Prévia do material em texto
<p>B</p><p>Niels Bohr</p><p>O ÁTOMO EM SUA</p><p>MENOR PARTE</p><p>ELE FOI UM DOS MAIORES FÍSICO-QUÍMICOS DO SÉCULO XX E</p><p>PROPÔS</p><p>O MODELO DE “SISTEMA SOLAR” DE ESTRUTURA ATÔMICA, NO</p><p>QUAL</p><p>OS ELÉTRONS ORBITAM O NÚCLEO CENTRAL</p><p>ohr era um pensador inspirado, com um imenso poder de</p><p>concentração. Ele era dedicado ao seu trabalho e conhecido pela</p><p>persistência, mas também pela generosidade e afabilidade. Um</p><p>colega estudante escreveu sobre ele, em 1904: “É muito</p><p>interessante conhecer um gênio, e eu conheço; estou com ele todo dia. Falo</p><p>de Niels Bohr… além de tudo, é o melhor e mais modesto ser humano que</p><p>se pode imaginar”. Seu espírito humanitário ficou mais eveidente no fim da</p><p>vida, quando fez campanha contra a corrida nuclear.</p><p>Bohr recebeu um Nobel de Física por seu trabalho revolucionário sobre a</p><p>estrutura do átomo. O elemento bóhrio foi batizado em sua homenagem, e</p><p>o Instituto de Física Teórica de Copenhague, que ele dirigiu, foi renomeado</p><p>em sua memória.</p><p>INÍCIO DA VIDA</p><p>Niels Bohr nasceu em 7 de outubro de 1885, na mansão de sua avó</p><p>materna, mulher de rica e influente família de banqueiros judeus. Seu pai,</p><p>Christian Bohr, foi professor de fisiologia na Universidade de Copenhague.</p><p>Niels cresceu cercado por discussões intelectuais e cultura. Mais tarde, ele</p><p>diria que as discussões filosóficas entre os amigos de seu pai o inspiraram a</p><p>buscar princípios unificadores do conhecimento humano – busca em que</p><p>certamente foi bem-sucedido, aplicando a teoria quântica à química.</p><p>Bohr não era academicamente excepcional, mas era bom no futebol,</p><p>assim como seu irmão Harald, que participou das Olimpíadas de 1908. Eles</p><p>foram inseparáveis por toda a vida. Algumas das descobertas de Niels</p><p>A</p><p>foram relatadas primeiro a Harald, nas cartas que trocavam</p><p>frequentemente.</p><p>UM INÍCIO PROMISSOR</p><p>Bohr estudou na Universidade de Copenhague, mas, como não havia</p><p>laboratório de física na instituição, desenvolvia trabalhos experimentais no</p><p>laboratório de fisiologia do pai. Em 1906, ele recebeu a medalha de ouro da</p><p>Real Academia Dinamarquesa de Ciências por sua medição da tensão</p><p>superficial da água.</p><p>Bohr completou seu doutorado (Ph.D) em 1911 e foi para a Inglaterra,</p><p>com a intenção de trabalhar com J. J. Thomson na Universidade de</p><p>Cambridge. No entanto, os dois não se deram bem e Bohr procurou uma</p><p>saída.</p><p>Ernest Rutherford havia acabado de publicar sua descoberta de que a</p><p>maior parte da massa de um átomo está no núcleo (o centro). Ele esteve em</p><p>Cambridge para uma palestra e Bohr foi ouvi-lo, ficando muito</p><p>impressionado.</p><p>Quando Bohr visitou um amigo de seu pai em Manchester, um mês</p><p>depois, Rutherford foi convidado para jantar. O encontro foi um sucesso e,</p><p>em março do ano seguinte, Bohr se juntou à equipe de Rutherford, em</p><p>Manchester, que trabalhava na estrutura do átomo. Os dois desenvolveram</p><p>uma amizade para toda a vida.</p><p>O ÁTOMO QUÂNTICO</p><p>principal diferença no modelo de estrutura atômica de Bohr era que os elétrons ocupavam</p><p>órbitas distintas, ou níveis, em vez de rodopiar erráticos e em nuvem em volta do núcleo.</p><p>Um elétron pode pular entre duas órbitas, mas nunca ficar entre elas. A passagem para uma</p><p>órbita mais distante ou mais próxima está ligada à absorção ou perda de energia.</p><p>A órbita mais interna pode conter até dois elétrons; a seguinte, até oito. Se uma órbita mais</p><p>interna não estiver cheia, um elétron de uma mais externa poderá pular para ela. Energia é</p><p>liberada na forma de luz (fótons) quando isso acontece. A quantidade de energia liberada é fixa</p><p>– um quantum.</p><p>Os espectros de emissão do hidrogênio – linhas que mostram a luz liberada pelo hidrogênio</p><p>quando bombardeado por partículas alfa – forneceram provas para o modelo de Bohr. A luz</p><p>indicativa dos espectros de emissão é emitida em padrões regulares à medida que os elétrons</p><p>das moléculas de hidrogênio se movem entre as órbitas.</p><p>UM NOVO ÁTOMO</p><p>Enquanto esteve em Manchester, Bohr trabalhou com a teoria quântica</p><p>desenvolvida por Einstein e Planck para explorar as próprias teses sobre a</p><p>estrutura atômica e consertar as falhas que via no modelo de Rutherford.</p><p>Apesar de o modelo representar um grande salto à frente, ele não</p><p>funcionava bem. No átomo de Rutherford, os elétrons se moviam</p><p>lentamente, em espiral, em direção ao centro, ou poderiam ser tirados de</p><p>posição por uma partícula positiva próxima.</p><p>Bohr deixou Manchester após seis meses e voltou a Copenhague, onde se</p><p>casou com a noiva, Margrette Norlind, em 1912. Eles teriam seis filhos. O</p><p>quarto, Aage, seguiria o pai na física e ganharia seu próprio Nobel, em</p><p>1975. Em Copenhague, Bohr continuou trabalhando em sua teoria do</p><p>átomo, publicando-a em três artigos na Inglaterra, em 1913. Foi por essa</p><p>explicação da estrutura atômica que ele recebeu o Nobel, em 1922. Seu</p><p>trabalho se tornou a fundação da mecânica quântica, que se desenvolveu</p><p>nos anos 1920, principalmente em torno de seu instituto, na Dinamarca.</p><p>Em 1914, Bohr assumiria uma segunda cátedra de física teórica em</p><p>Copenhague, mas a Primeira Guerra Mundial adiou a criação do posto.</p><p>Rutherford, então, ofereceu-lhe um posto de reader (professor assistente)</p><p>por dois anos em Manchester. Ele e a esposa fizeram uma perigosa jornada</p><p>marítima no meio da guerra para aceitar o cargo. O posto lhe deu a</p><p>oportunidade de continuar sua pesquisa sem ter de dedicar tempo ao</p><p>ensino. Ele voltou à Dinamarca e, em 1921, tornou-se presidente do recém-</p><p>estabelecido Instituto de Física Teórica (patrocinado pela cervejaria</p><p>Carlsberg).</p><p>DESCOBRINDO OS ELEMENTOS</p><p>Além de seu trabalho na teoria quântica, Bohr investigou as implicações</p><p>de seu modelo de estrutura atômica na tabela periódica dos elementos. Ele</p><p>mostrou que as características de um elemento poderiam ser atribuídas e</p><p>até previstas pela configuração dos elétrons em seus átomos, e, portanto,</p><p>por sua posição na tabela periódica.</p><p>Em 1927, Heisenberg publicou seu princípio da incerteza, segundo o qual</p><p>é impossível medir a posição e a energia de uma partícula, já que a própria</p><p>medição a afetará e, portanto, alterará seu estado. Em setembro do mesmo</p><p>ano, Bohr levou em conta o princípio de Heisenberg na explicação do</p><p>conceito de complementaridade. Albert Einstein tinha dúvidas quanto à</p><p>nova interpretação de Bohr da teoria quântica, apesar de essa versão ter</p><p>prevalecido. Os dois debateram a questão por muitos anos e, apesar de</p><p>Einstein nunca ter concordado com ele, Bohr reconheceu o enorme valor</p><p>das |discussões no refinamento de suas ideias. Em 1927, ele escreveu que</p><p>C</p><p>“qualquer um que não se choque com a teoria quântica não a entende”.</p><p>A ESTRUTURA ATÔMICA E A QUÍMICA DOS ELEMENTOS</p><p>ada um dos elementos possui um número atômico, começando pelo hidrogênio, com</p><p>número atômico 1. O número atômico corresponde à quantidade de prótons nos átomos do</p><p>elemento. Bohr já havia mostrado que os elétrons ocupam órbitas fixas ao redor do núcleo do</p><p>átomo. Os átomos fazem o possível para ter um nível (órbita permitida) externo completo, o que</p><p>lhes permite ter estrutura estável.</p><p>Eles podem compartilhar, liberar ou receber elétrons a mais para obter a estabilidade. O</p><p>modo pelo qual os átomos formam ligações com os outros, e a facilidade com que isso acontece,</p><p>é determinado pela configuração dos elétrons. Como os elementos são ordenados na tabela</p><p>periódica pelo número atômico, sua posição na tabela pode ser usada pelos cientistas para</p><p>prever como eles reagirão em combinação com outros.</p><p>UMA GUERRA DIFÍCIL</p><p>Durante os anos 1930, Bohr se interessou pela fissão nuclear e pela</p><p>possibilidade de obter energia dela. A fissão nuclear envolve a divisão de</p><p>um núcleo atômico, causando liberação de energia. O trabalho com fissão</p><p>nuclear rapidamente tornou-se</p><p>parte da corrida para desenvolver uma</p><p>bomba atômica à medida que a Segunda Guerra Mundial se desenrolava.</p><p>Em uma visita a Bohr, Heisenberg revelou que a Alemanha estava</p><p>trabalhando em uma bomba atômica – e que ele mesmo estava à frente do</p><p>projeto. Mais tarde, ele diria que chegara a um acordo com Bohr segundo o</p><p>qual sabotaria o projeto caso parecesse bem-sucedido, mas Bohr negou que</p><p>tal acordo tivesse sido feito.</p><p>Quando Hitler começou a perseguir judeus na Alemanha, Bohr ofereceu</p><p>santuário no Instituto de Copenhague para muitos cientistas, e até doou sua</p><p>medalha de ouro do Nobel para o esforço de guerra finlandês. Quando os</p><p>alemães invadiram a Dinamarca, em 1940, a ascendência judaica de Bohr,</p><p>aliado ao antinazismo militante, tornou sua vida difícil. Ele e a família</p><p>fugiram para a Suécia em um barco providenciado pela resistência. Dali,</p><p>foram para a Inglaterra, escondendo-se no compartimento de bomba vazio</p><p>de um avião britânico enviado para buscá-los.</p><p>Bohr, então, se juntou ao esforço de guerra para desenvolver a bomba</p><p>atômica antes dos alemães. Ele e o filho Aage se mudaram posteriormente</p><p>para Los Alamos, nos Estados Unidos, com os outros britânicos, para se</p><p>juntar ao Projeto Manhattan.</p><p>Em 1944, porém, Bohr tentaria persuadir tanto Roosevelt quanto</p><p>Churchill de que a cooperação internacional seria um caminho melhor para</p><p>o desenvolvimento da fissão nuclear. Churchill incomodava-se com o fato</p><p>de Bohr achar que seu conhecimento deveria ser compartilhado com os</p><p>russos. Em 1950, Bohr escreveu às Nações Unidas para apresentar seu</p><p>argumento contra o desenvolvimento unilateral de armas nucleares. Em</p><p>1955, ele organizou a Conferência Átomos pela paz em Genebra, e seguiu</p><p>em sua cruzada até morrer, em Copenhague, após um derrame, em 18 de</p><p>novembro de 1962.</p><p>THE OBSERVATORIES OF THE CARNEGIE INSTITUTION FOR SCIENCE</p><p>O jovem Hubble no telescópio do Observatório Monte Wilson, na Califórnia, em 1922</p>