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DIREITO ADMINISTRATIVO: 
TEORIA GERAL
VIVIANE DE ARRUDA PESSOA OLIVEIRA
1
UNIDADE 4
DA ORGANIZAÇÃO DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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S
INTRODUÇÃO
Esse capítulo é extremamente importante para entender em muitos aspectos o regime 
jurídico do Direito Administrativo. Quando se fala em organização da Administração 
busca-se compreender a criação, o funcionamento e extinção das entidades e órgãos 
da Administração Pública. Adicionalmente, esse capítulo se preocupará com a relação 
da Administração com particulares que podem exercer a função administrativa em ra-
zão de uma relação contratual firmada com as entidades da Administração.
Na busca pelo interesse coletivo e satisfação de suas necessidades, no exercício da 
função administrativa, ou seja, na prestação de serviços públicos, na atuação de limita-
ção dos interesses, direitos e atividades dos particulares, na regulação do mercado e da 
atividade econômica e no exercício do próprio controle de sua atuação, o Estado irá se 
estruturar criando pessoas, entidades e órgãos para realizar essa atividade. 
Assim, se observará aqui a Administração em sentido formal, orgânico ou subjetivo, ou 
seja, o conjunto de órgãos, pessoas e entidades que compõe o Estado a fim de promo-
verem a satisfação do interesse público no exercício do interesse público, matéria essa 
regulada especificamente por leis ou decretos para sua realização prática. 
No caso do Brasil, a matéria é tratada especificamente, na esfera Federal pelo Decre-
to-lei 200/67, recepcionado como lei ordinária, após 1988, mas com muitos dispositivos 
revogados pela Constituição Federal e legislação posterior. 
Tal dispositivo normativo, entretanto, apesar da época que foi criado traz conceitos rele-
vantes para compreensão do presente capítulo, conforme se demonstrará.
A Administração Pública poderá executar a função administrativa de forma direta ou 
centralizada pelo movimento de atuação dos seus entes políticos, ou seja, pela União, 
Estados, Distrito Federal e municípios. Os entes federativos, no Brasil, são os únicos 
a gozarem de autonomia política, traçando as diretrizes governamentais do Estado. 
As competências administrativas desses entes são traçadas e definidas nos termos 
da nossa Constituição Federal e atribuídas pela legislação específica. Fala-se, nesse 
01. Conhecer a Estrutura organizacional da Administração Pública para distinguir a 
Administração Pública Direta da Administração Pública Indireta, bem como os 
conceitos de centralização, descentralização e concentração das atividades da 
Administração Pública.
2 Direito administrativo: Teoria geral
U4 Da organização da Administração Pública
caso, em Administração Direta ou Administração centralizada. O serviço e o exercício 
são centralizados nos eixos dos entes federativos. 
Visando uma maior especialização na sua atuação, poderá, no entanto, buscar a criação 
de entidades para melhor desempenho de sua atividade, realizando a prestação do ser-
viço por intermédio de pessoas criadas para esse fim, o que resultará na prestação do 
serviço de forma indireta ou descentralizada. Além disso, no exercício da função adminis-
trativa as Entidades precisam dividir suas competências e atribuições a fim de se torna-
rem mais eficientes, por meio de movimentos chamados de desconcentração de funções. 
Nesse caso, se observa que a Administração Pública realiza movimentos e/ou técnicas 
de descentralização, e desconcentração que analisaremos suas particularidades espe-
cificamente no próximo tópico.
1. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO
A descentralização é uma técnica por meio da qual a Administração atribui suas com-
petências por meio da criação de pessoas jurídicas para desenvolver suas atividades 
de forma específica. 
Nesse movimento uma entidade cria uma outra com nova personalidade, conferindo a essa 
maior autonomia administrativa, mas por sua vez, exercerá o controle. Aqui não hierarquia 
entre os entes. Existe tutela e fiscalização, ou seja, vinculação para controle finalístico
Pode ser classificada em: 
a. Por outorga/ técnica ou funcional: aqui a descentralização é feita sempre por lei específica 
para criação de uma nova pessoa jurídica com autonomia administrativa. Nesse caso Ad-
ministração Pública criará uma pessoa jurídica integrante da Administração Indireta, para 
que ela execute e detenha a titularidade do serviço de forma especializada. Por exemplo, 
União cria uma Autarquia Federal para buscar uma especialização na área previdenciária, 
como o INSS. 
b. Por colaboração/ por delegação: ocorrerá por ato administrativo ou contrato administrati-
vo. Ex. Delegação de serviço público a concessionárias– aqui a delegação ocorrerá para 
uma empresa de cunho particular que desempenhará a prestação do serviço público por 
meio de contrato, após a realização de uma licitação pela Administração Pública. Nesse 
caso o Estado manterá a titularidade do serviço, delegando a execução do serviço a uma 
empresa privada. 
c. Territorial ou geográfica: essa descentralização se dá quando há a criação de um território no 
Brasil. Hoje não há modelo presente dessa modalidade, haja vista não existirem atualmente 
territórios no Brasil, como por exemplo, era o caso de Fernando de Noronha que foi incorpo-
rado ao Estado de Pernambuco. Caso venha a ser criados serão resultados de uma descen-
tralização administrativa territorial ou geográfica. Nesse caso, cria-se uma pessoa jurídica de 
direito público com atribuições administrativas e atribuições semelhantes à dos Estados.
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3Direito administrativo: Teoria geral
Da organização da Administração Pública
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A descentralização administrativa não se confunde com a descentralização política. 
Essa última é prevista nos termos da constituição atribuindo competências administra-
tivas para as entidades políticas.
Por meio da técnica da desconcentração se aplica uma repartição de tarefas e atribui-
ções dentre de uma mesma pessoa ou entidade. Por exemplo, dentro um município 
pode-se criar várias secretarias, como a secretária da saúde, a secretária de saúde, a 
secretária de segurança etc. Nesse caso cria-se órgãos, entes sem personalidade jurí-
dica, que se vinculam e são subordinados a entidades que os criou.
Importante diferenciar órgãos públicos de entidades. Os órgãos públicos não dispõem 
de personalidade jurídica própria, não podendo por exemplo firmar contratos, contratar 
pessoas, eles não possuem vontade ou autonomia. Dependem da pessoa que os criou. 
Como observa Carvalho “[...] são meros instrumentos de atuação do Estado, não po-
dendo ser sujeitos de Direitos e obrigações” (CARVALHO, 2022, p. 181) 
A lei de processo administrativo federal, Lei nº 9784/99, nos termos do art. 1, § 2º traz 
o conceito de órgão público como uma unidade de atuação integrante da Administração 
Direta e da estrutura da Administração Indireta. 
Apesar de não possuir personalidade jurídica própria, não dispondo de capacidade para 
figurar no polo passivo ou ativo de ações judiciais, determinados órgãos poderão gozar 
de capacidade judiciária, ou seja, uma capacidade processual ativa. Nestes casos se-
rão sempre órgãos com uma maior autonomia ou superioridade na escala da Adminis-
tração, e poderão atuar por força de lei em nome próprio, para defesa de suas missões 
institucionais, como é o caso de Defensoria Pública e do Ministério Público. 
Por essa razão, na Súmula 525 do Superior Tribunal de Justiça, se entendeu que as 
Câmaras Municipais apesar de não possuírem personalidade jurídica, pois são órgãos 
públicos, podem demandar em juízo para defender seus direitos institucionais. 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 525: A Câmara de Vereadores não 
possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo de-
mandar em juízo para defender os seus direitos institucionais. Publicação - DJe em 
27/4/2015.
É de se destacar que os órgãos são criados por lei e possuem uma esfera hierarquizadade 
atribuições. Nesse caso, pode-se falar que há hierarquia na criação entre órgãos, mas nun-
ca entre pessoas ou entidades. Nesse sentido, a desconcentração, pode ser classificada: 
a. Em relação da matéria – onde cada órgão vai atuar em determinado campo de atuação ou 
matéria, por exemplo, na saúde, educação, cultura, meio ambiente etc.
4 Direito administrativo: Teoria geral
U4 Da organização da Administração Pública
b. Pela hierarquia: onde estão um escalonamento hierárquico, aqui há um controle hierár-
quico entre os órgãos – Ex. Ministérios, abaixo deles as Superintendências, abaixo as 
delegacias etc. 
c. Por atuação Territorial ou geográfica – dividindo os órgãos pela área territorial que irão atuar.
Tratar-se-á da matéria pertinente aos órgãos públicos, demonstrando suas classifica-
ções em capítulo específico. 
2. ADMINISTRAÇÃO DIRETA
A Administração Pública é formada pela Administração Pública Direta e pela Adminis-
tração Pública indireta, ambas compõem o todo de organização do Estado no exercício 
da função administrativa para promoção do interesse público. 
A Administração Pública Direta é formada pela União, Estados, Distrito Federal e Muní-
cipios, recebendo atribuições e competências definidas pela nossa Constituição Fede-
ral. Nesse caso, exercerá as competências administrativas de forma centralizada. 
Desta forma, para os entes federativos podemos utilizar as expressões Administração 
Pública Centralizada ou Administração Pública Direta. Por termos uma forma federativa 
de Estado, há uma divisão administrativa e política entre os quatro entes da federação, 
quais sejam: União, Estado, DF e Municípios. A descentralização política trazida pelos 
entes federativos, atribuem a essas a autonomia política e administrativa. Isso significa 
que poderão e deverão atuar e criar leis dentro das suas competências constitucionais, 
inovando no ordenamento jurídico. Ao mesmo tempo, cada um deles pode prestar e 
desempenhar a função administrativa dentre do seu campo de atuação. É por isso que 
se tem, por exemplo, no campo de atuação da educação, escolas municiais, estaduais 
e federais, sendo geridas por esses entes respectivos.
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As pessoas jurídicas integrantes da Administração Direta são pessoas jurídicas de 
Direito Público, possuindo assim personalidade jurídica própria, capacidade política, 
administrativa e legislativa.
As principais características do regime jurídico atribuído as entidades da Administração 
Direta são:
Tabela 01. regime juridico das Entidades da Administração Direta
Regime de pessoal: Submetem-se a regra de concurso público (Art. 37, II da CF/88.
Tributação: Gozam de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a” da CF).
Licitação: Submetem-se as regras de Licitação Pública para aquisição de compras e serviços. (art. 37, 
XXI da CF/88).
Contratos Administrativos: Podem modificar e alterar unilateralmente os contratos que celebram com 
particulares – Cláusulas exorbitantes.
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5Direito administrativo: Teoria geral
Da organização da Administração Pública
Patrimônio: Possuem bens públicos na constituição do seu patrimônio (art. 98 do Código Civil).
Submetem as regras de precatório para pagamento de seus débitos (art. 100, CF/88).
Praticam atos administrativos com a característica, em geral, de presunção de veracidade e imperativida-
de.
Responsabilização: Responsabilidade civil objetiva pelo risco administrativo. (art. 37, § 6º da CF/88).
Fonte: elaborado pela autora, 2023.
Como se pode verificar todos os entes da Administração Pública Direta submetem-se 
ao chamado regime jurídico de Direito Administrativo.
 ` Administração Indireta
Figura 01. Administração Indireta
Autarquias
Empresas 
públicas
Fundações
Sociedade de 
economia mista
Fonte: elaborado pela autora, 2023.
3. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
A Administração Pública indireta, por sua vez, é formada pelas Autarquias, Fundações 
Empresas Públicas, Empresas Públicas e sociedades de economia mista.
A administração Indireta é fruto do movimento da descentralização administrativa de ser-
viços públicos. Importante perceber que essa técnica busca uma maior especialização 
no seu campo de atuação a Administração Pública Direta, conferindo a essas entidades 
personalidade jurídica própria e garantindo a esses uma autonomia administrativa e ao 
mesmo tempo desafogando a centralização das atividades junto a Administração Direta.
O art. 37, XIX, da CF, dispõe sobre matéria ao enunciar que: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên-
cia e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
19, de 1998)
6 Direito administrativo: Teoria geral
U4 Da organização da Administração Pública
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a 
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fun-
dação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de 
sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Analisando o dispositivo acima importante visualizar que todos os entes da Adminis-
tração Pública, seja, direta ou indireta se submetem aos princípios da Administração 
Pública, quais sejam, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
Ao mesmo identificamos alguns pontos relevantes da nossa Constituição Federal com 
relação a administração indireta. Veja o esquema visual abaixo:
Figura 02. Criação ou Autorização por Lei?
Fonte: elaborado pela autora, 2023.
LEI ESPECÍFICA CRIA ---- AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS
LEI ESPECÍFICA - AUTORIZA A CRIAÇÃO DE EMPRESAS PÚBLICAS E 
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
LEI COMPLEMENTAR DEFINE ÁREAS DE ATUAÇÃO DAS FUNDAÇÕES
Importante destacar que por serem pessoas jurídicas todas possuem autonomia admi-
nistrativa. Não possuem subordinação aos entes que as criam, mas submetem-se ao 
controle das suas atividades por esses por supervisão ministerial da área de atuação 
dentro da finalidade traçada pela lei que os criou. 
Há, no entanto, características especificas, importantes de cada uma das entidades da 
Administração Pública Indireta que trataremos isoladamente em cada item a seguir: 
 ` Autarquias
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambien-
te), Universidades Federais são exemplos de autarquias existentes na Administração 
Indireta Brasileira. 
Observe que as Autarquias comuns são criadas por uma lei específica para atuação de 
uma atividade típica do Estado. Todas elas são pessoas jurídicas de Direito Público, o 
que lhes conferem as prerrogativas e limitações pertinentes ao Regime Jurídico do Direito 
Administrativo. (ex. prazo em dobro para contestar e recorrer, regime de precatórios, isen-
ção de custas processuais, imunidades tributárias, consoante já exposto anteriormente)
Tendo seu conceito definido no corpo do art. 5º, inciso I do Decreto-lei 200/67, as au-
tarquias possuem personalidade jurídica própria, patrimônio próprio, quadro de pessoal 
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7Direito administrativo: Teoria geral
Da organização da Administração Pública
próprio, regime jurídico de Fazenda Pública, com autonomia administrativa e financeira 
descentralizada.
Note que como todos os entes da Administração Pública Indireta as autarquias não 
possuem autonomia política, mas tão somente autonomia administrativa. Ao exercer e 
prestar atividade típica do Estado atuam de forma autônoma dos entes que as criaram, 
detendo a titularidade do serviço. 
Lembre-se das seguintes características: 
Figura 03. Características das Autarquias
Criação por lei; Personalidade 
jurídica pública;
Especialização dos 
fins ou atividades;
Sujeição a controle 
ou tutela.
Capacidade de 
autoadministração;
Fonte: elaborado pela autora, 2023.
 ` Autarquias em regime especial
Algumas Autarquias possuem característicasque as diferenciam das autarquias em 
regime comum, especialmente com relação a nomeação dos dirigentes, recebendo um 
regime jurídico de natureza especial. São elas: 
a. Autarquias Culturais – Universidades Públicas - apesar de serem autarquias as escolhas 
dos seus dirigentes são distintas de uma Autarquia Comum. Isso porque esses possuem 
mandato fixo com duração e deve ser um membro da entidade (corpo docente e discente). 
Ao mesmo tempo, as Autarquias Educacionais se diferenciam das demais por possuírem 
autonomia pedagógica, podendo eligir sua metodologia didática-cientifica, submetendo ain-
da ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. 
b. Agências Reguladoras - Fruto da adoção de reforma administrativa visando uma Admi-
nistração Pública gerencial e menos burocratizada, com menos déficit público, o Estado 
Brasileiro por uma decisão de cunho político neoliberal decidiu que a execução de de-
terminados serviços públicos seria desempenhada por empresas particulares, retirando 
essas atividades das atividades desempenhadas pelo Estado. Desse modo, era necessá-
rio a criação de entidades que fiscalizam e regulassem as atividades desenvolvidas por 
esses particulares que prestariam serviços público a população por colaboração. Assim, 
as agências reguladoras surgem como adoção um modelo de gestão a partir da imple-
mentação do Programa Nacional de Desestatização. 
8 Direito administrativo: Teoria geral
U4 Da organização da Administração Pública
A Lei nº 9986/00 tratou das normas gerais pertinentes as Agências Reguladoras Fede-
rais. Importante perceber que por disposição legal as agências possuem também uma 
maior autonomia em relação aos demais entes autárquicos, inclusive com relação a 
nomeação dos seus dirigentes de forma diferenciada. Isso porque na forma estabeleci-
da por essa lei esses serão nomeados pelo Presidente da República, após aprovação 
prévia pelo Senado Federal, com mandado certo fixado pela lei específica que criar a 
autarquia, não podendo sofrer exoneração ad nutum. 
Ademais, após saírem dos respectivos cargos esses não podem voltar imediatamente 
ao exercício profissional na iniciativa privada no setor que estava vinculado, devendo 
respeitar um prazo de quarentena, dentro do prazo estabelecido por lei, que na esfera 
federal é de 6 (seis) meses. Para tanto farão jus uma remuneração compensatória nes-
se período custeada pelo Estado, evitando que o mercado de atuação tenha acesso as 
informações e diretrizes futuras da agência que atuava. 
Para as Agências reguladoras é atribuído um poder normativo, ou seja, a possibilidade de 
regulação das atividades das empresas privadas por meio de normas técnicas (resolu-
ções e portarias) que se submetem aos limites estabelecidos pelo crivo legal. Não poden-
do criar obrigações inexistentes na lei, mas apenas especificações técnicas de atuação. 
São exemplos de agências reguladoras existentes no Brasil: ANS, ANEEL, Anatel, ANA, 
ANVISA, ANTT, ANTAQ, ANCINE, ANS.
 ` Questão: Os Conselhos profissionais possuem natureza de Autarquias? 
Os conselhos profissionais exercem a fiscalização do exercício de profissões regula-
mentadas por lei, por delegação do Poder Público. São exemplos, o CREA, CREMEST, 
CRM, dentre outros. Nesse sentido, após a análise da ADIN 1717, o Supremo Tribunal 
Federal reconheceu que eles possuem por essa razão natureza de autarquia, gozando 
de um regime de parafiscalidade. 
Entretanto, importante destacar que a OAB, por exercer um múnus público de nature-
za especial, sendo um serviço público de natureza independente não é considerada 
autarquia, não se submetendo ao regime jurídico de Direito Público nem integrando a 
Administração Pública indireta.
 ` Agências Executivas
Não relaciona agências reguladoras com agências executivas. AS Agencias executivas 
são autarquias ou fundações qualificadas como tal, na forma disposta dos artigos 51 
e 52 da Lei 9.649/1998 e Decreto 2.487/1998. São autarquias que não cumpriram sua 
função institucional necessitando de um pleno de reestruturação e de desenvolvimento 
por não ter atingido seus objetivos institucionais. Nesse caso, celebram um contrato 
de gestão com o respectivo Ministério para atingir determinadas metas de eficiência e 
produtividade e ampliam sua capacidade e autonomia financeira.
 ` Fundações Públicas
A destinação de um patrimônio para execução de atividade pública, constituindo uma 
pessoa jurídica faz com que surja uma fundação. A lei complementar definirá sua esfe-
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9Direito administrativo: Teoria geral
Da organização da Administração Pública
ra de atuação, podendo atuar em áreas como saúde, educação, cultura, alimentação, 
defesa e proteção do meio ambiente, pesquisa cientifica, assistência social, ética e 
cidadania, direitos humanos, dentre outras. São exemplos de Fundação a FIOCRUX- 
Fundação Oswaldo Cruz e a FUNAI -Fundação Nacional do Índio – FUNAI.
 ` Quando a natureza jurídica a doutrina diverge, apontando correntes distintas
Para alguns, a exemplo do Celso Antônio Bandeira de Melo, serão consideradas essa 
pessoa jurídica de direito instituída por lei específica como, sendo considerada uma 
autarquia fundacional ou fundação pública. Gozando, nesse caso, das mesmas carac-
terísticas, prerrogativas e limites aplicáveis a uma autarquia. 
Parte dos administrativas, entendem elas só podem ser instituídas como pessoas jurí-
dicas de direito privado. 
E por fim, no entendimento majoritário é a lei específica que as institui que definirá, 
podendo ser de direito público gozando do regime jurídico aplicável as autarquias ou 
pessoas jurídicas de direito privado, gozando de regime híbrido, sendo esse o entendi-
mento apontado pelo Supremo Tribunal Federal.
 ` Empresas Estatais: Empresas Públicas E Sociedade De Economia Mista
As empresas estatais são pessoas jurídicas de Direito Privado autorizadas por lei para 
prestarem serviços públicos, mediante delegação de um ente estatal, e/ou para explo-
rarem atividades econômicas relevantes para o Estado. A expressão empresas estatais 
engloba as sociedades de economia mistas e as empresas estatais, sendo reguladas 
pela Lei 13.303/16 (Estatuto. das Empresas Estatais). 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista diferenciam-se com relação 
a formação societária, organização de capital, foro de competência. Ademais depen-
dendo da área de atuação submeterão as regras pertinentes a iniciativa privada. Veja-
mos as principais distinções entre elas, no quadro abaixo: 
Tabela 02. Traços Distintivos das Empresas Estatais
EMPRESA PÚBLICA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
Capital 100% público Capital misto, sendo o controle acionário do 
Estado
Admite todas as formas societárias, inclusive SA.
Possuem forma societária 
apenas de SA
Competência da Justiça Federal
EX. Caixa Econômica Federal
Competência da Justiça Estadual
Ex. Banco do Brasil S. A
Fonte: elaborado pela autora, 2023.
 ` O regime híbrido das empresas estatais
Por possuírem personalidade jurídica de Direito privado, vão se submeter a um regime de na-
tureza híbrido ou misto, possuindo regras distintas das autarquias e fundações públicas. Veja:
10 Direito administrativo: Teoria geral
U4 Da organização da Administração Pública
AT
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Ç
Ã
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 ` Por serem pessoas jurídicas de Direito privado, elas não têm prerrogativa de Fazenda Pú-
blica; Ex. Banco do Brasil não tem imunidade tributária, nem prazo processual em dobro.
 ` Não possuem privilégios fiscais, como imunidade tributária. 
 ` Seguem o mesmo regime trabalhista as empresas privadas- CLT, ou seja, seus emprega-
dos são celetistas 
 ` Seus contratos não possuem as cláusulas exorbitantes, sendo de regime cível
Apesar de ser muito semelhantes ao regime das empresas privadas, elas integram a 
Administração Pública, levando-as sofrerem as seguintes limitações: 
 ` Os seus empregados são celetistas, mas devem ser contratados por concurso público e 
sua demissão só pode ser motivada.
 ` Seus contratos devem ser celebrados porlicitação, com as regras especificas trazidas 
pelo Estatuto das empresas estatais. 
 ` Os bens delas, em regra, são privados não gozando de impenhorabilidade salvo se vincu-
lados a prestação de serviço público.
 ` Os seus empregados se sujeitam ao teto dos ministros do STF, salvo se ela não receber 
custeio para folha com dinheiro público.
As empresas estatais podem ser criadas para: 
a. Prestação de serviço público – ex. Correios, Eletronorte.
b. Exercício de atividade econômica – ex. CEF, Banco do Brasil, Petrobrás
Em ambas as atuações o objetivo final é a promoção do interesse público, não podendo 
ter como objetivo o lucro, apesar de ser possível.
As empresas Brasileiro de Correios e telégrafos goza de privilégio de fazenda pública, 
porque na visão do STF ela atual como serviço público postal, que é serviço indele-
gável da União. 
Por fim, importante acrescentar que as empresas Estatais podem constituir empresas 
subsidiárias por lei específica, porém as subsidiárias não integram a administração Pú-
blica. Ex.: Petrobrás criou a Transpetro.
Descentralização
A descentralização é uma técnica por meio da qual a Administração atribui suas competên-
cias por meio da criação de pessoas jurídicas para desenvolver suas atividades de forma 
específica.
EM RESUMO
U4
11Direito administrativo: Teoria geral
Da organização da Administração Pública
SÚMULA SOBRE O TEMA
Desconcentração
Por meio dessa técnica se aplica uma repartição de tarefas e atribuições dentre de uma 
mesma pessoa ou entidade.
Administração Direta
União 
Estados 
Distrito Federal 
Município
Características dos Entes da Administração Direta:
São pessoas jurídicas de Direito Público
Possuem autonomia político e administrativa
Submetem-se ao regime jurídico de Direito Público.
Administração Pública Indireta
Autarquias 
Fundações 
Empresas Públicas 
Sociedade de Economia Mista
Súmula n.525 STJ, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2015, DJe 27/04/2015.
A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, 
somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais (BRASIL, 
2015, [n.p.]). 
Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Súmulas Organizadas/44401/stj-su-
mula-525. Acesso em: 28 jun 2023.
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Súmulas%20Organizadas/44401/stj-sumula-525
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Súmulas%20Organizadas/44401/stj-sumula-525
EDUCANDO PARA A PAZ
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