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<p>PROCESSO CIVIL II</p><p>CUMPRIMENTO DE SENTEÇA E PROCEDIMENTOS ESPECIAIS</p><p>Cumprimento de sentença é o procedimento que concretiza a decisão do juiz feita ao fim do processo de conhecimento. É a fase do processo civil que satisfaz o título de execução judicial.</p><p>A maior parte das demandas judicias não ocorre de forma amigável, com a parte perdedora realizando voluntariamente as ações comandadas pelo juiz no título executivo judicial. O cumprimento de sentença, nesse sentido, tem como propósito validar o que foi definido judicialmente na fase de conhecimento.</p><p>Sentença é o nome que se dá para a decisão que o juiz profere a respeito do próprio mérito do processo o qual julga.</p><p>Há três tipos básicos de sentença: a procedente, que ocorre quando o juiz entende que os pedidos do autor são legais e legítimos; a improcedente, quando os pedidos do autor da ação não são aceitos pelo juiz; e a parcialmente procedente, quando alguns pedidos do autor são válidos, enquanto outros não são.</p><p>à “sentença” proferida por órgãos colegiados (dos tribunais de segunda instância e superiores) é chamada de acórdão, por ser feita a partir de um coletivo.</p><p>A sentença de um juiz na fase de conhecimento de um processo cria um título de execução judicial, que não é necessariamente um documento, mas sim o ato que o juiz aponta o que a parte perdedora do processo deve fazer, como pagar alguma quantia, entregar algo ou realizar alguma ação.</p><p>uma sentença é um título de execução judicial, o cumprimento de sentença nada mais é do que o procedimento jurídico que tem como objetivo concretizar o que foi decidido pelo juiz, dando fim à fase de conhecimento e dando início à fase de execução do processo.</p><p>Os regramentos do cumprimento de sentença no Código de Processo Civil de 2015 (CPC) se encontram no livro I da Parte Especial do Código, especificamente no título II do livro I.</p><p>Capítulo I: Disposições gerais (do art. 513 ao 519);</p><p>Capítulo II: Do cumprimento provisório da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa (art. 520 ao 522);</p><p>Capítulo III: Do cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa (art. 523 ao 527);</p><p>Capítulo IV: Do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de prestar alimentos (art. 528 ao 533);</p><p>Capítulo V: Do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela fazenda pública (art. 534 e 535);</p><p>Capítulo VI: Do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa (art. 536 ao 538).</p><p>Há apenas dos requerimentos para que seja possível requisitar um cumprimento de sentença de um processo: um título de execução judicial e um direito certo, líquido e exigível.</p><p>A respeito do título executivo judicial, o CPC apresenta, no seu artigo 515, um rol de atos que são qualificados como títulos de execução judicial:</p><p>“Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:</p><p>I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;</p><p>II – a decisão homologatória de autocomposição judicial;</p><p>III – a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;</p><p>IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;</p><p>V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;</p><p>VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado;</p><p>VII – a sentença arbitral;</p><p>VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;</p><p>IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça.”</p><p>Após a verificação de que um desses atos constituiu um título executivo judicial, basta o exequente demonstrar que seu direito é certo (ele existe de fato), líquido (há uma quantia certa a ser paga uma ação específica a ser realizada)</p><p>e exigível (a discussão sobre o direito se encontra finalizada, impossibilitando o contraditório).</p><p>Ao atender esses dois requisitos, o exequente poderá pedir o cumprimento de sentença dada no processo em questão.</p><p>No momento em que uma sentença de um processo transita em julgado, há uma determinação da figura do juiz para que o executado realize as ações definidas pelo processo.</p><p>o exequente torna-se titular do direito de exigir algo da parte derrotada na lide. Essa exigência pode ser atendida de forma voluntária ou por meio do requerimento do cumprimento de sentença, caso a parte ré não realize o que o título de execução judicial determina.</p><p>Caso a parte não cumpra as determinações voluntariamente, o exequente precisa entrar com o pedido de cumprimento de sentença ao juízo responsável pelo processo, conforme aponta o parágrafo 1º do artigo 513 do Novo CPC:</p><p>§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.</p><p>O pedido se dará por meio de petição anexada aos autos do processo, que deve conter a demonstração do título de execução judicial, os valores devidos, as correções monetárias, juros aplicados e indicação de possíveis bens para penhora, caso possível.</p><p>o devedor será intimado pelo juiz para que cumpra o que determina o título de execução judicial. A intimação se dará pelas seguintes vias:</p><p>§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:</p><p>I – pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;</p><p>II – por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;</p><p>III – por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246 , não tiver procurador constituído nos autos</p><p>IV – por edital, quando, citado na forma do art. 256 , tiver sido revel na fase de conhecimento.</p><p>nas sentenças onde há o devedor de pagar quantia certa, o devedor terá o prazo de 15 dias para realizar o pagamento do valor cobrado pelo credor, conforme aponta o artigo 523 do CPC/2015:</p><p>“Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.”</p><p>Caso o devedor não realize o pagamento no prazo estabelecido, será instituída também uma multa de 10% do valor devido e de mais 10% dos honorários do advogado, como aponta o parágrafo 1º do artigo 523:</p><p>§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.</p><p>Além da multa, a finalização do prazo de 15 dias para o pagamento também abre a possibilidade do credor penhorar bens e realizar as devidas avaliações para que a sentença seja devidamente cumprida.</p><p>§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.</p><p>Se o devedor não realizar o pagamento e tiver bens penhorados que sejam suficientes para o pagamento da dívida, o juiz ordenará as devidas entregas e a sentença se dará por satisfeita, finalizando o processo.</p><p>Impugnação ao cumprimento de sentença no CPC:</p><p>a impugnação ao cumprimento de sentença assegura que o executado possa discutir o título executivo.</p><p>Nesse caso, o executado pode retomar discussões previstas no art. 525, § 1° do CPC, veja-se:</p><p>Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,</p><p>independentemente de penhora ou</p><p>nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.</p><p>§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:</p><p>I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;</p><p>II – ilegitimidade de parte;</p><p>III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;</p><p>IV – penhora incorreta ou avaliação errônea;</p><p>V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;</p><p>VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;</p><p>VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.</p><p>As hipóteses de cabimento para a impugnação ao cumprimento de sentença, está prevista no rol taxativo do art. 525, §1° do Novo CPC, conforme exposto na sessão anterior.</p><p>Quanto ao inciso I, diz respeito à hipótese em que o executado foi revel ao decorrer da fase de conhecimento, por algum equívoco no processamento da citação. Cumpre destacar ainda, que nesse caso, é necessária a ausência do executado ao longo da fase de conhecimento toda, não somente na contestação.</p><p>Já no inciso II, o executado pode alegar que não deve sofrer aquela execução. Por exemplo, um fiador que não foi chamado ao longo da fase de conhecimento e exige-se o cumprimento da obrigação do mesmo no cumprimento de sentença.</p><p>No terceiro inciso, caso o título não seja exigível ou se não for exequível, por falta de liquidez, por exemplo, esse meio de defesa é adequado para que o executado afaste a execução.</p><p>No inciso IV, o executado pode discutir a incidência da penhora recaída sobre seus bens, seja um bem de família ou quando atinja de forma superior ao valor da execução.</p><p>Quanto ao excesso de execução, é cabível quando o credor extrapola o valor real devido pelo executado. Nesse caso, é necessário ainda que a memória de cálculo seja acompanhada, como demonstrativo, caso contrário, será rejeitada liminarmente.</p><p>No inciso VI, o Novo CPC traz a possibilidade de alegar as incompetências de forma facilitada. Cabe lembrar que a incompetência relativa se não for discutida até o cumprimento da sentença, ocorre a preclusão. Já a absoluta pode ser corrigida, até de ofício em qualquer grau de jurisdição.</p><p>Por fim, o inciso VII traz as possibilidades de alegar causas modificativas ou extintivas da obrigação. Assim como, pagamento, novação, transação, compensação ou a prescrição, transcorridos após a sentença, desde que supervenientes à sentença;</p><p>O prazo para impugnar o cumprimento de sentença, inicia-se automaticamente, após transcorridos 15 (quinze) dias da intimação para cumprimento da decisão da fase de conhecimento.</p><p>Ou seja, caso não cumprido o prazo e muito menos a obrigação, abre-se então os 15 dias para que o executado apresente a impugnação ao cumprimento de sentença.</p><p>o prazo será concedido em dobro nas hipóteses em que existe mais de um executado, cada qual representado por advogados e escritórios distintos, conforme art. 229 do Novo CPC:</p><p>Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.</p><p>§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles.</p><p>§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.</p><p>§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.</p><p>Quanto aos efeitos, no CPC, estabelece que o efeito suspensivo não é regra, mas, de todo modo, o §6° do CPC autoriza, caso os fundamentos forem relevantes e o prosseguimento da execução puder causar grave dano:</p><p>§ 6º A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação</p><p>Em suma, não terá efeito suspensivo, não suspende os atos executivos. O juiz pode atribuir tais efeitos, desde comprovado os fundamentos e seja suscetível de causar danos as partes de difícil reparação. Quando no caso concreto e a pedido da parte tenha algum fundamento. É a critério do juiz.</p><p>o efeito suspensivo não impede a substituição, reforço ou redução da penhora. Ao conceder o efeito, o credor tem a liberdade de requerer o prosseguimento mediante oferecimento de caução.</p><p>Depois da impugnação ao cumprimento de sentença, se ela for negada ou aceita apenas parcialmente, a decisão é chamada de interlocutória. Assim, como recurso cabe o agravo de instrumento.</p><p>Assim, como recurso cabe o agravo de instrumento. Mas, se o juiz aceitar a impugnação, trata-se de uma decisão finalística, sendo o recurso cabível a apelação.</p><p>O incidente da impugnação ao cumprimento de sentença permite a aplicação do princípio da ampla defesa e incentiva a parte executada discutir sobre os valores que lhe são cobrados.</p><p>O cumprimento da sentença também é o momento para apreciar por completo os fatos e fundamentos da ação principal. Merece tanto reconhecimento e avaliação quanto a fase de conhecimento.</p><p>Somente dando oportunidades e direitos iguais às partes é que haverá a efetividade e justiça para os cidadãos.</p><p>O direito positivo brasileiro, no procedimento do cumprimento de sentença, deu um passo à efetividade da tutela jurisdicional, simplificando os entraves oriundos da ação executiva autônoma.</p>

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