomenda-se o uso de avaliações</p><p>adicionais da composição corporal por meio de pregas cutâneas, pois elas</p><p>auxiliam na determinação do estado nutricional (Athanazio et al., 2017).</p><p>Embora a relação entre o estado nutricional e a doença pulmonar esteja</p><p>bem estabelecida, há poucos estudos com foco no cumprimento das metas de</p><p>6</p><p>crescimento e de nutrição para o curso da função pulmonar desde a infância até</p><p>a idade adulta (Mauch et al., 2016). No que se refere a este último, a meta do</p><p>tratamento nutricional nessa fase da vida é alcançar e manter o peso ideal,</p><p>equilibrar a ingestão energética, além de reduzir a má absorção. Assim, é</p><p>recomendada a conduta de dietas hipercalóricas, acima das recomendações e</p><p>hiperlipídicas, e suplementação de micronutrientes, conforme necessidade</p><p>(Forte et al., 2012). Entre os principais pontos envolvidos na terapia atual da</p><p>fibrose cística, destacam-se a manutenção do estado nutricional desses</p><p>indivíduos, além da prescrição de suplementos energéticos, dietas hiperlípidicas</p><p>e hiperprotéicas, e a suplementação de minerais e vitaminas lipossolúveis</p><p>(Mahan; Raymond, 2018). No Quadro 2 são descritas as principais informações</p><p>relacionadas e terapia nutricional desses pacientes.</p><p>Quadro 2 – Terapia nutricional na FC</p><p>Objetivos da</p><p>terapia nutricional</p><p>• Atingir adequado aporte calórico e de micronutrientes;</p><p>• Estabilizar o peso em adultos;</p><p>• Estimular o ganho de massa magra e força muscular.</p><p>Monitoramento</p><p>• Exames bioquímicos;</p><p>• Dados antropométricos;</p><p>• Exames clínicos;</p><p>• Avaliação da ingestão alimentar;</p><p>• Intervir precocemente na reabilitação nutricional quando necessário.</p><p>Estratégias</p><p>• Aumentar a densidade calórica das refeições;</p><p>• Usar suplementos energéticos;</p><p>• Promover educação nutricional para garantir uma alimentação</p><p>adequada;</p><p>• Utilizar triglicerídeos de cadeia média (TCM) é uma boa opção para o</p><p>aumento do aporte energético.</p><p>Necessidades</p><p>energéticas</p><p>• Dieta hipercalórica: 120 a 150% do RDA;</p><p>• Casos graves e/ou infecções: até 200 % do RDA;</p><p> Carboidratos: 40 a 50%;</p><p> Lipídios: 40%;</p><p> Proteínas: 15 a 20%.</p><p>• A suplementação vitamínica é obrigatória a todos pacientes com</p><p>fibrose cística com insuficiência pancreática.</p><p>Fonte: Ambrosio et al., 2012.</p><p>TEMA 4 – SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)</p><p>A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é uma condição</p><p>caracterizada pela resposta inflamatória a um insulto local ou distante (pulmonar</p><p>ou sistêmico) que resulta em hipoxemia, alteração da mecânica pulmonar,</p><p>opacidades bilaterais e edema. Sua etiologia pode ser de diferentes insultos,</p><p>como é o caso da sepse, trauma e pneumonia. Devido à presença da hipoxemia,</p><p>7</p><p>esses indivíduos requerem estratégias ventilatórias, como ventilação protetora e</p><p>ventilação em posição prona (Oliveira; Teixeira; Rosa, 2019). O Quadro 3 contém</p><p>a descrição dos principais pontos de atenção relacionados ao manejo nutricional</p><p>na SDRA.</p><p>Quadro 3 – Manejo nutricional na SDRA</p><p>Objetivos da</p><p>terapia nutricional</p><p>• Suprir as necessidades calóricas diárias elevadas;</p><p>• Instituição de nutrição enteral ou parenteral;</p><p>• Manutenção do estado nutricional.</p><p>Monitoramento</p><p>• Risco de lesão por pressão;</p><p>• Tolerância gastrointestinal (pode ser otimizada por uso de</p><p>procinético);</p><p>• Exames bioquímicos;</p><p>• Sintomas TGI;</p><p>• Balanço hídrico.</p><p>Orientações</p><p>• Uso de dieta com maior densidade calórica e proteica, caso haja</p><p>tolerância;</p><p>• A progressão da dieta e/ou oferta de módulo proteico deverá ser</p><p>individualizada, de acordo com as condições clínicas do paciente;</p><p>• A infusão da dieta deve ser preferencialmente por infusão contínua;</p><p>• Fórmula enteral polimérica hiperproteica é indicada;</p><p>• Após os requisitos vasopressores diminuírem, a adição de fibra na</p><p>dieta deve ser considerada;</p><p>• O uso de uma fórmula enteral com ômega 3, óleos de borragem e</p><p>antioxidantes não está́ indicado.</p><p>Necessidades</p><p>energéticas</p><p>• Iniciar dieta com baixa dose e avançando lentamente para atingir a</p><p>meta de energia e proteína calculadas por fórmula de bolso, sendo de</p><p>15-20 kcal/kg de peso corporal atual (de 70 a 80% das necessidades</p><p>calóricas) e de 1,2 a 2,0 g de proteínas/kg de peso corporal atual por</p><p>dia.</p><p>Fonte: SCCM; Aspen, 2020.</p><p>TEMA 5 – COVID-19</p><p>O ano de 2020 iniciou com um cenário histórico – o mundo ficou</p><p>paralisado diante da pandemia ocasionada pelo Coronavírus, causador da</p><p>COVID-19 (SARS-CoV-2). A doença, até então desconhecida, causou muitas</p><p>incertezas, e a ciência teve de apreender sobre o vírus com a pandemia em</p><p>curso e atualizando, constantemente, as estratégias de enfrentamento e sua</p><p>repercussão ao redor de todo o globo (OMS, 2020).</p><p>No combate a esse grande desafio, a terapia nutricional teve um papel de</p><p>grande destaque no cuidado integral desses pacientes, auxiliando na melhora</p><p>do quadro clínico e contribuindo com os objetivos das equipes médicas (Alves,</p><p>2020). A alimentação por via oral é a preferencial em pacientes não graves,</p><p>incluindo a utilização de suplementos orais quando a ingestão energética</p><p>estimada for < 60% das necessidades nutricionais. Em pacientes graves, a</p><p>8</p><p>nutrição enteral é a via preferencial e sugere-se que seja iniciada imediatamente.</p><p>Há, ainda, que ressaltar que pacientes com cateter de alto fluxo ou ventilação</p><p>não invasiva intermitente devem receber atenção especial, visto que muitos</p><p>apresentam ingestão oral reduzida e necessidade de terapia nutricional artificial</p><p>(Campos et al., 2021).</p><p>A terapia nutricional de indivíduos acometidos por essa doença deve ser</p><p>individualizada e baseada na evolução clínica diária do paciente. Há diferentes</p><p>diretrizes para pacientes em nível ambulatorial, domiciliar ou hospitalar. Dessa</p><p>forma, não há uma receita chave para o manejo nutricional desses pacientes. O</p><p>profissional da nutrição deve verificar as especificidades de cada caso e as</p><p>últimas evidências científicas encontradas. De modo geral, a desnutrição é</p><p>característica frequente, devido ao gasto energético aumentado, acompanhado</p><p>pela inapetência, dispneia e pelas alterações metabólicas que influenciam o</p><p>metabolismo dos nutrientes, favorecendo a perda excessiva de peso e massa</p><p>corporal (Santos et al., 2021).</p><p>No Quadro 4 estão reunidos os principais pontos de atenção sobre o</p><p>manejo nutricional em pacientes com COVID-19.</p><p>Quadro 4 – Recomendações nutricionais para pacientes com COVID-19</p><p>Objetivo da</p><p>terapia</p><p>nutricional</p><p>• Oferecer um aporte adequado de energia, proteína e micronutrientes,</p><p>visando à prevenção da desnutrição e ao fortalecimento do sistema</p><p>imunológico.</p><p>Primeiros</p><p>passos</p><p>• Avaliação do risco nutricional;</p><p>• Definição da via alimentar (em pacientes com intolerância</p><p>gastrointestinal, alto risco de aspiração ou aumento do suporte</p><p>vasopressor, é aconselhável a NP);</p><p>• Início da terapia nutricional imediatamente;</p><p>• Iniciar precocemente suplementação oral quando necessário.</p><p>Monitoramento</p><p>• Monitorar os sintomas do TGI, presença de dispneia, hiporexia e</p><p>disgeusia.</p><p>• Nível de consciência;</p><p>• Pressões ventilatórias;</p><p>• Posição da sonda;</p><p>• Reavaliação periódica dos sinais de regurgitação;</p><p>• Função renal;</p><p>• Coeficiente respiratório;</p><p>• Calorias não nutricionais;</p><p>• Os pacientes que não apresentarem risco nutricional devem ser</p><p>reavaliados a cada 48h.</p><p>(continua)</p><p>9</p><p>(continuação do Quadro 4)</p><p>Atenção</p><p>especial</p><p>• Pacientes sedados com propofol, com alto aporte de glicose endovenosa</p><p>e em hemofiltração com citrato, visto a possibilidade de hiperalimentação</p><p>relacionada à oferta calórica não nutricional;</p><p>• Considerar que pacientes sob ventilação invasiva apresentam maior risco</p><p>de broncoaspiração;</p><p>• Não utilizar fórmulas com alto teor lipídico/baixo teor de carboidrato para</p><p>manipular coeficiente respiratório e reduzir produção de CO2.</p><p>Pacientes em</p><p>prona</p><p>• Avaliar o posicionamento da sonda nasoenteral de forma sistemática;</p><p>• Manter cabeceira elevada em 25-30 º;</p><p>• Ofertar NE de maneira contínua, em bomba de infusão.</p><p>Necessidades</p><p>nutricionais</p><p>• Calorimetria ou fórmulas de bolso.</p><p>Aporte calórico na fase aguda:</p><p>• 15 a 20 kcal/kg/dia e progredir para 25 kcal/kg/dia após o quarto dia dos</p><p>pacientes em recuperação;</p><p>• Utilizar fórmulas enterais com alta densidade calórica (1,5-2,0 kcal/ml)</p><p>em pacientes com disfunção respiratória aguda e/ou renal, objetivando</p><p>restrição da administração de fluidos.</p><p>Aporte proteico fase aguda:</p><p>• 1,5 e 2,0 g/kg/dia de proteína, mesmo em caso de disfunção renal. Com</p><p>a seguinte sugestão de progressão: < 0,8 g/kg/dia no 1º e 2º dias, 0,8-1,2</p><p>g/kg/dia nos dias 3-5 e > 1,2 g/kg/dia após o 5º dia.</p><p>Aporte hídrico:</p><p>• 30 a 40 ml/kg.</p><p>Fonte: Campos et al., 2020.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Para reforçar as informações descritas neste material, iremos trabalhar</p><p>em um caso clínico relacionado com as doenças pulmonares elucidadas.</p><p>S# Paciente P.O, 21 anos, recém-diagnosticado com fibrose cística. Paciente procurou</p><p>atendimento ambulatorial devido a “muitas dúvidas sobre o que comer após o</p><p>diagnóstico” [sic]. Paciente mora com os pais e um irmão mais novo. Frequenta a</p><p>faculdade no período noturno e realiza estágio integral no período diurno. Refere</p><p>alterações no consumo alimentar no último ano, afirmando “comer pouco e poucas</p><p>vezes ao dia, por não sentir fome” [sic]. Relata optar por lanches rápidos, devido rotina</p><p>corrida. Refere ingestão hídrica de 1 litro/dia. Refere urina de cor escura e diarreia. Não</p><p>possui alergias e intolerâncias alimentares.</p><p>O# Peso: 56,0 Kg; Altura: 1,72 m.</p><p>Com base nessas informações, responda às seguintes questões:</p><p>1. Que outras informações pertinentes você investigaria neste caso?</p><p>2. Descreva os diagnósticos em nutrição que você aplicaria.</p><p>3. Defina quatro orientações que você daria a esse paciente.</p><p>10</p><p>4. Quais são as principais alterações nutricionais ocasionadas pela fibrose</p><p>cística?</p><p>FINALIZANDO</p><p>Com base no conteúdo abordado, concluímos que as doenças</p><p>pulmonares possuem estreita relação com o estado nutricional dos pacientes –</p><p>podemos, inclusive, pensar na questão como uma via de mão dupla. Pelo</p><p>constante avanço da ciência, incidência de casos e, principalmente, com o início</p><p>da pandemia da COVID-19, observamos que o profissional da nutrição deve</p><p>estar em constante atualização quanto às doenças pulmonares, buscando</p><p>conhecer as novas evidências científicas e diretrizes.</p><p>11</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALVES, M. V. Terapia nutricional para prevenção, tratamento e reabilitação</p><p>de indivíduos com COVID-19. Natal: EDUFRN, 2020.</p><p>AMBRÓSIO, V. L. S. et al. Diretrizes nutricionais da fibrose cística do Estado</p><p>de São Paulo. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde, Coordenação</p><p>Estadual do Programa Nacional de Triagem Neonatal, 2012.</p><p>ATHANAZIO, R. A. et al. Diretrizes brasileiras de diagnóstico e tratamento da</p><p>fibrose cística. J Bras. Pneumol., v. 43, n. 3, p. 219-245, 2017.</p><p>BARNI, G. C. et al. Fatores associados à desnutrição em pacientes adolescentes</p><p>e adultos com fibrose cística. J. Bras. Pneumol., v. 43, n. 5, p. 337-343, 2017.</p><p>CAMARGO, J. J. Transplante de pulmão: indicações atuais. Pulmão RJ, v. 23,</p><p>n. 1, p. 36-44, 2014.</p><p>CAMARGO, P. C. L. et al. Transplante pulmonar: abordagem geral sobre seus</p><p>principais aspectos. J. Bras. Pneumol., v. 41, n. 6, p. 547-553, 2015.</p><p>CAMPOS, L. F. et al. BRASPEN’s Nutritional Statement for Coping with COVID-</p><p>19 in Hospitalized Patients. BRASPEN J, v. 35, n. 1, p. 3-5, 2020.</p><p>CAMPOS, L. F. et al. Revisão do parecer BRASPEN de terapia nutricional em</p><p>pacientes hospitalizados com COVID-19. BRASPEN J, v. 36, n. 1, 2021.</p><p>CASTELLANI, C. et al. ECFS best practice guidelines: the 2018 revision. J. Cyst.</p><p>Fibros., v. 17, n. 2, p. 153-178, mar. 2018.</p><p>INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação</p><p>Geral de Gestão Assistencial. Hospital do Câncer I. Serviço de Nutrição e</p><p>Dietética. Consenso nacional de nutrição oncológica. Nivaldo Barroso de</p><p>Pinho (Org.). 2. ed. rev. ampl. atual. Rio de Janeiro: INCA, 2016.</p><p>CUPPARI, L. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 1. ed. Barueri:</p><p>Manole, 2002.</p><p>D’IMPERIO, F. Transplante de pulmão: cuidados pós-operatórios. Pulmão RJ,</p><p>v. 15, n. 4, p. 262-269, 2006.</p><p>FORTE, G. C. et al. Indicadores antropométricos e de ingestão alimentar como</p><p>preditores da função pulmonar em pacientes com fibrose cística. J. Bras.</p><p>Pneumol., São Paulo, v. 38, n. 4, p. 470-476, ago. 2012.</p><p>12</p><p>MAHAN, L. K.; RAYMOND, J. L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 14.</p><p>ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.</p><p>MAUCH, R. M. et al. Associação dos parâmetros de crescimento e nutricionais</p><p>com função pulmonar na fibrose cística: revisão da literatura. Rev. Paul.</p><p>Pediatr., São Paulo, v. 34, n. 4, p. 503-509, dez. 2016.</p><p>MARTINDALE, R. et al. 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