OS CONSELHOS ESCOLARES NA PERSPECTIVA DE UNIDADE EXECUTORA

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<p>CONSELHO DELIBERATIVO DA COMUNIDADE ESCOLAR NA</p><p>PERSPECTIVA DE UNIDADE EXECUTORA</p><p>Profa. Ma. Maria Salete da Silva</p><p>Uma das competências do Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar –</p><p>CDCE é o controle social dos recursos, visto que o Estado transferiu as responsabilidades</p><p>antes por ele executadas para a escola pública, ou seja, para a comunidade escolar, como</p><p>forma de garantir o direcionamento dos recursos advindos para escola, possibilitando a</p><p>construção da autonomia da gestão e viabilizando as ações pedagógicas e administrativas.</p><p>Desse modo, a participação da comunidade escolar nas atividades e projetos da escola é</p><p>fundamental para legitimar o processo democrático. Nessa lógica, exige-se a participação</p><p>efetiva da comunidade escolar: pais, professores, estudantes e funcionários na construção,</p><p>execução e avaliação de projetos relativos às questões pedagógicas, administrativas,</p><p>financeiras e nos processos decisórios da escola.</p><p>Uma vez que ao CDCE compete a função de unidade executora, suas atribuições</p><p>vão além do planejamento coletivo do uso dos recursos recebidos a partir do diagnóstico</p><p>das necessidades da comunidade escolar, perpassando por todo processo burocrático,</p><p>considerando que o CDCE, é uma Associação Jurídica de Direito Privado, sem fins</p><p>lucrativos, de duração indeterminada e portador de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica</p><p>- CNPJ. Portanto, sua legalidade se dá após o Registro em Cartório e a criação do CNPJ.</p><p>Sendo assim, fica obrigado a realizar a transmissão das obrigações acessórias à Receita</p><p>Federal do Brasil - RFB, respeitando os prazos estabelecidos, de modo que a não</p><p>realização da transmissão das mesmas culminará em prejuízos ao CDCE, como a</p><p>aplicação de penalidades e multas, conforme a legislação vigente.</p><p>No que concerne ao processo de legitimidade do CDCE, no tocante à legalização</p><p>de seu funcionamento, de forma que este processo seja realmente desenvolvido para</p><p>contemplar seus regulamentos e atribuições, ressaltamos que após sua constituição, nos</p><p>termos da Lei nº 7.040/98 (MATO GROSSO), o presidente do CDCE deverá proceder</p><p>com o registro no cartório. Sendo necessário os seguintes documentos:</p><p> Requerimento assinado pelo presidente da diretoria executiva do CDCE, com</p><p>firma reconhecida;</p><p> Documentos do presidente da diretoria executiva do CDCE: Cópias legíveis do</p><p>RG, CPF, comprovante de endereço (conta: água, luz, telefone fixo); e se não as</p><p>tiver em seu nome, deverá apresentar uma declaração de endereço com firma</p><p>reconhecida;</p><p> Edital de convocação para a eleição dos membros do CDCE;</p><p> Lista de presença, constando a pauta da reunião, com assinaturas de todos os</p><p>participantes da comunidade escolar;</p><p> Ata de resultado final das eleições dos segmentos e escolha da diretoria executiva</p><p>do CDCE;</p><p> A Ata deverá ser assinada pelo secretário (a), diretor (a) e presidente da diretoria</p><p>executiva do CDCE, em 02 (duas) vias;</p><p> Qualificar todos os membros eleitos titulares e suplentes do CDCE: nome</p><p>completo, nacionalidade, estado civil (solteiro, casado, viúvo, divorciado),</p><p>profissão, Nº do RG (Órgão de expedição: verificar no documento), Nº do CPF e</p><p>endereço completo;</p><p> Ata de posse com assinatura de todos os membros empossados do CDCE;</p><p> Ata de posse do diretor e publicação em Diário Oficial;</p><p> Cópia do Estatuto do CDCE, assinado e rubricado em todas as páginas pelo</p><p>presidente da diretoria executiva do CDCE e um advogado, com número de</p><p>registro na OAB e com firma reconhecida.</p><p>Não obstante, salientamos que, em caso de uma nova Unidade Escolar, o CDCE,</p><p>instituído conforme legislação vigente, deverá elaborar o Estatuo do CDCE, de acordo</p><p>com o modelo editado pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e, em</p><p>seguida, deverá registrar em cartório as atas de eleição e posse dos membros do CDCE,</p><p>bem como o estatuto e então proceder com a criação do CNPJ do referido Conselho na</p><p>Receita Federal. Sendo necessário os seguintes documentos:</p><p> Cópias autenticadas das Atas de eleição e posse dos membros do CDCE;</p><p> Cópia autenticada do Estatuto do CDCE, conforme Portaria nº</p><p>207/2017/GS/SEDUC/MT, para em seguida registrá-lo em cartório, com a</p><p>assinatura do advogado, informando este seu número de registro na OAB.</p><p>Ressaltamos que esses documentos deverão ser encaminhados ao contador, para</p><p>que o mesmo preencha o Documento Básico de Entrada - DBE e solicite junto à Receita</p><p>Federal a criação do CNPJ.</p><p>Salientamos que o DBE será preenchido no site da RFB pelo contador e deverá</p><p>ser impresso e ter firma reconhecida em cartório pelo presidente do CDCE, para em</p><p>seguida ser protocolado na RFB junto com os documentos (cópia autenticada do Estatuto,</p><p>Atas de Eleição e Posse dos membros do CDCE).</p><p>Após a criação do CNPJ, será necessário providenciar a aquisição de certificado</p><p>digital para o CDCE, para que o contador envie as primeiras declarações obrigatórias a</p><p>RFB (GFIP e DCTF).</p><p>As primeiras declarações, deverão ser transmitidas para a RFB respeitando o dia</p><p>e mês da criação do CNPJ.</p><p>O próximo passo será a regularização do CDCE junto à Agência Bancária,</p><p>enquanto unidade executora que representa a comunidade escolar. Para tanto, listamos</p><p>abaixo os documentos necessários para a regularização das contas correntes do CDCE</p><p>junto ao Banco:</p><p> Documentos pessoais do Presidente e Tesoureiro do CDCE;</p><p> Documentos pessoais do Diretor Escolar e cópia de sua nomeação publicada em</p><p>Diário Oficial;</p><p> Cópia da Ata de posse com assinatura de todos os membros empossados do</p><p>CDCE, registrada em Cartório;</p><p> Comprovante de endereço (conta: água, luz, telefone fixo), se não as tiver em seu</p><p>nome deverá apresentar uma declaração de endereço com firma reconhecida;</p><p>Após a regularização dos dados bancários junto à agência bancária, faz-se</p><p>necessário inserir os dados dos membros do CDCE, Conselho Fiscal e informações</p><p>bancárias no Sistema Sigeduca/GER, pois essas informações são imprescindíveis para o</p><p>recebimento dos recursos estaduais.</p><p>Para acessar o cadastro do CDCE no SigEduca /GER, acesse o link</p><p>http://sigeduca.seduc.mt.gov.br/geral/hwlogin2.aspx , selecione o ano e o módulo GER.</p><p>É possível também o acesso ao SigEduca por meio do site da Seduc-MT no seguinte</p><p>endereço eletrônico: http://www3.seduc.mt.gov.br/ .</p><p>Observação: O Manual de orientação para inserção ou alteração dos dados,</p><p>encontra-se nos “Links Úteis” no Site da Seduc-MT.</p><p>http://sigeduca.seduc.mt.gov.br/geral/hwlogin2.aspx</p><p>http://www3.seduc.mt.gov.br/</p><p>Consoante ao recebimento dos Recursos Federais, as contas bancárias são abertas</p><p>pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, desde que a Unidade</p><p>Executora tenha realizado sua atualização cadastral no PDDEWEB.</p><p>Dentro de uma proposta de Unidade Executora, enfatizamos que os membros do</p><p>CDCE precisam estar adimplentes junto ao banco para poderem realizar as</p><p>movimentações bancárias. Orientamos também que o representante do segmento PAIS,</p><p>caso seja beneficiário de programas sociais do governo federal ou estadual, tais como</p><p>Auxílio Brasil, Auxílio Emergencial, Bolsa Família (substituído), Benefício de Prestação</p><p>Continuada (BPC), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Garantia-Safra</p><p>e Seguro-Defeso (ou Pescador Artesanal), entre outros, não deverá ser PRESIDENTE do</p><p>CDCE, pois poderá perder o auxílio, visto que o CDCE está vinculado a um CNPJ, de</p><p>por se tratar de pessoa de direito privado e sem fins lucrativos.</p><p>Após perpassar por todo o processo burocrático, o Conselho Deliberativo da</p><p>Comunidade Escolar estará apto a receber os recursos financeiros oriundos das fontes</p><p>federais e estaduais, bem como a executá-los. Sendo assim, compreendemos que todo</p><p>esse processo burocrático demanda atenção do presidente e demais membros do CDCE.</p><p>É importante ressaltar</p><p>que o CDCE precisa compreender e construir um</p><p>planejamento coletivo no tocante à aplicação e execução dos recursos, de modo a</p><p>possibilitar a prestação de contas, comprovando as despesas realizadas e a concretização</p><p>das metas e, para tanto, é preciso envolver a comunidade escolar no sentido de:</p><p> Realizar o plano de ação dos recursos recebidos pela Unidade Executora,</p><p>observando as resoluções normativas dos programas federais e as portarias</p><p>estaduais, identificando as necessidades, elegendo as prioridades e registrando em</p><p>ata as decisões do colegiado;</p><p> Acompanhar a aplicação dos recursos advindos de programas como: Programa</p><p>Dinheiro Direto na Escola - PDDE e as Ações Agregadas (PDDE QUALIDADE,</p><p>ESTRUTURA, entre outros) e Programa Nacional de Alimentação Escolar</p><p>(PNAE);</p><p> Acompanhar a aplicação dos recursos recebidos, via PDE/SEDUC;</p><p> Coordenar a implementação de projetos financiados pela SEDUC e pelo MEC;</p><p> Garantir a devida prestação de contas dos recursos recebidos do órgão central,</p><p>bem como dos recursos oriundos dos programas federais;</p><p> Encaminhar ao Conselho Fiscal o balanço e o relatório antes de submetê-los à</p><p>apreciação da assembleia geral.</p><p>Assim, enquanto parte do processo de construção da autonomia da Gestão Escolar,</p><p>o Conselho Fiscal, com suas atribuições descritas na Lei nº 7040/98 (MATO GROSSO),</p><p>constante também no Estatuto do CDCE, possui competências de acompanhamento e</p><p>fiscalização no âmbito interno da escola, com foco na transparência da execução das</p><p>ações e todo processo de prestação de contas. Nessa lógica, elencamos a seguir as</p><p>competências do Conselho Fiscal:</p><p> Examinar os documentos contábeis, a situação financeira e os valores em</p><p>depósitos do CDCE;</p><p> Apresentar à Assembleia Geral Ordinária parecer sobre as contas do CDCE, no</p><p>exercício em que servir;</p><p> Apontar à Assembleia Geral as irregularidades que detectar nas prestações de</p><p>contas, sugerindo medidas interventivas para sanar a pendência que reputar úteis</p><p>ao CDCE;</p><p> Convocar a Assembleia Geral Ordinária, se o Presidente do CDCE retardar por</p><p>mais um mês a sua convocação.</p><p> Registrar as suas ações em um livro ata próprio.</p><p>Quanto à vacância de um determinado membro do CDCE, mencionamos a seguir</p><p>alguns protocolos que devem ser observados:</p><p> Convocar todos os membros titulares e suplentes do CDCE para participarem da</p><p>reunião de recomposição do CDCE, em função do afastamento de um ou mais de</p><p>seus membros;</p><p> O suplente do representante legal que afastou, assume como titular;</p><p> Todas essas alterações deverão ser registradas em Ata no livro próprio do CDCE,</p><p>constando o motivo do afastamento e qualificando o (s) novo (s) membro (s);</p><p> Quando essa alteração ocorrer com o membro que estiver na função de tesoureiro</p><p>e/ou presidente do CDCE, a escolha do novo presidente e/ou tesoureiro deve ser</p><p>feita entre os membros titulares do CDCE, posterior à recomposição. Neste caso,</p><p>a Ata deve ser registrada em Cartório para posteriormente solicitar junto ao Banco</p><p>a substituição do nome do novo presidente e/ou tesoureiro;</p><p> Se a vacância ocorrer na função de Diretor, membro nato do Conselho, com</p><p>responsabilidade compartilhada de gestão da escola, após a</p><p>designação/publicação em Diário Oficial do novo (a) gestor (a), deverá reunir-se</p><p>o CDCE, lavrar em Ata e registrar e encaminhar para registro no cartório e</p><p>posteriormente solicitar junto ao Banco a substituição do nome do novo gestor.</p><p> Se presidente, além da alteração no Banco é necessária a regularização na Receita</p><p>Federal do Brasil – RFB da pessoa física vinculada ao CNPJ, este procedimento</p><p>deve ser feito no prazo máximo de 15 dias. Deverão ser entregues ao contador os</p><p>seguintes documento: Cópia autenticada da Ata de posse do Conselho</p><p>Deliberativo da Comunidade Escolar – CDCE registrada em Cartório;</p><p>Documentos pessoais do presidente do CDCE (RG, CPF, Endereço residencial, e-</p><p>mail pessoal, telefone) e Número do CNPJ do CDCE.</p><p>Enfatizamos a importância da alteração do Presidente do CDCE na receita Federal</p><p>do Brasil, pois a partir dessa regularização que é possível a aquisição de Certificado</p><p>Digital para o CDCE, o qual é utilizado pelo contador na regularização de pendências</p><p>vinculadas ao CNPJ do Conselho e na transmissão das obrigações assessórias a Receita</p><p>Federal.</p><p>Estes procedimentos definem, por requisição legal, que todos os</p><p>empregadores/contribuintes/órgãos públicos têm obrigações e informações para prestar</p><p>junto à Receita Federal e Ministério da Economia, respeitando prazos definidos em</p><p>legislações vigentes. O CDCE, enquanto Unidade Executora, deve ater-se a esses</p><p>procedimentos de legalidade, visando evitar prejuízos e multas ao Conselho. Neste</p><p>sentido, considera-se o papel do diretor e do presidente do Conselho importantíssimo,</p><p>visto que são eles que coordenam e impulsionam esse processo junto ao contador.</p><p>Ademais, é importante mencionar que para o sucesso do Conselho Deliberativo</p><p>da Comunidade Escolar, é indispensável manter-se adimplentes com Sa prestações de</p><p>contas e dirimir os problemas burocráticos que o envolvem, nesse sentido ele estará apto</p><p>para o recebimento e execução dos recursos em conformidade com os regramentos.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>MARQUES, Solange de Lima Lula. D’AVILA, Juliano. Conselhos Escolares: a</p><p>participação da comunidade escolar no fortalecimento da gestão democrática. 1° ed.</p><p>Cuiabá: Governo do Estado de Mato Grosso, 2017.</p><p>• Manual de Orientação do ESOCIAL, versão S-1.0 (Consol. até a NO S-1.0 –</p><p>10.2022), (aprovada pela Portaria Conjunta SEPRT/RFB nº 82, de 10/11/2020 –</p><p>DOU de 11/11/2020) – consolidação publicada em 09/02/2022;</p><p>• Instrução Normativa RFB nº 2005, de 29 de janeiro de 2021, (Publicado (a) no</p><p>DOU de 01/02/2021, seção 1, página 43);</p><p>• Instrução Normativa RFB nº 2004, de 18 de janeiro de 2021, (Publicado (a) no</p><p>DOU de 20/01/2021, seção 1, página 47);</p><p>• Site da Receita Federal do Brasil; -</p><p>http://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/cnpjreva/Cnpjreva_Solicitacao.as</p><p>p?cnpj=</p><p>• Site do ESOCIAL - https://www.gov.br/esocial/pt-br/documentacao-tecnica</p><p>SEBA, Maria Salete da Silva. Planejamento Educacional No Estado De Mato</p><p>Grosso E Plano Estadual De Educação: Monitoramento, Avaliação e adequação. 2020.</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado</p><p>Acadêmico Educação, Faculdade de Educação e Linguagem) - Universidade do Estado</p><p>de Mato Grosso. Cáceres, MT. 2020</p>