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Questões e processos incidentes
Prof: Stephano Mayah Barbosa Porto
Questões Prejudiciais
QUESTÕES PREJUDICIAIS (ARTS. 92 A 94 DO CPP)
Como questões prejudiciais entendem-se aquelas que exigem solução antes do julgamento do processo criminal. Podem ter natureza penal ou extrapenal. Nestes casos, o objeto da ação penal assume a condição de questão prejudicada.
QUESTÕES PREJUDICIAIS (ARTS. 92 A 94 DO CPP)
Exemplos:
A prova da ocorrência de um crime anterior (um furto, por exemplo) é prejudicial no processo criminal por receptação, pois deve ser decidida antes de manifestar-se o juiz quanto à condenação ou absolvição do réu.
Prova do furto: questão prejudicial
Receptação: questão prejudicada
QUESTÕES PREJUDICIAIS (ARTS. 92 A 94 DO CPP)
Exemplo:
A decisão relativa à nulidade do primeiro casamento é prejudicial em relação ao processo penal por bigamia, dado que interfere diretamente na sentença a ser proferida pelo juiz criminal.
Nulidade das primeiras núpcias: questão prejudicial
Bigamia: questão prejudicada
QUESTÕES PREJUDICIAIS (ARTS. 92 A 94 DO CPP)
As questões prejudiciais afetam apenas o aspecto da tipicidade da conduta (caracterização do tipo fundamental ou incidência do tipo derivado1), não interferindo na ilicitude ou na culpabilidade. 
Questões prejudiciais e questões preliminares (ou prévias)
As questões prejudiciais dizem respeito, essencialmente, ao mérito da causa, influindo, diretamente, na natureza da sentença a ser proferida pelo juiz. 
Assim, o resultado conferido às questões prejudiciais, na medida em que refletirá na tipicidade da conduta, levará o juiz a proferir uma sentença necessariamente absolutória (se atípico o fato) ou o possibilitará exarar decisão condenatória (caso seja típica a conduta praticada e estejam presentes os demais elementos configuradores da ilicitude e da culpabilidade).
Questões prejudiciais e questões preliminares (ou prévias)
Exemplo: a controvérsia sobre a propriedade da coisa móvel que se encontra em poder do réu é questão prejudicial em relação ao crime de apropriação de coisa achada a ele imputado. Pertencendo-lhe o bem, o fato será atípico e a absolvição, uma consequência necessária. Caso contrário, o fato será típico, possibilitando ao juiz a condenação do réu.
Questões prejudiciais e questões preliminares (ou prévias)
Por outro lado, as questões preliminares, de natureza estritamente processual, refletem tão somente na regularidade formal do processo. Em síntese, o acolhimento ou não de uma preliminar não afeta a natureza absolutória ou condenatória da sentença, mas releva na consideração acerca da validade dos atos praticados.
Questões prejudiciais e questões preliminares (ou prévias)
Exemplo: a alegação de nulidade por ilegitimidade ativa do autor da ação penal, se acolhida, acarretará a invalidação de todos os atos do processo por força do disposto no art. 564, II, do CPP.
Classificação segundo o grau de influência
Diferentes podem ser os graus de influência das questões prejudiciais.
Quando interferem na existência do fato típico em sua modalidade fundamental, são rotuladas como questões prejudiciais totais. Ao contrário, são consideradas questões prejudiciais parciais se forem relativas apenas à existência de circunstâncias que se agregam ao tipo penal básico (v.g., incidência sobre qualificadoras).
Classificação segundo o caráter ou a natureza
Relativamente à sua natureza, classificam-se as questões prejudiciais em penais (homogêneas, ou comuns, ou imperfeitas, ou não devolutivas), se pertencerem ao mesmo ramo do direito em que se insere a questão prejudicada; ou extrapenais (heterogêneas, ou jurisdicionais, ou perfeitas, ou devolutivas), caso interfiram em esfera jurídica distinta (cível, tributária, empresarial etc.).
Classificação segundo o caráter ou a natureza
As questões prejudiciais extrapenais, por sua vez, subdividem-se em devolutivas absolutas ou obrigatórias, se impuserem ao juiz criminal a suspensão do processo criminal até que sejam elas decididas na esfera própria por decisão transitada em julgado, e devolutivas relativas ou facultativas, se apenas conferirem ao juiz a faculdade de determinar essa suspensão.
Questões prejudiciais penais (homogêneas, comuns, imperfeitas ou não devolutivas)
São aquelas que, apesar de repercutirem no aspecto relacionado à existência da infração penal (tipicidade), resolvem-se no próprio juízo criminal, de forma quase que automática, na ocasião da sentença. Por isso é que são chamadas de não devolutivas, pois não devolvem (não remetem) a um juízo distinto do criminal o enfrentamento da matéria que as constitui. Exatamente em razão desta característica, aliás, é que não possuem regulamentação específica no Código de Processo Penal, o qual se ocupa apenas das questões extrapenais.
Questões prejudiciais penais (homogêneas, comuns, imperfeitas ou não devolutivas)
Exemplos:
a)Denunciado o réu por receptação, para condená-lo terá o magistrado que previamente enfrentar, como um dos fundamentos da sentença, a questão relativa à procedência criminosa da coisa adquirida, o que é prejudicial à existência do crime tipificado no art. 180 do CP.
Questões prejudiciais penais (homogêneas, comuns, imperfeitas ou não devolutivas)
b)Caso, no curso de ação penal privada por crime de calúnia, seja oposta exceção da verdade pelo querelado, no ato da sentença, antes de decidir pela condenação ou pela absolvição, obrigatoriamente o juiz deverá analisar a procedência ou não da exceção citada. Procedente a exceção, a conduta do querelado será atípica, pois considerada verdadeira a afirmação que motivou a instauração do processo criminal. Improcedente, a conduta, em tese, será típica, pois a tese defensiva foi reconhecida como falsa.
Questões prejudiciais penais (homogêneas, comuns, imperfeitas ou não devolutivas)
C) Acusado o réu de falso testemunho, defende-se alegando ser verdade a afirmação feita como testemunha em outro processo. Essa questão – relativa à veracidade ou não do depoimento prestado – é prejudicial penal a ser resolvida por ocasião da sentença e, conforme seja a respectiva deliberação, conduzirá o magistrado sentenciante à conclusão pela tipicidade ou não do fato atribuído.
Questões prejudiciais extrapenais (heterogêneas, jurisdicionais, perfeitas ou devolutivas)
Como toda questão prejudicial, estas também interferem na existência da infração penal. Entretanto, ao contrário das homogêneas, versam sobre outras áreas do direito (civil, comercial, tributário etc.). Classificam-se em absolutas (ou obrigatórias) e relativas (ou facultativas).
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas absolutas (ou obrigatórias)
Estão regulamentadas no art. 92 do CPP e versam sobre matérias atinentes ao estado civil lato sensu do indivíduo, abrangendo aspectos familiares (condição de casado, de solteiro, de pai, de mãe, de filho etc.), aspectos pessoais (idade, sexo, condição mental etc.) e aspectos políticos (nacionalidade, naturalidade, cidadania etc.).
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas absolutas (ou obrigatórias)
Exemplos:
1)Denunciado por bigamia, alega o acusado que o primeiro casamento foi nulo. Nesse caso, impõe-se a suspensão do processo criminal até a decisão definitiva no juízo cível quanto à validade do primeiro matrimônio, não importando se já existe ou não ação civil de nulidade de casamento deduzida naquela esfera.
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas absolutas (ou obrigatórias)
2)Denunciado por abandono material, sustenta o réu que a criança registrada em seu nome não é sua filha, tendo descoberto tal circunstância posteriormente ao registro civil. Neste caso, a ação penal deverá ser suspensa até que haja o trânsito em julgado da ação negatória de paternidade na esfera cível, sendo indiferente se, no momento da suspensão, esta demanda (cível) já foi ou não ajuizada.
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas relativas (ou facultativas)
São chamadas de devolutivas, pois há a possibilidade de devolução (remessa) ao juízo cível da matériaque as constitui para exame prévio. De outra sorte, são consideradas relativas porque, nesse caso, a suspensão do processo criminal não é obrigatória, podendo o juiz optar entre suspendê-lo ou não.
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas relativas (ou facultativas)
Exemplo:
Denunciado o acusado por estelionato, sob a forma de venda de coisa alheia como própria, alega ele ter adquirido a propriedade do bem alienado pelo decurso do tempo, tanto que já era existente ação de usucapião ajuizada.
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas relativas (ou facultativas)
Nesta ordem de questões, caso decida o magistrado pela suspensão do processo criminal, deverá ater-se a algumas regras, quais sejam:
a) A suspensão do processo criminal condiciona-se a que já tenham sido ouvidas as testemunhas arroladas e produzidas as provas de natureza urgente (por exemplo, uma perícia em vestígio sujeito ao desaparecimento pelo decurso do tempo).
b) Necessário, também, que já exista ação civil em andamento, pois, caso contrário, a suspensão do processo criminal não será cabível.
c) A suspensão será por prazo determinado (segundo arbítrio do juiz), podendo ser renovada uma vez.
Recurso do indeferimento da suspensão
E quanto ao indeferimento da suspensão? Neste caso, é preciso diferenciar duas situações:
a)Tratando-se de hipótese de suspensão obrigatória, pode-se alcançá-la por meio de habeas corpus. Não seria descabido, ainda, cogitar da própria correição parcial na hipótese de manifesta ilegalidade no agir do magistrado, por exemplo, se o indeferimento da suspensão for injustificado ou lastreado em fundamentação teratológica.
b)Sendo o caso de suspensão facultativa, não caberá recurso contra o indeferimento da suspensão (art. 93, § 2.º, do CPP), tampouco qualquer outra via impugnativa. Trata-se de uma questão de lógica, pois, se a suspensão, neste caso, fica ao livre-arbítrio do juiz, não seria razoável conceber a possibilidade de impugnar esta sua decisão.
Recurso cabível do indeferimento de prejudicial
Da decisão que rejeita questão prejudicial é cabível Recurso em Sentido Estrito (art. 581, XVI do CPP).
Princípio da suficiência da Ação Penal
Via de regra a ação penal é suficiente para resolução de qualquer questão posta ao juízo criminal.
Exceção: Prejudicial Heterogênea absoluta
Exceções (art.95 ao 111 do CPP
Previstas no art. 95 do CPP, as exceções são consideradas meios de defesa indireta, uma vez que versam sobre a ausência de condições da ação ou de pressupostos processuais. São utilizáveis quando não há o propósito de atacar diretamente o mérito da lide principal, mas, sim, obstaculizar ou transferir o seu julgamento. Autuadas em apartado ao processo criminal, como regra, não possuem efeito suspensivo (art. 111 do CPP).
São cinco as exceções catalogadas pelo Código:
–Suspeição;
–Incompetência de juízo;
–Litispendência;
–Ilegitimidade de parte;
–Coisa julgada.
Classificação
Quanto às consequências que decorrem de sua procedência, as exceções classificam-se em duas ordens:
a)Peremptórias: acarretam a extinção do processo. Exemplo: exceção de coisa julgada.
b)Dilatórias: embora não impliquem a extinção do processo, transferem o seu exercício. Exemplo: exceção de incompetência do juízo.
Exceção de suspeição
Possui natureza dilatória e objetiva afastar o juiz do processo criminal. Esta exceção deve ser proposta por meio de petição fundamentada, acompanhada de prova documental e do rol de testemunhas, caso necessário.
Exceção de suspeição
Dispõe o art. 96 do Código de Processo Penal que “a arguição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente”.
Exceção de suspeição
Eventualmente, mais de uma exceção, entre as arroladas no art. 95 do CPP, é oposta, simultaneamente, no mesmo processo. Nesse caso, sendo uma delas a de suspeição, deverá ser examinada antes das demais. Isso ocorre porque essa última exceção é decidida pelo tribunal a que vinculado o juiz excepto, ao passo que as demais são decididas pelo juiz da causa.
Validade dos atos praticados pelo juiz suspeito
Impedimento e incompatibilidade
Dispõe, ainda, o Código que o mesmo procedimento estabelecido para a exceção de suspeição deva ser aplicado aos casos de impedimento e de incompatibilidade (art. 112, fine). Conceitualmente, estas situações não se confundem e podem ser diferenciadas da seguinte forma:
Suspeição: ocorre quando existir vínculo subjetivo do julgador com qualquer das partes (v.g. amizade íntima) ou com o assunto discutido no processo (v.g. figurara o juiz como demandante ou demandado em outra ação na qual se debate o mesmo tema). 
A suspeição é causa de nulidade processual (art. 564, I), que pode ser relativa ou absoluta, consoante examinado no tópico anterior. Para o reconhecimento da mácula, é preciso que haja declaração (se a nulidade for considerada relativa) ou decretação (caso entendida como absoluta) pelo Poder Judiciário.
Impedimento: fundamenta-se em razões de ordem objetiva previstas em lei, por exemplo, o fato de estar atuando no feito, como advogada, cônjuge do juiz. As hipóteses de impedimento estão arroladas, taxativamente, no art. 252 do Código de Processo Penal. Os atos praticados por juiz impedido, na esteira da jurisprudência, não são simplesmente nulos. 
São, isto sim, inexistentes, bastando que sejam ignorados, desprezados, sem a necessidade de um pronunciamento judicial declarando a inexistência.
Incompatibilidade: Na ausência de uma definição legal, aderimos ao entendimento que considera como causas de incompatibilidade todas aquelas hipóteses que, não classificadas como impedimento ou suspeição, reflitam na imparcialidade do juiz. Como exemplo, a situação de foro íntimo, que, mesmo não prevista nos arts. 252 e 254 do CPP, constitui, sem dúvida alguma, motivo para que o juiz se afaste da condução do processo. 
A incompatibilidade dá causa à nulidade relativa dos atos praticados pelo juiz incompatível, devendo, assim, ser arguida nos prazos determinados pelo art. 571 do CPP, sob pena de preclusão, com a demonstração de prejuízo.
Afirmação ex officio
De acordo com o art. 97 do CPP, o juiz, espontaneamente, pode tomar a iniciativa de afirmar-se suspeito por qualquer dos motivos do art. 254 do CPP. Adotando essa postura, deverá afastar-se do processo, remetê-lo imediatamente ao seu substituto legal para nele prosseguir oficiando, com intimação das partes.
Exceção de incompetência do juízo
Trata-se de exceção com aplicação restrita à incompetência territorial, que possui caráter relativo, sendo vinculada sua arguição ao prazo e à forma previstos em lei. 
Se for o caso de incompetência funcional ou em razão da matéria, que têm natureza absoluta, é dispensada a arguição via exceção, podendo tais vertentes ser suscitadas por meio de simples petição acostada ao processo criminal, ou verbalmente em audiência com consignação em ata, ou até mesmo como preliminar de uma peça processual.
Exceção de litispendência
Trata-se de exceção de natureza peremptória, sendo cabível na hipótese de tramitarem, no mesmo juízo ou em juízos diversos, duas ou mais ações contra o mesmo réu, envolvendo o mesmo fato. Em suma, é oponível quando houver ações penais idênticas em andamento, o que pressupõe:
Exceção de litispendência
Igualdade de sujeito passivo: as duas ou mais ações deverão ter sido movidas contra o mesmo réu, não importando a circunstância de uma delas ter sido iniciada pelo Ministério Público e a outra pelo particular. Sinale-se que, neste último enfoque, há divergências, alguns apontando a necessidade de que as ações tenham sido ajuizadas pelo mesmo autor para que haja litispendência.
Exceção de litispendência
Identidade de causa de pedir: respeita ao fato imputado, que deve ser o mesmo em ambas as ações penais, ainda que a capitulação atribuída em cada um dos processos seja distinta.
Exceção de litispendência
Igualdade de pedido: o pedido é o de condenação, inerente a qualquer ação penal, salvo nas hipóteses em que, medianteincidente de insanidade mental instaurado no curso do inquérito policial, tenha ficado evidenciada a inimputabilidade do acusado ao tempo da infração penal. 
Exceção de litispendência
Quanto ao processo junto ao qual deverá ser suscitada a exceção em exame, há duas posições:
Primeira: A exceção deverá ser arguida em relação ao segundo processo instaurado, independentemente de ele se encontrar, eventualmente, em estágio procedimental mais adiantado do que o primeiro ou de ser mais favorável ao acusado. Este é o entendimento do STF: “Os institutos da litispendência e da coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado”13
Segunda: O critério a ser observado deverá ser o da prevenção, o que importa em considerar que o processo a ter seguimento deverá ser aquele que tramita junto ao juízo que tenha se tornado prevento pela prática de qualquer ato de jurisdição. Sob essa ótica, a exceção será ajuizada em relação ao processo remanescente.
Exceção de ilegitimidade de parte
Refere-se, primordialmente, à ilegitimidade ad causam, ou seja, à titularidade do direito de ação (polo ativo) e à capacidade para figurar como réu (polo passivo) na relação processual.
Exceção de ilegitimidade de parte
Exemplos:
Denúncia oferecida pelo Ministério Público em crime de ação penal privada (ilegitimidade ad causam ativa).
•Queixa ajuizada pelo ofendido em crime de ação penal pública antes de esgotar o prazo do promotor de justiça para o oferecimento de denúncia (ilegitimidade ad causam ativa).
•Denúncia movida contra indivíduo menor de 18 anos de idade à época do fato (ilegitimidade ad causam passiva).
•Processo criminal instaurado contra pessoa inocente, que teve seus documentos furtados e que estão sendo utilizados indevidamente por terceiro na prática de crimes.
Exceção de coisa julgada
É exceção de natureza peremptória, que tem seu fundamento remoto na circunstância de que ninguém pode ser punido mais de uma vez pelo mesmo fato. Logo, poderá ser deduzida quando se encontrar em tramitação processo criminal por fato já decidido em outro processo por sentença transitada em julgado.
Coisa julgada formal, coisa julgada material e coisa soberanamente julgada
a) Coisa julgada formal: é a imutabilidade da decisão judicial provocada pela sua natureza irrecorrível, ou pela não interposição do recurso cabível no prazo legal, ou pelo esgotamento de todas as vias impugnativas possíveis. A coisa julgada formal não produz nenhum reflexo em relações processuais futuras, ainda que versem sobre o mesmo fato e o mesmo sujeito passivo.
Exemplos:
A decisão de impronúncia prevista no art. 414 do CPP é fundamentada na ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do fato.
A decisão de pronúncia prevista no art. 413 do CPP, por meio da qual o juiz admite a imputação feita ao réu de um crime doloso contra a vida.
Coisa julgada formal, coisa julgada material e coisa soberanamente julgada
b) Coisa julgada material: é a imutabilidade dos efeitos substanciais da sentença de mérito e, ao contrário da coisa julgada formal, produz reflexos em relações processuais distintas que envolvam o mesmo fato e o mesmo réu. Tendo em vista esta natureza que lhe é própria, apenas a coisa julgada material poderá ser objeto de exceção de coisa julgada.
Exemplos:
A rejeição da denúncia sob o fundamento da atipicidade. 
A rejeição da queixa-crime em razão da prescrição do fato nela atribuído (art. 395, III, do CPP – falta de justa causa para a ação penal). 
Coisa julgada formal, coisa julgada material e coisa soberanamente julgada
Coisa soberanamente julgada: a coisa soberanamente julgada consiste em uma variante da coisa julgada material e, assim como nesta última, poderá ser objeto de arguição por meio da exceção de coisa julgada. Ocorre em hipóteses nas quais a decisão, ao tornar-se imutável pela coisa julgada formal, não apenas reflete em eventual relação processual futura envolvendo o mesmo réu e o mesmo fato (coisa julgada material), como também é irrescindível. O decisum, neste caso, jamais poderá ser desconstituído, ainda que nulo, injusto ou manifestamente ilegal.
Exemplos:
Sentença absolutória criminal. Esta, uma vez transitada em julgado, torna-se definitiva, não importando que, posteriormente ao esgotamento ou preclusão dos recursos possíveis (coisa julgada formal), venham a ser descobertas novas provas que incriminem o réu. 
Sentença condenatória criminal: Considere-se que determinado indivíduo seja condenado, por delito de lesões corporais seguidas de morte, a pena de cinco anos de reclusão, tornando-se esta decisão imutável em razão do não ingresso de qualquer recurso pelas partes (formando-se, portanto, coisa julgada formal). 
Formas de impugnação da decisão judicial proferida nas exceções de suspeição, incompetência, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada
Procedência e improcedência da exceção de suspeição
Conforme já examinamos anteriormente, a exceção de suspeição do juiz não é decidida pelo próprio magistrado excepto. Este pode, sem dúvida, acolhê-la e afastar-se do processo, enviando-o ao magistrado substituto. Caso não o faça, deverá encaminhar a exceção ao órgão competente do tribunal ao qual está vinculado, que julgará procedente ou improcedente a exceção.
O recurso cabível em relação a tais resultados dependerá do órgão julgador da exceção, o que é previsto no regimento interno de cada pretório.
Como, normalmente, a exceptio suspicionis é decidida por uma câmara dos Tribunais de Justiça ou por uma turma dos Tribunais Regionais Federais, a respectiva decisão poderá ser atacada por meio dos recursos especial e extraordinário.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA (ARTS. 113 A 117 DO CPP)
Conforme se infere do art. 114 do CPP, surge conflito de jurisdição toda vez que duas ou mais autoridades judiciárias pretenderem oficiar no mesmo processo (conflito positivo) ou recusarem-se a nele atuar (conflito negativo).
Doutrinariamente, tem-se diferenciado conflito de jurisdição de conflito de competência, afirmando-se que ocorre o primeiro quando existe divergência entre órgãos de jurisdições distintas (exemplos: Justiça Comum e Justiça Federal, Justiça Comum do Estado de Santa Catarina e Justiça Comum do Estado do Paraná) e, o segundo, quando a divergência surgir entre dois ou mais órgãos da mesma justiça (exemplos: juiz da Comarca de Canoas e juiz da Comarca de São Leopoldo, ambos da Justiça Comum do Estado do Rio Grande do Sul).
Por outro lado, quando se tratar de disputa entre autoridades judiciárias e administrativas, ou somente entre autoridades administrativas, haverá conflito de atribuições. Assim, se um promotor de justiça de Santa Cruz do Sul, por exemplo, não oferece denúncia em um determinado inquérito policial, requerendo sua remessa ao promotor da comarca vizinha de Rio Pardo, caso este entenda também não possuir atribuições, deverá suscitar conflito negativo de atribuições, a ser dirimido pelo procurador-geral de justiça.
Legitimidade
Segundo a norma do art. 115 do CPP, o conflito de jurisdição (e isto se aplica, igualmente, ao conflito de competência) poderá ser suscitado pelas partes interessadas (autor e réu) e pelo órgão do Ministério Público junto a qualquer dos juízes em dissídio, bem como pelos próprios juízes ou tribunais envolvidos.
Forma e oportunidade
O conflito de jurisdição (e de competência) sempre decorrerá de manifestação escrita circunstanciada, deduzida pelos legitimados perante o órgão competente para dirimi-lo, expondo-se os fundamentos e acostando-se a documentação comprobatória pertinente.
Tratando-se de incompetência relativa (territorial), o conflito deverá, em regra, ser suscitado nos prazos assinalados pelo art. 571 do CPP, sob pena de preclusão. Discordamos, neste enfoque, de Mirabete, que considera como prazo fatal, para a defesa, o momento da defesa prévia (agora tratada, no procedimento comum – art. 396-A do CPP–, como resposta à acusação).
Sendo hipótese de incompetência absoluta (em razão da matéria ou da pessoa), em tese, pode o conflito ser suscitado em qualquer tempo, já que tal ordem de incompetência não está sujeita a prazos preclusivos. Diz-se “em tese” porque é preciso ressalvar a situação versada na Súmula 59 do STJ, dispondo que “não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos juízos conflitantes”.
Procedimento
O procedimento em si é bastante simples: o requerimento ou a representação deverá ser endereçada ao Presidente do Tribunal competente para a solução do impasse, sendo que este procederá à distribuição (caso não deva ele próprio funcionar como relator).
Uma vez distribuído o conflito, sendo positivo, poderá ser determinada a suspensão do processo pelo relator (art. 116, § 2.º, do CPP). A seguir, expedida ou não essa ordem, serão requisitadas informações das autoridades envolvidas, as quais deverão ser prestadas no prazo assinalado (art. 116, § 3.º, do CPP)
Recebidas tais informações e depois de ouvido o Ministério Público, será julgado o conflito, salvo se houver necessidade de alguma diligência instrutória (art. 116, §§ 4.º e 5.º, do CPP), encaminhando-se, após, as cópias necessárias à execução da decisão às autoridades em conflito (art. 116, § 6.º, do CPP).
Ao decidir o conflito, o Tribunal definirá o juízo competente.
Avocatória
Conforme estabelece o art. 117 do CPP, “o STF, mediante avocatória, restabelecerá a sua jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores”.
 Se o STF considerar-se competente para deliberar sobre processo que tramita em instância inferior (juízos de 1.ª Instância ou Tribunais), poderá avocá-lo, ou seja, trazer para si a decisão sobre a demanda. Justifica-se a previsão incorporada ao dispositivo pelo fato de que não existe um órgão superior que possa resolver eventuais conflitos envolvendo o STF.
Competência para a decisão nos conflitos de competência/jurisdição e de atribuições
O art. 116, caput, do CPP, ao tratar do conflito de jurisdição, refere-se apenas ao “tribunal competente” para julgá-lo, sem estabelecer regras expressas sobre a forma de definição dessa competência.
A normatização deverá ser buscada na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais, nas leis processuais, nas leis de organização judiciária e nos regimentos internos de cada tribunal.
Situação semelhante ocorre em relação aos conflitos de atribuições.
RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS (ARTS. 118 A 124 DO CPP)
Considerações gerais
Coisas apreendidas, para efeitos da regulamentação do Capítulo V, Título VI, Livro I, do CPP, são aquelas que, presentes os requisitos necessários e observadas as formalidades exigidas pela lei ou pela Constituição Federal, foram retiradas do local em que se encontravam ou do poder de quem as detinha, em face da importância que apresentam na elucidação do crime.
Como regra geral, depois de cumprida a finalidade dessa apreensão, deverão tais objetos ser restituídos a quem de direito. Não obstante, por exceção, há situações em que esta restituição é vinculada a determinadas condições ou até mesmo não é facultada, o que pode se justificar em motivos de diversas ordens como a espécie delituosa, a natureza do objeto em questão, o momento em que deduzida a pretensão de restituição ou a condição de quem o reclama.
Como exemplo de hipótese em que a restituição é condicionada, refere o art. 63-A da Lei 11.343/2006 (incluído pela Lei 13.840/2019) que “nenhum pedido de restituição será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores”.
art. 4.º, § 3.º, da Lei 9.613/1998 (Lei da Lavagem de Capitais), dispondo que “nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores (...)”.
Restituição vedada
Por outro lado, a restituição é vedada e, consequentemente, deverá ser indeferida pela autoridade policial ou judiciária nos seguintes casos:
a) Quando, não havendo sentença que transita em julgado, o objeto apreendido interessar à investigação policial ou à instrução processual penal: trata-se da previsão inserida no art. 118 do CPP
b) Quando se tratar de instrumentos de crime cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; de produtos de crime; e, por fim, de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso: neste caso, incide o art. 119 do CPP,
b.1) Quanto aos instrumentos do crime (art. 91, II, a, do CP), o óbice à restituição, em regra, existirá apenas quando se tratar de objeto proibido ou que se encontre em situação de ilegalidade no momento da prática da conduta típica, já que o art. 91, II, a, do CP é taxativo quando condiciona a proibição de restituição a que sejam coisas cujo “fabrico, alienação, porte, uso ou detenção constituam fatos ilícitos”. 
b.2) Quanto ao produto do crime (art. 91, II, b, 1.ª parte, do CP), trata-se do bem diretamente obtido a partir da prática delituosa, como, por exemplo, o carro furtado, a joia roubada. Esse tipo de objeto, evidentemente, não pode ser restituído ao autor do crime. Todavia, sendo conhecido o legítimo dono, a este o bem poderá ser devolvido. Não o sendo, operar-se-á a perda.
b.3) Quanto aos bens ou valores que constituem proveito do fato criminoso (art. 91, II, b, 2.ª parte, do CP), por uma questão de coerência, prevê o legislador a perda como efeito da condenação. Evita-se, com isto, que venha o indivíduo a locupletar-se com a renda obtida com a prática do crime (ou da contravenção, conforme se tem entendido por interpretação extensiva).
c) Quando houver dúvida sobre o legítimo direito do reclamante: a restituição de qualquer objeto apreendido exige certeza quanto à legitimidade de quem o reclama para recebê-lo, conforme se deflui do art. 120, caput, do CPP: “A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante”.
Pedido de restituição e incidente de restituição
Embora o Código não seja totalmente explícito, existe diferença entre o pedido de restituição propriamente dito e o incidente de restituição, visto que são formas distintas de postular, no âmbito penal, a devolução de um bem que se encontra sob apreensão.
Pedido de restituição
O pedido de restituição é um procedimento bastante simples. Poderá ser formulado tanto à autoridade policial no curso do inquérito quanto ao juiz no curso do processo criminal. É inserido nos próprios autos do inquérito ou do processo e pode ser deferido pelo delegado de polícia ou pelo magistrado, desde que as coisas a serem restituídas não mais interessem ao processo (art. 118 do CPP), que não se trate de objetos que a lei proíbe a restituição (art. 119 do CPP) e que não haja dúvida quanto ao direito do reclamante (art. 120 do CPP).
Aplica-se àquelas hipóteses em que a propriedade da coisa apreendida é indiscutível e se encontra demonstrável de plano. Exemplo: o carro furtado, que veio a ser apreendido pela autoridade policial em uma garagem, onde aguardava o desmanche. Com a simples apresentação do comprovante de propriedade e de documento de identidade, poderá o veículo ser restituído ao legítimo dono, mediante lavratura de termo ou auto de restituição.
Incidente de restituição
O incidente de restituição, opostamente, é procedimento instaurado em hipóteses específicas, previstas em lei, justificando-se na necessidade de produção de provas do direito à restituição. Somente pode ser desencadeado por determinação judicial, o que poderá ocorrer ex officio, mediante provocação da autoridade policial (no curso do inquérito) ou da própria parte interessada (no curso do inquérito ou do processo).Autuado em apartado, o incidente é cabível em duas hipóteses:
a) Existência de dúvida quanto ao direito de quem pede a devolução: em relação a esta hipótese, estabelece o art. 120, § 1.º, do CPP que o pedido de restituição autuar-se-á em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de cinco dias para a prova, sendo que, em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente.
b) Quando os bens reclamados tiverem sido apreendidos em poder de terceiro de boa-fé: Sendo requerida a devolução de coisa que foi apreendida em poder de terceiro de boa-fé, determina a lei que este terceiro seja “intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar”.
Oitiva prévia do Ministério Público
Reza o art. 120, § 3.º, do CPP que, sobre o pedido de restituição, será sempre ouvido o Ministério Público. Como se vê, não distingue o Código de Processo Penal tenha o pedido sido feito perante a autoridade policial ou judiciária, impondo-se, pois, em ambas as hipóteses, pelos termos da lei, a prévia manifestação do Parquet.
Impugnação da decisão acerca do deferimento e do indeferimento do pedido de restituição e do incidente de restituição
Não há previsão expressa de recurso em relação à decisão do juiz que resolve (defere ou indefere) a restituição de coisas apreendidas. No entanto, desde muito tempo, os tribunais têm aceitado cabimento de apelação alicerçada no art. 593, II, do CPP.
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS (ARTS. 125 A 144 DO CPP)
Considerações gerais:
A prática de uma infração penal, além de determinar o surgimento da pretensão punitiva do Estado, pode causar um dano patrimonial à vítima, gerando, consequentemente, o direito ao respectivo ressarcimento, que poderá ser alcançado:
Voluntariamente, vale dizer, quando o ofensor, independentemente de ação judicial, decide ressarcir o dano patrimonial causado com a prática do fato criminoso;
No âmbito dos Juizados Especiais Criminais, quando se tratar de infração de menor potencial ofensivo, por meio do instituto da composição dos danos cíveis (art. 74 da Lei 9.099/1995);
Mediante aceitação de proposta da suspensão condicional do processo a que alude o art. 89 da Lei 9.099/1995, em que é condição obrigatória a reparação do dano cível;
Por meio de busca e apreensão, quando apreendidos os produtos do crime.
Via Judicial
1)Aguardar o trânsito em julgado da sentença penal condenatória para, depois, executá-la no juízo cível com fundamento nos arts. 63 do CPP; 515, VI, do CPC 2015; e 91, I, do CP. Trata-se da ação de execução ex delicto.
2)Ajuizar, imediatamente, ação de indenização na esfera cível, com fundamento no art. 64 do CPP, para obter o título executivo hábil à reparação de seu prejuízo. Trata-se, neste caso, da ação civil ex delicto.
Sequestro de bens imóveis (arts. 125 a 133 do CPP)
Trata-se da primeira medida assecuratória regulada pelo Código de Processo Penal, devendo ser ingressada perante o juízo criminal, visando à indisponibilidade de bens imóveis havidos pelo investigado ou pelo réu com o proveito extraído da infração penal (art. 125 do CPP). Exemplo: imóveis adquiridos pelo réu com valores provenientes do desvio de verbas públicas.
Não se aplicam ao sequestro as restrições consagradas no art. 1º da Lei 8.009/1990, que dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família, assim compreendido o imóvel destinado à residência e moradia do núcleo familiar18.
Outra questão refere-se ao sequestro de bem de terceiro que o tenha adquirido (título oneroso) do réu, quando houver fortes evidências de que este o comprou com o proveito do crime. Ocorre que, embora haja previsão desta possibilidade nos arts. 125 e 130, II, do CPP, não há como negar que a aplicação irrestrita destes dispositivos é fator de elevada insegurança jurídica, além de produzir efeito devastador sobre as relações negociais. 
Fases
Pode ser ingressado tanto no curso do processo criminal propriamente dito como na fase anterior a este.
Observe-se que o art. 127 do CPP, ao dispor sobre o momento em que pode ser determinado o sequestro, refere que tal pode ocorrer em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou a queixa. 
Requisito indispensável
O ingresso da medida não requer prova plena, mas exige indícios veementes de que o bem sequestrado tenha sido adquirido com os proventos da infração penal (art. 126 do CPP). É o caso, por exemplo, de indivíduo que, logo após a prática de um crime, tenha adquirido patrimônio em valor equivalente ao que se locupletou com o fato criminoso, sem ter rendas que dessem suporte a tal aquisição e, ainda, omitindo o bem da declaração de bens junto à Receita Federal.
Legitimidade
De acordo com o art. 127 do CPP, o sequestro pode ser ordenado pelo juiz a requerimento do Ministério Público, do ofendido, seu representante legal (se incapaz) ou seus herdeiros (se morto). Faculta o legislador, ainda, à autoridade policial representar ao juiz pela necessidade de sua decretação na fase investigatória.
Mais recentemente, o art. 3.º-A da Lei 1.579/1952, introduzido pela Lei 13.367/2016, conferiu ao presidente de Comissão Parlamentar de Inquérito, por deliberação desta, “solicitar, em qualquer fase a investigação, ao juízo criminal competente, medida cautelar necessária, quando se verificar a existência de indícios veementes da proveniência ilícita de bens”.
Também está contemplada no art. 127 citado a possibilidade de o juiz ordenar o sequestro sponte propria, vale dizer, independentemente de provocação, não distinguindo o dispositivo, para tanto, as fases da investigação criminal e do processo judicial. Apesar desta previsão, há muito tempo vem sendo tendência doutrinária e jurisprudencial a de coibir a atuação de ofício pelo juiz na fase investigativa
Defesa
No sequestro, a defesa a ser realizada pela pessoa que teve o bem constrito deve ocorrer por meio de embargos, a serem opostos na forma dos arts. 129 e 130 do CPP.
Efetivado o sequestro, inscrita esta medida no registro de imóveis e cientificado quanto a ela o proprietário do bem gravado, três situações podem ocorrer:
1 - O sequestro incide sobre bem imóvel de propriedade de terceiro: Pode acontecer que, por equívoco, o sequestro atinja bem imóvel ou parcela de bem imóvel pertencente a terceiro estranho a qualquer negócio com o agente da infração, vale dizer, que não o tenha adquirido do indiciado ou réu após a prática do delito.
2 - O sequestro incide sobre bem imóvel de propriedade do réu ou indiciado: neste caso, os embargos a serem opostos estão previstos no art. 130, I, do CPP, estabelecendo a própria lei o único argumento que pode ser utilizado como defesa, qual seja o de que o bem tenha sido adquirido de forma lícita. 
 3 - O sequestro incide sobre bem de terceiro que o adquiriu de boa-fé: trata-se, nesta situação, dos embargos previstos no art. 130, II, do CPP, por meio dos quais o terceiro de boa-fé que teve o seu bem sequestrado poderá alegar (e, efetivamente, não lhe restará outra defesa) que, ao comprar o bem do investigado ou réu, desconhecia que este, inicialmente, tinha-o adquirido com verbas ilícitas.
Levantamento
O levantamento do sequestro, que significa a perda da eficácia da medida, dar-se-á em quatro hipóteses, previstas no art. 131 do CPP:
Não ajuizamento da ação penal em 60 dias. Sendo a medida deferida na fase anterior ao ajuizamento da denúncia ou da queixa, dispõe o Ministério Público ou o ofendido do prazo de 60 dias para ingresso da ação penal. Referindo a lei que tal prazo é contado da data em que ficar concluída a diligência, consideramos que seu dies a quo dá-se com o registro imobiliário da constrição, nos termos do art. 128 do CPP.
2 - Caução pelo terceiro de boa-fé. Atente-se que a lei não faculta ao indiciado ou réu prestar caução para fins de levantamento antecipado do sequestro (isto é, antes do julgamento de eventuais embargos). Ao contrário: a prestação de caução é permitida apenas ao terceiro (de boa-fé, logicamente) quetenha adquirido o bem.
3 - Extinção da punibilidade transitada em julgado. Trata-se, especialmente, das situações elencadas no art. 107 do Código Penal, sem prejuízo de outras hipóteses previstas na legislação especial. 
4 - Sentença absolutória transitada em julgado. Não importam os fundamentos da absolvição, dentre os elencados no art. 386 do CPP. Sendo o acusado absolvido por decisão transitada em julgado, opera-se o levantamento do sequestro.
Sequestro de bem móvel (arts. 132 e 133 do CPP)
Ao sequestro de bens móveis aplicam-se, mutatis mutandis, as mesmas regras já examinadas em relação ao sequestro de bens imóveis. 
Destina-se a bens adquiridos com os proventos da infração penal;
•É cabível em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou a queixa;
•Pode ser postulado pelo Ministério Público, pela vítima, seu representante legal ou herdeiros e, na fase do inquéritopolicial, mediante representação do delegado de polícia. Como referimos antes, a Lei 13.367/2016, introduzindo o art. 3.º-A à Lei 1.579/1952, conferiu legitimidade para requerer judicialmente a medida, também, ao presidente de Comissão Parlamentar de Inquérito, por deliberação desta;
•Admite, igualmente, embargos como defesa, sob todas as formas previstas nos arts. 129 e 130 do CPP;
•As hipóteses de levantamento são aquelas arroladas no art. 131, além, obviamente, da procedência dos embargos;
•Assim como ocorre em relação ao sequestro de bem imóvel, exige a presença de indícios veementes de aquisição ilícita;
•É medida de alçada do magistrado criminal e por ele determinada de forma inaudita altera parte;
•Por fim, no tocante ao procedimento, é ele constante do esquema elaborado em relação aos bens de natureza imobiliária.
Sequestro de bens ou valores equivalentes (art. 91, § 2.º, do CP)
O art. 91, II, b, do Código Penal estabelece, como efeito automático e obrigatório da sentença condenatória transitada em julgado, a perda, em favor da União Federal, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
Considerando que podem surgir dificuldades em rastrear o produto ou os proventos do crime, estabelece o art. 91, § 1.º, do Código Penal que, no caso de não localização destes bens ou de se localizarem eles no exterior, poderá o juiz decretar a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime.
Hipoteca legal (arts. 134 a 144 do CPP)
Trata-se de direito real de garantia que incide sobre bens imóveis lícitos pertencentes ao réu (arts. 134 e 135 do CPP), não podendo atingir patrimônio registrado em nome de terceiro. Alerta-se que existe entendimento no sentido de que é possível a especialização do patrimônio do terceiro, se este for corresponsável civil, caso em que o procedimento servirá como preparatório ou incidental para o processo de conhecimento condenatório, uma vez que o terceiro responsável não é parte no processo penal.
Sendo lícita a origem dos bens sujeitos à hipoteca, pergunta-se: Qual a finalidade desta medida assecuratória? A resposta é simples: visa assegurar que o acusado tenha patrimônio disponível para responder à futura ação de execução ex delicto (art. 63 do CPP) que lhe venha a ser proposta pelo ofendido.
Fazes
A despeito da redação equivocada do art. 134 do CPP (refere-se a indiciado), entendemos que seu requerimento é possível, unicamente, na fase judicial, tendo em vista que incide sobre os bens que não são suspeitos de aquisição ilícita.
Requisitos indispensáveis
Os pressupostos da hipoteca legal são dois: prova da materialidade do fato imputado (em relação ao qual se pretenderá, mais tarde, o ressarcimento do dano cível causado) e indícios de autoria (art. 134 do CPP).
Dessa forma, requisito que, efetivamente, deverá ser demonstrado ao juiz criminal como conditio sine qua non para que ordene ele a hipoteca legal de bens do réu é o periculum in mora, vale dizer, o justo receio de que, diante da demora do processo criminal, o réu possa tornar-se insolvente, desfazendo-se de seu patrimônio antes do trânsito em julgado da condenação.
Legitimidade
De acordo com o art. 134 do CPP, a especialização de bens em hipoteca poderá ser requerida pelo ofendido, o que se estende, obviamente, ao seu representante legal e a seus herdeiros.
Quanto ao Ministério Público, de acordo com o art. 142 do CPP, a legitimação ocorrerá em apenas dois casos: quando a vítima, pobre, requerer, formalmente, que promova o pedido de hipoteca legal em seu nome, caso em que estará agindo o Ministério Público como substituto processual; e, também, quando houver interesse da Fazenda Pública, como nos casos de crimes de sonegação fiscal.
Lembre-se de que, no primeiro caso citado (Ministério Público agindo como substituto processual da vítima pobre), a jurisprudência condiciona a constitucionalidade do agir ministerial à inexistência de Defensoria Pública organizada na Comarca, pois, existindo este Órgão, será sua a competência para atender os necessitados (art. 134 da CF).
Por fim, cabe frisar que, ao contrário do que ocorre em relação ao sequestro, na hipoteca legal é vedado ao juiz decretar a medida ex officio, também não sendo facultado ao delegado de polícia, na fase do inquérito, oferecer representação visando a esse fim.
Defesa
Não há previsão legal de uma defesa específica quanto ao mérito da hipoteca legal, ao contrário do que ocorre com o sequestro, relativamente ao qual o Código de Processo Penal faculta a oposição de embargos (arts. 129 e 130). Não se prevê, enfim, um momento específico em que possa o réu manifestar-se ao juízo no sentido de que seja desnecessária a hipoteca de seus bens, alegando, por exemplo, que não existe risco iminente de alienação de seu patrimônio. 
Procedimento
O pedido de hipoteca legal deve ser feito por meio de petição fundamentada junto ao juízo penal. Neste requerimento, deve o postulante demonstrar a presença dos pressupostos da medida, descrever os bens imóveis a serem hipotecados e estimar o valor do dano cível sofrido e dos bens do réu que pretende hipotecar. 
Cancelamento
O art. 141 do CPP prevê duas situações de cancelamento da hipoteca legal: a extinção da punibilidade e a absolvição criminal transitadas em julgado.
Arresto prévio ou preventivo
rotulada de arresto preventivo, e cujo objetivo é tornar os bens do réu inalienáveis durante o tempo em que tramitar o pedido de hipoteca. Trata-se da previsão do art. 136 do CPP, dispondo que “o arresto poderá ser decretado de início”, vale dizer, antes de ser deduzido o pedido de hipoteca.
INCIDENTE DE FALSIDADE DOCUMENTAL (ARTS. 145 A 148 DO CPP)
Trata-se de procedimento que tem por objetivo constatar a autenticidade de um documento inserido nos autos do processo criminal, inclusive aqueles que tenham sido produzidos por meio eletrônico, conforme autorizado pelo art. 11, caput, da Lei 11.419/2006. Como documento, considera-se tudo aquilo capaz de retratar determinada situação fática, ainda que o seja por meio de áudio ou vídeo.
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (ARTS. 149 A 154 DO CPP)
Instauração
O incidente de insanidade mental deverá ser realizado mediante determinação do juiz, sempre que houver dúvida sobre a integridade mental do autor da prática criminosa (art. 149, caput, do CPP). Essa dúvida que justifica a instauração refere-se à condição mental do indivíduo tanto ao tempo do fato quanto ao momento atual, ou seja, enquanto tramita o inquérito ou o processo.

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