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<p>Página | 1</p><p>CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO</p><p>PROJETO SALA DE AULA VIRTUAL</p><p>DISCIPLINA: Direito Penal III</p><p>PROFESSOR: Rafael Piaia</p><p>NOTA DE AULA – 03:</p><p>DAS LESÕES CORPORAIS</p><p>PONTOS INTRODUTÓRIOS</p><p>➔ Nesta ocasião, estudaremos os principais assuntos relacionados com as</p><p>diferentes espécies de lesões corporais;</p><p>➔ Lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integridade corporal ou à</p><p>saúde de outra pessoa;</p><p>➔ Assim preceitua o item 42 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código</p><p>Penal: “o crime de lesão corporal é definido como ofensa à integridade corporal</p><p>ou saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade</p><p>funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do</p><p>ponto de vista fisiológico ou mental”.</p><p>Página | 2</p><p>1. LESÃO CORPORAL (Art. 129, CPB)</p><p>O crime de lesão corporal pode ser dividido em resumo, na seguinte</p><p>estrutura:</p><p>1.1. Dispositivos legais</p><p>Página | 3</p><p>Página | 4</p><p>Página | 5</p><p>Masson 2018</p><p>Página | 6</p><p>1.2. Objetividade Jurídica</p><p>Tutela-se a incolumidade física em sentido amplo: a integridade</p><p>corporal e a saúde da pessoa humana</p><p>1.3. Objeto Material</p><p>É a pessoa humana que suporta a conduta criminosa.</p><p>1.4. Núcleo do Tipo</p><p>O núcleo do tipo é “ofender”, aqui compreendido como prejudicar</p><p>alguém no tocante à sua integridade corporal (corpo humano) ou à sua saúde</p><p>(funções e atividades orgânicas, físicas e mentais da pessoa) (MASSON, 2018)</p><p>É crime de forma livre, pois admite qualquer meio de execução.</p><p>1.5. Sujeito Ativo</p><p>Pode ser qualquer pessoa (crime comum).</p><p>1.6. Sujeito Passivo</p><p>Qualquer pessoa. Contudo, em alguns casos, o tipo penal exige uma</p><p>situação diferenciada em relação à vítima. É o que ocorre na lesão corporal</p><p>grave ou gravíssima em que a vítima deve ser mulher grávida para</p><p>possibilitar a aceleração do parto ou o aborto (CP, art. 129, § 1.º, inc. IV, e</p><p>§ 2.º, inc. V), e também na lesão qualificada pela violência doméstica, na qual</p><p>a vítima precisa ser ascendente, descendente, irmã, cônjuge ou</p><p>companheira do agressor (MASSON, 2018).</p><p>1.7. Elemento Subjetivo</p><p>Em geral é o dolo, direto ou eventual, conhecido como animus laedendi</p><p>ou animus nocendi. É o que se dá no caput (simples) e nos §§ 1.º (graves),</p><p>2.º (gravíssimas) e 9.º (violência doméstica e familiar contra a mulher). Mas há</p><p>Página | 7</p><p>também a culpa no § 6.º (lesão corporal culposa) e o preterdolo no § 3.º (lesão</p><p>corporal seguida de morte) (MASSON, 2018).</p><p>1.8. Consumação</p><p>Cuida-se de crime material ou causal e de dano: consuma-se com a efetiva</p><p>lesão à integridade corporal ou à saúde da vítima.</p><p>1.9. Tentativa</p><p>É possível em todas as modalidades de lesão corporal dolosa. Mas é</p><p>incabível na lesão culposa e na lesão corporal seguida de morte.</p><p>1.10. LESÃO CORPORAL E CONSENTIMENTO DO OFENDIDO</p><p>Em determinadas espécies de lesões corporais consentimento do ofendido</p><p>como causa supralegal de exclusão da ilicitude, desde que presentes</p><p>alguns requisitos cumulativos, como ensina Masson (2018):</p><p>A) deve ser expresso, pouco importando sua forma (oral ou por escrito, solene</p><p>ou não);</p><p>B) não pode ter sido concedido em razão de coação ou ameaça, nem de paga</p><p>ou promessa de recompensa. Em suma, há de ser livre;</p><p>C) é necessário ser moral e respeitar os bons costumes;</p><p>D) deve ser manifestado previamente à consumação da infração penal. A</p><p>anuência posterior à consumação do crime não afasta a ilicitude; e</p><p>E) o ofendido deve ser capaz para consentir, ou seja, deve ter completado 18</p><p>anos de idade e não padecer de nenhuma anomalia suficiente para retirar</p><p>sua capacidade de entendimento e autodeterminação.</p><p>O consentimento do ofendido nos crimes de lesão corporal grave,</p><p>gravíssima e seguida de morte é irrelevante, em face da indisponibilidade do bem</p><p>jurídico protegido pela lei penal.</p><p>Página | 8</p><p>1.11. AUTOLESÃO</p><p>Em razão do princípio da alteridade, não se pune a autolesão. Mas esse</p><p>fenômeno pode caracterizar crime autônomo quando violar outro bem jurídico</p><p>(MASSON, 2018).</p><p>1.12. LESÕES EM ATIVIDADES ESPORTIVAS</p><p>Nos esportes em que os ferimentos decorrem naturalmente da sua prática,</p><p>tais como lutas marciais e boxe, não há crime em razão da exclusão da</p><p>ilicitude pelo exercício regular do direito. O Estado fomenta a atividade</p><p>esportiva, mas suas regras devem ser seguidas à risca, sob pena de</p><p>caracterização do delito de lesão corporal. Há crime, contudo, quando o agredido</p><p>é o árbitro (MASSON, 2018).</p><p>2. LESÃO CORPORAL LEVE (Art. 129, caput, CPB)</p><p>Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano.</p><p>2.1. AÇÃO PENAL</p><p>É pública condicionada à representação, em face da alteração promovida</p><p>pelo art. 88 da Lei 9.099/1995. Por esse motivo é possível a composição dos</p><p>danos civis, uma vez que também se trata de infração penal de menor potencial</p><p>ofensivo. As demais espécies de lesões corporais dolosas são crimes de ação</p><p>penal pública incondicionada (MASSON, 2018).</p><p>2.2. ABSORÇÃO</p><p>Alguns crimes previstos na Parte Especial do Código Penal e pela</p><p>legislação extravagante possuem a “violência” como elementar, relativamente</p><p>Página | 9</p><p>ao seu meio de execução. É o caso do roubo, da extorsão e do estupro, entre</p><p>outros.</p><p>Nesses casos, eventual lesão corporal leve que suportar a vítima</p><p>em razão da execução do delito será absorvida pelo crime mais grave</p><p>(princípio da consunção ou da absorção) (MASSON, 2018).</p><p>3. LESÕES CORPORAIS GRAVES OU LESÕES CORPORAIS GRAVES EM</p><p>SENTIDO ESTRITO (ART. 129, §1º, CPB)</p><p>Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>§ 1º Se resulta:</p><p>I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;</p><p>II - perigo de vida;</p><p>III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;</p><p>IV - aceleração de parto:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>Cuida-se, de infração penal de médio potencial ofensivo, pois o mínimo da</p><p>pena em abstrato autoriza o benefício da suspensão condicional do processo,</p><p>desde que presentes os demais requisitos elencados pelo art. 89 da Lei</p><p>9.099/1995.</p><p>3.1. INCAPACIDADE PARA AS OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS DE 30</p><p>(TRINTA) DIAS: INCISO I</p><p>A expressão “ocupação habitual” compreende qualquer atividade, física ou</p><p>mental, do cotidiano da vítima (exemplos: andar, tomar banho, ler jornais,</p><p>praticar esportes etc.), e não tão somente a sua atividade laborativa.</p><p>A atividade, contudo, deve ser lícita, sendo indiferente se moral ou</p><p>imoral.</p><p>3.2. PERIGO DE VIDA: INCISO II</p><p>Página | 10</p><p>Perigo de vida é a possibilidade grave, concreta e imediata de a</p><p>vítima morrer em consequência das lesões sofridas. Trata-se de perigo</p><p>concreto, comprovado por perícia médica, que deve indicar, de modo preciso e</p><p>fundamentado, no que consistiu o perigo de vida proporcionado à vítima. Não se</p><p>autoriza a presunção do perigo de vida pela sede ou pela extensão das lesões</p><p>sofridas (MASSON, 2018).</p><p>3.3. DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO:</p><p>INCISO III</p><p>Debilidade é a diminuição ou o enfraquecimento da capacidade</p><p>funcional.</p><p>Membros são os braços, pernas, mãos e pés.</p><p>Sentidos são os mecanismos pelos quais a pessoa humana constata o</p><p>mundo à sua volta. São cinco: visão, audição, tato, olfato e paladar. Exemplo:</p><p>“A” dolosamente lança uma bomba na direção de “B”, que provoca a redução</p><p>de sua capacidade auditiva em face do estrondo da explosão (MASSON, 2018).</p><p>Função é a atividade inerente a um órgão ou aparelho do corpo humano.</p><p>Destacam-se, entre outras, as funções secretora, respiratória, circulatória etc.</p><p>Exemplo: A vítima recebe socos e pontapés no seu pulmão, daí resultando a</p><p>diminuição em sua função respiratória</p><p>(MASSON, 2018).</p><p>3.4. ACELERAÇÃO DE PARTO: INCISO IV</p><p>Aceleração de parto é a antecipação do parto, o parto prematuro.</p><p>O que se exige, em síntese, é uma antecipação do parto, ou seja, um</p><p>nascimento prematuro. Essa qualificadora só é aplicável quando o feto</p><p>nasce com vida, pois, quando ocorre o aborto, o agente responde por lesão</p><p>gravíssima (CP, art. 129, § 2.º, V).</p><p>Página | 11</p><p>4. LESÕES CORPORAIS GRAVÍSSIMAS (ART. 129, §2º, CPB)</p><p>Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>§ 2° Se resulta:</p><p>I - Incapacidade permanente para o trabalho;</p><p>II - enfermidade incuravel;</p><p>III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;</p><p>IV - deformidade permanente;</p><p>V - aborto:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos</p><p>O legislador não chama esse crime de “lesão corporal gravíssima”, mas tal</p><p>denominação é aceita de forma unânime pela doutrina e pela jurisprudência</p><p>em razão da necessidade de diferenciar essa qualificadora daquela contida</p><p>no § 1.º (lesão corporal grave), que possui pena mais branda (MASSON, 2018).</p><p>4.1. INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO: INCISO I</p><p>A expressão “incapacidade permanente” compreende toda e qualquer</p><p>incapacidade longa e duradoura, ou seja, que não permita fixar seu limite</p><p>temporal.</p><p>Masson (2018) ensina que basta, para aplicação da qualificadora, a</p><p>incapacidade parcial ou relativa, pois qualquer pessoa, salvo em casos</p><p>excepcionais, pode exercer algum tipo de trabalho. A regra legal existe e deve</p><p>ser aplicada quando presente a circunstância que justifica sua utilização.</p><p>4.2. ENFERMIDADE INCURÁVEL: INCISO II</p><p>Enfermidade incurável é alteração prejudicial da saúde por processo</p><p>patológico, físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente combatida com</p><p>os recursos da medicina à época do crime.</p><p>OBS: TRANSMISSÃO DOLOSA DO VÍRUS HIV</p><p>Página | 12</p><p>Atualmente, o entendimento firmado pelo STJ, é no sentido de que a</p><p>transmissão dolosa do HIV não configura crime doloso contra a vida, mas, a</p><p>figura típica prevista no art. 129, §2º, II, do CP:</p><p>HABEAS CORPUS. ART. 129, § 2.º, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL.</p><p>PACIENTE QUE TRANSMITIU ENFERMIDADE INCURÁVEL À OFENDIDA</p><p>(SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA). VÍTIMA CUJA</p><p>MOLÉSTIA PERMANECE ASSINTOMÁTICA. DESINFLUÊNCIA PARA A</p><p>CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO</p><p>PARA UM DOS CRIMES PREVISTOS NO CAPÍTULO III, TÍTULO I, PARTE</p><p>ESPECIAL, DO CÓDIGO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. SURSIS</p><p>HUMANITÁRIO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DAS INSTÂNCIAS</p><p>ANTECEDENTES NO PONTO, E DE DEMONSTRAÇÃO SOBRE O ESTADO</p><p>DE SAÚDE DO PACIENTE. HABEAS CORPUS PARCIALMENTE</p><p>CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADO. 1. O Supremo Tribunal</p><p>Federal, no julgamento do HC 98.712/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO (1.ª Turma,</p><p>DJe de 17/12/2010), firmou a compreensão de que a conduta de praticar ato</p><p>sexual com a finalidade de transmitir AIDS não configura crime doloso contra a</p><p>vida. Assim não há constrangimento ilegal a ser reparado de ofício, em razão de</p><p>não ter sido o caso julgado pelo Tribunal do Júri. 2. O ato de propagar síndrome</p><p>da imunodeficiência adquirida não é tratado no Capítulo III, Título I, da Parte</p><p>Especial, do Código Penal (art. 130 e seguintes), onde não há menção a</p><p>enfermidades sem cura. Inclusive, nos debates havidos no julgamento do HC</p><p>98.712/RJ, o eminente Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, ao excluir a</p><p>possibilidade de a Suprema Corte, naquele caso, conferir ao delito a classificação</p><p>de "Perigo de contágio de moléstia grave" (art. 131, do Código Penal), esclareceu</p><p>que, "no atual estágio da ciência, a enfermidade é incurável, quer dizer, ela não</p><p>é só grave, nos termos do art. 131". 3. Na hipótese de transmissão dolosa de</p><p>doença incurável, a conduta deverá será apenada com mais rigor do que o ato</p><p>de contaminar outra pessoa com moléstia grave, conforme previsão clara do art.</p><p>129, § 2.º inciso II, do Código Penal. 4. A alegação de que a Vítima não</p><p>manifestou sintomas não serve para afastar a configuração do delito previsto no</p><p>art. 129, § 2, inciso II, do Código Penal. É de notória sabença que o contaminado</p><p>pelo vírus do HIV necessita de constante acompanhamento médico e de</p><p>administração de remédios específicos, o que aumenta as probabilidades de que</p><p>a enfermidade permaneça assintomática. Porém, o tratamento não enseja a cura</p><p>da moléstia. 5. Não pode ser conhecido o pedido de sursis humanitário se não</p><p>Página | 13</p><p>há, nos autos, notícias de que tal pretensão foi avaliada pelas instâncias</p><p>antecedentes, nem qualquer informação acerca do estado de saúde do Paciente.</p><p>6. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa extensão, denegado. HC</p><p>160.982/DF — Rel. Min. Laurita Vaz — 5ª Turma — julgado em 17-5-2012 — DJe</p><p>28-5-2012</p><p>4.3. PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO:</p><p>INCISO III</p><p>Perda é a ablação, a destruição ou privação de membro (exemplo:</p><p>arrancar uma perna), sentido (exemplo: destruição dos tímpanos com a</p><p>eliminação da audição) ou função (exemplo: extirpação do pênis que</p><p>extingue a função reprodutora). A perda pode concretizar-se por mutilação ou</p><p>por amputação, e em qualquer hipótese estará delineada a lesão corporal</p><p>gravíssima (MASSON, 2018).</p><p>Inutilização, por sua vez, é a falta de aptidão do órgão para</p><p>desempenhar sua função específica. O membro ou órgão continua ligado ao</p><p>corpo da vítima, mas incapacitado para desempenhar as atividades que lhe são</p><p>inerentes. Exemplo: o ofendido, em consequência da conduta criminosa,</p><p>passa a apresentar paralisia total de uma de suas pernas (MASSON, 2018).</p><p>4.4. DEFORMIDADE PERMANENTE: INCISO IV</p><p>A configuração desta qualificadora pressupõe os seguintes requisitos:</p><p>a) que se trate de dano estético; b) que o dano seja de certa monta; c) que</p><p>seja permanente; d) que seja visível; e) que seja capaz de provocar</p><p>impressão vexatória.</p><p>A) DANO ESTÉTICO: É sinônimo de perda de beleza pela marca deixada no</p><p>corpo da vítima em decorrência do ato agressivo (GONÇALVES, 2021);</p><p>B) DE CERTA MONTA: O requisito aqui analisado refere-se à necessidade</p><p>de que o dano estético tenha certa proporção, a ponto de provocar razoável</p><p>Página | 14</p><p>diminuição de beleza, pois não é justificável considerar como gravíssima</p><p>uma lesão em que reste uma cicatriz de meio centímetro no braço da vítima,</p><p>ainda que seja ela permanente (GONÇALVES, 2021);</p><p>C) PERMANENTE: É o dano que não desaparece pelo passar do tempo,</p><p>pelo simples poder de recomposição do organismo humano;</p><p>D) VISÍVEL: A necessidade de que o dano estético seja visível, nos dias de hoje,</p><p>não restringe praticamente em nada o alcance desta qualificadora, pois</p><p>consideram-se visíveis todas as partes do corpo que possam ser vistas quando</p><p>a pessoa estiver com roupa de banho e estas, atualmente, são</p><p>consideravelmente pequenas. Não haverá a qualificadora, por exemplo, se a</p><p>cicatriz localizar-se na sola do pé ou no couro cabeludo e seja coberta</p><p>pelos fios de cabelo. Nota-se, pois, que não são apenas as marcas deixadas no</p><p>rosto ou no pescoço que configuram a lesão gravíssima (GONÇALVES, 2021);</p><p>E) CAPAZ DE PROVOCAR IMPRESSÃO VEXATÓRIA: A lesão só será</p><p>considerada gravíssima se a deformidade causar má impressão nas pessoas</p><p>que olham para a vítima, de tal modo que esta se sinta incomodada em</p><p>expor tal parte do seu corpo (GONÇALVES, 2021);</p><p>4.5. ABORTO: INCISO V</p><p>Prevalece o entendimento de que a interrupção da gravidez, com a</p><p>consequente morte do feto, deve ter sido provocada culposamente, uma</p><p>vez que se trata de crime preterdoloso. Assim sendo, se a morte do feto</p><p>foi proposital, o sujeito deve responder por dois crimes: lesão corporal leve (ou</p><p>grave ou gravíssima, se presente alguma outra qualificadora), em concurso</p><p>formal impróprio ou imperfeito com aborto</p><p>sem o consentimento da gestante</p><p>(CP, art. 125) (MASSON, 2018).</p><p>É obrigatório o conhecimento do sujeito acerca da gravidez da</p><p>vítima, pois em caso contrário estaria configurada a responsabilidade penal</p><p>objetiva.</p><p>Página | 15</p><p>5. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE: (ART. 129, §3º, CPB)</p><p>§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o</p><p>resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>Cuida-se de crime exclusivamente preterdoloso.</p><p>Exige-se a comprovação da relação de causalidade entre a lesão corporal</p><p>e a morte. Com efeito, se esta originar-se de motivo diverso da agressão, não</p><p>poderá ser imputada ao agente (MASSON, 2018).</p><p>Tratando-se de figura híbrida (misto de dolo e de culpa), esse crime não</p><p>admite tentativa.</p><p>6. LESÃO CORPORAL DOLOSA PRIVILEGIADA: CAUSA DE</p><p>DIMINUIÇÃO DE PENA: (ART. 129, §4º, CPB)</p><p>§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor</p><p>social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a</p><p>injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.</p><p>Essa causa de diminuição da pena incide unicamente no tocante às</p><p>lesões dolosas, qualquer que seja sua modalidade: leve, grave, gravíssima</p><p>ou seguida de morte. Não é cabível na lesão corporal culposa. Extrai-se</p><p>essa conclusão tanto da interpretação topográfica do dispositivo legal – pois o</p><p>legislador, ao inserir o privilégio no §4.º, deixou claro que o benefício não se</p><p>aplica ao crime tipificado pelo § 6.º – quanto da própria natureza do</p><p>Instituto (MASSON, 2018).</p><p>Página | 16</p><p>7. LESÕES CORPORAIS LEVES E SUBSTITUIÇÃO DA PENA (ART. 129,</p><p>§5º, CPB)</p><p>§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de</p><p>detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:</p><p>I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;</p><p>II - se as lesões são recíprocas.</p><p>8. AUMENTO DE PENA NA LESÃO CORPORAL DOLOSA: (ART. 129, §7º,</p><p>CPB)</p><p>§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das</p><p>hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código;</p><p>9. LESÃO CORPORAL CULPOSA: (ART. 129, §6º, CPB)</p><p>§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano.</p><p>A lesão culposa nada mais é do que a lesão corporal cometida contra</p><p>alguém em decorrência de um comportamento imprudente, negligente ou</p><p>imperito. A modalidade de culpa deve ser motivadamente descrita na</p><p>inicial acusatória, sob pena de inépcia (MASSON, 2018).</p><p>Ao reverso do que se dá nas lesões corporais dolosas, na lesão culposa</p><p>não há distinção com base na gravidade dos ferimentos.</p><p>A lesão corporal culposa é infração penal de menor potencial ofensivo,</p><p>pois a pena a ela cominada é inferior a 2 (dois) anos.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1</p><p>Página | 17</p><p>É crime de ação penal pública condicionada, em face da alteração</p><p>promovida pelo art. 88 da Lei 9.099/1995.</p><p>Se a lesão corporal culposa for cometida na direção de veículo automotor,</p><p>sai de cena o art. 129, § 6.º, do Código Penal, para ser aplicado o crime tipificado</p><p>pelo art. 303 da Lei 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro, em razão</p><p>do princípio da especialidade.</p><p>10. LESÃO CORPORAL E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: (ART. 129, §9º,</p><p>CPB)</p><p>§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,</p><p>cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,</p><p>prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de</p><p>hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº</p><p>11.340, de 2006)</p><p>§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço</p><p>se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.</p><p>Objetivou-se, além de assegurar a tranquilidade no âmbito familiar,</p><p>combater com maior rigor a violência doméstica ou familiar contra a mulher,</p><p>protegendo-a de agressões atrozes, covardes, silenciosas (MASSON, 2018).</p><p>O art. 88 da Lei 9.099/1995 foi derrogado pela Lei Maria da Penha, em</p><p>razão de o art. 41 deste diploma legal ter expressamente afastado a aplicação,</p><p>por inteiro, daquela lei ao tipo descrito no art. 129, § 9.º, do Código</p><p>Penal, razão pela qual, nos casos de lesão corporal resultante de violência</p><p>doméstica contra a mulher a ação penal é pública incondicionada. Nesse</p><p>sentido é a súmula 542 do STJ: “A ação pena relativa ao crime de lesão</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44</p><p>Página | 18</p><p>corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública</p><p>incondicionada”.</p><p>11. LESÃO CORPORAL CONTRA INTEGRANTES DOS ÓRGÃOS DE</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA (ART. 129, §12, CPB)</p><p>§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito</p><p>nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e</p><p>da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em</p><p>decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo</p><p>até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois</p><p>terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)</p><p>12. LESÃO CORPORAL PRATICADA CONTRA A MULHER, POR RAZÕES</p><p>DA CONDIÇÃO DO SEXO FEMININO (ART. 129, §13, CPB)</p><p>§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do</p><p>sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela</p><p>Lei nº 14.188, de 2021)</p><p>Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188,</p><p>de 2021)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm#art4</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm#art4</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm#art4</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm#art4</p><p>Página | 19</p><p>JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.</p><p>VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. LESÃO CORPORAL. CIRCUNSTÂNCIAS</p><p>JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. VIOLÊNCIA EXCESSIVA. ATENUANTE DE</p><p>DIMINUIÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS NÃO VERIFICAÇÃO.</p><p>IRRELEVÂNCIA DA DETRAÇÃO. LEGALIDADE DA FIXAÇÃO DE VALOR</p><p>INDENIZATÓRIO. AGRAVO DESPROVIDO. 1. É lícita a valoração negativa</p><p>da culpabilidade do réu e das circunstâncias do delito quando comprovada a</p><p>utilização de violência excessiva contra a vítima, que teve deformação facial,</p><p>precisando passar por vários procedimentos cirúrgicos, além de ter sofrido sério</p><p>abalo emocional. Precedentes. 2. Se as instâncias ordinárias rechaçaram a tese</p><p>da defesa, destacando que não restou comprovado nos autos que o réu agiu de</p><p>forma a diminuir as consequências de seus atos, rever tal conclusão exigiria o</p><p>reexame de provas, providência sabidamente inviável nesta via (Súmula 7/STJ).</p><p>3. É irrelevante a discussão sobre a detração do tempo de prisão cautelar do</p><p>acusado quando o regime inicial semiaberto foi fixado não apenas em virtude do</p><p>quantum da pena (3 anos e 4 meses), mas também em razão da existência de</p><p>circunstâncias judiciais desfavoráveis. Precedentes. 4. "Nos casos de violência</p><p>contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação</p><p>de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido</p><p>expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a</p><p>quantia, e independentemente</p><p>de instrução probatória." (REsp 1.675.874/MS,</p><p>Terceira Seção, Rel. Ministro Rogério Schietti Cruz, DJe 8/3/2018). 5. O valor</p><p>mínimo eventualmente pedido pelo Ministério Público não vincula o magistrado,</p><p>que é a autoridade competente para a fixação. A pretensão de rever o referido</p><p>posicionamento, a fim de reduzir o montante fixado pela suposta incapacidade</p><p>econômica do recorrente, exige o reexame de provas e, portanto, esbarra no</p><p>óbice da Súmula 7/STJ. 6. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp</p><p>1881919/DF, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado</p><p>em 21/09/2021, DJe 27/09/2021)</p><p>Página | 20</p><p>PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM</p><p>RECURSO ESPECIAL. LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DOMÉSTICO E</p><p>POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO. CONCURSO MATERIAL.</p><p>COMPROVAÇÃO. NULIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. PERICULOSIDADE</p><p>DE ARMA DE FOGO. LEGÍTIMA DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.</p><p>NECESSIDADE DE REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO.</p><p>SÚMULA N. 7 DO STJ. ART. 12 DA LEI N. 10.826/2003. CRIME DE</p><p>PERIGO ABSTRATO. SÚMULA N. 83 DO STJ. 1. Se o tribunal de origem, com</p><p>base no arcabouço fático-probatório dos autos, reconhece a configuração do</p><p>concurso material, a não comprovação de nulidade decorrente da unicidade das</p><p>penas, a inexistência de legítima defesa e a potencialidade lesiva de arma de</p><p>fogo, é inviável o reexame dessas questões em recurso especial, nos termos da</p><p>Súmula n. 7 do STJ. 2. O crime previsto no art. 12 da Lei n. 10.826/2003 é de</p><p>perigo abstrato, não se exigindo, pois, a comprovação da potencialidade lesiva</p><p>do armamento. 3. Agravo regimental desprovido.</p><p>(AgRg no AREsp 1807095/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE</p><p>NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 24/08/2021, DJe</p><p>27/08/2021)</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO</p><p>ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO. AMPUTAÇÃO PARCIAL DA FALANGE DO</p><p>DEDO. DEBILIDADE PERMANENTE. RECAPITULAÇÃO DO CRIME DE</p><p>LESÃO CORPORAL GRAVE PARA GRAVÍSSIMA. IMPOSSIBILIDADE.</p><p>DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. ABSOLVIÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA.</p><p>AUSÊNCIA DE DOLO. EXAME APROFUNDADO DE PROVAS. INCIDÊNCIA</p><p>DA SÚMULA N. 7/STJ. NEGADO PROVIMENTO.</p><p>1. A amputação parcial da falange do 3º quirodácito direito configura debilidade</p><p>permanente a caracterizar o crime de lesão corporal de natureza grave (art. 129,</p><p>§1º, III, do CP) e não gravíssima (art. 129, §2º, III e IV, do CP).</p><p>2. Como bem leciona Guilherme de Souza Nucci, os membros do corpo humano</p><p>são os braços, as mãos, as pernas e os pés. Os dedos são apenas partes dos</p><p>Página | 21</p><p>membros, de modo que a perda de um dos dedos constitui-se em debilidade</p><p>permanente da mão ou do pé. (in Código Penal Comentado, 19ª edição, pág.</p><p>797).</p><p>3. Na jurisprudência, A deformidade permanente apta a caracterizar a</p><p>qualificadora no inciso IV do § 2º do art. 129 do Código Penal, segundo parte da</p><p>doutrina, precisa representar lesão estética de certa monta, capaz de produzir</p><p>desgosto, desconforto a quem vê ou humilhação ao portador, não sendo qualquer</p><p>dano estético ou físico.</p><p>Embora se entenda que a deformidade não perde o caráter de permanente</p><p>quando pode ser dissimulado por meios artificiais, ela precisa ser relevante.(REsp</p><p>1220094/MG, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em</p><p>22/02/2011, DJe 09/03/2011).</p><p>4. O acórdão recorrido, sob este aspecto, está em consonância com a doutrina e</p><p>a jurisprudência dominantes não havendo que se falar em afronta ao art. 129,</p><p>§2º, III e IV, CP, valendo acrescentar que concluir de forma diversa alterando a</p><p>classificação da lesão corporal pela qual foi condenada o recorrido implica em</p><p>exame aprofundado de prova, vedado em recurso especial a teor da Súm. n.</p><p>7/STJ.</p><p>5. Para a caracterização do delito de denunciação caluniosa é necessário o dolo</p><p>específico, consistente na vontade de induzir o julgador em erro, prejudicando a</p><p>administração da Justiça.</p><p>6. No caso, os fatos noticiados ocorreram em um contexto de agressões</p><p>recíprocas, onde ambos os envolvidos foram lesionados. E, de acordo com o</p><p>acórdão recorrido, o acusado, a fim de encobrir ou desvirtuar o crime de lesão</p><p>corporal por ele praticado, registrou uma ocorrência policial. Pretendia, na</p><p>verdade, livrar-se de futura acusação, desviando, assim, a atenção da autoridade</p><p>policial.</p><p>7. Inviável, nesta oportunidade, a reforma do entendimento da instância a quo</p><p>relativo à ausência de dolo, por demandar o exame aprofundado do material</p><p>fático-probatório, vedado em recurso especial, a teor da Súm. n. 7/STJ.</p><p>Página | 22</p><p>8. Agravo regimental a que se nega provimento.</p><p>(AgRg no AREsp 1895015/TO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA</p><p>FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/08/2021, DJe 20/08/2021)</p><p>RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL. 2.</p><p>Crime de lesão corporal praticado contra a mulher no âmbito doméstico e</p><p>familiar. Ação penal pública incondicionada. ADI 4.424. 3. Agravo conhecido e</p><p>recurso extraordinário provido para cassar o acórdão proferido pela 1ª Câmara</p><p>Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, determinando a apreciação</p><p>do mérito da apelação interposta pelo Ministério Público Estadual. 4. Reafirmação</p><p>de jurisprudência. (ARE 773765 RG, Relator(a): GILMAR MENDES,</p><p>Tribunal Pleno, julgado em 03/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO</p><p>REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-079 DIVULG 25-04-2014 PUBLIC</p><p>28-04-2014)</p><p>EMENTA: INQUÉRITO. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.</p><p>CRIME DE LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE. DENÚNCIA QUE</p><p>ATENDE AOS REQUISITOS DO ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO</p><p>PENAL, SEM INCORRER NAS IMPROPRIEDADES DO ART. 43 DO MESMO</p><p>DIPLOMA LEGAL. RECEBIMENTO DA INICIAL ACUSATÓRIA. 1. É formal</p><p>e materialmente apta a denúncia que, à luz do contexto fático da fase pré-</p><p>processual, descreve conduta que, em tese, se amolda ao delito de lesão corporal</p><p>de natureza grave. 2. Não há que se falar em inépcia da denúncia se a descrição</p><p>da conduta do acusado possibilita a este o pleno conhecimento do que se lhe</p><p>increpa e o conseqüente exercício da garantia constitucional da ampla defesa.</p><p>No caso, as teses defensivas demandam apuração em sede de instrução criminal.</p><p>3. Preenchendo os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal e não</p><p>incidindo nas impropriedades do art. 43 do mesmo diploma legal, a denúncia é</p><p>de ser recebida.</p><p>Página | 23</p><p>(Inq 2087, Relator(a): CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>20/02/2008, DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008</p><p>EMENT VOL-02324-01 PP-00144 RT v. 97, n. 876, 2008, p. 505-508)</p><p>Página | 24</p><p>QUESTÕES</p><p>01. (FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase)</p><p>Inconformado com o fato de Mauro ter votado em um candidato que defendia ideologia</p><p>diferente da sua, João desferiu golpes de faca contra seu colega, assim agindo com a</p><p>intenção de matá-lo. Acreditando ter obtido o resultado desejado, João levou o corpo da</p><p>vítima até uma praia deserta e o jogou no mar. Dias depois, o corpo foi encontrado, e a</p><p>perícia constatou que a vítima morreu afogada, e não em razão das facadas desferidas</p><p>por João. Descobertos os fatos, João foi preso, denunciado e pronunciado pela</p><p>prática de dois crimes de homicídio dolosos, na forma qualificada, em concurso</p><p>material. Ao apresentar recurso contra a decisão de pronúncia, você,</p><p>advogado(a) de João, sob o ponto de vista técnico, deverá alegar que ele</p><p>somente poderia ser responsabilizado</p><p>A) pelo crime de lesão corporal, considerando a existência de causa</p><p>superveniente, relativamente independente, que, por si só, causou o resultado.</p><p>B) por um crime de homicídio culposo, na forma consumada.</p><p>C) por um crime de homicídio doloso qualificado, na forma tentada, e por um</p><p>crime de homicídio culposo, na forma consumada, em concurso material.</p><p>D) por um crime de homicídio doloso qualificado, na forma consumada.</p><p>02. (FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira</p><p>Fase)</p><p>Pedro, quando limpava sua arma de fogo, devidamente registrada em seu nome, que</p><p>mantinha no interior da residência sem adotar os cuidados necessários, inclusive o de</p><p>desmuniciá-la, acaba, acidentalmente, por dispará-la, vindo a atingir seu vizinho Júlio e</p><p>a esposa deste, Maria. Júlio faleceu em razão da lesão causada pelo projétil e Maria</p><p>sofreu lesão corporal e debilidade permanente de membro. Preocupado com sua</p><p>situação jurídica, Pedro o procura para, na condição de advogado, orientá-lo</p><p>acerca das consequências do seu comportamento. Na oportunidade,</p><p>considerando a situação narrada, você deverá esclarecer, sob o ponto de vista</p><p>técnico, que ele poderá vir a ser responsabilizado pelos crimes de</p><p>A) homicídio culposo, lesão corporal culposa e disparo de de arma de fogo, em</p><p>concurso formal.</p><p>B) homicídio culposo e lesão corporal grave, em concurso formal.</p><p>C) homicídio culposo e lesão corporal culposa, em concurso material.</p><p>D) homicídio culposo e lesão corporal culposa, em concurso formal.</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2018-oab-exame-de-ordem-unificado-xxvii-primeira-fase</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2017-oab-exame-de-ordem-unificado-xxiii-primeira-fase</p><p>Página | 25</p><p>03. (FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primeira Fase) Débora</p><p>estava em uma festa com seu namorado Eduardo e algumas amigas quando</p><p>percebeu que Camila, colega de faculdade, insinuava-se para Eduardo. Cega de</p><p>raiva, Débora esperou que Camila fosse ao banheiro e a seguiu. Chegando lá e</p><p>percebendo que estavam sozinhas no recinto, Débora desferiu vários tapas no</p><p>rosto de Camila, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Camila, por sua</p><p>vez, atordoada com o acontecido, somente deu por si quando Débora já estava</p><p>saindo do banheiro, vangloriando-se da surra dada. Neste momento, com ódio</p><p>de sua algoz, Camila levanta-se do chão, agarra Débora pelos cabelos e a golpeia</p><p>com uma tesourinha de unha que carregava na bolsa, causando-lhe lesões de</p><p>natureza grave. Com relação à conduta de Camila, assinale a afirmativa correta.</p><p>A) Agiu em legítima defesa.</p><p>B) Agiu em legítima defesa, mas deverá responder pelo excesso doloso.</p><p>C) Ficará isenta de pena por inexigibilidade de conduta diversa.</p><p>D) Praticou crime de lesão corporal de natureza grave, mas poderá ter a pena</p><p>diminuída.</p><p>04. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira de Polícia</p><p>Civil do Distrito Federal) Em relação aos crimes contra a pessoa, julgue o próximo</p><p>item. O crime de lesão corporal leve cometido em situação de violência doméstica não</p><p>configura um tipo penal autônomo, mas uma qualificadora do delito de lesão corporal,</p><p>em decorrência da relação havida entre os sujeitos ativo e passivo do delito.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>05. (FCC - 2021 - DPE-BA - Defensor (A) Público (A)) Em 12/3/2021, Fernando</p><p>chegou em casa alcoolizado e após discussão por ciúme, desferiu dois fortes</p><p>socos no olho de sua esposa Vitória. Em seguida, Fernando disse que “não quer</p><p>que ela fique novamente de conversa com outros homens na rua” e saiu de casa.</p><p>Vitória pediu ajuda a vizinhos que a encaminharam ao pronto-socorro para os</p><p>devidos cuidados. Em razão dos ferimentos, Vitória precisou ser submetida a</p><p>pequena cirurgia, que necessitou de cinco dias de observação no hospital, mas</p><p>após alta médica poderia voltar às suas atividades habituais normalmente.</p><p>Contudo, no último dia se sentiu mal e realizou exames no hospital, tendo sido</p><p>constatada infecção por Covid-19, que ocorrera no hospital. Em razão das</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2013-oab-exame-de-ordem-unificado-xi-primeira-fase</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-cebraspe-2021-pc-df-escrivao-de-policia-da-carreira-de-policia-civil-do-distrito-federal</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-cebraspe-2021-pc-df-escrivao-de-policia-da-carreira-de-policia-civil-do-distrito-federal</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fcc-2021-dpe-ba-defensor-a-publico-a</p><p>Página | 26</p><p>complicações do vírus, Vitória seguiu internada no hospital e morreu vinte e um</p><p>dias depois. Diante dos fatos narrados, Fernando deve responder por</p><p>A) lesão corporal em situação de violência doméstica.</p><p>B) lesão corporal seguida de morte.</p><p>C) feminicídio.</p><p>D) crime nenhum, pois o fato é atípico.</p><p>E) tentativa de homicídio.</p><p>GABARITO: 1 D; 2 D; 3 C; 4 CERTO; 5 A;</p><p>Página | 27</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:</p><p>BRASIL. Planalto. Portal da Legislação, 2020. Disponível em:</p><p>http://www4.planalto.gov.br/legislacao/. Acesso em julho de 2020.</p><p>CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial (arts.</p><p>121 ao 361) / Rogério Sanches Cunha -11. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador:</p><p>JusPODIVM, 2019.</p><p>GONÇALVES, Victor Eduardo Rios Direito penal : parte especial / Victor</p><p>Eduardo Rios Gonçalves. / coord. Pedro Lenza. – 11. ed. – São Paulo: Saraiva</p><p>Educação, 2021. (Coleção Esquematizado®)</p><p>MASSON, Cleber. Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber</p><p>Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO, 2018</p><p>http://www4.planalto.gov.br/legislacao/</p>

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