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<p>Ergonomia e Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro</p><p>Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>Introdução à Ergonomia e</p><p>Segurança no Trabalho</p><p>• Apreender o conceito de segurança e ergonomia, sua origem, objetivos básicos,</p><p>seus precursores e sua evolução.</p><p>OBJETIVO DE APRENDIZADO</p><p>• Segurança Industrial;</p><p>• O Mundo do Trabalho;</p><p>• Conceito de Ergonomia;</p><p>• Origem da Ergonomia;</p><p>• Os Precursores da Ergonomia;</p><p>• A Ergonomia, do Taylorismo até os Dias de Hoje;</p><p>• Campos de Atuação para o Profissional da Ergonomia.</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>Contextualização</p><p>No Brasil, a preocupação com a saúde, segurança e ergonomia nos locais de trabalho</p><p>vem se destacando na sociedade moderna e isso se dá pelo fato de crescer diariamente o</p><p>número de acidentes e doenças relacionadas às atividades produtivas nos mais variados</p><p>campos de trabalho.</p><p>Para conhecer mais sobre os dados de acidentes de trabalhos no Brasil.</p><p>Disponível em: https://bityl.co/7VQw</p><p>Em meados de 1978, na tentativa de fixar medidas de segurança aplicadas à saúde</p><p>no trabalho na rotina das empresas, foi instituída uma gama de estruturas legais repre-</p><p>sentadas especialmente pelo Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e</p><p>pelas Normas Regulamentadoras (NR). Essa foi a maneira encontrada para garantir aos</p><p>trabalhadores um ambiente de trabalho seguro e saudável, com a redução dos riscos</p><p>inerentes ao trabalho (ROSA; QUIRINO, 2017).</p><p>A segurança no trabalho surge, então, como um campo que visa subsidiar constantes</p><p>transformações de processos no ambiente de trabalho, no maquinário, nas ferramentas e</p><p>nos produtos que são utilizados nas diferentes atividades laborais no decorrer da história,</p><p>tendo como característica o aumento da qualidade de vida aos trabalhadores durante</p><p>suas jornadas de trabalho.</p><p>No território brasileiro, as legislações são relativamente recentes no campo da segurança</p><p>do trabalho e saúde do trabalhador. Até o início do século XX, a economia nacional era</p><p>focada no serviço braçal de escravos e na agricultura, e nessa época já existiam acidentes</p><p>decorrentes do trabalho.</p><p>Em 1970, o Brasil era o campeão mundial de acidentes de trabalho e desde então</p><p>começaram os avanços na área que preserva a saúde do trabalhador. Nesse contexto,</p><p>surge a medicina do trabalho, que se destaca por trabalhar em prol da preservação</p><p>da saúde do trabalhador, proporcionando aos empregados aumento das condições de</p><p>saúde nos espaços de trabalho, bem como auxiliando no manejo das consequências de</p><p>adversidades causadas durante o trabalho.</p><p>Essa área atende o trabalhador desde o ingresso na empresa, com os exames admis-</p><p>sionais, até o término de seu contrato de trabalho, com os exames demissionais, além</p><p>de intervenções que visam empoderar o trabalhador frente aos cuidados com sua saúde</p><p>durante sua vida laboral.</p><p>Tavares (2009, p. 16 e 17) destaca que diversos são os fatores que se relacionam à</p><p>implantação de programas de segurança e saúde do trabalho nos espaços organizacio-</p><p>nais, dentre eles a autora aponta:</p><p>• Aspectos sociais: O ônus pelo acidente do trabalho reflete-se em toda a nação; é</p><p>ela que paga, através da arrecadação de impostos, ao incapacitado ou à família da</p><p>vítima de um acidente fatal o seguro social a que tem direito. É expressivo o número</p><p>8</p><p>9</p><p>de brasileiros aposentados por invalidez, que ficam à espera apenas do seu irrisório</p><p>salário, quando poderiam estar produzindo e, consequentemente, contribuindo para</p><p>o desenvolvimento do país;</p><p>• Aspectos humanos: Embora não se possa representar em números, o aspecto</p><p>humano é o mais importante, pois não há dinheiro que pague o preço de uma</p><p>vida, assim como não há indenização que corresponda ao valor de uma mão, de</p><p>um braço ou de qualquer parte do corpo mutilada em um acidente. Não dá para</p><p>mensurar o significado para os familiares de um indivíduo que saiu para trabalhar</p><p>e não voltou vítima de um acidente de trabalho que poderia ter sido evitado. Outro</p><p>fator não quantificável são os traumas que um acidente acarreta para os compa-</p><p>nheiros do acidentado;</p><p>• Aspectos econômicos: A queda na produção de uma empresa e da nação como</p><p>um todo, decorrente de acidentes de trabalho, é um aspecto que deve ser conside-</p><p>rado, pois, além do custo final dos produtos, o acidente acarreta gastos com aten-</p><p>dimento médico, transporte, remédios, indenizações, pensões etc.</p><p>A segurança no trabalho e a ergonomia surgem, então, como campos que visam</p><p>subsidiar constantes a segurança e as transformações de processos no meio ambiente</p><p>de trabalho, no maquinário, nas ferramentas e nos produtos que são utilizados nas dife-</p><p>rentes atividades laborais no decorrer da história, tendo como característica o aumento</p><p>da qualidade de vida aos trabalhadores durante suas jornadas de trabalho.</p><p>Fatos históricos da segurança e ergonomia no Brasil:</p><p>• 1919 – Criada a Lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o seguro</p><p>contra o risco profissional;</p><p>• 1923 – Criação da caixa de aposentadorias e pensões para os empregados das</p><p>empresas ferroviárias, marco da Previdência Social;</p><p>• 1930 – Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual MTPS;</p><p>• 1943 – Criada a consolidação das leis do trabalho, CLT, que trata de segurança e</p><p>saúde do trabalho no título II, capítulo V do artigo 154 ao 201;</p><p>• Década de 1960, no curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP,</p><p>com o professor Sérgio Penna Kehl, através da abordagem “O Produto e o Homem”;</p><p>• 1966 – Criação da fundação Jorge do Duprat Figueiredo de segurança e medicina</p><p>do trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e tecnológica rela-</p><p>cionada à segurança e saúde dos Trabalhadores;</p><p>• Década de 1970, ocorreu com a introdução do ensino de ergonomia no curso de</p><p>Engenharia de Produção, do Programa de Pós-graduação em Engenharia da UFRJ.</p><p>Contou com o professor Itiro Iida como docente e constituiu-se num centro de dis-</p><p>seminação de conhecimentos da ergonomia, produzindo várias teses e dissertações</p><p>nessa área de conhecimento;</p><p>• Na década de 1970, foi identificada através de estudos relacionados à psicologia</p><p>ergonômica, com ênfase na percepção visual aplicada no estudo do trânsito, no</p><p>curso de Psicologia da USP de Ribeirão Preto, no qual se implantou uma linha de</p><p>pesquisa, coordenada pelos professores Reinier Rozestraten e Paul Stephaneck;</p><p>9</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>• Na década de 1970, compreendeu a área de Psicologia do Instituto Superior de</p><p>Estudos e Pesquisas Psicossociais da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro,</p><p>o qual foi coordenado pelo professor Franco Lo Presti Seminério e promoveu, em</p><p>1974, o 1º Seminário Brasileiro de Ergonomia, marco fundamental na história da</p><p>ergonomia brasileira. Também coube a esse instituto a implantação do primeiro</p><p>curso de especialização em ergonomia no Brasil, no ano de 1975;</p><p>• Na década de 1970, pesquisadores da área de design trouxeram pesquisadores de</p><p>outros países para seminários sobre Ergonomia. Foram convidados professores da</p><p>Europa (entre eles Alain Wisner) e dos EUA;</p><p>• 1983, Criação da ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia;</p><p>• 1976, com a introdução do ensino de ergonomia no curso de Desenho Industrial</p><p>da Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ, com o professor Karl Heinz</p><p>Bergmiller, lecionando ergonomia para o desenvolvimento de projetos de produtos;</p><p>• 1978 – criação das normas regulamentadoras;</p><p>• 1990 – elaboração da Norma Regulamentadora nº 17.</p><p>Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em: https://bityl.co/7WPO</p><p>10</p><p>11</p><p>Segurança Industrial</p><p>A história dos acidentes industriais é dolorosa com muitas perdas materiais, ambien-</p><p>tais e humanas, mas as oportunidades de ações de prevenção foram desenvolvidas para</p><p>que não ocorressem os acidentes de processo similares, é se apoiou, inicialmente, sobre</p><p>uma concepção</p><p>geral.</p><p>SETORIAL</p><p>33</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados: Estabelece os requi-</p><p>sitos mínimos para a identificação de espaços confinados e o reconhecimento,</p><p>avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir</p><p>permanentemente a segurança e a saúde dos trabalhadores e que interagem</p><p>direta ou indiretamente nestes espaços.</p><p>ESPECIAL</p><p>15</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Norma</p><p>Regulamentadora Descrição Classificação</p><p>da NR</p><p>34</p><p>Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Re-</p><p>paração Naval: Estabelece requisitos mínimos e as medidas de proteção à se-</p><p>gurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de</p><p>construção e reparação naval.</p><p>SETORIAL</p><p>35</p><p>Trabalho em Altura: Estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção</p><p>para o trabalho em altura, como o planejamento, a organização e a execução, a</p><p>fim de garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores com atividades executa-</p><p>das acima de dois metros do nível inferior, onde haja risco de queda.</p><p>ESPECIAL</p><p>36</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de</p><p>Carnes e Derivados: Estabelece os requisitos mínimos para a avaliação, controle</p><p>e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria</p><p>de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo huma-</p><p>no, de forma a garantir permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de</p><p>vida no trabalho.</p><p>SETORIAL</p><p>37</p><p>Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo: Estabelece os requisitos</p><p>mínimos de segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo de</p><p>plataformas de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras.</p><p>SETORIAL</p><p>Fonte: BRASIL – Escola Nacional da Inspeção do Trabalho – ENIT</p><p>Website da Escola Nacional da Inspeção do Trabalho – ENIT.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/47A3TC1</p><p>Organização Internacional do Trabalho (OIT)</p><p>A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência das Nações Unidas, na</p><p>sua composição tem estrutura tripartite, na qual representantes de governos, de organi-</p><p>zações de empregadores e de trabalhadores possam participar na construção de políticas</p><p>públicas visando oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um tra-</p><p>balho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.</p><p>O Brasil tem ratificadas muitas Convenções da OIT, dentre elas destacamos: Idade</p><p>Mínima de Admissão nos Trabalhos Industriais, Repouso Semanal na Indústria, Proteção</p><p>à Maternidade, Férias Remuneradas, Inspeção do Trabalho na Indústria e no Comércio,</p><p>Organização do Serviço de Emprego, Proteção do Salário, Direito de Sindicalização e de</p><p>Negociação Coletiva, Normas Mínimas da Seguridade Social, Abolição do Trabalho For-</p><p>çado, Proteção Contra as Radiações, Proteção das Máquinas, Proteção Contra os Riscos</p><p>da Intoxicação pelo Benzeno, Prevenção e Controle de Riscos Profissionais Causados por</p><p>Substâncias ou Agentes Cancerígenos, Contaminação do Ar, Ruído e Vibrações, Seguran-</p><p>ça e Saúde dos Trabalhadores, Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes,</p><p>Serviços de Saúde do Trabalho, Sobre a Segurança e Saúde na Construção, Segurança</p><p>no Trabalho com Produtos Químicos, Sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores,</p><p>Sobre segurança e saúde nas minas, Convenção e Recomendação sobre Trabalho Decente</p><p>para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos etc.</p><p>16</p><p>17</p><p>Convenções ratificadas pelo Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3zY70n6</p><p>A OIT possui um material didático muito importante no campo da saúde, segurança e er-</p><p>gonomia no trabalho, esse material está distribuído em uma enciclopédia de quatro volumes:</p><p>Tabela 3</p><p>Volume Descrição do conteúdo</p><p>I</p><p>Este volume trata de três temas, o primeiro descreve “O corpo humano” e “Cuidados de saúde”, e é adotada uma</p><p>abordagem descritiva e médica, disponibilizando informação sobre doenças, sua detecção e prevenção, serviços</p><p>de medicina do trabalho e atividades de promoção da saúde.</p><p>O segundo descreve ações sobre a “Gestão e política de saúde e segurança ” e os aspectos legais, éticos e sociais,</p><p>bem como os recursos educacionais, informativos e institucionais.</p><p>O terceiro descreve “Ferramentas e abordagens relacionadas com o estudo e aplicação da saúde e seguran-</p><p>ça no trabalho ”: ergonomia, epidemiologia e estatística, higiene e segurança industrial, bem como controle de</p><p>riscos em geral. Uma seção é dedicada à toxicologia geral e aplicada à prevenção.</p><p>II</p><p>Este volume trata de assuntos “específicos dos riscos e perigos” no meio ambiente de trabalho, portanto, des-</p><p>creve os riscos sociais, mecânicos, físicos e químicos; métodos de gestão de acidentes e segurança que podem ser</p><p>encontrados em todo o mundo. Detalha a natureza dos riscos e fornece informações técnicas sobre sua identifi-</p><p>cação, avaliação e controle. Inclui artigos sobre radiação da qualidade do ar interior, ruído, equipamentos com</p><p>telas, violência, estresse e outros. Todas as facetas do uso de produtos químicos, armazenamento, transporte,</p><p>identificação e utilização.</p><p>III</p><p>Este volume trata de assuntos do “como realizar as ações ” nos setores industriais e profissionais, portanto, expli-</p><p>ca “como funcionam as coisas” e “como são controlados os riscos” nos principais setores da indústria. Amplamente</p><p>ilustrado com diagramas e fotografias, direciona o leitor às operações básicas da indústria, agricultura e serviços,</p><p>com foco nos riscos, sua prevenção, controle e as consequências.</p><p>IV</p><p>Este volume trata de construção de “Guias de profissões” e descreve as atividades de riscos/perigos e as medidas</p><p>de prevenção.</p><p>Também possui um “Guia de Produtos Químicos” que apresenta informações básicas sobre a identificação, usos</p><p>industriais e seus riscos, propriedades químicas, físicas e toxicológicas de mais de 2.000 substâncias químicas,</p><p>incluindo tabelas de fácil acesso ao leitor.</p><p>Fonte: Enciclopédia OIT – 20 de fevereiro de 2012</p><p>Enciclopédia OIT. Disponível em: https://bit.ly/2T2Rw0G</p><p>Constituição Federal</p><p>A legislação de Segurança e Saúde do Trabalhador está consolidada na Constituição</p><p>Federal que é a atual Carta Magna do Brasil que serve de parâmetro para as demais</p><p>legislações vigentes no país. Aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte, ela foi</p><p>promulgada no dia 5 de outubro de 1988, durante o governo do presidente José Sarney.</p><p>A constituição regulou vários campos para a proteção da saúde e segurança dos tra-</p><p>balhadores e, dentre eles, destacamos: a Saúde, Previdência Social, Meio Ambiente, dos</p><p>Direitos Sociais e da Seguridade Social, conforme apresentado a seguir:</p><p>17</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Tabela 4</p><p>Título Capítulo Artigo Descrição</p><p>Dos Direitos e</p><p>Garantias Fundamentais</p><p>Dos Direitos</p><p>Sociais 7º</p><p>São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que vi-</p><p>sem à melhoria de sua condição social [...] XXII – redução dos riscos ine-</p><p>rentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.</p><p>Da Ordem Social</p><p>Seguridade</p><p>Social 195º</p><p>A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma di-</p><p>reta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos</p><p>orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.</p><p>Saúde</p><p>196º</p><p>A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polí-</p><p>ticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de</p><p>outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para</p><p>sua promoção, proteção e recuperação.</p><p>197º</p><p>Dispõe que “são de relevância pública as ações e serviços de saúde,</p><p>cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regula-</p><p>mentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita dire-</p><p>tamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica</p><p>de direito privado”.</p><p>200º</p><p>Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos ter-</p><p>mos da lei: Inciso</p><p>II: executar as ações de vigilância sanitária e epidemio-</p><p>lógica, bem como as de saúde do trabalhador; Inciso VIII: colaborar na</p><p>proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.</p><p>Previdência</p><p>Social</p><p>201º</p><p>A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de</p><p>Previdência Social [...] I - cobertura dos eventos de incapacidade tem-</p><p>porária ou permanente para o trabalho e idade avançada; II - proteção</p><p>à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador</p><p>em situação de desemprego involuntário; [...] V - pensão por morte do</p><p>segurado [...].</p><p>203º</p><p>A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independen-</p><p>temente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: [...]</p><p>III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação</p><p>e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua</p><p>integração à vida comunitária;</p><p>Meio Ambiente 225º</p><p>Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem</p><p>de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-</p><p>-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-</p><p>-lo para as presentes e futuras gerações. [...] V - controlar a produção,</p><p>a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que</p><p>comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.</p><p>Fonte: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988</p><p>Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3vV02vW</p><p>Aplicação das Normas Regulamentadoras</p><p>Nesse contexto, vamos discorrer sobre a NR-11 (Transporte, Movimentação, Armaze-</p><p>nagem e Manuseio de Materiais) e a NR-12 (Máquinas e Equipamentos).</p><p>18</p><p>19</p><p>Estudo de caso Norma Regulamentadora 11 – Transporte,</p><p>Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais</p><p>Para compreender a aplicação da NR 11, será apresentado, a seguir, um acidente</p><p>fatal decorrente de atividade de movimentação de carga:</p><p>A atividade, nesse caso, consistia na retirada de uma carreta de cana de cima da</p><p>carroceria do caminhão com auxílio de um caminhão Munck (figura 1). A tarefa era</p><p>executada por dois trabalhadores, o operador de Munck e o motorista do caminhão.</p><p>A primeira carreta foi retirada com sucesso. Na carreta seguinte, o operador posi-</p><p>ciona o Munck ao lado da carreta (figura 1). O caminhoneiro e o operador sobem</p><p>na carroceria do caminhão para ajustar a cinta e a corrente no gancho do Munck e</p><p>na carreta (figura 2). Não existe ponto de fixação que garanta a estabilidade exata</p><p>na carreta, porém, os trabalhadores têm que colocá-los de forma que garantam a</p><p>estabilidade. O caminhoneiro fica sobre o caminhão, mas o operador que se deslo-</p><p>cou para o Munck não o vê. O operador desceu em direção ao local de acionamento</p><p>do Munck, mas resolveu parar e beber água. Depois, retornou ao comando e acio-</p><p>na o Munck para levantamento da carreta. O levantamento inicia-se, mas a alça da</p><p>corrente escapa (Figura 3), ocasionando o deslocamento da carreta que atingiu a</p><p>cabeça, abdômen e tórax do trabalhador que estava na carroceria do caminhão (Fi-</p><p>gura 4). O operador do Munck chama pelo motorista. O motorista não responde. O</p><p>operador do Munck vai à carroceria verificar o que ocorreu e encontra o motorista</p><p>prensado pela carreta, tenta levantar a carreta, mas não consegue. Em seguida, cor-</p><p>re no pátio até a portaria solicitando ajuda. Acionaram a ambulância da empresa.</p><p>A equipe vai para o socorro. Movimentam o Munck e retiram o trabalhador. O tra-</p><p>balhador é encaminhado para o Pronto-Socorro e, posteriormente, para o hospital,</p><p>passa por cirurgia, mas não resiste aos ferimentos e vem a óbito (SILVA, 2016a) .</p><p>Figura 1 – Vista superior das carretas lateral e dos ganchos</p><p>Fonte: Adaptada de CEREST</p><p>19</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Figura 2 – Vista lateral das carretas no momento que escapa o gancho</p><p>e vista superior das carretas no momento do AT</p><p>Fonte: Adaptada de CEREST</p><p>Figura 3 – Ações tomadas adotadas após acidente no gancho (errado e certo)</p><p>Fonte: CEREST</p><p>Considerando a NR 11 e os Princípios de Prevenção e Proteção em Movimentação Manual de</p><p>Cargas, explore a NR para apontar os itens que não foram atendidos. Para ampliar a pesqui-</p><p>sa, seguem itens importantes apontados pela OIT (HÄKKINEN, 2021):</p><p>• Garantir que os pontos, as cintas e as correntes sejam conectados ao centro de gravi-</p><p>dade da peça/carreta;</p><p>• Fornecer os equipamentos (cintas, correntes) adequados para o içamento;</p><p>• Planejar todas as etapas do processo: descarregamento, armazenagem, processo e</p><p>expedição;</p><p>• Eliminar todas as operações desnecessárias de transporte e manipulação de carga;</p><p>• Afastar as pessoas do espaço delimitado para transporte e manipulação de carga;</p><p>• Separar ao máximo as operações de transporte de carga para evitar choques entre as</p><p>cargas;</p><p>• Proporcionar espaço suficiente para transporte e manipulação;</p><p>• Projetar processos de transporte contínuo, evitando pontos de descontinuidade;</p><p>• Utilizar elementos-padrão na manipulação de materiais;</p><p>• Conhecer o material a ser manipulado ou transportado;</p><p>• Manter o peso da carga abaixo da capacidade de trabalho segura;</p><p>20</p><p>21</p><p>• Estabelecer um limite de velocidade suficientemente baixo para garantir um movi-</p><p>mento seguro;</p><p>• Evitar a elevação de cargas em altura acima dos trabalhadores;</p><p>• Evitar métodos de manipulação que exijam subir ou trabalhar em alturas elevadas;</p><p>• Colocar proteções nos pontos de perigo;</p><p>• Transportar e elevar pessoas utilizando somente equipamentos destinados a esse fim;</p><p>• Manter a estabilidade de equipamentos e cargas;</p><p>• Proporcionar aos operadores uma boa visibilidade;</p><p>• Substituir a manipulação e transporte manual por mecanizada e automatizada;</p><p>• Proporcionar e manter uma comunicação eficaz;</p><p>• Aplicar os princípios de ergonomia, visando às interfaces humanas com a manipula-</p><p>ção de material;</p><p>• Proporcionar capacitação e assessoramento adequados;</p><p>• Proporcionar aos trabalhadores envolvidos os EPI adequados;</p><p>• Realizar trabalhos de inspeção e manutenção adequados;</p><p>• Prever no planejamento as mudanças das condições ambientais, tais como: chuva,</p><p>vento etc.;</p><p>• Promover a participação dos trabalhadores nas etapas descritas.</p><p>Entorno Tarefa</p><p>Resultado</p><p>Correto</p><p>Incorreto</p><p>Melhorias</p><p>Organização/Gestão – Projetos – Sistema de Segurança</p><p>Análise de</p><p>Segurança</p><p>Pessoal</p><p>Procedimento</p><p>Ca</p><p>rg</p><p>a</p><p>Equipam</p><p>ento</p><p>Figura 4 – Princípio da melhoria contínua na manipulação de materiais</p><p>Fonte: Adaptada de HÄKKINEN, OIT 2021</p><p>Estudo de caso Norma Regulamentadora</p><p>12 – Máquinas e Equipamentos</p><p>Para compreender a aplicação da NR 12, será apresentado, a seguir, um acidente</p><p>com amputação de dedos durante a operação de máquina guilhotina que corta borracha.</p><p>Acidente guilhotina – Acidente com amputação de quatro dedos (Figura 1). O Sr. X</p><p>relata que a guilhotina (Figura 2) pequena estava dando problema há algum tem-</p><p>po, que estava travando há, pelo menos, quatro meses, a alavanca que comandava</p><p>a subida e descida da lâmina estava com problema na mola, ao empurrá-la para</p><p>21</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>subir, ela enroscava e não parava e vice-versa ao descer, tinha que mexer em um</p><p>parafuso para parar ou balançar a alavanca para parar a lâmina. A guilhotina foi para</p><p>manutenção onde permaneceu por dez dias para amolar a lâmina e, consequente-</p><p>mente, realizar manutenção no pistão da guilhotina. Ao retornar para a empresa,</p><p>a guilhotina foi instalada por trabalhadores da própria empresa contratante, não</p><p>havendo mão de obra especializada na instalação. Não havia um controle sistemáti-</p><p>co (autorização) por parte da empresa para operação da guilhotina, o que é exigido</p><p>por Lei para operação desse tipo de máquina, que estabelece curso de capacitação</p><p>para a operação de prensas e outras máquinas perigosas. Nesse novo cenário de</p><p>funcionamento da máquina, o Sr. X foi trabalhar com a guilhotina. No início da ati-</p><p>vidade, pegou um pedaço de borracha no chão, na lateral direita,</p><p>colocou na guilho-</p><p>tina, segurou a borracha com a mão esquerda e com a mão direita na alavanca para</p><p>acionar e descer. O trabalhador percebeu que a lâmina estava baixa e que precisava</p><p>subi-la para melhor encaixar a borracha em baixo da lâmina, quando movimentou a</p><p>alavanca para subir a mesma desceu prensando sua mão que segurava a borracha.</p><p>Na tentativa de subir a lâmina, novamente realizou movimento com a alavanca para</p><p>subir como era de costume e a lâmina baixou ainda mais vindo a cortar o 2°, 3°, 4°</p><p>e 5° dedos da mão esquerda. Percebeu então que o comando estava invertido e</p><p>movimentou a alavanca para baixo. Quando a lâmina subiu e ele conseguiu puxar</p><p>sua mão, visualizou que seus dedos estavam pendurados, refere ter gritado e saído</p><p>em direção ao escritório, encontrou com seu irmão no caminho (na calçada) que foi</p><p>chamar o proprietário, outro trabalhador trouxe uma camiseta para enrolar em sua</p><p>mão, foi levado ao hospital. (SILVA, 2016b)</p><p>Figura 5 – foto da mão do trabalhador acidentado com os dedos amputados</p><p>fonte: Acervo do Conteudista</p><p>Figura 6 – Foto da máquina que gerou o acidente</p><p>fonte: Acervo do Conteudista</p><p>22</p><p>23</p><p>Considerando a NR 12 e os Princípios de Prevenção e Proteção no uso da Guilhotina, explore a NR</p><p>para apontar os itens que não foram atendidos, para ampliar a pesquisa segue itens importantes:</p><p>• Criar barreiras físicas em todas as áreas de acesso às partes móveis da zona de corte ;</p><p>• Realizar os levantamentos de riscos na empresa para identificar pontos sem proteção</p><p>nas partes móveis e transmissão de força ;</p><p>• Adotar medidas que não permitam o ingresso de partes do corpo, tais como: mãos,</p><p>dedos e pés nas partes móveis ;</p><p>• Adotar medidas de redundância de segurança no acesso às partes móveis ;</p><p>• Criar responsáveis pela manutenção ;</p><p>• Criar sinalizações diferentes para os componentes de acionamento e desligamento e</p><p>a sua interação ;</p><p>• Podem-se criar conexões diferentes para o sistema hidráulico para evitar a inversão</p><p>do sistema de acionamento ;</p><p>• Capacitar os operadores.</p><p>23</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Vídeos</p><p>Live CANPAT 09/06/2020 - 9h - especial PGR</p><p>https://youtu.be/wrpdwR8aP5Q</p><p>Canpat 2020 - Especial NR-18</p><p>https://youtu.be/c3bZe6awWbA</p><p>PGR e a Nova NR-17 I Live com Marçal Jackson, Maria de Lourdes Moure e Mauro Muller</p><p>https://youtu.be/4tmyX-MonUQ</p><p>Cultura de Segurança e sua importância na promoção da saúde e segurança no trabalho</p><p>https://youtu.be/NoRJUKyKRY0</p><p>Leitura</p><p>Livro Engenharia do Trabalho – Saúde, Segurança, Ergonomia e Projeto</p><p>https://bit.ly/3jbCyQI</p><p>24</p><p>25</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis</p><p>do trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943.</p><p>________. Lei Nº 13.844, de 18 de junho de 2019. Estabelece a organização básica dos</p><p>órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. Disponível em: . Acesso em: 28/03/2021.</p><p>________. Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Titulo</p><p>II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e</p><p>dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 28/03/2021.</p><p>________. Ministério do Trabalho. Normas Regulamentadoras. Disponíveis em: . Escola Nacional da Inspeção do Tra-</p><p>balho - ENIT.Acesso em: 28/03/2021.</p><p>_______ _. Portaria Nº 787 de 27 DE Novembro de 2018. Dispõe so-</p><p>bre as regras de aplicação, interpretação e estruturação das Normas Regula-</p><p>mentadoras. Disponível em: . Acesso em: 28/03/2021.</p><p>GUIMARÃES, J. R. S. Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um olhar sobre as</p><p>Unidades da Federação durante a segunda metade da década de 2000. Organização</p><p>Internacional do Trabalho. Escritório da OIT no Brasil. Brasília: OIT, 2012. 416p.</p><p>HÄKKINEN, K. Principios de la prevención: Manipulación de materiales y trafico</p><p>interno. Parte do capítulo “Aplicaciones de la seguridad” da Enciclopedia de Salud e</p><p>Seguridad en el Trabajo - OIT, 2021, 58.82 pág. Disponível em: .</p><p>Acesso em: 28/03/2021.</p><p>SILVA, A. J. N. (a). Alerta de segurança para Movimentação de carga em Usi-</p><p>nas. CEREST Piracicaba, 2016. Disponivel: . Acesso em:</p><p>28/03/2021.</p><p>________. (b). Alerta de segurança no setor de borracha. CEREST Piracicaba, 2016.</p><p>disponivel: . Acesso em: 28/ 03/2021.</p><p>25</p><p>Ergonomia e Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro</p><p>A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>A Relação entre Saúde,</p><p>Trabalho e Adoecimento</p><p>• Estudar os conceitos das Doenças Relacionadas ao Trabalho, em especial as Lesões por Esforços</p><p>Repetitivos (LER) e dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT);</p><p>• Apresentar os Fatores de Risco para a Saúde e Segurança dos Trabalhadores;</p><p>• Apresentar ações para a atuação multiprofissional e a investigação dos casos;</p><p>• Apresentar medidas preventivas e protetivas para a saúde do trabalhador.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Doenças Relacionadas ao Trabalho;</p><p>• Fatores de Risco para a Saúde e Segurança dos Trabalhadores;</p><p>• Lesões por Esforço Repetitivo e os Distúrbios Osteomusculares</p><p>Relacionados com o Trabalho (LER/DORT);</p><p>• Atuação de Equipe Multiprofissional;</p><p>• A Investigação das Relações Saúde & Trabalho;</p><p>• Ações de Proteção e Prevenção em Saúde do Trabalhador;</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Doenças Relacionadas ao Trabalho</p><p>Os profissionais que atuam no campo da segurança, saúde e ergonomia no trabalho ne-</p><p>cessitam compreender a concepção de Saúde Pública e Coletiva, desenvolvida no campo</p><p>da Saúde do Trabalhador (ST) no Sistema Único de Saúde, que visa ampliar o olhar para</p><p>a determinação no social e ultrapassar as visões reducionistas de causa e efeito (MENDES;</p><p>DIAS, 1991; LACAZ, 2007). A ST rompe com esse olhar reducionista e individualizado e</p><p>se baseia no conceito de saúde coletiva, que é uma área do conhecimento que tem como</p><p>princípio compreender o processo saúde-doença levando em conta muitos elementos os</p><p>quais, dentre eles, destacamos os sociais, ambientais, culturais, produtivos. Sendo assim,</p><p>ela permite a junção de muitos instrumentos científicos e tecnológicos para a compreen-</p><p>são dos processos que determinam a saúde da população, e tem como objetivo proteger</p><p>e prevenir o desenvolvimento ou a disseminação de problemas de saúde por meio da</p><p>implantação de perfis sanitários (PAIM; ALMEIDA FILHO, 1998).</p><p>O reconhecimento do papel do trabalho na determinação e evolução do processo</p><p>saúde-doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais, que se refle-</p><p>tem sobre a organização e o provimento de ações de saúde para esse segmento da po-</p><p>pulação na rede de serviços de saúde. Nessa perspectiva, o estabelecimento da relação</p><p>causal ou do nexo entre um determinado evento de saúde – dano ou doença – individual</p><p>ou coletivo, potencial ou instalado, e uma dada condição de trabalho constitui a condi-</p><p>ção básica para a implementação das ações de Saúde do Trabalhador nos serviços de</p><p>saúde. De modo esquemático, esse processo pode se iniciar pela identificação e controle</p><p>dos fatores de risco para a saúde</p><p>presentes nos ambientes e condições de trabalho e/ou</p><p>a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos, lesões ou doenças provoca-</p><p>das pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de trabalhadores (MS, 2001).</p><p>Importante!</p><p>A Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho organiza os agravos a partir dos agentes</p><p>etiológicos, fatores de risco de natureza ocupacional e doenças, incluindo neoplasias,</p><p>transtornos mentais, doenças infecciosas, parasitárias, do sangue, do sistema nervoso,</p><p>do olho, do ouvido e dos sistemas circulatório, respiratório, digestivo, osteomuscular e</p><p>endócrino, dentre outras. Disponível em: https://bit.ly/47z1S8Z</p><p>No campo da saúde pública, todos os casos de adoecimentos dos trabalhadores são</p><p>relevantes, durante esse período de avaliação. Por definição, qualquer caso de doença</p><p>relacionada ao trabalho pode ser considerado um evento sentinela, ou seja, um único</p><p>caso seria suficiente para desencadear modificações no processo de trabalho visando</p><p>impedir uma nova ocorrência (CORRÊA FILHO, 1994). O evento sentinela aponta a</p><p>hipótese de não estarem atendidas as medidas de segurança e prevenção já recomenda-</p><p>das, ou então indica o surgimento de susceptibilidades individuais ou coletivas desconhe-</p><p>cidas, cuja detecção implica em novas medidas de controle.</p><p>8</p><p>9</p><p>É a lógica do “trabalhador saudável”. O trabalhador só consegue trabalhar por-</p><p>que tem saúde. Se ele perde saúde no trabalho, esse é um evento inaceitável</p><p>do ponto de vista de saúde pública.</p><p>Como exemplo, vamos refletir e, para isso, vamos para ano de 1700 quando o Pai</p><p>da Medicina do Trabalho, Bernardino Ramazzini, descreve em seus relatos o caso</p><p>das doenças dos coveiros:</p><p>A tarefa dos enterradores e dos empregados das pompas fúnebres era</p><p>antigamente mais penosa do que agora; com grande cuidado prepa-</p><p>ravam os corpos dos mortos, lavando-os, untando-os, cremando-os e</p><p>guardando suas cinzas em urnas. Homens da mais vil plebe eram recru-</p><p>tados para as tarefas de embalsamadores, carregadores e cremadores</p><p>dos cadáveres. Atualmente os corpos são levados aos tem atualmente</p><p>os corpos são levados aos templos ou aos cemitérios, onde os coveiros</p><p>os sepultam. Nas cidades e povoações, pelo menos em nossa Itália, as</p><p>famílias possuem tumbas nas mais nobres igrejas. A plebe, nas suas pa-</p><p>róquias, põe os seus mortos amontoados em promiscuidade, dentro de</p><p>grandes sepulcros; quando os coveiros descem a esses antros fétidos,</p><p>cheios de cadáveres semipútridos, para depositarem outros mortos que</p><p>trazem, expõem-se a perigosas doenças, como febres malignas, morte</p><p>repentina, caquexia, hidropisias, catarros sufocantes e outras doenças</p><p>mais, muito graves; apresentam face cadavérica e aspecto amarelado,</p><p>como quem vai trabalhar no inferno. Pode-se acreditar que a causa mais</p><p>ativa e pior desses males pestíferos está na descida ao sepulcro, pois,</p><p>no seu interior, respira-se necessariamente uma atmosfera pestilenta à</p><p>qual se incorporam os espíritos animais (cuja natureza deve ser etérea),</p><p>inabilitando-os para a sua função, isto é, para a manutenção de toda a</p><p>máquina vital. [...] Cumprindo o meu propósito, direi que é justo velar pela</p><p>incolumidade dos coveiros, cujo ofício é tão necessário, porque sepultam</p><p>na terra os corpos dos mortos junto com os erros dos médicos, devendo,</p><p>pois, a arte médica compensá-los com algum benefício por sua própria</p><p>dignidade ameaçada. As precauções que se propõem para que padeçam</p><p>menos prejuízo no seu trabalho funerário deverão ser as usadas em épo-</p><p>ca de pestes; além de lavar a boca e a garganta com vinagre, e levar no</p><p>bolso um pano empapado em vinagre para modificar o ar e o mau odor,</p><p>deixar uma abertura no túmulo para que a atmosfera fechada pouco a</p><p>pouco se desvaneça; terminado o trabalho e de volta à casa, mudarão de</p><p>roupa e procurarão ficar limpos, quanto o permita sua mísera condição.</p><p>Se sofrem de outra doença, é preciso curá-la com muita prudência. Cada</p><p>vez que tive de tratar dessa classe de homem fui parcimonioso na sangria,</p><p>pois seu sangue é parecido com o de cadáver, e quase da cor de sua face.</p><p>De preferência, empregar-se-ão os purgantes a esses homens que sofrem</p><p>de alteração dos humores e passam logo a figurar na família dos mortos.</p><p>(FUNDACENTRO, 2016, p. 107)</p><p>9</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Como o médico Bernardino Ramazzini construiu essa narrativa? Quais os problemas dos</p><p>coveiros naquela época? Transportando para os dias atuais, em plena pandemia (março de</p><p>2021), como você enxerga o trabalho dos coveiros? Considerando o capítulo anterior das</p><p>normas regulamentadoras, quais NR devem ser usadas para proteger esses trabalhadores?</p><p>Fatores de Risco para a Saúde</p><p>e Segurança dos Trabalhadores</p><p>No campo normativo mundo do trabalho no Brasil, os fatores de risco para a saúde</p><p>e segurança dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao trabalho, podem ser classi-</p><p>ficados em cinco grandes grupos:</p><p>Quadro 1 – Descrição dos tipos de fatores de risco</p><p>Químicos</p><p>Agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou</p><p>de partículas e poeiras minerais e vegetais, comuns nos processos</p><p>de trabalho.</p><p>Biológicos Vírus, bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho em</p><p>hospitais, laboratórios e na agricultura e pecuária.</p><p>Ergonômicos e</p><p>Psicossociais</p><p>Decorrem da organização e gestão do trabalho, por exemplo: da</p><p>utilização de equipamentos, máquinas e mobiliário inadequados,</p><p>levando a posturas e posições incorretas; locais adaptados com</p><p>más condições de iluminação, ventilação e de conforto para os</p><p>trabalhadores; trabalho em turnos e noturno; monotonia ou rit-</p><p>mo de trabalho excessivo, exigências de produtividade, relações</p><p>de trabalho autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos</p><p>trabalhadores, entre outros.</p><p>Mecânicos e</p><p>de Acidentes</p><p>Ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza</p><p>do ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos e</p><p>outros que podem levar a acidentes de trabalho.</p><p>Diante desses fatores de riscos, todos os profissionais que se preocupam com a prote-</p><p>ção dos trabalhadores devem considerar a gravidade das situações – para isso, precisam</p><p>estabelecer o excesso de risco, seguindo as etapas determinadas pela Norma Regula-</p><p>mentadora n.º 3 (NR 3):</p><p>• Avaliar o risco atual (situação encontrada) decorrente das circunstâncias encontra-</p><p>das, levando em consideração as medidas de controle existentes, ou seja, o nível</p><p>total de risco que se observa ou se considera existir na atividade;</p><p>• Estabelecer o risco de referência (situação objetivo), ou seja, o nível de risco rema-</p><p>nescente quando da implementação das medidas de prevenção necessárias;</p><p>• Determinar o excesso de risco por comparação entre o risco atual e o risco de</p><p>referência.</p><p>10</p><p>11</p><p>Uma estratégia a ser usada pelos profissionais é utilizar o método adotado pela NR 3,</p><p>no qual a caracterização de uma atividade de trabalho com risco grave e iminente risco</p><p>precisa considerar: a) a consequência, como o resultado ou resultado potencial espera-</p><p>do de um evento e b) a probabilidade, como a chance de o resultado ocorrer ou estar</p><p>ocorrendo. Assim, a aplicação deve considerar que o risco é expresso em termos de</p><p>uma combinação das consequências de um evento e a probabilidade de sua ocorrência,</p><p>conforme descritos nos Quadros 2 e 3 e na Tabela 1:</p><p>Quadro 2 – Classifi cação das consequências da NR 3</p><p>Morte Pode levar a óbito imediato ou que venha a ocorrer posteriormente.</p><p>Severa Pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando le-</p><p>sões ou sequelas permanentes.</p><p>Signifi cativa</p><p>Pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando le-</p><p>são que implique em incapacidade temporária por prazo superior</p><p>a 15 (quinze) dias.</p><p>Leve</p><p>Pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando le-</p><p>são que implique em incapacidade temporária por prazo igual ou</p><p>inferior a 15 (quinze) dias.</p><p>Nenhuma Nenhuma lesão ou efeito à saúde.</p><p>Quadro 3 – Classifi cação das probabilidades da NR 3</p><p>Provável</p><p>Medidas de prevenção inexistentes ou</p><p>reconhecidamente inade-</p><p>quadas. Uma consequência é esperada, com grande probabilidade</p><p>de que aconteça ou se realize.</p><p>Possível</p><p>Medidas de prevenção apresentam desvios ou problemas signi-</p><p>ficativos. Não há garantias de que as medidas serão mantidas.</p><p>Uma consequência talvez aconteça, com possibilidade de que se</p><p>efetive, concebível.</p><p>Remota</p><p>Medidas de prevenção adequadas, mas com pequenos desvios.</p><p>Ainda que em funcionamento, não há garantias de que sejam</p><p>mantidas sempre ou em longo prazo. Uma consequência é pouco</p><p>provável que aconteça, quase improvável.</p><p>Rara</p><p>Medidas de prevenção adequadas e com garantia de continuidade</p><p>desta situação. Uma consequência não é esperada, não é comum</p><p>sua ocorrência, extraordinária.</p><p>11</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Tabela 1 – Tabela de excesso de risco: exposição individual ou reduzido número de potenciais vítimas</p><p>Cla</p><p>ssi</p><p>fic</p><p>aç</p><p>ão</p><p>do</p><p>ri</p><p>sc</p><p>o a</p><p>tu</p><p>al</p><p>(si</p><p>tu</p><p>aç</p><p>ão</p><p>en</p><p>co</p><p>nt</p><p>ra</p><p>da</p><p>)</p><p>Consequência Probabilidade</p><p>Nenhuma Rara N N N N N N N N N N N</p><p>Leve</p><p>Remota N N P N N N P N N N P</p><p>Possível N N P N N N P N N P P</p><p>Provável N N M N N N M N P M M</p><p>Significativa</p><p>Remota N N M N N N M P M M M</p><p>Possível N N M N N M M M M M M</p><p>Provável N N S N M M S M M M S</p><p>Morte/Severa</p><p>Remota N N S M M M S M M S S</p><p>Possível N M E M S S E S S S E</p><p>Provável S S E S S S E S S E E</p><p>Probabilidade de referência</p><p>Possível</p><p>Rem</p><p>ota</p><p>Rara</p><p>Provável</p><p>Possível</p><p>Rem</p><p>ota</p><p>Rara</p><p>Provável</p><p>Possível</p><p>Rem</p><p>ota</p><p>Rara</p><p>Consequência de referência Morte/Severa Significativa Leve/Nenhuma</p><p>Classificação do risco de referência</p><p>(situação objetivo)</p><p>Excesso de Risco:</p><p>E – Extremo; S – Substancial; M – Moderado; P – Pequeno; N – Nenhum.</p><p>Coloque-se no lugar de um profissional de saúde e segurança e realize uma avaliação da</p><p>exposição dos trabalhadores em atividades de trabalho em frigoríficos utilizando o método</p><p>adotada pela NR 3. Para conhecer as condições de trabalho, assista ao documentário “Carne</p><p>e Osso”. Disponível em: https://youtu.be/imKw_sbfaf0</p><p>Considerando os fatores de riscos e a descrição de casos coletivos, o pai da medi-</p><p>cina do trabalho atentou para a atividade de trabalho e mostrou quais eram as causas</p><p>de adoecimentos daqueles trabalhadores. Por isso, para aprofundar nosso olhar, vamos</p><p>conhecer as narrativas das condições de saúde e de trabalho dos pintores:</p><p>[...] várias afecções costumam atacar os pintores, como tremores nos</p><p>membros, caquexia, enegrecimento dos dentes, palidez da face, melan-</p><p>colia e abolição do olfato; e ainda que os pintores retratem os outros em</p><p>imagens elegantes e coloridas, raramente acontece que eles mostrem,</p><p>por sua vez, o mesmo colorido e o bom semblante daqueles que são</p><p>retratados. [...] A culpa disso atribuem à vida sedentária e ao caráter me-</p><p>lancólico desses homens, geralmente segregados do convívio social, que</p><p>conturbam a mente com ideias fantásticas; porém, existe latente outra</p><p>causa da enfermidade. A matéria corante que têm sempre sob o nariz e</p><p>nas mãos: óxido de chumbo, cinábrio, cerusa, verniz, azeite de nozes e</p><p>de linho utilizados para misturar cores e vários pigmentos extraídos de</p><p>diversos fósseis. Devido a isso, percebe-se nas oficinas um odor fétido,</p><p>bastante pesado, que o verniz e os mencionados óleos expelem, sendo</p><p>muito funesto para a cabeça e, provavelmente, ocasiona a abolição do</p><p>12</p><p>13</p><p>olfato. Os pintores vestem, para trabalhar, blusas sujas e manchadas de</p><p>tinta, e, ao pintar, absorvem vapores malignos pelo nariz e pela boca, os</p><p>quais penetram nas vias respiratórias, passam ao sangue, perturbam a</p><p>economia das funções naturais e provocam os distúrbios já referidos aci-</p><p>ma. O cinábrio é parente do mercúrio, a cerusa se prepara com chumbo,</p><p>o verde bronzeado com cobre, a cor ultramarina com prata (os pintores</p><p>preferem cores minerais, mais duradouras que as vegetais), pois sabemos</p><p>que quase toda a matéria corante é extraída do reino mineral e ocasiona</p><p>prejuízos graves. (FUNDACENTRO, 2016, p. 61 )</p><p>Trazendo para nossa realidade, as equipes multidisciplinares avaliam os postos de trabalho?</p><p>Ficam quanto tempo observando as atividades de trabalho? Escutam as dificuldades e afli-</p><p>ções dos trabalhadores? Como é feita esta avaliação? É multidisciplinar? Os instrumentos de</p><p>avaliação são adequados?</p><p>Atualmente, a equipe multidisciplinar deve levar em conta que o gerenciamento de</p><p>riscos ocupacionais deve estar integrado com planos, programas e outros documen-</p><p>tos previstos na legislação de segurança e saúde no trabalho. Dentre eles, podemos</p><p>destacar o PPRA, o PCMSO, Inventário de Máquinas, Análise Ergonômica do Traba-</p><p>lho, dentre outras. Esse conjunto de ações e documentos constituem o Programa de</p><p>Gerenciamento de Riscos – PGR.</p><p>Lesões por Esforço Repetitivo</p><p>e os Distúrbios Osteomusculares</p><p>Relacionados com o Trabalho (LER/DORT)</p><p>As LER/DORT se destacam por serem consideradas síndromes que vêm provocando</p><p>sequelas para a saúde dos trabalhadores, o que pode implicar em invalidez permanente,</p><p>alterações físicas e psicológicas. A dor e a fragilidade nos membros inferiores e supe-</p><p>riores, ou na região da coluna, podem se tornar crônicas, impossibilitando a realização</p><p>desde tarefas simples até as mais complexas, no cotidiano do trabalhador, o que pode se</p><p>estender para as atividades em nível social e domiciliar.</p><p>Nesse contexto, as LER/DORT permeiam os pilares do trabalho e, inicialmente, eram</p><p>associadas a trabalhos manuais repetitivos. Pensando nos conceitos históricos, em mea-</p><p>dos de 1713, o médico Ramazzini apresentou e descreveu um grupo de afecções mus-</p><p>culoesqueléticas, dentre as quais, a encontrada em notários e escreventes que, acreditava</p><p>ele, ser pelo uso excessivo das mãos, bem como a repetição no trabalho de escrever.</p><p>13</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Essa patologia que, anos depois, foi denominada de “câimbra do escrivão” ou “pa-</p><p>ralisia do escrivão”, para o médico Ramazzini, era caracterizada por três fatores básicos</p><p>que, em sua essência, influenciavam de forma determinante no seu surgimento.</p><p>Os três fatores eram:</p><p>• Sedentarismo;</p><p>• Uso contínuo e repetitivo da mão em um mesmo movimento;</p><p>• Grande atenção mental para não borrar a escrita.</p><p>Desse modo, a doença tinha como caracterização uma sensação de parestesia de</p><p>membros superiores, acompanhada por sensação de peso e fadiga nos braços, tendo</p><p>como fator associado dores cervicais e/ou lombares. Nesse momento histórico, uma</p><p>nova doença estava descrita pelo pesquisador, que, tempos depois, por possuir sintomas</p><p>comuns, foi também relacionada e descrita em diversas outras atividades laborais.</p><p>Já no ano de 1833, houve diversos casos de trabalhadores ingleses acometidos por</p><p>sintomas semelhantes aos já descritos por Ramazzini, nos anotadores do serviço britânico,</p><p>sendo tal aspecto relacionado ao uso de uma pena de aço mais pesada.</p><p>Parestesia: são sensações cutâneas subjetivas (exemplo: frio, calor, formigamento,</p><p>agulhadas, adormecimento, pressão, dentre outras).</p><p>Como exemplo, vamos realizar a leitura da narrativa de Ramazzini, mas para isso</p><p>precisamos viajar no tempo e ir próximo ao ano de 1700, quando o médico descreve em</p><p>seus relatos o caso das doenças dos escribas e notários:</p><p>Consta-nos que foi muito maior o número de escribas e notários anti-</p><p>gamente do que em nossos dias, depois do invento da arte tipográfica;</p><p>todavia, sabemos que nas cidades e povoados muitos ganham o sustento</p><p>para si e sua família somente com escritas. Os escribas e notários eram</p><p>geralmente servos ou escravos libertados, como Rossini demonstra am-</p><p>plamente. Com o nome de “notário”, não quero aqui designar os que, em</p><p>nosso tempo, redigem contratos e testamentos, mas sim aqueles que, por</p><p>meio de pequenas notas, donde a denominação de notários, distinguiam-</p><p>-se pela arte de escrever com velocidade. [...] Hoje, na ordem civil,</p><p>temos escribas que cobram salários para exercerem seu ofício na cúria,</p><p>junto aos magistrados, nas lojas dos mercadores e nas cortes dos prínci-</p><p>pes. Investiguemos, pois, as doenças a que estão</p><p>expostos tais operários.</p><p>Três são as causas das afecções dos escreventes: primeira, contínua</p><p>vida sedentária; segunda, contínuo e sempre o mesmo movimento</p><p>da mão; e terceira, atenção mental para não mancharem os livros</p><p>e não prejudicarem seus empregadores nas somas, restos ou outras</p><p>operações aritméticas. Conhecem-se facilmente as doenças acarreta-</p><p>das pela sedentariedade: obstruções das vísceras, como fígado e baço,</p><p>indigestões do estômago, torpor nas pernas, demora no refluxo do san-</p><p>gue e mau estado de saúde. Em suma, carecem esses operários dos be-</p><p>nefícios que um moderado exercício promove, mas a que não se podem</p><p>dedicar, ainda que queiram, pois fizeram contrato e precisam cumprir sua</p><p>14</p><p>15</p><p>jornada de escrita. A necessária posição da mão para fazer correr a</p><p>pena sobre o papel ocasiona não leve dano que se comunica a todo</p><p>braço, devido à constante tensão tônica dos músculos e tendões, e</p><p>com o andar do tempo diminui o vigor da mão. Conheci um homem,</p><p>notário de profissão que ainda vive, o qual dedicou toda sua vida a es-</p><p>crever, lucrando bastante com isso; primeiro começou a sentir grande</p><p>lassidão em todo o braço e não pôde melhorar com remédio algum</p><p>e, finalmente, contraiu uma completa paralisia do braço direito.</p><p>A fim de reparar o dano, tentou escrever com a mão esquerda; porém,</p><p>ao cabo de algum tempo, esta também apresentou a mesma doença. Em</p><p>verdade, martiriza os operários, o poderoso e tenaz esforço do ânimo,</p><p>necessitando para o seu trabalho grande concentração de todo o cérebro,</p><p>contenção dos nervos e fibras; sobrevêm as cefalalgias, corizas, rouqui-</p><p>dões, lacrimejamento de tanto olharem fixamente o papel, consequências</p><p>estas que afetam muito mais os contadores e mestres de cálculos, como</p><p>assim se chamam os que se alugam aos comerciantes. Na mesma cate-</p><p>goria estão compreendidos os secretários dos príncipes cujo prazer da</p><p>companhia não é a última glória. Passam por grande tortura mental</p><p>não só pela multidão de cartas que escrevem, como porque não</p><p>adivinham suas intenções ou porque, por astúcia dos príncipes, não</p><p>querem ser entendidos de duas maneiras; o certo é que aqueles que</p><p>se destinam a esse emprego maldizem seu trabalho e, ao mesmo</p><p>tempo, a corte. [...]. (FUNDACENTRO, 2016, p. 249)</p><p>O que o médico Ramazzini fez para construir esta narrativa? Quais os problemas osteomuscu-</p><p>lares e mentais que foram narrados? Transportando para os dias atuais, como você enxerga o</p><p>trabalho do outro? Trabalhadores da limpeza? Dos dentistas? Das telefonistas? Dos professores?</p><p>No cenário brasileiro, a década de 1980 foi marcada pelo conhecimento acerca das</p><p>LER/DORT, pois os casos de tenossinovite entre os profissionais digitadores levaram</p><p>os sindicatos de trabalhadores em processamento de dados a começarem a lutar pelo</p><p>reconhecimento das lesões como doenças profissionais. No dia 06 de agosto de 1987,</p><p>o Ministério da Previdência identificou coerência na solicitação do sindicato, elaborando</p><p>assim, por meio da portaria 4.602, a inclusão da tenossinovite do digitador no índice</p><p>de doenças do trabalho. A portaria supracitada, embora mencionasse outras categorias</p><p>profissionais além do digitador, era compreendida pela perícia do INSS como exclusiva</p><p>aos digitadores.</p><p>Já em 1993, foi publicada uma norma técnica, que instituiu o nome Lesões Por Es-</p><p>forços Repetitivos (LER), o que ampliou o conceito e aplicação dos direitos previdenciá-</p><p>rios ao grupo de trabalhadores portadores de doenças relacionadas ao trabalho.</p><p>Em 1998, na revisão de sua norma técnica, a Previdência Social mudou o termo LER</p><p>para Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT, reduzindo conside-</p><p>ravelmente os direitos previdenciários.</p><p>15</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>No campo da prevenção, fruto de mobilização sindical, há uma Norma Regulamen-</p><p>tadora (NR-17) que fixa alguns limites para as empresas em que há postos de trabalho</p><p>que exigem esforços repetitivos, ritmo acelerado e posturas inadequadas, mas ainda não</p><p>contempla diversos fatores responsáveis pelas lesões.</p><p>Após conhecer um pouco do contexto histórico, vamos aprofundar nosso conheci-</p><p>mento sobre a LER/DORT.</p><p>A Prevalência de Afastamentos do INSS. Disponível em: https://bit.ly/35Ym8mU</p><p>Afinal, o que é a LER?</p><p>Vale ressaltar que a LER não corresponde a uma doença ou enfermidade, a sigla é</p><p>denominada para caracterizar “Lesões por Esforços Repetitivos” e representa um grupo</p><p>de afecções presentes no sistema musculoesquelético. São várias essas afecções, que</p><p>apresentam manifestações clínicas distintas e podem variar em graus de intensidade.</p><p>Desse modo, não é uma patologia, mas sim uma síndrome inflamatória que provoca dor e</p><p>incapacidade funcional. O diagnóstico inclui patologias bastante conhecidas no âmbito da</p><p>ortopedia como: a tendinite, reumatismo, bursite, esclerose sistêmica, traumática e artrite,</p><p>por exemplo, já que essas também apresentam lesões causadas por esforço repetitivo.</p><p>Tabela 2 – Classificação da LER por fase, estágio e grau</p><p>Fase Estágio Grau</p><p>Fase 1: as dores são mal de-</p><p>finidas e podem melhorar</p><p>com repouso.</p><p>Estágio 1: Cansaço e dor nos braços du-</p><p>rante a jornada de trabalho, tendo mo-</p><p>mentos de melhora do horário de trabalho</p><p>e sem alterações no desempenho normal.</p><p>Grau 1: dor em uma determinada região corporal es-</p><p>pecífica apresentando a atividade repetitiva. A região</p><p>afetada transmite a sensação de “peso” e ocasional-</p><p>mente surge durante a jornada de trabalho, mas não</p><p>interfere na produtividade.</p><p>Fase 2: dores com poucos si-</p><p>nais objetivos que melhoram</p><p>com repouso.</p><p>Estágio 2: Dor e cansaço persistentes</p><p>mesmo durante o repouso. Sono agitado</p><p>e incapacidade para o trabalho repetitivo.</p><p>Grau 2: dor em diversas regiões durante a realização da</p><p>atividade que causou a síndrome. A dor é contínua, in-</p><p>tensa e surge durante a atuação nos postos de trabalho,</p><p>não passa, mas é tolerável. Pode estar acompanhada de</p><p>formigamento, calor e sensibilidade no local lesado.</p><p>Fase 3: muita dor que não</p><p>melhora com repouso.</p><p>Estágio 3: Dor, fadiga e fraqueza cons-</p><p>tantes, mesmo em situações em que o</p><p>indivíduo esteja em repouso.</p><p>Dificuldades para dormir, o que prejudi-</p><p>ca o sono. Presença de lesões.</p><p>Grau 3: dor intensa e forte, além de ser persistente e</p><p>surgir diversas vezes durante as atividades e também</p><p>no repouso. Características: perda/redução de força</p><p>muscular, redução de produtividade e, em diversos</p><p>casos, impossibilidade de executar a função que lhe é</p><p>designada. Edemas, dores, suor excessivo e perda de</p><p>função são típicas desse grau.</p><p>Fase 4: dor intensa com inca-</p><p>pacidade funcional.</p><p>Estágio 4: Limitações articulares, sinais</p><p>inflamatórios, perda de força, etc.; a capa-</p><p>cidade de esforço está muito diminuída.</p><p>Grau 4: Dor intensa e presente de maneira ativa e pas-</p><p>siva, durante o movimento ou em repouso, e, durante</p><p>a noite, existe aumento considerável da sensibilidade</p><p>por todo o membro afetado. O membro afetado fica</p><p>sem força e perde o controle dos movimentos. A ca-</p><p>pacidade para exercer o trabalho é nula e os hábitos e</p><p>atividades de vida diária são prejudicados. Neste grau,</p><p>além dos aspectos físicos, os aspectos mentais geram</p><p>situações de estresse, angústia, medo e alguns casos</p><p>de depressão.</p><p>16</p><p>17</p><p>Desde o ano 2000, o dia 28 de fevereiro é considerado o Dia Internacional de Combate às</p><p>Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho</p><p>(DORT). Assista à pesquisadora da Fundacentro Dr.ª Maria Maeno que narra sobre o dia 28</p><p>de fevereiro, Dia Internacional de Combate às LER-DORT, a pesquisadora comenta as mani-</p><p>festações de diferentes formas de apresentação dos quadros, dificuldades encontradas no</p><p>reconhecimento das relações entre quadros e o histórico de exposições.</p><p>Disponível aqui: https://youtu.be/nPXyQArsiK0</p><p>A visão do profissional deve ser direcionada de maneira que abarque o pensamento</p><p>nos fatores de riscos das LER/DORT que incluem, em um panorama mais amplo: os</p><p>itens do trabalho que se relacionam de maneira direta ou indiretamente</p><p>com as mani-</p><p>festações clínicas.</p><p>Você perceberá que alguns fatores receberão atenção especial a fim de evitar possí-</p><p>veis riscos de doenças ocupacionais, como:</p><p>• Identificação se existe sobrecarrega ao trabalho executado pelo trabalhador;</p><p>• Se esse trabalhador exerce suas funções sob pressão, seja da chefia, coordenador,</p><p>supervisor, ou dos colegas de trabalho (o que pode acarretar no aumento significa-</p><p>tivo de alterações nos aspectos físicos e mentais);</p><p>• Visualizar os aspectos gerais em que o trabalhador não tem controle sobre suas</p><p>atividades (caixa, digitador, operador de telemarketing e outros);</p><p>• Obrigatoriedade na manutenção rítmica de maneira acelerada para garantir o ren-</p><p>dimento da produção;</p><p>• Trabalho fragmentado, que é compreendido como aquele em que cada trabalhador</p><p>exerce uma única tarefa de forma repetitiva;</p><p>• Identificar o baixo número de profissionais para determinadas funções;</p><p>• Alta jornada de trabalho, além da parte de mobiliários, ambiente, equipamentos,</p><p>falta de EPIs adequados e necessários para aquela determinada função;</p><p>• A ausência de pausas durante o trabalho também é um grande fator para desenvol-</p><p>vimento de doenças ocupacionais.</p><p>Os fatores supracitados podem afetar de maneira negativa a saúde do trabalhador e</p><p>alguns fatores podem elevar as chances de intensificar os acidentes, afastamentos e/ou</p><p>queixas que diminuem a qualidade de vida do trabalhador.</p><p>Assim, pode-se pensar em cinco fatores de riscos que devem ganhar um olhar am-</p><p>pliado do profissional que atua com ergonomia.</p><p>Fatores de risco:</p><p>• Fatores intrínsecos: relacionam-se com o trabalhador como, por exemplo: má</p><p>postura, antropometria inadequada, dentre outros;</p><p>• Fatores extrínsecos: referem-se às empresas e organizações, como o ritmo das</p><p>atividades, condições ambientais desfavoráveis, organização do trabalho etc.;</p><p>17</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>• Fatores biomecânicos: força excessiva na realização de determinada atividade la-</p><p>boral, por exemplo;</p><p>• Riscos organizacionais: a ausência de pausa, seja para ir ao banheiro, beber água,</p><p>alongar a musculatura, dentre outros;</p><p>• Riscos ambientais: altas ou baixas temperaturas a que os trabalhadores podem</p><p>ser expostos;</p><p>• Riscos psicoemocionais: o estresse é a alteração mais comumente citada dentre</p><p>os fatores de risco, sendo essa, por sua vez, uma alteração grave que pode modifi-</p><p>car de maneira acentuada a qualidade de vida do profissional durante os momentos</p><p>de trabalho, ampliando essa modificação para sua vida pessoal.</p><p>Você percebeu que, dessa maneira, para realizar um diagnóstico voltado para a saúde</p><p>do trabalhador de forma eficaz, os profissionais irão se basear em avaliações ocupacio-</p><p>nais (por meio de técnicas, escalas, questionários) e exames clínicos com o máximo de</p><p>detalhes possíveis para se identificar as alterações nos aspectos biopsicossociais voltados</p><p>à atenção da saúde do trabalhador, bem como realizar análise das situações ocupacio-</p><p>nais, por meio de dados ergonômicos e epidemiológicos.</p><p>O profissional que atua com a saúde do trabalhador precisa conhecer o guia para os profis-</p><p>sionais de saúde em LER, material educativo desenvolvido pela Médica Ada Ávila Assunção e</p><p>pela auditora fiscal Lailah Vasconcelos Oliveira Vilela. Disponível em: https://bit.ly/3x1eVhG</p><p>Atuação de Equipe Multiprofissional</p><p>Cabe ressaltar que são vários os profissionais que compõem uma equipe multiprofis-</p><p>sional no que tange à saúde do trabalhador, como enfermeiros, médicos, nutricionistas,</p><p>assistentes sociais, dentistas, fonoaudiólogos, profissionais da segurança do trabalho,</p><p>fisioterapeutas, psicólogos, dentre outros. Desse modo, vamos enfatizar que a atuação</p><p>multidisciplinar é fundamental para a prevenção, promoção, recuperação e reabilitação</p><p>da saúde do trabalhador.</p><p>Nos espaços laborais, existem três níveis de atenção preventiva. A seguir, vamos</p><p>compreender cada um deles:</p><p>• Prevenção primária: a análise da atividade é fundamental para ações de preven-</p><p>ção para a eliminação ou diminuição dos riscos/perigos que possam gerias lesões e</p><p>distúrbios osteomusculares. Atendimentos coletivos e individuais como massagens,</p><p>liberação miofascial, osteopatia, alongamentos, fortalecimento muscular, podem</p><p>contribuir com a redução de danos;</p><p>• Prevenção secundária: caracterizada pelo período de patogênese, sendo necessá-</p><p>rio inserir intervenções terapêuticas para que o trabalhador retorne ao seu estado</p><p>de saúde, baseando-se na conceituação da qualidade de vida ao exercer sua rotina</p><p>laboral. O fisioterapeuta deverá realizar avaliações contínuas e assistência integral</p><p>18</p><p>19</p><p>ao trabalhador (incluindo ações que viabilizem a promoção e prevenção da saúde,</p><p>para que a saúde do trabalhador seja protegida);</p><p>• Prevenção terciária: visa elaborar ações que evitem o surgimento refratário das</p><p>lesões acometidas ao trabalhador, ou seja, que já tenha passado pelos estágios an-</p><p>teriores, por exemplo, tratamento de algum pós-operatório, reabilitação funcional</p><p>durante o período de recuperação.</p><p>A equipe multidisciplinar atuará na prevenção e promoção da saúde do trabalhador a</p><p>fim de evitar a LER/DORT, tendo como subsídios a equipe multiprofissional e a CIPA.</p><p>Desse modo, os profissionais irão atuar de maneira unida com a finalidade de eliminar</p><p>ou amenizar as mais variadas situações e/ou condições que promovam o início de algum</p><p>fator negativo, investigando, elaborando estratégias e planejamentos nos quais as causas</p><p>ou condições de trabalho estão associadas, prevenindo-as por meio de orientações e</p><p>intervenção aos níveis primário, secundário e terciário da base ergonômica no ambiente</p><p>de trabalho.</p><p>Você pensou nas possibilidades benéficas que a atuação da equipe multidisciplinar</p><p>pode trazer para as organizações quando se trabalha em prol da saúde do trabalhador?</p><p>• Melhoria na qualidade do serviço prestado;</p><p>• Diminuição de ausências e faltas;</p><p>• Redução de atrasos e faltas nos postos laborais;</p><p>• Atuação profissional com qualidade no desempenho do trabalhador em determinadas;</p><p>• Funções, porém, com segurança e qualidade de vida no ambiente laboral;</p><p>• Diminuição dos quadros de dores, bem como diminuição do cansaço, desânimo e</p><p>fadiga muscular;</p><p>• Melhora no relacionamento entre os colegas de trabalho;</p><p>• Maior disposição, valorização e proteção profissional, bem-estar no trabalho, prazer</p><p>em exercer a função na empresa, dentre outros benefícios.</p><p>É necessário que exista uma compreensão mútua, pois ambas as partes são impor-</p><p>tantes nas organizações: o trabalhador, com sua mão de obra e conhecimento, e a orga-</p><p>nização, com a oferta de trabalho, devendo existir preocupação entre os pares, zelando</p><p>uns pelos outros para aumento da qualidade de vida e saúde no ambiente de trabalho.</p><p>De modo similar, as equipes, durante a investigação ocupacional, devem incluir pro-</p><p>cedimentos que abarquem as seguintes etapas:</p><p>1. Realizar questionamentos sobre a história clínica de maneira ampla e com de-</p><p>talhes (história da moléstia atual);</p><p>2. Investigar e avaliar os diversos sistemas corporais;</p><p>3. Identifi car comportamentos e hábitos relevantes do indivíduo;</p><p>4. Questionar acerca dos antecedentes pessoais e familiares;</p><p>5. Anamnese ocupacional: identifi car o cenário, função e todos os detalhes que</p><p>envolvem o profi ssional no espaço laboral;</p><p>6. Exame físico detalhado e exames complementares, caso o profi ssional veja</p><p>necessidade de solicitação.</p><p>19</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Assim, a anamnese ocupacional é uma etapa que, além de relevante para elaboração</p><p>de tratamentos e diagnóstico, torna-se investigativa, o que amplia a visão do profissional</p><p>para inserir condutas que beneficiem a saúde do trabalhador. É indispensável que o pro-</p><p>fissional avalie, estabeleça metas e condutas, bem como oriente e reavalie o trabalhador.</p><p>A Investigação das</p><p>Relações Saúde & Trabalho</p><p>No campo do reconhecimento do acidente do trabalho e doenças ocupacionais, os</p><p>profissionais tais como médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,</p><p>terapeutas</p><p>ocupacionais, engenheiros, dentre outros, devem se atentar para as normas legais e</p><p>ético-profissionais para análise.</p><p>O Ministério da Saúde (2001, p. 27) aponta que é importante que o:</p><p>“reconhecimento do papel do trabalho na determinação e evolução do processo</p><p>saúde-doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais, que se</p><p>refletem sobre a organização e o provimento de ações de saúde para esse segmento</p><p>da população, na rede de serviços de saúde”.</p><p>Assim os profissionais que estão na linha de frente para a proteção da saúde dos</p><p>trabalhadores devem estabelecer a relação causal ou do nexo entre um determinado</p><p>evento de saúde – dano ou doença – individual ou coletivo, potencial ou instalado, e</p><p>uma dada condição de trabalho. De modo esquemático, esse processo pode se iniciar</p><p>pela identificação e controle dos fatores de risco para a saúde presentes nos ambientes e</p><p>condições de trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos,</p><p>lesões ou doenças provocadas pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de trabalhadores</p><p>(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).</p><p>Pontos importantes que devem ser considerados sobre o adoecimento dos trabalha-</p><p>dores e sua relação com o trabalho:</p><p>Tabela 3 – Classificação das Doenças Segundo sua Relação com o Trabalho</p><p>Grupo Descrição Exemplos</p><p>I Doenças em que o trabalho é causa necessária, tipificadas pelas doenças pro-</p><p>fissionais, stricto sensu, e pelas intoxicações agudas de origem ocupacional.</p><p>Intoxicação por chumbo/Silicose/</p><p>doenças profissionais legalmente</p><p>reconhecidas.</p><p>II</p><p>Doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco, contributivo, mas</p><p>não necessário, exemplificadas pelas doenças comuns, mais frequentes</p><p>ou mais precoces em determinados grupos ocupacionais e para as quais o</p><p>nexo causal é de natureza eminentemente epidemiológica.</p><p>Doença coronariana, doenças do</p><p>aparelho locomotor, câncer, varizes</p><p>dos membros inferiores.</p><p>III Doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente, ou</p><p>agravador de doença já estabelecida ou preexistente, ou seja, concausa.</p><p>Doenças mentais e ostemusculares</p><p>Bronquite crônica, Dermatite de</p><p>contato alérgica, Asma</p><p>Fonte: Adaptada de Ministério da Saúde, 2001 | SCHILLING, 1984</p><p>20</p><p>21</p><p>Segundo as Diretrizes Sobre Prova Pericial em Acidentes do Trabalho e Doenças</p><p>Ocupacionais, proposto pelo Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho Seguro,</p><p>que é uma iniciativa do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e do Tribunal Supe-</p><p>rior do Trabalho e pela resolução do Conselho Federal de Medicina CFM Nº 2183 DE</p><p>21/06/2018, para a investigação dos profissionais, precisam considerar:</p><p>A história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigação</p><p>de nexo causal;</p><p>• O estudo do local de trabalho;</p><p>• O estudo da organização do trabalho;</p><p>• Os dados epidemiológicos;</p><p>• A literatura técnica específica atualizada;</p><p>• A ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condições</p><p>agressivas à saúde;</p><p>• A identificação dos riscos existentes no meio ambiente do trabalho;</p><p>• O depoimento e a experiência dos trabalhadores;</p><p>• Os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam</p><p>ou não da área da saúde;</p><p>• A capacitação dos trabalhadores ou outros aspectos de gestão de segurança e saú-</p><p>de do trabalho que influenciaram a ocorrência do evento.</p><p>• Relatar se havia medidas de prevenção que poderiam ter evitado a agressão e/ou</p><p>lesão ao trabalhador, bem como as medidas de proteção que poderiam ter reduzido</p><p>as suas consequências.</p><p>Para conhecer o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho desenvolvido</p><p>pela equipe do Trabalho Seguro. Disponível em: https://bit.ly/3x8sD2A</p><p>Pontos importante nos casos de reconhecimento do nexo com o trabalho é necessário</p><p>abrir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), onde é regulada pelo Lei 8.213/1991,</p><p>onde descreve que o acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a servi-</p><p>ço da empresa ou pelo exercício de trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou</p><p>perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária,</p><p>da capacidade para o trabalho.</p><p>Importante!</p><p>A abertura da CAT possibilita o controle estatístico dos órgãos federais, além de garantir</p><p>a assistência do trabalhador junto ao INSS ou mesmo a sua aposentadoria por invalidez,</p><p>se for o caso. Após a comprovação do acidente de trabalho ou doença profissional, o</p><p>trabalhador terá direito ao auxílio-doença acidentário.</p><p>21</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Nesse campo da notificação, é de suma importância o profissional conhecer sobre o</p><p>Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP, que foi implementado nos siste-</p><p>mas informatizados do INSS, para concessão de auxílios-doença de natureza acidentária.</p><p>Existem 3 (três) tipos de nexos técnicos previdenciários:</p><p>• Nexo técnico profissional ou do trabalho: fundamentado nas associações entre do-</p><p>enças e exposições constantes das listas A e B do anexo II do Decreto nº 3.048/99;</p><p>• Nexo técnico por doença equiparada a acidente de trabalho ou nexo técnico</p><p>individual: decorrente de acidentes de trabalho típicos ou de trajeto, bem como de</p><p>condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele relacionado diretamen-</p><p>te, nos termos do § 2º do art. 20 da Lei nº 8.213/91;</p><p>• Nexo técnico epidemiológico previdenciário: aplicável quando houver signifi-</p><p>cância estatística da associação entre o código da Classificação Internacional de</p><p>Doenças – CID e o da Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE,</p><p>fundamentado na lista C do Anexo II do Decreto nº 3.048/1999.</p><p>Ações de Proteção e</p><p>Prevenção em Saúde do Trabalhador</p><p>As equipes de saúde e segurança devem se organizar visando a ações que permitam</p><p>gerar ações em vários níveis, lembrando que muitas ações podem levar muito tempo</p><p>para transformar as ações propostas pela equipe. Nesse sentido, vamos observar a fi-</p><p>gura abaixo:</p><p>Tabela 4 – Aplicação de Medidas Preventivas</p><p>Prevenção Nível Período de Aplicação Objetivo</p><p>Primária</p><p>1 Pré-Patogênese Promoção da Saúde</p><p>2 Pré-Patogênese Proteção Específica</p><p>Secundária</p><p>3 Patogênese Pré-Clínica Diagnóstico Precoce</p><p>Tratamento Imediato</p><p>4 Patogênese Clínica Limitação de Incapacidade</p><p>Terciária 5 Sequelas e Incapacidades Reabilitação</p><p>Fonte: Adaptada de ANAMT, 2002</p><p>A Associação Nacional de Medicina do Trabalho aponta que “É comum, nas empresas</p><p>e locais de trabalho, o médico do trabalho privilegiar as ações secundárias e mesmo</p><p>terciárias, uma vez que estas têm impacto mais mensurável e evidente e, na maior parte</p><p>das vezes, mais urgentes”.</p><p>Nesse sentido, vamos apresentar três cenários em que podem ter atuação:</p><p>22</p><p>23</p><p>MACRO</p><p>Sociambiental</p><p>MICRO</p><p>Queixa e atividade</p><p>MESO</p><p>Técnico-organizacional</p><p>Anamnese</p><p>Estudos ergonômicos</p><p>Intervenção direta nos</p><p>postos de trabalho</p><p>Concepção/correção</p><p>Plano prático</p><p>Elaboração de políticas de</p><p>Estado e Regulamentações</p><p>De�nição de plano industrial</p><p>e de serviços</p><p>Figura 1</p><p>Fonte: ASSUNÇÃO; VILELA, 2009</p><p>Na atividade MICRO, os profissionais no atendimento ao trabalhador que procura o</p><p>centro de saúde são estimulados a refletir sobre os principais fatores de risco. Eles devem</p><p>manter o monitoramento, para identificar perturbações declaradas por ocasião dos exa-</p><p>mes periódicos. O acompanhamento dos trabalhadores que retornam ao trabalho pode</p><p>oferecer pistas importantes sobre as demandas das tarefas, os arranjos espaciais, o grau</p><p>de variabilidade dos processos e as modificações sobre os riscos físicos.</p><p>No campo MESO, os profissionais que atuam na linha de frente devem atentar em</p><p>quais fases eles podem atuar e desenvolver suas ações; no sistema técnico-organizacio-</p><p>nal, os profissionais devem realizar ações de busca ativa visando aos esforços entre os</p><p>atores para diagnosticar os determinantes internos dos fatores de risco, com ênfase para</p><p>adequação do efetivo, incorporação tecnológica, degradação das instalações e equipa-</p><p>mentos, fluxo de produção, divisão do trabalho,</p><p>sincronia das metas de produção e as</p><p>metas comerciais. No caso dos ergonomistas, precisam verificar quais instrumentos já</p><p>existem na empresa que visa à análise do conteúdo das tarefas, dos modos operatórios,</p><p>do ritmo e da intensidade do trabalho; dos fatores mecânicos e condições físicas dos</p><p>postos de trabalho do paciente ou da primeira aproximação do setor.</p><p>Importante que os instrumentos usados permitam os atores observarem as situações</p><p>de trabalho em que predominam os riscos, por exemplo:</p><p>• Posto de trabalho sentado;</p><p>• Transporte manual de cargas;</p><p>• Repetitividade;</p><p>• Posto de trabalho em pé.</p><p>23</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Para ajudar os profissionais, o International Labour Office, em colaboração com a International</p><p>Ergonomics Association, desenvolveu os Pontos de Verificação Ergonômica – soluções</p><p>práticas e de fácil aplicação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de</p><p>trabalho que foi publicada pela Fundacentro. Disponível em: https://bit.ly/3lpLwcq</p><p>Como esse mesmo material acima, a International Labour Organization lançou o aplicativo</p><p>Checkpoints de Ergonomia com download gratuito! Onde o aplicativo permite a interação</p><p>de checkpoints de ergonomia, para ser utilizado nos postos de trabalho. No total, são 132</p><p>checkpoints que podem auxiliar na análise do trabalho. Disponível em: https://bit.ly/3w5b7uu</p><p>No campo MACRO, as instituições que atuam no campo da saúde e segurança dos</p><p>trabalhadores devem, como exemplo, convocar um conjunto de atores e estimular pro-</p><p>jetos industriais para as micro e pequenas empresas, com a participação de instituições</p><p>como SESI e SENAI. Ações intersetoriais, privilegiando ações da Política Nacional de Se-</p><p>gurança e Saúde no Trabalho – PNSST, onde podem ser dirigidas para a elaboração de</p><p>um plano com hierarquia estabelecida, utilizando-se dos relatórios técnicos disponíveis.</p><p>A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST tem por objetivos a promo-</p><p>ção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes</p><p>e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por</p><p>meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho.</p><p>Disponível aqui: https://bit.ly/2SverRW</p><p>24</p><p>25</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Vídeos</p><p>Carne, Osso: documentário sobre trabalho em frigoríficos</p><p>https://youtu.be/_X8ALDZH_Dk</p><p>Leitura</p><p>Protocolo de Complexidade Diferenciada – LER/DORT</p><p>https://bit.ly/47lrgzt</p><p>Lesões por esforços repetitivos (LER) e Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort)</p><p>https://bit.ly/2U8ncSq</p><p>Promoção de ambientes de trabalho saudáveis e seguros na</p><p>prevenção das doenças e agravos relacionados ao trabalho</p><p>https://bit.ly/3GmwQ97</p><p>25</p><p>UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento</p><p>Referências</p><p>ANAMT. Sugestão 7. Em Relação às Ações de Promoção da Saúde. 2002. Dis-</p><p>ponível em: . Acesso em: 03/04/2021.</p><p>ASSUNÇÃO, A. A.; VILELA, L. V. O. Lesões por esforços repetitivos: guia para pro-</p><p>fissionais de saúde. Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST, 2009.</p><p>Disponível em: .</p><p>CORRÊA FILHO, H. R. Isto é trabalho de gente? Vida, Doença, e Trabalho no Brasil.</p><p>Capítulo 12 Outra contribuição da epidemiologia. Petrópolis: Petrópolis, 1994.</p><p>FUNDACENTRO. Bernardino Ramazzini – As Doenças dos Trabalhadores. Tradução</p><p>de Raimundo Estrela. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. 107Disponível em .</p><p>________. Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil aplicação</p><p>para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho. Organização Interna-</p><p>cional do Trabalho; tradução, Fundacentro. 2. ed. São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 03/04/2021.</p><p>LACAZ, F. A. de C. O campo Saúde do Trabalhador: resgatando conhecimentos e prá-</p><p>ticas sobre as relações trabalho-saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 4,</p><p>p. 757-766, 2007.</p><p>MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de</p><p>Saúde Pública, São Paulo, v.25, n.5, p.341-349, 1991.</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de pro-</p><p>cedimentos para os serviços de saúde. Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-</p><p>-Americana da Saúde no Brasil; organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores</p><p>Idelberto Muniz Almeida et al. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001.</p><p>PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. de. Saúde coletiva: uma “nova saúde pública” ou campo</p><p>aberto a novos paradigmas? Revista de Saúde Pública, vol. 32, n. 4, pp. 299-316, 1998.</p><p>PROGRAMA TRABALHO SEGURO. Diretrizes Sobre Prova Pericial em Acidentes do</p><p>Trabalho e Doenças Ocupacionais. Brasília, 25 de fevereiro de 2014. Disponível: . Acesso em: 02/04/2021.</p><p>26</p><p>Ergonomia e Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro</p><p>Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>• Apresentar as normativas básicas de ergonomia;</p><p>• Fornecer instrumentos de trabalho que permitam o desenvolvimento de projetos e concepções</p><p>de postos/ambientes de trabalho que levem em consideração as características psicofisiológicas</p><p>dos trabalhadores;</p><p>• Apresentar a Antropometria, Biomecânica e Fisiologia, que são elementos necessários à aná-</p><p>lise do trabalho, bem como o projeto do posto de trabalho para as atividades relacionadas à</p><p>indústria e às atividades relacionadas à prestação de serviços.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Abrangência da Ergonomia;</p><p>• Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17) – Ergonomia;</p><p>• Antropometria;</p><p>• Biomecânica;</p><p>• Fisiologia;</p><p>• Métodos de Aplicação da Ergonomia.</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Abrangência da Ergonomia</p><p>A amplitude do conceito de Ergonomia vem sendo ampliado dia após dia.</p><p>Quanto maior o conhecimento das pessoas em geral sobre o que vem a ser Ergonomia</p><p>e suas respectivas aplicações, não só o conceito fundamental se consolida, como também</p><p>se aperfeiçoa de acordo com a resposta da Sociedade.</p><p>No Brasil, não há cursos de graduação que formam ergonomistas. Todavia, há uma</p><p>grande variedade de cursos de pós-graduação nessa área, para os mais diversos profissio-</p><p>nais, que vão desde a Engenharia até disciplinas ligadas à Saúde, à Psicologia e à Sociologia.</p><p>A maioria das empresas que aplicam a Ergonomia não possui uma área composta de</p><p>ergonomistas, mas possui um grupo de profissionais ligados, direta ou indiretamente, à</p><p>execução do trabalho e suas derivações.</p><p>Esse grupo deve ser multidisciplinar, ou seja, composto por profissionais de áreas</p><p>diversas, com aptidões e competências diferentes e complementares.</p><p>Isso permite que grupos multidisciplinares de Ergonomia possam e devam agir ergo-</p><p>nomicamente em qualquer tipo de trabalho e em qualquer segmento de mercado, no que</p><p>diz respeito à atividade ocupacional.</p><p>Seguindo esse princípio, sua aplicação depende do ser humano.</p><p>Na organização do meio ambiente de trabalho, que é um ambiente cada vez mais</p><p>competitivo, não é raro as empresas “incorporarem” a preocupação com a Ergonomia</p><p>e a segurança do trabalho, até porque existem normas brasileiras que regulamentam a</p><p>relação entre empregador e empregado.</p><p>A fim de aplicar devidamente a Ergonomia em toda sua amplitude, muitas empresas</p><p>criam e mantêm o “Comitê de Ergonomia”, que é um grupo de profissionais multidisci-</p><p>plinar, a fim de “garantir” que, nessa organização, as interações entre</p><p>homens e sistemas</p><p>aconteçam harmonicamente.</p><p>Esse grupo deve se reunir periodicamente e planejar a aplicação de ações imedia-</p><p>tas, além de planejar eventos futuros, guardando a premissa de “melhoria contínua”.</p><p>De acordo com Lida (2005), há profissionais ligados à saúde do trabalhador, à organi-</p><p>zação do trabalho, ao projeto de máquinas e equipamentos. Trazem consigo sua contri-</p><p>buição em conhecimentos úteis que devem ser considerados na solução de problemas</p><p>ergonômicos, dentre os quais, destacam-se:</p><p>• Médicos do Trabalho: Podem ajudar na identificação dos locais que provocam</p><p>acidentes ou doenças ocupacionais e realizar acompanhamentos de saúde e, ainda,</p><p>criar um dossiê de “histórico de dor” por setor. Essa prática vai servir para orientar</p><p>o “Comitê de Ergonomia” na revisão de processos de trabalho atuais e no projeto</p><p>de novos processos de trabalho;</p><p>• Engenheiros de Projeto: Contribuem com os técnicos, procurando adequar máqui-</p><p>nas e ambiente de trabalho;</p><p>8</p><p>9</p><p>• Engenheiros de Produção: Procuram distribuir o trabalho sem sobrecarga, esta-</p><p>belecendo um fluxo racional de materiais e postos de trabalho; devem estudar os</p><p>métodos de trabalho, tempos e postos de trabalho;</p><p>• Engenheiros de Segurança e Manutenção: Identificam áreas, máquinas e pro-</p><p>cessos de trabalho que podem oferecer risco ao trabalhador;</p><p>• Desenhistas Industriais: Ajudam na adaptação de máquinas e de equipamentos,</p><p>projeto do posto de trabalho e sistemas de comunicação;</p><p>• Psicólogos: São comumente envolvidos na análise dos processos cognitivos, relacio-</p><p>namentos humanos, seleção e treinamento de pessoal e podem dar sua contribuição</p><p>no estabelecimento de novos métodos;</p><p>• Enfermeiros e Fisioterapeutas: devem procurar agir preventivamente no histórico</p><p>de dor e de lesões ocupacionais. Quando a prevenção não tiver sido possível, atuam</p><p>na recuperação desses trabalhadores;</p><p>• Programadores de Produção: podem contribuir definindo, na medida do possível,</p><p>um fluxo contínuo de produção e evitando trabalhos noturnos;</p><p>• Administradores: podem atuar na elaboração de cargos e salários mais justos,</p><p>melhorando a autoestima do trabalhador;</p><p>• Compradores: devem ser conhecedores dos Princípios de Ergonomia, a fim de</p><p>procurarem adquirir máquinas, equipamentos e materiais mais limpos, seguros,</p><p>confortáveis e menos tóxicos.</p><p>Quando não existe um grupo multidisciplinar, que aqui chamamos de “Comitê de</p><p>Ergonomia”, apoiado incondicionalmente pela alta administração, ou quando a orga-</p><p>nização dá os primeiros passos dentro do universo da Ergonomia, muitas vezes, ela é</p><p>aplicada de acordo com a ocasião que é feita e, segundo Lida (2005) essa “Ergonomia</p><p>de ocasião” é classificada em concepção, correção, conscientização e participação:</p><p>• Ergonomia de concepção: Quando a abordagem ergonômica nasce com a ideia</p><p>inicial sobre uma máquina, um equipamento, um mobiliário é um processo de fa-</p><p>bricação e/ou prestação de serviços, o projetista já pensa na aplicação final de seu</p><p>produto e/ou serviço dentro dos preceitos da Ergonomia;</p><p>• Ergonomia de correção: Quando o problema já existe, seja histórico de dor física</p><p>seja alguma patologia psíquica desenvolvida pela natureza do trabalho feito, é ne-</p><p>cessária a mobilização de profissionais capacitados nessas áreas específicas, a fim</p><p>de corrigir esse histórico já existente;</p><p>• Ergonomia de conscientização: Ainda que a empresa forneça EPIs (Equipamentos</p><p>de Proteção Individual), ainda que haja palestras de integração quando o trabalhador</p><p>inicia seu trabalho na empresa, ainda que a empresa disponibilize equipamentos</p><p>ergonômicos para os funcionários e os engenheiros e fisioterapeutas promovam trei-</p><p>namentos sobre os movimentos corretos em novos processos; o trabalhador PRE-</p><p>CISA entender que toda essa mobilização de recursos é para ele; todavia, depende</p><p>dele o trabalho correto. É preciso preparar devidamente o trabalhador, por meio</p><p>de palestras de informação e conscientização da sua própria responsabilidade, para</p><p>a manutenção da sua própria saúde e motivação no ambiente de trabalho. Altos</p><p>investimentos são feitos por parte das organizações e, sem a devida participação</p><p>do trabalhador, todos esses esforços, bem como os investimentos mobilizados por</p><p>9</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>parte da empresa de NADA valem. A dor vai existir, o assédio moral vai existir, o</p><p>afastamento e o aumento nos custos, bem como a perda de eficiência vão persistir.</p><p>Por mais que seja oneroso “parar” a operação para palestras, ainda é bem mais</p><p>barato do que perder os investimentos de energia, de tempo e de dinheiro para</p><p>“aplicar devidamente a Ergonomia”;</p><p>• Ergonomia de participação: É quando o trabalhador ou o usuário participam do</p><p>processo de desenvolvimento de máquinas, equipamentos, mobiliário e processo</p><p>de fabricação e/ou prestação de serviços. A Ergonomia de participação é efetiva</p><p>quando o trabalhador ou usuário já possui conhecimentos prévios sobre o que vem</p><p>a ser Ergonomia.</p><p>Traçando um paralelo entre o conceito de Ergonomia e o conceito de qualidade, igual-</p><p>mente atuais, aplicáveis em qualquer segmento de mercado, em constante ampliação de</p><p>escopo, sabemos que, quando o conceito de qualidade invade toda a organização, podemos</p><p>entender que ela ampliou o escopo, de tal forma que tomou, invadiu toda a organização.</p><p>Para essa situação, é possível afirmar que a empresa chegou ao estágio de QUALI-</p><p>DADE TOTAL. Bem como a empresa que invade toda a organização com os conceitos</p><p>de qualidade e chega ao estágio de qualidade total, a organização, seja de natureza</p><p>manufatureira, seja de prestação de serviços, quando “invade” toda a empresa com os</p><p>conceitos de Ergonomia, podemos afirmar que aplicou a MACROERGONOMIA. Onde</p><p>há trabalho humano, sempre, em qualquer segmento de mercado, inclusive em nossa</p><p>vida cotidiana, deve haver Ergonomia. No ato de um estudante levar uma mochila para</p><p>escola, deve haver ergonomia de correção, na conscientização sobre como carregar a</p><p>mochila: as duas alças devem ser usadas uma em cada ombro. Caso seja possível, as</p><p>mochilas com rodinhas devem ser escolhidas.</p><p>Norma Regulamentadora</p><p>nº 17 (NR-17) – Ergonomia</p><p>No Brasil (2018), a NR 17 é a normativa que estabelece os parâmetros que permitam a</p><p>adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,</p><p>de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.</p><p>Nesse caminho, os profissionais com especialização em ergonomia, bem como pro-</p><p>fissionais que atuam no campo da saúde, segurança, projeto, produção etc., todos esses</p><p>atores podem observar as condições de trabalho onde incluem aspectos relacionados ao</p><p>levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às</p><p>condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.</p><p>Ponto importante que os profissionais precisam estar atentos é avaliar a adaptação</p><p>das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, e cabe</p><p>ao empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, devendo a mesma abordar,</p><p>no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido na NR 17.</p><p>10</p><p>11</p><p>Como exemplo, o livro Pontos de Verificação Ergonômicas, traduzido pela Funda-</p><p>centro, mostra exemplos de ações simples que podem ser realizadas no meio ambiente</p><p>de trabalho (FUNDACENTRO, 2018).</p><p>Figura 1 – O profi ssional pode apontar ações que eliminem</p><p>as diferenças de altura das superfícies de trabalho</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>Figura 2 – Criar estratégias para que o trabalhador possa empurrar ou puxar os materiais pesados, em</p><p>lugar de erguê-los ou baixá-los. Mover os materiais ao longo de superfícies da mesma altura</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>O item 17.3 da NR 17 trata do mobiliário dos postos de trabalho. Para isso, o profissional</p><p>tem vários instrumentos de trabalho, desde o mais simples ao mais complexo, dependendo</p><p>muito da necessidade de cada momento de atuação, seja ele na fase de projeto ou de</p><p>melhorias. Para auxiliar, a Associação Brasileira de</p><p>técnica: o trabalho dos engenheiros permitiu preservar a integridade</p><p>das instalações em situações não habituais (DANIELLOU et al., 2010).</p><p>Segundo Daniellou et al. (2010, p. 3):</p><p>Os acidentes de Seveso (1976) e Three Miles Island (1979) levaram a</p><p>reforçar as exigências regulamentares (diretiva Seveso 1 em 1982) e a</p><p>implementar políticas globais de segurança nas empresas de alto risco.</p><p>Esse formalismo foi intensificado com a diretiva Seveso 2 (1996) e com a</p><p>implementação dos Sistemas de Gestão da Segurança. Essas ações técni-</p><p>cas e de organização possibilitaram, em certos setores, uma diminuição</p><p>contínua de acidentes ligados ao processo. Mas, em muitas empresas,</p><p>essa melhora marca um patamar, e o reforço dos formalismos não leva a</p><p>uma diminuição das falhas.</p><p>A evolução da segurança ao longo da história precisa ser refletida pelos alunos</p><p>e alunas de segurança e ergonomia, uma vez que são descritos em três patamares:</p><p>1) o técnico, no qual a preocupação se concentrou essencialmente sobre a integridade</p><p>das instalações, máquinas e equipamentos; 2) o dos sistemas de gestão, centrado no</p><p>conjunto de regras que compõem as normas de segurança; 3) e o patamar da atividade</p><p>humana, que se baseia no desenvolvimento dos Fatores Humanos e Organizacionais</p><p>(DANIELLOU et al., 2010).</p><p>A construção de uma linha do tempo dos patamares da segurança industrial podemos</p><p>observar na Figura 1.</p><p>Engenharia e Qualidade</p><p>Integridade das Instalações</p><p>Sistema de Gestão</p><p>da Segurança</p><p>Integração de Fatores</p><p>Humanos e Organizacionais</p><p>da segurança</p><p>Técnica</p><p>Sistema de Gestão</p><p>Atividade Humana</p><p>Tempo</p><p>Ta</p><p>xa</p><p>s d</p><p>e A</p><p>cid</p><p>en</p><p>te</p><p>s</p><p>1960 – 1980</p><p>1980 – 2000</p><p>2000 – ...</p><p>Figura 1 – Abordagens sucessivas da segurança industrial</p><p>Fonte: Adaptada de DANIELLOU et al., 2010, p. 3</p><p>No campo preventivo e protetivo, as ações em segurança no meio ambiente de tra-</p><p>balho buscam sempre antecipar o previsível e combater o imprevisto. Para isso, é ne-</p><p>cessário que os profissionais que atuam na área fiquem atentos, uma vez que as regras</p><p>e os procedimentos formais conseguem preparar os riscos e perigos previstos dentro</p><p>11</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>do sistema, e por isso seu papel é fundamental para enfrentar essas situações. Mas no</p><p>meio ambiente de trabalho vão ocorrer, na produção, situações que não foram anteci-</p><p>padas, observadas, identificadas etc. E a resposta do sistema para essas situações vai</p><p>depender dos recursos locais das equipes e do gerenciamento disponível em tempo real</p><p>(DANIELLOU et al., 2010).</p><p>As equipes de segurança precisam conhecer a resiliência de um sistema, uma vez</p><p>que têm:</p><p>A capacidade de antecipar, de detectar precocemente e de responder</p><p>adequadamente a variações do funcionamento do sistema no que diz res-</p><p>peito às condições de referência, visando minimizar seus efeitos sobre a</p><p>estabilidade dinâmica. (DANIELLOU et al., 2010)</p><p>As equipes de segurança e saúde precisam compreender que os trabalhos relacionados</p><p>à segurança sistêmica mostram que essa resistência depende de dois componentes.</p><p>Nesse sentido, Daniellou et al. (2010) apresentam as definições a seguir:</p><p>• A segurança normatizada: evitar todos os defeitos ou panes previsíveis pelos for-</p><p>malismos, regras, automatismos, medidas e equipamentos de proteção, formações</p><p>com relação aos “comportamentos seguros” e por um gerenciamento que assegure</p><p>o respeito às regras;</p><p>• A segurança em ação: capacidade de antecipar, de perceber os disfuncionamentos</p><p>não previstos pela organização e de responder a eles. Ela se baseia nos conheci-</p><p>mentos e na experiência humana, na qualidade das iniciativas, no funcionamento</p><p>dos coletivos e das organizações e num gerenciamento atento à realidade das situ-</p><p>ações, que favorecem a articulação entre diferentes tipos de conhecimentos úteis</p><p>para a segurança.</p><p>Para exemplificar, as equipes de segurança precisam atuar de forma a buscar a pre-</p><p>venção e a proteção. Para isso, é preciso que sejam somados os olhares dos profissionais</p><p>para as ações normativas e as atividades na ação do trabalho, conhecer este cenário é</p><p>peça fundamental ao profissional proteger os trabalhadores, conforme podemos observar</p><p>a Figura 2:</p><p>+ =</p><p>Segurança</p><p>Normatizada:</p><p>Prever o melhor</p><p>possível</p><p>Segurança</p><p>em Ação:</p><p>Presença diante</p><p>do imprevisto</p><p>Segurança</p><p>Industrial</p><p>Figura 2 – Os componentes da segurança</p><p>Fonte: Adaptada de DANIELLOU et al.,2010</p><p>O Mundo do Trabalho</p><p>Um dos principais objetivos no mundo de hoje é a produção máxima com custo mí-</p><p>nimo. Isso vale tanto para os países subdesenvolvidos que buscam de alguma maneira</p><p>12</p><p>13</p><p>alternativas que possam melhorar seus custos para, eventualmente, alcançar o cresci-</p><p>mento quanto para os países desenvolvidos que buscam o controle econômico, deixando</p><p>de lado, muitas vezes, o bem-estar do ser humano, sendo necessário que exista algo que</p><p>possa tratar da sua segurança.</p><p>Veja a charge. Disponível em: https://bit.ly/3nfJQow</p><p>A partir do exposto, cabe considerar que os conceitos de segurança e ergonomia</p><p>podem e devem atuar em conjunto, como vetor de eficiência nas Organizações, tanto as</p><p>manufatureiras quanto as Empresas Prestadoras de Serviços.</p><p>Nesse momento, cabe um esclarecimento: considera-se manufatura de um produto</p><p>quando, durante o processo produtivo, há mudança na característica física do produto.</p><p>Caso contrário, todos os demais “trabalhos” são prestação de serviço: bancos, hospitais,</p><p>escolas, portos e aeroportos etc.</p><p>É possível afirmar que não há relevância específica do estudo da ergonomia e da</p><p>segurança do trabalho em um segmento de mercado específico, ou em um trabalho</p><p>específico. Todos os tipos de trabalhos em todos os segmentos de mercado justificam o</p><p>conhecimento, a aplicação e a gestão da ergonomia e da segurança do trabalho.</p><p>Nas empresas, como meio de se obter a motivação e o bom resultado (lucro) a partir</p><p>da sustentabilidade do trabalho, e fora do “trabalho”, na vida cotidiana, como política de</p><p>bem-estar pessoal.</p><p>Conceito de Ergonomia</p><p>O conceito de Ergonomia está relacionado à concepção do trabalho, de todo tipo de</p><p>trabalho, e remonta à história do homem na Terra – a primeira definição de trabalho</p><p>conhecida está nas Sagradas Escrituras, em Gênesis 3: 17 p, 19:</p><p>Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua</p><p>causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do rosto</p><p>comerás teu pão, até que tornes a terra; pois dela foste tomado; pois és</p><p>pó, e ao pó tornarás.</p><p>É conclusivo, pois que o trabalho está relacionado à noção geral de sofrimento e pena</p><p>(SOCIEDADE BÍBLIA DO BRASIL, 1995).</p><p>Há muitas definições sobre Ergonomia. Vamos apresentar algumas delas.</p><p>Segundo Falzon (2009), a International Ergonomics Association (IEA), em 2000,</p><p>adotou uma definição que é referência internacional. Todavia, vamos apresentar a definição</p><p>que antecedeu a definição de 2000, para que o leitor possa compreender a evolução da</p><p>conceituação entre os próprios ergonomistas.</p><p>Assim, ilustramos a premissa de que além de ser uma disciplina “nova”, em especial</p><p>no Brasil, o conceito vem sendo continuamente revisto, causando constante ampliação</p><p>do escopo da citada Disciplina.</p><p>13</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>A primeira definição de Ergonomia proposta pelo IEA é:</p><p>A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus</p><p>meios, métodos e ambientes de trabalho. Seu objetivo é elaborar, com a</p><p>colaboração de diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo</p><p>de conhecimentos que, numa perspectiva de aplicação, deve ter como</p><p>finalidade uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos de</p><p>produção e dos ambientes do trabalho e da vida.</p><p>A segunda definição de Ergonomia proposta pelo IEA em 2000 é:</p><p>A ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica que visa à com-</p><p>preensão fundamental das interações entre os seres humanos e outros</p><p>componentes de um sistema, e a profissão que aplica princípios teóricos,</p><p>dados e métodos com o objetivo de otimizar o bem estar das pessoas</p><p>Normas Técnicas (ABNT) elaborou</p><p>algumas normas que permitem auxiliar os profissionais, conforme apresentado a seguir:</p><p>Quadro 1 – Coletânea Eletrônica de Normas Técnicas | Ergonomia | Antropometria e Biomecânica</p><p>ABNT ISO/TS 20646:2017 Diretrizes ergonômicas para a otimização das cargas de tra-</p><p>balho sobre o sistema musculoesquelético .</p><p>ABNT NBR ISO 11226:2013 Avaliação de posturas estáticas de trabalho .</p><p>ABNT NBR ISO 11228-1:2017 Ergonomia – Antropometria e Biomecânica .</p><p>ABNT NBR ISO 11228-2:2017 Ergonomia – Movimentação manual – Parte 2: Empurrar e puxar .</p><p>ABNT NBR ISO 11228-3:2014 Ergonomia – Movimentação manual – Parte 3: Movimenta-</p><p>ção de cargas leves em alta frequência de repetição .</p><p>ABNT NBR ISO 15535:2015 Requisitos gerais para o estabelecimento de bases de dados</p><p>antropométricos.</p><p>11</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Um exemplo de proposta de melhoria do mobiliário e posto do trabalho é uma em</p><p>que se alterne a postura de pé com a posição sentada, que permite uma maior eficiência</p><p>e um maior conforto. Assim o designer pode seguir o exemplo uma banqueta alta com</p><p>um bom repouso para os pés, o que é muito útil para alternar as posições de pé e sen-</p><p>tada quando se realizam as mesmas tarefas ou tarefas semelhantes sobre uma mesa de</p><p>trabalho. Certifique-se de que haja disponibilidade de espaço suficiente para as pernas</p><p>em ambas as posições da figura a seguir:</p><p>Figura 3 – Mobiliário e posto do trabalho que permitam alternância de posição corporal</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>Condições Ambientais de Trabalho Iluminação</p><p>As condições ambientais de trabalho são variadas e devem estar adequadas às carac-</p><p>terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.</p><p>Como exemplo, vamos destacar a iluminação geral ou suplementar que deve ser projeta-</p><p>da e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes</p><p>excessivos. Os métodos de medição e os níveis mínimos de iluminamento a serem ob-</p><p>servados nos locais de trabalho são os estabelecidos na Norma de Higiene Ocupacional</p><p>nº 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes</p><p>de Trabalho Internos.</p><p>Figura 4 – As luminárias altas proporcionam uma melhor distribuição da luz</p><p>Fonte: Fundacentro, 2018</p><p>12</p><p>13</p><p>Nota-se que as luminárias altas proporcionam uma melhor distribuição da luz. Uma</p><p>ação simples que os profissionais que atuam no campo da ergonomia podem proporcionar</p><p>para os trabalhadores uma iluminação suficiente, de forma que possam operar em todo</p><p>momento de modo eficiente e confortável.</p><p>Os benefícios de uma boa iluminação são:</p><p>• Aumento do seu rendimento do trabalhador, porque o posto de trabalho passa</p><p>a ser um lugar agradável para a execução das tarefas;</p><p>• Diminui erros nas tarefas e proporciona redução de riscos de acidentes;</p><p>• A iluminação de boa qualidade ajuda os trabalhadores a visualizarem os ele-</p><p>mentos de trabalho de forma rápida e com o nível de detalhamento exigido</p><p>pela tarefa, portanto, auxilia na melhora da qualidade.</p><p>Organização do Trabalho</p><p>A ergonomista aposentada da Fundacentro Leda Leal Ferreira aponta que devemos</p><p>olhar para a organização do trabalho, considerando nove elementos: 1) Deve haver</p><p>instrumentos de trabalho apropriados; 2) Deve haver uma ideia clara sobre o produto</p><p>que se quer 3) Deve haver local de trabalho apropriado para trabalhar, isto é, com boa</p><p>iluminação, espaço para se movimentar, ventilação etc. 4) Deve haver matéria-prima;</p><p>5) Ter tempo suficiente; 6) Ter trabalhadores em número suficiente; 7) Ter qualificação</p><p>necessária; 8) Ter tranquilidade para se dedicar ao trabalho; 9) Ter uma remuneração</p><p>condizente com as suas necessidades (FERREIRA, 2016).</p><p>Se o trabalhador tiver todas as nove condições já mencionadas, poderá fazer um tra-</p><p>balho útil, bonito e bem feito e ser reconhecido como um bom trabalhador. Mesmo que</p><p>tenha que trabalhar duro e ficar cansado no fim da jornada, se sentirá bem.</p><p>Mas, se algumas dessas condições faltarem, o que pode acontecer?</p><p>A primeira conclusão que a autora tira é que, quando analisamos o trabalho, conse-</p><p>guimos compreender: a) o que está neste trabalho é bom e faz bem aos trabalha-</p><p>dores e o que neste trabalho é ruim e pode fazer com que os trabalhadores sofram e</p><p>até fiquem doentes, com doenças físicas e mentais (FERREIRA, 2016).</p><p>O item da NR 17 descreve a organização do trabalho, onde os profissionais devem</p><p>sempre levar em consideração, no mínimo:</p><p>• As normas de produção;</p><p>• O modo operatório;</p><p>• A exigência de tempo;</p><p>• A determinação do conteúdo de tempo;</p><p>• O ritmo de trabalho;</p><p>• O conteúdo das tarefas.</p><p>13</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>“O” de Organização do Trabalho. Disponível em: https://bityl.co/7jPX</p><p>Um exemplo que podemos utilizar neste tema é o retorno de experiência dos tra-</p><p>balhadores. Para podermos colocar em prática melhorias nos itens citados, podemos</p><p>utilizar um espaço de formação ou treinamento aos trabalhadores para que assumam</p><p>responsabilidades e fornecer-lhes os meios para que tragam melhorias nas suas tarefas.</p><p>A Fundacentro (2018, p. 271), sobre a organização do trabalho, destaca:</p><p>Os trabalhos interessantes e produtivos são aqueles nos quais os traba-</p><p>lhadores assumem responsabilidades no planejamento e na produção. Os</p><p>trabalhos com responsabilidades podem aumentar o grau de satisfação no</p><p>emprego. Os trabalhos sem responsabilidades reais não apenas são abor-</p><p>recidos, como ainda exigem supervisão contínua, convertendo-se em uma</p><p>carga adicional tanto para a empresa quanto para os trabalhadores. Todos</p><p>nós necessitamos sentir que nosso trabalho serve para algo, e que ele nos</p><p>permite desenvolver nossas capacidades e habilidades. Para alcançar esse</p><p>fim, é necessário formar os trabalhadores a fim de que assumam trabalhos</p><p>com responsabilidades.</p><p>• Organize grupos de discussão sobre como melhorar os trabalhos. Inclua nas</p><p>discussões as maneiras pelas quais os trabalhos com mais responsabilidades</p><p>podem beneficiar tanto a empresa quanto os trabalhadores;</p><p>• Forme grupos de discussão sobre organização do trabalho e das tarefas nas</p><p>sessões de treinamento sobre melhorias do trabalho e de desenvolvimento</p><p>profissional. Nessas sessões de treinamento, utilize exemplos de trabalhos bem</p><p>organizados que possam melhorar a satisfação no trabalho;</p><p>• Promova planos de trabalho em grupo, já que isso pode aumentar a consciência</p><p>de que os trabalhos que acarretam mais responsabilidades para o grupo são</p><p>mais interessantes e melhores para o desenvolvimento de habilidades;</p><p>• Proporcione boas oportunidades para a formação, seja no trabalho, seja me-</p><p>diante sessões especiais de treinamento ou de cursos, para a realização de tra-</p><p>balhos com mais responsabilidades e com múltiplas habilidades.</p><p>Antropometria</p><p>Segundo Lida (2005), a origem da antropometria está na Antiguidade, pois egípcios</p><p>e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhe-</p><p>cimento dos biótipos aparece nos tempos bíblicos, e os nomes de muitas unidades de</p><p>medida, utilizados hoje em dia, são derivados de segmentos do corpo.</p><p>A antropometria trata das medidas do corpo humano. Aparentemente, medir as pes-</p><p>soas seria uma tarefa fácil, bastando para isso ter uma régua, trena e balança.</p><p>14</p><p>15</p><p>Entretanto, isso não é tão simples assim quando se pretende obter medidas represen-</p><p>tativas e confiáveis de uma população, que é composta de indivíduos dos mais variados</p><p>tipos e dimensões.</p><p>Uma das muitas aplicações das medidas antropométricas na ergonomia é relacionada</p><p>ao dimensionamento do espaço de trabalho, desenvolvimento de mobiliário, definições</p><p>dos espaços internos dos automóveis, ferramentas e dispositivos, além de melhor definição do</p><p>“tamanho humano” relacionado a roupas e equipamentos, principalmente com os avanços</p><p>tecnológicos associados às coordenadas tridimensionais da Engenharia e da Biomecânica.</p><p>Com isso, amplia-se a possibilidade do uso da tecnologia supracitada em procedimentos</p><p>diagnósticos e construção de próteses</p><p>ortopédicas, por exemplo.</p><p>Quando os profissionais que estiverem na linha de frente do projeto, deve observar</p><p>que o trabalho deverá ser projetado de forma que resulte no menor desgaste de energia</p><p>e menor tensão fisiológica possível, portanto propiciando as melhores condições de tra-</p><p>balho para os trabalhadores (BARNES, 1977).</p><p>A antropometria Divide-se em:</p><p>• Antropometria estática: Refere-se a medidas gerais de segmentos corporais com</p><p>o indivíduo em posição estática (parado);</p><p>• Antropometria dinâmica: Refere-se a pequenos movimentos realizados por seg-</p><p>mentos corporais nos três planos de secções anatômicas;</p><p>• Antropometria funcional: Refere-se à análise dos movimentos específicos de uma</p><p>atividade considerando os três planos de secção e delimitações anatômicas em um</p><p>posto de trabalho.</p><p>Biomecânica</p><p>Qual a importância da Biomecânica para os estudos ergonômicos?</p><p>Para refletirmos sobre isso, precisamos compreender do que trata essa ciência. Ou seja:</p><p>• Considerando que a análise do movimento humano é feito pela Biomecânica e</p><p>Cinesiologia, respectivamente. A primeira refere-se às formas de avaliação dos mo-</p><p>vimentos (provas e funções), e a segunda busca analisar o movimento e o efeito da</p><p>força ao trabalhador (LIDA; GUIMARÃES, 2018);</p><p>• Considerando que o corpo humano é movido por um sistema musculoesquelético</p><p>e possui limitações, as quais devem ser respeitadas no desenvolvimento de um pro-</p><p>jeto ou uma atividade de trabalho (LIDA; GUIMARÃES, 2018);</p><p>• Considerando que a biomecânica é uma disciplina que estuda a estrutura e a função</p><p>dos sistemas biológicos, contribuindo para a devida compreensão do funcionamento</p><p>do sistema musculoesquelético que é composto por ossos, articulações, ligamentos,</p><p>músculos e tendões.</p><p>Para mostrar a importância dessa ciência, vamos refletir sobre o estudo realizado</p><p>por Vilela et al. (2015, p. 38). Eles realizaram uma análise ergonômica da atividade de</p><p>trabalho de um trabalhador no corte de cana manual e chegaram ao seguinte resultado:</p><p>15</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>O trabalhador destinou durante o período de 107 minutos de filmagem</p><p>1.373 golpes de podão e realizou 1.209 flexões de coluna. Com base na</p><p>medição linear de cana cortada durante o tempo da filmagem, a metragem</p><p>total do dia e a produção do trabalhador amostrada pela empresa nesse</p><p>dia, pode-se estimar que o trabalhador realizou nesse dia cerca de 3.080</p><p>flexões de coluna e pelo menos 3.498 golpes de podão durante aproxima-</p><p>damente 8 horas de jornada de trabalho. Essa atividade, realizada em alta</p><p>repetitividade, é composta por operações que exigem força, precisão no</p><p>golpe, flexão de coluna (44% do tempo da atividade), atividade exercida em</p><p>pé (43% do tempo), rotações de quadril (9% do tempo) e sentado (4% do</p><p>tempo), as três primeiras em situações extremamente prejudiciais a saúde.</p><p>O golpe no feixe de cana é “devolvido” na forma de impactos no sistema</p><p>musculoesquelético. Uma das evidências do risco de lesões é o tamanho</p><p>do ciclo medido em segundos. O ciclo de trabalho no corte da cana, so-</p><p>mando-se os tempos médios de cada ação que compõem a operação de</p><p>corte em diversas modalidades, obteve um ciclo médio no corte de três</p><p>ruas de 5,68 segundos; no corte de uma rua, 4,36 segundos.</p><p>Qual o papel do ergonomista ao avaliar biomecanicamente uma atividade de trabalho? Qual</p><p>a importância dessa avaliação?</p><p>Fisiologia</p><p>As análises ergonômicas do trabalho devem ser realizadas para avaliar a adaptação</p><p>das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e subsi-</p><p>diar a implementação das medidas e adequações necessárias previstas na NR-17.</p><p>Portanto, precisamos compreender o que significa a Fisiologia, que é uma área de es-</p><p>tudo sobre o funcionamento físico, orgânico, mecânico e bioquímico dos seres humanos.</p><p>A fisiologia do trabalho está relacionada aos gastos energéticos, preocupando-se em re-</p><p>duzir a carga física e os fatores de sobrecargas fisiológicos, como temperatura ambiental</p><p>e ruídos (LIDA; GUIMARÃES, 2018).</p><p>Como usar o conhecimento da fisiologia nas avaliações ergonômicas?</p><p>Um exemplo pode ser uma avaliação realizada junto aos trabalhadores cortadores de</p><p>cana no estudo conduzido por (VILELA et al., 2015), no qual, ao avaliar um trabalhador,</p><p>evidenciou o corte de 22,4 toneladas no dia do monitoramento. Tal situação trouxe uma re-</p><p>percussão fisiológica que pode ser vista no registro dos batimentos cardíaco do trabalhador:</p><p>16</p><p>17</p><p>Figura 5 – Monitoramento de parâmetros fi siológicos (frequência cardíaca) e do Índice de Bulbo Úmido</p><p>Termômetro de Globo (IBUTG) durante uma jornada de trabalho no corte manual de cana-de-açúcar</p><p>Fonte: VILELA et al., 2015</p><p>Alguns aspectos do funcionamento dos estudos da Fisiologia:</p><p>• Respiração;</p><p>• Circulação;</p><p>• Reprodução;</p><p>• Digestão;</p><p>• Cardiovação (sistema circulatório).</p><p>Figura 6 – Sistemas do Corpo Humano</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Métodos de Aplicação da Ergonomia</p><p>Considerando que a NR 17 determina que a elaboração da AET é originalmente</p><p>composta de procedimentos de coleta de dados como entrevistas, análise de dados da</p><p>empresa e da população trabalhadora, análise dos procedimentos de trabalho, análises</p><p>dos levantamentos de riscos/perigos e observações do trabalho real. Nota-se que, antes</p><p>de iniciar uma AET na empresa, é preciso criar o método de análise que pode ser de-</p><p>17</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>senvolvido por uma equipe multidisciplinar. A fim de promover uma análise ergonômica</p><p>adequada e técnica do posto de trabalho, são utilizadas as ferramentas auxiliares aplica-</p><p>das à ergonomia.</p><p>Importante!</p><p>A Análise do Trabalho em Ergonomia, existem termos “modelo”, “método” e “ferramenta”</p><p>que são, muitas vezes, utilizados de maneira indiscriminada e acabam se confundindo nos</p><p>estudos práticos, por isso, abaixo, apresentamos uma descrição para ajudar na reflexão.</p><p>Quadro 2 – Termos utilizados na Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Modelo</p><p>Um modelo é uma redução, uma simplificação da realidade que</p><p>contêm somente algumas características do seu objeto (caso</p><p>contrário, seria o objeto em si). Ele funciona como “ponte” entre</p><p>a teoria e a realidade, servindo algumas vezes para verificação</p><p>empírica de uma teoria, e outras vezes para dar origem a novos</p><p>modelos e novas teorias. Um modelo é, assim, uma representação</p><p>(desenho, diagrama, esboço, ilustração, maquete etc.), fruto de</p><p>uma elaboração mais ou menos complexa de modelização a partir</p><p>de uma teoria.</p><p>Método</p><p>Um método propõe as bases – o passo a passo – para se realizar</p><p>um conjunto de tarefas visando a chegar a um objetivo. Trata-se</p><p>de uma maneira sistemática e organizada de realizar algo. Em ci-</p><p>ência, ele visa a guiar o processo de produção de conhecimento</p><p>científico através de experiências, observações, cálculos etc.</p><p>Ferramentas As ferramentas, por sua vez, são instrumentos ou recursos empre-</p><p>gados na aplicação do método.</p><p>Fonte: Adaptado de NASCIMENTO; ROCHA, 2021</p><p>Os profissionais que atuam com o campo da Ergonomia precisam ficar atentos às</p><p>ferramentas utilizadas, uma vez que a sua maioria é quantitativa e traduz em números</p><p>os dados coletados, que são analisados e classificados. O uso indiscriminado dessas</p><p>ferramentas, muitas vezes, “fechando diagnósticos” errôneos, mostra o cuidado que o</p><p>profissional deve ter em evitar o que não corresponde à realidade. Mas as ferramentas,</p><p>quando utilizadas em momentos corretos – ou seja, na fase de tratamento de dados da</p><p>AET, conforme determina a NR 17 –, após terem passado por todas as fases relacionadas</p><p>à construção de hipóteses, análises de documentos, observações em campo e entrevistas,</p><p>podem servir de auxílio na construção de um diagnóstico do trabalho (NASCIMENTO;</p><p>ROCHA, 2021).</p><p>A equipe que vai analisar pode escolher um modelo ou mais, e uma ou várias ferramen-</p><p>tas de análise. Veja, como exemplos, as tradicionais (OCRA, Owas, Equação NIOSH, Rula,</p><p>Reba, Questionário Nórdico, EWA, lista de verificação etc.) que serão descritas abaixo.</p><p>Antes de dar continuidade no estudo,</p><p>assista ao vídeo Ferramentas Ergonômicas? Para quê?</p><p>Disponível em: https://bityl.co/7jPB</p><p>18</p><p>19</p><p>O uso das ferramentas ergonômicas é variada e, por isso, é preciso refletir sobre suas</p><p>características, tais como:</p><p>• Qualidade da aplicação;</p><p>• Rapidez em obtenção de resultados;</p><p>• Resultado objetivo;</p><p>• Reconhecimento internacional;</p><p>• Uso para identificação de funções de maior risco;</p><p>• Estudo comparativo após melhorias;</p><p>• Efeito judicial;</p><p>• Comercial.</p><p>Segundo Pavani e Quelhas (2006), a legislação brasileira, embora afirme que visa es-</p><p>tabelecer parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psi-</p><p>cofisiológicas dos trabalhadores e que para avaliar essa adaptação cabe às organizações</p><p>realizar análise ergonômica do trabalho, não deixa claro ou não sugere metodologias</p><p>para essas avaliações de riscos ergonômicos.</p><p>O manual de aplicação da NR 17 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2002) também</p><p>não define ou orienta quanto aos métodos a serem utilizados para avaliação dos riscos er-</p><p>gonômicos das atividades ocupacionais, citando apenas a equação do National Institute</p><p>for Occupational Safety and Health – NIOSH, órgão do governo americano que desen-</p><p>volveu uma equação que permite calcular qual seria o limite recomendável para levan-</p><p>tamento e transporte manual de peso, levando-se em conta alguns fatores específicos.</p><p>Existem muitas ferramentas de análise de riscos ergonômicos encontrados na lite-</p><p>ratura disponível, delineados para determinar e quantificar a exposição a fatores de</p><p>risco devido à sobrecarga biomecânica dos membros superiores. Entre eles, destacam-se</p><p>aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características ocupacionais</p><p>que podem levar o avaliador em direção à possível presença de um risco, aqueles que,</p><p>por outro lado, na base de checklist, permitem um rápido enquadramento do problema</p><p>e aqueles mais complexos que podem caracterizar a multifatoriedade da exposição. Não</p><p>existem métodos de avaliação de risco que podem atender completamente todos os</p><p>critérios, apesar disso, alguns deles se apresentam mais completos em sua formulação.</p><p>Nesse cenário, abordaremos algumas das ferramentas aplicadas à ergonomia:</p><p>Quadro 3 – Ferramentas Ergonômicas</p><p>RULA Avalia os fatores de risco, considerando a postura, repetitividade,</p><p>aplicação de força e ações musculares;</p><p>Equação NIOSH</p><p>Determina o limite do peso recomendado considerando a cons-</p><p>tante carga, distância horizontal, distância vertical, deslocamento</p><p>vertical, assimetria, frequência e qualidade da pega;</p><p>Owas</p><p>Avalia a postura de trabalho, no que concerne à posição das cos-</p><p>tas, braços e pernas, o manuseio de carga e uso da força e a frequ-</p><p>ência, considerando diagramas posturais e tabelas;</p><p>19</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>OCRA</p><p>Avalia fatores de risco trabalhos com uma única tarefa repetitiva</p><p>ou multitarefas, em que se centraliza a análise nos membros su-</p><p>periores, como ombro e braço (flexão, extensão e abdução), coto-</p><p>velo (flexão, extensão e supinação com a palma da mão para cima</p><p>e pronação com a palma da mão para baixo), pulso (flexão, exten-</p><p>são, desvio lateral), mãos e dedos (movimento de pega). Avalia</p><p>a repetitividade, ausência de pausas, temperaturas e vibrações.</p><p>REBA</p><p>Avalia a postura e a capacidade de manipulação de cargas, consi-</p><p>derando as posições do tronco, pescoço, pernas, braços, antebraços</p><p>e punhos;</p><p>EWA</p><p>Caracteriza o local de trabalho, considerando o espaço de traba-</p><p>lho, a atividade física desempenhada, manuseio de carga, postu-</p><p>ras, movimentos, risco de acidentes, conteúdo do trabalho entre</p><p>outros, com peso de validação dos trabalhadores.</p><p>Revisão de Ferramentas para Avaliação Ergonômica. Disponível em: https://bityl.co/7jOx</p><p>Exemplos de Ferramentas Ergonômicas</p><p>RULA – Rapid Upper Limb Assessment</p><p>A ferramenta foi desenvolvida para ser usada em investigações ergonômicas de</p><p>postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvolvimento de LER/DORT em</p><p>membros superiores.</p><p>A ferramenta RULA avalia: Postura, Atividade Muscular e Força</p><p>Segundo Pavani e Quelhas (2006), a ferramenta RULA (Rapid Upper – limb assessment)</p><p>é um instrumento ágil e veloz que permite obter uma avaliação da sobrecarga biomecânica</p><p>dos membros superiores e do pescoço, em uma tarefa ocupacional. Essa ferramenta deve</p><p>ser utilizada em um contexto de avaliação ergonômica geral. Essa afirmação parece eviden-</p><p>te pelo fato de que o output principal da ferramenta é aquele de identificar a necessidade</p><p>de uma análise mais profunda do risco com outros métodos, portanto, é um instrumento de</p><p>investigação genérica como o de outros checklist.</p><p>O determinante de risco ergonômico nessa ferramenta é representado pelas postu-</p><p>ras assumidas pelos trabalhadores, na jornada de trabalho. As posturas avaliadas são</p><p>as adotadas pelos membros superiores, o pescoço, o tronco e os membros inferiores.</p><p>A avaliação de risco é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos de trabalho,</p><p>pontuando as posturas, frequência e força dentro de uma escala que varia de 1 (um),</p><p>correspondente ao intervalo de movimento ou postura de trabalho onde o fator de risco</p><p>correlato é mínimo, até ao valor 9 (nove) onde o fator de risco correlato é máximo. Essa</p><p>pontuação é fundamentada na literatura especializada em Biomecânica ocupacional.</p><p>20</p><p>21</p><p>Tabela 1 – Nível de Intervenção para os Resultados do Método RULA</p><p>Nível de Ação Pontuação Intervenção</p><p>1 1 - 2 A postura è aceitável se não for mantida ou repe-</p><p>tida por longos períodos;</p><p>2 3 - 4 São necessárias investigações posteriores; Algum</p><p>intervenções podem se tornar necessárias;</p><p>3 5 - 6 É necessário investigar e mudar em breve;</p><p>4 ≥ É necessário investigar e mudar imediatamente.</p><p>REBA – Rapid Entire Boby Assessment</p><p>É usado para avaliar a exposição dos trabalhadores a fatores de risco.</p><p>Segundo Pavani e Quelhas (2006), a ferramenta REBA (Rapid Entire Boby Assessment)</p><p>foi desenvolvida para estimar o risco de desordens corporais ao que os trabalhadores estão</p><p>expostos. As técnicas que se utilizam para realizar uma análise postural têm duas caracterís-</p><p>ticas que são a sensibilidade e a generalidade. Uma alta generalidade quer dizer que é apli-</p><p>cável em muitos casos, mas provavelmente tenha uma baixa sensibilidade, que quer dizer</p><p>que os resultados que se obtenham podem ser pobres em detalhes. Porém, as técnicas com</p><p>alta sensibilidade, em que é necessária uma informação muito precisa sobre os parâmetros</p><p>específicos que se medem, parecem ter uma aplicação bastante limitada.</p><p>A ferramenta REBA é para avaliar a quantidade de posturas forçadas nas tarefas ma-</p><p>nipuladas pessoas ou qualquer tipo de carga animada, apresentando uma grande simi-</p><p>laridade com a ferramenta RULA, e assim como ela, é dirigida às análises dos membros</p><p>superiores e a trabalhos onde se realizam movimentos repetitivos. A ferramenta inclui</p><p>fatores de carga postural dinâmica e estática, na interação pessoa-carga, e um conceito</p><p>denominado de “a gravidade assistida” para a manutenção da postura dos membros supe-</p><p>riores; isso quer dizer que é obtida a ajuda da gravidade para manter a postura do braço</p><p>onde é mais custoso manter o braço levantado do que tê-lo pendurado para baixo. Ela foi</p><p>concebida inicialmente para ser aplicada em análises de posturas forçadas, adotadas pelo</p><p>pessoal da área médica e hospitalar, como auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas etc.</p><p>A avaliação de risco também é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos</p><p>de trabalho, pontuando as posturas do tronco, pescoço, pernas, carga, braços, antebraços</p><p>e punhos em tabelas específicas para cada grupo. Após a pontuação de cada grupo, é</p><p>obtida a pontuação final, que é comparada com uma tabela de níveis de risco e ação em</p><p>escala que varia de 0 (zero), correspondente ao intervalo de movimento ou postura de</p><p>trabalho aceitável e que não necessita de melhorias na atividade, até ao valor 4 (quatro),</p><p>onde o fator de risco é considerado muito alto sendo necessária atuação imediata.</p><p>Tabela 2 – Verifi cação dos níveis</p><p>de risco e ação do método REBA</p><p>Nível de Ação Pontuação Nível de Risco Intervenção e</p><p>Posterior Análise</p><p>0 1 Inapreciável Não necessário</p><p>1 2 - 3 Baixo Pode ser necessário</p><p>2 4 - 7 Médio Necessário</p><p>21</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Nível de Ação Pontuação Nível de Risco Intervenção e</p><p>Posterior Análise</p><p>3 8 - 10 Alto Prontamente necessário</p><p>4 11 - 15 Muito Alto Atuação imediata</p><p>NIOSH</p><p>Em 1981, nos Estados Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational</p><p>Safety and Health – NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento da ferramenta para de-</p><p>terminar a carga máxima a ser manuseada numa atividade de trabalho.</p><p>A ferramenta NIOSH foi revisada em 1991, sendo proposto o limite de peso reco-</p><p>mendado (LPR) e o Índice de levantamento (IL).</p><p>Ao determinar o LPR e o IL, estima-se o risco de lesão naquela situação, naquele</p><p>posto de trabalho.</p><p>Deve-se respeitar o peso que uma pessoa possa levantar em situação de trabalho, na</p><p>qual 90% dos homens e, no mínimo, 75% das mulheres o façam sem lesão.</p><p>Tarefas de levantamento e de abaixamento de pesos têm idêntico potencial para</p><p>causar lesões lombares.</p><p>Cálculo:</p><p>Limite de peso recomendado:</p><p>• LPR = 23 x FDH x FAV x FDVP x FFL x FRLT x FQPC ou;</p><p>• LPR = 23 x HM x VM x DM x FM x AM x CM.</p><p>Onde o valor 23, corresponde ao peso limite ideal, quer dizer, aquele que pode ser ma-</p><p>nuseado sem risco particular, quando a carga está idealmente colocada, compreendendo:</p><p>• FDH (Fator de Distância Horizontal em relação à carga) = 25 cm;</p><p>• FAV (Fator de Altura Vertical em relação ao solo) = 75 cm;</p><p>• FRLT (Fator de Rotação Lateral do Tronco) = 0;</p><p>• FFL (Fator Frequência de Levantamento) menor que uma vez a cada 5 minutos;</p><p>• Pega carga fácil e confortável (boa).</p><p>Questionário Nórdico</p><p>O questionário nórdico foi desenvolvido para autopreenchimento. Há um desenho</p><p>dividindo o corpo em 9 partes. Os trabalhadores devem responder “sim” ou “não” para</p><p>3 situações que envolvem essas 9 partes:</p><p>• Você teve algum problema nos últimos 7 dias?</p><p>• Você teve algum problema nos últimos 12 meses?</p><p>• Você quis deixar de trabalhar algum dia nos últimos 12 meses devido ao problema?</p><p>22</p><p>23</p><p>O questionário é distribuído juntamente com uma carta explicando os objetivos do</p><p>levantamento e solicitando a colaboração. Segue-se um bloco de caracterização do su-</p><p>jeito, pedindo para indicar o sexo, idade, lateralidade (destro, canhoto, ambidestro). Fi-</p><p>nalmente, indica-se onde devem ser entregues os questionários preenchidos e faz-se um</p><p>agradecimento pela colaboração.</p><p>Figura 7 – Formulário – Questionário Nórdico</p><p>Fonte: Reprodução</p><p>Segundo Lida (2005), o questionário é válido, sobretudo, quando se quer fazer um le-</p><p>vantamento abrangente, rápido e de baixo custo. Ele pode ser usado para que se faça um</p><p>levantamento inicial das situações que requerem análises mais profundas e medidas cor-</p><p>retivas. Os dados podem ser processados eletronicamente para identificar os principais</p><p>problemas posturais em uma empresa. Pode ser usado como diagnóstico preliminar que</p><p>será usado no primeiro pilar da primeira fase de implantação do Comitê de Ergonomia.</p><p>23</p><p>UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Sites</p><p>Ferramentas ergonômicas podem ser pesquisadas no site Ergolândia 7.0</p><p>https://bityl.co/7jNn</p><p>Vídeos</p><p>Antropometria</p><p>https://youtu.be/b7kdFt2Hpdc</p><p>Técnicas Antropométricas</p><p>https://youtu.be/QwXcKAuhooE</p><p>Biomecânica do Pé</p><p>https://youtu.be/0EHV2PfDv7I</p><p>Laboratório de Biomecânica</p><p>https://youtu.be/AUYYjawZsH0</p><p>Ciência das artes marciais – Biomecânica do judô</p><p>https://youtu.be/oLRpzvBkXmE</p><p>Fisiologia humana</p><p>https://youtu.be/w4-1-QaXc5c</p><p>Leitura</p><p>Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº 17</p><p>https://bit.ly/3ufjzw5</p><p>Manual de Auxílio na Interpretação e Aplicação da Norma Regulamentadora nº 36</p><p>https://bit.ly/46izK9j</p><p>24</p><p>25</p><p>Referências</p><p>BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho.</p><p>São Paulo. Editora Blucher, 1977.</p><p>BRASIL. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho. Normas Regulamentadoras de</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho. NR 17 – Ergonomia, 2018. Disponível em: . Acesso em:</p><p>13/04/2021.</p><p>FERREIRA, L. L. Análises do Trabalho: Escritos Escolhidos. Belo Horizonte:</p><p>Fabrefactum, 2016.</p><p>FUNDACENTRO. Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil apli-</p><p>cação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho. Organização In-</p><p>ternacional do Trabalho. Tradução, Fundacentro. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 2018.</p><p>LIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005.</p><p>LIDA, I.; GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo:</p><p>Blucher, 2018.</p><p>LAPERUTA, D. G. P.; OLIVEIRA, G. A.; PESSA, S. L. R.; LUZ, R. P. da. Revisão</p><p>de Ferramentas para Avaliação Ergonômica. Revista Produção Online. Florianópolis,</p><p>SC, v. 18, n. 2, p. 665-690, 2018.</p><p>NASCIMENTO, A.; ROCHA, R. Análise do Trabalho em Ergonomia: modelos, mé-</p><p>todos e ferramentas. Livro Engenharia do Trabalho. Saúde, Segurança, Ergonomia e</p><p>Projeto. Campinas: Libris, 2021. Prelo. Disponível em: .</p><p>PAVANI, R. A.; QUELHAS, O. L. G. Avaliação dos riscos ergonômicos como ferramen-</p><p>ta gerencial em saúde ocupacional. XIII SIMPEP, Bauru, São Paulo. Novembro de 2006.</p><p>VILELA, R. A. de G. et al. Pressão por produção e produção de riscos: a “maratona”</p><p>perigosa do corte manual da cana-de-açúcar. Rev. bras. saúde ocup. [on-line]. 2015,</p><p>vol. 40, n. 131 [cited 2021-04-13], pp. 30-48.</p><p>25</p><p>Ergonomia e Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro</p><p>Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>Contribuições da Simulação em</p><p>Ergonomia</p><p>• Proporcionar olhares diferentes em uma dinâmica participativa envolvendo diferentes atores</p><p>(multiprofissionais) de uma organização no conhecimento da atividade de trabalho;</p><p>• Apresentar ferramentas que permitam a simulação de atividades de trabalho.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Ergonomia e Atividade Futura;</p><p>• Simulação do Trabalho;</p><p>• Simulação Humana.</p><p>UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>Ergonomia e Atividade Futura</p><p>François Daniellou (2007) apresenta para os ergonomistas a abordagem da “atividade</p><p>futura provável” que visa criar cenários e possibilidades durante a concepção das ativi-</p><p>dades de trabalho. Essa metodologia permite considerar a variabilidade das situações de</p><p>trabalho para uma população futura nem sempre conhecida. Dessa forma, as “situações</p><p>de referência” tornam-se um poderoso instrumento para a investigação da atividade</p><p>futura. Pode-se extrapolar a simulação humana como um ferramental útil para ampliar</p><p>o espaço de interação entre diferentes atores no processo de projeto, buscando uma</p><p>construção social (BITTENCOURT; DUARTE, 2021).</p><p>Nesse caminho da construção social, a participação de multiatores tem diferentes</p><p>pontos de vista do trabalho, e esse é o fator principal na confrontação das diferentes</p><p>lógicas. Os vários atores (operadores, ergonomistas, projetistas, gerentes e diretores)</p><p>usam os seus conhecimentos e questionamentos que possam apresentar similaridade</p><p>com a situação em concepção e serem utilizadas no processo de projeto (situações de</p><p>referência) (BITTENCOURT; DUARTE, 2021).</p><p>Para a construção do projeto de uma atividade futura, é preciso um aprofundamento</p><p>em outra vertente, a construção técnica, que permite à equipe multidisciplinar buscar e</p><p>criar ferramentas e soluções operacionais para realizar as simulações das situações de re-</p><p>ferência identificadas e analisadas. Os resultados da simulação são prognósticos relativos</p><p>ao trabalho futuro (BITTENCOURT; DUARTE, 2021).</p><p>Para Bittencourt e Duarte (2021), a integração da dimensão do trabalho aos projetos</p><p>de engenharia foi impulsionada com o advento dos departamentos de Engenharia de Pro-</p><p>dução</p><p>nas universidades e com as pesquisas que projetaram atividades de trabalho que</p><p>proporcionaram melhorias das condições de trabalho e eficiência do processo de produção.</p><p>O envolvimento dos trabalhadores no processo de projeto de seus futuros locais de trabalho</p><p>tem gerado benefícios, tais como soluções mais focadas nas necessidades dos usuários, me-</p><p>lhoria das soluções e aumento da aceitabilidade do projeto (BITTENCOURT; DUARTE, 2021).</p><p>Simulação do Trabalho</p><p>A simulação do trabalho deve ser uma das estratégias que permite trazer contribuições</p><p>para a integração do projeto aos sistemas de trabalhos. Por isso o ergonomista ou o comitê</p><p>de ergonomia, quando tiver uma demanda, pode criar um projeto e envolver os trabalha-</p><p>dores, gerentes e projetistas para discutir as futuras condições de trabalho e soluções.</p><p>Nesse caso, o uso de simulação do trabalho é uma oportunidade para esses atores</p><p>exteriorizarem e reconstruírem suas representações acerca do trabalho. Isso permite a</p><p>troca de representações de diferentes atores no momento do desenvolvimento do pro-</p><p>jeto que contribui para integração do conjunto das soluções futuras (BITTENCOURT;</p><p>DUARTE, 2021).</p><p>8</p><p>9</p><p>As abordagens que as equipes vêm usando no meio ambiente de trabalho são variadas</p><p>e essas representações (Tabela 1) dos sistemas de trabalho (ex. maquetes físicas e virtuais)</p><p>são usadas como suporte para trabalhadores apresentarem sugestões de soluções com</p><p>base em sua experiência (LUVIZOTO; FONTES; TORRES, 2021).</p><p>Tabela 1 – Apresenta as técnicas para a</p><p>representação suas vantagens e desvantagens</p><p>Técnicas para a</p><p>representação Vantagens Desvantagens</p><p>Croqui ou desenho feito à</p><p>mão livre</p><p>Transforma ideias/conceitos</p><p>em formas; baixo custo; ra-</p><p>pidez; pode ser usada indivi-</p><p>dualmente ou coletivamente;</p><p>requer recursos e materiais</p><p>simples e de fácil manipula-</p><p>ção; é adequada para elaborar</p><p>esquemas, para definir as pri-</p><p>meiras formas, estudar fluxos</p><p>ou eixos de percurso, setoriza-</p><p>ções de uso, entre outras.</p><p>Pouca precisão; pouca utilidade</p><p>fora das fases iniciais de projeto,</p><p>pode ser difícil de entender em</p><p>função de uso de símbolos ou</p><p>por ser extremamente simplifi-</p><p>cada, entre outras.</p><p>Maquete física</p><p>Possui baixo custo em relação</p><p>a modelos em tamanho real</p><p>ou outras técnicas, é um ob-</p><p>jeto tátil que pode ser mani-</p><p>pulado, pode permitir um alto</p><p>grau de compreensão, facilita</p><p>trocas em discussões coletivas</p><p>de projeto.</p><p>Exige algumas noções para ser</p><p>construída, é necessário pro-</p><p>porcionalidade entre a minia-</p><p>tura e a situação representada,</p><p>modificar pode ser difícil.</p><p>Desenhos em CAD 2D e 3D</p><p>Permitem projetar, apresen-</p><p>tar e documentar projetos de</p><p>forma individual ou em grupo.</p><p>São adequados para represen-</p><p>tar desenhos precisos em di-</p><p>mensão e forma, representa-</p><p>ções em planta, corte, vistas e</p><p>perspectiva (2D/3D); poderem</p><p>gerar desenhos técnicos corre-</p><p>tos. Permitem dimensionar al-</p><p>turas e superfícies de trabalho,</p><p>alcances, layout de fábrica,</p><p>fluxos e percursos, replicabili-</p><p>dade, entre outros.</p><p>Exigem treinamento, normal-</p><p>mente são utilizados apenas</p><p>em fases intermediárias ou</p><p>finais de projeto, são repre-</p><p>sentações abstratas que não</p><p>podem ser fisicamente ma-</p><p>nipuláveis, exigem alguma</p><p>familiaridade.</p><p>Para sua compreensão, alguns</p><p>podem requerer conhecimentos</p><p>especializados como o das NR.</p><p>Protótipo físico</p><p>Permite testar antes da fabri-</p><p>cação em escala industrial, an-</p><p>tecipar o uso, facilitar as trocas</p><p>entre projeto e uso, represen-</p><p>tar objetos em escala natural.</p><p>Produz objeto único, exige al-</p><p>guma capacidade de realizar</p><p>testes, exige conhecimentos</p><p>especializados para sua cons-</p><p>trução, é utilizado comumente</p><p>em fases intermediárias ou</p><p>finais de projeto.</p><p>Prototipagem Rápida</p><p>Permite que o objeto acabado</p><p>em escala natural, possibi-</p><p>lidade de rápida construção</p><p>para o uso, redução do tempo</p><p>total de desenvolvimento até</p><p>o mercado ou uso.</p><p>Exige conhecimentos para sua</p><p>construção, exige disponibili-</p><p>dade e domínio de tecnologias</p><p>digitais, são mais comumente</p><p>utilizados em fases intermedi-</p><p>árias ou finais de projeto; nem</p><p>todos os materiais podem ser</p><p>ainda usados.</p><p>Fonte: LUVIZOTO; FONTES; TORRES, 2021</p><p>9</p><p>UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>O uso da simulação do trabalho é feito para gerar conhecimento sobre o trabalho.</p><p>O resultado desse teste é permitir recriar possíveis situações de trabalho e provocar</p><p>comportamentos. Baseado nessas situações simuladas de trabalho, o ergonomista</p><p>poderá gerar conhecimento sobre o trabalho e contribuir para melhorar soluções de</p><p>projeto. Nessa perspectiva, a simulação se apresenta como uma oportunidade de</p><p>construção coletiva desse trabalho futuro (tanto no que diz respeito às soluções téc-</p><p>nicas como à atividade de trabalho). Logo, ela não precisa ser usada apenas quando</p><p>o projeto se encontra em etapas avançadas. Mas também em fases iniciais do pro-</p><p>jeto visando a uma maior integração e aproximação da realidade dos trabalhadores</p><p>(BITTENCOURT; DUARTE, 2021).</p><p>Para maior conhecimento, apresentamos algumas técnicas que são utilizadas para a</p><p>simulação:</p><p>Quadro 1 – Apresenta as técnicas para a simulação para</p><p>soluções técnicas e a atividade de trabalho</p><p>Uso de modelos físicos</p><p>para a simulação</p><p>A simulação física compreende todas aquelas em que são utilizados</p><p>um meio físico e um cenário físico.</p><p>Simulação utilizando</p><p>croquis</p><p>O uso do croqui para a simulação remete à intenção de representar</p><p>o desejo dos/das projetistas (trabalhadores) em relação a determi-</p><p>nado objeto a ser transformado ou criado.</p><p>Simulação utilizando</p><p>maquetes</p><p>As maquetes de uma situação produtiva permitem um bom nível de</p><p>interação entre os e as projetistas e entre projetistas e trabalhadores.</p><p>Simulações utilizando</p><p>manequins</p><p>O uso dos manequins permite simular a situação como se houvesse</p><p>um homem ou mulher no local; assim, no projeto do trabalho, ma-</p><p>nequins podem ser utilizados igualmente para simular variáveis,</p><p>como o espaço para as pernas em um posto de trabalho.</p><p>Simulação utilizando</p><p>protótipos</p><p>Os protótipos são construídos para revelar, resolver ou validar es-</p><p>pecificações.</p><p>Simulação</p><p>computadorizada</p><p>A simulação computadorizada é aquela predominantemente reali-</p><p>zada em ambientes digitais e com modelos digitais.</p><p>Simulação utilizando</p><p>CAD 2D</p><p>As simulações no CAD 2D permitem elencar as variáveis que se</p><p>desejam analisar, o modelo desenvolvido em pode servir como</p><p>pano de fundo para se analisar o fluxo de pessoas, equipamentos</p><p>e materiais em uma indústria.</p><p>Simulação utilizando</p><p>CAD 3D</p><p>As simulações no CAD 3D aprimoram as dimensões, os detalhes,</p><p>os espaços, dentre outros aspectos, que podem ser mais bem vi-</p><p>sualizados e testados.</p><p>Simulação de eventos</p><p>discretos</p><p>A simulação computacional é capaz de reproduzir sistemas por</p><p>meio de um modelo para realizar experimentos, antecipando a</p><p>análise de cenários.</p><p>10</p><p>11</p><p>Simulação humana</p><p>Simulação humana computacional utiliza os benefícios da reali-</p><p>dade virtual e da computação gráfica para aplicações nas áreas</p><p>de projeto de instalações industriais e na concepção, avaliação e</p><p>implantação de sistemas de produção.</p><p>Fonte: LUVIZOTO; FONTES; TORRES, 2021.</p><p>Simulação Humana</p><p>As ferramentas computacionais de cronoanálise da atividade são softwares ou aplica-</p><p>tivos de dispositivos móveis utilizados para auxiliar a análise da cronologia da atividade,</p><p>que permite compreender a sequência, os deslocamentos, construindo-se o curso tem-</p><p>poral da operação, permitindo compreender significados de arranjos organizacionais</p><p>informais ou mesmo o desencadeamento de uma sobrecarga de trabalho (RODRIGUES;</p><p>TONIN, 2021).</p><p>Rodrigues e Tonin (2021) descrevem que as ferramentas mais conhecidas pelos ergono-</p><p>mistas no Brasil talvez sejam o Captiv (Teaergo) e o Kronos (Actogran Kronos). O software</p><p>Kronos “é um software de suporte à análise do trabalho, que torna visível a evolução de ati-</p><p>vidades laborais ao longo do tempo, em curtos ou longos períodos” (ROCHA, 2015, p. 1).</p><p>Os softwares citados, o analista insere variáveis de observação e/ou utiliza</p><p>sensores</p><p>para monitoramento de variáveis previamente definidas e executa a análise da situação,</p><p>podendo ser em tempo real ou posteriormente, com auxílio de vídeos (RODRIGUES;</p><p>TONIN, 2021).</p><p>Software Kronos</p><p>O software Kronos pode ser usado durante a observação direta no local de trabalho ou</p><p>posteriormente, quando as observações diretas são utilizadas por meio de acoplamento a</p><p>computadores de dimensões reduzidas, que normalmente cabem no bolso ou na mão do ob-</p><p>servador. Por sua vez, as observações que são realizadas posteriormente ocorrem por meio</p><p>de análises de filmes da atividade, que podem ser integradas ao Kronos (ROCHA, 2015).</p><p>O resultado esperado do software é que permite visualizar o trabalho através de grá-</p><p>ficos e a obtenção de estatísticas das variáveis. Os gráficos permitem uma representação</p><p>do desenvolvimento temporal de determinada observável. É possível verificar visualmente,</p><p>por exemplo, quais atividades foram mais realizadas, em que local um determinado fun-</p><p>cionário esteve, ou qual movimento foi mais solicitado (ROCHA, 2015).</p><p>O Kronos é, portanto, uma ferramenta extremamente útil na coleta de dados sobre o trabalho</p><p>conforme pode ser analisado no artigo “A cadeirologia e o mito da postura correta”, da profes-</p><p>sora de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Ada Ávila Assunção, que é Mestre e</p><p>Doutora em Ergonomia. Disponível em: https://bityl.co/7uHy</p><p>11</p><p>UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>Software Captiv</p><p>Em estudo no setor canavieiro, o pesquisador Erivelton Laat utilizou a ferramenta</p><p>Captiv (Teaergo), mas, para o início da avaliação, foi preciso observação da filmagem iso-</p><p>lada, na qual foram definidas na pré-codificação as variáveis que seriam usadas (Figura 1).</p><p>Essas variáveis foram apontadas como as mais importantes na compreensão do trabalho</p><p>dos cortadores (LAAT, 2010).</p><p>Tabela 2 – Variáveis descritas para uso no software CAPITV</p><p>Variáveis de observação</p><p>de comportamento Subvariáveis Descrição</p><p>Atividade</p><p>• Abraçar;</p><p>• Caminhar;</p><p>• Carregar;</p><p>• Cortar;</p><p>• Jogar;</p><p>• Preparar;</p><p>• Reposicionar.</p><p>• Início do ciclo com abraço ao feixe;</p><p>• Deslocamento sem cana;</p><p>• Condução da cana até o monte;</p><p>• Golpe na cana com o podão;</p><p>• Arremesso da cana no monte;</p><p>• Limpeza dos feixes com as mãos e</p><p>podão para retirada de fuligem e</p><p>palha seca;</p><p>• Aguardar para recomeçar o ciclo;</p><p>Deslocamento</p><p>• Andar;</p><p>• Balançar;</p><p>• Sem deslocamento.</p><p>• Deslocamento superior a 3 passos;</p><p>• Deslocando até dois passos;</p><p>• Parado realizando o corte ou tracio-</p><p>nando os feixes;</p><p>Postura</p><p>• Em pé;</p><p>• Flexão da coluna;</p><p>• Rotação ereto;</p><p>• Rotação lombar;</p><p>• Sentado.</p><p>• Tronco ereto;</p><p>• Tronco com flexão aproximada de 45</p><p>graus;</p><p>• Giro da coluna no seu próprio eixo;</p><p>• Giro da coluna no seu próprio eixo</p><p>em flexão;</p><p>• Abaixado ou assentado;</p><p>Tipo de corte</p><p>• Corte no chão;</p><p>• Despontar;</p><p>• Preparar.</p><p>• Corte da cana rente ao solo;</p><p>• Corte das ponteiras nos montes;</p><p>• Limpeza do local para o golpe.</p><p>Fonte: LAAT. 2010.</p><p>Figura 1 – Apresenta a sequência, ilustra o uso do software CAPTIV</p><p>na análise do corte manual de cana</p><p>Fonte: Adaptada de LAAT, 2010</p><p>12</p><p>13</p><p>A atividade do ergonomista, após a filmagem, é descrever as variáveis e realizar o início</p><p>do registro quantitativo da análise. Observe, na figura acima, à direita, os botões que são</p><p>resultados das observações pré-selecionadas na filmagem. Em vermelho, o tipo de atividade,</p><p>em azul, as ações de deslocamento, em roxo, o tipo de postura e, em verde, o tipo de corte.</p><p>Do lado esquerdo, a imagem da filmagem transferida para o software (LAAT, 2010).</p><p>Conforme apresentado na Figura 1, na parte inferior da tela, aparece a linha do tempo,</p><p>logo abaixo do vídeo, então, no caso de análises com vídeo (mais comuns), o analista faz a</p><p>codificação da seguinte forma: conforme o vídeo vai “executando”, o analista vai clicando</p><p>no “botão” da categoria de análise correspondente, em geral, deve-se “rodar” o vídeo e</p><p>analisar uma categoria de cada vez (RODRIGUES & TONIN, 2021).</p><p>Importante!</p><p>Através de registros automáticos do tempo é possível obter gráficos e dados estatísticos</p><p>sobre a duração e as transições de variáveis previamente definidas por um observador.</p><p>Por fim, o software fornecerá informações em formatos de gráficos e poderá auxiliar na</p><p>análise estatística da situação (RODRIGUES; TONIN, 2021).</p><p>Lembrando que os ciclos menores que 30 segundos representam riscos de lesões</p><p>osteoarticulares. Para esse caso, o software permitiu a análise do ciclo com o proces-</p><p>samento estatístico de 107 minutos da atividade de corte manual de cana-de-açúcar,</p><p>conforme apresentado na Tabela 3.</p><p>Tabela 3 – Mostra o tamanho do ciclo de trabalho no corte da cana, somando-se</p><p>os tempos médios de cada operação que compõe a atividade</p><p>Classe Atividade T Médio – segundos</p><p>Corte 3 Ruas</p><p>Abraçar 00:00:01.330</p><p>Carregar 00:00:00.753</p><p>Cortar 00:00:01.623</p><p>Jogar 00:00:00.560</p><p>Reposicionar 00:00:01.075</p><p>Segurar 00:00:00.336</p><p>Tamanho Ciclo 5,677</p><p>Corte 1 Rua</p><p>Abraçar 1 00:00:01.049</p><p>Carregar 1 00:00:00.470</p><p>Corte 00:00:01.114</p><p>Jogar 1 00:00:01.239</p><p>Segurar 1 00:00:00.486</p><p>Tamanho Ciclo 4,36</p><p>13</p><p>UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>Classe Atividade T Médio – segundos</p><p>Despontar</p><p>Arrumar mão 00:00:00.689</p><p>Arrumar pé 00:00:00.463</p><p>Cortar 2 00:00:01.375</p><p>Corte auxílio mão 00:00:00.992</p><p>Corte auxílio pé 00:00:00.790</p><p>Jogar mão 00:00:00.752</p><p>Jogar pé 00:00:01.660</p><p>Tamanho Ciclo 6,728</p><p>Fonte: Adaptada de LAAT, 2010</p><p>No caso de algumas ferramentas, como o Captiv, Rodrigues e Tonin (2021) informam:</p><p>[...] existe a possibilidade de se utilizar sensores na análise, monitorando-</p><p>-se, por exemplo, a frequência cardíaca ao longo da atividade. Com isso,</p><p>podem-se identificar situações que poderiam estar associadas aos au-</p><p>mentos excessivos da frequência cardíaca, o que pode ser útil em várias</p><p>situações. Nesta ferramenta existe compatibilidade com diversos tipos</p><p>de sensores, como goniômetros (para avaliação de angulações nas ar-</p><p>ticulações), sensores de pressão, sensores de poeira etc. A utilização de</p><p>sensores permite a aquisição e sincronização dos dados dos sensores de</p><p>forma automática, sem necessidade da fase de codificação apresentada</p><p>acima (para as categorias de análise monitoradas pelo sensor). A utili-</p><p>zação combinada da codificação e dos sensores pode auxiliar muito para</p><p>que sejam evidenciados os constrangimentos e sobrecargas nas atividades</p><p>(RODRIGUES; TONIN, 2021, p. 421).</p><p>Exemplos de sensores que podem ser usados no CAPITV</p><p>Importante!</p><p>O software Captiv permite captar medidas por outros instrumentos periféricos, tais como</p><p>frequência cardíaca, temperatura corporal e IBUTG, que podem ser agregadas na mesma</p><p>linha de tempo do mesmo caso. Portanto, permite uma avaliação mais integrada com</p><p>várias variáveis que podem comprometer a saúde do trabalhador.</p><p>O CAPITV permite uma conexão entre vários sensores desde que tenha um cabo</p><p>para conectar no computador em que será instalado o software. Nesse estudo da cana,</p><p>um dos instrumentos usados foi o aparelho de IBUTG, que monitora a sobrecarga tér-</p><p>mica durante a jornada de trabalho a céu aberto.</p><p>14</p><p>15</p><p>Figura 2 – Monitor de IBUTG integrado com estação climática</p><p>Fonte: LAAT, 2010</p><p>O monitor de frequência cardíaca, de marca Polar Team System, com 10 unidades,</p><p>faz o levantamento da frequência cardíaca do trabalhador, e foi usado para medir a carga</p><p>física de trabalho no período filmado.</p><p>Figura 3 – Monitor de frequência cardíaca</p><p>Fonte: LAAT, 2010</p><p>No caso do monitor de temperatura corpórea para esse tipo de estudo, ocorreram</p><p>muitas dificuldades na fixação, fator preponderante para captação dos dados, pois a</p><p>sudorese e a movimentação intensa do trabalhador impediam um contato satisfatório do</p><p>termômetro sensor com as paredes do ouvido, prejudicando a leitura desejada.</p><p>15</p><p>UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>Figura 4 – Monitor Quest de temperatura corpórea</p><p>Fonte: LAAT, 2010</p><p>A estação climática permite a captação de informações referentes à temperatura, umi-</p><p>dade, velocidade e direção do vento,</p><p>que é muito importante para a atividade de campo.</p><p>Figura 5 – Estação climática</p><p>Fonte: LAAT, 2010</p><p>No caso do uso de ferramentas de cronoanálise do trabalho, é preciso compreender</p><p>as limitações. Dentre elas, podemos destacar os erros na definição das variáveis e coleta</p><p>de dados, o que, por vezes, depende muito da atuação do ergonomista e da sua experi-</p><p>ência. Para evitar erros grosseiros, é preciso conversar com os trabalhadores para validar</p><p>as variáveis.</p><p>Outro ponto que é preciso ter muito cuidado é quando se usam os sensores, uma</p><p>vez que é preciso garantir a calibração e sincronização com aceitável nível de precisão,</p><p>pois isso pode afetar a qualidade dos dados gerados e a interpretação dos resultados</p><p>(RODRIGUES; TONIN, 2021).</p><p>16</p><p>17</p><p>Figura 6 – Sistema Captiv integrando as variáveis de</p><p>observação e medidas fisiológicas e ambientais</p><p>Fonte: Adaptada de LAAT, 2010</p><p>Figura 7 – Demonstração da associação das</p><p>medidas fisiológicas e ambientais</p><p>Fonte: LAAT, 2010</p><p>17</p><p>UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>Sistemas de Captura de Movimentos</p><p>Na simulação humana, podem ser utilizados os Motion Capture Systems (MoCap) ou</p><p>Sistemas de Captura de Movimentos, que permitem capturar os movimentos humanos</p><p>reais, editar e reproduzir em ferramentas computacionais por meio de manequins digi-</p><p>tais, conforme mostra a figura 8 a seguir:</p><p>Figura 8 – Capturas de movimentos em ambiente real</p><p>Fonte: SANTOS et al., 2016</p><p>O Design Lab da Universidade Federal de Santa Catarina aprofunda os usos e amplia os</p><p>estudos do Motion Capture, o sistema de captura de movimentos que registra e traduz</p><p>movimentos humanos para animação em três dimensões.</p><p>Disponível em: https://youtu.be/M_gLaLMXkzs</p><p>Em Síntese</p><p>O software auxilia na análise das situações de trabalho, fornecendo evidências estatís-</p><p>ticas. E também auxilia na visualização (diálogo com os trabalhadores) dos constrangi-</p><p>mentos e variabilidades nas atividades e identificar as estratégias explícitas ou tácitas</p><p>adotadas pelo operador.</p><p>18</p><p>19</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Vídeos</p><p>Captura de imagem CAPTIV VR by TEA</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=DJiAXJJV0G8</p><p>Efeitos de cinema – Motion Capture/Captura de Movimento</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=LZ-esdw2ZWg</p><p>O que é Ergonomia?</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=F0GJJUb1Qxc</p><p>Simulação e participação na Ergonomia</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=XYlQjD2jC04</p><p>Simulador de Percepção de Riscos 360° – Ergonomia</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=wSM639-fcps</p><p>19</p><p>UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia</p><p>Referências</p><p>BITTENCOURT, J. M.; DUARTE, F. J. de C. M. Contribuições da simulação em ergo-</p><p>nomia para a engenharia do trabalho: perspectivas metodológicas e conceitos operacio-</p><p>nais. In: BRAATZ, D; ROCHA, R.; GEMMA, S.(orgs.). Engenharia do Trabalho – Saú-</p><p>de, Segurança, Ergonomia e Projeto. Campinas: Libris, 2021. Disponível em: .Acesso em: 01/10/2021. No prelo.</p><p>DANIELLOU, F. A ergonomia na condução de projetos de concepção de sistemas de tra-</p><p>balho. In: FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Blucher, 2007. p. 303-315.</p><p>LAAT, E. F. Trabalho e risco no corte manual de cana de açúcar: a maratona perigosa</p><p>nos canaviais. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Metodista de</p><p>Piracicaba, Santa Bárbara D’Oeste, 2010.</p><p>LUVIZOTO, R.; FONTES, A. R. M.; TORRES, I. Técnicas de apoio ao projeto do Traba-</p><p>lho. In: BRAATZ, D; ROCHA, R.; GEMMA, S.(orgs.). Engenharia do Trabalho – Saú-</p><p>de, Segurança, Ergonomia e Projeto. Campinas: Libris, 2021. Disponível em: . Acesso em: 01/10/2021. No prelo.</p><p>ROCHA, R. Kronos, Laboreal [On-line], v. 11, n. 1, 2015. Disponível em: . Acesso em: 18/04/2021.</p><p>RODRIGUES, D. da S.; TONIN, L. Das bases dos fatores humanos às ferramentas e</p><p>técnicas de apoio à compreensão da atividade de trabalho. In: BRAATZ, D; ROCHA,</p><p>R.; GEMMA, S.(orgs.). Engenharia do Trabalho – Saúde, Segurança, Ergonomia e</p><p>Projeto. Campinas: Libris, 2021. Disponível em: . Acesso em: 01/10/2021. No prelo.</p><p>SANTOS, W. R. dos; BRAATZ, D.; TONIN, L. A.; MENEGON, N. L. Análise do uso</p><p>integrado de um sistema de captura de movimentos com um software de modelagem e</p><p>simulação humana para incorporação da perspectiva da atividade. Gestão & Produ-</p><p>ção, v. 23, n. 3, p. 612-624, 2016.</p><p>20</p><p>Ergonomia e Segurança</p><p>do Trabalho</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro</p><p>Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>Por uma Cultura de Segurança</p><p>nas Organizações</p><p>• Apresentar o tema cultura de segurança visando à proteção e prevenção dos trabalhadores</p><p>e dos meios ambientes de trabalho;</p><p>• Apresentar a organização e as normativas para construção de Sistema de Gestão de Ergonomia;</p><p>• Apresentar a organização e as ações do Comitê de Ergonomia.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Introdução à Cultura de Segurança;</p><p>• Sistema de Gestão de Ergonomia;</p><p>• Gestão da Ergonomia – Comitê de Ergonomia;</p><p>• Constituição do Comitê de Ergonomia – COERGO.</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>Introdução à Cultura de Segurança</p><p>Por que é importante compreender a cultura?</p><p>Essa compreensão permite integrar as ações fragmentadas dentro de uma organi-</p><p>zação e, assim, permite aprimorar as ações de proteção e prevenção dentro do meio</p><p>ambiente de trabalho.</p><p>Para Rocha e Vilela (2021),</p><p>a cultura pode ser definida como maneiras de agir compartilhadas, sendo</p><p>repetidas e convergentes, baseadas em maneiras de pensar, saberes, crenças</p><p>e valores comuns. Falar de cultura é se referenciar a maneiras de fazer e pen-</p><p>sar compartilhadas no seio de um determinado coletivo. (ROCHA; VILELA,</p><p>2021, p. 324)</p><p>A construção cultural dentro de uma organização tem uma variação muito grande,</p><p>uma vez que existem ao longo do tempo muitas mudanças (vendas, troca de gestores,</p><p>de diretores, de proprietários etc.). Por isso a cultura da organização é progressivamente</p><p>construída pelas interações dos indivíduos no curso da história, determinando as maneiras</p><p>de fazer e pensar do grupo como um todo (ROCHA; VILELA, 2021).</p><p>O que é Cultura de Segurança? Disponível em: https://youtu.be/viU0y08kW6E</p><p>A Comissão de Saúde e Segurança (HSC – Health and Safety Commission) é um órgão</p><p>público não departamental do Reino Unido que foi criado Lei de Saúde e Segurança no</p><p>Trabalho, e essa instituição define:</p><p>A cultura de segurança de uma organização é o produto dos valores,</p><p>atitudes, percepções, competências e padrão de comportamento de in-</p><p>divíduos e grupos que determinam o comprometimento, o estilo e a pro-</p><p>ficiência do gerenciamento da segurança do trabalho da organização.</p><p>Organizações com culturas de segurança positivas são caracterizadas pela</p><p>comunicação fundada na confiança mútua, pela percepção compartilhada</p><p>da importância da segurança e pela confiança na eficácia das medidas</p><p>preventivas. (REASON, 1997, p. 194)</p><p>Na catástrofe de Chernobyl, os investigadores apontaram que a cultura da empresa</p><p>é amplamente enfraquecida quando, em todos os níveis da organização, no que diz res-</p><p>peito à segurança industrial, colocam as prioridades:</p><p>• Produção em detrimento da segurança;</p><p>• Tolerância de não conformidades técnicas e de procedimentos em segurança;</p><p>• Deficiências na formação e na comunicação de segurança;</p><p>• Clima de trabalho deteriorado etc.</p><p>Para aprofundar esse olhar, o professor Hudson (2001) propõe os estágios de matu-</p><p>ridade de cultura de segurança conforme descritos abaixo:</p><p>8</p><p>9</p><p>Quadro 1 – Estágios de Maturidade</p><p>Patológico</p><p>Na maioria das vezes, neste estágio praticamente não existem pro-</p><p>fissionais que atuam com a preocupação da saúde e segurança no</p><p>meio ambiente do trabalho; neste estágio, não há ações na área de</p><p>segurança do trabalho na organização. O máximo</p><p>que se procura</p><p>fazer é atender à legislação.</p><p>Reativo</p><p>Os profissionais de saúde e segurança podem não ter autonomia ne-</p><p>cessária ou não têm formação para mudar de cenário. Neste estágio,</p><p>as ações da organização da área de saúde e segurança no trabalho</p><p>são realizadas somente depois de acidentes de trabalho terem</p><p>acontecido. Ações não são sistemáticas, buscam dar respostas aos</p><p>acidentes do trabalho, procurando remediar a situação.</p><p>Calculativo</p><p>Os profissionais de saúde e segurança têm mais autonomia ne-</p><p>cessária e começam a trabalhar com equipes multidisciplinares.</p><p>Neste estágio, a organização tem sistema para gerenciar riscos</p><p>nos locais de trabalho, mas ainda não tem a visão sistêmica da</p><p>saúde, segurança e meio ambiente. Ações estão mais voltadas</p><p>para quantificar os riscos.</p><p>Proativo</p><p>Os profissionais de saúde e segurança têm bastante autonomia e</p><p>as atividades de trabalho estão entre equipes multidisciplinares.</p><p>É o desenvolvimento do estágio de transição para o estágio da</p><p>cultura construtiva. O líder da organização, com base nos valores</p><p>da organização, conduz as melhorias contínuas para a saúde, se-</p><p>gurança e meio ambiente. Procura se antecipar aos problemas, ou</p><p>seja, busca conhecê-los antes que aconteçam.</p><p>Construtivo</p><p>Os profissionais de saúde e segurança têm que possuir muita expe-</p><p>riência nas áreas de atuação, bem como é necessário um bom rela-</p><p>cionamento com as equipes multidisciplinares, uma vez que serão</p><p>cobrados por indicadores de melhorias constantemente. Existe um</p><p>sistema integrado de saúde, segurança e meio ambiente, no qual a</p><p>organização se baseia e se orienta para realizar seus negócios. A or-</p><p>ganização tem as informações necessárias para gerir o sistema de</p><p>segurança do trabalho, está constantemente tentando melhorar e</p><p>encontrar as melhores formas de controlar os riscos.</p><p>Gonçalves Filho et al. (2011) organiza uma proposta para que as equipes de saúde e se-</p><p>gurança das organizações possam criar a estratégia de implantar o modelo desenvolvido:</p><p>Quadro 2 – Fatores de maturidade de cultura de segurança</p><p>Informação</p><p>Neste momento os trabalhadores têm que relatar os erros, os</p><p>acidentes e os incidentes ocorridos dentro da organização, que</p><p>geram indicadores para a organização monitorar o desempenho</p><p>da segurança do trabalho.</p><p>Aprendizagem</p><p>organizacional</p><p>A atuação da organização visa aprimorar as informações, desta-</p><p>cando as análises dos acidentes e dos incidentes em profundidade,</p><p>sem procurar culpados, e gerando propostas de ações de melhoria</p><p>que serão implementadas, com comunicação aos trabalhadores.</p><p>Sempre ocorre a busca contínua de melhorar os processos visando</p><p>à segurança do trabalho.</p><p>9</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>Comunicação</p><p>Em uma organização democrática, necessita de comunicar com</p><p>todos os trabalhadores, por isso a forma de comunicar os temas</p><p>relativos à segurança do trabalho é fundamental. deve existir</p><p>canal aberto de comunicação entre os empregados e superiores hie-</p><p>rárquicos. Inclui também se comunicação chega aos empregados, se</p><p>é compreendida por eles e se a organização monitora a efetividade</p><p>da comunicação.</p><p>Comprometimento</p><p>A organização planeja e permite organização das equipes, dispo-</p><p>nibiliza recursos (tempo, dinheiro, pessoas) e suportes alocados</p><p>para a gestão da segurança do trabalho, pelos status da segurança</p><p>do trabalho em relação à produção, pela existência de um Sistema</p><p>de Gestão da Segurança do Trabalho, em que constam a visão e</p><p>objetivos da organização, definição de responsabilidades, a polí-</p><p>tica de treinamento e qualificação, procedimentos, recompensas,</p><p>sanções e auditorias. O verdadeiro comprometimento significa</p><p>mais que políticas escritas e mencionar a importância da segu-</p><p>rança do trabalho nos discursos, precisa haver coerência entre as</p><p>palavras e a realidade.</p><p>Envolvimento</p><p>Busca sempre que todos participem deste processo, o retorno de</p><p>experiência é uma estratégia, as equipes devem permitir a partici-</p><p>pação dos empregados nas questões de segurança, como na análi-</p><p>se dos acidentes e incidentes que lhe diz respeito, na identificação e</p><p>análise dos riscos do ambiente de trabalho, nas propostas de ações</p><p>para melhoria da segurança do trabalho e sua implementação, na</p><p>elaboração e revisão dos procedimentos relacionados com sua ati-</p><p>vidade, no planejamento das suas atividades, e a participação em</p><p>comitês de segurança, encontros de segurança etc.</p><p>Fonte: Adaptado de GONÇALVES FILHO, et al.,2011</p><p>Para refletir, a cultura de segurança somente pode ser observada em organizações que</p><p>têm compromissos prévios. Fleming (2001) descreve um alerta de que o seu modelo de cul-</p><p>tura de segurança somente é aplicável em organizações que atendam aos seguintes critérios:</p><p>Importante!</p><p>• Tenha um adequado Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho;</p><p>• A maioria dos acidentes de trabalho não é causada por falhas técnicas;</p><p>• Atenda às leis e normas sobre segurança do trabalho;</p><p>• A segurança do trabalho é dirigida para evitar acidentes.</p><p>Sistema de Gestão de Ergonomia</p><p>Nesta unidade, discutiremos, detalhadamente, como criar o comitê e como mantê-lo,</p><p>a fim de oferecer uma metodologia adequada para sua implantação e manutenção, como</p><p>forma de garantir a aplicação adequada da ergonomia e todos os seus desmembramentos.</p><p>Já estudamos, anteriormente, Antropometria (medidas dos segmentos corpóreos), Fi-</p><p>siologia (funcionamentos dos sistemas dos seres vivos) e Biomecânica (estudo dos movi-</p><p>mentos do corpo humano). Esses conceitos serão de grande utilidade ao estudarmos</p><p>10</p><p>11</p><p>algumas ferramentas e métodos aplicados à ergonomia, dentre os vários existentes.</p><p>Todavia, neste contexto, compreender a forma de execução, seus estágios e a condução</p><p>da negociação são fundamentais para o sucesso das ações ergonômicas.</p><p>O Sistema de Gestão visa organizar uma empresa por meio da identificação dos pro-</p><p>cessos de uma organização, identificando-se entradas e saídas, deve-se estabelecer um</p><p>sistema de controle – verificação a fim de criar dados “vivos” sempre atualizados – que</p><p>permita aos líderes tomarem decisões objetivas e efetivas. Todo e qualquer conjunto de</p><p>normas e procedimentos que a organização seja sistêmica pode ser considerado um sis-</p><p>tema de gestão. O conjunto de normas e procedimentos mais conhecidos são as normas</p><p>da série ISO 9000.</p><p>A família de normas International Standart Organization - ISO 9000 originou-se na</p><p>Suíça na década de 1980. Em virtude da formação e consolidação do Mercado Comum</p><p>Europeu, surgiu a necessidade de estabelecerem padrões que norteassem as operações</p><p>de negócios neste bloco. Surge, então, em 1987, a primeira versão de normas ISO 9000.</p><p>As normas ISO 9000, versão 1987, possuíam 20 elementos, eram extremamente</p><p>burocráticas e divididas em:</p><p>• ISO 9001: Todas as operações da cadeia produtiva atendiam aos pré-requisitos da</p><p>norma (inclusive projeto);</p><p>• ISO 9002: Todas as operações da cadeia produtiva atendiam aos pré-requisitos da</p><p>norma (exceto projeto);</p><p>• ISO 9003: Garantia da qualidade na inspeção final.</p><p>Em 1994, houve uma revisão nas normas ISO 9000. Nessa época, a indústria auto-</p><p>mobilística mundial vivia um cenário em que cada região era precedida por um sistema:</p><p>• VDA: Sistema alemão;</p><p>• AVSQ: Sistema Italiano;</p><p>• EAQF 94: Sistema francês;</p><p>• GM, Chrisler, Ford: (big 3) – QS – Norma certificável.</p><p>Em 2000, houve uma grande revisão na norma de caráter conceitual, passando de</p><p>“Gestão pela garantia da qualidade” para “Gestão por processos”. A QS 9000 tinha</p><p>base na revisão de 1994 da ISSO, que era excessivamente burocrática e, com a evolução</p><p>conceitual que veio com a revisão do ano 2000, a QS 9000 tinha ficado obsoleta. Com</p><p>a pressão dos fornecedores da indústria automobilística para que houvesse uma norma</p><p>única a ser seguida a nível global, surge a ISO TS 16.949.</p><p>A ISO TS 16.649 foi uma harmonização dos requisitos na norma e de outros sis-</p><p>temas vigentes no segmento (VDA, AVSQ, EAQF 94, QS) e surge conceitualmente</p><p>atualizada, pois se baseia na revisão 2000 da ISO com foco em gestão</p><p>por processos.</p><p>A ISO TS 16.649 conta, além dos requisitos da norma, com a seção de “Requisitos</p><p>específicos do cliente” que são, basicamente, o atendimento às normas internas do cliente</p><p>como simbologia, nomenclatura, características críticas, especificações, regime de quali-</p><p>ficação de fornecedores etc.</p><p>11</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>Historicamente, a grande maioria das inovações tecnológicas e de gestão toma forma</p><p>e ganham força na indústria automobilística, abrindo precedente para aplicação nos</p><p>demais segmentos de mercado. A família de normas ISO 9000 é “certificável”, isso quer</p><p>dizer que deve ser contratado um organismo certificador, externo à empresa, que en-</p><p>viará pessoas qualificadas, treinadas e com larga experiência de mercado. Essas pessoas</p><p>são chamadas de auditores e vão promover auditoria no sistema de gestão da empresa.</p><p>Os auditores vão verificar in loco se a documentação elaborada pela empresa (manual,</p><p>procedimentos, instruções de trabalho e registros) é condizente com a realidade. São res-</p><p>ponsabilidades do auditor:</p><p>• Definir os requisitos para cada auditoria, incluindo as qualificações exigidas do auditor;</p><p>• Planejar a auditoria, preparar os documentos de trabalho e instruir a equipe auditora;</p><p>• Analisar criticamente a documentação para determinar sua adequação;</p><p>• Relatar imediatamente ao auditado as não conformidades;</p><p>• Relatar quaisquer obstáculos importantes encontrados durante a realização da auditoria;</p><p>• Relatar os resultados da auditoria de maneira clara, conclusiva e sem atraso indevido;</p><p>• Agir de acordo com os requisitos de auditoria aplicáveis;</p><p>• Comunicar e esclarecer os requisitos da auditoria;</p><p>• Planejar e realizar sua atribuição eficaz e competentemente;</p><p>• Verificar a eficácia das ações corretivas adotadas como resultado da auditoria (caso</p><p>seja solicitado);</p><p>• Cooperar e apoiar o auditor líder;</p><p>• Manter-se dentro do escopo da auditoria;</p><p>• Ser objetivo;</p><p>• Coletar e analisar evidências relevantes e suficientes para permitir a formulação de</p><p>conclusões;</p><p>• Ficar atento a quaisquer indicações de evidências que possam influenciar os resultados</p><p>da auditoria e, possivelmente, exigir uma auditoria mais ampla.</p><p>Por outro lado, há responsabilidade do auditado, dentre as quais se destacam:</p><p>• Informar aos funcionários envolvidos os objetivos e escopo da auditoria;</p><p>• Apontar membros responsáveis para acompanhar a equipe auditora;</p><p>• Prover a equipe auditora de todos os recursos necessários para assegurar um pro-</p><p>cesso de auditoria eficaz e eficiente;</p><p>• Prover o acesso às instalações e ao material comprobatório, conforme solicitado</p><p>pelos auditores;</p><p>• Cooperar com os auditores para permitir que os objetivos da auditoria sejam atingidos;</p><p>• Determinar e iniciar ações corretivas baseadas no relatório de auditoria;</p><p>• Determinar a necessidade e o propósito da auditoria;</p><p>• Determinar a organização auditora;</p><p>12</p><p>13</p><p>• Determinar o escopo geral da auditoria, a norma de sistema da qualidade, ou docu-</p><p>mento que deve ser seguido;</p><p>• Receber o relatório de auditoria;</p><p>• Determinar o acompanhamento a ser adotado.</p><p>ISO série 14.000 – Gestão Ambiental: A ISO 14.001 é uma norma de, relativamente,</p><p>simples aplicação, mas, em um dos seus requisitos, pede-se que siga as legislações am-</p><p>bientais vigentes no local da unidade a ser certificada. No caso do Brasil, são mais de</p><p>80.000 leis relacionadas ao meio ambiente. Deve-se considerar também a hierarquia</p><p>das leis: municipal, estadual e federal que, em muitos casos, são divergentes. Deve ser</p><p>aplicada a lei mais rígida independentemente da hierarquia das leis. A norma consiste</p><p>basicamente em três pontos:</p><p>• Levantamento dos aspectos e impactos ambientais;</p><p>• Classificação dos riscos relacionados aos impactos ambientais (pode ser FMEA);</p><p>• Estabelecimento de planos para que esses aspectos sejam identificados e controlados,</p><p>além da aplicação de toda legislação vigente.</p><p>A organização deve ter um plano de atendimento a emergências (fogo, explosão,</p><p>contaminação etc.), deve-se responder à questão: qual o dano que vai causar ao meio</p><p>ambiente se isso acontecer? O plano de atendimento à emergência deve contar, inclusive,</p><p>com simulações.</p><p>Você Sabia?</p><p>Hoje, o país que mais certifica a norma ISO 14.001 (gestão ambiental) e a ISO 50.000</p><p>(gestão de energia) é o Japão.</p><p>Existem outras normas que não pertencem à família ISO, mas são igualmente certi-</p><p>ficáveis:</p><p>• Normas de segurança: OHSAS – abordada mais profundamente, ainda nesta</p><p>unidade. A partir de dezembro de 2017, a norma que conhecemos como OHSAS</p><p>18.001 integrará a família ISO com o nome de ISO 45.001;</p><p>• Responsabilidade social: SA 8.000 (norma criada a partir do “escândalo da Nike”,</p><p>quando veio a público a submissão do ser humano ao trabalho escravo – regime de</p><p>escravidão – sem condições dignas de trabalho);</p><p>• PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat): o</p><p>programa brasileiro de qualidade e produtividade do habitat foi uma forma do go-</p><p>verno federal brasileiro fazer com que a indústria da construção civil se preocupasse</p><p>com qualidade e produtividade. As construtoras (e não incorporadoras) que seguem</p><p>todos os elementos da norma do PBQP-H ganham o direito de usar o selo de quali-</p><p>dade, após passar por auditoria de organismo certificador devidamente qualificado.</p><p>O PBQP-H segue a norma ISO revisão 2000 (com ênfase em gestão de processos).</p><p>A empresa que possui a certificação PBQP-H consegue financiamento de todo seu</p><p>empreendimento com recursos do governo sem precisar dispor de recursos próprios</p><p>13</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>que, muitas vezes, pode ser a fronteira entre o sucesso e o fracasso de construtoras de</p><p>qualquer porte.</p><p>O PBQP-H é uma norma evolutiva com três níveis:</p><p>• Nível D: é a fase em que as construtoras firmam um compromisso junto ao mi-</p><p>nistério das cidades, para desenvolver um manual de documentos e mais alguns</p><p>documentos que provem que a empresa existe (contrato social etc.) e, ainda, um</p><p>cronograma evolutivo da organização até o nível A.</p><p>• Do nível C ao nível A, o processo corre com organismo certificados, posto que a</p><p>norma PBQP-H é certificável.</p><p>• O nível A é a ISO completa, mais o “PQO” (planejamento de qualidade da obra) que</p><p>consta, dentre outros requisitos, os de estrutura organizacional da obra, projeto do</p><p>canteiro, objetivos da obra, plano de contingência da obra etc.</p><p>A OIT /2001 – diretrizes sobre o sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho</p><p>define sistema de gestão como:</p><p>“O conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos que tem por pressu-</p><p>postos o estabelecimento de uma Política de Saúde e Segurança do Trabalho e que</p><p>alcance os objetivos propostos.”</p><p>Gestão da Ergonomia –</p><p>Comitê de Ergonomia</p><p>Trocando Ideias...</p><p>Antes de iniciarmos nossos estudos sobre a indicação de um modelo de aplicação de</p><p>gestão da ergonomia, é importante ressaltar que a gestão da ergonomia é necessária</p><p>quando a organização mobiliza recursos para promover a integração, mais harmônica</p><p>possível, entre homem, sistema e ambiente. Apesar de termos afirmado, anteriormente,</p><p>que a ergonomia deve propor um “modelo um mental” no sentido de ser uma forma de</p><p>pensar e agir no emprego e fora dele, nesse contexto, o modelo sugerido de gestão da</p><p>ergonomia dedica-se a uma organização, seja manufatureira, ou de serviços. O modelo</p><p>proposto oferece um “caminho” ao sistema de certificação internacional de saúde e se-</p><p>gurança do trabalho, que, a partir de dezembro de 2017 será “rebatizado” e passará a</p><p>integrar a família ISO com a identificação de ISO 45.001.</p><p>Sugere-se que “Gestão da ergonomia” seja um processo maior a ser implantado em fases:</p><p>• 1º Fase: Início do processo;</p><p>• 2º Fase: Ciclo de melhoria – atuação;</p><p>• 3º Fase: Desenvolvimento em longo prazo.</p><p>14</p><p>15</p><p>Sugere-se, ainda, que a implantação da primeira fase, denominada “Início do Processo”,</p><p>seja feita a partir dos 5 pilares:</p><p>• 1º Pilar: Apoio da alta administração;</p><p>• 2º Pilar: Treinamentos;</p><p>• 3º</p><p>Pilar: Participação dos funcionários;</p><p>• 4º Pilar: Estruturação do serviço médico;</p><p>• 5º Pilar: Estruturação administrativa.</p><p>1º Pilar – Apoio da Alta Administração</p><p>Deve-se promover uma reunião inicial com a alta administração e líderes de todas as</p><p>áreas relacionadas à saúde do trabalhador, cujo objetivo deve ser criar consciência da</p><p>importância da ergonomia na alta administração, e esta deve dar seu apoio em todas as</p><p>fases do processo. A reunião deve, também, mostrar à alta administração um resumo e</p><p>a estrutura do projeto e custo benefício dessa iniciativa.</p><p>Importante!</p><p>Deve ser solicitado apoio ao staff e promover a assinatura de Declaração de Princípios de</p><p>Atuação Ergonômica.</p><p>A Declaração de Princípios de Atuação Ergonômica é um documento, assinado pela</p><p>alta administração, que deverá nortear as ações ergonômicas da organização, tais como:</p><p>o que fazer, quando fazer, como fazer, quanto fazer, quem deve fazer e quanto deve custar</p><p>às ações ergonômicas que a organização deverá tomar.</p><p>2º Pilar – Treinamentos</p><p>A organização deve promover treinamentos sobre conhecimentos gerais em ergono-</p><p>mia, tais como:</p><p>• Situações atuais da empresa;</p><p>• Processo de gestão;</p><p>• Participação efetiva.</p><p>Participação na identificação de problemas e identificação de soluções mais adequa-</p><p>das (8 horas para engenheiros e técnicos, 4 horas para encarregados e líderes e de 1 a</p><p>2 horas para funcionários).</p><p>3º Pilar – Participação dos Funcionários</p><p>Identificar precocemente os aspectos ergonomicamente inadequados. Direcionar</p><p>qual proposição de solução terá melhor chance de dar resultados. Aplicar questionários.</p><p>4º Pilar – Estruturação do Serviço Médico</p><p>Atender e entender quadros álgicos, identificando possíveis fatores causais, detectando</p><p>áreas e movimentos críticos a serem trabalhados pelo comitê. Médico do trabalho deve</p><p>15</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>acompanhar as reuniões do comitê ajudando em análises ergonômicas e em estabeleci-</p><p>mento de ações prioritárias.</p><p>5º Pilar – Estruturação Administrativa</p><p>Acompanhamento de problemas e medidas corretivas e preventivas.</p><p>Constituição do Comitê de</p><p>Ergonomia – COERGO</p><p>• Ações do Comitê: identificar problemas ergonômicos, implantar soluções realizando</p><p>mudanças para reduzir ou eliminar riscos (causas de desconforto, fadiga e lesões)</p><p>aplicando princípios da ergonomia, validar dados e acompanhá-los periodicamente;</p><p>• Nº de Comitês de Ergonomia: depende da organização da empresa, da relação</p><p>matriz x filiais, dos riscos ergonômicos existentes e, caso haja, dos processos indus-</p><p>triais diferenciados;</p><p>• Nº de Integrantes do Comitê: em média, 8 membros (4 representantes da empresa</p><p>e 4 representantes dos funcionários). Para empresas de grande porte, são recomen-</p><p>dados de 10 a 12 integrantes, a fim de evitar dificuldades operacionais (encontros,</p><p>discussões etc.);</p><p>• Coordenador do Comitê: profissional da área operacional (engenheiro, técnico</p><p>operacional, supervisor, gerente etc.). O coordenador deve ter, dentre suas com-</p><p>petências, respeito para com os demais colegas, boa articulação ao lidar com os</p><p>representantes dos funcionários e alta gerência. Deve interessar-se por problemas</p><p>ergonômicos que eventualmente demandem aprovação orçamentária, negociação e</p><p>aprovação de investimentos. O coordenador deverá abrir e fechar a reunião, manter</p><p>o foco na discussão, garantir a participação de pessoas envolvidas, garantir a for-</p><p>mação do consenso e poderá, eventualmente, convocar pessoas para participar de</p><p>reuniões do comitê ou projetos;</p><p>• Líder de Ergonomia: encarregado de assumir problemas de natureza ergonômica</p><p>de cada setor, ele deve ter um perfil criativo e comunicativo;</p><p>• Representante dos Funcionários: deve ser indicado pela chefia, ter interesse nas condi-</p><p>ções de trabalho, ser capaz de identificar problemas ergonômicos e ser um porta-voz,</p><p>além de poder selecionar em cada projeto o auxílio de um funcionário do setor;</p><p>• Secretário Executivo do Comitê: ocupa uma função estratégica e deve ter um bom</p><p>senso de organização. Verificar, antes da reunião, se a sala está pronta e os ma-</p><p>teriais necessários disponíveis. Tomar nota das discussões utilizando uma folha de</p><p>evolução do processo de ergonomia;</p><p>• Ata da Reunião: determinar data, horário de início e término, local e itens a serem</p><p>discutidos. A pauta da próxima reunião deve ser elaborada e afixada em quadro de</p><p>avisos. As atas das reuniões devem ser distribuídas, e o registro com problemas de</p><p>acompanhamento deve ser mantido. Deve ser tomado como base o plano de ação</p><p>desenvolvido. Dever ser mantido o foco durante as reuniões;</p><p>16</p><p>17</p><p>• Integrantes Complementares: escolher um representante ligado à área com maiores</p><p>problemas ergonômicos, identificando problemas junto aos integrantes da CIPA;</p><p>• Profissionais de Saúde e Segurança: devem, obrigatoriamente, participar das reuniões</p><p>do comitê, mesmo não sendo integrantes efetivos;</p><p>• Engenheiros de Diversas Áreas: experiência em projetos e “re-projetos” devem par-</p><p>ticipar das soluções;</p><p>• Consultor de Ergonomia: interno ou externo.</p><p>Os membros do comitê devem ser devidamente treinados e qualificados na prática</p><p>da análise ergonômica e na dedução de soluções adequadas. O período de treinamento</p><p>deve ser de 40 horas teórico e prático. O conteúdo programático deve conter: conceito</p><p>de ergonomia, estrutura da coluna vertebral, patologias da coluna vertebral, LER/DORT,</p><p>princípios da ergonomia, acessórios ergonômicos, antropometria, ferramentas de análise,</p><p>posturas corretas domiciliares e no trabalho e, atividades e ações do Coergo.</p><p>O comitê deve ser oficializado junto à alta administração, deve ter legitimidade e ser</p><p>de conhecimento de todos. Deve haver uma minuta oficializando o Comitê.</p><p>As reuniões devem ser regulares, em intervalos fixos, sempre na mesma hora e local.</p><p>Em média, 1 hora a cada 15 dias. O secretário deve informar previamente sobre a pro-</p><p>gramação da reunião.</p><p>Os membros do comitê devem sempre ser capazes de relacionar todos os principais pro-</p><p>blemas analisados, os problemas atuais, grau de prioridade e encaminhamento do momento.</p><p>O comitê deve estar alerta e aberto aos problemas novos por meio de uma adminis-</p><p>tração dinâmica e eficiente. As inspeções e questionamentos periódicos são importantes.</p><p>Deve ser elaborado um formulário de acompanhamento de problemas.</p><p>• 1º fase: Início do processo;</p><p>• 2º fase: Ciclo de melhoria – Atuação;</p><p>• 3º fase: Desenvolvimento em longo prazo.</p><p>O ciclo de melhoria dos processos de atuação, propriamente dito, pode ser feito em</p><p>6 passos:</p><p>I. Identificar os problemas prioritários – demanda de trabalho</p><p>Levantamento: afastamentos (em ambulatório, menos que 15 dias, auxílio doença),</p><p>processos judiciais, questionários de dor, relatos de insatisfações, gravidade do problema,</p><p>número de pessoas que serão beneficiadas.</p><p>II. Fazer análise ergonômica</p><p>• Análise organizacional;</p><p>• Análise do posto de trabalho;</p><p>• Análise da postura do trabalhador;</p><p>• Análise do ambiente físico;</p><p>• Classificação de nível de ação.</p><p>17</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>Classi�cação quanto ao Nível de Ação Ergonômica</p><p>Ações em curtíssimo prazo</p><p>Ações em curto prazo</p><p>Ações em médio prazo</p><p>Ações em longo prazo</p><p>Médio risco ergonômico</p><p>Baixo risco ergonômico</p><p>Altissimo risco ergonômico</p><p>Alto risco ergonômico</p><p>Figura 1</p><p>III. Estudar as Soluções</p><p>Discussão do grupo: solução mais eficiente. Procurar obter, em média, 3 soluções</p><p>criativas. Consultar fornecedores e solicitar a opinião de supervisores. Deve ser conside-</p><p>rado: custos, materiais, tempo e treinamento.</p><p>A partir da avaliação de prioridade do grupo deve-se estabelecer o Plano de Ação:</p><p>Deve prever custos necessários para as melhorias (contratação de pessoal, treinamento</p><p>de pessoal, medidas escritas e planejadas e cronograma de ação com datas e responsáveis).</p><p>IV. Implementar Soluções:</p><p>Postos de testes – linha piloto: cronometrar ciclo, colher opinião dos trabalhadores,</p><p>adaptações necessárias e registro de implementação.</p><p>V. Documentar as</p><p>e o</p><p>desempenho global dos sistemas.</p><p>Os profissionais que praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem</p><p>para a planificação, concepção e avaliação das tarefas, empregos, produtos,</p><p>organizações, meios ambientes e sistemas, tendo em vista torná-los compa-</p><p>tíveis com as necessidades, capacidades e limites das pessoas.</p><p>Note que, conforme apontado anteriormente, é evidente a ampliação do escopo da</p><p>Ergonomia. Se compararmos atentamente as duas definições do IEA, notamos que há</p><p>uma evolução significativa na percepção do conceito de trabalho e de quem o executa</p><p>vindo ao encontro da “Escola das Relações Humanas” e em oposição à “Escola da</p><p>Administração Científica de Taylor”, especificamente, no reconhecimento da força de</p><p>trabalhador (homem) como ser humano.</p><p>Nota-se, também, “preocupação” no sentido de adequar harmonicamente a interação</p><p>da força de trabalho humana aos sistemas, de maneira que a especificação do trabalho</p><p>laboral não venha a prejudicar a saúde do homem e, tampouco, venha a comprometer</p><p>sua força de trabalho futura.</p><p>Ainda na segunda definição do IEA, o universo da Ergonomia é dividido em três</p><p>dimensões:</p><p>• Ergonomia física: está relacionada às características da anatomia humana, da antro-</p><p>pometria, da fisiologia e da biomecânica e sua relação com a atividade física. Os tópi-</p><p>cos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais,</p><p>movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho,</p><p>projeto de posto de trabalho, segurança e saúde;</p><p>• Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como percepção, me-</p><p>mória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres hu-</p><p>manos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem estudo da</p><p>carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação</p><p>homem computador, stress e treinamento conforme esses se relacionem a projetos</p><p>envolvendo seres humanos e sistemas;</p><p>• Ergonomia organizacional: refere-se à otimização dos sistemas sociotécnicos, in-</p><p>cluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes</p><p>incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (CRM – domínio</p><p>14</p><p>15</p><p>aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em</p><p>grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo,</p><p>cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade.</p><p>As “áreas de especialização da Ergonomia” propostas pela IEA, segundo Falzon</p><p>(2009), são citadas por autores em todo mundo e, assim, adotadas como referência in-</p><p>ternacional. Segundo Falzon (2009), a segunda definição proposta pelo IEA, em 2000,</p><p>esclarece que a palavra Ergonomia deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas,</p><p>regras, leis]. Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos</p><p>os aspectos da atividade humana.</p><p>Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades</p><p>do trabalho, é preciso que os ergonomistas tenham uma abordagem multidisciplinar de</p><p>todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como</p><p>sociais, organizacionais, ambientais etc.</p><p>Contudo, pode-se dizer que a Ergonomia está apoiada em dois pilares fundamentais.</p><p>De um lado, o objetivo centrado nas organizações e sua busca incansável pela eficiência,</p><p>produtividade, confiabilidade, qualidade, durabilidade etc. a fim de serem mais compe-</p><p>titivas reduzindo custos. De outro, o objetivo centrado no ser humano, considerando-se</p><p>segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, motivação etc.</p><p>Sob o enfoque de projeto do trabalho, a Ergonomia é definida por Barnes (2008)</p><p>como o meio de encontrar a mais eficiente combinação entre homem e máquinas,</p><p>equipamentos e materiais no ambiente de trabalho. Ele cita que o objetivo da Ergonomia</p><p>é a adaptação das tarefas ao ambiente de trabalho e às características sensoriais,</p><p>perceptivas, mentais e físicas das pessoas e, como resultado, obtém se, então, melhores</p><p>projetos de equipamentos, sistemas homem-máquina, de produtos de consumo, métodos</p><p>e ambiente de trabalho.</p><p>No Brasil, contamos com a ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia, que</p><p>é uma associação sem fins lucrativos cuja finalidade é o estudo, a prática e a divulgação</p><p>da interação das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando</p><p>suas necessidades, habilidades e limitações.</p><p>Origem da Ergonomia</p><p>A Ergonomia surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial, em virtude da com-</p><p>plexidade de manuseio de armamento e dispositivos de ataque. Todo planejamento e</p><p>investimento feito no desenvolvimento de materiais bélicos seria inútil se o “operador”</p><p>(soldado) não soubesse como fazê-lo. E, ainda, frente aos horrores da Guerra, muitos</p><p>soldados desenvolveram doenças psiquiátricas.</p><p>Para amenizar o impacto, tanto de manuseio como da saúde mental dos soldados</p><p>e procurar “manter a produtividade”, grupos multidisciplinares foram mobilizados para</p><p>entrar como “suporte” no cenário da Guerra.</p><p>15</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>Mais especificamente, a Ergonomia nasceu em 12 de junho de 1949, data em que</p><p>se reuniu, pela primeira vez na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores moti-</p><p>vados em discutir essa “nova disciplina” interessada em discutir e formalizar esse novo</p><p>campo de pesquisa multidisciplinar da Ciência, que propunha uma interação harmônica</p><p>entre homens e sistemas.</p><p>Todavia, já em meados de 1857, um polonês, Wojciech Jastrzebowski já havia publi-</p><p>cado um Artigo sob o título “Ensaios de Ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas</p><p>leis objetivas da ciência sobre a natureza”.</p><p>Entretanto, a Ergonomia só veio a adquirir status de Disciplina mais organizada na pri-</p><p>meira metade de 1950, com a fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra.</p><p>Os membros dessa organização, muitos deles pesquisadores, disseminavam seus co-</p><p>nhecimentos e propunham a aplicação da Ergonomia na indústria, e não somente na</p><p>área militar, como era difundido até então.</p><p>Objetivos Básicos da Ergonomia</p><p>Conforme citado, o objetivo da Ergonomia é estudar a interação entre o homem e os</p><p>sistemas, considerando fatores físicos e psicológicos, a fim de obter ganhos em eficiência</p><p>para os sistemas (empresas), bem como a manutenção da saúde por parte dos colabora-</p><p>dores, procurando reduzir a fadiga, o estresse, os erros e os acidentes.</p><p>Nesse cenário, a eficiência produtiva, bem como a motivação, é consequência direta</p><p>da assertividade dessas ações.</p><p>Para o “exercício e aplicação da Ergonomia”, conforme discutido até agora, é preciso</p><p>deixar claro que não é o empenho de apenas um colaborador, ou ainda, a contribuição</p><p>de uma área específica de conhecimento que vai obter resultados esperados.</p><p>É preciso contar com grupo multidisciplinar com representantes de várias áreas da</p><p>Organização, como: médico do trabalho, psicólogos dos recursos humanos, técnicos</p><p>da segurança do trabalho, representantes da operação, engenheiros da produção, en-</p><p>genheiros do desenvolvimento do produto ou serviço e do processo, profissionais da</p><p>manutenção e demais áreas que possam se fazer necessárias.</p><p>E, ainda, além do grupo multidisciplinar, é preciso ter o conhecimento de que, se</p><p>necessário, profissionais de outras áreas de conhecimento devem ser convidados a parti-</p><p>cipar dos projetos de Ergonomia, tais como: Psicologia, Anatomia e Fisiologia, Orga-</p><p>nização do Trabalho, Design e Métodos de Avaliação e Tecnologia da Informação,</p><p>entre outros.</p><p>Os Precursores da Ergonomia</p><p>Discorrendo sobre a Ergonomia, é imprescindível citar as definições, a origem, mas</p><p>para um completo entendimento da aplicação da Ergonomia nos dias de hoje não podemos</p><p>deixar passar despercebidos os precursores da Ergonomia.</p><p>16</p><p>17</p><p>Vamos a eles!</p><p>Já foi mencionado, nessa seção, que identificamos nas Escrituras da Bíblia a noção</p><p>de trabalho do homem voltado para a sua sobrevivência.</p><p>Vimos, também, que a noção de Ergonomia acompanha</p><p>soluções:</p><p>Riscos, recomendações, planos de ação, evolução das medidas adotadas e validação</p><p>dos funcionários sobre a solução adotada.</p><p>VI. Acompanhar resultados:</p><p>Após semanas ou meses, verificar se o funcionário está trabalhando adequadamente,</p><p>em boas condições ergonômicas. Observar a ocorrência de lesões. Promover o acom-</p><p>panhamento da gravidade das lesões e dos resultados dos programas.</p><p>A fase de desenvolvimento em longo prazo pode constar de 7 fases:</p><p>I. Resolução das dificuldades do comitê:</p><p>• Ergonomia em terceiros: Contatar comitê do terceiro, o terceiro (prestador de</p><p>serviços) pode ter participação no comitê e atuar normalmente como prestador de</p><p>serviços (terceiro);</p><p>• Planejamento de tempo: Descentralização de responsabilidades, dia da ergonomia</p><p>e qualidade da atividade;</p><p>• Os problemas grandes: Devem ser fragmentados em problemas pequenos.</p><p>18</p><p>19</p><p>II. Aperfeiçoamento da Documentação Evidenciada:</p><p>Deve ser criado um arquivo comparativo em vídeo. Os formulários devem ser arqui-</p><p>vados. Deve, também, ser documentado o problema identificado e a solução aplicada.</p><p>Deve haver uma organização de pastas por setor.</p><p>III. Treinamentos Especializados:</p><p>Com o passar do tempo, devem ser oferecidos treinamentos mais avançados, por</p><p>exemplo: ergonomia em projetos e ergonomia cognitiva.</p><p>IV. Detecção de situações causadoras de</p><p>desconforto, dificuldade e fadiga:</p><p>Após a redução de afastamentos e redução de “situações problema”, o comitê deve</p><p>continuar o acompanhamento e detecção de fatores causais de desconforto, dificuldade</p><p>e fadiga por meio de apoio médico, questionários e entrevistas informais.</p><p>V. Auditoria Periódica:</p><p>Aspectos levantados: registro de entrada de processos, análise ergonômica, perio-</p><p>dicidade de reuniões do comitê, presença dos membros às reuniões, oficialização das</p><p>mudanças dos membros do comitê, análise dos problemas em categorias, verificação e</p><p>acompanhamento.</p><p>VI. Revisão e melhoria constante do processo:</p><p>As revisões devem ser semestrais e, em cada rodada, devem revisar a situação de</p><p>projetos ergonômicos e das estatísticas de afastamento, fazer a priorização dos aspectos</p><p>a serem melhorados, desenvolver objetivos para melhorias e desenvolver planos para</p><p>implantação de melhorias.</p><p>VII. Comunicação de sucessos:</p><p>• Deve ser feita a comunicação de atividades e resultados. As áreas devem ser infor-</p><p>madas sobre os resultados;</p><p>• Periodicamente deve haver prestação de contas, à alta administração, com relação</p><p>a alterações em produtividade, redução de afastamentos, redução de processos</p><p>judiciais e redução de custos;</p><p>• O funcionamento do comitê de ergonomia muito se assemelha a um sistema de</p><p>gestão, conforme já citado anteriormente;</p><p>O OHSAS – Occupational health and safety assessment series – é uma norma bri-</p><p>tânica reconhecida internacionalmente.</p><p>A OHSAS 18.001 é uma norma de requisitos (chamada Especificação) que é utilizada</p><p>para auditar e certificar os Sistemas de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho.</p><p>A OHSAS pode ser implantada independente de a empresa ter ou não outro sistema.</p><p>Entretanto, se ela tiver um sistema de gestão ISO 9001 e/ou 14001, a experiência tem</p><p>mostrado que a implantação da OHSAS é consideravelmente mais fácil.</p><p>19</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>A integração dos sistemas de gestão – qualidade, ambiental, segurança e saúde ocu-</p><p>pacional são denominados Sistema de Gestão Integrado (SIG) para resultados eficazes,</p><p>que pode ser utilizado no planejamento o Ciclo de Melhoria Contínua utilizando o sis-</p><p>tema PDCA que é um método iterativo de gestão de quatro passos, utilizado para o</p><p>controle e melhoria contínua de processos e produtos.</p><p>Em Síntese</p><p>Para uma boa atuação da equipe do Sistema de Gestão Integrado, deve-se sempre buscar</p><p>a antecipação do previsível e enfrentar o imprevisto, para isso as equipes precisam estar</p><p>formadas para atuar com a resiliência que é um sistema que busca “a capacidade de ante-</p><p>cipar, de detectar precocemente e de responder adequadamente a variações do funciona-</p><p>mento do sistema no que diz respeito às condições de referência, visando minimizar seus</p><p>efeitos sobre a estabilidade dinâmica” (DANIELLOU et al., 2010). Os trabalhos relacionados</p><p>à segurança sistêmica mostram que essa resistência depende de dois componentes:</p><p>A segurança normatizada: evitar todos os defeitos ou panes previsíveis por formalismos,</p><p>regras, automatismos, medidas e equipamentos de proteção, formações com relação aos</p><p>“comportamentos seguros” e por um gerenciamento que assegure o respeito às regras</p><p>(DANIELLOU et al., 2010).</p><p>A segurança em ação: capacidade de antecipar, de perceber os disfuncionamentos não</p><p>previstos pela organização e de responder a eles. Ela se baseia nos conhecimentos e</p><p>na experiência humana, na qualidade das iniciativas, no funcionamento dos coletivos</p><p>e das organizações e num gerenciamento atento à realidade das situações, que favo-</p><p>recem a articulação entre diferentes tipos de conhecimentos úteis para a segurança</p><p>(DANIELLOU et al., 2010).</p><p>20</p><p>21</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Vídeos</p><p>Como produzir indicadores de segurança confiáveis?</p><p>https://youtu.be/mwiA1QY9SNI</p><p>Como medir a Segurança no Trabalho?</p><p>https://youtu.be/0kTxU03q4x0</p><p>“Safety Differently”, o Filme. Apresentado por Sidney Dekker</p><p>https://youtu.be/iy1g1hqwBhU</p><p>Leitura</p><p>Fatores Humanos e Organizacionais da Segurança Industrial</p><p>https://bityl.co/7s8z</p><p>Cultura de segurança: benefícios e dicas para implementar na empresa</p><p>https://bit.ly/3R2iWPo</p><p>21</p><p>UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações</p><p>Referências</p><p>DANIELLOU, F.; SIMARD, M.; BOISSIÈRES, I. Fatores Humanos e Organizacionais</p><p>da Segurança Industrial: um estado da arte. Traduzido do original Facteurs Humains</p><p>et Organisationnels de la Sécurité Industrielle por ROCHA, R.; LIMA, F.; DUARTE, F.</p><p>Número 2013-07. Cadernos da Segurança Industrial, ICSI, Toulouse, França, 2010.</p><p>FLEMING, M. Safety culture maturity model. Health and Safety Executive.</p><p>Norwich: British Library Document Supply Center Colegate, 2001.</p><p>GONÇALVES FILHO, A. P.; ANDRADE, J. C. S.; MARINHO, M. M. de O. Cultura e</p><p>gestão da segurança no trabalho: uma proposta de modelo. Gestão & Produção, v. 18,</p><p>n. 1, p. 205-220, 2011.</p><p>HUDSON, P. Aviation safety culture. Safeskies, p. 1-23, 2001.</p><p>REASON, J. Managing the risks of organizational accidents. Inglaterra: Ashgate</p><p>Publishing Limited, 1997. 252 p.</p><p>ROCHA, R. S.; VILELA, R. A. G. Por uma Cultura de Segurança nas organizações.</p><p>Org. Daniel Braatz, Raoni Rocha e Sandra Gemma. In: Engenharia do Trabalho –</p><p>Saúde, Segurança, Ergonomia e Projeto. Campinas: Libris, 2021. Prelo. Disponível em:</p><p>. Acesso dia 20/06/2021.</p><p>22</p><p>a necessidade de trabalho</p><p>que o homem tem, a partir da mais básica, que é caçar para comer. Ainda na Pré-</p><p>-história, quando o homem era nômade, precisava caçar para comer e, quando a comida</p><p>começava a faltar em uma determinada região, migrava para outra.</p><p>Quando saía para a caça, procurava uma pedra que melhor se encaixasse em sua</p><p>mão a fim de usá-la como arma e auxiliar na caçada.</p><p>Nota-se que, desde a Pré-história, ainda que intuitivamente, o homem procura por</p><p>dispositivos que o auxiliem no trabalho. Essa ideia também esteve presente na era da</p><p>produção artesanal que antecedeu a revolução industrial quando os artesãos procuravam</p><p>adaptar as tarefas às necessidades humanas.</p><p>Alguns nomes foram muito importantes para a Evolução Histórica Da Ergonomia no</p><p>Mundo, vamos a esses pioneiros na tabela abaixo:</p><p>Tabela 1 – Pioneiros históricos da ergonomia</p><p>Nome Profi ssão Descrição</p><p>Leonardo</p><p>da Vinci</p><p>Artista</p><p>O Pintor combinou em um mesmo desenho</p><p>o homem inserido no círculo e no quadrado,</p><p>promovendo estudos acerca das dimensões e</p><p>movimentos humanos. Atualmente, o conheci-</p><p>mento das formas e medidas do corpo aplicado</p><p>em projetos é denominado antropometria.</p><p>Bernard Forest</p><p>de Bélidor</p><p>Pesquisador</p><p>No fim do século XVII, as substituições dos seres</p><p>humanos por máquinas nos postos de trabalho</p><p>eram iminentes, por isso iniciou pesquisas que</p><p>poderiam construir sistemas para poupar a</p><p>saúde e integridade física dos trabalhadores.</p><p>É exatamente nessa ocasião que se incluem os</p><p>estudos de Bernard com planejamento do tra-</p><p>balho e das interfaces na organização do tra-</p><p>balho. Promoveu algumas contribuições para a</p><p>engenharia civil e mecânica.</p><p>Patissier Médico</p><p>No século XIX, o médico observa as doenças</p><p>relacionadas ao trabalho, como o saturnismo</p><p>e a silicose, e promove ações para proteger os</p><p>trabalhadores, como os equipamentos de pro-</p><p>teção individual. Para isso preconizou o uso de</p><p>bexigas animais para a proteção respiratória e</p><p>de óculos para proteção dos corpos estranhos.</p><p>Ele recomenda aos ourives levantar a cabeça</p><p>de vez em quando e olhar para o infinito como</p><p>modo de evitar a fadiga visual. Também pre-</p><p>coniza proteção dos moinhos e concebe má-</p><p>quinas para diminuir o esforço físico, como as</p><p>máquinas de lavar.</p><p>17</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>Nome Profissão Descrição</p><p>Frederick</p><p>Wisnslow Taylor</p><p>Engenheiro, adminis-</p><p>trador e pesquisador</p><p>Taylor estudou e tornou-se Engenheiro Mecânico</p><p>e, no ambiente que conhecia, foi de simples ope-</p><p>rário à gerente industrial promovendo estudos</p><p>sistêmicos acerca de como organizar a produção</p><p>e melhorar a sua eficiência. Esses estudos trans-</p><p>formaram-se em publicações que preconizavam</p><p>uma maneira sistêmica, científica de analisar o</p><p>trabalho buscando redução de movimentos e</p><p>aumento de eficiência. A essa “maneira científi-</p><p>ca” de “organizar o trabalho” deu-se o nome de</p><p>Administração Científica ou Taylorismo.</p><p>Jules Amar Fisiologista</p><p>Amar descreve os princípios mecânicos gerais</p><p>do corpo humano como uma máquina. Co-</p><p>menta sobre a energia humana e os efeitos fi-</p><p>siológicos causados pelo trabalho. Com relação</p><p>à interação homem e ambiente ele apresenta</p><p>os resultados dos seus estudos e de outros que</p><p>avaliaram o efeito do trabalho, cognitivos, psi-</p><p>cológicos, fisiológicos, sociais e ambientais so-</p><p>bre o corpo humano. Aborda as medidas cien-</p><p>tíficas do corpo humano, a energia produzida é</p><p>dissipada, e considera o corpo como uma má-</p><p>quina em sua relação com o trabalho industrial.</p><p>Fonte: Adaptada de SILVA; PASCHOARELLI, 2010</p><p>A Inglaterra foi “arrastada” para a Revolução Industrial a partir da formação de uma</p><p>classe burguesa ávida por consumir bens, pelo êxodo dos ingleses do campo para a</p><p>cidade e, ainda, o domínio da tecnologia da máquina a vapor.</p><p>Essa união de fatores promoveu a Revolução Industrial na Inglaterra, evento esse que</p><p>mudou a face do mundo.</p><p>A onda da “produção de bens” em escala industrial (larga escala) invadiu a Europa</p><p>rapidamente por uma questão de proximidade geográfica e subsequentemente, a América.</p><p>As primeiras fábricas que surgiram nesse cenário eram sujas, escuras, barulhentas e</p><p>perigosas; era o ambiente de trabalho de milhares de pessoas. As fábricas dessa época</p><p>em nada parecem com o ambiente industrial nos moldes que conhecemos hoje em dia.</p><p>Naquela época, o trabalho era realizado por homens, mulheres e crianças que ti-</p><p>nham jornadas de trabalho de até 18 horas por dia e, constantemente, submetidos a</p><p>castigos físicos, sem férias, sem indenizações de qualquer espécie e o pagamento pelo</p><p>trabalho era feito diariamente.</p><p>No final do século XVIII e início do século XIX, surge nos Estados Unidos da América</p><p>um simples operário que revolucionaria a maneira de se produzir bens industrialmente</p><p>(em larga escala), seu nome é Frederick Winslow Taylor. Taylor estudou e tornou-se</p><p>Engenheiro Mecânico e, no ambiente que conhecia, foi de simples operário à gerente</p><p>industrial promovendo estudos sistêmicos acerca de como organizar a produção e me-</p><p>lhorar a sua eficiência. Esses estudos transformaram-se em publicações que preconiza-</p><p>vam uma maneira sistêmica, científica, de analisar o trabalho buscando redução de mo-</p><p>vimentos e aumento de eficiência. A essa “maneira científica” de “organizar o trabalho”</p><p>deu-se o nome de Administração Científica ou Taylorismo.</p><p>18</p><p>19</p><p>Na Europa, mais especificamente na Alemanha e França e países escandinavos em</p><p>meados de 1900, surgiram estudos sobre a fisiologia humana voltada ao trabalho (fisio-</p><p>logia do trabalho) e gastos energéticos na tentativa de migrar os conhecimentos sobre</p><p>fisiologia desenvolvidos em laboratório para ambientes extremos tais como: minas de</p><p>carvão, fundições e outras situações onde a energia gasta para realizar o trabalho huma-</p><p>no era máxima e o ambiente extremamente agressivo à saúde humana.</p><p>Ao redor do mundo, muitos esforços foram mobilizados para realização de estudos</p><p>relacionados sobre os movimentos do corpo como: fadiga muscular, fadiga psicológica,</p><p>aptidão física, postura no trabalho, desenvolvimento de mobiliário, iluminação, ventilação,</p><p>temperatura, ruído, umidade, vibração etc. Todos esses conhecimentos que foram acerca</p><p>da combinação harmônica entre homens e sistemas acumulados em todas as partes do</p><p>planeta foram de grande valor na ocasião da Segunda Guerra Mundial ( 1939-1945) com a</p><p>finalidade de desenvolver projetos e promover a construção de materiais bélicos sofistica-</p><p>dos tais como submarinos, tanques, radares, navios, aviões, sistemas contra incêndio etc.</p><p>Além do alto custo de cada um desses produtos, o operador (soldado) no manu-</p><p>seio dessas “máquinas” era exposto a condições de extrema fadiga física e psicológica.</p><p>Assim, estudos foram promovidos por equipes multidisciplinares a fim de melhorar a</p><p>adaptação do homem ao sistema, ou seja, do soldado às máquinas bélicas no campo de</p><p>batalha. A Ergonomia do pós-guerra, em tempos de paz, era frequentemente ridicula-</p><p>rizada por sua “falta de credibilidade” que perdurou até o Departamento de Defesa dos</p><p>EUA desenvolver pesquisas em Universidades e Centros de Pesquisa Especializados.</p><p>A Ergonomia, do Taylorismo</p><p>até os Dias de Hoje</p><p>Conforme citado anteriormente, o ícone da Administração Científica é o Engenheiro</p><p>americano, Frederick Winslow Taylor ( 1856-1915), todavia, devido à importância de</p><p>seus métodos, vamos conhecê-lo melhor. Taylor começou sua vida profissional como</p><p>simples funcionário de uma empresa metalúrgica americana e chegou, como engenheiro</p><p>mecânico ao nível, do que se conhece de estrutura organizacional nos dias de hoje, dire-</p><p>toria industrial tendo passado também pelo Nível Gerencial.</p><p>Pelo fato de Taylor iniciar sua vida profissional como simples operário, nessa função,</p><p>teve a oportunidade de vivenciar o que a sociologia do trabalho chama de código de</p><p>trabalho. Código de trabalho é quando os funcionários de um determinado setor de uma</p><p>empresa definem regras próprias quanto ao ritmo de trabalho e, muitas vezes, regras</p><p>próprias para o método de trabalho também.</p><p>Por isso, mais tarde, Taylor definiu os fun-</p><p>cionários de “indolentes”; oportunamente retornaremos a essa afirmação.</p><p>Ao receber sua primeira promoção, Taylor, como qualquer líder, inclusive nos dias de</p><p>hoje, passou a ser cobrado por resultados. Como era conhecedor de como o trabalho</p><p>era realizado em sua Empresa, sabia que era vital para seu sucesso profissional orga-</p><p>nizar a parte feia, suja e desorganizada da Empresa chamada de produção. Como não</p><p>havia nenhum histórico anterior relacionado a estudos específicos sobre organização da</p><p>19</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>produção ou eficiência do processo produtivo, Taylor pode realizar, sem nenhum tipo</p><p>de cobrança ou expectativa, seus experimentos acerca do que ele, imaginava ser uma</p><p>empresa organizada e eficiente.</p><p>Taylor fez muitos testes como tentativa e erro. O resultado desses testes e observa-</p><p>ções fez com que Taylor publicasse sua teoria de organização do trabalho conhecido</p><p>como “Princípios da Administração Científica” que consistia primeiramente na Divisão</p><p>do Trabalho. Taylor pregava que para se obter ganhos de eficiência na produção de todo</p><p>trabalho a ser realizado, esse “trabalho todo” deveria ser dividido em tarefas simples e</p><p>repetitivas e que o funcionário deveria ser treinado nas suas tarefas seguindo rigorosa-</p><p>mente a “prescrição da tarefa”.</p><p>Naquela época, o funcionário recebia por dia e não havia um vínculo formal de tra-</p><p>balho na forma de “emprego” como conhecemos hoje. Antes de seu método, não havia</p><p>nenhuma recomendação da sequência de atividades que deveriam ser feitas ou como essas</p><p>atividades deveriam ser feitas. Cada um fazia, mais ou menos, o que queria da forma que</p><p>queria e com a “carga de trabalho” que achava justa pelo seu ganho diário. Ou seja, um</p><p>funcionário que trabalhava muito ganhava o mesmo dinheiro que um funcionário que</p><p>trabalhava pouco; logo, a realização do trabalho era nivelada por baixo.</p><p>E Taylor sabia disso, sabia que havia uma boa parcela de ineficiência aceita pelo for-</p><p>mato de trabalho da época. Foi nesse cenário que Taylor, ao dividir o trabalho, impôs</p><p>uma sequência de trabalho, posto a posto de trabalho. Ele definiu que, em cada posto</p><p>de trabalho, as tarefas deveriam ser feitas de maneira simples e repetitivas. Foi uma ma-</p><p>neira inteligente de definir um fluxo contínuo de produção além de tentar garantir que o</p><p>trabalho fosse feito, sempre, da mesma maneira e, como consequência, distribuiu a carga</p><p>de trabalho uniformemente entre os operários em cada um dos seus postos der trabalho.</p><p>Na prescrição da tarefa dos postos de trabalho, Taylor procurava pensar na tarefa e rever</p><p>os movimentos de maneira a eliminar os movimentos desnecessários a fim de economizar</p><p>tempo e energia. A fim de tornar o trabalho mais eficiente e menos exaustivo ao operário,</p><p>começou a medir o trabalho no tempo, o que mais tarde seria chamado de cronoanálise.</p><p>Além de dividir o trabalho, passou a definir a sequência e fazer a prescrição da tarefa,</p><p>Taylor também imprimiu um ritmo de trabalho na produção com as esteiras móveis. A estei-</p><p>ra móvel a que nos referimos, nesse momento, não é a esteira móvel de Ford que foi a</p><p>precursora da produção em massa. A esteira móvel de Ford veio mais tarde.</p><p>Taylor teve preocupações relativas à organização da fábrica, bem como à sua efici-</p><p>ência, e preocupou-se, também, em organizar o espaço fabril, ordenando os elementos</p><p>(máquinas) de maneira eficiente no meio (fábrica). Após a publicação dos “Princípios da</p><p>Administração Científica”, de Taylor, muitas empresas adotaram seus métodos. Taylor</p><p>foi muito criticado em sua obra, pois se afirmava que ele rebaixava o homem à condição</p><p>de animal. Ele dizia que o estudo do método de trabalho deveria ser executado por uma</p><p>parte da Empresa composta por pessoas que deveriam ter estudado e estar devidamente</p><p>preparadas para isso.</p><p>Para ele, jamais deveria ser dada ao simples funcionário a autonomia de decidir o</p><p>que, como e quando fazer. Falava-se, com essa afirmação, que Taylor definia o simples</p><p>funcionário como “acéfalo”, ou pouco dotado de inteligência, e incapaz de tomar de-</p><p>cisões racionais. Taylor dizia, também, que o trabalho deveria ter um método definido</p><p>20</p><p>21</p><p>com ritmo a fim de “impedir” que o funcionário “burlasse intencionalmente” os índices</p><p>de eficiência esperados.</p><p>Hoje em dia, poderíamos dizer que Taylor não queria que o simples funcionário “en-</p><p>costasse o corpo” e, com essa situação, afirmava-se que ele havia rotulado o simples</p><p>funcionário de indolente ou, se preferir, de vagabundo.</p><p>Taylor, para “motivar” seus funcionários, oferecia prêmios para ganhos em produ-</p><p>tividade; quem produzisse mais, ganhava mais. Todavia, nem sempre os princípios de</p><p>Taylor eram devidamente empregados. Muitas vezes, o tempo definido para a execução</p><p>da tarefa e o próprio método eram definidos por quem sequer conhecia a fábrica e, as-</p><p>sim, impossíveis de ser cumpridos.</p><p>Os funcionários sentiam-se oprimidos pela Gerência da Fábrica e, várias vezes, rea-</p><p>giam descumprindo as normas (prescrição da tarefa) e danificando, intencionalmente, os</p><p>equipamentos, além de não se sentirem minimamente comprometidos com a qualidade.</p><p>Por se sentirem vítimas de um ambiente absolutamente coercitivo, houve reclamações</p><p>generalizadas por todo o país (EUA), envolvendo inclusive os Sindicatos.</p><p>O descontentamento era tão grande que Taylor foi chamado a se explicar no Congresso</p><p>Nacional Americano sob o argumento de que nesse “novo método de trabalho” trabalha-</p><p>va-se mais (produzia-se mais) e se ganhava a mesma quantidade em dinheiro, além de ele</p><p>ser coercitivo. Taylor defendeu-se dizendo que, na Administração Científica, o traba lhador</p><p>não trabalhava mais, trabalhava melhor. Como havia uma grande preocupação com a</p><p>economia de energia do trabalhador por meio da racionalização dos movimentos, ele</p><p>trabalhava menos, produzia mais e ainda tinha prêmio relativo ao seu desempenho.</p><p>Segundo a Física, toda ação requer uma reação e, como reação à Administração Cien-</p><p>tífica de Taylor, ou Taylorismo, surge a Escola das Relações Humanas, cujo ícone é Elton</p><p>Mayo. Até Mayo, a noção de trabalho era relacionada à pena bem como na Bíblia. E a</p><p>imagem de operário era relacionada a quem não tem vontade, direitos ou, sequer, dores.</p><p>Em meados da década de 1920, Mayo promoveu uma pesquisa que revolucionou</p><p>a relação homem x trabalho, na Empresa Western Electric em Hawtorne, EUA. Mayo</p><p>pretendia estudar os efeitos da iluminação na eficiência da fábrica. Separou um grupo</p><p>de trabalhadores da produção e os colocou num ambiente isolado da produção. Nesse</p><p>espaço, não havia a presença do “capataz”, do encarregado ou do supervisor de produção</p><p>como é nos dias de hoje. Muitas vezes, o capataz era coercitivo, a ponto de castigar</p><p>fisicamente o operário. Mayo forneceu iluminação adequada e a produção aumentou e,</p><p>num segundo momento, ele reduziu a iluminação, e a produção continuou a subir.</p><p>Esse efeito foi chamado de efeito Hawtorne, e Mayo concluiu que a eficiência na pro-</p><p>dução não era explicada ou justificada apenas por fatores físicos; havia o componente</p><p>humano, que deveria ser identificado, reconhecido e valorizado.</p><p>Os operários escolhidos para esse estudo receberam atenção especial e, ao saberem</p><p>que estavam sendo filmados, sentiram-se valorizados. Ao contrário da proposta de Taylor,</p><p>na qual o operário era analisado isoladamente, Mayo propôs, a partir do efeito Hawtorne,</p><p>a humanização da produção, criando incentivos morais e psicológicos. Afinal, posto que</p><p>o trabalho é um meio de vida e não de morte, não precisa ser “penoso”.</p><p>21</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>A partir do efeito Hawtorne, surge um novo campo de pesquisa, conhecido como</p><p>Sociologia Industrial e, com ela, os grupos autônomos, com tarefas mais integradas, nos</p><p>moldes da organização do trabalho como conhecemos nos dias de hoje.</p><p>Campos de Atuação para</p><p>o Profissional da Ergonomia</p><p>Vivemos um momento em que ocorrem muitas transformações no mundo do trabalho</p><p>com a constante transformação, humana, ambiental e tecnológica. Por isso, diante das</p><p>novas tecnologias, entre elas a indústria 4.0, e novos materiais, aplicativos, drones,</p><p>sistemas, big datas etc. como as nanotecnologias – muitas mudanças na legislação,</p><p>que visam à flexibilização de regras e diminuição da ação regulatória do Estado, do</p><p>envelhecimento da população, além da necessidade de inovação visando à maior</p><p>competitividade e a busca por sustentabilidade e responsabilidade social –, a contribuição</p><p>da Ergonomia procura diminuir o impacto nas condições de trabalho atuando em diversos</p><p>campos de interesse das empresas e instituições e do seu corpo administrativo e técnico</p><p>(DONATELLI et al., 2021).</p><p>Atenção! Vamos apresentar atividades de trabalho para profissionais com formação</p><p>em ergonomia.</p><p>Quadro 1 – Ações e Descrição</p><p>Programas de</p><p>prevenção de acidentes</p><p>e agravos relacionados</p><p>ao trabalho</p><p>Os ergonomistas e profissionais de saúde das empresas podem favo-</p><p>recer o desenho de programas de atenção e vigilância à saúde dos</p><p>trabalhadores mais abrangentes, promovendo ações preventivas e</p><p>protetivas para adoecimentos, acidentes e a segurança industrial.</p><p>Projeto de produtos e</p><p>de sistemas técnicos e</p><p>organizacionais</p><p>Os ergonomistas podem participar ativamente em projetos, simu-</p><p>lações, contribuindo para o desenho de postos de trabalho (entre</p><p>eles salas de controle), mobiliário, sistemas informatizados, inter-</p><p>faces físicas e informatizadas, organização do trabalho e forma-</p><p>ção das equipes de trabalho.</p><p>Inclusão de pessoas</p><p>com deficiência (PCD) e</p><p>retorno ao trabalho</p><p>Os profissionais podem desenvolver e/ou utilizar métodos e téc-</p><p>nicas que garantam a efetiva inclusão (ou reinserção/retorno)</p><p>desses trabalhadores, homens e mulheres, em atividades, sem</p><p>colocar em risco sua saúde. Assim, torna-se necessário o conhe-</p><p>cimento das condições reais de trabalho, como a abordagem pro-</p><p>posta pela ergonomia da atividade.</p><p>Programa de formação</p><p>profissionais</p><p>Nas universidades, faculdades e cursos técnicos os profissionais</p><p>podem exercer atuação na formação dos profissionais deste cam-</p><p>po de trabalho, bem como treinamentos específicos para setores</p><p>que precisam conhecer sobre a temática.</p><p>Fonte: Adaptado de DONATELLI et al., 2021</p><p>22</p><p>23</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Sites</p><p>Engenharia do Trabalho</p><p>https://bit.ly/3zZvpbL</p><p>Ergonomia da Atividade - Produção de Conteúdo Sobre o Trabalho Real</p><p>https://bit.ly/3tBzAIs</p><p>Vídeos</p><p>PGR e a Nova NR-17 I Live com Marçal Jackson, Maria de Lourdes Moure e Mauro Muller</p><p>https://youtu.be/4tmyX-MonUQ</p><p>Live CANPAT | Especial PGR</p><p>Campanha Nacional de Prevenção de Acidente de Trabalho – Programa de Gerenciamento</p><p>de Risco .</p><p>https://youtu.be/wrpdwR8aP5Q</p><p>Lives sobre ergonomia, segurança e cultura no trabalho</p><p>https://bit.ly/3BXcU8u</p><p>Leitura</p><p>Livro Engenharia do Trabalho Saúde, Segurança, Ergonomia e Projeto</p><p>https://bityl.co/7WNK</p><p>Parte VIII. Gestão de Acidentes e Segurança – OIT</p><p>https://bit.ly/399qB81</p><p>23</p><p>https://bit.ly/3tBzAIs</p><p>UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho</p><p>Referências</p><p>ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2021.</p><p>BRASIL. Norma Regulamentadora nº 17. Disponível: . Acesso em: 26/03/2021.</p><p>DANIELLOU, F.; SIMARD, M.; BOISSIÈRES, I. Facteurs humains et organisationnels</p><p>de la sécurité industrielle: un état de l’art. Cahiers de la Sécurité Industrielle,</p><p>nº 2010-02, Institut pour une Culture de Sécurité Industrielle, Toulouse, France (ISSN</p><p>2100 – 3874), 2010. Disponível em: . Acesso</p><p>em: 23/03/2021.</p><p>DONATELLI, S. LIMA, F. P. A.; JACKSON FILHO, J. M.; SIMONELLI, A. P. Elemen-</p><p>tos da história da ergonomia no Brasil. Engenharia do Trabalho: saúde, segurança,</p><p>ergonomia e projeto. [on-line] Editora Libris – (2021) – Prelo – Disponível em: . Acesso em: 26/03/2021.</p><p>FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher, 2010.</p><p>IEA. Internatinal Ergonomics Association. Disponível em: .</p><p>Acesso em: 23/03/2021.</p><p>LIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005.</p><p>PAVANI, R. A. Avaliação dos riscos ergonômicos como ferramenta gerencial em</p><p>saúde ocupacional. XIII SIMPEP, Bauru, São Paulo, nov. 2006.</p><p>ROSA, M. A. G.; QUIRINO, R. Ergonomia, saúde e segurança no trabalho: intersec-</p><p>cionalidade com as relações de gênero. CIENTEC – Revista de Ciência, Tecnologia e</p><p>Humanidades do IFPE, v. 9, n. 3, 2018.</p><p>SILVA, J. C. P.; PASCHOARELLI, L. C. Orgs. A evolução histórica da ergonomia no</p><p>mundo e seus pioneiros. São Paulo: UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.</p><p>103 p. ISBN 978-85-7983-120-1. [on-line] Available from SciELO Books. Disponível</p><p>em: .</p><p>SOCIEDADE BÍBLIA DO BRASIL. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento.</p><p>Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília: So-</p><p>ciedade Bíblia do Brasil, 1969.</p><p>TAVARES, C. R. G. Segurança do Trabalho I. Natal: UFRN, 2009.</p><p>WISNER, A. A análise da atividade em trabalhos complexos. In: Por dentro do trabalho:</p><p>ergonomia, método e técnica. São Paulo: FTD/Oboré, 1987.</p><p>24</p><p>Ergonomia e</p><p>Segurança do Trabalho</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro</p><p>Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>• Apresentar aos alunos informações básicas sobre as obrigações legais, as responsabilidades</p><p>e as ações que visem à proteção e à prevenção no meio ambiente de trabalho – especial-</p><p>mente as Normas Regulamentadoras;</p><p>• Apresentar estudos casos para promover a reflexão.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Regulamentação do Trabalho no Brasil;</p><p>• Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);</p><p>• Normas Regulamentadoras (NR);</p><p>• Organização Internacional do Trabalho (OIT);</p><p>• Constituição Federal;</p><p>• Aplicação das Normas Regulamentadoras.</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Contextualização</p><p>No mundo do trabalho, um dos principais objetivos é a produção máxima com custo</p><p>mínimo. Isso vale tanto para os países subdesenvolvidos, que buscam de alguma ma-</p><p>neira alternativas que possam melhorar os seus custos para, eventualmente, alcançar o</p><p>crescimento, quanto para os países desenvolvidos, que buscam o controle econômico,</p><p>mas, muitas vezes, esse interesse deixa de lado o bem-estar do ser humano e, para isso,</p><p>é necessário que exista algo que possa tratar da sua segurança.</p><p>Com isso, podemos pensar nos conceitos de Segurança, Saúde do Trabalhador e</p><p>Ergonomia, que podem e devem atuar em conjunto com um fator imprescindível na</p><p>redução dos custos: a Tecnologia.</p><p>Neste contexto globalizado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) na busca</p><p>de melhoria nas relações e condições formalizou, em 1999, a OIT o conceito de Tra-</p><p>balho Decente como uma síntese:</p><p>[...] sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e</p><p>mulheres obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições</p><p>de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas. O Trabalho De-</p><p>cente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT</p><p>(o respeito aos direitos no trabalho, a promoção do emprego, a exten-</p><p>são da proteção social e o fortalecimento do diálogo social), e condição</p><p>fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades</p><p>sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento</p><p>sustentável. (GUIMARÃES, 2012, p. 9)</p><p>Para ampliar o conhecimento e permitir a ampliação dos olhares, é de suma impor-</p><p>tância conhecer as informações sobre o Trabalho Decente, por isso selecionados dois</p><p>espaços de pesquisa:</p><p>Conheça os dados do Trabalho Decente no Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3xNiTdO</p><p>Explore a pesquisa Perfil do Trabalho Decente no Brasil conduzida pela Organização Interna-</p><p>cional do Trabalho (OIT). Disponível em : https://bit.ly/3xPRqIC</p><p>Para conhecer o mundo do trabalho, é fundamental compreender como se desen-</p><p>volveu as atividades de trabalho manuais “trabalho de campo”, e quem eram os atores</p><p>que tomavam as decisões, e qual a remuneração destes trabalhadores – nesse sentido, é</p><p>importante refletir:</p><p>Durante as fases do Mercantilismo (Século XV – XVIII), da Revolução Industrial (Século XVIII</p><p>– XIX) e da Hegemonia do Sistema Financeiro (Século XX), quem são os trabalhadores que</p><p>realizavam os trabalhos manuais – “trabalho de campo”? Como eram as condições de tra-</p><p>balho em cada época? Como eram as formas de remuneração desses trabalhadores?</p><p>8</p><p>9</p><p>Regulamentação do Trabalho no Brasil</p><p>A fim de regulamentar as relações entre empregador e empregado e de conter a</p><p>exploração do trabalho humano, o Governo brasileiro, a exemplo de outros governos,</p><p>procurou formalizar as regras de desenvolvimento do trabalho humano em ambientes</p><p>específicos, com o objetivo de proteger e manter a vida do trabalhador.</p><p>Existem normas que definem essa relação. Essas normas são conhecidas como Nor-</p><p>mas Regulamentadoras e advêm da Consolidação das Leis do Trabalho, sancionada pelo</p><p>então Presidente da República Federativa do Brasil, Getúlio Vargas, em 1943.</p><p>A atividade de trabalho humana inicia na busca da sua subsistência, em que o homem</p><p>nômade saía à caça, mas não era remunerado.</p><p>Quando surge o trabalho remunerado, ou seja, o trabalho humano assalariado, surge</p><p>também a preocupação com eficiência, competitividade e lucros. Muitas vezes, a pre-</p><p>ocupação com lucros rouba a cena de tal forma que não há espaço para preocupação</p><p>com o humano, tampouco com as condições de trabalho, nem se a atividade de trabalho</p><p>pode gerar risco/perigo para os trabalhadores no meio ambiente de trabalho.</p><p>Com o passar do tempo e o desenvolvimento da sociedade, houve a necessidade de</p><p>formalizar, em forma de Lei, as relações entre empregador e empregado. Assim surge</p><p>o trabalho assalariado.</p><p>Para esclarecer o trecho supracitado, é preciso fazer uma viagem no tempo. Nos</p><p>primeiros séculos da Idade Média, no feudalismo, quando houve uma migração da mão</p><p>de obra do campo para as cidades, as terras dos feudos, em algumas situações, foram</p><p>arrendadas e o trabalho humano passou a ser assalariado.</p><p>Os artesãos e os pequenos comerciantes não moravam dentro dos feudos; moravam</p><p>fora em comunidades conhecidas como burgos, que deram o nome à classe financeira-</p><p>mente privilegiada, que ficou conhecida como burguesia.</p><p>Os habitantes dos burgos passaram a se preocupar em aumentar a área de suas ope-</p><p>rações e procuraram expandir seus negócios em outros mercados (localidades fora da</p><p>vizinhança em que então negociavam).</p><p>A burguesia acumulava riquezas a partir da expansão de suas operações, que era basi-</p><p>camente o comércio. Nesse cenário, surge a figura dos “detentores dos meios de produ-</p><p>ção”, que tinham como objetivo principal obter lucros a partir desses meios de produção.</p><p>A utilização dos meios de produção com o objetivo de gerar lucros (acumular rique-</p><p>zas) é a definição de Capitalismo.</p><p>Havia quem detinha os meios de produção e havia também uma franca expansão dos</p><p>mercados consumidores.</p><p>Com a “onda do Capitalismo comercial” invadindo o mundo e, ainda, na Inglaterra,</p><p>uma seara fértil, com a descoberta da bomba hidráulica e da máquina a vapor em um</p><p>momento em que havia mão de obra disponível, matéria-prima abundante (carvão) e um</p><p>9</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>governo com políticas favoráveis, explode a Revolução Industrial, advento que reinven-</p><p>taria, definitivamente, a face do mundo em termos de consumo e produção.</p><p>No cenário da Revolução Industrial, os detentores dos meios de produção eram os do-</p><p>nos de Indústrias, que tinham como maior preocupação o lucro, a acumulação de riquezas,</p><p>a partir da utilização desses seus meios de produção e da utilização do trabalho humano.</p><p>O mundo estava em efervescência e a possibilidade de acumular riquezas era “des-</p><p>lumbrantemente possível”. Foi nesse cenário que, equivocadamente ou não, houve a</p><p>exploração do trabalho humano na forma de longas jornadas de trabalho, até 18 horas</p><p>por dia, trabalho feminino e infantil, além de, frequentemente, algumas organizações</p><p>exporem seus trabalhadores a castigos físicos.</p><p>Mesmo com a Administração Científica de Taylor, essas questões não foram ameni-</p><p>zadas. Equivocadamente, muitas pessoas acreditavam que era o taylorismo que empu-</p><p>nha essa dinâmica ao trabalho.</p><p>Em resposta ao taylorismo, veio Elton Mayo, com o “Efeito Hawthorne” conforme</p><p>vimos na unidade anterior.</p><p>Ao redor do mundo, governos se mobilizaram para, de alguma maneira, impor limi-</p><p>tes à relação capital trabalho ou empregador empregado, a fim de acabar com a explo-</p><p>ração do trabalho humano.</p><p>Na Itália, surge a Carta del Lavoro, no governo de Benito Mussolini.</p><p>No Brasil, em 1 de maio de 1943, Getúlio Vargas, Presidente da República Federa-</p><p>tiva do Brasil, sancionou o Decreto-Lei nº 5.452, criando a Consolidação das Leis do</p><p>Trabalho (CLT).</p><p>É a principal norma legislativa brasileira referente ao Direito do Trabalho e ao Direito</p><p>Processual do Trabalho, que tem como objetivo principal a regulamentação das relações</p><p>individuais e coletivas do trabalho nela – CLT – previstas.</p><p>O Decreto-Lei nº 5.452 foi assinado em pleno Estádio de São Januário (Clube de</p><p>Regatas Vasco da Gama), na cidade do Rio de Janeiro, que estava lotado para a come-</p><p>moração da assinatura da CLT.</p><p>A seguir, a transcrição do Art. 1º da CLT:</p><p>• Art. 1º. Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações</p><p>individuais e coletivas de trabalho, nela previstas.</p><p>O termo “celetista”, derivado da sigla “CLT”, costuma ser utilizado para denominar o</p><p>indivíduo que trabalha com registro em Carteira de Trabalho (BRASIL, 1943).</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)</p><p>O Cap. V do Título II da CLT trata de “Segurança e Medicina do Trabalho”. Normas</p><p>Regulamentadoras de SST emitidas pelo extinto Ministério do Trabalho vêm sendo</p><p>10</p><p>11</p><p>ampliadas e alteradas ao longo dos anos, ajustando-se às mudanças legais, técnicas,</p><p>sociais e ao texto constitucional (BRASIL, 1977). No momento atual (2021), as com-</p><p>petências do Ministério do Trabalho foram transferidas para o Ministério da Economia,</p><p>que responde pela Inspeção do Trabalho em nosso país (BRASIL, 2019).</p><p>A seguir, são descritos os itens mais importantes do Capítulo V da CLT (artigos 154</p><p>a 201), atualizados, sobre segurança e saúde no trabalho.</p><p>Tabela 1</p><p>Artigo</p><p>CLT Descrição Importância</p><p>157</p><p>Define a obrigação de as empresas cumprirem as normas</p><p>de SST e instruir os empregados quanto às precauções</p><p>contra acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.</p><p>Permite que os profissionais de saúde, segurança e ergo-</p><p>nomia atuem para prevenir e proteger os trabalhadores.</p><p>161</p><p>Define a possibilidade de interdição de estabelecimento,</p><p>máquina ou equipamento, pela autoridade trabalhista re-</p><p>gional, se houver grave e iminente risco para o trabalhador.</p><p>Permite que os auditores fiscais do trabalho realizem</p><p>a interdição de situações que podem gerar a morte</p><p>dos trabalhadores.</p><p>162</p><p>Define que as empresas são obrigadas a manter ser-</p><p>viços especializados em segurança e em medicina do</p><p>trabalho (SESMT).</p><p>Permite que as empresas contratem os profissionais de</p><p>saúde e segurança.</p><p>163 a 165</p><p>Define a obrigação da Comissão Interna de Prevenção de</p><p>Acidentes (CIPA) nas empresas, de acordo com o número</p><p>de empregados e o tipo de atividade.</p><p>Permite ter representantes dos trabalhadores para pro-</p><p>mover ações de melhorias no meio ambiente de trabalho.</p><p>166 e 167</p><p>Definem que a empresa é obrigada a fornecer aos em-</p><p>pregados, gratuitamente, Equipamentos de Proteção</p><p>Individual (EPI) adequados ao risco quando não houver</p><p>proteção completa.</p><p>Permite o uso de EPI regularizado e gratuito para prote-</p><p>ção dos trabalhadores.</p><p>168</p><p>Define a obrigatoriedade</p><p>do exame médico dos trabalhado-</p><p>res por conta do empregador, conforme a NR 7, sobre o Pro-</p><p>grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).</p><p>Permite o controle médico da saúde dos trabalhadores.</p><p>169</p><p>Exige que o empregador faça a notificação ao INSS das</p><p>doenças do trabalho comprovadas ou mesmo ainda</p><p>quando em fase de suspeita.</p><p>Importante para o controle epidemiológico dos adoeci-</p><p>mentos relacionados ao trabalho / ocupacional.</p><p>184 a 186 Define princípios importantes quanto à segurança na</p><p>operação de máquinas e equipamentos. Permite ações de proteção de máquinas e equipamentos.</p><p>185 Define que reparos, limpeza e ajustes somente poderão</p><p>ser executados com as máquinas paradas.</p><p>Permite ações de proteção dos trabalhadores durante as</p><p>fases de ajustes, manutenção, limpeza etc.</p><p>187 e 188</p><p>Define ações de proteção nas caldeiras e vasos sob pres-</p><p>são, que deverão dispor de válvulas e outros dispositivos</p><p>de segurança.</p><p>Permite atuação da equipe de segurança para a proteção dos</p><p>trabalhadores operadores de caldeiras e vasos sob pressão.</p><p>189 a 192</p><p>Prevê o pagamento de adicionais de insalubridade para</p><p>trabalhadores expostos a agentes insalubres acima dos</p><p>limites de tolerância.</p><p>Permite os profissionais atuarem no campo da higiene do</p><p>trabalho – riscos físicos, químicos e biológicos.</p><p>193</p><p>Define o trabalho em condições de periculosidade onde</p><p>assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o seu</p><p>salário mensal.</p><p>Permite o profissional de segurança avaliar as condições</p><p>periculosas na exposição a inflamáveis, explosivos ou</p><p>energia elétrica, tendo sido incluídos os trabalhadores em</p><p>vigilância armada e aqueles em trabalho com motocicletas</p><p>198 Estabelece que não sejam exigidos do empregado servi-</p><p>ços superiores às suas forças</p><p>Permitem aos profissionais de saúde, ergonomista e se-</p><p>gurança ações de prevenção da fadiga.</p><p>Fonte: BRASIL, 1943 – 1977</p><p>11</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Normas Regulamentadoras (NR)</p><p>No campo da segurança, saúde do trabalhador e ergonomia, a normatização está mui-</p><p>to presente e, dentre as várias formas de atuação, as mais concretas são as Normas Regu-</p><p>lamentadoras, que, na linguagem dos profissionais, são conhecidas como NR, cuja função</p><p>é regulamentar e fornecer orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à</p><p>Segurança e Medicina do Trabalho no Brasil, que estão contidas no Capítulo V, Título II,</p><p>da Consolidação das Leis do trabalho (CLT) e são relativas à Segurança e Medicina do</p><p>Trabalho. Foram aprovadas pela Portaria N.º 3.214, 08 de junho de 1978.</p><p>Ponto importante das NR é que atingem uma parcela do meio ambiente de trabalho,</p><p>especificamente a obrigatoriedade de todas as empresas brasileiras regidas pela CLT,</p><p>para a modificação das NRS são necessários a participação tripartites (três lados) espe-</p><p>cíficas, compostas por representantes do Governo, empregadores e empregados.</p><p>Uma forma de entender melhor essas alterações é compreendendo muito bem a Clas-</p><p>sificação das Normas Regulamentadoras. Essa classificação é trazida a nós pela Portaria</p><p>nº 787 de 27 de Novembro de 2018. Essa Portaria classifica as NR em três categorias:</p><p>gerais, especiais e setoriais.</p><p>Vamos entender cada uma delas abaixo: Normas Regulamentadoras Gerais são as</p><p>normas que regulamentam aspectos decorrentes da relação jurídica prevista na Lei sem</p><p>estarem condicionadas a outros requisitos, como atividades, instalações, equipamentos</p><p>ou setores e atividades econômicas específicas.” (Art. 3º, §1º.). Ou seja, as NR Gerais são</p><p>aquelas que estão presentes em todos os setores econômicos do Brasil.</p><p>• Normas gerais regulamentam aspectos decorrentes da relação jurídica prevista na</p><p>Lei sem estarem condicionadas a outros requisitos, como atividades, instalações,</p><p>equipamentos ou setores e atividades econômicas específicas.</p><p>» Exemplo. O item 1.5.3.1.1 da Norma NR 1 descreve que o gerenciamento de</p><p>riscos ocupacionais deve constituir um Programa de Gerenciamento de Riscos -</p><p>PGR. E o item 1.5.3.2 descreve como deve se dar a organização deve: a) evitar os</p><p>riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho; b) identificar os peri-</p><p>gos e possíveis lesões ou agravos à saúde; c) avaliar os riscos ocupacionais indican-</p><p>do o nível de risco; d) classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessi-</p><p>dade de adoção de medidas de prevenção; e) implementar medidas de prevenção,</p><p>de acordo com a classificação de risco e na ordem de prioridade estabelecida na</p><p>alínea “g” do subitem 1.4.1; e f) acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.</p><p>Portanto, a NR 1 deve ser utilizada por todos os setores que envolvem rela-</p><p>ção de trabalho regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho;</p><p>• Normas especiais regulamentam a execução do trabalho considerando as ativi-</p><p>dades, instalações ou equipamentos empregados, sem estarem condicionadas a</p><p>setores ou atividades econômicas específicas.</p><p>» Exemplo. O item 12.1.9 da NR 12 descreve que na aplicação da NR e de seus</p><p>anexos, devem-se considerar as características das máquinas e equipamentos,</p><p>do processo, a apreciação de riscos e o estado da técnica. Portanto, deve ser</p><p>utilizada em todos os setores que possuem máquinas e equipamentos que</p><p>12</p><p>13</p><p>oferecem risco de acidentes e adoecimentos dos trabalhadores que envol-</p><p>vem relação de trabalho, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.</p><p>• Normas setoriais regulamentam a execução do trabalho em setores ou atividades</p><p>econômicas específicas.</p><p>» Exemplo. O item 18.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR 18 estabelece dire-</p><p>trizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam</p><p>a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança</p><p>nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da</p><p>Construção. Portanto, deve ser utilizada apenas nos setores na Indústria da</p><p>Construção que envolvem relação de trabalho regido pela Consolidação das</p><p>Leis do Trabalho (BRASIL, 2018).</p><p>As Normas Regulamentadoras organizam-se conforme exposto a seguir:</p><p>Tabela 2</p><p>Norma</p><p>Regulamentadora Descrição Classifi cação</p><p>da NR</p><p>1</p><p>Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais: O objetivo é</p><p>estabelecer as disposições gerais e as diretrizes e os requisitos para o gerencia-</p><p>mento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde</p><p>no Trabalho – SST.</p><p>GERAL</p><p>2 Inspeção Prévia: foi revogada pela PORTARIA SEPRT nº 915, de 30 de julho de</p><p>2019, publicada no DOU de 31/07/2019. REVOGADA</p><p>3 Embargo ou Interdição: estabelece as diretrizes para caracterização do grave e</p><p>iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de embargo e interdição. GERAL</p><p>4</p><p>Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Tra-</p><p>balho (SESMT): estabelece os critérios para a organização dos SESMT, de forma</p><p>a reduzir os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais. Para cumprir suas</p><p>funções, o SESMT deve ter os seguintes profissionais: Médico do Trabalho, Enge-</p><p>nheiro de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança</p><p>do Trabalho e Auxiliar de Enfermagem, em quantidades estabelecidas em função</p><p>do número de trabalhadores e do grau de risco.</p><p>GERAL</p><p>5</p><p>Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): As Empresas privadas e</p><p>públicas e os Órgãos Governamentais que tenham empregados regidos pela CLT</p><p>– Consolidação das Leis do Trabalho ficam obrigados a organizar e a manter em</p><p>funcionamento da CIPA, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e de</p><p>doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemen-</p><p>te o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.</p><p>GERAL</p><p>6</p><p>Equipamento de Proteção Individual (EPI): O EPI – Equipamento de Proteção</p><p>Individual é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estran-</p><p>geira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. A Em-</p><p>presa é obrigada a fornecer os EPIs gratuitamente aos empregados.</p><p>ESPECIAL</p><p>7</p><p>Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional</p><p>(PCMSO): Estabelece a</p><p>obrigatoriedade da elaboração e da implementação, por parte de todos os empre-</p><p>gadores e Instituições que admitam trabalhadores como empregados. O PCMSO</p><p>tem o objetivo de promover e preservar a saúde do conjunto dos seus trabalhadores.</p><p>GERAL</p><p>8 Edificações: Estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados</p><p>nas edificações para garantir segurança e conforto aos que nela trabalham. ESPECIAL</p><p>13</p><p>UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da</p><p>Ergonomia e Segurança do Trabalho</p><p>Norma</p><p>Regulamentadora Descrição Classificação</p><p>da NR</p><p>9</p><p>Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): Estabelece a obrigato-</p><p>riedade da elaboração e da implementação, por parte de todos os empregadores</p><p>e Instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PPRA, por meio</p><p>da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência</p><p>de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho.</p><p>GERAL</p><p>10</p><p>Serviços em Eletricidade: Estabelece os requisitos e as condições mínimas exigi-</p><p>das para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem com ins-</p><p>talações elétricas, em suas etapas de projeto, construção, montagem, operação e</p><p>manutenção, bem como de quaisquer trabalhos realizados em suas proximidades.</p><p>ESPECIAL</p><p>11</p><p>Transporte, Movimentação, Armazenagem, e Manuseio de Materiais: Esta-</p><p>belece Normas de Segurança para a operação de elevadores, guindastes, trans-</p><p>portadores industriais e máquinas transportadoras. O armazenamento de ma-</p><p>teriais deverá obedecer aos requisitos de segurança para cada tipo de material.</p><p>ESPECIAL</p><p>12</p><p>Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos: Estabelece os procedi-</p><p>mentos obrigatórios nos locais destinados a máquinas e a equipamentos, como</p><p>piso, áreas de circulação, dispositivos de partida e parada, normas sobre proteção</p><p>de máquinas e equipamentos, bem como manutenção e operação.</p><p>ESPECIAL</p><p>13</p><p>Caldeiras e vasos de Pressão: Estabelece os procedimentos obrigatórios nos</p><p>locais onde se situam as caldeiras de qualquer fonte de energia, projeto, acom-</p><p>panhamento de operação e manutenção, inspeção e supervisão de inspeção de</p><p>caldeiras e vasos de pressão, em conformidade com a regulamentação profissio-</p><p>nal vigente no país.</p><p>ESPECIAL</p><p>14</p><p>Fornos: Estabelece os procedimentos mínimos, fixando construção sólida, revesti-</p><p>da com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites</p><p>de tolerância, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores.</p><p>ESPECIAL</p><p>15</p><p>Atividades e Operações Insalubres: Estabelece os procedimentos obrigatórios,</p><p>nas atividades ou nas operações insalubres que são executadas acima dos limites</p><p>de tolerância previstos na Legislação, comprovados por meio de laudo de inspe-</p><p>ção do local de trabalho. Agentes agressivos: ruído, calor, radiações, pressões,</p><p>frio, umidade e agentes químicos.</p><p>ESPECIAL</p><p>16</p><p>Atividades e Operações Perigosas: Estabelece os procedimentos nas ativida-</p><p>des exercidas pelos trabalhadores que manuseiam e/ou transportam explosivos</p><p>ou produtos químicos, classificados como inflamáveis, substâncias radioativas e</p><p>serviços de operação e manutenção, bem como os trabalhadores em vigilância</p><p>armada e aqueles em trabalho com motocicletas.</p><p>ESPECIAL</p><p>17</p><p>Ergonomia: Estabelece parâmetros que permitam a adaptação das condições de</p><p>trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a pro-</p><p>porcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, incluindo</p><p>os aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de ma-</p><p>teriais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de</p><p>trabalho e à própria organização do trabalho.</p><p>GERAL</p><p>18</p><p>Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção: Esta-</p><p>belece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização,</p><p>que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos</p><p>de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na</p><p>Indústria da construção.</p><p>SETORIAL</p><p>19 Explosivos: Estabelece os procedimentos para manusear, transportar e armaze-</p><p>nar explosivos de uma forma segura, evitando acidentes. ESPECIAL</p><p>20</p><p>Líquidos Combustíveis e Inflamáveis: Estabelece a definição para líquidos com-</p><p>bustíveis, líquidos inflamáveis e Gás de Petróleo liquefeito, parâmetros para ar-</p><p>mazenar, como transportar e como devem ser manuseados pelos trabalhadores.</p><p>ESPECIAL</p><p>14</p><p>15</p><p>Norma</p><p>Regulamentadora Descrição Classifi cação</p><p>da NR</p><p>21</p><p>Trabalhos a céu aberto: Estabelece os critérios mínimos para os serviços reali-</p><p>zados a céu aberto, sendo obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos,</p><p>com boa estrutura, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries.</p><p>ESPECIAL</p><p>22</p><p>Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: Estabelece sobre procedi-</p><p>mentos de Segurança e Medicina do Trabalho em Minas, determinando que a</p><p>Empresa adotará métodos e manterá locais de trabalho que proporcionem a seus</p><p>empregados condições satisfatórias de segurança e saúde aos trabalhadores pro-</p><p>tegendo o meio ambiente de trabalho.</p><p>SETORIAL</p><p>23</p><p>Proteção Contra Incêndios: Estabelece os procedimentos que todas as Empre-</p><p>sas devem possuir, no tocante à proteção contra incêndio, saídas de emergência</p><p>para os trabalhadores, equipamentos suficientes para combater o fogo e pessoal</p><p>treinado no uso correto.</p><p>ESPECIAL</p><p>24</p><p>Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: Estabelece crité-</p><p>rios mínimos, para fins de aplicação de aparelhos sanitários, gabinete sanitário,</p><p>banheiro, cujas instalações deverão ser separadas por sexo, vestiários, refeitó-</p><p>rios, cozinhas e alojamentos.</p><p>ESPECIAL</p><p>25</p><p>Resíduos Industriais: Estabelece os critérios para a eliminação de resíduos in-</p><p>dustriais dos locais de trabalho, por meio de métodos, equipamentos ou medidas</p><p>adequadas, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança do trabalhador.</p><p>ESPECIAL</p><p>26</p><p>Sinalização de Segurança: Tem por objetivos fixar as cores que devem ser usa-</p><p>das nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando, delimitan-</p><p>do e advertindo contra riscos.</p><p>ESPECIAL</p><p>27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho . REVOGADA</p><p>28</p><p>Fiscalização e Penalidades: Estabelece que fiscalização, embargo, interdição e</p><p>penalidades, no cumprimento das disposições legais e/ou regulamentares sobre</p><p>segurança e saúde do trabalhador, serão efetuadas obedecendo ao disposto nos</p><p>Decretos-Leis.</p><p>GERAL</p><p>29</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: Estabelece ações de proteção obri-</p><p>gatória contra acidentes e doenças profissionais, alcançando as melhores condi-</p><p>ções possíveis de segurança e saúde dos trabalhadores que exerçam atividades</p><p>nos portos organizados e nas instalações portuárias de uso privativo e retropor-</p><p>tuárias, situadas dentro ou fora da área do Porto organizado.</p><p>SETORIAL</p><p>30</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: Esta norma aplica-se aos traba-</p><p>lhadores das embarcações comerciais que utilizam no transporte de mercadorias</p><p>ou de passageiros, inclusive naquelas utilizadas na prestação de serviços, seja na</p><p>navegação marítima de longo curso, na de cabotagem, na navegação interior, de</p><p>apoio marítimo e portuário, seja em plataformas marítimas e fluviais, quando</p><p>em deslocamento.</p><p>SETORIAL</p><p>31</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Ex-</p><p>ploração Florestal e Aquicultura: Tem por objetivo estabelecer os preceitos a</p><p>serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar</p><p>compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura,</p><p>pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde</p><p>e meio ambiente do trabalho.</p><p>SETORIAL</p><p>32</p><p>Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde: Tem por fina-</p><p>lidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de pro-</p><p>teção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como</p><p>daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em</p>