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<p>AO DOUTO JUÍZO DA 1ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PORTO</p><p>SEGURO/BA</p><p>Processo Nº xxxxxxxxxxxxxxxxx</p><p>BRUTUS, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, atualmente</p><p>preso preventivamente na cidade de Porto Seguro/BA, vem respeitosamente, perante</p><p>Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado subscritoconforme instrumento</p><p>particular de procuração anexo, vêm, respeitosamente à presença de Vossa Excelência,</p><p>apresentar:</p><p>PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA</p><p>Com fundamento no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, e no</p><p>artigo 316 do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir</p><p>expostos.</p><p>I. DOS FATOS:</p><p>O acusado Brutos foi detido em flagrante pela acusação de homicídio</p><p>doloso consumado contra duas vítimas, e está sendo indiciado pelo crime de porte ilegal</p><p>de arma de fogo e tráfico de drogas.</p><p>No local onde ocorreu a prisão foram encontrados os cadáveres, a arma de</p><p>fogo e 40 (quarenta) papelotes de cocaína. Os fatos que causou a prisão de Brutos se</p><p>deram na seguinte ordem:</p><p>Brutos conhecido por ser traficante de drogas na comunidade onde morava,</p><p>foi a um baile funk e lá começou a conversar com Cleópatra, uma garota de outra</p><p>comunidade que estava bebendo com sua amiga, Afrodite, também da mesma</p><p>comunidade que aquela.</p><p>Ambas as meninas sabiam que Brutus era o “dono” daquela comunidade e</p><p>operava todo o tráfico de drogas na região, o que as instigou a beberem com ele no baile</p><p>funk, em razão do “glamour” gerado pelo seu poder no local.</p><p>Passado horas de bebedeira, Brutus chamou as garotas para irem até sua</p><p>residência para ouvir música, beber e fazer uso de drogas, o que foi prontamente atendido</p><p>por ambas.</p><p>Ao chegarem à casa de Brutus, elas viram que lá havia muitas drogas,</p><p>dinheiro e armas de fogo, tudo isso típico de um traficante de drogas que comandava a</p><p>mercancia ilícita de entorpecentes no local e começaram a perguntar sobre o trabalho de</p><p>Brutus.</p><p>Ocorre que, Brutus não queria ficar falando de trabalho naquele momento,</p><p>mas, sim, ter uma noite de relação sexual com as moças, todavia Cleópatra não aceitou e</p><p>pediu para que ele solicitasse um Uber para ela ir embora para a sua comunidade, sendo</p><p>que apenas Afrodite anuiu ao convite sexual.</p><p>Enfurecido com a recusa ao seu convite sexual, Brutus pegou um fuzil e</p><p>disparou, dolosamente, contra Cleópatra, atingindo-a mortalmente, sendo que o mesmo</p><p>disparo que a perfurou também acertou Afrodite, que morreu imediatamente, porém, ele</p><p>não tinha a intenção de matá-la, o que ocorrera por erro na execução, em virtude da</p><p>imprudência de ter usado uma arma muito possante para eliminar alguém que estava</p><p>próximo a ela.</p><p>Importante ressaltar que, Cleópatra e Afrodite eram moradoras de uma</p><p>comunidade rival, chefiada por outro traficante que era inimigo de Brutus, sendo que,</p><p>quando a notícia do homicídio chegou até ele, foi acionada a Polícia Militar, de forma</p><p>anônima, dando o direcionamento exato da residência de Brutus para constatar que os</p><p>corpos lá estavam e ele ser preso.</p><p>A Polícia Militar, sem qualquer investigação prévia, chegou ao local logo</p><p>pela manhã e arrombou a porta, encontrando Brutus ainda dormindo e os dois corpos no</p><p>chão com orifício de entrada de uma bala de fuzil que transfixou ambas as vítimas e parou</p><p>a trajetória na parede, tendo sido recolhido o projétil.</p><p>Além do mais, os policiais encontraram 40 papelotes de cocaína</p><p>embalados prontos para comércio, bem como o fuzil utilizado no delito e uma pistola 9 mm</p><p>que estava no armário da cozinha.</p><p>Cumpre ressaltar que, para encontrar as drogas e a pistola, os militares</p><p>asfixiaram Brutus com sacola plástica, tendo ele, após não aguentar mais ser espancado</p><p>e asfixiado, apontado onde guardava a arma e as drogas, bem como confessou ter</p><p>praticado os homicídios.</p><p>Em razão de sua prisão em flagrante, Brutus foi encaminhado para o</p><p>Instituto Médico Legal para fazer exame de corpo de delito, constatando-se que ele fora</p><p>asfixiado e espancado horas antes de fazer a perícia.</p><p>Após receber o auto de prisão em flagrante, o Juiz responsável pelos fatos</p><p>designa audiência de custódia para a oitiva do acusado e ficar a par dos moldes em que se</p><p>deram a sua prisão.</p><p>Na audiência de custódia, realizada dentro do prazo legal, o acusado</p><p>mencionou que os policiais militares entraram em sua residência sem o seu</p><p>consentimento, tendo ainda espancado e asfixiado ele, de forma a confessar o crime, o que</p><p>fora comprovado pelo exame de corpo de delito.</p><p>Não bastante, o membro do Ministério Público, tendo visto que Brutus tinha</p><p>uma extensa ficha criminal, bem como os crimes que foram flagrados no momento de sua</p><p>prisão em flagrante, requereu a conversão em prisão preventiva, uma vez que o acusado</p><p>teria praticado os seguintes delitos:</p><p> crime hediondo, previsto no delito do art. 121, §2º, II (motivo fútil)</p><p> VIII (emprego de arma de fogo de uso restrito), do Código Penal,</p><p> por duas vezes (duas vítimas), combinado com o crime do art. 16, caput (porte</p><p>ilegal de arma de fogo de uso restrito),</p><p> da Lei nº 10.826/03, por duas vezes (fuzil e pistola 9 mm),</p><p> e art. 33, caput (tráfico de drogas), da Lei nº 11.343/06</p><p>Todos em concurso material de crimes, na forma do art. 69 Código Penal,</p><p>destacando que não era possível a concessão de liberdade provisória com fiança, pois a</p><p>Lei nº 8.072/90, art. 2º, II, veda tal benefício legal.</p><p>Além disso, o Promotor de Justiça não acreditou que os policiais teriam</p><p>espancado e asfixiado o acusado, bem como que os crimes praticados foram</p><p>comprovados pela entrada em sua residência, sendo dispensável o consentimento do</p><p>morador nessas situações de permanência do delito.</p><p>Após ser realizada Audiência de Custódia, este Juízo decretou a prisão</p><p>preventiva do Requerente, já que, o Magistrado entendeu por bem decretar a prisão</p><p>preventiva com base nos seguintes fundamentos:</p><p>“Decido que o crime de tortura não foi claramente comprovado, devendo ser investigado</p><p>em via própria; a invasão de domicílio feita pelos policiais é justificável, pois estava ali</p><p>sendo praticado um crime hediondo, constituindo a ausência de consentimento mera</p><p>irregularidade. Por isso, decreto a prisão preventiva com base na garantia da ordem pública,</p><p>bem como pela hediondez dos delitos”.</p><p>Dessa forma, o réu, neste momento, encontra-se preso preventivamente na</p><p>cidade de Porto Seguro/BA, mais precisamente por ordem da 1ª Vara do Tribunal do Júri da</p><p>Comarca de Porto Seguro/BA. Cumpre ressaltar que, até o presente momento, passados</p><p>200 dias, não foi juntado laudo preliminar das drogas apreendidas nem laudo de eficiência</p><p>e prestabilidade das armas de fogo apreendidas, estando os autos com o Ministério Público</p><p>para oferecimento da denúncia, mas pendentes as diligências apontadas.</p><p>Todavia, no presente momento processual não é mais cabida a manutenção</p><p>da prisão cautelar contra o Acusado/Requerente, em razão que se passa a expor.</p><p>II. DO DIREITO:</p><p>O acusado/requerente requer pela sua liberdade para que possa responder</p><p>adequadamente ao processo, pela aplicabilidade do Princípio da Presunção de Inocência,</p><p>até que se esgotem todos os recursos da ampla defesa e contraditório, onde a prisão</p><p>cautelar é uma exceção.</p><p>Pelo sistema implantado pela Lei nº 12.403/2011, as prisões cautelares são</p><p>a última ratio, ou seja, deve ser o ultimato final de todas as medidas cautelares disponíveis</p><p>em nosso ordenamento jurídico.</p><p>Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:</p><p>I - Necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos</p><p>expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;</p><p>II - Adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado</p><p>ou acusado.</p><p>(...)</p><p>§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida</p><p>cautelar (art. 319). (Grifo nosso)</p><p>Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder</p><p>liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e</p><p>observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Grifo Nosso)</p><p>Apesar de o acusado/requerente estar sendo investigado em inquéritos</p><p>policiais, isto não pode ser considerado como fato desabonador de sua conduta, tendo em</p><p>vista que a Constituição Federal afirma que somente é considerado culpado após</p><p>condenação penal transitada em julgado:</p><p>Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos</p><p>estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à</p><p>propriedade, nos termos seguintes:</p><p>(...)</p><p>LVII. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. (Grifo</p><p>Nosso)</p><p>Referido dispositivo consolida o Princípio da Presunção de Inocência,</p><p>garantia constitucional que permite ao acusado de uma infração penal não ser</p><p>considerado culpado, até que esgotadas todas as fases do processo, e ao final haja</p><p>sentença penal condenatória com trânsito em julgado. Diante disso, não se pode</p><p>considerar, por si só, inquéritos policiais em curso como instrumento idôneo a justificar a</p><p>manutenção da prisão preventiva da Requerente. Segue jurisprudência neste sentido:</p><p>PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA</p><p>DECRETADA NA SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU. RÉU QUE</p><p>PERMANECERA SOLTO DURANTE A INSTRUÇÃO CRIMINAL. EXISTÊNCIA</p><p>DE INQUÉRITOS POLICIAIS EM ANDAMENTO. FUNDAMENTO QUE, POR SI</p><p>SÓ, NÃO JUSTIFICA A PRISÃO PREVENTIVA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A</p><p>existência de inquéritos policiais em andamento não justifica, por si só, a</p><p>decretação da prisão preventiva. Precedentes do Superior Tribunal de</p><p>Justiça. 2. Ordem concedida. (TRF-3 – HC 2501 SP 2010.03.00.002501-2.</p><p>Rel.: Nelton dos Santos. Data Julg.: 08/06/2010. Segunda turma).</p><p>HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CONVERSÃO DA PRISÃO EM</p><p>FLAGRANTE EM CUSTÓDIA PREVENTIVA. MOTIVAÇÃO INSUFICIENTE.</p><p>PERICULUM LIBERTATIS NÃO EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A</p><p>prisão preventiva é compatível com a presunção de não culpabilidade do</p><p>acusado desde que não assuma natureza de antecipação da pena e não</p><p>decorra, automaticamente, do caráter abstrato do crime ou do ato</p><p>processual praticado (art. 313, § 2º, CPP). Além disso, a decisão judicial</p><p>deve apoiar-se em motivos e fundamentos concretos, relativos a fatos</p><p>novos ou contemporâneos, dos quais se possa extrair o perigo que a</p><p>liberdade plena do investigado ou réu representa para os meios ou os fins</p><p>do processo penal (arts. 312 e 315 do CPP). 2. Não foram indicados, pelo</p><p>Juízo singular, elementos idôneos para convolar a prisão em flagrante em</p><p>custódia provisória, uma vez que se limitou a afirmar a gravidade abstrata</p><p>e a hediondez do delito imputado à acusada. 3. A simples leitura do</p><p>decisum combatido permite verificar que ficou consignado que a droga</p><p>apreendida pertencia à irmã da paciente - fato admitido pelas duas</p><p>autuadas, ao prestarem depoimento em âmbito policial. 4. Ordem</p><p>concedida para confirmar a liminar tornar sem efeito a decisão que</p><p>converteu a prisão em flagrante do acusado em custódia preventiva,</p><p>ressalvada a possibilidade de nova decretação da medida caso</p><p>efetivamente demonstrada a sua necessidade, sem prejuízo de fixação de</p><p>cautelar alternativa, nos termos do art. 319 do CPP (HC 597376 / SP, STJ).</p><p>Nesta linha de raciocínio, o Código de Processo Penal estabelece medidas</p><p>que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem</p><p>sacrifício de sua liberdade, deixando a prisão cautelar apenas para as hipóteses de</p><p>absoluta necessidade. Passa-se a analisar a ausência do requisito ensejador da prisão</p><p>cautelar, previsto no artigo 312 do Código de Processo Penal.</p><p>Impor ao acusado o cumprimento antecipado de uma pena é fechar os</p><p>olhos aos princípios que norteiam o ordenamento jurídico, em especial, no que se refere a</p><p>presunção de inocência e a dignidade da pessoa humana.</p><p>No que tange a conveniência da instrução criminal, o Requerente não</p><p>pretende, e de nenhuma forma perturbará ou dificultará a busca da verdade real, no</p><p>desenvolvimento da marcha processual, não podendo, também, presumir tal fato, pois</p><p>inexiste nos autos quaisquer elementos que indiquem um entendimento em sentido</p><p>contrário, como mesmo afirmado por este Juízo em sua decisão.</p><p>Ademais, o Requerente tem consciência de que a instrução criminal é o</p><p>meio hábil de exercer o direito constitucional do contraditório e da ampla defesa, e de</p><p>provar sua inocência, razão pela qual não se pode presumir que a mesma se voltará contra</p><p>o único meio que possibilitará o exercício de sua defesa.</p><p>Vejamos ainda que, até o presente momento, passados 200 dias, não foi</p><p>juntado laudo preliminar das drogas apreendidas nem laudo de eficiência e prestabilidade</p><p>das armas de fogo apreendidas, estando os autos com o Ministério Público para</p><p>oferecimento da denúncia, mas pendentes as diligências apontadas, o que é um absurdo.</p><p>O pacote de anticrime, determina a revisão das prisões preventivas</p><p>decretadas no período de 90 dias, sob a pena da prisão se tornar ilegal, de acordo com o</p><p>art. 316 do CPP, que diz:</p><p>Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação</p><p>ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se</p><p>sobrevierem razões que a justifiquem.</p><p>Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de</p><p>sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a</p><p>prisão ilegal.</p><p>O acusado não apresenta nenhum risco para a ordem pública, pelo qual</p><p>entende-se pela expressão da necessidade de se manter em ordem a sociedade, que,</p><p>como regra, é abalada pela prática de um delito.</p><p>Diante do exposto, antes de decretar a prisão preventiva, o Magistrado</p><p>deverá analisar a possibilidade de decretação de cautelar diversa da prisão, isolada ou</p><p>conjuntamente, desde que adequada ao caso concreta, devendo determinar o</p><p>encarceramento do agente apenas se as demais cautelares se mostrarem insuficientes.</p><p>Quanto ao disposto na Lei nº 11.343/06, em seu artigo 51, há um prazo</p><p>conclusivo do inquérito policial de 30 (trinta) dias para que a Autoridade Policial conclua a</p><p>sua investigação e indicie ou peça dilação de prazo para continuar analisando o caso</p><p>concreto, em se tratando de acusado preso. Vejamos:</p><p>Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90</p><p>(noventa) dias, quando solto.</p><p>O excesso de prazo é um dos motivos pelos quais a prisão não pode</p><p>sustentar-se, eis que o acusado não pode continuar preso por uma deficiência estatal em</p><p>investigar e coletar provas para o seu correto indiciamento. A letra fria da lei deve ser</p><p>cumprida à risca quando se trata de colocação em risco do bem jurídico mais importante</p><p>depois da vida, qual seja, a liberdade do agente.</p><p>Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os</p><p>autos do inquérito ao juízo:</p><p>I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do</p><p>delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em</p><p>que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes</p><p>do agente; ou</p><p>II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias.</p><p>Outro ponto importante é que o acusado não pode ficar preso</p><p>preventivamente sem qualquer indiciamento, o que demonstra, por si só, uma desídia</p><p>estatal na coleta de provas hábeis para tanto.</p><p>Sendo assim, o art. 50, seus seguintes parágrafos,</p><p>da Lei nº 11.343/06, diz</p><p>que:</p><p>Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária</p><p>fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe</p><p>cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério</p><p>Público, em 24 (vinte e quatro) horas.</p><p>§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e</p><p>estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de</p><p>constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial</p><p>ou, na falta deste, por pessoa idônea.</p><p>§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não</p><p>ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.</p><p>§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10</p><p>(dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e</p><p>determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra</p><p>necessária à realização do laudo definitivo.</p><p>§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia</p><p>competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério</p><p>Público e da autoridade sanitária.</p><p>§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das</p><p>drogas referida no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado</p><p>de polícia, certificando-se neste a destruição total delas.</p><p>Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão</p><p>em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias</p><p>contado da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à</p><p>realização do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o</p><p>procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50.</p><p>Ademais, cumpre ressaltar que a Lei de Drogas exige a realização de dois</p><p>laudos periciais para satisfazer o devido processo legal, sendo indispensáveis os laudos</p><p>preliminares ou de constatação e o definitivo, uma vez que a ausência de um dos dois</p><p>laudos ocorre situação de nulidade absoluta.</p><p>Trata-se da disposição prevista nos arts. 50 e seguintes, a seguir transcritos:</p><p>Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária</p><p>fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe</p><p>cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério</p><p>Público, em 24 (vinte e quatro) horas. § 1º Para efeito da lavratura do auto</p><p>de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é</p><p>suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga,</p><p>firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. § 2º O</p><p>perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará</p><p>impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. § 3º Recebida</p><p>cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,</p><p>certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a</p><p>destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à</p><p>realização do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) § 4º A</p><p>destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia</p><p>competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério</p><p>Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) §</p><p>5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das</p><p>drogas referida no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado</p><p>de polícia, certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei</p><p>nº 12.961, de 2014) Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a</p><p>ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo</p><p>máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardando-se</p><p>amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no que</p><p>couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50. (Incluído pela Lei nº</p><p>12.961, de 2014) Não é com outro pensamento que a jurisprudência exige</p><p>perícia nesses dois tipos de crimes, nesses termos: AGRAVO REGIMENTAL</p><p>EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PORTE ILEGAL DE MUNIÇÕES DE</p><p>USO PERMITIDO. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 14 DA LEI 10.826/2003 E 386, III,</p><p>DO CPP. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. MUNIÇÕES ISOLADAME</p><p>Não é com outro pensamento que a jurisprudência exige perícia nesses dois</p><p>tipos de crimes, nesses termos:</p><p>AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PORTE</p><p>ILEGAL DE MUNIÇÕES DE USO PERMITIDO. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 14 DA</p><p>LEI 10.826/2003 E 386, III, DO CPP. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. MUNIÇÕES</p><p>ISOLADAMENTE CONSIDERADAS. COMPROVAÇÃO DA LESIVIDADE.</p><p>MAIOR REPROVABILIDADE DA CONDUTA. MUNIÇÕES APREENDIDAS EM</p><p>VIA PÚBLICA. CRIME DE MERA CONDUTA. TIPICIDADE CONFIGURADA.</p><p>PRECEDENTES DO STJ E DO STF. ALTERAÇÃO DO QUANTO DISPOSTO NO</p><p>ACÓRDÃO. NECESSIDADE DE REEXAME DO ARCABOUÇO</p><p>FÁTICOPROBATÓRIO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. No que se refere</p><p>ao pleito de afastamento do óbice da Súmula 7/STJ, visando a absolvição</p><p>do agravante, o Tribunal de origem dispôs que a materialidade do crime do</p><p>artigo 14 do Estatuto do Desarmamento está comprovada pelo auto de</p><p>prisão em flagrante delito (fls. 02/08-v), pelo boletim de ocorrência (fls.</p><p>10/21-v), pelo auto de apreensão (fl. 26) e pelo laudo pericial de eficiência</p><p>e prestabilidade das munições (fl. 85). [...] O acusado admitiu perante a</p><p>autoridade policial ter sido preso "portando uma arma de fogo calibre .38</p><p>municiada com dois cartuchos" (fl. 06). Em juízo, ele exerceu seu sagrado</p><p>direito constitucional de permanecer em silêncio (audiência audiovisual -</p><p>CD de fl. 208). [...] A confissão extrajudicial do réu foi confirmada em juízo</p><p>pelo policial militar Marcelo Gonçalves da Silva, que relatou que</p><p>apreendeu com o apelante um revólver calibre 38 com duas munições</p><p>(mídia de fl. 208). 2. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais destacou, ainda,</p><p>que para a tipificação do delito do artigo 14 da Lei 10.826/03, crime de</p><p>perigo abstrato ou de mera conduta, basta a probabilidade de dano; não é</p><p>necessária sua efetiva ocorrência. Entretanto, o simples fato de o crime de</p><p>porte de munições de uso permitido ser de mera conduta ou de perigo</p><p>abstrato não significa que é prescindível a realização de laudo pericial</p><p>para aferir a eficiência e prestabilidade delas. Ou seja, é necessário</p><p>atestar que as munições são aptas a ofender a incolumidade pública,</p><p>independentemente de tal resultado ocorrer. [...] No caso em tela, a</p><p>despeito de o laudo de fls. 81/82 não ter constatado a eficiência e a</p><p>prestabilidade da arma de fogo, o laudo de fl. 85 constatou a eficiência e</p><p>a prestabilidade das duas munições calibre 38 que foram apreendidas</p><p>com o acusado. Ou seja, elas eram capazes de ofender a integridade física</p><p>de alguém. [...] O bem jurídico tutelado pelo Estatuto do Desarmamento é</p><p>a incolumidade pública, o que transcende a mera proteção à</p><p>incolumidade pessoal, abrangendo a garantia e preservação do estado de</p><p>segurança. 3. Para revisar o aferido pela Corte de origem, seria necessária</p><p>a incursão em aspectos de índole fático-probatória, medida essa</p><p>inviabilizada na via eleita pela incidência do óbice constante da Súmula</p><p>7/STJ. 4. Para o Superior Tribunal de Justiça, há tipicidade na conduta do</p><p>porte de munição de arma de fogo, ainda que desacompanhada de</p><p>artefato bélico. 5. A particularidade descrita no combatido aresto,</p><p>atinente à apreensão das munições em via pública, demonstra uma maior</p><p>reprovabilidade da conduta do agravante, o que impossibilita, no caso, o</p><p>reconhecimento da atipicidade material de sua conduta. 6. Segundo a</p><p>jurisprudência deste Superior Tribunal, o simples fato de possuir arma de</p><p>fogo, mesmo que desacompanhada de munição, acessório ou munição,</p><p>isoladamente considerada, já é suficiente para caracterizar o delito</p><p>previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003, por se tratar de crime de perigo</p><p>abstrato. Nesse contexto, é irrelevante aferir a eficácia da arma de</p><p>fogo/acessório/munição para a configuração do tipo penal, que é misto-</p><p>alternativo, em que se consubstanciam, justamente, as condutas que o</p><p>legislador entendeu por bem prevenir, seja ela o simples porte de</p><p>munição,</p><p>seja o porte de arma desmuniciada. 7. A conclusão do aresto</p><p>impugnado está em sintonia com a orientação jurisprudencial desta Corte</p><p>quanto à tipicidade da conduta de porte ilegal de munição</p><p>desacompanhada de arma de fogo (EREsp n. 1.853.920/SC, Ministro Joel</p><p>Ilan Paciornik, Terceira Seção, DJe 14/12/2020). 8. Agravo regimental</p><p>improvido. (AgRg no AREsp 1544853 / MG, STJ)</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E</p><p>ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. APREENSÃO DE DROGA. AUSÊNCIA DE</p><p>CONSTATAÇÃO INEQUÍVOCA. MATERIALIDADE DO CRIME DE TRÁFICO</p><p>DE DROGAS AFASTADA. ABSOLVIÇÃO. ART. 580 DO CPP. EFEITOS</p><p>EXTENSIVOS. DOSIMETRIA DO CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.</p><p>PENA-BASE E AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. PROPORCIONALIDADE.</p><p>RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. EFEITO EXTENSIVO. 1. "É</p><p>imprescindível para a demonstração da materialidade do crime de tráfico</p><p>a apreensão de drogas" (REsp 1865038/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO,</p><p>SEXTA TURMA, julgado em 25/8/2020, DJe4/9/2020). Ainda que ausente</p><p>apreensão de droga em poder do acusado, mas sendo apreendido</p><p>entorpecente em poder de corréu e havendo existência de liame subjetivo</p><p>entre os agentes, devidamente comprovado, torna-se descabida a</p><p>pretensão de afastamento da materialidade do crime do art. 33 da Lei</p><p>11.343/2006, hipótese que não se ferpaz no caso. 2. As instâncias</p><p>ordinárias deixaram de indicar, de forma inequívoca, se houve apreensão</p><p>de entorpecente em poder de algum dos acusados, tendo a condenação</p><p>pelo crime do art. 33, caput, da Lei 11.343/2006, se dado somente com</p><p>apoio em relatório investigativo, no qual foram reproduzidas conversas</p><p>extraídas de aparelhos celulares, e na prova testemunhal obtida sob o</p><p>crivo do contraditório, elementos que, na ausência de laudo de exame</p><p>toxicológico, ainda que preliminar, não se mostram suficientes para</p><p>fundamentar a condenação, por cuidar-se de crime material (art. 50, §§ 1º</p><p>a 3º - Lei 11.343/2006). 3. A lei não fixa parâmetros aritméticos para a</p><p>exasperação da pena-base ou para a aplicação de atenuantes e de</p><p>agravantes, cabendo ao magistrado, utilizando-se da discricionariedade</p><p>motivada e dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, fixar o</p><p>patamar que melhor se amolde à espécie. 4. No caso, a pena-base sofreu</p><p>acréscimo de cerca de 1/5 do intervalo entre as penas máxima e mínima</p><p>abstratamente cominadas ao delito do art. 35 da Lei 11.343/2006 para</p><p>cada circunstância judicial desfavorável, considerando os maus</p><p>antecedentes do acusado, que ostenta várias condenações, e as</p><p>circunstâncias do crime (posição de liderança em associação criminosa,</p><p>com atuação em pelo menos 3 municípios, que permitiu comercialização</p><p>de drogas e movimentação de recursos financeiros expressivos), o que</p><p>não se mostra desarrazoado. Não se revela desproporcional o aumento de</p><p>1/3, na segunda fase da dosimetria, em razão da dupla reincidência. 5.</p><p>Agravo regimental parcialmente provido. Absolvição pelo crime do art. 33</p><p>da Lei 11.343/2006 (art. 386, VII - CPP), com efeito extensivo (art. 580 -</p><p>CPP), mantido o restante da condenação (AgRg no HC 671058 / SC, STJ).</p><p>Portanto, verifica-se que estão ausentes os requisitos autorizadores da</p><p>prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP, razão pela qual requer seja revogada nos</p><p>termos do art. 316 do CPP.</p><p>III. DOS PEDIDOS:</p><p>Diante de todo o exposto, pede-se, a Vossa Excelência:</p><p>a) Revogar a prisão preventiva do acusado Fulano de tal, concedendo</p><p>liberdade provisória com expedição de alvará de soltura, apontando o flagrante</p><p>descumprimento ao artigo 316, CPP, cujo período de revisão de 90 dias não fora atendido,</p><p>aos fundamentos do artigo 312, CPP, bem como ao desatendimento do que consta dos</p><p>artigos 50 a 52 da Lei nº 11.343/06.;</p><p>b) Requerer a aplicação subsidiária das medidas cautelares de prisão, com</p><p>base no princípio da eventualidade, expedindo-se imediatamente o alvará de soltura, nos</p><p>termos do art. 319 do CPP.</p><p>Nestes termos,</p><p>Pede deferimento.</p><p>Porto Seguro-Bahia, 13 de setembro de 2024,</p><p>Advogado</p><p>(OAB nº)</p>