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<p>Ampliando a visão da igreja para</p><p>a evangelização no Brasil</p><p>José Bernardo</p><p>AMME</p><p>Porque o</p><p>Filho do Homem</p><p>veio buscar e salvar</p><p>o perdido.</p><p>Lc 19.11</p><p>SUPER20</p><p>Versão 2010-1 / 3ª impressão</p><p>©2005 by AMME Evangelizar</p><p>Pesquisa e Design Gráfico - do</p><p>departamento de desenvolvimento da</p><p>AMME Evangelizar.</p><p>Todos os direitos reservados: ©</p><p>Proibida a cópia por qualquer meio ou</p><p>formato sem a autorização do autor.</p><p>A referência ou citação de pequenos</p><p>trechos é permitida desde que</p><p>associada à fonte: “Relatório SUPER20,</p><p>AMME Evangelizar - 2009-1”.</p><p>Este documento será atualizado</p><p>periodicamente. Para obter a versão</p><p>mais recente consulte o site da AMME</p><p>em www.evangelizabrasil.com.</p><p>AMME Evangelizar é a missão brasileira, independente e não denominacional que</p><p>ajuda as igrejas evangélicas brasileiras a cumprir sua missão bíblica de evangelizar todo</p><p>mundo: motivando, treinando, suprindo e apoiando. 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Tais resultados</p><p>são animadores: milhões têm</p><p>ouvido o Evangelho, milhares</p><p>têm recebido a Cristo, centenas</p><p>de crentes têm descoberto sua</p><p>vocação missionária e dezenas de</p><p>novas igrejas têm sido plantadas.</p><p>Agora, ao apresentar a proposta</p><p>SUPER20, queremos levar a</p><p>Igreja Brasileira a olhar melhor</p><p>para aquele grupo que está mais</p><p>interessado e mais pronto a</p><p>aceitar e transmitir a mensagem</p><p>do Evangelho.</p><p>Infelizmente, nem sempre a</p><p>evangelização tem contado com</p><p>os melhores recursos e atualiza-</p><p>ção. A Igreja tem se demorado</p><p>em assimilar novas tecnologias,</p><p>novos meios e novos conceitos.</p><p>Chegou atrasada no rádio, na te-</p><p>levisão e, verdade seja dita, ainda</p><p>não chegou no cinema e nem na</p><p>Internet. Estamos atrasados na</p><p>didática, no aconselhamento, na</p><p>discussão de temas atuais e no</p><p>enfoque da criança, do adoles-</p><p>cente e do jovem. Enquanto a</p><p>ciência, a política e o marketing</p><p>concentram esforços em moldar</p><p>as novas gerações à sua conveni-</p><p>ência, a Igreja ainda espera que</p><p>eles “amadureçam” para falar-</p><p>lhes seriamente de Cristo. Todo</p><p>esse atraso reduz a relevância da</p><p>Igreja para a sociedade moderna,</p><p>e dificulta seu crescimento.</p><p>SUPER20 é um chamado à atua-</p><p>lização, é um convite à uma nova</p><p>postura na evangelização, mais</p><p>relevante, mais eficaz e mais fru-</p><p>tífera. Resultado de um trabalho</p><p>cuidadoso e esmerado dos mis-</p><p>sionários da AMME Evangelizar,</p><p>essa proposta merece ser consi-</p><p>derada com todo o cuidado e in-</p><p>teresse pela liderança evangélica</p><p>brasileira.</p><p>José Bernardo</p><p>AMME Evangelizar</p><p>6 SUPER20 7AMME</p><p>Índice Evangelizar</p><p>“E disse: Abre a janela para o oriente;</p><p>ele a abriu. Disse mais Eliseu: Atira! e ele</p><p>atirou...Flecha da vitória do SENHOR...” 2Rs 13:17</p><p>Algo que faz grande diferença na leitura desse relatório é o conceito</p><p>de “evangelizar”. Outras pesquisas poderiam apontar o potencial</p><p>de crianças, adolescentes e jovens, fundamentando propostas de</p><p>inclusão social. Nós, porém, a partir da perspectiva missionária</p><p>do Evangelho, fazemos isso com o propósito de Evangelizar com</p><p>melhor resultado.</p><p>Esse propósito nos obriga a definir o que entendemos por</p><p>Evangelizar. Temos dito que evangelizar é tornar conforme o</p><p>Evangelho. Sabemos que Evangelho se refere aos princípios que</p><p>estabelecem o Reino de Deus nas pessoas e, por isso, entre elas.</p><p>Portanto, evangelizar é levar uma pessoa a submeter-se ao governo</p><p>de Deus, necessariamente libertando-se do governo da carne, do</p><p>mundo e do maligno.</p><p>Há pessoas que se endurecem pelos anos sob o jugo de seus desejos,</p><p>das tentações mundanas e da opressão diabólica. Evangelizá-</p><p>las constitui-se em grande desafio. Já outras pessoas estão mais</p><p>abertas, mais dispostas, não só para serem evangelizadas, mas</p><p>consequentemente evangelizar. É delas que trata esta proposta.</p><p>03</p><p>Re-visão</p><p>05</p><p>Evangelizar</p><p>10</p><p>Olhar brasileiro</p><p>14</p><p>Fatos do Argumento</p><p>22</p><p>Outro pensar</p><p>26</p><p>Está escrito</p><p>32</p><p>Todos todos</p><p>38</p><p>Agora e depois</p><p>38</p><p>Bibliografia</p><p>40</p><p>Obrigado</p><p>8 SUPER20 9AMME</p><p>Uma janela estrangeira</p><p>É bom quando se abre uma janela em um quarto escuro: Cria-se</p><p>uma perspectiva completamente nova. Foi assim com a janela 4/14,</p><p>um conceito que destaca a importância das crianças entre 4 a 14</p><p>anos no cenário cristão norte americano.</p><p>“A janela 4/14 - Ministérios para Crianças e Estratégias Missionárias”</p><p>foi o título de um artigo escrito pelo doutor Dan Brewster, diretor de</p><p>Defesa da Criança para a Compassion International na Ásia em 1996</p><p>(The “4/14 window” - Child Ministries and Mission Strategies). O</p><p>autor já atuou em ministérios para a criança e famílias por trinta anos</p><p>e é doutor em missiologia. Atualizado por ele mesmo em agosto de</p><p>2005, o artigo apareceu inicialmente como um capítulo de seu livro</p><p>Children in Crisis: A New Commitment.</p><p>A ideia para este documento em que o autor defende a importância</p><p>da mobilização missionária em favor das crianças veio de uma</p><p>exposição do Dr. Bryant Myers, diretor dos ministérios MARC</p><p>da Visão Mundial. A exposição, no início da década de 90, tinha o</p><p>título “O estado das crianças no mundo: um desafio cultural para</p><p>a Missão Cristã nos anos 90”. Brewster disse que, para ele, a parte</p><p>mais importante daquela apresentação foi o espantoso gráfico que</p><p>mostrava, nos Estados Unidos, que aproximadamente 85% das</p><p>pessoas que fazem uma decisão por Cristo o fazem entre as idades</p><p>de 4 a 14 anos.</p><p>Ele encontrou eco para esta afirmação no pesquisador cristão</p><p>George Barna. Em seu livro “Transformando crianças em campeões</p><p>espirituais” de 2003, Barna apresenta resultados de uma extensa</p><p>pesquisa prévia sobre decisões de fé nos Estados Unidos, conforme</p><p>Brewster observa: “Entre pessoas com 13 anos de idade, 93% se</p><p>considera cristã e, ainda que apenas 34% tem um entendimento</p><p>claro do que isso significa, parece que se as pessoas vão se tornar</p><p>cristãs elas estão muito mais propensas a fazer isso em torno dessa</p><p>idade” (Barna in Brewster, 2005). A conclusão de Barna é que a</p><p>probabilidade de alguém receber a Jesus como seu salvador foi de</p><p>32% entre as idades de 5 a 12 anos,</p><p>4% entre 13 a 18 e 6% para pessoas</p><p>acima de 19 anos. A partir dessas</p><p>informações Brewster conclui</p><p>que se alguém não recebe a Jesus</p><p>durante a adolescência, a chance de</p><p>fazê-lo depois é pequena.</p><p>No website de George Barna se</p><p>lê sobre sua pesquisa e o livro</p><p>que resultou dela: “Basicamente,</p><p>o que você acredita por volta dos</p><p>13 anos de idade, é o que você vai</p><p>morrer acreditando. Obviamente</p><p>há muitos indivíduos que passam</p><p>por experiências de transformação</p><p>de vida em que suas crenças</p><p>são alteradas, ou mesmo por</p><p>situações em que um bloco de</p><p>ensinos religiosos tem um ou mais</p><p>princípios mudados. No entanto,</p><p>a mente da maioria das pessoas</p><p>está formada e eles acreditam que</p><p>sabem o que precisam saber da</p><p>espiritualidade aos 13 anos. Seu</p><p>foco em absorver ensino religioso</p><p>a partir dessa idade se concentrará</p><p>em fortalecer e confirmar suas</p><p>crenças, muito mais do que colher</p><p>novas ideias para redefinir seus</p><p>fundamentos” (Barna, 2003).</p><p>Mais recentemente, o evangelista</p><p>Luis Bush, nascido na Argentina</p><p>e criado no Brasil, iniciou um</p><p>movimento para levantar uma</p><p>10 SUPER20 11AMME</p><p>anterior a 2003, que aproximadamente 85% das decisões por Cristo</p><p>nos Estados Unidos acontecem na faixa dos 4 aos 14 anos de idade.</p><p>Uma porta nativa</p><p>Onde se abre uma janela, pode-se abrir também uma porta.</p><p>Pessoalmente, tomei conhecimento da Janela 4/14 quando trabalhei</p><p>como diretor nacional de marketing da Visão Mundial a partir de</p><p>1997. Aqueles dados me intrigaram, mas logo supus, de minha</p><p>experiência na evangelização de crianças, que a janela brasileira</p><p>deveria ser no andar de cima. Nosso cenário religioso é muito</p><p>diferente do norte-americano. A simples extrapolação de dados</p><p>coletados em outro contexto me pareceu indigno, ainda que o</p><p>conceito fosse muito interessante. Por isso, a partir de 2.000,</p><p>quando fundamos a AMME, começamos a coletar informações</p><p>sobre a idade de conversão dos brasileiros. As informações que</p><p>obtivemos ao longo de vários anos, em todo o país, indicaram um</p><p>cenário muito diferente daquele indicado pela Janela 4/14. Mais</p><p>recentemente decidimos compartilhar o que descobrimos de forma</p><p>objetiva. Foi assim que surgiu a proposta SUPER20.</p><p>A AMME Evangelizar tem mobilizado a Igreja Brasileira para a</p><p>evangelização de jovens, adolescentes e crianças desde a fundação.</p><p>Isso foi um reflexo de minha própria experiência, inserido na</p><p>evangelização desde os cinco anos, trabalhando na evangelização de</p><p>crianças e adolescentes durante toda a minha adolescência e dando</p><p>especial destaque a esse ministério no pastorado. Com o lançamento</p><p>da proposta SUPER20 em outubro de 2009, a AMME iniciou uma</p><p>nova fase no esforço para ajudar a Igreja Brasileira a melhorar a</p><p>evangelização. Agora, alguns meses depois, desenvolvendo várias</p><p>ações conectadas à proposta, apresentamos a revisão do SUPER20,</p><p>inclusive com um novo visual.</p><p>Nosso objetivo é ajudar as igrejas evangélicas brasileiras a investir</p><p>seus melhores esforços na vanguarda, contando com os crentes</p><p>quando estão mais ousados e motivados para evangelizar as pessoas</p><p>na idade em que estão mais abertas a ouvir e aceitar o Evangelho.</p><p>nova geração na janela 4/14.</p><p>Nas palavras dele, que no final</p><p>do século passado divulgou</p><p>o conceito da Janela 10/40 e</p><p>influenciou fortemente o trabalho</p><p>missionário: “Nos primeiros</p><p>anos deste novo milênio eu</p><p>estou impulsionando um novo</p><p>foco missionário: A janela 4/14.</p><p>Mesmo que por outras razões,</p><p>este também pode ser chamado</p><p>a essência do essencial. A janela</p><p>10/40 se refere ao contexto</p><p>geográfico; a Janela 4/14 descreve</p><p>um contexto demográfico uma</p><p>época da vida que compreende</p><p>dez anos entre os 4 e 14 anos de</p><p>vida.” (Bush, 2009)</p><p>Em seu livreto “Raising Up a New Generation</p><p>from the 4/14 Window to Transform the</p><p>World” (Levantando uma nova geração na</p><p>janela 4/14 para transformar o mundo), Luis</p><p>Bush, líder do ministério Transform World</p><p>reafirma a ideia da janela 4/14 começando pelo</p><p>pensamento de que qualquer pai ou qualquer</p><p>pessoa que já foi criança sabe que a infância é</p><p>um período formativo. Baseado na bibliografia</p><p>que consultou, Bush toma como certo que</p><p>90% de nosso cérebro está formado quando</p><p>chegamos à idade de três anos, e que 85%</p><p>de nossa personalidade adulta está formada</p><p>quando chegamos aos 6 anos de idade. O artigo</p><p>de Brewster faz parte da bibliografia do livreto</p><p>e, a partir dele, Bush retoma os resultados da</p><p>pesquisa de Barna, quem achou, em pesquisa</p><p>12 SUPER20</p><p>Olhar brasileiro</p><p>Os discípulos de Jesus ocupados com a comida que buscaram com</p><p>tanto interesse e prioridade, não podiam ver a multidão faminta do</p><p>conhecimento de Cristo, não enxergavam aquilo que Jesus enxer-</p><p>gava. Nascida sob as sombras do catolicismo, entrincheirada por leis</p><p>da religião oficial, o evangelicalismo brasileiro herdou uma perso-</p><p>nalidade ensimesmada, tímida e egocêntrica. Levantar os olhos e ver</p><p>os campos brancos não tem sido um exercício fácil, nem mesmo na</p><p>oportunidade do crescimento acidental das últimas décadas do sé-</p><p>culo XX. Nosso entendimento, contudo, é que não faremos a obra</p><p>de Deus olhando apenas para o próprio prato e por isso nos dispu-</p><p>semos ao esforço de superação que a pesquisa evangélica demanda.</p><p>Enquete Frutificar</p><p>Frutificar é uma conferência sobre evangelização realizada durante</p><p>vários anos em muitas cidades do país. As reuniões, que foram sem-</p><p>pre abertas e amplamente divulgadas, atraíram um público bastan-</p><p>te variado em termos de denominação, gênero, idade, escolaridade</p><p>e serviço. O público distinguiu-se apenas por ser urbano, evangéli-</p><p>co e razoavelmente interessado em evangelização. Cada participante</p><p>foi solicitado a preencher uma ficha de cadastro e avaliação, na qual</p><p>incluiu-se, além de questões demográficas, perguntas sobre agente da</p><p>evangelização e idade da conversão. As informações coletadas ofere-</p><p>ram recursos para uma pesquisa quantitativa sobre a conversão.</p><p>Para a proposta SUPER20 foram selecionadas as fichas preenchi-</p><p>das nos anos de 2007 e 2008 nos estados da Bahia, Ceará, Goiás,</p><p>Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,</p><p>São Paulo e no Distrito Federal. As fichas válidas consideradas</p><p>para este relatório foram 5.209. Foram des-</p><p>consideradas fichas em que as informações</p><p>tabuladas não foram encontradas. Foram</p><p>descartadas as fichas respondidas por pessoas</p><p>que, no momento da resposta, tinham menos</p><p>de 20 ou mais de 60 anos de idade. Quanto ao</p><p>gênero, 46,82% dos respondentes foram ho-</p><p>mens, 53,18% mulheres. Os 2.741 ou 52,62%</p><p>dos respondentes declararam serem ativos</p><p>em algum ministério na igreja.</p><p>Seguindo a orientação da proposta SUPER20,</p><p>três faixas de idade de conversão foram destaca-</p><p>das do universo dos respondentes: 4-10; 11-17;</p><p>18-24 anos de idade. O universo assim delimita-</p><p>do consistiu em 4.016 figuras.</p><p>Experimento Janela da Conversão</p><p>Para aprofundar as considerações sobre a pes-</p><p>quisa qualitativa baseada na Enquete Frutificar,</p><p>desenvolvemos um Experimento que ficou</p><p>conhecido como “Janela da Conversão”, e ofe-</p><p>receu subsídios para uma pesquisa qualitativa</p><p>que amplia a categorização dos dados coletados</p><p>inicialmente, permitindo o desdobramento da</p><p>informação em novas hipóteses.</p><p>O Experimento foi lançado através de um ar-</p><p>tigo explicando a pesquisa e o questionário a</p><p>ser respondido, postados no portal da evan-</p><p>gelização, website da AMME Evangelizar,</p><p>em . Duas comunicações foram emitidas</p><p>por e-mail para a base de relacionamentos da</p><p>AMME e em quatro dias obteve-se 221 ques-</p><p>tionários corretamente preenchidos. O Ex-</p><p>14 SUPER20 15AMME</p><p>perimento incluiu um viés, já que os respondentes foram líderes,</p><p>envolvidos com evangelização e com acesso à internet, mesmo as-</p><p>sim se constituiu em excelente contribuição no aprofundamento da</p><p>Enquete Frutificar.</p><p>Quanto ao gênero, 48,41% dos respondentes foram mulheres e</p><p>51,59% homens. Quanto à idade os respondentes tinham entre 10</p><p>e 79 anos de idade sendo que 81,45% estava entre vinte e 49 anos. A</p><p>afiliação também foi bem variada: 36,65% dos respondentes era de</p><p>denominações conservadoras; 14,48% de igrejas renovadas; 36,20%</p><p>de denominações pentecostais; 10,86% de igreja neopentecostais</p><p>e 1,81% não declarou sua filiação. A maioria dos respondentes,</p><p>88,23%, eram ativos no ministério, contra 52,62% da Enquete</p><p>Frutificar. Dos respondentes ativos no ministério, 40% eram</p><p>pastores ou líderes. Também, 94,57% do total evangelizava.</p><p>Desse universo foram destacadas as três faixas de idade de conversão</p><p>da proposta: 4-10, 11-17, 18-24 anos de idade. Resultaram então</p><p>171 figuras, sendo que o grupo de 50 respondentes convertidos com</p><p>25 anos de idade ou mais foi considerado para efeito de comparação.</p><p>Fundamentação teórica</p><p>Em pesquisas dessa natureza, o marco teórico tem sido quase exclu-</p><p>sivamente o psicopedagógico. Na falta de pesquisa mais profunda no</p><p>funcionamento do cérebro humano, devido à falta de tecnologia su-</p><p>ficiente, a psicologia do desenvolvimento, baseada na observação do</p><p>comportamento, evoluiu muito mais depressa do que a neurologia.</p><p>Psicólogos e pedagogos foram os principais explicadores</p><p>dos proces-</p><p>sos de aprendizado e de decisão e Jean Piaget se destaca entre eles.</p><p>Durante os anos 90, novos e interessantes resultados obrigaram a re-</p><p>visão de muitas ideias e conceitos estabelecidos anteriormente, ou de-</p><p>ram razão científica para observações do comportamento. Deveu-se</p><p>isso ao desenvolvimento das tecnologias de escaneamento do cérebro</p><p>e significativos investimentos financeiros no acompanhamento, pela</p><p>primeira vez, das mesmas crianças durante vários anos.</p><p>A insipiente neurologia anterior era baseada principalmente na mor-</p><p>fologia. Dava conta, por exemplo, de que as grandes transformações</p><p>do cérebro teriam terminado por volta dos 10 anos de idade e credi-</p><p>tava todas as transformações da adolescência aos hormônios. Hoje</p><p>se sabe que é na puberdade que o cérebro inicia a série de trans-</p><p>formações sem precedentes, que fazem o cérebro do adolescente</p><p>muito distinto do da criança ou do adulto. Longe de ser uma idade</p><p>onde comportamentos e valores estão cristalizados, a adolescência</p><p>é uma nova e fértil oportunidade de educação e desenvolvimento.</p><p>Então, sem desprezar a sociologia, psicologia e pedagogia pertinentes,</p><p>descobrimos na nova neurologia, mais que excelente fundamento</p><p>para nossas pesquisas, uma fonte de informação que possibilitou</p><p>melhor interpretação dos dados e compôs a proposta SUPER20.</p><p>Nesse processo, entre outros, o trabalho de Suzana Herculano-</p><p>Houzel, neurocientista brasileira, foi de grande importância.</p><p>Abram os olhos e vejam os campos!</p><p>Eles estão maduros para a colheita.</p><p>16 SUPER20 17AMME</p><p>Fatos do argumento</p><p>Dizem que contra fatos não há argumentos, mas na pesquisa os</p><p>fatos são os argumentos. Aqui estão os nossos.</p><p>Ao apresentar os dados e comparar as duas pesquisas, considera-</p><p>remos a nomenclatura crianças, adolescentes e jovens para facilitar</p><p>a referência às respectivas faixas de idade da proposta SUPER20:</p><p>4-10, 11-17 e 18-24.</p><p>1. Da idade</p><p>No total, as conversões de</p><p>crianças, adolescentes e</p><p>jovens representaram 77,10%</p><p>do total de respondentes</p><p>da Enquete Frutificar e</p><p>número bem semelhante</p><p>no Experimento (77,37%).</p><p>Portanto, a conversão dos</p><p>mais jovens representa mais</p><p>de três quartos de todas as</p><p>conversões.</p><p>Na Enquete Frutificar 24,68% dos respondentes declarou haver</p><p>se convertido de 4 a 10 anos de idade, 42,28% de 11 a 17 anos e</p><p>33,04% entre 18 e 24 anos de idade. Com a última faixa virtual-</p><p>mente empatada com o Experimento (33,91%), houve uma discre-</p><p>pância nas duas primeiras faixas. No Experimento as conversões de</p><p>4 a 10 foram um terço menores 16,96% e as de 11 a 17 foram quase</p><p>20% maiores 49,12%. Mesmo considerando o número mais conser-</p><p>vador da enquete, as conversões entre os adolescentes foram dois</p><p>terços maior do que entre as crianças, e quase um terço maior</p><p>do que entre os jovens. Nas duas pesquisas os adolescentes são a</p><p>faixa de maior conversão e, no Experimento Conversão, consi-</p><p>derando apenas os adolescentes de 11-17, nos três primeiros anos</p><p>se converteu 30,95% da faixa, contra 40,81% nos três últimos</p><p>anos. Portanto, os adolescentes com mais idade se converteram</p><p>mais do que os mais jovens.</p><p>2. Do gênero</p><p>Os 46,82% respondentes da Enquete foram homens e 53,18%</p><p>mulheres. As mulheres se converteram mais do que os homens na</p><p>infância, 26,73% contra 22,37% e na adolescência, 44,88% contra</p><p>39,37%. Os homens se converteram mais do que as mulheres na</p><p>juventude, 38,26% contra 28,38%.</p><p>No Experimento Janela da Conversão 48,41% dos respondentes</p><p>foram mulheres e 51,59% homens. A discreta inversão na proporção</p><p>em relação à Enquete é explicada pelo fato de o público do Expe-</p><p>rimento ser constituído por líderes. As mulheres se converteram</p><p>mais do que os homens apenas na infância: 19,51% contra 14,61%.</p><p>Na adolescência e na infância os homens se converteram mais:</p><p>50,56% contra 47,56% e 34,83% contra 32,93%. Ambas as pesquisas</p><p>46,82%</p><p>homens</p><p>53,18%</p><p>mulheres</p><p>26,73%</p><p>infância</p><p>44,88%</p><p>adolescência</p><p>28,38%</p><p>juventude</p><p>22,37%</p><p>infância</p><p>39,37%</p><p>adolescência</p><p>38,26%</p><p>juventude</p><p>Conversões por idade</p><p>Conversões por gênero e idade</p><p>18 SUPER20 19AMME</p><p>indicam que as mulheres tenderam a se converter um pouco antes</p><p>do que os homens.</p><p>3. Da atuação ministerial</p><p>Dos respondentes à Enquete, os que fizeram seu compromisso com</p><p>Cristo ainda criança se envolveram um pouco menos no minis-</p><p>tério (50,65%) do que os que fizeram seu compromisso na adoles-</p><p>cência (59,48%) e na juventude (61,87%). Nesse aspecto o viés do</p><p>Experimento Conversão aparece mais nítido, já que 90,06% dos</p><p>respondentes se declararam envolvidos com o ministério, princi-</p><p>palmente no pastoreio e liderança, ensino, diaconia e louvor, contra</p><p>58% dos respondentes da Enquete Frutificar. De qualquer modo</p><p>os números representam o fator preponderante no crescimento das</p><p>conversões evangélicas, a igreja participativa.</p><p>4. Do agente evangelizador</p><p>Os respondentes da Enquete</p><p>Frutificar disseram que seus</p><p>parentes foram os evange-</p><p>listas em 67,30% das vezes</p><p>em que a conversão ocorreu</p><p>na infância, 48,11% das</p><p>vezes em que a conversão</p><p>ocorreu na adolescência e</p><p>em 35,04% das vezes em</p><p>que a conversão ocorreu</p><p>na juventude. É interes-</p><p>sante notar que, mesmo</p><p>diminuindo em influência</p><p>conforme a idade das pessoas aumenta e provavelmente se tornam</p><p>mais independentes, a família permanece muito significativa. Por</p><p>outro lado os amigos, como evangelistas, cresceram em impor-</p><p>tância de 23% na infância, para 39,46% na adolescência e 49,28% na</p><p>juventude. Juntos, parentes e amigos foram responsáveis por 87%</p><p>das conversões em média, contra menos de dez por cento de todos</p><p>os outros meios ou agentes de evangelização.</p><p>No Experimento Janela da Conversão, os parentes representaram</p><p>68,96% dos agentes da evangelização de crianças, sendo que os pais</p><p>foram os evangelistas em 58,62% dos casos. Para os adolescentes</p><p>os parentes foram os evangelistas em 53,57% dos casos, e os amigos</p><p>da mesma idade foram os evangelistas em 11,9% dos casos, número</p><p>menor nesse caso porque no Experimento especificou-se amigos</p><p>da mesma idade, por isso também outros agentes da evangelização</p><p>somaram um número bem maior (34,52%), já que inclui amigos de</p><p>outras idades. A família diminui em influência para os jovens, repre-</p><p>sentando apenas 20,69% dos agentes da evangelização e os amigos</p><p>da mesma idade crescem ainda mais, representando 29,31%, quase</p><p>um terço a mais do que a família, não contando com os amigos de</p><p>outras idades. Nas duas pesquisas fica patente a importância insu-</p><p>perável da evangelização relacional.</p><p>5. Do contexto religioso</p><p>No Experimento Conversão</p><p>a maior parte das conver-</p><p>sões de crianças aconteceu</p><p>em um contexto evangélico</p><p>(55,17%) e somente 44,83%</p><p>em contexto católico.</p><p>Como nessa faixa quase</p><p>metade dos que declararam</p><p>terem se convertido em um</p><p>contexto católico alegou</p><p>também terem sido pai/mãe</p><p>os agentes da evangelização,</p><p>é possível que tenham feito</p><p>seu compromisso com Cristo junto com seus pais, o que faria com</p><p>que até três quartos das conversões de crianças tivessem acontecido</p><p>em um contexto evangélico.</p><p>Na adolescência o contexto evangélico aparece em menos da</p><p>metade das conversões (47,62%), o contexto católico foi o segundo</p><p>(42,86%) e aparecem conversões em outros contextos religiosos</p><p>amigos outrosparentes</p><p>67,30 %</p><p>48,11 %</p><p>35,40 %</p><p>49,28 %</p><p>15,32 %</p><p>39,46 %</p><p>12,43 %</p><p>23 %</p><p>9,70 %</p><p>in</p><p>fâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>ad</p><p>ol</p><p>es</p><p>cê</p><p>nc</p><p>ia</p><p>ju</p><p>ve</p><p>nt</p><p>ud</p><p>e</p><p>%</p><p>%</p><p>%</p><p>%</p><p>%</p><p>%</p><p>%</p><p>%</p><p>%</p><p>Contexto religiosoAgente Evangelizador</p><p>20 SUPER20 21AMME</p><p>em lar evangélico que ouviram o evangelho quando criança mas só</p><p>fizeram sua decisão na adolescência, possível reflexo da demora de</p><p>algumas famílias e igrejas em estimular o compromisso objetivo da</p><p>criança.</p><p>7. Do local da evangelização</p><p>Os respondentes que se converteram dentro das três faixas de idade</p><p>declararam que sua própria casa foi o principal lugar onde ouviram</p><p>o Evangelho (42,10%), em segundo lugar veio a igreja (23,98%) e</p><p>em terceiro “outro lugar” (17,54%) – um convite à criatividade na</p><p>evangelização de crianças, adolescentes e jovens. Todos os outros</p><p>locais de evangelização somaram apenas (16,38%).</p><p>Os respondentes que foram evangelizados quando crianças ouviram</p><p>o Evangelho quase que exclusivamente em sua casa ou, na mesma</p><p>proporção, em uma igreja, o que reflete o grande número dos que</p><p>viviam em famílias evangélicas. Já para os que ouviram o Evangelho</p><p>na adolescência, sua casa (52,38%) foi o local mais de duas vezes que</p><p>a igreja (22,62%). A igreja foi ainda menos importante como local</p><p>para a evangelização de jovens (18,96%) que, mais do que os outros,</p><p>foram evangelizados em “outro lugar” (32,76%).</p><p>Assim, a igreja, local onde os cristãos concentram mais esforços para</p><p>com 9,52%. Nessa faixa, as conversões em contexto evangélico</p><p>ainda declinaram conforme a idade dos adolescentes aumentou,</p><p>favorecendo o aumento das conversões em outros contextos. Dife-</p><p>rente do que aconteceu com os que fizeram seu compromisso</p><p>na infância, somente menos de um terço dos adolescentes que se</p><p>converteu em contexto católico e somente 10% dos que se conver-</p><p>teram em contexto de outras religiões declararam que o evangelista</p><p>foi pai/mãe, portanto, poucos foram os que podem ter se convertido</p><p>junto com seus pais.</p><p>Na juventude as conversões no contexto evangélico foram de</p><p>apenas 17,24% contra 63,79% das conversões em contexto cató-</p><p>lico. Também houve um forte acréscimo dos convertidos em outros</p><p>contextos religiosos (18,97%). Quando as faixas do SUPER20 são</p><p>comparadas com as conversões de adultos, a tendência fica ainda</p><p>mais clara: Acima de 25 anos de idade, as conversões em contexto</p><p>evangélico representam apenas 12% do total. É nítido que as crianças</p><p>nascidas em um contexto evangélico se convertem principalmente</p><p>na infância, e aquelas nascidas em outros contextos religiosos se</p><p>convertem principalmente na adolescência e juventude.</p><p>6. Do ouvir e decidir</p><p>Além do compromisso com Cristo, o Experimento Conversão</p><p>perguntou sobre a idade em que os respondentes ouviram o Evan-</p><p>gelho, para identificar o tempo de resposta. Na faixa de 11 a 17 anos,</p><p>45,24% dos respondentes ouviram o Evangelho na faixa anterior,</p><p>quando criança; deles, a maioria (68,42%) era de família evangélica</p><p>e outros 13% declararam que o agente da evangelização foram pai/</p><p>mãe, podendo ter se convertido junto com eles. Na faixa dos que</p><p>fizerem seu compromisso com Cristo entre 18 e 24 anos, 13,8% dos</p><p>respondentes ouviu o Evangelho quando criança, número seme-</p><p>lhante ouviu quando adolescente (12,06%).</p><p>Portanto, três entre cada quatro jovens, mas somente metade dos</p><p>adolescentes, se converteram na mesma faixa de idade em que</p><p>ouviram o evangelho. Nisso influiu um grande número de nascidos</p><p>Idade de conversão / evangelização</p><p>Ouviu a mensagem do evangelho entre</p><p>4 e 10 anos 11 e 17 anos 18 e 24 anos após os 25 anos</p><p>11 | 17</p><p>100% 47%53%</p><p>04 | 10</p><p>18 | 24 25 | +</p><p>74%</p><p>14%</p><p>12%</p><p>58%</p><p>20%</p><p>11%</p><p>11%</p><p>22 SUPER20 23AMME</p><p>trazer e evangelizar as pessoas, caiu de cerca de 40% em importância</p><p>na infância, para 22,62% na adolescência e 18,96% na juventude. Já</p><p>a grande importância da casa do respondente parece indicar nova-</p><p>mente a importância da evangelização relacional superando a evan-</p><p>gelização institucional. A escola, local onde a maioria das crianças,</p><p>adolescentes e jovens passa a maior parte de seu tempo revelou-</p><p>se uma opção pobre como local de evangelização: não pontuou na</p><p>infância, obteve menos de 4% de relevância na adolescência e menos</p><p>de 7% na juventude – isso parece refletir a falta de maturidade dos</p><p>programas de evangelização na escola.</p><p>8. Do afastamento e retorno</p><p>Das pessoas que fizeram seu compromisso com Cristo na infância,</p><p>37,93% se afastou da fé, sendo que a maioria (63,6%) eram filhos</p><p>de evangélicos e quase metade se afastou na adolescência. Daqueles</p><p>que fizeram seu compromisso na adolescência 30,95% se afastou,</p><p>sendo que mais da metade (53,84%) eram filhos de evangélicos e</p><p>metade se afastou ainda na adolescência. Dos que se converteram na</p><p>juventude apenas 13,8% declarou haver se afastado e apenas cerca</p><p>de 10% era filho de evangélicos.</p><p>Portanto, a quantidade de afastamentos decaiu conforme a decisão foi</p><p>tomada mais tarde. Isso pode refletir uma falta de acompanhamento</p><p>dessas decisões temporãs. Onde havia muitos filhos de evangélicos,</p><p>eles representaram uma proporção muito maior dos afastados do</p><p>que entre os nascidos em lares de outras confissões religiosas. Isso</p><p>pode indicar um menor</p><p>grau de realidade na</p><p>decisão de quem foi “criado</p><p>na igreja”. Não foram</p><p>considerados aqui aqueles</p><p>afastamentos de filhos de</p><p>famílias evangélicas que</p><p>aconteceram antes de um</p><p>compromisso com Cristo.</p><p>O retorno aconteceu assim: 13,33% na adolescência, 35,55% na</p><p>juventude, 46,67% acima de 25 anos de idade. Esse tema não foi</p><p>suficientemente pesquisado e deve merecer atenção mais específica</p><p>nas próximas pesquisas.</p><p>9. Evangelização de crianças</p><p>Quase todos os respondentes (94,57%) do Experimento Conversão</p><p>declararam que evangelizavam. Isso é muito mais do que ocorre</p><p>na igreja em geral, mas perfeitamente aceitável no viés de 88,23%</p><p>de respondentes ativos no ministério. O que precisa ser conside-</p><p>rado aqui é que 27,7%, ou seja, mais que um quarto daqueles que</p><p>declararam evangelizar, disseram que não evangelizavam crianças.</p><p>Considerando o grande potencial de conversão das crianças, e o</p><p>fato de a maioria haver feito seu compromisso com Cristo ainda</p><p>bem jovem, isso denota um problema.</p><p>37,93%</p><p>infância</p><p>30,95%</p><p>adolescência</p><p>13,08%</p><p>juventude</p><p>casa</p><p>igreja escola,parque,</p><p>clube, faculdade</p><p>10%42 98%23 54%17</p><p>outros lugares</p><p>38%16</p><p>94%</p><p>%</p><p>evangelizam</p><p>27</p><p>não evangelizam</p><p>crianças</p><p>Local de evangelização</p><p>Afastamento do Evangelho</p><p>Evangelização de Crianças</p><p>24 SUPER20 25AMME</p><p>Outro pensar</p><p>É preciso habituar-se a isso: quanto mais</p><p>perguntamos, mais perguntas temos. Se</p><p>aprendemos, sabemos que precisamos sa-</p><p>ber. Nossa pesquisa suscita as seguintes</p><p>questões, para as quais buscamos respostas.</p><p>Porque a janela</p><p>brasileira fica no segundo andar?</p><p>Vários fatores parecem determinar que, no</p><p>Brasil comparado aos Estados Unidos, os</p><p>adolescentes e não as crianças sejam o prin-</p><p>cipal grupo de conversão. O fator religio-</p><p>so é preponderante. A criança é usual-</p><p>mente ensinada na fé de seus pais e tem</p><p>pouca oportunidade e capacidade para</p><p>decidir-se diferentemente. Ora, os evangé-</p><p>licos representam menos de um quarto da</p><p>população, por isso é natural que a maior</p><p>parte das pessoas que se converte na infân-</p><p>cia seja nascida em lares evangélicos e que o</p><p>número total das crianças que se convertem</p><p>seja menor que o de adolescentes e jovens.</p><p>Agrava esse modelo a condição de proteção</p><p>da criança, causada pela violência e outras</p><p>ameaças nos grandes centros urbanos, que</p><p>diminuem o acesso da Igreja. Falando re-</p><p>centemente com líderes estadosunidenses</p><p>em uma conferência, ouvi que, com a des-</p><p>cristianização daquele país, os números achados anteriormente por</p><p>Myers, Brewster e Barna começam a mostrar claros sinais de mu-</p><p>dança, tendendo para a nossa realidade. Também ouvi de uma mis-</p><p>sionária nas Filipinas, país de colonização católica, que os números</p><p>ali podem ser muito mais semelhantes aos nossos.</p><p>Porque os adolescentes se convertem mais?</p><p>Identidade – Os adolescentes estão em busca de uma identidade</p><p>adulta e, nesse processo, rejeitam aquilo que pode associá-los à in-</p><p>fância, inclusive a influência da família e a religião dos pais. A fé</p><p>evangélica pode oferecer uma forte identidade a adolescentes ori-</p><p>ginários de famílias de outras religiões. Insatisfação – Com um</p><p>sistema de recompensa empobrecido, o adolescente sai em busca</p><p>de experiências radicais que tenham o poder de produzir novas e</p><p>mais intensas sensações prazerosas. Novos relacionamentos e mes-</p><p>mo uma experiência religiosa mais intensa podem ser maneiras de</p><p>suprir essa carência. Argumentação – Com o aumento da massa</p><p>branca a velocidade do raciocínio do adolescente aumenta extrema-</p><p>mente em relação à infância e ele se torna mais questionador e mais</p><p>argumentativo. O cristianismo evangélico tanto pode satisfazer me-</p><p>lhor sua necessidade</p><p>de uma fé mais racional como a defesa de uma</p><p>nova fé religiosa oferece a oportunidade de exercitar a argumen-</p><p>tação. Relacionamentos – Na medida em que se torna mais hábil</p><p>nos relacionamentos o adolescente busca novas amizades e se tor-</p><p>na mais sensível à evangelização relacional de outros adolescentes</p><p>preparados para evangelizar. Inovação – a adolescência é dominada</p><p>pela sede por coisas novas e a mudança de fé provê toda uma gama</p><p>de novidades. Todos esses fatores facilitam a conversão dos adoles-</p><p>centes e superam inclusive a inabilidade e despreparo da igreja para</p><p>alcançá-los e mantê-los.</p><p>Porque as mulheres se convertem primeiro?</p><p>Alcançando a puberdade antes dos meninos as meninas também en-</p><p>tram antes no processo de transformação neurológica que amplia</p><p>as possibilidades de conversão entre os adolescentes. Vários fatores</p><p>sócioculturais também cobram maior responsabilidade das meninas</p><p>26 SUPER20 27AMME</p><p>por sua vida e futuro, como a perspectiva antecipada de casamento,</p><p>por exemplo, já que as mulheres, tradicionalmente, casam-se mais</p><p>jovens. Um outro fator pode ser a identificação da fé com o uni-</p><p>verso feminino, e a carnalidade como uma prerrogativa masculina,</p><p>o que inicialmente previne a conversão dos meninos.</p><p>Porque a família diminui em</p><p>importância na evangelização?</p><p>A família, principalmente pela dificul-</p><p>dade dos pais para se ajustarem à de-</p><p>manda dos filhos por independência,</p><p>passa a representar um indesejável vín-</p><p>culo com a infância. Em seu proces-</p><p>so de amadurecimento o adoles-</p><p>cente rejeitará e se afastará</p><p>cada vez mais dos costu-</p><p>mes e exigências da fa-</p><p>mília, em busca de seu</p><p>próprio caminho. Nesse</p><p>processo os amigos da mesma</p><p>idade terão maior influência, já que</p><p>se tornam a referência preferencial no</p><p>processo de inclusão social.</p><p>Porque os filhos dos</p><p>crentes se afastam tanto?</p><p>A fé na infância é sobretudo afetiva. As</p><p>crianças creem no que seus pais creem,</p><p>e isso é determinado pela qualidade do</p><p>relacionamento, pelos vínculos de con-</p><p>fiança e modelo da aprendizagem. Na</p><p>medida em que vivenciam as transfor-</p><p>mações da adolescência e o cérebro se</p><p>torna mais capaz, as coisas que eram</p><p>simplesmente aceitas passam a ser alvo</p><p>de contestação e escrutínio. Isso é bom,</p><p>mas família e igreja não estão preparadas para verem seus adoles-</p><p>centes contestarem a fé que tinham tão candidamente na infância. A</p><p>contestação é reprimida como algo indesejável e deixada sem as ne-</p><p>cessárias respostas. Pressionado pelos colegas, pelo mundo, por no-</p><p>vas oportunidades, novas possibilidades e novos desejos carnais que</p><p>acompanham o crescimento, o adolescente cristão, sem elementos</p><p>para permanecer na fé, se desvia.</p><p>Porque a evangelização de crianças ainda é secundária?</p><p>O modo como a criança é vista na sociedade parece ser determinan-</p><p>te em sua consideração como alvo de missões. Na medida em que</p><p>a criança não é vista como uma pessoa de pleno direito, também é</p><p>ignorada nos planos da Igreja. Jesus mandou pregar o Evangelho</p><p>a toda criatura, mas a criança não parece ser “criatura” suficiente</p><p>para receber o Evangelho. A criança como objeto de propriedade</p><p>dos adultos, como um ser informe, como uma possibilidade futura,</p><p>sofre dos novos discípulos a mesma antiga repreensão. Longe de</p><p>serem incentivadas a se aproximarem do Mestre, são afastadas dele.</p><p>Desse modo, muitos dos ministérios infantis, longe de serem am-</p><p>biente mais apropriado para o desenvolvimento da fé infantil, são</p><p>retiros da fé e do culto.</p><p>Ide por todo</p><p>o mundo e pregai</p><p>o evangelho a toda</p><p>criatura: crianças,</p><p>adolescentes</p><p>ou jovens.</p><p>28 SUPER20 29AMME</p><p>ensinamos fiquem no caminho certo precisamos eliminar todo o</p><p>tipo de distração, contaminação ou influência. Elas precisam estar</p><p>dedicadas. Portanto, ensinar não é apenas falar, não é esbravejar,</p><p>não é negociar, mas dedicar, agir de modo que se esteja integral-</p><p>mente dentro do caminho em que devem andar. O próprio termo</p><p>que usamos em português tem um significado assim bem abran-</p><p>gente. Ensinar significa colocar um sinal, uma marca (ensinar =</p><p>en+signar). A pedagogia moderna, insegura e cheia de culpa, onde</p><p>quem ensina se coloca à margem,</p><p>como facilitador apenas, não tem</p><p>vontade e nem força para cumprir</p><p>as condições dessa promessa.</p><p>Criança - O termo (na’ar) tradu-</p><p>zido como “criança” era igual-</p><p>mente aplicado para adolescentes</p><p>e para os servos. Presente em 238</p><p>vezes nas Escrituras, é traduzido</p><p>76 vezes como homem jovem, 54</p><p>vezes como servo, 44 vezes como</p><p>criança, 33 vezes como rapaz, 15</p><p>vezes como jovem, 7 vezes como</p><p>crianças, 6 vezes como juventude,</p><p>1 vez como bebê, 1 vez como</p><p>meninos, 1 vez como juvenil.</p><p>Portanto, a ideia do adolescente</p><p>ou jovem tem o dobro de possibi-</p><p>lidades na tradução desse texto do</p><p>que a ideia de criança. Várias tradu-</p><p>ções concordam com isso, inclu-</p><p>sive a Vulgata Latina que traduz</p><p>assim: “proverbium est adules-</p><p>cens iuxta viam suam etiam cum</p><p>senuerit non recedet ab ea”. Note</p><p>o termo adulescen substantivo</p><p>do latin que significa homem ou</p><p>Está escrito!</p><p>Esse é, possivelmente, o texto mais representativo da teologia evan-</p><p>gélica da criança. O texto moldou nossa forma de ver a criança e</p><p>a oportunidade de influenciar sua vida espiritual. Sempre que</p><p>queremos enfatizar a importância de ensinar às crianças, este texto</p><p>nos ocorre. É de fato um texto de grande importância para o ensino,</p><p>mas o espectro que ele alcança é mais amplo do que pensamos</p><p>inicialmente, quando lemos nossas traduções e versões disponíveis.</p><p>É preciso olhar com muito mais atenção para o que está escrito, ou</p><p>nos arriscamos a um ministério insuficiente.</p><p>A sabedoria de saber</p><p>Este texto é um dos provérbios atribuidos ao rei Salomão, conside-</p><p>rado um dos homens mais sábios de todos os tempos. A primeira</p><p>coisa que nos atrai quando examinamos este texto é o resultado que</p><p>podemos obter: “ainda quando for velho, não se desviará dele”. É</p><p>um resultado que certamente queremos, mas para obtê-lo devemos</p><p>compreender bem o que o texto está nos dizendo, as condições que</p><p>ele estabelece. Há aqui quatro palavras para examinarmos com mais</p><p>cuidado:</p><p>Ensina - O termo (chanak) da língua original traduzido por “ensina”,</p><p>significa “dedicar”. O modo como este texto prevê o ensino é</p><p>“dedicando-as”, tornando-as exclusivas do caminho em que devem</p><p>andar. Algo que é dedicado não pertence a ninguém mais, não pode</p><p>ser contaminado, não se divide. Se queremos que as pessoas que</p><p>“Ensina a criança no caminho em que deve an-</p><p>dar, e, ainda quando for velho, não se desviará</p><p>dele.” Pv 22:6.</p><p>30 SUPER20 31AMME</p><p>mulher jovem, juventude. A raiz da palavra é “chacoalhar” como</p><p>se faz quando se quer saber o que há dentro. A ideia parece ser a</p><p>de uma pessoa dependente, um dependente como costumamos</p><p>dizer no Brasil, que ainda não tem o suficiente para conquistar</p><p>sua autonomia. As crianças são assim e também os adolescentes</p><p>ou os servos.</p><p>Caminho - O caminho ao qual a criança deve ser dedicada pelo</p><p>adulto é um modo de vida, um jeito de viver. Se supõe que o adulto</p><p>saiba que modo de vida é esse ou não poderá ajudar a criança ou</p><p>adolescente a se dedicar a ele. Quando o “caminho” é o próprio</p><p>modo de vida do adulto, a criança o adolescente ou jovem começam</p><p>a cometer os mesmos erros que veem o adulto cometer. Próximo da</p><p>adolescência a criança deixa os pais como modelo (na medida em que</p><p>se desmistificam como super heróis) e busca seu próprio caminho,</p><p>seguindo outros adultos, artistas, esportistas, figuras públicas como</p><p>modelo ou “caminho”. Os modelos tem grande poder no ensino,</p><p>mas grande parte das figuras públicas não tem o tipo de</p><p>vida a que queremos ver dedicados aqueles que</p><p>dependem de nós. É preciso um modelo infa-</p><p>lível para inspirar uma verdadeira dedicação.</p><p>“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho,</p><p>a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai</p><p>senão por mim.” João 14:6. Jesus se apre-</p><p>sentou como “o caminho”, o modelo a ser</p><p>seguido.</p><p>Deve andar - Essa expressão é a tradução</p><p>de uma única palavra (peh) na língua</p><p>original. Essa palavra significa boca e,</p><p>por extensão,</p><p>palavra ou mandamento.</p><p>Portanto aquele caminho em que a</p><p>criança, o adolescente, o jovem</p><p>devem andar é aquele que foi</p><p>falado, mandado por Deus.</p><p>As pessoas que dependem</p><p>de nós não existem para satisfazer nossas vontades e caprichos. - Faça</p><p>assim porque eu quero; porque eu estou mandando; porque eu sou</p><p>mais forte; porque eu sou mais capaz - agir dessa maneira produz</p><p>uma situação de injustiça que Deus repudia. O adulto é tão humano</p><p>e tão falho diante de Deus quanto a criança - “todos pecaram” Rm</p><p>3:23. A autoridade do adulto para dedicar quem depende dele ao</p><p>modelo de vida, vem de Deus. É Deus quem dá autoridade ao pai,</p><p>ao mestre, e essa autoridade brota do que foi mandado por Deus, a</p><p>Bíblia é a fonte. O modelo para a criança, o adolescente e o jovem</p><p>é o que foi mandado. Jesus mesmo seguiu o que Deus mandou.</p><p>Ele disse: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como</p><p>ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, porque não busco a minha</p><p>vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou.” João 5:30. O adulto</p><p>que não sabe o que Deus mandou, fica sem autoridade.</p><p>A sabedoria de fazer</p><p>Porque as traduções tão comumente aplicam esse texto à criança,</p><p>eliminando um período tão próspero e frutífero de ensino, e dimi-</p><p>nuindo as chances de que a promessa incluída no texto se confirme</p><p>para benefício de quem aprende e de quem ensina? Tenho duas</p><p>hipóteses, uma literária e outra cultural.</p><p>Um dos recursos literários do livro de Provérbios é lidar com</p><p>extremos. Assim, pode ter parecido muito razoável aos tradutores</p><p>opor infância e velhice e, dessa forma, limitaram artificialmente o</p><p>período em que o ensino deve ser dado. A falta de uma palavra que</p><p>traduza a amplitude do termo hebraico também não ajudou. Seme-</p><p>lhantemente os tradutores podem ter sido influenciados pela crença</p><p>comum de que a educação só produz efeito na infância, ideia corro-</p><p>borada pela aparente arrogância e obstinação do adolescente. O fato</p><p>é que usamos uma tradução pobre do termo, o que contribui para a</p><p>formação de uma ideia incompleta.</p><p>O texto que lemos inicialmente seria melhor interpretado assim:</p><p>“Dedique a pessoa que depende de você a seguir o modelo mandado</p><p>por Deus e até o fim da vida ela continuará assim.”. Essa versão deve</p><p>32 SUPER20 33AMME</p><p>nos lembrar que: 1) Ensinar é levar à dedicação; 2) Somos responsá-</p><p>veis pelo futuro de quem depende de nós; 3) Não somos o melhor</p><p>modelo para seguir - Jesus é o caminho; 4) A autoridade que exer-</p><p>cemos vem do que Deus mandou.</p><p>Ensinar adolescentes e jovens, não somente é tão eficiente do</p><p>que ensinar crianças, como também é a única maneira de asse-</p><p>gurar que o ensino da infância produzirá os frutos que dese-</p><p>jamos. Contudo, não é possível ensinar o adolescente da mesma</p><p>maneira que ensinamos a criança. Há profundas diferenças que</p><p>devemos atender para obtermos resultado. Adolescentes, por</p><p>exemplo, pensam mais rápido do que as crianças, ouvem, veem</p><p>com mais facilidade, e são dominados por um útil impulso de</p><p>independência. Sua aparente arrogância e obstinação são um</p><p>aviso de que é preciso apresentar-lhes o ensino de uma maneira</p><p>mais racional e mais participativa.</p><p>A sabedoria de ensinar</p><p>Aqui estão algumas coisas práticas para você fazer. Olhe à volta para</p><p>tantas crianças, adolescentes e jovens. Jesus mandou pregar o Evan-</p><p>gelho a toda criatura, ele estava pensando nessas pessoas também.</p><p>Como discípulo de Jesus você é responsável por fazer discípulos</p><p>entre as crianças, os adolescentes e os jovens e ensinar-lhes todas as</p><p>coisas que Jesus nos ordenou. Para fazer isso de modo efetivo, para</p><p>que eles permaneçam:</p><p>Assuma a responsabilidade - Ensinar é a Grande Comissão, é</p><p>a função fundamental de todo cristão bíblico. Exorte, console,</p><p>conforte eliminando as opções, até que as pessoas que dependem</p><p>de você estejam completamente dedicadas, e percebam que há</p><p>somente um caminho.</p><p>Desenvolva relacionamentos - Não é possível ensinar se não se</p><p>desenvolve um relacionamento responsável. Assuma sua posição</p><p>como adulto, não se deixe enganar pela ilusão de que é preciso ser</p><p>irresponsável para ter acesso aos mais jovens.</p><p>Coloque Jesus no centro - Jesus deve ser seu modelo de vida, você</p><p>deve estar seguindo e imitando Jesus em tudo o que faz para atrair</p><p>os mais jovens a viverem da mesma forma. Através de sua própria</p><p>vida, torne Jesus tangível para seus cérebros ávidos por sensações.</p><p>Ensine a Palavra de Deus - Não há outra fonte de autoridade válida</p><p>para ensinar alguém. Conheça a Palavra e transmita-a. Deixe que</p><p>Deus fale através de você. Leve o jovem a ouvir Deus falando.</p><p>Uma sociedade orgulhosa e soberba é humilhada todos os dias no</p><p>insucesso da educação formal. Não é no ter, nem no ser, nem no</p><p>estar, nem no fazer que reside a transformação. É no crer! Quando</p><p>cremos o pouco se torna muito; quando cremos nos tornamos</p><p>confiantes; quando cremos produzimos mais; quando cremos</p><p>mudamos o ambiente em que estamos. É crendo que mudamos</p><p>a nós mesmos e mudamos o mundo. Ensinar a crer é a vocação</p><p>suprema da Igreja e a chave da transformação do mundo.</p><p>Não é possível</p><p>ensinar se não se desenvolve</p><p>um relacionamento</p><p>responsável.</p><p>34 SUPER20 35AMME</p><p>Todos todos</p><p>O conceito de Evangelização Total tem fundamentado as ações da</p><p>AMME Evangelizar e também foi um dos princípios que impul-</p><p>sionou a proposta SUPER20. A ideia, baseada no texto da Grande</p><p>Comissão conforme Marcos, sublinha os quatro “todos” implícitos</p><p>ou explícitos na ordem de Jesus: Todo crente; Todo mundo; Todo</p><p>Evangelho e Toda criatura.</p><p>Estamos convictos de que “todo crente” deve anunciar o Evangelho,</p><p>e isso inclui as crianças, os adolescentes e os jovens. Se eles creem,</p><p>devem ir! Os crentes devem ir por “todo mundo”, e mundo aqui</p><p>significa muito mais as diferentes culturas e segmentos sociais, o</p><p>que inclui o peculiar mundo das crianças e as tantas tribos e movi-</p><p>mentos de adolescentes e jovens. Em todo mundo, “todo o Evan-</p><p>gelho” deve ser anunciado, isso quer dizer que o Reino dos céus</p><p>deve ser estabelecido para a transformação das pessoas. Também,</p><p>toda criatura deve ouvir, isso significa que crianças, adolescentes e</p><p>jovens também precisam do Evangelho do Reino. As pesquisas que</p><p>resultaram na proposta SUPER20 fortaleceram essa ideia.</p><p>Tanto os números obtidos na Enquete e no Experimento, como</p><p>a fundamentação teórica na neurologia moderna determinaram</p><p>a contemplação de três faixas de idade, que foram denominadas</p><p>como: Crianças, compreendendo pessoas de 4 a 10 anos; Adoles-</p><p>centes, compreendendo pessoas de 11 a 17 anos – portanto uma</p><p>“E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e</p><p>preguem o evangelho a todas as pessoas.”</p><p>Mc 16:15</p><p>adolescência neurológica; Jovens, compre-</p><p>endendo pessoas de 18 a 24 anos de idade.</p><p>Em cada uma dessas faixas de idade, há uma</p><p>ênfase nuclear do relacionamento com a fé</p><p>e com Deus: Acesso para as crianças, vivên-</p><p>cia para os adolescentes e resultado para os</p><p>jovens. As cinco dimensões da pessoa gra-</p><p>vitam em torno da ênfase nuclear: Razão,</p><p>Emoção, Memória, Consciência e Imagi-</p><p>nação. A Igreja deve aprender a interferir</p><p>produtivamente nesse conjunto, evan-</p><p>gelizando as pessoas quando elas estão</p><p>mais sensíveis ao Evangelho.</p><p>ACESSO para as crianças</p><p>(4 a 10 anos)</p><p>A principal característica da criança</p><p>é sua secundarização. Mal representadas</p><p>pelos adultos, elas ainda são impedidas de</p><p>se aproximarem de Cristo e desfrutarem</p><p>plenamente da libertação que existe nele.</p><p>A maior responsabilidade e grande desafio</p><p>da Igreja é garantir o acesso das crianças a</p><p>Cristo, dentro do contexto de sua família.</p><p>Razão: Mais do que em qualquer outra fase</p><p>da vida o aprendizado depende de modelos</p><p>a serem imitados. O acesso a Cristo depen-</p><p>de do provimento de modelos dignos, da</p><p>interferência ativa da Igreja na relação entre</p><p>adultos e crianças.</p><p>Emoção: Afetividade é a principal via de</p><p>acesso da fé infantil. As convicções da</p><p>criança dependem de um ambiente pleno</p><p>36 SUPER20 37AMME</p><p>de amor e segurança. A Igreja precisa transpor</p><p>o templo e garantir esse ambiente no lar.</p><p>Memória: A memória</p><p>operacional (de curto</p><p>prazo) que vai de nula a muito pequena é um</p><p>gargalo no aprendizado. A Igreja deve desen-</p><p>volver suficiente didática para garantir o aces-</p><p>so de Cristo à memória de longo prazo.</p><p>Consciência: A criança precisa ser protegida</p><p>dos efeitos do relativismo, da amoralidade e</p><p>da imoralidade que obstruem o acesso a Cris-</p><p>to. A igreja deve estabelecer uma luta sem tré-</p><p>guas contra o mundanismo no ambiente da</p><p>criança.</p><p>Imaginação: A imaginação da criança torna</p><p>ambiente único o real e o fantástico. A Igreja</p><p>deve administrar essa ponte de modo produ-</p><p>tivo, cuidando que a fantasia não se torne uma</p><p>porta de entrada para o mundanismo.</p><p>VIVÊNCIA para os adolescentes</p><p>(11 a 17 anos)</p><p>Mal compreendidos em sua condição particu-</p><p>lar, diferente da criança e do adulto, falta ao</p><p>adolescente a chance de uma situação onde</p><p>expectativas e oportunidades estejam ple-</p><p>namente ajustadas a sua capacidade. A</p><p>Igreja precisa aceitar o desafio de tra-</p><p>duzir a fé de modo que o adolescente</p><p>possa vivenciá-la integralmente.</p><p>Razão: Com a rápida ampliação da</p><p>velocidade do pensamento, o adoles-</p><p>cente passa a exigir explicação lógica</p><p>dos eventos que o afetam. A Igreja deve garantir que a fé se torne uma</p><p>experiência racional para ele.</p><p>Emoção: Sem a inibição das funções elevadas de previsão e plane-</p><p>jamento, o adolescente vive para o prazer sensorial. A Igreja precisa</p><p>estar pronta a facilitar a experiência positiva da fé na música, cor,</p><p>forma, som, ritmo e movimento.</p><p>Memória: A memória de curto prazo em desenvolvimento preci-</p><p>sa ser suprida continuamente pela Igreja que deve ajudar também</p><p>na construção e administração da memória de longo prazo, vital na</p><p>composição da identidade.</p><p>Consciência: O adolescente vive um inevitável confronto com</p><p>a imoralidade. Mesmo assim sua experiência cristã pode ser</p><p>positiva, se a Igreja municiá-lo dos recursos racionais e morais</p><p>para o debate.</p><p>Imaginação: A inventividade dos adolescentes e sua propensão</p><p>para a inovação são potencial destacado para sua liderança e con-</p><p>tribuição social. A Igreja deve facilitar sua experiência cristã absor-</p><p>vendo esse potencial.</p><p>RESULTADO para os jovens (18 a 24 anos)</p><p>Raramente bem preparados para os desafios da vida moderna, os</p><p>jovens enfrentam com dúvidas, receio, muita dificuldade e pouca</p><p>ajuda o fluxo crescente das responsabilidades da vida adulta. A Igre-</p><p>ja deve estar disposta a acompanhar a integração social do jovem,</p><p>ajudando-o a viver uma fé cheia de resultados.</p><p>Razão: A crescente capacidade de previsão e planejamento do jovem</p><p>confere com a demanda por decisões que começam a afetar também</p><p>a vida de outras pessoas. Para que sejam frutíferos dependem de</p><p>apoio nesses processos.</p><p>Emoção: A necessidade de companhia traz o tema do namoro e</p><p>38 SUPER20 39AMME</p><p>do casamento para a ordem do dia. A Igreja deve ajudar o jovem a</p><p>construir o relacionamento heterossexual como o alicerce para um</p><p>casamento equilibrado.</p><p>Memória: O jovem passa operar com grande quantidade de</p><p>informação na universidade e no trabalho. Os princípios cristãos</p><p>devem estar dinamicamente associados a toda essa informação</p><p>para serem efetivos.</p><p>Consciência: Atuando em um mundo de valores dúbios, cheio de</p><p>imoralidade, a vida cristã não escapa do testemunho apologético. A</p><p>Igreja deve ajudar o jovem a afirmar princípios e valores bíblicos de</p><p>modo produtivo.</p><p>Imaginação: No protagonismo social o jovem deve mostrar ca-</p><p>pacidade de desenvolver soluções que afetarão a vida de outras</p><p>pessoas e por isso devem ser conscientes e intencionalmente mar-</p><p>cadas pela fé.</p><p>A dimensão social</p><p>Em um momento em que o crescimento populacional, a velocidade</p><p>da informação, os problemas e ameaças da urbanização, produzem</p><p>a sensação e a responsabilidade de uma vida coletiva, um exercício</p><p>tão focado na pessoa pode parecer carente da dimensão social. Con-</p><p>tudo, a pressão por uma evangelização das estruturas sociais e da</p><p>cultura é apócrifa. A evangelização se destina às pessoas.</p><p>A proposta SUPER20 parte do princípio bíblico de que a dimensão</p><p>social é consequente. O ser humano verdadeiramente evangelizado</p><p>amará o próximo como a si mesmo. Crianças, adolescentes e jo-</p><p>vens comprometidos com as Escrituras, serão verdadeiros agentes</p><p>de transformação: desejosos, capazes e hábeis. Sua principal ferra-</p><p>menta e recurso de transformação será a própria Evangelização: “O</p><p>que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo:</p><p>a nossa fé. Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o</p><p>Filho de Deus.” 1Jo 5:4,5.</p><p>Todos os outros</p><p>Nossa pesquisa demonstrou que a partir dos 25 anos de idade a con-</p><p>versão se torna cada vez menos frequente, até que a evangelização</p><p>de idosos se torna muito difícil. Tal dificuldade não deve desesti-</p><p>mular a Igreja, nem é essa a intenção da proposta. Nosso esforço é</p><p>para impulsionar a igreja a adiantar-se para apresentar o Evangelho</p><p>às pessoas quando elas são mais sensíveis ao Evangelho, e incluí-las</p><p>como agentes da evangelização quando são mais dispostas e ousadas.</p><p>Para aqueles que não alcançou antes, a Igreja deve sim desenvolver</p><p>estratégias adequadas e se esforçar em levá-los a Cristo. É uma res-</p><p>ponsabilidade inalienável. Mas é sábio adiantar-se e alcançar crian-</p><p>ças, adolescentes e jovens.</p><p>Crianças,</p><p>adolescentes</p><p>e jovens comprometidos</p><p>com as Escrituras serão</p><p>verdadeiros agentes de</p><p>transformação</p><p>40 SUPER20 41AMME</p><p>Agora e depois</p><p>Menos de um ano depois do lançamento da proposta SUPER20</p><p>lançamos a primeira revisão, refletindo o aprendizado e o</p><p>amadurecimento do tema. Nossa intenção é continuar revisando</p><p>a proposta SUPER20 e ampliando o suporte de pesquisa científica</p><p>e social. Também planejamos ampliar a discussão do tema com a</p><p>Igreja Brasileira e desenvolver ações próprias e em parceria, para</p><p>facilitar o trabalho da Igreja no conjunto da ênfase nuclear e das</p><p>dimensões da pessoa para cada faixa de idade.</p><p>No esforço de ajudar a Igreja a cumprir sua tarefa de evangelizar todo</p><p>mundo, especialmente aqueles que estão mais prontos e dispostos</p><p>a aceitar o Evangelho e participar da evangelização, faremos e não</p><p>somente só:</p><p>• Disponibilização da proposta em formato impresso e digital</p><p>• Seminários em todo o Brasil para apresentação da proposta</p><p>• Debates e oficinas para desenvolvimento das diretrizes</p><p>• Consultoria para desenvolvimento e implementação de</p><p>programas</p><p>• Produção e distribuição de textos relacionados</p><p>• Novas pesquisas científicas e sociais sobre o tema</p><p>• Revisão da proposta em 2011.</p><p>O acompanhamento dessas ações poderá ser feito a partir do</p><p>web site da AMME Evangelizar em www.evangelizabrasil.com e</p><p>questões relativas ao tema podem ser enviadas por e-mail para a</p><p>administração em portal@evangelizabrasil.com.</p><p>Bibliografia</p><p>BARNA, George. Research Shows That Spiritual Maturity Process Should Start at a Young Age.</p><p>Web site http://www.barna.org/barna-update/article/5-barna-update/130-research-shows-that-</p><p>spiritual-maturity-process-should-start-at-a-young-age - 2003, disponível em outubro, 2009.</p><p>BEVILAQUA, Lia R. M., CAMMAROTA, Martín e IZQUIERDO, Iván. Ganhos Cerebrais – O</p><p>olhar adolescente, N. 3. Editora Mente & Cérebro - São Paulo, Brasil – 2008.</p><p>BREWSTER, Dan. The “4/14 window”, child ministries and mission strategies. Arquivo PDF.</p><p>Agosto, 2005. This article first appeared as a chapter called “The 4/14 Window: “Child Ministries</p><p>and Mission Strategy” in Children in Crisis: A New Commitment edited by Phyllis Kilbourn,</p><p>published by MARC, 1996.</p><p>BUSH, Luis. Raising Up a New Generation from the 4/14 Window to Transform the World.</p><p>Transform World - 4-14 Window Booklet Full Resolution - Ready to Print (PDF) - Disponível</p><p>no site http://4to14window.com/ em agosto, 2009.</p><p>BUSH, Luis. Abraza al Futuro, Levantando una Nueva Generación de la Ventana 4/14 para</p><p>Transformar al Mundo. Associación de Naciónes de America para Cristo – Assunción, Paraguay,</p><p>2010.</p><p>DUNKER, Christian Ingo Lenz. Espelho, Espelho meu – O olhar adolescente, N. 1. Editora</p><p>Mente & Cérebro - São Paulo, Brasil – 2008.</p><p>HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Novas Equações Cerebrais - O olhar adolescente, N1.</p><p>Editora Mente & Cérebro - São Paulo, Brasil - 2008.</p><p>HERCULANO-HOUZEL, Suzana. O Cérebro em Transformação. Editora Objetiva Ltda. –</p><p>Rio de Janeiro, Brasil – 2005.</p><p>MORA, Estela. Puberdade e adolescência, dos nove aos dezesseis anos - Psicopedagogia Infanto</p><p>Adolescente. Grupo Cultural - União Europeia, sd.</p><p>Bíblia On-line, Sociedade Bíblica do Brasil, 1.999.</p><p>Biblioteca Digital da Bíblia, Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.</p><p>RELIGIÃO E SOCIEDADE, Grupo de Trabalho. Jovens sem religião - XIV Congresso Brasileiro</p><p>de Sociologia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Rio de Janeiro - RJ,</p><p>Brasil - 28 a 31 de julho de 2009.</p><p>42 SUPER20</p><p>Obrigado</p><p>Embora o relatório SUPER20 na versão 2010-1 seja ainda uma</p><p>proposta de discussão e desenvolvimento, só foi possível chegar até</p><p>aqui com a ajuda e o apoio de centenas de irmãos interessados na</p><p>salvação de vidas.</p><p>Nossos mantenedores que fielmente entregam o que Deus confiou</p><p>a eles para manter o ministério que é deles e nosso.</p><p>Aos respondentes da enquete Frutificar e do Experimento Janela</p><p>da conversão, por sua visão e interesse na evangelização inteligente.</p><p>A OneHope - nossos parceiros na Evangelização Total, pelo incentivo</p><p>e estímulo a fazer mais e melhor pelas crianças, adolescentes e</p><p>jovens.</p><p>Aos nossos missionários que não se cansam de pesquisar melhores</p><p>meios de ajudar as igrejas.</p><p>SUPER20 é o relatório de pesquisa e proposta de ação</p><p>desenvolvida pelo departamento de desenvolvim-</p><p>ento e editado pela SALVA VIDAS, departamento</p><p>de recursos evangelísticos da AMME Evangelizar.</p><p>A pesquisa e a proposta SUPER20 foram desen-</p><p>volvidos com recursos de ofertas da Igreja</p><p>Brasileira. Para contribuir com a continuidade</p><p>deste programa deposite sua oferta para AMME</p><p>no Banco do Brasil, CC 15.278-1, agência 3279-4.</p><p>www.salvavidas.biz - 0800 121 911</p><p>SUPER20 é uma proposta de atuação estratégica para a igreja</p><p>brasileira. Baseado em pesquisas realizadas pela AMME Evange-</p><p>lizar a proposta aponta para o público mais aberto e os objetivos</p><p>mais oportunos para a evangelização. É uma leitura essencial para</p><p>pastores e líderes de igrejas comprometidas com a Grande Comissão.</p>