Prévia do material em texto
<p>MÉTODOS CONTRACEPTIVOS</p><p>2.1 EXPERIÊNCIA:</p><p>Escolha uma situação clínica que você tenha vivido recentemente e que tenha gerado dúvidas e descreva o caso clínico do paciente em questão, detalhando informações clínicas relevantes, como morbidades, terapêutica em uso, condições de vida, situação familiar e autocuidado.</p><p>O estudo de caso clínico relatado é sobre uma paciente do sexo feminino M. L. N.S , 38 anos, negra, natural e residente na zona rural de Cachoeira- BA, dona de cada, casada, mãe de três filhos já nascidos, com idades de 17, 11 e 6 anos de idade consecutivamente, sendo os dois primeiros filhos do sexo feminino e o terceiro filho do sexo masculino. A paciente vem a consulta de pré natal referindo desejo de realizar contracepção permanente. Apresenta USG obstétrica, com IG: 30 semanas e 2 dias, com gestação gemelar com dois fetos o primeiro de sexo masculino, e o segundo feto de sexo feminino. Paciente nega comorbidades. Nega HAS, nega diagnóstico prévio de diabetes. Faz acompanhamento irregular nessa unidade de saúde.</p><p>Ao Exame físico apresentava-se:</p><p>– BEG,LOTE, corada, Hidratada, afebril, anictérica e acianótica,eupneica</p><p>– PA: 100/70mmHg, Glicemia: 142 (pós brandial), Peso: 87 Kg, Altura: 1,68</p><p>– AC: Bulhas normofonéticas em 2 tempos sem sopro, AP: Murmúrio vesicular preservado sem ruídos adventícios,</p><p>Abd: globoso, as custas de útero gravídico, com presença de movimentação fetal, BCF feto1: 134, BCF feto 2: 148 altura uterina 30 cm</p><p>Tônus muscular: força muscular preservada</p><p>2.2 LACUNAS:</p><p>Descreva quais foram as dificuldades que você enfrentou ao lidar com este paciente e destaque quais foram as necessidades de cuidado do paciente que ficaram por sanar – Patient Unmet Needs (PUNs).</p><p>A dificuldade central ao avaliar essa paciente, foi considerar a viabilidade de optar pelo método contraceptivo definitivo, por se tratar de uma paciente que tomou a decisão de contracepção permanente durante a gravidez, já no último trimestre, sem a presença do parceiro.</p><p>2.3 ORIGEM:</p><p>Descreva quais as suas necessidades de aprendizado para lidar melhor com este paciente – Doctor Educational Needs (DENs).</p><p>As necessidades de aprendizado foram revisar as atualizações sobre indicações dos métodos contraceptivos definitos, tanto na questão de indicação médica, quanto de atualização legal e o papel do cônjuge na decisão contracepção permanente, principalmente em situações que envolvem mulheres grávidas já no último trimestre da gestação</p><p>2.4 OBJETIVOS:</p><p>Defina os objetivos formativos que serão trabalhados. Lembre-se de deixá-los SMART (Específico, Mensurável, Alcançável, Relevante e Temporizado)!</p><p>• Revisar sobre os principais métodos anticoncepcionais, bem como suas indicações clínicas. Reconhecendo os métodos mais eficientes também na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.</p><p>• Revisão e aprofundar no conhecimento lei Nº 14.443, de 2 de setembro de 2022, que altera a Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, para determinar prazo para oferecimento de métodos e técnicas contraceptivas e disciplinar condições para esterilização no âmbito do planejamento familiar, para orientar o planejamento familiar na consulta dessa familia em questão</p><p>2.5 SÍNTESE DO ESTUDO:</p><p>Sintetize o estudo realizado e descreva quais foram as fontes bibliográficas que embasaram seu estudo.</p><p>A grande variedade de métodos contraceptivos hoje existentes permite aos casais escolherem entre as seguintes formas de contracepção: métodos naturais ou comportamentais (coito interrompido, tabelinha, método do muco cervical e método da temperatura basal); métodos de barreira (preservativo feminino, preservativo masculino, diafragma e espermicidas); métodos hormonais (pílulas, adesivos, injeções, implantes cutâneos e anel vaginal); dispositivo intrauterino (DIU) de cobre ou com hormônios; e métodos definitivos (vasectomia e ligadura de trompas).</p><p>Métodos naturais ou comportamentais:</p><p>- Tabelinha: tem como base a observação do ciclo menstrual, observando o período fértil da mulher e na abstenção das relações sexuais durante esse período. É importante que a mulher, antes de iniciar esse método, faça uma análise dos ciclos anteriores. Mulheres com ciclos mesntruais irregulares não devem fazer uso desse método de contracepção.</p><p>- Muco cervical: também chamado de método de Billings, consiste na análise da secreção produzida pelo colo do útero. Essa secreção varia em coloração e textura e deve ser observada diariamente.</p><p>- Temperatura basal: esse método consiste na verificação da temperatura corpórea, a qual aumenta durante a ovulação. A tomada da temperatura deve ser feita sempre no mesmo local e antes da mulher se levantar pela manhã. O período fértil finalizará no terceiro dia após a elevação da temperatura.</p><p>- Coito interrompido: o método consiste no homem retirar o pênis da vagina antes da ejaculação. Desse modo, ele evita que o esperma seja depositado no corpo da mulher.</p><p>Métodos de barreira</p><p>- Preservativo masculino: também chamado de camisinha masculina, o preservativo masculino consiste em um material produzido com látex ou poliuretano que é colocado no pênis ereto antes de se iniciar a relação sexual. A camisinha impede que o esperma entre em contato com o corpo feminino. Uma das vantagens do método é que, além de evitar uma gestação não planejada, protege contra infecções sexualmente transmissíveis.</p><p>- Preservativo feminino: também conhecido como camisinha feminina, o preservativo feminino consiste em dois anéis flexíveis em suas extremidades, sendo um deles fechado e que deve ser inserido no interior da vagina. A extremidade aberta fica para o lado externo e protege o pequeno e os grandes lábios.</p><p>- Diafragma: consiste em um anel recoberto por uma borracha fina. Ele é introduzido no interior da vagina, de modo a recobrir todo o colo do útero. Recomenda-se o seu uso com espermicida, a fim de aumentar sua eficácia. Esse método só deve ser adquirido após consulta médica. Além disso, vale destacar que o diafragma pode ser utilizado por várias vezes, seguindo recomendações do fabricante.</p><p>Métodos hormonais</p><p>As pílulas anticoncepcionais apresentam eficácia elevada.</p><p>- Pilulas anticoncepcionais: podem ser formadas por uma combinação de estrógeno e progesterona ou apenas por progesterona. O principal mecanismo de ação é a inibição da ovulação. Trata-se de um dos métodos mais seguros, entretanto, pode ter algumas contraindicações.</p><p>- Anticoncepcionais injetáveis: consistem na administração de hormônios por meio de injeções. Atuam evitando a ovulação e tornando o muco cervical mais espesso.</p><p>- Implantes subcutâneos: o método consiste na inserção, na parte interna do braço ou antebraço, de um sistema de silicone contendo hormônio em seu interior. Esse hormônio é liberado lentamente e inibe a ovulação e altera o muco cervical.</p><p>- Pílula do dia seguinte: trata-se de um método contraceptivo de emergência, ou seja, deve apenas ser utilizado em situações emergenciais, não devendo substituir outros métodos contraceptivos. A pílula consiste em doses altas de hormônios e deve ser usada rapidamente após a relação desprotegida ou que ouve falha de outro método para garantir maior eficácia.</p><p>Métodos intrauterinos</p><p>O dispositivo intrauterino (DIU) é um método em que um dispositivo é inserido dentro do útero pela vagina. Esse dispositivo apresenta o formato de T, apresenta alta eficácia e pode ser usado por longos períodos. O DIU pode ser de cobre ou hormonal. O DIU é colocado no interior do útero.</p><p>Métodos definitivos</p><p>Métodos chamados de definitivos são métodos cirúrgicos que promovem esterilização e podem ser feitos por homens e mulheres. São eles: a laqueadura e a vasectomia.</p><p>- Ligadura de trompas: é um método contraceptivo definitivo realizado pela mulher que consiste na ligadura ou no corte das tubas uterinas. A mulher continua a ter ovulação, entretanto, como a ligação entre o ovário e o útero foi interrompida, a fecundação não acontece.</p><p>- Vasectomia: é um método contraceptivo realizado pelos homens e consiste na ligadura ou corte dos</p><p>canais deferentes. O homem continua ejaculando normalmente, entretanto, não há presença de espermatozoides no líquido ejaculado.</p><p>No que diz respeito a avanços sociais relacionado a questões de planejamento familiar, o grande avanço dos últimos anos, foi a Lei nº 14.443/2022, publicada no dia 2 de setembro, veio para modificar alguns pontos da Lei de Planejamento Familiar anterior, que implicou em quatro relevantes mudanças que serão descritas nos próximos parágrafos.</p><p>A primeira mudança da lei relaciona-se à um de prazo fixado para oferecimento, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de métodos contraceptivos, que passou a ser de no máximo, 30 dias, a partir da indicação. Antes não havia uma previsão temporal, o que poderia significar um longo tempo de espera até a disponibilização do método escolhido para evitar uma gravidez não planejada.</p><p>A segunda mudança refere à idade para a esterilização voluntária (vasectomia, para homens; e laqueadura, para mulheres). Até então, exigia-se idade mínima de 25 anos, ou que se tivesse, pelo menos, dois filhos vivos. Agora, a idade foi reduzida a 21 anos para homens e mulheres independente de ja terem filhos ou não. O mesmo entendimento é aplicável para quem ainda não tenha completado 21 anos de idade, mas já possua dois ou mais filhos.</p><p>A terceira alteração, corresponde à possibilidade de realização da laqueadura já durante o parto (normal ou cesariana), desde que a solicitante manifeste seu interesse ao menos 60 dias antes, e que haja condições médicas adequadas para o procedimento. Por sua vez, o prazo de 60 dias evita que se tome a decisão pela laqueadura durante a intensa descarga hormonal inerente ao parto, dificultando uma tomada de decisão madura; e permite que a solicitante seja esclarecida previamente a respeito dos riscos e das consequências da cirurgia.</p><p>A quarta novidade diz respeito à revogação do dispositivo que exigia o consentimento expresso do parceiro para a realização do procedimento de esterilização voluntária. Não existe mais a necessidade de autorização do parceiro para realizar a esterilização.</p><p>Portanto estamos falando de progressos relacionados à autonomia dos no tocante à sua vida reprodutiva, e também de avanços quanto à maior facilidade de acesso a métodos e procedimentos contraceptivos de grande relevância para a qualidade de vida e para o próprio planejamento familiar.</p><p>REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS</p><p>BAHAMONDES, Luis. A escolha do método contraceptivo. Revista Brasileira de Ginecologia e obstetrícia, v. 28, p. 267-270, 2006.</p><p>DE ALMEIDA, Luiz Carlos. Métodos contraceptivos: uma revisão bibliográfica. 2011.</p><p>GOULART, Me Mariana; RIBEIRO, Adilson Pires. Entre a autonomia reprodutiva e servidão patriarcal:: reflexões sobre a Lei 14.443/2022. Boletim IBCCRIM, v. 31, n. 365, p. 23-26, 2023.</p><p>GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti. Tratado de Medicina de Família e Comunidade-: Princípios, Formação e Prática. Artes Medicas, Saúde Da Mulher p. 2280-2290, 2019.</p><p>2.6 SANAR LACUNAS:</p><p>Agora que você sanou as suas lacunas de conhecimento, o que você pretende fazer no próximo encontro com o paciente que motivou este estudo? Descreva o plano das ações e condutas que você irá adotar para os próximos encontros com o paciente/família.</p><p>Na próxima consulta com a paciente, que está fazendo o acompanhamento médico semanal na UBS, por se tratar de uma gestação gemelar de alto risco, irei informar a paciente de que se ela realmente deseja realizar a laqueadura durante o parto, provavelmente não haverá tempo hábil, pois a legislação atual exige um prazo de até 60 dias antes do parto para determinar a esterilização e por ela esta em uma gestação gemelar com mais de 30 semanas, provavelmente deverá entrar em trabalho de parto em um período menor que os 60 dias necessários. Todavia ela tem direito de manifestar o quanto antes esse desejo de esterilização e de deixar registrado esse seu interesse.</p><p>Também pretendo orientar o casal, no que diz respeito ao conjuge, de que ele tem direito de realizar a vasectomia, explicando como é o procedimento e que poderá ser realizado em qualquer tempo, de acordo com o desejo do casal ou do próprio paciente, e que pela lei, em até 30 dias essa vasectomia devera ser realizada. Pretendo apresentar outros métodos contraceptivos eficazes, que eles também podem optar, mesmo não sendo ainda a esterilização.</p>