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30 Temas de Processo Penal Certos em Provas 
Estratégia Carreira Jurídica 
 
 
 
30 Temas de Processo Penal Certos em Provas 
 
1 
67 
Olá, pessoal! Tudo bem? 
Aqui é Leonardo Tavares, Professor do Estratégia Carreira Jurídica. 
Não obstante a amplitude da matéria de processo penal, fizemos aqui 
algumas ‘apostas’, com base na experiência e em levantamentos da equipe, 
em relação a temas que acreditamos mais recorrentes nas provas dos 
concursos para carreiras jurídicas. 
Trinta (30) temas serão abordados, de forma muito pontual e sem qualquer 
pretensão de esgotá-los. Estamos apenas colocando a nossa experiência a seu serviço, na dificílima tarefa de 
antecipar algumas questões com ideias e compreensões consolidadas neste material. 
♾ Aproveito, ainda, para dar um aviso importante: a Assinatura Jurídica Vitalícia está de volta. Depois de 
muitos pedidos dos nossos alunos, o produto que dá acesso perpétuo a todos os materiais e ferramentas do 
Estratégia Carreira Jurídica ficará disponível por tempo limitado. 
💎 Anote na agenda o dia 15/05/2023, às 10h, e prepare-se para fazer o último investimento da sua vida na 
preparação para concursos jurídicos. 
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lá divulgaremos tudo em primeira mão. É só clicar nos botões abaixo ou no QR Code: 
 
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Grande abraço, 
Leonardo Tavares 
https://t.me/vitaliciajuridica
https://www.redirectmais.com/wpp/vitalicia-ecj
https://t.me/vitaliciajuridica
https://www.redirectmais.com/wpp/vitalicia-ecj
 
 
 
30 Temas de Processo Penal Certos em Provas 
Estratégia Carreira Jurídica 
 
 
 
30 Temas de Processo Penal Certos em Provas 
 
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Sumário 
30 Temas de Processo Penal Certos em Provas ................................................................................................. 4 
1 – Provas ....................................................................................................................................................... 4 
2 – Institutos despenalizadores ...................................................................................................................... 9 
3 – Características do Inquérito Policial ....................................................................................................... 11 
4 – Desarquivamento do inquérito policial e novas provas ......................................................................... 13 
5 - Revista pessoal e acesso aos dados do telefone celular do autuado ..................................................... 15 
6 – Busca e apreensão – busca domiciliar.................................................................................................... 18 
7 – Reconhecimento de pessoas – procedimento, inobservância e consequências .................................... 21 
8 – Conexão x continência ............................................................................................................................ 25 
9 – Competência da Justiça Federal - Embarcações e aeronaves ................................................................ 26 
10 – Competência nos crimes de estelionato ............................................................................................... 30 
11 – Prisão em flagrante .............................................................................................................................. 32 
12 – Prisão Preventiva .................................................................................................................................. 33 
13 – Prisão Domiciliar .................................................................................................................................. 35 
14 – Características das medidas cautelares ............................................................................................... 36 
15 – Pressupostos genéricos das medidas cautelares ................................................................................. 37 
16 – Nulidades .............................................................................................................................................. 40 
17 – Recursos................................................................................................................................................ 41 
18 – Emendatio Libelli e Mutatio Libelli ....................................................................................................... 45 
19 – Princípios Constitucionais do Tribunal do Júri ...................................................................................... 48 
20 – ‘Habeas Corpus’ .................................................................................................................................... 48 
21 – Principais características das ações penais .......................................................................................... 50 
22 – Extinção da punibilidade nas ações penais privadas ........................................................................... 51 
 
 
 
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23 – Princípios fundamentais no processo penal ......................................................................................... 52 
24 – Revisão criminal ................................................................................................................................... 54 
25 – Pronúncia .............................................................................................................................................. 54 
26 – Assistente de acusação ........................................................................................................................ 56 
27 – Incidente de insanidade mental ........................................................................................................... 57 
28 – Sentença penal ..................................................................................................................................... 59 
29 – Incidentes relativos à fiança ................................................................................................................. 63 
30 – Revelia no processo penal .................................................................................................................... 66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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30 TEMAS DE PROCESSO PENAL CERTOS EM PROVAS 
1 – PROVAS 
Definição de prova 
Normalmente relacionada à ideia de reconstrução dos fatos pretéritos para viabilizar convicção do juiz. 
Noção criticada na atualidade, reconhecendo-se a 
impossibilidade de se recuperar o que já passou. 
A prova consiste, pois, na demonstração de existência 
ou da veracidade daquilo que se alega como 
fundamento do direito que se defende ou que se 
contesta. E, nesta razão, no sentido processual, designa 
também os meios, indicados em lei, para realização 
dessa demonstração. 
A palavra ‘prova’ normalmente tem 3 sentidos: 
atividade probatória, meio de prova e resultado, este a 
representar o convencimento. 
Finalidade da prova 
Formar a convicção do juiz, mediante uma reconstituição histórica do fato criminoso (visão ortodoxa). 
Trabalha-se com uma verdade processual, cuja ‘certeza’ é de natureza jurídica – com materialização da 
prova. A “função da prova é permitir o embasamento concreto das proposições formuladas, de forma a 
convencer o juiz de sua validade” - uma espécie de apoio à retórica. A finalidade da provavaria de acordo 
com a concepção que se tenha do processo. 
Destinatários da prova 
O principal destinatário é o juiz; secundariamente a prova também 
se dirige às partes, que dela podem extrair convicções e 
consectários legais. 
Objeto da prova 
Se dá em relação a questões de fato surgidas no processo. São “os 
fatos, principais ou secundários, que reclamem uma apreciação 
judicial e exijam uma comprovação” – aqueles que as partes 
pretendem demonstrar. Objeto in concreto são os fatos relevantes 
para a decisão. 
Para corrente minoritária o objeto da prova são as afirmações e 
asserções das partes sobre fatos, em relação àquelas que 
interessam para a solução da causa. 
Thema probandum se constitui pela imputação constante da peça acusatória. 
Elementos de prova 
n
ão
 d
ep
en
d
em
 d
e 
p
ro
va
 o
s 
fa
to
s
axiomáticos/intuitivos
irrelevantes/inúteis
notórios
presunções legais
PROVA
ótica 
objetiva
atividade 
probatória
meio
ótica 
subjetiva
resultado da 
ação de 
provar
 
 
 
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São os dados objetivos que confirmam ou negam uma asserção a respeito de um fato. 
Instrução criminal 
“O conjunto de atos processuais que têm por objeto recolher as provas com que deve ser decidido o litígio”. 
Fase própria, dentro do processo, para a produção das provas. A fase de instrução criminal, no processo, tem 
início com a apresentação de provas por parte do réu (o que normalmente ocorre com a resposta à acusação, 
art. 396-A do CPP) e vai até o encerramento da instrução complementar (eventualmente requerida com base 
no art. 402 do CPP). 
Classificação e terminologia das provas 
Direta: aquela que, por si e com uma única operação inferencial, demonstram o fato objeto da investigação. 
Indireta: não demonstra o fato diretamente, exige dedução, raciocínio lógico (ex. álibi). 
Plena: completa e convincente acerca dos fatos, permitindo juízo de certeza. 
Não plena: ou semiplena, é a prova mais tênue que gera juízo de probabilidade. 
Real: decorre de coisas materiais (ex. arma), com os sinais nelas deixados. 
Pessoal: decorre de pessoas (ex. interrogatório, testemunha) e suas impressões. 
Positiva: procura demonstrar a existência do fato. 
Negativa: visa demonstrar a inexistência do fato – é a contraprova. 
Prova emprestada 
Aquela que é produzida num determinado processo/procedimento e acaba sendo utilizada em outro. 
Doutrina majoritária defende que ela tem o mesmo ‘valor’ da prova originária e que isso só seria possível em 
casos de procedimentos com as mesmas partes em que tenha havido contraditório. 
O art. 372 do Código de Processo Civil diz o seguinte: “O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida 
em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”. 
A jurisprudência mais recente tem admitido o uso da prova emprestada mesmo entre casos sem identidades 
de partes (para não restringir demais sua utilização), com o contraditório diferido. MARINONI recomenda a 
observância dos direitos em jogo na admissão da prova emprestada. 
PROVAS CAUTELARES NÃO REPETÍVEIS ANTECIPADAS 
Modo de produção: acautelatório oficioso antecipado 
Momento: investigação/processo investigação/processo investigação/processo 
Autorização judicial: depende não depende depende 
Repetição: difícil, em tese viável inviável difícil, em tese viável 
Contraditório: diferido/postergado diferido/postergado real e temporâneo 
Exemplo: interceptação telef. necropsia depoimento urgente 
 
 
 
 
 
 
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Ônus da prova 
Posição ativa que confere ao sujeito processual uma faculdade em relação à prova que pode resultar em 
algum resultado favorável – imperativo de próprio interesse. O descumprimento não implica sanção (nem 
ilicitude), porque não é dever, apenas risco de um resultado desfavorável (que pode não acontecer). 
Subjetivo = regra de conduta, encargo de provas que 
pesa sobre as partes. 
Objetivo = regra de julgamento a ser observada pelo 
juiz nos casos de dúvida. Não é para fixar quem deve 
produzir a prova, mas sim de quem assume o risco da 
sua falta. 
Perfeito/absoluto = resultado do descumprimento é 
necessário e inevitável. 
Imperfeito/relativo = resultado do descumprimento não é necessário e obrigatório (pode ocorrer, mas não 
necessariamente). 
Distribuído: quanto ocorre distribuição da carga probatória entre as partes do processo (não fica para uma 
só), com base no art. 156 do CPP e disposições do Código de Processo Civil. 
 
Exclusivo da acusação: (corrente minoritária) em razão da presunção de inocência e do in dubio pro reo o 
ônus da prova seria exclusivamente da acusação. Fazendo alusão ao art. 41 do CPP também sustentam que 
a acusação deve comprovar tipicidade, ilicitude e culpabilidade. 
Nível de prova: para a acusação se exige prova acima de dúvida razoável; para a defesa basta que consiga 
lançar dúvida fundada a respeito de suas teses – in dubio pro reo. 
Inversão do ônus da prova? Lei 9.613/2008, art. 4º, § 2º. O juiz determinará a liberação total ou parcial dos 
bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, 
direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, 
multas e custas decorrentes da infração penal. 
ÔNUS DA 
PROVA
subjetivo
partes
regra de 
conduta
objetivo
juiz
regra de 
julgamento
ACUSAÇÃO
existência do fato penalmente ilícito
autoria
relação de causalidade
culpa (stricto sensu - negligência,
imprudência e imperícia); dolo é
presumido
DEFESA
fatos impeditivos: exclusão da vontade
e exclusão da culpa
fatos modificativos: exclusão da
antijuridicidade, causas supralegais etc.
fatos extintivos: prescrição, decadência
etc.
 
 
 
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Iniciativa probatória do juiz 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas 
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade 
da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de 
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
Sistemas de avaliação da prova 
 Íntima convicção: também denominado de “sistema de livre convicção” ou “sistema da certeza moral do 
juiz”, é marcado pela ampla liberdade do julgador na análise e valoração das provas. Não há motivação ou 
fundamentação da decisão; a convicção é íntima e reservada. Admite-se, inclusive, a apreciação de provas 
estranhas ao processo. 
É o sistema adotado no Tribunal do Júri (e apenas aí); constituindo um corolário do princípio do sigilo das 
votações, inerente ao próprio Tribunal do Júri, que se encontra estampado no art. 5º, XXXVIII, ‘b’ da 
Constituição Federal. 
 Prova tarifada: também conhecido por “sistema da prova legal”, “da certeza moral do legislador”, “da 
verdade legal” e “da verdade formal”, tem como traço característico a fixação antecipada e em abstrato, 
pelo próprio legislador, do valor e força probatória dos diversos tipos de provas. Nesse sistema, retira-se a 
liberdade apreciativa do juiz, que acaba ficando incumbido apenas de conferir às provas o valor estabelecido 
pelo legislador quando da edição da norma. 
Não é o sistema adotado como regra no direito processual penal brasileiro, não obstante existam resquícios 
desse método em alguns dispositivos do CPP, como, por exemplo, o art. 158 (vinculação do juiz ao exame de 
corpo de delito em crimes que deixam vestígios) e art. 155, parágrafo único (prova do estado depessoas 
apenas por certidão, e não por testemunhas). 
 Convencimento motivado ou persuasão racional do juiz: é o sistema adotado como regra no processo 
penal brasileiro, conforme se depreende do art. 155, caput do CPP e art. 93, IX da CF. Constitui um justo-
meio entre os demais sistemas; nele é devolvida a liberdade de convicção ao magistrado, que tem autonomia 
para valorar racionalmente as provas a ele submetidas. 
A liberdade de convicção, contudo, não é absoluta e ilimitada. A uma, porque a devida fundamentação da 
decisão constitui requisito imprescindível ao decisum, sendo, inclusive, pressuposto de sua validade; a duas, 
porquanto não pode o magistrado se valer de elementos probatórios estranhos ao processo para formar sua 
convicção, estando ele atrelado às provas produzidas em seu bojo; a três, pois, conforme o próprio art. 155 
do CPP, não pode o juiz fundar sua convicção exclusivamente nos elementos informativos amealhados em 
sede de investigação preliminar. Nesse sistema não há hierarquia entre as provas; são todas relativas e serão 
apreciadas e valoradas considerando-se as peculiaridades de cada caso. 
Prova vedada/ilegal 
 Serendipidade – encontro fortuito de provas: essa teoria é usada “nos casos em que, no cumprimento 
de uma diligência relativa a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas pertinentes à outra 
 
 
 
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infração penal, que não estavam na linha de desdobramento normal da investigação”. “Nesses casos, a 
validade da prova inesperadamente obtida está condicionada à forma como foi realizada a diligência: se 
houve desvio de finalidade, abuso de autoridade, a prova não deve ser considerada válida; se o encontro da 
prova foi casual, fortuito, a prova é válida”. Tem sido usada, principalmente, em casos de interceptação 
telefônica. 
 Princípio da proporcionalidade: a doutrina e a jurisprudência majoritárias há longo tempo têm 
considerado possível a utilização das provas ilícitas em favor do réu quando se tratar da única forma de 
absolvê-lo ou de comprovar um fato importante à sua defesa. Do mesmo modo que tendem a não aceitar o 
princípio da proporcionalidade como fator capaz de justificar a utilização da prova ilícita em favor da 
sociedade, ainda que se trate do único elemento probatório carreado aos autos passível de conduzir à 
condenação do réu. “No Brasil, atualmente, a jurisprudência não aceita, ainda, a utilização de critérios de 
ponderação para o aproveitamento da prova ilícita, quando em desfavor do acusado. Nem como regra, o 
que é absolutamente correto, nem como – muito menos, na verdade – exceção”. 
 Prova ilícita por derivação: famosa ‘teoria dos frutos da árvore envenenada’. Teoria que surgiu no direito 
norte-americano e que estabelece que todas as provas que sejam derivadas (no sentido de provenientes, 
consequenciais) das ilícitas também não poderão ser aceitas/admitidas no processo. 
Incorporado no nosso sistema, inclusive pela lei que, no § 1º do art. 157, diz que “são também inadmissíveis 
as provas derivadas das ilícitas”. 
 
 Teoria da fonte independente: fonte de prova independente = prova não relacionada com os fatos que 
geraram a produção da prova contaminada. Segundo a lei, a prova derivada poderá ser admitida quando 
puder ser obtida por uma fonte independente da prova ilícita (art. 157, § 1º, CPP). 
 Teoria da descoberta inevitável: admite-se que “a segunda prova deriva da ilícita, porém se entende que 
não há razão para reputá-la nula ou ineficaz. Isso porque a descoberta por ela constatada ocorreria mais 
cedo ou mais tarde. A lógica do salvamento da segunda prova está em que não há motivo para retirar eficácia 
de uma prova, que trouxe uma descoberta que muito provavelmente seria obtida de qualquer maneira”. 
PROVAS ILÍCITAS
violação regras de direito 
material
violação na obtenção/coleta
normalmente antes/fora do 
processo
inadmissíveis no processo
não podem ser 
refeitas/convalidadas
PROVAS ILEGÍTIMAS
violação regras de direito 
processual
violação na produção
normalmente durante o 
processo
carregam nulidade, podem ser 
admitidas
podem ser 
refeitas/convalidadas
 
 
 
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 Por essas teorias se poderia dizer “que nem todos os frutos da árvore venenosa são proibidos, pois alguns 
podem ser aproveitados”. 
 Teoria do nexo causal atenuado: “quando a ligação entre a prova ilícita e a que dela deriva for de tal 
maneira tênue, não há que se falar em derivação da prova ilícita”; reflete “situações em que o nexo seja tão 
distante entre a prova ilícita e a prova obtida que se poderia pensar em um afastamento (ao menos 
normativo) deste nexo”. 
Teria sido positivada no § 1º do art. 157, quando diz que é admissível a prova ilícita por derivação quando 
“não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras”. 
 Inutilização da prova ilícita: art. 157, § 3º. Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada 
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
 Informativo 603 STJ: obrigar o suspeito a colocar seu celular em “viva voz” no momento de uma ligação 
é considerado prova ilícita (STJ. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
18/4/2017). 
2 – INSTITUTOS DESPENALIZADORES 
Com o advento da Lei 13.964/2019 e o acréscimo do art. 28-A ao Código de Processo Penal, tivemos a 
consolidação de mais um instituto despenalizador: o acordo de não persecução penal (ANPP). Confira uma 
tabela que preparamos a respeito das principais diferenças e semelhanças entre os ‘benefícios’ que hoje 
temos: 
TRANSAÇÃO PENAL 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO 
ANPP 
prevista no art. 76 da Lei 9.099/95 prevista no art. 89 da Lei 9.099/95 previsto no art. 28-A do CPP 
aplicável à infração de menor 
potencial ofensivo 
aplicável a todos os delitos, salvo 
exceções (médio potencial) 
aplicável a infrações penais sem 
violência ou grave ameaça 
pena máxima de 2 anos de pena 
pena mínima não superior a 1 ano 
(ou alternativa de multa) 
pena mínima inferior a 4 anos 
causas de aumento/diminuição 
devem ser consideradas 
causas de aumento/diminuição 
devem ser consideradas 
causas de aumento/diminuição 
devem ser consideradas (§ 1º) 
conexão/concurso IMPO: soma 
penas, > 2 anos impede 
concurso: soma penas, > 1 ano de 
pena mínima, impede: 723/STF e 
243/STJ 
concurso: soma penas, > 4 anos 
de pena mínima, impede 
não se aplica em crimes militares 
e de violência doméstica 
não se aplica em crimes militares 
e de violência doméstica 
não se aplica em crimes de 
violência doméstica e contra a 
mulher (por cond. do sexo) 
aplicável em caso de 
desclassificação do crime 
aplicável em caso de 
desclassificação do crime 
aplicável em caso de 
desclassificação do crime 
 
 
 
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estar sendo processado não 
impede 
estar sendo processado impede 
criminalidade habitual, reiterada 
ou profissional impede (exceto se 
insignificantes as anteriores) 
condenação definitiva (pena 
privativa de liberdade) impede 
condenação anterior impede reincidência impede 
transação penal aceita nos 5 anos 
anteriores impede (art. 76, § 2º, II 
da Lei 9.099/1995) 
o prazo de 5 anos do art. 76, § 2º, 
II também se estende ao sursis 
processual (tese 9, Jurisp. em 
Teses, ed. 93, STJ) 
transação penal, suspensão 
condicional do processo ou ANPP 
aceito nos 5 anos anteriores 
impede (art. 28-A, § 2º, III do CPP) 
tomam-se em conta condições 
pessoais (requisitos subjetivos) 
tomam-se em conta condições 
pessoais (requisitos subjetivos) 
não há referência legal a 
condições pessoais, embora 
possamser avaliadas dentro da 
‘reprovação e prevenção’ (caput). 
deve-se avaliar se não é caso de 
arquivamento (justa causa) 
deve-se avaliar se não é caso de 
arquivamento (justa causa) 
deve-se avaliar se não é caso de 
arquivamento (justa causa) 
não depende de denúncia – fase 
preliminar 
denúncia tem de ser recebida – 
fase judicial 
não depende de denúncia – fase 
preliminar 
oferecida em primeiro lugar nas 
IMPO – antes da denúncia 
oferecida subsidiariamente nas 
IMPO; em primeiro lugar nas 
infrações de médio potencial 
ofensivo – quando da denúncia 
não será oferecido se for cabível 
transação penal, nas IMPO (art. 
28-A, § 2º, I do CPP) 
não tem prazo ou período de 
prova 
período de prova de 2 a 4 anos 
sem prazo, mas prestação de 
serviços corresponderá à pena 
mínima diminuída 1/3 a 2/3 
prescrição corre normalmente 
não corre prescrição no prazo da 
suspensão 
não corre prescrição enquanto 
não cumprido ou rescindido (CP, 
116, IV) 
juiz pode reduzir multa até 
metade 
juiz pode fixar condição 
judicial/facultativa 
juiz não interfere diretamente nas 
condições, mas pode devolver ou 
recusar homologação (§§ 5º e 7º) 
cumprimento: extinção da 
punibilidade (jurisprudência) 
cumprimento: extinção da 
punibilidade (art. 89, § 5º) 
cumprimento: extinção da 
punibilidade (art. 28-A, § 13) 
não caracteriza reincidência não caracteriza reincidência não caracteriza reincidência 
não implica reconhecimento de 
culpa ou responsabilidade civil 
não implica reconhecimento de 
culpa ou responsabilidade civil 
não implica reconhecimento de 
culpa ou responsabilidade civil, 
embora exija confissão formal e 
circunstanciada (extrajudicial) 
natureza jurídica: poder-dever do 
MP (definida pela jurisprudência) 
natureza jurídica: poder-dever do 
MP (definida pela jurisprudência) 
natureza jurídica: ‘poder-dever’ 
do MP (jurisprudência definirá) 
proposta e legitimidade do 
Ministério Público 
proposta e legitimidade do 
Ministério Público 
proposta e legitimidade do 
Ministério Público 
 
 
 
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vítima normalmente não 
participa, lei não exige 
lei não exige intimação ou 
participação da vítima, mas existe 
reparação do dano (inc. I, art. 89) 
além de reparação do dano (inc. I, 
art. 28-A), vítima deve ser 
intimada da homologação e 
cumprimento (§ 9º) 
3 – CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 
Características 
Escrito - art. 9º do CPP. 
Dispensável – Não é obrigatório para instruir a ação penal. O que precisa para a ação penal é de peças de 
informação, elementos (justa causa), mas não necessariamente que isso decorra do inquérito. 
Sigiloso – art. 20 do CPP (súmula vinculante 14/STF: é direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por 
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”). 
Inquisitivo – poderes investigatórios concentrados na autoridade policial, sem contraditório e ampla defesa. 
Oficialidade – investigação somente por órgãos oficiais do Estado. 
Oficiosidade: a investigação, regra geral, não depende de provocação para seu início e desenvolvimento, é 
ofício do agente público. 
Discricionariedade - margem de liberdade, dentro dos limites legais, concedida à autoridade policial na 
condução dos trabalhos investigativos. 
Indisponibilidade - art. 17, CPP - a autoridade policial não poderá mandar arquivar IP. 
Vícios no inquérito policial 
Enquanto procedimento administrativo, assim como outro qualquer, o inquérito policial tem de observar as 
poucas diretrizes legais e, inclusive, os princípios constantes do art. 37 da Constituição Federal, da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
➔ Cuidando-se de peça meramente informativa, as imperfeições do inquérito policial, regra geral, não 
atingem ou contaminam o processo penal. 
Conclusão do inquérito 
Conforme o artigo 10 do CPP, o inquérito policial tem prazo certo para encerramento. 
 Lembrar que os prazos (10 e 30 dias) são os fixados como regra no CPP. Há várias legislações 
extravagantes que fixam prazos completamente diferentes para a conclusão de inquéritos policiais em 
relação a determinadas espécies de crimes; um claro exemplo é a Lei 11.343/2006 (Drogas), em seu art. 51. 
 INVESTIGADO PRESO INVESTIGADO SOLTO* 
CPP (art. 10, caput) 10 dias 30 dias 
 
 
 
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Inquérito policial federal 15 + 15 30 dias 
Inquérito policial militar 20 dias 40 + 20 
Lei de drogas 30 + 30 90 + 90 
Crimes contra a economia popular 10 10 
Prisão temporária decretada em inquérito 
policial relativo a crimes hediondos e 
equiparados 
30 + 30 Não se aplica. 
* Em se tratando de investigado solto, doutrina e jurisprudência admitem a prorrogação sucessiva do 
prazo para a conclusão do inquérito policial (Lima, 2017). 
Arquivamento do inquérito 
Em razão da indisponibilidade e conforme art. 17 do CPP, a autoridade policial não pode mandar arquivar 
autos de inquérito policial. Do mesmo modo, o juiz, de ofício, não pode tomar essa medida, sendo 
inarredável a manifestação do Ministério Público. 
Efeito jurídico: em regra, o arquivamento do inquérito policial não consolida, definitivamente, a situação 
jurídica do imputado; não opera coisa julgada. 
Todavia, a decisão que homologar pedido de arquivamento de inquérito policial fundado em razões de 
mérito normalmente fará coisa julgada material. 
Exemplos de arquivamento que não fazem coisa julgada por não haver manifestação a respeito do mérito: 
a) ausência de pressupostos processuais ou condições para o exercício da ação penal; 
b) ausência de justa causa. 
Farão coisa julgada material as homologações de arquivamento por: 
a) atipicidade da conduta; 
b) existência de causas excludentes de ilicitude ou de culpabilidade; 
c) existência de causa extintiva de punibilidade. 
 
 
 
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4 – DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL E NOVAS PROVAS 
Nova sistemática da Lei 13.964/2019 – suspensa 
Antes de iniciarmos o assunto, é preciso pontuar que o ‘Pacote Anticrime’ operou grandes inovações no que 
diz respeito ao arquivamento do inquérito policial. Aquilo que hoje ocorre por uma homologação judicial 
pode passar a acontecer sem qualquer intervenção do juiz. Perceba como ficaram as disposições legais já 
sancionadas: 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos 
da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à 
autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de 
homologação, na forma da lei. 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito 
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria 
à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei 
orgânica. 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e 
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do 
órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Repare que, de acordo com a nova redação do art. 28 do CPP, o arquivamento do inquérito policial será 
inicialmente promovido pelo próprio parquet e na sequência submetido à homologação de uma instância de 
revisão ministerial; uma espécie de ‘reexame necessário’ da deliberação de arquivamento que será feito pela 
própria instituição do Ministério Público. 
Deacordo com a Lei nova, permitir-se-á (diferente do que hoje acontece) que a vítima (ou seu representante 
legal), que será intimada sobre o desfecho do caso, reclame em relação à deliberação de arquivamento, 
também submetendo a questão a essa ‘instância revisora’. 
Nesse ponto andou muito bem o legislador. Afinal, permitiu que a vítima, maior interessada na apuração de 
um crime, fiscalize o eventual encerramento prematuro ou indevido da persecução penal. Repare que, 
atualmente, a vítima sequer fica sabendo (não é avisada) do arquivamento do inquérito policial e, mesmo 
que saiba, nada pode fazer – nem mesmo legitimidade para impetração de mandado de segurança a 
jurisprudência reconhece. 
A revisão do arquivamento proposto pelo agente do Ministério Público também poderá ser provocada, nos 
crimes contra entes públicos (União, Estados e Municípios), pela chefia do órgão de representação judicial, 
nos termos do § 2º do art. 28 do CPP. 
O procedimento da lei, dando ênfase ao sistema acusatório, não prevê qualquer intervenção ou ingerência 
do Poder Judiciário. É conveniente, não obstante, que o juiz seja comunicado desse arquivamento, 
justamente para que mantenha o controle das investigações em curso. A comunicação, portanto, não deve 
 
 
 
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se operar somente para a vítima, investigado e autoridade policial, como previsto no caput do art. 28 do CPP 
(com a nova redação). 
Se antes o controle da obrigatoriedade da ação penal pública operava-se como uma função atípica do 
magistrado (por muitos criticada), agora passará a ocorrer interna corporis (pelo próprio Ministério Público), 
também por aqueles que têm direito ou interesse subjetivo na apuração do fato (ofendidos ou 
representantes judiciais de entes públicos). 
Por ora, não convém ir além nos comentários em relação às inovações. Isso porque que essa disposição está 
com a eficácia suspensa (sine die), por medida cautelar concedida pelo Min. LUIZ FUX, relator da ADI 6.305, 
ad referendum do Plenário do STF. Ou seja, sem a manifestação final da Suprema Corte, seria temerário 
estudar a fundo alterações que talvez não sejam implementadas no futuro. 
Atualmente, repare, o arquivamento do inquérito policial continua com a sistemática que 
sempre teve e que analisaremos na sequência. Em outras palavras para que não gere dúvida: 
hoje, ao se arquivar uma investigação, valem as disposições antigas do CPP, em especial o art. 
28, que confere atuação ao magistrado. 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender. 
O Ministro LUIZ FUX foi expresso nesse sentido, no dispositivo da liminar concedida na ADI 6.305: “[...] a 
redação revogada do artigo 28 do Código de Processo Penal permanece em vigor enquanto perdurar esta 
medida cautelar”. 
Sistemática ainda vigente 
Em razão da indisponibilidade, e conforme estabelece o art. 17 do Código de Processo Penal, 
a autoridade policial não pode mandar arquivar autos de inquérito policial. Do mesmo modo, 
o juiz, de ofício, não pode tomar essa medida, sendo inarredável a manifestação do Ministério 
Público. 
É o Ministério Público que faz juízo de valor em relação aos elementos de informação do 
inquérito policial para efeito de resolver pelo seu arquivamento. Na verdade, como adverte 
BRASILEIRO, “é um ato complexo, que envolve prévio requerimento formulado pelo órgão do Ministério 
Público, e posterior decisão da autoridade judiciária competente. [...] não se afigura possível o arquivamento 
de ofício do inquérito policial pela autoridade judiciária, nem tampouco o arquivamento dos autos pelo 
Ministério Público, sem a apreciação de seu requerimento pelo magistrado” (Lima, 2018). 
 
 
 
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Existe divergência na doutrina quanto à natureza jurídica dessa deliberação do juiz pelo arquivamento1. Uns 
entendem que, na inexistência de processo, isso não passaria de um ato administrativo, onde o magistrado 
exerceria uma função anômala de fiscal da obrigatoriedade da ação pública. A lei (CPP, art. 67, I) se refere a 
essa deliberação como se despacho fosse. Outros compreendem que seria uma decisão judicial, na medida 
em que tem efeitos similares à impronúncia e, em certas situações, pode formar coisa julgada. 
Lembremos que o arquivamento se dá não só com relação ao inquérito policial propriamente dito; também 
é aplicado no desfecho de investigações outras, com relação às peças de informação que tenham sido 
produzidas nesses autos. A referência está no Código de Processo Penal: 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, [...] 
Tanto o arquivamento não é restrito ao inquérito policial que a Lei 9.099/1995 (Lei dos Juizados), no art. 76, 
prevê isso para as infrações de menor potencial ofensivo que, ordinariamente, não são investigadas por 
inquérito policial. Quanto a elas temos apenas o termo circunstanciado. 
5 - REVISTA PESSOAL E ACESSO AOS DADOS DO TELEFONE CELULAR 
DO AUTUADO 
A Constituição Federal consagra, em seu art. 5º, inúmeros direitos e garantias individuais da pessoa humana, 
dentre os quais estão o direito fundamental à inviolabilidade da privacidade e os sigilos de correspondência, 
dados telefônicos e conversas telefônicas: 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
Em relação aos serviços de telecomunicações, a garantia do sigilo ainda foi reforçada na Lei 9.472/1997, que 
prevê: 
Art. 3º O usuário de serviços de telecomunicações tem direito: 
 
 
1 Aliás, é comum que haja divergência quanto à natureza jurídica de vários institutos de Direito Processual 
Penal. 
 
 
 
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V - à inviolabilidade e ao segredo de sua comunicação, salvo nas hipóteses e condições 
constitucional e legalmente previstas; 
Mais recentemente, com a constante evolução e disseminação do acesso à internet, o respectivo sigilo 
desses dados e comunicações, assim como a proteção à intimidade nesse meio também foram objeto de 
tutela legal, como se denota do art. 7º da Lei 12.965/2014 (Marco Civil da Internet): 
Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os 
seguintes direitos: 
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material 
ou moral decorrente de sua violação; 
II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, 
na forma da lei; 
III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial; 
É inegável que o telefone celular, mormente nos últimos anos, deixou de ser um mero instrumento de 
comunicação telefônica para ser um verdadeiro e rico banco de dados do seu proprietário, além de um 
instrumento de comunicação imediata multinível,potencializada pelo praticamente constante acesso do 
aparelho à internet e seus recursos. 
Nada impede, contudo, que esses aparelhos sejam apreendidos pelas autoridades policiais e seus agentes 
quando tal diligência se mostrar cabível e necessária: 
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
Art. 240. § 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém 
oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo 
anterior. 
§ 1º [...] 
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; [...] 
h) colher qualquer elemento de convicção. 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver 
fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que 
constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. 
 
 
 
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Sem problemas quanto à possibilidade de apreensão do aparelho celular; mas e o acesso aos seus dados, 
conversas e demais informações? Poderia o agente policial, no momento da revista pessoal e apreensão do 
aparelho, por exemplo, ter acesso às comunicações e mensagens contidos nos seus diversos aplicativos, 
como as conversas de WhatsApp e e-mails? 
Segundo os Tribunais Superiores, esse acesso apenas será válido se houver prévia autorização judicial, 
justamente em razão do sigilo aos dados assegurados constitucional e legalmente: 
Confira os destaques do Informativo 593 e da ed. 111 do Jurisprudência em Teses, ambos do STJ, a esse 
respeito: 
Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para 
a apreensão de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo 
sigilo telefônico, que compreende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, 
caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de 
telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas de informática e telemática (Informativo 
593/STJ, de novembro/2016). 
7) É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular, relativos 
a mensagens de texto, SMS, conversas por meio de aplicativos (WhatsApp), e obtida diretamente 
pela polícia, sem prévia autorização judicial (Jurisprudência em Teses, ed. 111). 
Em havendo a devassa indevida ao conteúdo do aparelho celular fora dos parâmetros estabelecidos pela lei 
e pela jurisprudência dos Tribunais Superiores, serão esses elementos e provas considerados ilícitos, assim 
como todas as provas que deles advierem, como evidencia o art. 157 do CPP: 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim 
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o 
nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma 
fonte independente das primeiras. 
Por outro lado, admite-se esse acesso quando o aparelho é apreendido em cumprimento a uma decisão 
judicial de busca e apreensão. Nesse sentido: 
[...] V - No presente caso, contudo, não se trata de aparelhos celulares apreendidos no momento 
do flagrante, uma vez que os telefones móveis foram apreendidos em cumprimento a ordem 
judicial que autorizou a busca e apreensão nos endereços ligados ao paciente e aos demais 
corréus. 
VI - Se ocorreu a busca e apreensão da base física dos aparelhos de telefone celular, ante a 
relevância para as investigações, a fortiori, não há óbice para se adentrar ao seu conteúdo já 
armazenado, porquanto necessário ao deslinde do feito, sendo prescindível nova autorização 
judicial para análise e utilização dos dados neles armazenados. (HC 372.762/MG, Rel. Ministro 
FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 03/10/2017, DJe 16/10/2017) [grifos nossos] 
 
 
 
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E essa constatação é natural. O aparelho celular em si, sua “carcaça”, de nada serve como elemento de 
informação/convicção ou prova, mas sim os dados nele contidos. Desta forma, autorizada judicialmente a 
sua busca e apreensão, entende-se como automática a autorização para o acesso ao seu conteúdo. 
6 – BUSCA E APREENSÃO – BUSCA DOMICILIAR 
Dispõe o art. 5º, XI da Lei Maior: 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento 
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante 
o dia, por determinação judicial; 
Ou seja, durante a noite é possível a entrada no domicílio de um indivíduo: 
i. em situação de flagrante delito; 
ii. em situação de desastre; 
iii. para prestar de socorro; 
iv. com o consentimento do morador. 
Durante o dia, além dessas mesmas hipóteses, adiciona-se o cumprimento de mandado judicial (da busca 
domiciliar, nesse caso). 
Pois bem. Algumas questões podem surgir dentro desse contexto delineado pelo dispositivo constitucional. 
Poder-se-ia indagar, por exemplo, qual a definição de ‘dia’, ou mesmo qual a abrangência do termo ‘casa’; 
afinal, são conceitos indeterminados. A doutrina trouxe esclarecimentos; todavia, há divergências. 
Em relação ao conceito de dia (e, via de consequência, de ‘noite’), há significativa divergência de 
entendimentos. AVENA muito bem explicita as diversas posições sobre o tema, inclusive reunindo a visão de 
doutrinadores a esse respeito, sem prejuízo de manifestar a sua visão e a que tem prevalecido: 
Mas o que se compreende por dia? Há três posições a respeito: 
• Primeira: Compreende-se o período entre as 6 horas e as 20 horas, por interpretação analógica 
do art. 172 do CPC/1973 (art. 212 do CPC/2015). Neste sentido: AURY LOPES JR. É, também, a 
posição a que aderimos. 
• Segunda: Deve ser considerado o período entre às 6 horas e às 18 horas, visando-se, com isso, 
a preservar ao máximo a vida privada e a intimidade no âmbito doméstico. Em apertada maioria, 
tem sido esta a orientação dominante. Neste sentido: JOSÉ AFONSO DA SILVA e FERNANDO DA COSTA 
TOURINHO FILHO. 
• Terceira: O critério deve ser o físico-astronômico, considerando-se como dia o período em que 
houver iluminação solar. Neste sentido: GUILHERME DE SOUZA NUCCI e FERNANDO CAPEZ (Avena, 
Processo penal, 2017). 
 
 
 
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A Lei nº 13.869/19 (nova Lei do Abuso de Autoridade) trouxe dispositivo que poderá, dependendo do 
posicionamento adotado pela jurisprudência, pôr fim a essas divergências. 
O inciso III do § 1º do artigo 22 da referida Lei prevê que cometerá crime de abuso de autoridade 
o agente que cumprir mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h. 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do 
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem 
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes 
das 5h (cinco horas). 
As possibilidades de interpretação são várias; desde aquelas que entendem que esse dispositivo teria 
estabelecido o conceito de dia (5h em diante) e de noite (depois das21h), àquelas que apontam que esses 
horários apenas têm relação com a ‘tipificação do crime’ trazido na nova norma. 
Em resumo, atualmente temos 4 correntes sobre o tema: 
i. 6 às 20h – com base nas regras do processo civil; 
ii. 6 às 18h – com base na tradição de um horário comercial; 
iii. Claridade – com base no momento que o sol nasce e se põe. 
iv. 5 às 21h – com base na Lei de Abuso de Autoridade. 
Pessoalmente, somos adeptos da última corrente, por um raciocínio bastante 
objetivo e pragmático: finalmente temos, em lei criminal, uma definição do que seja ‘dia’ ou ‘noite’ para 
efeito de proteção domiciliar. Não obstante eventuais críticas sobre a amplitude do período, essa foi a opção 
política do legislador e, convenhamos, nenhum absurdo nessa compreensão. O Brasil tem dimensões 
continentais. Existem lugares em que os primeiros raios do sol surgem antes das 5h (Paraíba); em outros 
pontos (sul do país), é possível que o sol perdure até por volta de 20h30, considerando-se o ‘horário de 
verão’. As leis têm abrangência em todo o território nacional (art. 1º do CPP). Diante desses fatos/realidades 
e da presunção de constitucionalidade, não vemos nenhuma afronta direta da lei ao texto constitucional, 
que deve sim ganhar essa interpretação conforme. 
A segurança jurídica neste ponto é fundamental. Melhor um período mais longo e determinado, a um 
período um pouco mais curto, variável e duvidoso que gera incertezas e questionamentos; não só para os 
agentes que cumprem a ordem judicial como também para o cidadão que não sabe a extensão da sua 
garantia de inviolabilidade domiciliar. O parâmetro objeto facilitaria inclusive a prova para a constatação de 
eventuais ilicitudes. Todos ganhariam com isso: o cidadão, para identificar e demonstrar ilicitudes; o agente 
policial para saber precisamente o horário limite para a diligência; o juiz para avaliar eventual prova nesse 
sentido. A questão ainda não está definida; esperamos que a jurisprudência caminhe nesse sentido. 
Em relação ao outro ponto de discussão: qual seria a abrangência do termo “casa”? 
 
 
 
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Extrai-se o conceito de casa do art. 150, § 4º do Código Penal: 
§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
O § 5º do mesmo artigo complementa: 
 § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a 
restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
Atenção especial deve ser conferida aos escritórios de advocacia. Dispõe o art. 7º da Lei 8.906/1994 – 
Estatuto da Advocacia, em seu inciso II: 
Art. 7º São direitos do advogado: 
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de 
trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas 
ao exercício da advocacia; 
Por outro lado, atente-se ao que dispõe os §§ 6º e 7º do mesmo artigo: 
§ 6º Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a 
autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o 
inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, 
específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em 
qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes 
a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que 
contenham informações sobre clientes. 
§ 7º A ressalva constante do § 6º deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado 
que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou coautores pela prática do 
mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade. 
Nesse sentido, as ponderações de BONFIM: 
A inviolabilidade do escritório ou local de trabalho do advogado, entretanto, não é absoluta. Pode 
ser quebrada por ordem judicial, devidamente fundamentada, desde que presentes indícios de 
 
 
 
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autoria e materialidade de infração penal perpetrada por advogado. O magistrado determinará 
a expedição de mandado de busca e apreensão específico e detalhado, a ser cumprido na 
presença de representante da Ordem dos Advogados do Brasil. Ademais, como garantia da 
inviolabilidade do escritório do advogado, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou no 
sentido de que o mandado de busca e apreensão não pode ser expedido de modo genérico, 
exigindo uma maior especificidade no seu objeto em relação àquele mandado expedido para 
busca em residência (STF, HC 91.610/BA, Rel. Gilmar Mendes, j. 8.6.2010, Informativo n. 590/STF) 
(Bonfim, 2013). 
7 – RECONHECIMENTO DE PESSOAS – PROCEDIMENTO, 
INOBSERVÂNCIA E CONSEQUÊNCIAS 
Em linhas gerais, o reconhecimento de pessoas é meio de prova destinado à identificação (ou sua 
corroboração) de autores e partícipes do crime pelas vítimas e testemunhas que, em determinado momento 
da prática delitiva, com eles tiveram contato direto ou visual. 
Trata-se de medida cabível tanto nas investigações quanto no curso da ação penal (instrução), como 
estabelecem os arts. 6º, VI e 226 do CPP: 
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á 
pela seguinte forma: [...] 
O art. 226, como se percebe, prevê o procedimento a ser observado durante a referida providência: 
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva 
ser reconhecida; 
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível2, ao lado de outras 
que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento 
a apontá-la; 
 
 
2 Parte da doutrina aponta que a expressão ‘se possível’ refere-se apenas à ‘semelhança’ da pessoa a ser reconhecida com as demais postas ao 
seu lado, e não ao ato de dispô-las junto ao investigado/réu: “A regularidade do procedimento reclama, da autoridade que colhe esse tipo de 
prova, que sempre coloque várias pessoas juntas à apreciação do reconhecedor, para que entre elas possa eventualmente apontar alguma. A 
cláusula – se possível – tem relação com a possibilidade de pessoas que guardem semelhanças entre si. Entenda-se: sempre várias pessoas juntas, 
e, se possível, com semelhanças entre si” (Marcão, 2016). 
 
 
 
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III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de 
intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, 
a autoridade providenciará para que esta não veja aquela; 
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela 
pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. 
Parágrafo único. O disposto no nº III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal 
ou em plenário de julgamento. 
Ademais, embora não previsto expressamente nos arts. 226 e seguintes do CPP – até porque os dispositivos 
remetem à redação original do diploma legal, de 1941 –, doutrina e jurisprudência têm admitido o 
reconhecimento fotográfico e fonográfico como meio idôneo de prova, desde que corroborados por outros 
elementos probatórios. 
Poisbem. Introduzido o tema, uma indagação: qual a consequência do não cumprimento dos requisitos 
elencados no art. 226 do CPP? Trata-se de uma recomendação legislativa ou uma imposição legal para a 
validade da prova produzida? 
Historicamente a jurisprudência sempre compreendeu como mera recomendação. Em outubro/2020, 
entretanto, a Sexta Turma do STJ acabou por encampar, de maneira inédita – inclusive com expressa menção 
e sugestão da necessidade de revisão da jurisprudência consolidada no sentido oposto –, a segunda visão 
apresentada; qual seja, de que a “inobservância das formalidades legais para o reconhecimento – garantias 
mínimas para o suspeito da prática de um crime – leva à nulidade do ato”. 
Confira-se a esclarecedora parte inicial da ementa do aludido julgado – HC 598.886/SC: 
1. O reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por fotografia, realizado na fase do 
inquérito policial, apenas é apto, para identificar o réu e fixar a autoria delitiva, quando 
observadas as formalidades previstas no art. 226 do Código de Processo Penal e quando 
corroborado por outras provas colhidas na fase judicial, sob o crivo do contraditório e da ampla 
defesa. 
2. Segundo estudos da Psicologia moderna, são comuns as falhas e os equívocos que podem advir 
da memória humana e da capacidade de armazenamento de informações. Isso porque a 
memória pode, ao longo do tempo, se fragmentar e, por fim, se tornar inacessível para a 
reconstrução do fato. O valor probatório do reconhecimento, portanto, possui considerável grau 
de subjetivismo, a potencializar falhas e distorções do ato e, consequentemente, causar erros 
judiciários de efeitos deletérios e muitas vezes irreversíveis. 
3. O reconhecimento de pessoas deve, portanto, observar o procedimento previsto no art. 226 
do Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem se vê 
na condição de suspeito da prática de um crime, não se tratando, como se tem compreendido, 
de ‘mera recomendação’ do legislador. Em verdade, a inobservância de tal procedimento enseja 
a nulidade da prova e, portanto, não pode servir de lastro para sua condenação, ainda que 
confirmado, em juízo, o ato realizado na fase inquisitorial, a menos que outras provas, por si 
mesmas, conduzam o magistrado a convencer-se acerca da autoria delitiva. Nada obsta, ressalve-
 
 
 
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se, que o juiz realize, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado o devido 
procedimento probatório. 
As formalidades do ato devem, inclusive – e com ainda mais razão –, ser obedecidas nos reconhecimentos 
por fotografia, mutatis mutandis. É dizer, revela-se inidôneo e de frágil sustentação probatória o 
‘reconhecimento’ realizado com base na exibição de uma única fotografia ao reconhecedor3. 
Transpondo-se as providências elencadas no art. 226 do CPP, anteriormente a essa modalidade de 
reconhecimento, deverá o reconhecedor descrever a fisionomia do autor do delito e, posteriormente a isso, 
serão apresentadas fotografias de outros possíveis suspeitos. O reconhecimento, pois, não deve ser uma 
mera ‘confirmação direcionada’, mas, sim, uma efetiva identificação, colhida em meio a outras possibilidades 
e despida de prévio direcionamento pelos agentes estatais. Continua a ementa do referido julgado quanto 
ao ponto: 
[...] 4. O reconhecimento de pessoa por meio fotográfico é ainda mais problemático, máxime 
quando se realiza por simples exibição ao reconhecedor de fotos do conjecturado suspeito 
extraídas de álbuns policiais ou de redes sociais, já previamente selecionadas pela autoridade 
policial. E, mesmo quando se procura seguir, com adaptações, o procedimento indicado no 
Código de Processo Penal para o reconhecimento presencial, não há como ignorar que o caráter 
estático, a qualidade da foto, a ausência de expressões e trejeitos corporais e a quase sempre 
visualização apenas do busto do suspeito podem comprometer a idoneidade e a confiabilidade 
do ato. 
5. De todo urgente, portanto, que se adote um novo rumo na compreensão dos Tribunais acerca 
das consequências da atipicidade procedimental do ato de reconhecimento formal de pessoas; 
não se pode mais referendar a jurisprudência que afirma se tratar de mera recomendação do 
legislador, o que acaba por permitir a perpetuação desse foco de erros judiciários e, 
consequentemente, de graves injustiças. 
[...] 7. Na espécie, o reconhecimento do primeiro paciente se deu por meio fotográfico e não 
seguiu minimamente o roteiro normativo previsto no Código de Processo Penal. Não houve 
prévia descrição da pessoa a ser reconhecida e não se exibiram outras fotografias de possíveis 
suspeitos; ao contrário, escolheu a autoridade policial fotos de um suspeito que já cometera 
outros crimes, mas que absolutamente nada indicava, até então, ter qualquer ligação com o 
roubo investigado. [...] (HC 598866, 6ª Turma, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em 
27/10/2020). 
Ao cabo, podemos sintetizar o tema da seguinte forma: 
 
 
3 Apenas a título de curiosidade, atestando a fragilidade que um reconhecimento feito ao arrepio das formalidades 
legais pode ostentar, um dos pacientes do referido HC, com 1,95m de altura, teria sido ‘reconhecido’, por foto, pelas 
vítimas que alegavam que o referido agente possuiria 1,70m de altura – uma considerável (e extremamente 
perceptível) diferença de 25cm. 
 
 
 
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✓ Era consolidada a jurisprudência, tanto do STF quanto do STJ, acerca da desnecessidade de 
observação das formalidades previstas no art. 226 do CPP para a validade do reconhecimento de 
pessoas. Seriam, tais providências, sugestões legislativas. 
✓ Em outubro/2020, de forma inédita, a 6ª Turma do STJ acabou por inaugurar entendimento em 
sentido contrário; qual seja, de que o reconhecimento de pessoas (seja presencial, seja fotográfico) 
deve obedecer às formalidades do art. 226 do CPP, sob pena de nulidade e consequente inviabilidade 
da prova. A jurisprudência encampou e pacificou essa nova compreensão. 
✓ Para além disso, ainda que o ato observe essas providências, o reconhecimento pessoal feito na fase 
inquisitorial (assim como acontece com o reconhecimento fotográfico, em todos os casos) deverá ser 
corroborado por elementos probatórios colhidos na fase judicial. 
Confiram-se, por fim, as conclusões contidas no corpo do próprio julgado, que resumem a 
posição agora adotada [grifos no original] e que representam uma guinada na jurisprudência 
dos tribunais superiores: 
1) O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226 do 
Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem 
se encontra na condição de suspeito da prática de um crime; 
2) À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a inobservância do 
procedimento descrito na referida norma processual torna inválido o reconhecimento da 
pessoa suspeita e não poderá servir de lastro a eventual condenação, mesmo se confirmado o 
reconhecimento em juízo; 
3) Pode o magistrado realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado 
o devido procedimento probatório, bem como pode ele se convencer da autoria delitiva a 
partir do exame de outras provas que não guardem relação de causa e efeito com o ato viciado 
de reconhecimento; 
4) O reconhecimento do suspeito por mera exibição de fotografia(s) ao reconhecedor, a par de 
dever seguir o mesmo procedimento do reconhecimento pessoal, há de ser visto como etapa 
antecedente a eventual reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova em 
ação penal, ainda que confirmado em juízo (HC 598866). 
Em suma: 
✓ quanto ao reconhecimento pessoal - o momento é de mudança de compreensão no que diz respeito 
às consequências dainobservância do procedimento do art. 226 do CPP (nulidade ou não). 
 
 
 
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✓ quanto ao reconhecimento fotográfico - ele ainda é admitido, com ressalvas, devendo, na medida 
do possível, seguir o procedimento do art. 226 adaptado e não podendo servir de única prova para a 
condenação4. Não podendo se dar por mera exibição de fotografia. 
8 – CONEXÃO X CONTINÊNCIA 
Conexão: “é o nexo, a dependência recíproca que a coisas e os fatos guardam entre si [...] existe quando 
duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo que aconselha a junção dos processos, 
propiciando, assim, ao julgador perfeita visão do quadro probatório e, de consequência, melhor 
conhecimento dos fatos, de todos os fatos, de molde a poder entregar a prestação jurisdicional com firmeza 
e justiça” (Filho, 2011). 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias 
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por 
várias pessoas, umas contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para 
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir 
na prova de outra infração. 
Continência: como o próprio nome está a indicar, uma causa está contida na outra, não sendo devida a cisão. 
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às 
partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
 
 
4 Convenhamos: toda prova tem valor relativo e normalmente nenhuma pode servir de fundamento isolado para a condenação de ninguém. É o 
conjunto, o contexto probatório como um todo que deve traduzir o veredicto. A credibilidade, o ‘valor’ de cada prova quem outorga, em cada 
caso concreto, é o juiz (livre convencimento motivado). Quer nos parecer, então, que boa parte dessa discussão estaria superada caso houvesse 
uma adequada apreciação dos standards de prova – do ‘quanto’ se exige, em termos probatórios, para se superar o estado de inocência. A 
discussão não deveria ser exatamente se o reconhecimento fotográfico é válido, por exemplo (qualquer juiz com bom senso deve saber que essa 
prova é precária). Deveria ser: de que forma e em que circunstâncias foi feito o reconhecimento fotográfico e o que mais é preciso para uma 
convicção plena, acima de qualquer dúvida razoável, para efeito de condenação. 
 
 
 
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II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 
54 do Código Penal. 
 Efeitos da conexão e da continência: Art. 79. CPP. A conexão e a continência importarão unidade de 
processo e julgamento. Essa reunião dos casos, com eventual prorrogação de competência, para que sejam 
processados e julgados conjuntamente, por um único juízo, é uma consequência natural e adequada às 
próprias razões da criação e da existência dos institutos – não é por outro motivo que a legislação concebe 
a conexão e a continência, senão para viabilizar o julgamento simultâneo (simultaneus processus). 
 Juízo prevalente: Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas 
as seguintes regras: 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a 
competência do júri; 
II - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas 
forem de igual gravidade; 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. 
9 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL - EMBARCAÇÕES E 
AERONAVES 
Sabe-se que, em relação às embarcações e aeronaves e a competência criminal da Justiça Federal, o art. 109, 
IX da CF dispõe: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça 
Militar; 
Diante disso, questiona-se: basta que o crime seja cometido a bordo desses meios de locomoção para que 
seja fixada a competência da Justiça Federal?5 
 
 
5 Perceba que não adentraremos, aqui, nas questões envolvendo territorialidade e extraterritorialidade da lei penal brasileira; tópicos mais afetos 
ao Direito Penal. Importa-nos, na ocasião, o ponto específico da Justiça brasileira (Estadual ou Federal) competente para o processamento e 
julgamento de ações penais que serão julgadas aqui. 
 
 
 
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A questão não é tão simples. É natural que o dispositivo comporte (e exija) complementações, tanto 
decorrentes de outras normas quanto da doutrina e da jurisprudência. 
Vejamos, então, alguns detalhes importantes sobre o tema. 
Navios 
Em primeiro lugar, o que são navios? Diferem-se eles das embarcações? 
Por uma visão mais acurada, os termos não se confundem. 
Embarcação é gênero do qual navio é espécie. A primeira é deveras abrangente, englobando uma vasta 
gama de construções, como se extrai das disposições das Leis nº 9.537/1997 (sobre segurança no tráfego 
aquaviário) e nº 2.180/1954 (sobre o Tribunal Marítimo): 
Lei 9.537/1997. Art. 2º. Para os efeitos desta Lei, ficam estabelecidos os seguintes conceitos e 
definições: 
V - Embarcação - qualquer construção, inclusive as plataformas flutuantes e, quando rebocadas, 
as fixas, sujeita a inscrição na autoridade marítima e suscetível de se locomover na água, por 
meios próprios ou não, transportando pessoas ou cargas; 
Lei 2.180/1954. Art. 11. Considera-se embarcação mercante toda construção utilizada como 
meio de transporte por água, e destinada à indústria da navegação, quaisquer que sejam as suas 
características e lugar de tráfego. 
O conceito de navio – mormente para os fins do art. 109, IX da CF (que nos interessa) –, por sua vez, não 
encontra previsão legislativa. 
É na jurisprudência do STJ, há muito consolidada, que reside a resposta para o adequado enquadramento de 
uma embarcação como efetivamente ‘navio’6, a ensejar os rigores da previsão constitucional para fixação da 
competência da Justiça Federal. 
Para a Corte Superior, dois requisitos hão de ser cumpridos para que haja a atração da competência da JF 
nos crimes cometidos em navios: 
✓ embarcação de grande porte; 
✓ em deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento (internacional). 
 
 
6 A propósito, um conceito mais pragmático e simplificado, que não aborda definições mais técnicas e específicas, como navegabilidade e 
flutuabilidade, mais atinentes ao campo do Direito Marítimo. 
 
 
 
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O próprio STJ reconheceu a dificuldade na conceituação de ‘navio’ na doutrina e jurisprudência, mas 
assentou as seguintes balizas para a análise do tema: 
Em razão da imprecisão do termo ‘navio’ utilizado no referido dispositivo constitucional, a 
doutrina e a jurisprudência construíram o entendimento de que ‘navio’ seria embarcação de 
grande porte o que, evidentemente,excluiria a competência para processar e julgar crimes 
cometidos a bordo de outros tipos de embarcações, isto é, aqueles que não tivessem tamanho 
e autonomia consideráveis que pudessem ser deslocados para águas internacionais (CC 
118.503/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2015, 
DJe 28/04/2015). 
Poder-se-ia indagar, em relação ao primeiro requisito, no que consistiria uma embarcação de grande porte; 
a exemplo das dimensões que deveria possuir, materiais empregados na sua construção etc. Mas não há 
essa definição. 
Perceba que, em verdade, ambos os requisitos convergem em um ponto, que é o tamanho e autonomia 
suficientes para deslocamento em águas internacionais. 
No ponto, ainda em 2005, o STJ decidiu: 
1. A expressão ‘a bordo de navio’, constante do art. 109, inciso IX, da CF/88, significa interior de 
embarcação de grande porte. 
2. Realizando-se uma interpretação teleológica da locução, tem-se que a norma visa abranger 
as hipóteses em que tripulantes e passageiros, pelo potencial marítimo do navio, possam ser 
deslocados para águas territoriais internacionais. 
3. Se à vítima não é implementado este potencial de deslocamento internacional, inexistindo o 
efetivo ingresso no navio, resta afastada a competência da Justiça Federal. (CC 43.404/SP, Rel. 
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/02/2005, DJ 02/03/2005) 
Novamente, em 2011: 
I. Não basta, à determinação da competência da Justiça Federal, apenas o fato de que o eventual 
delito tenha sido cometido no interior de embarcação de grande porte. Faz-se necessário que 
este se encontre em situação de deslocamento internacional ou ao menos em situação de 
potencial deslocamento. 
II. Hipótese na qual a embarcação encontrava-se ancorada, para fins de carregamento, o qual, 
inclusive, estava sendo feito por pessoas - no caso as vítimas - estranhas à embarcação, visto que 
eram estivadores e não passageiros ou funcionários desta. (CC 116.011/SP, Rel. Ministro GILSON 
DIPP, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/11/2011, DJe 01/12/2011) 
Mas e o que seria efetivamente uma situação de potencial deslocamento internacional também contemplada 
nessa definição? 
 
 
 
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No julgamento do CC 108.503 (antes citado), em 2015, o Min. Rel. ROGERIO SCHIETTI concluiu em seu voto 
condutor: 
A par da dificuldade de se delimitar a ideia de ‘potencial deslocamento’, cuja análise, a meu juízo, 
impõe seja feita de maneira casuística, revela-se ponto comum na interpretação dada pela 
jurisprudência desta Corte o fato de que a embarcação deve estar apta a realizar viagens 
internacionais, tal como ocorre na hipótese (CC 118.503/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI 
CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2015, DJe 28/04/2015) 
Assim, a análise acerca da competência para processamento e julgamento de crime praticado em 
embarcações de grande porte, segundo esse entendimento – que não encontra antítese em outros julgados 
–, ficaria vinculada à constatação da aptidão/potencial para deslocamento internacional pelo navio, 
mesmo que não seja propriamente essa a intenção da viagem. 
A título de exemplo, uma embarcação de grande porte em deslocamento por águas brasileiras a um destino 
também brasileiro, em tese, poderia caracterizar o conceito de ‘navio’ para os fins do art. 109, IX da CF, desde 
que constatada a potencialidade de seu deslocamento internacional. 
Aeronaves 
O conceito de aeronave está contido no Código Brasileiro de Aeronáutica, que, em seu art. 106, estatui: 
Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e 
circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. 
A interpretação, aqui, é mais simples. Para a fixação da competência da JF, basta que o crime de fato seja 
praticado a bordo da aeronave, cujo conceito acima transcrito, como se vê, é também abrangente. 
Em tempo: perceba que o fato de a aeronave se encontrar em solo (pousada), quando da 
prática do crime, não afetará a fixação da competência: 
2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que "É da competência da Justiça 
Federal processar e julgar delitos cometidos a bordo de aeronaves, nos termos do 
inciso IX do art. 109 da Constituição Federal. Devendo-se ressaltar ser despiciendo se 
a aeronave encontra-se em solo ou sobrevoando." (CC 143.343/MS, Rel. Ministro JOEL ILAN 
PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 30/11/2016) (CC 143.400/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, 
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/04/2019, DJe 15/05/2019) 
A fortiori, eventual deslocamento da aeronave em espaço aéreo brasileiro também não terá o condão de 
influir nessa definição. Novamente, basta que a prática se dê a bordo de aeronave. 
Note-se, ademais, que o próprio dispositivo constitucional ressalva a competência da Justiça Militar, na sua 
parte final. Assim, eventuais crimes militares praticados a bordo de navios e aeronaves não implicarão 
deslocamento da competência à Justiça Federal; continuarão a ser julgados perante a Justiça Castrense. 
 
 
 
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10 – COMPETÊNCIA NOS CRIMES DE ESTELIONATO 
Eis, no que interessa, o crime previsto no art. 171 do Código Penal – estelionato: 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou 
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o 
pagamento. 
Com relação à fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, § 2º, VI, CP), o entendimento da 
jurisprudência havia se consolidado pelas súmulas 521 do STF e 244 do STJ, respectivamente: 
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão 
dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. 
[superada] 
Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão 
de fundos. [superada] 
Os enunciados não traduziam uma exceção ao princípio geral de que o crime deve ser apurado no lugar da 
consumação. Estelionato é crime material (não formal), de tal maneira que exige a ‘obtenção da vantagem 
ilícita’, a fraude com efetiva lesão patrimonial. Por essa forma de pensar, consuma-se justamente no lugar 
onde deveria ter havido o pagamento e o cheque foi recusado, gerando prejuízo para a vítima. 
Há se distinguir as situações de estelionato, a forma da sua execução. Nesse sentido e reafirmando a regra 
geral, veja-se a súmula 48 do STJ: 
Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido 
mediante falsificação de cheque. 
Ainda, repare na notícia do Informativo 565 desse mesmo Tribunal Superior, em caso de vítima induzida a 
depositar em conta do agente criminoso: 
[...] Compete ao juízo do foro onde se encontra localizada a agência bancária por meio da qual o 
suposto estelionatário recebeu o proveito do crime - e não ao juízo do foro em que está situada 
a agência na qual a vítima possui conta bancária - processar a persecução penal instaurada para 
apurar crime de estelionato no qual a vítima teria sido induzida a depositar determinada quantia 
na conta pessoal do agente do delito. Com efeito, a competência é definida pelo lugar em que se 
consuma a infração, nos termos do art. 70 do CPP. Dessa forma, cuidando-se de crime de 
estelionato, tem-se que a consumação se dá no momento da obtenção da vantagem indevida, 
ou seja, no momento em que o valor é depositado na conta corrente do autordo delito, 
 
 
 
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passando, portanto, à sua disponibilidade. Note-se que o prejuízo alheio, apesar de fazer parte 
do tipo penal, está relacionado à consequência do crime de estelionato e não propriamente à 
conduta. De fato, o núcleo do tipo penal é obter vantagem ilícita, razão pela qual a consumação 
se dá no momento em que os valores entram na esfera de disponibilidade do autor do crime, o 
que somente ocorre quando o dinheiro ingressa efetivamente em sua conta corrente. [...] CC 
139.800-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/6/2015, DJe 1º/7/2015. 
No mesmo sentido o Informativo STJ/663: Na hipótese em que o estelionato se dá mediante vantagem 
indevida, auferida mediante o depósito em favor de conta bancária de terceiro, a competência deverá ser 
declarada em favor do juízo no qual se situa a conta favorecida (CC 169.053-DF, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 11/12/2019). 
De um modo geral, portanto, a jurisprudência, nos casos de estelionato, se inclinava pela teoria do resultado. 
Interessava, portanto, saber distinguir, em cada caso concreto, onde se consumou o crime com a obtenção 
da vantagem ilícita. No caso de cheque verdadeiro, sem provisão de fundos, no local de recusa do 
pagamento. No caso de falsificação de cheque ou de indução da vítima em erro, no local de obtenção da 
vantagem. Do Informativo STJ/663, ainda, colhia-se a seguinte consolidação: 
[..] Anote-se que a melhor solução jurídica seria aquela que estabelece distinção entre a hipótese 
de estelionato mediante depósito de cheque clonado ou adulterado (competência do Juízo do 
local onde a vítima mantém conta bancária), daquela na qual a vítima é induzida a efetivar 
depósito ou transferência bancária em prol do beneficiário da fraude (competência do Juízo 
onde situada a agência bancária beneficiária do depósito ou transferência). Assim, se o crime só 
se consuma com a efetiva obtenção da vantagem indevida pelo agente ativo, é certo que só há 
falar em consumação, nas hipóteses de transferência e depósito, quando o valor efetivamente 
ingressa na conta bancária do beneficiário da fraude. 
Nesse contexto de insegurança jurídica, quando a jurisprudência aparentava se consolidar pela 
teoria do resultado (identificando o estelionato como um crime material), sobreveio a Lei 
14.155, de 27 de maio de 2021, que acrescentou o § 4º ao art. 70 do CPP e passou a inaugurar, 
pontualmente, um novo critério determinante da competência7 para o estelionato – o domicílio 
da vítima: 
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente 
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante 
transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em 
caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
 
7 Interessante: não recordamos de nenhum outro crime que tenha, como critério definidor de competência, o 
domicílio da vítima. 
 
 
 
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Essa foi uma ótima alteração legislativa, que trouxe mais segurança jurídica e facilitou o papel da vítima 
(diante do crime que pretende ver apurado), além de melhorar a colheita das provas. Por outro lado, torna 
superadas as Súmulas 244/STJ e 521/STF (que estabeleciam ‘local da recusa’ de pagamento). Em suma, 
esquematizando teríamos o seguinte, com a segunda coluna representando o entendimento superado e a 
última o entendimento atual: 
Repare que pelo novo critério, nessas situações pouco importa saber onde o agente ‘obteve a vantagem 
ilícita’; interessa sim saber qual a Comarca onde a vítima mora. Exemplos: 
✓ agente reside e tem conta em banco (agência sacada) no Rio de Janeiro, mas compra coisas em loja 
em São Paulo, pagando com cheque sabidamente sem fundos – competência agora será da Comarca 
de São Paulo (sede da empresa vítima); 
✓ vítima reside em Curitiba e, enganada, faz transferência de dinheiro para conta de estelionatário que 
reside e tem conta em Salvador – competência agora será de Curitiba, não mais de Salvador, como 
outrora. 
 
No caso de pluralidade de vítimas (o que é comum em casos de estelionato), a norma estabelece que a 
competência será definida pela prevenção, nos termos do art. 83 do CPP; ou seja, dentre vários domicílios 
de variadas vítimas, será competente o foro do juízo que primeiro antecedeu aos outros na prática de algum 
ato da persecução penal. 
11 – PRISÃO EM FLAGRANTE 
 Espécies de flagrante: as espécies de flagrante estão previstas nos incisos do art. 302 do CPP, que 
apresenta rol taxativo, ou seja, que não admite extensão das suas hipóteses. 
a) Flagrante próprio: também chamado de flagrante real, perfeito ou verdadeiro, diz respeito às hipóteses 
dos incisos I e II do art. 302 do CPP; ou seja, ocorre quando o agente é surpreendido cometendo a infração 
penal ou quando acaba de cometê-la. 
b) Flagrante impróprio: também denominado de flagrante irreal, imperfeito ou quase-flagrante, ocorre na 
hipótese do inciso III do art. 302: o agente é perseguido, logo após a prática da infração, em situação que se 
faça presumir ser ele o autor do ilícito. Para os efeitos legais, considera-se perseguição as diligências descritas 
no art. 290, § 1º, a e b do CPP. A perseguição deve ocorrer “logo após” a prática delituosa, mas pode durar 
es
te
lio
n
at
o
cheque s/fundos
(art. 171, VI do CP)
local da recusa de 
pagamento
Súm. 521/STF e 
244/STJ
domicílio da vítima
cheque c/pgto. 
frustrado
local da recusa de 
pagamento
Súm. 521/STF e 
244/STJ
domicílio da vítima
cheque falsificado ou 
adulterado
local de obtenção da 
vantagem
Súmula 48/STJ e art. 70 
do CPP
normalmente 
domicílio da vítima
depósito ou 
transferência
local da conta bancária 
beneficiária
CC 169.053 e 167.025 
STJ 3ª Seção/2019
domicílio da vítima
 
 
 
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horas e até mesmo dias sem que se desnature o estado de flagrância imprópria, desde que essa perseguição 
seja ininterrupta. 
c) Flagrante presumido ou ficto: trata-se da figura elencada no inciso IV do art. 302 do CPP. Ocorre quando 
o agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele 
autor da infração. A lei não exige perseguição nesse caso, apenas que seja o agente encontrado na situação 
descrita no dispositivo. Tem prevalecido na doutrina e jurisprudência que a expressão logo depois 
empregada no inciso IV é cronologicamente mais elástica que a expressão logo após do inciso III, de modo 
que indicaria maior espaço de tempo entre a prática do crime e a captura. 
d) Flagrante preparado: também denominado flagrante provocado, crime de ensaio, delito de experiência 
ou delito putativo por obra do agente provocador. Verifica-se quando o agente é insidiosamente levado a 
praticar uma infração penal, ao mesmo tempo em que são tomadas as devidas precauções para que o crime 
não se consume. 
 Não é admitido no ordenamento jurídico, ensejando a consideração do fato como sendo crime impossível, 
pela impossibilidade de sua consumação (art. 17 do CP). Nesse sentido, aliás, é a Súmula 145 do STF. 
e) Flagrante esperado: a autoridade policial/particular aguarda em tocaia ou campana a prática delituosa 
para, aí sim, efetuar a prisão em flagrante. Diferencia-se do flagrante preparado pelo fato de não haver, por 
parte do sujeito ativo, qualquer atitude para que ocorra a prática do crime. É admitido no ordenamento 
jurídico brasileiro; 
f) Flagrante prorrogado: também chamadode flagrante retardado ou diferido, consiste no retardamento da 
efetuação da prisão em flagrante até o momento de máxima oportunidade e eficiência. A ação controlada 
prevista nos arts. 8º e 9º da Lei 12.850/2013 (Lei de Organizações Criminosas) é exemplo de flagrante 
prorrogado. Parte da doutrina entende constituir outro exemplo desse flagrante a não-atuação policial 
prevista no art. 53, II da Lei 11.343/2006; 
g) Flagrante forjado: ou flagrante maquinado, urdido. Verifica-se quando particulares e/ou policiais 
arquitetam uma situação artificial de (suposto) flagrante de crime falso/inexistente a fim de imputá-lo a 
terceiro sabidamente inocente para legitimar a sua prisão em flagrante. Os sujeitos que forjarem esse 
flagrante estarão sujeitos a responsabilização criminal, que poderá consistir na prática do crime de abuso de 
autoridade ou denunciação caluniosa, por exemplo, a depender do caso. 
12 – PRISÃO PREVENTIVA 
Requisitos (não cumulativos) 
• Conveniência da instrução criminal - A prisão preventiva decretada com base nesse requisito visa 
salvaguardar a instrução do inquérito ou do processo que, diante da liberdade do agente, está ameaçada ou 
corre o risco objetivo de ser desvirtuada. A necessidade da prisão está no fato de que o agente, ou alguém 
por ele, está impedindo ou atrapalhando a escorreita produção de provas. 
• Asseguramento de aplicação da lei penal - Por esse requisito, a prisão preventiva deve ser decretada 
para assegurar que, ao final e com o desfecho do processo, a lei penal tenha efetividade – essencialmente 
fazendo com que o imputado se submeta à eventual sanção que lhe seja imposta em futura decisão 
condenatória. É a prisão servindo como uma espécie de "garantia" ao cumprimento da pena e de submissão 
do réu ou indiciado ao que a lei penal lhe reserva diante do processo e do crime que, aparentemente, 
cometeu. 
 
 
 
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• Garantia da ordem pública – Requisito de locução jurídica aberta e imprecisa, que pode gerar 
insegurança jurídica, mas permite maleabilidade para decretação da preventiva nos mais variados casos 
quando ela for necessária. Parâmetros de constatação mais conhecidos: repercussão negativa do crime; 
recorrência do agente criminoso; periculosidade do agente; gravidade do crime. 
• Garantia da ordem econômica – o conceito de ordem econômica se insere no de ordem pública, é 
uma especialização. Atentados contra a ordem econômica serão, em suma, aqueles tendentes a atingir 
qualquer dos princípios indicados no art. 170 da CF. A magnitude da lesão causada pelo crime é um bom 
parâmetro. 
Fundamentação: a fundamentação da prisão preventiva, exigida pela norma constitucional (art. 93, inc. IX, 
CF) e infraconstitucional (art. 315, CPP), deve ser concreta, empírica, não servindo para essa finalidade a 
mera referência a termos legais. Deve o juiz, no específico caso, traduzir concretamente os pressupostos e 
requisitos da prisão preventiva. 
Provisoriedade: CPP, art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar 
a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
Cláusula rebus sic stantibus. 
Prazo: a prisão preventiva não tem prazo previsto em lei; sua duração deve ser avaliada de acordo com a 
razoabilidade, acolhendo parâmetros legais outros, dentro da complexidade do feito. Conta-se o tempo de 
prisão a partir da captura. Hoje a lei estabelece um prazo de 90 dias para revisão da necessidade da sua 
manutenção. 
Admissibilidade: as hipóteses de admissibilidade da prisão preventiva estão principalmente (mas não 
exclusivamente) no art. 313 do CPP. Também encontramos hipóteses de cabimento da prisão preventiva em 
leis esparsas e nos parágrafos únicos dos arts. 312 e 313 do Código. 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) 
anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, 
ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 - Código Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, 
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de 
urgência; 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a 
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, 
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra 
hipótese recomendar a manutenção da medida. 
Inadmissibilidade: 
✓ crimes culposos (art. 313, inc. I, CPP); 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art312...
 
 
 
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✓ crimes com pena máxima igual ou inferior a 4 (quatro) anos; 
✓ infrações não sujeitas a pena privativa de liberdade (§ 1º, art. 283, CPP); 
✓ quando o juiz verificar alguma excludente de ilicitude (art. 314, CPP). 
13 – PRISÃO DOMICILIAR 
A Lei nº 12.403/2011 trouxe a prisão domiciliar e o recolhimento domiciliar – institutos diferentes. O último, 
no inc. V do art. 319 do Código de Processo Penal, como medida cautelar diversa da prisão. A primeira, nos 
artigos 317 e 318 do Código de Processo Penal, como substitutiva da prisão preventiva. 
A prisão domiciliar é para aquele sujeito submetido à prisão preventiva que, em determinadas e específicas 
circunstâncias (previstas no art. 318 do Código de Processo Penal) poderá ficar confinado na sua residência, 
em período integral, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. 
Veja o que dispõem os arts. 317 e 318 do CPP sobre esse importante instituto: 
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua 
residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. 
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: 
I - maior de 80 (oitenta) anos; 
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; 
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com 
deficiência; 
IV - gestante; 
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; 
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade 
incompletos. 
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos 
neste artigo. 
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por 
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: 
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; 
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. 
 
 
 
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Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo 
da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código. (Incluído 
pela Lei nº 13.769, de 2018). 
O recolhimento domiciliar é medida cautelar mais branda, para aquele que não está com prisão preventiva 
decretada, sujeitando o indivíduo a permanecer em casa durante o período noturno e nos dias de folga, quando 
o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos. 
Note-se que a prisão domiciliar tem caráter substitutivo (da prisão preventiva), diferente do recolhimento 
domiciliar que constitui medida cautelar autônoma que, claro, pode ser aplicadacumulativamente, 
conforme § 1.o do art. 282 do Código de Processo Penal. 
A prisão domiciliar, portanto, não é uma modalidade autônoma de prisão no processo penal, ao lado da 
preventiva e da temporária. Está mais para uma prisão preventiva que, em condições excepcionalíssimas, 
pode ser cumprida em domicílio. 
14 – CARACTERÍSTICAS DAS MEDIDAS CAUTELARES 
As medidas cautelares têm determinadas características, comumente reconhecidas e destacadas pela 
doutrina. Alguns doutrinadores citam um rol maior de características, outros nem tanto. A razão disso é, 
dentre outras, porque uns colocam como característica aquilo que outros entendem por princípio. Além 
disso, muitos explicam a ‘característica’ no apanhado geral de toda a explicação teórica, mas sem descrevê-
la como tal. 
Fizemos aqui um apanhado geral, com um rol extenso das características aqui e acolá destacadas na doutrina 
nacional, para você não ser surpreendido. 
a) Instrumentalidade: elas não são um fim em si mesmas; são meio e modo de garantir ou tutelar 
provimentos definitivos e outros bens jurídicos que são objeto do procedimento principal. 
b) Acessoriedade: elas dependem de um procedimento principal; não possuem vida autônoma, guardando 
dependência em relação a um feito principal; mais ainda no processo penal, que não concebe processo 
cautelar autônomo, apenas medidas cautelares, sempre incidentais. 
c) Provisoriedade: têm vigência limitada no tempo; não podem se eternizar e duram até, no máximo, o 
trânsito em julgado da condenação; o excesso de prazo, inclusive, pode dar ensejo a constrangimento ilegal. 
d) Sumariedade: as medidas cautelares são ‘sumárias’, no sentido de que sua análise não envolve uma 
cognição exauriente/profunda; não são elas definidas com base em certeza judicial e prova plena – ao 
contrário, o conhecimento do mérito, sobre os elementos de prova, é superficial. O thema decidendum se 
baseia na probabilidade / na verossimilhança tanto do direito quanto do dano. 
e) Variabilidade/substitutividade/revogabilidade: reflete a possibilidade de variação, mudança ou 
substituição que as medidas cautelares têm; podem elas ser revogadas ou alteradas a qualquer tempo, 
 
 
 
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conforme a modificação da situação concreta e de acordo com o binômio necessidade-adequação; 
submetem-se elas à cláusula rebus sic stantibus, recomendando a revisão periódica; nesse sentido os arts. 
282, §§ 4º e 5º e 316 do CPP. 
f) Homogeneidade: significa que as medidas cautelares devem ter simetria com o provimento final (pena em 
perspectiva), não podendo ser mais gravosas – princípio da proporcionalidade; deve haver um 
balanceamento entre os bens jurídicos envolvidos. Exemplos dessa característica podem ser vistos nos arts. 
283, § 1º e 313, I do CPP. 
g) Excepcionalidade: as medidas cautelares “devem ser aplicadas em hipóteses emergenciais, com o objetivo 
de superar situações de perigo à sociedade, ao resultado prático do processo ou à execução da pena. 
Portanto, é certo que sua utilização, no curso da investigação ou do processo, deve ocorrer como exceção, 
mesmo porque implicam, em maior ou menor grau, restrição ao exercício de garantias asseguradas na 
Constituição Federal” (Avena, Processo penal, 2017). 
h) Cumulatividade: as medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente (art. 282, § 1º, 
CPP), observando-se a compatibilidade, a necessidade e a adequação. 
i) Referibilidade: entende-se que a medida cautelar deve estar ligada concretamente a uma situação de 
direito material. A referibilidade é uma específica faceta da instrumentalidade: a medida cautelar é medida 
de proteção de específico e concreto direito material. 
j) Não definitividade: a decisão que decreta uma medida cautelar não é definitiva como uma sentença 
transitada em julgado, não faz coisa julgada material – aliás, nem formal, na medida em que poder ser 
alterada dentro do mesmo processo/procedimento. 
k) Gradualidade: as medidas cautelares são estruturadas de forma progressiva, conforme o sacrifício que 
impõem ao sujeito, devendo-se aplicar sempre a menos incisiva que seja suficiente para a tutela que se 
pretende. 
l) Preventividade: “a tutela cautelar é preventiva, isto é, sua finalidade é prevenir a ocorrência de um dano 
irreparável ou de difícil reparação, durante o tempo necessário para que se desenvolva o devido processo 
legal para, ao final, possa proferir um provimento que confira a tutela jurisdicional a quem tem direito”. 
15 – PRESSUPOSTOS GENÉRICOS DAS MEDIDAS CAUTELARES 
Independentemente da roupagem legal ou de requisitos próprios que eventualmente disciplinem medidas 
específicas, as cautelares, genericamente falando, devem preencher dois pressupostos: o fumus boni iuris e 
o periculum in mora. Você já deve ter visto e estudado isso, talvez em teoria geral do processo ou em 
processo civil. Pois bem – no crime, essencialmente, é a mesma coisa, adaptando-se a nomenclatura. 
 
 
 
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Fumus comissi delicti 
Trazendo para o vernáculo, seria a ‘fumaça do cometimento de um delito’. Caracteriza uma espécie de juízo 
de probabilidade em relação à culpabilidade - materialidade e autoria; uma espécie de diagnóstico criminal. 
O magistrado faz um juízo apriorístico sobre a viabilidade da ação penal e de possível condenação, diante de 
um lastro probatório mínimo (não se exige prova definitiva/cabal) para constatar a materialidade e a autoria 
(referidos na parte final do art. 312 do CPP). 
Diz respeito à plausibilidade/verossimilhança da imputação (da prática de delito por parte do agente). A 
cognição não é exauriente: trabalha-se com o juízo do ‘provável’ (verossímil, com mais elementos em uma 
direção que em outra, embora a dúvida possa persistir) e não do ‘possível’ (neutro). 
Periculum libertatis 
Em bom português seria o ‘perigo na liberdade’. Caracteriza um juízo de probabilidade da ocorrência de um 
dano. É um juízo para o futuro, um prognóstico diante da situação atual. Não se exige que algum dano tenha 
ocorrido, mas é necessário que se constate, diante de elementos concretos e não por ilações, a probabilidade 
de ele acontecer. 
Representa a urgência e a necessidade para evitar perigo a algum bem jurídico relevante. Traduz-se pelo 
risco de ineficácia, risco de dano irreparável. 
A pergunta é a seguinte: qual o perigo que a liberdade do agente pode trazer ao processo 
ou aos bens por ele tutelados? Não se admite medida cautelar como mera antecipação de 
pena (presunção de inocência impede). 
Nesse sentido e com relação à prisão preventiva, o Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019) 
introduziu o § 2º ao art. 313 e fez constar expressamente o perigo no art. 312 do CPP. 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, 
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado 
pelo estado de liberdade do imputado. 
Art. 313. § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de 
antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou 
da apresentação ou recebimento de denúncia. 
Por mais que referentes à prisão preventiva, essas disposições também devem ser observadas em relação a 
medidas cautelares diversas. Traduzem, respectivamente, um pressuposto genérico e o caráter instrumental 
de todas elas. 
Nenhuma medida cautelar pode ser aplicada se não demonstrada, concretamente, sua real e efetiva 
necessidade. O Código de Processo Penal é expresso no inc. I do art. 282 e somente se presentes esses fins 
é que se poderá aplicar medida cautelar. A ‘causa final’ ou a ‘justificativa’(periculum) é praticamente a 
mesma para todas as medidas cautelares, só havendo distinção em razão da adequação para o caso concreto. 
 
 
 
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O periculum, a necessidade das medidas cautelares (seja ela qual for) é verificada, basicamente, pelas 
diretrizes do inc. I do art. 282 do CPP; o que varia é escolha da medida – se vai ser uma leve ou uma mais 
grave (até prisão) é a adequação que define. O periculum traduz a necessidade e a adequação define a 
escolha da medida 
 
Com base nos dois pressupostos genéricos e no art. 282 do CPP, elaboramos o esquema acima. 
Mais uma vez a redação do art. 282 do Código de Processo Penal: 
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: 
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos 
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; 
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do 
indiciado ou acusado. 
Compare, diante da correspondência em cores, com o caput do art. 312 do CPP: 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, 
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado 
pelo estado de liberdade do imputado (atual redação conferida pela Lei 13.964/2019 – 
adicionou-se a parte sublinhada). 
Repare, insistimos, que o perigo na liberdade (periculum libertatis) agora tem previsão expressa na parte 
final do art. 312 do CPP (que trata da prisão preventiva), diante do acréscimo operado pelo Pacote Anticrime. 
•materialidade
•autoria
fumus comissi 
delicti
•necessidade para 
aplicação da lei penal
•para a investigação ou a 
instrução criminal
•para evitar a prática de 
infrações penais
periculum 
libertatis
•gravidade do crime
•circunstâncias do fato
•condições pessoais
adequação
 
 
 
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Existe uma estreita relação; “como se percebe, tanto as prisões cautelares quanto as medidas cautelares 
diversas da prisão destinam-se a proteger a aplicação da lei penal, a apuração da verdade, ou, ainda, a 
própria coletividade, ameaçada pela perspectiva do cometimento de novas infrações penais. O que varia, 
como se percebe, não é a justificativa para a adoção da cautela, mas sim o grau de lesividade decorrente de 
cada uma delas” (Lima, Manual de processo penal, 2018). 
16 – NULIDADES 
Introdução 
As nulidades podem ser absolutas (quando o vício atenta contra interesse público) ou relativas (que afronta 
interesse preponderantemente das partes e afronta norma infraconstitucional). 
Súmulas 
Apostamos nas seguintes súmulas: 
 Súmula 155, STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de 
precatória para inquirição de testemunha. 
 Súmula 156, STF: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório. 
 Súmula 160, STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no 
recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício. 
 Súmula 162, STF: É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não 
precedem aos das circunstâncias agravantes. 
 Súmula 206, STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou 
em julgamento anterior do mesmo processo. 
 Súmula 361, STF: No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se 
impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão.8 
 Súmula 431, STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia 
intimação, ou publicação da pauta, salvo em "habeas corpus". 
 Súmula 523, STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua 
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
 Súmula 706, STF: É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por 
prevenção. 
 Súmula 707, STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões 
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
 
8 Válida, porém só se aplica aos casos em que a perícia seja realizada por peritos não oficiais. 
 
 
 
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 Súmula 708, STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do 
único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro. 
 Súmula 712, STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do 
júri sem audiência da defesa. 
17 – RECURSOS 
Características gerais 
Podem-se elencar quatro aspectos ou características referentes aos recursos no processo penal: 
voluntariedade, previsão legal, anterioridade à preclusão ou coisa julgada e não instituição de nova relação 
jurídica. 
Voluntariedade: recorrer, ou não, depende da vontade do recorrente; não há qualquer obrigação imposta 
às partes em exercer o direito de recurso (art. 574 do CPP). Pela literalidade do artigo, não obstante as 
observações da doutrina quanto à impropriedade do termo, excetuariam-se a essa regra os ditos “recursos 
ex officio” previstos nos incisos do mesmo dispositivo. 
Previsão legal: a existência e o cabimento de um recurso devem estar previstos expressamente em lei. 
Anterioridade à preclusão ou coisa julgada: preclusa ou transitada em julgado a decisão judicial, não mais 
caberá recurso contra ela. 
Mesma relação jurídica processual de que se originou a decisão recorrida: não será criada outra relação 
jurídica para o desenvolvimento e apreciação do recurso; trata-se de continuidade da mesma relação 
processual. 
Princípios 
Duplo grau de jurisdição: embora não seja previsto expressamente, decorre do direito fundamental ao 
devido processo legal (art. 5º, LV da CF). Trata-se da possibilidade/garantia da parte de ver rediscutida a 
matéria fática e de direito por órgão do Poder Judiciário hierarquicamente superior àquele que proferiu o 
pronunciamento jurisdicional vergastado. Referido princípio possui limitações, e um claro exemplo diz 
respeito aos processos julgados em sede de foro por prerrogativa de função. 
Unirrecorribilidade das decisões: também denominado de princípio da singularidade ou unicidade, diz 
respeito ao fato de que, como regra geral, de cada decisão (recorrível), admite-se a interposição de um único 
recurso. Os recursos especial e extraordinário representam situação anômala dentro desse princípio, em 
virtude de ser admitida a interposição concomitante dos dois, quando constatada, no bojo de uma mesma 
decisão, contrariedade a uma lei federal ou tratado e à Constituição Federal. 
Taxatividade: os recursos devem estar expressamente previstos em lei, a qual disporá acerca da sua 
existência, bem como das respectivas hipóteses de cabimento. 
 
 
 
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Fungibilidade recursal: em não havendo má-fé, o recurso incorreto poderá ser recebido e conhecido como 
o correto, evitando-se prejuízo ao recorrente (art. 579 do CPP). Parte da doutrina entende que a ausência de 
má-fé se consubstancia no manejo do recurso dentro do prazo referente ao recurso adequado e, ao mesmo 
tempo, na existência de dúvida objetiva quanto à espécie recursal apropriada ao caso. Outra parcela entende 
que a existência de dúvida objetiva quanto ao recurso correto é suficiente para afastara má-fé, mesmo que 
seja interposto fora do prazo do recurso próprio. 
Convolação: enquanto no princípio anterior a interposição de um recurso inadequado ao caso, em não 
havendo má-fé, pode ser recebido e processado na forma do adequado, pelo princípio da convolação um 
recurso adequado pode ser recebido e processado como outro, com o fim de se evitar prejuízo ao recorrente 
ou propiciar ao emprego da via impugnativa mais vantajosa ao acusado. 
Disponibilidade: às partes é facultada a desistência do recurso interposto. Esse princípio não se aplica ao 
Ministério Público, por expressa vedação legal (art. 576 do CPP). 
Voluntariedade: a impugnação das decisões judiciais é ato voluntário das partes, a depender de seu juízo 
discricionário a respeito da conveniência e oportunidade de assim proceder (art. 574 do CPP). Merecem 
relevo, nesse ponto, os chamados “recursos ex officio”. Embora a lei os preveja como exceções ao princípio, 
a doutrina os elenca como hipóteses de reexame necessário ou de remessa necessária, que seriam 
verdadeiras “condições para o trânsito em julgado de determinadas decisões”, e não recursos. Vislumbram-
se hipóteses de reexame necessários nos incisos I e II do art. 574, art. 625, § 3º e art. 746 do CPP. 
Vedação à reformatio in pejus: a situação do recorrente não poderá agravada em decorrência de seu próprio 
recurso. Entende-se que esse princípio incide apenas em favor do acusado, de maneira que, em sede de 
recurso exclusivo da defesa, não poderá ele ser prejudicado de qualquer forma. A reformatio in pejus pode 
manifestar-se de forma direta (quando o prejuízo advém diretamente do mérito do julgamento do recurso) 
ou indireta (em que o agravamento da situação do acusado se dá por via de consequência). 
Reformatio in mellius: significa que sempre será admitida a reforma para melhor da decisão (em favor do 
réu), ainda que se trate de recurso exclusivo da acusação, cuja pretensão era justamente o contrário. 
 Em sede processual penal, no caso de recurso exclusivo da defesa – em virtude de habeas corpus ou 
de revisão criminal – não se admite a reforma do julgado impugnado para piorar a situação do 
acusado. 
 Entende-se que esse princípio incide apenas em favor do acusado, de maneira que, em sede de 
recurso exclusivo da defesa, não poderá ele ser prejudicado de qualquer forma. 
 A reforma in pejus não poderá ocorrer nem do ponto de vista quantitativo, nem sob o ângulo 
qualitativo ou para corrigir eventual erro material. 
•impugnação errada/indevida/inadequada
•considerada como a correta (desde que não haja má-fé)
fungibilidade
•impugnação correta/devida/adequada
•tomada por outra mais vantajosa
convolação
 
 
 
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- Quantitativo – o acusado foi condenado a uma pena de 4 anos. Logo, em caso de recurso exclusivo da 
defesa, o tribunal não pode condenar a 5 anos; 
- Qualitativo – se o acusado foi condenado por furto e o tribunal verifica que na verdade se tratava de 
peculato furto – a pena mantém-se a mesma - 01 (um) ano -, mas sob o ponto de vista qualitativo o peculato 
furto é pior porque eventual progressão nos crimes contra administração pública está condicionada à 
reparação do dano. Por isso também viola o princípio da ne reformatio in pejus; 
- Erro material – digamos que o acusado seja condenado por latrocínio, a uma pena de 18 (dezoito) anos, e 
o magistrado, ao proferir a decisão, comete um erro grosseiro e estabelece início de cumprimento de pena 
no regime inicial aberto. Nesse caso, se o Promotor de Justiça não apelar e a decisão transitar em julgado 
para a acusação, havendo recurso exclusivo da defesa, não poderá a nova decisão condenar em regime 
fechado, mesmo com o notório erro material. 
Novos fundamentos: 
 Quanto à fundamentação, existe alguma limitação para o órgão revisor? 
Segundo o STJ não viola a vedação do reformatio in pejus o acréscimo de novos fundamentos desde que não 
haja agravamento da situação do acusado. 
Reformatio in pejus direta: aquela mais usual e conhecida, na qual o prejuízo decorre do conhecimento e 
julgamento do próprio recurso interposto ou da impugnação apresentada pela defesa. 
 Tome-se por simples exemplo uma sentença condenatória que impingiu ao acusado a pena de 7 
(sete) anos de reclusão em regime semiaberto. Na hipótese de recurso (apelação) exclusivo da 
defesa, é vedado ao tribunal ad quem majorar o quantum de pena, ou fixar regime mais gravoso para 
o seu cumprimento (fechado), justamente em razão da vedação à reformatio in pejus direta 
Proibição do próprio juízo ad quem proferir decisão desfavorável em recurso exclusivo da defesa. 
 A reformatio in pejus direta ocorre quando o Tribunal (juízo ad quem) agrava a situação do acusado 
no recurso exclusivo da defesa. 
Logo, o prejuízo advém diretamente do mérito do julgamento do recurso. 
Reformatio in pejus indireta: refere-se ao agravamento da situação do acusado por vias oblíquas ou 
indiretas, como consequência de outra decisão que analisou recurso ou impugnação só da defesa. 
Normalmente ela decorre de anulação de decisão anterior. 
 Por exemplo: somente réu apela e obtém, pela procedência do seu recurso, a anulação da sentença 
condenatória; o juiz, ao proferir nova sentença, não só condena novamente o réu como também 
majora a pena (ou de algum modo agrava a situação do réu). Repare: o prejuízo não decorreu 
diretamente do provimento do recurso (da anulação da sentença); veio depois, reflexamente, 
quando o juiz proferiu outra sentença pior para o réu – é preciso comparar as sentenças para concluir 
pelo agravamento da situação. 
 
 
 
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Tribunal do Júri e soberania dos veredictos: 
 Na hipótese de anulação do julgamento pelo Tribunal do Júri, realizando-se nova sessão de 
julgamento, como se resolverá eventual choque entre o princípio da soberania dos veredictos e a 
vedação à reformatio in pejus indireta? 
Entende-se que a soberania dos vereditos é uma garantia voltada à proteção dos jurados e não do juiz 
presidente. 
No júri, é muito comum o reconhecimento de nulidades. 
 Supondo que todos os recursos sejam exclusivos da defesa, a situação pode piorar? 
O STF e STJ têm decidido ser compatível o princípio da vedação à reformatio in pejus indireta e a soberania 
dos vereditos. Deste modo, ainda que seja reconhecida nova circunstância no segundo julgamento (ex. 
acréscimo de uma qualificadora), realizado após recurso exclusivo da defesa, a pena aplicada não poderá ser 
superior àquela determinada no primeiro julgamento anulado. 
Proibição à reformatio in pejus indireta e incompetência absoluta: 
Para melhor compreensão, vamos exemplificar: 
 Se o magistrado de primeira instância condena o cidadão por crime de roubo e estabelece uma pena 
de 04 (quatro) anos; havendo recurso exclusivo da defesa, o Tribunal, quando reconhece que há 
incompetência absoluta (ex. o roubo foi praticado contra a União), deve devolver o processo para 
Justiça Federal. Nessa situação, questiona-se: a Justiça Federal ficará subordinada à pena 
anteriormente imposta? 
Nesse caso há duas correntes: 
1ª corrente: o juiz natural jamais estará subordinado aos limites da pena. Para a jurisprudência, essa corrente 
(que prioriza o princípio do juiz natural em detrimento à proibição da reformatio in pejus) é minoritária. 
2ª corrente: mesmo nos casos de incompetência absoluta, deve ser observada a proibição da reformatio in 
pejus. Logo, aquela pena de 04 (quatro) anos continua como limite. Esse é o entendimento majoritário nos 
tribunais. 
Dialeticidade: por força desse princípio, o recorrente deverá apresentar, no corpo do recurso, as razões e os 
fundamentos de sua irresignação, de modo a viabilizar o exercício do contraditório pelo recorrido. Há 
mitigação desseprincípio no art. 589 do CPP, admitindo-se a instrução e a remessa do recurso em sentido 
estrito à instância superior sem as contrarrazões do recorrido. Também há no art. 601 do CPP, no qual se 
admite a remessa dos autos, em recurso de apelação, sem as razões recursais. Por fim, o art. 600, § 4º do 
CPP permite que o apelante ofereça as razões recursais diretamente ao tribunal ad quem. 
Colegialidade: diz respeito ao direito da parte recorrente de ter o seu recurso apreciado e julgado por um 
órgão colegiado, formado, naturalmente, por mais de um julgador. Decorre do princípio do duplo grau de 
jurisdição. Esse princípio não se aplica a todas as espécies de recurso, como os embargos de declaração, em 
 
 
 
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que eventual obscuridade, contradição, ambiguidade ou omissão será sanada pelo próprio prolator da 
decisão. 
Efeitos dos recursos: 
Efeito obstativo: a interposição do recurso ‘obsta’ a preclusão temporal ou o trânsito em julgado da decisão 
até o seu julgamento. 
Efeito devolutivo: trata-se da devolução da matéria impugnada ao juízo ad quem, via de regra, para 
reanálise. A devolução pode se manifestar, todavia, em relação ao próprio juízo a quo, como nos casos de 
embargos de declaração. 
Efeito suspensivo: acarreta a suspensão da eficácia da decisão recorrida; ou seja, não poderá ela ser 
executada até que seja julgado o respectivo recurso. A lei expressamente determinará quando uma espécie 
de recurso apresentará o efeito suspensivo. 
Efeito regressivo, iterativo ou diferido: trata-se do juízo de retratação previsto no recurso em sentido estrito 
– RESE (art. 589 do CPP), carta testemunhável (art. 643 do CPP) e em agravo em execução, que segue o 
mesmo procedimento do RESE. Nesse juízo de retratação, o prolator da decisão poderá reformá-la parcial 
ou integralmente, ou mantê-la nos mesmos termos. 
Efeito extensivo ou expansivo: na eventualidade de provimento de recurso interposto por um dos acusados 
do mesmo crime, os seus efeitos se estenderão aos demais, ainda que não tenham recorrido, contanto que 
se encontrem em idêntica situação jurídica e as razões não sejam de ordem pessoal (art. 580 do CPP). 
Efeito translativo: tem o condão de devolver ao juízo ad quem a reapreciação de toda a matéria, mesmo que 
em desfavor da defesa. Segundo a doutrina, esse efeito apenas incidirá nos impropriamente denominados 
“recursos ex officio”. 
Efeito substitutivo: a decisão proferida pelo juízo recursal, desde que conhecido ou recebido o recurso, 
substitui a decisão atacada, pelo menos em relação à matéria objeto de impugnação. 
18 – EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI 
Inicialmente, vale destacar que esses institutos são regidos pelo princípio da correlação entre acusação e 
sentença. A parte não pode ser surpreendida na sentença. Via de regra, o juiz está adstrito àquilo que 
constou na acusação. Exemplo, se fui denunciado por roubo simples, não posso ser condenado por roubo 
qualificado. 
A sentença deve guardar plena consonância com o fato delituoso descrito na inicial acusatória, não podendo 
dele se afastar, sendo vedado decisão ultra, citra ou extra petita. 
EMENDATIO LIBELLI – é a mudança na definição jurídica, sem a modificação do fato contido na acusação. 
 
 
 
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Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá 
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais 
grave. 
 A imputação é a mesma, mas há correção da tipificação formulada. 
Ex. “A” subtraiu para si coisa alheia móvel mediante violência contra “B” mas o Promotor de Justiça 
classificou isso como furto. 
Na hora de julgar, o juiz vai apenas corrigir a classificação, ainda que o faça para aplicar pena mais grave. Isso 
porque, prevalece o entendimento que o acusado se defende dos fatos imputados. Logo, não haverá 
surpresa ao acusado. 
 Oportunidade - o momento adequado para o juiz aplicar a emendatio libelli é quando da sentença, 
evitando-se prejulgamento e considerando que essa postergação não gera prejuízo para o acusado, que se 
defende dos fatos imputados e não da classificação jurídica. A correção da adequação típica só é permitida 
antes, excepcionalmente, para socorrer direitos do réu em temas de ordem pública. 
 Procedimento – não há necessidade de oitiva das partes ou oportunização de contraditório, segundo 
entendimento majoritário chancelado pelo STJ. Se com a mudança da definição jurídica a competência 
mudar, o processo deve ser encaminhado para o juízo competente. Também deve ser viabilizada suspensão 
condicional do processo, se for o caso (§§ 1º e 2º, art. 383, CPP). 
 Emendatio pode ser feita em segunda instância desde que não seja em prejuízo do acusado – 
respeitar a proibição à reformatio in pejus. 
 Emendatio pode acontecer tanto na ação pública como na privada. 
MUTATIO LIBELLI – está prevista no artigo 384 do CPP e é compreendida como a mudança nos fatos da 
acusação; 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, 
em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal 
não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 
(cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, 
reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
 Não se admite mutatio libelli em segunda instância porque haveria supressão do primeiro grau de 
jurisdição, exceto se for competência originária dos tribunais. 
 Oportunidade – a mutatio libelli deve ocorrer após o encerramento da instrução e não é permitida 
em grau recursal, para evitar supressão de instância. 
 Súmula 453 do STF: não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de 
Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância 
elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa. 
 Fato novo x fato diverso - é para o fato diverso que se reserva a mutatio libelli, já que o art. 384 do 
CPP fala em elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação. A matéria reservada à 
mutatio, quando associada à infração penal, diz respeito a elementares ou circunstâncias que, embora não 
contidas na acusação, comporiam um novo tipo penal, normalmente mais amplo (na descrição) que aquele 
narrado na acusação. É preciso, então, que o novo elemento (ou circunstância) se agregue aos elementos 
 
 
 
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básicos e essenciais narrados na peça acusatória; caso contrário, o caminho é nova denúncia e novo 
processo. 
 Procedimento - CPP. Art. 384. [...] o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo 
de 5 (cinco) dias, [...] reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste 
Código. 
§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a 
requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com 
inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. 
§ 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1° e 2° do art. 383 ao caput deste artigo. 
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 
(cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. 
§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. 
 Há divergência na doutrina sobre o cabimento de mutatio libelli nasações penais exclusivamente 
privadas; de qualquer modo, em se admitindo deve-se observar o prazo decadencial. Prevalece que a 
mutatio libelli será cabível apenas ação penal pública ou ação privada subsidiária da pública. 
'Emendatio'
Art. 383 do CPP (respeito à correlação)
O fato (elementos/circunstâncias) está 
descrito na acusação
Não depende de aditamento
Definição jurídica alterada pelo juiz
Pode acontecer em qualquer grau de 
jurisdição
'Mutatio'
Art. 384 do CPP (respeito à correlação)
O fato (elemento/circunstância) não está 
descrito na acusação
Depende de aditamento
Definição jurídica alterada pelo juiz, mas 
como consequência da alteração fática
Não pode acontecer em grau recursal 
(Súm. 453/STF)
 
 
 
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19 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI 
Estão previstos no inciso XXXVIII do art. 5º da Constituição Federal: 
Plenitude de defesa (alínea “a”): concede-se um maior grau de força, proteção e importância à defesa dos 
acusados no Tribunal do Júri quando cotejada com a ampla defesa já assegurada a todos os réus. Manifesta-
se, também, pela defesa técnica e autodefesa. 
 Defesa técnica – exercida por profissional habilitado (advogado ou defensor público), que poderá 
invocar argumentos não somente técnicos, mas também metajurídicos, sentimentais, sociais e 
religiosos para o convencimento dos jurados. 
 Autodefesa – exercida pelo acusado, em especial no momento de seu interrogatório, ocasião em que 
terá liberdade para apresentar sua própria versão dos fatos. 
Sigilo das votações (alínea “b”): tanto o processo de votação dos quesitos pelos jurados quanto o seu 
resultado (votos) são sigilosos, na forma estabelecida pelos arts. 485 a 489 do CPP. 
 A votação é realizada em sala secreta ou na ausência do público (art. 485, caput e § 1º). 
 Os votos (“sim” ou “não”) são contabilizados apenas até que seja constatada a maioria em um ou 
outro sentido (isto é, 4 votos), como forma de maximizar o sigilo do seu conteúdo – art. 483, §§ 1º e 
2º). 
 A exigência de incomunicabilidade dos jurados é outra faceta deste princípio (art. 466). 
Soberania dos veredictos (alínea “c”): o mérito da decisão dos jurados deve ser respeitado pelo juiz-
presidente e não pode ser modificado pelos tribunais na apreciação de eventuais recursos. 
 O juízo ad quem poderá modificar e substituir a decisão atacada quando se tratar de matéria de 
competência do juiz-presidente; mas apenas poderá cassar a decisão dos jurados que ela for 
manifestamente contrária à prova dos autos, determinando novo julgamento. 
 Para a maior parte da doutrina, a revisão criminal carrega em si a possibilidade de completa 
modificação do decisum, tanto em relação às matérias de competência do juiz-presidente quanto às 
afetas ao Conselho de Sentença. 
20 – ‘HABEAS CORPUS’ 
Corriqueiramente, nas questões de processo penal, há abordagem do tema habeas corpus. Veja as hipóteses 
autorizadoras e as proibitivas de utilização dessa ação autônoma de impugnação: 
Hipóteses autorizadoras do habeas corpus 
a) aceitação da proposta de suspensão condicional do processo: a sujeição ao período de prova aplicado no 
instituto da suspensão condicional do processo não impede a impetração de habeas corpus. 
 
 
 
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b) autorização judicial de quebra de sigilos: quando essa autorização judicial visar angariar prova em 
procedimento penal e, desde que, não seja referente à infração penal cominada com pena exclusiva de 
multa, o habeas corpus tem sido considerado idôneo. 
Hipóteses que não autorizam habeas corpus por falta de adequação 
a) persecução penal de infração penal cuja pena cominada é exclusivamente a de multa: nesse sentido, 
Súmula nº 693 do STF: 
Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por 
infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. 
b) para atacar quesitos de processo no qual o réu já cumpriu a pena privativa de liberdade: nesse sentido, 
Súmula nº 695 do STF: 
Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. 
c) penalidade disciplinar de exclusão de militar, perda de patente ou função pública: neste ponto, destaca-
se a Súmula nº 694 do STF: 
Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de 
função pública. 
d) perda de direitos políticos: constrangimento ilegal que afete direitos políticos não ameaça a liberdade de 
locomoção. 
e) impeachment: nesse caso, trata-se de sanção de índole político-administrativa. 
f) custas processuais: nesse sentido, expõe a Súmula nº 395 do STF: 
Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas, por não estar 
mais em causa a liberdade de locomoção. 
g) omissão de relator de extradição: nesse sentido, expõe a Súmula nº 692 do STF: 
Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito 
estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito. 
Em sentido similar há também a Súmula nº 606 do STF: 
Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em 
habeas corpus ou no respectivo recurso. 
 O habeas corpus possui natureza jurídica de ação autônoma de impugnação cuja pretensão 
é a liberdade. 
 A despeito de o Código de Processo Penal ter inserido o habeas corpus no contexto dos 
recursos (Livro III, Título II, Capítulo X), esse instituto não possui natureza jurídica de recurso 
– não é propriamente um recurso. 
 
 
 
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21 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS AÇÕES PENAIS 
Ação penal pública incondicionada 
 É ‘incondicionada’ porquanto não está sujeita a requisito especial algum, que não aqueles genéricos de 
toda e qualquer ação penal. É a regra em nosso sistema. 
 CF, art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal 
pública, na forma da lei. 
 CP, art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. § 
1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação 
do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
Ação penal pública condicionada 
 É ‘condicionada’ porque, diferentemente da modalidade anterior, está sujeita a condição específica – 
acaba por depender da manifestação de outrem exigida expressamente na norma. 
 Depende de: 
✓ representação do ofendido ou 
✓ requisição do Ministro da Justiça. 
Representação: princípio da oportunidade e conveniência; o ofendido (ou seu representante) pode optar por 
iniciar ou não a ação penal. 
  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, 
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial 
(CPP. Art. 39) 
 Prazo: decadencial de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no 
caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
 Retratação: a representação será irretratável depois de oferecida a denúncia (art. 102 do CP e art. 25 do 
CPP). 
 Nos crimes da Lei Maria da Penha, a representação será retratável até o recebimento da denúncia. 
Requisição: Vigora o princípio da oportunidade e conveniência diante dessa faculdade do Ministro da Justiça. 
Ação penal privada: 
 Quando a ação for de iniciativa privada, a lei expressamente assim a declarará, fazendo menção (em boa 
parte, se não em todos os casos) ao fato de quese procederá ‘mediante queixa’ ou construções sintáticas 
semelhantes. 
 Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada (CPP, art. 30). 
 
 
 
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 No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer 
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). 
Ação penal exclusivamente privada: essa espécie refere-se à ação penal de iniciativa privada propriamente 
dita, seguindo as diretrizes legais. 
Ação penal privada personalíssima: hipótese única no Direito Brasileiro, sendo o crime de induzimento a erro 
essencial e ocultação de impedimento, previsto no art. 236 do Código Penal. Nesse caso, a titularidade recai 
unicamente na pessoa do ofendido. 
Ação penal privada subsidiária da pública: decorrido o prazo legal para o MP, quedando-se, este, inerte, 
surge para o ofendido a possibilidade de, independentemente da atuação do parquet nesse momento, dar 
início à ação que seria pública. 
 O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o 
órgão do MP receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No 
último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em 
que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos (CPP. Art. 46). 
22 – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NAS AÇÕES PENAIS PRIVADAS 
Decadência (art. 107, IV do CP): perda de um direito pelo seu não uso dentro do prazo legal; nas ações penais 
de iniciativa de privada, trata-se da perda do direito de ação. 
 Em regra, o prazo decadencial é de 6 (seis) meses, contados do dia em que se teve conhecimento da 
autoria do crime (ações penais públicas condicionadas e ações penais de iniciativa privada exclusiva 
e personalíssima); ou do dia do esgotamento do prazo de oferecimento da denúncia (ação penal 
privada subsidiária da pública) – art. 38 do CPP; 
 Nos crimes em que o ofendido for menor de 18 anos, o prazo será contado a partir do dia em que 
atingida a maioridade; 
 O prazo decadencial não se suspende ou interrompe e é improrrogável. 
Perempção (art. 107, IV do CP): extinção da punibilidade pela desídia processual do querelante 
 O art. 60 do CPP prevê quatro hipóteses: i) ausência de andamento processual pelo querelante por 
30 dias seguidos; ii) não comparecimento dos sucessores do querelante, em caso de morte ou 
incapacidade superveniente, no prazo de 60 dias; iii) ausência injustificada do querelante a um ato 
do processo ou ausência de pedido de condenação nas alegações finais; iv) extinção do querelante 
pessoa jurídica, sem sucessor. 
Renúncia (art. 107, V do CP): abdicação antecipada do direito de ação contra o ofensor. 
 Manifestação do princípio da oportunidade da ação penal de iniciativa privada; 
 Pela indivisibilidade dessa espécie de ação, a renúncia oferecida a um dos autores do crime, a todos 
se estenderá (art. 49 do CPP); 
 
 
 
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 Explícita – declaração assinada pelo ofendido, representante legal ou procurador com poderes 
especiais (art. 50 do CPP); 
 Implícita – prática de ato incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa (art. 104, 
parágrafo único do CP). 
Perdão (art. 107, V do CP): desistência tácita ou expressa, por parte do ofendido, da continuidade do 
processo, efetivamente perdoando o ofensor. 
 Manifestação do princípio da disponibilidade da ação penal de iniciativa privada; 
 Exige a aceitação do perdão pelo ofensor para que surta efeito; 
 De igual maneira à renúncia, o perdão oferecido se estenderá a todos os autores do crime, desde que 
o aceitem; 
 Pode ser oferecido até o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 106, § 2º do CP – a 
contrario sensu). 
23 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NO PROCESSO PENAL 
Atente para os seguintes princípios: 
Presunção de inocência: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória (CF, art. 5º, LVII). 
 Duas regras fundamentais: a regra probatória e a regra de tratamento. 
Regra probatória = in dubio pro reo. 
Regra de tratamento = réu ser tido como inocente durante a persecução penal, em relação a todas as 
medidas que sejam tomadas. 
 Em regime de repercussão geral, foi reafirmada a jurisprudência do STF no sentido de que a execução 
provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a recurso 
especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. 
Contraditório: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (CF, art. 5º, LV). 
 Ciência bilateral dos atos e termos do processo e possibilidade de contrariá-los. 
 Direito à participação. 
 Modernamente: relacionado à paridade de armas. 
Ampla defesa: conjugação de 3 realidades – direito de informação, bilateralidade da audiência, direito de 
acesso e produção de provas. 
 Autodefesa = exercida pelo próprio acusado, nas oportunidades que tem para se manifestar, em 
especial no interrogatório. Renunciável. 
 
 
 
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 Defesa técnica = exercida por profissional habilitado, com capacidade postulatória (advogado) – 
indeclinável (art. 261, CPP). 
Réu tem a prerrogativa de escolha do seu advogado; pode, a qualquer tempo, contratar um e o juiz não pode 
nomear sem que antes ele tenha tido oportunidade de constituir (Súmulas 707 e 708/STF). É a omissão do 
acusado que abre espaço para a atuação do juiz. 
Súmula 523/STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o 
anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos 
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
Publicidade: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou 
o interesse social o exigirem (CF, art. 5º, LX). 
 Afastamento da publicidade somente por conta da intimidade ou do interesse social, da justiça, desde 
que não prejudique o interesse público à informação. 
Inadmissibilidade das provas ilícitas: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (CF, 
art. 5º, LVI). 
CPP: art. 157 - são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, 
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas. 
Juiz natural: não haverá juízo ou tribunal de exceção (CF, art. 5º, XXXVII). 
 ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
Nemo tenetur se detegere: base normativa implícita no direito de permanecer calado (concebido na 
Constituição Federal) e na não obrigatoriedade de depor contra si mesmo (em pactos internacionais). 
 O direito ao silêncio pode ser compreendido como uma das possibilidades de manifestação da não 
autoincriminação. 
 Prerrogativa de se autodefender passivamente, sem nada ter de fazer (ato comissivo). 
 Socorre a todos (direito público subjetivo) que, objetivamente, possam se autoincriminar – não 
somente aos réus e indiciados. 
 Confere garantias: 
✓ direito ao silêncio e de não confessar; 
✓ não praticar comportamento ativo incriminador; 
✓ não produzirprova invasiva. 
 
 
 
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 O exercício desse direito não implica crime e não pode resultar em presunção de culpa e gravame 
processual algum. 
24 – REVISÃO CRIMINAL 
A revisão criminal é uma ação autônoma de impugnação (e não recurso) que se destina à retificação de 
sentenças (condenatórias ou absolutórias impróprias) definitivas e equivocadas – erros judiciais –, livrando 
o acusado da privação indevida e injusta de sua liberdade. 
Requisitos: a existência de decisão judicial transitada em julgado é pressuposto/requisito para o manejo de 
revisão criminal. Por outro lado, segundo o STF (RHC 118.622/ES), é desnecessário o prequestionamento da 
matéria para que seja ela objeto de revisão criminal; ou seja, ainda que o trânsito em julgado tenha se dado 
em primeira instância, sem interposição de apelação, poderá a ação ser normalmente proposta. Há se 
atentar ao enunciado da Súmula 393 do STF: “Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a 
recolher-se à prisão”. 
Momento/prazo: pode ser manejada a qualquer momento, seja durante a execução, seja após o 
cumprimento da pena, e, inclusive, após a morte do apenado. 
Legitimidade: tem legitimidade para propô-la: i) o próprio apenado; ii) procurador legalmente habilitado; iii) 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do apenado, em caso de réu já falecido (art. 623 do CPP); e iv) 
Ministério Público (para a doutrina), desde que em favor do apenado, não obstante o silêncio do CPP quanto 
a este ponto. 
Hipóteses de cabimento: i) contrariedade ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; ii) decisão 
fundada em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; iii) descoberta de novas provas 
em favor do condenado (art. 623 do CPP). 
Prevalece o entendimento de que, na revisão criminal fundada em descoberta de novas provas em favor do 
acusado, é necessário que esse inédito material probatório seja pré-constituído em procedimento específico 
de ‘justificação prévia’, e não no corpo da própria revisão criminal. 
Vedações: não se admite a revisão criminal pro societate, em observância ao princípio ne bis in idem; trata-
se, pois, de instituto exclusivo da defesa. De todo modo, também não se a admite para alteração do 
fundamento de absolvição própria, ainda que a modificação pudesse surtir efeitos na esfera cível. 
Soberania dos veredictos: a revisão criminal é certamente a maior mitigação existente em relação ao 
princípio da soberania dos veredictos. O STJ, aliás, já consolidou entendimento de que “a soberania do 
veredicto do Tribunal do Júri não impede a desconstituição da decisão por meio de revisão criminal” (Tese nº 
14 – Jurisprudência em Teses do STJ, ed. 78). Ainda, como já afirmado antes, para a maior parte da doutrina, 
a revisão criminal carrega, em si, a possibilidade de completa modificação do decisum, tanto em relação às 
matérias de competência do juiz-presidente quanto às afetas ao Conselho de Sentença. 
25 – PRONÚNCIA 
Natureza Jurídica: decisão interlocutória mista não terminativa que acolhe a acusação, submetendo-se o 
acusado ao julgamento pelo Tribunal do Júri. 
Assim, quando alguém é pronunciado, o magistrado está admitindo que essa pessoa seja levada para o 
Tribunal do Júri. 
 
 
 
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O procedimento do júri é bifásico. A pronúncia encerra a primeira fase do Tribunal no Júri. 
 A natureza jurídica da pronúncia é de “decisão interlocutória mista” porque põe fim a primeira fase 
procedimental. É “não terminativa” porque não põe fim ao processo. 
Pressupostos e conteúdo da pronúncia: 
I) convencimento quanto à materialidade do fato; 
II) existência de indícios suficientes de autoria e de participação. 
 A decisão de pronúncia deve possuir uma fundamentação estritamente técnica e ser redigida em 
linguagem comedida, limitada a demonstrar a admissibilidade da imputação, sem excessos que 
possam vir a influenciar indevidamente o ânimo dos jurados. Caso assim não proceda o magistrado, 
estar-se-á diante da denominada “eloquência acusatória” (excesso de fundamentação). 
 Não serão objetos de valoração, na pronúncia, eventuais crimes conexos. 
 Não deve constar na pronúncia: concurso de crimes, causas de diminuição de pena, agravantes e 
atenuantes. 
Efeitos da decisão de pronúncia: 
1) submissão a julgamento perante o Tribunal do Júri: encerrada a fase preliminar e admitida a acusação 
oferecida será o agente julgado perante o Tribunal do Júri; 
2) limitação da acusação à pronúncia: a acusação não poderá inovar durante a sessão de julgamento, estando 
vinculada ao que foi constado na pronúncia; 
Correlação entre pronúncia e quesitação – delimita aquilo que será trabalhado em plenário. 
3) interrupção da prescrição: mesmo que haja ulterior desclassificação dos jurados. 
Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a 
desclassificar o crime. 
4) Preclusão das nulidades relativas não arguidas até a pronúncia. 
5) Preclusão da decisão de pronúncia e sua imodificabilidade – pronúncia é decisão interlocutória, logo, está 
sujeita à preclusão temporal. Uma vez havendo preclusão da pronúncia, em regra, não poderá mais ser 
modificada. 
Art. 421 – ainda que preclusa a decisão de pronúncia, se houver circunstância superveniente que 
altere as circunstâncias do crime, os autos serão remetidos ao MP para aditar a denúncia. 
Exemplo: réu é pronunciado por tentativa. Posteriormente a vítima morre em decorrência do crime. 
 
 
 
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6) Decretação da prisão preventiva ou imposição de medidas cautelares diversas da prisão: se o juiz quiser 
decretar prisão, deverá decretar uma verdadeira prisão preventiva (não é efeito automático) e sua 
decretação estará condicionada aos pressupostos do 312 e 313. O raciocínio é o mesmo para as medidas 
cautelares diversas da prisão. 
Art. 413 §3° - o juiz decidirá motivadamente sobre manutenção revogação, substituição da prisão 
ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, 
sobre a necessidade da decretação ou imposição de medidas cautelares. 
Recurso cabível: 
Contra a decisão de pronúncia, nos termos do art. 581, IV do CPP, cabe recurso em sentido estrito. 
26 – ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO 
Além disso, o artigo 268 do CPP traz a hipótese de o ofendido figurar na demanda como assistente da 
acusação. O artigo 269, a seu turno, menciona que pode o assistente se habilitar a qualquer momento na 
ação penal. 
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério 
Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas 
no Art. 31. 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o 
direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão. 
Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a 
causa no estado em que se achar. 
Para figurar como assistente de acusação, necessário que a vítima constitua advogado ou defensor público 
que represente processualmente seus interesses, uma vez que, sozinho, o ofendido não possui capacidade 
postulatória (como dito). 
O artigo 271 do CPP dita as diretrizes em que o assistente de acusação poderá atuar processualmente: 
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às 
testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos 
interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598.§ 1º O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo 
assistente. 
 
 
 
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§ 2º O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, 
intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo 
de força maior devidamente comprovado. 
Outrossim, os artigos 272 e 273 do CPP, que seguem tratando da matéria, esclarecem que o Ministério 
Público deverá se manifestar previamente sobre a admissão do assistente, sendo que do despacho que 
determinar a admissão ou não desse, não caberá recurso. Veja o que dispõe a literalidade da lei: 
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente. 
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, 
entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão. 
Doutrina e jurisprudência têm entendido que o ofendido que tiver o seu direito de se habilitar como 
assistente de acusação negado pelo juiz, poderá impetrar mandado de segurança. 
Por fim, note-se que não é requisito de validade do processo penal a existência do assistente de acusação, 
uma vez que o trâmite processual se desenvolve independentemente de sua presença, como já 
esclarecemos. 
27 – INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL 
O incidente pressupõe a existência de fundada dúvida a respeito da higidez mental do acusado. Essa dúvida 
refere-se tanto à época do fato delituoso quanto ao momento do inquérito ou processo; sua instauração 
poderá ocorrer tanto na fase investigativa quanto na fase judicial (inclusive durante a execução da pena). 
Entretanto, a realização do exame somente poderá ser deferida pelo juiz . Note-se: 
Art. 149 [...] § 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante 
representação da autoridade policial ao juiz competente. 
De acordo com BRASILEIRO, “[...] seja em razão da superveniência de enfermidade no curso do processo, seja 
pela presença de indícios plausíveis de que, ao tempo dos fatos, era ele [o acusado] incapaz de entender o 
caráter ilícito da conduta ou de determinar-se de acordo com esse entendimento” (Lima, 2017). 
O caput do art. 149 do Código de Processo Penal é claro sobre a legitimidade: 
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício 
ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, 
descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. 
Interessante foi o raciocínio da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal no julgamento do HC 133078/RJ (j. 
06/09/16): [...] o incidente de insanidade mental, que subsidiará o juiz na decisão sobre a culpabilidade ou 
não do réu, é prova pericial constituída em favor da defesa, não sendo possível determiná-la 
compulsoriamente quando a defesa se opõe. 
 
 
 
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[...] O incidente de insanidade mental, que subsidiará o juiz na decisão sobre a culpabilidade ou 
não do réu, é prova pericial constituída em favor da defesa, não sendo possível determiná-la 
compulsoriamente quando a defesa se opõe. [...] (HC 133078, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, 
Segunda Turma, julgado em 06/09/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-202 DIVULG 21-09-2016 
PUBLIC 22-09-2016) 
Da decisão que determina a realização da perícia não cabe recurso, o que não impede, eventualmente, a 
impetração de mandado de segurança. Da decisão que indefere o pedido, cabível habeas corpus se houver 
risco à liberdade de locomoção. 
Para NUCCI, os ataques recursais concernentes a esse incidente assim se apresentam: 
Não há recurso contra o indeferimento do requerimento de instauração do incidente. 
Eventualmente, tratando-se de hipótese teratológica (ex.: acusado nitidamente doente), pode 
ser impetrado habeas corpus. Por outro lado, caso o juiz determine a instauração de incidente 
contra réu mentalmente saudável, cuida-se de tumulto processual, cabendo correição parcial. 
Por derradeiro, contra a decisão que homologa o laudo apresentado pela perícia, cabe apelação 
(art. 593, II, CPP) (Nucci, 2015). 
Procedimento 
A realização do exame será determinada no feito principal, mas sua tramitação ocorrerá em apartado. 
Quando instaurar o incidente, o juiz deverá nomear curador ao acusado (que poderá ser seu defensor no 
processo principal) e suspender o processo. Não há se falar em suspensão, contudo, em relação às diligências 
urgentes, tampouco no que diz respeito a procedimentos investigativos (p.ex. inquérito). Como a lei nada 
esclarece a esse respeito, o prazo prescricional não é interrompido ou suspenso durante o incidente. 
Art. 149 [...] § 2º O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando 
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser 
prejudicadas pelo adiamento. 
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado, que só depois da 
apresentação do laudo, será apenso ao processo principal. 
O juiz deve, também, intimar as partes (Ministério Público, assistente de acusação, ofendido, querelante e 
acusado) para, querendo, apresentar quesitos e indicar assistente técnico. 
Sobre o acusado preso, adverte BRASILEIRO: 
[...] diz o art. 150, caput, do CPP, que o acusado, se estiver preso, será internado em manicômio 
judiciário, onde houver. Caso não haja estabelecimento adequado, deve o acusado ser realocado 
em cela especial, permanecendo separado dos demais presos, visto que seu estado de saúde 
mental debilitado pode representar sério risco à integridade física dos demais detentos. Noutro 
giro, se o acusado estiver solto, deverá continuar em liberdade, pelo menos em regra, 
comparecendo à perícia médico-legal quando for convocado. Não obstante, o próprio art. 150, 
 
 
 
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caput, prevê que, diante de requerimento dos peritos, justificando a necessidade da medida, 
poderá o magistrado determinar a internação do acusado. Outrossim, presentes o fumus comissi 
delicti e o periculum libertatis, se o agente inimputável ou semi-imputável tiver praticado crime 
com violência ou grave ameaça: e houver risco de reiteração, é plenamente possível a decretação 
de sua internação provisória, nos termos do art. 319, VII, do CPP (Lima, 2017). 
De acordo com o art. 150, § 1º do Código de Processo Penal, o exame não durará mais de quarenta e cinco 
dias, salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de maior prazo. 
Com a apresentação do laudo, as partes serão intimadas e poderão apresentar quesitos suplementares ou, 
ainda, requerer a oitiva do perito para esclarecimentos. O juiz poderá determinar que o perito complemente 
ou esclareça o laudo e, ainda, a realização de novo exame por outros peritos. Se regular o laudo, o juiz o 
homologará e o feito principal retomará seu curso. 
Por fim, veja a sequência do incidente conforme o elucidativo esquema apresentado por NESTOR TÁVORA 
(Távora, 2017): 
 
28 – SENTENÇA PENAL 
Classificação dos atos judiciais: costuma-se tomar mais em conta as consequências dos atos do juiz do que 
propriamente o conteúdo para se estabelecer as classificações. Não há unanimidade e uniformidade na 
classificação – que não é trazida pela lei; costumamos estudar as mais relevantes criadas pela doutrina. 
Despachos - manifestações simples, que não abordam pontos controvertidos, geralmente com finalidade de 
dar andamento ao processo (impulso processual); de regra são irrecorríveis e normalmente não têm carga 
decisória; só admitirão impugnação quando houver ‘inversão tumultuária’ no processo, mediante correição 
parcial. 
Decisõesinterlocutórias - pronunciamento judicial de natureza decisória que resolve questão controversa. 
a) Simples – não colocam fim ao processo nem a fase do procedimento. 
Juiz determina a 
instauração do 
incidente de 
insanidade mental 
através de portaria
Nomeia-se um 
curador
Ocorre a suspensão 
do processo; a 
prescrição corre 
normalmente
Manifestações dos 
peritos em até 45 
dias (prorrogáveis 
pelo juiz)
Autos apartados são 
apensados aos 
principais
 
 
 
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b) Mistas – colocam fim ao processo ou a uma fase dele. 
i) Terminativa/definitiva: acarreta extinção do processo/procedimento. Também conhecida 
como ‘decisão com força de definitiva’. Ex. rejeição da denúncia. 
ii) Não terminativa: encerra uma etapa do procedimento, não o processo. Ex. pronúncia. 
Sentenças – em sentido estrito, põem fim ao processo, absolvendo ou condenando o réu, dando como 
procedente ou improcedente a imputação após instrução probatória; têm carga decisória plena, 
ordinariamente passíveis de apelação (593, I e III do CPP). 
o Sentenças subjetivamente (consideram o órgão prolator): 
a) simples – proferidas por órgão monocrático; 
b) plúrimas – proferidas por órgão colegiado homogêneo (ex. acórdão); 
c) complexas – por órgão colegiado heterogêneo (tribunal do júri). 
o Sentenças materiais – decidem mérito. 
 
o Sentenças formais – decidem questões processuais. 
 
o Sentenças suicidas – dispositivo contraditório com a fundamentação. 
 
o Sentenças vazias – sem fundamentação. 
 
o Sentenças autofágicas – juiz reconhece imputação, mas declara extinta punibilidade (ex. perdão). 
As sentenças podem ser, ainda: condenatórias; declaratórias; constitutivas 
(positivas e negativas); mandamentais; executivas. 
As sentenças absolutórias podem ser próprias e impróprias, as últimas 
aplicam medida de segurança aos inimputáveis. 
Conteúdo da sentença: requisitos da sentença estão no art. 381 do CPP. 
Sentenças do Juizado dispensam relatório e naquelas do procedimento do 
júri ele é feito antecipadamente. 
Decisões dos jurados no Tribunal do Júri, diante do necessário sigilo, dispensam a fundamentação. 
Sentença absolutória: próprias (declaram estado de inocência); impróprias (que aplicam medida de 
segurança); sumárias (arts. 397 e 415 do CPP). 
Causas de absolvição: o juiz deve mencionar na sentença os motivos da decisão. 
 
SE
N
TE
N
Ç
A
relatório
fundamentação
dispositivo
autenticação
 
 
 
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CAUSAS DE ABSOLVIÇÃO – INCISOS DO ART. 386 DO CPP CATEGÓRICA VINCULANTE MATERIALIDADE AUTORIA 
I estar provada a inexistência do fato ✓ ✓ ✓ 
II não haver prova da existência do fato ✓ 
III não constituir o fato infração penal ✓ tipicidade 
IV estar provado que o réu não concorreu para a 
infração penal 
✓ ✓ ✓ 
V não existir prova de ter o réu concorrido para a 
infração penal 
 ✓ 
VI existirem circunstâncias que excluam o crime ou 
isentem o réu de pena 
✓ ✓ ilicitude culpa 
VI fundada dúvida sobre existência das circunstâncias 
acima 
 ilicitude culpa 
VII não existir prova suficiente para a condenação ✓ ✓ 
Efeitos da sentença absolutória 
Art. 386. Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr o réu 
em liberdade; II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; III - 
aplicará medida de segurança, se cabível. 
Além desses efeitos, a fiança será restituída, o sequestro/arresto/hipoteca serão levantados e o réu pode 
requerer a retirada da sua identificação fotográfica. 
Sentença condenatória 
Tem elementos próprios, destacados no art. 387 do CPP, destacando-se a aplicação da pena, a manifestação 
sobre medidas cautelares e a detração para a determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. 
CPP. Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: I - mencionará as circunstâncias 
agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; II - 
mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na 
aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal; III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; IV - 
fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos 
sofridos pelo ofendido; [...] § 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, 
se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do 
conhecimento de apelação que vier a ser interposta. § 2º O tempo de prisão provisória, de prisão 
administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de 
determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. 
 
 
 
 
 
 
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Efeitos previstos na Constituição Federal 
i) suspensão dos direitos políticos (art. 15, III); ii) impedimento à naturalização (art. 12, II, ‘b’); iii) submissão 
de oficial a julgamento de indignidade/incompatibilidade (art. 142, § 3º, VII). 
Vinculação da sentença ao pedido do Ministério Público: embora doutrina minoritária questione, prevalece 
a disposição do art. 385 do CPP – “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, 
ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora 
nenhuma tenha sido alegada”. 
Publicação da sentença: não se pode confundir ‘publicação’ com ‘intimação’. O primeiro ato traduz a 
existência jurídico-formal da sentença e se dá com a entrega em mão do escrivão; o segundo é ato de 
comunicação processual, serve para cientificar as partes sobre a sentença, dando início ao prazo recursal. 
Esgotamento da instância: efeito genérico da decisão que implica no encerramento do ofício jurisdicional 
em primeira instância, impedindo, regra geral, a alteração da sentença; esta que só poderá ser alterada em 
3 situações: correção de erros materiais; embargos de declaração; recurso com efeito regressivo. 
Intimação da sentença: Ministério Público, Defensor público e nomeado serão intimados pessoalmente. 
Advogado do querelante e do assistente de acusação mediante publicação. Segundo posicionamento 
majoritário, tanto o réu quanto o seu defensor devem ser intimados da sentença - é o que se recomenda. 
Não haverá nulidade, todavia (observada a jurisprudência), nas situações de ‘absolvição’ em que somente 
um ou outro for intimado e nas situações de ‘condenação’ quando somente o advogado constituído for 
intimado. Os acórdãos não precisam observar as disposições do art. 392, não se exigindo a intimação do 
acusado. 
EFEITOS PENAIS 
(art. 91, CP)
principais
cumprimento da 
pena
nome no rol dos 
culpados
reflexos
reincidência
regressão 
regime 
carcerário
revogação sursis
revogação 
livramento 
condicional
EFEITOS 
EXTRAPENAIS 
(art. 92, CP)
obrigatórios
reparação dano
perda bens/coisas
específicos
perda 
cargo/função
incapacitação 
poder familiar
inabilitação 
direção veículo
 
 
 
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Princípio da consubstanciação: no processo penal, o réu se defende em relação aos fatos a ele imputados e 
não em relação ao direito ou lei aplicável. 
Princípio da correlação: estabelece que o fato criminoso atribuído ao réu na acusação deve ser o mesmo 
tomado em conta pelo juiz na sentença; deve haver correspondência (daí o nome do axioma), portanto, 
entre as condutas que são consideradas pelo juiz (quando julga) e aquelas que foram expressamente 
imputadas– essencialmente devem ser as mesmas, em todas as suas elementares e circunstâncias. O 
processo deve ter identidade (jurídica) de objeto. O fato imputado ao réu na peça acusatória deve guardar 
harmônica correspondência com o fato reconhecido pelo juiz na sentença, sob pena de violação aos 
princípios do contraditório e da ampla defesa. É na tutela desses princípios e para um ‘devido processo legal’ 
que serve o axioma da correlação. O que é interessa (para a correlação) é o ‘fato processual’ e não o direito 
aplicável/classificação jurídica. 
29 – INCIDENTES RELATIVOS À FIANÇA 
Quebramento da fiança 
O art. 341 do CPP elenca as hipóteses de quebramento da fiança: 
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: 
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; 
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; 
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; 
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; 
V - praticar nova infração penal dolosa 
Praticado, pelo acusado, qualquer um desses atos, estará ele sujeito aos efeitos do quebramento da fiança, 
os quais constam do já transcrito art. 324, I (impossibilidade de prestação de nova fiança no mesmo processo) 
e, principalmente, do art. 343 do CPP: 
Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu valor, 
cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a 
decretação da prisão preventiva. 
A medida cabível contra a decisão que declare quebrada a fiança é o recurso em sentido estrito, com 
fundamento no art. 581, VII do CPP. Esse recurso, todavia, apenas terá o condão de suspender o efeito da 
perda da metade do valor, conforme art. 584, § 3º do CPP: 
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de 
perda da metade do seu valor. 
 
 
 
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Perda da fiança 
Ao contrário do quebramento, a perda da fiança abrange a totalidade do valor depositado a título de 
garantia. Ocorrerá na hipótese do art. 344 do CPP, que dispõe: 
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não 
se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta 
Por evidente, só há se falar em perda da fiança após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, 
na hipótese de o acusado (agora apenado) frustrar o início do cumprimento da pena, seja ela da natureza 
que for (privativa de liberdade, restritiva de direitos e até mesmo multa). 
Cassação da fiança 
A fiança pode ser cassada (julgada sem efeito) quando for ela concedida fora das hipóteses legais, ou quando 
houver modificação da classificação do delito para outro que não admita concessão. É o que dispõe os arts. 
338 e 339 do CPP: 
Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em qualquer fase do 
processo. 
Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito inafiançável, 
no caso de inovação na classificação do delito. 
Sobre o procedimento, afirma NUCCI: 
Pode haver a cassação de ofício ou a requerimento do Ministério Público, não podendo a 
autoridade policial fazê-lo sozinha. Nessa hipótese, devolve-se o valor recolhido a quem a 
prestou, expedindo-se a ordem de prisão. A cassação pode ser feita, inclusive, em segundo grau, 
quando houver recurso do Ministério Público contra a sua irregular concessão (Nucci, 2015). 
A decisão que cassar ou julgar inidônea a fiança é impugnável via recurso em sentido estrito, com 
fundamento no art. 581, V do CPP. 
Por outro lado, “se a decisão relativa à cassação da fiança se der em sede de sentença condenatória 
recorrível, o recurso cabível será o de apelação, que tem o condão de absorver o RESE, ex vi do art. 593, § 4º 
do CPP” (Lima, 2017). 
Reforço 
É o complemento do valor depositado a título de garantia. 
Segundo o magistério de MOUGENOT BONFIM: “Quando o valor prestado se mostrar insuficiente, deverá a 
fiança, chamada, nesse caso, de fiança inidônea, ser reforçada, de ofício ou a requerimento das partes, ou, 
durante o inquérito, do ofendido” (Bonfim, 2013). 
 
 
 
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O art. 340 do CPP prevê as hipóteses nas quais será exigido reforço da fiança: 
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança: 
I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente; 
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, 
ou depreciação dos metais ou pedras preciosas; 
III - quando for inovada a classificação do delito. 
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na 
conformidade deste artigo, não for reforçada. 
Apesar de o parágrafo único desse dispositivo transparecer uma ideia de automaticidade da prisão nos casos 
em que não haja o reforço da fiança, a decretação da prisão preventiva somente poderá ocorrer quando 
presentes os requisitos legais para tanto. 
Caberá recurso em sentido estrito da decisão que julgue sem efeito a fiança prestada, com fundamento no 
art. 581, V do CPP. Outrossim, vale a mesma observação feita em relação à cassação da fiança quanto ao 
cabimento de apelação nos casos em que a decisão sobre a fiança conste do bojo de sentença condenatória 
recorrível. 
Destinação da fiança 
A depender do resultado do processo criminal e das situações que ocorram durante o seu trâmite, a fiança 
pode ter diferentes destinações. 
a) Condenação: caso o acusado preste fiança, venha a ser definitivamente condenado e se apresente para o 
cumprimento da reprimenda, o valor/objeto depositado a título de garantia será, preliminarmente, utilizado 
para o cumprimento dos encargos de que trata o art. 336 do CPP, quais sejam: o pagamento das custas 
processuais, da prestação pecuniária, da multa e da indenização do dano. 
Não tendo sido julgada perdida a fiança, seu eventual remanescente será restituído a quem a tenha prestado, 
nos termos do art. 347 do CPP: 
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será entregue a quem houver prestado 
a fiança, depois de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado. 
b) Fiança declarada sem efeito: veja o que dispõe o art. 337 do CPP: 
Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver 
absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será 
restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código. 
 
 
 
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A fiança declarada sem efeito é a fiança cujo reforço exigiu-se nos termos do art. 340 do CPP e não foi 
atendido (parágrafo único do mesmo dispositivo). Nesse caso, deverá ela ser restituída integralmente ao seu 
prestador. 
c) Absolvição: absolvido o acusado, é evidente que cessará toda e qualquer finalidade da fiança (como 
também de qualquer outra medida cautelar) porventura prestada durante a persecução penal. Deverá ela, 
pois, como determina o artigo supracitado, ser integralmente restituída – atualizada e sem descontos – a 
quem a tenha prestado. 
d) Extinção da punibilidade: segue, basicamente, a mesma sorte da hipótese de absolvição, como detalha 
AVENA: 
A extinção da ação penal por qualquer razão acarreta a restituição integral do valor pago, não 
importando se tal ocorre em face da extinção da punibilidade do réu em face das causas previstas 
em lei ou de outra razão que conduza a esse desiderato (ilegitimidade de parte, procedência de 
exceções de coisa julgada ou de litispendência, ausência de condição de procedibilidade,nulidade da denúncia ou da queixa etc.) (Avena, Processo penal, 2017). 
A grande diferença entre os dois casos reside no fato de que, por expressa previsão legal (art. 337, in fine, 
do CPP, fazendo remissão ao parágrafo único do art. 336), eventual reconhecimento de prescrição da 
pretensão executória poderá fazer com que a fiança seja destinada ao pagamento dos encargos a que se 
refere o art. 336 do CPP. 
30 – REVELIA NO PROCESSO PENAL 
Enquanto a revelia no processo civil é definida com olhos na contestação – é considerado revel aquele réu 
que não contesta a ação, como se percebe do art. 344 do Código de Processo Civil –, no processo penal a 
caracterização do instituto é um pouco mais abrangente e envolve situações em que o acusado, citado ou 
intimado pessoalmente, não comparece no processo e, mais ainda, situações em que muda de residência 
sem comunicar o endereço: 
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente 
para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de 
residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. 
De um modo geral, revelia é a ausência injustificada do réu no processo, caracterizada pela situação daquele 
que não acompanha o procedimento e não se faz representar. Será revel, por exemplo, o réu que é citado 
pessoalmente e não apresenta a resposta nos termos do art. 396 do CPP; também será revel o acusado que 
é intimado pessoalmente para uma audiência e deixa de comparecer sem justificação; do mesmo modo, será 
revel o imputado que, depois de citado pessoalmente, não é encontrado para intimação porque tenha 
mudado de endereço sem comunicar o juízo processante. 
A revelia, perceba, é apenas mais um instituto processual que procura assegurar os vínculos do acusado em 
relação à ação penal, de maneira que ele esteja presente e possa ser localizado. Caso o réu não seja 
encontrado (porque mudou de endereço sem avisar) ou não compareça a ato do processo (quando 
 
 
 
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cientificado pessoalmente), poderá arcar com as consequências da revelia, que o juiz declara ou reconhece 
nos autos. 
E quais seriam essas consequências? 
A única consequência para o réu revel no processo penal seria, para usar as palavras da lei, o procedimento 
‘seguir sem a presença dele’. Para muitos isso significando também a desnecessidade de intimação para os 
atos processuais subsequentes, a exemplo do que ocorre no processo civil por decorrência da seguinte 
disposição: 
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação 
do ato decisório no órgão oficial. 
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado 
em que se encontrar. 
Todavia, mesmo que se compreenda que a revelia dispensa intimações futuras a partir da sua ocorrência, 
isso não se aplicaria para a sentença, dada a importância do ato para o processo penal que conta, inclusive, 
com um regramento próprio e diferenciado em relação à intimação, previsto no art. 392 do Código de 
Processo Penal. 
Importante pontuar que é imprescindível a presença do advogado, não obstante o réu seja revel, nos termos 
do art. 261 do Código de Processo Penal: 
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem 
defensor. 
Isso porque embora o réu possa renunciar à autodefesa, a defesa técnica é indeclinável. 
Para finalizar, um quadro comparativo entre a revelia no processo civil e no processo penal: 
PROCESSO CIVIL PROCESSO PENAL 
não apresentar contestação (art. 344) não comparecer / mudar sem avisar (art. 367) 
presunção de veracidade dos fatos (art. 344) não ocorre 
nomeia-se curador especial (art. 72, II) nomeia-se advogado para o revel (art. 261) 
procedimento segue procedimento segue (exceção no art. 366) 
dispensa intimação (art. 346) dispensa intimação, exceção sentença (art. 392) 
réu pode intervir (art. 346, p.u., e 349) réu que comparece pode intervir (art. 363, § 4º) 
 
 
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