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<p>DIREITO</p><p>PROCESSUAL PENAL</p><p>PARTE II</p><p>pP</p><p>PARTE II</p><p>Sumário</p><p>1. Questões prejudiciais e processos incidentes 1</p><p>a. Natureza jurídica 1</p><p>i. Controvérsias 1</p><p>b. Questões prejudiciais 1</p><p>i. Definição e características 1</p><p>ii. Modalidades das questões prejudiciais 3</p><p>c. Exceções 12</p><p>i. Previsão normativa 12</p><p>ii. Conceito 12</p><p>iii. Exceções processuais 12</p><p>iv. Classificação 13</p><p>v. Natureza jurídica 15</p><p>vi. Exceção de suspeição/ impedimento/ incompatibilidade 15</p><p>vii. Exceção de incompetência do juiz (inciso II, art. 95) 24</p><p>viii. Exceção de litispendência 27</p><p>ix. Exceção de ilegitimidade da parte 29</p><p>x. Exceção de coisa julgada 31</p><p>d. Conflitos de jurisdição 34</p><p>i. Introdução 34</p><p>ii. Hipóteses de conflito estão no art. 114, CPP 35</p><p>iii. Legitimidade para suscitar o conflito de competência 36</p><p>e. Restituição das coisas e bens apreendidos 37</p><p>f. Medidas assecuratórias 39</p><p>i. Previsão normativa 39</p><p>ii. Introdução 39</p><p>iii. Tutela cautelar 40</p><p>iv. Sequestro 42</p><p>v. Especialização e registro da hipoteca legal 49</p><p>vi. Arresto 52</p><p>vii. Utilização de bens sequestrados, apreendidos ou sujeitos a</p><p>qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública.53</p><p>viii. Alienação antecipada 54</p><p>g. Incidente de falsidade 55</p><p>i. Objetivo 55</p><p>h. Incidente de insanidade mental 55</p><p>i. Objetivo 55</p><p>ii. Previsão normativa 56</p><p>2. Direito probatório 57</p><p>a. Introdução 57</p><p>i. Conceito de prova 57</p><p>ii. Exceções do art. 155, do CPP 59</p><p>iii. Direito de prova 60</p><p>iv. Ônus da prova 60</p><p>v. Momentos ou etapas da prova 66</p><p>vi. Prova emprestada 71</p><p>vii. Prova ilícita e ilegítima 74</p><p>b. Meios de prova 94</p><p>i. Definição 94</p><p>ii. Interceptação e gravação, captação ambiental e reconhecimento</p><p>fotográfico 95</p><p>iii. Exame de Corpo Delito 102</p><p>iv. Interrogatório judicial 120</p><p>v. Confissão 140</p><p>vi. Prova testemunhal 149</p><p>vii. Reconhecimento de pessoas ou coisas 170</p><p>viii. Acareação 177</p><p>ix. Prova documental 178</p><p>x. Indício 181</p><p>xi. Busca e apreensão 182</p><p>xii. Autópsia Psicológica 196</p><p>1. Questões prejudiciais e processos</p><p>incidentes</p><p>São temas que surgem ou não no curso do processo penal, e</p><p>tem tratamento legal.</p><p>a. Natureza jurídica</p><p>i. Controvérsias</p><p>● 1ª Corrente, minoritária: elementar da</p><p>infração penal, inserida no próprio mérito da</p><p>principal.</p><p>● 2ª Corrente, majoritária: seria uma espécie de</p><p>conexão.</p><p>○ Há uma relação entre as questões</p><p>principais e as questões prejudiciais.</p><p>b. Questões prejudiciais</p><p>i. Definição e características</p><p>● Temas atinentes ao mérito da causa, que</p><p>devem ser resolvidas antes do mérito</p><p>propriamente dito da causa, sob pena de</p><p>invalidade do julgamento;</p><p>○ Estão relacionadas à própria existência</p><p>da infração penal;</p><p>○ São dotadas de existência autônoma,</p><p>existindo, independentemente, do</p><p>processo penal em que houve o</p><p>reconhecimento da prejudicialidade.</p><p>○ Podem ser objeto de análise pelo juízo</p><p>penal ou extrapenal, a depender da</p><p>natureza.</p><p>○ Condicionam o conteúdo das decisões</p><p>acerca das questões prejudiciais</p><p>1</p><p>● Características</p><p>○ Anterioridade</p><p>▪ Ela precisa ser resolvida antes do</p><p>mérito principal;</p><p>➢ Ex: Delito de receptação,</p><p>sendo necessário saber se</p><p>o agente tinha</p><p>conhecimento se o bem</p><p>adquirido era produto de</p><p>crime.</p><p>○ Necessariedade/ essencialidade ou</p><p>interdependência</p><p>▪ A existência da infração penal</p><p>depende das questões</p><p>prejudiciais.</p><p>➢ Ressalta a obrigatoriedade</p><p>de resolução da questão.</p><p>➢ Caso o juiz não resolva, há</p><p>nulidade no julgamento.</p><p>➢ Questão prejudicada</p><p>implica na análise da</p><p>questão principal.</p><p>○ Autonomia</p><p>▪ Questão prejudicial poderia ser</p><p>resolvida em processo</p><p>autônomo cível, criminal,</p><p>administrativo ou tributário.</p><p>▪ Surge naquele processo penal,</p><p>na análise do crime que precisa</p><p>ser resolvido pelo juiz.</p><p>2</p><p>ii. Modalidades das questões prejudiciais</p><p>● Questão prejudicial penal/ homogênea/</p><p>comum/ imperfeita</p><p>○ A questão prejudicial tem natureza</p><p>propriamente penal, atinente ao tema</p><p>precipuamente tratado no juízo</p><p>criminal;</p><p>○ Denominada, também, de não</p><p>devolutiva no que se refere à</p><p>competência, porque o próprio juiz</p><p>criminal tem competência para</p><p>analisar, não há remessa para outro</p><p>juízo, valendo-se da conexão ou da</p><p>continência.</p><p>▪ Ex: Ilicitude do bem proveniente</p><p>de receptação. Tema de direito</p><p>penal, juiz analisará furto, roubo,</p><p>apropriação indébita, estelionato</p><p>para averiguar a receptação;</p><p>○ Como solucionar as prejudiciais</p><p>homogêneas?</p><p>▪ 1ª possibilidade: conexão e</p><p>continência;</p><p>▪ 2ª possibilidade: apreciação</p><p>incidental da prejudicial pelo</p><p>juízo penal.</p><p>➢ Nesse caso a prejudicial</p><p>não estará acobertada</p><p>pelos limites da coisa</p><p>julgada e, com isso, é</p><p>possível que se tenha mais</p><p>3</p><p>adiante decisões</p><p>conflitantes.</p><p>● Questão prejudicial extrapenal/</p><p>jurisdicional/ perfeita</p><p>○ Chamada de devolutiva no que se</p><p>refere à competência.</p><p>○ Natureza distinta da penal, cível,</p><p>administrativa, tributária, trabalhista,</p><p>que limita atuação do juízo penal. Lida</p><p>com tema que não é de sua expertise.</p><p>○ Divide-se em que:</p><p>▪ Absolutas ou obrigatórias</p><p>➢ Juiz está absolutamente</p><p>restringido de avaliar,</p><p>devendo ser solucionadas</p><p>obrigatoriamente pelo</p><p>juízo extrapenal. Dizem</p><p>respeito ao estado civil das</p><p>pessoas.</p><p>→ Juiz deve</p><p>necessariamente</p><p>suspender o</p><p>processo e remeter</p><p>ao cível, para solução</p><p>do estado civil das</p><p>pessoas;</p><p>→ Art. 92, CPP1.</p><p>1Art. 92 do CPP: Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia,</p><p>que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará</p><p>suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem</p><p>prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.</p><p>Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando necessário, promoverá</p><p>a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados</p><p>4</p><p>→ Idade, estado civil,</p><p>filiação, capacidade</p><p>civil, salvo resolução</p><p>de questões</p><p>urgentes</p><p>→ Cabe ao MP dar</p><p>início ou dar</p><p>seguimento;</p><p>→ Ex: crime de</p><p>ocultação de</p><p>impedimento para</p><p>casamento. Atinente</p><p>ao estado civil das</p><p>pessoas. Restrição</p><p>absoluta, juiz cível</p><p>deve decidir sobre</p><p>isso.</p><p>➔ Suspensão do processo e,</p><p>consequentemente, suspensão da</p><p>prescrição.</p><p>◆ Art. 116, I, do CP.</p><p>➔ Pressupostos:</p><p>◆ Existência da infração penal.</p><p>● Prejudicial como elementar do</p><p>delito.</p><p>◆ Controvérsia séria e fundada.</p><p>◆ Relativa ao estado civil das pessoas.</p><p>● 1ª Corrente, ampliativa: abrange</p><p>relações de ordem privada,</p><p>questões de ordem política e</p><p>questões de ordem física.</p><p>5</p><p>● 2ª Corrente, restritiva: apenas o</p><p>que diz respeito ao parentesco,</p><p>casamento e idade.</p><p>➔ Consequências:</p><p>◆ Suspensão do processo, até o trânsito</p><p>em julgado;</p><p>● Art. 94, do CPP;</p><p>● Suspensão da prescrição,</p><p>conforme art. 116, I, do CP.</p><p>○ Se houve o</p><p>reconhecimento indevido</p><p>de uma prejudicialidade e</p><p>o processo foi suspenso</p><p>equivocadamente pelo</p><p>juízo, a doutrina entende</p><p>que este efeito não</p><p>poderia ser aplicado.</p><p>Subtende-se que a</p><p>prescrição continue</p><p>fluindo.</p><p>◆ Inquirição das testemunhas e de</p><p>outras provas de natureza urgente;</p><p>● Presume-se que a inquirição de</p><p>testemunhas é uma prova de</p><p>natureza urgente, não sendo</p><p>necessária a fundamentação do</p><p>art. 225, do CPP, sendo sua</p><p>realização obrigatória e</p><p>automática.</p><p>○ Parte da doutrina entende</p><p>que a mesma lógica deve</p><p>6</p><p>ser aplicada ao art. 366, do</p><p>CPP.</p><p>◆ Nos casos de crime de Ação Pública, o</p><p>MP, quando necessário, promoverá a</p><p>ação civil ou prosseguirá na que tiver</p><p>sido iniciada, com citação dos</p><p>interessados.</p><p>● Princípio da obrigatoriedade.</p><p>● Intervenção do MP no cível</p><p>poderá ocorrer ainda que o MP</p><p>não tivesse legitimidade</p><p>originariamente no cível.</p><p>● Intervenção do MP não</p><p>necessariamente pelo mesmo</p><p>promotor que está atuando no</p><p>juízo criminal.</p><p>▪ Relativas ou facultativas</p><p>➢ Demais questões podem</p><p>ser apreciadas pelo juízo</p><p>ou extrapenal. Faculdade</p><p>que a lei estabelece em</p><p>que juiz pode analisar ou</p><p>suspender. Se for de difícil</p><p>solução, suspende; se for</p><p>simples, o próprio juiz</p><p>analisa.</p><p>➢ Art. 93, CPP2</p><p>2Art. 93 do CPP: Se o reconhecimento</p><p>nessa situação não poderá ser</p><p>admitida a utilização da prova,</p><p>irremediavelmente contaminada pela</p><p>mácula havida.</p><p>o Caso o feito tenha sido anulado por</p><p>questão não atinente à prova: nesse</p><p>caso será admissível a utilização da</p><p>prova emprestada, desde que não se</p><p>relacione diretamente com a nulidade.</p><p>Assim, se anulado o processo por</p><p>questões relativas às alegações finais,</p><p>por exemplo, então não há qualquer</p><p>contaminação da prova.</p><p>vii. Prova ilícita e ilegítima</p><p>● Prova é também um direito, decorrendo do</p><p>contraditório e devido processo legal;</p><p>● Direito de provar deve ser exercido dentro</p><p>dos limites legais e constitucionais, de modo</p><p>que não viole garantias direito das pessoas;</p><p>74</p><p>● Prova ilícita</p><p>○ Viola norma de direito material ou</p><p>substancial;</p><p>○ Via de regra, o vício está na colheita da</p><p>prova inicial.</p><p>▪ Ex: prova colhida mediante</p><p>tortura, desrespeitando</p><p>inviolabilidade domicilar;</p><p>○ Demandam a declaração de sua</p><p>ilicitude, com o desentranhamento</p><p>dessas provas e as que lhe forem</p><p>conexas.</p><p>● Prova ilegítima</p><p>○ Viola norma de direito processual ou</p><p>adjetivo;</p><p>○ Via de regra, o vício está no momento</p><p>da produção no processo.</p><p>○ Demandam a declaração de sua</p><p>nulidade, devendo, novamente, ser</p><p>produzida a prova.</p><p>▪ Ex: réu ouvido no interrogatório</p><p>sem presença de defesa.</p><p>Nulidade do interrogatório,</p><p>devendo o ato ser feito</p><p>novamente.</p><p>● Teorias a respeito da prova ilícita</p><p>○ Teoria da ilicitude por derivação</p><p>(teoria dos frutos da árvore</p><p>envenenada - ilicitude da prova por</p><p>reverberação)</p><p>▪ Fruit of the poisonous tree.</p><p>75</p><p>▪ Precedente norte-americano:</p><p>Silverthorne Lumber vs EUA</p><p>(1920).</p><p>▪ Refere-se aos meios probatórios</p><p>que, não obstante produzidos</p><p>validamente em momento</p><p>posterior, encontram-se afetados</p><p>pelo vício da ilicitude originária,</p><p>que a eles se transmite em</p><p>virtude do nexo causal.</p><p>➢ Formalmente, a prova é</p><p>lícita, mas</p><p>necessariamente decorre</p><p>de prova ilícita</p><p>→ Ex: confissão sob</p><p>tortura que pessoa</p><p>indica local de</p><p>objeto de crime.</p><p>Diligência é regular,</p><p>mas claramente há</p><p>relação de</p><p>causalidade com a</p><p>confissão sob tortura</p><p>anterior</p><p>▪ Art. 157, § 1º, CPP37</p><p>➢ “São também</p><p>inadmissíveis as provas</p><p>derivadas das ilícitas”</p><p>○ Regras de exclusão (exclusionary</p><p>rules)</p><p>37Art. 157, § 1º, do CPP: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não</p><p>evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser</p><p>obtidas por uma fonte independente das primeiras.</p><p>76</p><p>▪ São hipóteses previstas em lei e</p><p>na jurisprudência, em que se</p><p>admite o aproveitamento de</p><p>uma prova, mesmo possuindo</p><p>uma ilicitude.</p><p>➢ Ilicitude direta ou por</p><p>derivação.</p><p>▪ Prof, Eugenio Pacelli</p><p>➢ Na prova ilícita, sempre</p><p>haverá conflito de</p><p>interesses e direitos entre</p><p>réu e autor.</p><p>→ Via de regra, a</p><p>garantia</p><p>fundamental irá</p><p>prevalecer.</p><p>→ Em outros casos, o</p><p>direito à prova</p><p>prevalece.</p><p>▪ 1ª Fonte independente</p><p>(independent source)</p><p>➢ Em que pese haja ilicitude</p><p>por derivação, se o órgão</p><p>da persecução penal</p><p>demonstrar que obteve,</p><p>legitimamente, novos</p><p>elementos de informação</p><p>a partir de uma fonte</p><p>autônoma de prova, que</p><p>não guarde qualquer</p><p>relação de dependência,</p><p>nem decorra da prova</p><p>77</p><p>originariamente ilícita,</p><p>com esta não mantendo</p><p>vínculo causal, tais dados</p><p>probatórios são</p><p>admissíveis, porque não</p><p>contaminados pela</p><p>mácula da ilicitude</p><p>originária.</p><p>➢ Precedente: Bynum vs</p><p>USA (1960).</p><p>➢ Adotada pelo STF, desde</p><p>2004, como aconteceu no</p><p>Habeas Corpus 83921.</p><p>➢ Foi positivada com a Lei n°</p><p>11.690 de 2008.</p><p>→ Art. 157, § 1º, do CPP38</p><p>↠ O § 2º do</p><p>referido artigo</p><p>não conceitua</p><p>fonte</p><p>independente,</p><p>mas sim</p><p>descoberta</p><p>inevitável ;</p><p>→ Amplamente</p><p>reconhecido pelo</p><p>STF e jurisprudência.</p><p>▪ 2ª Fonte: Descoberta inevitável</p><p>38Art. 157, § 1º, do CPP: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não</p><p>evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser</p><p>obtidas por uma fonte independente das primeiras.</p><p>78</p><p>➢ Precedente: Nix vs</p><p>Williams-Williams II (1984)</p><p>- houve uma confissão</p><p>ilegal, que resultou na</p><p>apreensão de um cadáver.</p><p>Neste caso, existiam 200</p><p>voluntários que estavam</p><p>realizando uma varredura</p><p>na área onde se</p><p>encontrava o cadáver.</p><p>➢ Art. 157, § 2º, do CPP39.</p><p>Refere-se a fonte</p><p>independente, mas</p><p>conceitua descoberta</p><p>inevitável.</p><p>➢ Em que pese haja ilicitude</p><p>por derivação, se restar</p><p>demonstrado que a prova</p><p>derivada da ilícita seria</p><p>produzida de qualquer</p><p>modo,</p><p>independentemente da</p><p>prova ilícita originária, tal</p><p>prova deve ser considerada</p><p>válida.</p><p>→ Só pode ser usada se</p><p>dados concretos</p><p>demonstrarem que a</p><p>descoberta seria</p><p>inevitável.</p><p>39Art. 157, § 2º, do CPP: Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites</p><p>típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato</p><p>objeto da prova.</p><p>79</p><p>➢ Ex: polícia ingressa</p><p>irregularmente para</p><p>buscar drogas sem</p><p>mandado e encontra um</p><p>cadáver. Seria</p><p>inevitavelmente</p><p>encontrado por causa do</p><p>mau cheiro, por denúncias.</p><p>Cadáver não é prova ilícita.</p><p>➢ O STJ já usou essa teoria</p><p>nos casos em que herdeiro</p><p>obtém extrato bancário de</p><p>uma vítima de fraude sem</p><p>autorização judicial.</p><p>Herdeiro iria adquirir</p><p>extrato em processo de</p><p>inventário, descoberta</p><p>inevitável</p><p>▪ 3ª Fonte: Teoria da mancha</p><p>purgada, vícios sanados ou tinta</p><p>diluída</p><p>➢ Precedente: Wong Shun vs</p><p>USA (1963).</p><p>→ A Polícia entrou</p><p>ilegalmente numa</p><p>casa e o sujeito lá</p><p>indicou a</p><p>participação de</p><p>terceiro. Terceiro</p><p>confessou</p><p>livremente. Quebra</p><p>de causalidade.</p><p>80</p><p>➢ Não se aplica a teoria da</p><p>prova ilícita por derivação</p><p>se o nexo causal entre a</p><p>prova primária e a</p><p>secundária for atenuado</p><p>em virtude do decurso do</p><p>tempo, de circunstâncias</p><p>supervenientes na cadeia</p><p>probatória, da menor</p><p>relevância da ilegalidade</p><p>ou da vontade de um dos</p><p>envolvidos em colaborar</p><p>com a persecução</p><p>criminal.</p><p>→ Lapso temporal</p><p>entre prova e outra</p><p>que deriva dela faz</p><p>com que se purgue</p><p>a tinta da ilicitude.</p><p>➢ Divergência se a teoria</p><p>está ou não no art. 157, § 1º:</p><p>“salvo quando não</p><p>evidenciado o nexo de</p><p>causalidade”.</p><p>→ Não há indicação</p><p>certeira disso, nem</p><p>jurisprudência do</p><p>STF indicou essa</p><p>teoria;</p><p>➢ Se não houver nexo de</p><p>causalidade entre prova</p><p>81</p><p>ilícita e a derivada, a prova</p><p>será mantida.</p><p>▪ 4ª Fonte: Teoria dos campos</p><p>abertos (open fields)</p><p>➢ Pouco presente no Brasil,</p><p>mas muito nos EUA.</p><p>➢ Numa atuação</p><p>investigativa lícita, tudo</p><p>aquilo que estiver no</p><p>campo de visão da</p><p>autoridade policial poderá</p><p>ser apreendido</p><p>licitamente.</p><p>→ Ex: equipe policial</p><p>cumpre busca e</p><p>apreensão para</p><p>apurar crime de</p><p>tráfico de drogas, em</p><p>determinada</p><p>residência e</p><p>encontra um dedo.</p><p>Poderá apreender</p><p>aquilo, mesmo que o</p><p>mandado seja</p><p>específico para</p><p>tráfico de drogas,</p><p>tudo no campo</p><p>aberto poderá ser</p><p>apreendido.</p><p>➢ Se estivesse no âmbito da</p><p>privacidade da pessoa, não</p><p>cabe. Outra casa, por</p><p>82</p><p>exemplo, vizinha da</p><p>relacionada com o</p><p>mandado, não cabe</p><p>▪ 5ª Fonte: Teoria do encontro</p><p>fortuito ou serendipidade ou</p><p>descoberta fortuita de prova</p><p>➢ Surgiu nos Estados Unidos.</p><p>➢ Serendipidade: sair em</p><p>busca de uma coisa e</p><p>descoberta de outra.</p><p>➢ Caso a prova seja</p><p>encontrada de forma não</p><p>fortuita, isto é, decorrente</p><p>de um desvio de</p><p>finalidade, será</p><p>considerada ilícita.</p><p>➢ Conceito: utilizada nos</p><p>casos em que, no</p><p>cumprimento de uma</p><p>diligência relativa a um</p><p>delito, a autoridade policial</p><p>casualmente encontra</p><p>provas pertinentes à outra</p><p>infração/investigados, que</p><p>não estavam na linha de</p><p>desdobramento normal da</p><p>investigação.</p><p>➢ Aplicado pelos tribunais</p><p>brasileiros, STF e STJ, para</p><p>validar outras provas que</p><p>estejam fora do âmbito da</p><p>diligência.</p><p>83</p><p>→ Caso das</p><p>interceptações</p><p>telefônicas: para ser</p><p>válida, devem ser</p><p>utilizadas para</p><p>apurar crimes</p><p>apenados com</p><p>reclusão e como</p><p>sendo a última</p><p>medida</p><p>(subsidiariedade). Se</p><p>no curso da</p><p>interceptação</p><p>telefônica, a polícia</p><p>encontrar elementos</p><p>de outro crime</p><p>apenado com pena</p><p>de detenção, em</p><p>que, originariamente</p><p>não cabe a</p><p>interceptação, a</p><p>prova será lícita, ao</p><p>se aplicar a teoria do</p><p>encontro fortuito.</p><p>○ Proporcionalidade e ilicitude pro reo</p><p>▪ No âmbito da ilicitude da prova,</p><p>há dualidade de interesses, quais</p><p>sejam, o direito fundamental do</p><p>réu e do Estado de provar.</p><p>▪ Em alguns casos, a relação pode</p><p>se inverter e o direito à prova</p><p>preponderar;</p><p>84</p><p>➢ Necessidade de aplicar o</p><p>princípio da</p><p>proporcionalidade que</p><p>indicará a manutenção da</p><p>prova.</p><p>→ Ex: quando o réu se</p><p>utilizar de prova</p><p>ilícita, ela será</p><p>aproveitada.</p><p>➢ Prof. Eugênio Pacelli fala</p><p>em excludente de ilicitude</p><p>da prova;</p><p>→ Estado de</p><p>necessidade que</p><p>justifica manutenção</p><p>da prova.</p><p>➢ Ex: pessoa acusada de</p><p>crime sexual grava a</p><p>conversa com a vítima</p><p>onde diz que mentiu.</p><p>Apesar da gravação ter</p><p>sido sem autorização</p><p>judicial, poderá ser</p><p>utilizada. Ilicitude pro reo.</p><p>o Inutilização da Prova Ilícita</p><p>▪ Eis o que estabelece o Código de</p><p>Processo Penal, no art. 157: “Art.</p><p>157. São inadmissíveis, devendo</p><p>ser desentranhadas do</p><p>processo, as provas ilícitas,</p><p>assim entendidas as obtidas em</p><p>violação a normas</p><p>85</p><p>constitucionais ou legais. (...) §3º</p><p>Preclusa a decisão de</p><p>desentranhamento da prova</p><p>declarada inadmissível, esta</p><p>será inutilizada por decisão</p><p>judicial, facultado às partes</p><p>acompanhar o incidente.”</p><p>▪ Dentro da imposição</p><p>constitucional de</p><p>inadmissibilidade das provas</p><p>ilícitas, a lei estabelece a sua</p><p>inutilização. A respeito dessa</p><p>questão, da análise do art. 157 do</p><p>CPP três interpretações podem</p><p>ser extraídas:</p><p>1ª Interpretação: A</p><p>disciplina do art. 157, caput,</p><p>obriga ao</p><p>desentranhamento da</p><p>prova declarada</p><p>inadmissível, sendo que o §</p><p>3.º impõe a sua</p><p>inutilização. Trata-se de</p><p>interpretação bastante</p><p>rigorosa do art. 157, caput e</p><p>de seu § 3.º,</p><p>compreendendo-se como</p><p>a intenção do legislador</p><p>estabelecer a paridade de</p><p>armas entre acusação e</p><p>86</p><p>defesa, exterminando a</p><p>orientação jurisprudencial,</p><p>segundo a qual, pelo</p><p>princípio da</p><p>proporcionalidade, é</p><p>possível a utilização da</p><p>prova ilícita em favor do</p><p>réu quando for a única</p><p>forma de comprovar-lhe a</p><p>inocência.</p><p>2º Interpretação: O art.</p><p>157, § 3.º, permite que o juiz,</p><p>embora reconheça a prova</p><p>como ilícita, decida por</p><p>não desentranhá-la dos</p><p>autos ou, se assim o fizer,</p><p>não inutilizá-la.</p><p>Considera-se que, apesar</p><p>de reconhecer a ilicitude</p><p>da prova, poderá o juiz não</p><p>desentranhá-la ou não</p><p>inutilizá-la, em face da</p><p>possibilidade excepcional</p><p>de sua utilização,</p><p>especialmente em favor</p><p>do réu, quando, no caso</p><p>concreto, concluir que</p><p>dificilmente surgirão</p><p>outras provas que</p><p>conduzam à verdade real.</p><p>Esta orientação baseia-se</p><p>87</p><p>no fato de que o § 3.º do</p><p>art. 157 emprega a palavra</p><p>“decisão” ao se referir ao</p><p>desentranhamento da</p><p>prova ilícita e à sua</p><p>inutilização, o que sugere</p><p>possibilidade de escolha,</p><p>opção do julgador.</p><p>3º Interpretação: A prova</p><p>reconhecida como ilícita</p><p>por decisão transitada em</p><p>julgado deverá ser</p><p>obrigatoriamente</p><p>desentranhada (art. 157,</p><p>caput), facultando-se ao</p><p>juiz decidir por sua</p><p>inutilização ou não (art. 157,</p><p>§ 3.º)40.</p><p>o Lei nº 13964/19 (Pacote Anticrime):</p><p>- § 5º o juiz que conhecer do</p><p>conteúdo da prova declarada</p><p>40 Info 1098 do STF: STF proibiu a destruição de provas obtidas na Operação Spoofing e determinou</p><p>a preservação dos elementos informativos, mesmo tendo sido obtidos pela ação de hackers. Em</p><p>julho de 2019, a Polícia Federal prendeu quatro suspeitos de hackear os celulares de autoridades que</p><p>atuaram na Operação Lava-Jato. Surgiu a notícia de que o então Ministro da Justiça Sérgio Moro</p><p>teria determinado o descarte das mensagens apreendidas com os suspeitos presos. Diante dessa</p><p>informação, o PDT ajuizou ADPF pedindo para que tais elementos informativos não fossem</p><p>destruídos. O Ministro Luiz Fux proferiu decisão monocrática impedindo a destruição e essa liminar</p><p>foi referendada pelo STF. A Corte entendeu que estavam presentes os pressupostos necessários</p><p>para a concessão da medida cautelar, eis que: (i) a fumaça do bom direito se vislumbra pela</p><p>probabilidade, se dissipadas as provas, de frustração da efetividade da prestação jurisdicional, em</p><p>ofensa a preceitos fundamentais, como o do Estado de Direito (art. 1º, da CF/88) e o da segurança</p><p>jurídica (art. 5º, “caput)”; e (ii) o perigo da demora na efetivação de uma decisão judicial decorre da</p><p>possibilidade de esse atraso gerar a perda irreparável de peças essenciais ao acervo probatório da</p><p>operação sob análise e de outros procedimentos correlatos. A salvaguarda do acervo probatório é</p><p>essencial para a adequada elucidação de todos os fatos relevantes. Ademais, a eliminação definitiva</p><p>de elementos de informação requer decisão judicial, conforme previsto na Lei nº 9.296/96 e no</p><p>Código de Processo Penal.</p><p>88</p><p>inadmissível não poderá proferir</p><p>a sentença ou acórdão. (LEI</p><p>13964/19)</p><p>- O STF, na ADI 6298, declarou a</p><p>inconstitucionalidade do § 5º do</p><p>art. 157 do CPP, incluído pela Lei</p><p>nº 13.964/2019.</p><p>o Jurisprudência sobre o tema41:</p><p>● Não podem ser usadas como</p><p>prova as mensagens obtidas</p><p>por meio do print screen da</p><p>tela da ferramenta WhatsApp</p><p>Web. Para o STJ é inválida a</p><p>prova obtida pelo WhatsApp</p><p>Web, tendo em vista que nessa</p><p>ferramenta “é possível, com total</p><p>liberdade, o envio de novas</p><p>mensagens e a exclusão de</p><p>mensagens antigas (registradas</p><p>antes do emparelhamento) ou</p><p>recentes (registradas após),</p><p>tenham elas sido enviadas pelo</p><p>usuário, tenham elas sido</p><p>recebidas de algum contato.</p><p>Eventual exclusão de mensagem</p><p>enviada (na opção "Apagar</p><p>somente para Mim") ou de</p><p>mensagem recebida (em</p><p>qualquer caso) não deixa</p><p>absolutamente nenhum</p><p>41 Recomenda-se a leitura da EDIÇÃO N. 105: PROVAS NO PROCESSO PENAL – I e EDIÇÃO N. 111:</p><p>PROVAS NO PROCESSO PENAL - II</p><p>89</p><p>vestígio, seja no aplicativo, seja</p><p>no computador emparelhado, e,</p><p>por conseguinte, não pode</p><p>jamais ser recuperada para</p><p>efeitos de prova em processo</p><p>penal, tendo em vista que a</p><p>própria empresa</p><p>disponibilizadora do serviço, em</p><p>razão da tecnologia de</p><p>encriptação ponta-a-ponta, não</p><p>armazena em nenhum servidor</p><p>o conteúdo das conversas dos</p><p>usuários” (STJ. 6ª Turma. RHC</p><p>99.735/SC, Rel. Min. Laurita Vaz,</p><p>julgado em 27/11/2018). Assim, a</p><p>pessoa que tirou os prints</p><p>poderia, em tese, ter manipulado</p><p>as conversas, de maneira não há</p><p>segurança para se utilizar como</p><p>prova. STJ. 6ª Turma. AgRg no</p><p>RHC 133.430/PE, Rel. Min. Nefi</p><p>Cordeiro, julgado em 23/02/2021.</p><p>● É permitido o acesso ao</p><p>whatsapp, mesmo sem</p><p>autorização judicial, em caso</p><p>de telefone celular encontrado</p><p>no interior de estabelecimento</p><p>prisional. STJ. 6ª Turma. HC</p><p>546.830/PR, Rel. Min. Laurita Vaz,</p><p>julgado em 09/03/2021.</p><p>● São ilícitas as provas obtidas</p><p>em acordo de delação</p><p>90</p><p>premiada firmado com</p><p>advogado que, sem justa</p><p>causa, entrega às autoridades</p><p>investigativas documentos e</p><p>gravações obtidas em virtude</p><p>de mandato que lhe fora</p><p>outorgado, violando o dever de</p><p>sigilo profissional. RHC</p><p>164.616-GO, Rel. Min. João Otávio</p><p>de Noronha, Quinta Turma, por</p><p>unanimidade, julgado em</p><p>27/09/2022, DJe 30/09/2022. (Info</p><p>751 STJ)</p><p>● A participação dos órgãos de</p><p>persecução estatal na gravação</p><p>ambiental realizada por um dos</p><p>interlocutores, sem prévia</p><p>autorização judicial, acarreta a</p><p>ilicitude da prova. RHC</p><p>150.343-GO, Rel. Ministro Rogerio</p><p>Schietti Cruz, Rel. para acórdão</p><p>Ministro Sebastião Reis Júnior,</p><p>Sexta Turma, por maioria,</p><p>julgado em 15/8/2023. (Info 783</p><p>STJ)</p><p>● Ainda que os elementos de</p><p>prova produzidos</p><p>unilateralmente pelo Ministério</p><p>Público e pela autoridade</p><p>policial, juntados após a</p><p>sentença de pronúncia, sejam</p><p>nulos, não existe nulidade a ser</p><p>91</p><p>reconhecida na pronúncia</p><p>quando sua fundamentação</p><p>não utilizou essas provas. REsp</p><p>2.004.051-SC, Rel. Ministra</p><p>Laurita Vaz, Sexta Turma, por</p><p>unanimidade, julgado em</p><p>15/8/2023. (Info 784 STJ)</p><p>● Sem autorização judicial, é</p><p>ilícita a solicitação de relatórios</p><p>de inteligência financeira feita</p><p>pela autoridade policial ao</p><p>COAF (atual UIF). RHC</p><p>147.707-PA, Rel. Ministro Antonio</p><p>Saldanha Palheiro, Sexta Turma,</p><p>por maioria,</p><p>julgado em</p><p>15/8/2023, DJe 24/8/2023. (Info</p><p>784 STJ)</p><p>o Indo Além - Princípio da</p><p>Proporcionalidade e Prova Ilícita Pro</p><p>Societate:</p><p>- A aplicação do princípio da</p><p>proporcionalidade também</p><p>autoriza a utilização de prova</p><p>ilícita em favor da sociedade,</p><p>como, por exemplo, nas</p><p>hipóteses de criminalidade</p><p>organizada, quando esta é</p><p>superior às Polícias e ao</p><p>Ministério Público,</p><p>restabelecendo-se, assim, com</p><p>base no princípio da isonomia, a</p><p>92</p><p>igualdade substancial na</p><p>persecução criminal.</p><p>- Em situações extremas, seria</p><p>possível a admissão de provas</p><p>ilícitas em favor da sociedade,</p><p>quase como uma medida de</p><p>defesa social, de compensação</p><p>conferida às polícias e ao</p><p>Ministério Público para se</p><p>igualarem em forças diante das</p><p>organizações criminosas e</p><p>grandes traficantes. Afinal, os</p><p>agentes desse tipo de</p><p>criminalidade se valem de</p><p>provas obtidas por meios ilícitos</p><p>para promoverem a sua</p><p>impunidade (como a coação de</p><p>testemunhas em zonas de</p><p>tráfico) – tudo para possibilitar a</p><p>devida tutela dos demais direitos</p><p>fundamentais da sociedade.</p><p>- Em que pese a opinião dos</p><p>respeitados autores, a leitura da</p><p>jurisprudência dos Tribunais</p><p>Superiores pátrios não autoriza</p><p>conclusão afirmativa quanto à</p><p>tese da admissibilidade das</p><p>provas ilícitas pro societate com</p><p>base no princípio da</p><p>proporcionalidade. Prevalece o</p><p>entendimento de que admitir-se</p><p>a possibilidade de o direito à</p><p>93</p><p>prova prevalecer sobre as</p><p>liberdades públicas,</p><p>indiscriminadamente, é criar um</p><p>perigoso precedente em</p><p>detrimento da preservação de</p><p>direitos e garantias individuais.</p><p>b. Meios de prova</p><p>i. Definição</p><p>● Instrumentos por meio dos quais as fontes</p><p>de prova são introduzidas no processo.</p><p>Dizem respeito a uma atividade</p><p>endoprocessual que se desenvolve perante o</p><p>juiz com a participação dialética das partes,</p><p>cujo objetivo precípuo é a fixação de dados</p><p>probatórios no processo.</p><p>○ Fontes de prova: derivam do fato</p><p>delituoso em si, independentemente</p><p>da existência do processo, sendo que</p><p>sua introdução no feito se dá através</p><p>dos meios de prova.</p><p>● Apenas os meios previstos em lei?</p><p>○ Princípio da liberdade quanto aos</p><p>meios de prova, desde que sejam</p><p>meios lícitos;</p><p>○ Meios de provas atípicos: admitidos</p><p>pela doutrina e pela jurisprudência.</p><p>○ Meios de provas típicos: criados pela</p><p>lei.</p><p>● Meios ordinários</p><p>○ Pode ser usado para qualquer infração</p><p>penal.</p><p>94</p><p>▪ Exemplo: busca domiciliar.</p><p>● Meios extraordinários</p><p>○ TEI (técnica especial de investigação)</p><p>▪ Usados para infrações de maior</p><p>gravidade.</p><p>○ Elementos:</p><p>▪ Surpresa;</p><p>➢ Exemplo: interceptação</p><p>telefônica.</p><p>▪ Dissimulação;</p><p>➢ Exemplo: agente infiltrado</p><p>nos casos de organização</p><p>criminosa.</p><p>ii. Interceptação e gravação, captação ambiental e</p><p>reconhecimento fotográfico</p><p>● Interceptação e gravação são termos usados</p><p>em sentido amplo, que subdividem-se em 3</p><p>(três) espécies:</p><p>○ Interceptação</p><p>▪ Terceiro capta conversa de dois</p><p>interlocutores</p><p>➢ Precisa de autorização</p><p>judicial, conforme art. 5º,</p><p>XII, da Constituição</p><p>Federal.</p><p>○ Escuta</p><p>▪ Terceiro capta conversa de dois</p><p>interlocutores, um deles tendo</p><p>ciência de tal ato.</p><p>95</p><p>➢ Precisa de autorização</p><p>judicial, conforme art. 5º,</p><p>XII, da Constituição42.</p><p>○ Gravação</p><p>▪ Um dos interlocutores realiza</p><p>monitoramento, sem a presença</p><p>de terceiro.</p><p>➢ Não precisa de autorização</p><p>judicial.</p><p>● Para fins de garantia de inviolabilidade das</p><p>comunicações telefônicas, o art. 5º, XII, da</p><p>Constituição, exige a autorização judicial</p><p>para a interceptação e a escuta. A gravação,</p><p>por ser conversa entre dois interlocutores,</p><p>cabendo a um deles a gravação, não precisa</p><p>de autorização judicial.</p><p>● Captação ambiental</p><p>○ Até pouco tempo, a captação</p><p>ambiental era atípica. Atualmente, está</p><p>prevista na Lei n° 12.850/2013, art.3º, II,</p><p>e na lei de interceptação telefônica, lei</p><p>9.296, art. 8-A.</p><p>● Interceptação telefônica</p><p>○ Lei nº 9.296/96 (Lei de Interceptação</p><p>Telefônica).</p><p>○ A interceptação telefônica ocorre</p><p>quando terceiro, sem conhecimento</p><p>dos interlocutores, realiza escuta de</p><p>conversa entre duas pessoas, a fim de</p><p>gravar e inserir no processo.</p><p>42Art. 5º, XII, da CF: é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de</p><p>dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na</p><p>forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal</p><p>96</p><p>▪ O entendimento do STF e do STJ</p><p>é o de que não é obrigatória a</p><p>transcrição integral do conteúdo</p><p>das interceptações.</p><p>○ A interceptação de comunicações</p><p>telefônicas depende de decisão</p><p>judicial fundamentada.</p><p>▪ Art. 5º da Lei nº 9.296/96.</p><p>▪ A interceptação pode ser</p><p>decretada a partir de</p><p>fundamentação per relationem</p><p>(por referência)43</p><p>Sim, a fundamentação per</p><p>relationem é possível tanto</p><p>para decretar quanto para</p><p>prorrogar a interceptação</p><p>telefônica;</p><p>→ Desde que o</p><p>magistrado faça</p><p>considerações</p><p>autônomas, ainda</p><p>que sucintas,</p><p>justificando a</p><p>medida44.</p><p>44</p><p>PRECEDENTES:</p><p>43 Fundamentação per relationem trata-se de uma forma de motivação por meio da qual se faz</p><p>remissão ou referência às alegações de uma das partes, a precedente ou a decisão anterior nos</p><p>autos do mesmo processo. Também é denominada de motivação referenciada, por referência ou</p><p>por remissão.</p><p>97</p><p>▪ A interceptação pode ser</p><p>renovada sucessivamente,</p><p>contanto que a decisão judicial</p><p>inicial e as prorrogações sejam</p><p>fundamentadas com justificativa</p><p>legítima a embasar a</p><p>continuidade das</p><p>investigações45.</p><p>○ A prova coletada da interceptação</p><p>pode ser explorada para fins não</p><p>penais (ex.: ação de improbidade, ação</p><p>indenizatória)?</p><p>▪ 1ª corrente (Barbosa Moreira;</p><p>Sergio Demoro Hamilton): sim.</p><p>Não se pode determinar</p><p>uma interceptação</p><p>telefônica para fins não</p><p>penais, porém, produzida a</p><p>45 São lícitas as sucessivas renovações de interceptação telefônica, desde que, verificados os</p><p>requisitos do art. 2º da Lei nº 9.296/96 e demonstrada a necessidade da medida diante de elementos</p><p>concretos e a complexidade da investigação, a decisão judicial inicial e as prorrogações sejam</p><p>devidamente motivadas, com justificativa legítima, ainda que sucinta, a embasar a continuidade</p><p>das investigações. São ilegais as motivações padronizadas ou reproduções de modelos genéricos</p><p>sem relação com o caso concreto. STF. Plenário. RE 625263/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, redator do</p><p>acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 661) (Info 1047)</p><p>Admite-se o uso da motivação per relationem para justificar a quebra do sigilo das comunicações</p><p>telefônicas STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC n. 136.245/MG, Min. João Otávio de Noronha, DJe 20/9/2021.</p><p>Admite-se o uso da motivação per relationem para justificar a quebra do sigilo das comunicações</p><p>telefônicas. No entanto, as decisões que deferem a interceptação telefônica e respectiva</p><p>prorrogação devem prever, expressamente, os fundamentos da representação que deram suporte à</p><p>decisão - o que constituiria meio apto a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da</p><p>motivação reportada como razão de decidir - sob pena de ausência de fundamento idôneo para</p><p>deferir a medida cautelar. STJ. 6ª Turma. HC 654131-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em</p><p>16/11/2021 (Info 723).</p><p>COMO O TEMA CAIU EM PROVA: (2023 - CEBRASPE - JUIZ TJDFT) - A jurisprudência veda a</p><p>chamada fundamentação per relationem, ainda que a decisão faça referência concreta às peças</p><p>que pretende encampar, transcrevendo as partes delas que julgar interessantes para legitimar o</p><p>raciocínio lógico que embasa a conclusão a que se quer chegar (Errado)</p><p>98</p><p>prova, esta pode ser</p><p>explorada em outros</p><p>processos.</p><p>→ Caso de prova</p><p>emprestada;</p><p>natureza</p><p>documental.</p><p>▪ 2ª corrente (Vicente Greco Filho;</p><p>Min. Marco Aurélio): não.</p><p>Ainda que fosse prova</p><p>emprestada, de natureza</p><p>documental, ela seria</p><p>referente a prova que, por</p><p>mandamento</p><p>constitucional, deve ser</p><p>explorada para fins penais.</p><p>▪ 3ª corrente (Polastri; STF; STJ):</p><p>sim.</p><p>Desde que para assuntos</p><p>correlatos ao crime que a</p><p>ensejou.</p><p>→ Se já houve</p><p>a</p><p>devassa da</p><p>intimidade para fins</p><p>penais, não se pode</p><p>ignorar eventuais</p><p>informações que</p><p>99</p><p>poderiam repercutir</p><p>para fins não penais.</p><p>→ As esferas penal, civil</p><p>e administrativa não</p><p>se confundem, mas</p><p>se comunicam.</p><p>○ ATENÇÃO! De acordo com</p><p>entendimento do STJ, “o acesso ao</p><p>chip telefônico descartado pelo</p><p>acusado em via pública não se</p><p>qualifica como quebra de sigilo</p><p>telefônico”. STJ. 5ª Turma. HC</p><p>720.605-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas,</p><p>julgado em 09/08/2022 (Info 744).</p><p>▪ Ou seja, se não configura</p><p>interceptação telefônica, logo,</p><p>não requer autorização judicial.</p><p>▪ No mesmo sentido nova decisão</p><p>do STJ.46</p><p>● Reconhecimento fotográfico</p><p>○ Muito discutido no âmbito do Superior</p><p>Tribunal de Justiça (STJ).</p><p>○ Doutrina e jurisprudência permitiam o</p><p>reconhecimento fotográfico do</p><p>suspeito ou investigado, admitindo a</p><p>validade no processo. O</p><p>46 INFO 821: É legítima a prova encontrada no lixo descartado na rua por pessoa apontada como</p><p>integrante de grupo criminoso sob investigação e recolhido pela polícia sem autorização judicial,</p><p>sem que isso configure pesca probatória (fishing expedition) ou violação da intimidade. STJ. 6ª</p><p>Turma. RHC 190.158-MG, 13/8/2024 (Info 821).</p><p>100</p><p>reconhecimento fotográfico era tido</p><p>comomeio atípico de prova.</p><p>▪ Contudo, critica-se tal meio por</p><p>não se permitir o cumprimento</p><p>do art. 226 do CPP47.</p><p>▪ Exige-se da vítima ou</p><p>testemunha a descrição da coisa</p><p>ou pessoa, a comparação com</p><p>pessoas semelhantes, e apontar</p><p>quem teria cometido o crime ou</p><p>tido participação ou a coisa, o</p><p>objeto visto.</p><p>▪ Reconhecimento fotográfico não</p><p>teria validade pela falta desse</p><p>procedimento, que seria a</p><p>garantia da validade desse meio</p><p>de prova.</p><p>○ Houve decisão recente do STJ que</p><p>proíbe o uso de reconhecimento</p><p>fotográfico pelos juízes e tribunais</p><p>locais.</p><p>○ O método “show up”48, que consiste</p><p>em mostrar fotografia de suspeito para</p><p>48 Método que era muito utilizado, quando a interpretação do artigo 226 do CPP era de mera</p><p>recomendação, devido ao termo “se possível” presente no art. 226, II, CPP.</p><p>47Art. 226 do CPP: Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,</p><p>proceder-se-á pela seguinte forma:</p><p>I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser</p><p>reconhecida;</p><p>Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que</p><p>com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a</p><p>apontá-la;</p><p>III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de</p><p>intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a</p><p>autoridade providenciará para que esta não veja aquela;</p><p>IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela</p><p>pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.</p><p>Parágrafo único. O disposto no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou</p><p>em plenário de julgamento.</p><p>101</p><p>vítima reconhecer é suscetível a erros e</p><p>pode contaminar a memória do</p><p>depoente.</p><p>○ Houve decisão recente do STJ que</p><p>proíbe o uso de reconhecimento</p><p>fotográfico pelos juízes e tribunais</p><p>locais.</p><p>▪ No Tribunal de Justiça do Rio de</p><p>Janeiro houve recomendação da</p><p>vice-presidência para que os</p><p>juízes e demais autoridades</p><p>revissem suas decisões tomadas</p><p>com base no reconhecimento</p><p>fotográfico.</p><p>o No julgamento do REsp 1.996.268-GO49,</p><p>o STJ decidiu ser ilícita a prova obtida</p><p>por meio de reconhecimento</p><p>fotográfico que não observou os</p><p>procedimentos previstos no art. 226 do</p><p>CPP.</p><p>▪ Considerou, ainda, ser devida a</p><p>absolvição quando as provas</p><p>remanescentes são tão somente</p><p>a confissão extrajudicial e a</p><p>49 É ilícita a prova obtida por meio de reconhecimento fotográfico judicial que não observou o art.</p><p>226 do Código de Processo Penal, sendo devida a absolvição quando as provas remanescentes são</p><p>tão-somente a confissão extrajudicial, integralmente retratada em Juízo, e a apreensão de um dos</p><p>bens subtraídos, meses após os fatos, efetivada no curso das investigações, o qual estava com um</p><p>dos Acusados que não foi reconhecido por nenhuma das vítimas. STJ. 6ª Turma.REsp 1.996.268-GO,</p><p>Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/4/2023 (Info 771).</p><p>A desconformidade ao regime procedimental determinado no art. 226 do CPP deve acarretar a</p><p>nulidade do ato e sua desconsideração para fins decisórios, justificando-se eventual condenação</p><p>somente se houver elementos independentes para superar a presunção de inocência. STF. 2ª Turma.</p><p>RHC 206846/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/2/2022 (Info 1045).</p><p>102</p><p>apreensão de um dos bens</p><p>subtraídos.</p><p>▪ Em recente decisão o STJ</p><p>decidiu que “É nulo o</p><p>reconhecimento fotográfico</p><p>realizado através da</p><p>apresentação informal de foto</p><p>via aplicativo de mensagens. STJ.</p><p>6ª Turma. HC 817.270-RJ, julgado</p><p>em 6/8/2024 (Info 820).”</p><p>iii. Exame de Corpo Delito</p><p>● Conceito</p><p>○ É uma perícia destinada à</p><p>comprovação da materialidade de</p><p>crimes que deixam vestígio.</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Art. 158, CPP50.</p><p>○ A Lei n° 8.008/2018, do Rio de Janeiro</p><p>instituía preferência de realização de</p><p>exame de corpo de delito em vítima</p><p>mulher por perita (mulher), além da</p><p>preferência do art. 158, inciso II, da lei</p><p>federal.</p><p>▪ ADI 6039/RJ - Procurador Geral</p><p>da República questionou a</p><p>possibilidade de se criar prejuízo</p><p>50Art. 158 do CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,</p><p>direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.</p><p>Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de</p><p>crime que envolva:</p><p>I - Violência doméstica e familiar contra mulher;</p><p>II - Violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência</p><p>103</p><p>com a preferência, pois se fosse</p><p>entendida como obrigatória a</p><p>mulher sairia prejudicada (falta</p><p>de perita em determinada</p><p>lotação impediria o exame).</p><p>➢ STF, em 2019, deu</p><p>interpretação conforme à</p><p>norma, dizendo que a</p><p>preferência deverá ser</p><p>observada desde que não</p><p>se tenha prejuízo ao</p><p>exame e aos direitos da</p><p>vítima mulher.</p><p>● Conceitos</p><p>○ Corpo de delito</p><p>▪ Conjunto de vestígios materiais</p><p>ou sensíveis deixados pela</p><p>infração penal.</p><p>○ Exame de corpo de delito</p><p>▪ Análise feita pelas pessoas</p><p>dotadas de conhecimentos</p><p>técnicos e específicos sobre os</p><p>vestígios deixados pela infração</p><p>penal, seja para fins de</p><p>comprovação da materialidade</p><p>do crime, seja para fins de</p><p>comprovação da autoria.</p><p>○ Laudo de exame de corpo de delito</p><p>▪ Peça técnica a ser elaborada</p><p>pelo perito oficial, composto por</p><p>um preâmbulo, exposição,</p><p>fundamentação e conclusão.</p><p>104</p><p>● Momento para a juntada do laudo pericial</p><p>○ Em regra, o laudo pericial não é uma</p><p>condição de procedibilidade. Pode ser</p><p>juntada durante o processo, pelo</p><p>menos, com 10 (dez) dias antes da</p><p>audiência de instrução e julgamento.</p><p>○ Exceções</p><p>▪ Lei de Drogas - art. 50, §1° - até</p><p>mesmo para a lavratura do Auto</p><p>de Prisão em Flagrante e</p><p>estabelecimento da</p><p>materialidade é necessário um</p><p>laudo de constatação (exame</p><p>provisório).</p><p>▪ Crimes contra a propriedade</p><p>imaterial - art. 525, do CPP.</p><p>➢ (Im) possibilidade de</p><p>comprovação do crime de</p><p>violação de direito autoral</p><p>por laudo pericial feito por</p><p>amostragem do produto</p><p>apreendido e (des)</p><p>necessidade de</p><p>identificação dos titulares</p><p>dos direitos autorais</p><p>violados</p><p>→ Súmula n° 574, do</p><p>STJ: “Para a</p><p>configuração do</p><p>delito de violação de</p><p>direito autoral e a</p><p>comprovação de sua</p><p>105</p><p>materialidade, é</p><p>suficiente a perícia</p><p>realizada por</p><p>amostragem do</p><p>produto apreendido,</p><p>nos aspectos</p><p>externos do material,</p><p>e é desnecessária a</p><p>identificação dos</p><p>titulares dos direitos</p><p>autorais violados ou</p><p>daqueles que os</p><p>representem”.</p><p>● Obrigatoriedade de realização do exame</p><p>de corpo de delito</p><p>○ Infrações transeuntes</p><p>▪ Não deixam vestígios.</p><p>○ Infrações não transeuntes</p><p>▪ Não passageiras/ delito de fato</p><p>permanente.</p><p>▪ Deixam vestígios e, por isso, o</p><p>corpo de delito é indispensável.</p><p>● Espécies</p><p>○ Exame direto</p><p>▪ Realizado propriamente sobre o</p><p>corpo de delito, ou seja, sobre o</p><p>conjunto de vestígios que o</p><p>crime deixou.</p><p>➢ Ex: lesão corporal, perito</p><p>faz exame de corpo de</p><p>delito na vítima ainda</p><p>lesionada. Perito irá ver o</p><p>106</p><p>que está apresentado</p><p>como vestígio e descrever</p><p>no laudo (visum et</p><p>repertum - ver e repetir).</p><p>Perito irá ver e repetir no</p><p>laudo o que viu, da forma</p><p>mais completa.</p><p>○ Exame indireto</p><p>▪ Realizado com base em</p><p>documentos, testemunhas que</p><p>visualizaram o corpo de delito, o</p><p>conjunto de vestígios e</p><p>evidenciam aquilo para que o</p><p>perito análise.</p><p>➢ Baseado em outros</p><p>elementos, não</p><p>propriamente no corpo de</p><p>delito.</p><p>▪ Ocorre quando os vestígios</p><p>desaparecem;</p><p>▪ Correntes:</p><p>➢ 1ª Corrente: exame feito</p><p>por perito com base na</p><p>análise de</p><p>documentos/relatos de</p><p>testemunhas.</p><p>➢ 2ª Corrente, majoritária:</p><p>não é um exame</p><p>propriamente dito.</p><p>→ Art. 167, do CPP: “Não</p><p>sendo possível o</p><p>exame de corpo de</p><p>107</p><p>delito, por haverem</p><p>desaparecido os</p><p>vestígios, a prova</p><p>testemunhal poderá</p><p>suprir-lhe a falta”.</p><p>● Princípios importantes para o exame de</p><p>corpo de delito</p><p>○ Princípio da obrigatoriedade</p><p>▪ O crime, deixando vestígios, é</p><p>necessária a realização do exame</p><p>de corpo de delito para atestar</p><p>sua materialidade.</p><p>➢ Art. 564, III, alínea b, CPP51,</p><p>prevê como nulidade</p><p>processual a não</p><p>realização do corpo de</p><p>delito direto.</p><p>▪ O art. 167, do CPP52, prevê que</p><p>não sendo possível o exame de</p><p>corpo de delito nem direto, nem</p><p>indireto, por terem desaparecido</p><p>os vestígios, a prova testemunhal</p><p>poderá suprir-lhe a falta</p><p>➢ Ex: crime de lesão corporal,</p><p>a vítima é encaminhada</p><p>pela autoridade ao exame,</p><p>mas não comparece.</p><p>Mesmo assim, recebeu</p><p>52 Art. 167 do CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os</p><p>vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.</p><p>51Art. 564, III, b, do CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:</p><p>III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:</p><p>b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;</p><p>108</p><p>atendimento médico em</p><p>algum local. A autoridade</p><p>irá requerer prontuário e</p><p>enviar ao perito, para que,</p><p>junto com os termos de</p><p>declaração do</p><p>procedimento, consiga</p><p>estabelecer análise</p><p>material sobre as lesões.</p><p>Trata-se do exame indireto.</p><p>→ E se não for possível</p><p>o exame indireto?</p><p>Supressão pela</p><p>prova testemunhal</p><p>▪ Hoje, na jurisprudência, para</p><p>haver a supressão lícita com</p><p>base na prova testemunhal, o</p><p>STJ tem exigido fundamentação</p><p>concreta no sentido de</p><p>desaparecimento involuntário</p><p>dos vestígios. Se desaparecer por</p><p>desídia ou negligência, não</p><p>poderá haver supressão,</p><p>devendo o investigado ser</p><p>absolvido por falta de</p><p>materialidade.</p><p>➢ Ex: Para o STJ, para que</p><p>haja a configuração do</p><p>crime de furto por</p><p>arrombamento é</p><p>necessário que haja o</p><p>exame de corpo de delito</p><p>109</p><p>para verificar se o</p><p>obstáculo foi destruído.</p><p>Caso não tenha sido</p><p>pedido, é possível</p><p>supressão por prova</p><p>testemunhal, desde que a</p><p>impossibilidade da perícia</p><p>não tenha sido por</p><p>esquecimento ou por</p><p>negligência da autoridade.</p><p>É necessária a</p><p>consignação da</p><p>impossibilidade do exame</p><p>pelo desaparecimento da</p><p>coisa.</p><p>▪ Em julgado de maio de 2023, o</p><p>STJ53 decidiu que, em</p><p>determinadas situações,</p><p>também poderá ser dispensado</p><p>o exame de corpo de delito para</p><p>a configuração de lesão corporal</p><p>ocorrida em âmbito doméstico.</p><p>Contudo, para tal dispensa,</p><p>é imprescindível haver</p><p>outras provas idôneas da</p><p>materialidade do crime.</p><p>● Peritos</p><p>53 O exame de corpo de delito poderá, em determinadas situações, ser dispensado para a</p><p>configuração de lesão corporal ocorrida em âmbito doméstico, na hipótese de subsistirem outras</p><p>provas idôneas da materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.078.054-DF, Rel. Min.</p><p>Messod Azulay Neto, julgado em 23/5/2023 (Info 777).</p><p>110</p><p>○ Conceito: auxiliar do juízo, dotado de</p><p>conhecimentos técnicos ou científicos</p><p>sobre determinada área do</p><p>conhecimento humano, que tem a</p><p>função estatal de realizar exames</p><p>periciais, fornecendo dados capazes de</p><p>auxiliar o magistrado por ocasião da</p><p>sentença.</p><p>▪ Sujeitos às mesmas causas de</p><p>impedimento e de suspeição.</p><p>○ Número de peritos que realizam o</p><p>exame de corpo de delito</p><p>▪ Art. 159, CPP54, foi alterado pela</p><p>Lei n° 11690/2008, e passou a</p><p>exigir apenas um perito oficial,</p><p>antes eram necessários dois.</p><p>➢ Na falta deste perito oficial,</p><p>será necessário realizar o</p><p>exame por duas pessoas</p><p>idôneas portadoras de</p><p>diploma superior.</p><p>▪ Nos crimes envolvendo</p><p>entorpecentes, lei 11343/2006,</p><p>antes da reforma de 2008, já se</p><p>exigia apenas um único perito</p><p>para realização do exame de</p><p>constatação da natureza da</p><p>droga;</p><p>54Art. 159, §§ 1º e 2º, do CPP: O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por</p><p>perito oficial, portador de diploma de curso superior.</p><p>§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de</p><p>diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação</p><p>técnica relacionada com a natureza do exame.</p><p>§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.</p><p>111</p><p>➢ Perito não ficava impedido</p><p>para o exame definitivo</p><p>→ Lei de drogas exige</p><p>um exame</p><p>preliminar para</p><p>lavratura da prisão</p><p>em flagrante ou</p><p>lavratura do</p><p>inquérito, e, ao longo</p><p>do processo, um</p><p>exame definitivo.</p><p>→ STJ vem admitindo</p><p>também a</p><p>condenação final</p><p>com base no laudo</p><p>oficial, desde que</p><p>laudo traga certeza</p><p>sobre quantidade e</p><p>qualidade do</p><p>material.</p><p>↠ A falta da</p><p>juntada do</p><p>laudo principal</p><p>não causa</p><p>nulidade.</p><p>● Vinculação do juiz ao laudo</p><p>○ Previsão normativa: Art. 182, CPP55;</p><p>○ Juiz pode rejeitar o laudo e não fica a</p><p>ele adstrito;</p><p>55Art. 182 do CPP: O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em</p><p>parte.</p><p>112</p><p>○ A perícia é uma das formas de se</p><p>colher os elementos, mas não indica</p><p>verdade absoluta.</p><p>▪ Juiz, o destinatário final das</p><p>provas, tem ampla liberdade e</p><p>conformação a respeito de todos</p><p>os elementos de prova, inclusive</p><p>a pericial.</p><p>● Cadeia de custódia da prova</p><p>○ A Lei nº 13964/2019, Pacote Anticrime,</p><p>fez várias alterações no CPP, e uma</p><p>delas foi a inclusão do art. 158-A e</p><p>158-B, inserindo a cadeia de custódia.</p><p>Advém do direito americano, chain of</p><p>custody.</p><p>○ Conceito</p><p>▪ Funciona com a documentação</p><p>formal de um procedimento</p><p>destinado a manter e</p><p>documentar a história</p><p>cronológica de uma evidência,</p><p>evitando-se, assim, eventuais</p><p>interferências internas e externas</p><p>capazes de colocar em dúvida o</p><p>resultado da atividade</p><p>probatória.</p><p>➢ Aplicável a qualquer</p><p>elemento probatório.</p><p>➢ Não debate o mérito da</p><p>prova, mas visa garantir a</p><p>idoneidade da prova</p><p>113</p><p>enquanto elemento</p><p>coletado anteriormente</p><p>▪ Dois contraditórios diferentes,</p><p>um a respeito daquele elemento</p><p>como prova ou não, e outro a</p><p>respeito da interferência ou não</p><p>no convencimento do juiz.</p><p>○ A cadeia de custódia visa garantir o</p><p>princípio da mesmidade (termo</p><p>estrangeiro)</p><p>▪ É a garantia de que o vestígio</p><p>será o mesmo ao longo do</p><p>processo, garantindo a</p><p>identidade histórica.</p><p>○ Art. 158-A56</p><p>▪ § 1º - um dos atos no inquérito do</p><p>art. 6º é a ida da autoridade para</p><p>garantir a preservação do local</p><p>do crime. A cadeia começa com</p><p>a preservação do local do crime,</p><p>por exemplo.</p><p>○ Art. 158-B57 traz as etapas da cadeia</p><p>de custódia</p><p>▪ Inciso I - reconhecimento: ato de</p><p>distinguir um elemento como de</p><p>57Art. 158-B do CPP: A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes</p><p>etapas:</p><p>56Arts. 158-A do CPP: Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos</p><p>utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em</p><p>vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o</p><p>descarte.</p><p>§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com</p><p>procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência</p><p>de vestígio.</p><p>§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção</p><p>da prova pericial fica responsável por sua preservação.</p><p>§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se</p><p>relaciona à infração penal.</p><p>114</p><p>potencial interesse para a</p><p>produção da prova pericial;</p><p>➢ Perito reconhecerá</p><p>elementos importantes.</p><p>→ Ex: exames de</p><p>papiloscopia e</p><p>identificação de</p><p>materiais úteis.</p><p>▪ Inciso II - isolamento: ato de</p><p>evitar que se altere o estado das</p><p>coisas, devendo isolar e preservar</p><p>o ambiente imediato, mediato e</p><p>relacionado aos vestígios e local</p><p>de crime;</p><p>▪ Inciso III - fixação: descrição</p><p>detalhada do vestígio conforme</p><p>se encontra no local de crime ou</p><p>no corpo de delito, e a sua</p><p>posição na área de exames,</p><p>podendo ser ilustrada por</p><p>fotografias, filmagens ou croqui,</p><p>sendo indispensável a sua</p><p>descrição no laudo pericial</p><p>produzido pelo perito</p><p>responsável pelo atendimento;</p><p>➢ Descrição, pelo perito,</p><p>começa antes de análise</p><p>laboratorial. Ex: identificar</p><p>como está o cadáver no</p><p>local.</p><p>▪ Inciso IV - coleta: ato de recolher</p><p>o vestígio que será submetido à</p><p>115</p><p>análise pericial, respeitando suas</p><p>características e natureza;</p><p>➢ A coleta deve ser feita com</p><p>técnicas e materiais</p><p>adequados, como luvas,</p><p>invólucro, etc.</p><p>▪ Inciso V - acondicionamento:</p><p>procedimento por meio do qual</p><p>cada vestígio coletado é</p><p>embalado de forma</p><p>individualizada, de acordo com</p><p>suas características físicas,</p><p>químicas e biológicas, para</p><p>posterior análise, com anotação</p><p>da data, hora e nome de quem</p><p>realizou a coleta e o</p><p>acondicionamento;</p><p>▪ Inciso VI - transporte: ato de</p><p>transferir o vestígio de um local</p><p>para o outro, utilizando as</p><p>condições adequadas</p><p>(embalagens, veículos,</p><p>temperatura, entre outras), de</p><p>modo a garantir a manutenção</p><p>de suas características originais,</p><p>bem como o controle de sua</p><p>posse;</p><p>▪ Inciso VII - recebimento: ato</p><p>formal de transferência da posse</p><p>do vestígio, que deve ser</p><p>documentado com, no mínimo,</p><p>informações referentes ao</p><p>116</p><p>número de procedimento e</p><p>unidade de polícia judiciária</p><p>relacionada, local de origem,</p><p>nome de quem transportou o</p><p>vestígio, código de rastreamento,</p><p>natureza do exame, tipo do</p><p>vestígio, protocolo, assinatura e</p><p>identificação de quem o</p><p>recebeu;</p><p>▪ Inciso VIII - processamento:</p><p>exame pericial em si,</p><p>manipulação do vestígio de</p><p>acordo com a metodologia</p><p>adequada às suas características</p><p>biológicas, físicas e químicas, a</p><p>fim de se obter o resultado</p><p>desejado, que deverá ser</p><p>formalizado em laudo produzido</p><p>por perito;</p><p>▪ Inciso IX - armazenamento:</p><p>procedimento referente à</p><p>guarda, em condições</p><p>adequadas, do material a ser</p><p>processado, guardado para</p><p>realização de contraperícia,</p><p>descartado ou transportado,</p><p>com vinculação ao número do</p><p>laudo correspondente;</p><p>▪ Inciso X - descarte:</p><p>procedimento referente à</p><p>liberação do vestígio,</p><p>respeitando a legislação vigente</p><p>117</p><p>e, quando pertinente, mediante</p><p>autorização judicial.</p><p>○ Consequências decorrentes da quebra</p><p>da cadeia de custódia58</p><p>▪ 1ª Corrente - seria uma prova</p><p>ilícita e, por isso, deveria ser</p><p>desentranhada dos autos.</p><p>▪ 2ª Corrente - seria uma prova</p><p>ilegítima59.</p><p>▪ 3ª Corrente, adotada pelo STJ:</p><p>“As irregularidades constantes</p><p>da cadeia de custódia devem ser</p><p>sopesadas pelo magistrado com</p><p>todos os elementos produzidos</p><p>na instrução, a fim de aferir se a</p><p>prova é confiável”.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel.</p><p>Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min.</p><p>Rogerio Schietti Cruz, julgado</p><p>em 23/11/2021 (Info 720).</p><p>○ Jurisprudência sobre o tema:</p><p>▪ A cadeia de custódia da prova</p><p>consiste no caminho que deve</p><p>ser percorrido pela prova até a</p><p>sua análise pelo magistrado,</p><p>sendo certo que qualquer</p><p>59 A falta de procedimentos para garantir a idoneidade e integridade dos dados extraídos de um</p><p>celular apreendido resulta na quebra da cadeia de custódia e na inadmissibilidade da prova digital</p><p>(AgRg no HC n. 828.054/RN, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em</p><p>23/4/2024, DJe de 29/4/2024.)</p><p>58Acerca da quebra da cadeia de custódia, remetemos os alunos à leitura do buscador Dizer o</p><p>Direito:</p><p>https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5a0b8489ce264d4ff8dac4cce46f</p><p>f8a0?palavra-chave=cadeia+de+cust%C3%B3dia&criterio-pesquisa=e</p><p>118</p><p>interferência indevida durante</p><p>esse trâmite processual pode</p><p>resultar na sua imprestabilidade</p><p>(STJ. 5ª Turma. RHC 77.836/PA,</p><p>Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado</p><p>em 05/02/2019).</p><p>▪ 1. A jurisprudência desta Corte</p><p>Superior é no sentido de que o</p><p>instituto da quebra da cadeia de</p><p>custódia diz respeito à</p><p>idoneidade do caminho que</p><p>deve ser percorrido pela prova</p><p>até sua análise pelo magistrado,</p><p>sendo certo que qualquer</p><p>interferência durante o trâmite</p><p>processual pode resultar na sua</p><p>imprestabilidade. Tem como</p><p>objetivo garantir a todos os</p><p>acusados o devido processo</p><p>legal e os recursos a ele</p><p>inerentes, como a ampla defesa,</p><p>o contraditório e principalmente</p><p>o direito à prova lícita (AgRg no</p><p>HC 615.321/PR, Rel. Ministro</p><p>RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma,</p><p>julgado em 03/11/2020, DJe</p><p>12/11/2020).</p><p>▪ 1. A observância da cadeia de</p><p>custódia de prova é</p><p>imprescindível para que haja o</p><p>119</p><p>respeito ao devido processo</p><p>legal. Contudo, a alegação de</p><p>quebra de referida</p><p>documentação cronológica</p><p>acompanhada de mais de uma</p><p>versão dos eventos empíricos</p><p>não pode ser reconhecida nos</p><p>limites da ação de habeas</p><p>corpus. (RHC n. 104.176/RJ,</p><p>relator Ministro Rogerio Schietti</p><p>Cruz, Sexta Turma, julgado em</p><p>4/5/2021, DJe de 14/5/2021.)</p><p>▪ As irregularidades constantes da</p><p>cadeia de custódia devem ser</p><p>sopesadas pelo magistrado com</p><p>todos os elementos produzidos</p><p>na instrução, a fim de aferir se a</p><p>prova é confiável. STJ. 6ª Turma.</p><p>HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita</p><p>Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio</p><p>Schietti Cruz, julgado em</p><p>23/11/2021 (Info 720)</p><p>▪ Não é possível falar em quebra</p><p>da cadeia de custódia antes da</p><p>Lei 13.964/2019 …não é possível se</p><p>falar em quebra da cadeia de</p><p>custódia, por inobservância de</p><p>dispositivos legais que não</p><p>existiam à época, sendo</p><p>acertadamente destacado pela</p><p>120</p><p>Corte local que, "no</p><p>processamento das evidências</p><p>relativas aos fatos ora julgados,</p><p>ainda não existia um</p><p>procedimento específico para a</p><p>manutenção da cadeia de</p><p>custódia da prova como temos</p><p>hoje". (AgRg no HC n. 739.866/RJ,</p><p>relator Ministro Reynaldo Soares</p><p>da Fonseca, Quinta Turma,</p><p>julgado em 4/10/2022, DJe de</p><p>10/10/2022.)</p><p>iv. Interrogatório judicial</p><p>Lembre-se que também há interrogatório policial, o qual</p><p>é presidido pelo delegado de polícia. É feito durante a</p><p>fase investigatória e, em regra, não há necessidade de</p><p>observância obrigatória do contraditório e da ampla</p><p>defesa.</p><p>● Conceito</p><p>○ É o ato processual por meio do qual o</p><p>juiz ouve o acusado sobre a sua pessoa</p><p>e sobre a imputação que lhe é feita.</p><p>Para muitos, o interrogatório funciona</p><p>como ato bifásico, pois ele se divide</p><p>em duas fases:</p><p>▪ Interrogatório sobre a pessoa:</p><p>Esse procedimento foi criado em</p><p>face das circunstâncias judiciais.</p><p>➢ Desde a Lei 10.792/2003, o</p><p>interrogatório não versa</p><p>somente sobre a</p><p>imputação, mas também</p><p>121</p><p>recai sobre a pessoa. Essa</p><p>alteração teve a finalidade</p><p>de possibilitar que o</p><p>magistrado conheça a</p><p>pessoa que está sendo</p><p>julgada para posterior</p><p>valoração das</p><p>circunstâncias judiciais.</p><p>▪ Imputação: Os Tribunais</p><p>Superiores entendem que a</p><p>parte do interrogatório que versa</p><p>sobre a pessoa não está</p><p>protegida pelo direito ao</p><p>silêncio60.</p><p>➢ A melhor prova disso é</p><p>que, se o acusado mentir</p><p>sobre sua qualificação por</p><p>ocasião do interrogatório,</p><p>ele poderá responder por</p><p>falsa identidade.</p><p>→ CPP, art. 187.</p><p>● Natureza jurídica</p><p>○ Correntes</p><p>▪ 1ª Corrente: Defende que o</p><p>interrogatório judicial é meio de</p><p>prova. Essa posição se baseia na</p><p>localização topográfica do</p><p>interrogatório no CPP.</p><p>➢ O interrogatório judicial</p><p>está disposto a partir do</p><p>60 O fato de o réu mentir em interrogatório judicial, imputando prática criminosa a terceiro, não</p><p>autorização a majoração</p><p>da pena-base. HC 834.126-RS, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta</p><p>Turma, julgado em 5/9/2023, DJe 13/9/2023. (Info 789 STJ)</p><p>122</p><p>art. 185 do CPP, o qual está</p><p>inserido no Capítulo III</p><p>(Título VII – Da prova).</p><p>➢ Essa posição é minoritária.</p><p>▪ 2ª Corrente: defende que o</p><p>interrogatório judicial tem</p><p>natureza mista, pois é meio de</p><p>prova e meio de defesa</p><p>(autodefesa).</p><p>➢ Essa também não é a</p><p>melhor posição.</p><p>▪ 3ª Corrente: trata-se de meio de</p><p>defesa e fonte de prova, ou seja,</p><p>o indivíduo pode se valer do</p><p>interrogatório para se defender</p><p>quanto à imputação e,</p><p>eventualmente, caberá ao juiz</p><p>diligenciar sobre as fontes de</p><p>prova por ele reveladas.</p><p>➢ Exemplo: o indivíduo</p><p>afirma que não matou a</p><p>vítima, mas sabe quem viu</p><p>o autor dos disparos.</p><p>➢ Essa também não é a</p><p>melhor posição.</p><p>▪ 4ª Corrente (prevalecente):</p><p>trata-se de meio de defesa.</p><p>➢ A ampla defesa prevista na</p><p>Constituição de 1988 se</p><p>divide em:</p><p>→ Defesa técnica</p><p>→ Autodefesa:</p><p>123</p><p>↠ Direito de</p><p>audiência</p><p>(interrogatório)</p><p>- Trata-se do</p><p>direito que o</p><p>acusado tem</p><p>de ser ouvido</p><p>pelo juiz para</p><p>tentar formar</p><p>seu</p><p>convenciment</p><p>o no sentido</p><p>de uma</p><p>possível</p><p>inocência.</p><p>↠ Direito de</p><p>presença.</p><p>↠ Capacidade</p><p>postulatória</p><p>autônoma.</p><p>➢ A corrente é reforçada pela</p><p>existência do direito ao</p><p>silêncio do acusado. Assim</p><p>sendo, se fosse o</p><p>interrogatório um meio de</p><p>prova, o agente seria</p><p>obrigado a responder às</p><p>perguntas que lhe são</p><p>formuladas.</p><p>● Características</p><p>○ Ato obrigatório</p><p>124</p><p>▪ Juiz deve viabilizar o</p><p>interrogatório ao final da</p><p>audiência;</p><p>➢ A não realização de tal</p><p>gera nulidade, conforme</p><p>art. 564, inciso III, alínea e,</p><p>CPP61.</p><p>○ Ato personalíssimo</p><p>▪ O direito de audiência só pode</p><p>ser exercido pelo próprio</p><p>acusado.</p><p>➢ Ele não pode ser</p><p>representado ou</p><p>substituído no ato;</p><p>➢ Quando está preso, ele</p><p>deve ser requisitado.</p><p>▪ Pode haver intermediação por</p><p>intérprete, caso réu não fale</p><p>língua nacional</p><p>➢ Art. 193 do CPP62.</p><p>○ Ato oral</p><p>▪ Em regra, o interrogatório é feito</p><p>de modo oral.</p><p>▪ Audiência de instrução e</p><p>julgamento busca concentrar os</p><p>atos, para que o caso seja</p><p>construído oralmente,</p><p>62 Art. 193 do CPP: Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por</p><p>meio de intérprete.</p><p>61Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:</p><p>III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:</p><p>e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos</p><p>concedidos à acusação e à defesa;</p><p>125</p><p>garantindo o contato do juiz para</p><p>as provas produzidas</p><p>➢ Cisões são comuns, mas</p><p>não é o objetivo do</p><p>sistema acusatório.</p><p>▪ Perguntas e respostas devem ser</p><p>feitas de forma oral</p><p>➢ Exceção: surdo, mudo e</p><p>surdo-mudo</p><p>→ Art. 192, CPP63.</p><p>○ Ato individual</p><p>▪ Havendo mais de um réu, cada</p><p>um será interrogado</p><p>individualmente.</p><p>➢ Um corréu não pode estar</p><p>presente no interrogatório</p><p>do outro</p><p>➢ Defensor do corréu pode</p><p>estar presente</p><p>→ O STJ, em 2020,</p><p>decidiu que</p><p>advogado deve ser</p><p>intimado do</p><p>interrogatório do</p><p>corréu, mas não</p><p>necessariamente</p><p>precisa estar</p><p>presente.</p><p>63Art. 192 do CPP: O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma</p><p>seguinte:</p><p>I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;</p><p>II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;</p><p>III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmomodo dará as respostas.</p><p>Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e</p><p>sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.</p><p>126</p><p>➢ No interrogatório de A, seu</p><p>advogado deve estar</p><p>presente, trata-se da</p><p>necessidade da defesa</p><p>técnica. Sem ela, o</p><p>interrogatório é nulo,</p><p>considerado prova</p><p>ilegítima, devendo ser</p><p>repraticado. Advogado de</p><p>B deve ser intimado,</p><p>apenas, sobre o</p><p>interrogatório de A; sua</p><p>ausência não causa</p><p>nulidade, por se tratar de</p><p>estratégia da defesa.</p><p>▪ Previsão normativa:</p><p>➢ Art. 191, CPP64</p><p>○ Sistema presidencialista</p><p>▪ Até a reforma de 2008, grande</p><p>maioria dos procedimentos de</p><p>prova era adotando-se esse</p><p>sistema</p><p>➢ Nesse sistema, o juiz se</p><p>encarrega da condução e</p><p>da realização das</p><p>perguntas. O</p><p>interrogatório ainda é</p><p>assim</p><p>→ Juiz interroga,</p><p>realizando suas</p><p>perguntas; e ao final,</p><p>64Art. 191 do CPP: Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente.</p><p>127</p><p>se partes tiverem</p><p>perguntas, juiz</p><p>concede a palavra e</p><p>as perguntas são</p><p>feitas por meio do</p><p>próprio juiz</p><p>↠ Trata-se do art.</p><p>188, do CPP65</p><p>▪ Hoje, em alguns outros</p><p>procedimentos de prova no CPP,</p><p>adota-se o direct examination</p><p>➢ Nesse sistema, a parte</p><p>realiza as perguntas</p><p>diretamente para</p><p>interrogado, testemunha</p><p>ou ofendido.</p><p>➢ É um sistema considerado</p><p>mais afeito ao sistema</p><p>acusatório;</p><p>→ Garante a</p><p>imparcialidade do</p><p>juiz, que observa e</p><p>forma seu</p><p>convencimento</p><p>➢ Sistema usado na</p><p>inquirição das</p><p>testemunhas, constante</p><p>no art. 212, CPP66</p><p>66Art. 212 do CPP: As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não</p><p>admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou</p><p>65Art. 188 do CPP: Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato</p><p>para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e</p><p>relevante.</p><p>128</p><p>→ Juiz, se tiver dúvida</p><p>ao final, realiza</p><p>perguntas.</p><p>○ Último ato da instrução processual</p><p>▪ Antes de 2008: o interrogatório</p><p>era o primeiro ato da instrução.</p><p>Assim sendo, a instrução</p><p>probatória era iniciada com o</p><p>interrogatório do acusado.</p><p>➢ Sob o ponto de vista da</p><p>defesa, o interrogatório</p><p>como ato inicial é</p><p>prejudicial.</p><p>▪ Após 2008: o Procedimento</p><p>Comum (Lei 11.719) e o</p><p>Procedimento no Júri (Lei 11.689)</p><p>foram alterados. A partir das</p><p>alterações legislativas, o</p><p>interrogatório passou a ser</p><p>realizado ao final da audiência</p><p>de instrução e julgamento.</p><p>➢ Essa alteração reforça a</p><p>ideia de que o</p><p>interrogatório é meio de</p><p>defesa.</p><p>➢ CPP, art. 400.</p><p>▪ Ainda existem leis processuais</p><p>penais especiais que continuam</p><p>prevendo o interrogatório como</p><p>primeiro ato</p><p>importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos,</p><p>o juiz poderá complementar a inquirição.</p><p>129</p><p>➢ Ex: Lei de Drogas</p><p>(11343/2006);</p><p>➔ Questão: o art. 400 do CPP</p><p>também deve ser aplicado à</p><p>legislação especial? Apesar de</p><p>saber que uma das regras da</p><p>hermenêutica é que norma</p><p>especial prevalece sobre a</p><p>norma geral, há várias leis</p><p>especiais que, infelizmente, não</p><p>são atualizadas.</p><p>◆ Esse tema chegou ao STF</p><p>e este entendeu que a</p><p>sistemática do art. 400 do</p><p>CPP deve ser aplicada à</p><p>legislação especial, pois a</p><p>alteração ocorrida em</p><p>2008 vem ao encontro de</p><p>princípios constitucionais,</p><p>como o princípio da ampla</p><p>defesa.</p><p>◆ Atualmente, apesar das</p><p>previsões legais citadas, o</p><p>STF decidiu que o</p><p>interrogatório deve ser</p><p>feito ao final da instrução</p><p>processual em todos os</p><p>procedimentos penais</p><p>regidos por legislação</p><p>especial.</p><p>130</p><p>◆ O STF, por questões de</p><p>segurança jurídica,</p><p>afirmou que a tese fixada</p><p>só se tornou obrigatória a</p><p>partir da data de</p><p>publicação da ata desse</p><p>julgamento (10/03/2016),</p><p>sendo todos os</p><p>interrogatórios realizados</p><p>até essa data válidos, ainda</p><p>que não tenham</p><p>observado o art. 400 do</p><p>CPP, ou seja, ainda que</p><p>tenham sido realizados</p><p>como primeiro ato da</p><p>instrução.</p><p>◆ Ademais, durante os</p><p>debates, os Ministros</p><p>afirmaram que a tese se</p><p>aplica ao procedimento da</p><p>Lei de Drogas e ao</p><p>processo de crimes</p><p>eleitorais, devendo o</p><p>interrogatório também ser</p><p>131</p><p>o último ato da instrução,</p><p>mesmo não havendo</p><p>previsão legal neste</p><p>sentido. Posteriormente, o</p><p>STF estendeu esse</p><p>entendimento ao</p><p>procedimento regido pela</p><p>Lei no 8.038/90, mas</p><p>atenção para a decisão</p><p>mais recente sobre o</p><p>assunto:</p><p>◆ Em se tratando de Tribunal</p><p>do Júri, é possível que o</p><p>réu não compareça ao</p><p>plenário, de modo que não</p><p>será interrogado (art. 457, §</p><p>2º), o que não acarretará</p><p>nulidade do ato ou do</p><p>feito. Caso o réu</p><p>compareça, às perguntas</p><p>formuladas pelas partes</p><p>poderão ser feitas</p><p>diretamente ao réu,</p><p>porém, as perguntas feitas</p><p>pelos jurados serão por</p><p>intermédio do juiz (art.</p><p>474, §§ 1º e 2º).</p><p>▪ STF, no contexto da reforma</p><p>processual de 2008, entendeu</p><p>que a norma que altera o</p><p>procedimento é puramente</p><p>132</p><p>processual, tendo aplicação</p><p>imediata</p><p>➢ Art. 2º, CPP67;</p><p>→ Regra da vigência</p><p>imediata</p><p>➢ Se já foi realizado o</p><p>interrogatório, não se</p><p>aplica.</p><p>➢ Se não foi realizado,</p><p>vigência imediata leva o</p><p>interrogatório para último</p><p>ato do processo.</p><p>➢ Não há retroatividade</p><p>benigna nesse caso</p><p>● Assistência técnica</p><p>○ Previsão normativa:</p><p>▪ Art. 185, CPP68;</p><p>○ Exige-se presença da defesa técnica</p><p>para validade do ato, visto que, caso</p><p>seja realizado sem a presença do</p><p>defensor, há nulidade absoluta do ato,</p><p>conforme art. 185, §5º do Código de</p><p>Processo Penal.</p><p>▪ Defensor constituído ou</p><p>nomeado, defensor público;</p><p>68Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal,</p><p>será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.</p><p>INFO 944 do STJ: É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o investigado, durante</p><p>a busca e apreensão em sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado o direito à</p><p>prévia consulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu direito ao silêncio e</p><p>de não produzir provas contra si mesmo. Trata-se de um “interrogatório travestido de entrevista”,</p><p>havendo violação do direito ao silêncio e à não autoincriminação. STF. 2ª Turma. Rcl 33711/SP, Rel.</p><p>Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2019 (Info 944).</p><p>67 Art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos</p><p>realizados sob a vigência da lei anterior.</p><p>133</p><p>○ Súmula 523, STF69</p><p>▪ Eventualmente, deficiência na</p><p>defesa (advogado não</p><p>representa bem ou não tem</p><p>condições de defender o réu) é</p><p>nulidade relativa;</p><p>➢ Nulidade, ao ser alegada,</p><p>deve ter seu prejuízo</p><p>comprovado.</p><p>● Interrogatório por videoconferência</p><p>○ Previsão normativa:</p><p>▪ Art. 185, § 2º, do CPP70</p><p>▪ Desde a norma de 2008, é</p><p>possível que o réu preso, por</p><p>decisão fundamentada do juiz,</p><p>realize o interrogatório por</p><p>videoconferência.71</p><p>➢ Para não se tornar regra, a</p><p>norma passou a prever</p><p>hipóteses específicas em</p><p>71 INFO 818: A realização do julgamento de forma virtual, mesmo com a oposição expressa da parte,</p><p>não é, por si só, causa de nulidade ou de cerceamento de defesa. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC</p><p>832.679-BA, 15/4/2024 (Info 818).</p><p>70Art. 185, § 2º, do CPP: Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a</p><p>requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de</p><p>videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real,</p><p>desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I - prevenir risco</p><p>à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa</p><p>ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II - viabilizar a participação do réu</p><p>no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo,</p><p>por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de</p><p>testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por</p><p>videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; IV - responder à gravíssima questão de</p><p>ordem pública.</p><p>69Súmula 523 do STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua</p><p>deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.</p><p>134</p><p>que isso é possível,</p><p>tratando-se de exceções.</p><p>○ As partes serão intimadas com</p><p>antecedência de 10 (dez) dias;</p><p>▪ Art. 185, § 3º, do CPP72</p><p>○ Há possibilidade de violação à</p><p>imediação, contato imediato entre juiz</p><p>e no interrogatório por</p><p>videoconferência;</p><p>▪ Imediação é consequência da</p><p>oralidade;</p><p>➢ Sistema acusatório tem</p><p>tendência de exigir que o</p><p>caso seja construído de</p><p>forma oral;</p><p>→ Ex: Chile, processo é</p><p>uma sucessão de</p><p>audiências. O caso é</p><p>construído</p><p>oralmente, e o juiz</p><p>tem maior contato</p><p>com essa produção</p><p>de provas,</p><p>viabilizando contato</p><p>maior e</p><p>qualitativamente</p><p>melhor com o fato. A</p><p>imediação surge da</p><p>oralidade, fato do</p><p>juiz estar presente e</p><p>72Art. 185, § 3º, do CPP: Da decisão que determinar a realização de interrogatório por</p><p>videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.</p><p>135</p><p>vendo como as</p><p>partes se</p><p>comportam.</p><p>▪ No caso de interrogatório por</p><p>videoconferência, não há essa</p><p>imediação, isto é, contato</p><p>imediato entre juiz e acusado.</p><p>○ Há também a violação ao chamado</p><p>day in court, decorrência da ampla</p><p>defesa;</p><p>▪ Direito do acusado de estar</p><p>presente na audiência perante</p><p>as autoridades, a fim de passar</p><p>sua versão;</p><p>○ Em suma, o procedimento está</p><p>previsto na lei e pode ser utilizado,</p><p>mediante cumprimento dos requisitos</p><p>constantes no citado parágrafo.</p><p>● Réu tem direito de se entrevistar</p><p>previamente com seu defensor, tanto no</p><p>interrogatório normal quanto o por</p><p>videoconferência</p><p>○ Art. 185, § 5º, CPP73;</p><p>● Procedimento do interrogatório</p><p>○ Sempre será bifásico</p><p>○ Na 1ª etapa, há o chamado</p><p>interrogatório qualificação</p><p>▪ Interrogado será qualificado,</p><p>questionado a respeito de seu</p><p>73§ 5° Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia</p><p>e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso</p><p>a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o</p><p>advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.</p><p>136</p><p>nome, idade, profissão,</p><p>perguntas qualificativas</p><p>➢ Não cabem, nesse</p><p>momento, perguntas de</p><p>mérito.</p><p>▪ Nesse momento, entende-se</p><p>que não há direito ao silêncio;</p><p>➢ Não pode silenciar sobre</p><p>dado qualificativo, sob</p><p>pena de ser punido por</p><p>medida processual ou</p><p>crime.</p><p>○ Na 2ª etapa, há o chamado</p><p>interrogatório de mérito</p><p>▪ Aqui, o réu será perguntado</p><p>tanto pelo juiz quanto pelas</p><p>partes a respeito do fato;</p><p>➢ Ex: se conhece ou não a</p><p>vítima, se tem algum</p><p>relacionamento etc.</p><p>▪ Nesse interrogatório, o réu tem o</p><p>direito constitucional ao silêncio</p><p>➢ Antes de iniciar essa fase,</p><p>deve ser advertido sobre</p><p>esse direito.</p><p>➢ Art. 186, CPP74: “O acusado</p><p>será informado pelo juiz,</p><p>antes de iniciar o</p><p>interrogatório, do seu</p><p>74Art. 186 do CPP: Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o</p><p>acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer</p><p>calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Parágrafo único. O silêncio, que</p><p>não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.</p><p>137</p><p>direito de permanecer</p><p>calado e de não responder</p><p>perguntas que lhe forem</p><p>formuladas”.</p><p>▪ Direito ao silêncio está no art. 5º,</p><p>LXIII, da CF75, e é decorrência</p><p>direta do princípio da vedação à</p><p>autoincriminação, chamado</p><p>nemo tenetur se detegere</p><p>(ninguém é obrigado a se</p><p>descobrir);</p><p>➢ Trata-se de exigência</p><p>moral de que o Estado</p><p>realize a comprovação das</p><p>acusações sem impor</p><p>obrigações exíguas às</p><p>pessoas;</p><p>➢ O silêncio pode ser total ou</p><p>parcial (depois do</p><p>interrogatório qualificação)</p><p>→ Total: não responder</p><p>nada, silenciar sobre</p><p>tudo;</p><p>→ Parcial: silenciar</p><p>sobre uma ou</p><p>algumas perguntas.</p><p>➢ Em julgado de junho de</p><p>202376, o STJ definiu que o</p><p>76O exercício do direito ao silêncio não pode servir de fundamento para descredibilizar o acusado</p><p>nem para presumir a veracidade das versões sustentadas por policiais, sendo imprescindível a</p><p>superação do standard probatório próprio do processo penal a respaldá-las. STJ. 6ª Turma. REsp</p><p>2.037.491-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 6/6/2023 (Info 780)</p><p>75Art. 5º, LXIII, da CF: o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer</p><p>calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;</p><p>138</p><p>exercício do direito</p><p>ao</p><p>silêncio não pode servir de</p><p>fundamento para</p><p>descredibilizar o acusado</p><p>nem para presumir a</p><p>veracidade das versões</p><p>sustentadas por policiais,</p><p>sendo imprescindível a</p><p>superação do standard</p><p>probatório próprio do</p><p>processo penal a</p><p>respaldá-las.</p><p>→ Desse modo, o fato</p><p>de o réu f icar em</p><p>silêncio, por exemplo</p><p>policial, no inquérito</p><p>não pode ser</p><p>utilizado como</p><p>premissa para se</p><p>considerar</p><p>verdadeiras as</p><p>declarações contra</p><p>ele.</p><p>→ Em síntese, é</p><p>equivocado</p><p>qualquer</p><p>entendimento de</p><p>que se conclua que</p><p>o exercício do direito</p><p>ao silêncio pode</p><p>139</p><p>acarretar alguma</p><p>punição ao acusado.</p><p>→ A pessoa não pode</p><p>ser punida por</p><p>realizar um</p><p>comportamento a</p><p>que tem direito.</p><p>➢ Em 2019/2020, houve</p><p>grande polêmica nas salas</p><p>de audiência sobre a</p><p>postura do réu e da defesa</p><p>de somente responder as</p><p>perguntas da defesa, não</p><p>respondendo às do juiz e</p><p>do ministério público;</p><p>→ É possível, porque</p><p>quem tem o direito</p><p>total tem também o</p><p>parcial</p><p>↠ Não é favor,</p><p>mas direito</p><p>constitucional</p><p>previsto;</p><p>→ Interrogatório como</p><p>meio de defesa, não</p><p>prova;</p><p>→ No Habeas Corpus</p><p>628224/MG, em</p><p>2020, o STJ</p><p>reconheceu a</p><p>nulidade da decisão</p><p>140</p><p>judicial por</p><p>cerceamento de</p><p>defesa que</p><p>inviabilizou a defesa</p><p>a fazer perguntas ao</p><p>réu, na hipótese do</p><p>mesmo não</p><p>responder o juiz e o</p><p>MP.</p><p>v. Confissão</p><p>● Conceito</p><p>○ Consiste na aceitação por parte do</p><p>acusado da imputação da infração</p><p>penal, quer perante a autoridade</p><p>policial, quer perante a autoridade</p><p>judiciária; a confissão ocorre quando o</p><p>réu reconhece os fatos narrados na</p><p>peça acusatória e está disciplinada nos</p><p>arts. 197 a 200 do CPP.</p><p>● Natureza jurídica</p><p>○ Meio de prova;</p><p>● No processo civil há célebre distinção entre</p><p>confissão e reconhecimento jurídico do</p><p>pedido;</p><p>○ A confissão é o reconhecimento dos</p><p>fatos alegados pela parte contrária.</p><p>▪ Não há discussão ou</p><p>necessidade de prova quanto</p><p>aos fatos, mas não há decisão</p><p>necessariamente num ou noutro</p><p>sentido, porque o juiz ainda terá</p><p>que formar seu convencimento.</p><p>141</p><p>▪ Confissão é puramente fática,</p><p>permitindo ao juiz decidir</p><p>livremente.</p><p>○ O reconhecimento do pedido enseja</p><p>decisão homologatória por parte do</p><p>juiz, porque a parte, por meio de ato</p><p>voluntário, reconheceu o pedido feito</p><p>pela outra parte;</p><p>▪ Reconhecimento é muito mais</p><p>do que confissão;</p><p>▪ Atinge o mérito diretamente,</p><p>obrigando o juiz a prolatar uma</p><p>decisão homologatória.</p><p>● No processo penal, não se faz distinção entre</p><p>confissão e reconhecimento jurídico do</p><p>pedido</p><p>○ O acusado não pode simplesmente</p><p>reconhecer o pedido do Ministério</p><p>Público.</p><p>○ O acusado pode confessar, total ou</p><p>parcialmente os fatos imputados a ele;</p><p>▪ Tudo do ponto de vista fático,</p><p>pois o juiz poderá decidir pela</p><p>absolvição.</p><p>➢ A confissão é mais um</p><p>meio de prova que precisa</p><p>ser valorado pelo</p><p>magistrado.</p><p>▪ Não há sistema tarifário de</p><p>provas, não sendo a confissão</p><p>considerada a rainha das provas,</p><p>tendo, portanto, um valor</p><p>142</p><p>probatório relativo (sistema da</p><p>persuasão racional do juiz),</p><p>sendo que seu conteúdo deve</p><p>ser confrontado com os demais</p><p>elementos probatórios do</p><p>processo.</p><p>▪ Apesar de ter o mesmo valor que</p><p>qualquer prova produzida no</p><p>processo, é importante lembrar</p><p>que a confissão não supre a</p><p>ausência de exame de corpo de</p><p>delito quando não realizado (art.</p><p>158).</p><p>● Características da confissão</p><p>○ Ato personalíssimo</p><p>▪ Somente o acusado pode</p><p>confessar o delito.</p><p>▪ Não se admite por interposta</p><p>pessoa ou por procuração com</p><p>poderes especiais.</p><p>○ Ato livre e espontâneo</p><p>▪ Quando alguém resolve</p><p>confessar, ela deve fazer isso de</p><p>modo espontâneo. Não pode</p><p>haver nenhum tipo de</p><p>constrangimento (físico ou</p><p>moral), sob pena de</p><p>caracterização do crime de</p><p>tortura.</p><p>○ Expressa</p><p>▪ Não há confissão tácita ou ficta,</p><p>bem como a revelia não induz a</p><p>143</p><p>presunção da veracidade dos</p><p>fatos.</p><p>➢ Enunciado 13 da I Jornada</p><p>de Direito Penal e</p><p>Processo Penal CJF/STJ: A</p><p>inexistência de confissão</p><p>do investigado antes da</p><p>formação da opinio delicti</p><p>do Ministério Público não</p><p>pode ser interpretada</p><p>como desinteresse em</p><p>entabular eventual acordo</p><p>de não persecução penal.</p><p>➢ Atenção! O silêncio do</p><p>acusado não poderá ser</p><p>considerado</p><p>negativamente como</p><p>elemento de formação do</p><p>convencimento do juiz.</p><p>Desse modo, a parte final</p><p>do art. 19877, do CPP não</p><p>foi recepcionada pelo</p><p>ordenamento jurídico</p><p>atual, em homenagem aos</p><p>princípios da não</p><p>autoincriminação e do</p><p>direito ao silêncio.</p><p>○ Ato retratável</p><p>▪ O acusado pode se retratar da</p><p>confissão, o que não vincula o</p><p>77Art. 198 do CPP: O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento</p><p>para a formação do convencimento do juiz.</p><p>144</p><p>juiz, que poderá utilizar a</p><p>confissão anteriormente feita no</p><p>momento da sentença (art. 200).</p><p>○ Capacidade ou saúde mental do réu</p><p>▪ Incapaz não poderá confessar no</p><p>processo algo que não tem</p><p>inteira possibilidade de dispor</p><p>○ Ato divisível</p><p>▪ É possível confessar parte da</p><p>imputação. Não há</p><p>obrigatoriedade de confessar a</p><p>integralidade dos fatos.</p><p>○ Informal</p><p>▪ Não existem regras de</p><p>procedimento para a realização</p><p>da confissão.</p><p>○ Verossimilhança</p><p>▪ Capacidade de se entender</p><p>verossímil, viável, aquela</p><p>confissão;</p><p>➢ Ex: imputação de que o</p><p>réu voou. Não tem</p><p>verossimilhança</p><p>○ Clareza</p><p>▪ Deve dar ao julgador certeza</p><p>razoável a respeito do fato que</p><p>está sendo admitido</p><p>● Valoração da confissão</p><p>○ A confissão não indica</p><p>necessariamente a decisão num</p><p>sentido ou noutro;</p><p>145</p><p>○ A confissão é valorada em conjunto</p><p>com os outros meios de prova do</p><p>processo.</p><p>○ Art. 197, CPP78;</p><p>▪ Deixa claro que a confissão deve</p><p>ser conjugada com os outros</p><p>meios de prova.</p><p>● Espécies de confissão</p><p>➔ Confissão extrajudicial;</p><p>◆ Jurisprudência do STJ tem adotado o entendimento que</p><p>a confissão perante a autoridade policial, desde que</p><p>preenchidos os requisitos tratados, além de ser</p><p>conjugada com os demais meios de prova e que tenha</p><p>sido advertido do direito ao silêncio.79</p><p>➔ Confissão real;</p><p>◆ Efetivamente realizada pelo réu, que admite o fato.</p><p>79 INFO 819: A confissão extrajudicial somente será admissível no processo judicial se feita</p><p>formalmente e de maneira documentada, dentro de um estabelecimento estatal público e oficial.</p><p>Tais garantias não podem ser renunciadas pelo interrogado e, se alguma delas não for cumprida, a</p><p>prova será inadmissível. A inadmissibilidade permanece mesmo que a acusação tente introduzir a</p><p>confissão extrajudicial no processo por outros meios de prova (como, por exemplo, o testemunho do</p><p>policial que a colheu). STJ. 3ª Seção. AREsp 2.123.334-MG, 20/6/2024 (Info 819).</p><p>78Art 197 do CPP: O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos</p><p>de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo,</p><p>verificando se entre elas existe compatibilidade ou concordância.</p><p>146</p><p>➔ Confissão ficta;</p><p>◆ Depende de ficção jurídica</p><p>● Ex: a confissão decorrente da revelia. Réu revel,</p><p>citado, não comparece para oferecer contestação,</p><p>em regra impõe-se ali a consequência material da</p><p>revelia que é a confissão ficta.</p><p>◆ No processo penal, não existe confissão ficta, devendo o</p><p>juiz ter que analisar os elementos.</p><p>◆ CUIDADO! Quando o réu é citado por edital e não</p><p>comparece, o processo fica suspenso. Se o réu é citado</p><p>pessoalmente, mas não comparece, o juiz deve nomear</p><p>defensor e o processo corre normalmente.</p><p>● Súmulas relacionadas com a confissão</p><p>147</p><p>○ Súmula 545 do STJ: Quando a</p><p>confissão for utilizada para a formação</p><p>do convencimento do julgador, o réu</p><p>fará jus à atenuante prevista no artigo</p><p>65, III, d, do Código Penal.</p><p>▪ O legislador trata como</p><p>atenuante da pena a confissão.</p><p>➢ Por auxiliar na persecução</p><p>penal, merecendo</p><p>benefício na dosimetria da</p><p>pena.</p><p>○ Súmula 630 do STJ: A incidência da</p><p>atenuante da confissão espontânea no</p><p>crime de tráfico ilícito de</p><p>entorpecentes exige o</p><p>reconhecimento da traficância pelo</p><p>acusado, não bastando a mera</p><p>admissão da posse ou propriedade</p><p>para uso próprio.</p><p>▪ Se o crime for de tráfico, e o réu</p><p>admitir a posse para uso próprio,</p><p>não há atenuante de confissão.</p><p>▪ Só faz jus se confessar que levava</p><p>a troca para revenda, entregar</p><p>para alguém, mercancia.</p><p>▪ Trata-se de exceção à súmula</p><p>anterior.</p><p>● Divisibilidade e retratabilidade da</p><p>confissão</p><p>○ Juiz, ao analisar a confissão, pode</p><p>cindir a confissão do réu.</p><p>148</p><p>▪ Juiz: “Quanto a essa parte, crível</p><p>e viável. Quanto à segunda,</p><p>desconsidero por não ser crível”.</p><p>○ Réu pode se retratar da confissão feita,</p><p>por exemplo, em sede policial;</p><p>▪ Retratabilidade deve ser</p><p>indicada pelo juiz, em seu</p><p>julgamento.</p><p>▪ Art. 200 do CPP80;</p><p>➢ Parte final: “sem prejuízo</p><p>do livre convencimento do</p><p>juiz, fundado no exame</p><p>das provas em conjunto.”</p><p>➢ Esta parte permite ao juiz,</p><p>mesmo havendo</p><p>retratação, o juiz</p><p>fundamenta na confissão,</p><p>conjugado com demais</p><p>elementos.</p><p>→ Ex: afirma que foi</p><p>torturado em sede</p><p>policial, ao ter</p><p>confessado. Simples</p><p>alegação de tortura,</p><p>sem prova, que tire a</p><p>credibilidade</p><p>daquele meio de</p><p>prova não é</p><p>80Art. 200 do CPP: A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do</p><p>juiz, fundado no exame das provas em conjunto.</p><p>JDPP 3: A inexistência de confissão do investigado antes da formação da opinio delicti do Ministério</p><p>Público não pode ser interpretada como desinteresse em entabular eventual acordo de não</p><p>persecução penal.</p><p>149</p><p>suficiente para</p><p>invalidar o conjunto</p><p>probatório.</p><p>vi. Prova testemunhal</p><p>● Conceito de testemunha</p><p>○ É toda pessoa humana capaz de depor</p><p>e estranha ao processo, chamada para</p><p>declarar a respeito de fato percebido</p><p>por seus sentidos e relativos à causa.</p><p>No âmbito processual penal, em regra,</p><p>qualquer pessoa pode ser testemunha.</p><p>▪ Assim sendo, criança pode</p><p>depor, pessoas com problemas</p><p>de saúde podem depor,</p><p>familiares também. CPP, art. 202.</p><p>● Conceito de prova testemunhal</p><p>○ É o meio de prova que busca trazer</p><p>relato de terceiro, não envolvido nos</p><p>fatos, com experiência sensível acerca</p><p>dos fatos.</p><p>○ Qualquer dos sentidos: audição, olfato,</p><p>visão, tato e paladar.</p><p>● Espécies de testemunhas</p><p>○ Testemunha referida</p><p>▪ É testemunha que,</p><p>originariamente, não era</p><p>conhecida, mas foi citada por</p><p>outra testemunha.</p><p>▪ Previsão normativa:</p><p>➢ CPP, art. 209.</p><p>▪ Juiz suspende a audiência e</p><p>intima a testemunha</p><p>150</p><p>▪ Testemunha referida não entra</p><p>no número limite do rol de</p><p>testemunhas, por não terem sido</p><p>arroladas pelas partes.</p><p>➢ O procedimento ordinário</p><p>(art. 395, seguintes, CPP)</p><p>permite o arrolamento de</p><p>8 testemunhas por cada</p><p>parte.</p><p>➢ O procedimento sumário</p><p>permite o arrolamento de</p><p>5 testemunhas por cada</p><p>parte</p><p>▪ As testemunhas referidas</p><p>podem ser ouvidas de ofício ou a</p><p>requerimento das partes.</p><p>➢ Art. 209, § 1º, do CPP81</p><p>○ Testemunha judicial</p><p>▪ Ouvida por determinação do</p><p>juiz, independentemente do</p><p>arrolamento pelas partes.</p><p>➢ Iniciativa probatória do juiz</p><p>○ Testemunha própria</p><p>▪ Arrolada pelas partes no</p><p>momento adequado, para ser</p><p>ouvida acerca do fato principal</p><p>do processo.</p><p>➢ Ex: processo de homicídio,</p><p>testemunha será chamada</p><p>81Art. 209, § 1º, do CPP: Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as</p><p>testemunhas se referirem.</p><p>151</p><p>para ser ouvida sobre o</p><p>homicídio.</p><p>▪ É a que depõe sobre o fato</p><p>probando, ou seja, depõe sobre a</p><p>imputação, álibi, excludente da</p><p>ilicitude etc.</p><p>○ Testemunha imprópria/instrumental/</p><p>instrumentária ou fedatária</p><p>▪ É aquela que não é chamada</p><p>para ser ouvida sobre o fato em</p><p>apuração, mas sobre questões</p><p>conexas</p><p>➢ Ex: testemunha de caráter</p><p>ou de conduta social. Essas</p><p>circunstâncias influenciam</p><p>na dosimetria da pena82.</p><p>82 * O magistrado não pode exigir que a defesa apresente justificativa para que seja autorizada</p><p>a intimação judicial das testemunhas; o magistrado não pode exigir que, se a testemunha for</p><p>abonatória, o seu depoimento oral seja substituído pela juntada de declaração escrita:</p><p>PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME DE DESCAMINHO E CONTRABANDO.</p><p>INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE INTIMAÇÃO. TESTEMUNHA MERAMENTE ABONATÓRIA.</p><p>SUBSTITUIÇÃO DOS DEPOIMENTOS POR DECLARAÇÃO ESCRITA. ILEGALIDADE. PREJUÍZO</p><p>CONFIGURADO. ART. 396-A DO CPP. DESNECESSIDADE DE JUSTIFICAÇÃO PARA INTIMAÇÃO.</p><p>VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. NULIDADE DO ATO</p><p>PROCESSUAL. PROVIMENTO DO RECURSO.</p><p>1. A questão principal deste recurso especial gira em torno da necessidade, ou da sua inexistência,</p><p>de fornecer uma justificação preliminar para a intimação de testemunhas de defesa, previsto no art.</p><p>396-A do CPP.</p><p>2. O indeferimento de intimação das testemunhas de defesa devido à ausência de justificação,</p><p>acompanhado da substituição dos depoimentos orais por declarações escritas sem convocação</p><p>para audiência - sob o entendimento de que são meramente abonatórias -, compromete o</p><p>equilíbrio processual e viola o direito à ampla defesa.</p><p>3. Tais condutas configuram uma violação direta ao princípio da paridade de armas e acarretam a</p><p>nulidade do ato processual, exigindo-se motivação adequada para o indeferimento de intimação</p><p>judicial de testemunhas de defesa, com base no art. 396-A do CPP.</p><p>4. A autoridade judicial detém a prerrogativa de recusar diligências irrelevantes ou impertinentes;</p><p>contudo, essa prerrogativa deve ser exercida com fundamentação clara, especialmente quando</p><p>afeta o direito de defesa.</p><p>5. Teses fixadas:</p><p>5.1 É vedado ao juízo recusar a intimação judicial das testemunhas de defesa, nos termos do art.</p><p>396-A do CPP, por falta de justificação do pedido, substituindo a intimação por declarações escritas</p><p>das testemunhas consideradas pelo juízo como meramente abonatórias configurando violação do</p><p>princípio da paridade de armas e do direito de ampla defesa.</p><p>5.2 O indeferimento do pedido da intimação de testemunhas de defesa pelo juízo criminal baseada</p><p>unicamente na ausência de justificativa para a intimação pessoal, previsto no art. 396-A do CPP,</p><p>configura cerceamento de defesa e infringe os princípios do contraditório e da ampla defesa.</p><p>6. Recurso especial provido.</p><p>152</p><p>▪ É a que depõe sobre a</p><p>regularidade de um ato</p><p>processual e não sobre a</p><p>imputação.</p><p>➢ Exemplo: art. 304, §2º, CPP.</p><p>○ Testemunha numerária</p><p>▪ São as computadas para a</p><p>aferição do número máximo de</p><p>testemunhas permitidas</p><p>(procedimento ordinario: 8</p><p>testemunhas; procedimento</p><p>sumário: 5 testemunhas).</p><p>▪ São as testemunhas arroladas</p><p>pelas partes que prestam o</p><p>compromisso de dizer a verdade.</p><p>○ Testemunha não compromissada ou</p><p>meramente informante</p><p>▪ É aquela que não presta</p><p>compromisso com a verdade e</p><p>não ingressa no número limite</p><p>das testemunhas.</p><p>○ Testemunha direta</p><p>▪ Interagiu diretamente com os</p><p>fatos.</p><p>▪ É uma testemunha que depõe</p><p>sobre o fato que presenciou.</p><p>○ Testemunha indireta ou auricular</p><p>▪ Ouviu por terceiros do fato;</p><p>▪ É uma testemunha que depõe</p><p>sobre fatos não presenciados.</p><p>(REsp n. 2.098.923/PR, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 21/5/2024, DJe de</p><p>28/5/2024.)</p><p>153</p><p>➢ Ela ouve falar sobre o fato</p><p>delituoso.</p><p>▪ Chamada quando não há outras</p><p>disponíveis.</p><p>▪ Não há previsão específica no</p><p>ordenamento jurídico pátrio</p><p>para tal espécie de testemunha.</p><p>▪ No julgamento do REsp</p><p>1.674.198/MG, de relatoria do</p><p>Ministro Rogério Schietti Cruz,</p><p>decidiu-se que a pronúncia</p><p>baseada unicamente em</p><p>depoimentos indiretos é</p><p>inadmissível, dada a</p><p>precariedade desse tipo de</p><p>prova.</p><p>➢ Em suma, os relatos</p><p>indiretos e baseados em</p><p>ouvir dizer não são</p><p>elementos suficientes para</p><p>garantir a viabilidade</p><p>acusatória, sendo</p><p>necessário que existam</p><p>outros elementos</p><p>probatórios robustos para</p><p>embasar uma acusação</p><p>consistente.</p><p>➢ Isto é, para a prova</p><p>testemunhal indireta</p><p>possuir validade e</p><p>relevância na formação do</p><p>convencimento judicial,</p><p>154</p><p>ela deve ser corroborada</p><p>por outros elementos</p><p>probatórios.</p><p>▪ No mesmo sentido, agora no</p><p>julgamento do AREsp</p><p>2.290.314-SE83 , de relatoria do</p><p>Min. Ribeiro Dantas, afirmou-se</p><p>que o depoimento testemunhal</p><p>indireto, por si só, não possui</p><p>capacidade necessária para</p><p>sustentar uma acusação</p><p>consistente, sendo</p><p>imprescindível a presença de</p><p>outros elementos</p><p>da existência da infração penal depender de decisão sobre</p><p>questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido</p><p>proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e</p><p>não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição</p><p>das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.</p><p>§ 1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora</p><p>não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz</p><p>criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito,</p><p>toda a matéria da acusação ou da defesa.</p><p>7</p><p>→ Questão extrapenal,</p><p>não referente ao</p><p>estado civil das</p><p>pessoas.</p><p>→ A suspensão exige</p><p>propositura da outra</p><p>ação</p><p>→ Poderá suspender</p><p>(faculdade), desde</p><p>que essa questão</p><p>seja de difícil solução</p><p>(requisito) e não</p><p>verse sobre direito</p><p>cuja prova a lei civil</p><p>limite (requisito).</p><p>➢ § 2º do referido artigo. Há</p><p>conteúdo decisório, apesar</p><p>de a lei falar em despacho.</p><p>Decisão é irrecorrível</p><p>→ Pode ser impugnada</p><p>via Habeas Corpus</p><p>ou Mandado de</p><p>Segurança</p><p>➢ § 3º do referido artigo.</p><p>Repete a dinâmica do art.</p><p>92, de incumbir ao</p><p>Ministério Público a</p><p>solução da causa cível</p><p>quando for ação de</p><p>iniciativa pública.</p><p>§ 2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.</p><p>§ 3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao Ministério Público</p><p>intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento.</p><p>8</p><p>➔ Consequências:</p><p>◆ Inquirição das testemunhas e</p><p>produção de outras provas de natureza</p><p>grave;</p><p>◆ Suspensão do processo e da</p><p>prescrição;</p><p>● Art. 92, do CPP - até o trânsito</p><p>em julgado da decisão cível.</p><p>● Art. 93, §1°, do CPP - o juiz</p><p>marcará o prazo da suspensão,</p><p>podendo o prazo ser prorrogado.</p><p>○ Desde que a demora não</p><p>seja imputada à parte.</p><p>○ Expirado o prazo, sem que</p><p>tenha sido proferida</p><p>decisão.</p><p>◆ Decisão recorrível ou</p><p>irrecorrível?</p><p>● A doutrina</p><p>majoritária</p><p>entende que</p><p>se refere a</p><p>uma decisão</p><p>recorrível.</p><p>◆ O juízo penal</p><p>resolverá a questão,</p><p>ainda que de</p><p>maneira incidental.</p><p>● Sobrevindo</p><p>decisão cível</p><p>em sentido</p><p>contrário ao</p><p>9</p><p>que foi</p><p>decidido no</p><p>juízo penal,</p><p>fará coisa</p><p>julgada.</p><p>◆ Intervenção do MP.</p><p>➔ Classificação de Mirabete, quanto ao grau de influência</p><p>da questão prejudicial sobre a prejudicada</p><p>◆ Total</p><p>● Aquela que tem o condão de fulminar a</p><p>existência do crime, isto é, o crime deixaria</p><p>de existir.</p><p>◆ Parcial</p><p>● Aquela restrita a determinada circunstância,</p><p>como, por exemplo, majorante, agravante,</p><p>atenuante, etc.</p><p>➔ Sistema de solução</p><p>◆ Cognição incidental ou do predomínio da</p><p>jurisdição penal;</p><p>● Quem conhece a ação, conhece a exceção.</p><p>○ Juízo penal sempre terá competência</p><p>a questão prejudicial, ainda que seja</p><p>de outro ramo do direito.</p><p>◆ Vantagem: celeridade e</p><p>economia processual.</p><p>◆ Crítica: princípio do juízo natural.</p><p>◆ Prejudicialidade obrigatória.</p><p>● Juízo penal jamais terá competência para</p><p>apreciar prejudicial atinente a outro ramo do</p><p>direito.</p><p>○ Vantagem: garantia do juízo natural;</p><p>○ Crítica: celeridade processual.</p><p>10</p><p>◆ Prejudicialidade facultativa ou remessa facultativa.</p><p>● Juízo penal pode ou não apreciar prejudiciais</p><p>heterogêneas.</p><p>◆ Eclético ou misto.</p><p>● Adotado no ordenamento jurídico.</p><p>● Resulta da fusão do sistema da</p><p>prejudicialidade facultativa (art. 93, do CPP)</p><p>com o sistema da prejudicialidade</p><p>obrigatória (art. 92, do CPP).</p><p>➔ Recursos adequados</p><p>◆ Contra a decisão que determinou a suspensão do</p><p>processo.</p><p>● RESE - art. 581, XVI, do CPP.</p><p>○ Não é cabível na hipótese contrária -</p><p>negar a suspensão do processo.</p><p>● Neste caso, aplica-se em ambas as hipóteses,</p><p>isto é, art. 92 e art. 93, do CPP.</p><p>◆ Contra a decisão que indeferiu a suspensão do</p><p>processo.</p><p>● Não há previsão legal de recurso.</p><p>○ Remédios constitucionais.</p><p>● Neste caso, aplica-se em ambas as hipóteses,</p><p>isto é, art. 92 e art. 93, do CPP.</p><p>➔ Decisão cível acerca da questão prejudicial heterogênea</p><p>e sua influência no âmbito criminal.</p><p>◆ Fará coisa julgada em sede penal, ainda que não</p><p>tenha sido determinada a suspensão do processo.</p><p>➔ Princípio da suficiência da ação penal.</p><p>◆ Em determinadas situações, o processo penal é</p><p>suficiente, por si só, para dirimir todas as</p><p>controvérsias.</p><p>11</p><p>c. Exceções</p><p>i. Previsão normativa</p><p>● Art. 95, CPP3</p><p>ii. Conceito</p><p>● Em sentido material: Direito que o</p><p>demandado tem de se opor à pretensão de</p><p>modo a neutralizar sua eficácia.</p><p>● Em sentido processual: Alegação feita pela</p><p>defesa, referente à ausência de pressupostos</p><p>processuais ou de condições de ação,</p><p>objetivando o afastamento do juiz</p><p>(suspeição) ou do juízo (incompetência), ou</p><p>até mesmo extinção do processo</p><p>(litispendência).</p><p>● Exceções não se confundem com objeção;</p><p>○ Exceção: precisa ser arguida, não</p><p>podendo o juiz reconhecer de ofício,</p><p>como, por exemplo, incompetência</p><p>relativa.</p><p>○ Objeção: pode ser reconhecida de</p><p>ofício.</p><p>iii. Exceções processuais</p><p>● Art. 95 do CPP;</p><p>○ Tratam-se de objeções, porque podem</p><p>ser reconhecidas de ofício;</p><p>○ Suspeição/ ilegitimidade/</p><p>impedimento;</p><p>○ Incompetência de juízo;</p><p>▪ Absoluta;</p><p>3Art. 95 do CPP: Poderão ser opostas as exceções de: I - suspeição; II - incompetência de juízo; III -</p><p>litispendência; IV - ilegitimidade de parte; V - coisa julgada.</p><p>12</p><p>○ Litispendência;</p><p>○ Ilegitimidade da parte;</p><p>▪ Ad causam;</p><p>▪ Ad processum.</p><p>○ Coisa julgada.</p><p>iv. Classificação</p><p>● Quanto à natureza</p><p>○ Material ou substancial;</p><p>▪ Direta ou defesa direta de</p><p>mérito;</p><p>➢ Negativa de autoria;</p><p>➢ Inexistência do fato</p><p>delituoso.</p><p>▪ Indireta ou defesa indireta de</p><p>mérito ou preliminar de mérito.</p><p>➢ Oposição de fato extintivo,</p><p>modificativo ou</p><p>impeditivo.</p><p>→ Exemplo: prescrição.</p><p>○ Processual.</p><p>● Quanto aos efeitos</p><p>○ Dilatória;</p><p>▪ Visa apenas retardar o</p><p>andamento do feito.</p><p>➢ Exemplo: suspeição e</p><p>incompetência.</p><p>○ Peremptória;</p><p>▪ Visa à extinção do feito;</p><p>➢ Exemplos: litispendência e</p><p>coisa julgada.</p><p>○ Ilegitimidade;</p><p>▪ Depende da espécie.</p><p>13</p><p>➢ Processual;</p><p>→ Exceção dilatória.</p><p>→ Exemplo: art. 568, do</p><p>CPP.</p><p>➢ Material;</p><p>→ Exceção</p><p>peremptória.</p><p>● Quanto à forma de processamento</p><p>○ Interna: pode ser formulada nos autos</p><p>do próprio processo.</p><p>○ Instrumental: processamento</p><p>autônomo em autos apartados.</p><p>▪ Adotada pelo CPP, conforme Art.</p><p>111, CPP4.</p><p>➢ Autuação em apartado,</p><p>sem suspender a ação</p><p>penal, em regra.</p><p>→ Legislador foi</p><p>conservador,</p><p>permitindo que as</p><p>partes manejem as</p><p>suas exceções,</p><p>defesas de natureza</p><p>processual,</p><p>determinou</p><p>autuação em</p><p>apartado, sem</p><p>suspender ação</p><p>penal. O objetivo é</p><p>não atrasar/obstar o</p><p>4Art. 111 do CPP: As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o</p><p>andamento da ação penal.</p><p>14</p><p>trâmite regular do</p><p>processo.</p><p>➢ Exceção: para a suspensão</p><p>do processo é necessária a</p><p>concordância da parte</p><p>contrária acerca da</p><p>exceção.</p><p>▪ Princípio da instrumentalidade</p><p>das formas.</p><p>v. Natureza jurídica</p><p>● Direito público subjetivo que funciona como</p><p>um corolário do princípio constitucional da</p><p>ampla defesa.</p><p>vi. Exceção de suspeição/ impedimento/</p><p>incompatibilidade</p><p>● Impedimento</p><p>○ Previsão normativa;</p><p>▪ Art. 252 do CPP: “O juiz não</p><p>poderá exercer jurisdição no</p><p>processo em que:</p><p>I - tiver funcionado seu cônjuge</p><p>ou parente, consangüíneo ou</p><p>afim, em linha reta ou colateral</p><p>até o terceiro grau, inclusive,</p><p>como defensor ou advogado,</p><p>órgão do Ministério Público,</p><p>autoridade policial, auxiliar da</p><p>justiça ou perito;</p><p>❖ Abarca, também, o</p><p>companheiro.</p><p>II - ele próprio houver</p><p>desempenhado qualquer dessas</p><p>15</p><p>funções ou servido como</p><p>testemunha;</p><p>❖ Atuação do magistrado</p><p>que atuou como</p><p>autoridade policial no</p><p>procedimento preliminar.</p><p>❖ Decretação de medidas</p><p>cautelares pelo juiz</p><p>durante a fase</p><p>investigatória e (in)</p><p>existência de</p><p>impedimento.</p><p>➢ Isso não é causa de</p><p>impedimento, salvo</p><p>se for restabelecido</p><p>o juiz das garantias.</p><p>■ Art. 3º-D,</p><p>probatórios</p><p>substanciais para justificar a</p><p>instauração do processo penal.</p><p>Diante da insuficiência de</p><p>elementos probatórios que</p><p>vinculem o acusado aos</p><p>fatos alegados, a rejeição</p><p>da denúncia é medida</p><p>adequada, em</p><p>83 O depoimento testemunhal indireto não possui a capacidade necessária para sustentar uma</p><p>acusação e justificar a instauração do processo penal, sendo imprescindível a presença de outros</p><p>elementos probatórios substanciais. STJ. 5ª Turma. AREsp 2.290.314-SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas,</p><p>julgado em 23/5/2023 (Info 776).</p><p>PRECEDENTES:</p><p>Muito embora a análise aprofundada dos elementos probatórios seja feita somente pelo Tribunal do</p><p>Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia baseada,</p><p>exclusivamente, em testemunho indireto (por ouvir dizer) como prova idônea de per si, para</p><p>submeter alguém a julgamento pelo Tribunal Popular.</p><p>STJ. 5ª Turma. HC 673.138-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/09/2021 (Info 709).</p><p>STJ. 6ª Turma. REsp 1649663/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/09/2021.</p><p>VEJA COMO O TEMA JÁ FOI COBRADO EM PROVA:</p><p>(Juiz de Direito TJBA/2019 CEBRASPE) Em decorrência do princípio do in dubio pro societate, o</p><p>testemunho por ouvir dizer produzido na fase inquisitorial é suficiente para a decisão de pronúncia.</p><p>(errado)</p><p>155</p><p>conformidade com o</p><p>princípio constitucional da</p><p>presunção de inocência.</p><p>→ Considerações sobre determinadas espécies de</p><p>testemunhas</p><p>○ Depoimento ad perpetuam rei</p><p>memoriam:</p><p>▪ Está previsto no art. 225, CPP. É</p><p>uma espécie de prova</p><p>antecipada.</p><p>▪ Exemplo: a única testemunha do</p><p>homicídio está no hospital à</p><p>beira da morte. Neste caso, ela</p><p>será ouvida como testemunha</p><p>antecipada, pois, se ela é ouvida</p><p>como “prova antecipada”, ela</p><p>ganha o valor de prova judicial.</p><p>○ Testemunhas vulneráveis e</p><p>depoimento sem dano: ocorre</p><p>quando a criança e/ou adolescente</p><p>(atualmente também se aplica à</p><p>vítima de crime previsto na Lei Maria</p><p>da Penha) são ouvidos em ambiente</p><p>diferenciado na presença e por</p><p>intermédio de psicólogo. A lei passou a</p><p>prever que esse depoimento será feito</p><p>uma única vez e é prova antecipada.</p><p>Lei n. 13.431/17, art. 7º a 12.</p><p>- Nesse sentido, o STJ já definiu</p><p>que ”é justificável a antecipação</p><p>de prova no caso de depoimento</p><p>156</p><p>especial de adolescente vítima</p><p>de possível crime sexual - na</p><p>forma da Lei n. 13.431/2017 - pela</p><p>relevância da palavra da vítima</p><p>em crimes dessa natureza e na</p><p>sua urgência pela falibilidade da</p><p>memória de crianças e</p><p>adolescentes”. STJ. 5ª Turma.</p><p>AgRg no RHC 160.012/SC, Rel.</p><p>Min. Messod Azulay Neto, julgado</p><p>em 6/3/2023 (Info 767).</p><p>o Testemunha policial</p><p>Possibilidade de produção</p><p>antecipada da prova</p><p>→ Conforme jurisprudência</p><p>do STJ84, a oitiva</p><p>antecipada de testemunha</p><p>policial justifica-se pela</p><p>natureza da atividade</p><p>profissional.</p><p>→ Isso porque, considerando</p><p>que os agentes policiais</p><p>estão diariamente em</p><p>contato com fatos</p><p>delituosos, o decurso do</p><p>84 É possível a antecipação de provas para a oitiva de testemunhas policiais, dado que, pela natureza</p><p>dessa atividade profissional, diariamente em contato com fatos delituosos semelhantes, o decurso</p><p>do tempo traz efetivo risco de perecimento da prova testemunhal por esquecimento. STJ. 6ª Turma.</p><p>AgRg no AREsp 1.995.527-SE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 19/12/2022 (Info 764).</p><p>PRECEDENTE: É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com arrimo no art. 366</p><p>do CPP nas hipóteses em que as testemunhas são policiais. O atuar constante no combate à</p><p>criminalidade expõe o agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas com o</p><p>ordenamento jurídico, sendo certo que as peculiaridades de cada uma acabam se perdendo em sua</p><p>memória, seja pela frequência com que ocorrem, ou pela própria similitude dos fatos, sem que isso</p><p>configure violação à garantia da ampla defesa do acusado. STJ. 3ª Seção. RHC 64086-DF, Rel. Min.</p><p>Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/11/2016 (Info 595).</p><p>157</p><p>tempo traz efetivo risco de</p><p>perecimento da prova</p><p>testemunhal por</p><p>esquecimento.</p><p>→ A oitiva das testemunhas</p><p>que são policiais é</p><p>considerada prova urgente</p><p>para os fins do art. 366 do</p><p>CPP.</p><p>O STJ possui jurisprudência</p><p>elucidando que, embora o</p><p>policial goze de fé pública, seu</p><p>testemunho não pode ser</p><p>sobrevalorizado, devendo ele ser</p><p>valorado pelo juiz como</p><p>qualquer outra prova</p><p>testemunhal.</p><p>→ Obviamente, o</p><p>testemunho policial</p><p>também não pode ser</p><p>subvalorizado. Como dito,</p><p>possui natureza jurídica de</p><p>prova testemunhal e assim</p><p>deve ser valorado.</p><p>● Características da prova testemunhal</p><p>○ Oralidade</p><p>▪ Deve ser feita de forma oral,</p><p>perguntas e respostas;</p><p>➢ Característica semelhante</p><p>ao interrogatório.</p><p>▪ Depoimento por escrito não é</p><p>admitido.</p><p>158</p><p>➢ É permitido à testemunha</p><p>a consulta a breves</p><p>apontamentos - art. 204,</p><p>do CPP85</p><p>▪ Exceções à oralidade</p><p>➢ Surdo, mudo, surdo-mudo,</p><p>como no interrogatório</p><p>→ Art. 223, CPP86.</p><p>↠ Prevê</p><p>aplicação das</p><p>normas do</p><p>interrogatório.</p><p>➢ Presidente da República,</p><p>Vice-presidente,</p><p>Presidente da Câmara, do</p><p>Senado e do STF podem</p><p>optar pelo depoimento por</p><p>escrito</p><p>→ Art. 221, § 1º, CPP87.</p><p>➢ Art. 221, caput, CPP</p><p>87Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os</p><p>ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos</p><p>do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os</p><p>membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados,</p><p>do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora</p><p>previamente ajustados entre eles e o juiz.</p><p>§ 1º O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara</p><p>dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por</p><p>escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão</p><p>transmitidas por ofício.</p><p>86Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para</p><p>traduzir as perguntas e respostas. Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo,</p><p>proceder-se-á na conformidade do art. 192.</p><p>85Art. 204, do CPP: O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha</p><p>trazê-lo por escrito. Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a</p><p>apontamentos.</p><p>159</p><p>→ Possibilidade de</p><p>depor com hora</p><p>marcada.</p><p>○ Objetividade</p><p>▪ O depoimento deve ser feito de</p><p>forma objetiva a respeito dos</p><p>fatos, não a respeito de</p><p>considerações subjetivas a</p><p>respeito dos fatos.</p><p>▪ Art. 213, CPP88</p><p>➢ Apenas se forem</p><p>essenciais à narrativa do</p><p>fato.</p><p>➢ Comumente, juiz faz</p><p>limitações às perguntas.</p><p>○ Individualidade e</p><p>incomunicabilidade</p><p>▪ Depõe de forma individual, cada</p><p>testemunha é ouvida por vez.</p><p>▪ Testemunha não pode ter acesso</p><p>ao depoimento de outra, como</p><p>forma de garantir a não</p><p>interferência</p><p>▪ Art. 210, CPP89.</p><p>● Quem pode ser testemunha?</p><p>○ Em regra, qualquer pessoa pode ser</p><p>testemunha</p><p>89Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam</p><p>nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso</p><p>testemunho.</p><p>88Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo</p><p>quando inseparáveis da narrativa do fato.</p><p>160</p><p>▪ Art. 202, CPP90.</p><p>▪ É um dever, cuja omissão, caso</p><p>haja dolo, constitui crime de</p><p>falso testemunho.</p><p>➢ Dever de comparecer e</p><p>falar a verdade.</p><p>→ Presta esse</p><p>compromisso por</p><p>escrito..</p><p>○ Para algumas pessoas, não será</p><p>imposto o compromisso com a</p><p>verdade;</p><p>▪ Arts. 206, 207 e 208</p><p>➢ Art. 206. A testemunha</p><p>não poderá eximir-se da</p><p>obrigação de depor.</p><p>Poderão, entretanto,</p><p>recusar-se a fazê-lo o</p><p>ascendente ou</p><p>descendente, o afim em</p><p>linha reta, o cônjuge, ainda</p><p>que desquitado, o irmão e</p><p>o pai, a mãe, ou o filho</p><p>adotivo do acusado, salvo</p><p>quando não for possível,</p><p>por outro</p><p>modo, obter-se</p><p>ou integrar-se a prova do</p><p>fato e de suas</p><p>circunstâncias.</p><p>→ Pessoas</p><p>consideradas</p><p>90Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.</p><p>161</p><p>parentes diretos</p><p>podem se recusar a</p><p>depor. Quando não</p><p>for possível por outro</p><p>meio ter o</p><p>conhecimento, não</p><p>será imposto o</p><p>compromisso com a</p><p>verdade, não</p><p>integrando o rol de</p><p>limites máximos de</p><p>testemunhas.</p><p>➢ Art. 207. São proibidas de</p><p>depor as pessoas que, em</p><p>razão de função,</p><p>ministério, ofício ou</p><p>profissão, devam guardar</p><p>segredo, salvo se,</p><p>desobrigadas pela parte</p><p>interessada, quiserem dar</p><p>o seu testemunho91.</p><p>→ Pessoas proibidas</p><p>↠ Advogado que</p><p>representa</p><p>uma parte, um</p><p>padre, um</p><p>médico. Dever</p><p>de legal de</p><p>sigilo a</p><p>91 Médico não pode acionar a polícia para investigar paciente que procurou atendimento</p><p>médico-hospitalar por ter praticado manobras abortivas, uma vez que se mostra como</p><p>confidente necessário, estando proibido de revelar segredo do qual tem conhecimento, bem como</p><p>de depor a respeito do fato como testemunha. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro</p><p>Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 14/3/2023. (Info 767 STJ)</p><p>162</p><p>respeito das</p><p>informações</p><p>que em razão</p><p>do ofício</p><p>obtiveram</p><p>→ Se a pessoa foi</p><p>desobrigada, é</p><p>possível que seja</p><p>ouvida, se quiser.</p><p>→ Em 14/03/2023,</p><p>julgamento 124 do</p><p>no HC 783927/MG92,</p><p>de relatoria do Min.</p><p>Sebastião Reis</p><p>Júnior, a 6ª Turma do</p><p>STJ decidiu que</p><p>médico que atendeu</p><p>mulher que havia</p><p>acabado de fazer</p><p>aborto não pode ser</p><p>arrolado como</p><p>testemunha, nem</p><p>mesmo pode</p><p>comunicar esse fato</p><p>à autoridade policial.</p><p>▪ Nesse caso,</p><p>são nulas as</p><p>provas de</p><p>92 Médico não pode acionar a polícia para investigar paciente que procurou atendimento</p><p>médico-hospitalar por ter praticado manobras abortivas, uma vez que se mostra como confidente</p><p>necessário, estando proibido de revelar segredo do qual tem conhecimento, bem como de depor a</p><p>respeito do fato como testemunha. STJ. 6ª Turma. HC 783.927/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,</p><p>julgado em 14/3/2023 (Info 767)</p><p>163</p><p>materialidade</p><p>do crime, uma</p><p>vez que foram</p><p>coletadas por</p><p>meio da</p><p>quebra de</p><p>sigilo</p><p>profissional</p><p>entre médico e</p><p>paciente.</p><p>➢ Art. 208. Não se deferirá o</p><p>compromisso a que alude</p><p>o art. 20393 aos doentes e</p><p>deficientes mentais e aos</p><p>menores de 14 (quatorze)</p><p>anos, nem às pessoas a</p><p>que se refere o art. 206.</p><p>→ Doentes, deficientes</p><p>mentais e menores</p><p>de 14 anos não são</p><p>compromissadas.</p><p>○ Corréu como testemunha</p><p>▪ Majoritariamente, entende-se</p><p>que um corréu não pode ser</p><p>arrolado como testemunha do</p><p>outro</p><p>➢ Conflito entre dever de</p><p>falar a verdade e ampla</p><p>defesa.</p><p>93 Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e</p><p>Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua</p><p>profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou</p><p>quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua</p><p>ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.</p><p>164</p><p>➢ Não pode prestar</p><p>compromisso com a</p><p>verdade.</p><p>➢ Naquilo que o corréu traz</p><p>como elemento para</p><p>acusação do outro réu,</p><p>aquilo tem validade como</p><p>prova testemunhal, e não</p><p>mais de interrogatório.</p><p>→ Dois acusados, A e B.</p><p>Advogado de A não</p><p>pode arrolar B como</p><p>testemunha, pois o</p><p>dever de</p><p>compromisso do art.</p><p>203 é incompatível</p><p>com a ampla defesa.</p><p>→ No interrogatório de</p><p>B, o que for trazido</p><p>contra A, será trazido</p><p>como prova</p><p>testemunhal, não</p><p>como interrogatório.</p><p>● Sistema de apreciação da prova</p><p>testemunhal</p><p>○ Art. 212, CPP94</p><p>▪ Sistema de inquirição direta,</p><p>divide-se em:</p><p>94Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o</p><p>juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na</p><p>repetição de outra já respondida.</p><p>165</p><p>o Direct examination:</p><p>quando a parte que</p><p>arrolou a testemunha faz</p><p>as perguntas; e</p><p>o Cross examination:</p><p>quando a parte contrária é</p><p>quem fórmula as</p><p>perguntas95</p><p>Em provas é comum</p><p>vir a expressão</p><p>examination cross</p><p>como sinônimo de</p><p>inquirição direta.</p><p>Quem faz as perguntas são as</p><p>partes, o juiz pergunta de</p><p>forma suplementar.</p><p>→ Nesse sentido, em regra, o</p><p>juiz deverá apenas ficar</p><p>calado, ouvindo e</p><p>valorando, em seu íntimo,</p><p>respostas. as perguntas e</p><p>as respostas.</p><p>→ Excepcionalmente, o juiz</p><p>deverá intervir e indeferir a</p><p>pergunta formulada pela</p><p>parte caso se verifique</p><p>uma das seguintes</p><p>situações:</p><p>95 A inquirição das testemunhas pelo juiz antes que seja oportunizada a formulação das perguntas</p><p>às partes, com a inversão da ordem prevista no art. 212 do Código de Processo Penal, constitui</p><p>nulidade relativa. Não havendo demonstração do prejuízo, nos termos exigidos pelo art. 563 do</p><p>mesmo estatuto processual, não se procede à anulação do ato. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC</p><p>578.934/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 02/06/2020.</p><p>166</p><p>- Quando a pergunta</p><p>feita pela parte</p><p>puder induzir a</p><p>resposta da</p><p>testemunha;</p><p>- Quando a pergunta</p><p>não tiver relação</p><p>com a causa;</p><p>- Quando a pergunta</p><p>for a repetição de</p><p>outra já respondida.</p><p>→ Há jurisprudência do STJ</p><p>segundo a qual “a</p><p>inquirição de testemunhas</p><p>diretamente pelo</p><p>magistrado que assume o</p><p>protagonismo na</p><p>audiência de instrução e</p><p>julgamento viola o art. 212</p><p>do CPP”. STJ. 6ª Turma. HC</p><p>735.519-SP, Rel. Min.</p><p>Sebastião Reis Júnior,</p><p>julgado em 16/08/2022</p><p>(Info 745).</p><p>○ Consequências decorrentes da</p><p>inobservância do art. 212 do Código de</p><p>Processo Penal</p><p>▪ Causa de nulidade relativa,</p><p>devendo ser arguida na primeira</p><p>oportunidade e demonstrado o</p><p>prejuízo.</p><p>● Retirada do réu de sala de audiência</p><p>167</p><p>○ Réu tem direito de ter o dia na corte,</p><p>de estar presente nos atos processuais;</p><p>▪ Isso garante a ampla defesa.</p><p>▪ É nula a audiência de inquirição</p><p>das testemunhas quando o réu</p><p>não comparece por</p><p>responsabilidade exclusiva do</p><p>Estado (ex.: ausência de viatura</p><p>disponível para transportá-lo do</p><p>presídio ao fórum)96.</p><p>Ainda, a exigência de</p><p>demonstração de prejuízo</p><p>do réu é “prova diabólica”,</p><p>tendo em vista que não há</p><p>como provar como o</p><p>processo seguiria caso o</p><p>réu estivesse presente na</p><p>audiência.</p><p>▪ Todavia, a presença do réu pode</p><p>trazer temor ou</p><p>constrangimento.</p><p>- Uma das hipóteses do</p><p>interrogatório por</p><p>videoconferência é a</p><p>intimidação da</p><p>testemunha.</p><p>- No caso de audiência</p><p>realizada por</p><p>videoconferência, pela</p><p>96 No âmbito da audiência de inquirição de testemunhas, a ausência de contato prévio entre o réu e</p><p>seu defensor dativo configura cerceamento de defesa.</p><p>168</p><p>interpretação literal do art.</p><p>217 do CPP, o réu não</p><p>poderia ser impedido de</p><p>visualizar os depoimentos.</p><p>- No entanto, para o STJ, o</p><p>objetivo da norma é no</p><p>sentido de preservar a</p><p>dignidade e a intimidade</p><p>da vítima e testemunha.</p><p>→ Interpretação</p><p>teleológica em</p><p>detrimento da</p><p>interpretação literal</p><p>do art. 217 do CPP.</p><p>- Assim sendo, mesmo que</p><p>a audiência seja realizada</p><p>por videoconferência, o réu</p><p>pode ser impedido de</p><p>assistir às oitivas da vítima</p><p>e testemunha, se a sua</p><p>presença estiver causando</p><p>temor ou constrangimento</p><p>a quem será ouvido97</p><p>❖ Nesse caso, somente</p><p>o advogado do réu</p><p>estaria autorizado a</p><p>acompanhar os</p><p>depoimentos.</p><p>97 “No caso em que a audiência para oitiva da vítima e da testemunha é realizada por meio de</p><p>videoconferência, a interpretação mais consentânea com o objetivo do disposto no art. 217 do CPP é</p><p>a de que o réu também pode ser impedido de acompanhar os depoimentos”. STJ. 5ª Turma. AREsp</p><p>1.961.441/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2022 (Info Especial 10).</p><p>169</p><p>❖ Tal entendimento</p><p>também possui</p><p>respaldo na doutrina</p><p>de, por exemplo,</p><p>Renato Brasileiro e</p><p>de Guilherme de</p><p>Souza Nucci.</p><p>▪ Procedimento do art. 217, CPP98</p><p>▪ O artigo traz ordem de</p><p>preferência.</p><p>Em primeiro lugar,</p><p>por</p><p>videoconferência;</p><p>Se não for possível, o</p><p>réu será retirado da</p><p>sala de audiência.</p><p>▪ Advogado sempre permanece</p><p>na sala.</p><p>98 Art. 217 do CPP: Se o juiz verificar</p><p>que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou</p><p>sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do</p><p>depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma,</p><p>determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor.</p><p>Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar</p><p>do termo, assim como os motivos que a determinaram.</p><p>170</p><p>vii. Reconhecimento de pessoas ou coisas</p><p>● Conceito</p><p>○ Nesse meio de prova, busca-se que</p><p>uma pessoa que teve experiência ou</p><p>contato com pessoa ou coisa no</p><p>passado descreva e reconheça uma</p><p>pessoa ou coisa no presente.</p><p>○ Obs.: o reconhecimento de pessoa</p><p>somente será realizado quando houver</p><p>necessidade, ou seja, quando houver</p><p>dúvida sobre a identificação do</p><p>suposto autor.</p><p>● Procedimento</p><p>○ Previsto no artigo 226, CPP99;</p><p>○ Etapas:</p><p>▪ 1ª etapa: o indivíduo que tiver de</p><p>fazer o reconhecimento será</p><p>convidado a descrever a pessoa</p><p>que deva ser reconhecida.</p><p>➢ Ex: a pessoa tem</p><p>aproximadamente 1,80m,</p><p>pele branca, cabelo preto,</p><p>uma cicatriz no rosto etc.</p><p>▪ 2ª etapa: a pessoa, cujo</p><p>reconhecimento se pretender,</p><p>99Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela</p><p>seguinte forma: I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a</p><p>pessoa que deva ser reconhecida; Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se</p><p>possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de</p><p>fazer o reconhecimento a apontá-la; III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o</p><p>reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da</p><p>pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela; IV - do</p><p>ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa</p><p>chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.</p><p>171</p><p>será colocada, se possível, ao</p><p>lado de outras que com ela</p><p>tiverem qualquer semelhança.</p><p>Em seguida, pede-se para o</p><p>indivíduo que fará o</p><p>reconhecimento apontar qual é</p><p>daquelas pessoas que estão lado</p><p>a lado.</p><p>➢ Algumas vezes, o fato de o</p><p>indivíduo estar face a face</p><p>com a pessoa a ser</p><p>reconhecida pode gerar</p><p>intimidação ou outra</p><p>influência negativa que lhe</p><p>impeça de dizer a verdade.</p><p>Por isso, a lei permite que</p><p>a pessoa a ser reconhecida</p><p>não veja o indivíduo que</p><p>fará o reconhecimento.</p><p>Isso é feito, por exemplo,</p><p>por meio de “vidros</p><p>espelhados” nos quais</p><p>somente um dos lados</p><p>enxerga o outro.</p><p>➢ Obs: Vale ressaltar que</p><p>essa cautela só pode ser</p><p>feita na fase de</p><p>investigação</p><p>pré-processual. Na fase da</p><p>instrução criminal ou em</p><p>plenário de julgamento a</p><p>pessoa a ser reconhecida</p><p>172</p><p>terá direito de também ver</p><p>o indivíduo que está lhe</p><p>reconhecendo, sendo esse</p><p>ato feito ainda na presença</p><p>do juiz, do Ministério</p><p>Público e da defesa.</p><p>▪ 3ª etapa: será lavrado um auto</p><p>pormenorizado narrando o que</p><p>ocorreu no ato de</p><p>reconhecimento. Esse auto</p><p>deverá ser subscrito pela</p><p>autoridade, pelo indivíduo que</p><p>foi chamado para fazer o</p><p>reconhecimento e por duas</p><p>testemunhas presenciais.</p><p>➢ Obs: no caso de</p><p>reconhecimento de objeto</p><p>também deverão ser</p><p>observadas, no que</p><p>couber, as cautelas</p><p>previstas para o</p><p>reconhecimento pessoal</p><p>(art. 227).</p><p>➢ Obs: se várias forem as</p><p>pessoas chamadas a</p><p>efetuar o reconhecimento</p><p>de pessoa ou de objeto,</p><p>cada uma fará a prova em</p><p>separado, evitando-se</p><p>qualquer comunicação</p><p>entre elas (art. 228).</p><p>● Descumprimento das formalidades</p><p>173</p><p>○ O descumprimento dessas</p><p>formalidades enseja a nulidade do</p><p>reconhecimento.</p><p>○ A partir do entendimento firmado no</p><p>HC 598.886-SC, o STJ passou a</p><p>entender que100:</p><p>▪ 1) O reconhecimento de pessoas</p><p>deve observar o procedimento</p><p>previsto no art. 226 do Código de</p><p>Processo Penal, cujas</p><p>formalidades constituem</p><p>garantia mínima para quem se</p><p>encontra na condição de</p><p>suspeito da prática de um crime;</p><p>▪ 2) À vista dos efeitos e dos riscos</p><p>de um reconhecimento falho, a</p><p>inobservância do procedimento</p><p>descrito na referida norma</p><p>processual torna inválido o</p><p>reconhecimento da pessoa</p><p>suspeita e não poderá servir de</p><p>lastro a eventual condenação,</p><p>mesmo se confirmado o</p><p>reconhecimento em juízo;</p><p>▪ 3) Pode o magistrado realizar,</p><p>em juízo, o ato de</p><p>reconhecimento formal, desde</p><p>que observado o devido</p><p>procedimento probatório, bem</p><p>como pode ele se convencer da</p><p>autoria delitiva a partir do exame</p><p>100STJ. 6ª Turma. HC 598.886-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020 (Info 684).</p><p>174</p><p>de outras provas que não</p><p>guardem relação de causa e</p><p>efeito com o ato viciado de</p><p>reconhecimento;</p><p>▪ 4) O reconhecimento do</p><p>suspeito por simples exibição de</p><p>fotografia(s) ao reconhecedor, a</p><p>par de dever seguir o mesmo</p><p>procedimento do</p><p>reconhecimento pessoal, há de</p><p>ser visto como etapa</p><p>antecedente a eventual</p><p>reconhecimento pessoal e,</p><p>portanto, não pode servir como</p><p>prova em ação penal, ainda que</p><p>confirmado em juízo.</p><p>○ O STJ, no dia 15/03/2022, no</p><p>julgamento do HC 71.781/RJ avançou</p><p>em em relação à compreensão</p><p>anteriormente externada no HC</p><p>598.886/SC e decidiu que, mesmo se</p><p>realizado em conformidade com o</p><p>175</p><p>modelo legal (art. 226 do CPP), o</p><p>reconhecimento pessoal, embora seja</p><p>válido, não tem força probante</p><p>absoluta, de sorte que não pode</p><p>induzir, por si só, à certeza da autoria</p><p>delitiva, em razão de sua fragilidade</p><p>epistêmica.</p><p>▪ Foi fixada a seguinte tese: “Ainda</p><p>que o reconhecimento</p><p>fotográfico esteja em desacordo</p><p>com o procedimento previsto no</p><p>art. 226 do CPP, deve ser</p><p>mantida a condenação quando</p><p>houver outras provas produzidas</p><p>sob o crivo do contraditório e da</p><p>ampla defesa, independentes e</p><p>suficientes o bastante, para</p><p>lastrear o decreto condenatório”.</p><p>STJ. 6ª Turma.AgRg nos EDcl no</p><p>HC 656.845-PR, Rel. Min. Rogerio</p><p>Schietti Cruz, julgado em</p><p>04/10/2022 (Info 758).</p><p>▪ No mesmo sentido: “A</p><p>desconformidade ao regime</p><p>procedimental determinado no</p><p>art. 226 do CPP deve acarretar a</p><p>nulidade do ato e sua</p><p>desconsideração para fins</p><p>decisórios, justificando-se</p><p>eventual condenação somente</p><p>se houver elementos</p><p>176</p><p>independentes para superar a</p><p>presunção de inocência".</p><p>STF. 2ª Turma. RHC 206846/SP,</p><p>Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado</p><p>em 22/2/2022 (Info 1045).</p><p>▪ Mais recentemente, em julgado</p><p>de 10/05/2023, o STJ veio</p><p>corroborar tal entendimento:</p><p>“O reconhecimento de</p><p>pessoas que obedece às</p><p>disposições legais não</p><p>prepondera sobre</p><p>quaisquer outros meios de</p><p>prova (confissão,</p><p>testemunha, perícia,</p><p>acareação); ao contrário,</p><p>deve ser valorado</p><p>comoosdemais”. STJ. 3ª</p><p>Seção. HC 769.783-RJ, Rel.</p><p>Min. Laurita Vaz, julgado</p><p>em 10/5/2023 (Info 775).</p><p>Nesse sentido, o STJ</p><p>elucidou que embora</p><p>válido o reconhecimento</p><p>positivo que respeite as</p><p>exigências legais, não tem</p><p>força probante absoluta.</p><p>Isto é, não pode induzir,</p><p>177</p><p>por si só, à certeza da</p><p>autoria delitiva.</p><p>viii. Acareação</p><p>● Conceito</p><p>○ É um meio de prova em que se coloca</p><p>pessoa frente a outra, tendo as pessoas</p><p>prestado declarações anteriores em</p><p>que há divergência sobre fato</p><p>relevante.</p><p>● Pressupostos</p><p>○ Declarações anteriores</p><p>▪ Alguém que já tenha tido</p><p>alguma participação probatória</p><p>no processo.</p><p>○ Surgimento de divergências</p><p>▪ Necessidade de um</p><p>descompasso entre a declaração</p><p>de uma pessoa e de outra.</p><p>● Procedimento</p><p>○ Art. 229, parágrafo único do CPP101;</p><p>▪ Serão feitas reperguntas sobre os</p><p>pontos de divergências.</p><p>▪ Das respostas, lavra-se auto</p><p>pormenorizado.</p><p>● Crítica</p><p>○ Pessoa já falou num processo e</p><p>assinou, provavelmente irá reiterar</p><p>suas declarações anteriores.</p><p>101Art. 229 do CPP: A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre</p><p>testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas,</p><p>sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.</p><p>Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados,</p><p>para que expliquem os pontos de</p><p>divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.</p><p>178</p><p>▪ Meio de constrangimento, não</p><p>de produção de provas.</p><p>○ Há reserva em fazer acareação.</p><p>ix. Prova documental</p><p>● Conceito</p><p>○ É meio de prova que busca trazer</p><p>documentos ao processo. Esse</p><p>documento será apresentado às</p><p>partes, que poderão fazer seus</p><p>questionamentos. Por fim, irá interferir</p><p>no convencimento do juiz.</p><p>● Qual a natureza do documento?</p><p>○ Documento é entendido de forma</p><p>ampla, como qualquer meio capaz de</p><p>apreender fisicamente um fato</p><p>relevante.</p><p>▪ Ex: folha de papel com escritos</p><p>sobre pessoa, computador</p><p>também é um documento, um</p><p>vídeo</p><p>○ Art. 232, CPP102.</p><p>● Procedimento</p><p>○ Apresentação;</p><p>▪ Documento precisa ser</p><p>apresentado, a qualquer tempo</p><p>no processo.</p><p>➢ Art. 231, CPP103</p><p>103</p><p>Art. 231 do CPP: Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em</p><p>qualquer fase do processo.</p><p>102Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou</p><p>particulares.</p><p>Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do</p><p>original.</p><p>179</p><p>▪ Exceção - Procedimento do Júri;</p><p>➢ Art. 479, CPP104;</p><p>➢ Prazo mínimo de 3 (três)</p><p>dias para que documento</p><p>seja apresentado, lido ou</p><p>indicado em plenário.</p><p>▪ Tradução de documentos em</p><p>língua estrangeira;</p><p>➢ Necessidade de tradução</p><p>por tradutor público ou, na</p><p>falta deste, pessoa idônea.</p><p>➢ Art. 236 do CPP105;</p><p>○ Depois da apresentação, há o</p><p>contraditório, sendo viabilizada a</p><p>manifestação da parte contrária</p><p>sobre o documento;</p><p>○ Restituição dos documentos;</p><p>▪ Art. 238, CPP106;</p><p>● Carta interceptadas</p><p>o Art. 233. As cartas particulares,</p><p>interceptadas ou obtidas por meios</p><p>criminosos, não serão admitidas em</p><p>juízo. Parágrafo único. As cartas</p><p>106Art. 238 do CPP: Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo</p><p>relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o</p><p>Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos.</p><p>105Art. 236 do CPP: Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata,</p><p>serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela</p><p>autoridade.</p><p>104Art. 479, caput, do CPP: Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a</p><p>exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias</p><p>úteis, dando-se ciência à outra parte.</p><p>Info 711 do STJ: Viola o princípio constitucional da ampla defesa o indeferimento de prova nova sem</p><p>a demonstração de seu caráter manifestamente protelatório ou meramente tumultuário,</p><p>especialmente quando esta teve como causa situação processual superveniente. É possível a</p><p>aplicação ao processo penal, por analogia, do art. 435 do CPC. STJ. 6ª Turma. HC 545097-SP, Rel. Min.</p><p>Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/09/2021 (Info 711)</p><p>180</p><p>poderão ser exibidas em juízo pelo</p><p>respectivo destinatário, para a defesa</p><p>de seu direito, ainda que não haja</p><p>consentimento do signatário.</p><p>o Info 1119 do STF: (1) Sem autorização</p><p>judicial ou fora das hipóteses legais, é</p><p>ilícita a prova obtida mediante</p><p>abertura de carta, telegrama, pacote</p><p>ou meio análogo, salvo se ocorrida em</p><p>estabelecimento penitenciário,</p><p>quando houver fundados indícios da</p><p>prática de atividades ilícitas;</p><p>(2) Em relação a abertura de</p><p>encomenda postada nos Correios, a</p><p>prova obtida somente será lícita</p><p>quando houver fundados indícios da</p><p>prática de atividade ilícita,</p><p>formalizando-se as providências</p><p>adotadas para fins de controle</p><p>administrativo ou judicial.” STF, RE</p><p>1.116.949 ED/PR, relator Ministro Edson</p><p>Fachin, julgamento finalizado em</p><p>30.11.2023 (Info 1119)</p><p>● Carta psicografada</p><p>○ É aquela em que a pessoa traz relatos</p><p>com base em questões espirituais,</p><p>decorrente de uma pessoa já falecida.</p><p>○ Tem validade ou não?</p><p>▪ É praticamente unânime que</p><p>esse tipo de prova não tem</p><p>validade, pela impossibilidade de</p><p>contraditório material e formal</p><p>181</p><p>➢ Como atestar a pessoa?</p><p>Quem foi o médium que</p><p>revelou?</p><p>→ Não há controle.</p><p>○ Prova ilegítima, sem qualquer</p><p>validade, não podendo ingressar nos</p><p>autos;</p><p>○ Na jurisprudência, não há posição dos</p><p>tribunais superiores.</p><p>▪ Houve um julgado monocrático</p><p>do STJ que provia o agravo para</p><p>julgar o REsp, mas houve</p><p>prescrição.</p><p>➢ Não foi analisado pelo STJ.</p><p>x. Indício</p><p>● Conceito</p><p>○ Prova indiciária é meio de prova</p><p>indireto, que por meio deste,</p><p>conhece-se outro fato relevante ao</p><p>processo.</p><p>○ Não gera conhecimento direto a</p><p>respeito do fato, mas indireto;</p><p>▪ Ex: testemunha A viu B correndo</p><p>com objeto na mão saindo da</p><p>propriedade da vítima. Embora</p><p>não se tenha visto a subtração, a</p><p>testemunha é prova indiciária.</p><p>● Divergência sobre o termo</p><p>○ Alguns falam que indício são</p><p>elementos da fase do inquérito.</p><p>● Não se confunde com presunção</p><p>182</p><p>○ Na presunção, dispensa-se a produção</p><p>probatória, por se presumir o fato em</p><p>virtude de uma circunstância, o que</p><p>não ocorre no indício.</p><p>xi. Busca e apreensão</p><p>1. Distinção entre busca e apreensão</p><p>● Busca</p><p>○ É uma diligência com a finalidade</p><p>precípua de encontrar coisas ou</p><p>pessoas107.</p><p>● Apreensão</p><p>○ É uma medida de constrição por meio</p><p>da qual determinado objeto e/ou</p><p>determinada pessoa passarão a ficar</p><p>sob a custódia do Estado.</p><p>2. Objeto</p><p>● O objeto pode ser pessoa ou coisa.</p><p>● Previsão legal:</p><p>○ Art. 240 e seguintes, CPP</p><p>107 * O mandado de busca e apreensão deve apontar, de maneira clara, a pessoa e o local onde a</p><p>diligência ocorrerá, não podendo surpreender terceiros em violação de seus domicílios:</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. LEGITIMIDADE RECURSAL</p><p>DA VÍTIMA. BUSCA E APREENSÃO QUE ATINGE DOMICÍLIO DE TERCEIRO. VIOLAÇÃO AO ART. 243</p><p>DO CPP. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 182/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO.</p><p>1. A agravante é a autora da medida cautelar preparatória de busca e apreensão e, ainda, figura na</p><p>posição de possível vítima na ação penal que deu origem ao presente recurso ordinário, o que lhe</p><p>concede legitimidade recursal para apresentar o agravo, na forma dos arts. 268 e seguintes do CPP</p><p>em conjunção com o art. 996 do CPC.</p><p>2. Em se tratando de diligência que tangencia direitos e garantias fundamentais do acusado (art. 5º,</p><p>X a XIII da CRFB/88), o legislador processual penal houve por bem estabelecer, de maneira</p><p>minuciosa, os elementos materiais e formais contidos no mandado que instrumentaliza a diligência</p><p>de busca e apreensão.</p><p>3. Se é cediço que é inviável ao magistrado, na elaboração do mandado, especificar todos os</p><p>documentos e objetos a serem apreendidos, não é menos inequívoco que o instrumento que</p><p>municia a diligência deve apontar, de maneira clara, a pessoa e o local onde a mesma ocorrerá, não</p><p>podendo surpreender terceiros em violação de seus domicílios "lato".</p><p>4. A hipótese atrai a incidência da Súmula nº 182/STJ, que considera inviável o conhecimento do</p><p>agravo regimental que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada. No</p><p>caso em apreço, não foram apresentados fatos novos ou elementos aptos a desconstituir a decisão</p><p>impugnada, o que inviabiliza o conhecimento da insurgência.</p><p>5. Agravo regimental não conhecido.</p><p>(AgRg no RMS n. 69.385/SP, relatora Ministra Daniela Teixeira, Quinta Turma, julgado em 7/5/2024,</p><p>DJe de 10/5/2024.)</p><p>183</p><p>● Não é meio de provas, mas é diligência que</p><p>busca apreender meios de prova para</p><p>produção probatória futura.</p><p>3. Espécies de busca</p><p>● Pessoal108</p><p>○ Previsão: art. 244, §2º do CPP.</p><p>○ Conceito: busca realizada na pessoa,</p><p>veículo, objeto pessoal.</p><p>○ Hipóteses de busca pessoal sem</p><p>mandado judicial:</p><p>No caso de prisão (ex.: prisão em</p><p>flagrante);</p><p>Quando a medida for</p><p>determinada no curso de busca</p><p>domiciliar; ou</p><p>Quando houver fundada</p><p>suspeita (justa causa) de que a</p><p>pessoa esteja na posse de arma</p><p>proibida ou de objetos ou papéis</p><p>que constituam corpo de</p><p>delito109.</p><p>109 A mera alegação genérica de “atitude suspeita” é insuficiente para a licitude da busca pessoal.</p><p>STJ. 6ª Turma.</p><p>RHC 158.580-BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/04/2022 (Info 735).</p><p>Veja como o tema já foi cobrado em prova: (2023- CEBRASPE- JUIZ TJDFT)- Para realização de busca</p><p>exclusivamente pessoal, exige-se, além da fundada suspeita, que a medida se vincule à busca de arma ou de</p><p>objetos ou papéis que constituam corpo de delito, não havendo autorização no CPP para a realização de buscas</p><p>pessoais meramente exploratórias ou com finalidade preventiva. (certo)</p><p>* A tentativa de se esquivar da guarnição policial evidencia a fundada suspeita de que o agente ocultava consigo</p><p>objetos ilícitos, na forma do art. 240, § 2º, do CPP, o que justifica que os policiais façam a busca pessoal no</p><p>suspeito, em via pública (HC n. 889.618/MG, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em</p><p>23/4/2024, DJe de 26/4/2024.)</p><p>INFO 823: Embora não usar capacete seja praxe no local da abordagem, não se pode extrair do uso do</p><p>equipamento, exclusivamente, a existência de fundada suspeita para justificar busca pessoal. STJ, 10/6/2024.</p><p>INFO 818: Fugir correndo repentinamente ao avistar uma guarnição policial configura fundada suspeita a</p><p>autorizar busca pessoal em via pública, mas a prova desse motivo, cujo ônus é do Estado, por ser usualmente</p><p>108 Vulgarmente conhecida como “dura”, “geral”, “revista”, “enquadro”, “baculejo”.</p><p>184</p><p>○ A violação das condições legais do § 2º</p><p>do art. 244 resulta na ilicitude das</p><p>provas obtidas, sem prejuízo de</p><p>eventual responsabilização penal dos</p><p>agentes públicos que tenham</p><p>realizado a diligência.</p><p>▪ O art. 244 do CPP não</p><p>autoriza buscas pessoais</p><p>praticadas como “rotina”</p><p>ou “praxe” de policiamento</p><p>ostensivo, com finalidade</p><p>preventiva, mas apenas</p><p>buscas pessoais com</p><p>finalidade probatória e</p><p>motivação correlata.</p><p>▪ É vedado a busca pessoal</p><p>realizada com base</p><p>unicamente em:</p><p>Informações de</p><p>fonte não</p><p>identificada (ex.:</p><p>denúncia anônima);</p><p>ou</p><p>Intuições e</p><p>impressões</p><p>subjetivas,</p><p>intangíveis, apoiadas</p><p>amparada apenas na palavra dos policiais, deve ser submetida a especial escrutínio, o que implica rechaçar</p><p>narrativas inverossímeis, incoerentes ou infirmadas por outros elementos dos autos.. STJ. 18/4/2024 (Info 818).</p><p>185</p><p>exclusivamente no</p><p>tirocínio</p><p>(experiência) policial.</p><p>▪ Não é possível a busca</p><p>pessoal com base em</p><p>suspeita subjetiva de</p><p>considerar que a pessoa:</p><p>Apresentou uma</p><p>atitude ou aparência</p><p>suspeita; ou</p><p>Teve uma reação ou</p><p>expressão corporal</p><p>tida como</p><p>“nervosa”110.</p><p>▪ O fato de haverem sido</p><p>encontrados objetos</p><p>ilícitos após a revista não</p><p>convalida a ilegalidade</p><p>prévia.</p><p>o Por que se deve ter todo esse</p><p>cuidado para a realização de busca</p><p>pessoal?</p><p>▪ Evitar o uso excessivo</p><p>desse expediente e a</p><p>consequente restrição dos</p><p>direitos fundamentais à</p><p>110 A percepção de nervosismo do averiguado por parte de agentes públicos é dotada de excesso de</p><p>subjetivismo e, por isso, não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca</p><p>pessoal.</p><p>186</p><p>intimidade, privacidade,</p><p>liberdade (art. 5º, caput, e X</p><p>da CF);</p><p>▪ Garantir a sindicabilidade</p><p>da abordagem, podendo</p><p>ter sua validade controlada</p><p>pelo Judiciário;</p><p>▪ Evitar a repetição de</p><p>práticas que reproduzem</p><p>preconceitos arraigados na</p><p>sociedade, a exemplo de</p><p>perfilamento racial.</p><p>● Domiciliar</p><p>○ Será toda busca que tiver que ser</p><p>realizada em uma casa.</p><p>▪ É necessária a autorização</p><p>judicial, cláusula de reserva de</p><p>jurisdição, pela garantia da</p><p>inviolabilidade domiciliar</p><p>prevista no art. 5º, XI, CF111.</p><p>111XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do</p><p>morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,</p><p>por determinação judicial;</p><p>ENTENDENDO O INCISO XI:</p><p>Só se pode entrar na casa de alguém sem o consentimento do morador nas seguintes hipóteses:</p><p>Durante o DIA</p><p>• Em caso de flagrante delito;</p><p>• Em caso de desastre;</p><p>• Para prestar socorro;</p><p>• Para cumprir determinação judicial (ex: busca e apreensão; cumprimento de prisão preventiva).</p><p>Durante a NOITE</p><p>• Em caso de flagrante delito;</p><p>• Em caso de desastre;</p><p>• Para prestar socorro</p><p>ATENÇÃO! Não se pode invadir a casa de alguém durante anoite para cumprir ordem judicial.</p><p>187</p><p>➢ Ressalvas no referido</p><p>artigo.</p><p>➢ Não se pode invadir a casa</p><p>de alguém durante a noite</p><p>para cumprir ordem</p><p>judicial.</p><p>➢ A determinação judicial</p><p>deve ser cumprida durante</p><p>o dia.</p><p>➢ Não há exigência de que o</p><p>mandado de busca</p><p>esmiúce quais objetos</p><p>devam ser arrecadados112.</p><p>112 São lícitas as provas obtidas com a apreensão de bens não discriminados expressamente em</p><p>mandado ou na decisão judicial correspondente, mas vinculados ao objeto da investigação. STJ. 5ª</p><p>Turma. AgRg no HC727.709/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2022 (Info</p><p>750).</p><p>188</p><p>▪ Causa Provável Para o Ingresso</p><p>em Domicílio:</p><p>▪ Flagrante Delito;</p><p>➢ Havendo flagrante delito, é</p><p>possível ingressar na casa</p><p>mesmo sem</p><p>consentimento do</p><p>morador, seja de dia ou de</p><p>noite.</p><p>➢ Qual flagrante é necessário</p><p>para o ingresso em</p><p>domicílio?</p><p>→ As espécies de</p><p>flagrante estão</p><p>previstas no art. 302,</p><p>CPP. Alguns</p><p>189</p><p>doutrinadores dizem</p><p>que só o flagrante</p><p>próprio (incisos I e II)</p><p>autoriza o ingresso</p><p>em domicílio.</p><p>Entretanto, essa não</p><p>parece ser a melhor</p><p>posição.</p><p>→ Renato Brasileiro:</p><p>qualquer flagrante</p><p>justifica o ingresso</p><p>em domicílio.</p><p>➢ Julgados recentes, os</p><p>tribunais estão se referindo</p><p>muito ao que se chama de</p><p>“causa provável”. À</p><p>semelhança do que ocorre</p><p>na busca pessoal, é</p><p>necessário que haja</p><p>fundada suspeita da</p><p>ocorrência de flagrante</p><p>delito em uma casa.</p><p>→ Caso não haja causa</p><p>provável, eventual</p><p>prova ali obtida será</p><p>considerada ilícita.</p><p>O STF possui uma tese</p><p>fixada sobre o tema:</p><p>→ “A entrada forçada</p><p>em domicílio sem</p><p>190</p><p>mandado judicial só</p><p>é lícita, mesmo em</p><p>período noturno,</p><p>quando amparada</p><p>em fundadas razões,</p><p>devidamente</p><p>justificadas “a</p><p>posteriori”, que</p><p>indiquem que</p><p>dentro da casa</p><p>ocorre situação de</p><p>flagrante delito, sob</p><p>pena de</p><p>responsabilidade</p><p>disciplinar, civil e</p><p>penal do agente ou</p><p>da autoridade, e de</p><p>nulidade dos atos</p><p>praticados”. STF.</p><p>Plenário. RE</p><p>603616/RO, Rel. Min.</p><p>Gilmar Mendes,</p><p>julgado em 4 e</p><p>5/11/2015</p><p>(repercussão geral–</p><p>Tema 280) (Info 806).</p><p>→ Assim, para</p><p>legitimar-se o</p><p>ingresso em</p><p>domicílio alheio, é</p><p>necessário ter a</p><p>191</p><p>autoridade policial</p><p>fundadas razões</p><p>para acreditar, com</p><p>lastro em</p><p>circunstâncias</p><p>objetivas, no atual ou</p><p>iminente</p><p>cometimento de</p><p>crime no local onde</p><p>a diligência vai ser</p><p>cumprida.</p><p>→ Todavia, não é</p><p>necessário certeza</p><p>quanto à prática</p><p>delitiva para se</p><p>admitir a entrada</p><p>bastando em</p><p>domicílio, que seja</p><p>demonstrada justa</p><p>causa para a medida,</p><p>ante a existência de</p><p>elementos concretos</p><p>que apontem para</p><p>situação de</p><p>flagrância.</p><p>Inclusive, há</p><p>jurisprudência que</p><p>autoriza o ingresso de</p><p>policiais em endereço</p><p>diverso daquele contido</p><p>192</p><p>na ordem judicial,</p><p>quando da ocorrência de</p><p>crime permanente e da</p><p>existência de situação de</p><p>flagrância113.</p><p>▪ ATENÇÃO! Também há</p><p>julgados em que, diante do</p><p>caso concreto, considerou-se</p><p>ilícita a busca domiciliar,</p><p>vejamos:</p><p>“A mera sinalização do</p><p>cão de faro, seguida de</p><p>abordagem a suposto</p><p>usuário saindo do local,</p><p>desacompanhada de</p><p>qualquer outra</p><p>diligência investigativa</p><p>ou outro elemento</p><p>concreto indicando a</p><p>necessidade de</p><p>imediata ação policial,</p><p>não justifica a dispensa</p><p>do mandado judicial</p><p>para o ingresso em</p><p>domicílio”. STJ. 6ª</p><p>Turma.AgRg no HC</p><p>729.836-MS, Rel. Min.</p><p>113 A ocorrência de crime permanente e a existência de situação de flagrância apta a mitigar a</p><p>garantia constitucional da inviolabilidade de domicílio justificam o ingresso dos policiais em</p><p>endereço diverso daquele contido na ordem judicial. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC768.624-SP, Rel. Min.</p><p>Ribeiro Dantas, julgado em 6/3/2023 (Info 767).</p><p>193</p><p>Laurita Vaz, julgado em</p><p>27/4/2023 (Info 774).</p><p>→ Em outras</p><p>palavras, o</p><p>simples fato de o</p><p>cão farejador ter</p><p>sinalizado que</p><p>haveria drogas na</p><p>residência não é</p><p>suficiente para se</p><p>autorizar</p><p>o</p><p>ingresso na casa</p><p>do suspeito.</p><p>“A confissão do réu, por</p><p>si só, não autoriza a</p><p>entrada dos policiais em</p><p>seu domicílio, sendo</p><p>necessário que a</p><p>permissão conferida de</p><p>forma livre e voluntária</p><p>pelo morador seja</p><p>registrada pela</p><p>autoridade policial por</p><p>escrito ou em áudio e</p><p>vídeo”. STJ. 5ª Turma.</p><p>AgRg no AREsp</p><p>2.223.319-MS, Rel. Min.</p><p>Messod Azulay Neto,</p><p>194</p><p>julgado em 9/5/2023</p><p>(Info 778)114.</p><p>“A expedição de</p><p>mandado de busca e</p><p>apreensão de menor</p><p>não autoriza o ingresso</p><p>no domicílio e a</p><p>realização de varredura</p><p>no local”. STJ. 6ª Turma.</p><p>AgRg no REsp</p><p>2.009.839-MG, Rel. Min.</p><p>Antonio Saldanha</p><p>114 Esse entendimento não é novidade, o STJ possui PRECEDENTES nesse sentido, vejamos:</p><p>“Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de standard probatório para</p><p>ingresso no domicílio do suspeito sem mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa</p><p>causa), aferidas de modo objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da</p><p>casa ocorre situação de flagrante delito. [ .]</p><p>O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e</p><p>apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de</p><p>constrangimento ou coação.</p><p>A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do</p><p>suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela</p><p>pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato.</p><p>Em todo caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada tal prova enquanto durar</p><p>o processo.</p><p>A violação a essas regras e condições legais e constitucionais para o ingresso no domicílio alheio</p><p>resulta na ilicitude das provas obtidas em decorrência da medida, bem como das demais provas</p><p>que dela decorrerem em relação de causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal</p><p>do(s) agente(s) público(s) que tenha(m) realizado a diligência”.</p><p>STJ. 5ª Turma. HC 616584/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 30/03/2021.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 598051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 02/03/2021 (Info 687).</p><p>NESSE MESMO SENTIDO:</p><p>“[...]A alegação de que a entrada dos policiais teria sido autorizada pelo agente não merece</p><p>acolhimento. Isso porque não há outro elemento probatório no mesmo sentido, salvo o depoimento</p><p>dos policiais que realizaram o flagrante, tendo tal autorização sido negada em juízo pelo réu.</p><p>Segundo entende o STJ, é do estado acusador o ônus de comprovar que houve consentimento</p><p>válido do morador para que os policiais entrem na casa. Assim, o estado acusador é quem deve</p><p>provar que o morador autorizou a entrada, não sendo suficiente a mera palavra dos policiais.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 695980-GO, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 22/03/2022 (Info 730).</p><p>195</p><p>Palheiro, julgado em</p><p>9/5/2023 (Info 776).</p><p>“Havendo controvérsia</p><p>entre as declarações</p><p>dos policiais e do f</p><p>lagranteado, e</p><p>inexistindo a</p><p>comprovação de que a</p><p>autorização do morador</p><p>foi livre e sem vício de</p><p>consentimento,</p><p>impõe-se o</p><p>reconhecimento da</p><p>ilegalidade da busca</p><p>domiciliar”. STJ. 5ª</p><p>Turma. AgRg no HC</p><p>766.654-SP, Rel. Ministro</p><p>Reynaldo Soares da</p><p>Fonseca, julgado em</p><p>13/09/2022 (Info 759).</p><p>“A mera denúncia</p><p>anônima,</p><p>desacompanhada de</p><p>outros elementos</p><p>preliminares indicativos</p><p>de crime, não legitima o</p><p>ingresso de policiais no</p><p>domicílio”. STJ. 5ª</p><p>Turma. AgRg no AREsp</p><p>2.004.877-MG, Rel. Min.</p><p>196</p><p>Ribeiro Dantas, julgado</p><p>em 16/8/2022 (Info</p><p>Especial 10).</p><p>→ Por outro lado, a</p><p>denúncia</p><p>anônima</p><p>acompanhada</p><p>das diligências</p><p>para a</p><p>constatação da</p><p>veracidade das</p><p>informações</p><p>prévias pode</p><p>legitimar o</p><p>ingresso 152 dos</p><p>policiais na</p><p>residência do</p><p>investigado115.</p><p>xii. Autópsia Psicológica</p><p>1. Natureza Jurídica</p><p>● Prova atípica</p><p>o Não vigora no campo penal um</p><p>sistema rígido de taxatividade dos</p><p>meios de prova, sendo admitida a</p><p>produção de provas não</p><p>disciplinadas em lei.</p><p>115 A denúncia anônima acerca da ocorrência de tráfico de drogas acompanhada das diligências para</p><p>a constatação da veracidade das informações prévias pode caracterizar as fundadas razões para o</p><p>ingresso dos policiais na residência do investigado. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl noRHC143.066-RJ,</p><p>Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 19/04/2022 (Info 734)</p><p>197</p><p>o Para fundamentar a ausência de</p><p>taxatividade das provas nominadas</p><p>no CPP, utiliza-se, por analogia-</p><p>como autoriza o art. 3º116 do CPP-, o</p><p>art. 369117 do Código de Processo</p><p>Civil</p><p>2. Conceito</p><p>● Exame retrospectivo que busca</p><p>compreender os aspectos psicológicos</p><p>envolvidos emmortes não esclarecidas118.</p><p>3. Procedimento</p><p>● Entrevistas com pessoas que conheciam e</p><p>conviviam com o falecido, como cônjuge,</p><p>parentes, amigos, empregados, profissionais</p><p>que o acompanharam, entre outros; e</p><p>● Coleta e análise de documentos relevantes,</p><p>como prontuários, registros clínicos, diários</p><p>pessoais, nota de suicídio, se houver.</p><p>4. Considerações</p><p>● Raras vezes utilizadas na práxis forense.</p><p>● Não padronizada pela comunidade científica</p><p>e erigida em aspectos subjetivos.</p><p>118</p><p>A autópsia psicológica visa reconstruir a vida psicológica de um indivíduo, analisando o seu estilo</p><p>de vida, a personalidade, a saúde mental, os pensamentos, os sentimentos e os comportamentos</p><p>precedentes à morte, a fim de alcançar um maior entendimento sobre as circunstâncias que</p><p>contribuíram para o fato. Além disso, a autópsia psicológica pode auxiliar no esclarecimento do</p><p>modo da morte, que pode ser natural, acidental, por suicídio ou homicídio (MIRANDA, Tatiane</p><p>Gouveia de. Autópsia psicológica: compreendendo casos de suicídio e o impacto da perda.</p><p>Dissertação (mestrado), Universidade de Brasília. Brasília, 2014. Disponível em:</p><p>https://repositorio.unb.br/bitstream /10482/16392/1/2014_ TatianeGouveiaMiranda.pdf)</p><p>117 Art. 369 do CPC. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os</p><p>moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos</p><p>em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.</p><p>116 Art. 3º do CPP. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem</p><p>como o suplemento dos princípios gerais de direito.</p><p>198</p><p>● Necessidade de critérios de verificabilidade,</p><p>com o intuito de se evitar o cometimento de</p><p>injustiças epistêmicas.</p><p>● O STJ considera que a prova psicológica não</p><p>é prova ilícita, mas deve ser analisada com</p><p>cautela, vejamos:</p><p>o “A ‘autópsia psicológica’ constitui prova</p><p>atípica admissível no processo penal,</p><p>cabendo ao magistrado controlar a sua</p><p>utilização no caso concreto”. STJ. 6ª</p><p>Turma. HC 740.431-DF, Rel. Min.</p><p>Rogerio Schietti Cruz, julgado em</p><p>13/9/2022 (Info Especial 10).</p><p>(Im)possibilidade de expedição de mandados de busca genéricos</p><p>1ª Corrente: afirma que é possível a expedição de mandados de busca</p><p>genéricos quando não é possível determinar especificamente o local da</p><p>busca.</p><p>2ª Corrente: afirma que não é possível a expedição de mandados de busca</p><p>genéricos. ➢ O CPP é bastante claro quanto à matéria, como se extrai do</p><p>art. 243 que dispõe que o mandado judicial deve: I – indicar, o mais</p><p>precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome</p><p>do respectivo proprietário ou morador; II – mencionar o motivo e os fins da</p><p>diligência; III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o</p><p>fizer expedir.</p><p>No mesmo sentido, destaca-se fishing expedition, definida pela doutrina</p><p>como a: “Apropriação de meios legais para, sem objetivo traçado, 'pescar'</p><p>qualquer espécie de evidência, tendo ou não relação com o caso concreto.</p><p>Trata-se de uma investigação especulativa e indiscriminada, sem objetivo</p><p>certo ou declarado, que, de forma ampla e genérica, 'lança' suas redes com</p><p>a esperança de 'pescar' qualquer prova, para subsidiar uma futura</p><p>acusação ou para tentar justificar uma ação já iniciada.”</p><p>199</p><p>200</p><p>do</p><p>CPP.</p><p>III - tiver funcionado como juiz</p><p>de outra instância,</p><p>pronunciando-se, de fato ou de</p><p>direito, sobre a questão;</p><p>❖ Ato de caráter decisório.</p><p>❖ Juízo de admissibilidade</p><p>de recursos: não é causa</p><p>de impedimento.</p><p>❖ Processo administrativo e</p><p>processo criminal.</p><p>➢ A jurisprudência</p><p>diverge e tem</p><p>posicionamento em</p><p>ambos os sentidos.</p><p>16</p><p>➢ Renato Brasileiro</p><p>entende que outra</p><p>instância se refere</p><p>apenas no mesmo</p><p>âmbito, isto é,</p><p>criminal.</p><p>❖ O juiz pode julgar mais de</p><p>uma vez, o mesmo</p><p>acusado?</p><p>➢ Sim, desde que se</p><p>trate de processos</p><p>diversos.</p><p>IV - ele próprio ou seu cônjuge</p><p>ou parente, consanguíneo ou</p><p>afim em linha reta ou colateral</p><p>até o terceiro grau, inclusive, for</p><p>parte ou diretamente</p><p>interessado no feito.</p><p>➢ Trata-se de um rol taxativo;</p><p>➢ Renato Brasileiro: entende</p><p>que deveria ser aplicado,</p><p>também, o art. 144 do</p><p>Código de Processo Civil.</p><p>○ Circunstâncias objetivas</p><p>▪ Fatos internos ao processo;</p><p>▪ Geram a incapacidade objetiva</p><p>do juiz para o julgamento da</p><p>demanda;</p><p>▪ Independente de seu ânimo</p><p>subjetivo;</p><p>○ Consequências da atuação de um juiz</p><p>impedido</p><p>17</p><p>▪ 1ª Corrente: causa de nulidade</p><p>absoluta;</p><p>➢ Analogia do art. 564, I, do</p><p>CPP.</p><p>→ Adotado pelo STF e</p><p>STJ.</p><p>↠ STF, 2ª Turma,</p><p>HC 136.015/MG,</p><p>Rel. Min.</p><p>Ricardo</p><p>Lewandowski,</p><p>j. 14/05/2019.</p><p>▪ 2ª Corrente: ato inexistente.</p><p>➢ Não estará sujeito ao</p><p>saneamento.</p><p>● Suspeição</p><p>○ Art. 96 do CPP; “A argüição de</p><p>suspeição precederá a qualquer outra,</p><p>salvo quando fundada em motivo</p><p>superveniente”.</p><p>○ Natureza dilatória, por não colocar fim</p><p>ao processo;</p><p>▪ Não é obrigado a suscitar nos</p><p>autos, mas deve ser informado,</p><p>de forma sigilosa, para a</p><p>corregedoria do tribunal.</p><p>○ Objetiva atacar a parcialidade do juiz</p><p>▪ Um dos requisitos para juiz ser</p><p>adequado, atendendo aos</p><p>reclames do juiz natural, é que</p><p>seja imparcial;</p><p>18</p><p>▪ Imparcialidade é reservar</p><p>equidistância entre as partes,</p><p>sem favorecer nenhuma delas</p><p>▪ Fundamental no sistema</p><p>acusatório.</p><p>▪ Quando juiz atua de maneira</p><p>parcial, a sanção que lei traz é a</p><p>suspeição;</p><p>▪ Objetivo da exceção é para</p><p>quando parte identificar alguma</p><p>situação que indica falta de</p><p>imparcialidade do juiz.</p><p>○ É manejada por petição</p><p>fundamentada, necessariamente por</p><p>escrito, que indique as provas que a</p><p>parte pretende produzir para ratificar a</p><p>suspeição do juiz</p><p>▪ Não basta alegar, mas provar;</p><p>▪ Matéria que pode ser alegada</p><p>em sede de Habeas Corpus,</p><p>desde que não demande dilação</p><p>probatória.</p><p>➢ STF, HC 164.493/PR, Re.</p><p>Min. Gilmar Mendes, j.</p><p>23/03/2021.</p><p>➢ A forma correta seria por</p><p>meio de exceção.</p><p>○ Quanto ao tempo, a exceção de</p><p>suspeição precede todas as outras</p><p>▪ Ex: advogado quer apontar 3</p><p>exceções. Suspeição é antes de</p><p>todas</p><p>19</p><p>▪ Se é parcial, juiz não tem</p><p>capacidade de avaliar as outras</p><p>○ Quem tem legitimidade para arguir a</p><p>suspeição?</p><p>▪ Qualquer das partes.</p><p>➢ MP, querelante, réu;</p><p>▪ CUIDADO! Assistente de</p><p>acusação (ofendido ou</p><p>representante legal) não tem</p><p>legitimidade para tanto;</p><p>➢ Nos crimes de iniciativa</p><p>pública, o ofendido ou</p><p>representante legal que</p><p>pleiteia no prazo correto</p><p>seu ingresso no processo</p><p>como assistente de</p><p>acusação</p><p>→ Legitimidade restrita</p><p>às hipóteses do art.</p><p>271, CPP5.</p><p>→ STJ decidiu que o rol</p><p>do artigo é taxativo,</p><p>diversas vezes</p><p>→ “Aditar o libelo” não</p><p>existe mais.</p><p>○ Juiz, de ofício, pode arguir sua</p><p>suspeição, justificando</p><p>▪ Remete o caso ao substituto</p><p>legal.</p><p>5Art. 271 do CPP: Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às</p><p>testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos</p><p>interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598.</p><p>20</p><p>▪ Art. 97, do CPP6.</p><p>○ Produz nulidade absoluta</p><p>▪ Art. 564, I, do CPP.</p><p>➢ Ab initio.</p><p>➢ Renovar tanto os atos</p><p>decisórios, quanto os</p><p>probatórios.</p><p>➢ Art. 101, do CPP.</p><p>▪ Caso Lula.</p><p>➢ STF, 2ª Turma, HC</p><p>164.493/PR, Rel. Min.</p><p>Gilmar Mendes, j.</p><p>23/03/2021.</p><p>○ Circunstâncias subjetivas</p><p>▪ Fatos externos ao processo.</p><p>▪ Incapacidade subjetiva do</p><p>magistrado.</p><p>○ Causas de suspeição - art. 254, do CPP.</p><p>▪ Se for amigo íntimo, ou inimigo</p><p>capital de qualquer deles;</p><p>➢ E se referir ao advogado da</p><p>parte, também se aplica</p><p>causa de suspeição.</p><p>▪ Se ele, seu cônjuge, ascendente</p><p>ou descendente, estiver</p><p>respondendo a processo por</p><p>fato análogo, sobre cujo caráter</p><p>criminoso haja controvérsia;</p><p>6</p><p>Art. 97 do CPP: O juiz que espontaneamente afirmar suspeição deverá fazê-lo por escrito,</p><p>declarando o motivo legal, e remeterá imediatamente o processo ao seu substituto, intimadas as</p><p>partes.</p><p>21</p><p>▪ Se ele, seu cônjuge, ou parente,</p><p>consanguíneo, ou afim, até o</p><p>terceiro grau, inclusive, sustentar</p><p>demanda ou responder processo</p><p>que tenha de ser julgado por</p><p>qualquer das partes;</p><p>▪ Se tiver aconselhado qualquer</p><p>das partes;</p><p>▪ Se for credor ou devedor, tutor</p><p>ou curador, de qualquer das</p><p>partes;</p><p>▪ Se for sócio, acionista ou</p><p>administrador de sociedade</p><p>interessada no processo.</p><p>○ Validade dos atos processuais</p><p>praticados anteriormente</p><p>▪ Atos feitos antes da declaração</p><p>de suspeição;</p><p>▪ Lei processual condiciona a</p><p>validade à atitude do juiz após</p><p>haver a arguição de suspeição</p><p>➢ Art. 99, do CPP7</p><p>→ Se proceder dessa</p><p>forma, não há</p><p>qualquer invalidade</p><p>dos atos.</p><p>→ Juiz reconhece a</p><p>suspeição e remete</p><p>ao substituto.</p><p>7Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará juntar aos autos</p><p>a petição do recusante com os documentos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito,</p><p>ordenando a remessa dos autos ao substituto.</p><p>22</p><p>↠ Presume-se a</p><p>validade dos</p><p>atos praticados</p><p>pela atuação</p><p>correta do</p><p>magistrado,</p><p>reconhecendo</p><p>sua suspeição</p><p>➢ Art. 100, 101 do CPP8</p><p>→ Juiz não concorda</p><p>com suspeição,</p><p>mandando autuar</p><p>em apartado;</p><p>→ Prazo de 3 dias para</p><p>o juiz responder,</p><p>posteriormente</p><p>remetendo para o</p><p>tribunal;</p><p>→ Se for julgada</p><p>procedente, atos</p><p>praticados no</p><p>processo principal</p><p>pelo juiz serão nulos</p><p>e juiz será</p><p>condenado nas</p><p>custas do processo;</p><p>8</p><p>Art. 100 do CPP: Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a petição, dará sua</p><p>resposta dentro em três dias, podendo instrui-la e oferecer testemunhas, e, em seguida,</p><p>determinará sejam os autos da exceção remetidos, dentro em vinte e quatro horas, ao juiz ou</p><p>tribunal a quem competir o julgamento.</p><p>Art. 101 do CPP: Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do processo principal,</p><p>pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável; rejeitada, evidenciando-se a malícia do</p><p>excipiente, a este será imposta a multa de duzentos mil-réis a dois contos de réis.</p><p>23</p><p>→ Cabe multa, se</p><p>houver má-fé da</p><p>parte;</p><p>➢ Em ambos os casos, se</p><p>aceita ou põe suas razões,</p><p>os atos anteriores serão</p><p>válidos. Atos posteriores à</p><p>suspeição podem ser</p><p>invalidados</p><p>▪ MP, peritos, delegado de polícia,</p><p>também possuem dever de</p><p>imparcialidade;</p><p>➢ Partes não podem arguir a</p><p>suspeição do delegado,</p><p>em que pese este pode se</p><p>declarar suspeito;</p><p>→ Se houver prejuízo</p><p>manifesto, poderá</p><p>ser discutida</p><p>nulidade no</p><p>processo</p><p>posteriormente.</p><p>→ Art. 107, CPP9.</p><p>vii. Exceção de incompetência do juiz (inciso II, art.</p><p>95)</p><p>● Aplica-se tanto para a incompetência</p><p>absoluta, quanto para a relativa.</p><p>● Natureza dilatória, por não colocar fim ao</p><p>processo.</p><p>● Momento de manifestação no processo:</p><p>9Art. 107 do CPP: Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas</p><p>deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.</p><p>24</p><p>○ Incompetência relativa:</p><p>▪ Primeiro momento em que se</p><p>fala no processo.</p><p>○ Incompetência absoluta:</p><p>▪ Por ter fundamento no interesse</p><p>público, fixado em norma</p><p>constitucional ou federal, pode</p><p>ser suscitada a qualquer</p><p>momento, de ofício pelo juiz,</p><p>inclusive após o trânsito de</p><p>julgado, por revisão criminal;</p><p>▪ Trata-se de violação ao juiz</p><p>natural;</p><p>▪ Ex: violação a norma de</p><p>competência da justiça, eleitoral,</p><p>militar - incompetência absoluta</p><p>● Qual a forma de realização da exceção de</p><p>incompetência?</p><p>○ Pode ser feita verbalmente</p><p>ou por</p><p>escrito, sempre no prazo de</p><p>manifestação de defesa</p><p>▪ Ao ser citado, a defesa tem prazo</p><p>de resposta à acusação.</p><p>Momento de apresentar todos</p><p>os meios de defesa, materiais e</p><p>processuais.</p><p>➢ Incompetência relativa</p><p>deve ser arguida nesse</p><p>momento.</p><p>→ Caso contrário, há</p><p>preclusão, e o juiz</p><p>25</p><p>será considerado</p><p>competente.</p><p>● Prazo é o da manifestação da defesa.</p><p>○ Art. 396-A, do CPP;</p><p>▪ Resposta à acusação.</p><p>● Art. 70, CPP10</p><p>○ Trata do princípio da consumação;</p><p>▪ Competente é o juízo do local da</p><p>consumação, ou, em caso de</p><p>tentativa, do último ato</p><p>executório</p><p>➢ Se MP mover ação em</p><p>outro local, defesa terá</p><p>prazo para arguir aquela</p><p>incompetência no prazo</p><p>de sua defesa. Preclui se</p><p>não fizer.</p><p>● Recursos cabíveis.</p><p>○ Art. 581, II, do CPP.</p><p>▪ É cabível RESE nos casos de</p><p>declaração de ofício.</p><p>○ Art. 581, III, do CPP.</p><p>▪ É cabível RESE nos casos de</p><p>acolhimento da exceção de</p><p>incompetência.</p><p>➢ Exceção: exceção de</p><p>suspeição.</p><p>→ Isto se deve ao fato</p><p>de que tal</p><p>procedimento é</p><p>10Art. 70 do CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a</p><p>infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.</p><p>26</p><p>julgado pelo</p><p>Tribunal, e RESE</p><p>apenas é cabível</p><p>para juiz de 1ª</p><p>instância.</p><p>➢ Julgada improcedente a</p><p>exceção, não cabe RESE</p><p>→ Podendo, por</p><p>exemplo, ser</p><p>impetrado Habeas</p><p>Corpus.</p><p>viii. Exceção de litispendência</p><p>● A ausência de litispendência é um</p><p>pressuposto processual de validade objetivo,</p><p>extrínseco negativo ou impeditivo.</p><p>● Tem natureza peremptória, por ter como</p><p>objetivo extinguir o processo;</p><p>● Litispendência é termo polissêmico,</p><p>podendo significar duas coisas;</p><p>○ Em primeiro lugar, pode significar</p><p>pendência de julgamento de</p><p>determinada ação;</p><p>○ Em segundo lugar, significa vício</p><p>processual, em que há ação</p><p>anteriormente proposta, e é proposta</p><p>outra ação, havendo tríplice</p><p>identidade: partes, causa de pedir e</p><p>pedido.</p><p>▪ A segunda ação proposta tem</p><p>vício chamado litispendência.</p><p>● Ao mover a exceção de litispendência</p><p>27</p><p>○ Quer dizer que já há ação equivalente,</p><p>com tríplice identidade, já proposta.</p><p>▪ Juiz, ao reconhecer, extingue a</p><p>ação, daí ser peremptória</p><p>● Requisitos</p><p>○ Tríplice identidade: mesmas partes,</p><p>causa de pedir e pedido</p><p>▪ Se houver distinção, será ação</p><p>conexa, com continência,</p><p>provavelmente, mas não serão</p><p>equivalentes.</p><p>▪ Ainda que se tenham</p><p>classificações diversas, estando</p><p>presente o mesmo acusado e a</p><p>mesma imputação, estar-se-á</p><p>diante de litispendência.</p><p>● Procedimento é o mesmo das outras</p><p>exceções;</p><p>● Recursos cabíveis</p><p>○ Art. 593, II, do CPP.</p><p>▪ Reconhecimento de ofício da</p><p>litispendência cabe apelação.</p><p>○ Art. 581, III, do CPP.</p><p>▪ RESE: nos casos de acolhimento</p><p>da exceção de incompetência.</p><p>➢ Exceção: exceção de</p><p>suspeição.</p><p>→ Isto se deve ao fato</p><p>de que tal</p><p>procedimento é</p><p>julgado pelo</p><p>Tribunal, e Rese</p><p>28</p><p>apenas é cabível</p><p>para juiz de 1ª</p><p>instância.</p><p>ix. Exceção de ilegitimidade da parte</p><p>● A ilegitimidade é tanto ad causam quanto</p><p>ad processum.</p><p>○ Legitimidade ad causam: agir no</p><p>processo</p><p>▪ Necessidade de que a parte, na</p><p>relação processual, seja a mesma</p><p>da relação de direito material.</p><p>➢ Simples no processo penal,</p><p>MP como titular da ação</p><p>penal e ofendido ou</p><p>representante legal, nos</p><p>casos de ação penal de</p><p>iniciativa privada</p><p>➢ No polo passivo,</p><p>necessariamente réu,</p><p>autor ou partícipe, pelo</p><p>princípio da</p><p>intranscendência das</p><p>penas11.</p><p>● Nessa exceção, o réu argui a falta de</p><p>legitimidade do autor, na maioria dos casos.</p><p>○ Ex: em crime de roubo, ação penal</p><p>pública incondicionada, há</p><p>queixa-crime</p><p>▪ Ilegitimidade da causa.</p><p>11 A imputação de dois crimes de organização criminosa ao agente não revela, por si só, a</p><p>litispendência das ações penais, se não ficar demonstrado o liame entre as condutas praticadas por</p><p>ambas as organizações criminosas. STJ. RHC 158.083-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,</p><p>Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 17/05/2022, DJe 20/05/2022 (info 737)</p><p>29</p><p>● Recurso cabíveis</p><p>○ Art. 581, I, do CPP.</p><p>▪ Uma das causas de rejeição das</p><p>peças acusatórias, conforme art.</p><p>395, II, do CPP, é a ausência das</p><p>condições da ação, dentro delas</p><p>a legitimidade.</p><p>○ Julgada improcedente a exceção, não</p><p>cabe RESE.</p><p>○ Art. 581, III, do CPP.</p><p>▪ RESE- nos casos de acolhimento</p><p>da exceção de incompetência.</p><p>➢ Exceção: exceção de</p><p>suspeição.</p><p>→ Isto se deve ao fato</p><p>de que tal</p><p>procedimento é</p><p>julgado pelo</p><p>Tribunal, e Rese</p><p>apenas é cabível</p><p>para juiz de 1ª</p><p>instância.</p><p>○ Art. 581, XIII, do CPP.</p><p>▪ Anulação do processo, no todo</p><p>ou em parte.</p><p>● Norma consequente que traz sanção a</p><p>respeito da falta de legitimidade é o art. 564,</p><p>II, CPP12</p><p>○ Nulidades são previstas no CPP</p><p>▪ Legislador assim tentou prever</p><p>de forma enunciativa</p><p>12Art. 564, II, do CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: II - por ilegitimidade de parte;</p><p>30</p><p>▪ Uma delas é a ilegitimidade das</p><p>partes</p><p>▪ Fazer remissão do art. 95, IV, CPP</p><p>para art. 564, II, do CPP</p><p>x. Exceção de coisa julgada</p><p>● Conceito:</p><p>○ Coisa julgada é atributo da decisão</p><p>judicial, quando não houver mais</p><p>recurso, ela se torna imutável. É um</p><p>reclame da segurança jurídica, que</p><p>aquela decisão, quando não couber</p><p>mais recursos, se torna indiscutível</p><p>entre as partes., fazendo lei entre estas;</p><p>▪ Necessidade da segurança</p><p>jurídica e previsibilidade das</p><p>relações jurídicas.</p><p>○ Divide-se em coisa julgada formal e</p><p>material.</p><p>▪ Coisa julgada formal: relação</p><p>endoprocessual, isto é, dentro do</p><p>processo.</p><p>▪ Coisa julgada material: relação</p><p>endo e extraprocessual.</p><p>● É exceção peremptória em que se quer</p><p>apontar que já há decisão com coisa julgada</p><p>naquele caso.</p><p>○ Vedação ao bis in idem processual;</p><p>▪ Ninguém pode ser processado</p><p>duas vezes pelo mesmo fato.</p><p>● Momento de manifestação e o prazo para</p><p>tanto é o da defesa;</p><p>● Coisa julgada e coisa soberanamente julgada</p><p>31</p><p>○ A primeira se refere à imutabilidade</p><p>relativa;</p><p>▪ Habeas Corpus e revisão criminal</p><p>podem ser apresentados diante</p><p>de uma sentença absolutória</p><p>imprópria ou condenatória.</p><p>○ A segunda se refere à imutabilidade</p><p>absoluta.</p><p>▪ Sentença absolutória própria.</p><p>➢ Não cabe Habeas Corpus,</p><p>tampouco revisão criminal.</p><p>● Limites da coisa julgada</p><p>○ Art. 8º, item 4, da CADH.</p><p>▪ Mesmo acusado: limite subjetivo;</p><p>▪ Mesmos fatos: limite objetivo.</p><p>➢ Imputação que recai sobre</p><p>a pessoa, pouco</p><p>importando a classificação</p><p>que foi dada.</p><p>➢ Art. 110, §2°, do CPP: “A</p><p>exceção de coisa julgada</p><p>somente poderá ser</p><p>oposta em relação ao fato</p><p>principal, que tiver sido</p><p>objeto da sentença”</p><p>➢ Coisa julgada nos crimes</p><p>continuados.</p><p>→ Por mais que</p><p>pertença a uma</p><p>mesma</p><p>continuidade</p><p>delitiva, em relação a</p><p>32</p><p>qual já houve</p><p>sentença transitada,</p><p>pode se ter um outro</p><p>processo de um fato</p><p>não abarcado por</p><p>esta.</p><p>➢ Coisa julgada nos crimes</p><p>formais.</p><p>→ Exemplo: pessoa</p><p>dirigindo um carro</p><p>mata uma pessoa e</p><p>lesiona outra.</p><p>→ Processo penal se</p><p>deu apenas em</p><p>relação ao</p><p>homicídio, poderia</p><p>então ser instaurado</p><p>um segundo</p><p>processo para julgar</p><p>o outro crime, salvo</p><p>se no primeiro</p><p>processo for</p><p>reconhecida a</p><p>inexistência da</p><p>ação/omissão.</p><p>➢ Coisa julgada e crimes</p><p>permanentes.</p><p>→ Por exemplo, no</p><p>caso de associação</p><p>criminosa.</p><p>→ Possível que se</p><p>tenha uma nova</p><p>33</p><p>imputação, mesmo</p><p>que ele já tenha sido</p><p>condenado.</p><p>● Duplicidade de sentenças condenatórias</p><p>com trânsito em julgado</p><p>○ Correntes:</p><p>▪ 1ª Corrente: deve prevalecer a</p><p>decisão mais favorável:</p><p>➢ STJ, 6ª Turma, HC</p><p>281.101/SP, Rel. Min.</p><p>Sebastião Reis Júnior, j.</p><p>03/10/2017;</p><p>▪ 2ª Corrente: deve prevalecer a</p><p>sentença que transitou em</p><p>julgado primeiro, ainda que mais</p><p>desfavorável.</p><p>➢ STJ, Informativo 64213.</p><p>d. Conflitos de jurisdição</p><p>i. Introdução</p><p>● Previsto nos arts. 113, seguintes, do CPP.</p><p>13Sobre este informativo, destaca-se as observações feitas no Dizer o Direito:</p><p>Diante do duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer a sentença que transitou em julgado</p><p>em primeiro lugar.</p><p>Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo condenado, por</p><p>fatos idênticos, deve prevalecer a condenação que transitou em primeiro lugar.</p><p>STJ. 6ª Turma. RHC 69586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz,</p><p>julgado em 27/11/2018 (Info 642).</p><p>Depois do julgado acima, a Corte Especial do STJ proferiu decisão dizendo que:</p><p>Havendo conflito entre sentenças transitadas em julgado deve valer a coisa julgada formada por</p><p>último, enquanto não invalidada por ação rescisória.</p><p>STJ. Corte Especial. EAREsp 600811/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/12/2019.</p><p>O caso enfrentado pela Corte Especial do STJ não envolvia matéria criminal e a situação foi</p><p>analisada sob a ótica do Direito Processual Civil. Por isso, na minha opinião, não se pode ainda</p><p>afirmar, com certeza, que esse entendimento vale também para sentenças criminais considerando</p><p>que não há ação rescisória no processo penal e não se admite revisão criminal contra o réu.</p><p>34</p><p>● Em que pese legislador tenha tratado como</p><p>conflito de jurisdição, seria melhor a</p><p>nomenclatura de competência</p><p>○ Jurisdição é método de</p><p>heterocomposição de conflitos em que</p><p>terceiro imparcial julga determinado</p><p>fato com substitutividade e</p><p>definitividade;</p><p>▪ Precipuamente dominada pelo</p><p>Estado;</p><p>○ Quando o juiz é empossado, exerce</p><p>toda a jurisdição. O que precisa ter é</p><p>competência;</p><p>▪ Competência é o limite do</p><p>exercício regular e legítimo da</p><p>jurisdição;</p><p>▪ Todo órgão jurisdicional detém</p><p>toda a jurisdição, não toda a</p><p>competência para tratar de</p><p>todos os temas.</p><p>ii. Hipóteses de conflito estão no art. 114, CPP14</p><p>● 1º Caso: conflito positivo</p><p>○ Duas ou mais autoridades</p><p>jurisdicionais se dizem competentes</p><p>para julgar o caso;</p><p>● 2º Caso: conflito negativo</p><p>○ Duas ou mais autoridades</p><p>jurisdicionais se dizem incompetentes</p><p>para julgar o caso;</p><p>● 3º Caso</p><p>14Art 114 do CPP: Haverá conflito de jurisdição: I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se</p><p>considerarem competentes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso; II - quando</p><p>entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.</p><p>35</p><p>○ Duas ou mais autoridades</p><p>jurisdicionais que divergem da solução</p><p>nos casos de reunião ou separação dos</p><p>processos;</p><p>▪ Divergência da reunião ou não</p><p>dos processos</p><p>➢ Ex: recebo informe que</p><p>aquele fato que julgo é</p><p>conexo a outro.</p><p>iii. Legitimidade para suscitar o conflito de</p><p>competência</p><p>● Parte interessada, autor, réu, querelante,</p><p>querelado, MP</p><p>● Próprios órgãos jurisdicionais</p><p>● Quem terá competência para resolver o</p><p>conflito?</p><p>○ O tribunal imediatamente superior a</p><p>ambos os juízes;</p><p>▪ Se são juízes de diferentes</p><p>estados, STJ terá que resolver;</p><p>▪ No mesmo sentido, existindo</p><p>conflito entre juízes estaduais e</p><p>federais, este será solucionado</p><p>pelo STJ.</p><p>● Qual o prazo para suscitar?</p><p>○ Depende da natureza da</p><p>incompetência;</p><p>▪ Incompetência absoluta, tem</p><p>como base o interesse público,</p><p>com isso, pode ser suscitada em</p><p>qualquer momento, inexistindo</p><p>prazo para tanto.</p><p>36</p><p>➢ Pode ser feito a qualquer</p><p>momento, inclusive após o</p><p>trânsito em julgado, por</p><p>meio de revisão criminal.</p><p>▪ Incompetência relativa no prazo</p><p>de defesa, sob pena de</p><p>preclusão.</p><p>➢ Ex: conflito de</p><p>competência territorial.</p><p>Necessidade de arguição</p><p>no momento de defesa.</p><p>e. Restituição das coisas e bens apreendidos</p><p>Ao longo do processo, é comum que bens sejam</p><p>apreendidos.</p><p>Há necessidade de estudo pericial, ou por serem</p><p>produtos, instrumentos do crime</p><p>● O proprietário, o terceiro de boa-fé ou a</p><p>própria vítima, pode surgir no processo e</p><p>pedir a restituição do bem.</p><p>○ O CPP trata dessa questão, sendo que</p><p>a discussão do bem se dá de modo</p><p>incidental.</p><p>▪ Bem apreendido e direito de</p><p>propriedade</p><p>● Qual a regra do art. 118, CPP15?</p><p>○ Regra é que não haverá restituição</p><p>enquanto coisa apreendida interessar</p><p>ao processo</p><p>15Art. 118 do CPP: Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão</p><p>ser restituídas enquanto interessarem ao processo.</p><p>37</p><p>▪ Quando não interessar mais,</p><p>abre-se possibilidade de</p><p>restituição.</p><p>○ Instrumento ou produto de não são</p><p>restituídos</p><p>▪ Deve-se aplicar o art. 91, II, CP16</p><p>➢ Perdimento em favor da</p><p>União, ou dos Estados.</p><p>▪ Mesmo sendo produto, haverá</p><p>restituição quando os bens</p><p>pertencerem ao lesado ou</p><p>terceiro de boa-fé.</p><p>➢ Ex: roubo de celular. Bem</p><p>periciado e avaliado, há</p><p>solicitação de restituição.</p><p>Lesado deve solicitar o</p><p>bem</p><p>➢ Art. 119, CPP17 trata da</p><p>sistemática acima, se</p><p>refere ao art. 74 e 100, CP,</p><p>da parte geral antiga. A</p><p>nova parte geral aborda</p><p>esses temas no art. 91, II,</p><p>CP.</p><p>● Quem tem competência para determinar a</p><p>restituição?</p><p>○ Pode ser decretada pela autoridade</p><p>policial no inquérito se não interessar</p><p>17Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não poderão ser restituídas,</p><p>mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se pertencerem ao lesado ou a</p><p>terceiro de boa-fé.</p><p>16Art. 91, II, do CP: São efeitos da condenação: II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do</p><p>lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo</p><p>fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de</p><p>qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.</p><p>38</p><p>mais ao processo e não haver dúvida</p><p>sobre direito de propriedade.</p><p>▪ Se houver dúvida, apenas o juiz</p><p>poderá decidir sobre a</p><p>restituição</p><p>➢ Pedido ao juiz é autuado</p><p>em apartado, como todas</p><p>as outras;</p><p>➢ MP deve ser ouvido</p><p>previamente;</p><p>➢ Persistindo a dúvida após</p><p>o requerimento</p><p>jurisdicional, o juiz deve</p><p>remeter ao juízo cível, que</p><p>decidirá a respeito do</p><p>direito de propriedade do</p><p>bem.</p><p>f. Medidas assecuratórias</p><p>i. Previsão normativa</p><p>● Arts. 125 a 144, CPP</p><p>ii. Introdução</p><p>● Eficácia do processo penal;</p><p>○ Em regra, objetiva-se a prisão do</p><p>acusado ao final do processo, mas,</p><p>para tanto, é necessária a utilização da</p><p>prisão cautelar para assegurar a</p><p>eficácia. Mas, nem sempre, a prisão é a</p><p>forma de se tornar eficaz o processo</p><p>penal.</p><p>○ As medidas assecuratórias estão para</p><p>os efeitos da condenação, da mesma</p><p>39</p><p>forma que as prisões cautelares estão</p><p>para a prisão definitiva.</p><p>● Conceito</p><p>○ Medidas cautelares de natureza</p><p>patrimonial que visam preservar o</p><p>patrimônio do indivíduo para que</p><p>possa suportar os efeitos da</p><p>condenação.</p><p>iii. Tutela cautelar</p><p>● Não é satisfativa, uma vez que não busca</p><p>satisfazer a parte, mas serve para garantir a</p><p>efetividade do processo.</p><p>● No processo penal, podem recair sobre</p><p>pessoa;</p><p>● As medidas assecuratórias cautelares são de</p><p>natureza patrimonial, recaindo sobre o</p><p>patrimônio do réu ou de pessoa relativa ao</p><p>processo.</p><p>○ Objetivos</p><p>▪ Assegurar a decretação da perda</p><p>de bens provenientes do crimes</p><p>➢ Pena acessória prevista no</p><p>art. 91, II do Código Penal;</p><p>▪ Futura indenização da vítima;</p><p>▪ Reparação do dano;</p><p>▪ Despesas processuais e penas</p><p>pecuniárias;</p><p>○ Jurisdicionalidade</p><p>▪ É o elemento comum em todas</p><p>as medidas assecuratórias.</p><p>40</p><p>▪ Faz-se necessária uma análise a</p><p>respeito daquela cautelar por</p><p>uma autoridade jurisdicional.</p><p>➢ Não pode ser determinado</p><p>por autoridade não</p><p>jurisdicional;</p><p>→ Lei Maria da Penha,</p><p>houve a discussão</p><p>de colocar algumas</p><p>dessas medidas para</p><p>a autoridade policial.</p><p>Não se</p><p>concretizaram</p><p>→ Exceção,</p><p>acautelamento pela</p><p>autoridade policial,</p><p>com ratificação pelo</p><p>magistrado.</p><p>● Medidas cautelares se sustentam em dois</p><p>pressupostos</p><p>○ Fumus boni iuris (fumaça do bom</p><p>direito)</p><p>▪ No processo penal, é</p><p>transformado no fumus comissi</p><p>delicti</p><p>➢ Fumaça do cometimento</p><p>do crime. Trata-se da</p><p>existência de provas, de</p><p>elementos informativos</p><p>que indiquem que de fato</p><p>o crime foi praticado;</p><p>41</p><p>→ Tutela cautelar civil,</p><p>fumus boni iuris é a</p><p>existência de</p><p>elementos que a</p><p>parte tem direito</p><p>alegado;</p><p>→ Existência de</p><p>indícios que o crime</p><p>ocorreu;</p><p>○ Periculum in mora (risco da demora)</p><p>▪ Risco da demora que a decisão</p><p>final pode acarretar para a</p><p>eficácia do processo.</p><p>➢ Não se defere tutela</p><p>cautelar</p><p>sem risco de</p><p>prejuízo.</p><p>○ Contraditório</p><p>▪ Prévio ou diferido?</p><p>➢ 1ª Corrente:</p><p>diferido/postergado.</p><p>→ Entendimento da</p><p>jurisprudência.</p><p>➢ 2ª Corrente: aplica-se o</p><p>mesmo regramento das</p><p>cautelares pessoais.</p><p>→ Art. 282, §3°, do CPP.</p><p>○</p><p>iv. Sequestro</p><p>● Conceito</p><p>○ Medida cautelar de natureza</p><p>patrimonial que tem como objetivo</p><p>garantir o confisco, ou seja, efeito da</p><p>42</p><p>condenação de perdimento do bem,</p><p>de origem ilícita ou instrumento do</p><p>crime;</p><p>○ Competência do juízo penal.</p><p>○ Em favor da União ou Estado membro.</p><p>○ Pode recair sobre bens móveis ou</p><p>imóveis auferidos direta ou</p><p>indiretamente do crime.</p><p>▪ Ex: roubo do celular - sequestro</p><p>do celular roubado. Fraude,</p><p>tendo acesso a valores,</p><p>adquirindo bens - pode ser alvo</p><p>de sequestro.</p><p>▪ No que se refere aos bens</p><p>móveis, desde que não seja</p><p>cabível a apreensão;</p><p>➢ Art. 132 do Código de</p><p>Processo Penal: “</p><p>Proceder-se-á ao</p><p>sequestro dos bens móveis</p><p>se, verificadas as condições</p><p>previstas no art. 126, não</p><p>for cabível a medida</p><p>regulada no Capítulo Xl do</p><p>Título Vll deste Livro”.</p><p>○ Bem de família;</p><p>▪ Aplica-se o regramento do art. 3°,</p><p>VI da Lei n° 8.009/1990.</p><p>○ Perda de bens lícitos pelo equivalente.</p><p>▪ Art. 91, §§ 1º e 2º18 do CP.</p><p>18 § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do</p><p>crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. (Incluído pela Lei</p><p>nº 12.694, de 2012)</p><p>43</p><p>➢ Não só a perda de bens</p><p>ilícitos. Se observar ganho</p><p>de vantagem de prática</p><p>delituosa, mas essa</p><p>vantagem não está</p><p>acessível, pode haver</p><p>perda de bens</p><p>equivalentes lícitos.</p><p>● Legitimidade para suscitar o sequestro19</p><p>○ Juiz pode fazer de ofício (oficialidade);</p><p>○ Requerimento do MP ou ofendido;</p><p>○ Requerimento do delegado;</p><p>● Sequestro, assim como todos os incidentes, é</p><p>autuado em apartado, como forma de se</p><p>evitar o tumulto processual.</p><p>● Momento adequado</p><p>○ Pode ser tanto na fase investigatória,</p><p>quanto na fase processual.</p><p>○ Ação controlada;</p><p>▪ Posterga-se o momento</p><p>adequado.</p><p>▪ Retardamento da intervenção</p><p>policial ou administrativa para</p><p>que aconteça no momento mais</p><p>adequado para a obtenção de</p><p>provas.</p><p>19</p><p>Medida Assecuratória De Ofício Segundo Pacote Anticrime: Quanto à possibilidade de</p><p>decretação do sequestro pelo juiz de ofício, parece-nos que essa possibilidade revela-se</p><p>absolutamente incompatível com toda a sistemática adotada pelo pacote anticrime (CPP, arts. 3º-A,</p><p>282, §§2º e 4º, e 311), seja na fase investigatória, seja na fase processual. Por conta de forçosa</p><p>interpretação sistemática, tais dispositivos também devem ser aplicados às medidas cautelares de</p><p>natureza patrimonial (v.g., sequestro, arresto, etc.).</p><p>§ 2º Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão</p><p>abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de</p><p>perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)</p><p>44</p><p>▪ Recai sobre as cautelares</p><p>pessoais e patrimoniais.</p><p>▪ Art. 4-B, da Lei n° 9.613/1998.</p><p>● Defesa admitidas</p><p>○ Embargos do acusado; embargos de</p><p>terceiros estranhos à infração penal;</p><p>embargos de terceiros de boa-fé.</p><p>○ O próprio juiz que determina a</p><p>constrição é o juízo competente para</p><p>decidir acerca dos Embargos.</p><p>○ Embargos do acusado</p><p>▪ Fundamentação vinculada.</p><p>➢ Art. 130, I, do CPP: “(...) pelo</p><p>acusado, sob o</p><p>fundamento de não terem</p><p>os bens sido adquiridos</p><p>com os proventos da</p><p>infração”.</p><p>→ Na época, o</p><p>sequestro era</p><p>utilizado para o</p><p>confisco clássico.</p><p>Não encontrando</p><p>consonância aos</p><p>demais confiscos.</p><p>→ STJ, 5ª Turma, RMS</p><p>28.627/RJ, Rel. Min.</p><p>Jorge Mussi, DJe</p><p>30/11/2009.</p><p>▪ Comparecimento pessoal do</p><p>acusado</p><p>45</p><p>➢ Art. 4°, §§2° e 3° da Lei n°</p><p>9.613/1998;</p><p>➢ Art. 63-A, da Lei n°</p><p>11.343/2006.</p><p>○ Embargos de terceiro estranho à</p><p>infração legal.</p><p>▪ Art. 129, do CPP: “O sequestro</p><p>autuar-se-á em apartado e</p><p>admitirá embargos de terceiro”.</p><p>➢ Art. 675 e seguintes do</p><p>CPC.</p><p>▪ Devem ser apreciados de</p><p>imediato.</p><p>○ Embargos de terceiro que comprou o</p><p>bem do acusado de boa-fé.</p><p>▪ Mantém uma relação cível com</p><p>o agente.</p><p>▪ A transferência não pode ser</p><p>gratuita.</p><p>➢ Boa-fé, que se constata</p><p>pelo valor da transferência.</p><p>▪ Art. 130, II, do CPP: “(...) pelo</p><p>terceiro, a quem houverem os</p><p>bens sido transferidos a título</p><p>oneroso, sob o fundamento de</p><p>tê-los adquirido de boa-fé”.</p><p>▪ STF, Pleno, AC 1.011 AgR/MG, Rel.</p><p>Min. Joaquim Barbosa, j.</p><p>10/11/2006.</p><p>● Levantamento do sequestro</p><p>○ Se a ação penal não for ajuizada</p><p>promovida dentro de 60 dias da</p><p>46</p><p>realização do sequestro, haverá</p><p>automaticamente o levantamento do</p><p>sequestro, que representa a perda da</p><p>eficácia da medida.</p><p>▪ Art. 131 do Código de Processo</p><p>Penal.</p><p>○ Se o terceiro, a quem tiverem sido</p><p>transferidos os bens, prestar caução</p><p>que assegure a aplicação do disposto</p><p>no art. 74, II, b, segunda parte, do</p><p>Código Penal;</p><p>○ Se for julgada extinta a punibilidade ou</p><p>absolvido o réu, por sentença</p><p>transitada em julgado.</p><p>▪ Tacitamente revogada a última</p><p>parte, visto que eventuais</p><p>recursos a serem interpostos não</p><p>possuem efeitos suspensivos.</p><p>▪ Art. 386, parágrafo único, II,do</p><p>CPP.</p><p>● Condenação com trânsito em julgado</p><p>○ Juiz determinará a avaliação do bem</p><p>em leilão para satisfazer bem correlato</p><p>○ Sequestro é medida assecuratória de</p><p>natureza patrimonial que visa garantir</p><p>o confisco, sob pena de perdimento</p><p>dos bens (art. 91, II, CP)</p><p>▪ Sequestro recai sobre bem de</p><p>natureza ilícita, móveis ou</p><p>imóveis.</p><p>● Destinação final do sequestro</p><p>47</p><p>○ Art. 387, §1°, do CPP: “O juiz decidirá,</p><p>fundamentadamente, sobre a</p><p>manutenção ou, se for o caso, a</p><p>imposição de prisão preventiva ou de</p><p>outra medida cautelar, sem prejuízo do</p><p>conhecimento de apelação que vier a</p><p>ser interposta”;</p><p>○ Art. 133, do CPP: “Transitada em</p><p>julgado a sentença condenatória, o</p><p>juiz, de ofício ou a requerimento do</p><p>interessado ou do Ministério Público,</p><p>determinará a avaliação e a venda dos</p><p>bens em leilão público cujo</p><p>perdimento tenha sido decretado”.</p><p>○ Art. 124-A, do CPP: “Na hipótese de</p><p>decretação de perdimento de obras de</p><p>arte ou de outros bens de relevante</p><p>valor cultural ou artístico, se o crime</p><p>não tiver vítima determinada, poderá</p><p>haver destinação dos bens a museus</p><p>públicos”.</p><p>● Sequestro de bens de pessoas indiciadas por</p><p>crimes que resultaram em prejuízo para a</p><p>Fazenda Pública.</p><p>○ Decreto Lei n° 3240/1941.</p><p>▪ Art. 4°: “O sequestro pode recair</p><p>sobre todos os bens do indiciado,</p><p>e compreender os bens em</p><p>poder de terceiros desde que</p><p>estes os tenham adquirido</p><p>dolosamente, ou com culpa</p><p>grave”.</p><p>48</p><p>➢ STJ, REsp 1.124.658 de 2010;</p><p>➢ STJ, AgRMS 646.068, de</p><p>2020.</p><p>▪ Ainda que de origem lícita.</p><p>v. Especialização e registro da hipoteca legal</p><p>● É uma medida assecuratória de natureza</p><p>patrimonial de direito real.</p><p>○ Hipoteca é um direito real em garantia</p><p>que recai sobre imóvel, obstando os</p><p>direitos de propriedade do titular da</p><p>propriedade;</p><p>▪ Averbado junto ao registro do</p><p>imóvel;</p><p>▪ O objetivo da hipoteca legal é</p><p>assegurar a indenização do</p><p>ofendido pelos danos causados e</p><p>pagamento das despesas legais.</p><p>○ O objeto é sempre bem imóvel, tanto</p><p>no direito civil quanto no processo</p><p>penal.</p><p>● Legitimidade</p><p>○ Ofendido</p><p>○ Representante legal</p><p>○ Herdeiros</p><p>○ Juiz não pode determinar de ofício</p><p>▪ O interesse da hipoteca é</p><p>garantir precipuamente a</p><p>indenização e pagamento de</p><p>despesas;</p><p>▪ No sequestro, contudo, o juiz</p><p>possui interesses, pois o objetivo</p><p>49</p><p>é confisco e perdimento dos</p><p>bens.</p><p>○ OMinistério Público tem legitimidade?</p><p>▪ 1ª Corrente: não possui</p><p>legitimidade.</p><p>➢ Art. 142, do CPP: “Caberá</p><p>ao Ministério Público</p><p>promover as medidas</p><p>estabelecidas nos arts. 134</p><p>e 137, se houver interesse</p><p>da Fazenda Pública, ou se</p><p>o ofendido for pobre e o</p><p>requerer”.</p><p>→ Interesse da Fazenda</p><p>Pública;</p><p>↠ Não é mais</p><p>válido, tendo</p><p>em vista as</p><p>alterações do</p><p>Código Civil,</p><p>no artigo 1.489,</p><p>III. .</p><p>↠ Somado a isso,</p><p>não é função</p><p>do Ministério</p><p>Público fazer a</p><p>representação</p><p>da Fazenda</p><p>Pública,</p><p>conforme</p><p>disposto no</p><p>50</p><p>art. 129, IX, da</p><p>CF.</p><p>→ Ofendido for</p><p>pobre.</p><p>↠ De igual</p><p>modo, é</p><p>previsto no art.</p><p>68, do CPP.</p><p>↠ Desde que não</p><p>haja</p><p>defensoria</p><p>pública,</p><p>tratando-se de</p><p>inconstitucion</p><p>alidade</p><p>progressiva.</p><p>▪ 2ª Corrente: O Ministério Público</p><p>teria legitimidade</p><p>➢ Corrente válida;</p><p>→ Adotada pelos</p><p>Tribunais Superiores,</p><p>como se extrai do</p><p>posicionamento do</p><p>REsp 1.275.834/PR,</p><p>Rel. Min. Cericson</p><p>Maranho -</p><p>Desembargador</p><p>convocado pelo</p><p>TJ/SP, DJe</p><p>25/03/2015.</p><p>● Procedimento</p><p>○ Nome é especialização da hipoteca</p><p>legal</p><p>51</p><p>▪ Estimativa do valor feita pelo juiz</p><p>ou perito nomeado, correndo em</p><p>apartado;</p><p>▪ Ao final, a hipoteca legal é levada</p><p>a registro no Cartório de Registro</p><p>de Imóveis.</p><p>○ Em caso de trânsito em julgado com</p><p>condenação, os autos são transferidos</p><p>para juízo cível para cumprimento da</p><p>condenação com eventual</p><p>expropriação do bem, satisfazendo o</p><p>credor.</p><p>vi. Arresto</p><p>● Também tem objetivo de garantir o direito</p><p>de indenização e eventual pagamento de</p><p>despesas;</p><p>● Se divide em preventivo e subsidiário</p><p>○ Preventivo ou prévio</p><p>▪ É aquele que recai sobre bens</p><p>imóveis e representa etapa</p><p>antecipatória da hipoteca legal;</p><p>➢ Sempre antecipatório;</p><p>➢ É revogado em 15 (quinze)</p><p>dias se não for procedido</p><p>pela inscrição da hipoteca</p><p>legal.</p><p>▪ Art. 136 do Código de Processo</p><p>Penal: “O arresto do imóvel</p><p>poderá ser decretado de início,</p><p>revogando-se, porém, se no</p><p>prazo de 15 (quinze) dias não for</p><p>52</p><p>promovido o processo de</p><p>inscrição da hipoteca legal”.</p><p>○ Subsidiário de bens móveis</p><p>▪ É aquele que recai sobre bens</p><p>móveis, quando o acusado não</p><p>possuir bens imóveis.</p><p>▪ Art. 137 do CPP: “Se o</p><p>responsável não possuir bens</p><p>imóveis ou os possuir de valor</p><p>insuficiente, poderão ser</p><p>arrestados bens móveis</p><p>suscetíveis de penhora, nos</p><p>termos em que é facultada a</p><p>hipoteca legal dos imóveis”.</p><p>● As medidas em geral são cobradas em</p><p>provas de forma conceitual, misturando os</p><p>conceitos.</p><p>vii. Utilização de bens sequestrados, apreendidos</p><p>ou sujeitos a qualquer medida assecuratória</p><p>pelos órgãos de segurança pública.</p><p>● Prevista inicialmente na lei de drogas, sendo</p><p>inseridos no CPP por meio do Pacote</p><p>Anticrime.</p><p>○ Art. 133-A, do CPP: “O juiz poderá</p><p>autorizar, constatado o interesse</p><p>público, a utilização de bem</p><p>sequestrado, apreendido ou sujeito a</p><p>qualquer medida assecuratória pelos</p><p>órgãos de segurança pública previstos</p><p>no art. 144 da Constituição Federal, do</p><p>sistema prisional, do sistema</p><p>socioeducativo, da Força Nacional de</p><p>53</p><p>Segurança Pública e do Instituto Geral</p><p>de Perícia, para o desempenho de suas</p><p>atividades. (Incluído pela Lei nº</p><p>13.964, de 2019)”.</p><p>● Conceito</p><p>○ Espécie de medida cautelar em que</p><p>determinado bem constrito em razão</p><p>de medida cautelar patrimonial ou</p><p>anterior à apreensão é utilizado pelo</p><p>órgão público para atividade de</p><p>repressão e prevenção de atos ilícitos,</p><p>desde que autorizados judicialmente.</p><p>● Bem sequestrado</p><p>○ Pode ser tanto bem móvel, quanto</p><p>bem imóvel.</p><p>▪ Preferencialmente durável.</p><p>● Momento adequado, tanto na fase</p><p>investigatória, quanto na fase processual.</p><p>viii. Alienação antecipada</p><p>● Atende aos interesses de todos, inclusive do</p><p>próprio acusado.</p><p>● Previsão normativa:</p><p>○ Art. 144-A, do CPP: “O juiz determinará</p><p>a alienação antecipada para</p><p>preservação do valor dos bens sempre</p><p>que estiverem sujeitos a qualquer grau</p><p>de deterioração ou depreciação, ou</p><p>quando houver dificuldade para sua</p><p>manutenção”.</p><p>● Momento adequado</p><p>54</p><p>○ Apenas na fase processual, tendo em</p><p>vista ser uma medida de caráter</p><p>definitivo.</p><p>● Bens</p><p>○ Tanto bens móveis quanto imóveis.</p><p>▪ Bens sujeitos a qualquer grau de</p><p>deterioração ou depreciação, ou</p><p>quando haja dificuldade da sua</p><p>manutenção.</p><p>g. Incidente de falsidade</p><p>i. Objetivo</p><p>● Tem como objetivo garantir a avaliação da</p><p>eventual falsidade de documento</p><p>● Previsão normativa:</p><p>○ Art. 145, CPP20;</p><p>○ Processo incidente</p><p>○ Juiz quer avaliar se documento nos</p><p>autos é original ou se há falsidade nele.</p><p>h. Incidente de insanidade mental</p><p>i. Objetivo</p><p>● O objetivo desse incidente é avaliar se o réu,</p><p>ao tempo da conduta, era imputável ou</p><p>inimputável, segundo as normas de direito</p><p>penal21.</p><p>○ Analisa-se não no momento em que se</p><p>instaura o incidente, mas no momento</p><p>21 O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é</p><p>possível determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua realização.</p><p>STF. 2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/9/2016 (Info 838).</p><p>20Art. 145 do CPP: Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz</p><p>observará o seguinte processo: IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará</p><p>desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público.</p><p>55</p><p>da ação ou omissão que ensejou o</p><p>início do processo.</p><p>○ Se for inimputável naquele momento,</p><p>mas imputável no momento da</p><p>conduta, o processo é suspenso até</p><p>que ele recobre suas condições e seja</p><p>possível lhe atribuir eventual sanção.</p><p>▪ Art. 152, CPP22.</p><p>● Se for inimputável no tempo da ação ou</p><p>omissão, o juiz aplicará medida de</p><p>segurança.</p><p>ii. Previsão normativa</p><p>● Art. 149, seguintes, do CPP23</p><p>23Art. 149 do CPP: Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará,</p><p>de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente,</p><p>descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a examemédico-legal.</p><p>REsp n. 1.802.845/RS: 1. O art. 149 do CPP não contempla hipótese de prova legal ou tarifada, mas a</p><p>interpretação sistemática das normais processuais penais que regem a matéria indica que o</p><p>reconhecimento da inimputabilidade ou semi-imputabilidade do réu (art. 26, caput e parágrafo</p><p>único do CP) depende da prévia instauração de incidente de insanidade mental e do respectivo</p><p>exame médico-legal nele previsto, sendo possível, ao Juízo, discordar das conclusões do laudo,</p><p>desde que por meio de decisão devidamente fundamentada. (REsp n. 1.802.845/RS, relator Ministro</p><p>Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 23/6/2020, DJe de 30/6/2020.)</p><p>22Art. 152 do CPP: Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará</p><p>suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do artigo 149. § 1o O juiz poderá, neste</p><p>caso, ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento</p><p>adequado.</p><p>56</p><p>2. Direito probatório</p><p>a. Introdução</p><p>i. Conceito de prova</p><p>● Prova é um termo polissêmico. Não há termo</p><p>prevalente.</p><p>○ Pode significar elemento ou fonte de</p><p>prova;</p><p>▪ Objeto ou pessoa sobre qual</p><p>recai atividade probatória;</p><p>➢ Ex: computador é prova.</p><p>Recairá prova pericial</p><p>sobre ele.</p><p>○ Meio de prova</p><p>▪ Instrumentos, previstos ou não</p><p>no ordenamento jurídico (típicos</p><p>ou atípicos) que garantem o</p><p>desenvolvimento da atividade</p><p>probatória</p><p>➢ Ex: prova testemunhal.</p><p>Pessoa que teve alguma</p><p>experiência sensível com o</p><p>fato é uma fonte de prova;</p><p>a prova testemunhal</p><p>prevista no CPP é meio de</p><p>prova, instrumento</p><p>previsto em lei, típico,</p><p>através do qual as partes</p><p>irão produzir provas e</p><p>garantir interveniência no</p><p>convencimento do</p><p>julgador</p><p>57</p><p>○ Toda atividade probatória de maneira</p><p>geral</p><p>▪ Todos os atos produzidos desde</p><p>o início, colheita, qualificação de</p><p>testemunha, produção, até</p><p>resultado final.</p><p>➢ Conjunto de atividades</p><p>praticadas no âmbito da</p><p>prova em si.</p><p>○ Prova como resultado</p><p>▪ Resultado da atividade, que de</p><p>fato interferirá no julgamento do</p><p>juiz</p><p>➢ Ex: prova pericial, termo</p><p>como prova como</p><p>resultado seria o laudo,</p><p>submetido a contraditório</p><p>das partes, eventualmente</p><p>há impugnações e que juiz</p><p>usará para se convencer</p><p>➢ Seria o fim, lugar que se</p><p>quer chegar com atividade</p><p>● Hoje, o entendimento da doutrina que</p><p>prevalece é aquele quando é utilizado de</p><p>forma técnica, isto é, o termo prova se refere</p><p>ao resultado.</p><p>○ Resultado de toda atividade</p><p>desenvolvida;</p><p>▪ Ex: na sentença, juiz coloca que</p><p>há provas suficientes da conduta</p><p>praticada pelo réu. Juiz aponta</p><p>que resultado de toda aquela</p><p>58</p><p>atividade</p><p>indicam que de fato</p><p>atividade foi praticada</p><p>● Termo “elementos de informação”</p><p>○ Entendido de forma ampla, pode dizer</p><p>respeito a qualquer elemento que</p><p>informe sobre fato passado;</p><p>○ Entendido de forma específica,</p><p>técnica, é aquilo utilizado pela</p><p>convicção, mas que não estrutura a</p><p>prova;</p><p>▪ Para ser prova, é necessário que</p><p>haja devido processo legal com</p><p>contraditório e ampla defesa,</p><p>submetido ao debate entre as</p><p>partes, com capacidade de</p><p>interferir no entendimento do</p><p>juiz;</p><p>▪ Aquilo que é trazido pela parte</p><p>simplesmente é considerado</p><p>como elemento de informação;</p><p>ii. Exceções do art. 155, do CPP24</p><p>● Provas cautelares, irrepetíveis e</p><p>antecipadas</p><p>○ Antecipadas e cautelares;</p><p>▪ Natureza processual;</p><p>▪ Produzidas antecipadamente no</p><p>âmbito da tutela cautelar;</p><p>24Art. 155 do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em</p><p>contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos</p><p>informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e</p><p>antecipadas.</p><p>INFO 719 DO STJ: As qualificadoras de homicídio fundadas exclusivamente em depoimento indireto</p><p>(Hearsay Testimony), violam o art. 155 do CPP, que deve ser aplicado aos veredictos condenatórios</p><p>do Tribunal do Júri. STJ. 5ª Turma. REsp 1.916.733-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/11/2021</p><p>(Info 719).</p><p>59</p><p>➢ Risco de imprestabilidade</p><p>do meio de prova,</p><p>portanto, postula-se ao juiz</p><p>produção cautelar.</p><p>○ Irrepetível</p><p>▪ Meio específico que se esgota e</p><p>não pode ser repetido;</p><p>➢ Ex: exame de corpo de</p><p>delito. “Elemento de</p><p>informação” que ganha</p><p>estatura de prova quando</p><p>é alçado ao processo.</p><p>iii. Direito de prova</p><p>● Consectário do devido processo legal</p><p>○ Um processo só pode ser considerado</p><p>justo e adequado quando a parte</p><p>acusada, atuando como acusador, tem</p><p>à sua disposição a possibilidade de</p><p>produzir provas; possibilidade de</p><p>garantir interferência no</p><p>convencimento do juiz por meio de</p><p>atividade probatória</p><p>iv. Ônus da prova</p><p>● Art. 373, do Código de Processo Civil25;</p><p>○ Cabe ao réu provar os fatos obstativos:</p><p>impeditivos, modificativos ou</p><p>extintivos do direito do autor26;</p><p>26</p><p>Info 711 do STJ: Viola o princípio constitucional da ampla defesa o indeferimento de prova nova sem</p><p>a demonstração de seu caráter manifestamente protelatório ou meramente tumultuário,</p><p>especialmente quando esta teve como causa situação processual superveniente. É possível a</p><p>aplicação ao processo penal, por analogia, do art. 435 do CPC.</p><p>25Art. 373 do CPC: O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;</p><p>II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.</p><p>60</p><p>▪ Ex: se promovo a alegação de</p><p>direito X, cabe a mim prová-lo.</p><p>Caso seja alegado fato obstativo,</p><p>réu deverá provar esse fato.</p><p>● O Código de Processo Penal repete essa</p><p>sistemática no art. 156.27</p><p>○ Legislador penal repete a distribuição</p><p>do processo civil;</p><p>▪ Distribuição equânime a</p><p>respeito do ônus da prova</p><p>● Problema</p><p>○ Em âmbito constitucional e</p><p>convencional (convenções</p><p>internacionais, especialmente CADH),</p><p>há positivação da presunção de</p><p>inocência;</p><p>▪ Pela existência dessa presunção</p><p>relativa de que réu é inocente</p><p>até que se prove o contrário, a</p><p>distribuição equânime do art. 156</p><p>precisa ser relida;</p><p>➢ Posicionamento da</p><p>doutrina:</p><p>→ Todo ônus da</p><p>acusação cabe ao</p><p>acusador (MP ou</p><p>ofendido);</p><p>27</p><p>Art. 156 do CPP: A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de</p><p>ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas</p><p>consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da</p><p>medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de</p><p>diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.</p><p>61</p><p>→ Ao réu, cabe tão</p><p>somente fatos</p><p>obstativos e que</p><p>modifiquem a</p><p>acusação;</p><p>↠ Ex: crime de</p><p>roubo em</p><p>determinado</p><p>dia. Ao</p><p>acusador cabe</p><p>provar todos</p><p>os elementos</p><p>do crime</p><p>(conduta,</p><p>ilicitude etc.).</p><p>Ao réu, cabe</p><p>provar</p><p>eventual fato</p><p>obstativo, álibi.</p><p>➢ Divergência sobre o nível</p><p>de prova que réu deve</p><p>fazer</p><p>→ 1ª Corrente: deve</p><p>provar fatos</p><p>obstativos de forma</p><p>contundente;</p><p>→ 2ª Corrente,</p><p>majoritária: ao réu,</p><p>basta provar o que</p><p>desestabiliza a</p><p>pretensão do</p><p>acusador. Ao réu,</p><p>62</p><p>cabe provar</p><p>superficialmente,</p><p>enquanto autor deve</p><p>provar de forma</p><p>profunda.</p><p>↠ Via de regra,</p><p>não tem as</p><p>mesmas</p><p>condições de</p><p>fazer a prova</p><p>equivalente do</p><p>Estado</p><p>acusador.</p><p>● Iniciativa probatória de ofício do juiz - art. 156,</p><p>incisos, CPP28;</p><p>○ Conferida após reforma de 2008.</p><p>○ Problema do sistema acusatório, que</p><p>separa função de acusar e julgar.</p><p>▪ Toda iniciativa probatória de</p><p>ofício do juiz viola o sistema</p><p>acusatório.</p><p>➢ Ao agir, o juiz se aproxima</p><p>de uma das partes.</p><p>▪ Crítica contundente</p><p>➢ Mesmo antes do inquérito,</p><p>juiz pode agir de forma</p><p>oficiosa.</p><p>28Art. 156 do CPP: A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de</p><p>ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas</p><p>consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da</p><p>medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de</p><p>diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.</p><p>63</p><p>➢ Doutrina favorável ao</p><p>sistema acusatório critica</p><p>fortemente o dispositivo,</p><p>por garantir atuação</p><p>oficiosa e mesmo sem</p><p>pretensão acusatória.</p><p>→ Iniciativa oficiosa do</p><p>juiz foi ratificada pela</p><p>lei 9296/98 (Lei de</p><p>Interceptações</p><p>Telefônicas);</p><p>↠ Art. 3º29.</p><p>Permite</p><p>interceptação</p><p>telefônica de</p><p>ofício;</p><p>▪ Hoje, doutrina e jurisprudência</p><p>indicam que só é considerada</p><p>aceitável a produção de prova</p><p>oficiosa pelo juiz, sob o ponto de</p><p>vista do sistema acusatório,</p><p>quando este atua de forma</p><p>subsidiária;</p><p>➢ Dirimir dúvidas após</p><p>atuação insuficiente das</p><p>partes;</p><p>➢ Atuação do juiz de forma</p><p>fundamentada;</p><p>29Art 3º da Lei 9.296/98: A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada</p><p>pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do</p><p>representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.</p><p>64</p><p>▪ Com o advento do art. 3º-A do</p><p>CPP, o juiz não poderá substituir</p><p>o papel do acusador na</p><p>produção de provas, assim como</p><p>não deve agir de ofício na</p><p>investigação30.</p><p>Embora não seja</p><p>descartada a possibilidade</p><p>de atuação do magistrado</p><p>em sede pré-processual,</p><p>assinala que ela apenas</p><p>deva ser permitida após o</p><p>requerimento das partes,</p><p>mas nunca ex officio uma</p><p>vez que, em um sistema</p><p>acusatório, cuja</p><p>característica básica é a</p><p>separação das funções de</p><p>acusar, defender e julgar,</p><p>não se pode permitir que o</p><p>magistrado atue de ofício</p><p>na fase de investigação.</p><p>30 Inquérito Das Fake News (Info 982 do STF): É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da</p><p>qual o Presidente do STF determinou a instauração do Inquérito 4781, com o intuito de apurar a</p><p>existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e atos que</p><p>podem configurar crimes contra a honra e atingir a honorabilidade e a segurança do STF, de seus</p><p>membros e familiares.</p><p>O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser constitucional, deve cumprir as seguintes</p><p>condicionantes:</p><p>a) O procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público;</p><p>b) Deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante.</p><p>c) O objeto do inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem risco efetivo</p><p>à independência do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88).</p><p>d) A investigação deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de imprensa,</p><p>excluindo do escopo do inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras</p><p>manifestações (inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que não</p><p>integrem esquemas de financiamento e divulgação emmassa nas</p><p>redes sociais.</p><p>65</p><p>▪ Previsto para prova testemunhal</p><p>- art. 212, CPP31</p><p>➢ Juiz como controlador da</p><p>atividade probatória das</p><p>partes (evitando perguntas</p><p>indevidas, não</p><p>relacionadas com o caso)</p><p>no que tange à prova</p><p>testemunhal.32</p><p>➢ Sistema do direct</p><p>examination</p><p>→ Própria parte</p><p>formula as</p><p>perguntas</p><p>diretamente às suas</p><p>testemunhas e às da</p><p>parte contrária (em</p><p>relação a estas,</p><p>trata-se do cross</p><p>examination)</p><p>➢ Juiz pode complementar a</p><p>inquirição.</p><p>v. Momentos ou etapas da prova</p><p>● Prova entendida como atividade, conjunto</p><p>de atividades probatórias;</p><p>○ Prova temmomentos, etapas.</p><p>32 Não cabe ao juiz, na audiência de instrução e julgamento de processo penal, iniciar a inquirição de</p><p>testemunha, cabendo-lhe, apenas, complementar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos.</p><p>STF. 1ª Turma. HC 161658/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980). STF. 1ª Turma.</p><p>HC 187035/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2021 (Info 1012).</p><p>OBSERVAÇÃO: Para corrente majoritária: nulidade relativa.</p><p>31 Art. 212 do CPP: As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não</p><p>admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou</p><p>importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos,</p><p>o juiz poderá complementar a inquirição.</p><p>66</p><p>○ Sucessão de acontecimentos;</p><p>● Requerimento da prova</p><p>○ Parte requer ao juiz a produção da</p><p>prova;</p><p>○ Art. 396-A33;</p><p>▪ A defesa, na resposta à acusação,</p><p>deve especificar as provas</p><p>pretendidas e arrolar</p><p>testemunhas.</p><p>● (In) admissibilidade pelo juiz</p><p>○ O juiz, sempre, deverá fundamentar</p><p>sua decisão.</p><p>○ O principal fundamento da rejeição é a</p><p>ilicitude da prova. Outros fundamentos</p><p>de rejeição: inconveniência,</p><p>inoportunidade, meramente</p><p>protelatória.</p><p>● Produção da prova</p><p>○ Produção da prova em contraditório</p><p>▪ Ex: prova testemunhal. Há</p><p>requerimento da oitiva, juiz</p><p>admite. No momento de escuta</p><p>em audiência, é o momento da</p><p>produção da prova, conforme</p><p>previsto em lei ou atipicamente.</p><p>Produção de prova documental</p><p>é no momento da juntada aos</p><p>autos e intimação para que outra</p><p>parte se manifeste.</p><p>33Art. 396-A do CPP: Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que</p><p>interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e</p><p>arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.</p><p>67</p><p>➢ Exceção são as provas</p><p>irrepetíveis, que se</p><p>esgotam quanto ao objeto,</p><p>como exame de corpo de</p><p>delito. Produção retroage a</p><p>aquilo feito na etapa</p><p>inicial, respeitando as</p><p>regras.</p><p>● Prova como resultado</p><p>○ Aparece na fundamentação do juiz;</p><p>▪ Juiz que julga processo</p><p>fundamentará a relevância e a</p><p>consequência que a prova como</p><p>resultado tem em seu</p><p>convencimento,</p><p>obrigatoriamente.</p><p>➢ Tem o dever de fazer isso,</p><p>caso contrário, a sentença</p><p>será considerada nula.</p><p>→ Art. 489, § 1º, do</p><p>CPC34. O artigo traz</p><p>referências para a</p><p>decisão e</p><p>necessidade de</p><p>fundamentação.</p><p>34Art. 489, § 1º, do CPC: Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela</p><p>interlocutória, sentença ou acórdão, que:</p><p>I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação</p><p>com a causa ou a questão decidida;</p><p>II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência</p><p>no caso;</p><p>III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;</p><p>IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a</p><p>conclusão adotada pelo julgador;</p><p>V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos</p><p>determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;</p><p>VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem</p><p>demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.</p><p>68</p><p>→ Como e porque a</p><p>prova influencia em</p><p>seu convencimento.</p><p>▪ Sistemas de convicção do juiz a</p><p>respeito das provas</p><p>➢ Íntima convicção</p><p>→ Adotado no júri</p><p>apenas, visto que o</p><p>jurado não precisa</p><p>fundamentar sua</p><p>decisão.</p><p>↠ Simplesmente</p><p>se convence</p><p>ou não, com</p><p>base no que</p><p>foi produzido</p><p>no processo, e</p><p>decide sim ou</p><p>não.</p><p>➢ Prova tarifada/ verdade</p><p>legal/tarifado de provas/</p><p>tarifário de provas/certeza</p><p>moral do legislador</p><p>→ Era adotado no</p><p>processo penal</p><p>inquisitivo;</p><p>→ Determinados meios</p><p>de prova têm valor</p><p>probatório prévia e</p><p>abstratamente</p><p>fixados pelo</p><p>legislador, cabendo</p><p>69</p><p>ao magistrado, tão</p><p>somente, o cálculo</p><p>aritmético.</p><p>→ Em regra, o sistema</p><p>não é adotado no</p><p>ordenamento</p><p>jurídico.</p><p>↠ Exceção: prova</p><p>quanto ao</p><p>estado das</p><p>pessoas,</p><p>conforme art.</p><p>155, parágrafo</p><p>único, do CPP,</p><p>como, por</p><p>exemplo,</p><p>idade,</p><p>casamento,</p><p>filiação.</p><p>➢ Livre convencimento</p><p>motivado ou persuasão</p><p>racional</p><p>→ Vigente no processo</p><p>penal brasileiro;</p><p>→ Juiz tem ampla</p><p>liberdade a respeito</p><p>das provas</p><p>produzidas, no</p><p>entanto, precisa</p><p>fundamentar as</p><p>razões que o levaram</p><p>a aquela decisão,</p><p>70</p><p>com base nas</p><p>diretrizes fixadas na</p><p>lei.</p><p>↠ Essencialment</p><p>e, art. 489, § 1º,</p><p>CPC, acima</p><p>descrito,</p><p>↠ Se aplica ao</p><p>CPP</p><p>subsidiariame</p><p>nte, por conta</p><p>do art. 3º deste</p><p>diploma35.</p><p>vi. Prova emprestada</p><p>● A prova pode ser produzida no processo ou</p><p>ser produzida em outro processo e vir a ser</p><p>utilizada.</p><p>○ Prova emprestada é quando há</p><p>produção de prova em outro processo</p><p>e há requerimento e autorização do</p><p>juiz competente que produziu a prova,</p><p>e que permite que o resultado seja</p><p>extraído e incluído no processo atual.</p><p>▪ Tem natureza de prova</p><p>documental.</p><p>● Quais os requisitos para que a prova</p><p>emprestada seja lícita?</p><p>○ Deve se referir às mesmas partes</p><p>▪ STJ vem relativizando esse</p><p>requisito;</p><p>35Art. 3°: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o</p><p>suplemento dos princípios gerais de direito.</p><p>71</p><p>➢ Surgiu no combate à</p><p>corrupção;</p><p>➢ Fato apurado em processo</p><p>contra acusado X, pode ser</p><p>emprestado contra</p><p>acusado Y, mesmo que</p><p>não sejam as mesmas</p><p>partes.</p><p>○ Mesmo fato probando</p><p>▪ Ex: apura-se corrupção passiva e</p><p>busca-se empréstimo de uma</p><p>prova produzida em ação de</p><p>improbidade administrativa;</p><p>➢ Trata-se do mesmo fato</p><p>probando, diferentes</p><p>esferas (criminal e</p><p>cível/administrativa).</p><p>○ Autorização do juiz responsável pela</p><p>produção da prova36</p><p>▪ Juiz de origem, que autorizou a</p><p>produção, deve permitir o</p><p>empréstimo;</p><p>➢ O STF enfrentou isso com</p><p>o foro de prerrogativa de</p><p>função. Perante ele que foi</p><p>produzida a prova, ele</p><p>deve autorizar o</p><p>empréstimo</p><p>○ Contraditório</p><p>36 Prova emprestada no PAD: “É permitida a prova emprestada no PAD - processo administrativo</p><p>disciplinar-, desde que devidamente autorizada pelo juÍzo competente e respeitados o contraditório</p><p>e a ampla defesa.” (Súmula 591,STJ).</p><p>72</p><p>▪ Deve ser oportunizado à outra</p><p>parte o direito de se manifestar.</p><p>○ Preenchimento dos requisitos da</p><p>prova</p><p>▪ Mesmos requisitos presentes no</p><p>processo de origem devem estar</p><p>presentes no processo que</p><p>recebe a prova.</p><p>▪ Exceção - teoria do encontro</p><p>fortuito de provas;</p><p>➢ Muitas vezes, no curso de</p><p>determinado processo, se</p><p>descobre uma prova a</p><p>respeito de outra infração,</p><p>de maneira fortuita.</p><p>➢ Mesmo que, no processo</p><p>de destino, não se</p><p>preencha os requisitos da</p><p>prova, pela aplicação dessa</p><p>teoria, essa prova pode ser</p><p>utilizada.</p><p>➢ Ex: no processo de origem,</p><p>acusava-se sobre infração</p><p>contra qual cabia</p><p>interceptação telefônica. A</p><p>medida não cabe nos</p><p>crimes apenados por</p><p>detenção, apenas reclusão.</p><p>Lá se encontrou prova de</p><p>outro crime, apenado por</p><p>detenção. No processo de</p><p>crime de detenção, é</p><p>73</p><p>possível trazer prova do</p><p>processo de origem,</p><p>mesmo que não se</p><p>preencha os requisitos da</p><p>interceptação telefônica.</p><p>Prova encontrada é fruto</p><p>do fortuito, não houve</p><p>intenção de encontrá-la.</p><p>● Prova emprestada e nulidade no processo</p><p>originário</p><p>o Caso tenha sido declarada a nulidade</p><p>ou reconhecida a ilicitude da prova:</p>