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<p>Unidade 1 - Dos meios gerais de impugnação das decisões judiciais</p><p>Principiologia: meios de impugnação das decisões judiciais</p><p>O exercício do direito de ação está intrinsicamente ligado ao princípio maior do acesso à justiça e, em especial, à ideia de inafastabilidade do Poder Judiciário, ambos emanados no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Trata-se do ponto de partida do demandante em busca da tutela preventiva ou reativa em prol de seus direitos via a resposta do Estado-Juiz.</p><p>A quebra da inércia da jurisdição traz consigo a legalidade para atuação do juiz em convidar o demandado à possibilidade de reação, por meio do exercício constitucional do direito de defesa no campo do devido processo legal e seus corolários. Do ponto de vista formal e partindo-se da ideia dos direitos e garantias constitucionais, esse fato é equivalente ao direito do sujeito que se vê provocado no Estado de Direito. Tem-se ainda o estabelecimento formal do instituto do processo, assim entendido ao mesmo tempo como um vínculo, uma relação jurídica sui generis que se forma entre o agora autor, juiz e réu e um campo de continuidade do exercício, respectivamente, da ação, da atividade jurisdicional e do direito de defesa.</p><p>Uma vez, então, estabelecida a relação jurídica processual, tal vínculo somente é rompido por um pronunciamento judicial a respeito dos aspectos formais e materiais do exercício dos atos processuais do autor, juiz e réu, além de outros possíveis atores que possam integrar e praticar também uma série de atos no processo legal. A finalidade máxima é, via de regra, do ponto de vista formal, a obtenção de um pronunciamento judicial favorável à pretensão do autor ou mesmo sua resistência pelo réu, sendo possível e incentivada, a todo tempo, a consensualidade entre as partes.</p><p>Em apertada síntese fundada nos direitos e garantias constitucionais de natureza processual do art. 5º da CF (BRASIL, 1988), códigos e demais fontes normativas infraconstitucionais, tem-se a base normativa para o funcionamento da máquina operacional do acesso à justiça no Brasil via o Poder Judiciário que envolve, entre tantos outros princípios, a ideia do duplo grau de jurisdição. Assim, refere-se ao direito que autor, réu e terceiros, no âmbito de processos judiciais, têm de obter de um órgão colegiado (regra geral), uma nova resposta do Estado-Juiz quando não houver o acolhimento de seus pedidos ou requerimentos originários, seja de ação ou de defesa em diferentes momentos do curso de um processo.</p><p>O DIREITO AO RECURSO E OUTROS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL</p><p>É constante se deparar com textos normativos, doutrinas, trechos de decisões judiciais, reportagens e manifestações jornalísticas com menção expressa ao direito de uma pessoa natural ou jurídica de recorrer de uma decisão judicial. Essa ação é corriqueira e inerente ao mundo do processo, pois, entre tantos atos jurídicos praticados, estão os pronunciamentos e as decisões judiciais, assim entendidos como as decisões interlocutórias, sentenças, decisões monocráticas e respectivos acórdãos dos colegiados dos Tribunais, conforme o art. 203 do Código Penal Civil - CPC (BRASIL, 2015), tomado como regra processual macro.</p><p>EXPLICANDO</p><p>Em face dos pronunciamentos judiciais, de acordo com as especificidades do processo civil, penal e trabalhista, por exemplo, existem diferentes meios, momentos e formas para que autor, réu e até mesmo terceiros interessados possam reagir em face a decisões judiciais tidas por ilegais e/ou inconstitucionais, seja por aspectos formais, ligados ao direito instrumental, ou seja por questões materiais, ligadas ao mérito de pretensões materiais e respectiva resistência dos autores.</p><p>Por meio desses atos, entende-se estar diante do exercício do direito de recorrer, assim entendido como uma extensão do direito de ação e defesa como forma de obter, ao menos, uma dupla resposta do Poder Judiciário, quando a primeira não atender no todo ou em parte, os interesses pretendidos ou defendidos no processo.</p><p>O recurso, assim, é exemplificado e tratado por um princípio lógico como uma extensão do direito de ação ou de defesa, pois permite que as partes e terceiros continuem em busca da tutela jurisdicional de 2º grau de jurisdição para reverter o prejuízo formal ou material que possa ter sido causado pela decisão de 1º grau. É, ao menos, o direito de tentar, não havendo, por óbvio, uma certeza de ganho ou perda, pois a decisão judicial impugnada pode em tese estar tecnicamente correta.</p><p>EXEMPLIFICANDO</p><p>P. D. exerce seu direito de ação e pede, em sede judicial, que o Poder Judiciário determine que a Operadora Saúde Viva Ltda. cumpra o contrato entre as partes e custeie o tratamento de câncer que está prescrito pelo médico do próprio convênio. O Juiz da 1ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo nega a tutela provisória de urgência, de acordo com o art. 300 do CPC. P. D. tem, assim, a permissão legal e o interesse jurídico de recorrer, por meio de um agravo de instrumento, previsto no art. 1015 do CPC, visando minimamente reverter a decisão anterior (BRASIL, 2015).</p><p>É possível identificar determinadas condições recursais e pressupostos processuais para regular o exercício do recurso, a exemplo do que se necessita para o exercício da ação. Isso deriva da própria ideia de extensão e de continuidade, em face da pretensão ou resistência em momentos e por atos judiciais diversos que podem ocorrer no curso do processo judicial.</p><p>Para conceber a relação existente entre ação e recursos, o Gráfico 1 apresenta os números de 2021 do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, com relação aos novos casos.</p><p>É possível perceber que aproximadamente 21% dos casos novos do total de ações propostas têm recursos. O número chama atenção, pois, considerando que são processos abertos no mês de abril de 2021, ainda podem ter no seu curso um número maior de recursos, seja por suas partes, como o Ministério Público (quando atua), ou seja pelos terceiros afetados. Isso confirma a importância da matéria dos recursos na vida dos profissionais de Direito no cotidiano e evidencia que os conflitos não são resolvidos necessariamente em 1º grau.</p><p>Portanto, pode-se afirmar a existência e identificar, em cada caso concreto, a legitimidade e o interesse jurídico de um universo grande em recorrer, assim como o pressuposto processual da competência na inexistência da coisa julgada ou litispendência, entre outros. Em alguns casos, ainda, a doutrina elenca tais elementos (condições e pressupostos) como verdadeiros princípios inerentes ao exercício dos recursos, associados a importantes temas e especificidade.</p><p>PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AOS RECURSOS E OUTROS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS</p><p>Ainda que o direito de recorrer seja a principal forma de impugnação das decisões judiciais, é importante reconhecer que existem princípios processuais de natureza constitucional e infraconstitucional que são aplicáveis aos recorrentes e recorridos na prática dos processos judiciais. Alerta-se de que não há unanimidade doutrinária a respeito da quantificação e nomenclatura da principiologia recursal, visto que alguns autores exploram aspectos ligados à própria caracterização e consequências recursais como princípios, enquanto outros tratam como efeitos dos recursos.</p><p>No entanto, sem prejuízo de divergências metodológicas na apresentação ou rotulação da doutrina clássica e de manuais mais de ordem prática, é possível listar minimamente uma relação de princípios processuais relativos aos recursos, os quais são explicados no Quadro 1.</p><p>Por óbvio, tais princípios não são excludentes entre si e podem também sofrer alguma mitigação. Por isso, é preciso associar a correta aplicação prática ao recurso de apelação e agravo de instrumento, entre outros. Assim, apesar da não uniformidade legal ou doutrinária, o importante e um bom ponto de equilíbrio é ter a atenção voltada ao art. 5º da CF (BRASIL, 1988) e seus incisos de natureza processual e aos arts. 994 a 1008 do CPC (BRASIL, 2015).</p><p>Com relação</p><p>à dimensão da importância recursiva quando se têm dados gerais sobre a atuação do Poder Judiciário no Brasil, sabe:A recorribilidade no Poder Judiciário é mais usual na 2ª instância e nos Tribunais Superiores do que quando comparada com a 1ª instância. A recorribilidade interna do 2º grau chega a ser três vezes mais frequente que a do 1º grau […]. Os embargos de declaração interpostos em 1º grau representam 7,3% das decisões, sendo mais aplicados na Justiça Trabalhista (17,9%). No 2º grau, são os recursos internos: os agravos, os embargos de declaração, as arguições de inconstitucionalidade e os incidentes de uniformização de jurisprudência. A recorribilidade interna no 2º grau supera significativamente a do 1º, sendo de 21,7% do total do Poder Judiciário. Nos TRFs está a maior recorribilidade interna de 2º grau, com percentual de 32,6% […]. Das decisões de 2º grau, 25,5% são endereçadas como recursos dos Tribunais Superiores e, das decisões de 1º grau, 9,7% delas são remetidas aos tribunais na forma de recurso. Ou seja, a chance de recorrer do 2º grau para um Tribunal Superior é equivalente a 2,6 vezes a recorribilidade do 1º grau para o respectivo Tribunal […]. A série história mostra que os índices de recorribilidade interna no 1º e 2º graus reduziram no período de 2012 a 2016, mas posteriormente voltou a subir. Na recorribilidade externa, em ambas as instâncias, houve redução no último ano (CNJ, 2020, p.146).</p><p>Os dados dos TRFs que comprovam a maior recorribilidade interna de 2º grau podem ser observados no Gráfico 2.</p><p>Constantemente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em seu site e na publicação anual Justiça em números, permite o acesso livre aos dados sobre a tramitação de processos judiciais, possibilitando a análise sobre os índices de recorribilidade no Brasil.</p><p>Conceito e natureza jurídica dos recursos: juízo de admissibilidade e juízo de mérito</p><p>O convívio social não se sustenta apenas no dever de ser e muito menos na existência de leis materiais e processuais de acesso à justiça dentro dos países. Assim, uma vez violado o direito, ou mesmo nos casos de ameaças ou exercícios de direitos que dependam da intervenção do poder do estado, o Poder Judiciário é acionado para, como se insiste em idealizar, pacificar conflitos.</p><p>A resposta a isso, por meio da quebra de inércia pela ação, ocorre no âmbito do devido processo legal, contemplando o contraditório e o exercício da ampla defesa até o momento do pronunciamento judicial, que pode ser uma decisão interlocutória, uma sentença ou ainda uma decisão monocrática ou colegiada dos tribunais.</p><p>Uma vez proferida a decisão, salvo alguma excepcionalidade, aquela parte ou mesmo um terceiro juridicamente interessado pode manejar e praticar atos processuais que busquem impugná-la, sempre que ela não tiver concedido, no todo ou parte, pedido (pretensão material) ou requerimentos processuais antecedentes a aquele processo. O estudo dos recursos, portanto, aponta o exercício instrumental das partes que tiveram já uma primeira resposta judiciária menor ou diferente do que havia sido requerido.</p><p>CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DOS RECURSOS</p><p>Para Pinho (2018, p. 1317), “o recurso é um remédio voluntário que objetiva a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial impugnada”, não deixando dúvidas a respeito da correlação da ideia mais aberta e conceitualmente mais aplicada em relação ao recurso que é uma extensão de atos processuais que podem ser praticados pelas partes, por terceiros e até mesmo pelo Ministério Público.</p><p>A própria conceituação oferece, no caso concreto, a ideia da natureza jurídica dos recursos. Considerando os recursos como uma extensão da permissão legal de algo, do exercício possível da impugnação (no sentido genérico) e de decisões judiciais que afetam direitos materiais e processuais das partes, ratifica-se no campo metodológico e na construção textual aplicada do exercício da ação a possibilidade para chegar ao exercício recursal.</p><p>O recurso tem, então, características que necessariamente derivam do Direito, supondo que do contrário caracteriza-se uma violação de princípios. Nesse âmbito, considerando que A não pode ser B, se os recursos provêm do Direito, eles então contêm seus elementos, ainda que em quantificação diferenciada, sendo preciso identificar os elementos comuns.</p><p>Portanto, o recurso é um direito público, constitucional e subjetivo que deve preencher os requisitos de interesse e legitimidade, ainda que forjados na letra da lei, em casos tidos como extraordinários, como no exemplo do Ministério Público e outros terceiros interessados. Se, nos termos do art. 17 do CPC (BRASIL, 2015), é necessário ter interesse e legitimidade para ação, o mesmo aspecto vale para os recursos em espécie.</p><p>É possível reconhecer no exercício do direito recursal elementos já conhecidos da ação, pois os recursos podem invariavelmente ser movidos para atacar erros formais ou de julgamento. O que se consagra é que o interesse jurídico do recorrente deve estar em alguma falha técnica, de maneira instrumental da decisão impugnada, como uma decisão que cerceia o contraditório, ainda que de modo não dolos; ou alguma falha no julgamento do direito material, como uma decisão que não reconhece a responsabilidade civil objetiva da Administração Pública como regra geral.</p><p>Em ambos os casos, o recorrente precisa deixar claro as razões recursais e a nomenclatura utilizada para o peticionamento dos recursos de um modo geral, que parte da decisão judicial (se processual ou material) e afetam seus direitos no caso concreto. Do contrário, não há admissibilidade ou provimento recursal.</p><p>JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E REQUISITOS RECURSAIS</p><p>O exercício da ação passa pela distribuição da petição inicial e sua análise pelo juiz em cada caso. Havendo o recebimento da petição, com a determinação de citação do demandado, espera-se que este se torne réu. Tal caminho é uma expectativa natural e legalmente prevista para o devido processo legal, o que vale, em sentido genérico, para o processo civil, trabalhista e penal, seja no juizado especial cível, nas turmas ou no plenário do Supremo Tribunal Federal.</p><p>Para os recursos, têm-se as razões recursais e sua admissibilidade formal, prevista nas disposições gerais que afetam todas as espécies recursais. Posteriormente, o legislador, em atendimento ao princípio da taxatividade e singularidade, busca regular o rito e os atos processuais inerentes a cada recurso em espécie de acordo com esses aspectos.</p><p>Eles possuem, portanto, uma etapa ou juízo primário de admissibilidade, que, independentemente do conteúdo da decisão impugnada, precisa ser superado para saber se o Poder Judiciário pode, novamente, com base em permissão legal, julgar o que já foi julgado. Dessa forma, permitem que um órgão via de regra de hierarquia superior, e preferencialmente colegiado, volte a julgar aquilo que previamente foi objeto de análise, cumprindo, assim, o direito de o recorrente obter, minimamente, um duplo grau de jurisdição.</p><p>Aparentemente, pode parecer burocrático, mas a admissibilidade recursal, quando bem aplicada, evita atos processuais que estão situados no campo do abuso de direito e de medidas manifestamente procrastinatórias, além daquelas que permeiam o campo da ignorância (no sentido do desconhecimento normativo), inclusive na temática da jurisprudência e de outros padrões decisórios vinculantes.</p><p>Os parâmetros doutrinários e legais para avaliar esse ponto são chamados de requisitos de recursais (requisitos de admissibilidade), assim entendidos como ocorrências positivas e negativas que precisam sem analisadas quando há a prática de um recurso em um processo judicial em andamento. Considera-se requisitos intrínsecos:</p><p>Cabimento do recurso– É entendido como a previsibilidade legal e taxativa para cada recurso em espécie, de acordo com a legislação processual. O art. 1009 do CPC dá legalidade ao cabimento da apelação em face das sentenças judiciais, previstas nos arts. 485 e 487 da mesma legislação (BRASIL, 2015);</p><p>Legitimidade</p><p>recursal–É baseada no art. 996 do CPC, que é cristalino sobre tal requisito, a exemplo da ação, mas com uma amplitude maior ao Ministério Público (BRASIL, 2015);</p><p>Interesse recursal–Entende-se que o legitimado do art. 996 do CPC precisa ter em seu desfavor uma decisão judicial que tenha negado direito material ou processual, ou ao menos afetado, ainda não constando do processo, direitos e interesses do terceiro. O tema, no caso do Ministério Público, é ainda mais amplo, considerando sua tutela nos direitos difusos e coletivos. As decisões judiciais estão previstas, no macro, a partir do art. 203 do CPC (BRASIL, 2015).</p><p>Por sua vez, com relação aos requisitos extrínsecos, têm-se:</p><p>Tempestividade– Baseia-se em uma previsão legal e temporal sobre o direito do exercício recursal, considerando sua interposição no referido decurso de tempo, sob pena de não ser admissível. Os arts. 997 e 1003, §5º, do CPC ratificam o prazo recursal geral de 15 dias, salvo disposição normativa em sentido contrário (BRASIL, 2015);</p><p>Regularidade formal– Entende-se que os recursos em espécie têm variadas características e tipificações próprias de possíveis requisitos especiais. O atendimento à forma escrita por petição e o endereçamento (competência) são exemplos que podem variar, como, por exemplo, no caso de uma apelação ao recurso inominado, previsto na Lei n. 9099 (BRASIL, 1995);</p><p>Preparo ou pagamento das despesas– Sabe-se que o acesso à justiça via o Poder Judiciário é, em regra, oneroso na esfera recursal. O preparo é o custeio que o recorrente deve dispor para a correta prática do ato processual, sendo que um recurso sem preparo é considerado deserto e não pode ser admitido, nos termos do art. 1007 do CPC (BRASIL, 2015).</p><p>Por conseguinte, a esses elementos, a admissibilidade e sua análise por parte do órgão jurisdicional determinado na lei são atos primários, antecedentes ao juízo que tem por objeto o mérito recursal. Todos os recursos têm, portanto, juízo de admissibilidade, ainda que seu mérito seja posteriormente analisado pelo relator ou pelo julgamento em colegiado propriamente dito.</p><p>JUÍZO DE MÉRITO</p><p>Após a admissibilidade e, partindo da hipótese de que os requisitos intrínsecos e extrínsecos foram atendidos na forma da lei, é preciso compreender o que se convenciona chamar de mérito ou objeto recursal, ou seja, para que serve o recurso interposto pelo recorrente.</p><p>Existem três possibilidades a respeito do mérito recursal e seu objeto, sendo elas:</p><p>PRIMEIRA: Ocorre em recursos que tem por objetivo a invalidação de uma decisão judicial que contém o chamado error in procedendo, isto é, uma decisão judicial que violou um dispositivo de natureza instrumental e processual. Trata-se de uma insatisfação da parte que entende a decisão judicial impugnada como violadora de um tema do processo, não havendo, em tese, violação de norma material.</p><p>SEGUNDA: Cabe recurso que tem objetivo a invalidação de uma decisão judicial que contém o chamado error in judicando, isto é, uma decisão judicial que violou um dispositivo de natureza material, por exemplo, um artigo do código civil, doutrina ou jurisprudência de temas materiais.</p><p>TERCEIRA: Recursos que tem por objetivo a invalidação de uma decisão judicial que contém os dois erros, in procedendo e in judicando. Tal situação ocorre quando a decisão viola o ordenamento material e processual.</p><p>A relevância do mérito recursal é de suma importância para a elaboração das razões recursais em cada caso concreto, pois ela orienta o recorrente na identificação da violação da decisão impugnada e na correta fundamentação de requerimentos recursais. Ademais, permite a melhor avaliação pelo tribunal a respeito dos efeitos, em especial sobre a possibilidade de a decisão recorrida não produzir efeitos de execução.</p><p>EFEITOS DOS RECURSOS</p><p>Sabe-se que o tempo é fundamental na resolução de fatos sociais e conflitos e, quando há judicialização e instauração de um processo judicial, maior ainda é a expectativa das partes sobre as demoras na tramitação dos casos, havendo, de certo modo, uma frustação grande. Assim, se uma decisão judicial desfavorável é proferida no curso do processo, seja uma decisão interlocutória ou uma sentença final, além da possibilidade e interesse em recorrer, o que mais interessa às partes é saber quais são os impactos da decisão e do recurso possível.</p><p>Suponha que um segurado de uma operadora de saúde peça em juízo a autorização para fazer exames (negados administrativamente, via aplicativo) e não consegue uma tutela provisória de urgência, medida liminar antecipada nos termos do art. 300 do CPC (BRASIL, 2015). Pode-se, nesse caso, interpor um recurso para tentar modificar tal decisão, considerando a preocupação com o direito de ela custear imediatamente os exames. O recurso por ele interposto, para além de devolver ao Poder Judiciário uma nova análise do fato já decidido, pode, ainda que em tese, tentar suspender e dar novo efeito, inclusive via liminar, ao não do juiz de 1º grau.</p><p>Então, pode-se ratificar a ideia de que todo recurso tem efeito devolutivo, qual seja de novamente proporcionar ao Poder Judiciário a chance de decidir sobre algo. A devolução diz respeito à parte ou à totalidade da decisão, conforme os limites das próprias razões recursais.</p><p>Um dos efeitos da atuação recursal, considerando seu impacto ferrenho no tempo e no itinerário processual, é chamado pelos tribunais de taxa de congestionamento. No Gráfico 3, é mostrada a taxa e congestionamento do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro em abril de 2021.</p><p>Nesse caso, observa-se que é notório o impacto do estacionamento dos recursos no 2º grau de jurisdição para o tempo processual. Assim, reconhecendo os efeitos práticos da teoria recursal e, certamente, o retardo processual é um deles.</p><p>Dependendo do recurso em espécie, pode haver um efeito suspensivo ativo da decisão, como por exemplo, para impedir que ela produza efeitos perante terceiros enquanto não houver o julgamento por completo. Na prática, em muitos casos, essa tem sido a preocupação maior de quem recorre, pois deseja-se evitar ao máximo as implicações da decisão nos direitos das pessoas. A suspensão da exigibilidade de uma decisão pode ensejar a continuidade da prática de direitos antes assegurados, a concessão de novos direitos e normalmente um relevante impacto econômico.</p><p>Sem prejuízo de tais efeitos, a doutrina cita também a possibilidade da ocorrência de efeito translativo, qual seja a possibilidade de, no âmbito do exame de mérito de um recurso, o tribunal reconhecer a existência de matérias de ordem pública, considerando se tratar de temas que deveriam ser reconhecidos de ofício, a qualquer tempo e grau de jurisdição.</p><p>Esse aspecto pode ser observado quando, por exemplo, um tribunal recebe o recurso para seu juízo de mérito e percebe a ocorrência de decadência. No caso, mesmo não sendo suscitado nas razões e nas contrarrazões recursais, o relator ou o colegiado pode reconhecer de ofício e, dependendo do caso, gerar inclusive a extinção do processo, com resolução de mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC (BRASIL, 2015).</p><p>Teoria geral dos recursos: características e classificações</p><p>Não é incomum que a doutrina dedique tempo e espaço a elencar o que chamam de características dos recursos, havendo um hábito doutrinário de agrupar e diferenciar os recursos mediante critérios oriundos da própria legislação ou mesmo da práxis jurídica. A bem dizer, trata-se de uma prática reiterada da doutrina em seu incansável e importante papel de materializar ao público acadêmico e profissional uma espécie de tradução da norma jurídica escrita de acordo com leis e demais documentos jurídicos.</p><p>A formação das características e classificações também podem ter origem e definição em decisões judiciais, que muitas das vezes reiteram também autores em seus votos singulares e acórdãos. Assim, é importante compreender que, em meio a determinado instituto jurídico, é muito comum a referência a dispositivos legais também fundamentadores de outros tópicos, como elementos recursais,</p><p>efeitos dos recursos, entre outros.</p><p>CARACTERÍSTICAS</p><p>As características dos recursos são diversas e abordam diferentes aspectos da aplicação prática da teoria recursal e da atuação dos recursos em espécie, sendo possível associar seus efeitos práticos na tramitação dos recursos. A ação recursiva, por exemplo, apresenta sempre como finalidade a invalidação ou a reversibilidade, no todo ou em parte da decisão judicial. Nesse sentido, qualquer que seja a modalidade recursal, o recorrente não consegue fugir de tal caracterização.</p><p>A derivação, por sua vez, diz respeito ao fato de o recurso não nascer aleatoriamente da vontade de pessoas interessadas ou seus advogados. Ela é uma continuidade do exercício de ação, defesa ou manifestação originária de terceiros, como ocorre com o Ministério Público ou com terceiros que justifiquem interesse (prejuízo real ou ameaça) na decisão judicial a ser impugnada.</p><p>No caso da vinculação, entende-se que o recurso está sempre atrelado a um pronunciamento judicial, conforme previsão do art. 203 do CPC (BRASIL, 2015), podendo ser uma decisão interlocutória, sentença, decisão monocrática ou acórdão. Se não houver vinculação da manifestação que se intitule recurso a uma decisão judicial pretérita, há algum outro instituto processual, mas não de um recurso.</p><p>Por fim, uma última característica com relação aos recursos é a afetação na execução. Assim, entende-se que a ação recursiva tem efeito imediato de impedimento do trânsito em julgado ou de alguma forma de estabilização da decisão judicial impugnada. Em determinados casos, como no recurso de apelação, a interposição e o recebimento, em tese, impedem que o credor da decisão (recorrido) exerça de pronto os direitos ali decididos. Em outros casos, como no agravo de instrumento, é o inverso. A regra geral, portanto, não concede nenhum outro efeito e o credor (recorrido) pode executar de pronto os direitos ali decididos.</p><p>CLASSIFICAÇÃO</p><p>Os recursos podem ser classificados de diversas maneiras. A primeira e mais importante classificação é entre recursos comuns e excepcionais. Diferenciam-se, dessa forma, pela essencialidade jurídica primária e está mais próxima da percepção do senso comum da utilidade de um recurso para os direitos das pessoas.</p><p>Recursos comuns: Os recursos comuns são aqueles que garantem ao recorrente o exercício do duplo grau de jurisdição, isto é, o direito de obter uma nova decisão judicial sobre um tema material ou processual que já é objeto de apreciação. É o sentido mais simples da verificação por outro julgamento, normalmente de ordem hierárquica superior e em colegiado. Na ritualística comum do CPC, são exemplos a apelação, o agravo de instrumento e o recurso ordinário, sem prejuízo de outras possíveis aplicações, como o caso do recurso inominado que funciona como uma ideia de equivalência à apelação para certo rito especial.</p><p>Recursos excepcionais: Em contrapartida, os recursos excepcionais são previstos no ordenamento jurídico processual e não visam garantir diretamente um duplo grau de jurisdição ao caso concreto. Eles são interpostos para garantir a revisão de situações de fato e de direito no processo em si, mas estão aptos a avaliar violações normativas, no âmbito da legislação infraconstitucional e constitucional, além de serem utilizados como ferramentas de formação e possível modificação da jurisprudência vinculante e orientativa nos tribunais superiores.</p><p>Como exemplo, o Diagrama 2 apresenta dados do Supremo Tribunal Federal a respeito do julgamento recorde de recursos excepcionais, com tutela direta e indiretamente à constitucionalidade, sem prejuízo de um número significativo de recursos comuns, dirigidos ao próprio tribunal.</p><p>Outra classificação possível é entre recursos principais e adesivos, considerada mais interna ao meio jurídico. Demanda extrema atenção aos advogados e julgadores, considerando as consequências que pode haver em uma ou outra modalidade recursal. Importante ainda destacar que não se trata de uma nova espécie de recursos.</p><p>O recurso principal é aquele exercido pelo recorrente, nos estritos termos da tipicidade do art. 994 do CPC (BRASIL, 2015) e de sua regulamentação específica. Como exemplo, há o recurso de apelação interposto pela parte que teve o pedido julgado parcialmente improcedente por uma sentença judicial.</p><p>O que a lei prevê no art. 997 do CPC é a possibilidade do recorrido, no prazo que tem para oferecer as contrarrazões, interpor, ele próprio, um recurso de apelação chamado de adesivo, vinculado inicialmente como interposto. É uma espécie de última chance dada a àquele que já até havia se conformado com a estabilidade da decisão, mas que pode ter sido surpreendido pelo recurso parcial da parte contrária. Não há, portanto, inovação no art. 994 do CPC. O que ocorre é que o legislador permite a ele reagir e, caso queira, formalizar seu recurso próprio, atento à possibilidade de o credor parcial de uma decisão judicial ser surpreendido, por exemplo, no recurso de apelação, com uma modalidade adesiva, nos termos do art. 997 do CPC (BRASIL, 2015).</p><p>Os recursos adesivos são permitidos apenas na intercorrência dos recursos de apelação, especial e extraordinário e são sempre dependentes do recurso principal. Se, por alguma razão, o primeiro não tiver seguimento processual, o recurso adesivo também não prospera, voltando-se as partes ao status anterior.</p><p>Ainda é possível classificar os recursos em totais e parciais, uma forma utilizada pela doutrina que visa dividir os recursos tipificados no art. 994 do CPC (BRASIL, 2015) com um critério meramente quantitativo no tocante ao conteúdo decisório que se pretende impugnar. Dessa forma, se o recorrente desejar impugnar toda decisão judicial, tal recurso X, seja ele qual for, é classificado como recurso X total. Do contrário, se a impugnação for parcial, tem-se um recurso X parcial sem a possibilidade de modificar toda a decisão judicial impugnada (PINHO, 2018).</p><p>O efeito prático dessa classificação reside no fato de que os recursos parciais, ainda que obtenham um efeito suspensivo na parte ou no conteúdo objeto da impugnação, permitem, em tese, que se inicie uma execução provisória ou mesmo definitiva do julgado restante não impugnado. Assim, o legislador permite ao credor que queira e possa, por conta e risco, assumir a dianteira e chegar no importante momento de execução ou negocial com a parte contrária com um possível cumprimento voluntário, ainda que parcial.</p><p>Ademais, os recursos podem ser tidos também como de fundamentação livre e de fundamentação vinculada. Trata-se de uma importante classificação doutrinária que leva em consideração aspectos qualitativos da decisão impugnada por um recurso (BUENO, 2015).</p><p>Recursos de fundamentação livre: No caso dos recursos de fundamentação livre, o recorrente pode ter total liberdade no tocante à construção da impugnação, ou seja, pode livremente impugnar seu prejuízo jurídico, processual ou material, sem preocupação a respeito dos fundamentos.</p><p>Recursos de fundamentação vinculada: Já os recursos de fundamentação vinculada, como no caso dos embargos de declaração, recurso especial e recurso extraordinário, o recorrente deve, obrigatoriamente, pontuar suas razões recursais na previsão expressa das hipóteses de cabimento. O Superior Tribunal Federal é considerado o local de predomínio de recursos de fundamentação vinculada.</p><p>Para os embargos de declaração deve apontar como uma de suas razões recursais a violação a um dos itens dos incisos do art. 1022 do CPC. No caso do recurso especial, deve apontar formalmente que violação ocorre no caso concreto com base no art. 105, III, da CF, valendo o mesmo raciocínio para o recurso extraordinário, nos termos do art. 102, III, da CF (BRASIL, 1988; 2015).</p><p>Atenta-se que a importância da diferenciação nas classificações se baseia principalmente nas possibilidades relacionadas à admissibilidade ou não admissibilidade recursal, tema mais que sensível aos recursos como um todo, em especial a aqueles direcionados aos tribunais superiores.</p><p>Dos recursos em espécie,</p><p>em seus respectivos cabimentos, efeitos e procedimentos da apelação</p><p>O princípio da taxatividade recursal, bem caracterizado no art. 994 do CPC (BRASIL, 2015) traz consigo uma outra consequência normativa, qual seja a existência de normas específicas para cada um dos recursos em espécie.</p><p>Considerando o histórico e a centralidade da sentença como a primeira e principal decisão judicial (e, em muitos casos, a única) que poderia ser objeto de recursos, a apelação é tratada pelo legislador como sendo um recurso em espécie referencial para o sistema recursal como um todo. Em outras palavras, as normas da apelação acabam sendo utilizadas para aplicação dos demais recursos, havendo omissão ou conflito normativo, ainda que em sede de interpretação do direito.</p><p>Tal fato também se justifica na medida em que não se tinha antes nos anos 1990 tantos dispositivos processuais que poderiam conceder tutelas de urgência (instrumental ou material) no curso do processo, por meio de decisões interlocutórias. A magistratura, por sua vez, tinha (e, em certos casos, ainda tem) um comportamento mais conservador, reservando o momento da sentença como mais apropriado, após uma instrução com contraditória e ampla defesa mais bem trabalhada para a concessão de tutelas provisórias.</p><p>Fato é que apesar do cenário hoje ser bem diferenciado, é mais comum e até mesmo justificável a concessão de diversas medidas provisórias antes da sentença, por meio de decisões interlocutórias. Isso certamente eleva o status do recurso de agravo de instrumento, previsto do art. 1015 a 1020 do CPC, e do recurso de apelação, com previsão no art. 1009 a 1014 do CPC, como o carro-chefe do direito recursal (BRASIL, 2015).</p><p>CABIMENTOS</p><p>O CPC é claro ao apontar o os cabimentos do recurso de apelação em face das sentenças, nos termos do art. 1009, o que significa que cabe o uso da referida espécie recursal em para sentenças proferidas com e sem a resolução no mérito, atentando às especificidades dos arts. 485 e 487, respectivamente (BRASIL, 2015).</p><p>Para além da amplitude dos cabimentos da apelação, nos termos do caput do art. 1009, algumas observações se fazem pertinentes, considerando o sistema processual como um todo. Um exemplo é o caso das sentenças definitivas que homologaram uma transação entre as partes, em que dificilmente cabe um recurso de apelação pelas partes, mas sim ao terceiro juridicamente interessado que queira demonstrar alguma hipótese de simulação entre os envolvidos, gerando prejuízo a ele.</p><p>Outro caso interessante é a previsão dos §§ 1º e 2º do art. 1009, que autorizam que o recurso de apelação discuta determinados conteúdos de uma decisão interlocutória no curso do processo, sem sofrer os efeitos da preclusão temporal, desde que não se possa interpor o recurso de agravo de instrumento à época.</p><p>EFEITOS</p><p>Assunto não menos importante são os efeitos quando da interposição do recurso de apelação, considerando as expectativas das partes e dos advogados. Aliás, pode-se dizer que parece incoerente para a sociedade como um todo quando um acadêmico ou operador do Direito tem que explicar a regra geral dos efeitos desse instrumento recursal.</p><p>É complicado entender como um juiz pode julgar o caso, dando a procedência do pedido e o beneficiário, em regra, não poder fazer jus ao direito ali decidido, pois a outra parte recorreu. Geralmente, a sensação é uma das piores para as partes, ratificando a ideia de que se ganhou, mas não levou, ainda que seja só por algum tempo.</p><p>Isto deriva do recurso de apelação ter como regra geral o recebimento no duplo efeito, devolutivo e suspensivo, nos termos do caput do art. 1012 do CPC (BRASIL, 2015). Enquanto o efeito devolutivo cumpre o papel de permitir ao Poder Judiciário novamente examinar fatos e atos materiais e processuais que são objeto de decisão, o efeito suspensivo funciona como uma espécie de barreira legal para que a parte vencedora, normalmente credora, possa fazer jus ao direito. Assim, somente após o recurso de apelação ter tramitação e julgamento é que, em regra, salvo alguma possível excepcionalidade no caso concreto, é que o credor pode dar início à execução.</p><p>EXPLICANDO</p><p>Suponha que um credor tenha direito de cobrar em juízo um devedor que não honrou um boleto de pagamento – clássica obrigação de pagar a quantia certa –, considerando que tinha 60 dias para pagar, como de praxe no ramo comercial. Ocorre que o credor precisou cobrar em juízo. Mas assim, mesmo judicializando o conflito e obtendo uma sentença favorável, se o devedor condenado recorrer, o efeito suspensivo impede o início da execução.</p><p>Diante do alto freio de acesso efetivo e material à justiça que tal dispositivo gera, o próprio legislador, conforme §§ 1º a 4º, do art. 1012 do CPC (BRASIL, 2015), excepciona regra e permite um alento, qual seja uma espécie de execução provisória, mas que ocorre por conta e risco do credor, inclusive gerando uma responsabilidade civil objetiva para o caso de reversão do recurso. Na prática, esses casos atendem apenas a uma parcela do contencioso de massa de grandes grupos que, por razões e condições de mercado, têm lastro patrimonial para banca e para assumirem os riscos de uma execução de natureza provisória.</p><p>PROCEDIMENTO</p><p>O rito ou procedimento do recurso de apelação passa a ser objeto de análise partindo do momento em que a sentença é proferida e publicada às partes. O recurso de apelação permite, em tese, a não preclusão de determinados conteúdos decisórios na fase cognitiva Aquele que legitimado for e que tiver interesse jurídico em impugnar a sentença deve fazê-la por petição escrita dirigida ao juízo prolator da própria, chamado juízo ad quo. Tal petição é chamada de razões recursais e contempla, nos termos das hipóteses de cabimento, o conteúdo formal e material do recurso de apelação, conforme o art. 1015 do CPC (BRASIL, 2015).</p><p>Uma vez recebidas as razões recursais, o juiz intima a parte contrária, que passa a ganhar a denominação de recorrido para, querendo, no mesmo prazo de 15 dias, oferecer suas contrarrazões de apelação. Após o decurso do prazo, com ou sem apresentação das contrarrazões, o juiz encaminha o recurso para o tribunal respectivo, que procede sua livre distribuição para o órgão jurisdicional regimentalmente previsto para o julgamento da apelação. A partir desse momento, o CPC passa a tratar, de modo mais generalista, o rito de tramitação dos processos nos tribunais, com especial interesse nos arts. 929 e seguintes (BRASIL, 2015).</p><p>Em especial, com efeito ao recurso, as atenções se encontram nos incisos do art. 932 do CPC (BRASIL, 2015), que contemplam os chamados poderes do relator, sendo o desembargador relator um grande referencial para tramitação recursal e, em casos de competência originária, também nos tribunais. Por meio de seus poderes, é possível:</p><p>Ainda que pareçam poucas as ações pertinentes, os poderes que o desembargador relator hoje exerce na tramitação recursal ditam o rumo do recurso de apelação. Ademais, entende-se que os casos que não se enquadram na seleção formal dos precedentes são levados às sessões de julgamento.</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p><p>image5.png</p>

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