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<p>Oxidação de</p><p>Aminoácidos</p><p>e Produção</p><p>de Ureia</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. Introdução .............................................................................................................. 3</p><p>2. Tipos de Aminoácidos............................................................................................ 4</p><p>3. Catabolismo de Aminoácidos ................................................................................ 6</p><p>4. Aminoácidos Cetogênicos e Glicogênicos ............................................................. 7</p><p>5. Ciclo Alanina-Glutamina ....................................................................................... 10</p><p>6. Ciclo da Ureia ....................................................................................................... 11</p><p>7. Conclusão ............................................................................................................ 13</p><p>Referências ........................................................................................................................15</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 3</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>A oxidação de aminoácidos e a produção de ureia são processos bioquímicos vitais</p><p>que ocorrem no fígado e têm um papel central no metabolismo de proteínas. Estes</p><p>processos não apenas permitem a utilização de aminoácidos para a produção de ener-</p><p>gia mas também são cruciais para a eliminação de resíduos nitrogenados, evitando a</p><p>toxicidade no organismo.</p><p>Os aminoácidos são metabolizados em um processo de duas etapas: primeiramente,</p><p>o grupo amino é removido, e em seguida, o esqueleto de carbono é oxidado. A remo-</p><p>ção do grupo amino, um processo conhecido como desaminação, é crítica porque o</p><p>grupo amino livre é tóxico para o organismo e deve ser rapidamente convertido em</p><p>uma forma excretável, que é a ureia. A oxidação subsequente do esqueleto de carbono</p><p>fornece energia e intermediários metabólicos que podem ser utilizados em outras vias</p><p>bioquímicas, como a gliconeogênese ou a síntese de corpos cetônicos.</p><p>A ureia é produzida no fígado através do ciclo da ureia, um ciclo metabólico que</p><p>converte a amônia tóxica e o dióxido de carbono em ureia. A ureia é então transportada</p><p>no sangue para os rins, onde é filtrada e excretada na urina. Este processo é essencial</p><p>para a regulação do nitrogênio no corpo, pois a acumulação de amônia pode levar a</p><p>distúrbios graves, como a encefalopatia hepática.</p><p>A oxidação de aminoácidos e a produção de ureia estão intimamente integradas com</p><p>outros processos metabólicos. Por exemplo, durante o jejum prolongado ou em esta-</p><p>dos de doença, os aminoácidos não só fornecem energia mas também servem como</p><p>substratos para a gliconeogênese, ajudando a manter os níveis de glicose no sangue.</p><p>A regulação desses processos é finamente sintonizada por hormônios e outros sinais</p><p>metabólicos, garantindo que o corpo mantenha o equilíbrio de nitrogênio e energia.</p><p>Na prática! Distúrbios no metabolismo de aminoácidos e no ciclo</p><p>da ureia podem levar a uma variedade de condições clínicas, incluindo doenças</p><p>metabólicas hereditárias, como as acidemias orgânicas e os distúrbios do ciclo</p><p>da ureia. O entendimento desses processos é, portanto, fundamental para o diag-</p><p>nóstico e manejo de tais doenças.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 4</p><p>2. TIPOS DE AMINOÁCIDOS</p><p>Os aminoácidos, os constituintes básicos das proteínas, são compostos orgânicos</p><p>caracterizados pela presença de um grupo amino (-NH2), um grupo carboxila (-COOH)</p><p>e uma cadeia lateral específica que determina a identidade e as propriedades do ami-</p><p>noácido. Existem 20 aminoácidos padrão que são codificados pelo genoma humano</p><p>e que se classificam em várias categorias com base em suas necessidades dietéticas</p><p>e metabolismo.</p><p>Aminoácidos Essenciais</p><p>Existem nove aminoácidos essenciais que o corpo humano não pode sintetizar em</p><p>quantidades suficientes e, portanto, devem ser obtidos através da dieta. Estes incluem:</p><p>• Fenilalanina: Precursora de neurotransmissores como a dopamina e a norepinefrina.</p><p>• Valina: Importante para a síntese de proteínas musculares e a regulação do me-</p><p>tabolismo de nitrogênio.</p><p>• Treonina: Envolvida na síntese de proteínas e colágeno, e na produção de anticorpos.</p><p>• Triptofano: Precursor do neurotransmissor serotonina e do hormônio melatonina.</p><p>• Isoleucina: Crucial para a regulação da energia e para a resposta imune.</p><p>• Metionina: Essencial para a síntese de outras moléculas biológicas, como a</p><p>S-adenosilmetionina.</p><p>• Histidina: Precursora do neurotransmissor histamina e importante para o cresci-</p><p>mento e reparo dos tecidos.</p><p>• Leucina: Estimula a síntese proteica muscular e regula os níveis de açúcar no</p><p>sangue.</p><p>• Lisina: Importante para a absorção de cálcio e a produção de hormônios e enzimas.</p><p>Aminoácidos Não Essenciais</p><p>Os aminoácidos são os blocos construtores das proteínas e desempenham um</p><p>papel crucial em quase todos os processos biológicos. A distinção entre aminoácidos</p><p>essenciais e não essenciais é baseada na capacidade do corpo humano de sintetizá-los.</p><p>Vamos explorar cada um dos aminoácidos não essenciais mencionados:</p><p>• Alanina: Este aminoácido é usado pelo corpo para converter glicose em energia</p><p>e ajudar a eliminar o excesso de toxinas do fígado. A alanina é importante para a</p><p>preservação do equilíbrio de nitrogênio no corpo e pode ser produzida a partir de</p><p>piruvato e aminoácidos de cadeia ramificada.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 5</p><p>• Arginina (condicionalmente essencial): A arginina é sintetizada no ciclo da ureia</p><p>e é essencial para ajudar o corpo a se livrar da amônia, um produto residual do</p><p>metabolismo das proteínas. Em crianças e indivíduos com certas condições, como</p><p>doenças crônicas, a arginina torna-se essencial e deve ser obtida através da dieta.</p><p>• Asparagina: Este aminoácido desempenha um papel importante no metabolismo,</p><p>ajudando o corpo a manter um equilíbrio homeostático. A asparagina é necessária</p><p>para a produção de outros aminoácidos e também participa no ciclo da ureia.</p><p>• Ácido aspártico: Funciona como um neurotransmissor e desempenha um papel</p><p>vital no ciclo de Krebs, que é uma parte central do metabolismo energético. O ácido</p><p>aspártico também é importante para a síntese de outros aminoácidos e nucleotídeos.</p><p>• Ácido glutâmico: Este é um neurotransmissor excitatório no sistema nervoso cen-</p><p>tral e também contribui para o metabolismo de açúcares e gorduras. É precursor</p><p>da glutamina e do GABA (ácido gama-aminobutírico), outro neurotransmissor.</p><p>• Glutamina (condicionalmente essencial): A glutamina é o aminoácido livre mais</p><p>abundante no plasma sanguíneo e tecidos. É crucial para a síntese de proteínas</p><p>e para a regulação do equilíbrio ácido-base nos rins. Em períodos de estresse</p><p>metabólico, como após cirurgias ou traumas, a demanda por glutamina pode</p><p>exceder a capacidade do corpo de produzi-la.</p><p>• Glicina: É o menor e mais simples aminoácido, e é necessário para a síntese de</p><p>proteínas, ácido nucleico, creatina e porfirinas. A glicina também desempenha um</p><p>papel no sistema nervoso central como um neurotransmissor inibitório.</p><p>• Prolina: É importante para a produção de colágeno e cartilagem e ajuda a manter</p><p>os músculos e as articulações flexíveis. A prolina é sintetizada a partir do ácido</p><p>glutâmico.</p><p>• Serina: Participa na síntese de proteínas, ácidos graxos, purinas e pirimidinas.</p><p>Também está envolvida na via metabólica que leva à formação de outros amino-</p><p>ácidos, como a glicina e a cisteína.</p><p>• Tirosina (condicionalmente essencial): A tirosina é um precursor de importantes</p><p>neurotransmissores como a dopamina, a epinefrina e a norepinefrina. É sintetizada</p><p>a partir da fenilalanina e, portanto, torna-se essencial se a ingestão de fenilala-</p><p>nina é insuficiente ou se o corpo não pode convertê-la em tirosina devido a uma</p><p>condição genética como a fenilcetonúria.</p><p>• Cisteína (condicionalmente essencial): A cisteína é importante para a síntese de</p><p>proteínas e enzimas, e é um componente crítico do antioxidante glutationa. Embora</p><p>seja sintetizada a partir da metionina,</p><p>em certas condições, como prematuridade</p><p>ou doenças metabólicas, pode ser considerada essencial.</p><p>Cada um desses aminoácidos desempenha funções específicas e é vital para a saúde</p><p>e o bom funcionamento do corpo. Em situações de estresse metabólico ou doença,</p><p>alguns aminoácidos não essenciais podem se tornar condicionalmente essenciais, o</p><p>que significa que a demanda do corpo por esses aminoácidos pode exceder a capaci-</p><p>dade de produzi-los, tornando necessário obtê-los através da dieta.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 6</p><p>Aminoácidos Condicionalmente Essenciais</p><p>Alguns aminoácidos são classificados como condicionalmente essenciais porque</p><p>se tornam essenciais em certas condições patológicas ou fisiológicas, como doenças,</p><p>estresse ou trauma, onde a capacidade do corpo de sintetizá-los pode ser comprometida.</p><p>Funções e Importância dos Aminoácidos</p><p>Além de serem os blocos construtores das proteínas, os aminoácidos desempenham</p><p>papéis vitais em processos como a transdução de sinal, a regulação do pH, o trans-</p><p>porte de nutrientes e a síntese de moléculas bioativas. Eles são fundamentais para o</p><p>crescimento e desenvolvimento, a cura e reparo, a função imunológica e a produção</p><p>de energia.</p><p>3. CATABOLISMO DE AMINOÁCIDOS</p><p>O catabolismo de aminoácidos refere-se ao conjunto de reações metabólicas que</p><p>degradam os aminoácidos, liberando energia e possibilitando a excreção segura do</p><p>nitrogênio. Este processo é crucial para a manutenção do balanço de nitrogênio no</p><p>organismo e para a produção de energia durante estados de jejum ou alimentação</p><p>insuficiente.</p><p>Etapas do Catabolismo de Aminoácidos</p><p>• Transaminação: A primeira etapa na degradação da maioria dos aminoácidos é a</p><p>transaminação, onde o grupo amino é transferido para um cetoácido, geralmente</p><p>o α-cetoglutarato, formando glutamato. As enzimas que catalisam essas reações</p><p>são as transaminases ou aminotransferases, que requerem a coenzima piridoxal</p><p>fosfato (derivada da vitamina B6).</p><p>• Desaminação Oxidativa: O glutamato formado na transaminação sofre desami-</p><p>nação oxidativa, uma reação catalisada pela glutamato desidrogenase, liberando</p><p>amônia (NH3) e regenerando o α-cetoglutarato. A amônia é tóxica e deve ser</p><p>rapidamente removida ou detoxificada.</p><p>• Ciclo da Ureia: A amônia é então incorporada no ciclo da ureia, onde é convertida</p><p>em ureia, uma molécula menos tóxica e solúvel em água, que pode ser excretada</p><p>pelos rins.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 7</p><p>Destino do Esqueleto de Carbono</p><p>Após a remoção do grupo amino, o esqueleto de carbono dos aminoácidos sofre</p><p>diversas transformações. Dependendo do aminoácido, o esqueleto de carbono pode:</p><p>• Ser convertido em intermediários do ciclo de Krebs, como o succinil-CoA ou o</p><p>fumarato, contribuindo para a produção de energia.</p><p>• Entrar na via da gliconeogênese, onde é convertido em glicose.</p><p>• Ser transformado em corpos cetônicos, que são utilizados como fonte de energia</p><p>alternativa, especialmente pelo cérebro durante o jejum prolongado.</p><p>Regulação do Catabolismo de Aminoácidos</p><p>A regulação do catabolismo de aminoácidos é complexa e é influenciada por vários</p><p>fatores, incluindo a disponibilidade de aminoácidos, o estado nutricional do organismo,</p><p>hormônios como a insulina e o glucagon, e outras condições metabólicas.</p><p>Saiba mais! Alterações no catabolismo de aminoácidos podem levar</p><p>a distúrbios metabólicos, como a hiperamoniemia, que resulta da incapacidade</p><p>de detoxificar a amônia. Além disso, doenças hepáticas podem comprometer o</p><p>ciclo da ureia, levando ao acúmulo de nitrogênio no sangue e tecidos.</p><p>4. AMINOÁCIDOS CETOGÊNICOS E GLICOGÊNICOS</p><p>Os aminoácidos são classificados como cetogênicos, glicogênicos, ou ambos, com</p><p>base em seu potencial para serem convertidos em corpos cetônicos ou glicose, respec-</p><p>tivamente. Esta classificação é crucial para entender como o corpo utiliza diferentes</p><p>aminoácidos, especialmente em estados metabólicos como jejum e diabetes.</p><p>Aminoácidos Glicogênicos</p><p>Aminoácidos glicogênicos são aqueles que podem ser convertidos em intermediá-</p><p>rios da gliconeogênese, o processo de produção de glicose a partir de substratos não</p><p>carboidratos. Esses intermediários incluem piruvato, oxaloacetato e intermediários do</p><p>ciclo de Krebs. A capacidade de gerar glicose a partir desses aminoácidos é vital durante</p><p>o jejum ou exercício prolongado, quando as reservas de glicogênio estão esgotadas.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 8</p><p>Aminoácidos Cetogênicos</p><p>Aminoácidos cetogênicos são aqueles que dão origem a acetoacetato ou seus</p><p>precursores, acetoacil-CoA e acil-CoA, que são corpos cetônicos. Os corpos cetônicos</p><p>servem como uma fonte alternativa de energia, particularmente para o cérebro, durante</p><p>períodos de baixa ingestão de carboidratos ou jejum prolongado. Apenas dois amino-</p><p>ácidos são estritamente cetogênicos: leucina e lisina.</p><p>Aminoácidos que são Ambos Cetogênicos e Glicogênicos</p><p>Alguns aminoácidos podem ser convertidos tanto em substratos cetogênicos quanto</p><p>glicogênicos. Isso significa que eles podem alimentar a produção de glicose e também</p><p>contribuir para a síntese de corpos cetônicos. Exemplos incluem isoleucina, fenilalanina,</p><p>tirosina e triptofano.</p><p>Saiba mais! A importância dos aminoácidos cetogênicos e glicogê-</p><p>nicos reside na flexibilidade metabólica que proporcionam. Em estados de jejum,</p><p>a gliconeogênese é crucial para manter os níveis de glicose no sangue, enquanto</p><p>a produção de corpos cetônicos fornece energia para o cérebro, que normalmente</p><p>depende de glicose.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 9</p><p>GLICOGÊNICOS GLICO E CETOGÊNICOS CETOGÊNICOS</p><p>NÃO- ESSENCIAIS</p><p>Alanina Tirosina</p><p>Asparagina</p><p>Aspartato</p><p>Cisteína</p><p>Glutamato</p><p>Glutamina</p><p>Glicina</p><p>Prolina</p><p>Serina</p><p>ESSENCIAIS</p><p>Arginina Isoleucina Leucina</p><p>Histidina Fenilalanina</p><p>Metionina Triptofano</p><p>Treonina Lisina</p><p>Valina</p><p>Quadro 1. Quadro comparativo entre aminoácidos cetogênicos e glicogênicos.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Na prática! A regulação do metabolismo desses aminoácidos é</p><p>complexa e envolve sinais hormonais e nutricionais. Distúrbios no metabolismo</p><p>de aminoácidos cetogênicos e glicogênicos podem levar a condições clínicas</p><p>como hipoglicemia e cetoacidose. Por exemplo, em pacientes com diabetes tipo</p><p>1, a incapacidade de utilizar glicose eficientemente pode levar ao aumento da</p><p>utilização de ácidos graxos e aminoácidos cetogênicos para energia, resultando</p><p>em cetoacidose diabética.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 10</p><p>5. CICLO ALANINA-GLUTAMINA</p><p>O ciclo alanina-glutamina é um conjunto de reações bioquímicas que ocorre entre os</p><p>tecidos periféricos, principalmente o músculo, e o fígado. Este ciclo é essencial para o</p><p>transporte de nitrogênio e carbono no corpo e desempenha um papel crucial durante o</p><p>catabolismo de aminoácidos, especialmente em estados de jejum ou estresse metabólico.</p><p>Função do Ciclo Alanina</p><p>No músculo esquelético, durante o exercício intenso ou jejum, as proteínas mus-</p><p>culares são degradadas, e os aminoácidos resultantes são usados para a produção</p><p>de energia. Um dos principais aminoácidos liberados é a alanina, que é formada pela</p><p>transaminação do piruvato, um intermediário da glicólise, com o glutamato. A alanina</p><p>transporta o grupo amino para o fígado, onde é convertida de volta em piruvato pela</p><p>alanina aminotransferase (ALT). O grupo amino é então liberado como amônia e entra</p><p>no ciclo da ureia, enquanto o piruvato pode ser utilizado na gliconeogênese para for-</p><p>mar glicose. A glicose recém-formada pode então ser liberada na corrente sanguínea e</p><p>usada como fonte de energia pelos músculos, criando um ciclo entre músculo e fígado</p><p>conhecido como ciclo da alanina ou ciclo da glicose-alanina.</p><p>Função do Ciclo Glutamina</p><p>A glutamina é outro aminoácido significativo no transporte de nitrogênio. Nos teci-</p><p>dos periféricos, a glutamina é sintetizada a partir do glutamato e do amônia livre - um</p><p>processo catalisado pela glutamina sintetase. A glutamina é então transportada para</p><p>o fígado, onde é degradada pela glutaminase,</p><p>liberando amônia para entrar no ciclo</p><p>da ureia e glutamato, que pode ser utilizado para a síntese de outros aminoácidos ou</p><p>para a produção de energia.</p><p>Saiba mais! NO ciclo alanina-glutamina é especialmente importante</p><p>durante o catabolismo proteico acelerado, como no jejum, inanição, ou trauma,</p><p>onde o nitrogênio dos aminoácidos musculares precisa ser eficientemente remo-</p><p>vido e a gliconeogênese hepática precisa ser sustentada. A regulação deste ciclo</p><p>é influenciada por hormônios como a insulina, glucagon e cortisol, que respondem</p><p>às necessidades energéticas do corpo e ao estado nutricional.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 11</p><p>Figura 1. Representação do ciclo alanina-glutamina entre o músculo e o fígado.</p><p>Fonte: Acervo Sanar.</p><p>Na prática! Alterações no ciclo alanina-glutamina podem ter impli-</p><p>cações clínicas significativas. Por exemplo, em doenças hepáticas, a capacidade</p><p>do fígado de remover amônia é comprometida, podendo levar à hiperamoniemia e</p><p>encefalopatia hepática. Além disso, a glutamina é um nutriente chave na nutrição</p><p>enteral e parenteral, especialmente em pacientes críticos, devido ao seu papel na</p><p>manutenção da integridade intestinal e no suporte do sistema imunológico.</p><p>6. CICLO DA UREIA</p><p>O ciclo da ureia, também conhecido como ciclo da ornitina-citrulina, é uma série de</p><p>reações bioquímicas que ocorrem principalmente no fígado e, em menor extensão, nos</p><p>rins. Este ciclo converte a amônia tóxica, um subproduto do catabolismo de aminoáci-</p><p>dos, em ureia, que é excretada na urina. É o principal meio de eliminação de nitrogênio</p><p>excedente no corpo humano.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 12</p><p>Etapas do Ciclo da Ureia</p><p>• Síntese de Carbamoil Fosfato: A amônia gerada pela degradação de aminoáci-</p><p>dos é convertida em carbamoil fosfato pela enzima carbamoil fosfato sintetase I</p><p>(CPS1), no interior da mitocôndria. Esta etapa também requer bicarbonato e ATP.</p><p>• Formação de Citrulina: O carbamoil fosfato então reage com ornitina para formar</p><p>citrulina, em uma reação catalisada pela ornitina transcarbamilase. A citrulina é</p><p>transportada para o citosol.</p><p>• Síntese de Argininosuccinato: No citosol, a citrulina se combina com aspartato</p><p>(produzido a partir do oxaloacetato) para formar argininosuccinato, numa reação</p><p>catalisada pela argininosuccinato sintetase, consumindo mais uma molécula de ATP.</p><p>• Cleavage de Argininosuccinato: A argininosuccinato é então clivada pela argini-</p><p>nosuccinato liase, gerando arginina e fumarato. O fumarato pode ser convertido</p><p>em malato e posteriormente em oxaloacetato, que pode entrar no ciclo de Krebs</p><p>ou ser usado na gliconeogênese.</p><p>• Produção de Ureia: Finalmente, a arginina é hidrolisada pela arginase para pro-</p><p>duzir ureia e regenerar ornitina, que entra novamente na mitocôndria para dar</p><p>continuidade ao ciclo.</p><p>Figura 2. Diagrama demonstrativo do ciclo da ureia.</p><p>Fonte: Acervo Sanar.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 13</p><p>Regulação do Ciclo da Ureia</p><p>A regulação do ciclo da ureia é complexa e é influenciada por vários fatores, incluindo</p><p>a dieta (principalmente o conteúdo de proteína), hormônios (como a insulina e glucagon),</p><p>e o estado metabólico do organismo. A disponibilidade de substratos, como amônia</p><p>e aminoácidos, e a atividade das enzimas do ciclo também desempenham papéis im-</p><p>portantes na regulação do ciclo.</p><p>Na prática! Distúrbios do ciclo da ureia são condições genéticas</p><p>que resultam da deficiência de uma das enzimas envolvidas no ciclo. Isso leva ao</p><p>acúmulo de amônia e outros intermediários tóxicos no sangue, podendo causar</p><p>encefalopatia e, se não tratado, pode ser fatal. O manejo desses distúrbios geral-</p><p>mente envolve a restrição dietética de proteínas e a administração de compostos</p><p>que podem se ligar e excretar nitrogênio.</p><p>7. CONCLUSÃO</p><p>A oxidação de aminoácidos e a produção de ureia constituem aspectos fundamentais</p><p>do metabolismo proteico, desempenhando um papel essencial na manutenção do equi-</p><p>líbrio de nitrogênio e na produção de energia. O catabolismo de aminoácidos envolve</p><p>uma série de reações altamente reguladas que convertem os aminoácidos em inter-</p><p>mediários metabólicos, fornecendo energia e substratos para outras vias bioquímicas.</p><p>A ureia, produto final do ciclo da ureia, é um veículo seguro e eficiente para a excreção</p><p>de nitrogênio, prevenindo a toxicidade da amônia. A integração desses processos com</p><p>outras vias metabólicas reflete a complexidade e a eficiência do metabolismo humano</p><p>e destaca a importância da nutrição adequada e do funcionamento fisiológico.</p><p>Os distúrbios associados ao metabolismo de aminoácidos e ao ciclo da ureia,</p><p>embora raros, têm implicações clínicas significativas, exigindo um entendimento pro-</p><p>fundo desses processos para um diagnóstico preciso e um manejo eficaz. A pesquisa</p><p>contínua nessas áreas promete avanços no tratamento de doenças metabólicas e na</p><p>melhoria da saúde humana. Em última análise, o estudo da oxidação de aminoácidos</p><p>e da produção de ureia não apenas fornece insights sobre a bioquímica fundamental,</p><p>mas também sobre aplicações práticas na medicina clínica e na nutrição.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 14</p><p>Oxidação de Aminoácidos e</p><p>Produção de Ureia Tipos de Aminoácidos</p><p>Essenciais</p><p>Não essenciais</p><p>Catabolismo de</p><p>Aminoácidos</p><p>Transaminação</p><p>Desaminação</p><p>Aminoácidos Cetogênicos e</p><p>Glicogênicos</p><p>Cetogênicos</p><p>Corpos cetônicos</p><p>Glicogênicos</p><p>Glicose</p><p>Ciclo Alanina-Glutamina</p><p>Transporte de nitrogênio</p><p>Músculo para fígado</p><p>Ciclo da Ureia</p><p>Detoxificação da amônia</p><p>Excreção renal</p><p>MAPA MENTAL</p><p>Mapa Mental. Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia 15</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>1. DEVLIN, Thomas M. Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas. 7. ed. São</p><p>Paulo: Edgard Blücher, 2017.</p><p>2. LEHNINGER, Albert L.; NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de Bioquímica.</p><p>7. ed. São Paulo: Sarvier, 2020.</p><p>3. MATHEWS, Christopher K.; VAN HOLDE, Kensal E.; APOPLING, Kevin G. Bioquímica.</p><p>4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.</p><p>4. STRYER, Lubert; BERG, Jeremy M.; TYMOCZKO, John L.; GATTO, Gregory J. Bioquímica.</p><p>8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.</p><p>5. VOET, Donald; VOET, Judith G.; PRATT, Charlotte W. Fundamentos de Bioquímica: a</p><p>vida em nível molecular. 5. ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2019.</p><p>6. WIKIPEDIA. Ciclo da alanina. Disponível em: https://gl.wikipedia.org/wiki/Ciclo_da_ala-</p><p>nina. Acesso em: [08/11/2023].</p><p>7. Ministério da Saúde- Folheto DCU. Disponível em: https://portal-chsj.min-saude.pt/</p><p>uploads/writer_file/document/1158/Follheto_DCU.pdf. Acesso em: [08/11/2023].</p><p>Autora: Larissa Meirelles, em parceria com inteligência artificial chat GPT 4.0</p><p>sanarflix.com.br</p><p>Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados.</p><p>Sanar</p><p>Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770</p>