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<p>SISTEMA DE ENSINO</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Coisas – Parte I</p><p>Livro Eletrônico</p><p>2 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Sumário</p><p>Apresentação ................................................................................................................................... 4</p><p>Coisas – Parte I ................................................................................................................................ 8</p><p>1. Noções Gerais de Direitos das Coisas ..................................................................................... 8</p><p>2. Propriedade e Domínio .............................................................................................................. 9</p><p>3. Noções Gerais de Direitos Reais ............................................................................................. 11</p><p>4. Teoria Realista vs Teoria Personalista ..................................................................................12</p><p>5. Princípios dos Direitos Reais ...................................................................................................13</p><p>5.1. Princípio da Taxatividade .......................................................................................................13</p><p>5.2. Princípio do Absolutismo ......................................................................................................15</p><p>5.3. Princípio da Aderência ou da Inerência (Direito de Sequela) ........................................15</p><p>5.4. Princípio da Prevalência (Prior in Tempore, Potio in Iure) .............................................16</p><p>6. Constituição de Direitos Reais ................................................................................................ 17</p><p>7. Poderes Inerentes à Propriedade e à Plasticidade ............................................................20</p><p>8. Classificação da Propriedade quanto à Plenitude ............................................................ 22</p><p>9. Princípio da Perpetuidade do Direito Real de Propriedade .............................................24</p><p>10. Princípio da Exclusividade .................................................................................................... 25</p><p>11. Direitos Reais em Espécies: Noções Gerais ....................................................................... 26</p><p>12. Direito Real de Propriedade ..................................................................................................28</p><p>12.1. Noções Gerais ........................................................................................................................28</p><p>12.2. Descoberta (Antiga “Invenção”)........................................................................................ 30</p><p>12.3. Aquisição Imobiliária ........................................................................................................... 32</p><p>12.4. Acessão sobre Imóveis ....................................................................................................... 33</p><p>12.5. Construção ou Plantação em Terreno Alheio e a Acessão Inversa ........................... 36</p><p>12.6. Construção Parcialmente em Terreno Alheio ................................................................ 36</p><p>12.7. Aquisição Mobiliária ............................................................................................................ 37</p><p>12.8. Ocupação, Tesouro, Especificação e Acessão de Móvel a Móvel (Confusão,</p><p>Comistão e Adjunção) ...................................................................................................................38</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>3 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>12.9. Extinção ................................................................................................................................. 39</p><p>13. Direito Real de Laje ................................................................................................................. 41</p><p>13.1. Noções Gerais ........................................................................................................................42</p><p>13.2. Mesma Pessoa como Titular da Construção-Base e das Lajes .................................43</p><p>13.3. Lajes Sucessivas (Graus de Laje) ......................................................................................43</p><p>13.4. Dispensa de Entrada para as Lajes e a Aplicação do Direito de Vizinhança ...........44</p><p>13.5. Natureza Jurídica: Direito Real sobre Coisa Própria ou Alheia? Questões</p><p>Práticas: Tributos Reais (IPTU etc.), Ônus Reais etc..............................................................44</p><p>13.6. Observância da Legislação Urbanística e a Qualificação do Título pelo Cartório</p><p>de Imóveis ....................................................................................................................................... 45</p><p>13.7. Titularidade do Solo: Ausência de Frações Ideais ......................................................... 45</p><p>13.8. Condomínio Necessário sobre Partes Comuns do Edifício: Consequências</p><p>Práticas e Regras de Administração .........................................................................................46</p><p>13.9. Direito de Preferência ......................................................................................................... 47</p><p>13.10. Extinção da Laje ..................................................................................................................49</p><p>13.11. Procedimento no Cartório de Registro de Imóveis ...................................................... 50</p><p>14. Direito Real de Aquisição ........................................................................................................51</p><p>Questões de Concurso ................................................................................................................. 53</p><p>Gabarito ........................................................................................................................................... 67</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>4 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>ApresentAção</p><p>Olá, querido(a) amigo(a)!</p><p>Começo com as seguintes advertências.</p><p>Primeiro: irei aprofundar bastante nas aulas, porque quero que você esteja preparado para</p><p>as questões mais difíceis em Direito das Coisas.</p><p>Segundo: se você está com pouco tempo para estudar e percebe que não conseguirá ler</p><p>tudo vagarosamente, recomendo que você faça o seguinte: (1) leia o resumo, passe os olhos</p><p>ao longo desta aula, vá para as questões de concurso que estiverem disponibilizadas ao longo</p><p>das aulas; (2) parta, em seguida, para as questões de concurso ao final da aula, pois eu as se-</p><p>parei e as comentei de modo a que você se ambiente no assunto.</p><p>Terceiro: leia as minhas aulas de PDF acompanhando tudo o que eu falar na legislação.</p><p>Você precisa ler o texto da lei! Isso é que vai te dar memória fotográfica do Código, o que per-</p><p>mitirá você resolver várias questões de concurso. Eu não costumo transcrever os artigos do</p><p>Código na aula por dois motivos: (1) evitar que as aulas fiquem muito grandes e (2) estimular</p><p>que você adquira familiaridade com o teu vade mecum. Aliás, eu recomendo que você use um</p><p>Vade Mecum impresso mesmo, pois isso facilitará a tua memória fotográfica do texto da lei.</p><p>Compre algum disponível no mercado. No pior das hipóteses,</p><p>a sua</p><p>elasticidade e a sua perpetuidade. E assim foi feito pelo fato de o direito real de propriedade</p><p>ser o centro da disciplina dos Direitos Reais: todos os demais direitos reais giram em torno da</p><p>propriedade, pois eles são restrições impostas aos poderes inerentes à propriedade. O usufru-</p><p>to, por exemplo, é o desmembramento dos poderes de usar e fruir.</p><p>Bens móveis e imóveis podem ser objeto de direito real de propriedade.</p><p>Quando se tratar de imóvel por natureza (o solo), o direito real de propriedade abrangerá</p><p>o subsolo e o espaço aéreo até uma profundidade ou uma altura que seja útil ao exercício do</p><p>direito da propriedade (art. 1.229, CC). Não chega, pois, ao céu nem ao inferno, ao contrário da</p><p>velha concepção romana de que “qui dominus est soli dominus est usque ad caelum et usque</p><p>ad inferos” (quem é dono do solo é dono do céu até o inferno”). Portanto, não pode o proprietário de</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>30 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>um terreno impedir que um avião sobrevoe seu imóvel, pois esta está em uma altitude inútil</p><p>ao exercício do direito de propriedade. Tampouco poderá o proprietário exigir indenização do</p><p>município pela construção de um túnel de metrô subterrâneo ao terreno, pois a profundidade</p><p>desses túneis ultrapassa o espaço subterrâneo efetivamente útil ao proprietário.</p><p>Ficam de fora da propriedade os recursos minerais que estejam no subsolo, pois são bens</p><p>da União. Só sobra ao proprietário do subsolo um direito de participação na exploração desses</p><p>recursos minerais (art. 1.230 do CC e art. 20, IX, CF).</p><p>12.2. desCobertA (AntiGA “invenção”)</p><p>Descoberta</p><p>Dever de devolução</p><p>Achádego</p><p>Ao legítimo dono /</p><p>possuidor</p><p>À autoridade</p><p>competente</p><p>Recompensa no valor</p><p>mínimo de 5% do valor</p><p>da coisa</p><p>Fato jurídico de achar</p><p>coisa perdida</p><p>Descoberta é o fato jurídico de alguém achar coisa perdida e está disciplinada nos arts.</p><p>1.233 ao 1.237 do CC e no art. 746 do CPC. Era chamada de “invenção” pelo CC/1916, que a</p><p>listava atecnicamente entre as hipóteses de aquisição da propriedade. A descoberta não impli-</p><p>ca aquisição da coisa achada, pois há o dever de o descobridor adotar as providências legais</p><p>destinadas à entrega da coisa ao legítimo dono ou possuidor. A expressão popular “achado</p><p>não é roubado” é equivocado. Quem acha algo e não devolve na forma da lei pode incorrer no</p><p>crime de apropriação indébita (art. 179, II, CP).</p><p>Em suma, o descobridor tem de devolver a coisa perdida ao legítimo dono ou possuidor,</p><p>mas, se não o conhecer, tem de entregar à autoridade competente. Entendemos que o desco-</p><p>bridor pode, se preferir, deixar a coisa perdida no local onde encontrou, pois não é razoável exi-</p><p>gir que os particulares despendam tempo e recursos com bens alheios para atender interesses</p><p>puramente privados de outrem. O que o art. 1.233 do CC proíbe é que o descobridor aproprie-se</p><p>da coisa perdida.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>31 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>O descobridor que devolve a coisa perdida ou entrega à autoridade competente tem direito</p><p>a uma recompensa (chamada doutrinariamente de achádego) no valor mínimo de 5% do valor</p><p>da coisa, além das despesas tidas com conservação e transporte da coisa. É, porém, facultado</p><p>ao dono da coisa abandoná-la em favor do descobridor para se livrar do dever de pagar o achá-</p><p>dego e a indenização por despesa (art. 1.234, CC). Interpretamos, porém, esse dispositivo art.</p><p>1.234 do CC restritivamente para entender que o descobridor não é obrigado a aceitar a coisa</p><p>abandonada pelo dono, mas, se ele não aceitar, poderá pedir a indenização integralmente pelas</p><p>despesas, sob pena de enriquecimento sem causa. Se, porém, ele aceitar a coisa abandonada,</p><p>ele terá direito a pedir ainda o pagamento do achádego e da indenização pelas despesas que</p><p>teve no excedente ao valor da coisa achada.</p><p>A autoridade competente deverá, mediante publicações em canais de comunicação, con-</p><p>vocar o legítimo dono ou possuidor para resgatar a coisa no prazo de 60 dias, sob pena de a</p><p>coisa ser vendida em hasta pública para que o dinheiro obtido seja utilizado para indenizar as</p><p>despesas, pagar a recompensa devida ao descobridor e, no caso de sobra, incorporar-se ao</p><p>patrimônio municipal. Se a coisa for de valor irrisório, o município pode abandonar a coisa em</p><p>favor do descobridor (arts. 1.235 ao 1.237, CC).</p><p>Por força do art. 746 do CPC, o descobridor pode entregar a coisa diretamente ao juiz me-</p><p>diante procedimento de jurisdição voluntária ou à autoridade policial, que deverá encaminhar a</p><p>coisa ao juiz a fim de que este promova a publicação de editais de convocação do interessado</p><p>se o valor da coisa comportar. Trata-se, a nosso sentir, de exigência condenada ao desuso,</p><p>pois, além de a maior parte das coisas perdidas ser de pequeno valor, a prática é a de que as</p><p>autoridades administrativas não provocam o Judiciário.</p><p>A definição da autoridade competente depende do que é disposto em lei local, que costu-</p><p>ma definir seções de “Achados e Perdidos”. As agências centrais dos Correios (Empresa Brasi-</p><p>leira de Correios e Telégrafos – ECT) também fornecem esse serviço de “Achados e Perdidos”</p><p>para caso de documentos perdidos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>32 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>12.3. Aquisição imobiliáriA</p><p>Acessão por imóveis</p><p>Acessão artificial</p><p>Construção</p><p>Plantação</p><p>Álveo abandonado</p><p>Formação de ilha</p><p>Avulsão</p><p>Aluvião</p><p>Acessão natural</p><p>Já tivemos a oportunidade de explicitar o modo de constituição dos direitos reais sobre</p><p>imóveis (registro no Cartório, como regra) e móveis (tradição, como regra) ao tratarmos de</p><p>conceitos gerais de Direitos Reais. A aquisição da propriedade, como regra geral, deve obser-</p><p>var o que foi lá exposto.</p><p>O direito real de propriedade pode ser adquirido por: (1) transmissão: decorre de um ato</p><p>jurídico translativo, como um contrato de compra e venda, uma dação em pagamento, uma ar-</p><p>rematação em leilão judicial etc.; (2) sucessão causa mortis: a transmissão ocorre na forma do</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>33 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>art. 1.789 e ss do CC; (3) usucapião; (4) legitimação fundiária: ocorre no caso de regularização</p><p>fundiária urbana na forma do art. 23 da Lei n. 13.465/2017; (5) acessão: o objeto da proprie-</p><p>dade é ampliado em razão de um acréscimo decorrente da natureza (acessão natural) ou da</p><p>conduta humana (acessão artificial).</p><p>Quanto à transmissão, remetemos ao que foi exposto quando tratamos de modo de cons-</p><p>tituição dos direitos reais.</p><p>No tocante à sucessão causa mortis, o art. 1.784 do CC estabelece que, no momento da</p><p>morte, os herdeiros adquirem a propriedade do falecido (princípio</p><p>da Saisine).</p><p>Em relação ao usucapião, deixamos para aprofundar o tema quando formos tratar de pos-</p><p>se, na medida em que o usucapião decorre do exercício de uma posse ad usucapionem.</p><p>Quanto à legitimação fundiária, trata-se de uma forma de aquisição originária da proprieda-</p><p>de utilizada em regularização fundiária urbana da Lei n. 13.465/2017.</p><p>No tocante à acessão, falaremos dela no próximo capítulo.</p><p>12.4. ACessão sobre imóveis</p><p>Amigos e amigas, vejam a questão antes de tudo.</p><p>014. (IBFC/ANALISTA/TJ-PE/2017/ADAPTADA) A avulsão ocorre quando o indivíduo, traba-</p><p>lhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova cuja propriedade será sua.</p><p>A questão está “errada”, porque ela define a especificação (criar espécie nova a partir de uma</p><p>matéria-prima bruta - arts. 1.269 ao 1.271, CC), e não a avulsão, que é o aumento de um imóvel</p><p>pelo deslocamento violento de uma porção de terra (art. 1.251, CC).</p><p>Errado.</p><p>015. (PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA/PGR/2017) Ao deslocamento de uma porção de</p><p>terra, por força natural violenta, desprendendo-se de um prédio para se juntar a outro, dá-se</p><p>o nome de:</p><p>a) Aluvião.</p><p>b) Álveo.</p><p>c) Achado.</p><p>d) Avulsão.</p><p>O gabarito é letra “D”, por definir a avulsão, que é disciplinada no art. 1.251 do Código Civil.</p><p>Letra d.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>34 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>016. (FAUEL/PROCURADOR/PREFEITURA PARANAVAÍ/2018) A aluvião diz respeito aos</p><p>acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao</p><p>longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, os quais pertencem aos</p><p>donos dos terrenos marginais, sem indenização.</p><p>A questão está “correta” por definir a aluvião (art. 1.250, CC).</p><p>Certo.</p><p>017. (IBFC/JUIZ/TRF-2ª/2018) Dez anos atrás o Município de São Paulo realizou obra que</p><p>acabou por definir novo traçado ao rio Tietê, cujas águas abandonaram parte do antigo leito e</p><p>passaram a correr em outra região. Com o desvio do rio e consequentemente esvaziamento</p><p>das águas, a “Sociedade Especial Veículos e Peças Ltda” que era proprietária de terreno loca-</p><p>lizado às margens do antigo traçado do rio Tietê, tomou posse da área do álveo descoberto</p><p>que ficava no limite de sua testada, totalizando 791,5 m2. Dois sujeitos se insurgiram contra tal</p><p>ocupação: a) o dono do imóvel ribeirinho localizado na mesma direção da Sociedade, mas na</p><p>outra margem; b) o Município de São Paulo. Assinale a alternativa correta:</p><p>a) a propriedade do álveo abandonado é do Município.</p><p>b) ambos os proprietários ribeirinhos têm direito à metade do terreno descoberto pelo álveo</p><p>abandonado.</p><p>c) o Município de São Paulo terá que desfazer a obra para que seja retomado o curso do</p><p>rio Tietê.</p><p>d) nenhum dos insurgentes tem razão.</p><p>e) a área passou a ser considerada res nullius.</p><p>O gabarito é letra “A”, pois o Rio Tietê é um rio navegável e, como tal, é um bem público. Logo,</p><p>os proprietários ribeirinhos não podem ser apropriar do seu álveo. No tocante ao Rio Tietê,</p><p>esse rio é estadual, mas, apesar disso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) permitiu que o mu-</p><p>nicípio de São Paulo (e não o Estado de São Paulo) se apropriasse do álveo descoberto como</p><p>forma de compensação com os gastos feitos com o desvio do curso do Rio Tietê (STJ, REsp</p><p>330.046/SP, 2ª Turma, Rel. Ministro Franciulli Netto, DJ 11/04/2005). No mesmo sentido, con-</p><p>vém lembrar o art. 27 do Código das Águas (Decreto n. 24.643/1934:</p><p>Art. 27. Se a mudança da corrente se fez por utilidade pública, o prédio ocupado pelo novo álveo</p><p>deve ser indenizado, e o álveo abandonado passa a pertencer ao expropriante para que se compen-</p><p>se da despesa feita.</p><p>Letra a.</p><p>Vamos tratar mais do assunto.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>35 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Acessão é acréscimo. Imóvel por acessão é aquele que foi acrescido ao imóvel por na-</p><p>tureza (que é o solo). A acessão é uma hipótese de aquisição da propriedade imobiliária por</p><p>implicar uma expansão horizontal ou vertical ou um adensamento do solo em razão de um</p><p>acréscimo de área, de uma construção ou de uma plantação.</p><p>A acessão pode ser classificada como: acessão natural ou acessão artificial.</p><p>A acessão natural em imóveis é o acréscimo de terra decorrente de fenômeno natureza.</p><p>Ocorre em situações de imóveis banhados por um rio não navegável. Se o rio for navegável,</p><p>não haverá acessão em razão do fato de o seu álveo (o leito) ser bem público, conforme Códi-</p><p>go das Águas (arts. 2º, 8º e 10 do Decreto n. 24.643/1934).</p><p>As espécies de acessões naturais sobre imóveis são estas:</p><p>• a) Aluvião (art. 1.250, CC; arts. 16 ao 18, Código de Águas): é o acréscimo vagaroso e</p><p>lento de terra às margens de um imóvel banhado por um rio não navegável, ocasionando</p><p>o aumento da superfície. Nesse caso, o dono do imóvel adquire esse terreno adicionado</p><p>(= terreno aluvional) sem ter de pagar indenização a outrem, ainda que o acréscimo te-</p><p>nha decorrido do fato de a corrente de águas ter deslocado terras do imóvel deste;</p><p>• b) Avulsão (art. 1.251, CC; arts. 19, 20 e 28 do Código de Águas): no vernáculo, avulsão</p><p>significa o ato de extrair ou arrancar algo com violência. No Direito, avulsão é o acrésci-</p><p>mo de uma porção de terra a um terreno que foi arrancada abruptamente de outro terre-</p><p>no por força natural violenta, a exemplo de uma violenta corrente de água de um rio. Na</p><p>avulsão, um imóvel perde abruptamente uma porção de terra e reduz sua superfície, ao</p><p>passo que outro imóvel recebe essa porção de terra destacada e aumenta a superfície.</p><p>Nesse caso, o dono do imóvel desfalcado pode, às suas próprias expensas, retomar a</p><p>porção de terra perdida, desde que: (1) não tenha transcorrido o prazo decadencial de 1</p><p>ano e (2) o dono do imóvel beneficiado não exerça o seu direito de apropriar-se da por-</p><p>ção de terra pagando uma indenização;</p><p>• c) Formação de ilha (art. 1.249, CC; art. 23, Código de Águas): se uma ilha se formar em</p><p>rios não navegáveis, a propriedade dela será dos proprietários dos terrenos frontais e</p><p>marginais na proporção de sua testada (= sua frente), até a linha imaginária que divide</p><p>o álveo em partes iguais;</p><p>• d) Álveo abandonado (art. 1.252, CC; arts. 26 e 27, Código de Águas): álveo é o leito (“o</p><p>fundo”) do rio. Se a água do rio evapora ou desvio o seu curso, o álveo metaforicamente</p><p>ficou abandonado. Grosso modo, álveo abandonado é quando o rio seca e, com emer-</p><p>são do leito, há um aumento dos terrenos marginais. Essa forma de acessão só se dá</p><p>com rios não navegáveis, pois, se o rio for navegável, o leito do rio é considerado bem</p><p>público. Explicando de forma mais técnica, se o rio não navegável secar ou desviar seu</p><p>curso emergindo o álveo, os proprietários dos imóveis ribeirinhos passarão a ser titula-</p><p>res desse álveo na proporção da respectiva testada até a linha média, sem ter de inde-</p><p>nizar terceiros cujos imóveis tenham sido total ou parcialmente submersos pelo desvio</p><p>do curso do rio.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>36 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>A acessão artificial diz respeito à plantação</p><p>e à construção.</p><p>Ao construir uma edificação ou realizar uma plantação, o terreno é ampliado: a construção</p><p>e a plantação incorpora-se ao solo, conforme a regra romana da superfície solo cedi (traduzin-</p><p>do, a superfície – entendido como tudo quanto é construído ou plantado nela – é acrescida ao</p><p>solo). Daí decorre a presunção de que construções e plantações foram feitas pelo proprietário</p><p>do imóvel, salvo prova em contrário (art. 1.253, CC).</p><p>No caso de construção, essa construção tem de ser averbada na matrícula do imóvel no</p><p>Cartório a fim de retratar a situação atual do bem. A averbação, porém, é meramente declara-</p><p>tória, pois a aquisição da construção ocorreu no momento em que ela foi realizada.</p><p>12.5. Construção ou plAntAção em terreno Alheio e A ACessão inversA</p><p>Os arts. 1.255 ao 1.259 do Código Civil estabelecem regras para situações em que alguém</p><p>planta ou constrói em terreno alheio.</p><p>Em regra, é assegurado direito de indenização a quem planta ou constrói de boa-fé em</p><p>terreno alheio.</p><p>Excepcionalmente, porém, esse construtor de boa-fé poderá reivindicar a propriedade do</p><p>terreno alheio, pagando indenização, desde que a construção exceda demasiadamente o valor</p><p>do terreno. Trata-se do que a doutrina denomina de “acessão inversa”, nome assim cunhado</p><p>pelo fato de está ocorrendo o inverso do usual: o solo é que está cedendo diante da construção.</p><p>Cuida-se de uma exceção ao princípio da superfície solo cedit (art. 1.255, parágrafo único, CC).</p><p>O construtor ou plantador de má-fé é totalmente desprestigiado: perde tudo quanto acres-</p><p>ceu sobre terreno alheio. O dono do terreno se apropriará da construção e da plantação sem</p><p>ter de indenizar nada.</p><p>Se ambos estavam de má-fé – tanto o construtor quanto o dono do terreno –, o construtor</p><p>poderá pleitear indenização pelo valor da construção que perderá em proveito do dono do ter-</p><p>reno (art. 1.256, CC). E, se a matéria-prima usada pelo construtor de má-fé pertencer a terceiro,</p><p>este poderá pedir a indenização da matéria-prima do dono do terreno caso não consiga obtê-la</p><p>desse construtor de má-fé (art. 1.257, CC).</p><p>12.6. Construção pArCiAlmente em terreno Alheio</p><p>Há hipóteses em que uma construção é feita em parte do terreno vizinho.</p><p>Se a invasão for expressiva, ou seja, for superior a 20% do imóvel vizinho, será assegurado</p><p>ao construtor de boa-fé a acessão inversa: ele poderá adquirir a propriedade do solo invadido</p><p>mediante pagamento de valor que não apenas repara a perda do terreno e a desvalorização da</p><p>área remanescente, mas também evita o enriquecimento sem causa do invasor com a valoriza-</p><p>ção que a construção teve com a invasão. Se, porém, o construtor estava de má-fé, a punição</p><p>é severa: ele não nada poderá pleitear indenização, terá de demolir a área invadida e, ainda por</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>37 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>cima, terá de pagar indenização em dobro (art. 1.259, CC). A demolição aí se justifica pelo fato</p><p>de a invasão ter sido muito expressiva a ponto de prejudicar demasiadamente o dono do imó-</p><p>vel invadido, que ficará com uma área remanescente bem menor.</p><p>O art. 1.258 do CC é menos severo quando a invasão da construção não for expressiva, ou</p><p>seja, for inferior a 20% do imóvel vizinho. Ele garante a “acessão inversa” ao construtor se o va-</p><p>lor da construção exceder consideravelmente o da área invadida e se a demolição comprome-</p><p>ter a estrutura do restante da construção. A acessão inversa aí é deferida mesmo ao construtor</p><p>de má-fé. Entretanto, se o construtor estava de má-fé, o valor da indenização será dez vezes</p><p>mais do que o dano efetivamente causado, ou seja, será o décuplo do valor correspondente</p><p>ao valor da área perdida com o valor da área remanescente. Não se incluirá no valor da inde-</p><p>nização a valorização que a construção obteve com a invasão, pois, apesar de isso aparentar</p><p>ser um enriquecimento sem causa, a porção de área invadida é pequena, ao contrário do que</p><p>sucede na hipótese de a invasão exceder a 20% do terreno vizinho.</p><p>Parcela substancial da doutrina é mais severa contra o construtor de má-fé, entendendo</p><p>que a acessão inversa que o art. 1.258 do CC lhe assegura mediante o pagamento do décuplo</p><p>da indenização depende de um outro requisito implícito: a necessidade de proteger terceiros</p><p>de boa-fé. É o caso, por exemplo, de uma incorporadora maliciosa que, construindo dolosa-</p><p>mente mediante invasão de mais de 20% do terreno vizinho, já vendeu apartamentos “na plan-</p><p>ta” para consumidores de boa-fé. Nesse caso, apesar da má-fé, a incorporadora poderá adquirir</p><p>a propriedade do solo invadido, pagando indenização em décuplo. Esse é o enunciado n. 318/</p><p>JDC: “O direito à aquisição da propriedade do solo em favor do construtor de má-fé (art. 1.258,</p><p>parágrafo único) somente é viável quando, além dos requisitos explícitos previstos em lei, hou-</p><p>ver necessidade de proteger terceiros de boa-fé”.</p><p>12.7. Aquisição mobiliáriA</p><p>Assim como sucede com os imóveis, a aquisição de direito real sobre móvel também ocor-</p><p>re com (1) a transmissão por tradição, (2) a sucessão causa mortis e (3) o usucapião.</p><p>Não há o que acrescer no tocante à transmissão por tradição e à sucessão causa mortis,</p><p>remetemos ao que escrevemos quando cuidamos de modo de constituição dos direitos reais.</p><p>No caso de usucapião de móveis, ele é tratado nos arts. 1.260 ao 1.262 do CC.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>38 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>12.8. oCupAção, tesouro, espeCifiCAção e ACessão de móvel A móvel</p><p>(Confusão, Comistão e Adjunção)</p><p>Figuras de</p><p>aquisição específicas</p><p>para móveis</p><p>Ocupação</p><p>Achado de tesouro</p><p>Especificação</p><p>Acessão de móvel a</p><p>móvel</p><p>Adjunção (justaposição de</p><p>coisas sólidas ou de coisa</p><p>líquida com sólida de modo a</p><p>ser tornar inseparáveis)</p><p>Comistão (mistura de coisas</p><p>sólidas)</p><p>Confusão( mistura de coisas</p><p>líquidas)</p><p>Apropriar-se de coisas sem</p><p>dono ou abandonada</p><p>Coisa preciosa escondida e de</p><p>dono desconhecido</p><p>Dar forma (espécie ) a uma</p><p>matéria-prima bruta</p><p>Há, porém, figuras de aquisição específicas para móveis, a saber:</p><p>• Ocupação: é apropriar-se de coisa sem dono (res nullius) ou abandonada (res derelicta),</p><p>conforme art. 1.263 do CC;</p><p>• Achado de tesouro: quem encontra coisas preciosas escondidas e de dono desconheci-</p><p>do tem direito a se apropriar dela, dividindo-a, por metade, com o dono do terreno (arts.</p><p>1.264 ao 1.266, CC);</p><p>• Especificação: quem, trabalhando um matéria-prima, dá-lhe uma forma específica é o</p><p>especificador, como no caso de alguém que transforma argila em escultura ou tinta em</p><p>uma pintura. Se a matéria-prima era alheia e a nova espécie não for redutível, o especifi-</p><p>cador de boa-fé se torna dono da coisa, mas deverá indenizar a matéria-prima. A má-fé</p><p>do especificador, porém, é punida, pois ele perderá tudo ao dono da matéria-prima sem</p><p>poder reivindicar indenização alguma pelo trabalho que fez, salvo uma única exceção:</p><p>a hipótese de o valor da espécie nova exceder consideravelmente o da matéria-prima.</p><p>Nesse caso excepcional, o especificador de má-fé se torna dono, mas pagará indeniza-</p><p>ção (arts. 1.269 ao 1.271, CC).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>39 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>• Acessão de móvel a móvel: um móvel pode ser acrescido a outro móvel nos casos de:</p><p>(d.1) confusão: mistura de coisas líquidas, como a mescla do conteúdo de dois tonéis</p><p>de óleo em um único tonel; (d.2) comistão: mistura de coisas sólidas, como a mescla de</p><p>grãos de arroz que estavam separados; e (d.3) adjunção: justaposição de coisas sólidas</p><p>ou de coisa líquida com sólida de modo a se tornar inseparáveis, a exemplo da pintura</p><p>de uma parede (tinta + parede) ou de um colar de diamantes, que é fruto da justaposição</p><p>dos diamantes ao colar. No caso de as coisas misturadas pertencerem a pessoas diver-</p><p>sas, deve-se separá-las para restituição aos respectivos donos, mas, se tal for inviável,</p><p>formar-se-á um condomínio tradicional sobre a coisa e cada um ficará com uma fração</p><p>ideal proporcional ao valor de sua coisa. Não haverá a formação do condomínio se uma</p><p>das coisas puder ser considerada principal, pois aí o dono da coisa principal ficará com a</p><p>propriedade de tudo, indenizando os demais, tudo em razão da regra de que o acessório</p><p>segue o principal (art. 1.272, § 2º, CC). Se a mistura foi feita de má-fé por um indivíduo,</p><p>este terá de indenizar os demais, que, além da indenização, poderão escolher entre ficar</p><p>com a propriedade da coisa final (caso em que o valor da coisa será abatido do montan-</p><p>te da indenização) ou renunciá-la para receber uma indenização integral (arts. 1.272 ao</p><p>1.273, CC).</p><p>Cabe um esclarecimento. Se um móvel se mistura a outro e forma uma espécie nova, não</p><p>se aplicarão as regras de acessão de móvel a móvel, e sim as regras de especificação. É isso</p><p>que pretendeu consignar o art. 1.274 do CC, que, por falha de redação legislativa, fez remissão</p><p>a dispositivos totalmente desconexos, como alerta Flávio Tartuce.</p><p>12.9. extinção</p><p>Extinção do</p><p>direito real de</p><p>propriedade</p><p>Por ato de</p><p>vontade do</p><p>proprietário</p><p>Por ato de</p><p>império do</p><p>Estado</p><p>Pela perda</p><p>do objeto do</p><p>direito real</p><p>Perecimento</p><p>Abandono</p><p>Alienação</p><p>Renúncia</p><p>Desapropriação</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>40 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>018. (VUNESP/TITULAR DO CARTÓRIO/TJ-SP/2018) Configurado o inequívoco abandono</p><p>pelo proprietário de bem imóvel com valor superior a trinta salários-mínimos, nos termos do</p><p>Código Civil, é correto afirmar:</p><p>a) a perda da propriedade por abandono não tem aplicação com relação aos imóveis com valor</p><p>superior a trinta salários-mínimos.</p><p>b) a perda da propriedade imóvel somente ocorrerá após o registro do abandono no Registro</p><p>de Imóveis.</p><p>c) a eficácia do abandono dependerá da concordância do Município, do Distrito Federal ou da</p><p>União, conforme a localização do imóvel.</p><p>d) há perda da propriedade.</p><p>O gabarito é letra “D”, pois o abandono não depende de nenhum ato formal para se aperfeiçoar.</p><p>Letra d.</p><p>Vamos falar mais sobre o tema.</p><p>As hipóteses de extinção do direito real de propriedade estão catalogadas no art. 1.275 do</p><p>CC e ocorrem por ato de vontade explícita ou implícita do proprietário (alienação, abandono ou</p><p>renúncia), por ato de império do Estado (desapropriação) ou pela perda do objeto do direito real</p><p>de propriedade (perecimento).</p><p>A alienação é uma hipótese de extinção da propriedade para o alienante, mas é uma de</p><p>aquisição para o adquirente. Decorre de ato jurídico de alienação, como contrato de compra e</p><p>venda ou um leilão judicial.</p><p>A desapropriação decorre de ato de império do Poder Público que subtrai a propriedade do</p><p>particular nas hipóteses constitucionalmente permitidas. É hipótese de extinção da proprieda-</p><p>de em relação ao desapropriado, mas é forma de aquisição (e originária) para o Poder Público.</p><p>Se a coisa objeto do direito real de propriedade perecer, extingue-se o direito real por</p><p>obviedade.</p><p>No caso de imóveis por natureza (solo), as hipóteses são mais raras, como as de submer-</p><p>são de uma cidade por um rio.</p><p>Renúncia e abandono são formas pelas quais o proprietário abre mão da sua titularidade</p><p>e tornar a coisa um bem vago. A diferença entre os institutos é apenas que a renúncia decorre</p><p>de ato formal e expresso do proprietário, ao passo que o abandono decorre implicitamente de</p><p>conduta do proprietário de deixar a coisa com a intenção de não mais ser dono.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>41 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>13. direito reAl de lAje</p><p>Direito real de</p><p>laje</p><p>Extinção da laje</p><p>Legal</p><p>Voluntária</p><p>Despesas com conserva-</p><p>ção e fruição das partes</p><p>comuns da edificação</p><p>Condomínio necessário</p><p>entre as partes comuns do</p><p>edifício</p><p>Acesso à laje</p><p>Espécies de laje</p><p>Não precisa ser independente</p><p>Laje como fato gerador de tribu-</p><p>tos(IPTU, ITR)</p><p>Há controvérsia</p><p>Rateio</p><p>Regras do condomínio tradicional</p><p>Pode instituir ônus real sobre o</p><p>próprio imóvel</p><p>Subterrânea</p><p>Aérea</p><p>Matrículas autônomas</p><p>para cada laje</p><p>Direito real sobre coisa</p><p>própria</p><p>Observância da legislação</p><p>urbanística</p><p>Não há vinculação das lajes</p><p>a uma fração ideal do solo</p><p>Administração da partes</p><p>comuns</p><p>Direto de preferência no</p><p>caso de alienação</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>42 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>13.1. noções GerAis</p><p>Vamos começar com a questão.</p><p>019. (VUNESP/PROCURADOR/PGE-SP/2018/ADAPTADA) O direito real de laje pressupõe a</p><p>coexistência de unidades imobiliárias, autônomas ou não, de titularidades distintas e situadas</p><p>na mesma área, de modo a permitir que o proprietário ceda a superfície de sua construção a</p><p>outrem para que ali construa unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo.</p><p>A questão está “errada”, porque o direito real de laje pressupõe, sempre, criação de unidades</p><p>imobiliárias autônomas. Cada laje é uma unidade imobiliária autônoma (art. 1.510-A, § 1º, CC).</p><p>Errado.</p><p>020. (FAUEL/ADVOGADO/AGEPAR/2018/ADAPTADA) O proprietário de uma construção-ba-</p><p>se poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje</p><p>mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo.</p><p>A questão está correta por retratar o regime do direito real de laje nos termos do caput do art.</p><p>1.510-A do CC.</p><p>Certo.</p><p>Vamos tratar mais do tema.</p><p>Disciplinado nos arts. 1.510-A ao 1.510-E do CC e no art. 176. § 9º, da LRP, o direito real</p><p>de laje é aquele por meio do qual o titular da construção-base cede a superfície superior (o</p><p>telhado) ou inferior (a base) para a criação de uma unidade autônoma em projeção vertical</p><p>ascendente (aérea) ou descendente (subterrânea).</p><p>A doutrina tem chamado de lajeário7 ou cessionário o titular do direito real de laje e de lajei-</p><p>ro ou de cedente o titular da construção-base.</p><p>Por isso, pode-se falar em duas espécies de laje: a laje aérea ou a laje subterrânea.</p><p>Seja na laje aérea, seja na laje subterrânea, é requisito legal que já haja uma construção-</p><p>-base averbada na matrícula inicial (art. 1.510-A, caput, CC). Não pode ser instituída uma laje</p><p>se, na matrícula, inexistir uma construção averbada. Há razão de ser para a regra:</p><p>quanto à laje</p><p>aérea, é materialmente inviável o titular da laje fazer uma edificação flutuante; quanto à laje</p><p>subterrânea, a realização de uma construção pelo titular da laje subterrânea inviabilizaria que</p><p>o titular do imóvel-base8 fizesse edificações posteriormente diante da necessidade de uso do</p><p>7 Lajeário, porque recebeu a laje.</p><p>8 Imóvel-base é o que abrange o solo com eventual construção-base; é o imóvel indicado na matrícula inicial (a matrícula-</p><p>-mãe).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>43 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>subsolo para os fundamentos das obras. Em outras palavras, a instituição de laje sem uma</p><p>construção-base significaria ter um direito real imprestável (laje aérea) ou um direito real que</p><p>esvaziaria a utilidade do imóvel-base (laje subterrânea).</p><p>Portanto, é requisito da instituição da laje a existência de uma prévia edificação no</p><p>imóvel-base.</p><p>13.2. mesmA pessoA Como titulAr dA Construção-bAse e dAs lAjes</p><p>A laje é unidade imobiliária autônoma e, portanto, pode pertencer a qualquer pessoa, mes-</p><p>mo ao titular da construção-base. Não há, pois, qualquer impedimento de que a mesma pessoa</p><p>seja titular da construção-base e das lajes. Os arts. 1.510-A ao 1.510-E do CC não prevê tal</p><p>situação como ensejadora de extinção da laje.</p><p>13.3. lAjes suCessivAs (GrAus de lAje)</p><p>Resolva a questão.</p><p>021. (VUNESP/PROCURADOR/PGE-SP/2018/ADAPTADA) O direito real de laje confere ao</p><p>seu titular o direito de sobrelevações sucessivas, mediante autorização expressa ou tácita</p><p>do proprietário da construção-base, desde que observadas as posturas edilícias e urbanísti-</p><p>cas vigentes.</p><p>A questão está errada, porque a autorização tem de ser expressa, e não tácita (art. 1.510-A,</p><p>§ 6º, CC).</p><p>Errado.</p><p>Vamos falar sobre o assunto.</p><p>É admitido que o titular da laje ceda a superfície de sua construção para a instituição de</p><p>uma laje sucessiva, desde que haja autorização dos demais titulares de laje e do titular da</p><p>construção-base (art. 1.510-A, § 6º, CC). Trata-se do que chamamos de lajes sucessivas, que</p><p>podem ser divididas em graus: a laje de primeiro grau é aquela contígua à construção-base; a</p><p>de segundo grau é a contígua à de primeiro grau; a de terceiro grau é a contígua à de segundo</p><p>grau; etc. As lajes sucessivas podem ser em projeção vertical ascendente (lajes aéreas suces-</p><p>sivas) ou descendentes (lajes subterrâneas descendentes).</p><p>Em termos de nomenclatura, o lajeário de primeiro grau é o titular da laje de primeiro grau;</p><p>o lajeário de segundo grau é o titular da laje de segundo grau; etc.</p><p>No caso das lajes sucessivas, é requisito da sua instituição a existência de uma constru-</p><p>ção na laje anterior, pois, à luz do § 6º do art. 1.510-A do CC, a laje é uma cessão da superfície</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>44 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>dessa construção. Além do mais, é inviável materialmente o titular da laje sucessiva fazer uma</p><p>construção suspensa no ar no caso de lajes aéreas ou, na hipótese de lajes subterrâneas, fazer</p><p>uma construção enterrada em área mais profunda sem comprometer o espaço subterrâneo</p><p>menos profundo.</p><p>13.4. dispensA de entrAdA pArA As lAjes e A ApliCAção do direito de</p><p>vizinhAnçA</p><p>Não há exigência de o acesso à laje ser independente. Havia essa exigência na Medida</p><p>Provisória n. 759/2017, mas, no momento em que ela foi convertida na Lei n. 13.465/2017, o</p><p>legislador propositalmente excluiu essa obrigatoriedade. As partes têm liberdade para dispor</p><p>como lhes aprouver sobre o acesso à laje.</p><p>Se não tiver tido nenhum acordo sobre o acesso à laje, poderá o titular dela valer-se da</p><p>“passagem forçada”, instituto de direito de vizinhança que garante o direito de acesso ao imó-</p><p>vel encravado (no caso, a laje) mediante pagamento de indenização.</p><p>13.5. nAturezA jurídiCA: direito reAl sobre CoisA própriA ou AlheiA?</p><p>questões prátiCAs: tributos reAis (iptu etC.), Ônus reAis etC.</p><p>Como a laje é unidade distinta e recebe matrícula própria no Cartório de Imóveis, ela é um</p><p>direito real sobre coisa própria: o titular da laje é titular de uma coisa (a laje) que lhe pertence.</p><p>O CC dá esse contorno ao expressamente batizar a laje como uma “unidade imobiliária autô-</p><p>noma constituída em matrícula própria” (art. 1.510-A, § 3º), no que é corroborada pelo § 9º do</p><p>art. 176 da LRP, que determina a abertura de matrícula sobre a laje. O próprio princípio da uni-</p><p>tariedade matricial, segundo o qual a cada imóvel deve corresponder uma matrícula, confirma</p><p>que a laje é um direito real sobre coisa própria. A situação da laje se aproxima ao condomínio</p><p>edilício, em que cada unidade autônoma é considerada um imóvel próprio. A diferença é que,</p><p>no condomínio edilício, a unidade autônoma é objeto de um direito real de propriedade, ao pas-</p><p>so que, na laje, a unidade autônoma (que é o poliedro correspondente à laje) é objeto de um</p><p>direito real de laje. Enfim, a laje é um direito real sobre coisa própria, dividindo com o direito real</p><p>de propriedade (do qual a laje é diferente) essa categoria.</p><p>Daí decorrem consequências práticas.</p><p>Uma delas é a de que o titular da laje pode instituir ônus reais sobre o próprio imóvel, como</p><p>os direitos reais sobre coisa alheia. Ele pode instituir hipoteca (art. 1.473, I, CC), usufruto e</p><p>outros direitos reais sobre coisa alheia que recaem sobre imóveis. Pode também alienar fidu-</p><p>ciariamente a laje em garantia de uma dívida. De fato, se a laje fosse um direito sobre coisa</p><p>alheia, tal não seria possível.</p><p>Outra consequência prática é que o fato gerador do IPTU, ITR e outros tributos reais é a laje</p><p>em si, por ela ser uma unidade imobiliária autônoma distinta das demais lajes e do imóvel-ba-</p><p>se. Daí decorre que, se o titular da laje deixar de pagar o IPTU, não pode outro titular de laje</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>45 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>nem o dono da construção-base ser responsabilizado por esse tributo inadimplido, pois eles</p><p>não possuem vínculo com o fato gerador daquele tributo. Nesse sentido, em sintonia com as</p><p>normas tributárias, o § 2º do art. 1.510-A do CC estabelece que o titular do direito real de laje</p><p>responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre sua unidade.</p><p>O tema, porém, não é pacífico: há doutrinadores que defendem a laje como um direito real</p><p>sobre coisa alheia. O sempre genial professor Flávio Tartuce cataloga bem os polos em con-</p><p>fronto, in verbis:</p><p>Realizando pesquisas em textos publicados na internet, obras jurídicas e consultando diretamente</p><p>alguns colegas juristas, a questão, de fato, é tomentosa e divide a doutrina contemporânea. Assim,</p><p>são adeptos da existência de um direito real sobre coisa própria: Marco Aurélio Bezerra de Melo,</p><p>Nelson Rosenvald, Fernando Sartori, Fábio Azevedo, Carlos Eduardo Elias de Oliveira, Leonardo Bran-</p><p>delli, Vitor Kümpel e Bruno de Ávila Borgarelli. Por outra via, entendendo existir um direito real sobre</p><p>coisa alheia: José Fernando Simão, Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho, Salomão Viana,</p><p>Cristiano Chaves de Farias, Rodrigo</p><p>Mazzei, Frederico Viegas de Lima, Maurício Bunazar, Cesar Calo</p><p>Peghini, Eduardo Busatta, Alexandre Barbosa, Luciano Figueiredo, João Ricardo Brandão Aguirre,</p><p>Pablo Malheiros Frota e Rodrigo Toscano de Brito.</p><p>13.6. observânCiA dA leGislAção urbAnístiCA e A quAlifiCAção do</p><p>título pelo CArtório de imóveis</p><p>Outro requisito é a obrigatoriedade de observação da legislação urbanística para identificar</p><p>se é ou não admissível a existência de mais de uma unidade no local. Por exemplo, se a legisla-</p><p>ção urbanística estabelece que determinada região é de imóveis de habitação unifamiliar, isso</p><p>significa que não pode haver a instituição de laje no local, pois isso implicaria haver mais de</p><p>uma unidade habitacional no mesmo local. O CC foi redundante em reafirmar essa obrigatorie-</p><p>dade, que já decorre de lei (art. 1.510-A, §§ 5º e 6º, CC).</p><p>Cabe ao Cartório de Registro de Imóveis fazer esse controle no momento da qualificação</p><p>do título de instituição da laje, requerendo, se for necessário, prévia consulta ao município.</p><p>13.7. titulAridAde do solo: AusênCiA de frAções ideAis</p><p>Resolva a questão.</p><p>022. (VUNESP/PROCURADOR/PGE-SP/2018/ADAPTADA) O direito real de laje pressupõe a</p><p>coexistência de unidades imobiliárias, autônomas ou não, de titularidades distintas e situadas</p><p>na mesma área, de modo a permitir que o proprietário ceda a superfície de sua construção a</p><p>outrem para que ali construa unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>46 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>A questão está “errada”, porque o direito real de laje não implica atribuição de fração ideal do</p><p>terreno ao lajeário (art. 1.510-A, § 4º, CC).</p><p>Errado.</p><p>023. (FAUEL/ADVOGADO/AGEPAR/2018/ADAPTADA) A instituição do direito real de laje</p><p>não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação propor-</p><p>cional em áreas já edificadas.</p><p>A questão está correta por força do art. 1.510-A, § 4º, CC.</p><p>Certo.</p><p>Falemos mais sobre o tema.</p><p>O direito real de laje não garante nenhum direito de propriedade sobre solo. Não há vincu-</p><p>lação das lajes a uma fração ideal do solo, ao contrário do que sucede com as unidades autô-</p><p>nomas de condomínios edilícios (art. 1.510-A, § 4º, CC). O titular da construção-base é o único</p><p>proprietário do solo.</p><p>Há, porém, condomínio necessário sobre as partes comuns que servem o prédio, conforme</p><p>exposto mais à frente.</p><p>13.8. Condomínio neCessário sobre pArtes Comuns do edifíCio:</p><p>ConsequênCiAs prátiCAs e reGrAs de AdministrAção</p><p>Apesar de cada laje ser um imóvel distinto por ficção jurídica e de inexistir vinculação de</p><p>fração ideal do solo às lajes, há materialmente interrelações entre os lajeários e entre estes e</p><p>o titular da construção-base pelo fato de todos estarem em uma mesma edificação. As partes</p><p>da edificação que servem a construção-base e as lajes devem ser consideradas como sujeitas</p><p>a um condomínio necessário, à semelhança do que sucede com os muros divisórios entre</p><p>terrenos contíguos na forma dos arts. 1.327 do CC. E, considerando que a conduta de algum</p><p>lajeário ou do titular da construção-base sobre as partes comuns da edificação pode interferir</p><p>no exercício do direito dos demais, é inevitável a aplicação das regras de Direito de Vizinhança,</p><p>como as que condenam o uso anormal da propriedade (arts. 1.277 e seguintes, CC).</p><p>O legislador tomou cuidado com essa situação ao estabelecer, no art. 1.510-C do CC, a</p><p>obrigatoriedade de o titular da construção-base e os lajeários ratearem as despesas com a</p><p>conservação e fruição das partes comuns da edificação, assim entendidas os alicerces, as</p><p>tubulações e todas as partes que afetam ao uso de todo edifício. No caso de omissão de</p><p>qualquer um e havendo urgência em algum reparo, é assegurado a qualquer um promovê-las</p><p>sozinho e, em seguida, pleitear reembolso dos demais, conforme § 2º do art. 1.510-C do CC.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>47 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>O critério de repartição das despesas com as partes comuns do edifício deve seguir o que</p><p>for pactuado entre as partes. Esse pacto pode ser estabelecido no próprio ato de instituição</p><p>da laje e, apesar do silêncio legal, convém que o critério adotado seja noticiado na matrícula</p><p>de cada laje e na matrícula da construção-base. No silêncio das partes, deve-se presumir uma</p><p>divisão pro rata entre o titular da laje e os lajeários.</p><p>Ainda em razão da inevitável interligação material entre o titular da construção-base e os</p><p>lajeários, há necessidade de todos adotarem comportamento destinado a garantir a segurança</p><p>e a preservação do arranjo estético do edifício, abstendo-se de realizar obras indevidas (art.</p><p>1.510-B, CC).</p><p>Como não há um sujeito de direito despersonalizado para praticar atos relativos às partes</p><p>comuns da edificação, a administração dessas partes deve seguir, por analogia, as regras de</p><p>condomínio tradicional, de modo que o titular da laje e os lajeários poderão nomear um admi-</p><p>nistrador e outorgar-lhe poderes praticar atos no interesse comum. Afinal de contas, há condo-</p><p>mínio necessário – que é um condomínio tradicional imposto pela lei - sobre as partes comuns</p><p>do edifício. Em princípio, contratos destinados a cuidar das partes comuns da edificação (ex.:</p><p>contrato com empresa para reparação da tubulação) deverá ser feito em nome de todas as</p><p>partes. O quórum para deliberação deve também seguir, por analogia, as regras de condomínio</p><p>tradicional: a maioria absoluta. Enfim, as questões referentes à administração da parte comum</p><p>devem seguir, por analogia, as regras de condomínio tradicional (arts. 1.317, 1.318 e 1.323 ao</p><p>1.325, CC).</p><p>13.9. direito de preferênCiA</p><p>Pessoal, resolva a questão.</p><p>024. (VUNESP/PROCURADOR/PGE-SP/2018/ADAPTADA) As unidades autônomas consti-</p><p>tuídas em matrícula própria poderão ser alienadas por seu titular sem necessidade de prévia</p><p>anuência do proprietário da construção-base.</p><p>A questão está correta, pois o lajeário tem liberdade para vender a laje a terceiros livremente,</p><p>sem prévio consentimento de outros lajeários ou do titular da construção-base. Todavia, há</p><p>necessidade de ser assegurado o direito de preferência a eles nos termos do art. 1.510-D do</p><p>CC. Para alienar a laje, basta COMUNICÁ-los para o exercício do direito de preferência, e não</p><p>pedir autorização deles.</p><p>Certo.</p><p>025. (FAUEL/ADVOGADO/AGEPAR/2018/ADAPTADA) Em caso de alienação de qualquer</p><p>das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de condições com terceiros,</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>48 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>os titulares da construção-base e da laje, nessa ordem, que serão cientificados por escrito para</p><p>que se manifestem no prazo de trinta dias, salvo se o contrato dispuser de modo diverso.</p><p>A questão está correta por força do art. 1.510-A, caput, CC.</p><p>Certo.</p><p>Vamos falar mais sobre o tema.</p><p>Inevitavelmente, o direito real de laje cria um ambiente de potencial conflito por se asseme-</p><p>lhar a um condomínio, que, como diziam os romanos,</p><p>é a mãe da discórdia. Por isso, o legis-</p><p>lador estabeleceu o direito de preferência no caso de alienação das lajes, tudo com o objetivo</p><p>de estimular que uma mesma pessoa se aproprie de todas as lajes e da construção-base (art.</p><p>1.510-D, CC).</p><p>O art. 1.510-D do CC estabelece a ordem de preferência entre os membros da comunidade</p><p>imobiliária. Interpretamos o dispositivo no sentido de que, sempre, o titular da construção-base</p><p>tem prioridade absoluta no exercício do direito de preferência, pois o objetivo é facilitar que</p><p>ele – que é titular da composição imobiliária principal da edificação, ou seja, da construção-ba-</p><p>se – adquira todas as lajes. Assim, não importa se há 10 lajes ascendentes e o último lajeário</p><p>esteja a alienar sua unidade: o titular da construção-base terá prioridade no exercício do direito</p><p>de preferência sobre todos os demais.</p><p>Se o titular da construção-base não quiser exercer o direito de preferência, este passará</p><p>para o titular da laje contígua àquela que está sendo alienada com o objetivo de que estimular</p><p>que a mesma pessoa seja titular das últimas lajes. Se o lajeário contíguo não exercer o direito</p><p>de preferência, o direito de preferência repassa ao seguinte lajeário limístrofe, e assim sucessi-</p><p>vamente. Isso vale tanto para o caso de lajes ascendentes quanto descendentes.</p><p>Suponha que haja 5 lajes aéreas, e a última seja colocada à venda. A prioridade no exer-</p><p>cício do direito de preferência é do titular da construção-base; depois, do lajeário de 4º grau;</p><p>depois, do lajeário de 3º grau; etc.</p><p>Se houvesse 5 lajes subterrâneas, e a última fosse colocada à venda, ocorreria o mesmo: o</p><p>direito de preferência recairia sucessivamente sobre o titular da construção-base, o lajeário de</p><p>quarto grau, o lajeário de terceiro grau etc.</p><p>O exercício do direito de preferência deverá ser feito dentro do prazo decadencial de 30</p><p>dias do recebimento de uma notificação escrita, prazo esse que pode ser alterado mediante</p><p>pacto entre as partes (art. 1.510-D, CC). Entendemos que, no ato de instituição da laje, é pos-</p><p>sível pactuar prazo diverso para o exercício do direito de preferência. Esse ato – que é o título</p><p>hábil à instituição do direito real de laje – ficará arquivado no Cartório de Imóveis.</p><p>O direito de preferência só deve ser aplicado para o caso de contratos de compra e venda</p><p>da laje, pois o vendedor cobrará uma prestação fungível (dinheiro) que pode ser oferecida por</p><p>outros. Embora o art. 1.510-D do CC mencione o verbete “alienação”, na verdade, ele se refere</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>49 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>apenas aos casos de venda. Aplica-se, por analogia, o art. 504 do CC. Não se aplica, pois, a</p><p>contratos de permuta, pois a contrapartida exigida é um bem infungível e, portanto, não pode-</p><p>ria ser oferecido por outrem. Também não se aplica para contratos gratuitos: é evidente que o</p><p>titular da laje pode doar a terceiros sem oferecer a liberalidade primeiramente a outro da comu-</p><p>nidade imobiliário. A natureza do direito de preferência é incompatível com negócios gratuitos.</p><p>13.10. extinção dA lAje</p><p>Vamos começar com a questão.</p><p>026. (VUNESP/PROCURADOR/PGE-SP/2018/ADAPTADA) A ruína da construção-base não</p><p>implica extinção do direito real de laje se houver sua reconstrução no prazo de 10 anos.</p><p>A questão está errada, pois o prazo para a reconstrução é de 5 anos (art. 1.510-A, II, CC).</p><p>Errado.</p><p>027. (FAUEL/ADVOGADO/AGEPAR/2018/ADAPTADA) A ruína da construção-base implica</p><p>extinção do direito real de laje instituído sobre o subsolo.</p><p>A questão está errada, porque a ruína da construção-base só implica a extinção do direito real</p><p>de laje se não houver reconstrução nos 5 anos seguintes (art. 1.510-A, II, CC).</p><p>Errado.</p><p>A extinção do direito real de laje pode ser voluntária ou legal.</p><p>É voluntário quando ocorrer uma fusão da matrícula da laje com a da laje imediatamente</p><p>anterior ou, na falta desta, com a da construção-base. A fusão, no entanto, depende de o titular</p><p>das matrículas em fusão ser a mesma pessoa (art. 234, LRP).</p><p>É legal quando a extinção decorrer de lei. Tal ocorre no caso do art. 1.510-E do CC, ou seja,</p><p>no caso de haver ruína da construção-base sem que, nos 5 anos seguintes, a edificação seja</p><p>reconstruída. Nesse caso, as lajes aéreas se extinguirão pela perda da sua base material: a</p><p>construção. A ruína, porém, não implica a extinção das lajes subterrâneas, pois estas não per-</p><p>dem a sua base material com a ruína da construção-base. De qualquer sorte, o culpado pela</p><p>ruína terá de indenizar os prejudicados.</p><p>Chama-se a atenção para erro meramente redacional no inciso II do art. 1.510-E do CC,</p><p>que, ao se valer do advérbio “não”, inverteu o sentido efetivamente querido e chegaria a um</p><p>resultado absolutamente impossível. Diante disso, por uma interpretação lógica (no sentido de</p><p>utilização de recursos da lógica), deve-se desconsiderar o sentido desse excedente advérbio.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>50 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>13.11. proCedimento no CArtório de reGistro de imóveis</p><p>A instituição do direito real de laje decorre de um ato assinado pelo titular da construção-</p><p>-base a ser protocolado no Cartório de Registro de Imóveis, que, após a qualificação positiva,</p><p>deverá registrar o ato de instituição na matrícula-mãe (a da construção-base) e abrir uma ma-</p><p>trícula-filha (a da laje), consignando remissões recíprocas nas matrículas (art. 176, § 9º, LRP).</p><p>Entendemos que, se o ato de instituição envolver a indicação de outrem a titularizar a laje,</p><p>há dois fatos jurídicos a ingressarem na tábua registral: a instituição da laje e a alienação da</p><p>laje. Assim, nesse caso, será necessário que, além do procedimento acima, seja feita um regis-</p><p>tro na matrícula-filha (a da laje) da transferência da laje para outrem, o que será fato gerador</p><p>do ITBI ou do ITCD conforme a alienação seja gratuita ou onerosa. Temos ser inviável abrir a</p><p>matrícula desde logo em nome de terceiro, pois há dois fatos jurídicos inscritíveis.</p><p>O ato de instituição da laje tem de ser por escritura pública, se o imóvel for de valor superior</p><p>a 30 salários mínimos (art. 108, CC).</p><p>No ato de instituição, convém que o instituidor especifique: (1) forma de administração das</p><p>partes comuns da edificação e critério para rateio das despesas, sob pena de o rateio ser pro</p><p>rata, conforme já explicitado acima; e (2) o prazo para exercício do direito de preferência, sob</p><p>pena de ser aplicável o prazo de 30 dias do art. 1.510-D do CC.</p><p>No caso de instituição de lajes sucessivas, o procedimento será similar: registra-se o ato</p><p>de instituição na matrícula-mãe (a da laje anterior) e abre-se a matrícula-filha (a da laje poste-</p><p>rior). Há, porém, uma exigência adicional: o Cartório de Imóveis precisa exigir o consentimento</p><p>expresso dos demais lajeários e do titular da construção-base no mesmo instrumento do ato</p><p>de instituição ou, em nome do princípio do paralelismo da forma, em instrumento em separado</p><p>que observe a forma legalmente exigida para o ato de instituição (art. 1.510-A, § 6º, CC).</p><p>Como a construção é única, em nome do princípio da especialidade objetiva – que exige</p><p>que a matrícula retrate fielmente o estado do imóvel –, entendemos que a edificações feitas</p><p>pelo lajeário no espaço da laje deve ser averbada não apenas na matrícula da laje, mas tam-</p><p>bém na matrícula das lajes antecedentes</p><p>e na matrícula da construção-base. O motivo é que,</p><p>em todas as matrículas, é fundamental haver a descrição integral do prédio no qual está inse-</p><p>rida a laje e a construção-base. Entendemos que, nesse caso, é desnecessário consentimento</p><p>expresso de toda a comunidade imobiliária: basta que o lajeário que realizou a obra, de posse</p><p>dos documentos necessários para a averbação da construção (com inclusão do habite-se),</p><p>requeira ao Cartório de Imóveis.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>51 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>14. direito reAl de Aquisição</p><p>Direito real de aquisição</p><p>Promessa de compra e</p><p>venda de imóvel</p><p>Cessão fiduciária de</p><p>direitos creditórios</p><p>relativos a contratos de</p><p>alienação de imóveis</p><p>Cedente tem direito real</p><p>de aquisição</p><p>Devedor fiduciante tem</p><p>direito de adquirir a</p><p>propriedade após pagar a</p><p>dívida</p><p>Sem direito de</p><p>arrependimento</p><p>Registro na matrícula do</p><p>imóvel</p><p>Alienação fiduciária em</p><p>garantia</p><p>Veja a questão.</p><p>028. (FGV/ADVOGADO/AL-RO/2018) Para que seja válido e eficaz, o compromisso de com-</p><p>pra e venda de bem imóvel deverá revestir a forma pública.</p><p>A questão está errada, porque os arts. 462 e 1.417 do CC admitem instrumento particular ou</p><p>público para o contrato preliminar (compromisso) de compra e venda de imóvel.</p><p>Errado.</p><p>Vamos tratar mais do tema.</p><p>O direito real de aquisição ocorre em dois casos principais: na promessa de compra e ven-</p><p>da de imóvel e na alienação fiduciária em garantia.</p><p>Contratos preliminares, também chamados de promessas de contrato, são aqueles cujo</p><p>objeto é a celebração de um contrato definitivo no futuro.</p><p>Quando se trata de uma promessa de compra e venda de imóvel, o promitente vendedor se</p><p>compromete a, no futuro, após algum termo ou condição (o comum é que a condição seja o</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>52 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>pagamento do preço), celebrar o contrato definitivo de compra e venda. Se essa promessa de</p><p>compra e venda não contiver pacto expresso admitindo o direito de arrependimento, o promi-</p><p>tente vendedor não pode desfazer o contrato preliminar por vontade unilateral, de modo que,</p><p>no caso de sua recusa, o promitente comprador poderá obter uma sentença que equivalha ao</p><p>contrato definitivo por meio de uma ação de adjudicação compulsória (arts. 463 e 464, CC).</p><p>Nesses casos de promessa de compra e venda de imóvel sem direito de arrependimento pac-</p><p>tuado, o promitente comprador pode registrá-la na matrícula do imóvel no Cartório e, assim,</p><p>adquirir um direito real de aquisição (arts. 1.417 e 1.418, CC). A vantagem é que o direito real</p><p>de aquisição tem eficácia erga omnes, de modo que, se o promitente vendedor vender o imóvel</p><p>a um terceiro, este estará sujeito a perder a coisa em proveito do promitente comprador. Sem</p><p>registrar a promessa de compra e venda, o promitente vendedor terá mero direito obrigacional</p><p>oponível apenas contra o promitente comprador e, assim, somente lhe restará direito de pleite-</p><p>ar indenização contra este no caso de eventual venda do imóvel a terceiros.</p><p>Igualmente, na alienação fiduciária em garantia de móvel ou imóvel, enquanto o credor</p><p>fiduciário se torna titular do direito real de propriedade sob condição resolutiva consistente no</p><p>pagamento da dívida garantida, o devedor fiduciante fica com um direito real de aquisição, pois</p><p>poderá adquirir a propriedade da coisa após pagar a dívida (art. 1.368-B, CC).</p><p>Além desses dois casos principais, também há direito real de aquisição na cessão fiduci-</p><p>ária de direitos creditórios relativos a contratos de alienação de imóveis: o cedente – que é o</p><p>devedor fiduciante – tem direito real de aquisição (arts. 17, § 1º, II, Lei n. 9.514/97).</p><p>Por fim, entendemos que, apesar de os arts. 1.417 e 1.418 do CC tratar apenas de pro-</p><p>messa de compra e venda de imóvel, entendemos que contratos preliminares (promessas) de</p><p>outros contratos translativos da propriedade de modo oneroso também devem ser aptos a re-</p><p>gistro na matrícula do imóvel para a constituição de direito real de aquisição em razão do fato</p><p>da necessária extensão das regras de compra e venda para esses tipos de negócios. Assim,</p><p>por exemplo, a promessa de permuta ou a promessa de dação em pagamento seriam aptas</p><p>a tanto, especialmente porque as regras de compra e venda lhe são aplicáveis não apenas da</p><p>similitude dos negócios, mas também por ordem expressa dos arts. 357 e 533, caput, do CC.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>53 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>QUESTÕES DE CONCURSO</p><p>029. (IDCAP/PROCURADOR/CÂMARA DE BOA ESPERANÇA-ES/2019/ADAPTADA) De</p><p>acordo com o Código Civil, assinale a alternativa correta sobre as jazidas, minas e demais re-</p><p>cursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros</p><p>bens referidos por leis especiais.</p><p>a) A propriedade do solo abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais</p><p>de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.</p><p>b) A propriedade do solo abrange as jazidas, mas não os demais recursos minerais, os po-</p><p>tenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis</p><p>especiais.</p><p>c) A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas, mas abrange os demais recursos</p><p>minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens</p><p>referidos por leis especiais.</p><p>d) A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os poten-</p><p>ciais de energia hidráulica, mas abrange os monumentos arqueológicos e outros bens referi-</p><p>dos por leis especiais.</p><p>e) A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os po-</p><p>tenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis</p><p>especiais.</p><p>É o art. 1.230, parágrafo único, CC:</p><p>Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os</p><p>potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis</p><p>especiais.</p><p>Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego</p><p>imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o</p><p>disposto em lei especial.</p><p>Lembramos que esse dispositivo coaduna com o art. 20 da Constituição Federal, que dá a</p><p>titularidade dos recursos minerais, dos potenciais de energia hidráulica e dos monumentos</p><p>arqueológicos. Confira-se:</p><p>Art. 20. São bens da União:</p><p>V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;</p><p>VIII – os potenciais de energia hidráulica;</p><p>IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo;</p><p>X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>54 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a</p><p>participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins</p><p>de geração de energia elétrica a e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma</p><p>continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa ex-</p><p>ploração.</p><p>Há leis especiais tratando da exploração, por particulares, desses bens públicos federais, ge-</p><p>ralmente assegurando uma participação financeira em favor do Poder Público, a exemplo da</p><p>Lei n. 7.990/1989 e do Código das Águas (Decreto n. 24.643/1934).</p><p>Letra e.</p><p>030. (IBFC/PROCURADOR/PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO/2019/ADAP-</p><p>TADA) A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo, subsolo, jazidas, minas, potenciais</p><p>de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.</p><p>A parte final da questão (a partir de “jazidas”) contraria o art. 1.230 do CC.</p><p>Errado.</p><p>031. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) O proprietário do solo tem o direito</p><p>de explorar os recursos minerais de emprego imediato na transformação industrial.</p><p>Só a parte final está errada por contrariar o parágrafo único do art. 1.230 do CC: se o recurso</p><p>mineral a ser empregado na construção civil depender de transformação industrial, não há</p><p>esse direito de exploração.</p><p>Errado.</p><p>032. (IBFC/PROCURADOR/PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO/2019/ADAP-</p><p>TADA) O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la</p><p>do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.</p><p>É o art. 1.228, caput, do CC:</p><p>Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do</p><p>poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.</p><p>§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômi-</p><p>cas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei espe-</p><p>cial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico,</p><p>bem como evitada a poluição do ar e das águas.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>55 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam</p><p>animados pela intenção de prejudicar outrem.</p><p>§ 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou uti-</p><p>lidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.</p><p>§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa</p><p>área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas,</p><p>e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados</p><p>pelo juiz de interesse social e econômico relevante.</p><p>§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago</p><p>o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.</p><p>Certo.</p><p>033. (IBFC/PROCURADOR/PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO/2019/ADAP-</p><p>TADA) A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.</p><p>É o art. 1.231 do CC:</p><p>Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.</p><p>Certo.</p><p>034. (FURB/ADVOGADO/PREFEITURA DE TIMBÓ-SC/2019/ADAPTADA) A propriedade é</p><p>considerada um direito fundamental pela Constituição da República e, ressalvada sua função</p><p>social relacionada à proteção ao meio ambiente, não encontra limites na legislação atual.</p><p>Ao contrário do dito na questão, a propriedade tem vários outros limites impostos pela lei além</p><p>da proteção do meio ambiente, como:</p><p>• as restrições ao patrimônio histórico e artístico (art. 1.228, § 1º, do CC);</p><p>• a proibição de comportamentos abusivos pelo proprietário (art. 1.228, § 2º, da CF);</p><p>• a vedação ao subaproveitamento, a exemplo das sanções urbanísticas previstas para</p><p>imóveis urbanos (arts. 182, § 4º, da CF) ou da desapropriação para fins de reforma agrá-</p><p>ria para propriedade improdutiva (art. 184, 185, II, e 186 da CF);</p><p>• os limites urbanísticos, a exemplo dos limites de construção (art. 182, CF).</p><p>Veja os dispositivos supracitados:</p><p>Art. 1.228, CC, § 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalida-</p><p>des econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido</p><p>em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e</p><p>artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.</p><p>§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam</p><p>animados pela intenção de prejudicar outrem.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>56 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme</p><p>diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções so-</p><p>ciais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.</p><p>§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte</p><p>mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.</p><p>§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de</p><p>ordenação da cidade expressas no plano diretor.</p><p>§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinhei-</p><p>ro.</p><p>§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano</p><p>diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou</p><p>não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:</p><p>I – parcelamento ou edificação compulsórios;</p><p>II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;</p><p>III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente</p><p>aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e</p><p>sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.</p><p>Art. 184, CF. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imó-</p><p>vel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos</p><p>da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos,</p><p>a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.</p><p>§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.</p><p>§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza</p><p>a União a propor a ação de desapropriação.</p><p>§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para</p><p>o processo judicial de desapropriação.</p><p>§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o mon-</p><p>tante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.</p><p>§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais</p><p>e municipais as operações de transferência de</p><p>imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.</p><p>Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:</p><p>I – a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não pos-</p><p>sua outra;</p><p>II – a propriedade produtiva.</p><p>Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o</p><p>cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.</p><p>Art. 186, CF. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, se-</p><p>gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:</p><p>I – aproveitamento racional e adequado;</p><p>II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;</p><p>III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;</p><p>IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>57 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>035. (FCC/PROMOTOR/MPE-MT/2019/ADAPTADA) São defesos os atos que não trazem ao</p><p>proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar</p><p>outrem. Essa norma, prevista no Código Civil,</p><p>Concerne ao direito à propriedade e defende a plena possibilidade de uso, fruição e disponibi-</p><p>lidade do bem, direito real que é.</p><p>O enunciado da questão transcreve o § 2º do art. 1.228 do CC. Esse dispositivo demonstra que</p><p>não há “plena possibilidade de uso, fruição e disponibilidade do bem”, ao contrário do dito na</p><p>questão. Esse dispositivo demonstra que há limites ao uso, fruição e disponibilidade do bem</p><p>pelo proprietário.</p><p>Errado.</p><p>036. (FCC/PROMOTOR/MPE-MT/2019/ADAPTADA) São defesos os atos que não trazem ao</p><p>proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar</p><p>outrem. Essa norma, prevista no Código Civil,</p><p>Diz respeito à vedação do abuso do direito, considerado ato ilícito pela legislação civil, e inter-</p><p>preta-se em harmonia com o princípio da função social da propriedade.</p><p>É o enunciado n. 49/JDC (“Interpreta-se restritivamente a regra do art. 1.228, § 2º, do novo</p><p>Código Civil, em harmonia com o princípio da função social da propriedade e com o disposto</p><p>no art. 187”). Esse art. 187 do CC trata do abuso de direito. De fato, por meio do § 2º do art.</p><p>1.228 do CC, nós, “com mais de 100 anos de atraso em relação aos precedentes franceses,</p><p>consagramos a teoria dos atos emulativos e o abuso de direito de propriedade” (ROSENVALD,</p><p>Nelson; FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de Direito Civil, vol. 5: direitos reais. Salvador/BA:</p><p>Ed. JusPodivm, 2020, p. 327).</p><p>Certo.</p><p>037. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) A propriedade das coisas móveis</p><p>transfere-se pelos negócios jurídicos praticados antes da tradição.</p><p>Ocorre com a tradição (arts. 1.226 e 1.267 do CC). Veja:</p><p>Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos</p><p>entre vivos, só se adquirem com a tradição.</p><p>Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.</p><p>Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto</p><p>possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder</p><p>de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>58 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>038. (VUNESP/ADVOGADO/CÂMARA DE PIRACICABA-SP/2019/ADAPTADA) Quanto à</p><p>aquisição e perda da propriedade, é correto afirmar:</p><p>Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e</p><p>o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.</p><p>É o § 1º do art. 1.245 do CC. Veja:</p><p>Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Regis-</p><p>tro de Imóveis.</p><p>§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do</p><p>imóvel.</p><p>§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e</p><p>o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.</p><p>Certo.</p><p>039. (FCC/ADVOGADO/AFAP/2019/ADAPTADA) Quanto às formas de aquisição da proprie-</p><p>dade imóvel,</p><p>Quando isto se der pelo registro do título, enquanto não se promover, por meio de ação própria,</p><p>a decretação de invalidade desse título, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a</p><p>ser havido como dono do imóvel.</p><p>É o § 1º do art. 1.245 do CC.</p><p>Certo.</p><p>040. (FURB/ADVOGADO/PREFEITURA DE TIMBÓ-SC/2019/ADAPTADA) Toda construção</p><p>ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que</p><p>se prove o contrário.</p><p>É o art. 1.253 do CC:</p><p>Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietá-</p><p>rio e à sua custa, até que se prove o contrário.</p><p>Certo.</p><p>041. (FCC/ADVOGADO/AFAP/2019/ADAPTADA) Aquele que semeia, planta ou edifica em</p><p>terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes, sem</p><p>a obrigação de pagar-lhes o valor correspondente se agiu de boa-fé.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>59 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Parte final está errada: tem de pagar o valor das sementes (ainda que tenha agido de boa-</p><p>-fé), além de, se tiver agido de ma-fé, ter de pagar indenização por perdas e danos. É o art.</p><p>1.254 do CC:</p><p>Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou ma-</p><p>teriais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de respon-</p><p>der por perdas e danos, se agiu de má-fé.</p><p>Errado.</p><p>042. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) Adquire-se propriedade por avulsão</p><p>em decorrência de acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e</p><p>aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas desta.</p><p>A questão define a aluvião (art. 1.250 do CC), e não a avulsão (art. 1.251 do CC). Veja:</p><p>Subseção II</p><p>Da Aluvião</p><p>Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros na-</p><p>turais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos</p><p>dos terrenos marginais, sem indenização.</p><p>Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes,</p><p>dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.</p><p>Subseção III</p><p>Da Avulsão</p><p>Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se</p><p>juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro</p><p>ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.</p><p>Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a</p><p>porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.</p><p>Errado.</p><p>imprima a lei no site do Planalto.</p><p>Rabisque o seu Vade Mecum com anotações importantes. Isso vai ajudar demais você. Não</p><p>recomendo que você leia o texto da lei diretamente na internet, porque isso, além de impedir</p><p>que você faça anotações, dificulta a memorização.</p><p>Por fim, vai aqui minha última recomendação: faça você mesmo o seu resumo ou seu</p><p>próprio mapa mental. Não basta você ler o PDF; é fundamental você escrever o que você está</p><p>aprendendo, pois isso é que faz você fixar a matéria. Escrever o que você estuda te ajudará</p><p>também a treinar para as provas discursivas. Você é que precisa sistematizar o conhecimento.</p><p>Não recomendo que você busque resumos ou mapas mentais feitos por outras pessoas, a</p><p>não ser que, posteriormente, você elabore o seu próprio resumo ou mapa mental. Eu, pessoal-</p><p>mente, prefiro fazer um resumo a fazer um mapa mental. Eu fixo mais assim. Fique, porém, à</p><p>vontade para adotar a metodologia de sua preferência.</p><p>Vamos em frente!</p><p>Resumo</p><p>Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os</p><p>exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu apro-</p><p>fundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com</p><p>as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familia-</p><p>ridade com a bola.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>5 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir</p><p>às questões.</p><p>O resumo desta aula é este:</p><p>• O Direito das Coisas é o ramo do Direito Civil que lida com a relação jurídica entre o indi-</p><p>víduo e a coisa (teoria realista) ou, na visão da teoria personalista, entre um indivíduo e</p><p>a coletividade em relação a uma coisa. É dividido entre três principais matérias: direitos</p><p>reais; posse e detenção; e direito de vizinhança;</p><p>• Propriedade em sentido amplo abrange todas as espécies de titularidades, seja sobre</p><p>coisas corpóreas, seja sobre incorpóreas. Abrange, inclusive, o conceito de o direito real</p><p>de propriedade. Domínio é a titularidade de coisa corpórea e corresponde ao direito real</p><p>de propriedade;</p><p>• Direito real é, pois, o vínculo jurídico em razão do qual o titular pode exercer, total ou</p><p>parcialmente, poderes sobre uma coisa com exclusão de qualquer outra pessoa. É, pois,</p><p>um direito grudado à coisa, é um ius in re (na expressão dos juristas medievais), é uma</p><p>lepra grudada na coisa (na metáfora romana);</p><p>• Há duas teorias para definir os direitos reais: a realista e a personalista. A teoria realista</p><p>ou clássica define-o como um vínculo da pessoa (o titular) com a coisa. E, como a rela-</p><p>ção jurídica é com a coisa, o titular pode opor-se a terceiros. O adjetivo realista é por que</p><p>a teoria focaliza a coisa (res). A teoria personalista define o direito real como um vínculo</p><p>jurídico da pessoa (titular) com toda a sociedade, que se torna obrigada a respeitar o</p><p>direito do titular sobre a coisa. O adjetivo personalista é por que a teoria centra-se nas</p><p>pessoas que tem de respeitar o direito real;</p><p>• Princípio da taxatividade: só direito real o que está previsto em lei como tal;</p><p>• Princípio do absolutismo: direitos reais são oponíveis erga omnes;</p><p>• Princípio da aderência: os direitos reais aderem à coisa. Daí decorre o direito de sequela;</p><p>• Princípio da prevalência (prior in tempore, potio in iure): A prevalência é a característica</p><p>de que os direitos reais instituídos em primeiro lugar prevalecem sobre direitos reais</p><p>contraditórios instituídos posteriormente;</p><p>• Os direitos reais sobre imóveis nascem, em regra, com o registro do título na matrícula</p><p>do imóvel perante o Cartório de Imóveis (arts. 1.227 e 1.245, CC). Trata-se do princípio</p><p>da inscrição. Já a constituição do direito real sobre móveis ocorre com tradição (arts.</p><p>1.226, 1.267 e 1.268, CC);</p><p>• A plasticidade (ou a elasticidade) do direito de propriedade diz respeito a flexibilizações</p><p>que podem ser feitas nos poderes inerentes à propriedade: o poder de usar (ius utendi),</p><p>o poder de fruir (ius fruendi), o poder de dispor (ius abutendi) e o poder de perseguir a</p><p>coisa nas mãos de terceiro (ius persequendi). Eles estão previstos no art. 1.228, CC;</p><p>• Em razão da elasticidade ou plasticidade do direito real de propriedade, é possível clas-</p><p>sificar a propriedade quanto à sua plenitude:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>6 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>− Propriedade plena;</p><p>− Propriedade menos plena: pode ser subdividida em:</p><p>◦ propriedade restrita;</p><p>◦ Propriedade temporária: pode ser subdivida em:</p><p>◦ propriedade revogável;</p><p>◦ propriedade resolúvel;</p><p>◦ propriedade fiduciária;</p><p>• Princípio da perpetuidade: o direito real de propriedade é perpétuo, ou seja, ele não se</p><p>extingue pelo desuso, nem pelo tempo, nem mesmo pela morte do dono (caso em que</p><p>haverá transmissão da titularidade para os herdeiros);</p><p>• Princípio da exclusividade: a propriedade é exclusiva de uma única pessoa, de modo</p><p>que não é viável que duas ou mais pessoas simultaneamente sejam titulares da mesma</p><p>coisa. Esse atributo é a regra da propriedade, conforme art. 1.231 do CC, que afirma que</p><p>“a propriedade presume-se exclusiva, salvo prova em contrário”;</p><p>• Os direitos reais podem ser divididos em:</p><p>− Direito real sobre coisa própria: a propriedade e, embora haja controvérsia, a laje;</p><p>− Direito real sobre coisa alheia: podem ser:</p><p>◦ direitos reais de aquisição: abrangem os direitos reais do promitente comprador e</p><p>o do devedor fiduciante;</p><p>◦ direitos reais de gozo: abrangem os direitos reais de superfície, de servidão, de</p><p>usufruto, de uso e de habitação; e</p><p>◦ direitos reais de garantia: abrangem a hipoteca, o penhor e a anticrese;</p><p>• Quando se tratar de imóvel por natureza (o solo), o direito real de propriedade abrangerá</p><p>o subsolo e o espaço aéreo até uma profundidade ou uma altura que seja útil ao exercí-</p><p>cio do direito da propriedade (art. 1.229, CC);</p><p>• Descoberta: é o fato jurídico de alguém achar coisa perdida e está disciplinada nos arts.</p><p>1.233 ao 1.237 do CC e no art. 746 do CPC. Era chamada de “invenção” pelo CC/1916,</p><p>que a listava atecnicamente entre as hipóteses de aquisição da propriedade;</p><p>• Aluvião (art. 1.250, CC; arts. 16 ao 18, Código de Águas): é o acréscimo vagaroso e lento</p><p>de terra às margens de um imóvel banhado por um rio não navegável, ocasionando o</p><p>aumento da superfície;</p><p>• Avulsão (art. 1.251, CC; arts. 19, 20 e 28 do Código de Águas): no vernáculo, avulsão sig-</p><p>nifica o ato de extrair ou arrancar algo com violência. No Direito, avulsão é o acréscimo</p><p>de uma porção de terra a um terreno que foi arrancada abruptamente de outro terreno</p><p>por força natural violenta, a exemplo de uma violenta corrente de água de um rio;</p><p>• Formação de ilha (art. 1.249, CC; art. 23, Código de Águas): se uma ilha se formar em</p><p>rios não navegáveis, a propriedade dela será dos proprietários dos terrenos frontais e</p><p>marginais na proporção de sua testada (= sua frente), até a linha imaginária que divide</p><p>o álveo em partes iguais;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>043. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) O aumento que o rio acresce às ter-</p><p>ras de modo vagaroso recebe o nome de aluvião, e estes acréscimos pertencem aos donos</p><p>dos terrenos marginais, mediante indenização.</p><p>O único erro da questão é a parte final: não há dever de indenizar nessa hipótese por força do</p><p>art. 1.250 do CC.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>60 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>044. (FCC/ADVOGADO/AFAP/2019/ADAPTADA) Quanto às formas de aquisição da proprie-</p><p>dade imóvel, ter-se-á o aluvião quando, por força natural violenta, uma porção de terra se des-</p><p>tacar de um prédio e se juntar a outro, acrescendo-o.</p><p>A questão define a avulsão (art. 1.251, CC), e não a aluvião9 (art. 1.250, CC).</p><p>Errado.</p><p>045. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) Adquire-se a propriedade por aban-</p><p>dono de álveo quando houver acréscimo de terras às margens de um rio, provocado pelo des-</p><p>vio de águas por força natural violenta, desde que sejam indenizados os donos dos terrenos</p><p>por onde as águas abrirem novo curso.</p><p>Não há dever de indenizar, ao contrário do dito na questão (art. 1.252, CC). Veja:</p><p>Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas mar-</p><p>gens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso,</p><p>entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.</p><p>Errado.</p><p>046. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) O descobridor da coisa respon-</p><p>de pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido</p><p>com culpa.</p><p>Só responde por dolo, e não por culpa (art. 1.235, CC). Afinal de contas, trata-se de um ato</p><p>gratuito (de generosidade), pois o descobridor devolverá a coisa perdida ao proprietário. Essa</p><p>regra guarda coerência com o princípio da proteção simplificada do agraciado. Veja:</p><p>Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo,</p><p>quando tiver procedido com dolo.</p><p>Errado.</p><p>047. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) O Município não poderá abandonar</p><p>a coisa em favor de quem a achou, mesmo se diminuto o seu valor.</p><p>9 Apesar de a Academia Brasileira de Letras registrar o verbete “aluvião” como substantivo feminino (http://www.acade-</p><p>mia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario), há quem defenda o seu gênero masculino (https://ciberduvidas.iscte-iul.</p><p>pt/consultorio/perguntas/o-geenero-de-aluviao/18403#:~:text=O%20caso%20de%20aluvi%C3%A3º%20%C3%A9,interpre-</p><p>tada%20como%20um%20aumentativo%20masculino.). Na prática, admite-se os dois usos: trata-se de um substantivo de</p><p>gênero vacilante, à semelhança dos verbetes “usucapião”. Como o Código Civil utiliza o verbete no gênero feminino, prefe-</p><p>riremos essa opção.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario</p><p>http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario</p><p>https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-geenero-de-aluviao/18403#:~:text=O caso de aluvi%C3%A3o %C3%A9,interpretada como um aumentativo masculino.</p><p>https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-geenero-de-aluviao/18403#:~:text=O caso de aluvi%C3%A3o %C3%A9,interpretada como um aumentativo masculino.</p><p>https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-geenero-de-aluviao/18403#:~:text=O caso de aluvi%C3%A3o %C3%A9,interpretada como um aumentativo masculino.</p><p>61 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>É o contrário (art. 1.237, parágrafo único, CC).</p><p>Errado.</p><p>048. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) Adquire a propriedade pela confu-</p><p>são aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, se não se</p><p>puder restituir à forma anterior.</p><p>A questão trata a especificação (art. 1.269 do CC), e não da confusão, que é a mistura de coi-</p><p>sas líquidas (art. 1.272, CC). Veja:</p><p>Seção V</p><p>Da Especificação</p><p>Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta</p><p>será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.</p><p>Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especi-</p><p>ficador de boa-fé a espécie nova.</p><p>§ 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, per-</p><p>tencerá ao dono da matéria-prima.</p><p>§ 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qual-</p><p>quer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu</p><p>valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.</p><p>Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que sofre-</p><p>rem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1 o do artigo antecedente, quando irredutível a</p><p>especificação.</p><p>Seção VI</p><p>Da Confusão, da Comissão e da Adjunção</p><p>Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem</p><p>o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração.</p><p>§ 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso</p><p>o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para</p><p>a mistura ou agregado.</p><p>§ 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros.</p><p>Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher</p><p>entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for</p><p>devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado.</p><p>Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão, comis-</p><p>são ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273 .</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1269</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1272</p><p>62 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>049. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) Adjunção é uma forma de aquisição</p><p>da propriedade móvel prevista no Código Civil.</p><p>Adjunção é a justaposição de coisas sólidas (ex.: soldar uma barra de ferro em outra) e cons-</p><p>titui uma hipótese de aquisição da propriedade móvel, conforme arts. 1.272 ao 1.274 do CC.</p><p>Certo.</p><p>050. (MPE-SP/PROMOTOR/MPE-SP/2019/ADAPTADA) No direito brasileiro, não é admitido</p><p>o assenhoramento de coisa sem dono.</p><p>O art. 1.263 do CC disciplina, como uma das formas de aquisição da propriedade móvel, a “ocu-</p><p>pação”, assim entendido o ato de se apropriar de coisa sem dono. Veja:</p><p>Seção II</p><p>Da Ocupação</p><p>Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo</p><p>essa ocupação defesa por lei.</p><p>Errado.</p><p>051. (VUNESP/ADVOGADO/CÂMARA DE PIRACICABA-SP/2019/ADAPTADA) Quanto à</p><p>aquisição e perda da propriedade, é correto afirmar:</p><p>O imóvel urbano abandonado pelo proprietário, com a intenção de não mais o conservar em</p><p>seu patrimônio, mesmo na posse de outra pessoa, poderá ser arrecadado, como bem</p><p>vago, e</p><p>passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, caso se encontre</p><p>nas respectivas circunscrições.</p><p>O erro está no excerto “mesmo na posse de outra pessoa”, pois o Município e o Distrito Federal</p><p>só poderão arrecadar, declarar vago e apropriar-se de imóveis desocupados na forma do art.</p><p>1.276 do CC. Veja:</p><p>Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar</p><p>em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem</p><p>vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas</p><p>respectivas circunscrições.</p><p>§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arreca-</p><p>dado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se</p><p>localize.</p><p>§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os</p><p>atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>63 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>052. (FURB/ADVOGADO/PREFEITURA DE TIMBÓ-SC/2019/ADAPTADA) A usucapião é</p><p>modo originário de aquisição da propriedade, mediante o exercício da posse pacífica e contí-</p><p>nua, durante certo período de tempo previsto em lei.</p><p>É a definição doutrinária da usucapião.</p><p>Certo.</p><p>053. (FCC/ADVOGADO/AFAP/2019/ADAPTADA) A usucapião é modo derivado de aquisição</p><p>da propriedade e a sentença que a reconhece é de natureza constitutiva do domínio.</p><p>Ao contrário do dito a questão, é forma de aquisição originária, conforme definição doutrinária.</p><p>Ademais, a sentença é declaratória (e não constitutiva), pois apenas declara algo que ocorreu</p><p>antes: a aquisição da propriedade pelo transcurso de prazo de posse ad usucapionem.</p><p>Errado.</p><p>054. (VUNESP/ADVOGADO/CÂMARA DE PIRACICABA-SP/2019/ADAPTADA) Quanto à</p><p>aquisição e perda da propriedade, é correto afirmar:</p><p>A usucapião especial urbana por abandono do lar corresponde à forma de aquisição derivada</p><p>da propriedade do bem imóvel em sua totalidade.</p><p>Usucapião é forma de aquisição originária, e não derivada.</p><p>Errado.</p><p>055. (VUNESP/ADVOGADO/CÂMARA DE PIRACICABA-SP/2019/ADAPTADA) Quanto à</p><p>aquisição e perda da propriedade, é correto afirmar:</p><p>A propriedade móvel, por ser transmitida pela tradição, não permite sua aquisição pela</p><p>usucapião.</p><p>É admitido usucapião para bens móveis também (arts. 1.260 ao 1.262 do CC). Veja:</p><p>Seção I</p><p>Da Usucapião</p><p>Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três</p><p>anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.</p><p>Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, indepen-</p><p>dentemente de título ou boa-fé.</p><p>Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244 .</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1243</p><p>64 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>056. (FCC/JUIZ/TJ-MS/2020/ADAPTADA) Examine o seguinte enunciado legal: Aquele que,</p><p>trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se</p><p>não se puder restituir à forma anterior. Esta disposição refere-se à</p><p>a) adjunção.</p><p>b) ocupação.</p><p>c) extinção.</p><p>d) confusão.</p><p>e) especificação.</p><p>A questão define a especificação (art. 1.269, CC).</p><p>Letra e.</p><p>057. (VUNESP/PROCURADOR/DAEM/2019/ADAPTADA) A laje não gera a abertura de matrí-</p><p>cula autônoma, sendo registrada mediante averbação na matrícula da construção-base.</p><p>Gera sim (art. 1.510-A, § 3º, do CC e art. 176, § 9º, da Lei n. 6.015/73 – Lei de Registros Públi-</p><p>cos – LRP). Veja:</p><p>Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior</p><p>de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente</p><p>construída sobre o solo.</p><p>§ 1º O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados,</p><p>tomados em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais</p><p>áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base.</p><p>§ 2º O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre a sua</p><p>unidade.</p><p>§ 3º Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão</p><p>dela usar, gozar e dispor.</p><p>§ 4º A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular</p><p>da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas.</p><p>§ 5º Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre posturas edilícias e urbanísticas asso-</p><p>ciadas ao direito real de laje.</p><p>§ 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo</p><p>direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das de-</p><p>mais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.</p><p>Art. 176. § 9º, LRP. A instituição do direito real de laje ocorrerá por meio da abertura de uma matrí-</p><p>cula própria no registro de imóveis e por meio da averbação desse fato na matrícula da construção-</p><p>-base e nas matrículas de lajes anteriores, com remissão recíproca.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>65 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>058. (VUNESP/PROCURADOR/DAEM/2019/ADAPTADA) A instituição do direito real de laje</p><p>implica na atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje.</p><p>Não há essa atribuição de fração ideal, conforme § 4º do art. 1.510-A do CC.</p><p>Errado.</p><p>059. (FUNDEP/ADVOGADO/CAU-MG/2019/ADAPTADA) A laje pode ser constituída tanto de</p><p>forma ascendente quanto descendente em relação à construção original, não importando se</p><p>trata-se de construção sobre o solo ou construção que já se fez em laje.</p><p>É o art. 1.510-A, § 1º, do CC. De fato, “na forma como foi redigido o Código Civil nesse ponto, o</p><p>Direito Real de Laje é uma espécie de Direito Real de Propriedade sobre um espaço tridimensio-</p><p>nal que se expande a partir da laje de uma construção-base em direção ascendente ou a partir</p><p>do solo dessa construção em direção subterrânea” (OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de. Direito</p><p>Real de Laje à luz da Lei 13.465/2017: nova lei, nova hermenêutica. Brasília: Núcleo de Estudos</p><p>e Pesquisas/CONLEG/Senado, Julho/2017. Disponível em: www.senado.leg.br/estudos. Aces-</p><p>so em 13 de julho de 2017).</p><p>Certo.</p><p>060. (VUNESP/PROCURADOR/DAEM/2019/ADAPTADA) Se houver mais de uma laje, em</p><p>caso de alienação, terá preferência para a aquisição, sucessivamente, o titular das lajes descen-</p><p>dentes e o titular das lajes ascendentes, não assegurada a prioridade para a laje mais próxima.</p><p>Há prioridade para as lajes mais próximas, ao contrário do dito na questão (art. 1.510-D, § 2º,</p><p>do CC). Veja:</p><p>Art. 1.510-D. Em caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de prefe-</p><p>rência, em igualdade de condições com terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa</p><p>ordem, que serão cientificados por escrito para que se manifestem no prazo de trinta dias, salvo se</p><p>o contrato dispuser de modo diverso.</p><p>§ 1º O titular da construção-base ou da laje a quem não se der conhecimento da alienação poderá,</p><p>mediante depósito do respectivo preço, haver para si a parte alienada a terceiros, se o requerer no</p><p>prazo decadencial de cento e oitenta dias, contado da data de alienação.</p><p>§ 2º Se houver mais de uma laje, terá preferência, sucessivamente, o titular das lajes ascendentes e</p><p>o titular das lajes descendentes, assegurada a prioridade para a laje mais próxima à unidade sobre-</p><p>posta a ser alienada.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>http://www.senado.leg.br/estudos</p><p>66 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>061. (VUNESP/PROCURADOR/DAEM/2019/ADAPTADA) A ruína da construção-base não</p><p>implica extinção do direito real de laje se esta for reconstruída no prazo de cinco anos.</p><p>É o art. 1.510-E, II, do CC. Veja:</p><p>Art. 1.510-E. A ruína da construção-base implica extinção do direito real de laje, salvo:</p><p>I – se este tiver sido instituído sobre o subsolo;</p><p>II – se a construção-base não for reconstruída no prazo de cinco anos;</p><p>Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta o direito a eventual reparação civil contra o</p><p>culpado pela ruína.</p><p>Certo.</p><p>062. (VUNESP/PROCURADOR/DAEM/2019/ADAPTADA) A ruína da construção-base impli-</p><p>ca extinção do direito real de laje, mesmo se este tiver sido instituído sobre o subsolo.</p><p>Contraria o art. 1.510-E, I, do CC.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>67 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>GABARITO</p><p>29. e</p><p>30. E</p><p>31. E</p><p>32. C</p><p>33. C</p><p>34. E</p><p>35. E</p><p>36. C</p><p>37. E</p><p>38. C</p><p>39. C</p><p>40. C</p><p>41. E</p><p>42. E</p><p>43. E</p><p>44. E</p><p>45. E</p><p>46. E</p><p>47. E</p><p>48. E</p><p>49. C</p><p>50. E</p><p>51. E</p><p>52. C</p><p>53. E</p><p>54. E</p><p>55. E</p><p>56. e</p><p>57. E</p><p>58. E</p><p>59. C</p><p>60. E</p><p>61. C</p><p>62. E</p><p>Carlos Elias</p><p>Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no</p><p>concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para</p><p>concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado</p><p>da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito</p><p>pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB</p><p>de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do</p><p>Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>Apresentação</p><p>Coisas – Parte I</p><p>1. Noções Gerais de Direitos das Coisas</p><p>2. Propriedade e Domínio</p><p>3. Noções Gerais de Direitos Reais</p><p>4. Teoria Realista vs Teoria Personalista</p><p>5. Princípios dos Direitos Reais</p><p>5.1. Princípio da Taxatividade</p><p>5.2. Princípio do Absolutismo</p><p>5.3. Princípio da Aderência ou da Inerência (Direito de Sequela)</p><p>5.4. Princípio da Prevalência (Prior in Tempore, Potio in Iure)</p><p>6. Constituição de Direitos Reais</p><p>7. Poderes Inerentes à Propriedade e à Plasticidade</p><p>8. Classificação da Propriedade quanto à Plenitude</p><p>9. Princípio da Perpetuidade do Direito Real de Propriedade</p><p>10. Princípio da Exclusividade</p><p>11. Direitos Reais em Espécies: Noções Gerais</p><p>12. Direito Real de Propriedade</p><p>12.1. Noções Gerais</p><p>12.2. Descoberta (Antiga “Invenção”)</p><p>12.3. Aquisição Imobiliária</p><p>12.4. Acessão sobre Imóveis</p><p>12.5. Construção ou Plantação em Terreno Alheio e a Acessão Inversa</p><p>12.6. Construção Parcialmente em Terreno Alheio</p><p>12.7. Aquisição Mobiliária</p><p>12.8. Ocupação, Tesouro, Especificação e Acessão de Móvel a Móvel (Confusão, Comistão e Adjunção)</p><p>12.9. Extinção</p><p>13. Direito Real de Laje</p><p>13.1. Noções Gerais</p><p>13.2. Mesma Pessoa como Titular da Construção-Base e das Lajes</p><p>13.3. Lajes Sucessivas (Graus de Laje)</p><p>13.4. Dispensa de Entrada para as Lajes e a Aplicação do Direito de Vizinhança</p><p>13.5. Natureza Jurídica: Direito Real sobre Coisa Própria ou Alheia? Questões Práticas: Tributos Reais (IPTU etc.), Ônus Reais etc.</p><p>13.6. Observância da Legislação Urbanística e a Qualificação do Título pelo Cartório de Imóveis</p><p>13.7. Titularidade do Solo: Ausência de Frações Ideais</p><p>13.8. Condomínio Necessário sobre Partes Comuns do Edifício: Consequências Práticas e Regras de Administração</p><p>13.9. Direito de Preferência</p><p>13.10. Extinção da Laje</p><p>13.11. Procedimento no Cartório de Registro de Imóveis</p><p>14. Direito Real de Aquisição</p><p>Questões de Concurso</p><p>Gabarito</p><p>AVALIAR 5:</p><p>Página 68:</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>7 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>• Álveo abandonado (art. 1.252, CC; arts. 26 e 27, Código de Águas): se o rio não nave-</p><p>gável secar ou desviar seu curso emergindo o álveo, os proprietários dos imóveis ribei-</p><p>ros passarão a ser titulares desse álveo na proporção da respectiva testada até a linha</p><p>média, sem ter de indenizar terceiros cujos imóveis tenham sido total ou parcialmente</p><p>submersos pelo desvio do curso do rio;</p><p>• Os arts. 1.255 ao 1.259 do Código Civil estabelecem regras para situações em que al-</p><p>guém planta ou constrói em terreno alheio;</p><p>• Há figuras específicas para aquisição de móveis, nomeadamente a ocupação (art. 1.263,</p><p>CC), achado de tesouro (arts. 1.264 ao 1.266, CC); especificação (arts. 1.269 ao 1.271,</p><p>CC); acessão de móvel a móvel (confusão, adjunção e comistão (arts. 1.272 ao 1.273,</p><p>CC);</p><p>• As hipóteses de extinção do direito real de propriedade estão catalogadas no art. 1.275</p><p>do CC e ocorrem por ato de vontade explícita ou implícita do proprietário (alienação,</p><p>abandono ou renúncia), por ato de império do Estado (desapropriação) ou pela perda do</p><p>objeto do direito real de propriedade (perecimento);</p><p>• Disciplinado nos arts. 1.510-A ao 1.510-E do CC e no art. 176. § 9º, da LRP, o direito real</p><p>de laje é aquele por meio do qual o titular da construção-base cede a superfície superior</p><p>(o telhado) ou inferior (a base) para a criação de uma unidade autônoma em projeção</p><p>vertical ascendente (aérea) ou descendente (subterrânea).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>8 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>COISAS – PARTE I</p><p>1. noções GerAis de direitos dAs CoisAs</p><p>Direito das Coisas</p><p>Teorias</p><p>Institutos</p><p>Direitos reais</p><p>Posse e detenção</p><p>Direitos de vizinhança</p><p>Teoria realista</p><p>Teoria</p><p>personalista</p><p>Indivíduo vs</p><p>Coisas</p><p>Indivíduos vs</p><p>Coletividade</p><p>Queridos e queridas, vamos começar com alguns conceitos teóricos básicos.</p><p>O Direito das Coisas é o ramo do Direito Civil que lida com a relação jurídica entre o indiví-</p><p>duo e a coisa (teoria realista) ou, na visão da teoria personalista, entre um indivíduo e a coleti-</p><p>vidade em relação a uma coisa.</p><p>Quem é titular do direito real de propriedade pode opor seu direito contra qualquer pessoa,</p><p>mas que quem apenas é apenas titular de um crédito proveniente de um contrato só pode opor</p><p>esse direito contra a outra parte do contrato, e não contra terceiros (ex.: não pode cobrar a dí-</p><p>vida de um amigo da parte devedora).</p><p>O Direito das Coisas é dividido em três principais grupos de matérias:</p><p>• (1) direitos reais;</p><p>• (2) posse e detenção; e</p><p>• (3) direito de vizinhança.</p><p>No CC, os direitos reais estão tratados nos arts. 1.225 ao 1.276 e nos arts. 1.314 ao 1.510-</p><p>E, a posse está nos arts. 1.196 a 1.224 e o direito de vizinhança está nos arts. 1.277 ao 1.313.</p><p>Vale a pena você passar os olhos nesses dispositivos para “pegar” uma visão panorâmica do</p><p>Código Civil nessa parte.</p><p>Qual é a diferença entre “Direito das Coisas” e “Direitos Obrigacionais”?</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>9 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Enquanto o Direito das Coisas disciplina a relação entre um indivíduo e a coisa (um titular</p><p>e a coisa), o Direito das Obrigações cuida de relações jurídicas entre os indivíduos (um credor</p><p>e um devedor).</p><p>A distinção clássica assenta-se na diferença entre os direitos reais (um dos conceitos cen-</p><p>trais do Direito das Coisas) e os direitos obrigacionais. Os direitos reais envolvem uma eficácia</p><p>erga omnes, ao contrário dos direitos obrigacionais, que gozam de eficácia inter partes, ou seja,</p><p>de eficácia apenas entre as partes da obrigação (credor e devedor).</p><p>Essa distinção fica clara quando se lembra do velho jargão: “quem não registra não é dono”.</p><p>Se alguém celebra um contrato de compra e venda de um imóvel, mas não o registra, tem ape-</p><p>nas um direito obrigacional e, portanto, ficará sem imóvel algum na hipótese de o vendedor ma-</p><p>landramente vender o mesmo imóvel um terceiro que venha a promover o registro no Cartório</p><p>de Imóveis. O terceiro, com esse registro, terá adquirido um direito real de propriedade, o qual</p><p>é oponível contra qualquer pessoa, até mesmo contra aquele negligente primeiro comprador.</p><p>A questão, porém, não é simples, especialmente diante da existência de direitos obrigacio-</p><p>nais com eficácia real e de situações obrigacionais que, à luz da doutrina do terceiro cúmplice</p><p>– que é fruto da chamada tutela externa do crédito, um instituto assentado na boa-fé objetiva</p><p>–, atinge terceiros. Há quem desconfie da existência de uma efetiva diferença teórica entre</p><p>direitos reais e direitos obrigacionais.</p><p>De qualquer forma, ainda prevalece na doutrina a distinção clássica supracitada.</p><p>2. propriedAde e domínio</p><p>Obs.: o conceito de propriedade é mais amplo e abrange o conceito de domínio.</p><p>Legislador nem sempre se atenta para essas nomenclaturas.</p><p>Propriedade e domínio</p><p>Propriedade = bens corpóreos ou</p><p>incorpóreos</p><p>Domínio = bem corpóreo</p><p>Veja a questão.</p><p>001. (FAPEMS/DELEGADO/PC-MS/2017/ADAPTADA) De acordo com os civilistas, o direi-</p><p>to de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas</p><p>e sociais e de modo que sejam preservados a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio</p><p>ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.</p><p>A posse, de sua feita, é um poder de fato sobre a coisa cuja configuração não exige o elemento</p><p>“função social”.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>10 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>A questão está “errada”, porque a posse também tem de observar a função social. Quando o</p><p>art. 5º, inciso XXIII, da CF estabelece que a propriedade tem de observar a função social, ela</p><p>está valendo-se do sentido amplo de “propriedade”, que abrange todos os tipos de titularida-</p><p>des, inclusive a posse.</p><p>Errado.</p><p>002. (PUC-PR/JUIZ/TJ-PR/2014) Ao manter, no caput do art. 1228 do CC, a descrição dos</p><p>direitos do proprietário de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa, foi preservado o direito real</p><p>vinculado e submetido ao poder absoluto daquele (proprietário).</p><p>O gabarito é “errado”, porque não há mais poder absoluto do proprietário, pois o poder do pro-</p><p>prietário é flexibilizado pela função social, que deve ser observada pelo proprietário (art. 5º,</p><p>inciso XXIII, da CF).</p><p>Errado.</p><p>003. (FCC/DEFENSOR/DPE-AM/2018) São defesos os atos que não trazem ao proprietário</p><p>qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.</p><p>Esse enunciado normativo diz respeito</p><p>a) à onerosidade excessiva.</p><p>b) à lesão.</p><p>c) ao enriquecimento sem causa.</p><p>d) à comutatividade.</p><p>e) ao abuso de direito.</p><p>A questão retrata uma espécie de abuso de direito, consistente na adoção de comportamento</p><p>destinado a prejudicar outrem mediante o exercício de um direito. O enunciado é um retrato da</p><p>Teoria dos Atos Emulativos (art. 1.228, § 2º, CC).</p><p>Letra e.</p><p>Vamos explicar mais.</p><p>Propriedade em sentido amplo abrange qualquer titularidade de bens</p><p>corpóreos ou incor-</p><p>póreos. Não se restringe ao direito das coisas. Abrange também propriedade sobre imateriais,</p><p>como é o caso dos direitos de crédito, dos direitos autorais, da propriedade industrial, dos direi-</p><p>tos decorrentes da posse etc. É esse sentido amplo que a Constituição Federal utiliza quando</p><p>protege o direito de propriedade e o sujeita à função social no art. 5º, caput, XXII e XXIII.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>11 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Domínio é a titularidade de coisa corpórea por meio de um direito real de propriedade. Por</p><p>isso, não podemos falar em domínio intelectual, e sim em propriedade intelectual. Como se vê,</p><p>o conceito de propriedade é mais amplo e abrange também o de domínio. Em várias ocasiões,</p><p>a legislação emprega a palavra “propriedade” para se referir apenas ao domínio, a exemplo do</p><p>conceito de direito real de propriedade (art. 1.225, I, CC), que se restringe aos bens corpóreos.</p><p>O legislador, porém, não leva essa distinção terminológica com rigorismo, de modo que o</p><p>jurista deverá ser flexível ao se deparar com esses verbetes na legislação a fim de identificar a</p><p>real intenção da lei.</p><p>3. noções GerAis de direitos reAis</p><p>Direitos Reais vs</p><p>Direitos Obrigacionais</p><p>Direitos reais</p><p>Direitos obrigacionais</p><p>Adesão à própria coisa</p><p>Oponibilidade erga omnes</p><p>Sem adesão a outra parte</p><p>Oponibilidade inter partes</p><p>Direito obrigacional se distingue do direito real.</p><p>No direito obrigacional, o credor tem um direito perante o devedor para receber alguma</p><p>prestação, que pode ou não estar vinculado a fruir alguma coisa. É o caso do contrato de alu-</p><p>guel. Se alguém aluga um imóvel, ele tem um direito meramente obrigacional de exigir que o</p><p>locador lhe disponibilize o uso do imóvel. Não se cuida de um direito NA coisa (ius in re), e sim</p><p>direito À coisa (ius ad rem). Em outras palavras, o inquilino tem um direito de constranger o</p><p>locador a garantir o uso da coisa. O direito do inquilino não está “na coisa” e, portanto, só é opo-</p><p>nível perante o locador, e não contra terceiros. Assim, se o inquilino estiver morando no imóvel</p><p>alugado, o locador não pode retirá-lo de lá. Todavia, se aparecer um terceiro que comprove ser</p><p>o verdadeiro proprietário do imóvel (ex.: provou que o título de propriedade do locador é nulo),</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>12 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>esse terceiro pode expulsar o inquilino do imóvel, pois o inquilino não tem um direito “na coisa”,</p><p>e sim direito perante o locador apenas. Igualmente, se o locador transferir o direito real de pro-</p><p>priedade do imóvel para um terceiro (vendendo-lhe, por exemplo, o imóvel), o novo proprietário</p><p>poderá exigir que o inquilino saia do imóvel: o inquilino nada poderá fazer diante desse novo</p><p>proprietário, pois o direito do inquilino é apenas um direito oponível perante o antigo proprietá-</p><p>rio, ou seja, é um direito meramente obrigacional1.</p><p>É diferente o que sucede no direito real. Neste não há credor e devedor. Há apenas um ti-</p><p>tular do direito real. Ele tem um direito “na coisa” e, portanto, pode se opor contra qualquer um</p><p>que ameace esse direito. Por exemplo, se alguém, no lugar de celebrar um contrato de locação,</p><p>adquire um direito real de usufruto sobre o imóvel, ele passa a ter um vínculo jurídico com a</p><p>coisa em razão do qual poderá exercer os poderes de usá-la e fruí-la com exclusão de quem</p><p>quer que seja. Se o proprietário vender o imóvel, o novo proprietário não poderá expulsar o usu-</p><p>frutuário da coisa, pois o direito do usufrutuário é um direito real, e não um direito obrigacional,</p><p>ou seja, o usufrutuário tem um direito “na coisa”. Trocando em miúdos, o adquirente do imóvel</p><p>comprou um imóvel já manchado com um direito real de usufruto ou, na metáfora dos roma-</p><p>nos, comprou um imóvel leproso. Os romanos diziam que o direito real adere à coisa, como a</p><p>lepra ao corpo (uti lepra cuti).</p><p>Outro exemplo: se o banco tem um direito real de hipoteca sobre um imóvel como garan-</p><p>tia de uma dívida contraída pelo proprietário do imóvel, esse direito do banco está grudado</p><p>à coisa, porque é um direito real. Como consequência, se um terceiro adquirir a coisa, estará</p><p>adquirindo um imóvel hipotecado e, portanto, estará vulnerável diante do banco caso o antigo</p><p>proprietário não pague a dívida garantida pela hipoteca. O banco tem um direito real de hipo-</p><p>teca que lhe garantirá penhorar e leiloar o imóvel no caso de inadimplência da dívida garantida</p><p>ainda que outra pessoa tenha adquirido a propriedade do bem. Outro exemplo:</p><p>Direito real é, pois, o vínculo jurídico em razão do qual o titular pode exercer, total ou parcial-</p><p>mente, poderes sobre uma coisa com exclusão de qualquer outra pessoa. É, pois, um direito</p><p>grudado à coisa, é um ius in re (na expressão dos juristas medievais), é uma lepra grudada na</p><p>coisa (na metáfora romana).</p><p>4. teoriA reAlistA vs teoriA personAlistA</p><p>Há duas teorias para definir os direitos reais: a realista e a personalista.</p><p>A teoria realista ou clássica define-o como um vínculo da pessoa (o titular) com a coisa. E,</p><p>como a relação jurídica é com a coisa, o titular pode opor-se a terceiros. O adjetivo realista é</p><p>por que a teoria focaliza a coisa (res).</p><p>1 Se o inquilino tivesse pactuado uma cláusula de vigência da locação e a tivesse averbado na matrícula do imóvel, aí ele</p><p>teria um direito com eficácia real perante o novo proprietário e, assim, poderia continuar no imóvel até o fim do contrato de</p><p>locação. Esse direito de continuar no imóvel, todavia, não é um direito puramente obrigacional, e sim um direito obrigacional</p><p>com eficácia real (art. 8º, Lei n. 8.245/91; art. 576, CC; art. 167, I, “3”, Lei n. 6.015/73).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>13 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>A teoria personalista define o direito real como um vínculo jurídico da pessoa (titular) com</p><p>toda a sociedade, que se torna obrigada a respeitar o direito do titular sobre a coisa. O adjetivo</p><p>personalista é por que a teoria centra-se nas pessoas que tem de respeitar o direito real.</p><p>As duas teorias chegam ao mesmo resultado prático: assegurar a eficácia erga omnes dos</p><p>direitos reais. A diferença entre elas é estética, pois uma foca na existência de uma relação</p><p>jurídica entre pessoa e coisa (teoria realista) e a outra, na existência de uma relação entre uma</p><p>pessoa e terceiros indeterminados em relação a uma coisa.</p><p>5. prinCípios dos direitos reAis</p><p>Princípios dos</p><p>Direitos Reais</p><p>Taxatividade</p><p>Controvérsia</p><p>Direitos obrigacionais com eficácia real?</p><p>Oponibilidade erga omnes</p><p>Direito de sequela</p><p>Prior in tempore potio in iure</p><p>Absolutismo</p><p>Aderência</p><p>Prevalência</p><p>5.1. prinCípio dA tAxAtividAde</p><p>Veja a questão.</p><p>004. (MPE-RS/PROMOTOR/MPE-RS/2017/ADAPTADA) As leis extravagantes podem criar</p><p>novos direitos reais, sem a sua descrição expressa no dispositivo civil que os prevê.</p><p>O gabarito é “correto”, pois qualquer lei pode criar direitos reais, a exemplo da caução e da ces-</p><p>são fiduciária de direitos creditórios relativos a contratos de alienação</p><p>de imóveis nos termos</p><p>do art. 17, § 1º, da Lei n. 9.514/97.</p><p>Certo.</p><p>Vamos tratar mais do assunto.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>14 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Ainda hoje, há controvérsia sobre a adoção ou não do princípio da taxatividade. Merece ser</p><p>anulada questão de prova objetiva que afirme ter sido adotada ou não esse princípio.</p><p>Pelo princípio da taxatividade ou do numerus clausus, os direitos reais só podem ser cria-</p><p>dos mediante lei. As espécies de direitos reais estão catalogadas taxatividade na lei (numerus</p><p>clausus). É vedado, pois, que os particulares, por mero acordo de vontade, criem direitos reais,</p><p>ao contrário do que sucede com os contratos.</p><p>Prevalece, na doutrina majoritária, que o princípio da taxatividade dos direitos reais vigora</p><p>no Brasil. E há motivo para tanto: como os direitos reais são oponíveis contra terceiros e como</p><p>eles restringem o regime do direito real de propriedade, só lei poderia vincular terceiros ou</p><p>limitar o direito de propriedade perante terceiros, pois, pelo princípio da legalidade, ninguém é</p><p>obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei.</p><p>Sob essa ótica, os direitos reais não estão apenas no art. 1.225 do CC, mas também em</p><p>outros dispositivos legais. Como exemplo de direitos reais previstos fora do art. 1.225 do CC,</p><p>podem-se citar:</p><p>• a caução de direitos creditórios ou aquisitivos decorrentes de contratos de venda ou</p><p>promessa de venda de imóveis (Art. 17, III, e § 1º, da Lei n. 9.514/97; art. 167, II, “8”, da</p><p>Lei n. 6.015/73);</p><p>• a cessão fiduciária de direitos creditórios decorrentes de contratos de alienação de imó-</p><p>veis (art. 17, II, e § 1º, da Lei n. 9.514/97; e art. 167, II, “8”, da LRP).</p><p>O tema, porém, vem sendo objeto de controvérsias.</p><p>5.1.1. Direitos Reais vs Direitos Obrigacionais com Eficácia Real</p><p>Direitos reais são aqueles assim nominados em lei em razão do princípio da taxatividade.</p><p>Há, porém, direitos obrigacionais que, por força de lei, podem adquirir eficácia contra tercei-</p><p>ros mediante sua publicação nos registros públicos. Trata-se dos direitos obrigacionais com</p><p>eficácia real. São exemplos deles:</p><p>• a) a cláusula de vigência do contrato de locação no caso de alienação se for inscrita nos</p><p>registros públicos (art. 8º, Lei n. 8.245/91; art. 576, CC; art. 167, I, “3”, Lei n. 6.015/73);</p><p>• b) o direito de preferência do inquilino em adquirir o imóvel urbano alugado (art. 33 da</p><p>Lei n. 8.245/91; art. 167, II, “16”, Lei n. 6.015/73);</p><p>• c) caução de bens móveis e de bens imóveis em contrato de locação de imóvel urbano</p><p>quando inscrita nos registros públicos (art. 38, Lei n. 8.245/91).</p><p>Em relação às cláusulas especiais de compra e venda (retrovenda, venda a contento, pre-</p><p>empção, venda com reserva de domínio e venda sobre documentos), consideramos que elas</p><p>apenas representam formas de expressão do direito real de propriedade. Não são, pois, direi-</p><p>tos reais autônomos nem direitos obrigacionais com eficácia real. No caso da venda sobre</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>15 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>documentos, trata-se apenas de uma forma de presunção de tradição por meio da entrega de</p><p>documento representativo da coisa. Nos demais casos, cuida-se de formas de condições sus-</p><p>pensivas ou resolutivas que modelam o direito real de propriedade.</p><p>5.1.2. Exemplo de Utilidade Prática no Debate: Aplicação do Art. 108 do CC</p><p>Há repercussão prática em definir um direito como real ou como obrigacional com eficá-</p><p>cia real. Um exemplo é o fato de que o art. 108 do CC exige escritura pública para negócios</p><p>jurídicos envolvendo direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 salários mínimos. Esse</p><p>dispositivo só se aplica para direitos reais. Assim, no caso dos direitos obrigacionais com</p><p>eficácia real – a exemplo da caução de bens imóveis em locação, da cláusula de vigência da</p><p>locação ou do direito de preferência na locação –, não se aplica o art. 108 do CC: esses direitos</p><p>obrigacionais com eficácia real podem ser formalizados por instrumentos particulares a serem</p><p>inscritos no Cartório de Imóveis.</p><p>O legislador pressupôs a taxatividade dos direitos reais na redação dos dispositivos. Ne-</p><p>gá-la para considerar, como direitos reais, situações obrigacionais com eficácia erga omnes é</p><p>subverter o sistema legal brasileiro e, por consequência, causar problemas como o da aplica-</p><p>ção do art. 108 do CC para hipóteses em que esse preceito não seria aplicável.</p><p>É verdade que os direitos reais se assemelham aos obrigacionais com eficácia real em</p><p>razão de ambos terem eficácia erga omnes; todavia, o legislador não considerou as duas cate-</p><p>gorias como sinônimas nem com o mesmo regime jurídico, e isso tem de ser observado.</p><p>5.2. prinCípio do Absolutismo</p><p>Os direitos são direitos absolutos, ou seja, são direitos oponíveis erga omnes (contra to-</p><p>dos). Difere dos direitos obrigacionais, que são direitos relativos, ou seja, são oponíveis inter</p><p>partes (entre as partes).</p><p>5.3. prinCípio dA AderênCiA ou dA inerênCiA (direito de sequelA)</p><p>Os direitos reais aderem à coisa, o que autoriza o seu titular a opor-se perante terceiros.</p><p>Trata-se do princípio da aderência ou da inerência.</p><p>Daí decorre o direito de sequela, por meio do qual o titular do direito real pode reivindicar</p><p>a coisa das mãos de quem quer que seja. O direito real segue a coisa (daí o nome “direito de</p><p>sequela2”). Esse direito está no art. 1.228 do CC. Assim, quem tem um direito real de hipoteca</p><p>sobre um imóvel poderá exercer esse direito mesmo no caso de o imóvel ter sido vendido para</p><p>terceiros, visto que o direito real de hipoteca acompanhará a coisa. Igualmente o titular de um</p><p>direito real de propriedade pode reivindicar a coisa das mãos de algum invasor.</p><p>2 Sequela, entre outros significados, significa o ato ou efeito de seguir.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>16 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>5.4. prinCípio dA prevAlênCiA (Prior in TemPore, PoTio in iure)</p><p>A prevalência é a característica de que os direitos reais instituídos em primeiro lugar pre-</p><p>valecem sobre direitos reais contraditórios instituídos posteriormente3. Trata-se da máxima</p><p>romana prior in tempore potio in iure (primeiro no tempo, mais forte no direito).</p><p>Assim, se uma pessoa ardilosamente vende duas vezes o mesmo imóvel, o comprador que,</p><p>em primeiro lugar, registrar a escritura de compra e venda terá um direito de propriedade que</p><p>prevalecerá sobre o outro comprador.</p><p>Igualmente, se uma pessoa oferece o imóvel em hipoteca perante dois credores, aquele</p><p>que, em primeiro lugar, registrar a hipoteca prevalecerá sobre o outro e terá uma hipoteca de</p><p>primeiro grau, de modo que restará ao outro uma hipoteca de segundo grau.</p><p>3 O civilista português Luís Manuel Teles de Menezes Cordeiro</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>17 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>6. Constituição de direitos reAis</p><p>Imóvel</p><p>Usucapião (mero</p><p>transcurso do</p><p>tempo)</p><p>Perda da propriedade</p><p>por perecimento da</p><p>coisa (momento do</p><p>perecimento dos</p><p>bens)</p><p>Comunicação pelo</p><p>regime de bens</p><p>(momento da</p><p>aquisição de dos bens)</p><p>Aquisição de</p><p>imóvel por acessão</p><p>(momento da</p><p>acessão)</p><p>Sucessão causa</p><p>mortis (morte)</p><p>Registro no Cartório</p><p>de Imóveis</p><p>Exceções</p><p>Constituição de</p><p>Direitos Reais</p><p>Móvel</p><p>Penhor comum</p><p>Alienação fiduciária</p><p>sobre bens móveis</p><p>Alienação fiduciária</p><p>sobre veículos</p><p>Penhor de veículos</p><p>Penhor de direitos</p><p>Penhor rural</p><p>Tradição</p><p>Exceções: registro</p><p>público</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>18 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Começo com a questão.</p><p>005. (CONSULPLAN/TITULAR DE CARTÓRIO/TJ-MG/2018/ADAPTADA) Os direitos reais</p><p>sobre coisas imóveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adqui-</p><p>rem com a tradição.</p><p>O item está “errado”, pois os direitos reais sobre imóveis se constituem, em regra, com o regis-</p><p>tro (arts. 1.227 e 1.245, CC).</p><p>Errado.</p><p>006. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PI/2014) A aquisição da propriedade imobiliária em decor-</p><p>rência do direito hereditário se dá com o registro do título na serventia extrajudicial competente.</p><p>O gabarito é “errado”, pois, no caso de sucessão causa mortis (direito hereditário), a aquisição</p><p>da propriedade pelos herdeiros ocorre no momento da morte por força do princípio da Saisine</p><p>previsto no art. 1.784 do CC, de sorte que o registro do título no Cartório de Imóveis (serventia</p><p>extrajudicial) tem natureza declaratória.</p><p>Errado.</p><p>Vamos tratar mais disso.</p><p>A constituição dos direitos reais varia a depender de o objeto ser imóvel ou móvel.</p><p>Os direitos reais sobre imóveis nascem, em regra, com o registro do título na matrícula</p><p>do imóvel perante o Cartório de Imóveis (arts. 1.227 e 1.245, CC). Trata-se do princípio da</p><p>inscrição. Antes do registro, não há direito real. Assim, quem assina uma escritura pública de</p><p>compra e venda de um imóvel tem apenas um direito obrigacional a adquirir o bem, mas, no</p><p>momento em que registrar essa escritura no Cartório de Registro de Imóveis, tornar-se-á titular</p><p>de um direito real de propriedade.</p><p>Há exceções decorrentes de lei ao princípio da inscrição, especialmente estes:</p><p>• a) Usucapião (arts. 1.238 e 1.260, CC): o direito real de propriedade do usucapiente nas-</p><p>ce com o mero transcurso do tempo, de modo que a sentença é declaratória;</p><p>• b) Sucessão causa mortis (art. 1.784, CC): a transmissão ocorre no momento da morte</p><p>por conta do princípio da Saisine;</p><p>• c) Aquisição de imóvel por acessão (art. 1.248, CC): a aquisição da propriedade sobre a</p><p>acessão, como no caso de uma construção, ocorre no momento em que ela ocorre, de</p><p>modo que a averbação posterior no Cartório de Imóveis é meramente declaratória;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>19 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>• d) Comunicação pelo regime de bens (art. 1.639, § 1º, CC): a comunicação ocorre auto-</p><p>maticamente com a aquisição dos bens;</p><p>• e) Perda da propriedade por perecimento da coisa (art. 1.275, IV, CC): a extinção do</p><p>direito real de propriedade ocorre com o perecimento da coisa, de modo que posterior</p><p>averbação no Cartório de Imóveis é meramente declaratória.</p><p>A constituição do direito real sobre móveis ocorre com tradição (arts. 1.226, 1.267 e 1.268,</p><p>CC). Há, porém, exceções.</p><p>De um lado, há exceções legais que são comuns aos direitos reais sobre imóveis, a saber:</p><p>• a) usucapião (arts. 1.262 ao 1.262, CC);</p><p>• b) sucessão causa mortis (art. 1.784, CC);</p><p>• c) Comunicação pelo regime de bens (art. 1.639, § 1º, CC).</p><p>De outro lado, há exceções legais que consistem na exigência de um registro para o nasci-</p><p>mento do direito real, a exemplo destes casos:</p><p>• a) Penhor comum: além da tradição, é necessário o registro no Registro de Títulos e Do-</p><p>cumentos – RTD para oponibilidade erga omnes (art. 1.431 e 1.432, CC);</p><p>• b) Penhor rural (agrícola ou pecuário) e industrial: direito real surge com o registro no</p><p>Registro de Imóveis – RI (arts. 1.438 e 1.448, CC). O registro não é feito na matrícula</p><p>do imóvel, e sim no Livro 3, que é o livro do Registro Auxiliar (art. 178, II e VI, da Lei n.</p><p>6.015/73);</p><p>• c) Penhor de direitos: direito real nasce com registro no RTD (art. 1.452, CC);</p><p>• d) Penhor de veículos: direito real surge mediante registro no RTD e anotação no certifi-</p><p>cado de propriedade (Detran local), conforme art. 1.466, CC);</p><p>• e) Alienação fiduciária sobre bens móveis: registro no RTD (art. 1.361, § 1º, do CC), mes-</p><p>mo que conste de cédula de crédito rural ou industrial (caso em que será necessário o</p><p>registro da cédula no Livro 3 do RI e o registro da alienação fiduciária de móveis no RTD,</p><p>consoante arts. 129, “5º”, e 178, II, da Lei n. 6.017/73);</p><p>• f) Alienação fiduciária sobre veículo: basta registro no DETRAN, consoante art. 1.361,</p><p>§ 1º, CC, que prevalece sobre o art. 129, “5”, da Lei n. 6.015/73: não há necessidade de</p><p>registro no RTD para a transferência de veículo. O registro no RTD só teria importância</p><p>para preservar direitos contra terceiros, segundo o STJ (STJ, AgRg nos EREsp 875.634/</p><p>PB, 1ª Seção, Rel. Ministro Luiz Fux, DJe 01/03/2010).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>20 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>7. poderes inerentes à propriedAde e à plAstiCidAde</p><p>Plasticidade do</p><p>Direito Real de</p><p>Propriedade</p><p>Direitos reais</p><p>sobre coisa alheia</p><p>Elementos</p><p>acidentais</p><p>Desmembramento</p><p>de poderes</p><p>inerentes</p><p>Restrições</p><p>Antes de tudo, veja a questão.</p><p>007. (PUC-PR/JUIZ/TJ-PR/2014/ADAPTADA) A faculdade de dispor da coisa abrange tanto</p><p>a disposição jurídica quanto a material. Ou seja, pode o proprietário exercer livremente a prer-</p><p>rogativa de alienar o bem, consumi-lo ou até destruí-lo, sem ingerências externas.</p><p>Essa questão foi anulada. Em princípio, ela está correta, pois o poder de dispor (ius abutendi)</p><p>envolve o poder de dispor da coisa física ou juridicamente. A anulação, porém, decorreu do fato</p><p>de que, no contexto da questão (que era um item ao lado de outros), é preciso lembrar que a</p><p>função social tem ser de observada pelo proprietário, o que impede que haja o exercício do ius</p><p>abutendi de modo arbitrário. Assim, não poderia, por exemplo, um proprietário submergir o seu</p><p>terreno causando uma inundação; não pode também deixar o imóvel sem os devidos reparos</p><p>se ele estiver ameaçando ruir sobre o vizinho por força de regras de direito de vizinhança (art.</p><p>1.280, CC). Ao nosso sentir, não havia necessidade de anular a questão, porque ela não nega a</p><p>aplicação da função social.</p><p>Anulada.</p><p>Seja como for, vamos tratar de alguns aspectos envolvendo os poderes inerentes à proprie-</p><p>dade e a plasticidade.</p><p>A plasticidade (ou a elasticidade) do direito de propriedade diz respeito a flexibilizações</p><p>que podem ser feitas nos poderes inerentes à propriedade: o poder de usar (ius utendi), o poder</p><p>de fruir (ius fruendi), o poder de dispor (ius abutendi)</p><p>e o poder de perseguir a coisa nas mãos</p><p>de terceiro (ius persequendi). Eles estão previstos no art. 1.228, CC. Quem é titular do direito</p><p>real de propriedade tem esses poderes (ou faculdades) sobre a coisa. Essas flexibilizações</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>21 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>podem ocorrer por meio de direitos reais sobre coisa alheia ou por elementos acidentais do</p><p>negócio jurídico (termo, condição e encargo).</p><p>Por intermédio dos direitos reais sobre coisa alheia, esses poderes inerentes à propriedade</p><p>podem ser desmembrados (destacados, arrancados) das mãos do proprietário em favor do</p><p>titular desse direito real sobre coisa alheia.</p><p>Por exemplo, ao se instituir um direito real de usufruto sobre um imóvel, os poderes de usar,</p><p>fruir e parcialmente o de perseguir a coisa são destacados da propriedade e revertidos em fa-</p><p>vor do usufrutuário. Só sobrará ao proprietário o poder de dispor e parcialmente o de perseguir</p><p>a coisa. O usufrutuário ficará com os poderes desmembrados4 de usar, de fruir e, parcialmente,</p><p>de dispor. O direito real de propriedade, assim, ficou limitado, ficou amassado, ficou comprimi-</p><p>do. Ele, todavia, tenderá a voltar ao seu estado inicial de plenitude quando, no futuro, o direito</p><p>real de usufruto se extinguir. Outro exemplo é o direito real de hipoteca, que desmembra par-</p><p>cialmente o poder de dispor da coisa: o proprietário ainda poderá vender o imóvel hipotecado,</p><p>mas o adquirente estará exposto aos efeitos de uma execução hipotecária no caso de inadim-</p><p>plemento da dívida garantida.</p><p>Em regra, os direitos reais sobre coisa alheia recaem apenas sobre o direito real de pro-</p><p>priedade, pois, além de essa ser a natureza desses direitos reais, a legislação os disciplina</p><p>sobre esse pressuposto. Assim, não se pode falar em usufruto sobre outro usufruto. Todavia,</p><p>excepcionalmente, quando a lei autorizar, é possível que um direito real sobre coisa alheia recai</p><p>sobre um outro congênere, como na hipótese do direito real de hipoteca, que pode recair sobre</p><p>o direito real de superfície por força do art. 1.473, X, CC.</p><p>De mais a mais, por meio dos elementos acidentais do negócio jurídico, os poderes ineren-</p><p>tes à propriedade podem ser flexibilizados também. Nesse caso, não se trata de um desmem-</p><p>bramento, pois esses poderes inerentes não estão sendo revertidos em prol de um terceiro.</p><p>Trata-se apenas de restrições ao direito real de propriedade. Assim, quando alguém adquire</p><p>um imóvel sob condição resolutiva, ele terá uma propriedade que se extinguirá com o advento</p><p>da condição resolutiva. Os seus poderes inerentes à propriedade são temporários. Igualmente,</p><p>quem adquire um imóvel por meio de uma doação com encargo poderá vir a perder a pro-</p><p>priedade se descumprir o encargo. A propósito da viabilidade jurídica de impor encargo a um</p><p>direito real de propriedade, há controvérsia sobre o assunto, de modo que o recomendável é</p><p>sempre prever o encargo como uma condição suspensiva ou resolutiva de modo expresso a</p><p>fim de fugir à controvérsia (Oliveira, 2020-D5).</p><p>Essas outras restrições podem recair também sobre direitos reais sobre coisa alheia, salvo</p><p>se houver proibição expressa ou se for contrário à natureza do direito real. Por exemplo, o direi-</p><p>to real de usufruto pode estar sujeito a um termo ou a uma condição resolutivos. Pode também</p><p>4 É atécnico afirmar que o usufrutário tem alguns poderes INERENTES à propriedade, pois ele não é proprietário. Ele, na ver-</p><p>dade, tem alguns poderes DESMEMBRADOS da propriedade.</p><p>5 Disponível em: https://migalhas.uol.com.br/coluna/migalhas-notariais-e-registrais/334813/doacao-com-encargo-e-a-efi-</p><p>cacia-contra-terceiros-e-o-registro-de-imoveis.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://migalhas.uol.com.br/coluna/migalhas-notariais-e-registrais/334813/doacao-com-encargo-e-a-eficacia-contra-terceiros-e-o-registro-de-imoveis</p><p>https://migalhas.uol.com.br/coluna/migalhas-notariais-e-registrais/334813/doacao-com-encargo-e-a-eficacia-contra-terceiros-e-o-registro-de-imoveis</p><p>22 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>está restrito por um encargo. Não há proibição legal nem contrariedade com a natureza do</p><p>direito real de usufruto.</p><p>8. ClAssifiCAção dA propriedAde quAnto à plenitude</p><p>Propriedade</p><p>quanto à sua</p><p>plenitude</p><p>Poderes inerentes à propriedade sem qualquer restrição</p><p>Presunção de plenitude da propriedade</p><p>Propriedade</p><p>restrita</p><p>Propriedade</p><p>plena</p><p>Propriedade</p><p>menos plena</p><p>Propriedade</p><p>temporária</p><p>Limitações subs-</p><p>tanciais nos pode-</p><p>res inerentes à</p><p>propriedade</p><p>Termo ou</p><p>condição</p><p>resolutivo</p><p>expressos</p><p>Outra causa</p><p>Revogável ou ad</p><p>tempus</p><p>Ex.: direitos reais</p><p>sobre coisa alheia</p><p>Resolúvel</p><p>Antes de tudo, resolva a questão.</p><p>008. (IBFC/PROCURADOR/CÂMARA FEIRA DE SANTANA-BA/2018) Assinale a alternati-</p><p>va correta sobre a noção de propriedade e a questão que envolve sua distinção entre plena</p><p>e limitada.</p><p>a) Propriedade plena é aquela que reúne os seus direitos elementares no do proprietário</p><p>b) A propriedade é plena ainda que exista ônus real sobre o bem</p><p>c) A propriedade é plena ainda que seja resolúvel</p><p>d) Toda propriedade é plena e a existência de ônus real representa sua ausência</p><p>O gabarito é “A”, porque, se houver ônus real ou condição resolutiva, a propriedade não é</p><p>menos plena.</p><p>Letra a.</p><p>Vamos tratar mais do tema.</p><p>Em razão da elasticidade ou plasticidade do direito real de propriedade, é possível classifi-</p><p>car a propriedade quanto à sua plenitude:</p><p>• Propriedade plena;</p><p>• Propriedade menos plena: pode ser subdividida em:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>23 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>− Propriedade restrita;</p><p>− Propriedade temporária: pode ser subdivida em:</p><p>◦ propriedade revogável;</p><p>◦ propriedade resolúvel;</p><p>◦ propriedade fiduciária.</p><p>Propriedade plena ou ilimitada é aquela cujo titular exerce plenamente todos os poderes</p><p>inerentes à propriedade, sem qualquer limitação, nem mesmo temporal. Também pode ser</p><p>chamada de propriedade alodial. A regra geral é a que a propriedade é plena, conforme art.</p><p>1.231 do CC, que afirma que “a propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrá-</p><p>rio”. Portanto, a propriedade menos plena é exceção.</p><p>Propriedade menos plena é aquela cujo titular tem limitações substanciais ou temporais</p><p>para exercer os poderes inerentes à propriedade em razão de um fato jurídico. As faculdades</p><p>de usar, fruir ou dispor estão com alguma restrição: ou foram desmembrada em favor de ter-</p><p>ceiros, ou se extinguirão com algum evento futuro, ou seu exercício está condicionado a algu-</p><p>ma conduta prévia etc. Metaforicamente, é um direito real de propriedade aleijado ou, para se</p><p>lembrar dos romanos antigos, com uma lepra. A propriedade menos plena pode ser restrita ou</p><p>temporária.</p><p>A propriedade é restrita quando o titular do direito sofre limitações substanciais para exer-</p><p>cer os poderes inerentes à propriedade. Isso ocorre quando há o desmembramento de poderes</p><p>inerentes à propriedade, o que pode ocorrer por conta de direitos reais sobre coisa alheia, de</p><p>direitos obrigacionais</p><p>com eficácia real ou de constrições judiciais. Assim, um imóvel gravado</p><p>por um direito real de hipoteca, de usufruto ou de servidão é exemplo de propriedade restrita.</p><p>Também o são um imóvel penhorado.</p><p>A propriedade é temporária quando ela poderá a vir se extinguir no futuro por conta do ad-</p><p>vento de um fato jurídico resolutivo. A propriedade temporária pode ser revogável ou resolúvel.</p><p>A propriedade resolúvel é aquela que se extingue pelo advento de um termo resolutivo</p><p>ou pelo implemento de uma condição resolutiva. No caso, por exemplo, de uma doação sob</p><p>condição resolutiva, o donatário terá uma propriedade resolúvel: se a condição resolutiva se</p><p>implementar, a propriedade se extingue.</p><p>Esses elementos acidentais (termo e condição) já são previamente conhecidos por estarem</p><p>previstos no negócio que gerou o direito real de propriedade. No exemplo acima, a condição</p><p>resolutiva estará noticiada na matrícula do imóvel para terceiros tomarem ciência. Por isso, o</p><p>art. 1.359 do CC estabelece que, no caso da propriedade resolúvel, a extinção da propriedade</p><p>é retroativa até a data da instituição da cláusula resolutiva apenas para o efeito de extinguir</p><p>direitos reais contraditórios. Trata-se do que chamamos de “efeito dominó”. Assim, ainda no</p><p>exemplo acima da doação sob condição suspensiva, se o donatário vender o imóvel para um</p><p>terceiro e se a condição resolutiva posteriormente se implementar, haverá o efeito dominó:</p><p>a doação se extinguirá e, em consequência, a posterior venda também. O terceiro perderá o</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>24 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>imóvel. Não há injustiça nisso, pois o terceiro adquirente já sabia que estava a comprar uma</p><p>propriedade menos plena, ou seja, uma propriedade leprosa: a matrícula do imóvel já noticiava</p><p>a existência da condição resolutiva.</p><p>A propriedade revogável ou ad tempus é aquela que se extingue por outra causa super-</p><p>veniente que não seja o implemento de uma condição ou termo resolutivos. Nesse caso, a</p><p>extinção não tem efeito retroativo. O efeito é ex nunc. Não há extinção de direitos anteriores.</p><p>Só sobrará ao beneficiário da extinção o direito de pleitear uma coisa similar ou o valor equiva-</p><p>lente, tudo conforme art. 1.360, CC. Por exemplo, se João doa um imóvel a Manoel, que, a seu</p><p>turno, vende o imóvel a Artur, e se, após isso, Manoel pratica um ato de ingratidão contra João</p><p>a autorizar a revogação da doação na forma do art. 555 do CC, não haverá o efeito dominó: Ar-</p><p>tur continuará como dono do imóvel. Não havia aí uma condição ou termo resolutivo expressos</p><p>na matrícula do imóvel. A propriedade é revogável. Só sobrará ao João o direito de exigir que</p><p>Manoel pague-lhe o valor do imóvel.</p><p>Igualmente, no caso de doação com encargo, a eventual revogação da doação por poste-</p><p>rior descumprimento do encargo na forma do art. 555 do CC não tem efeito retroativo, pois se</p><p>cuida de hipótese de propriedade revogável.</p><p>A propriedade fiduciária nada mais é do que uma espécie de propriedade resolúvel com a</p><p>particularidade de decorrer de uma alienação fiduciária em garantia. A alienação fiduciária em</p><p>garantia é a transferência de uma coisa sob a condição resolutiva consistente no adimplemen-</p><p>to de uma dívida. Assim, se, como garantia de um empréstimo que tomei, posso transferir ao</p><p>banco a propriedade do meu veículo até que eu pague integralmente as prestações. O banco</p><p>se torna proprietário do bem, mas sob uma condição resolutiva: o pagamento integral das</p><p>prestações dos empréstimos.</p><p>A propriedade fiduciária está genericamente disciplinada nos arts. 1.361 e seguintes do</p><p>Código Civil. Todavia, quando se tratar de imóvel, a regência será dada, de modo principal, pela</p><p>Lei n. 9.514/97, caso em que, nesse ponto, o Código Civil terá aplicação subsidiária (art. 1.367,</p><p>CC). Quando se tratar de móvel, além do CC, deve-se aplicar também o Decreto-Lei n. 911/67 e,</p><p>no caso de a dívida garantida ter sido contraída no âmbito do mercado financeiro e de capitais,</p><p>deve-se aplicar também o art. 66-B da Lei de Mercado de Capitais (Lei n. 4.728/65).</p><p>9. prinCípio dA perpetuidAde do direito reAl de propriedAde</p><p>O direito real de propriedade é perpétuo, ou seja, ele não se extingue pelo desuso, nem pelo</p><p>tempo, nem mesmo pela morte do dono (caso em que haverá transmissão da titularidade para</p><p>os herdeiros). Trata-se do princípio da perpetuidade da propriedade, também chamado de atri-</p><p>buto ou característica da perpetuidade da propriedade.</p><p>Se um titular de direito real de propriedade deixa seu imóvel sem utilização por muitos anos,</p><p>ele não perderá a propriedade por desuso, mas poderá voltar, a qualquer momento, exercer o seu</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>25 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>direito. É diferente do que sucede com os direitos obrigacionais, que deixam de ser exigíveis</p><p>após o prazo prescricional.</p><p>Ao contrário da propriedade, os direitos reais sobre coisa alheia não são perpétuos. Os</p><p>direitos reais sobre coisa alheia tendem a juridicamente se extinguir. Eles restringem um direi-</p><p>to real de propriedade, mas tendem a desaparecer juridicamente. De fato, se o direito real de</p><p>propriedade - qual um acordeão (= uma sanfona) pressionado pelo músico - for comprimido</p><p>por um direito real sobre coisa alheia ou por um elemento acidental do negócio jurídico (termo,</p><p>condição ou encargo), haverá uma tendência jurídica de a propriedade voltar a se tornar plena,</p><p>pois esses ônus não são perpétuos.</p><p>Perpetuidade não se confunde com imortalidade. Perpetuidade é a ausência de uma ten-</p><p>dência jurídica (de uma “força elástica” pelo Direito) de extinção do direito real. A propriedade</p><p>é perpétua, pois não há essa tendência jurídica de extinção. Isso, porém, não significa que a</p><p>propriedade seja imortal. Ela pode se extinguir com o perecimento do próprio objeto, como no</p><p>caso de um imóvel que foi submerso pelo avanço de um rio (art. 1.275, IV, CC). Isso porque,</p><p>embora o direito real de propriedade seja perpétuo, ele não é imortal. Imortalidade é a impos-</p><p>sibilidade jurídica de extinção do direito real, fato que não se dá com a propriedade, que pode</p><p>vir a extinguir-se por ato de vontade do proprietário, por ato de império do Estado ou pelo pere-</p><p>cimento do objeto do direito real.</p><p>Ademais, o direito real de propriedade também pode ser extinto quando o proprietário as-</p><p>sim decide assim (alienação, renúncia e abandono) ou é forçado a tanto por um ato de império</p><p>do Estado (como no caso desapropriação). Inexiste, porém, uma força elástica que juridica-</p><p>mente instigue, de forma contínua, o proprietário a promover essa extinção da propriedade,</p><p>razão por que o direito real de propriedade é perpétuo.</p><p>Isso é diferente do que sucede com os direitos reais sobre coisa alheia, em relação aos</p><p>quais há uma força jurídica elástica que continuamente tende a causar a sua extinção. Assim,</p><p>por exemplo, no usufruto, a morte é causa de extinção; na servidão, o não uso por 10 anos ex-</p><p>tingue-a; etc. Os direitos reais sobre coisa alheia não são perpétuos.</p><p>10. prinCípio dA exClusividAde</p><p>Pelo princípio da exclusividade da propriedade (ou do atributo da exclusividade da proprie-</p><p>dade), a propriedade é exclusiva de uma única pessoa, de modo que não é viável que duas ou</p><p>mais pessoas simultaneamente sejam titulares da mesma coisa. Esse atributo é a regra da</p><p>propriedade, conforme art.</p><p>1.231 do CC, que afirma que “a propriedade presume-se exclusiva,</p><p>salvo prova em contrário”.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>26 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>11. direitos reAis em espéCies: noções GerAis</p><p>Direitos reais</p><p>em</p><p>espécies</p><p>Direitos reais</p><p>sobre coisa</p><p>própria</p><p>Direitos reais</p><p>sobre coisa</p><p>alheia</p><p>Controvérsia Laje</p><p>Direitos reais de</p><p>garantia</p><p>Direitos reais de</p><p>gozo</p><p>Direitos reais de</p><p>aquisição</p><p>Direitos de propriedade (com todas as</p><p>suas variações)</p><p>Promitente</p><p>comprador</p><p>Devedor</p><p>fiduciante</p><p>Usufruto</p><p>Servidão</p><p>Superfície</p><p>Habitação</p><p>Uso</p><p>CUEM</p><p>CDRU</p><p>Penhor</p><p>Hipoteca</p><p>Anticrese</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>27 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>009. (FCC/AUDITOR/SEFAZ-SC/2018) São considerados direitos reais:</p><p>a) o penhor, a hipoteca, a anticrese e o aval.</p><p>b) o uso, a habitação, o direito do promitente comprador do imóvel, a concessão real de</p><p>uso e a laje.</p><p>c) a propriedade, a habitação, a posse e a detenção.</p><p>d) as servidões, a superfície, o usufruto e o contrato de locação.</p><p>e) a concessão de uso especial para fins de moradia, o direito à sucessão aberta e a doação.</p><p>O gabarito é a letra “b”, conforme art. 1.225 do Código Civil. Chamamos a atenção para o fato</p><p>de que o direito do promitente comprador do imóvel é uma espécie de direito real de aquisição,</p><p>conforme art. 1.417 do Código Civil.</p><p>Letra b.</p><p>010. (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ-MG/2017) De acordo com o Código Civil, são</p><p>direitos reais, EXCETO:</p><p>a) O uso.</p><p>b) A concessão de uso especial para fins de moradia.</p><p>c) O penhor.</p><p>d) A posse.</p><p>O gabarito é a letra “D”, pois posse não é direito real, conforme art. 1.225 do CC.</p><p>Letra d.</p><p>Vamos falar mais o tema.</p><p>Partindo do pressuposto de que os direitos reais são taxativamente arrolados em lei (prin-</p><p>cípio da taxatividade) – embora já tenhamos realçado que esse assunto é controverso –, é</p><p>possível listar os direitos reais disponíveis no Direito Brasileiro.</p><p>Para tanto, convém agrupá-los dentro de duas categorias: os direitos reais sobre coisa pró-</p><p>pria e os direitos reais sobre coisa alheia.</p><p>Como direito real sobre coisa própria, há o direito de propriedade com todas as suas varia-</p><p>ções (espécies de condomínio, propriedade resolúvel, propriedade fiduciária, propriedade one-</p><p>rada por gravame, propriedade em regime de patrimônio de afetação etc.). Entendemos que o</p><p>direito real de laje também é um direito real sobre coisa própria, conforme exporemos mais a</p><p>frente, mas há controvérsia doutrinária.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>28 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Como direito real sobre coisa alheia, incluem-se os demais, que podem ser subdividos nas</p><p>seguintes categorias: (1) direitos reais de aquisição: abrangem os direitos reais do promitente</p><p>comprador e o do devedor fiduciante; (2) direitos reais de gozo: abrangem os direitos reais de</p><p>superfície, de servidão, de usufruto, de uso e de habitação bem como a CUEM (concessão de</p><p>uso especial para fins de moradia) e a CDRU (concessão de direito real de uso); e (3) direitos</p><p>reais de garantia: abrangem a hipoteca, o penhor e a anticrese.</p><p>A enfiteuse é encaixada como direito real de gozo. Trata-se de um direito real que ainda</p><p>existe no direito brasileiro de modo excepcional, especificamente se tiver sido instituída antes</p><p>do CC/2002 nos termos do art. 2.028 ou se envolver os casos de terreno de marinha na forma</p><p>de lei especial6.</p><p>Quanto ao direito real de laje, há controvérsia se ele é um direito real sobre coisa própria ou</p><p>sobre coisa alheia, assunto que trataremos mais à frente.</p><p>As principais espécies de direitos reais estão arroladas no art. 1.225 do Código Civil, mas</p><p>há direitos reais previstos em lei esparsa, como a caução e a cessão fiduciária de direito cre-</p><p>ditória (art. 17, § 1º, Lei n. 9.514/97). Esses outros direitos também poderão ser enquadrados</p><p>sobre coisa própria ou sobre coisa alheia conforme seu perfil: a caução de direito creditório,</p><p>por exemplo, é direito real sobre coisa alheia, ao passo que a cessão fiduciária de direito cre-</p><p>ditório é direito real sobre coisa própria. Não é comum, porém, a doutrina listar esses direitos</p><p>reais na classificação acima, seja porque estão em leis esparsas, seja porque há controvérsia</p><p>se realmente é cabível direito real sobre coisa incorpórea (como o direito creditório).</p><p>12. direito reAl de propriedAde</p><p>12.1. noções GerAis</p><p>Meus amigos e minhas amigas, resolva a questão.</p><p>011. (IBFC/ANALISTA/TJ-PE/2017/ADAPTADA) O Direito real de propriedade abrange o</p><p>solo. Este, por sua vez, compreende o espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e</p><p>profundidade úteis ao seu exercício, podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam</p><p>realizadas fora desses espaços, sendo sua realização, portanto, precedida de autorização ex-</p><p>pressa daquele.</p><p>A questão está “errada”, porque, fora do espaço subterrâneo ou aéreo de utilidade do imóvel,</p><p>o proprietário do terreno não tem direito algum e, portanto, não pode opor-se a atividades aí</p><p>6 Lei n. 9.636/1998 e Decreto-Lei n. 9.760/1946 tratam de bens públicos federais e lida com os casos de aforamento (= enfi-</p><p>teuse).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANA LETICIA ARAGAO MAIA - 06236376182, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>29 de 68www.grancursosonline.com.br</p><p>Coisas – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>realizadas. Di-lo o art. 1.229 do CC. Assim, não pode o dono de um terreno, por exemplo, impe-</p><p>dir um avião de sobrevoar sua propriedade, pois o avião transita em uma altura superior ao de</p><p>utilidade do terreno.</p><p>Errado.</p><p>012. (FAPEMS/DELEGADO/PC-MS/2017/ADAPTADA) O proprietário pode ser privado da</p><p>coisa, no caso de requisição por perigo público iminente. Tal privação enseja indenização ulte-</p><p>rior, independentemente da existência de dano.</p><p>A questão está “errada”, porque, embora o Poder Público possa requisitar o uso de bens priva-</p><p>dos (art. 1.228, § 3º, CC), só há o direito de indenização se tiver havido dano. Afinal de contas,</p><p>o conceito de indenização envolve reparar danos que ocorreram.</p><p>Errado.</p><p>013. (PUC-PR/JUIZ/TJ-PR/2014/ADAPTADA) O proprietário pode perder a propriedade por</p><p>meio da desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, como tam-</p><p>bém por requisição, em caso de perigo público iminente, e ainda ser privado dela por alienação</p><p>compulsória aos possuidores.</p><p>A questão é “correta” por retratar a possibilidade de o Poder Público intervir sobre a proprieda-</p><p>de por meio da desapropriação e da requisição (art. 1.228, § 3º, CC) e por contemplar a hipóte-</p><p>se da “desapropriação judicial” prevista no art. 1.228, §§ 4º e 5º, CC.</p><p>Certo.</p><p>Vamos falar mais sobre o tema.</p><p>Ao tratarmos de noções gerais de Direitos Reais, tratamos de características importantes</p><p>do direito real de propriedade, como a sua condição de direito real sobre coisa própria,</p>