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A INSERÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE 
POR MEIO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 
 
Apoio: Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde. 
 
Realização: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas 
(IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho-MG). 
 
Organizadores 
Jean Augusto Coelho Guimarães 
Priscila Missaki Nakamura 
 
Revisão ortográfica e normalização ABNT 
Jean Augusto Coelho Guimarães 
Ana Elisa Messetti Christofoletti 
 
Projeto Gráfico, Diagramação e Capa 
Andreas Bredariol da Cunha 
(andreasbredariolcunha@gmail.com) 
 
1ª Edição 2020 
 
 
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 
4 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedicamos este livro a todas as pessoas, população em geral, graduandos, pós-
graduandos, profissionais, professores e pesquisadores da área da Saúde e Educação Física, os 
quais contribuem em diversos momentos e locais, para elevar a qualidade do serviço ofertado 
à população, assim avançando nos aspectos relacionados às variáveis de saúde. 
As práticas de atividades, exercícios físicos e corporais vêm ganhando espaço no 
Sistema Único de Saúde (SUS), se consolidando enquanto parte de uma política pública de 
promoção de saúde, sendo esta preventiva e que impacta de forma positiva na qualidade de 
vida e bem estar da população. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Nós, organizadores do presente livro, agradecemos ao Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Muzambinho-MG, à Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus Rio Claro-SP, ao Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Tecnológico e Científico e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal 
de Nível Superior, ambas envolvidas com a formação acadêmica, fomento e incentivo à 
pesquisa em nosso país. 
Também, agradecemos a todos os autores, nossos colegas de profissão, que 
investiram seu tempo e energia para produzir capítulos com conteúdos ímpares, os quais 
dialogam com a real aproximação da atividade física junto à Atenção Básica à Saúde (ABS) e 
faz com esta obra esteja completada. 
Ademais, nossa imensa gratidão aos professores e pesquisadores de diversas regiões 
do Brasil, que nos auxiliaram concedendo entrevista e fazendo a conferência dos seus 
respectivos relatos, os quais foram de grande valia para expor como as ações e intervenções 
em atividade física na ABS vêm ocorrendo em diferentes lugares do país. Nesse mesmo 
sentido, agradecemos todos os profissionais das equipes de saúde e participantes do projeto 
PROSAÚDE, da cidade de Muzambinho-MG, assim como os estagiários do projeto durante 
os anos de 2015 e 2016, os quais nos concederam entrevistas mostrando sua visão em relação 
ao projeto de extensão. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
ORGANIZADORES DO LIVRO 
 
Me. Jean Augusto Coelho Guimarães 
Graduado em Educação Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do 
Sul de Minas, Campus de Muzambinho, Minas Gerais. Mestre em Ciências da Motricidade 
Humana pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, 
São Paulo. 
 
Prof.ª Dra. Priscila Missaki Nakamura 
Graduada em Educação Física, Mestra e Doutora em Biodinâmica da Motricidade Humana 
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, São 
Paulo. Pós-doutora na Universidade Federal de Pelotas e na Universidade Estadual Paulista 
Júlio de Mesquita Filho. Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do 
Sul de Minas. 
 
COLABORADORES DO LIVRO 
 
Wedson Guimarães Nascimento 
Graduado em Educação Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do 
Sul de Minas, Campus de Muzambinho, Minas Gerais. Membro do Núcleo de Atividade 
Física, Esporte e Saúde da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus 
de Rio Claro, São Paulo. 
 
Me. Erik Vinícius de Orlando Dopp 
Graduado em Educação Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do 
7 
 
 
 
Sul de Minas, Campus de Muzambinho, Minas Gerais. Mestre em Ciências da Motricidade 
Humana pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, 
São Paulo. Membro do Núcleo de Atividade Física, Esporte e Saúde da Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, São Paulo. 
 
Prof. Dr. Mateus Camargo Pereira 
Graduado em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual 
de Campinas, São Paulo. Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade 
Estadual de Campinas, São Paulo. Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias pela 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, São Paulo. 
Docente, Coordenador do Centro de Memória da Educação Física, Esporte e Lazer e Co-
coordenador do Grupo de Estudos de Professores de Educação Física do Instituto Federal de 
Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Campus de Muzambinho, Minas Gerais. 
 
Ma. Ana Elisa Messetti Christofoletti 
Graduada em Educação Física e Mestra em Ciências da Motricidade pela Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, São Paulo. Membro do 
Núcleo de Atividade Física, Esporte e Saúde e do Grupo de Estudos e Pesquisas na Profissão 
de Educação Física da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de 
Rio Claro, São Paulo. 
 
Ma. Deisy Terumi Ueno 
Graduada em Educação Física pela Faculdades de Dracena, São Paulo. Mestra em Ciências da 
Motricidade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio 
Claro, São Paulo. Membro do Núcleo de Atividade Física, Esporte e Saúde da Universidade 
8 
 
 
 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, São Paulo. 
 
Jamilly Ferreira Cardoso 
Graduada em Educação Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do 
Sul de Minas, Campus de Muzambinho, Minas Gerais. 
 
Maria Laura de Souza Leite 
Graduanda em Educação Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do 
Sul de Minas, Campus de Muzambinho, Minas Gerais. 
 
Ma. Letícia Aparecida Calderão Spósito 
Graduada em Educação Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do 
Sul de Minas, Campus de Muzambinho, Minas Gerais. Mestra em Ciências da Motricidade 
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, São 
Paulo. Membro do Núcleo de Atividade Física, Esporte e Saúde da Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Rio Claro, São Paulo. 
 
Esp. Cláudia Pedroso Ferreira 
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 
Campus de Rio Claro, São Paulo. Especialista em Fisiologia do Exercício Aplicada a Clínica 
pela Universidade Federal de São Paulo, Campus da Baixada Santista, São Paulo. Especialista 
em Saúde da Família na Atenção Primária pela Universidade do Estado de Santa Catarina, 
Florianópolis, Santa Catarina. 
 
 
9 
 
 
 
Maureen Chayene de Moraes 
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 
Campus de Rio Claro, São Paulo. 
 
Prof.ª Dra. Inês Amanda Streit 
Graduada em Educação Física e Especialista em Atividade Física, Desempenho Motor e 
Saúde pela Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Mestre e Doutora em 
Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina, 
Florianópolis, Santa Catarina. Docente e coordenadora do curso de Licenciatura em Educação 
Física na Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas, 
Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Filho, Manaus, Amazonas. Líder do Grupo de 
Estudos e Pesquisa em Atividade Física e Saúde: Da Infância ao Envelhecimento - Desfechos 
em Saúde. 
 
Prof. Dr. Júlio Cesar Schweickardt 
Graduadoem Teologia pela Escola Superior de Teologia. Graduado em Ciências Sociais pela 
Universidade Federal do Amazonas. Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela 
Universidade Federal do Amazonas. Doutor em História das Ciências pela Fundação Oswaldo 
Cruz, Rio de Janeiro. Pesquisador do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia). 
Chefe do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia. 
 
Prof. Dr. Victor José Machado de Oliveira 
Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário Católico de Vitória, Espírito Santo. 
Mestre e Doutor em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo, Campus de 
Goiabeiras, Vitória, Espírito Santo. Docente Adjunto da Faculdade de Educação Física e 
10 
 
 
 
Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas e Docente do Programa de Pós-Graduação 
em Educação, Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Filho, Manaus, Amazonas. 
 
Ma. Samara Feitosa Gomes Silva 
Graduada em Educação Física pela Universidade Nilton Lins, Manaus, Amazonas. 
Especialista em Psicomotricidade pela Universidade Gama Filho, xxx. Mestra em Saúde, 
Sociedade e Endemias na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, Campus 
Universitário Senador Arthur Virgílio Filho, Manaus, Amazonas. 
 
Eney Sarmento Pinheiro 
Graduada em Teologia pela Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil, 
Roraima. Especialista em Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde pelo Hospital Sírio 
Libanês. Especialista em Educação Permanente em Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz – 
Amazonas. Educadora popular pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da 
Fundação Oswaldo Cruz, Manguinhos, Rio de Janeiro. 
 
Prof. Dr. Tiótrefis Gomes Fernandes 
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio 
Grande do Norte. Doutor em Ciências pelo Programa de Ciências Médicas da Universidade 
de São Paulo. Docente e coordenador acadêmico na Faculdade de Educação Física e 
Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas, no Programa de Pós-Graduação em 
Ciências do Movimento Humano e no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública na 
Amazônia, Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Filho, Manaus, Amazonas. 
 
 
11 
 
 
 
Prof. Dr. Paulo Henrique Guerra 
Graduado em Educação Física pela Universidade Paulista. Doutor em Ciências pela 
Universidade de São Paulo. Docente Adjunto no curso de Medicina da Universidade Federal 
da Fronteira Sul, Chapecó, Santa Catarina. Docente colaborador no Programa de Pós-
graduação em Ciências da Atividade Física na Universidade de São Paulo. Presidente da 
Sociedade Brasileira de Atividade física e Saúde, gestão 2020-2021. 
 
Prof. Dr. Fabio Fortunato Brasil de Carvalho 
Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário da Cidade, Rio de Janeiro. 
Especialista, Mestre e Doutor em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública 
Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. Tecnologista em Ciência e 
Tecnologia do Ministério da Saúde, lotado no Instituto Nacional de Câncer José Alencar 
Gomes da Silva, Rio de Janeiro. 
 
Prof. Dr. Mathias Roberto Loch 
Graduado e Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina, Campus 
de Florianópolis, Santa Catarina. Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de 
Londrina, Paraná, com estágio de doutoramento no Departamento de Medicina Preventiva y 
Salud Pública da Universidad Autónoma de Madrid. Docente do Departamento de Educação 
Física, na residência multiprofissional em Saúde da Família e no Programa de Pós-Graduação 
em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina, Paraná. Membro da Comissão de 
Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). 
 
Prof. Dr. Filipe Ferreira da Costa 
Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio 
12 
 
 
 
Grande do Norte. Especialista em Saúde da Família e em Saúde Pública pelo Departamento 
de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Florianópolis, Santa 
Catarina. Mestre e Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Educação Física da 
Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Florianópolis, Santa Catarina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
No momento da publicação deste livro, o mundo enfrenta a maior crise de saúde dos 
últimos tempos. O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 escancarou a 
importância da atividade física para o bem estar de todas as pessoas, de qualquer idade, sexo 
ou condição social. 
No Brasil, em particular, a relevância do SUS para universalizar o acesso à saúde, 
está sendo fortemente reconhecida. Saúde é antes de tudo, resultado de estratégias em 
promoção da saúde e prevenção de doenças. Embora existam muitos argumentos a favor da 
atividade física como meio para evitar o aparecimento de doenças, a sua relevância vai muito 
além. A atividade física é um comportamento inerente ao ser humano. É por intermédio dela 
que o ser humano interage com outros, expressa seus pensamentos e emoções, afirma e 
reforça sua identidade como indivíduo e como ser social. As intervenções no sistema de 
saúde, portanto, devem ir além de prevenir o aparecimento e tratar de doenças, mas promover 
o bem estar da pessoa como um todo. 
A ABS no SUS vem acolhendo cada vez mais iniciativas para a promoção da 
atividade física. Elas se multiplicam em ações intersetoriais e interinstitucionais com o 
engajamento de atores de diferentes matizes. O relato de experiências em diferentes 
localidades, que enfrentam diferentes realidades são enriquecedoras para todos aqueles que 
planejam, executam, gerenciam ou procuram compreender como essas intervenções ocorrem. 
Esta obra, “A inserção da atividade física na ABS por meio da extensão 
universitária” organizado por Jean Augusto Coelho Guimarães e Priscila Missaki Nakamura, 
nos brinda com um recorte intersetorial do problema. Alicerçado num ponto de convergência 
entre os desafios para promover a atividade física para a população, a formação de recursos 
humanos e a pesquisa realizada em Instituições de Ensino Superior, a obra é uma rica 
14 
 
 
 
narrativa de como esses desafios se encontram e se materializam no ambiente do SUS. É um 
material com um registro valioso dos atores que se engajaram na tarefa de conceber e 
implementar a atividade física no SUS, que estimula o leitor a uma valiosa reflexão. 
 
 
 
 
 Eduardo Kokubun 
 Departamento de Educação Física 
 Instituto de Biociências 
 Universidade Estadual Paulista – UNESP/Rio Claro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17 
 
1. CAPÍTULO UM ................................................................................................................. 20 
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 
Wedson Guimarães Nascimento | Erik Vinícius de Orlando Dopp | Mateus Camargo Pereira 
1.1 Projetos de Extensão.........................................................................................................24 
1.2 Projeto de Extensão da Educação Física na Atenção Básica à Saúde..........................27 
1.3 Considerações Finais.........................................................................................................32 
 
2. CAPÍTULO DOIS...............................................................................................................37 
BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO E MALEFÍCIOS DO COMPORTAMENTO 
SEDENTÁRIO NAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS 
Ana Elisa Messetti Christofoletti | Deisy Terumi Ueno 
2.1 Obesidade...........................................................................................................................382.2 Diabetes Mellitus...............................................................................................................39 
2.3 Hipertensão Arterial Sistêmica........................................................................................40 
2.4 Síndrome Metabólica........................................................................................................41 
2.5 Trombose venosa...............................................................................................................42 
2.6 Transtornos Mentais.........................................................................................................42 
2.7 Câncer................................................................................................................................43 
2.8 Considerações Finais.........................................................................................................44 
 
3. CAPÍTULO TRÊS..............................................................................................................54 
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS, EXERCÍCIO FÍSICO E A 
RELAÇÃO COM A ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE 
Wedson Guimarães Nascimento | Erik Vinícius de Orlando Dopp 
3.1 Considerações Finais.........................................................................................................60 
 
4. CAPÍTULO QUATRO.......................................................................................................65 
HISTÓRIA DO PROJETO PROSAÚDE (2010 - 2016) 
Jamilly Ferreira Cardoso | Maria Laura de Souza Leite | Jean Augusto Coelho Guimarães 
4.1 Considerações Finais...........................................................................................................69 
 
5. CAPÍTULO CINCO...........................................................................................................70 
INTERVENÇÕES DO PROJETO PROSAÚDE 
Jean Augusto Coelho Guimarães | Erik Vinícius de Orlando Dopp | Priscila Missaki Nakamura 
5.1 Considerações Finais.........................................................................................................73 
 
6. CAPÍTULO SEIS................................................................................................................76 
O PROSAÚDE SOB O OLHAR DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE SAÚDE DA 
ATENÇÃO BÁSICA, ESTAGIÁRIOS E USUÁRIOS DO PROJETO 
Jean Augusto Coelho Guimarães | Ana Elisa Messetti Christofoletti | Erik Vinícius de Orlando Dopp | 
Jamilly Ferreira Cardoso | Maria Laura de Souza Leite | Priscila Missaki Nakamura 
6.1 Coordenadora das Unidades Básicas de Saúde..............................................................76 
6.2 Enfermeiras (os)................................................................................................................78 
6.3 Agentes Comunitários de Saúde (ACS)..........................................................................81 
6.4 Estagiários..........................................................................................................................84 
16 
 
 
 
6.5 Usuários..............................................................................................................................85 
6.6 Considerações Finais.........................................................................................................88 
 
7. CAPÍTULO SETE..............................................................................................................92 
RELATOS DAS VIVÊNCIAS PRÁTICAS DE PROMOÇÃO EM ATIVIDADE FÍSICA 
DESENVOLVIDAS POR DIFERENTES GRUPOS DE PESQUISA DO BRASIL 
Letícia Aparecida Calderão Spósito | Jean Augusto Coelho Guimarães | Cláudia Pedroso Ferreira | 
Maureen Chayene de Moraes 
7.1 Exercícios Físicos em Unidades de Saúde - Projeto Saúde Ativa: o caso de Rio Claro, 
São Paulo..................................................................................................................................92 
7.2 Programa de Exercícios Físicos em Unidades Básicas de Saúde - Projeto Floripa 
Ativa: o caso de Florianópolis, Santa Catarina....................................................................98 
7.3 Projeto Ambiente Ativo: o caso de Ermelino Matarazzo, São Paulo.........................103 
7.4 Grupo de estudo em epidemiologia da Atividade Física (GEEAF) - UBS+Ativa: o 
caso de Pelotas, Rio Grande do Sul.....................................................................................109 
7.5 Programa de Educação Permanente em Educação Física e Saúde Pública: o caso de 
Campo Grande, Mato Grosso do Sul..................................................................................112 
7.6 Grupo de Estudos em Políticas de Saúde, Esporte e Lazer - Projeto Mais Saúde 
Vitória: o caso de Vitória de Santo Antão, Pernambuco...................................................116 
7.7 Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Qualidade de Vida: o caso de Curitiba, 
Paraná....................................................................................................................................119 
7.8 Considerações Finais.......................................................................................................125 
 
8. CAPÍTULO OITO............................................................................................................128 
BANZEIRANDO PELOS TERRITÓRIOS DA AMAZÔNIA: ENCONTROS ENTRE 
ATENÇÃO BÁSICA, PRÁTICAS CORPORAIS E SAÚDE 
Inês Amanda Streit | Júlio Cesar Schweickardt | Victor José Machado de Oliveira | Samara Feitosa Gomes 
Silva | Eney Sarmento Pinheiro | Tiótrefis Gomes Fernandes 
8.1 Introdução........................................................................................................................128 
8.2 Os encontros entre a Academia e a Atenção Básica.....................................................131 
8.3 Os profissionais no serviço de saúde: Educação Física no SUS..................................136 
8.4 Os meios caminhos de um grupo...................................................................................140 
8.5 Considerações Finais.......................................................................................................142 
 
9. CAPÍTULO NOVE...........................................................................................................147 
FORMAÇÃO E INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: CENÁRIO ATUAL E CAMINHOS A SEGUIR 
Paulo Henrique Guerra | Fabio Fortunato Brasil de Carvalho | Mathias Roberto Loch | Filipe Ferreira da 
Costa 
9.1 Introdução........................................................................................................................147 
9.2 Contexto atual do SUS (2016–2020)..............................................................................148 
9.3 Formação inicial para atuação na ABS-SUS................................................................151 
9.4 Intervenção profissional na ABS-SUS...........................................................................154 
9.5 Considerações Finais.......................................................................................................157 
 
 
 
17 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este livro começou com o surgimento de uma ideia durante a reunião do Grupo de 
Estudos, Extensão e Pesquisa em Educação Física e Saúde, no final da minha graduação em 
2016 no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, 
Campus Muzambinho. Naquele momento, eu Jean Coelho, professora Dra. Priscila Nakamura 
e demais colegas que auxiliaram na escrita de alguns capítulos estávamos envolvidos com o 
projeto de extensão PROSAÚDE e os conhecimentos acerca da atividade física e saúde 
vinculada à Atenção Básica. 
Desse modo, logo na capa deste livro pode ser observada uma foto de um dos 
eventos que realizamos com a presença dos participantes do PROSAÚDE. Foto esta quesimboliza união e fortalecimento de vínculos entre a extensão, ensino e pesquisa; 
Universidade e população. Assim, os primeiros pensamentos foram no intuito de descrever as 
ações e vivências, enquanto estagiário de um projeto de extensão que julgo ser de extrema 
relevância para a saúde e qualidade de vida da população, sendo que você poderá 
compreender melhor sobre projetos de extensão e projetos junto ao curso de Educação Física 
e ABS no Capítulo Um. Proporcionar, de forma gratuita e comunitária, uma orientação à 
prática de atividades e exercícios físicos em um local onde as pessoas buscam um tratamento 
e/ou cuidado, geralmente vinculado às doenças crônicas, pode ser vista como uma estratégia 
que gera efeitos positivos às variáveis biopsicossociais dos indivíduos, posteriormente 
apresentado no Capítulo Dois. 
Todavia, além dos benefícios sob as doenças crônicas, as atividades e exercícios 
físicos inseridos ao SUS necessitam atingir uma ação ampla e que compactue com os 
princípios e diretrizes do próprio sistema, o qual reconhece a atividade física e as práticas 
corporais junto às suas políticas de promoção de saúde, como relatado em maiores detalhes no 
18 
 
 
 
Capítulo Três. Por isso, ao ter a oportunidade de estagiar em um projeto de extensão, foi que 
pude compreender a importância de projetos como o PROSAÚDE. Posteriormente, foram 
movidos esforços para documentar sua criação, implementação, o formato das intervenções 
baseadas em evidências científicas e a percepção dos envolvidos no projeto, como as 
criadoras, os estagiários, a coordenadora e alguns integrantes da equipe multiprofissional da 
ABS do município de Muzambinho-MG, assim como os alunos do projeto e usuários do 
sistema de saúde, dispostos nos Capítulos Quatro, Cinco e Seis. 
Para mais, o projeto PROSAÚDE não é uma experiência única e isolada na área da 
Educação Física. Há algumas décadas, estagiários, profissionais, professores e pesquisadores 
da epidemiologia e atividade física já vêm estabelecendo uma aproximação e diálogo com a 
saúde pública. Sendo assim, o Capítulo Sete é composto por relatos das experiências de 
ações em projetos de extensão, grupos de estudo e/ou intervenções de pesquisa que ocorrem 
em diferentes regiões do Brasil, o qual contempla sete relatos organizados de maneira 
cronológica, os quais apresentam intervenções dentro das Unidades de Saúde, academias ao ar 
livre, espaços de lazer públicos e Universidades, além de produção de conteúdos, 
capacitações, análises de custo e produções científicas a partir das ações, para que os gestores 
consigam tomar decisões em prol de políticas públicas de atividade física e saúde para a 
população. Na sequência, o Capítulo Oito também é um relato de experiência que, a pedido 
dos entrevistados, foi expandido a fim de descreverem com maiores detalhes as ações 
desenvolvidas na região Norte do Brasil. 
De modo geral, será possível notar que embora em momentos, regiões e contextos 
socioculturais distintos, as ações dos atores anteriormente citados, as quais iniciaram com os 
esforços e aplicabilidade dos conhecimentos e vivências nas áreas de atividade física e saúde, 
obtiveram engajamento a fim de serem efetivadas como política pública ou estão trilhando 
esse caminho. Não há como deixar de ressaltar que as perspectivas futuras em relação à 
19 
 
 
 
promoção da atividade física na Atenção Básica de Saúde, apontadas no Capítulo Nove, 
necessitarão de muito engajamento das Organizações Governamentais e dos profissionais da 
área da saúde e educação para que se tornem realidade um dia. Eu escrevo esta introdução 
durante uma pandemia por um vírus, o COVID-19, que modificou o modo de viver e agir de 
todos neste ano de 2020, entretanto, mais do que nunca; a ciência e a saúde pública do Brasil 
se apresentam de forma a auxiliar a população, mostrando o seu real valor. Esta ciência e 
saúde que sempre devem ser defendidas como um direito à nação sobre os princípios da 
universalidade, equidade e integralidade. 
 
 Ótima leitura! 
 Jean Augusto Coelho Guimarães 
 Priscila Missaki Nakamura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
1. CAPÍTULO UM 
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 
 Wedson Guimarães Nascimento 
 Erik Vinícius de Orlando Dopp 
 Mateus Camargo Pereira 
 
A universidade tem como base o desenvolvimento e implementação de um projeto 
formativo que busca o pleno desenvolvimento dos estudantes, promovendo além da 
qualificação para o trabalho, o estímulo ao exercício da cidadania. Entre as formas de 
contribuir com esse processo, a formação pautada pela indissociabilidade entre ensino, 
pesquisa e extensão se apresenta como uma boa estratégia (SÍVERES, 2013). 
No entanto, pensar sobre essa indissociabilidade diante da característica dinâmica do 
trabalho docente na área acadêmica, somando aos objetivos básicos da formação, a produção 
de conhecimento e as disputas entre projetos políticos que existem para a universidade no 
país, não é algo simples. Tratando-se da extensão, por exemplo, a história da universidade no 
Brasil mostra que ela teve representações distintas ao longo do tempo. Assistiu-se a extensão 
enquanto curso, a extensão serviço, assistencial, entre outras, até a extensão cidadã, o que 
mostra uma evolução nas relações da universidade com os trabalhos acadêmicos e na 
aproximação com a comunidade a qual faz parte (SERRANO, s/d). 
A extensão universitária, segundo a Política Nacional, “é um processo 
interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação 
transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade” e deve ter como perspectiva 
“a promoção e garantia dos valores democráticos, da equidade e do desenvolvimento da 
sociedade em suas dimensões humana, ética, econômica, cultural e social” (PROEX, 2012, p. 
28). 
No Brasil, as primeiras experiências de extensão aconteceram na Universidade 
Popular de Paraíba e na Universidade Popular de São Paulo e se davam através da oferta de 
21 
 
 
 
“cursos de extensão”. Posterior a esse momento, através de ações de movimentos estudantis, 
houve a reivindicação por uma extensão que buscava aproximar mais a universidade da 
sociedade por meio da difusão da cultura que deveria chegar até as classes populares. Esse 
movimento teve como marco, no contexto da América Latina, as ações dos estudantes de 
Córdoba, na Argentina em 1918 (MELO NETO et al., 2002). 
Atualmente, a garantia da extensão universitária está representada por normas e 
regras já instituídas na constituição de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases, e no Plano Nacional 
de Educação. Além disso, existe o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições 
Públicas de Educação Superior Brasileiras - FORPROEX, que visa “imprimir maior 
homogeneidade nacional às ações de Extensão Universitária e um direcionamento condizente 
com os anseios de grande parte da academia e da própria sociedade brasileira” (FORPROEX, 
2012, p. 41). 
Foi no VIII Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades 
Públicas Brasileiras realizado em Vitória, no Espírito Santo, em 1994, que a extensão, 
alinhada aos preceitos constitucionais, começou a se voltar de maneira mais enfática para a 
perspectiva de cidadania, sendo assim, associada aos direitos civis, políticos e sociais. Dessa 
forma, entende-se que a universidade deve fazer parte dasociedade e cumprir seu dever de 
produtora e difusora de conhecimento, entendidos como essenciais para a cidadania, sendo 
indispensável o intercâmbio entre ela e a sociedade (MELO NETO et al., 2002). Esse dever é 
reafirmado na Política Nacional de Extensão Universitária, no tópico referente aos seus 
princípios básicos: 
 
a ação cidadã das Universidades não pode prescindir da efetiva difusão e 
democratização dos saberes nelas produzidos, de tal forma que as populações, cujos 
problemas se tornam objeto da pesquisa acadêmica, sejam também consideradas 
22 
 
 
 
sujeito desse conhecimento, tendo, portanto, pleno direito de acesso às informações 
resultantes dessas pesquisas (FORPROEX, 2012, p. 38). 
 
Todavia, reconhecer e almejar essa forma de fazer extensão não significa a 
inexistência de outros modelos, nem que a complexidade desse processo esteja resolvida. 
Coexistem nas ações das universidades brasileiras, basicamente, duas formas de se fazer 
extensão, sendo a primeira delas a “eventista-inorgânica”, relacionada ao desenvolvimento de 
serviços e a promoção de cultura e eventos, e a outra, com maior expressão no país, a 
“processual-orgânica”, referente a processos com características de permanência no processo 
formativo do estudante, associando a produção de conhecimento à pesquisa (MELO NETO, 
2002). 
A Política Nacional de Extensão Universitária que tem como fundamento 
referenciais teóricos de Paulo Freire (1969) e de Boaventura de Souza Santos (2008), busca 
superar ações mais restritas, apresentando a interação dialógica, a interdisciplinaridade e 
interprofissionalidade, a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, o impacto na formação 
do estudante e a transformação social como diretrizes que devem nortear as ações 
extensionistas. Isso demonstra a amplitude e a complexidade do papel da extensão na relação 
entre universidade e comunidade, na formação dos estudantes e na produção do 
conhecimento. 
Entre os desafios da extensão universitária encontra-se o da garantia da sua dimensão 
acadêmica, ou seja, da relação entre o ensino-pesquisa-extensão. Essa dimensão tem impacto 
direto na formação dos estudantes, no entanto, garanti-la passar pela superação de modelos 
que propõem práticas isoladas, com caráter “eventista-inorgânica” para ações de cunho 
“processual-orgânica”. Assim, a coerência entre o processo de formação de pessoas (ensino), 
da geração de conhecimento (pesquisa), que tem o aluno extensionista como foco de sua 
formação técnica e cidadã, poderá ser viabilizada, permitindo que ele se reconheça como 
23 
 
 
 
agente de garantia de direitos, deveres e de transformação social. Isso deve acontecer por 
meio de uma interação dialógica entre setores sociais, comunidade e universidade, por meio 
de uma relação marcada por trocas de saberes (FORPROEX, 2012). 
Logo, este desafio está intimamente relacionado com a metodologia adotada pelos 
programas e/ou projetos de extensão. Santos (2013) apresenta a pesquisa-ação ou 
investigação-ação (FORPROEX, 2012) como uma metodologia com grande potencial, pois 
ela trata da elaboração e execução participativa de projetos. Nela, existe uma relação de 
proximidade entre os interesses sociais e os do pesquisador, articulando-se para o 
desenvolvimento da produção de um conhecimento que busca gerar a satisfação e suprir as 
necessidades e demandas dos grupos sociais. 
Essa metodologia refina-se com a concepção da ecologia dos saberes, entendida 
como a inversão da lógica da extensão, a qual propõe uma relação de fora para dentro da 
universidade. Consiste na relação dialógica entre os saberes populares, tradicionais, urbanos 
e/ou camponeses com os saberes científicos que a universidade produz (SANTOS, 2013). 
Basicamente, se materializa através de “conjuntos de práticas que promovem uma nova 
convivência ativa de saberes no pressuposto que todos eles, incluindo o saber científico, se 
podem enriquecer nesse diálogo” (SANTOS, 2013, p. 57). 
Desta forma, o que se busca é o entendimento da extensão como trabalho social 
(MELO NETO et al., 2002; FORPROEX, 2012). Isso significa reconhecer a extensão como 
produtora da cultura, a qual se desenvolve a partir da realidade objetiva e “abre a 
possibilidade de se criar um mundo, também, mais humano” (MELO NETO et al., 2002, p. 
10). Neste sentido, há a necessidade de alinhar o trabalho docente no âmbito acadêmico com 
os objetivos básicos da formação, com a produção de conhecimento e com os projetos 
políticos que disputam a universidade. Somente assim essas relações deixarão de ser um 
dificultador e se tornarão potencializadoras de ações extensionistas pautadas pelo trabalho 
24 
 
 
 
social, com uma metodologia coerente e que contribuirá de fato para um impacto social que 
rompa com a manutenção do status quo (FORPROEX, 2012). 
Corroborando com isso, se faz necessário que os Projetos Políticos Pedagógicos 
(PPP) dos cursos de graduação organizem as matrizes curriculares incorporando os 
pressupostos acima apontados, garantindo tempos e espaços pedagógicos nos quais a 
indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão esteja presente. Não se trata de uma tarefa fácil, 
dada uma série de fatores. O fato da extensão construir relações entre as pessoas faz dela um 
espaço de pesquisa muitas vezes não formatado para a produção de dados, segundo os moldes 
acadêmicos valorizados no âmbito das agências financiadoras. As peculiaridades da vida 
prática, nem sempre passíveis de serem controladas por protocolos, geram barreiras para o 
extensionismo associado às pesquisas atualmente hegemônicas no cenário brasileiro. Ou seja, 
o tempo estipulado e os critérios de avaliação dos Programas de Pós-Graduação nem sempre 
respeitam o ritmo das pessoas reais frequentadoras dos projetos de extensão. 
 Outro desafio a ser considerado envolve a necessidade de se fazer uma luta política 
para que ações de extensão possam ser bons modelos para contribuir com as políticas 
públicas, mas não suas substitutas. Não se pode perder de vista que a instituição universitária 
não tem recursos e pessoas para ocupar o papel dos diferentes órgãos públicos, tendo como 
dever estar próxima, ofertando informações e possibilidades de intervenção sem assumir a 
promoção de políticas que não as de formação profissional, considerando a pesquisa e a 
extensão como partes integradas ao processo de ensino. 
 
1.1 Projetos de Extensão 
 
O projeto de extensão é uma modalidade de intervenção sistematizada no modelo de 
projeto e regulamentada que se configura como uma das formas de se desenvolver a extensão 
25 
 
 
 
universitária a partir da perspectiva “processual-orgânica”. Este é desenvolvido a partir das 
escolhas da instituição, sendo definidas e construídas pela legislação acadêmica criada pelos 
órgãos colegiados locais (PROEX, 2018). 
O projeto de extensão tem como característica possuir objetivos bem delineados e 
delimitados a serem alcançados dentro de um prazo pré estipulado com uma produção de 
resultados mensuráveis. Além disso, ele deve ser desenvolvido com intuito de contemplar o 
conceito, os princípios e as diretrizes da Política Nacional de Extensão Universitária 
(PROEX, 2018). 
O Manual Dinâmico para Elaboração de Proposta de Projeto de Extensão 
Universitária e Iniciação à Extensão Universitária da Universidade Estadual Paulista - Júlio de 
Mesquita Filho (UNESP), ao abordar aspectos metodológicos para o desenvolvimento de um 
projeto de extensão, chama a atenção para a importância do momento do diagnóstico. 
Segundo o documento, a elaboração da proposta não deve ser criada apenas pelo grupo 
universitário e ser implementada com a população, mas que é necessária a participação do 
público alvo desde a elaboração. O projeto deve ser guiado por uma metodologia 
participativa, permitindo que haja a participação do público juntamente com a equipe 
universitária como coautores no processo, levandoem consideração seus saberes, opiniões e 
interesses, sob uma interação dialógica e democrática (PROEX, 2018). 
Visando isso, o manual apresenta três possibilidades, sendo elas: o diagnóstico 
rápido participativo, que se refere a uma “técnica que pode ser utilizada na elaboração do 
projeto e também como ferramenta de diagnóstico durante o desenvolvimento das ações 
extensionistas”, e as outras duas já mencionadas anteriormente, sendo a pesquisa-ação e a 
ecologia dos saberes (PROEX, 2018, p. 12). Portanto, demonstrando consonância com a 
Política Nacional de Extensão Universitária, a qual afirma que as ações de extensão devem se 
sustentar “em metodologias participativas no formato investigação-ação (ou pesquisa-ação), 
26 
 
 
 
priorizando métodos de análise inovadores, a participação dos atores sociais e o diálogo” 
(FORPROEX, 2012, p. 33). 
Acerca da organização da proposta de um projeto, a Pró-Reitoria de Extensão e 
Cultura (PROEC) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) apresenta um modelo de 
projeto de extensão que contém 16 itens a serem contemplados, sendo: título, área temática, 
coordenador, equipe técnica, departamento ou setor, instituições parceiras, número estimado 
de participantes, local de realização, período, resumo da proposta, fundamentação teórica, 
objetivos, justificativa, metodologia, resultados esperados e cronograma. 
A exemplo de projeto de extensão, a âmbito nacional, existe o Programa de 
Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET - Saúde. O programa, instituído em 2010, é uma 
iniciativa do Ministério da Saúde para qualificar profissionais da área durante a graduação por 
meio de práticas de iniciação ao trabalho. Como pressuposto, dissemina a noção de educação 
pelo trabalho, por meio da integração ensino-serviço-comunidade, sendo assim, se 
configurando como uma proposta que contempla o ensino, a pesquisa, a extensão universitária 
e contribui para a participação social (BRASÍLIA, 2019). 
O programa oportuniza a vivência na estrutura organizativa da saúde pública e 
comunitária, o que contribui para o debate a respeito do sistema de saúde e da realidade local 
(FARIA et al., 2018). Entre os objetivos do PET - Saúde, encontram-se: 
 
estimular a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação técnica, 
científica, tecnológica e acadêmica, bem como a atuação profissional pautada pelo 
espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados 
pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, preconizado 
pelo Ministério da Educação. Assim como fomentar a articulação ensino-serviço-
comunidade na área da saúde (BRASÍLIA, 2010, s/p). 
 
27 
 
 
 
No entanto, ressalta-se que as orientações e políticas do Ministério da Educação e da 
Saúde representam um estímulo a extensão. Contudo, a simples implementação a partir do 
cumprimento de normas técnicas para garantir o projeto não é suficiente para o 
desenvolvimento de uma extensão contextualizada e articuladora do ensino e pesquisa. As 
ações estabelecidas durante o processo é que vão definir o desenvolvimento de uma extensão 
“processual-orgânica” de fato. 
 
1.2 Projeto de Extensão da Educação Física na Atenção Básica à Saúde 
 
A Política Nacional de Extensão Universitária fala sobre a necessidade de articular as 
ações de extensão com as políticas públicas, estando entre os benefícios dessa relação o 
fortalecimento da própria extensão. Deixa claro a necessidade de se ter uma visão crítica 
dessa aproximação, na qual a extensão vem contribuir de forma crítica e autônoma com as 
políticas públicas (FORPROEX, 2012, p 44). 
Para isso, é proposto eixos integradores, sendo eles: áreas temáticas, território e 
grupos populacionais. As áreas temáticas visam a sistematização das ações de extensão, 
somando um total de oito e dentre elas encontra-se a saúde. O território tem como objetivo a 
promoção da integração a nível espacial e das políticas públicas que serão alvos das ações de 
extensão. Já os grupos populacionais, vêm complementar essa articulação, buscando 
especificar a população alvo e abordando a importância de privilegiar os excluídos, e aqueles 
em situação de vulnerabilidade social (FORPROEX, 2012). 
A exemplo, as ações dos projetos de extensão da Educação Física, ao se encaixarem 
na área temática da saúde, podem ser desenvolvidas na ABS, em um território adscrito por 
uma Equipe da Estratégia Saúde da Família, pautado pela Política Nacional de Promoção de 
Saúde (PNPS), pertinente a prioridade Práticas Corporais e Atividades Físicas presente nessa 
28 
 
 
 
política (BRASIL, 2014). Nesse contexto, há uma tendência em adotar como população alvo 
o público adulto e idoso, devido à ênfase que comumente é dada aos benefícios da atividade 
física na prevenção e no tratamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) 
(WHO, 2018). 
Pensar nesta associação é considerar aspectos relacionados aos conceitos, princípios 
e diretrizes da Política Nacional de Extensão Universitária, articulando-os ainda aos 
conceitos, princípios e diretrizes do SUS e nas características e propósitos da ABS. Sendo 
assim, configurando-se como um desafio para os projetos de extensão da Educação Física no 
campo da saúde pública. 
Tendo em vista que tanto a Política Nacional de Extensão Universitária quanto o 
SUS tem como base a garantia de direitos e a cidadania, pautando-se por ações democráticas 
que valorizam a participação social por meio de ações dialógicas, a interação/intervenção 
multiprofissional e a valorização das ações intersetoriais, compreende-se que a aproximação 
entre seus princípios e diretrizes não representam um problema. O principal desafio está na 
forma que a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a articulação feita pela extensão 
acontecerá, pois isso será crucial na formação do estudante e na perspectiva de transformação 
social que estas relações trarão. 
Por exemplo, nas ações desenvolvidas na ABS, é necessário o desenvolvimento de 
uma prática de cuidado em saúde que visa a integralidade e que seja centrada nos usuários, 
compreendendo-os como sujeitos autônomos e responsáveis pelas tomadas de decisões no que 
se diz respeito ao processo saúde-doença experienciado por eles. Isso exige, entre outras 
coisas, que o território no qual a futura intervenção do projeto de extensão será desenvolvida 
seja analisado através do olhar da ABS, a qual tem a territorialização e o foco na população 
adscrita com uma de suas principais ações. Isso se torna relevante, pois: 
 
29 
 
 
 
cada comunidade privilegia uma explicação sobre seus problemas de saúde, 
motivando respectivamente certos tipos de ações e reações correspondente à maneira 
específica pensar/agir sobre o seu universo dos problemas de saúde na cultura local; 
e no fato de que existe continuidade entre a maneira pela qual uma comunidade 
percebe e interpreta seus problemas de saúde, desenvolvendo procedimentos 
mediados por suas características socioculturais que entendem possam resolvê-los 
(SANTOS, GIACOMIN, FIRMO, 2019, p. 4277). 
 
Para isso, as metodologias anteriormente apresentadas podem contribuir, pois, 
pressupõe levar em consideração o contexto do sistema de saúde e das políticas públicas que 
fundamentam a intervenção e identificar as demandas da população por meio do diálogo para 
que, a partir daí se possa pensar e propor estratégias pertinentes a serem desenvolvidas a fim 
de contemplar os objetivos do projeto sem negligenciar o contexto e os interesses do público 
alvo. 
Por outro lado, um projeto que propõe uma intervenção que valoriza exclusivamente 
as evidências científicas a respeito dos impactos positivos da atividade física nas DCNTs e 
usa da política pública para justificar sua inserção no território, mas ignora seus princípios, o 
contexto do sistema e não faz um diagnóstico que leve em consideração os interesses da 
comunidade,tende a ser problemático, gerando uma relação limitada no que diz respeito a 
indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão, a qual deixa de ser uma articuladora 
do processo e se torna um item que viabiliza a “transmissão” vertical do conhecimento 
produzido na universidade para a população. 
Assim, esse tipo de intervenção pode ter como impacto a formação de um 
profissional limitado, o qual acredita que a transformação social se dá pela via da mão única 
entre os que supostamente detêm os saberes e uma sociedade sujeitada a eles. Sendo assim, 
dificultando a superação de um dos desafios apresentados pela Política Nacional de Extensão, 
30 
 
 
 
que visa a “mudança social, a superação das desigualdades, eliminando, nesse exercício, 
ações meramente reprodutoras do status quo” (FORPROEX, 2012, p. 39). 
É possível que uma das chaves para evitar esse tipo de extensão e para contribuir 
com a superação desse desafio esteja nas articulações e fundamentações teóricas advindas do 
processo de ensino. Knuth, Silva e Mielke (2018) ao convidar a Educação Física para fazer 
uma releitura das impressões teóricas a respeito da promoção da saúde na área de atividade 
física e saúde, apontam a tendência que a mesma tem em privilegiar ações de cunho 
preventivistas e direcionadas aos indivíduos, no sentido de responsabilizá-los pelas suas 
condições de saúde, se afastando de um olhar crítico que leva em consideração os impactos 
dos contextos do sujeito em suas condições de vida. 
Esta tendência pode estar relacionada com o recrutamento de saberes que valorizam 
exclusivamente as especificidades do núcleo de saber da Educação Física em detrimento dos 
saberes relacionados à dimensão do trabalho no SUS. Ceccim e Bilibio (2007) pontuam que o 
profissional de Educação Física utiliza três tipos de “mochilas” tecnológicas no seu agir em 
saúde, sendo elas: as tecnologias duras, referente aos aparelhos de ginástica, o cronômetro e 
os equipamentos; as tecnologias leve-duras, referente aos saberes bem estruturados e 
fundamentados pela área e protocolos; e as tecnologias leves, que são as utilizada no espaço 
relacional, “em ato” com o usuário. Segundo os autores, isoladamente, as duas primeiras 
tecnologias, restritas nos saberes específicos da área, proporcionam o desenvolvimento de um 
trabalho morto nas ações do profissional de Educação Física na saúde. No entanto, isso pode 
ser modificado através da ressignificação dos saberes que permeiam essas tecnologias, a partir 
da mediação e problematização dos conhecimentos da saúde coletiva e da valorização das 
tecnologias leves, buscando uma aproximação entre os saberes da área com os do SUS, 
gerando um processo de trabalho consistente com o contexto da ABS e necessidades da 
população. 
31 
 
 
 
Reconhecemos que questionar o modelo tradicional não é uma tarefa simples, 
“contudo é justamente esse desprendimento que sinaliza amadurecimento, posicionamento e, 
com divergências possíveis, proporcionará densidade e evolução ao tema Promoção da Saúde 
na Atividade Física e Saúde” (KNUTH, SILVA, MIELKE 2018, p. 4). Desta forma, é 
necessário um novo arranjo para o ensino, que deve passar a ser melhor articulado e 
desenvolvido de forma crítica e pautado por uma literatura que problematiza as relações da 
Educação Física com a promoção de saúde no campo da saúde público, tendo em vista o SUS 
e suas políticas. 
Ressalta-se que, reconhecer e valorizar o ensino como chave para a mudança das 
relações, entre outras ações, significa olhar, refletir e valorizar a elaboração e 
desenvolvimento do currículo. Costa (2019, p. 2) ressalta que “qualquer movimento de 
mudança deve atentar para o currículo como um todo, e não apenas incluir componentes 
curriculares isolados para atender às exigências das diretrizes”. O autor pontua a necessidade 
de superar a fragmentação e a má articulação do currículo buscando o desenvolvimento de um 
currículo integrado, que contemple a promoção de competências profissionais amplas e 
contextualizadas (COSTA, 2019). Isso inclui a valorização do trabalho interprofissional, 
 
onde um profissional da Educação Física não pode desconhecer a história da 
organização do sistema de saúde no país, não pode desconhecer de maneira crítica 
os objetos profissionais das profissões da saúde, não pode desconhecer os recursos 
da vocação da sua profissão na construção da integralidade da atenção à saúde (...) 
(CECCIM, BILIBIO, 2007, p. 59). 
 
Neste sentido, pode ser dado como exemplo a experiência da UNIFESP, Baixada 
Santista, que valoriza uma formação interdisciplinar, o qual estudantes dos cursos de 
Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional 
32 
 
 
 
“compartilham eixos de formação que atravessam os seis semestres iniciais do curso, sendo 
eles: ser humano em sua dimensão biológica; o ser humano e sua inserção social; e a 
aproximação ao trabalho em saúde” (COSTA, 2019, p. 2). 
As presentes relações tendem a contribuir para que os projetos de extensão da 
Educação Física, assim como a atuação do profissional formado, busquem “outros lugares” e 
modos de “ocupação” no sistema de saúde (CARVALHO; CARVALHO, 2018). Isso 
permitirá, entre outras coisas, um olhar mais amplo para as relações sociais e para a forma que 
a população pode se relacionar com as atividades físicas através de práticas mediadas pelo 
sistema de saúde via projetos, o que poderá fazer, inclusive, com que os grupos populacionais 
deixem de ser prioritariamente adultos e idosos, além de possibilitar uma nova abordagem 
para as DCNTs relacionadas à prática de atividade física na ABS. 
Dessa forma teremos um melhor diálogo entre a área temática, o território e os 
grupos populacionais como preconiza a Política Nacional de Extensão Universitária. Assim, a 
extensão, enquanto articuladora do ensino e pesquisa, através do trabalho vivo em ato e 
desenvolvida pelos estudantes em uma realidade objetiva, ganhará contornos de trabalho 
social, contribuindo para a produção de um conhecimento compartilhado e útil a população, 
com potencial para a transformação social. 
 
1.3 Considerações Finais 
 
A extensão universitária é um processo que oportuniza conhecer a realidade local e 
as reais condições de vida da população alvo das intervenções, caminho que potencializa a 
formação dos alunos e os preparam para uma atuação profissional com base na democracia e 
cidadania. 
33 
 
 
 
Neste sentido, a Educação Física no campo da saúde, vem desenvolvendo projetos 
nos territórios adscritos pela ABS que buscam fortalecer as políticas públicas que reconhecem 
as atividades físicas como essenciais na produção da saúde e formar seus profissionais, a fim 
de concretizar um processo de trabalho que vai ao encontro deste reconhecimento. 
O desafio é grande, passando por questões referentes à necessidade de alinhar os 
objetivos básicos da formação com a produção de conhecimento e as disputas entre projetos 
políticos, à necessidade da valorização de novas metodologias e saberes. Desafio que vem 
sendo aceito e enfrentado por docentes e discentes da Educação Física no cotidiano das 
universidades, como poderá ser lido nos relatos que compõem o presente livro. 
 
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37 
 
 
 
2. CAPÍTULO DOIS 
BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO E MALEFÍCIOS DO COMPORTAMENTO 
SEDENTÁRIO NAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS 
 Ana Elisa Messetti Christofoletti 
 Deisy Terumi Ueno 
 
A transição demográfica, processo dinâmico e que ocorre em todo o mundo, 
associado aos avanços tecnológicos, mudanças demográficas, biológicas, sociológicas, 
econômicas e psicológicas, é responsável pelo declínio das taxas de fecundidade e 
mortalidade, no qual houve uma queda nas doenças infecciosas, dando espaço para as 
DCNTs, acarretando assim na diminuição nos casos de morte precoce e morbidades 
(BLOOM, 2011; OMRAM, 2001). 
As DCNTs são doenças multifatoriais de longa duração e que se desenvolvem no 
decorrer da vida. São consideradas um problema grave de saúde pública, sendo responsáveis 
por 63,0% das causas de morte no mundo em 2008, e no Brasil por cerca de 72,5% (BRASIL, 
2015; BRASIL, 2011). Muitas vezes são provenientes da adoção de hábitos de vida ruins, 
como: inatividade física, excesso de comportamento sedentário, má alimentação, uso de 
álcool e drogas. Isto pode gerar maior ou menor preocupação e cuidado conforme o avançar 
da idade e o acúmulo dos hábitos ao longo da vida (MÁSSIMO; SOUZA; FREITAS, 2015). 
Visto que a inatividade física e o comportamento sedentário possuem conceitos 
distintos, sendo a inatividade física caracterizada pelo indivíduo que não atinge as 
recomendações para atividade física, proposta pela Organização Mundial da Saúde, no qual 
adultos devem acumular 150 minutos de exercício físico moderado por semana ou 75 minutos 
de exercício físico vigoroso por semana, sendo que cada sessão deve ter pelo menos 10 
minutos de duração (WHO, 2010). Já o comportamento sedentário é o tempo diário destinado 
às atividades com dispêndio de energia menor que 1,5 METS, realizadas em posição sentada, 
38 
 
 
 
reclinada ou deitada (TREMBLAY et al., 2017). 
Apesar de terem conceitos e implicações distintos, o acúmulo destes hábitos ao longo 
da vida favorecem e agravam as doenças, como: diabetes mellitus tipo 2, obesidade, 
hipertensão arterial, síndrome metabólica, trombose venosa, transtornos mentais e câncer 
(HOWARD et al., 2013; PROPER, et al., 2011; THORP et al., 2010; HAMILTON et al., 
2007). No entanto, estudos demonstram que tais doenças também podem ser prevenidas, 
controladas e/ou tratadas por meio da prática de exercícios físicos e redução do tempo gasto 
em comportamento sedentário, os quais são apresentados a seguir: 
 
2.1 Obesidade 
 
A obesidade, caracterizada pelo o excesso de gordura corporal, está associada a 
diversos fatores, dentre eles a diminuição da taxa metabólica, baixo nível de atividade física, 
excesso de comportamento sedentário, nutrição inadequada, entre outros. Atinge cerca de 
53,8% da população brasileira, sendo mais frequente em mulheres (59,1%) do que em homens 
(55,2%) (BRASIL, 2016), e pode desencadear outras doenças, como: diabetes mellitus, 
hipertensão arterial e síndrome metabólica (MATSUDO; MATSUDO, 2006). 
Um dos tratamentos para a obesidade é praticar exercícios regularmente e uma dieta 
balanceada (LEMMENS et al., 2008). O exercício físico está associado ao controle do peso, 
redução de gordura corporal, manutenção de massa magra, prevenção da recuperação do peso 
anterior, melhora o perfil lipídico e diminui os riscos de DCNTs, portanto, praticar exercícios 
físicos é indicado para pessoas com sobrepeso (MATSUDO; MATSUDO, 2006). 
 Além do exercício físico, estudos demonstram que pausas no tempo de 
comportamento sedentário são eficazes também para aumentar o dispêndio energético, no 
qual indivíduos que realizam mais pausas em atividades sedentárias têm maior gasto 
39 
 
 
 
energético total em comparação com aqueles que não realizam pausas, contribuindo assim 
para um menor ganho de gordura corporal e um maior número de contrações musculares, que 
por sua vez estão associadas ao menor risco de desenvolver alterações prejudiciais em 
marcadores metabólicos (HEALY et al., 2008; LEVINE, 2004). 
Júdice e colaboradores (2015) analisaram as associações de quebras de tempo 
sedentário com obesidade abdominal em 301 adultos portugueses mais velhos, sendo 111 
homens e 190 mulheres (idade média de 74,5±6,78 e 75,0±7,06 anos, respectivamente), e os 
autores verificaram que mulheres mais velhas que costumam fazer mais quebras de tempo 
sedentário têm menor propensão a desenvolver obesidade abdominal, independentemente do 
tempo sedentário total e nível de atividade física. 
 
2.2 Diabetes Mellitus 
 
A diabetes mellitus é uma epidemia mundial e estima-se que a mesma atinge 382 
milhões de pessoas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2015).Ela aparece em 
maior número em países em desenvolvimento e segundo dados do sistema de Vigilância de 
Fatores de Risco para DCNTs - Vigitel de 2016, 27,2% dos idosos possuem diabetes mellitus 
(BRASIL, 2016). 
Estudos demonstram que o exercício físico contribui para diminuição dos fatores de 
risco para o desenvolvimento da doença cardiovascular (aumentado no paciente portador de 
diabetes), através das seguintes alterações: melhora do perfil lipídico, contribuição para a 
normalização da pressão arterial, aumento da circulação colateral, diminuição da frequência 
cardíaca no repouso e durante o exercício. Ainda, independentemente das alterações 
fisiológicas que acompanham o exercício, também ocorrem alterações comportamentais que 
favorecem o cuidado e o autocontrole por parte do paciente, e consequentemente contribuem 
40 
 
 
 
para melhorar sua qualidade de vida (MERCURI; ARRECHEA, 2001). 
Um comportamento que desfavorece indivíduos diabéticos é o tempo sedentário, já 
que o mesmo possui forte associação com esta doença, portanto, é indicado evitar o excesso 
do comportamento sedentário para este público (WILMOT, 2012). 
Dessa forma, a Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda: exercitar-se de 
preferência nos mesmos horários e de preferência no período da manhã, acúmulo semanal de 
150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos de intensidade elevada, devem ser 
realizados exercícios de fortalecimento muscular (ao menos 2-3 vezes na semana), 
flexibilidade (diariamente), exercícios de alta intensidade (ao menos 1-2 vezes por semana) 
(OLIVEIRA; VENCIO, 2014). 
 
2.3 Hipertensão Arterial Sistêmica 
 
A hipertensão arterial sistêmica é reconhecida como um dos principais fatores de 
risco das doenças cardiovasculares cuja prevalência, no Brasil, atinge de 22,0% a 44,0% da 
população urbana adulta, sendo responsáveis por 33,0% de mortes ao ano. Ocorre com maior 
incidência em pessoas obesas, sedentárias e consumidoras de sal e álcool em excesso 
(NEDER; BORGES, 2006; RONDON; BRUM, 2003). 
Intervenções não farmacológicas como a redução do peso corporal, restrição 
alcoólica, abandono do tabagismo e a prática de exercício físico, são recomendadas, pois além 
de possuírem baixo custo e risco mínimo, são eficazes na diminuição da pressão arterial 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 1998). 
O exercício físico promove importantes alterações autonômicas e hemodinâmicas 
que influenciam no sistema cardiovascular, tais como: bradicardia de repouso, diminuição da 
atividade nervosa simpática renal e simpática muscular, assim como o menor débito cardíaco. 
41 
 
 
 
Tais alterações cardiovasculares provocadas pelo exercício são observadas na pressão arterial, 
quando os níveis pressóricos de repouso e durante o exercício submáximo para a mesma 
potência absoluta são reduzidos após o treinamento físico aeróbio (RONDON; BRUM, 2003). 
Mainsbridge e colaboradores (2014) avaliaram o efeito de uma intervenção de saúde com 
duração de 13 semanas destinada a redução de comportamento sedentário prolongado na 
pressão arterial média de funcionários de escritório. O grupo experimental foi composto por 
11 funcionários adultos (idade média de 36,73±12,38 anos) e os autores verificaram que a 
intervenção foi eficaz para reduzir significativamente a pressão arterial média. 
 
2.4 Síndrome Metabólica 
 
Ciolac e Guimarães (2008) em estudo de revisão, verificaram que o exercício físico 
está relacionado a prevenção e tratamento da síndrome metabólica (ou síndrome X), a qual 
caracteriza-se por um grupo de fatores de risco cardiovasculares, como: hipertensão arterial, 
resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose/diabete do tipo 2, obesidade 
central e dislipidemia (LDL - colesterol alto, triglicérides alto e HDL - colesterol baixo), pois 
auxilia no tratamento de outras patologias que estão associadas ao desenvolvimento de 
síndrome metabólica, tais como: diminuição do peso e do acúmulo gordura visceral, aumento 
o C-HDL e melhora da sensibilidade à insulina. 
Bankoski e colaboradores (2011) verificaram que o alto tempo gasto em 
comportamento sedentário está fortemente relacionado ao risco metabólico, independente de 
praticar exercício físico. Ainda, os autores sugerem a redução tempo sedentário total e 
quebras no comportamento sedentário podem diminuir os riscos metabólicos. 
 
 
42 
 
 
 
2.5 Trombose venosa 
 
Um estudo de revisão realizado por Kahn e colaboradores (2008), os autores 
encontraram 9 estudos sobre os benefícios ou riscos da prática de exercício físico por 
pacientes com trombose venosa profunda. Os autores verificaram que o exercício físico é 
seguro para pacientes com trombose e sua prática pode ajudar a reduzir os sintomas agudos, 
melhora da força muscular e pode auxiliar na prevenção ou melhora da síndrome pós-
trombótica. 
Sabe-se que o comportamento sedentário está associado ao aumento do risco de 
desenvolver trombose. Em estudo de Howard e colaboradores (2013), os autores 
demonstraram que maior número de pausas no comportamento sedentário está relacionado a 
uma menor concentração de fibrinogênio no plasma e com a redução de parâmetros de 
volume de sangue que influenciam a viscosidade do sangue, reduzindo assim o risco de 
trombose venosa. 
 
2.6 Transtornos Mentais 
 
Os Transtornos Mentais Comuns abrangem sintomas como: insônia, fadiga, 
esquecimento, irritabilidade, dificuldades de concentração, queixas somáticas e sentimento de 
inutilidade, os quais estão altamente relacionados à depressão não-psicótica, ansiedade e 
sintomas somatoformes, principais características dos Transtornos Mentais Comuns 
(GOLDBERG; HUXLEY, 1992). Sendo mais prevalente em mulheres, indivíduos de cor 
negra ou parda, pessoas com baixo nível de escolaridade, baixa renda, fumantes, doentes 
crônicos e pessoas mais velhas (ROCHA et al., 2011). 
Já é de consenso científico que durante a prática de atividade física ocorre a liberação 
43 
 
 
 
da b-endorfina e da dopamina pelo organismo, propiciando um efeito tranquilizante e 
analgésico, atuando diretamente nos fatores psicológicos (diminuição do estresse, angústia, 
ansiedade, distração, e aumento do prazer, relaxamento, bem-estar, auto eficácia e interação 
social) e fisiológicos (aumento da transmissão sináptica das monoaminas, que supostamente 
funcionam como drogas antidepressivas), contribuindo dessa forma na prevenção e 
recuperação das morbidades psíquicas (REIJNEVELD; WESTHOFF; HOPMN-ROCK, 2008; 
PELUSO; ANDRADE, 2005; MARIN-NETO et al., 1995; BROGAN,1981). 
Atualmente, há muito mais evidências que relacionam o aumento do nível de 
atividade física à melhoria da saúde mental e benefícios psicossociais do que estudos 
verificando os efeitos da redução do comportamento sedentário. Dessa forma, é possível 
especular que o simples fato de reduzir o comportamento sedentário, optando-se assim por um 
comportamento ativo já seria eficaz para melhoria da saúde mental (TREMBLAY et al., 
2010). 
 
2.7 Câncer 
 
De acordo com a International Agency for Research on Cancer (IARC), o câncer 
expressa uma prevalência superior a 50 milhões de casos em âmbito mundial, sendo o câncer 
de mama (15,4%), colorretal (10,4%) e próstata (9,8%) os mais comuns. No ano de 2020, este 
acarretou aproximadamente 9 milhões de óbitos, advindos do câncer de pulmão (18,0%), 
colorretal (9,4%) e fígado (8,3%) (IARC, 2020). No Brasil, além das prevalências e 
mortalidades por câncer acompanharem o cenário mundial, dados do Instituto Nacional de 
Câncer (INCA) demonstram que 72,0% a 95,0% dos pacientes com câncer apresentam 
maiores níveis de fadiga, responsável pela diminuição significativa da capacidade funcional e 
consequentemente na qualidade de vida (INCA, 2000). 
44 
 
 
 
Desse modo, estudos têm demonstrado que a prática de exercício físico regular está 
associada a uma diminuição dos riscos de câncer em até 30,0%, sendotambém uma 
alternativa na preservação das funções fisiológicas e metabólicas, principalmente na 
preparação física e psicológica dos pacientes para enfrentar o tratamento (MOTA; PIMENTA, 
2002; BACURAU; COSTA ROSA, 1997). 
Dados de estudo de coorte prospectivo realizado por pesquisadores do Instituto 
Nacional de Câncer, com 488.720 homens e mulheres com idade entre 50 e 71 anos (linha de 
base de 1995 a 1996), demonstraram que altos níveis de tempo de tela estão associados a 
maior risco de câncer de cólon para homens e mulheres (HOWARD et al., 2008). Nesta 
mesma perspectiva, outros estudos demonstraram que pessoas que passavam boa parte do dia 
sentadas apresentavam maior risco de câncer de endométrio, ovário e mamas quando 
comparadas a pessoas que permaneciam menos horas sentadas por dia (GIERACH et al., 
2009; WOLIN et al., 2007; PATEL et al., 2006; FRIBERG et al., 2006). 
 
2.8 Considerações Finais 
 
A prática de exercício físico e redução do comportamento sedentário são dois dentre 
outros fatores modificáveis de estilo de vida muito importantes, que devem ser incentivados 
como opções simples, eficazes e de baixo custo para melhora da qualidade de vida e 
economia em saúde (EKELUND et al., 2016; HEALY et al., 2008; SANTOS; KNIJNIK, 
2006; GOBBI et al., 2005). Ainda, devido ao alto número de pessoas que não atingem os 
níveis recomendados de atividade física (45,1%) (BRASIL, 2016), a Organização Mundial da 
Saúde criou o Plano de Ação Global para a Atividade Física 2018-2030: Mais Pessoas Ativas 
Para Um Mundo Mais Saudável, que tem como objetivo reduzir em 10,0% a inatividade física 
até 2025 e 15,0% até 2030, mostrando medidas de urgência com relação ao assunto (WHO, 
45 
 
 
 
2018). 
Desta forma, campanhas e programas para minimizar, contrapor e controlar o 
desenvolvimento de DCNTs ao longo da vida devem ser projetados e desenvolvidos. No 
Brasil, o SUS é o principal aliado dessas ações. A partir de políticas públicas, a exemplo da 
PNPS, o sistema vem promovendo a redução da inatividade física nas ações da ABS. No 
entanto, a promoção em larga-escala no âmbito do SUS ainda é apenas uma meta, e não 
realidade. 
Assim, para que haja a mudança deste quadro, precisamos repensar a formação dos 
profissionais da saúde, promovendo também um aumento na discussão e nos planejamentos 
intersetoriais, de forma a intensificar intervenções custo-efetivas, de forma que haja uma 
expansão de vínculos com instituições acadêmicas, engajando-as em todos os níveis de 
planejamento e avaliações, assim como no treinamento dos profissionais de saúde que 
trabalham no SUS, integrando assim o conjunto de iniciativas da ABS referentes ao controle 
do álcool, tabaco, alimentação saudável e exercício físico (MALTA; SILVA, 2014; MALTA 
et al., 2013; SCHMIDT et al., 2011; HALLAL, 2011). 
 
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54 
 
 
 
3. CAPÍTULO TRÊS 
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS, EXERCÍCIO FÍSICO E A 
RELAÇÃO COM A ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE 
Wedson Guimarães Nascimento 
 Erik Vinicius de Orlando Dopp 
 
Toda ação de saúde pública desenvolvida no território nacional tem como base a 
legislação, diretrizes e princípios do SUS. Desta forma, o mesmo se aplica para as estratégias 
que reconhecem e valorizam a prática do exercício físico como fator de proteção para as 
DCNTs, como apontado no capítulo anterior. 
As evidências que comprovam e reforçam essa relação fez com que o SUS, através 
da alteração da Lei nº 8.080 (Legislação do SUS) reconhecesse a atividade física como um 
dos fatores determinante e condicionante da saúde (Lei nº 12.864, de 24 de setembro de 
2013). Nas ações da ABS, as equipes de referência, via Estratégia de Saúde da Família (ESF), 
e equipes de apoio matricial, via Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica 
(NASF-AB) são as responsáveis por promover o envolvimento da população com a atividade 
física. Fazem isso com base nas orientações da PNPS e da Academia da Saúde. 
No entanto, cabe destacar que nas referidas políticas existe uma ampliação dos 
sentidos para a prática do exercício físico, sendo este um tipo de atividade física “planejada, 
estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais 
componentes da aptidão física” (BRASIL, 2013, p. 22). Os textos utilizam os termospráticas 
corporais e atividade física, sendo as práticas corporais compreendidas como forma de 
expressões individuais e/ou coletivas “advindo do conhecimento e da experiência em torno do 
jogo, da dança, do esporte, da luta, da ginástica, construídas de modo sistemático (na escola) 
ou não sistemático (tempo livre/lazer)” (BRASIL, 2013, p. 28) e a atividade física como todo 
“movimento corporal que produz gastos de energia acima dos níveis de repouso” (BRASIL, 
55 
 
 
 
2013, p. 17). 
Esta ampliação busca valorizar a diversidade e formas de se envolver com as 
atividades físicas, contribuindo assim para contemplar as características da ABS que se 
orienta por práticas sanitárias democráticas e participativas com foco no território, visando a 
universalidade, o vínculo contínuo, a integralidade, a humanização e a equidade (BRASIL, 
2006). Isso fica claro, em especial, frente às orientações das políticas ao tratar da promoção 
dessas práticas junto à população e das atribuições do profissional de Educação Física no 
NASF-AB. Nesse contexto, as práticas corporais e atividades físicas devem acontecer por 
meio de aconselhamentos e divulgação, incluindo o incentivo a “melhoria das condições dos 
espaços públicos, considerando a cultura local e incorporando brincadeiras, jogos, danças 
populares, entre outras práticas” (BRASIL, 2014). Ao profissional de Educação Física, cabe 
um processo de trabalho diferenciado, que envolve mediações de cunho dialógico e a partir do 
recrutamento de ferramentas como Apoio Matricial, Clínica Ampliada, Projeto Terapêutico 
Singular, Projeto de Saúde no Território e a Pactuação do Apoio, ferramentas já utilizadas e 
típicas do sistema de saúde brasileiro (BRASIL, 2009). 
Fica claro que não se trata puramente de uma mudança de termos, mas dos sentidos e 
formas de articulação com o sistema de saúde e da relação com a população. A simples 
mudança de termo não é suficiente para contemplar uma abordagem dinâmica com foco na 
comunidade, afinal de contas, a atividade física baseada apenas na ideia de gasto energético, 
por exemplo, como é definida, pouco contribuiria para o desenvolvimento de ações amplas, 
podendo se restringir a estratégias individualizadas e de cunho comportamental, com ênfase 
na redução da inatividade física e do comportamento sedentário. 
Uma vez que o potencial das ações de promoção das práticas corporais e atividades 
físicas para a saúde devem ir “além da mudança comportamental ou do desenvolvimento de 
habilidades pessoais, mesmo que essas sejam indiscutivelmente importantes” (PNUD, 2017, 
56 
 
 
 
p. 207), melhor que o conceito de atividade física seja ampliado. Mesmo que por meio de uma 
fundamentação teórica distinta, é pertinente que na ABS a atividade física se aproxime dos 
sentidos das práticas corporais, e ela passe a ser promovida como uma ação que “envolve 
pessoas se movendo, agindo e atuando em espaços e contextos culturalmente específicos e 
influenciados por uma gama única de interesses, emoções, ideias, instruções e 
relacionamentos” (PIGGIN, 2020, p. 5). 
Neste mesmo sentido, assim como o olhar restrito para a lógica do exercício 
sistematizado e da atividade física puramente como gasto energético pode ser problemático, 
abordar as DCNTs por parâmetros puramente biomédicos também tende a representar 
limitações no contexto da ABS. Isso acontece devido ao fato de que esta “é uma tipologia que 
se assenta no conceito de doença e excluem outras condições que não são doenças, mas que 
exigem uma resposta social adequada dos sistemas de atenção à saúde” (MENDES, 2012, p. 
31). 
O SUS, buscando responder às demandas sociais de saúde em um “cenário 
epidemiológico complexo, onde convivem doenças transmissíveis que persistem, emergem e 
reemergem, com doenças crônicas não transmissíveis de carga crescente, além da elevada 
morbimortalidade por acidentes de trânsito e violências” (JUNIOR, 2019, p. s/p) tem o 
desafio de superar o modelo de organização fragmentado para um modelo de atenção 
contínuo. Para isso, as Redes de Atenção à Saúde, que tem a ESF como coordenadora da 
atenção, surge como resposta para esse contexto nas políticas públicas que compõem o 
sistema (MENDES, 2012; BRASIL, 2010). 
Diferente de uma proposta fragmentada, que se organiza de forma hierarquizada, 
dividindo o sistema em atenção básica, média e alta complexidade, tais redes se apresentam 
como “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades 
tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, 
57 
 
 
 
buscam garantir a integralidade do cuidado” (BRASIL, 2010). 
Nessa proposta, a abordagem das DCNTs passa a ser organizada a partir da noção 
das condições de saúde. Essa perspectiva valoriza um olhar para além das doenças crônicas 
(diabetes, doenças cardiovasculares, cânceres, doenças respiratórias etc), pois reconhece o 
acometimento concomitante de outras condições de saúde associadas à estas doenças, além da 
influência dos ciclos de vida nesse processo. Sendo assim, a abordagem das DCNTs passa a 
ser promovida e articulada como cuidado das condições crônicas, superando o olhar restrito 
ao padrão biomédico das DCNTs e as relacionando com as doenças infecciosas persistentes, 
com as condições ligadas à maternidade e ao período perinatal, com os distúrbios mentais de 
longo prazo; deficiências físicas e estruturais contínuas, as doenças metabólicas; doenças 
bucais; as condições de saúde caracterizadas como enfermidades e com o sofrimento 
relacionado a estas condições (MENDES, 2012). 
Entre as implicações que essa nova dinâmica pode ter para a promoção das práticas 
corporais e atividades físicas nesse contexto, está a necessidade das ações não se limitarem às 
recomendações e orientações padronizadas. Entende-se que as adaptações orgânicas geradas 
com a prática de atividade física não são objetivas no sentido cartesiano, desta forma, 
recomendações únicas que visam proporcionar benefícios para todos devem ser 
problematizadas, tendo em vista questões relacionadas à subjetividade (CARVALHO, 2019), 
inclusive na distinção das respostas emocionais dos sujeitos às doenças. A padronização se 
constitui como um fator limitante para a abordagem das condições crônicas, pois a norma 
pode não contemplar as características, interesses e especificidades do sujeito frente a sua 
condição de saúde, além de secundarizar os processos de relações sociais que contribuem para 
o envolvimento do sujeito e população com essas práticas. 
As intervenções para a promoção das práticas corporais e atividades físicas na 
comunidade não devem ser concebidas como puramente procedimentais, mas como uma 
58 
 
 
 
oportunidade para a produção de vínculos, assim como qualquer ação de saúde via ABS. A 
promoção dessas práticas na comunidade precisa ir ao encontro da perspectiva da promoção 
de saúde e não se restringir ao foco da prevenção de doenças, o que não significa ignorar essa 
possibilidade (PNUD, 2017). 
Importante ressaltar que, levantar estas questões não se trata de negligenciar os 
benefícios do exercício físico e/ou da atividade física como fator de proteção das DCNTs. 
Ampliar o olhar sob a atividade física para o cuidado das condições crônicas não é optar 
exclusivamente por um viés cultural, mas sim, buscar problematizar essas relações frente às 
exigências de sistema de saúde no qual esse benefício é reconhecido, almejando uma 
abordagem integral, que compreende e valoriza as orientações e dinâmicas do sistema de 
saúde. 
Cabe destacar ainda que, essa ampliação e busca pela integralidade das ações de 
promoção das práticas corporais e atividades físicas não se trata simplesmente das formas de 
conceber as práticas, passa também pela questão da intersetorialidade, tipo de conduta 
valorizada e recomendada pelas políticas do SUS, inclusive pela PNPS. Neste sentido, 
documentos como o RelatórioNacional de Desenvolvimento Humano: Movimento é Vida, do 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2017) e o Plano de Ação Global para 
a Atividade Física: Mais Pessoas Ativas Para um Mundo Mais Saudável, da Organização 
Mundial da Saúde (2018), reforçam a necessidade de uma abordagem sistêmica, que valoriza 
a articulação entre escolas, segurança pública, planejamento urbano, transporte, empresas 
entre outros, para favorecer e potencializar intervenções desta natureza. 
Todas essas relações implicam ainda na necessidade de, por parte dos profissionais 
de Educação Física e demais profissionais que compõem as Equipe da Estratégia Saúde da 
Família e NASF-AB, mudanças na representação do processo saúde doença, passando a 
encarar a saúde “como um constructo social determinado historicamente e expresso na 
59 
 
 
 
estrutura e na dinâmica social” (PASQUIM, 2017, p. 80). Assim, será cada vez mais palpável 
e visível ações que incentivam a população a manter uma boa relação com as práticas 
corporais e atividades físicas em suas vidas, e sempre incentivando a vivência de novas 
experiências a partir da busca pelo direito da fruição do lazer, e não pelo suposto dever com a 
prerrogativa exclusiva da prevenção e/ou tratamento das DCNTs (PNUD, 2017). 
Por fim, entende-se que estas relações fazem parte de um processo complexo que 
envolve, entre ou coisas, o engajamento de gestores, profissionais de saúde e população. O 
SUS é o único sistema de saúde universal entre países com mais de 200 milhões de habitantes, 
resiste em um contexto de grande desigualdade social e subfinanciamento que se agrava com 
o avanço das políticas de austeridade fiscal (FUNDAÇÃO OSWALDO, 2019). 
A Emenda Constitucional 95, juntamente com a revisão da Política Nacional de 
Atenção Básica em 2017, a criação do Programa Previne Brasil, do Programa Médicos Pelo 
Brasil e a consequente criação da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária em 
2019, agravam a situação do SUS e inviabilizam o cumprimento de seus princípios e 
diretrizes, afetando diretamente estratégias como as Redes de Atenção à Saúde, a ESF e o 
NASF-AB. Consequentemente, isso tem impactos direto na promoção das práticas corporais e 
atividades físicas na ABS. Esse cenário chama a atenção para novas estratégias de promoção 
da atividade física, como o programa Brasil em Movimento, lançado em 2019, que visa a 
promoção dessas práticas por meio de um aplicativo. Em nota, o Colégio Brasileiro de 
Ciências do Esporte se posicionou contrário à proposta do programa e alertou sobre o 
alinhamento dessa ideia com as políticas de austeridade, que gera limitações dos direitos 
sociais, a precarização do trabalho, a fragmentação, o reducionismo e o ataque ao SUS 
(CBCE, 2019). 
Importante destacar que desde 2017, a partir da reformulação das leis trabalhistas, 
junto a reforma da previdência, a precarização no mundo do trabalho vem aumentando. 
60 
 
 
 
Consonante com isso, o trabalho por aplicativos, sem proteção e direitos, tem sido uma 
alternativa que vem crescendo no país (COLL, 2019). 
 
3.1 Considerações Finais 
 
Consolidado os benefícios do exercício físico para a saúde, em específico no que se 
diz respeito a sua relação com as DCNTs e sendo reconhecido pelo sistema de saúde 
brasileiro, a ponto de, formalmente, tornar a atividade física como um fator determinante e 
condicionante da saúde, e valorizá-la nas políticas públicas do sistema, cabe aos profissionais 
de Educação Física buscar olhar para o SUS, compreendê-lo e adequar os saberes da área às 
necessidades desse sistema. 
É nítida a necessidade do desenvolvimento de um processo de trabalho coerente e 
consistente, que atenda as demandas e necessidades do sistema e da população. Atualmente, 
isso significa ampliar o olhar para os sentidos e formas de se promover as práticas corporais e 
as atividades físicas, avançando na sistematização das práticas e intervenções que se 
restringem a redução da inatividade física e do comportamento sedentário. Além disso, deve-
se buscar o desenvolvimento de estratégias de promoção que estejam alinhados com a noção 
das condições de saúde, assim, podendo dar destaque para os benefícios dessas práticas 
associando-as às condições crônicas. 
Desta forma, o profissional ter a compreensão das ferramentas da ABS, da 
territorialização, do apoio matricial e do desenvolvimento de um projeto terapêutico singular, 
entre outras ferramentas, contribui para o êxito das ações desenvolvidas no território. Cabe 
destacar que as dificuldades para desenvolver um processo de trabalho consistente com a ABS 
é um desafio para todos os profissionais de saúde. 
Ademais, é crucial que a defesa do SUS faça parte das ações dos profissionais de 
61 
 
 
 
saúde, inclusive da área de Educação Física. Se manifestar e lutar contra o avanço das 
políticas de austeridade, que ataca, reduz e/ou retira os direito da população, é imprescindível. 
Como destaca o professor Gastão Wagner Campos em entrevista, no sistema de saúde inglês, 
que tem 90 anos, os profissionais de saúde foram protagonistas em sua defesa, foram os 
trabalhadores da saúde que buscaram apoio na sociedade e encontram. Nas palavras do 
professor, “se deixar por conta dos governantes, aí eu sou pessimista” (FUNDAÇÃO 
OSWALDO, 2019). 
 
Referências 
 
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8.080, de 19 de setembro de 1990, incluindo a atividade física como fator determinante e 
condicionante da saúde. Diário Oficial da União; 24 set 2013. 
 
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Secretaria-Executiva. 1. ed., 2. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 
 
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doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022. Versão Preliminar. 
Brasília: Ministério da Saúde; 2011. 
 
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Básica. Brasília: (160 p.) Ministério da Saúde, 2009. 
 
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Brasília: MS; 2014. 
 
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Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), dez. 2010. 
 
CARVALHO, F. F. B. Recomendações de atividade física para a saúde (pública): reflexões 
em busca de novos horizontes. Abcs Health Sciences, Santo André, v. 44, n. 2, p. 131-137, 
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CBCE. COLÉGIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE (Porto Alegre). Carta de 
repúdio ao programa Brasil em Movimento do Governo Federal. 2019. Disponível em: 
<http://www.cbce.org.br/upload/biblioteca/carta%20rep%C3%BAdio%20programa%20Brasil
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COLL, L. Aumento da miséria extrema, informalidade e desigualdade marcam os dois 
anos da Reforma Trabalhista. 2019. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/ju/ 
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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Cee-fiocruz. Gastão Wagner: ‘Se a sociedade brasileira 
não pelejar pelo SUS no cotidiano, o sistema ficará mais ameaçado’. Rio de Janeiro. 2019. 
Disponível em: <https://cee.fiocruz.br/?q=node/1078>. Acesso em: 18 nov. 2019. 
 
MENDES, E. V. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativoda consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília: Organização Pan-Americana da 
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PASQUIM, H. M. Lazer na área de drogas: construção coletiva de crítica e de práticas 
emancipatórias. 2017. Tese (Doutorado em Cuidado em Saúde) - Escola de Enfermagem, 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.7.2017.tde-28062017-083922. 
Acesso em: 13 jan. 2020. 
 
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Policy Makers. Front Sports Act Living, [S.L.], v. 2, p. 1-7, 18 jun. 2020. 
 
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Atividades físicas e esportivas para todas as pessoas, 2017. 
 
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65 
 
 
 
4. CAPÍTULO QUATRO 
HISTÓRIA DO PROJETO PROSAÚDE (2010 – 2016) 
 Jamilly Ferreira Cardoso 
 Maria Laura de Souza Leite 
 Jean Augusto Coelho Guimarães 
 
O grupo de estudos e extensão vinculado ao projeto PROSAÚDE foi criado em 2010 
pela prof.ª Ma. Elisângela Silva, professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - Campus Muzambinho e registrado 
no Núcleo Institucional de Pesquisa e Extensão, devido à necessidade de ofertar a prática de 
atividade física para a população em geral. Na época, a cidade estava passando por um 
período de transição política e havia deixado de ofertar programas de atividade física aos 
moradores da cidade. Deste modo, o projeto PROSAÚDE deu início em suas atividades no 
Centro de Ciência Aplicadas à Educação e Saúde (CeCAES), vinculado ao IFSULDEMINAS, 
e nas USF de Muzambinho. 
A princípio o grupo tinha como objetivo ofertar atividade física orientada por 
graduados e graduandos em Educação Física, a qual era direcionada para o público em geral. 
Entretanto, havia uma atenção especial e bem direcionada para os grupos de risco, como 
diabéticos, hipertensos, com problemas osteoarticulares e outras doenças crônicas. As aulas 
assim como todas as atividades desenvolvidas tinham um embasamento teórico científico, 
cujo aprendizado acontecia por meio dos diálogos do grupo de estudos ministrado pela 
própria prof.ª Elisângela, no qual eram apresentados artigos científicos específicos 
relacionados à atividade física e suas variáveis relacionadas à saúde. Assim, aliando teoria e 
prática, as atividades desenvolvidas caracterizavam-se em ginástica geral, dança e atividades 
multicomponentes, as quais englobavam todas as capacidades físicas, como a aeróbia, força, 
flexibilidade, coordenação motora, agilidade, velocidade e equilíbrio dos participantes do 
projeto. 
66 
 
 
 
A coordenadora do PROSAÚDE relatou durante uma entrevista semiestruturada, 
alguns acertos e erros do projeto, sendo que os principais acertos foram “levar a prática de 
atividade física nos locais de atendimento do público-alvo”, bem como as ações que foram 
desenvolvidas nas USF, nos grupos criados nos bairros Cohab, Alto do Anjo e na Praça dos 
Andradas, localizada no centro da cidade, onde também havia sido implementada uma 
estratégia pública, conhecida como Academia ao Ar Livre. Acerca dos principais erros “o 
envolvimento de uma equipe grande no desenvolvimento do projeto PROSAÚDE, não 
havendo uma boa harmonia entre os mesmos e também a falta de propaganda e divulgação 
do mesmo, bem como das atividades ofertadas.”. 
Durante a execução do projeto, houve vários feedbacks relatados tanto pelos 
participantes, os quais apontavam melhorias na saúde física, mental e social, quanto pelos 
médicos das ESF que verbalizaram a melhora dos pacientes que participavam do projeto. A 
professora fundadora do projeto fala sobre um relato que a sensibilizou: “Um relato em 
especial foi de um senhor asilado com algumas limitações físicas. O acontecimento se deu 
durante uma atividade de boliche, em que o mesmo ao arremessar a bola acertou todos os 
pinos. No ocorrido, o senhor se emocionou muito, contagiando a todos no local”. 
A importância da implantação do projeto se justificava pelos vastos benefícios 
gerados para a população, estando relacionados à saúde mental e física, e interação social, 
ressaltando as experiências adquiridas por todos envolvidos no projeto, que além dos 
anteriormente citados graduados e graduandos, também tinha voluntários, professores do 
curso de Educação Física, coordenadores do curso e da saúde municipal, além das equipes 
multiprofissionais das ESF. Deste modo, o projeto PROSAÚDE teve um ótimo engajamento 
dos envolvidos e ótima aceitação na comunidade, conquistando assim participantes “fiéis às 
aulas”. 
Após um período de atividades do projeto, o mesmo sofreu alterações e foi 
67 
 
 
 
configurado em um Programa Esporte e lazer da Cidade, ainda coordenado pela prof.ª 
Elisângela. Porém, no segundo semestre de 2014, o PROSAÚDE voltou a ativa, dessa vez 
com foco nas ESF e usuários. O retorno aconteceu devido à chegada da Prof.ª Dra. Priscila 
Missaki Nakamura, para integrar o corpo docente do CECAES, a qual tinha experiência na 
coordenação do Programa de Exercício Físico nas Unidades de Saúde - PEFUS, um projeto 
que era executado pelo Núcleo de Atividade Física, Esporte e Saúde (NAFES), vinculado à 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho na cidade de Rio Claro-SP. 
Em entrevista com a Prof.ª Priscila, há o relato acerca da necessidade do projeto para 
a população: “A maior necessidade foi em relação ao nível de atividade física da população 
que é muito baixo. Sabemos que o nível de atividade física baixo está relacionado às diversas 
doenças e esse baixo nível de atividade física é característico em pessoas com baixa renda e, 
para que a gente consiga atingir essa população, optamos por atuar nas unidades básicas de 
saúde que são construídas estrategicamente em regiões de população mais pobres”. 
Assim, o objetivo do projeto seguiu na mesma vertente já citada, sendo aumentar a 
prática de atividade física da população, consequentemente melhorando a qualidade de vida 
da mesma. As aulas aconteciam duas vezes por semana com duração de uma hora cada, na 
qual eram promovidas atividades físicas sistematizadas com exercícios relacionados às 
capacidades funcionais. Todas as atividades aplicadas seguiam um referencial teórico 
estruturado em uma periodização de treinamento sendo construídas como se fossem 
microciclos de aulas. “Então temos semanas em que eles trabalham com uma carga maior, 
volume maior de exercícios aeróbios e menos de exercícios de força e coordenação, e na 
outra semana o processo inverte, tendo mais trabalho de força, agilidade, coordenação e 
menos de resistência cardiovascular. Utilizamos dessa periodização por ter funcionado muito 
bem em Rio Claro-SP”, disse a entrevistada. 
Também foi relatado durante a entrevista sobre uma pequena mudança nos planos de 
68 
 
 
 
aula, sendo que no ano de 2016 uma unidade de saúde teve suas atividades voltadas para as 
práticas corporais, sendo aplicadas atividades diferentes das pré-estruturadas na 
sistematização, as quais não eram atividades organizadas sob um viés das capacidades físicas. 
Além das práticas corporais, havia o estímulo aos diálogos entre professorese participantes 
em relação a estes conseguirem identificar locais de lazer para praticar atividade física e o que 
poderiam fazer para ocupar esses espaços, principalmente na comunidade próxima de suas 
residências. 
Durante a execução do projeto foi possível perceber a aproximação dos estagiários 
com as coordenadoras das unidades de saúde, “o que foi uma grande vantagem, pois os 
estagiários tiveram oportunidades de ministrar palestras e se tornarem parte da unidade, ao 
passo que em Rio Claro, essa aproximação não havia sido tão efetiva”. Devido a essa boa 
convivência, eventos foram realizados a fim de chamar a atenção da população e estimular a 
adesão de alunos, sendo um grande marco para o projeto. 
A coordenadora prof.ª Priscila fala sobre os erros, como: “Ter ofertado o projeto 
para todas as unidades de saúde de Muzambinho, já no segundo ano. Isso foi ruim 
politicamente, porque o secretário de saúde enxergou que estávamos conseguindo atender a 
população de Muzambinho e quando a gente pediu um profissional de Educação Física 
contratado, que é o certo, eles recusaram alegando que nós já estávamos fazendo isso.” 
Contudo, pelo projeto ter uma boa integração com a comunidade, quando ele parou de atingir 
todas as unidades, os praticantes foram até a secretaria de saúde atrás de uma resposta, as 
quais não foram satisfatórias. A prefeitura contratou estagiários do curso de Educação Física 
para atuarem nas USF. “Isso a meu ver é muito ruim, porque são estagiários sem supervisão 
de nenhum outro profissional, sem saberem o que fazer caso alguém passe mal, como uma 
crise de hipoglicemia, por exemplo. Esses fatores são impasses que estamos tentando 
resolver, mas no momento que falamos que as atividades iam parar, os usuários se reuniram 
69 
 
 
 
e foram na secretaria reclamar, abraçando a ideia também”, relatou a entrevistada. 
 
4.1 Considerações Finais 
 
Diante dos relatos narrados anteriormente, é notório que o projeto foi estruturado 
com o intuito de levar um estilo de vida mais ativo para a população, sendo que muitas das 
ações foram executadas através da participação de graduados e graduandos do curso de 
Educação Física do IFSULDEMINAS, Muzambinho-MG. Essas ações trouxeram grandes 
benefícios para todos os envolvidos, visto que os discentes puderam ter contato mais próximo 
com uma das áreas de atuação profissional, aliando teoria à prática e vice-versa, além de que 
os usuários puderam se tornar mais ativos no lazer, aproximando-se das melhorias nos 
aspectos físicos, psíquicos e sociais, as quais ficarão evidentes no capítulo sete. 
Sendo assim, torna-se indiscutível a importância de que os profissionais de Educação 
Física estejam cada vez mais capacitados para trabalhar com atividades de caráter 
sistematizado, as quais consigam englobar todas ou a maioria das capacidades físicas dentro 
de uma estrutura de aulas. Entretanto, ainda se faz necessário que haja reconhecimento das 
autoridades gestoras, principalmente municipais, sobre a importância de estimular um estilo 
de vida mais ativo da população. Esse fortalecimento das ações pode e deve ocorrer por meio 
de parcerias entre o município, secretaria municipal de saúde e de esporte, contratação de 
profissionais da Educação Física e a aproximação de projetos, por exemplo o PROSAÚDE, 
assim como de Instituições de Ensino Superior. 
 
 
 
 
 
70 
 
 
 
5. CAPÍTULO CINCO 
INTERVENÇÕES DO PROJETO PROSAÚDE 
 Jean Augusto Coelho Guimarães 
 Erik Vinícius de Orlando Dopp 
 Priscila Missaki Nakamura 
 
Atualmente vemos o crescimento de estratégias voltadas à promoção de saúde nos 
mais diversos contextos e populações existentes. Sabendo dos efeitos positivos da prática 
regular de atividade física, as variadas intervenções têm por objetivo a modificação e 
regulação da composição corporal, metabolismo lipídico e glicídico, pressão arterial, 
densidade óssea e no controle hormonal (BRAITH; STEWART, 2006; DUMITH, 2009). 
Além disso, há as melhorias nos fatores sociais, mentais e comportamentais do indivíduo 
praticante de atividade física. 
Conforme foi mencionado no capítulo seis, o projeto PROSAÚDE surge ao encontro 
dos objetivos supracitados, buscando elucidar e proporcionar à população de Muzambinho, no 
sudeste de Minas Gerais, os benefícios a partir da prática sistematizada de atividade física, as 
quais eram ministradas por alunos do curso de Educação Física do IFSULDEMINAS. Para 
essas ações, os alunos tinham o acompanhamento de uma professora coordenadora do projeto, 
sendo que este ofertava aulas práticas na comunidade atendida, além do Grupo de Estudos e 
Pesquisa Extensão em Educação Física e Saúde (GEPEEFS) direcionado ao aprimoramento 
das ações executadas, participação em congressos científicos e atendimentos aos alunos em 
horários extra-aula. 
As atividades do projeto eram planejadas seguindo os princípios de periodização de 
treinamento, dispostos em quatro ciclos semanais com exercícios cardiorrespiratórios e 
neuromotores, visando o desenvolvimento das capacidades físicas (Agilidade, Coordenação 
Motora, Equilíbrio, Flexibilidade, Força, Resistência Aeróbia e Velocidade). Como forma de 
aplicar os conteúdos das aulas, eram utilizadas diversas estratégias visando atingir o resultado 
71 
 
 
 
pretendido pela atividade, por meio da dança, dos jogos e brincadeiras, esportes, circuitos de 
atividades, relaxamentos dentre outros. Todas as aulas se configuravam por (i) parte inicial - 
alongamentos e aquecimentos; (ii) parte principal - atividades moderadas (12-13 BORG e 
70% FC reserva) e (iii) parte final - volta à calma (KOKUBUN et al., 2007; NAKAMURA et 
al., 2010). 
Os bolsistas e estagiários participantes eram os responsáveis pelo planejamento das 
aulas a serem ministradas, sendo que a orientadora e responsável pelo projeto, acompanhava a 
montagem das mesmas, evidenciando e corrigindo possíveis metodologias, buscando a 
melhor aplicação e execução das atividades. Como as aulas ocorriam em ambiente fora da 
instituição de ensino, os responsáveis pela aula deveriam ser também os responsáveis pelos 
materiais utilizados em suas intervenções. Como se tratava de um projeto que apresentava 
parceria entre o IFSULDEMINAS e a prefeitura municipal, os materiais eram retirados da 
próprio Instituto Federal a partir de liberação da coordenação do curso. 
Frente a isso, uma das propostas para realização das práticas foi a utilização de 
materiais alternativos como garrafas, bastões, elásticos, entre outros e a realização de 
atividades em espaços públicos como praças, quadras do bairro e gramados. Essa finalidade se 
deu pelo pensamento de dar aos alunos formas de maior acesso à materiais que podem ser 
construídos em casa, a fim de incentivar a realização de atividades fora do espaço das aulas, 
por exemplo, momentos ociosos em sua casa. Outro fator importante foi a descentralização 
das práticas dos ambientes de saúde, que eram as USF, fazendo com que os beneficiários do 
programa visualizassem outros ambientes que também pudessem ser utilizados para a prática 
de atividade física e hábitos mais saudáveis. 
A equipe responsável pelo projeto contava com nove indivíduos, sendo dois alunos 
com bolsas de extensão financiadas pela própria instituição, um aluno financiado com bolsa 
de iniciação científica por órgão de fomento, cinco alunos voluntários e a professora 
72 
 
 
 
orientadora/coordenadora do programa. As aulas ocorriam duas vezes por semana, 
normalmente nas terças e quintas, com duração de uma hora, preferencialmente no período da 
manhã. Atendia amplamentea população da cidade, com atividades realizadas vinculadas a 
cinco USF, sendo que em uma delas, a proposta de atividades era pautada no referencial mais 
próximo da saúde coletiva, a partir do discurso e apropriação das práticas corporais como 
estratégia condutora da intervenção. 
O público predominante nas atividades era de mulheres, na faixa-etária entre 45 e 60 
anos de idade, sendo que os adultos mais velhos e idosos eram a maior porcentagem e, o 
número de frequentadores por USF variava entre 10 e 15 alunos por aula, média considerada 
interessante para intervenções no contexto da ABS. Ademais, a própria instituição oferece 
diversos projetos de extensão, com as mais diversificadas modalidades e horários para 
frequentadores, fazendo com que a população que se beneficiava deste programa fosse aquela 
que não tinha formas de locomoção e moravam mais próximo a uma unidade de saúde. 
Como forma de controle de fatores influenciadores na realização de atividade física, 
era aferida a pressão arterial dos participantes no início de cada aula. Além disso, no final das 
aulas havia um diálogo entre os estagiários e usuários sobre as recomendações de atividade 
física e comportamentos saudáveis, além de questões que poderiam surgir durante os próprios 
diálogos, como dúvidas dos mesmos. O fim das aulas era marcado por uma dinâmica que 
buscava evidenciar a união do grupo e iniciar o dia de uma forma mais positiva. Todos se 
juntavam no meio do espaço, de mãos dadas, formando uma roda, que na contagem de um, 
dois, três, todos levantavam suas mãos, se aproximavam e davam um grande e forte “bom 
dia”, seguido da sensação de alegria, bem-estar e acolhimento. 
Para que todos os envolvidos no processo pudessem ter um feedback das aulas e 
atividades realizadas, eram executadas avaliações trimestrais, utilizando a bateria da 
American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance para avaliar as 
73 
 
 
 
capacidades funcionais e medidas de composição corporal, como circunferência abdominal, 
quadril, peso e estatura (OSNESS et al., 1990). 
Já o grupo de práticas corporais, atendia apenas uma das USF da cidade, já que este 
veio a ser implementado de maneira experimental no ano de 2016. Trabalhava a partir do 
discurso da saúde coletiva na qual, entendia as práticas corporais na compreensão da saúde 
como um processo ao invés da ausência de doença, na priorização da vida com qualidade, na 
defesa do posicionamento político em torno de relações sociais mais equitativas (BUSS, 
2003). 
Ainda que buscando atingir objetivos funcionais da atividade física, as ações 
desenvolvidas neste grupo se apresentavam de maneira a ampliar o leque de possibilidades 
existentes no contexto de intervenção. Por meio de atividades pautadas nos jogos e 
brincadeiras, esportes, danças, ginásticas, entre outros, buscava-se a formação de um 
indivíduo autônomo, que percebe seu entorno e se qualifica através do contexto e das 
necessidades pessoais e de caráter comunitário (CARVALHO; NOGUEIRA, 2016). 
 
5.1 Considerações Finais 
 
As ações de extensão universitária, como o projeto PROSAÚDE, se configuram de 
maneira importante em diversos aspectos, evidenciando impactos desde sua construção dentro 
do contexto das Instituições de Ensino Superior até a população atendida na comunidade. 
Visando oportunizar aos discentes um espaço de aprendizado unindo teoria e prática, as 
intervenções como a supracitada, proporcionam a aproximação dos estudantes ao campo da 
saúde pública, através do acesso à ABS, rotina dos profissionais ali situados e o papel da 
Educação Física no contexto da Atenção Primária à Saúde, identificando e implementando 
novas possibilidades. 
74 
 
 
 
Tais oportunidades são evidenciadas nas ações na comunidade atendida pelo projeto 
de extensão. A oferta da atividade física, através de ações bem estruturadas, coloca a 
disposição da população conhecimentos acerca de hábitos saudáveis e dos benefícios 
biopsicossociais advindos de um estilo de vida mais ativo. Para mais, a troca mútua entre a 
aproximação dos discentes com a população atendida, tende a torná-los profissionais mais 
conscientes e que visem compreender os impactos que a prática de atividade física gera nos 
diversos domínios da qualidade de vida e bem estar de seus praticantes. Da mesma forma, a 
população deverá se sentir incentivada a inserir a atividade física em seu dia a dia e em sua 
vida, visualizando o contexto comunitário como um espaço de apropriação de saúde. 
 
Referências 
 
BRAITH, R. W., STEWART, K. J. Resistance exercise training. Its role in the prevention of 
cardiovascular disease. Circulation, v. 113, n. 22, p. 2462-2450, 2006. 
 
BUSS, P. M. Uma introdução ao conceito de promoção da saúde. In: CZERESINA, D.; 
FREITAS, C. M. (orgs.). Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: 
Fiocruz, 2003. 
 
CARVALHO, F. F. B. de; NOGUEIRA, J. A. D., Práticas corporais e atividades físicas na 
perspectiva da Promoção da Saúde na Atenção Básica. Ciênc. Saúde Colet, v. 21, n. 6, 
p.1829-1838, 2016. 
 
DUMITH, S. C. Atividade física no Brasil: uma revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, 
v.25, Supl. 3, p. S415-S426, 2009. 
75 
 
 
 
 
KOKUBUN, E. et al. Programa de atividades físicas em unidades básicas de saúde: relato de 
experiência no município de Rio Claro-SP. Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 12, n. 1, p. 45-53, 
2007. 
 
NAKAMURA, P. M. et al. Programa de intervenção para a prática de atividade física: Saúde 
Ativa Rio Claro. Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 15, n. 2, p. 128-132, 2010. 
 
OSNESS, W. H. et al. Functional Fitness Assessment for adults over 60 years. Functional 
fitness assessment for adults over 60 years: a field based assessment. Am J Health Educ, p. 
1-24, 1990. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
 
 
 
6. CAPÍTULO SEIS 
O PROSAÚDE SOB O OLHAR DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE SAÚDE DA 
ATENÇÃO BÁSICA, ESTAGIÁRIOS E USUÁRIOS DO PROJETO 
 Jean Augusto Coelho Guimarães 
 Ana Elisa Messetti Christofoletti 
 Erik Vinícius de Orlando Dopp 
 Jamilly Ferreira Cardoso 
 Maria Laura de Souza Leite 
 Priscila Missaki Nakamura 
 
Este capítulo tem o intuito de dar voz a coordenadora de saúde, quatro enfermeiras, 
cinco ACS considerados boas referências, além de quatro estagiários do curso de Educação 
Física do IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho-MG e oito usuários do projeto, 
considerados participantes assíduos das ações. Todos foram convidados a expressarem suas 
opiniões acerca da saúde pública da cidade e do projeto de extensão PROSAÚDE. Para isso, 
foi realizada uma entrevista semiestruturada, a qual foi gravada individualmente e transcrita 
na íntegra e, para as análises dos dados, foi utilizado o método de codificação simples 
(BOGDAN; BIKLEN, 1994), sendo os resultados apresentados a seguir. 
 
6.1 Coordenadora das Unidades Básicas de Saúde 
 
A coordenadora das unidades, no ano de 2017, relatou que o primeiro contato com o 
projeto PROSAÚDE foi a partir da Profª. Drª. Priscila Nakamura, que a procurou para 
“...expor o projeto e fazermos uma parceria com o secretário de saúde”. Por um lado, foi dito 
que a relação entre a prefeitura e o PROSAÚDE era boa, entretanto havia algumas 
dificuldades, como a falta materiais ofertados pela prefeitura e, em alguns casos, a falta de 
local adequado para a realização das atividades. Por outro lado, apesar dos problemas, ela 
considerava a intervenção bastante relevante, pois contribuía para a saúde da população, 
77 
 
 
 
assim como para o aprendizado e aproximação dosestagiários do curso de Educação Física da 
cidade com a população idosa, visto que o número de idosos tende a aumentar ao longo das 
próximas décadas, tanto no Brasil, quanto no mundo (WHO, 2018). 
É preciso ressaltar que a coordenadora não acompanhou o projeto no dia a dia, mas 
acreditava que este contribuía para o bem-estar, diminuição da pressão arterial e controle da 
diabetes dos participantes, visto que a atividade física é apontada como uma prática, a qual 
proporciona diversos benefícios para a saúde, como citados pela coordenadora 
(REIJNEVELD; WESTHOFF; HOPMN-ROCK, 2008; PELUSO; ANDRADE, 2005). A 
entrevistada também relatou que o sistema de saúde é de extrema importância para a saúde da 
população, pois independe da condição financeira e muitas pessoas necessitam desse serviço. 
Ademais, ela mostrou conhecer sobre o SUS e os direitos dos cidadãos, mas relata os 
problemas que são encontrados em Muzambinho. 
 
Porém, como há uma grande demanda, tudo isso só é possível com agilidade, se o 
governo investir todas as verbas corretamente. Em Muzambinho-MG, a saúde pública 
é desenvolvida em cinco unidades de ESF, dois Ambulatórios (um no centro e outro 
no Alto do Anjo), Centro de Saúde Bucal, assim como o Hospital também oferecem 
serviços realizados pelo SUS (COORDENADORA USF, 2016). 
 
Já com relação à atividade física, ela acredita que gestores e coordenadores devem 
mostrar ao prefeito as melhorias que essa atividade acarreta para a população, incentivando a 
contratação de profissionais de Educação Física para que o projeto possa continuar. Sendo 
assim, a coordenadora na época, afirmou reconhecer a importância do projeto para a 
população local. 
 
 
78 
 
 
 
6.2 Enfermeiras (os) 
 
Frente aos olhares de outro grupo presente nas intervenções, enfermeiras (os) 
executam uma importante função dentro da ABS, nas USF, pois supervisionam e gerenciam o 
trabalho realizado em toda a unidade, desde o atendimento médico, procedimentos executados 
pelos técnicos de enfermagem e ações dos ACS, assim como os demais membros da equipe 
multiprofissional, como nutricionista, psicólogo, profissional de Educação Física. Além disso, 
realizam a triagem inicial de todos os pacientes que buscam pelo serviço de saúde, através de 
acolhimento com escuta qualificada e aplicação da classificação de risco, pois dessa forma 
conseguem encaminhar o paciente para o serviço especializado adequado. Em adição, buscam 
promover ações em grupo como hipertensos, diabéticos, vacinação, saúde da mulher, saúde 
do idoso e acolher as famílias vinculadas às USF (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
Para a inserção do PROSAÚDE dentro das USF, além do contato com os 
coordenadores da saúde e da ABS, houve a aproximação com cada enfermeira para expor os 
objetivos do projeto e as melhores formas de implementação. Essa aproximação ocorria por 
meio da coordenadora do próprio projeto junto aos estagiários, os quais sempre eram expostos 
a essas ações de estabelecimento de diálogos, a fim de se apropriarem cada vez mais das 
características da ABS e do entorno das USF, bem como das ações já desenvolvidas pelas 
equipes ali dispostas. Logo, esse diálogo, tanto inicial quanto ao longo do trabalho, é de suma 
importância para consolidar as ações dos profissionais e estagiários de Educação Física 
relacionadas à atividade física para os usuários atendidos nessas unidades de saúde. 
Sob o olhar das enfermeiras, a saúde pública desenvolvida na cidade de 
Muzambinho-MG conta com um “sistema bem estruturado, se comparado a outros 
municípios da região, porém ainda existem pessoas que não tem o acesso a todos os serviços 
desse sistema”. Por isso, “as USF precisam sempre buscar as melhores condições de saúde 
79 
 
 
 
para ofertar à comunidade, visando o bem de todos através da prevenção, dos ACS, das 
consultas e das ações em enfermagem”, visto que tais condições estão inseridas dentro do 
papel primário em atenção e cuidados à saúde dos indivíduos. 
Já sobre a política do SUS e suas diretrizes, elas relatam que são muito bem escritas e 
embora existam inúmeras dificuldades em sua implementação, “seria muito pior sem”, pois 
“pode ser a única opção de algumas pessoas”. Visto que a população precisa de um 
atendimento de qualidade, as USF estabelecem um acompanhamento em longo prazo com os 
indivíduos do seu entorno, sendo que em Muzambinho-MG, os principais atendimentos são 
destinados aos usuários hipertensos, diabéticos, os que fazem uso de remédios controlados, 
ressaltando que em uma das unidades são contabilizados 500 indivíduos com hipertensão 
arterial sistêmica. Por isso, mesmo com os cuidados e orientações de prevenção à saúde já 
desenvolvidos pelas unidades e suas equipes, as enfermeiras relatam que “a população ainda 
procura os atendimentos quando já estão doentes”, evidenciando que toda ação para 
promoção e prevenção da saúde é válida e, necessária; reconhecendo que “a maioria dos 
usuários é carente de lazer e práticas que fogem à rotina deles”. 
Nesse sentido, o projeto PROSAÚDE é considerado uma ação de suma importância, 
pois além de aproximar a atividade física de um ambiente que geralmente é procurado para 
tratar doenças crônicas e agravos não transmissíveis, o mesmo pode se tornar um ponto de 
referenciamento dos multiprofissionais das unidades. Com isso, os usuários podem ser 
direcionados a um ambiente que os estimulem a adotar novos hábitos, assim como aumentar a 
prevenção e reduzir os efeitos dessas doenças à saúde, por meio do aumento do tempo da 
prática de atividade física. Ademais, na percepção das enfermeiras, o projeto potencializa o 
trabalho preventivo que é de responsabilidade das USF, “aproximando ainda mais os usuários 
do sistema de saúde e auxiliando também no desenvolvimento da própria unidade”. 
Dentre os benefícios gerados por meio do projeto, apontados na entrevista, as 
80 
 
 
 
enfermeiras citaram a maior socialização, comunicação entre usuários e unidade de saúde, 
controle de doenças como hipertensão, diabetes e obesidade, sendo promovidos por “aulas 
dinâmicas e atividades diferenciadas”, as quais tinham por característica “chamar os alunos 
para a prática”. Entretanto, as dificuldades existentes eram relacionadas à falta de áreas 
físicas apropriadas à atividade física, materiais específicos, divulgação, mais diálogo entre 
projeto e unidade, além da oferta de mais horários de aulas para a população. 
Em adição, mesmo a prefeitura sempre expondo seu reconhecimento e importância 
do projeto para a comunidade, os problemas financeiros geralmente afetam a continuidade do 
projeto, assim como a oferta do mesmo em todas as unidades de saúde. Isto, em muitos casos, 
pode levar a uma descontinuidade do projeto, mesmo com a parceria entre prefeitura e 
Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão, sendo que esse desdobramento afeta os usuários, 
pois “quando o projeto parou de ser ofertado pelos estagiários do curso de Educação Física 
do IFSULDEMINAS, os moradores da comunidade, até então alunos do PROSAÚDE, 
ficaram sem nenhuma prática de atividade física”. 
Dessa forma, tais relatos apontam que os projetos semelhantes ao PROSAÚDE, 
precisam ser adaptáveis a cada realidade, sendo implementado por meio de um diálogo sólido 
entre Instituição de Ensino Superior, prefeitura e gestores/equipes de saúde, para que uma vez 
inseridos na comunidade, haja a manutenção e continuidade em longo prazo. Um dos grandes 
desafios vividos dentro do projeto era de não apenas levar as aulas com diversas práticas de 
atividade física para a população, mas fazê-la reconhecer como poderia ser mais ativa, 
apropriar do seu ambiente habitado, identificar espaços públicos e outras possibilidades que a 
levasse à manutenção dessas práticas. 
 
 
 
81 
 
 
 
6.3 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) 
 
Dentre os profissionais de saúde atuantes na USF, evidenciam-se os ACS, sendo 
estes muitas vezes vistoscomo um dos possíveis facilitadores das inter-relações nas 
estratégias de promoção de saúde na comunidade, devido ao permanente contato com a 
população e com o setor de saúde municipal. Ao representar a comunidade, o ACS aproxima 
o saber técnico-científico das Equipes da Estratégia Saúde da Família ao saber popular 
presente nos diversos grupos sociais (CHIESA; FRACOLLI; SANTOS, 2004; FRACOLLI, 
2010), por meio das suas atividades direcionadas principalmente na promoção da saúde e 
prevenção de agravos. 
Pensando nesse profissional como peça chave no desenvolvimento das questões de 
saúde de uma comunidade, devido sua importância de atuação e competências para execução 
completa de suas funções, somos levados a discutir e firmar sua importância na equipe a partir 
de duas das funções básicas encontradas na Política Nacional de Atenção Básica: 
Planejamento/Avaliação das ações de saúde e Promoção da saúde (PNAB, 2012). No projeto 
PROSAÚDE, os ACS envolvidos nas ações de promoção da saúde se comprometiam de 
maneira efetiva nas intervenções, desde o convite aos participantes em suas visitas 
domiciliares, as ações de educação em saúde, até a própria participação da aula direcionada à 
atividade física da comunidade presente no bairro. 
Acerca da saúde geral, os agentes evidenciaram os conhecimentos e impactos 
gerados pela saúde pública municipal, reconhecendo as envergaduras do trabalho com a 
população, visto que a todo o momento os ACS elogiaram as propostas direcionadas pela 
coordenação pública. Entretanto, eles conseguem ter o discernimento da necessidade de 
mudanças desde uma melhor forma no atendimento, até questões referentes ao próprio 
desenvolvimento das ações. Sob este olhar, os ACS afirmam que a saúde em Muzambinho 
82 
 
 
 
“está sendo desenvolvida da melhor forma possível quando comparada com outras cidades 
da nossa região”, entretanto reforçaram que “é uma necessidade enorme e que precisa ser 
melhorada. Tem os atendimentos, mas nunca é demais para melhorar, estamos caminhando 
em passos lentos”. 
A construção de uma saúde pública ideal, embora ainda dificilmente de ser 
alcançada, perpassa a fala dos ACS. A atual abordagem deste paradigma ainda é focalizada 
em uma saúde biológica, restrita aos conceitos biomédicos, na busca de atingir as metas de 
saúde e a precarização do trabalho, transformando as ações cada vez mais mecanizadas e 
menos voltadas à população em si, como reforçado na fala de uma ACS: “Ela atua nos 
fatores determinantes do processo saúde-doença. Em Muzambinho trabalhamos muito com a 
prevenção na área que estamos localizados, no total temos cinco USF”. 
Visando as necessidades expressas pelos profissionais, questões burocráticas e a 
necessidade de melhorias no sistema municipal ainda são pontos cruciais a serem 
aperfeiçoados. Independentemente do porte da cidade, já são encontrados relatos de ACS 
acerca de seu envolvimento em questões organizacionais e burocráticas da unidade de saúde e 
os impactos negativos na implantação de ações do próprio nicho profissional (SÁ, 2011; 
PEDRAZA; SANTOS, 2017). 
Questões deste tipo nos leva a discutir o segundo ponto de ação apresentado, o 
sistema de saúde. Os ACS apresentam de maneira positiva o sistema, particularizando as 
ações através de um olhar da atenção à saúde da comunidade, entendendo as necessidades que 
devem ser trabalhadas no conjunto da USF. Para estes, se trata de uma “visão do bem maior, 
procurando cada vez mais atender toda a população independente do local que mora”, 
entendendo que “o SUS e as USF são a melhor opção para a população”. Perante esta visão, 
somos levados a pensar na rela estratégia direcionada ao SUS e seu atendimento para com a 
83 
 
 
 
população, evidenciando as ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação à saúde 
desenvolvidas na comunidade. 
Nessa perspectiva, os ACS se veem como parte integrante na promoção de saúde de 
uma comunidade, utilizando de suas visitas domiciliares como momentos para realização de 
ações de educação em saúde e aconselhamentos relacionados a males e benefícios da saúde, 
inclusive da prática de atividade física. Compreendem que podem “levar informação a 
respeito dos benefícios que a atividade física promove e assim cativar o maior número de 
pessoas” e “assim auxilia e explica sobre a importância da atividade física para a saúde”. 
Desta forma, quando tratamos do terceiro tópico, acerca do projeto PROSAÚDE em 
si, é possível ver que o mesmo pôde ser considerado uma ação promissora, impactando 
diretamente na população e apresentando benefícios biológicos, psicológicos e sociais, a partir 
da relação entre alunos atuantes do projeto, comunidade e funcionários da USF. Para os ACS, 
“o projeto é muito importante porque não foca só a doença, e sim os determinantes da 
doença e as necessidades concretas da população”. Nesta perspectiva, a aproximação de um 
diálogo junto à comunidade pode evidenciar quais são as necessidades específicas daquela 
população atendida e as formas de como o projeto pode ser melhor implementado. 
Os benefícios gerados pelo PROSAÚDE são evidentes, pautando as falas através da 
união, amizades e relacionamentos criados a partir do convívio, mudanças no convívio da 
comunidade, além dos impactos na qualidade de vida e capacidades físicas. Porém, limitações 
acerca da divulgação, espaço utilizado, apoio de órgãos municipais, disponibilidade de 
horário e material foram levantadas durante o processo. Segundo uma das entrevistadas, a 
falta de diálogo e interesse entre a população e o próprio setor saúde, impactou diretamente 
nas ações desenvolvidas no projeto. 
Frente aos relatos, o projeto PROSAÚDE, assim como qualquer ação desenvolvida 
dentro do contexto da saúde pública, deve levar em consideração diversos fatores que 
84 
 
 
 
impactam desde a sua elaboração e implementação, até a sua avaliação. A estratégia 
apresentada é viável e necessária, se tratando de uma abordagem de cunho comunitário e de 
benefícios tão visíveis para a população participante. Assim, utilizar do ACS como um 
fortalecedor no elo de promoção de saúde através da atividade física, se mostra como uma 
proposta relevante e que permite ser melhor explorada com o tempo. A atuação 
multiprofissional neste âmbito tende a ser a melhor potencialidade existente em um projeto de 
extensão, aproximando a Instituição de Ensino Superior, o sistema público de saúde e a 
comunidade em geral de um bem em comum, proporcionando por meio da construção 
coletiva, a continuidade de ações que permeiem o desenvolvimento de uma comunidade de 
maneira conjunta e equânime. 
 
6.4 Estagiários 
 
Na visão dos estagiários do curso de Educação Física do IFSULDEMINAS, o projeto 
PROSAÚDE é de grande importância nas USF, pois resultam em melhorias dos hábitos de 
vida, aumento da atividade física e promoção de saúde dos participantes, porém “não apenas 
no que diz respeito à melhora e manutenção das condições de saúde dos usuários, mas 
principalmente pelo desenvolvimento da autonomia deles com relação à prática de atividade 
física”. Os estagiários relataram que os idosos tiveram grandes benefícios, como aumento da 
prática de atividade física e tempo de lazer, melhorias nas capacidades funcionais e 
psicológicas, maior socialização, além da diminuição ou total independência de determinados 
remédios. Ademais, os estagiários disseram que os idosos percebiam esses benefícios e 
diziam que gostavam das aulas, percebiam o bem-estar, faziam atividades ainda nunca 
realizadas por eles, davam sugestões, elogiavam as aulas e havia a melhora do humor. 
Além das melhorias aos participantes, houve diversos benefícios acadêmicos para os 
85 
 
 
 
estagiários, possibilitando a relação próxima entre teoria e prática, o planejamento e aplicação 
de aulas e, uma maior interação social com o público idoso. Todavia, a interação entre os 
estagiários de Educação Físicae os integrantes das USF era distante: “Na minha perspectiva, 
talvez por desinteresse de minha parte mesmo, essa relação sempre foi distante e ineficiente 
no que diz respeito ao trabalho multiprofissional”. Porém, uma estagiária contrapôs ao dizer 
que “a relação era boa, específico na USF que eu participei tínhamos o total apoio e aparato 
da responsável pelo setor do Bairro”. Ou seja, essa aproximação entre estagiários e equipe 
multiprofissional necessita ser constantemente estimulada, para que ambos construam uma 
ação conjunta, em rede e complementar, as quais beneficiarão a comunidade por meio desses 
projetos. 
Ainda, os estagiários apresentaram em seus relatos algumas dificuldades para a 
execução do projeto e das atividades, como a estrutura do local, já que um espaço aberto 
impossibilitava aulas em dias de chuva; a qualidade de materiais, os quais muitas vezes eram 
construídos em conjunto com os participantes, como cabo de vassoura, garrafas plásticas; e o 
grupo de alunos ser demasiadamente heterogêneo. Para um dos estagiários, “a principal delas 
(dificuldade) acredito que é a ausência do profissional de Educação Física dentro das 
Unidades, reforçando a necessidade do diálogo com os demais profissionais, de forma a 
aumentar os debates e os espaços em que a atividade física seja o principal método de 
prevenção de doenças”. 
 
6.5 Usuários 
 
A literatura acerca dos programas públicos direcionados à atividade física é crescente 
e, recentes apontamentos, baseados em uma pesquisa nacional de saúde em 2013, sugerem 
que a prevalência em relação ao conhecimento da população sobre tais programas seria de 
86 
 
 
 
20,0% (n=60.202). Ainda, aproximadamente 30,0% desses indivíduos reportaram não ter 
interesse pelos programas ofertados (FERREIRA et al., 2019). Esses dados nos fazem rever a 
existência de uma grande lacuna referente à divulgação e acesso ao conhecimento sobre 
programas e projetos públicos relacionados à atividade física e, chama atenção enquanto um 
leque de possibilidades para uma alta prevalência de indivíduos que poderiam se interessar a 
participar destes. 
Dentre as ações, é crescente a implementação de projetos de atividade física em 
Unidade Básica de Saúde (UBS), todavia, para que a adesão aos programas aconteça, existem 
barreiras que modulam essa aproximação, citando a falta de local apropriado, companhia, 
energia e, em pessoas acima de 60 anos, aponta-se o medo de cair e falta de persistência 
(GOMES et al., 2019). Visto que o público pré-senil e idoso é quem mais adere aos projetos 
de atividade física nessas unidades, principalmente do sexo feminino, estudos sugerem que 
deva haver programas educativos destinados à mudança comportamental (OPDENAKER et 
al., 2008). Embora os resultados ainda apresentem limitações, uma das mudanças 
comportamentais que os idosos submetidos aos programas de atividade física sistematizada 
está relacionada ao aumento dos níveis de atividade física, principalmente a de intensidade 
moderada-vigorosa (SCHERER et al., 2018). 
Um dos fatores que tem sido apontado como facilitador a participação em programas 
de atividade física é o tempo de deslocamento das residências dos indivíduos até o local da 
prática, sendo estimado em aproximadamente 10 minutos (NAKAMURA et al., 2016). 
Ademais, após a adesão, a permanência dos usuários do sistema público de saúde nos projetos 
acontece pela facilidade ao acesso, gratuidade, possibilidade de deslocamento a pé, horários 
adaptados à realidade desses, características das atividades; assim como o perfil do professor 
de Educação Física, fatores estes que torna o ambiente da prática de atividade física mais 
agradável (SCHERER et al., 2018). 
87 
 
 
 
Desse modo, este tópico tem por objetivo dar voz e participação ativa aos usuários do 
PROSAÚDE, os quais por meio de uma entrevista semiestruturada puderam relatar as visões 
e experiências obtidas durante a participação no projeto. Assim, os usuários relataram que 
para eles, saúde é ter “disposição, bem-estar, felicidade” e “uma boa qualidade de vida 
através de bons hábitos, como a prática de exercícios físicos”. Essa saúde, muitas vezes, 
pode ser influenciada pela percepção e vivências que ocorram junto ao SUS, sendo que os 
entrevistados demonstraram reconhecer a importância desse sistema para a população em 
geral, a agilidade que as USF trouxeram para os atendimentos e consultas, contudo; na visão 
de um dos entrevistados “eles deviam trabalhar mais na prevenção para não ter problemas 
com as doenças depois”. 
Sobre o projeto em si, os usuários reportaram perceber os benefícios físicos (mais 
flexibilidade, redução das dores, redução do comportamento sedentário); psicológicos 
(aumento da disposição, bem-estar, felicidade, animação) e sociais (mais socialização, 
incentivo à outras práticas), podendo ser visto nesse discurso: “Mais disposição para fazer as 
coisas do dia a dia, ajudando no convívio com as outras pessoas”. Em adição, a relação entre 
usuários e estagiários foi positiva, sendo expressas pelas palavras “dedicados e atenciosos”, 
os quais “sempre davam incentivo nas aulas”, “se preocupavam com o grupo e davam as 
aulas com muito carinho”. 
Entretanto, ao responderem sobre as dificuldades percebidas, citaram a infraestrutura 
(espaços pequenos, falta de materiais), o que levava os participantes, em muitos dias, a 
realizarem as atividades na rua, como caminhadas, exercícios e atividades em frente à USF e 
na calçada. Também apontaram a necessidade de mais dias de projeto, duração das aulas 
(>1h), maior divulgação e atrair mais participantes, sendo que “os agentes, em suas visitas, 
poderiam explicar o benefícios das aulas e fazer o convite”. Um ponto de grande importância 
na fala dos entrevistados foi que o apoio da prefeitura poderia ser melhor, o que muitas vezes 
88 
 
 
 
“parece não demonstrar uma preocupação com a saúde, além de que podiam contratar um 
profissional de Educação Física”. 
Em síntese, os usuários reportaram valorizar o projeto, enquanto iniciativa de 
promover a prática de atividade física, mesmo vinculado a um ambiente que ainda é visto e 
procurado para tratar as doenças crônicas e agravos não transmissíveis. Também, o projeto vai 
além dos benefícios físicos, segundo a visão dos usuários, promovendo melhorias 
psicossociais e oportunizando vivências ímpares, com a adição do fator social-afetivo, o qual 
sempre aparece nos discursos dos participantes. Por isso, eles sempre reforçam em suas frases 
que “o projeto não deveria parar”. 
 
6.6 Considerações Finais 
 
Os entrevistados apontaram cada qual no seu domínio de observação, importantes 
peculiaridades nessa relação entre projetos de extensão com atividade física, ABS e 
organizações públicas, como prefeitura e Instituto de Ensino Superior. Assim, tanto os agentes 
promotores quanto os receptores dessas ações necessitam expandir seus olhares sobre o 
contexto das intervenções com atividade física na saúde pública brasileira. Como já foram 
mencionados em capítulos anteriores, os benefícios da prática de atividade física extrapolam 
os domínios físicos e de prevenção contra as DCNTs. A valorização à atividade física, 
relatada nas narrativas, perpassa também pelos domínios psicológicos, sociais e culturais, 
salientando o prazer, alegria e motivação durante a prática, socialização e diálogo; além da 
disseminação de conhecimentos relacionados à saúde, hábitos para uma vida mais saudável, 
apropriação do próprio ambiente habitado e apreensão das variadas possibilidades de se 
praticar atividade física. 
Existem algumas dificuldades que ainda necessitam ser transpassadas, como 
89 
 
 
 
aumentar o diálogo entre os envolvidos no projeto, disseminar os benefícios dessas 
intervenções para os gestores e a própria população, adaptar as aulas às necessidades de cada 
local e de cada grupo de usuários, além de buscar melhorias na infraestruturae/ou buscar 
locais de fácil acesso, os quais poderiam ser utilizados para que as aulas ocorram. Para a 
coordenadora da ABS, o olhar da gestão necessita de ser direcionado para os aspectos 
positivos que esses projetos promovem para a população em geral. Para as enfermeiras, o 
projeto potencializa o trabalho preventivo das variáveis de saúde, ao passo que para os ACS, 
eles mesmos podem ser considerados como um dos facilitadores dos conhecimentos em via de 
mão dupla: ações de saúde - população e população - ações de saúde. Desse modo, as ações 
elaboradas pela rede multidisciplinar devem considerar as necessidades dos cidadãos, assim 
como facilitar com que as mesmas cheguem ao acesso de todos. 
Nesse sentido, os estagiários também devem ser vistos como uma ponte entre os 
conhecimentos teóricos e práticos, aumentando assim a capacidade das Instituições de Ensino 
Superior em formar profissionais preparados para conseguirem identificar situações e intervir 
na prática, de forma mais efetiva. Ademais, os profissionais de Educação Física necessitam 
ter uma formação que os auxiliem na leitura do SUS, dos seus princípios e diretrizes, e 
principalmente de apoderar-se do seu papel multidisciplinar, compondo a rede preventiva da 
ABS. Consequentemente, os usuários receberão intervenções de forma mais objetiva, 
específicas e adaptadas às suas reais necessidades. Tais intervenções, bem como a postura 
destes profissionais devem estimular os usuários a gostarem da prática de atividade física, 
incentivando-os a serem mais ativos em seu dia-a-dia e demonstrando não só o seu 
conhecimento científico; mas também a sua empatia, dedicação e satisfação de estar no papel 
orientador ao longo das aulas. Tudo isso auxiliará no fortalecimento e continuidade de 
projetos, como o PROSAÚDE. 
 
90 
 
 
 
Referências 
 
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1994. 
 
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/pnab.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2017. 
 
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18, n. 3, p. 97-105, jul. 2017. Http://dx.doi.org/10.20435/inter.v18i3.1507. 
 
PELUSO, M. A. M.; ANDRADE, L. H. S. G. Physical activity and mental health: the 
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REIJNEVELD, S.; WESTHOFF, W.; HOPMAN-ROCK, M. Promotion of health and 
physical activity improves the mental health of elderly immigrants: results of a group 
randomized controlled trial among Turkish immigrants in the Netherlands aged 45 and over. J 
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91 
 
 
 
SÁ, T. H. Construção e avaliação de um programa educativo para a promoção de atividade 
física junto a Equipes de Saúde da Família. [Dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade 
de Saúde Pública da USP; 2011. 
 
SANTOS, L. P. G. S.; FRACOLLI, L. A., O Agente Comunitário de Saúde: possibilidades e 
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Active People for a Healthier World; World Health Organization: Geneve, Switzerland, 
2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
92 
 
 
 
7. CAPÍTULO SETE 
RELATOS DAS VIVÊNCIAS PRÁTICAS DE PROMOÇÃO EM ATIVIDADE FÍSICA 
DESENVOLVIDAS POR DIFERENTES GRUPOS DE PESQUISA DO BRASIL 
 Letícia Aparecida Calderão Spósito 
 Jean Augusto Coelho Guimarães 
 Cláudia Pedroso Ferreira 
 Maureen Chayene de Moraes 
 
7.1 Exercícios Físicos em Unidades de Saúde - Projeto Saúde Ativa: o caso de Rio Claro, 
São Paulo 
Entrevistado: Prof. Dr. Eduardo Kokubun 
 
Em 2001, iniciou-se o Projeto Saúde Ativa, na cidade de Rio Claro - SP, em parceria 
com a Fundação Municipal de Saúde. O projeto foi implantado pelo Núcleo de Atividade 
Física, Esporte e Saúde (NAFES), que é coordenado pelo Professor Dr. Eduardo Kokubun, 
docente na Universidade Estadual Paulista (UNESP - Rio Claro) e vinculado ao 
Departamento de Educação Física. A estratégia de combate à inatividade física desenvolveu-
se a partir de um convite realizado pela coordenação da UBS do bairro Vila Cristina - 
localizada próximo a UNESP, para a promoção de palestras à hipertensos e diabéticos 
(HIPERDIA), sobre os benefícios da prática regular de atividade física. 
A partir do primeiro contato com os usuários, foi identificada a necessidade de ações 
além das palestras. Dessa forma, com o apoio da coordenação da UBS e a Fundação 
Municipal de Saúde, iniciaram-se as aulas práticas de exercício físico. Estas ações 
expandiram-se para 15 unidades da ABS do Município de Rio Claro, atendendo dentro da 
própria UBS ou em locais próximos, como centros de reabilitação infantil e praças públicas e, 
tendo como público alvo os usuários com alguma DCNT. É interessante pontuar que o 
93 
 
 
 
público interessado nas aulas do projeto e aderente às atividades, sempre foram de pessoas 
acima de 50 anos, mulheres e com pelo menos uma DCNT. 
As aulas, inicialmente aplicadas pelos pós-graduandos e graduandos do curso de 
Educação Física da UNESP, ocorriam com frequência de duas vezes por semana e duração de 
60 minutos. Os exercícios, que mimetizam as atividades da vida diária, tinham como foco a 
qualidade de vida geral do indivíduo, a manutenção e o desenvolvimento das capacidades 
físicas dos participantes, por meio de aulas diversificadas, com ênfase na força muscular, 
capacidade aeróbica, flexibilidade, agilidade e coordenação. 
O projeto adotou a avaliação física como meio de acompanhar a evolução e os 
benefícios da prática para os participantes, utilizando a bateria de testes da American Alliance 
for Health, Physical Education, Recreation and Dance e análises sanguíneas (glicemia, 
colesterol total, HDL, LDL e triglicérides) com periodicidade de três e duas vezes ao ano, 
respectivamente. Além disso, com o propósito de promover a integração social entre os 
participantes das diferentes UBS, o projeto organizou, por intermédio dos alunos de 
graduação e pós-graduação, eventos coletivos em ambientes públicos, como praças e parques, 
duas vezes ao ano. 
Contudo, com o passar dos anos e poucos recursos financeiros, os coordenadores 
sentiram a necessidade de transformar o projeto em política pública, visando a contratação de 
profissionais de Educação Física. Ao longo de muitas tentativas e dificuldades para efetivação 
da proposta junto aos órgãos públicos, no ano de 2014 o programa passa a contar com dois 
profissionais de Educação Física concursados pela Fundação Municipal de Saúde. A partir 
desse momento, o NAFES transfere suas atividades para os profissionais concursados, de 
modo que eles e a prefeitura municipal administrassem as ações de maneira autônoma da 
Universidade, com atendimento em oito UBS do Município de Rio Claro - SP, contudo, a 
UBS Vila Cristina, localizada próximo a UNESP, permanece sob a responsabilidade do 
94 
 
 
 
NAFES, a fim de proporcionar à prática de atividade física para uma população engajada há 
19 anos no projeto e, favorecer acesso aos alunos de graduaçãopara que possam atender as 
demandas curriculares e adquirir experiência na área. 
Em 2015, foi publicado um estudo por Nakamura e colaboradores, no qual, 
avaliaram os efeitos da intervenção de exercício físico em UBS do município de Rio Claro, 
sobre a capacidade física dos participantes, durante 10 anos. O estudo demonstrou que o 
programa teve potencial em aumentar a força muscular, coordenação, capacidade aeróbica, 
agilidade, equilíbrio dinâmico e manter a flexibilidade a cada década de vida. A partir desses 
resultados, o projeto foi reconhecido pelo Prêmio Mais Movimento, realizado pelo Programa 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, com o objetivo de conscientizar a 
sociedade sobre a importância da prática de atividade física. O projeto concorreu com mais de 
140 inscrições de todo o Brasil, ficando entre as três melhores iniciativas e demonstrando ser 
uma ação de potencial. 
O projeto Saúde Ativa, incorporou a partir de 2014, o projeto de extensão de 
Atividade Física para Terceira Idade (PROFIT), criado em 1989, no qual, era coordenado pelo 
Prof. Dr. Sebastião Gobbi e, em virtude de sua aposentadoria, o Prof. Dr. Eduardo Kokubun 
assumiu o projeto de aproximadamente 120 idosos, que frequentam a Universidade as terças 
e quintas-feiras das 7 às 8 horas, divididos em quatro grupos: (1) Atividade Física Geral 
(todas as capacidades físicas são exploradas), (2) Aeróbio, (3) Dança e (4) Musculação, com 
aulas dos alunos (estagiários) de graduação e supervisão dos pós-graduandos. Também 
ocorrem reuniões semanais para ajustes no planejamento e análise dos feedbacks entre os 
estagiários e coordenadores. Anualmente, o projeto oferece aos idosos o evento denominado 
“Semana do Idoso”, que acontece na primeira semana de outubro, com atividades rítmicas e 
artísticas realizadas pelos idosos, sob a organização dos estagiários e pós-graduandos. 
95 
 
 
 
Dessa forma, tanto a iniciativa em UBS quanto o projeto dentro da própria 
Universidade, buscam a manutenção das capacidades físicas da população e incentiva a 
socialização, um fator de aderência muito citado pelos participantes e que favorece a extensão 
Universitária para os alunos de graduação e pós-graduação, proporcionando experiências com 
grupos especiais, em grande parte, idosos, diabéticos e hipertensos, incentivando a produção 
de diversas pesquisas acadêmicas, desde trabalhos de conclusão de curso até pesquisas de 
pós-doutorado. 
 
Referências Complementares 
 
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Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Educação Física) - Universidade Estadual 
Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 59f. 2016. 
 
BONOLO, A. Efeito de cinco anos de participação no programa de exercício físico em 
Unidades de Saúde sobre variáveis sanguíneas. Trabalho de conclusão de curso (licenciatura - 
Educação física) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro/SP, 
47f, 2016. 
 
CAMPOS, L. Análise do custo de intervenções para promoção de atividade física em 
unidades de saúde da família de Rio Claro-SP. Dissertação (mestrado) - Universidade 
Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro,100f, 2017. 
 
CHRISTOFOLETTI, A. E. M. et al. Factors associated to mortality in adults and elderly 
residents in the city of Rio Claro - SP: a cohort study. Rev. Bras. Cineantropom. 
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Desempenho Hum., Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 258-268, 2018. 
 
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Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro/SP, 41f., 2016. 
 
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GOMES, G. Participação em um programa de exercícios físicos em unidades de saúde da 
atenção básica e níveis de atividade física de adultos e idosos. Tese (doutorado) - 
Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 131f, 2012. 
 
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SPOSITO, L. A. C. Análise econômica de custo-utilidade de três intervenções para promoção 
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Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro. 84f, 2017. 
 
ZAGO, A.S.; GOBBI, S. Valores normativos da aptidão funcional de mulheres de 60 a 70 
anos. Rev. Bras. Ci. e Mov, v. 11, n. 2, p. 77-86, 2003. 
 
 
 
 
https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2017/04/03/de-posto-de-sa-de-a-centro-de-atividade-fisica.html?fbclid=IwAR36Vva7nlI_cFowcCmfA0QBmpSZaqT2iGJCtUqeEJvpin-tTrCRG9CviwA
98 
 
 
 
7.2 Programa de Exercícios Físicos em Unidades Básicas de Saúde - Projeto Floripa 
Ativa: o caso de Florianópolis, Santa Catarina 
Entrevistada: Prof.ª Dra. Tânia Bertoldo Benedetti 
 
Muitos são os desafios para alcançar práticas de excelência dentro da Universidade, 
sobretudo com os acadêmicos do curso de Educação Física. A Universidade é um meio do 
qual os alunos têm a oportunidade de conhecer todas as áreas de atuação, dentre elas a saúde 
pública que se enquadra como um local recente de atuação dessa profissão. 
Devido à preocupação com a formação dos alunos de Educação Física, 
especialmente para a área da saúde, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no ano 
de 2005 alterou seu currículo, a fim de proporcionar essa qualificação por meio da vivência 
acadêmica na tríade do ensino, da pesquisa e da extensão. No ensino, ocorreu a inserção de 
disciplinas específicas na graduação, por exemplo, a disciplina Estágio Supervisionado em 
Atividade Física e Saúde, o qual ocorre nas UBS; a participação no Programa Nacional de 
Reorientação da Formação Profissional em Saúde e no projeto de extensão “Atividades físicas 
para a terceira idade”, tendo a oportunidade ainda de uma pós-graduação através da residência 
multiprofissional em Saúde da Família. Os projetos que têm o objetivo da aprendizagem na 
prática e inserção dos alunos de Educação Física no contexto da ABS do município. 
Com o fortalecimento da prática de atividade física no contexto da Atenção Primária 
de Saúde muitos graduandos mostram interesse pelo estágio na área. A Prof.ª Dra. TâniaBertoldo Benedetti, que no momento ministra a disciplina de estágio na UFSC, observou a 
oportunidade de desenvolver um projeto que tivesse o objetivo de oferecer a prática de 
atividade física neste contexto e possibilita-se a participação dos graduandos. Assim, 
apresentou à Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis - SC uma proposta com o 
objetivo de levar essa prática para a população idosa e que pudesse ser desenvolvida por 
99 
 
 
 
acadêmicos dentro das UBS. A estratégia buscou oferecer aulas práticas de ginástica e 
caminhada aos idosos para promover a saúde, a socialização e diminuir o acometimento por 
DCNTs, sendo que através de avaliações semestrais e anuais, era feito o acompanhamento dos 
resultados. Esta foi uma formulação inicial da política pública para promoção de atividade 
física no município de Florianópolis. 
A partir dessa ação política, foi criado em 2006 o Floripa Ativa, sendo um programa 
de exercícios físicos desenvolvidos nas UBS do município de Florianópolis. Com objetivo de 
prevenção, promoção e reabilitação de doenças cardiopulmonares, metabólicas e 
neuromusculoesqueléticas por meio da prática de exercício físico orientado. O Floripa Ativa 
fez parte do Programa Capital Idoso da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, com 
parceria da Secretaria Municipal de Assistência Social. Este atendia cerca de 200 idosos com 
doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, sendo que as atividades eram desenvolvidas 
com a parceria entre a UFSC, Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) e Prefeitura. 
Deste modo, o programa baseava-se na literatura científica e completava sua 
metodologia com dados e propostas do Ministério da Saúde, sempre procurando pesquisas 
com evidências relevantes para enriquecer sua prática e ofertar a melhor metodologia de 
promoção de atividade física para a população, prezando os benefícios à saúde. Assim, o 
programa tornou-se um marco na história da Educação Física da UFSC por seu sucesso, com 
influência positiva na gestão municipal, os quais viram a necessidade da inserção do 
profissional de Educação Física nas UBS. 
A efetividade da aplicação do projeto Floripa Ativa, possibilitou contato com a 
câmara de vereadores e com o Conselho Regional de Educação Física, em que a partir de 
articulações políticas houve a abertura de vagas de concurso, sendo seis vagas destinadas para 
o projeto. Em seguida, foi instituído o NASF-AB em 2008, programa do Ministério da Saúde, 
aplicado pela prefeitura de Florianópolis, sendo que os profissionais de Educação Física 
100 
 
 
 
puderam trabalhar de forma multiprofissional dentro das UBS. 
A princípio houve dificuldades devido a alta demanda populacional e poucos 
profissionais para atendimento aos idosos interessados, as quais foram minimizadas após a 
inserção do NASF-AB. Além de assumirem o projeto Floripa Ativa, a entrada desses 
profissionais possibilitou a criação de novas ações promotoras de atividade física e o alcance 
de outras populações. Desse modo, fica evidente o avanço da gestão municipal e da Educação 
Física na área da saúde, sendo inclusive implantado um novo formato de intervenção 
elaborado pela equipe profissional atuante. Como alternativa, os gestores poderiam fomentar a 
criação de diretrizes e normas para novas propostas de práticas de atividade física e práticas 
corporais dentro da ABS do município, fato que alavancaria tais práticas e geraria mais 
benefícios aos usuários do sistema público de saúde. 
Mesmo com a chegada de novos profissionais, ainda houve dificuldade na expansão 
do projeto, por conta do aumento da demanda de trabalho para esse profissional em outras 
vertentes, do qual deveriam atender várias UBS dentro de uma região do município. O 
trabalho multiprofissional possibilitou aos profissionais reconhecerem outras ferramentas de 
atendimento para aplicação dentro das unidades, como a utilização das Práticas Integrativas e 
Complementares em Saúde (auriculoterapia, liang gong, dentre outras). 
Outro ponto contribuinte para o estacionamento da expansão do projeto foi a linha de 
trabalho desenvolvida pelos profissionais, sendo uma perspectiva de saúde engessada, em que 
os profissionais têm dificuldade para implantar novas propostas. Contudo, mesmo com as 
dificuldades e desmotivações, os profissionais de Educação Física de Florianópolis atuam em 
mais de 45 UBS, oferecendo algum tipo de atividade física ou prática corporal e mantém o 
vínculo à secretaria de saúde. 
No momento, a professora Dra. Tânia Benedetti e mais três professores atuam no 
estágio obrigatório em atividade física e saúde, da graduação do bacharelado em Educação 
101 
 
 
 
Física da UFSC, sendo que o estágio acontece nas UBS do município e tem carga horária de 
180 horas semestrais, das quais os alunos atuam nas diversas atividades propostas pelos 
profissionais das UBS. 
A professora também coordena o programa VAMOS (Vida Ativa Melhorando a 
Saúde) o qual foi implantado em 12 UBS do município com ajuda dos profissionais da rede 
de saúde de Florianópolis. O programa incentiva a mudança de comportamento e objetiva 
motivar as pessoas a adotarem um estilo de vida saudável, podendo considerar uma proposta 
extremamente válida a ser ofertada nas UBS de todo o Brasil para promover a saúde (para 
conhecer as diretrizes e organização do programa acesse: https://vamos.ufsc.br). 
Em síntese, é de suma importância unir e alinhar os conhecimentos da Universidade 
com a gestão pública seja nas esferas nacionais, estaduais e municipais, a fim de que haja uma 
maior efetividade na criação de políticas públicas, assim como na inserção dos profissionais 
de Educação Física no sistema público de saúde. Quando estes profissionais se identificam 
perante o sistema que estão sendo inseridos, reconhecem suas especificidades e determinam 
objetivos claros e concisos; os mesmos tendem a construir ações amparadas em evidências 
científicas, nas ações via multidisciplinar e interdisciplinaridade, solicitada pelo sistema de 
saúde e, relacionam com a realidade da população atendida. 
Todos os esforços são necessários e reconhecidos efetivamente, a fim de garantir o 
acesso de qualidade às ações de promoção da atividade física e, consequentemente, dos 
benefícios à saúde dos usuários do sistema público de saúde. 
 
Referências Complementares 
 
BENEDETTI, T. R. B et al. Logical model of a behavior change program for community 
intervention – Active Life Improving Health – VAMOS. Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 22, n. 
102 
 
 
 
3, p. 309-313, 2017. 
 
BENEDETTI, T. R. B. et al. Programa “VAMOS” (Vida Ativa Melhorando a Saúde): da 
concepção aos primeiros resultados. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v. 14, n. 
6, p. 723-737, 2012. 
 
BORGES, L. J.; BENEDETTI, T. R. B.; MAZO, G. Z. Exercício físico, déficits cognitivos e 
aptidão funcional de idosos usuários dos centros de saúde de Florianópolis. Rev Bras Ativ 
Fís Saúde, v. 13, n. 3, p.167-177, 2008. 
 
Florianópolis. Prefeitura, Secretaria Municipal de Saúde. Diretoria de Atenção Primária à 
Saúde. Protocolo de atenção à saúde do idoso. Tubarão, Ed. Copiart, p. 128, 2011. 
 
Florianópolis. Prefeitura Municipal de Florianópolis. PORTARIA nº 286/07. Regulamenta o 
grupo técnico do Capital Idoso. Florianópolis, SC: Prefeitura Municipal de Florianópolis, 02 
de agosto de 2007. 
 
LOPES, A. S. et al. O acolhimento na Atenção Básica em saúde: relações de reciprocidade 
entre trabalhadores e usuários. Saúde Debate, v. 104, n. 39, p. 114-123, 2015. 
 
LOPES, M. A. et al. Programa de atividade física para terceira idade do CDS/UFSC: o efeito 
do exercício físico na resistência muscular. Extensio, 2004. 
 
MAZO, G. Z.; LOPES, M. A.; BENEDETTI, T. R. B. Atividade Física e o Idoso: 
concepção gerontológica. 2 ed. Porto Alegre: Sulina, 2004. 
103 
 
 
 
7.3 Projeto Ambiente Ativo: o caso de Ermelino Matarazzo, São Paulo 
Entrevistado: Prof.Dr. Douglas Roque Andrade 
 
Em 2007, o Prof. Dr. Alex Antônio Florindo fundou o Grupo de Estudos e Pesquisas 
Epidemiológicas em Atividade Física e Saúde (GEPAF) da Escola de Artes, Ciências e 
Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e realizou um inquérito 
epidemiológico que teve como objetivo verificar o nível de atividade física no tempo de lazer 
e no deslocamento, tanto quanto os fatores associados a essas práticas em adultos que 
residiam a pelo menos seis meses no distrito de Ermelino Matarazzo-SP, zona leste da cidade 
de São Paulo. 
Com base nos dados encontrados e a partir de discussões entre os docentes e 
pesquisadores do grupo supracitado, juntamente com a Supervisão de Esportes, Supervisão de 
Saúde, dois gerentes das UBS e com dois profissionais do NASF-AB já implementados na 
localidade, iniciou-se em 2011 o projeto de pesquisa intitulado “Estudo de Intervenções para a 
Promoção da Atividade Física no Sistema Único de Saúde pela Estratégia de Saúde da 
Família” que mais tarde, foi denominada “Ambiente Ativo”. 
Com o objetivo principal de avaliar diferentes intervenções que pudessem ser 
aplicadas na rotina dos profissionais que atuam nos NASF-AB, a primeira intervenção, com 
duração de 12 meses, buscou comparar estratégias de promoção da atividade física. Dessa 
forma, foram formados um grupo controle e dois grupos com intervenções, cada um com 
aproximadamente 50 participantes. Uma intervenção correspondeu ao programa de exercícios 
físicos supervisionados três dias por semana, 60 minutos cada sessão e a segunda foi 
destinada ao programa de educação em saúde com dez encontros mensais e duração de 120 
minutos cada sessão. 
104 
 
 
 
Os principais resultados mostraram maior aderência e manutenção às intervenções 
pela população; aumento da atividade física no lazer; maior utilização das estruturas de lazer 
localizadas próximo às residências; melhora geral da saúde; mobilização das UBS na 
promoção de atividade física e atuação conjunta para promoção de atividade física 
envolvendo EACH/USP, UBS, Centro de Educação Unificado (CEU) e organizações sociais. 
Em uma segunda intervenção, a qual contou com 176 usuários da ESF, foi verificar o 
efeito da atividade física por meio da intervenção dos ACS. Eles participaram de um 
programa de educação permanente para ampliar o conhecimento e contribuir para a 
autonomia na promoção da atividade física. 
Os principais resultados encontrados mostraram mudança de atitude, conhecimento e 
habilidades dos ACS para a promoção da prática de atividade física na ESF; visitas 
domiciliares orientadas para a prática de atividade física; avanço nos estágios de mudança de 
comportamento para a prática de atividade física em usuários da ESF; envolvimento familiar 
no processo de mudança em usuários do SUS; empoderamento da população com relação à 
prática de atividade física e apropriação dos espaços públicos de lazer e deslocamento e 
atuação conjunta para promoção de atividade física envolvendo EACH/USP, ESF, CEU e 
organizações sociais. 
Assim, o processo de educação permanente dos ACS para a promoção de atividade 
física teve boa aceitação e grande adesão demonstrando-se viável, factível e capaz de 
provocar mudanças acerca da representação da prática de atividade física e de ampliar a 
reflexão das possibilidades de estratégias de aconselhamento junto à comunidade. Por meio 
dos resultados encontrados foi possível observar uma melhora no conhecimento e percepção 
de variáveis importantes para o aconselhamento de atividade física, já os resultados 
qualitativos demonstraram que os ACS gostaram do curso, valorizando o conteúdo 
105 
 
 
 
apreendido e a forma de aplicação baseada na construção do conhecimento, além de se 
sentirem seguros para promover atividade física aos usuários e famílias cadastradas pela ESF. 
Considerando todo o contexto do SUS, a primeira dificuldade encontrada para iniciar 
um programa de exercícios físicos foi o local específico para a prática. A UBS onde foram 
desenvolvidas as intervenções não possuía espaço aberto ou estrutura adaptada para a prática 
de exercícios físicos, então, foi necessário utilizar o espaço externo da unidade. 
O Centro de Estudos e Práticas de Atividade Física da EACH-USP foi a solução 
encontrada juntamente com a utilização de estruturas próximas à própria UBS, como praças, 
escolas, parques, CEU, clubes municipais ou universidades, sendo alternativas para os 
profissionais que atuam no SUS, além do Programa Academia da Saúde que está presente em 
vários municípios, o qual tem como um dos seus objetivos a implementação de polos que 
também poderão servir para a organização de grupos. Concomitantemente, a falta de 
equipamentos como máquinas para a prática de exercícios físicos também foi um problema, 
sendo que a alternativa para a ausência dessa estrutura durante os primeiros meses de 
intervenção foi adaptar o programa planejado e realizar os exercícios utilizando materiais 
alternativos, como halteres, barras, faixas elásticas, caneleiras e steps. 
Outra dificuldade encontrada foi a aderência das pessoas ao programa de exercícios 
físicos. Enquanto a adesão no início do programa foi considerada alta (acima de 90,0% dos 
participantes cadastrados iniciaram o programa), ao longo de 12 meses, a média de frequência 
de participação das sessões foi de 33,0% e apenas 29,0% dos participantes realizaram ao 
menos a metade de todas as sessões de treinamento. Mesmo com a intervenção formando 
grupos com horários que passavam a cobertura da UBS (turmas após as 17 horas), os 
participantes tiveram dificuldades de permanecer realizando o programa regularmente. 
Portanto, propiciar diferentes alternativas de dias e horários, manter contato constante com os 
ausentes e realizar consultas regulares sobre preferências e dificuldades dos usuários na 
106 
 
 
 
participação de programas são algumas das ações a serem tomadas como uma possibilidade 
para aumentar a participação e a aderência dos usuários. 
Entretanto, a realização de um programa de exercício físico supervisionado por um 
profissional envolvido na ESF é um verdadeiro desafio, uma vez que o período noturno é 
incompatível com o funcionamento da maioria das UBS. A princípio, seria necessário um 
envolvimento ainda maior de outras estruturas de apoio ao programa, inclusive com a 
participação de outros profissionais, como por exemplo, uma atuação conjunta dos 
profissionais da ESF e do NASF-AB com os professores do CEU ou da Secretaria de 
Esportes, Cultura, Assistência Social que possuam ações ou programas de atividade física e 
possam estabelecer uma rede de apoio para os munícipes, criando maior sinergia para a 
promoção da atividade física e saúde nas cidades brasileiras. 
Propiciar um programa de atividade física supervisionada gratuita em um espaço 
estruturado em uma região de baixo nível socioeconômico pode parecer ser um grande 
estímulo à participação; contudo, verificou-se que as desistências ocorrem de maneira 
semelhante aos serviços particulares de exercícios físicos como nas academias, por exemplo. 
Os participantes do Ambiente Ativo eram pessoas inativas fisicamente no lazer e sabe-se que 
a tomada de decisão para começar a praticar regularmente qualquer programa de atividade 
física não ocorre de maneira rápida, é possível que muitas pessoas não estivessem 
interessadas o suficiente em começar a se exercitar três dias por semana, 60 minutos por 
sessão. Por isso, além de garantir um programa supervisionado de exercícios físicos, os 
profissionais de Educação Física que atuam neste âmbito precisam estimular os participantes 
a realizar atividade física por outras estratégias também, como conversas, palestras ou outras 
atividades, principalmente com pessoas em estágios de pré-contemplação e contemplação. 
107 
 
 
 
Os maiores desafios na área da promoção da atividade física são estimular a adesão 
(convencera população a iniciar a participação em algum programa de atividade física) e a 
aderência (elaborar estratégias que mantenham os participantes nos programas). 
O maior desafio para a realização do processo de educação permanente de ACS para 
promover atividade física é combinar agendas e tarefas, uma vez que este profissional deve 
cumprir metas de produtividade e muitas vezes já está sobrecarregado com diversas demandas 
de trabalho estabelecidas. 
As ações de promoção à saúde devem ser priorizadas e devidamente planejadas pelos 
profissionais das equipes de ESF e NASF-AB, para que haja participação e envolvimento de 
todos, bem como da comunidade, uma vez que muitos profissionais de saúde atuam somente 
com ações de assistência. Para que isso ocorra é necessário superar os limites institucionais 
para a promoção da saúde, tanto a gestão quanto os profissionais de saúde devem priorizar e 
acreditar nas ações de promoção de atividade física como estratégias factíveis de promover 
saúde em diversos âmbitos, porém, é adequado refletir acerca das possibilidades de mudanças 
da cultura dos serviços, dos processos de trabalho e de gestão, sendo, talvez, necessárias ações 
de rediscussão dos indicadores de produtividade e qualidade do trabalho, melhoria da 
infraestrutura e ampliação e validação dos momentos de educação permanente. Entretanto, 
para que se obtenha sucesso com a implementação dos processos de educação permanente é 
necessário que haja apoio efetivo da gestão. 
A partir de 2015 o “Ambiente Ativo” passou a ser um conjunto de intervenções 
baseadas em avaliações de pesquisas, que foram ampliadas para um programa de extensão 
universitária, chamado EducAtivo, que está sendo realizado em parcerias com membros do 
GEPAF (alunos da graduação e pós-graduação, docentes), educadores e especialistas da área 
de Atividade Física da EACH-USP, outros docentes da USP e com a sociedade civil 
organizada. 
108 
 
 
 
Ao aplicar as evidências científicas sobre a promoção de atividade física na 
comunidade, os envolvidos experimentam a transposição da ciência para a prática. Essa 
experiência é rica e dá a oportunidade única de trocarem conhecimento e práticas com 
profissionais de outras áreas, realizando assim um trabalho na comunidade de uma forma 
ampliada. 
 
Referências Complementares 
 
ANDRADE, D. R. et al. Do diagnóstico à ação: A experiência da pesquisa Ambiente Ativo na 
promoção da atividade física em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, São Paulo. 
Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 17, n. 3, p. 235-238, 2012. 
 
COSTA, E. F. et al. Evaluation of the effectiveness of home-based physical activity 
promotion by community health workers. Cad Saúde Pública, v. 31, n. 10, p. 2185-2198, 
2015. 
 
FLORINDO, A. A., et al. Physical activity promotion by health practitioners: a distance-
learning training component to improve knowledge and counseling. Prim Health Care Res 
Dev, v. 19, n. 2, p. 140-150, 2018. 
 
GUERRA, R. B. et al. Program EducAtivo: physical activity as a health education strategy. 
Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 23, p. 1-6, 2019. 
 
RIBEIRO, E. H. C. et al. Assessment of the effectiveness of physical activity interventions in 
the Brazilian Unified Health System. Rev Saúde Pública, v. 56, n. 51, p. 1-11, 2017. 
109 
 
 
 
 
SALVADOR, E. P. et al. Interventions for physical activity promotion applied to the primary 
healthcare settings for people living in regions of low socioeconomic level: study protocol for 
a non-randomized controlled trial. Arch Public Health, v. 72, n. 1, p. 72-78, 2014. 
 
7.4 Grupo de estudo em epidemiologia da Atividade Física (GEEAF) - UBS+Ativa: o 
caso de Pelotas, Rio Grande do Sul 
Entrevistado: Prof. Dr. Fernando Carlos Vinholes Siqueira 
 
O Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física (GEEAF) iniciou suas 
atividades em 2004 através do interesse dos pesquisadores Dr. Pedro Curi Hallal, Dr. Mário 
Renato de Azevedo Júnior, Dr. Felipe Fossati Reichert, Dr. Fernando Carlos Vinholes 
Siqueira, Dr. Juliano Bastos e Dr. Samuel Dumith, em aprofundar seus estudos 
epidemiológicos relacionados à atividade física. Todos naquele momento faziam formação no 
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e 
tinham em comum o fato de serem graduados em Educação Física. 
Inicialmente os participantes do grupo se dedicavam a produção de artigos 
científicos tendo publicado nesta época artigos em coautoria, fruto de bancos de dados já 
construídos por aqueles que já estavam cursando o doutorado. Com o passar do tempo, e o 
ingresso em Universidades, começa a surgir atividades do GEEAF em diversas áreas, sendo 
então criados os GEEAF Escola, GEEAF Academia e GEEAF Atenção Básica. Neste 
momento, sob a liderança dos criadores do grupo, atividades de pesquisas são realizadas e em 
especial com os alunos de graduação em seus Trabalhos de Conclusão de Curso e com alunos 
do Programa de Pós Graduação em Educação Física na ESEF/UFPel. 
110 
 
 
 
Especificamente sobre o GEEAF Atenção Básica, após observarem a importância do 
tema voltado à população de abrangência das UBS, os pesquisadores começaram a 
desenvolver atividades com o objetivo de estudar o serviço de saúde com foco nas questões 
relacionadas à atividade física da população de usuários e profissionais de saúde, além de 
questões relacionadas à característica da estrutura da UBS para desenvolvimento de ações, o 
processo de trabalho e outros temas que, de alguma maneira poderiam impactar em melhores 
condições de saúde a todos os usuários e profissionais dos serviços. 
Para os pesquisadores, os beneficiados com a inserção da pesquisa nesse contexto da 
saúde, inclui primeiramente a oportunidade de levar e buscar novo conhecimento na área, a 
oportunidade dos alunos de graduação de atuar neste campo, a contribuição do profissional de 
Educação Física para a integralidade do cuidado na ABS e retornar a população o 
investimento feito na formação do aluno na universidade pública. 
Nesse contexto, entre outras ações, o GEEAF Atenção Básica iniciou o Projeto 
UBS+Ativa no ano de 2013, com apoio da UFPel, da Fundação de Apoio à Pesquisa do 
Estado do Rio Grande do Sul e com a parceria do Departamento de Medicina Social da 
Faculdade de Medicina da UFPel. O projeto tinha como objetivo a inclusão do profissional de 
Educação Física na UBS de ensino “Areal Leste” da UFPel e, por consequência, nas demais 
unidades de saúde, atuando em equipe multiprofissional na coordenação de programas de 
atividade física, no aconselhamento à comunidade e aos profissionais que nelas atuam. Ainda, 
fazia parte dos objetivos, avaliar a efetividade de uma intervenção com atividade física, 
adesão dos usuários ao programa e também promover um espaço para estágios acadêmicos. 
Durante este período o GEEAF pode experimentar os problemas e facilidades 
relacionados à atuação na atenção primária para se desenvolver um trabalho. Muitas vezes foi 
necessário enfrentar problemas relacionados à infraestrutura, sendo que para a intervenção foi 
111 
 
 
 
preciso buscar apoio fora da Unidade para desenvolver as atividades, caracterizando-se como 
uma barreira para a implantação de um programa de atividade física na comunidade. 
Naquele momento a participação dos estudantes do curso de Educação Física em um 
projeto na UBS era a primeira experiência de atuação nesta área, visto que o curso não 
possuía no seu plano, disciplina relacionada ao SUS ou mesmo estágio curricular em UBS. 
Neste sentido, acreditava-se que tais vivências poderiam influenciar positivamente os futuros 
profissionais de Educação Física, para que se sentissem capazes de atuar nesta área. 
Finalizando, o GEEAF segue acreditando que é importante que o profissional de 
Educação Física se aproprie cada vez mais deste campo de trabalho, fundamental para a 
promoção da saúde e mesmo com as dificuldades de trabalho,a inserção do mesmo deverá ser 
cada dia maior. Embora o caminho ainda seja longo para a consolidação da importância do 
trabalho do profissional de Educação Física na ABS, acreditamos que o trabalho de vários 
grupos de profissionais de diferentes instituições irá contribuir para o fortalecimento da ação 
da Educação Física na ABS. 
 
Referências Complementares 
 
GALLIANO, L. M.; SEUS, T. L.; PEIXOTO, M. B. et al. Intervenção com atividade física 
em uma Unidade Básica de Saúde - Projeto UBS+ativa: aspectos metodológicos. Rev. Bras. 
Ativ. Fís. Saúde, v. 21, p. 571-580, 2016. 
 
HÄFELE, V.; SIQUEIRA, F. V.. Intervenções com profissionais de saúde da atenção 
primária sobre aconselhamento à atividade física: revisão sistemática. J. Phys. Educ., v. 30, 
e. 3021, 2019. 
 
112 
 
 
 
MILECH, A; HÄFELE, V.; SIQUEIRA, F. V. Perfil dos usuários do serviço de educação 
física em uma Unidade Básica de Saúde. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde, v. 23, p. 1-7, 2018. 
 
SIQUEIRA, F. V.; FACCHINI, L. A.; PICCINI, R. X. et al. Atividade física em adultos e 
idosos residentes em áreas de abrangência de unidades básicas de saúde de municípios das 
regiões Sul e Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 24, n. 1, p. 39-54, 2008. 
 
SIQUEIRA, F. V.; NAHAS, M. V.; FACCHINI, L. A. et al. Aconselhamento para a prática 
de atividade física como estratégia de educação à saúde. Cad. Saúde Pública, v. 26, n. 1, p. 
203-213, 2009. 
 
7.5 Programa de Educação Permanente em Educação Física e Saúde Pública: o caso de 
Campo Grande, Mato Grosso do Sul 
Entrevistados: Prof. Dr. Joel Saraiva Ferreira e Me. Júlio César de Souza 
 
Em 2006, com a inclusão do profissional de Educação Física na PNPS, a prefeitura 
de Campo Grande-MS iniciou o programa denominado “Viver Legal em uma USF”, como 
relata o professor Me. Júlio César de Souza, atualmente gestor da Coordenadoria de 
Vigilância Epidemiológica em Doenças e Agravos Não Transmissíveis. Foi no ano de 2010, a 
partir do concurso para os profissionais de Educação Física, que houve a contratação e 
inserção de diversos profissionais ao NASF-AB e nas UBS para atuarem no programa “Viver 
Legal”, com atendimentos para usuários do SUS, a fim de proporcionar aulas com exercícios 
físicos todos os dias da semana. 
Entre os anos de 2013 e 2014, o professor Dr. Joel Saraiva Ferreira que trabalhava no 
Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) e Escola de Saúde Pública do Mato 
113 
 
 
 
Grosso do Sul (ESP/MS), iniciou sua docência na Universidade Federal de Mato Grosso do 
Sul (UFMS) e como parte de suas ações, desenvolveu no ano de 2016 um projeto de extensão 
no intuito de aproximar a Universidade dos profissionais de Educação Física do município, 
capacitando-os para trabalhar no SUS. 
Posterior ao projeto supracitado, em 2017, uma segunda vertente do projeto de 
extensão foi desenvolvida no intuito de atender a comunidade, ofertando a prática de 
exercícios físicos. A partir de uma parceria entre a Universidade e a Secretaria de Saúde, os 
atendimentos que já ocorriam durante o dia nas USF, tiveram uma adição de horário noturno, 
dentro da própria UFMS, sob a responsabilidade do professor Dr. Joel e do profissional de 
Educação Física concursado do município. Vale ressaltar que a Secretaria de Esporte do 
município também realiza atividades em ambientes públicos de lazer, como parques e praças. 
Inicialmente, as aulas do projeto eram ministradas pelo profissional de Educação 
Física, o qual tinha auxílio dos alunos do curso de Licenciatura em Educação Física. A partir 
do ano de 2018, com a inclusão do Bacharel na Universidade, houve uma reformulação das 
especificidades de cada curso, sendo que coube ao Bacharelando realizar seu estágio 
profissional, ao acompanhar, planejar, participar das avaliações físicas e compreender o 
processo de atuação e sistematização dos exercícios físicos, junto ao profissional de Educação 
Física da prefeitura municipal. Contudo, os Licenciandos continuaram acompanhando o 
profissional que executa as ações no projeto, a fim de relacionar os conhecimentos inerentes 
daquele ambiente com o do espaço escolar, de forma conjunta com a disciplina norteadora 
denominada: Educação Física Escolar e Promoção de Saúde. 
Desse modo, o intuito dessas vivências constitui-se em não estabelecer muros entre 
os ambientes de trabalho, a fim de que esses futuros profissionais consigam realizar ações 
intersetoriais e construir conhecimentos junto aos seus alunos, estimulando a prática de 
atividade física fora do ambiente escolar. 
114 
 
 
 
Para participar do projeto de extensão dentro da Universidade, o usuário deveria ser 
diagnosticado com alguma doença crônica ou fator de risco pré-existente, sendo critério para 
a participação no projeto. O público era em sua maioria do sexo feminino, com idade média 
de 44 anos e as aulas ocorriam diariamente das 17h30min às 20h30min horas da noite, sendo 
estruturadas com base em avaliações físicas por meio de testes físico-funcionais em um dia da 
semana e, os outros quatro dias eram destinados para as prescrições de exercícios em 
pequenos grupos, visto que as atividades eram prescritas conforme os objetivos e 
necessidades dos usuários. Um dos pontos positivos das aulas noturnas na Universidade era a 
participação familiar, favorecendo um maior engajamento e aderência ao projeto e, indo ao 
encontro com as diretrizes do SUS. O projeto acontecia dentro da academia da Universidade 
e, eventualmente, com algumas aulas ao ar livre. 
Os benefícios dessas práticas ofertadas são diversos, como controle e diminuição do 
excesso de peso e manutenção da pressão arterial, além de melhora da qualidade de vida 
relacionada à saúde, sendo que os alunos relataram o bem-estar de poder realizar os exercícios 
e de ter conseguido o acesso para praticar as atividades. As pessoas com problemas de 
mobilidade relataram o progresso de poderem estar envolvidas naquelas atividades, 
descrevendo também que além das melhorias físicas, houve melhorias psicológicas, 
possivelmente pela própria prática em si e devido às interações sociais. O profissional de 
Educação Física relatou que embora os participantes mantivessem uma alta aderência ao 
projeto, demonstrando satisfação com o trabalho realizado, inicialmente, as pessoas apontam 
barreiras para começar a prática. 
Sobre as dificuldades para o desenvolvimento do projeto, foram apontadas as 
burocracias para o deslocamento dos profissionais de Educação Física da USF para a 
Universidade, em um outro horário e, implementação e adesão da população, devido a 
percepção de que a UFMS se situa em uma região distante da cidade. Contudo, tal fato era 
115 
 
 
 
verídico há 40 anos, quando se iniciou a construção da Universidade, porém, com a 
urbanização, a cidade expandiu-se para as regiões mais periféricas, além disso, existem ônibus 
que adentram e circulam pela Universidade, favorecendo a circulação de pessoas da 
comunidade. Ou seja, ainda é um desafio desconstruir essa visão sociocultural. 
As ações municipais realizadas nas USF também foram parecidas, pois as pessoas 
falavam que não poderiam ir pela distância e, mesmo levando a prática de atividade física 
para perto delas, como em salões de igreja, praça e quadra esportiva, elas ainda justificavam 
que a distância era um empecilho, ou por não ter roupa adequada ou outros motivos. Contudo, 
hoje em dia, os demais grupos atendidos pelos profissionais de Educação Física, em outros 
horários e diversos pontos da cidade, além de se engajarem nas práticas diárias, também se 
deslocam para participarem de eventos comemorativos que acontecem em determinados 
locais da cidade. 
Atualmente, no município de Campo Grande-MS, os profissionais de Educação 
Física estão vinculados ao NASF-AB e atendem cerca de 40 USF, de segunda a sexta. Estes 
profissionais fazem atendimentos nas unidades e nas áreas de abrangência, como parques epraças. São formados grupos e desenvolvidos acompanhamentos, de acordo com as 
características locais, sendo as estratégias elaboradas por uma equipe multiprofissional, com 
ações rotineiras. O objetivo é atender todos os públicos, mas a maior frequência nas 
atividades é de idosos e mulheres, apesar de haver ações também para gestantes, hipertensos, 
diabéticos e tabagistas. Ainda, decorrente dos índices aumentados de obesidade na população 
de Campo Grande-MS, há um programa exclusivo para esse público, denominado 
EmagreSUS, no qual, os profissionais de Educação Física também fazem parte. Ainda, o 
Programa Saúde na Escola está ativo, visando assim estimular a prática de atividade física na 
população geral e construir um ambiente mais ativo em diversos setores sociais. 
 
116 
 
 
 
Referências Complementares 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política Nacional de 
Promoção à Saúde: PNPS: revisão da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a 
Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 
 
FERREIRA, J. C. V.; FERREIRA, J. S. Atuação dos profissionais de educação física na 
atenção primária à saúde. Cad. Educ. Fís. Esp., Marechal Cândido Rondon, v. 15, n. 2, p. 
105-113, jul./dez. 2017. 
 
MALTA, D. C. et al. A Política Nacional de Promoção da Saúde e a agenda da atividade 
física no contexto do SUS. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 18, n. 1, p. 79-86, 2009. 
 
PAIM, J. et al. The Brazilian health system: history, advances and challenges. Lancet. Séries, 
2011. 
 
7.6 Grupo de Estudos em Políticas de Saúde, Esporte e Lazer - Projeto Mais Saúde 
Vitória: o caso de Vitória de Santo Antão, Pernambuco 
 Entrevistado: Prof. Dr. Flávio Renato Barros da Guarda 
 
O Grupo de Estudos em Políticas de Saúde, Esporte e Lazer (GEPSEL), vinculado a 
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Campus Vitória de Santo Antão, foi criado em 
117 
 
 
 
2016 pelos professores Dr. Flávio Renato Barros da Guarda e Dr. Wallacy Milton do 
Nascimento Feitosa, com o objetivo principal de tratar dos assuntos relacionados às políticas 
públicas de saúde, esporte e lazer, sobretudo, à prática de atividade física no SUS. 
Com o apoio do grupo de estudos, surge a necessidade da criação do projeto de 
extensão denominado “Mais Saúde Vitória”. O campus de Vitória de Santo Antão possui seis 
cursos na área da saúde, o que impactou na criação do projeto de extensão, a fim de qualificar 
as ações de promoção da saúde, particularmente da atividade física, no município. O projeto 
ocorre em parceria com a Secretaria de Saúde e busca desenvolver uma política de promoção 
em saúde informada por evidências. 
Atualmente, o grupo articula as ações do projeto de extensão com os estudos de 
análises de custo e impacto de políticas públicas que promovam a prática de atividade física. 
Desse modo, o coletivo tem investido em pesquisas sobre a avaliação de tecnologias em saúde 
e tradução do conhecimento, com o uso da ferramenta SUPPORT (desenvolvida pela Rede de 
Políticas Informadas por Evidências – EVIPNET). Com o uso dessa metodologia é possível 
elaborar sínteses de evidências científicas e transformá-las em policy briefs, que são 
documentos que utilizam uma linguagem simples e objetiva para propor a gestores, 
trabalhadores e usuários dos sistemas e serviços de saúde, a solução de um problema de 
interesse público. Nesse contexto, a viabilidade de implementação de até duas soluções 
(informadas por evidências) para um problema é discutida em um diálogo deliberativo com 
todos os atores envolvidos, promovendo uma maior integração entre o conhecimento 
produzido na academia e as reais necessidades e realidade dos serviços de saúde. 
Através do projeto de extensão o grupo também desenvolveu materiais para 
qualificar as equipes da ABS local sobre temas específicos, como: alimentação saudável, 
atividade física, diminuição do uso de sal, açúcar e tabagismo. Além disso, foram criadas 
estratégias de como conduzir as ações de promoção da saúde dentro do município. Os 
118 
 
 
 
próximos passos serão marcados pela capacitação dos membros do NASF-AB e dos 
profissionais da academia da saúde do município para desenvolverem a intervenção proposta, 
e, por fim, serão realizadas as avaliações dos seus impactos. 
As pesquisas do grupo visam impactar sobre a tomada de decisão dos gestores na 
cidade de Vitória de Santo Antão – PE e em outros municípios, sobretudo através da geração 
de evidências acerca do custo-efetividade e do impacto de programas de atividade física na 
redução dos gastos com internações hospitalares por doenças crônicas não transmissíveis, 
melhora na disposição física, capacidade funcional do trabalhador e outros benefícios 
percebidos com a prática regular de atividade física. 
Além das pesquisas evidenciarem os benefícios para os usuários do sistema de saúde, 
destaca-se a sólida formação que os alunos participantes do grupo de estudos recebem. O 
GEPSEL proporciona aos envolvidos uma visão mais ampla da real atuação do profissional de 
Educação Física, sobre as áreas da atividade física e saúde pública, acrescentando conteúdos 
essenciais na formação desses alunos, os quais auxiliam em uma leitura mais crítica da 
realidade, unido ao incentivo à formação continuada e possibilidade de capacitação 
qualificada, por meio do ingresso na residência profissional ou pós-graduação stricto-sensu. 
 
Referências Complementares 
 
FEITOSA, W. M. N. et al. Users’ perception of actions, improvement in quality of life and 
satisfaction with the Academia da Cidade Program. Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 21, n. 5, p. 
461-469, 2016. 
 
GUARDA, F. R. B. et al. Characterization of physical activity program teams and their work 
process. Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 20, n. 6, p. 638-64, 2015. 
119 
 
 
 
 
GUARDA, F. R. B. et al. Self-perception of the objective, object and work products of 
Physical Education Professionals belonging to the Academia da Saúde Program. Rev Bras 
Ativ Fís Saúde, v. 21, n. 5, p. 400-409, 2016. 
 
SILVA, D. M. S. et al. Cintura Fina Project: prevention and control of obesity and other non-
communicable chronic diseases. Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 19, n. 6, p. 785-790, 2014. 
 
SILVA, R. N. et al. Evaluability of the Health Gym Program in Recife, Pernambuco State, 
Brazil. Cad. Saúde Pública, v. 33, n. 4, p. 1-16, 2017. 
 
7.7 Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Qualidade de Vida: o caso de Curitiba, 
Paraná 
Entrevistado: Prof. Dr. Adriano Akira Ferreira Hino 
 
A cidade de Curitiba é a capital do estado do Paraná e tem sido considerada como 
cidade modelo nacional e internacionalmente em termos de planejamento urbano, manutenção 
de áreas verdes e transporte público. Mesmo sendo vanguarda nestas áreas, no final da década 
de 90, pesquisas indicavam a cidade como sendo uma das capitais com maiores prevalências 
de doenças coronarianas do país. 
Como resposta a estes dados, o programa CuritibAtiva surgiu em 1998 com o 
objetivo de aconselhar a população curitibana sobre a importância da atividade física, 
utilizando-se de várias estratégias como mensagens informativas e explicativas, orientando 
sobre a prática de atividade física e cuidados nutricionais, organizando eventos, como 
corridas, jogos escolares, passeios de bicicleta noturnos; além de ofertar atividade física 
120 
 
 
 
orientada e regular nos espaços públicos. 
Assim, ao longo de alguns anos, as estratégias supracitadas fomentaram desejos de 
pesquisadores para investigar a relação entre a atividade física e os aspectos que afetam a 
qualidade de vida de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Diante deste cenário, em 2005 
os professores Rodrigo Siqueira Reis e Ciro Romelio Rodriguez Añez criaram o Grupo de 
Pesquisa em AtividadeFísica e Qualidade de Vida (GPAQ) instituído na Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná, o qual é organizado em duas principais linhas de pesquisa: 
(1) Inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde, e (2) Ambiente, estilo de vida e 
saúde. O GPAQ foi um dos primeiros grupos nacionais a investigar como o ambiente urbano 
pode facilitar ou dificultar a prática de atividade física. 
Nesse sentido, um dos primeiros projetos desenvolvidos pelo grupo em 2005 foi 
denominado “Determinantes da Atividade Física e Obesidade em Escolares do Ensino Médio 
da rede Pública de Curitiba - PR”, avaliando mais de 1600 adolescentes com idade entre 14 a 
18 anos. O projeto teve como objetivo desenvolver instrumentos de medida adequados para 
avaliar autoeficácia, apoio social e ambiente percebido relacionado à atividade física em 
adolescentes, determinar a prevalência de obesidade, sobrepeso e de inatividade física entre os 
escolares, e investigar também a relação entre a atividade física com indicadores de aptidão 
física e de saúde (tabagismo, alcoolismo, comportamento sedentário e hábitos alimentares). 
O projeto identificou que apenas 14,5% dos escolares atingiam a recomendação para 
a prática de atividade física (300 mim/sem), sendo os meninos mais ativos do que as meninas 
(22,3%-9,1%). Grande parte dos adolescentes (41,8%) relatou não praticar atividade física 
moderada/vigorosa em nenhum dia da semana, sendo que uma alternativa para a mudança 
dessa situação seria proporcionar atividades que correspondem ao interesse desses 
adolescentes, além de incentivar os pais a serem mais ativos, pois sabe-se que o 
comportamento destes tem influência sobre crianças e adolescentes. 
121 
 
 
 
No ano de 2008, o GPAQ participou em conjunto com diversas instituições nacionais 
e internacionais no projeto GUIA (Guia Útil Para Intervenções em Atividade Física na 
América Latina), que teve como objetivo principal avaliar estratégias baseadas em evidências 
para a promoção da prática de atividade física na América Latina. Durante a execução do 
projeto, os programas de promoção de atividade física de Curitiba foram mapeados e 
avaliados. Dentre os principais resultados, foi identificado que mais de 90,0% dos curitibanos 
conhecem os programas de atividade física oferecidos pela prefeitura, 11,0% já haviam 
participado de algum programa e 5,6% ainda participavam durante a pesquisa. 
O projeto também avaliou o uso de espaços públicos como parques e praças, além de 
identificar como as características do ambiente podem contribuir para maiores níveis de 
atividade física. Por fim, as evidências existentes e as geradas pelo projeto GUIA foram 
revisadas e compiladas para gerar recomendações à prática de atividade física. 
Concomitantemente em 2008, como um complemento do projeto GUIA, o GPAQ conduziu o 
estudo “Caminhos Para o Parque” que teve como objetivo principal identificar os fatores 
associados ao uso dos espaços públicos da cidade, o qual identificou que 32,0% dos 
curitibanos utilizam parques frequentemente, pelo menos uma vez por semana. 
Devido às diversas estratégias gratuitas para promoção de atividade física e os 
possíveis efeitos benéficos à população, ocorreu o interesse de pesquisadores acerca da 
efetividade destas ações. Assim, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), 
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pontifícia Universidade Católica do Paraná 
(PUCPR), com apoio da Secretaria Municipal de Saúde e Secretaria de Esporte e Lazer de 
Curitiba começaram a avaliar os programas desenvolvidos nos Centros de Esporte e Lazer 
distribuídos pela cidade, sendo que mais da metade dos entrevistados reportaram como 
“boa/ótima” as atividades ofertadas pelo programa. A grande potencialidade desse programa é 
devido a boa comunicação entre pesquisa e gestão pública, em que o trabalho realizado dentro 
122 
 
 
 
da Universidade torna-se útil ao poder público, contribuindo no poder de decisão das políticas 
públicas, via avaliação da efetividade do programa e, beneficiando ainda mais a população. 
Em 2010, o projeto conduzido pelo grupo foi o IPEN-study (International Physical 
Activity and Environment Network), um estudo multicêntrico com o objetivo avaliar os 
efeitos do ambiente construído e da renda sobre a atividade física. Para melhor compreensão 
por parte da população, o nome adotado para o projeto foi ESPAÇOS de Curitiba - 
Entendimento Sobre a Prática de Atividade Física nas Comunidades. 
Em 2013, o Grupo de Pesquisa conduziu também o projeto “ESPAÇOS – 
Adolescentes” que foi desenvolvido entre os meses de agosto e dezembro com o objetivo de 
conhecer o padrão de atividade física e, os fatores do ambiente construído e percebido entre 
adolescentes. Assim como o projeto ESPAÇOS de Curitiba, este projeto também faz parte do 
projeto IPEN com mais de 15 países envolvidos, sendo o Brasil representado pela cidade de 
Curitiba - PR, através desse grupo de pesquisa. 
Nesse projeto, foram recrutados aproximadamente 650 adolescentes, com idade entre 
12 a 17 anos, os quais receberam dois aparelhos, um acelerômetro e um GPS, para quantificar 
suas atividades diárias e desenhar os ambientes frequentados pelos mesmos. Nas escolas 
frequentadas pelos adolescentes aconteceu um projeto complementar, em que o objetivo foi 
avaliar o ambiente escolar para prática de atividade física e políticas de promoção de saúde. 
Essa mesma pesquisa também foi realizada com adultos, com o objetivo de verificar se a 
mudança no ambiente favorece a prática de atividade física, sendo concluído que a percepção 
de bairros mais seguros associou-se ao maior tempo de caminhada e maior utilização dos 
espaços públicos para prática de atividade física. 
Mediante ao exposto, esses estudos são capazes de auxiliar a gestão pública a tomar 
decisões acerca de projetos para a população, como tipos de ruas a serem construídas e 
número de intersecções nessas ruas para que sejam melhores frequentadas. Também, 
123 
 
 
 
determinar os locais mais adequados para a construção de espaços para a prática de atividade 
física, a fim de beneficiar a população e proporcionar facilidade ao acesso por meio de 
transporte ativo, além de maior aderência aos espaços de atividade física. 
Segundo o professor Dr. Adriano Akira Ferreira Hino, atual coordenador do grupo de 
estudos GPAQ, faz-se necessário saber quais são as alterações a serem realizadas no ambiente 
e nos programas de atividade física, assim como quais objetivos precisam ser alcançados no 
futuro. Ademais, o entrevistado salienta que ao descobrir as formas de executar as mudanças 
supracitadas, poderá se aproximar de um dos caminhos para tornar a população mais ativa. No 
entanto, ainda é imprescindível identificar quais são os grupos de risco e quais variáveis estão 
relacionadas às mudanças de comportamento, a considerar que o maior desafio é identificar os 
meios de influenciar os gestores a implantarem as ideias e, assim, diminuir os agravos e 
desfechos negativos da inatividade física, sendo esta uma das metas dos pesquisadores dentro 
do grupo. 
Em síntese, os resultados alcançados pelo grupo são divulgados por meio de 
relatórios gerais e individuais, a fim de devolver aos participantes e aos gestores premissas 
para implantação de novos programas e consequente mudança dos hábitos de vida. Contudo, 
ainda há dificuldades na divulgação em larga escala. O GPAQ trabalha com percepção de 
ambiente, políticas públicas, atividade física, GPS e acelerometria, possibilitando a integração 
das áreas de conhecimento e construindo vínculos com outros profissionais e programas de 
pós-graduação, fortalecendo assim a interdisciplinaridade dentro da Universidade. 
 
Referências Complementares 
 
FERMINO, R. C. et al. Atividade física e fatores associados em adolescentes do ensino médio 
de Curitiba, Brasil. Rev. Saúde Pública, v. 44, n. 6, São Paulo, 2010. 
124FERMINO, R. C. et al. Perceived environment and public open space use: a study with adults 
from Curitiba, Brazil. Int. J. Behav. Nutr. Phys. Act., v. 10, n. 35, p. 1-10, 2013. 
 
GRANDE, D. et al. Política pública de atividade física e qualidade de vida de uma 
cidade. Curitiba: Gráfica e Editora Venezuela, 2008, 90 p. 
 
HALLAL, P .C. et al. Avaliação de programas comunitários de promoção da atividade física: 
o caso de Curitiba, Paraná. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde, v. 14, n. 2, p. 104-214, 2009. 
 
HINO, A. A. F. et al. Ambiente percebido do bairro e atividade física no lazer em adultos de 
Curitiba, Brasil. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum., v. 19, n. 5, p. 596-607, 
2017. 
 
HINO, A. A. F. et al. Projeto ESPAÇOS de Curitiba, Brasil: aplicabilidade de métodos mistos 
de pesquisa e informações georreferenciadas em estudos sobre atividade física e ambiente 
construído. Rev. Panam. Salud Publica, v. 32, n. 3, p. 226–233, 2012. 
 
HINO, A. A. F. et al. The built environment and recreational physical activity among adults in 
Curitiba, Brazil. Prev. Med., v. 52, n. 6, p. 419-422, 2011. 
 
HINO, A. A. F. et al. Using observational methods to evaluate public open spaces and 
physical activity in Brazil. J. Phys. Act. Health, v. 7, S. 2, p. 146-154, 2010. 
 
125 
 
 
 
HOEHNER, C. M. et al. Physical activity interventions in Latin America – expanding and 
classifying the evidence. Am. J. Prev. Med., v. 44, n. 3, p. 31–40, 2013. 
 
PARRA, D. C. et al. Perceived environmental correlates of physical activity for leisure and 
transportation in Curitiba, Brazil. Prev. Med., v. 52, p. 234-238, 2011. 
 
REIS, R. S. et al. Promoting physical activity through community - Wide policies and 
planning : findings from Curitiba , Brazil. J. Phys. Act. Health, v. 7, S. 2, p. 137-145, 2010. 
 
RIBEIRO, I. C. et al. Using logic models as iterative tools for planning and evaluating 
physical activity promotion programs in Curitiba, Brazil. J. Phys. Act. Health, v. 7, S. 2, 
p.155-162, 2010. 
 
SANTOS, M. S. et al. Prevalência de barreiras para a prática de atividade física em 
adolescentes. Rev. Bras. Epidemiol. v. 13, n. 1, p. 94-104, 2010. 
 
7.8 Considerações Finais 
 
Os relatos apresentados neste capítulo trazem importantes contribuições para os 
jovens pesquisadores e profissionais da área da saúde que pretendem iniciar ações e pesquisas 
de promoção de atividade física dentro do contexto do SUS, sobretudo, na ABS. 
Verificamos ações pioneiras e semelhantes que têm como ponto comum o contexto 
da promoção da atividade física para a saúde no sistema público do Brasil, desenvolvidas a 
partir de 2001 e 2006, como o caso do projeto Saúde Ativa em Rio Claro - SP e Floripa Ativa 
em Florianópolis - SC, voltados para o público com alguma DCNT, em que o objetivo era 
126 
 
 
 
desenvolver aulas práticas de exercício físico em UBS, de duas a três vezes na semana, a fim 
de promover a manutenção das capacidades físicas dos participantes, gerar socialização e 
benefícios à saúde geral do indivíduo. 
Em 2006, com a publicação da PNPS, afirmando sobre a importância da promoção 
da prática de atividade física no contexto da ABS e com a criação do NASF-AB em 2008, 
reitera-se a importância do profissional de Educação Física nesse ambiente e criam-se então 
oportunidades factuais de atuação para o profissional. 
Por isso, buscando atender a promoção de atividade física, conceituada pela PNPS de 
uma maneira mais ampla, surgem pesquisas que testaram a efetividade de intervenções e 
avaliaram as estratégias já implementadas através de políticas públicas locais, como o caso do 
projeto Ambiente Ativo em São Paulo, UBS+Ativa em Pelotas - RS, Viver Legal em Campo 
Grande - MS e Mais Saúde Vitória em Vitória de Santo Antão - PB. 
Todos os relatos aqui abordados têm pontos em comum, mesmo as ações ocorrendo 
em quatro regiões diferentes do Brasil. Entre as semelhanças, encontra-se a dificuldade que os 
pesquisadores têm em iniciar e manter intervenções no contexto da ABS, muitas vezes, pela 
mudança constante dos gestores da saúde pública ou pelo próprio sistema com a sua 
burocracia, criando algum impedimento e/ou atraso na ação. As intervenções são um polo de 
oferta para os estágios curriculares quando o curso exige ou, um campo de experiência para 
uma futura atuação na ABS. Além disso, os benefícios das ações são verificados pelos estudos 
científicos, como manutenção ou melhora das capacidades físicas e bem-estar da saúde mental 
e, há, ainda, demonstração de satisfação com a prática de atividade física relatada pelos 
próprios participantes aos professores. 
De forma complementar aos estudos na área da ABS, trouxemos o relato dos 
pesquisadores de Curitiba, com o grupo de estudos GPAQ, que estudam a percepção e 
impacto do ambiente para a promoção de atividade física da população, produzindo um 
127 
 
 
 
conteúdo para a tomada de decisão de gestores, o que influencia diretamente na saúde da 
população, evitando o uso precoce da ABS decorrente de DCNTs e, influenciando no 
comportamento saudável, de maneira geral. 
Finalizamos ressaltando a importância dessas ações para a população usuária da 
ABS, agradecendo e parabenizando os pesquisadores e profissionais de Educação Física por 
disponibilizarem relatos tão valiosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
128 
 
 
 
8. CAPÍTULO OITO 
BANZEIRANDO PELOS TERRITÓRIOS DA AMAZÔNIA: ENCONTROS ENTRE 
ATENÇÃO BÁSICA, ATIVIDADE FÍSICA, PRÁTICAS CORPORAIS E SAÚDE 
 Inês Amanda Streit 
 Júlio Cesar Schweickardt 
 Victor José Machado de Oliveira 
 Samara Feitosa Gomes Silva 
 Eney Sarmento Pinheiro 
 Tiótrefis Gomes Fernandes 
 
8.1 Introdução 
 
O objetivo do texto é apresentar os encontros entre ABS e a atividade física nos 
diferentes territórios da Amazônia na relação com a pesquisa e o ensino. Os territórios da 
Amazônia são muito diversos, que dependem de fatores geográficos, culturais, históricos, 
ocupação e usos. Assim, intervir nesses territórios necessitam de estratégias diferenciadas e 
adaptadas para a realidade das comunidades, das pessoas, da natureza que também sofrem 
interferência pelas escolhas políticas e de gestão. Os territórios são lugares de ensino e 
formação e, necessariamente, precisam permanentemente dialogar com esses espaços. 
A formação dos profissionais de saúde ainda está distante da vida como acontece nos 
diferentes territórios, na produção das existências, com uma carga subjetiva na relação com o 
lugar que habita (GOMES; MERHY, 2014). Nesse sentido, temos a responsabilidade de olhar 
para nossos processos pedagógicos, currículos, opções metodológicas e epistemológicas para 
colocar em reflexão as nossas escolhas ético-políticas em relação à formação e ao cuidado em 
saúde. 
O território na Amazônia se apresenta de modo vivo e líquido, principalmente, 
quando consideramos as populações ribeirinhas, indígenas e outros povos na região 
(SCHWEICKARDT KADRI; LIMA, 2019). Foi pensando nisso, que a Política Nacional de 
129 
 
 
 
Atenção Básica criou as equipes de Saúde da Família Ribeirinha e Saúde da Família Fluvial 
como uma forma de promover a inclusão das populações que eram invisíveis às políticas de 
saúde. 
A ABS apresenta um ponto de contato inicialcom o SUS, com mais alto grau de 
descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. Ela é o 
contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada. Por isso, é fundamental que ela 
seja ordenada pelos princípios da universalidade, integralidade e equidade. Esses princípios, 
envolvem ações de promoção e proteção à saúde, prevenção e tratamento de agravos, 
reabilitação e educação em saúde que é desenvolvida por uma equipe multiprofissional. Não 
obstante, a operacionalização desses saberes e fazeres, conjugados com os princípios 
mencionados, corroboram a acessibilidade, a criação de vínculo e a continuidade do cuidado 
para os usuários. 
O modelo prioritário, desde 1994, foi o Programa de Saúde da Família (PSF), 
atualmente, ESF, com diferentes formatos de acordo com as características da população 
(ALMEIDA et al., 2019). Apesar de ser uma política ministerial, o estado do Amazonas ainda 
não possuía uma política específica para o seu território que, de fato, considerasse as 
peculiaridades da região. 
Foi em 2010 que a Portaria 2.191 “instituiu critérios diferenciados com vistas à 
implantação, financiamento e manutenção da ESF para as populações ribeirinhas na 
Amazônia Legal e no Mato Grosso do Sul” (ALMEIDA et al., 2019, p. 25). A Política 
Nacional de Atenção Básica de 2011 trouxe inovações importantes em relação ao 
financiamento e organização das equipes da saúde da família para as populações da 
Amazônia: 
 
1) Instituiu equipes ribeirinhas e fluviais (Equipe de Saúde da Família Ribeirinha 
ESFR e Equipe de Saúde da Família Fluvial-ESFF); 
130 
 
 
 
2) Institucionalizou os microscopistas nas ESFR localizadas em regiões endêmicas; 
3) Instituiu as Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) (Programa de Construção 
de UBSF); 
4) Incluiu técnico de laboratório e/ou bioquímico nas ESFF; 
5) Definiu quantitativo inferior de equipes de referência (eSF) para as equipes NASF-
AB atuantes na Amazônia Legal; 
6) Definiu teto de equipes NASF-AB superior para municípios de pequeno porte da 
Amazônia Legal; 
7) Definiu critérios de suspensão menos rigorosos para as equipes NASF-AB que 
atuam na Amazônia Legal; 
8) Definiu a possibilidade de ampliação do número de profissionais da 
equipe mínima das ESFR e ESFF, com incentivo financeiro adicional; 
9) Definiu valor adicional para ESFR que necessite de transporte fluvial para acessar 
as comunidades ribeirinhas; 
10) Definiu quantitativo de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) superior para as 
ESFR (06) e ESFF (12); e11) Manteve PAB específico para Região Amazônica 
(ALMEIDA et al., 2019, p. 26). 
 
O NASF-AB
1
 foi criado, a partir da portaria n°154, de 24 de janeiro de 2008, para 
dar apoio às equipes da ESF e ABS, ampliando o seu escopo de atuação e cuidados da 
população. A inclusão de profissionais que não estavam na equipe mínima foi um avanço 
significativo para o fortalecimento da ABS. Dentre eles, destacamos o profissional de 
Educação Física. O NASF-AB é extremamente relevante no que se refere às ações de 
promoção da saúde, pois tem como características interferir nas necessidades a população 
para uma maior qualidade de vida. 
 
1
 NASF - Núcleo de Apoio Saúde à Família foi a nomenclatura adotada pela portaria n°154, de 24 de janeiro de 
2008. Com a revisão das diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) na portaria n◦ 2. 436 de 21 
de setembro de 2017 passou a ser denominado de Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica 
(NASF-AB). A portaria de n◦ 99 de 07 de fevereiro de 2020, ficou redefinido que o registro no Sistema de 
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) passaria a ser como Equipe do Núcleo Ampliado de 
Saúde da Família e Atenção Primária (eNASF AP). De forma geral, utilizaremos o termo NASF-AB para 
designar a equipe multiprofissional que atua no território. 
131 
 
 
 
A promoção de ações específicas nos/com os territórios únicos para as várias 
“amazônias” é um modo de respeitarmos a diversidade e praticarmos as justiças com os 
distintos grupos sociais (SCHWEICKARDT et al., 2016). A intervenção equitativa serve para 
corrigir negligências passadas, mas também contribui na projeção de um futuro mais 
dialógico e intercultural com os saberes e as práticas territoriais. 
No decorrer deste texto, abordaremos questões afetas a presença e atuação do 
profissional de Educação Física na ABS. São: elementos como os encontros entre a formação 
(inicial e continuada) e os cenários de atuação; os relatos de sujeitos, profissionais de 
Educação Física, que trabalham na capital e no interior; e os delineamentos de um coletivo 
que busca formar uma rede para o fortalecimento da oferta da atividade física e práticas 
corporais no SUS. Convidamos o leitor/a para navegar conosco nos banzeiros que dão o tom 
do serviço em atividade física, práticas corporais e saúde no estado do Amazonas. 
 
8.2 Os encontros entre a Academia e a Atenção Básica 
 
A expansão da pós-graduação stricto sensu da área Educação Física no Brasil é um 
evento recente, com a criação de seus primeiros cursos em meados da década de 70 e 80. Mas, 
são nas décadas seguintes que ocorre o crescimento de número de cursos de mestrado e 
doutorado na área. Diferentemente de outras regiões, como Sul e Sudeste, a região Norte 
permanece díspar em relação às ofertas neste campo de estudo (CORRÊA; CORRÊA; RIGO, 
2019). 
Foi no segundo semestre de 2017 que a Faculdade de Educação Física e Fisioterapia 
(FEFF) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), localizada em Manaus/AM, abrigou 
o Programa de Pós-Graduação em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia–PPGSSEA. 
Apesar de não ser um programa da Área 21, parte de seu corpo docente eram de professores 
132 
 
 
 
de Educação Física, o que suscitou possibilidades de pesquisas e formação continuada na 
interface entre Saúde Coletiva e Educação Física. Oportunidade antes, somente possível, em 
outros espaços geográficos. 
O PPGSSEA objetivou
2
 a formação de material humano qualificado para atuar na 
pós-graduação lato sensu, cursos de graduação e enquanto pesquisadores na área da saúde. O 
foco da qualificação compreendeu a área da Saúde, Sociedade e Endemias e, ao mesmo 
tempo, a integração dos alunos em subáreas temáticas. Após o processo de seleção 
ingressaram 32 alunos. Dentre esses, 18 eram profissionais formados em Educação Física. 
Entre as dissertações defendidas no programa, uma abordou o tema no contexto da ABS
3
. 
A região Norte, especialmente, o estado do Amazonas, apresenta peculiaridades em 
relação ao acesso e cobertura da ABS para sua população. De acordo com Almeida (2019), 
nos últimos vinte anos houve um crescimento da ABS na região Norte, sendo que, nos estados 
do Pará e Amazonas, em 2018, a cobertura foi de 60,0% e 60,5%, respectivamente. Esta 
extensão de cobertura encobre barreiras de acesso geográfico tanto na zona rural quanto na 
zona urbana, adicionando ao espaço urbano barreiras à chegada dos usuários às unidades. 
Schweickardt, Kadri e Lima (2019), acrescentam que, além das barreiras geográficas, existem 
as barreiras relacionadas aos modelos de contratação. Foi consultado no site e-Gestor AB, em 
abril de 2020, que a cobertura na capital Manaus (40,78%) é bem menor em comparação ao 
estado do Amazonas (62,62%), se considerado apenas as ESF. Já em relação a cobertura 
ABS, Manaus (56,60%) ainda continua com menor abrangência em relação ao estado (72%) 
(BRASIL, 2020). 
Os aspectos geográficos da região amazônica se destacam, principalmente, pela 
formação de suas “estradas” fluviais. Porém, não são somente essas características que 
 
2
 O PPGSSEA encontra-se em processo de encerramento de suas atividades. 
3
 Dissertação “Atenção Básica e Promoção da Saúde: Atuação do Profissional de Educação Física no NúcleoAmpliado de Saúde da Família - Atenção Básica no Estado do Amazonas”, de autoria de Samara Feitosa Gomes 
Silva, orientada pelo professor Dr.Júlio Cesar Schweickardt, defendida em 2020. 
133 
 
 
 
distanciam a região Norte de outros espaços geográficos brasileiros. Essa região se defronta 
com copiosas disparidades, como, por exemplo, a carência de pesquisas que envolvam o 
profissional de Educação Física e suas produções na ABS. 
A inserção formal dos profissionais de Educação Física em ações programáticas, 
como o NASF-AB, indica, tanto para o campo da saúde quanto para a área da Educação 
Física, a potencialidade de articulação nas práticas de cuidado que evidenciam o caráter 
multiprofissional – inspirada no princípio da integralidade da atenção (FRAGA; 
CARVALHO; GOMES, 2012). 
As ações que envolvam as atividades físicas e práticas corporais oferecidas à 
população necessitam envolver os aspectos da diversidade e a multiculturalidade da região. 
Sendo assim, Silva (2020) investigou as ações e intervenções que são produzidas pelos 
profissionais de Educação Física em equipes NASF-AB no Amazonas. A pesquisa envolveu 
33 profissionais da ABS, sendo 11 profissionais de Educação Física, 11 ACS e 11 
Enfermeiras/os, atuantes nas equipes NASF-AB dos municípios de Autazes, Iranduba, 
Itacoatiara e Nova Olinda do Norte. Este estudo possibilitou tanto o encontro com 
profissionais que atuam em espaços singulares, quanto o estabelecimento de um diálogo 
significativo. Foi percebido não somente as diferenças desses espaços geográficos, mas, 
também, as lacunas existentes na formação acadêmica em Educação Física para atuação no 
campo da saúde (SILVA, 2020). 
Entre os diferentes olhares, foi possível equalizar algumas observações, como a 
ressignificação da atuação do profissional de Educação Física no contexto da ABS. Por meio 
dos depoimentos da EqSF, percebe-se que esse profissional é ator principal na produção das 
atividades físicas e práticas corporais. As atividades produzidas nos territórios amazônicos 
coincidem com as modalidades ofertadas nas demais regiões brasileiras como: alongamentos, 
caminhadas e ginástica funcional. Embora as atividades sejam análogas, os espaços em que 
134 
 
 
 
essas são executadas, se diferem quanto às paisagens que as circundam. Desta maneira, 
enquanto a caminhada é ofertada próximo ao porto, também são produzidas nos espaços 
costumeiros, como as praças, quadras e ruas em torno do território adscrito à Unidade Básica 
de Saúde (SILVA, 2020). 
Nessa perspectiva, torna-se pertinente esclarecer que, ao desenvolver esta pesquisa 
foi possível visualizar a região amazônica e sua diversidade no contexto da ABS da saúde. 
Navegar rios desconhecidos, perpassados por discursos que apontam limitações para efetivar 
um atendimento que vem ao encontro dos princípios do SUS, mostraram que, como 
pesquisadores, temos o compromisso de contribuir na, para e com a construção e efetivação 
de políticas públicas de saúde em nossa região que estejam envolvendo o profissional de 
Educação Física. 
O estudo desenvolvido apontou para a necessidade de tornar públicas as ações que 
vêm sendo feitas no nosso estado, em termos de atuação do profissional de Educação Física 
no contexto da saúde pública. Buscando dar vazão e promover encontros em torno dessas 
ações, foi organizado o “I Simpósio de Educação Física e Saúde Coletiva no Contexto 
Amazônico: saberes e práticas em saúde”. 
Realizado em outubro de 2019, pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Atividade 
Física e Saúde - Da Infância ao Envelhecimento (GEPAFS-IEDS), com o apoio do 
PPGSSEA/FEFF/UFAM, a primeira edição deste simpósio veio com o intuito de aproximar as 
áreas de Saúde Coletiva e Educação Física e fortalecer a atuação do profissional de Educação 
Física na ABS. A programação incluiu, além de conferência e mesas redondas, uma 
interlocução entre profissionais de Educação Física que atuam no NASF-AB e estudantes que 
fazem parte do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) em torno da 
sua atuação interprofissional no contexto do SUS. 
Aqui cabe uma pausa para explicar melhor o PET-Saúde. Considerando o ambiente 
135 
 
 
 
formal de graduação em Educação Física na UFAM e suas limitações na área da saúde 
pública e práticas coletivas, destacam-se as últimas duas edições do PET. O GraduaSUS 
(2017/2018), focado nas ações em prol da interação ensino-serviço-comunidade com vistas às 
mudanças curriculares na graduação. E, o mais recente, de Interprofissionalidade 
(2019/2020), o qual tem trazido contribuições nas experiências de práticas colaborativas em 
serviço e para dentro das formações em saúde. Por mais que pequenas, houve participação de 
estudantes e professores de Educação Física nestas edições de PET, o que gerou experiências, 
reflexões e motivações internas em um corpo tão engessado. Flores de esperança em um 
deserto de inovação na formação em saúde e que trouxe na oportunidade do evento ainda mais 
despertamento aos participantes. 
Voltando ao Simpósio, também foram inseridas na programação oficinas com 
práticas corporais desenvolvidas na nossa região, como a Dança Circular, Dança sobre Rodas, 
Projetos de Saúde na Escola e os Jogos Intergeracionais Sustentáveis da Amazônia – JISA
4
. 
Os JISA proporcionam uma vivência com diferentes jogos do mundo enquanto estímulos 
essenciais para o desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças, jovens, adultos e idosos, 
enfocando o jogo como interação social no processo de construção dos conhecimentos de 
forma prazerosa. A proposta destes jogos consiste em sensibilizar os participantes quanto ao 
aproveitamento de materiais recicláveis para o uso sustentável e ampliar a conscientização 
sobre os Objetivos Globais da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. O Simpósio, 
que terá as próximas edições a cada dois anos, foi um momento de unidade de um grupo que 
compartilha dos mesmos ideais em torno do trabalho interprofissional na ABS e que hoje 
apresentam este capítulo. 
Essas ações demonstram as tramas de um coletivo que não se encerra dentro dos 
“muros da universidade”, mas concebe que o seu trabalho deve somar com a sociedade e o 
 
4
 JISA - Jogos Intergeracionais Sustentáveis da Amazônia é desenvolvido, difundido e aplicado pela Professora 
de Educação Física Floramara Machado Teles. 
136 
 
 
 
serviço na ABS na região amazônica. Nesse sentido, na urdidura das relações estabelecidas, 
esse grupo tem buscado influenciar a própria reformulação curricular no sentido de garantir a 
presença dos debates acerca da Saúde Coletiva e do SUS na formação inicial em Educação 
Física. Momento em que vários afluentes deságuam em um único leito, pois a construção 
deste grupo heterogêneo faz banzeiro. Pois todos somos Amazonas, somos do Norte. 
 
8.3 Os profissionais no serviço de saúde: Educação Física no SUS 
 
Para podermos falar um pouco sobre os profissionais que atuam no SUS, foi 
necessário ouvi-los. Fizemos uma roda de conversa com alguns professores de Educação 
Física que atuam tanto na capital quanto no interior do Amazonas. Na conversa, buscamos 
evidências que nos permitissem narrar elementos de suas experiências, das inovações 
realizadas no trabalho, da sua percepção da formação e de questões sobre o trabalho. 
Os relatos iniciais apontaram para o período de inserção no trabalho da ABS. Os 
professores relatavam, recorrentemente, que não sabiam o que fazia o profissional de 
Educação Física na ABS. Para muitos, essa foi a primeira experiência com o SUS, enquanto 
ambiente de atuação profissional. Destarte, tiveram que aprender no dia a dia sobre o fazer e o 
atuar no campo da saúde. Diante da formação em Educação Física (ainda incipiente) para 
atuação na ABS, esses profissionais necessitaram de instituir um processo de aprendizado dos 
saberes inerentes a esses novos espaços de atuação(SKOWRONSKI; FRAGA, 2016). 
Apesar de haver muitos elementos em comum nas falas, também, observamos que 
cada contexto resguarda suas particularidades. Isso faz com que o profissional de Educação 
Física, além de ter que aprender elementos gerais do serviço na ABS, também, tenha que 
aprender o fazer profissional no território que o circunscreve. Esse aprender cotidianamente 
faz parte da própria educação permanente desenvolvida por esses profissionais em seus 
137 
 
 
 
ambientes de trabalhos (ROCHA; CENTURIÃO, 2007). 
Foram exemplos ressaltados, o fantasiar-se (de Zé Gotinha, super-herói etc.) para 
chamar a atenção, o trabalho em grupos como idosos e gestantes, os passeios de bicicleta, 
aulas de hidroginástica em piscinas emprestadas. Também foram relatadas as ações com os 
outros profissionais: o médico em busca de encaminhamentos para a realização da atividade 
física; os ACS para acompanhamento nas visitas domiciliares; os enfermeiros no sentido de 
contribuir nos eventos e ações de educação em saúde. 
Essas ações tinham como pano de fundo mostrar a importância da Educação Física 
na ABS, uma vez que foi relatado que os demais profissionais não conheciam o trabalho dessa 
área. Essa questão indicou um entrave em relação à própria atuação interprofissional e 
multiprofissional. Não apenas pelo primeiro fato já apresentado, mas, pela própria dificuldade 
de todos em se organizarem de forma interprofissional para o trabalho, o que exige sair da 
clínica uniprofissional. 
Os profissionais reconhecem que o trabalho vai além da atividade física, se 
assentindo em aprender a trabalhar coletivamente, respeitando os outros profissionais e 
criando estratégias para que os usuários desenvolvam a autonomia necessária para serem 
agentes de sua saúde. Nesse sentido, é relatada a educação em saúde como uma das 
estratégias de atuação do professor de Educação Física. Um fato curioso se dá na própria 
formação da maioria dos professores que conversamos, os quais são licenciados. Segundo os 
relatos, o fato de ser licenciado contribuiu para que eles atendessem essas demandas do 
serviço na ABS, o que os destacou frente os outros profissionais. A educação em saúde 
corrobora a construção de uma “clínica ampliada” que vá além da dimensão técnica do 
trabalho, o que permite o trabalho compartilhado entre profissionais e usuários (FREITAS; 
CARVALHO; MENDES, 2013). 
É com trabalho árduo e relacionamento na equipe que os profissionais de Educação 
138 
 
 
 
Física conseguem conquistar espaços, inclusive, no trabalho de disseminação da atividade 
física e práticas corporais no território, nas visitas domiciliares com os componentes da ESF e 
no apoio ao matriciamento do NASF-AB. Nesse momento, é relatado mais um desafio, dos 
próprios profissionais da ABS como um todo em reconhecer e saber, de fato, o que faz o 
NASF-AB. Aqui, também, foram incluídos os gestores que davam o tom para um bom 
andamento do trabalho ou travavam o mesmo. Por vezes, o trabalho construído no território 
era perdido com a mudança e chegada de um novo gestor que desconhecia o trabalho do 
NASF-AB. 
Segundo os relatos, além dessas dificuldades, ainda há o desafio em torno dos baixos 
números de professores de Educação Física que atuam na ABS, dos quais conseguiram acesso 
a esse campo de trabalho via NASF-AB. Inclusive, o acesso se dá, majoritariamente, por 
contratos temporários; o que gera instabilidade e afeta o próprio sujeito que necessita de 
trabalho para sua subsistência. 
“Nos sentimos fragilizados” e “ficamos com o coração na mão”, foram frases 
mencionadas e que destacam como esses profissionais enfrentam uma dura realidade em 
relação a estabilidade de sua atuação. Além disso, existe a questão do vínculo com o 
território, expresso por um desses profissionais. Nesse sentido, foi perguntado “o que será do 
usuário e do trabalho quando o contrato acabar?”. Vaz e Caballero (2016) destacam que a 
produção de sentidos e significados no território que fomentem a saúde para os usuários do 
serviço, dependem da continuidade engendrada no vínculo com o profissional de Educação 
Física. Logo, a falta de estabilidade e da continuidade do trabalho é uma barreira a ser 
superada no estado do Amazonas. 
Os profissionais se veem “amarrados” aos períodos de campanhas eleitorais no qual 
sua permanência no trabalho fica em suspenso, sem que saibam se irão retornar ou não no 
próximo ano. Além disso, foi citada a interferência, em âmbito Federal, com o programa 
139 
 
 
 
“Previne Brasil”, que retirou o NASF-AB de cena. Os profissionais relatam os momentos de 
tensão, por não saber se seus empregos se manteriam após o lançamento dessa política que 
não previa em seu orçamento as atividades do NASF-AB. 
Não é apenas a instabilidade profissional que afeta o trabalho, mas, as próprias 
condições desse. Os profissionais de Educação Física, muitas vezes, se veem sem espaços e 
materiais para sua atuação. As práticas têm sido realizadas em garagens descobertas, pátios 
sem iluminação para práticas à noite, com falta de materiais como pesos, cordas etc. Outros 
elementos que afetam o trabalho desses profissionais é a violência e a falta de estrutura e 
locais apropriados no território. No primeiro caso, foi relatado que os profissionais foram 
coagidos por traficantes a saírem de um campo que utilizavam para fazer práticas com a 
população. No segundo caso, foi relatado que não havia espaços para caminhadas como 
calçadas seguras. Até mesmo, foi relatado que uma escola negou acesso a sua quadra nos 
tempos livres. 
No interior do estado, ainda existem questões que se referem ao transporte. Muitos 
atendimentos são realizados em comunidades distantes e, em muitos casos, falta combustível, 
sendo que os profissionais precisam usar recursos próprios para conseguirem se deslocar. 
Além disso, geralmente, os atendimentos em comunidades distantes são para ações de 
consulta médica, com horários bem curtos de ida e volta (por conta da logística do transporte 
fluvial), o que dificulta o desenvolvimento de ações dos profissionais de Educação Física. 
Um último ponto a ser ressaltado da conversa, destaca a formação. Os profissionais 
de Educação Física relatam que não sentem que sua formação inicial os preparou para 
atuarem no campo da saúde, inclusive, na ABS. Também, comentam que sentem falta de 
formação continuada sobre temas relativos à atuação da Educação Física no SUS. Por 
exemplo, foi relatado que em um curso sobre as Práticas Integrativas Complementares do 
SUS os formadores não tinham a qualificação necessária para mesma. 
140 
 
 
 
Outra barreira mencionada está no fato de que os próprios profissionais têm que 
“correr atrás” de capacitação e, em muitos casos, pagam do próprio bolso quando não 
encontram formações gratuitas. As visões apresentadas, diante desses casos, sugerem que a 
Educação Física não tem sido prioridade nas políticas públicas de formação continuada. 
Segundo os relatos, o Simpósio de Educação Física e Saúde Coletiva, realizado pela 
FEFF/UFAM, foi a ação de capacitação mais efetiva em vista da atuação da Educação Física 
na ABS. No entanto, foi relatado que não houve apoio logístico para a participação de 
profissionais que vieram do interior. Apesar desses percalços, os profissionais comentam que 
o simpósio agregou muitos conhecimentos para sua formação. Um deles até afirmou que é 
necessário escrever e colocar suas experiências no papel, como fonte da formação em serviço. 
Esses desafios e possibilidades que observamos na escuta nos colocam a seara de, 
enquanto Universidade, proporcionar mais espaços formativos como o Simpósio, mas, 
também, desenvolver cursos de especialização lato sensu e stricto sensu que permitam esses 
profissionais darem continuidade na sua formação e qualificação. No entanto, reconhecemos 
que as prefeituras e o governo estadual necessitam efetivar políticas de formação para esses 
profissionais.Assim, entendemos que o SUS será fortalecido no estado do Amazonas. 
 
8.4 Os meios caminhos de um grupo 
 
Na esteira do que acabamos de abordar no final do tópico anterior, entendemos a 
necessidade de nos colocarmos enquanto Universidade e ABS (nos campos da atuação 
profissional e do desenvolvimento de políticas públicas), em constante diálogo e colaboração. 
Logo, entendemos que a criação de uma rede de fomento da Educação Física no SUS é 
necessária para incluir e solidificar na ABS a atividade física e práticas corporais para o 
cuidado terapêutico, a educação em saúde e o desenvolvimento humano (PNUD, 2017; 
141 
 
 
 
FREITAS; CARVALHO; MENDES, 2013). 
Alinhar ensino, pesquisa e extensão é um compromisso da universidade para com a 
sociedade. Enquanto grupo, compreendemos que as ações a serem realizadas pelos 
professores da FEFF/UFAM devem compreender parcela de contribuição para o 
desenvolvimento do profissional de Educação Física para o SUS. Nesse sentido, 
corroboramos a ideia de fortalecer o PET-Saúde, o Simpósio de Educação Física e Saúde 
Coletiva no Contexto Amazônico (com a realização bianual), as orientações de projetos de 
iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso e dissertações de mestrado
5
. 
Outra ação que temos realizado, enquanto Universidade, é a reformulação dos 
currículos de formação do curso de Educação Física. Conforme as novas Diretrizes 
Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Educação Física (BRASIL, 2018), uma 
ênfase para o setor da saúde pública, em especial o SUS, é dado para a formação do bacharel 
em Educação Física. Nesse sentido, os últimos meses têm sido de constante trabalho para 
garantir uma formação mais sólida frente o campo de atuação na ABS (além, de uma 
formação em saúde para o curso de licenciatura, pelas ações intersetoriais entre educação e 
saúde). Não apenas a formação do bacharel, reconhecemos que a saúde deve ser um tema 
abordado na licenciatura (LOCH; RECH; COSTA, 2020), uma vez que o trabalho 
intersetorial contribui proficuamente na promoção da saúde nos territórios. Também, 
vislumbramos a construção de um curso de especialização para abrigar esses profissionais que 
já atuam no SUS e outros que tenham interesse em vir a atuar. 
Compreendemos que não estamos sozinhos, podendo contar com uma rede de 
parceiros que estão no Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia 
(LAHPSA) do Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD/Fiocruz Amazônia e na Secretaria 
 
5
 Com o encerramento das atividades do PPGSEA, a FEFF fecha um ciclo. No entanto, recentemente, foi 
aprovado o Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (Área 21), o que coloca no 
horizonte a possibilidade da continuidade do trabalho em nível de pós-graduação stricto sensu que envolva a 
saúde pública no Estado do Amazonas. 
142 
 
 
 
de Estado de Saúde do Amazonas (SUSAM). Além desses parceiros locais, temos buscado 
ampliar a rede com pesquisadores de outros estados brasileiros. É com a potencialidade dessa 
rede que vislumbramos vencer os desafios que nos estão postos, assim, garantindo, cada vez 
mais, uma saúde pública, gratuita e de qualidade à população amazonense. 
 
8.5 Considerações Finais 
 
A pesquisa não está fora da realidade ou não se constitui com um fazer neutro, mas, 
faz parte dos processos sociais e políticos. Assim, a relação entre ensino e serviço se faz não 
somente necessária, mas, fundamental na condição em si das instituições de formação e de 
pesquisa. Por outro lado, os serviços de saúde, também, precisam abrir seus espaços para a 
construção de um conhecimento colaborativo e participativo. A construção de pesquisa se faz 
em rede e em parceria, portanto, olhamos para as ações do grupo de pesquisa que tem se 
“imundizado”, na expressão de Gomes e Merhy (2014), para se aproximar dos territórios de 
vida e dos serviços de saúde. 
Escrevemos no contexto da pandemia da COVID-19 e não temos como nos deixar 
afetados pelos seus efeitos na vida da população, nas políticas públicas de saúde, nas nossas 
vidas e nos processos formativos. Boaventura de Sousa Santos (2020), diz que a pandemia 
tem algo de pedagógico, pois não podemos passar por todas essas mortes e essa 
desestruturação das vidas sem que tenha produzido movimentos de produção de vidas. Já no 
campo da Educação Física, Loch, Rech e Costa (2020), afirmam sobre a urgência da Saúde 
Coletiva na formação em Educação Física, uma vez que esse contexto revelou que parte da 
área possui uma visão restrita de saúde. 
Portanto, não queremos um “novo normal” com a roupagem de um “normal” de 
exclusão e de desigualdades, de um normal de estava desconstruindo as políticas públicas e 
143 
 
 
 
sociais de inclusão, que estava desfinanciando a ABS e o NASF-AB. Apostamos em um 
normal, no sentido canguilhemiano, no qual possamos tensionar as normas que nos levaram 
ao adoecimento. É a capacidade normativa das pessoas que lhes proporciona serem sujeitos de 
sua saúde individualmente e coletivamente (CANGUILHEM, 2009). Logo, precisamos 
construir projetos de vida capazes de tensionar as normas abissais de uma necropolítica que se 
tem levado a cabo em nosso país. 
Assim, temos o compromisso como Universidades, Instituições de pesquisa e 
serviços de saúde de praticar a educação permanente em todos os contextos, problematizando 
as condições e da produção das existências, de modo que possamos criar espaços que 
proporcionem melhores condições de vida para a população e com uma responsabilidade 
ética-política de problematizar e combater todas as formas de exclusão e de opressão às 
liberdades do outro. 
 
Referências 
 
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ml. Data de acesso: 10 de jul. 2020. 
 
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144 
 
 
 
Nacionais dos Cursos de Graduação em Educação Física e dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Brasília, edição 243, Seção 1, p. 48, 2018. 
 
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Universitária, 2009. 
 
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Ciênc. do Esporte, v. 41, n. 4, p. 359-366, 2019. 
 
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LOCH, M. R.; RECH, C. R.; COSTA, F. F. A urgência da Saúde Coletiva na formação em 
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2020. Acessado em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/a-urgencia-da-saude-
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145 
 
 
 
Acesso: 08 de jul. 2020. 
 
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. 
Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional - Movimento é Vida: Atividades Físicas 
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ROCHA, V. M.;CENTURIÃO, C. H. Profissionais da saúde: formação, competência e 
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Amazônia) – Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Universidade Federal do 
Amazonas, Manaus, 2020. 
 
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Equidistante. In: CECCIM, R. B.; KREUTZ, J. A.; CAMPOS, J. D. P.; CULAU, F. S.; 
WORTTRICH, L. A. F.; KESSLER, L. L. (Orgs). In-formes da Atenção Básica: 
aprendizados de intensidade por círculos em rede. Porto Alegre: Rede Unida, 2016, p. 101-
131. 
 
146 
 
 
 
SCHWEICKARDT, J. C.; KADRI, M. R.; LIMA, R. T. S. Atenção Básica na Região 
Amazônica: saberes e práticas para o fortalecimento do SUS. Porto Alegre: Rede Unida, 
2019. 
 
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(Orgs). Educação Física e Saúde Coletiva: cenários, experiências e artefatos culturais. Porto 
Alegre: Rede UNIDA, 2016, p. 223-242. 
 
VAZ, F. F.; CABALLERO, R. M. S. Análise da distribuição dos profissionais de educação 
física nos serviços de saúde do estado do Rio Grande do Sul. In: WACHS, F; ALMEIDA, U. 
R.; BRANDÃO, F. F. F. (Orgs). Educação Física e Saúde Coletiva: cenários, experiências e 
artefatos culturais. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2016, p. 297-315. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
147 
 
 
 
9. CAPÍTULO NOVE 
FORMAÇÃO E INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA 
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE: CENÁRIO ATUAL E CAMINHOS A SEGUIR 
 Paulo Henrique Guerra 
 Fabio Fortunato Brasil de Carvalho 
 Mathias Roberto Loch 
 Filipe Ferreira da Costa 
 
9.1 Introdução 
 
Como já apontado em capítulos anteriores, a criação do SUS fomentou uma 
concepção mais abrangente de saúde, que incorpora em seu debate e em sua práxis, para além 
do enfoque biomédico, o reconhecimento dos aspectos contextuais das pessoas, preconizando, 
para tanto, abordagens mais complexas frente às reais necessidades de saúde da população 
brasileira. Um dos pontos centrais dessa concepção ampliada de saúde corresponde a 
superação das ações centradas na lógica curativista por meio da busca de estratégias multi e 
interprofissionais nos distintos cenários de atenção à saúde, sob o prisma da promoção da 
saúde. 
A PNPS (BRASIL, 2014) configura-se como um marco para o fortalecimento dessa 
nova concepção, preconizando os valores, princípios e diretrizes norteadoras do processo de 
atenção à saúde no país (MALTA et al., 2016). No texto da PNPS também são apontados oito 
temas prioritários para o fortalecimento de ações de promoção da saúde no SUS, visto seu 
impacto no perfil de morbimortalidade da população brasileira (BRASIL, 2014). 
Dentre estes temas prioritários, estão as práticas corporais e atividades físicas, por se 
configurarem como um comportamento modificável e também, por seu papel na prevenção 
e/ou tratamento das DCNTs (WARBURTON; BREDIN, 2017; EKELUND; YATES, 2019), 
que, por sua vez, representam a maior causa de mortes no Brasil (FRANÇA et al., 2017; 
PEIXOTO, 2020). Este olhar conferido às práticas corporais e atividades físicas propulsionou 
148 
 
 
 
a introdução de profissionais de Educação Física nos cenários de ABS do SUS a partir de uma 
política nacional, uma vez que já existiam iniciativas locais e municipais. Atualmente, as 
intervenções dos profissionais de Educação Física na ABS-SUS ocorrem especialmente nos 
contextos das equipes multiprofissionais, atualmente nomeadas como NASF-AB, que foram 
criados em 2008 e no Programa Academia da Saúde, instituído em 2011 pelo Ministério da 
Saúde. 
O SUS teve grande importância na ampliação do acesso às práticas corporais e 
atividades físicas no contexto brasileiro, fortalecendo, inclusive, a ideia do seu acesso como 
direito de todos (LOCH et al., 2018). Entretanto, apesar de todo este aporte das políticas 
públicas de saúde à promoção das práticas corporais e atividades físicas e ao trabalho do 
profissional de Educação Física na ABS, o SUS vem enfrentando, pelo menos desde 2016, 
importantes ameaças. Permeando-se por esta conjuntura maior, é objetivo deste capítulo tecer 
alguns apontamentos sobre a formação inicial e intervenção profissional no contexto da ABS-
SUS. 
 
9.2 Contexto atual do SUS (2016–2020) 
 
Nos últimos cinco anos, muito por conta da alteração dos rumos políticos e 
econômicos do país, o SUS vem sofrendo alterações estruturantes, sobretudo no modus 
operandi da ABS. O primeiro marco destas alterações, mais geral, foi o referendamento da 
Emenda Constitucional nº 95 de 2016 (popularmente conhecida como a “emenda do teto dos 
gastos”) (BRASIL, 2017a), que limitou o crescimento das despesas do governo brasileiro 
durante 20 anos e, por consequência, defasagens na operacionalização da atenção à saúde do 
país. Criticamente, esta ação não considera, por exemplo, que em vista do crescimento e o 
envelhecimento populacional, as despesas em saúde aumentarão e, neste ínterim de tempo, 
149 
 
 
 
não haverá um financiamento proporcional (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2016). Além 
disso, em períodos de crise muitas pessoas passam a não ter mais condições de pagar planos 
de saúde e se tornam dependentes exclusivas do SUS. 
Para ilustrar, a estimativa da perda do SUS é superior a R$ 22 bilhões entre 2018 e 
2020 (MORETTI et al., 2020), o que torna urgente a revogação desta emenda constitucional 
(MENDES, 2020), considerando-se que estes cortes podem representar considerável redução 
do acesso e da capacidade de atenção à saúde por parte do sistema. Em termos comparativos, 
pensando apenas nas práticas corporais e atividades físicas e na atuação do profissional de 
Educação Física, daria para construir mais de 80.000 polos do Programa Academia da Saúde 
(considerando o valor de R$ 240,000,00 que é repassado pelo Ministério da Saúde por polo 
ampliado), por exemplo. 
Um ano depois, em 2017, com a publicação da nova versão da Política Nacional de 
Atenção Básica (BRASIL, 2017b), foram observadas mudanças desde as denominações das 
equipes de ABS (dentre elas o NASF-AB, antes denominado “Núcleo de Apoio à Saúde da 
Família”) até o seu respectivo formato. Cabe dizer que esta nova versão da Política Nacional 
de Atenção Básica surgiu em um momento de consolidação do novo modelo de economia 
neoliberal no país, implementado por uma equipe de governo que assumiu após controverso 
processo de impedimento. 
Com isso, de imediato, diversas questões foram apontadas no sentido de 
enfraquecimento da ABS, já que quaisquer mudanças nos rumos da saúde pública do país 
deveriam ser norteadas pelo compromisso com o atendimento das reais necessidades de saúde 
da população (MOROSINI; FONSECA, 2017; MOROSINI, FONSECA, LIMA; 2018) e não 
de acordo com as premissas e o “momento” do mercado. Destacam-se como retrocessos da 
nova Política Nacional de Atenção Básica a relativização da cobertura, a segmentação do 
cuidado, com distinção entre padrões essenciais e ampliados de serviços e, por fim, um150 
 
 
 
movimento de retorno ao modelo de atenção básica tradicional, com reposicionamento da 
ESF (MOROSINI, FONSECA, LIMA; 2018). 
Outro importante movimento de desmonte da atenção primária fora introduzido pelo 
novo modelo de financiamento adotado (BRASIL, 2019). De todo esse movimento, por não 
considerar mais os formatos e as cargas horárias das equipes NASF-AB como requisito para o 
repasse de recursos (ex. os repasses passaram a ser feitos pelo número de pessoas cadastradas 
em cada equipe de Saúde da Família ou equipes de Atenção Primária e pelo desempenho 
dessas equipes em indicadores selecionados), é possível que o novo modelo de financiamento 
seja o que mais impacte na atuação do profissional de Educação Física. Antes protegido por 
uma linha de financiamento indutora de sua implantação, o NASF-AB passa agora a depender 
exclusivamente das gestões locais de saúde, que agora podem simplesmente optar por sua 
extinção ou total remodelação de sua composição e funcionamento. 
Este novo modelo de financiamento surge a partir da avaliação de que o modelo 
anterior havia sido importante, mas que havia chegado ao limite por não estar relacionado à 
resolutividade, representando apenas a existência de equipes de ABS, por não haver 
responsabilização clínica, consideração da população efetivamente coberta pelas equipes de 
ABS e diferenciações de recursos quando existissem pessoas mais vulneráveis, impactando os 
resultados em saúde (REIS et al., 2019). Em complemento, os mesmos autores afirmam que o 
novo financiamento da ABS valorizará o cadastro individual das pessoas adscritas pelas quais 
as equipes serão responsáveis e indicadores relacionados a características como o sexo, faixa 
etária e vulnerabilidade social em busca de maior equidade, assim como permitirá maior 
acompanhamento dos resultados das equipes de Saúde da Família. Contudo, devem ser 
destacados alguns posicionamentos contrários, apontando que o novo modelo significaria 
perda de recursos (CONSELHO DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2019; CONSELHO DE SECRETÁRIOS MUNICIPAIS 
151 
 
 
 
DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2019; MOROSINI; FONSECA; BAPTISTA, 
2020) e que a inexistência de um financiamento específico poderia acarretar no fim dos 
NASF-AB. 
Dessa forma, a primeira “porta” de entrada dos profissionais de Educação Física e de 
outros profissionais de saúde, no contexto da ABS-SUS, passa por um momento de grandes 
incertezas, uma vez que os recursos virão de uma pactuação de indicadores ainda não 
realizada, o que levanta certa preocupação, de modo que os atores sociais relacionados ao 
trabalho multiprofissional precisam estar atentos de forma a contribuir no debate e permitir a 
manutenção e ampliação destas ações de maior complexidade na ABS. 
 
9.3 Formação inicial para atuação na ABS-SUS 
 
Estudos prévios (COSTA et al., 2012; ROMERO; GUERRA; FLORINDO, 2018) 
foram muito importantes para a identificação da formação inicial deficitária dos profissionais 
de Educação Física inseridos na ABS-SUS, sobretudo nos aspectos da oferta reduzida de 
disciplinas de Saúde Pública/Saúde Coletiva nas grades curriculares e da pouca oferta de 
experiências práticas nos cenários da ABS (ex.: por meio de vivências e/ou estágios 
supervisionados). E estas lacunas não podem ser desconsideradas, visto que a formação para o 
SUS é norteada tanto pelos aportes teórico-práticos da Saúde Coletiva quanto por 
conhecimentos da Clínica, da Pedagogia, Educação Popular, Antropologia, entre outros 
(ELLERY; PONTES; LOIOLA, 2013; GUARDA, 2014). 
No mesmo sentido, é também importante a discussão sobre os olhares relacionados à 
saúde e ao SUS ao longo da formação inicial, de modo que as competências do futuro 
profissional de Educação Física caminhem para além da perspectiva biomédica, pautada na 
prescrição do exercício com enfoque essencialmente voltado à prevenção e/ou tratamento das 
152 
 
 
 
doenças (COSTA, 2019). Mesmo que o ideário da promoção da saúde seja o norteador da 
atenção à saúde no país, Carvalho et al. (no prelo) sugerem que estas abordagens não 
precisam ser concorrentes, sendo possível a existência de intercessões entre a promoção da 
saúde e a prevenção de doenças nas estratégias e ações que envolvem as práticas corporais e 
atividades físicas. 
A criação de um espaço permanente de diálogo relacionado ao papel das práticas 
corporais e atividades físicas na ABS é um importante passo para a superação dos discursos 
culpabilizantes relacionados às escolhas pessoais. Há registros de que esta visão errônea, 
inclusive, é reproduzida pela grande mídia e, de alguma forma pode formar opiniões em 
maior escala (LOCH; GUERRA, 2018). Reconhece-se que diversos fatores interpessoais e 
ambientais também se configuram como barreiras para as práticas corporais e atividades 
físicas no país (RECH et al., 2018). Nesse sentido, é importante que, desde os primeiros 
passos da formação inicial, que os graduandos compreendam, nas esferas teórica e prática, 
que ações de adoção e manutenção de um determinado comportamento relacionado à saúde – 
e não só relacionados às práticas corporais e atividades físicas – não podem desconsiderar os 
contextos, possibilidades e as condições de vida das pessoas. 
Uma vez que a visão de saúde preconizada pelo SUS é influenciada fortemente pelo 
modelo dos determinantes sociais da saúde, também é profícuo que, em paralelo ao aspecto 
biológico, a perspectiva sociocultural da saúde também seja contemplada na formação inicial 
em Educação Física (OLIVEIRA, 2018). No entanto, Costa (2019) aponta que a formação 
relacionada à saúde não deve ser implementada nas grades curriculares já existentes apenas 
pela introdução de disciplinas pontuais, ou mesmo isoladas, para apenas atender as exigências 
das diretrizes. 
O mesmo autor sugere que as mudanças no currículo da formação inicial ocorram 
como um todo, articulando ações entre ensino, pesquisa e extensão e, que possam envolver 
153 
 
 
 
distintos campos epistemológicos da Educação Física, assim como da necessidade da 
introdução precoce dos graduandos nos cenários de prática (COSTA, 2019). 
Complementarmente, para além do fortalecimento dos aspectos internos do curso, a 
formação para atuar na ABS-SUS também depende do grau de articulação entre as 
instituições formadoras e os serviços de saúde, de modo que as experiências práticas 
permitam o reconhecimento da realidade local de saúde, as relações de trabalho em ambiente 
multiprofissional, as interações dos profissionais com a comunidade, as potências e limitações 
do sistema, assim como a complexidade das práticas requeridas em contextos específicos 
(SOUZA; BONAMIGO, 2019). 
Outro elemento importante na formação inicial é a abertura para conhecimentos e 
práticas relacionadas ao campo comum da Saúde Coletiva, ou seja, aqueles que não dizem 
respeito diretamente ao movimento corporal e às práticas corporais e atividades físicas, 
principal especificidade da Educação Física. Cada vez mais há necessidade da atuação 
conjunta e intercessora de distintas formações e profissões da área da saúde e isso precisa ser 
abordado na graduação. Por exemplo, Carvalho, Guerra e Loch (2020) apontam que os 
profissionais de Educação Física que trabalham em atividades coletivas, muitas vezes são 
pessoas carismáticas, com habilidades ligadas à liderança e proatividade e isso pode ser 
utilizado em outras demandas, como, por exemplo, no acolhimento realizado na unidade de 
saúde e na visita domiciliar, ou no estabelecimento do vínculo usuário-equipe de saúde, tão 
importante para o processo de cuidado em saúde. 
A seguir abordaremos alguns elementos sobre a intervenção na ABS de forma a 
dialogar com o que foi apresentado sobre a formação, compreendendo que tais processos se 
retroalimentam. 
 
 
154 
 
 
 
9.4 Intervenção profissional na ABS-SUS 
 
Este texto parte da premissaque a atuação do profissional de Educação Física na 
ABS seja orientada pelos princípios do SUS, considerando os aspectos de equidade, 
longitudinalidade e integralidade do cuidado. Este posicionamento é importante já que há 
desconsideração dos elementos fundantes do SUS na intervenção profissional e isso pode 
acarretar na reprodução de uma forma de atuação que ocorre em outros contextos, como nas 
academias e clubes (LOCH; DIAS; RECH, 2019). Não é objetivo deste texto tecer críticas à 
atuação dos profissionais de Educação Física nestes locais citados, mas reforçar o 
entendimento de que as especificidades do SUS devem necessariamente ser respeitadas na 
intervenção do profissional de Educação Física. 
Ademais, também vale mencionar que não é objetivo deste texto falar em ações mais 
específicas sobre o “fazer profissional” do profissional de Educação Física no contexto da 
ABS-SUS, mas sim, ainda que de maneira geral, comentar sobre possíveis caminhos a serem 
seguidos. Para esta questão mais específica, recomendamos que sejam considerados os 
documentos e diretrizes das secretarias de saúde dos municípios e estados, além, 
evidentemente, das publicações oficiais do Ministério da Saúde, como, por exemplo, os 
Cadernos de Atenção Básica – destacando as edições nº 27 e 39, que abordam 
respectivamente as Diretrizes, ferramentas para a gestão e o trabalho cotidiano no NASF – e o 
texto de Loch, Dias e Rech (2019), que traz algumas proposições para a atuação do 
profissional de Educação Física na ABS. 
Conforme a classificação de Merhy e Franco (2003), a intervenção do profissional de 
Educação Física na ABS-SUS tem caráter de “tecnologia leve”, por meio de ações imateriais, 
que se fundamentam em importantes elementos, como acolhimento, vínculo e relacionamento 
com os usuários. Alguns estudos apontam que os grupos de práticas corporais e atividades 
155 
 
 
 
físicas do SUS, em geral, possuem um caráter mais participativo e cooperativo, lembrando as 
referidas habilidades do profissional de Educação Física como aquelas ligadas à proatividade, 
entre outras, o que deve ser explorado para que o espaço e ambiente das práticas corporais e 
atividades físicas na ABS seja acolhedor. 
A interlocução com outros saberes, de outras especialidades da saúde, também é uma 
questão marcante na atuação na ABS. Os desafios que os profissionais de Educação Física 
encontram na atuação do campo da saúde, notadamente na ABS, irão suscitar a necessidade 
de atuar conjuntamente com outros especialistas. E, também, reconhecer a possibilidade do 
caminho inverso, quando outros profissionais da saúde se aproximarem do profissional de 
Educação Física, no sentido da articulação dos distintos conhecimentos e habilidades, uma 
vez que as questões de cuidado e de promoção da saúde que surgem também são de distintas 
naturezas e, via de regra, requerem a atuação de profissionais de distintas especialidades da 
saúde (COUTINHO, 2011). 
Ellery, Pontes e Loiola (2013) pontuam sobre as diversas ações comuns a várias 
profissões, sendo necessário que o usuário seja o foco da organização dos serviços de saúde e 
da atuação dos diversos profissionais, por se tratar de um campo em permanente construção. 
Tal questão se dá, para nós, principalmente devido às normatizações dos distintos conselhos 
profissionais serem insuficientes para dar conta da dinamicidade do trabalho interprofissional 
na realidade cotidiana da ABS-SUS. Por vezes, as normatizações explicitam disputas de 
mercado que nada se vinculam às necessidades dos usuários de saúde. 
Na perspectiva mais geral da área da saúde, o NASF-AB, como espaço de 
protagonismo profissional não só relacionados ao núcleo específico da Educação Física, é 
uma oportunidade para a equipe de saúde e os profissionais de Educação Física vivenciarem 
experiências que busquem a integralidade no processo de cuidado por meio da clínica 
ampliada, considerando uma abordagem inter/transdisciplinar e interprofissional, bem como 
156 
 
 
 
vislumbrem a superação do viés biomédico, da consulta individualizada, farmacologização e 
medicalização do cuidado (JERÔNIMO, 2015). 
Nascimento e Cordeiro (2019), sobre o trabalho do NASF-AB, abordam o risco de a 
cultura assistencialista, que é amplamente presente nas demandas da população e também nas 
equipes de saúde da família, acabar por gerar práticas profissionais próximas da lógica 
curativista, ainda que não ‘médico-centrada’. Ou seja, a existência de equipes 
multiprofissionais não garante, a priori, uma atuação interprofissional onde os saberes e 
práticas das distintas formações deem a devida centralidade às pessoas que vivem a 
intervenção profissional. Dessa forma, ganham importância as experiências práticas nos 
cenários da ABS ao longo da formação inicial. 
Na intervenção profissional do profissional de Educação Física com as práticas 
corporais e atividades físicas, faz-se necessário ampliar o olhar destas para além da 
perspectiva biológica por meio do qual o principal objetivo seria evitar a ocorrência das 
doenças, em especial as DCNTs. Tal objetivo é absolutamente relevante e não há a defesa, de 
nossa parte, que isso deixe de ser objetivado, sobretudo pelo reconhecimento de que estas 
doenças se constituem como a principal causa de mortes no país (FRANÇA et al., 2017; 
PEIXOTO, 2020). Contudo, a forma como isso é feito geralmente é restrita e focada 
demasiadamente nas questões individuais, como se as pessoas não fizessem as práticas 
corporais e atividades físicas porque supostamente não reconhecem seu potencial, ou mesmo 
por não quererem ser (mais) saudáveis. 
Nesse sentido, entendemos que o processo de cuidado, seja para o enfrentamento das 
DCNTs ou de outras condições, seja construído e pactuado com aquela pessoa que está 
interagindo com a intervenção profissional dos profissionais de Educação Física a partir da 
concretude do contexto no qual ela vive, seus interesses, desejos, crenças e limitações, enfim, 
com a vida real das pessoas. Ela gosta ou não de fazer prática corporal e atividade física? Ela 
157 
 
 
 
tem tempo para fazê-las? Como foi a relação dela com as práticas corporais e atividades 
físicas ao longo da vida? Como é o acesso desta pessoa às práticas corporais e atividades 
físicas que ela gosta? Essas são algumas dentre muitas outras questões que precisam ser 
consideradas. A presente proposta busca realmente levantar questionamentos, de forma a 
instigar os profissionais de Educação Física a incluí-los na sua atuação cotidiana e superar a 
noção, ainda hegemônica, na mídia, que as pessoas são inativas (ou obesas, ou fumantes, ou 
pobres, etc.), meramente por falta de vontade ou “preguiça” (LOCH; GUERRA, 2018). 
Assim, a intervenção do profissional de Educação Física na ABS-SUS apresenta 
muitas possibilidades e desafios, os quais permitem afirmar que ainda há muito a ser feito nos 
campos de reflexão, ação e pesquisa, de forma que sejam ofertados novos subsídios para a sua 
atuação, considerando-se prioritariamente a articulação aos princípios e diretrizes do SUS e, 
dessa forma, contribuir para que as pessoas alcancem modos de vida mais saudáveis nos quais 
as práticas corporais e atividades físicas estarão incluídas. 
 
9.5 Considerações Finais 
 
Mesmo que o momento seja de transição, a formação do futuro profissional de 
Educação Física para atuação na ABS deve estar em consonância com os pilares do SUS. 
Nesse sentido, para além do conjunto de conhecimentos específicos, orientados 
primariamente pelos saberes da Saúde Coletiva, é importante que as instituições formadoras 
estejam articuladas ao serviço, fomentando a introdução precoce dos graduandos nos cenários 
de prática da ABS, assim como possam envolver, ao longo da formação inicial, distintos 
campos epistemológicos da Educação Física, em ações de ensino, pesquisa e extensão. 
 
 
158 
 
 
 
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159 
 
 
 
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