Prévia do material em texto
<p>SISTEMA DE ENSINO</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>Livro Eletrônico</p><p>2 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Sumário</p><p>Apresentação ................................................................................................................................... 4</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil ............................................................................................... 5</p><p>Parte I – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro ................................................. 5</p><p>1. Introdução ..................................................................................................................................... 5</p><p>2. Fontes do Direito ........................................................................................................................ 5</p><p>2.1. Analogia ...................................................................................................................................... 7</p><p>2.2. Costumes ................................................................................................................................... 8</p><p>2.3. Princípios Gerais do Direito ................................................................................................... 8</p><p>2.4. Equidade .................................................................................................................................... 9</p><p>3. Norma Agendi: a Lei .................................................................................................................... 9</p><p>3.1. Vigência, Vigor, Eficácia e Validade da Lei ........................................................................ 10</p><p>3.2. Repristinação da Lei ............................................................................................................. 14</p><p>3.3. Eficácia da Lei no Tempo .......................................................................................................15</p><p>3.4. Eficácia da Lei no Espaço – Regras sobre Direito Internacional Privado ...................19</p><p>4. Competência e Jurisdição ........................................................................................................21</p><p>5. Casamento: Regras sobre Direito Espacial ..........................................................................21</p><p>6. Prova ............................................................................................................................................ 23</p><p>7. O Direito Público e as Inovações ............................................................................................24</p><p>Parte II – Princípios Constitucionais do Direito Civil Contemporâneo ..............................34</p><p>1. Histórico do Direito Civil ..........................................................................................................34</p><p>1.1. Direito Civil Tradicional/Clássico: ....................................................................................... 36</p><p>1.2. Direito Civil Contemporâneo ................................................................................................ 36</p><p>1.3. Características do Direito Civil Pós-Positivismo .............................................................38</p><p>2. Princípios Constitucionais e sua Relevância para o Direito Civil ...................................40</p><p>3. Paradigmas do Direito Civil Contemporâneo ......................................................................43</p><p>4. Diferença Básica entre Cláusula Geral e Conceito Jurídico Indeterminado .................44</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>3 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>5. Diferença entre Regras e Princípios ..................................................................................... 45</p><p>Resumo ............................................................................................................................................ 47</p><p>Questões de Concurso ................................................................................................................. 50</p><p>Gabarito ...........................................................................................................................................64</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>4 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>ApresentAção</p><p>Olá, meus amigos, tudo bem?</p><p>Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à equipe do GRAN CURSOS JURÍDICO pelo convite</p><p>para ministrar este curso de Direito Civil. É um enorme desafio, porque o Direito Civil é extenso</p><p>e interage com todas as demais matérias, em especial o Direito Constitucional, que o legitima</p><p>e fundamenta.</p><p>Meu nome é Daniel Carnacchioni e, atualmente, ocupo o cargo de Juiz de Direito do TJDFT,</p><p>como titular da 2ª Vara da Fazenda Pública da capital federal. Antes de ingressar na carreira da</p><p>magistratura do TJDFT, há quase duas décadas, fui juiz de direito no nobre e encantador Estado</p><p>da Bahia, onde tive a oportunidade de conhecer e conviver com o guerreiro povo nordestino,</p><p>época em que fui aprovado, em duas oportunidades, para o cargo de juiz de direito do Estado</p><p>de Minas Gerais, em concursos públicos sucessivos. Ao final, acabei permanecendo no Distrito</p><p>Federal, onde estou até hoje.</p><p>Há mais de 15 anos sou professor de Direito Civil e, tento, na medida do possível, apresen-</p><p>tar a matéria a partir de outra perspectiva, com foco no fundamento, na razão e na finalidade</p><p>dos institutos de Direito Civil, porque somente assim é possível ter compreensão lógica de</p><p>todo o sistema para, inclusive, permitir que o aluno tenha a capacidade para conectar todos os</p><p>assuntos e temas. Nesse período de magistério, fui e ainda sou professor de várias instituições</p><p>de ensino e, em tempos recentes, passei a ter a honra de integrar a equipe do Gran Jurídico.</p><p>Nosso Manual de Direito Civil pela editora Juspodivm, onde abordo todos os temas de Direito</p><p>Civil, está caminhando para a 4ª edição, o que me deixa muito orgulhoso.</p><p>Neste desafio que começamos com essa primeira aula, o curso apresentará teoria e exer-</p><p>cícios comentados. A metodologia contempla a exposição dos assuntos e, na sequência, a</p><p>resolução de questões de provas. Para facilitar a revisão da matéria, todas as aulas serão fina-</p><p>lizadas com um resumo, além de uma lista das questões comentadas, com o gabarito. Caso</p><p>reste alguma dúvida, não hesite em postá-la no fórum de dúvidas. A interação com o professor</p><p>é um dos diferenciais do nosso curso! Espero que você aproveite bastante o curso.</p><p>Aproveite e se entregue intensamente ao Direito Civil. Boa leitura e sucesso.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>5 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>LINDB E PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL</p><p>pArte I – LeI de Introdução às normAs do dIreIto BrAsILeIro</p><p>1. Introdução</p><p>A LINDB, Lei de Introdução às Normas do Direito, (antes denominada Lei de Introdução ao</p><p>Código Civil - LICC)</p><p>ou judiciais. Em tal fundamentação,</p><p>o julgador deverá demonstrar que a decisão tomada é:</p><p>1. a necessária e a mais adequada (necessidade e adequação, subprincípios do princípio</p><p>da proporcionalidade),</p><p>2. explicar as razões pelas quais não são cabíveis outras possíveis alternativas.</p><p>Exemplo: ao anular uma licitação eivada de fraude, o administrador deve demonstrar que essa</p><p>medida é necessária e adequada para resguardar a moralidade administrativa, e considerando</p><p>que houve prejuízo ao erário não seria possível a convalidação (possível alternativa).</p><p>O art. 21, em desdobramento do dispositivo anterior, reforça, ainda, a necessidade dos</p><p>órgãos de controle e do Judiciário observarem, no âmbito administrativo, com “indicação” e</p><p>de forma “expressa”, as consequências jurídicas e administrativas de suas decisões quando</p><p>decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa. Veja:</p><p>Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação</p><p>de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas</p><p>consequências jurídicas e administrativas.</p><p>Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar</p><p>as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos</p><p>interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das</p><p>peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.</p><p>O paragrafo único do art. 21 trata acerca da regularização da situação em caso de invalida-</p><p>ção de ato contrato ou ajuste.</p><p>Exemplo: no caso de invalidação de contrato administrativo, a autoridade pública julgadora</p><p>que determinar a invalidação, deverá definir, se serão ou não preservados os efeitos do contra-</p><p>to, como, por exemplo, se os terceiros de boa-fé terão seus direitos garantidos. Deverá decidir,</p><p>ainda, se é ou não caso de pagamento de indenização ao particular que já executou as presta-</p><p>ções, conforme disciplinado pelo art. 59 da Lei n. 8.666/931.</p><p>1 NETO, Floriano de Azevedo Marques et. al. Resposta aos comentários tecidos pela Consultoria Jurídica do</p><p>TCU ao PL n. 7.448/2017. Conjur [s.d]. Disponível em: . Acesso em: 1 de ago. 2021</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.conjur.com.br/dl/parecer-juristas-rebatem-criticas.pdf</p><p>https://www.conjur.com.br/dl/parecer-juristas-rebatem-criticas.pdf</p><p>28 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>O art. 22 traz a lume o que alguns juristas denominam de primado da realidade. Em resu-</p><p>mo: significa que a realidade deve sempre ser observada, no que tange a interpretação das</p><p>normas sobre gestão pública.</p><p>Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as</p><p>dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos</p><p>direitos dos administrados.</p><p>§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou nor-</p><p>ma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado</p><p>ou condicionado a ação do agente.</p><p>§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida,</p><p>os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenu-</p><p>antes e os antecedentes do agente.</p><p>§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de</p><p>mesma natureza e relativas ao mesmo fato</p><p>Os elaboradores do projeto justificam que:</p><p>a norma em questão reconhece que os diversos órgãos de cada ente da Federação possuem re-</p><p>alidades próprias que não podem ser ignoradas. A realidade de gestor da União evidentemente é</p><p>distinta da realidade de gestor em um pequeno e remoto município.</p><p>No entanto, fica o alerta de que se trata de norma perigosa. Isso porque pode ser utilizada</p><p>como uma brecha para vencer comandos legais impositivos, sob a falácia das contingências</p><p>da realidade.</p><p>As dificuldades orçamentarias não podem ser invocadas como defesa, para não imple-</p><p>mentação de políticas públicas mínimas (a teoria da reserva do possível não pode ser invoca-</p><p>da diante da garantia do mínimo existencial).</p><p>Assim, a diretriz a se seguir na interpretação da norma, pelos órgãos de controle, é de que</p><p>a realidade não pode vencer a garantia de direitos fundamentais da coletividade.</p><p>Por fim, o § 2 º do referido artigo elenca as circunstâncias que devem ser levadas em con-</p><p>sideração na aplicação das sanções:</p><p>a) a natureza e a gravidade da infração cometida;</p><p>b) os danos que dela provierem para a administração pública;</p><p>c) as circunstâncias agravantes ou atenuantes, e</p><p>d) os antecedentes do agente.</p><p>No art. 23 e 24 da LINDB, há a consagração do direito à segurança jurídica previsto no art.</p><p>5º, caput da CF, que visa, em sua vertente objetiva, a garantia da certeza e estabilidade das</p><p>relações ou situações jurídicas; e em sua vertente subjetiva a proteção à confiança legítima.</p><p>Assim prevê o art. 23 que:</p><p>Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orienta-</p><p>ção nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>29 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou con-</p><p>dicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo</p><p>aos interesses gerais [consagração dos regimes de transição e a modulação dos efeitos de decisão</p><p>administrativa baseada em novo entendimento].</p><p>Por regime de transição entende-se o regime jurídico de passagem, que possui duração</p><p>temporária, que busca oferecer condições diferenciadas para viabilizar o cumprimento de nova</p><p>interpretação jurídica aos seus destinatários que, sob o regime anterior, encontravam-se em</p><p>posição mais benéfica. Como se fosse uma modulação dos efeitos.</p><p>O CPC/15 também traz a modulação dos efeitos das decisões, no entanto, proferidas pelo</p><p>STF, nos seguintes termos:</p><p>Art. 927.</p><p>§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribu-</p><p>nais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos</p><p>efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.</p><p>Com isso, o legislador buscou, através do primado da razoabilidade, que o julgador consi-</p><p>dere os custos e o tempo necessário para que os administrados se adaptem ao novo cenário.</p><p>Nessa linha de raciocínio, o art. 24 consagra a permanência das relações e situações ju-</p><p>rídicas já constituídas com base no direito e em orientações gerais da época, ainda que haja</p><p>posterior mudança de orientação geral:</p><p>Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,</p><p>contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará</p><p>em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de</p><p>orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consi-</p><p>deram-se orientações gerais as interpretações e especificações</p><p>contidas em atos públicos de cará-</p><p>ter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática</p><p>administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.</p><p>O art. 30 da LINDB encerra o primado da segurança jurídica afirmando que “as autoridades</p><p>públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive</p><p>por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas às consultas”. E no seu para-</p><p>grafo único dispôs que “os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculan-</p><p>te em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.”</p><p>Segundo Jorge Reinaldo Vanossi, “segurança jurídica consiste, pois, no conjunto de condi-</p><p>ções que tornam possíveis as pessoas o conhecimento antecipado e reflexivo das consequên-</p><p>cias diretas de seus atos e de seus fatos à luz da liberdade conhecida”.</p><p>Paula de Barros Carvalho destaca a característica da bidirecionalidade da segurança jurí-</p><p>dica passado/futuro. Quanto ao passado, exige-se um único postulado: a irretroatividade. No</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>30 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>que aponta para o futuro, muitos são os expedientes principiológicos necessários, Como, por</p><p>exemplo, a garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeito, da coisa julgada, bem como o</p><p>uso da interpretação trazida por diversas normas, em especial, da analisada acima.</p><p>Nos arts. 26 e 27, a lei trás a possibilidade da celebração de termos de compromisso e</p><p>ajustamento de conduta na administração pública, entre autoridades públicas e particulares.</p><p>A inserção desse dispositivo é mais um exemplo do abandono de uma administração pública</p><p>autoritária, para uma administração pautada na consensualidade e participação. Nessa estei-</p><p>ra, ao invés da atuação unilateral e impositiva da vontade administrativa, a solução para o caso</p><p>concreto, deverá ser construída a partir do consenso e da participação social.</p><p>Não é a vigência da norma jurídica que será contrastada, mas sim a sua melhor interpreta-</p><p>ção, em razão do alto grau de indeterminação de grande parte de seus comandos. A lei retira</p><p>do administrador a responsabilidade de buscar a melhor interpretação da norma e traz a pos-</p><p>sibilidade de solução negociada.</p><p>Mostra-se indispensável a prévia manifestação do órgão jurídico (procuradorias) para a re-</p><p>alização desse compromisso, bem como audiências públicas, em casos de maior repercussão.</p><p>Ainda, o art. 27 permite ao julgador a imposição de compensação, em prol daquele que</p><p>tenha sofrido prejuízos anormais ou injustos, ou que tenha auferido benefícios indevidos resul-</p><p>tantes do processo ou da conduta, comissiva ou omissiva, dos envolvidos no âmbito judicial,</p><p>administrativo e controlador.</p><p>O art. 28 trata acerca da responsabilidade do agente público por decisões ou opiniões téc-</p><p>nicas no caso de dolo ou erro grosseiro.</p><p>Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em</p><p>caso de dolo ou erro grosseiro.</p><p>O erro grosseiro é sinônimo de culpa grave.</p><p>O dispositivo em comento é aplicável, em tese, em caso de responsabilidade regressiva.</p><p>Porém, neste caso, o dispositivo conflita com a regra prevista na CF, art. 37, § 6º. Isso porque</p><p>a responsabilidade regressiva da CF se contenta com dolo ou culpa. Veja, com grifos nossos:</p><p>§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos</p><p>responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o</p><p>direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.</p><p>O referido artigo trata da responsabilidade pessoal do agente e não da pessoa jurídica ao</p><p>qual está vinculado, à semelhança da Lei de Improbidade Administrativa (LIA).</p><p>No entanto, difere da Lei de Improbidade Administrativa (LIA), pois o referido dispositivo</p><p>(art. 28 da LINDB) trata acerca da responsabilidade civil do agente público.</p><p>A LIA, principalmente após as modificações realizadas pela Lei 14.230/2021 se dirige à</p><p>esfera de direito administrativo sancionador, conforme prevê o §4º do art. 1 da Lei em questão:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>31 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>“Aplicam- se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os princípios constitucionais</p><p>do direito administrativo sancionador”. Nesse diapasão, a Lei 14.230/2021 também alterou</p><p>o elemento subjetivo da conduta do agente, para admitir apenas o dolo, como vontade livre e</p><p>consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 da Lei de Improbidade,</p><p>não bastando a voluntariedade do agente. Assim, de acordo com o referido diploma, atualmen-</p><p>te, apenas atos de improbidade administrativa dolosos são sancionados pela lei.</p><p>A culpa grave (erro grosseiro), atualmente, ao que parece, deve ficar restrita à responsabi-</p><p>lidade civil no que tange ao ressarcimento ao erário. Afirmamos, “ao que parece”, pois trata-se</p><p>de legislação nova, que trouxe alterações alvo de duras críticas pela doutrina, mas que ainda</p><p>não foram objeto de apreciação pelas Cortes Superiores.</p><p>Vale ressaltar que o objetivo da norma foi de estabelecer limites a responsabilização do</p><p>gestor e dos profissionais que emitem opiniões técnicas na administração, a fim de extirpar o</p><p>medo dos agentes de boa-fé, quando urge a necessidade de atuação. Isso porque, em muitos</p><p>casos, o não agir trará consequências desastrosas, como, por exemplo, o efeito que passou a</p><p>ser denominado de “apagão das canetas”.</p><p>Outro ponto negativo da insegurança quanto à responsabilização dos agentes ocorre com</p><p>a prática de posturas mais conservadoras, ainda que não fossem as melhores cabíveis.</p><p>No entanto, Marcio Cavalcante, ao interpretar o dispositivo, afirma que, apesar da expres-</p><p>são agente público ser ampla, não lhe parece que o objetivo do legislador tenha sido de alcan-</p><p>çar os agentes políticos (incluindo os magistrados).</p><p>Segundo o autor: “a tradição histórica do Brasil é a de que os magistrados respondem por</p><p>suas decisões, no entanto, apenas nos casos de dolo ou fraude, e apenas regressivamente, ou</p><p>seja, depois de o Estado ter sido condenado”. Essa é a redação do art. 143, I, do CPC/15 e do</p><p>art. 49, I da LC 35/79 (LOMAN).</p><p>Justifica afirmando que:</p><p>a razão para isso é simples. Uma disposição legal que estipule responsabilidade do juiz por erro</p><p>grosseiro (culpa) seria inconstitucional por tolher, de forma desproporcional a independência judi-</p><p>cial, afrontando a separação de poderes.” Bem como pelo fato de que “a decisão judicial é natural-</p><p>mente passível de recurso. Assim toda decisão judicial que fosse reformada em instância superior,</p><p>poderia, em tese, ser considerada como errada.</p><p>Também não seria aplicável aos membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e</p><p>da Advocacia Pública, haja vista, possuírem disposições especificas, que não foram revogadas</p><p>pelo art. 28 da LINDB, em razão do princípio da especialidade, que disciplinam responsabilida-</p><p>de apenas em caso de dolo ou fraude (CPC/15, arts. 181, 184, e 187).</p><p>Por fim, o art. 29, traz a possibilidade de consultas públicas, em qualquer órgão ou poder,</p><p>quando da edição de atos normativos pela autoridade administrativa (salvo os de mera orga-</p><p>nização interna, onde não se faz necessária tal consulta).</p><p>Trazendo assim o reforço da legi-</p><p>timidade democrática da administração, por meio do instrumento da consulta pública, como</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>32 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>forma de participação dos cidadãos na tomada de decisões administrativas (que se liga à</p><p>denominada democracia participativa).</p><p>Tais novidades normativas ganham relevo no atual momento de pandemia, que ora viven-</p><p>ciamos. O que tem demandado dos agentes públicos a adoção de uma série de medidas, que</p><p>serão alvo de posterior controle pelos órgãos que possuem atribuição para tanto.</p><p>E, neste controle dos atos administrativos praticados, deve ser levado em consideração</p><p>quando da verificação futura dos atos probos ou ímprobos do agente público, o enredo fático</p><p>da situação de emergência da pandemia e das medidas adotadas, tais como a quarentena, a</p><p>restrição de liberdades, o aumento do poder de polícia, entre outros.</p><p>Para finalizar essa parte da matéria, vamos treinar com alguns exercícios.</p><p>007. (QUADRIX/–IDURB/ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E FUNDIÁRIO - AD-</p><p>VOGADO/2020) Segundo a Lei de introdução às normas do direito brasileiro, julgue o item.</p><p>O chamado consequencialismo deve pautar as decisões nas esferas administrativa, controla-</p><p>dora e judicial, levando‐se em conta, na interpretação de valores abstratos, a necessidade e a</p><p>adequação da medida adotada às alternativas possíveis.</p><p>O consequencialismo jurídico visa a análise dos efeitos práticos das decisões para as partes,</p><p>em especial nos casos em que há grande repercussão econômica. Em outras palavras, as</p><p>consequências das decisões, sejam judiciais ou administrativas, devem ser levadas em consi-</p><p>deração no momento de decidir e argumentar.</p><p>No Brasil, o consequencialismo foi introduzido no ordenamento com a publicação da Lei n.</p><p>13.655/18, que alterou a LINDB, para trazer “segurança jurídica e eficiência na criação e na</p><p>aplicação do direito público”2.</p><p>Assim, dispõe o art. 20:</p><p>Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores</p><p>jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.</p><p>Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da</p><p>invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possí-</p><p>veis alternativas.</p><p>Certo.</p><p>008. (QUADRIX/–IDURB/ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E FUNDIÁRIO - AD-</p><p>VOGADO/2020) Segundo a Lei de introdução às normas do direito brasileiro, julgue o item.</p><p>2 DIAS, Felipe W. de Lima; NASCIMENTO, Victor Hugo M. O consequencialismo jurídico e o artigo 20 da Lindb.</p><p>Conjur [s.l] 7 de jun. de 2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-jun-07/opiniao-consequencialis-</p><p>mo-juridico-artigo-20-lindb>. Acesso em: 1 de ago. de 2021.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.conjur.com.br/2019-jun-07/opiniao-consequencialismo-juridico-artigo-20-lindb</p><p>https://www.conjur.com.br/2019-jun-07/opiniao-consequencialismo-juridico-artigo-20-lindb</p><p>33 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>A regularização de ato ou contrato invalidado na esfera administrativa é impositiva, desde</p><p>que não onere em excesso os sujeitos atingidos.</p><p>Veja o que diz no art. 21, parágrafo único, da LINDB:</p><p>Art. 21</p><p>Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar</p><p>as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos</p><p>interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das</p><p>peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.</p><p>Exemplo de aplicação do dispositivo: no caso de invalidação de contrato administrativo, a auto-</p><p>ridade pública julgadora que determinar a invalidação deverá definir se serão ou não preser-</p><p>vados os efeitos do contrato, como, por exemplo, se os terceiros de boa-fé terão seus direitos</p><p>garantidos. Deverá, ainda, decidir se é ou não o caso de pagamento de indenização ao particu-</p><p>lar que já executou as prestações, conforme disciplinado pelo art. 59 da Lei n. 8.666/93.</p><p>Errado.</p><p>009. (QUADRIX/–IDURB/ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E FUNDIÁRIO - AD-</p><p>VOGADO/2020) Segundo a Lei de introdução às normas do direito brasileiro, julgue o item.</p><p>Os obstáculos reais do administrador devem ser levados em conta na interpretação de normas</p><p>sobre gestão pública, sem prejuízo dos interesses dos administrados.</p><p>Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as</p><p>dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos</p><p>direitos dos administrados.</p><p>Certo.</p><p>010. (QUADRIX/–IDURB/ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E FUNDIÁRIO - AD-</p><p>VOGADO/2020) Segundo a Lei de introdução às normas do direito brasileiro, julgue o item.</p><p>A mudança interpretativa de norma de conteúdo aberto preverá, a bem da segurança jurídica,</p><p>regime de transição, o que equivale a uma ultra‐atividade capaz de, mesmo já à luz de entendi-</p><p>mento novo, admitir como válida interpretação anterior já superada.</p><p>Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orienta-</p><p>ção nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>34 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou con-</p><p>dicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo</p><p>aos interesses gerais.</p><p>Certo.</p><p>011. (QUADRIX/–IDURB/ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E FUNDIÁRIO - AD-</p><p>VOGADO/2020) Segundo a Lei de introdução às normas do direito brasileiro, julgue o item.</p><p>A revisão de ato, na esfera controladora, que já haja exaurido seus efeitos obedecerá à teoria</p><p>do fato consumado, privilegiando‐se sua</p><p>manutenção, a bem da segurança jurídica, ainda que</p><p>o ato contradiga as orientações gerais à época de sua prática.</p><p>Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,</p><p>contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará</p><p>em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de</p><p>orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.</p><p>Errado.</p><p>pArte II – prInCípIos ConstItuCIonAIs do dIreIto CIVIL Contemporâneo</p><p>Caro(a) aluno (a), agora sim iniciaremos o nosso curso de Direito Civil, e com uma advertên-</p><p>cia primordial: Saber Direito Civil não é saber os artigos do Código Civil – é muito mais que isso.</p><p>Para entender o Direito Civil, devemos saber relacionar os diferentes institutos. Por isso,</p><p>é necessário que você tenha um conhecimento de como o sistema funciona. Os artigos são</p><p>desdobramentos lógicos de todo esse entendimento sistêmico.</p><p>Este primeiro PDF é uma aula teórica, fundamental para se entender os pressupostos para</p><p>que se possa analisar todos os institutos de Direito Civil.</p><p>1. HIstórICo do dIreIto CIVIL</p><p>O Direito Civil teve seu auge no chamado “Estado Liberal” (que teve sua consolidação com</p><p>a Revolução Francesa de 1789), período em que se exaltava a liberdade e a autonomia dos in-</p><p>divíduos nas relações privadas e, como consequência, não se admitia a intervenção do Poder</p><p>Público nos assuntos particulares.</p><p>No Estado Liberal, o objetivo do Direito Civil era assegurar a plena autonomia do indivíduo</p><p>em suas relações privadas. A Constituição, basicamente, servia para limitar o poder do Estado,</p><p>ao passo que o Código Civil regulava as relações privadas.</p><p>Prevalecia um sistema “fechado” de leis, não admitindo, em um primeiro momento, qual-</p><p>quer tipo de interpretação (juiz era a boca da lei). Apenas no final do século XIX passou-se a</p><p>admitir a interpretação meramente literal da lei.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2020-idurb-analista-de-desenvolvimento-urbano-e-fundiario-advogado</p><p>35 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>O patrimônio preponderava sobre a pessoa humana. O liberalismo tinha como pilares a</p><p>propriedade e o contrato. A propriedade era um direito mais do que absoluto.</p><p>No Estado Liberal, tivemos duas etapas: a primeira, a da conquista da liberdade; e a segun-</p><p>da: a exploração dessa liberdade. Em uma sociedade desigual, a plena liberdade e autonomia</p><p>podem ser mais nefastas do que o poder absolutista ou a centralização de poder, pois, em um</p><p>Estado “Liberal” ou liberalista, a vontade do mais forte sempre vai prevalecer sobre a vontade</p><p>do mais fraco. Diante da desigualdade provocada pelo liberalismo, o movimento passou a su-</p><p>portar críticas, principalmente porque os valores humanitários não estavam sendo observados</p><p>nesse período.</p><p>A primeira guerra mundial foi o marco, no qual teve o início da transição de um Estado Li-</p><p>beral para o Estado Social (essa transição coincide com os direitos fundamentais de segunda</p><p>geração), o qual, posteriormente, converteu-se para o atual Estado Democrático de Direito.</p><p>A ideologia do Estado Social era baseada na justiça social e distributiva. A Constituição</p><p>nesse estado traz regras sobre a ordem econômica e social, permitindo, assim, a intervenção</p><p>estatal nas relações privadas. No Estado Social, o Direito Civil passou a transigir com essas</p><p>ideias de justiça social, curvando-se para a necessidade de regulação das relações privadas</p><p>pelo Estado sempre que houvesse necessidade desta intervenção estatal.</p><p>No entanto, a consolidação dessas ideias no Brasil somente se deu com a CF/88. Nesse</p><p>contexto, o Estado passa a intervir nas relações sociais sempre no intuito de tutelar o mais</p><p>fraco no caso concreto.</p><p>No âmbito do Direito Civil isso fica evidente, pois começam a se multiplicar normas de or-</p><p>dem pública, ampliam-se as limitações à autonomia da vontade, modificam-se os paradigmas,</p><p>tudo agora em prol do interesse coletivo e não mais do indivíduo. Com isso, o Estado passa a</p><p>intervir nas relações privadas e buscam, embora sem sucesso, promover a igualdade concreta,</p><p>chamada de igualdade substancial, diferente da mera igualdade formal do sistema liberal.</p><p>A autonomia da vontade passa a ser mitigada por princípios e valores sociais e a proprieda-</p><p>de, instituto pilar do Estado Liberal ao lado do contrato, no Estado Social somente tem a tutela</p><p>estatal se tiver uma função social.</p><p>O Direito Civil deixa de ser um instrumento para a garantia da autonomia e liberdade dos</p><p>cidadãos para servir como meio de promoção de justiça social nas relações privadas. A Cons-</p><p>tituição deixa de ter concepção estritamente política para adotar também uma concepção jurí-</p><p>dica. Assim, todas as normas constitucionais possuem força normativa. O CC passa a interagir</p><p>com a CF, em um diálogo de fontes. Faz-se necessário uma releitura do Direito Civil, agora à luz</p><p>do Direito Constitucional.</p><p>Com o Estado Social, sai de cena o proprietário para dar lugar à pessoa; desponta a afetivi-</p><p>dade como valor essencial da família; a função social como limite e conteúdo das obrigações</p><p>e da propriedade; a equivalência material; dentre outros valores.</p><p>A bipartição do direito em público e privado não corresponde mais à realidade jurídica atu-</p><p>al, em virtude da evolução da sociedade que adquiriu maior complexidade nas suas relações</p><p>intersubjetivas e, principalmente, devido à constitucionalização que o Direito Civil suportou.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>36 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>1.1. dIreIto CIVIL trAdICIonAL/CLássICo:</p><p>O Direito Civil Clássico é fruto do Pós-Estado liberal, patrimonialista, imperialista forjado</p><p>em regras de conduta. Nesse sistema, o legislador resolve previamente seus problemas, já</p><p>te entrega a solução pronta em uma regra. Os princípios são fontes secundárias apenas para</p><p>suprir lacunas.</p><p>Três Pilares do Direito Civil Clássico:</p><p>Primeiro pilar de sustentação: Positivismo</p><p>Positivismo clássico: a atividade hermenêutica era ultra/megarestrita. (juiz era a boca da</p><p>lei). Centralização do Direito no poder legislativo.</p><p>Positivismo normativo: Kelsen, Teoria Pura do Direito. No positivismo normativo, você já</p><p>tem uma evolução, porque já há atividade interpretativa. Kelsen entende que o sistema jurídico</p><p>é autossuficiente, ou seja, ele não conversa com outros sistemas. A moral está fora do Direito.</p><p>É por isso que se chama teoria pura. A análise do positivismo se liga à validade da norma.</p><p>Segundo pilar: Os institutos de Direito Civil são analisados sob uma perspectiva es-</p><p>trutural/formal.</p><p>Exemplo: caso você tenha posse, basta que a situação fática esteja adequada ao que a lei</p><p>prevê. Ou seja, eu busco uma compatibilidade entre a situação fática e a norma. Eu busco um</p><p>conceito (o que é posse? O que é família? O que é direito sucessório?), porque esse conceito é</p><p>suficiente para que o seu direito seja legitimado pelo Estado. Você não precisa dizer o que você</p><p>vai fazer com ele e esse direito não precisa ter uma finalidade. Os institutos de Direito Civil são</p><p>fins em si mesmo.</p><p>Terceiro pilar: Estado liberal. O Estado liberal se liga apenas aos direitos fundamentais de</p><p>primeira geração, as liberdades públicas negativas (ideia de abstenção).</p><p>1.2. dIreIto CIVIL Contemporâneo</p><p>Estado já constitucionalizado, aberto corporativo, principiológico. O que fundamenta o Di-</p><p>reito Civil, o que dá unidade ao Direito Civil não é o Código Civil, mas a Constituição Federal.</p><p>Neste sistema, os princípios possuem força normativa, de modo que a sua atividade como</p><p>intérprete é muito mais sofisticada es intensa. A solução só se dará em um caso concreto</p><p>após a argumentação jurídica sofisticada, exigindo assim um esforço hermenêutico. E qual o</p><p>problema disso? Você terá muitas perguntas e quase nenhuma resposta, porque você vai ter</p><p>que buscar essas respostas à luz do caso concreto. E se tiver respostas, essas serão imedia-</p><p>tas, temporais, tópicas, servem para hoje, amanhã já não servem mais. Ou seja, a ideia de que</p><p>o conhecimento é totalmente falível e socialmente condicionado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>37 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Como compreender o Direito Civil através dessa nova perspectiva de constitucionaliza-</p><p>ção/vinculado a valores sociais condicionais?</p><p>Em vez de analisarmos simplesmente uma regra jurídica, devemos buscar qual é o funda-</p><p>mento de cada instituto e qual a finalidade desse instituto.</p><p>São dois pilares: FUNDAMENTO e FINALIDADE.</p><p>No Direito Civil Contemporâneo, todos os institutos são instrumentais, em outras palavras,</p><p>tudo é meio para algo.</p><p>Exemplo: a família é meio para que eu possa tutelar a dignidade das pessoas que integram</p><p>aquele núcleo. A família tem que ser propícia para que as pessoas possam desenvolver plena-</p><p>mente a sua personalidade e ter uma realização pessoal plena.</p><p>Outro exemplo: O ECA traz norma expressa afirmando que a adoção é irrevogável. No entan-</p><p>to, o STJ, interpretando tal regra, diz que: Nem sempre a adoção é irrevogável, ela somente o</p><p>será se o vínculo de filiação que decorre da adoção trouxer para o adotado dignidade, senão</p><p>ele pode desconstituir esse vínculo e ir procurar outro. Ou seja: Os direitos aqui são funcionali-</p><p>zados, e eles (i) devem ter um objetivo (=finalidade); e necessariamente nós trabalhamos com</p><p>uma (ii) visão instrumental dos institutos.</p><p>Então, TUDO é instrumento para o objetivo maior do Direito Civil: A concretização da digni-</p><p>dade da pessoa humana.</p><p>Paradigmas do Direito Civil Contemporâneo: Pós-Positivismo</p><p>No pós-positivismo, o Direito se relaciona com a moral. Esses valores morais ingressam</p><p>no ordenamento jurídico por meio de princípios. Teoria da Constituição Contemporânea (Ne-</p><p>oconstitucionalismo): a norma jurídica é o gênero, possui como espécie os princípios (man-</p><p>dados de otimização/prima facie na medida do possível) e as regras (descrições objetivas de</p><p>conduta/mandados definitivos). Consagra a Teoria da ponderação de Robert Alexy. Os prin-</p><p>cípios são responsáveis por levar para dentro do sistema esses valores morais. De sorte que</p><p>hoje há direitos da personalidade, boa-fé objetiva, função social. No pós-positivismo, nós va-</p><p>mos ter de conferir legitimidade às nossas decisões pela argumentação jurídica feita com</p><p>base em princípios.</p><p>Vem a lume o Direito Civil Constitucional, que nada mais é do que você interpretar regras</p><p>e princípios que estão no Código Civil de acordo com os valores sociais constitucionais, em</p><p>razão do Constitucionalismo Contemporâneo.</p><p>• Análise Estrutural/Funcional dos Institutos de Direito Civil</p><p>A finalidade passa a integrar o conteúdo do direito. De todo direito, decorrem poderes.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>38 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Exemplo: se você tem o direito de propriedade, desse direito, decorrem poderes do proprietário</p><p>(visão clássica/liberal). No entanto, no atual paradigma, o direito deve atender a uma função</p><p>(finalidade). Desse modo, o titular do direito, passa a não só possuir poderes, como também</p><p>deverá cumprir certos deveres.</p><p>Em outras palavras, o Direito Civil hoje = Função + Poder/Dever.</p><p>O Positivismo trabalha com a ideia da validade formal: norma é justa porque é válida, é</p><p>uma análise em abstrato. Aqui no Pós positivismo não, o parâmetro não é de validade, mas de</p><p>justiça, que nós vamos ter de apurar na análise de cada caso concreto. Do caso concreto para</p><p>a norma e não da norma para o caso concreto como era no Direito Civil clássico.</p><p>No positivismo a valoração era realizada apenas pelo legislador. A valoração no pós-positi-</p><p>vismo é feita em duas etapas: valoração do legislador e a valoração do intérprete no momento</p><p>da aplicação dessa norma. A mudança de postura do legislador constitucional, levando princí-</p><p>pios e regras de direito privado a migrarem para o Texto Maior, faz com que o Direito Civil seja</p><p>estudado sob uma perspectiva constitucional.</p><p>Todavia, como alguns princípios e regras de direito privado migraram para o texto consti-</p><p>tucional, exige-se do intérprete uma nova postura em relação ao Direito Civil. Qual seria essa</p><p>nova postura? Parece óbvio, mas o Direito Civil deve ser interpretado e aplicado de acordo e em</p><p>consonância com os princípios constitucionais fundamentais.</p><p>O Direito Civil constitucional está diretamente vinculado ao neoconstitucionalismo, que</p><p>tem como um de seus pilares a constitucionalização dos direitos em geral, e do Direito Civil</p><p>em especial. Vale ressaltar, no entanto, que isso não significa que o Direito Civil passa a ser</p><p>ramo do direito público. O Direito Civil continua a ser o conjunto de normas jurídicas, regras e</p><p>princípios, que disciplina e regula, fundamentalmente, relações jurídicas entre atores privados.</p><p>1.3. CArACterístICAs do dIreIto CIVIL pós-posItIVIsmo</p><p>Em razão da constitucionalização do Direito Civil, os institutos são analisados não apenas</p><p>na sua perspectiva estrutural (elementos que integram cada instituto), mas também funcional.</p><p>O Direito Civil contemporâneo passa a ser o resultado da análise dos elementos estruturais</p><p>(Código Civil) e funcional (valores constitucionais que fundamentam e legitimam os institutos</p><p>jurídicos – Constituição Federal).</p><p>No pós-positivismo as regras jurídicas são gênero, dos quais são espécies as regras e os</p><p>princípios. O sistema civil passa a ser aberto. Os princípios passam a ter força normativa pri-</p><p>mária. A pessoa humana é inserida no centro do sistema jurídico e a ela deve ser garantida a</p><p>uma vida digna. A pessoa humana passa a ser um fim em si mesma.</p><p>A moral e a ética interagem com o direito no pós-positivismo. O sistema se abre para dialo-</p><p>gar com esses valores sociais. No pós-positivismo, a norma, para ser justa, deve estar adequa-</p><p>da a valores morais, que no atual modelo estão relacionados à finalidade e função do direito,</p><p>que justifica e legitima todos os institutos de Direito Civil. No positivismo os princípios são</p><p>fontes secundárias e supletivas de direito.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>39 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO</p><p>CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Vale destacar, por fim, que o pós-positivismo se conecta com o neoconstitucionalismo, pois</p><p>é o fundamento jusfilosófico deste. O neoconstitucionalismo tem as seguintes características:</p><p>constitucionalização do direito – irradiação das normas e valores constitucionais para todo o</p><p>sistema; princípios com força normativa; reaproximação entre direito e moral; judicialização</p><p>da política e das relações sociais; modificação da teoria das normas, fontes e interpretação</p><p>(hermenêutica) e teoria dos direitos fundamentais edificados na dignidade da pessoa humana.</p><p>Mas qual a consequência do pós-positivismo para o Direito Civil?</p><p>• Abertura valorativa do sistema civil:</p><p>As normas possuem valores e o sistema passa a permitir a valoração quando da concre-</p><p>ção da norma. Como se viabiliza essa abertura valorativa? Princípios – equiparados a normas</p><p>jurídicas – passam a ter força normativa. Consequência: impõe-se um constante diálogo do</p><p>intérprete com a norma jurídica (desse diálogo emerge a compreensão) e a funcionalização</p><p>(finalidade) dos direitos subjetivos.</p><p>Tal diálogo exige uma nova teoria da interpretação: a compreensão em uma dimensão</p><p>histórica – o intérprete não pode ignorar a concreta situação histórica em que se encontra. A</p><p>tradicional dicotomia entre direito público e direito privado, de origem romana, é abalada pelo</p><p>Estado Democrático de direito:</p><p>Tal dicotomia tende a desaparecer sem maiores traumas. No Estado Social, o público pre-</p><p>valece sobre o privado e, por conta disso, tudo passa a ter interesse público, mesmo que diga</p><p>respeito a uma relação privada.</p><p>Exemplo: um contrato de compra e venda entre dois atores ou protagonistas privados, em prin-</p><p>cípio, não teria qualquer interesse público, razão pela qual o Código Civil seria suficiente para</p><p>regular esse negócio jurídico. Certo? Em termos.</p><p>Sem dúvida, esse negócio interessa aos atores privados, mas, em virtude do princípio da</p><p>função social, previsto na norma constitucional (também no Código Civil, é verdade – art. 421),</p><p>passa a interessar também, e principalmente, à coletividade, pois, em razão da função social,</p><p>os efeitos dessa relação jurídica transcendem o negócio para repercutir na coletividade, ou</p><p>seja, na esfera jurídica de terceiros não integrantes daquele contrato.</p><p>O contrato deverá ser útil para os protagonistas da relação e, principalmente, para a coleti-</p><p>vidade. Logo, se esse contrato for excelente para as partes, mas prejudicial ao meio ambiente</p><p>ou às relações de trabalho, poderá ser invalidado por ausência de função social.</p><p>Tepedino (Temas de Direito Civil) ressalta a superação dessa dicotomia ao dizer que é</p><p>inevitável a alteração dos confins entre o direito público e o direito privado, de tal sorte que a</p><p>distinção deixa de ser qualitativa e passa a ser meramente quantitativa, nem sempre podendo</p><p>definir qual exatamente é o território do direito público e qual é o território do direito privado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>40 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Em outras palavras, pode-se provavelmente determinar os campos do direito público ou do di-</p><p>reito privado pela prevalência do interesse público ou do interesse privado, não pela inexistên-</p><p>cia de intervenção pública nas atividades de direito privado ou pela exclusão da participação</p><p>do cidadão nas esferas da administração pública.</p><p>Não confunda publicização do Direito Civil com constitucionalização.</p><p>Paulo Luiz Neto Lobo afirma que:</p><p>A denominada publicização o compreende o processo de crescente intervenção estatal, especial-</p><p>mente no âmbito legislativo, característica do Estado Social do século XX. Tem-se a redução do espa-</p><p>ço de autonomia privada para a garantia da tutela jurídica dos mais fracos. A ação intervencionista ou</p><p>dirigista do legislador terminou por subtrair do Código Civil matérias inteiras, em alguns casos trans-</p><p>formadas em ramos autônomos, como o direito do trabalho, o direito agrário, o direito das águas, o</p><p>direito da habitação, o direito de locação de imóveis urbanos, o estatuto da criança e do adolescente,</p><p>os direitos autorais, o direito do consumidor. O fato de haver mais ou menos normas cogentes não</p><p>elimina a natureza originária da relação jurídica privada, vale dizer, da relação que se dá entre titulares</p><p>de direitos formalmente iguais; não é esse o campo próprio do direito público. É certo que o Esta-</p><p>do Social eliminou o critério de distinção tradicional, a saber, o interesse; o interesse público não é</p><p>necessariamente o interesse social, e os interesses públicos e privados podem estar embaralhados</p><p>tanto no que se considerava direito público, quanto no direito privado. Muitos propugnam pela supe-</p><p>ração da velha dicotomia, que resiste à falta de outra mais convincente e mantém sua utilidade no</p><p>plano didático. Independentemente do grau de intervenção estatal, se o exercício do direito se dá por</p><p>particular em face de outro particular, ou quando o Estado se relaciona paritariamente com o particu-</p><p>lar sem se valer de seu império, então o direito é privado. Em suma, para fazer sentido, a publicização</p><p>deve ser entendida como o processo de intervenção legislativa infraconstitucional, ao passo que a</p><p>constitucionalização tem por fito submeter o direito positivo aos fundamentos de validade constitu-</p><p>cionalmente estabelecidos. (Com grifos nossos, Constitucionalização do Direito Civil).</p><p>2. prInCípIos ConstItuCIonAIs e suA reLeVânCIA pArA o dIreIto CIVIL</p><p>A melhor definição de princípio é de autoria do mestre Celso Antônio Bandeira de Mello,</p><p>que define princípio jurídico “como mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce</p><p>dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo lhes o espí-</p><p>rito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir</p><p>a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido</p><p>harmônico” (Curso de direto administrativo).</p><p>Atualmente, a força normativa dos princípios constitucionais e a eficácia jurídica dos direi-</p><p>tos sociais previstos na Constituição Federal são uma realidade. Em razão disso, passa a ser</p><p>construída uma teoria dos direitos fundamentais, toda ela baseada no princípio constitucional</p><p>e cláusula geral da dignidade da pessoa humana. A nossa Constituição passa a colocar a pessoa</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>41 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>humana no centro das relações jurídicas, lhe conferindo uma tutela diferenciada, principalmen-</p><p>te no âmbito dos direitos fundamentais.</p><p>Como a pessoa humana passa a ter tutela especial do Estado, a preservação de sua dig-</p><p>nidade constitui o próprio fundamento do nosso Estado Democrático de Direito. Os direitos</p><p>fundamentais cumprem esse papel, qual seja, preservar a dignidade, para garantir à pessoa</p><p>humana o mínimo necessário para ter uma vida digna (um mínimo existencial). Ou seja, o Es-</p><p>tado Social deve garantir à pessoa humana um conjunto de direitos fundamentais para que ela</p><p>tenha o mínimo para sua existência, sendo que esse “mínimo” se refere a questões espirituais</p><p>(garantia da honra, por exemplo) e materiais (subsistência, a impenhorabilidade do bem de</p><p>família é exemplo disso).</p><p>Os Valores Constitucionais Socais podem ser apostos nos seguintes parametros cons-</p><p>titucionais:</p><p>a) Dignidade da pessoa humana:</p><p>A CF/88, em seu art. 1º, III, dispõe que a República tem por fundamento a dignidade da</p><p>pessoa humana. O princípio da dignidade da pessoa humana insere o ser humano no centro</p><p>do sistema jurídico, em torno do qual gravitam todos os demais institutos.</p><p>É por isso que existe, no CC, por exemplo, a Teoria do Patrimônio Mínimo: Patrimônio como</p><p>meio para garantir o mínimo existencial material para a pessoa viver com dignidade. Em decor-</p><p>rência disso, temos que é nula a doação de todos os bens (CC, art. 548)</p><p>O STJ, no Resp. 1.026.981/RJ, de relatoria da Min. Nancy Andrighi, julgado em 04.02.2010,</p><p>em matéria relacionada a benefícios previdenciários para a união de pessoas do mesmo sexo,</p><p>ressaltou, como fundamento principal para justificar o reconhecimento desse direito, a digni-</p><p>dade da pessoa humana.</p><p>O atual Código Civil nitidamente humanizou as relações jurídicas privadas, ao deixar em se-</p><p>gundo plano as questões e valores meramente patrimoniais. Os valores existenciais certamen-</p><p>te devem prevalecer sobre os valores patrimoniais. É a pessoa se sobrepondo ao patrimônio.</p><p>O principal objetivo da inclusão do capítulo acerca dos direitos da personalidade (de forma</p><p>não exaustiva), logo no início do CC, é demonstrar que a tutela da pessoa humana e de sua</p><p>condição existencial é o principal objetivo da lei. Este seria o Código do “ser” e não do “ter”.</p><p>A dignidade da pessoa humana é uma cláusula geral, a base de todo o ordenamento jurí-</p><p>dico e o princípio norteador das relações privadas. Embora indeterminada, como os demais</p><p>princípios, a dignidade da pessoa humana também possui um núcleo essencial. A dificuldade</p><p>do intérprete será justamente concretizar esse princípio, pois seu grau de generalidade e abs-</p><p>tração é muito intenso. Há parâmetros mínimos de aferição que devem sempre ser observados</p><p>para a concretização normativa da dignidade da pessoa humana:</p><p>1. Não instrumentalização (a pessoa não é meio, mas fim em si mesma);</p><p>2. Autonomia existencial (direito de fazer escolhas, projetos de vida e de atuar segundo</p><p>essas escolhas, projetos);</p><p>3. Direito ao mínimo existencial – condições espirituais e materiais mínimas para a</p><p>dignidade;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>42 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>4. Direito ao Reconhecimento – necessidade de respeito às identidades singulares.</p><p>Vale ressaltar que a dignidade da pessoa humana não é um princípio qualquer. É a base</p><p>de todos os princípios, superior, o que leva a doutrina à conclusão correta de que ele somente</p><p>poderia conflitar com ele mesmo.</p><p>b) Solidariedade Social:</p><p>As relações privadas hoje são relações de cooperação, de mútua assistência. Com a soli-</p><p>dariedade modificam-se os conceitos de adimplemento, inadimplemento e a caracterização da</p><p>relação entre credor e devedor.</p><p>Atualmente, credor e devedor são ambos titulares de direitos fundamentais e, por conta da</p><p>solidariedade que norteia a obrigação moderna, há entre eles uma relação de mútuo respeito e</p><p>cooperação, um auxiliando o outro, sempre na busca de um adimplemento satisfatório para o</p><p>credor e menos oneroso para o devedor.</p><p>A teoria do adimplemento substancial nada mais é do que um desdobramento do princípio</p><p>da solidariedade constitucional. Em caso de adimplemento parcial, mas substancioso, ou seja,</p><p>quase total, é possível preservar a obrigação, evitando a resolução desta com base no inadim-</p><p>plemento mínimo.</p><p>Tal princípio busca uma conciliação entre as exigências coletivas e os interesses particula-</p><p>res. O Direito Civil agora suporta grande alteração em seu conteúdo. Os valores mudaram. As</p><p>relações são privadas, o direito é privado, mas o interesse público sempre deve preponderar, o</p><p>que não desnatura sua essência privada.</p><p>c) Igualdade Substancial:</p><p>A igualdade substancial é diferente da igualdade formal. A formal era aquela garantida pelo</p><p>Estado Liberal, que partia do princípio de que todos deviam ter o mesmo tratamento, como se</p><p>todos tivessem os mesmos poderes. Todos sabiam que a vontade do mais forte, no liberalis-</p><p>mo, sempre prevalecia sobre a vontade do mais fraco. Tal ideia ingênua de igualdade provocou</p><p>intensas injustiças sociais, permitindo que a oligarquia burguesa explorasse essa igualdade,</p><p>“garantida” pelo Estado Liberal.</p><p>Com o Estado Social, o princípio da isonomia passou a ter outro significado. Não basta que</p><p>todos sejam iguais perante a lei, deve o Estado tratar igualmente os iguais e desigualmente os</p><p>desiguais, na medida da sua desigualdade. O Código de Defesa do Consumidor expressa esse</p><p>sentimento, ao tratar desigualmente fornecedores e consumidores, porque, na essência, são</p><p>desiguais. É essa igualdade substancial que repercute nas relações privadas.</p><p>O Código Civil também busca essa igualdade nas relações privadas, quando, no art. 157,</p><p>permite a anulação do negócio jurídico se restar caracterizada a lesão (as relações devem nas-</p><p>cer equilibradas); no art. 317, que prevê a revisão judicial de qualquer obrigação se, por motivo</p><p>imprevisível, houver desequilíbrio da prestação comparada em dois momentos (formação e</p><p>execução da obrigação) e no art. 478, que admite a resolução do contrato se houver excessiva</p><p>onerosidade (as relações devem se manter equilibradas).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>43 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>A igualdade material também dá sustentação aos princípios da função social e da boa-fé</p><p>objetiva, paradigmas do Direito Civil. A relação jurídica somente terá função social, entre outros</p><p>motivos, se a dignidade das pessoas estiver sendo preservada, se houver solidariedade ou</p><p>cooperação mútua e se, principalmente, houver equilíbrio econômico e financeiro e tratamento</p><p>materialmente igualitário, ou seja, desigual para pessoas desiguais, na exata medida e propor-</p><p>ção desta desigualdade.</p><p>É interessante a constatação de Cristiano Chaves, segundo o qual a Magna Carta assumiu</p><p>verdadeiro papel reunificador do sistema, passando a demarcar limites da autonomia privada,</p><p>da propriedade, do controle de bens e da proteção de núcleos familiares, entre outros institutos</p><p>de direito privado (Direito Civil: teoria geral).</p><p>Embora os princípios e regras de direito privado tenham migrado para a Constituição Fede-</p><p>ral, o Código Civil continua sendo o ramo do direito que agrega o conjunto de princípios e nor-</p><p>mas que disciplinam as relações jurídicas comuns de natureza privada. A expressão “Direito</p><p>Civil Constitucional” é uma variação hermenêutica ou mudança de postura no ato de interpre-</p><p>tar a Lei Civil, ou seja, significa o processo de elevação ao plano constitucional dos princípios</p><p>fundamentais de Direito Civil.</p><p>3. pArAdIgmAs do dIreIto CIVIL Contemporâneo</p><p>O Direito Civil contemporâneo, constitucionalizado e inserido em um modelo ou sistema</p><p>pós-positivista, se submete a alguns paradigmas: socialidade, eticidade e operabilidade.</p><p>a) Operabilidade: para conferir maior flexibilidade (e porque não poder) ao intérprete, a lei</p><p>civil faz uso sistemático de cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados. A técnica</p><p>adotada pela lei civil permitirá análise concreta, efetiva, pontual e adequada na solução de</p><p>casos complexos e difíceis. Todavia, tais cláusulas abertas não são um salvo conduto para o</p><p>intérprete introduzir valores pessoais, subjetivos</p><p>e arbitrários na interpretação e aplicação de</p><p>norma. É óbvio que essa valoração e essa integração deverão ser de acordo com os valores</p><p>fundamentais do sistema, ainda que (e principalmente se) estes valores não coincidam com</p><p>os valores pessoais do intérprete.</p><p>b) Socialidade: superação do individualismo e do sentido absoluto da vontade. Os direitos</p><p>subjetivos, baseados na vontade, passam a ter uma função. Essa funcionalização do direito é a</p><p>adequação da vontade com os valores sociais constitucionais. Direito Civil, passa a ser direito/</p><p>função, poder/dever.</p><p>A função social nada mais é do que finalidade. O interesse individual do titular do direito</p><p>somente será legítimo se a finalidade que o justifica for concretizada. Por isso, além de po-</p><p>deres, o titular do direito também possui deveres, positivos e negativos, capazes de manter a</p><p>adequação entre direito e finalidade. A finalidade e a funcionalidade passam a conformar os</p><p>direitos. Não seria uma limitação, mas causa de justificação.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>44 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>c) Eticidade: retratada no princípio da boa-fé objetiva ou boa-fé de comportamento/condu-</p><p>ta, que difere da boa-fé subjetiva, boa-fé de conhecimento. Nas relações privadas, tal principio</p><p>impõe às partes padrão ético de comportamento e conduta em suas relações.</p><p>O Princípio da boa-fé objetiva tem três funções de alta relevância no Direito Civil atual:</p><p>1º - Função de Interpretação/Integração (CC, art. 113) – parâmetro de interpretação para</p><p>atos jurídicos e sentido estrito e negócio jurídico.</p><p>2º - Função de controle (CC, art. 187) – a boa-fé objetiva impõe limites ao exercício de direi-</p><p>tos subjetivos e potestativos, fundamento da teoria do abuso de direito, seja por ação ou omis-</p><p>são. No abuso de direito, o titular do direito, ao exercê-lo, não age de acordo com a função ou</p><p>finalidade que legitima e justifica o seu próprio direito. Portanto, o abuso de direito nada mais é</p><p>do que uma incompatibilidade concreta e material entre o direito e a finalidade que o justifica;</p><p>3º - Função de complemento (CC, art. 422) – criação de deveres anexos, colaterais, secun-</p><p>dários, ainda que implícitos ou não explícitos nas obrigações em geral, como dever de lealda-</p><p>de, proteção, informação, entre outros, essenciais para o adimplemento de obrigações, pois a</p><p>violação destes deveres de conduta poderá caracterizar inadimplemento (violação positiva do</p><p>contrato), independentemente do cumprimento da prestação principal.</p><p>012. (AOCP/FESF-SUS/ADVOGADO – AZUL/2010) Os princípios norteadores do atual Códi-</p><p>go Civil Brasileiro são</p><p>a) Boa-fé, Eticidade e Operabilidade.</p><p>b) Socialidade, Legalidade e Operabilidade.</p><p>c) Socialidade, Eticidade e Operabilidade.</p><p>d) Eticidade, Legalidade e Morabilidade.</p><p>e) Efetividade, Adequação e Boa-fé.</p><p>Como vimos acima, os princípios norteadores do atual CC são: Socialidade, Eticidade e Operabilidade.</p><p>Letra c.</p><p>4. dIFerençA BásICA entre CLáusuLA gerAL e ConCeIto JurídICo IndetermInA-</p><p>do</p><p>Tanto a cláusula geral quanto o, impropriamente denominado, conceito jurídico indetermi-</p><p>nado possuem conteúdos vagos, abstratos e genéricos. Os poderes que deles derivam exigem</p><p>do intérprete que preencha os seus conteúdos com valores.</p><p>Mas o que os diferencia?</p><p>Preenchido o conceito jurídico indeterminado, o resultado (solução jurídica) já está previsto ou pré-</p><p>-estabelecido na norma. Ou seja, a consequência jurídica é dada pelo legislador e não pelo intérprete.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>45 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Exemplo: no caso do art. 317 do CC, caberá ao intérprete preencher o sentido da expressão</p><p>“motivos imprevisíveis” com valores pessoais. Preenchido este conteúdo, a consequência jurí-</p><p>dica, qual seja, a revisão judicial da obrigação, já está prevista na lei.</p><p>Já nas cláusulas gerais, o intérprete preenche os valores e atribui a solução que lhe pareça a</p><p>mais correta. Ou seja, nas cláusulas gerais tanto a integração quanto a consequência são levadas</p><p>a efeito pelo intérprete. Como exemplo, o princípio da função social, previsto no art. 421 do CC.</p><p>Portanto, é na consequência jurídica (efeito) que se localiza a principal diferença entre</p><p>cláusula geral e conceito jurídico indeterminado.</p><p>Como exemplo do poder delegado pelo legislador no CC ao aplicador do direito, temos que</p><p>as relações privadas devem se nortear pelos princípios da boa-fé objetiva e da função social.</p><p>No entanto, em nenhum momento a Lei Civil define, com limites bem precisos, boa-fé objetiva</p><p>e função social. Qual a razão para isso? Simples: no caso concreto, o operador do direito vai ter</p><p>a obrigação de verificar se, naquela relação jurídica privada, em si considerada, foram observa-</p><p>dos tais princípios. Em termos abstratos, é praticamente impossível resolver um conflito entre</p><p>particulares. A análise do caso concreto, mais do que nunca, passou a ser fundamental para a</p><p>realização da tão sonhada justiça social.</p><p>5. dIFerençA entre regrAs e prInCípIos</p><p>As regras jurídicas possuem um conteúdo objetivo e previamente definido pelo legislador.</p><p>As regras de conduta são descritas de forma objetiva para terem incidência em uma situação</p><p>jurídica determinada.</p><p>As regras jurídicas nada exigem do intérprete. O legislador, previamente, já valorou a norma</p><p>jurídica. Para lidar com um sistema de regras jurídicas, como ocorria durante o Estado Liberal,</p><p>basta “conhecer a lei”. Desse sistema fechado, que é o mundo das regras jurídicas, vem o adá-</p><p>gio “aplicação da lei ao caso concreto”. É suficiente a subsunção, a adequação da conduta ao</p><p>disposto na lei.</p><p>Não há conflitos entre regras jurídicas. Por isso que se diz que as regras são aplicadas no</p><p>sistema do “tudo ou nada”. Ou o fato se amolda à regra jurídica ou não se amolda. Havendo</p><p>várias regras, apenas uma pode se encaixar na situação concreta, ao passo que as demais são</p><p>automaticamente excluídas.</p><p>O “princípio” tem um conteúdo mais rico, pois identifica valores a serem preservados, em</p><p>especial valores existenciais, tendo em vista que a pessoa humana foi colocada no centro do</p><p>sistema jurídico.</p><p>Não há como comparar essa categoria de norma jurídica com as regras. Os princípios</p><p>contêm relatos com maior grau de abstração, não especificam a conduta a ser seguida, não</p><p>descrevem situações em termos objetivos e se aplicam a um conjunto amplo e indeterminado</p><p>de fatos e situações. Os princípios são dotados de generalidade e abstração. Não se prestam</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>46 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>a definições precisas e objetivas, o que permite que a norma se adapte, ao longo do tempo, a</p><p>diferentes realidades. Daqui a 200 anos, ainda se discutirá o que é função social do contrato.</p><p>Isso porque os princípios retratam valores, e estes se alteram com o passar dos tempos.</p><p>No que se refere à aplicação, ante a possibilidade de colisão dos princípios, o intérprete</p><p>deverá fazer escolhas</p><p>fundamentais por um juízo de “ponderação”. Na “ponderação”, ele iden-</p><p>tifica as normas pertinentes, seleciona os fatos relevantes e, com a conclusão, atribui o peso</p><p>ou a ponderação do mais relevante, utilizando-se do princípio da proporcionalidade (e seus</p><p>subprincípios: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito).</p><p>Para definir essas diferenças entre regras e princípios, Gomes Canotilho (Direito Constitu-</p><p>cional e teoria da Constituição) adota os seguintes critérios:</p><p>• grau de abstração – os princípios jurídicos são normas com um grau de abstração rela-</p><p>tivamente mais elevado do que as regras de direito;</p><p>• grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto – os princípios, por serem va-</p><p>gos e indeterminados, carecem de mediações concretizadoras (do legislador ou do juiz),</p><p>enquanto as regras são suscetíveis de aplicação direta;</p><p>• caráter de fundamentabilidade no sistema das fontes dos direitos – os princípios são</p><p>normas de natureza ou com um papel fundamental no ordenamento jurídico devido à</p><p>sua posição hierárquica no sistema das fontes (os princípios constitucionais) ou à sua</p><p>importância estruturante dentro do sistema jurídico (princípio do Estado de Direito);</p><p>• proximidade da ideia de direito – os princípios são standards juridicamente vinculantes,</p><p>radicados nas exigências de justiça (Dworkin) ou na ideia de direito (Larenz), as regras</p><p>podem ser normas vinculativas com um conteúdo meramente funcional;</p><p>• natureza normogenética – os princípios são fundamentos de regras, isto é, são normas</p><p>que estão na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso,</p><p>uma função normogenética fundamentante.</p><p>Segundo Robert Alexy, a distinção entre regras e princípios não é de grau, mas sim uma</p><p>distinção qualitativa. Isso porque os princípios são mandatos de otimização, ordenam que algo</p><p>seja realizado na maior medida possível (podem ser satisfeitos em vários graus), dentro, po-</p><p>rém das possibilidades fáticas e jurídicas existentes.</p><p>Para Alexy a solução de um conflito entre regras somente ocorre se, introduzir-se em uma</p><p>das regras em conflito, uma cláusula de exceção, capaz de dar fim ao conflito ou se uma das</p><p>regras for declarada inválida.</p><p>Já a colisão entre princípios é resolvida a partir de uma relação de precedência condicio-</p><p>nada. De modo que um deles terá precedência em face do outro, sob determinadas condições.</p><p>E isso dependerá do sopesamento a ser realizado entre os interesses/bens jurídicos tutelados</p><p>pelos princípios colidentes.</p><p>Em resumo, para Alexy o conflito entre regras deve ser solucionado pela dimensão da vali-</p><p>dade, devendo-se operar a subsunção; enquanto que o conflito entre princípios deve ser resol-</p><p>vido pela dimensão peso, aplicando-se a máxima da ponderação/sopesamento.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>47 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>RESUMO</p><p>Parte I – LINDB</p><p>A LINDB traça aspectos gerais sobre a aplicação das normas jurídicas. Norma sobre direito</p><p>ou lex legum (norma sobre normas).</p><p>Fontes do Direito: de onde vem ou formas de expressão.</p><p>Se dividem em:</p><p>a) Fontes formais – constam expressamente na LINDB, e se dividem em primarias (Leis); e</p><p>secundárias (analogia, costumes e princípios gerais do direito)</p><p>b) Fontes informais – não estão previstas na LINDB: doutrina, jurisprudência e equidade.</p><p>Fontes formais secundárias = fontes indiretas ou mediatas. São os denominados métodos</p><p>de integração normativa.</p><p>1. Analogia: consiste em aplicar a uma data situação que não está prevista em lei uma nor-</p><p>ma jurídica próxima (analogia legis ou propriamente dita) ou um conjunto de normas jurídicas</p><p>que possuem sintonia com aquele caso (analogia iuris).</p><p>Analogia # (diferente) Interpretação extensiva: na analogia rompe-se com os limites previs-</p><p>tos na norma, havendo integração jurídica. Na interpretação extensiva, apenas amplia-se o seu</p><p>campo, havendo subsunção.</p><p>2. Costumes: práticas reiteradas no tempo.</p><p>3. Princípios gerais do direito: fontes basilares para qualquer ramo do direito. PGD consa-</p><p>grados no CC: Eticidade (ética e boa-fé), Socialidade (função social), Operabilidade (simplicida-</p><p>de e efetividade – cláusulas gerais).</p><p>Inclui-se também os Princípios Base do Direito Civil Constitucional: Dignidade da pessoa</p><p>humana, solidariedade social, igualdade substancial.</p><p>Equidade: admitida no sistema jurídico somente em caso de previsão legal expressa.</p><p>Vigência da lei: força vinculante ou obrigatoriedade. Brasil: 45 dias, salvo previsão em con-</p><p>trário. Estado estrangeiro: três meses.</p><p>Princípio da obrigatoriedade simultânea ou vigência sincrônica: vigência em todo o territó-</p><p>rio nacional simultaneamente.</p><p>Princípio da continuidade ou permanência: em regra, a lei terá vigência por prazo ou perí-</p><p>odo indeterminado, até que outra a revogue. (revogação total: ab-rogação/revogação parcial:</p><p>derrogação).</p><p>Em regra, não se admite a repristinação (volta da vigência de lei anterior, por ter sido revo-</p><p>gada a lei que a revogou) no direito brasileiro, salvo disposição expressa.</p><p>As situações jurídicas já consolidadas sob a vigência da lei antiga devem ser preservadas</p><p>pela nova legislação (LINDB, art. 6º, proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à</p><p>coisa julgada).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>48 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Eficácia da lei no espaço: Regra: estatuto pessoal.</p><p>Exceção: obrigações (lei do local onde foi constituída); relações jurídicas cujo objeto seja</p><p>imóvel (lei do lugar da coisa); sucessão (LINDB, art. 10, § 1º)</p><p>Casamento: estatuto pessoal, com algumas situações especiais previstas nos §§ do art.</p><p>7º da LINDB. Para a capacidade: país do domicílio; impedimentos e formalidades: local do ca-</p><p>samento, com a exceção acima referida; invalidade: lei do país do primeiro domicílio conjugal;</p><p>e regime de bens: lei do país do domicílio dos nubentes ou, de forma alternativa, do primeiro</p><p>domicílio, se estes forem diferentes.</p><p>Prova: a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,</p><p>quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que</p><p>a lei brasileira desconheça (LINDB, art. 13).</p><p>Inovações LINDB – Direito público:</p><p>• Arts. 20 e 21:</p><p>− Reforçar a responsabilidade decisória, principalmente quando do uso dos princípios</p><p>como razão de decidir (CPC/15, art. 489, § 1º, II)</p><p>− Teoria consequencialista: análise das consequências práticas da decisão.</p><p>− Regularização da situação através do princípio da proporcionalidade (adequação e</p><p>necessidade) e análise das possíveis alternativas.</p><p>• Art. 22: Primado da realidade.</p><p>No entanto, a teoria da reserva do possível não pode ser invocada diante da garantia do</p><p>mínimo existencial.</p><p>• Arts. 23, 24, 30: direito à segurança jurídica (direito fundamental previsto no caput do</p><p>art. 5º da CF)</p><p>− Segurança jurídica: vertente objetiva (garantia da certeza e estabilidade das relações</p><p>ou situações jurídicas); e em sua vertente subjetiva (proteção à confiança legitima).</p><p>− Consagração do regime de transição e modulação dos efeitos no novo entendimento.</p><p>• Arts. 26 e 27: celebração de termos de compromisso. Novo modelo de Administração</p><p>Pública consensual e participativa (LINDB, art. 29 – consultas públicas).</p><p>• Art. 28: responsabilidade pessoal do agente público que agir</p><p>com dolo ou erro grosseiro.</p><p>Parte II - Princípios Constitucionais do Direito Civil Contemporâneo</p><p>DIREITO CIVIL TRADICIONAL/CLASSICO - 3 PILARES: positivismo, institutos sob uma pers-</p><p>pectiva formal/estrutural, Estado liberal. Princípios são fontes secundárias, apenas para su-</p><p>prir lacunas.</p><p>DIREITO CIVIL CONTEMPORÂNEO – PILARES: pós-positivismo e análise funcional dos</p><p>institutos. Constitucionalização do Direito Civil. Valorização dos princípios. Filtragem constitu-</p><p>cional. Abertura valorativa do sistema, enfraquecimento da dicotomia público/privado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>49 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Princípios Constitucionais no Direito Civil Contemporâneo: dignidade da pessoa humana</p><p>(pessoa humana como centro do sistema jurídico civilista); solidariedade social (função social</p><p>– poder/dever, direito/função); igualdade substancial/material (também da sustentação aos</p><p>princípios da função social e boa-fé objetiva).</p><p>Boa-fé objetiva = cláusula geral que serve como parâmetro de interpretação dos negócios</p><p>jurídicos (CC, art. 113), esta limita o exercício dos direitos subjetivos, sob pena de caracterizar</p><p>o abuso de direito (CC, art. 187) e cria deveres anexos, colaterais, secundários ou instrumen-</p><p>tais (CC, art. 422).</p><p>Três paradigmas do Direito Civil (Princípios implícitos no CC):</p><p>• Operabilidade: conferir flexibilidade ao sistema, através das cláusulas gerais e conceitos</p><p>jurídicos indeterminados;</p><p>• Socialiadade: os direitos subjetivos, baseados na vontade, passam a ter uma função.</p><p>Essa funcionalização do direito é a adequação da vontade com os valores sociais cons-</p><p>titucionais;</p><p>• Eticidade: retratado no princípio da boa-fé objetiva ou boa-fé de comportamento/conduta.</p><p>Cláusula geral x conceito jurídico indeterminado: ambos possuem conteúdo vago, abstra-</p><p>to e genérico. Diferenciam-se na consequência jurídica (efeito).</p><p>• Conceito jurídico indeterminado, o resultado (solução jurídica) já está previsto ou pré-es-</p><p>tabelecido na norma.</p><p>• Cláusulas gerais, o intérprete preenche os valores e atribui a solução que lhe pareça a</p><p>mais correta.</p><p>Diferença entre regras e princípios</p><p>• Regras: conteúdo objetivo, incidência em uma situação jurídica determinada, aplica-se</p><p>por subsunção, pelo sistema “tudo ou nada”, dimensão validade.</p><p>• Princípios: conteúdo amplo, maior grau de abstração, dotados de generalidade abstra-</p><p>ção; colisão entre princípios: juízo de ponderação, dimensão peso.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>50 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>QUESTÕES DE CONCURSO</p><p>013. (CESPE/TCE-PE/ANALISTA DE GESTÃO – JULGAMENTO/2013) Com relação às nor-</p><p>mas processuais, julgue o item seguinte.</p><p>As leis processuais civis e penais não se sujeitam às regras quanto à eficácia temporal das leis cons-</p><p>tantes da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, uma vez que têm regramento próprio.</p><p>A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma sobre direito. Consistente num</p><p>conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar as próprias normas jurídicas. Aplicável a todos</p><p>os ramos do direito.</p><p>São aplicáveis não só ao Direito Civil, mas também a todo ordenamento jurídico, tanto o direi-</p><p>to privado quanto o público, salvo naquilo que for regulado de forma diferente na legislação</p><p>específica.</p><p>Errado.</p><p>014. (CESPE/–SEDF/ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL - DIREITO E LEGISLA-</p><p>ÇÃO/2017) Julgue o seguinte item, que trata de vigência das leis, direitos da personalidade e</p><p>pessoas jurídicas.</p><p>Caso uma lei nova não dispuser sobre a data de início da sua vigência, entende-se que ela en-</p><p>trará em vigor na data da sua publicação.</p><p>LINDB, Art. 1º: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias de-</p><p>pois de oficialmente publicada.”</p><p>Errado.</p><p>015. (CESPE/MPE-PI/ANALISTA MINISTERIAL - ÁREA PROCESSUAL/2018) Julgue o item</p><p>a seguir acerca de direitos da personalidade, de registros públicos, de obrigações e de bens.</p><p>Conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cassino que funcione no</p><p>exterior de forma legal poderá cobrar, no Brasil, por dívida de jogo contraída por brasileiro</p><p>no exterior.</p><p>A cobrança de dívidas contraídas em países onde jogos de azar são legais pode ser feita por</p><p>meio de ação ajuizada pelo credor no Brasil, submetendo-se ao ordenamento jurídico nacional.</p><p>Com base nesse entendimento, a 3ª Turma do STJ entendeu ser possível que o cassino Wynn</p><p>Las Vegas, dos EUA, cobre um brasileiro que deixou dívida superior a US$ 1 milhão em torneio</p><p>de pôquer no local.</p><p>Certo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2018-mpe-pi-analista-ministerial-area-processual</p><p>51 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>016. (CESPE/–BNB/ANALISTA BANCÁRIO/2018) A respeito do ato jurídico perfeito, julgue o</p><p>item subsecutivo.</p><p>O ato jurídico perfeito é aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que tenha</p><p>sido efetuado.</p><p>LINDB, Art. 6º, § 1º “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao</p><p>tempo em que se efetuou.”</p><p>Certo.</p><p>017. (CESPE/–ANCINE/TODOS OS CARGOS - ANALISTA ADMINISTRATIVO ÁREAS I, II E</p><p>III/2013) À luz das disposições constantes da LINDB, julgue o item abaixo.</p><p>A lei do país no qual nasce a pessoa determina as regras sobre o início de sua personalidade.</p><p>LINDB, art. 7º: “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo</p><p>e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.</p><p>Errado.</p><p>018. (QUADRIX/CREF - 13ª REGIÃO (BA-SE)/ANALISTA ADVOGADO/2018) No que se refere</p><p>à aplicação das leis no tempo e no espaço, julgue o item a seguir.</p><p>Suponha‐se que Jacó tenha nascido em Israel, tenha domicílio no Brasil e, ao realizar uma</p><p>viagem à Síria, tenha falecido. Nesse caso, considerando as disposições contidas na Lei de</p><p>Introdução às Normas de Direito Brasileiro, aplicam‐se as normas sírias para a definição do fim</p><p>da personalidade de Jacó.</p><p>Art. 7º da LINDB. No caso, seria a lei brasileira a ser aplicada para fins de definição do fim da perso-</p><p>nalidade de Jacó.</p><p>Errado.</p><p>019. (CESPE/FUNPRESP-JUD/ANALISTA – DIREITO/2016) A respeito da Lei de Introdução</p><p>às Normas do Direito Brasileiro, das pessoas, dos negócios jurídicos, da prescrição e da prova</p><p>do fato jurídico, julgue o item seguinte.</p><p>Ocorre a ultratividade de uma norma jurídica quando essa norma continua a regular fatos ocor-</p><p>ridos antes da sua revogação.</p><p>O fenômeno da ultratividade ocorre quando uma lei que já foi revogada continua sendo aplica-</p><p>da aos fatos que ocorreram durante sua vigência, ou mesmo aos fatos ocorridos após a sua</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2018-bnb-analista-bancario</p><p>não faz parte do Código Civil, embora esteja anexa a ele. Trata-se de norma</p><p>sobre direito, ou seja, é um conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar as próprias normas</p><p>jurídicas (lex legum – norma sobre normas).</p><p>A lei em questão estabelece alguns parâmetros genéricos para formação, elaboração, vi-</p><p>gência, eficácia, interpretação, integração e aplicação das leis.</p><p>A mudança de nomenclatura ocorreu com a finalidade de adequar a aplicação prática e</p><p>a abrangência real da lei de introdução ao seu aspecto formal (nome da ementa). A Lei n.</p><p>12.376/2010 passou a mencionar que o decreto é de fato, Lei de Introdução às normas do Di-</p><p>reito Brasileiro – e não apenas às normas de caráter civil.</p><p>A LINDB é destinada ao legislador e aplicador do direito, diferente das demais normas</p><p>jurídicas, que, por possuírem o atributo da generalidade são destinadas, em regra, à toda a</p><p>comunidade.</p><p>A LINDB trata acerca dos seguintes assuntos:</p><p>a) Vigência e eficácia das normas jurídicas;</p><p>b) Conflito de leis no tempo;</p><p>c) Conflito de leis no espaço;</p><p>d) Critérios hermenêuticos;</p><p>e) Critérios de integração do ordenamento jurídico;</p><p>f) Normas de direito internacional privado (arts. 7º a 19)</p><p>g) Normas de direito público (arts. 20 a 30)</p><p>Querido(a) aluno(a), antes de adentrar propriamente no estudo da LINDB, devemos revisar</p><p>conceitos básicos do direito, que podem ser perguntados em forma de questão, ou mesmo,</p><p>podem lhes ajudar a resolver questões mesmo quando não lembrarem a redação da lei.</p><p>2. Fontes do dIreIto</p><p>Conceito: de “onde vem” ou formas de expressão do direito.</p><p>Miguel Reale define fontes do direito como os “processos ou meios em virtude dos quais</p><p>as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória”.</p><p>De acordo com Hans Kelsen, fonte do direito é “o fundamento de validade da norma jurídi-</p><p>ca, decorre de uma norma superior, válida.”</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>6 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>A classificação e divisão quanto às fontes do direito não é tema pacífico na doutrina, de</p><p>modo que cada autor edita sua classificação:</p><p>Dividem-se em:</p><p>• Fontes Formais – constam expressamente na LINDB e dividem-se em primarias (leis), e</p><p>secundárias (analogia, costumes e princípios gerais do direito);</p><p>• Fontes Informais – não estão previstas na LINDB: doutrina, jurisprudência e equidade.</p><p>As Fontes Formais secundárias também são denominadas de fontes indiretas ou media-</p><p>tas, isso porque são aplicáveis em caso de lacuna legal, ou seja, em caso de omissão da lei.</p><p>“Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costu-</p><p>mes e os princípios gerais de direito.” São os denominados métodos de integração normativa.</p><p>Segundo o CPC, art. 140, “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obs-</p><p>curidade do ordenamento jurídico”.</p><p>001. (VUNESP/CÂMARA DE NOVA ODESSA – SP/ASSESSOR JURÍDICO I/2018 - ADAPTA-</p><p>DA) Sobre os meios de integração das normas para os casos de omissão da lei, assinale:</p><p>As leis são consideradas fontes primárias. A analogia, os costumes e os princípios gerais de</p><p>direito são considerados fontes secundárias.</p><p>A questão está correta, conforme explicação acima.</p><p>Certo.</p><p>002. (VUNESP/CÂMARA DE SERRANA – SP/ANALISTA LEGISLATIVO/2019) Segundo a Lei</p><p>de Introdução às normas do Direito Brasileiro, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,</p><p>os costumes e os princípios gerais de direito na seguinte situação:</p><p>a) quando o caso for regido por lei temporária.</p><p>b) quando se tratar de direito estrangeiro.</p><p>c) se a lei for injusta.</p><p>d) se o juiz não concordar com o texto da lei.</p><p>e) quando a lei for omissa</p><p>De acordo com a redação do art. 4º da LINDB, a analogia, os costumes e os princípios gerais</p><p>de direito são aplicáveis em caso de omissão da lei.</p><p>Letra e.</p><p>Agora, vamos nos aprofundar em cada um dos métodos de integração do art. 4º:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>7 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>2.1. AnALogIA</p><p>Consiste em aplicar a uma dada situação que não está prevista em lei uma norma jurídica</p><p>próxima (analogia legis ou propriamente dita) ou um conjunto de normas jurídicas que pos-</p><p>suem sintonia com aquele caso (analogia iuris). Como exemplo temos a aplicação das regras</p><p>do casamento para a união estável.</p><p>Não confunda analogia com interpretação extensiva.</p><p>Na analogia, rompe-se com os limites previstos na norma, havendo integração jurídica. Na</p><p>interpretação extensiva, apenas amplia-se o seu campo, havendo subsunção.</p><p>Também não confunda subsunção com integração. A subsunção é a aplicação direta da</p><p>lei, ao passo que a integração é o método a partir do qual o julgador supre as lacunas da lei,</p><p>aplicando as ferramentas previstas no art. 4º da LINDB (analogia, costumes e princípios gerais</p><p>do direito).</p><p>Veja o exemplo a seguir: aplicação do art. 157, § 2º, do CC, para lesão usuária, prevista na Lei</p><p>de Usura. Neste caso, haverá interpretação extensiva, pois o dispositivo somente será aplicado</p><p>a outro caso de lesão. Amplia-se o sentido da norma, sem romper seus limites.</p><p>Outro exemplo: aplicação do art. 157, § 2º, do CC, para o estado de perigo (CC, art. 156). Nesta</p><p>hipótese, haverá a aplicação da analogia, porque o comando legal está sendo aplicado a outro</p><p>instituto jurídico, sendo caso de integração.</p><p>O PULO DO GATO</p><p>As normas de exceção não admitem analogia ou interpretação extensiva. Podemos citar como</p><p>exemplo as normas que restringem a autonomia privada ou que diminuem a proteção de direi-</p><p>tos relacionados à dignidade da pessoa humana.</p><p>Exemplo 1: enunciado 146 III JDC: “nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâ-</p><p>metros de desconsideração da personalidade jurídica previstos no art. 50 (desvio de finalidade</p><p>social ou confusão patrimonial)”;</p><p>Exemplo 2: qualquer negócio ou ato jurídico que envolva a cessão ou a transmissão da proje-</p><p>ção dos efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade deve ser interpretado restritivamen-</p><p>te;</p><p>Exemplo 3: art. 114 do CC (os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se restri-</p><p>tivamente).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>8 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>2.2. Costumes</p><p>São as práticas reiteradas no tempo. A repetição de usos de comportamentos, capaz de</p><p>gerar a convicção interna no individuo de uma necessidade jurídica de sua obediência.</p><p>Veja o que diz o art. 113 da Lei n. 10.406/02:</p><p>Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de</p><p>sua celebração.</p><p>Os costumes podem ser:</p><p>• Segundo a lei (secudum legem): quando expressamente previstos (ex.: CC, art. 187).</p><p>Aqui há subsunção;</p><p>• Na falta de lei (praeter legem): aplicado quando a lei for omissa (ex.: cheque pré-datado);</p><p>• Contra a lei (contra legem): não são admitidos.</p><p>2.3. prInCípIos gerAIs do dIreIto</p><p>São as fontes basilares para qualquer ramo do direito, influindo tanto em sua formação</p><p>como em sua aplicação.</p><p>São três os princípios consagrados no CC, conforme</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/quadrix-2018-cref-13-regiao-ba-se-analista-advogado</p><p>52 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>revogação. Quando falo em ULTRATIVIDADE, devo saber que a lei não está mais em vigor. A</p><p>lei ultrativa vai ser aplicada após a sua revogação, mas poderá incidir sobre fatos ocorridos</p><p>ANTES da sua revogação ou sobre fatos ocorridos APÓS a sua revogação.</p><p>Certo.</p><p>020. (CESPE/–SERPRO/ANALISTA – ADVOCACIA/2013) A respeito das normas relativas à</p><p>aplicação e vigência da lei contidas na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue</p><p>os itens seguintes.</p><p>A lei federal nova aprovada pelo Congresso Nacional que estabeleça disposições gerais sobre</p><p>uma norma em vigor no Brasil há mais de 50 anos revogará a lei anterior e, salvo disposição</p><p>em contrário, terá efeito retroativo.</p><p>LINDB, art. 2º, § 2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já</p><p>existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.</p><p>Art. 6º: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito</p><p>adquirido e a coisa julgada”.</p><p>Errado.</p><p>021. (IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA/2020) A Lei de Introdução às Nor-</p><p>mas do Direito Brasileiro (LINDB), enquanto norma de sobre direito, define normas de vigência</p><p>e aplicação de leis, e não tem sua incidência restrita ao direito privado. Nesse sentido, assinale</p><p>a alternativa incorreta.</p><p>a) A nova lei, que estabelece disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revo-</p><p>ga nem modifica a lei anterior. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura</p><p>por ter a lei revogadora perdido a vigência.</p><p>b) Consideram-se atos jurídicos perfeitos os direitos que o seu titular ou alguém por ele possa</p><p>exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabe-</p><p>lecida inalterável, a arbítrio de outrem.</p><p>c) Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Trata-se do Princípio da</p><p>obrigatoriedade da norma que comporta exceções previstas no próprio ordenamento jurídico.</p><p>d) No caso de conflito entre norma posterior e norma anterior, valerá a primeira, pelo critério</p><p>cronológico, caso de antinomia de primeiro grau aparente.</p><p>�a) Certa. É perfeitamente possível a coexistência de normas de caráter geral e de caráter es-</p><p>pecial.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>53 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>�LINDB, art. 2º, § 2º: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já</p><p>existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.”</p><p>�§ 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora</p><p>perdido a vigência” – Repristinação: ocorre quando uma norma revogada volta a valer no caso</p><p>de revogação da sua norma revogadora. O nosso ordenamento jurídico não admite o efeito</p><p>repristinatório automático, salvo quando houver previsão na lei revogadora.</p><p>�b) Errada. A alternativa traz o conceito de direito adquirido. De acordo com o art. art. 6º, § 1º da</p><p>LINDB, reputa-se ato jurídico perfeito O JÁ CONSUMADO SEGUNDO A LEI VIGENTE AO TEMPO</p><p>EM QUE SE EFETUOU</p><p>�c) Correta. LINDB, art. 3º: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.</p><p>Estamos diante do Princípio da obrigatoriedade. Há exceções, como por exemplo, no erro de</p><p>proibição do direito penal.</p><p>�d) Correta. Antinomia nada mais é do que a presença de duas normas válidas conflitantes, sem</p><p>que se possa dizer qual delas deverá ser aplicada em determinado caso concreto. Trata-se</p><p>assim de conflito entre normas. Para solução desse impasse, devem ser levados em conta</p><p>três critérios: cronológico (em que a norma posterior prevalece sobre norma anterior); especia-</p><p>lidade (onde a norma especial prevalece sobre norma geral); hierárquico (sendo que a norma</p><p>superior prevalece sobre norma inferior).</p><p>�O critério da hierarquia é considerado o mais forte de todos, em razão superioridade da Consti-</p><p>tuição Federal. Em seguida, vem o critério da especialidade, sendo o cronológico considerado</p><p>o mais fraco de todos.</p><p>�Quanto aos metacritérios envolvidos, a antinomia pode ser de: 1º grau (o conflito de normas</p><p>envolve apenas um dos critérios acima expostos); 2º grau (o choque de normas válidas envol-</p><p>ve dois dos critérios analisados).</p><p>�Temos, ainda, a antinomia: aparente (em que a situação pode ser resolvida de acordo com os</p><p>metacritérios anteriores); real (em que a situação não pode ser resolvida de acordo com os</p><p>metacritérios antes expostos).</p><p>�Vejamos as hipóteses de antinomia de 1º grau aparente:</p><p>�a) O conflito entre norma posterior e norma anterior, valendo a primeira (critério cronológico);</p><p>�b) O conflito entre norma especial e geral, prevalecendo a norma especial (critério da es-</p><p>pecialidade);</p><p>�c) O conflito entre norma superior e norma inferior, prevalecendo a primeira (critério hie-</p><p>rárquico).</p><p>�Vejamos, agora, as hipóteses de antinomias de 2º grau aparente:</p><p>�a) O conflito entre norma especial anterior e outra geral posterior, prevalecerá a primeira (crité-</p><p>rio da especialidade);</p><p>�b) O conflito entre norma superior anterior e outra inferior posterior, prevalecerá a primeira (cri-</p><p>tério hierárquico).</p><p>Letra b.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>54 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>022. (CESPE/TJ-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO/2020) O conflito entre uma norma</p><p>especial anterior e uma norma geral posterior classifica-se como</p><p>a) antinomia de 1º grau real e deve ser resolvido pelo critério hierárquico.</p><p>b) antinomia de 1º grau aparente e deve ser resolvido pelo critério temporal.</p><p>c) antinomia de 2º grau real e somente pode ser resolvido por decisão de corte constitucional.</p><p>d) antinomia de 2º grau aparente e deve ser resolvido pelo critério da especialidade.</p><p>e) antinomia insuperável e somente pode ser resolvido por solução do Poder Legislativo.</p><p>Depois de resolver a questão acima, fica bem mais fácil encontrar o gabarito desta, não é mes-</p><p>mo? Veja que dois critérios de conflitos estão presentes no enunciado, assim trata-se de an-</p><p>tinomia de 2º grau. Ademais, trata-se de conflito aparente, pois como já vimos anteriormente,</p><p>norma especial não conflita com norma geral.</p><p>Letra d.</p><p>023. (CESPE/CEBRASPE/MINISTÉRIO DA ECONOMIA/TÉCNICO DE COMPLEXIDADE IN-</p><p>TELECTUAL – DIREITO/2020) À luz da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que</p><p>disciplina a aplicação das leis em geral, julgue o item seguinte.</p><p>O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso</p><p>de dolo ou erro grosseiro.</p><p>LINDB, art. 28. “O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões téc-</p><p>nicas em caso de dolo ou erro grosseiro.”</p><p>Certo.</p><p>024. (CESPE/CEBRASPE/MINISTÉRIO DA ECONOMIA/TÉCNICO DE COMPLEXIDADE IN-</p><p>TELECTUAL – DIREITO/2020) À luz da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que</p><p>disciplina a aplicação das leis em geral, julgue o item seguinte.</p><p>Em procedimento de aferição de irregularidades em gestão de contratos administrativos, de-</p><p>vem ser avaliadas as dificuldades reais do gestor, consideradas as circunstâncias práticas a</p><p>ele impostas.</p><p>Segundo a LLINDB?</p><p>Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as</p><p>dificuldades reais do gestor</p><p>e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos</p><p>direitos dos administrados.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>55 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou nor-</p><p>ma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado</p><p>ou condicionado a ação do agente.</p><p>Certo.</p><p>025. (CESPE/MPE-CE/TÉCNICO MINISTERIAL/2020) À luz da Lei de Introdução às Normas</p><p>do Direito Brasileiro, julgue o item a seguir.</p><p>Ao decretar a invalidação de um ato, a autoridade administrativa deve indicar, de forma expres-</p><p>sa, as consequências jurídicas e administrativas dessa decisão.</p><p>Veja o diz o art. 21 da LINDB:</p><p>Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação</p><p>de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas</p><p>consequências jurídicas e administrativas.</p><p>Certo.</p><p>026. (CESPE/CEBRASPE/MPC-PA/ANALISTA MINISTERIAL - CONTROLE EXTERNO/2019)</p><p>De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é cabível a responsabili-</p><p>zação pessoal de um agente público em razão de suas opiniões técnicas se ficar provada a</p><p>existência de</p><p>a) dolo ou erro grosseiro.</p><p>b) dolo ou culpa.</p><p>c) negligência, imprudência ou imperícia.</p><p>d) erro grosseiro ou negligência.</p><p>e) má-fé ou culpa grave.</p><p>LINDB, art. 28. “O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões téc-</p><p>nicas em caso de dolo ou erro grosseiro.”</p><p>Letra a.</p><p>027. (CESPE/CEBRASPE/MPC-PA/ANALISTA MINISTERIAL – DIREITO/2019) No curso de</p><p>uma representação em determinado tribunal de contas, o Ministério Público junto ao tribunal</p><p>apresentou um extrato de movimentação bancária emitido por um banco internacional, como</p><p>prova de movimentação financeira irregular praticada fora do Brasil.</p><p>Nesse caso, segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a lei de regência para</p><p>verificação da legitimidade do meio de produção dessa prova deve ser a legislação</p><p>a) brasileira.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>56 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>b) do país onde a movimentação irregular tiver sido feita.</p><p>c) do país onde se encontra a sede do referido banco.</p><p>d) do país onde o representado tenha residência.</p><p>e) indicada em tratado internacional de cooperação.</p><p>Veja o que diz o art. 13 da LINDB:</p><p>Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao</p><p>ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira</p><p>desconheça.</p><p>Letra b.</p><p>028. (VUNESP/PREFEITURA DE ITAPEVI – SP/ANALISTA JURÍDICO - PROCURADOR MU-</p><p>NICIPAL/2019) No que diz respeito ao local de aplicação da lei, nos termos da Lei de Introdu-</p><p>ção às Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A sucessão por morte ou ausência obedece à lei do país de origem do defunto ou desapare-</p><p>cido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.</p><p>b) Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situa-</p><p>dos no Brasil.</p><p>c) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei brasileira.</p><p>d) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país</p><p>em que residir o proponente, ainda que diversa do local onde situados os bens.</p><p>e) A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que ele for celebrado,</p><p>independentemente do local de residência das partes.</p><p>�a) Errada. Não é do país de origem, mas sim do país do domicílio do defunto ou do ausente.</p><p>LINDB, art. 10. “A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domicilia-</p><p>do o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.”</p><p>�b) Certa. LINDB, art. 12, § 1º: “Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações</p><p>relativas a imóveis situados no Brasil.”</p><p>�c) Errada. Como vimos na questão acima, nos termos do art. 13 da LINDB, a prova dos fatos</p><p>ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar.</p><p>�d) Errada. LINDB, art. 8º. “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes,</p><p>aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.”</p><p>�e) Errada. LINDB, art. 9º. “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em</p><p>que se constituírem.”“§ 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar</p><p>em que residir o proponente.”</p><p>Letra b.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>57 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>029. (CESPE/TRE-PI/ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA/2016) O aplicador do direito, ao</p><p>estender o preceito legal aos casos não compreendidos em seu dispositivo, vale-se da</p><p>a) interpretação teleológica.</p><p>b) socialidade da lei.</p><p>c) interpretação extensiva.</p><p>d) analogia.</p><p>e) interpretação sistemática.</p><p>A analogia é empregada na ausência de texto legal específico; ela faz incidir uma lei em uma</p><p>hipótese por ela não prevista. Como na questão: deseja-se estender o preceito legal de uma</p><p>norma aos casos não compreendidos em seu dispositivo. Estamos, portanto, diante da do</p><p>instituto da analogia.</p><p>Letra c.</p><p>030. (FCC/TRT - 2ª REGIÃO (SP)/ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIA-</p><p>DOR/2014) Em termos de eficácia legislativa, entende-se que a lei é o parâmetro maior para o</p><p>juiz. Este, porém, na omissão da lei, deverá decidir o caso de acordo com a analogia, os costu-</p><p>mes e os princípios gerais de direito. Este enunciado concerne ao princípio.</p><p>a) da eventualidade processual.</p><p>b) da obrigatoriedade da lei.</p><p>c) da obrigatoriedade da jurisdição.</p><p>d) do devido processo legal.</p><p>e) do livre convencimento e o da persuasão racional.</p><p>A lei pode conter lacunas, mas o direito não. Isso porque é proibido pelo ordenamento jurídico</p><p>que o juiz pronuncie o non liqued. Em outras palavras, o juiz não pode deixar de decidir um</p><p>caso, alegando ausência de norma jurídica, pois a CF/88 prevê, em seu art. 5º, XXXV, o princípio</p><p>da inafastabilidade da jurisdição, ou seja, da obrigatoriedade da jurisdição.</p><p>Letra d.</p><p>031. (MÉTODO SOLUÇÕES EDUCACIONAIS/PREFEITURA DE PLANALTO DA SERRA – MT/</p><p>PROCURADOR JURÍDICO/2019) Acerca das cláusulas gerais e de conceitos legais indetermi-</p><p>nados, assinale a alternativa correta:</p><p>a) Cláusulas gerais são normas com diretrizes indeterminadas, que trazem expressamente</p><p>uma solução jurídica (consequência).</p><p>b) Cláusulas gerais são normas com diretrizes determinadas, que não trazem expressamente</p><p>uma solução jurídica (consequência).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>58 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do</p><p>Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>c) Conceitos legais indeterminados são normas com diretrizes indeterminadas, que não tra-</p><p>zem expressamente uma solução jurídica (consequência).</p><p>d) Conceitos legais indeterminados são normas com diretrizes indeterminadas, que trazem</p><p>expressamente uma solução jurídica (consequência).</p><p>Cláusulas gerais são normas com diretrizes indeterminadas, que não trazem expressamente</p><p>uma solução jurídica (consequência). A norma é inteiramente aberta. Um exemplo é a cláusula</p><p>geral da boa-fé objetiva, disposta em vários artigos do CC/02.</p><p>De outro lado, denomina-se conceito jurídico indeterminado, quando palavras ou expressões</p><p>contidas numa norma são vagas/imprecisas, de modo que a indeterminação se encontra no</p><p>significado das mesmas, e não nas consequências legais de seu descumprimento. Um grande</p><p>exemplo de conceito jurídico indeterminado está no parágrafo único do art. 927 do CC/02, que</p><p>trata da “atividade de risco”. Veja que, no exemplo, a dúvida está no significado (conteúdo/</p><p>pressuposto) de “atividade de risco”, e não nas consequências jurídicas (responsabilidade civil</p><p>objetiva).</p><p>Letra d.</p><p>032. (GUALIMP/PREFEITURA DE PORCIÚNCULA – RJ/PROCURADOR ADJUNTO/2019) O</p><p>Código Civil, é norteado por alguns Princípios básicos, dentre eles, o Princípio da Socialidade.</p><p>Dentre as alternativas abaixo, marca aquele que demonstra a caraterística marcante do referi-</p><p>do princípio.</p><p>a) Respeito à dignidade humana, dando prioridade à boa-fé subjetiva e objetiva, à probidade e</p><p>à equidade.</p><p>b) A prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor funda-</p><p>mental da pessoa humana.</p><p>c) Autonomia do julgador, para que, em busca de solução mais justa, a norma, que, contendo</p><p>cláusulas gerais ou conceitos indeterminados, possa, na análise de caso por caso, ser efetiva-</p><p>mente aplicada, com base na valoração objetiva, vigente na sociedade atual.</p><p>d) Adequar a regra ao caso concreto, recorrendo aos critérios da igualdade e da proporcionali-</p><p>dade, de modo a realizar não a justiça do caso concreto, mas o direito do caso concreto.</p><p>Princípio da socialidade: Segundo apontava o próprio Miguel Reale, um dos escopos da nova</p><p>codificação foi o de superar o caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Assim, a</p><p>palavra “eu” é substituída por “nós”. Todas as categorias civis têm função social: o contrato, a</p><p>empresa, a propriedade, a posse, a família, a responsabilidade civil.</p><p>Letra b.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>59 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>033. (FGV/MPE-RJ/ESTÁGIO FORENSE/2014) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta como:</p><p>a) norma de conduta leal e ética aplicável às obrigações contratuais, sentido idêntico ao utiliza-</p><p>do, em matéria de direitos reais, na classificação da posse como sendo de boa-fé ou de má-fé;</p><p>b) um estado psicológico pelo qual o agente, de forma crédula, desconhece as reais circuns-</p><p>tâncias do ato praticado;</p><p>c) ausência de má-fé;</p><p>d) tendo conteúdo idêntico ao da boa-fé subjetiva;</p><p>e) norma de conduta de acordo com os ideais de honestidade e lealdade, devendo as partes</p><p>contratuais agir conforme um modelo de conduta social, sempre respeitando a confiança e os</p><p>interesses do outro.</p><p>A boa-fé objetiva é boa-fé de comportamento/conduta, que difere da boa-fé subjetiva, que é a</p><p>boa-fé de conhecimento.</p><p>Veremos no PDF sobre direito reais, que a boa-fé da posse não é a boa-fé objetiva, mas sim</p><p>subjetiva, ou seja, ausência de conhecimento do vício que inquina a posse.</p><p>Letra e.</p><p>034. (FCC/DPE-ES/2016 - ADAPTADA) Em relação ao fenômeno da “constitucionalização” do</p><p>Direito, considere:</p><p>A “despatrimonialização” do Direito Civil, conforme sustentada por parte da doutrina, é reflexo</p><p>da centralidade que o princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais pas-</p><p>sam a ocupar no âmbito do Direito Privado, notadamente após a Constituição Federal de 1988.</p><p>Segundo BARROSO (2015) a dignidade humana impõe limites e atuações positivas ao Estado,</p><p>no atendimento das necessidades vitais básicas, expressando-se em diferentes dimensões.</p><p>No tema específico aqui versado, o princípio promove uma despatrimonialização e uma re-</p><p>personalização do Direito Civil com ênfase em valores existenciais e do espírito bem como</p><p>no reconhecimento e desenvolvimento dos direitos da personalidade tanto em sua dimensão</p><p>física quanto psíquica.</p><p>Certo.</p><p>035. (ESAF/–ESAF/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - CONHECIMENTOS GE-</p><p>RAIS/2015) Com a ascensão científica e institucional do direito constitucional, vimos o surgimen-</p><p>to do chamado “Novo Constitucionalismo”, que possui alguns traços marcantes, com exceção de:</p><p>a) a acentuação da dualidade dos ramos do direito público e do direito privado.</p><p>b) passagem da Constituição para o centro do sistema jurídico, em que passou a desfrutar de</p><p>supremacia formal e material.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>60 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>c) filtragem constitucional, pois, com a passagem da Constituição para o centro, passou ela a</p><p>funcionar como a lente, o filtro através do qual se deve olhar para o Direito de uma maneira geral.</p><p>d) o triunfo do direito constitucional, que deve ser a “janela” através da qual se olha o mundo.</p><p>e) o modo de desejar o mundo, ou seja, o direito constitucional passou a ser não somente um</p><p>modo de olhar e pensar o Direito, mas também um modo de desejar o mundo: fundado na</p><p>dignidade da pessoa humana, na centralidade dos direitos fundamentais, na busca por justiça</p><p>material, na tolerância e no respeito ao próximo.</p><p>Pelo contrário, como vimos, há uma aproximação entre os ramos do direito público e do direito</p><p>privado, de modo que passam a se interpenetrarem.</p><p>Letra a.</p><p>036. (FCC/DPE-ES/2016) A respeito da distinção entre princípios e regras, é correto afirmar:</p><p>a) Diante da colisão entre princípios, tem-se o afastamento de um dos princípios pelo princípio</p><p>da especialidade ou ainda pela declaração de invalidade.</p><p>b) As regras e os princípios são espécies de normas jurídicas, ressalvando-se a maior hierar-</p><p>quia normativa atribuída aos princípios.</p><p>c) Os princípios possuem um grau de abstração maior em relação às regras, aplicando-se pela</p><p>lógica do “tudo ou nada”.</p><p>d) Os princípios por serem vagos e indeterminados, carecem de mediações concretizadoras</p><p>(do legislador, do juiz), enquanto as regras são suscetíveis de aplicação direta.</p><p>e) Na hipótese de conflito entre regras, tem-se a ponderação das regras colidentes.</p><p>�a) Errada. Não há afastamento pela especialidade nem declaração de invalidade. No caso de</p><p>conflito entre princípios, utiliza-se o critério da ponderação, identificando-se, no caso concreto,</p><p>qual deve ser aplicado.</p><p>�b) Errada. Não há hierarquia entre normas. Ou seja, não há hierarquia entre princípios e regras.</p><p>�c) Errada. Critério “tudo ou nada” é para regras apenas.</p><p>�e) Errada. A ponderação é efetuada apenas quando houver princípios colidentes. Para as re-</p><p>gras utiliza-se a subsunção.</p><p>Letra d.</p><p>037. (FCC/PGE-MT/ANALISTA – BACHAREL EM DIREITO/2016) Maria doou a Emília um</p><p>vestido de noiva. Estipulou, porém, que o bem somente seria entregue se e quando Emília ca-</p><p>sasse. Caso sobrevenha lei nova, afetando o contrato, esta</p><p>a) atingirá o direito de Emília somente se tiver natureza cogente, pois a lei de ordem pública</p><p>possui</p><p>efeito retroativo.</p><p>b) atingirá o direito de Emília, que possui mera expectativa de direito.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>61 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>c) atingirá o direito de Emília, que possui mera faculdade jurídica.</p><p>d) atingirá o direito de Emília, pois, de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, a lei nova tem efeito retroativo, atingindo as situações pendentes.</p><p>e) não atingirá o direito de Emília, pois a lei considera adquiridos os direitos sob condição sus-</p><p>pensiva, para fins de direito intertemporal.</p><p>LINDB, art. 6º “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o</p><p>direito adquirido e a coisa julgada.”</p><p>§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,</p><p>como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalte-</p><p>rável, a arbítrio de outrem.</p><p>Letra e.</p><p>038. (PUC-PR/TRT - 9ª REGIÃO (PR)/2007 - ADAPTADA) Considere a seguinte proposição:</p><p>Segundo a doutrina, o princípio da boa-fé objetiva tem, dentre outras funções, a de delimitar o</p><p>exercício de direitos subjetivos.</p><p>A atuação do princípio da boa-fé objetiva como limite ao exercício regular dos direitos subje-</p><p>tivos representa uma das principais funções que o destacam. Trata-se da função de controle</p><p>(CC, art. 186).</p><p>Certo.</p><p>039. (VUNESP/TJ-AC/2019) Segundo o que dispõe, expressamente, a Lei de Introdução às</p><p>Normas do Direito Brasileiro, na hipótese de expedição de uma licença sobre a qual exista</p><p>incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, havendo a neces-</p><p>sidade de eliminar esse problema, a autoridade administrativa poderá, atendidas as disposi-</p><p>ções legais,</p><p>a) celebrar compromisso com os interessados.</p><p>b) recomendar alteração legislativa antes da decisão.</p><p>c) ingressar com ação declaratória no poder judiciário.</p><p>d) contratar parecer de escritório de advocacia especializado.</p><p>Veja o que diz o art. 26:</p><p>Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do</p><p>direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após</p><p>oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>62 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação</p><p>aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.</p><p>Letra a.</p><p>040. (CESPE/TRE-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA/2010) Acerca do</p><p>Direito Civil, julgue os itens seguintes.</p><p>Dá-se a ultra-atividade da lei quando a lei revogada sobrevive, continuando a ser aplicada às</p><p>situações ocorridas ao tempo de sua vigência.</p><p>A regra em nosso Direito é que a lei regulará todas as situações durante o seu período de vida/</p><p>vigência (atividade).</p><p>Extra-atividade: é o fenômeno que ocorre quando uma lei regula situações fora do seu período</p><p>de vigência. Espécies:</p><p>�a) Retroatividade – a lei regula situações que ocorreram antes do início de sua vigência;</p><p>�b) Ultra-atividade – a lei foi revogada, mas continua sendo aplicada.</p><p>Certo.</p><p>041. (INSTITUTO AOCP/2022/IPE PREV/ANALISTA EM PREVIDÊNCIA/DIREITO/EDITAL</p><p>Nº 002) Quanto ao tema Lei de Introdução ao Direito Brasileiro e seu regramento no Decreto</p><p>nº 4.657, de 04 de setembro de 1942, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma</p><p>a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.</p><p>( ) Em virtude do principio do Iura novit curia, não há de se falar em necessidade de se provar a</p><p>existência e a vigência de nenhuma norma, ainda que estrangeira, aos magistrados brasileiros.</p><p>( ) Na interpretação de normas sobre gestão pública, em virtude do princípio da legalidade es-</p><p>trita, não serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências</p><p>das políticas públicas a seu cargo.</p><p>( ) A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de</p><p>ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas</p><p>consequências jurídicas e administrativas.</p><p>a) V − F − V.</p><p>b) V − V − F.</p><p>c) F − F − V.</p><p>d) F − V − F.</p><p>e) F − V − V.</p><p>Iura novit curia é uma máxima jurídica latina que expressa o princípio de que “o juiz conhece a</p><p>lei”. Em outras palavras, significa que as partes em uma disputa judicial não precisam pleitear</p><p>ou provar a lei que se aplica ao seu caso.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>63 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>No entanto, em se tratando de norma estrangeira, há a necessidade das partes provarem. Isso</p><p>porque os magistrados devem conhecer a lei brasileira, mas não são obrigados a conhecer de</p><p>lei estrangeira.</p><p>LINDB:</p><p>Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da</p><p>vigência.</p><p>Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as</p><p>dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos</p><p>direitos dos administrados.</p><p>Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação</p><p>de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas</p><p>consequências jurídicas e administrativas.</p><p>Letra c.</p><p>042. (CESPE/CEBRASPE/2022/FUNPRESP-EXE/ANALISTA DE PREVIDÊNCIA COMPLE-</p><p>MENTAR/ÁREA JURÍDICA/EDITAL Nº 1) A respeito da Lei de Introdução às normas do Direito</p><p>Brasileiro (LINDB), da pessoa jurídica, do negócio jurídico e da prescrição, julgue o item a seguir.</p><p>Ainda que possa causar prejuízo aos administrados, a interpretação pelo gestor de norma de</p><p>gestão pública será realizada de acordo com as exigências das políticas públicas.</p><p>LINDB, Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos</p><p>e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo</p><p>dos direitos dos administrados.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>64 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>GABARITO</p><p>13. E</p><p>14. E</p><p>15. C</p><p>16. C</p><p>17. E</p><p>18. E</p><p>19. C</p><p>20. E</p><p>21. b</p><p>22. d</p><p>23. C</p><p>24. C</p><p>25. C</p><p>26. a</p><p>27. b</p><p>28. b</p><p>29. c</p><p>30. d</p><p>31. d</p><p>32. b</p><p>33. e</p><p>34. C</p><p>35. a</p><p>36. d</p><p>37. e</p><p>38. C</p><p>39. a</p><p>40. C</p><p>41. c</p><p>42. E</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Juiz do TJDFT (titular da 2ª Vara da Fazenda Pública e atualmente juiz assistente da Presidência do TJ-</p><p>DFT). Pós-graduado, mestre em Direito e doutorando em Direito Civil. Autor de obras jurídicas,</p><p>em especial,</p><p>do Manual de Direito Civil pela editora JusPodivm. Professor da Fundação Escola Superior do MPDFT.</p><p>Palestrante sobre temas do Direito Civil.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>Apresentação</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>Parte I – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>1. Introdução</p><p>2. Fontes do Direito</p><p>2.1. Analogia</p><p>2.2. Costumes</p><p>2.3. Princípios gerais do direito</p><p>2.4. Equidade</p><p>3. Norma Agendi: a Lei</p><p>3.1. Vigência, Vigor, Eficácia e Validade da Lei</p><p>3.2. Repristinação da Lei</p><p>3.3. Eficácia da Lei no Tempo</p><p>3.4. Eficácia da Lei no Espaço – Regras sobre Direito Internacional Privado</p><p>4. Competência e Jurisdição</p><p>5. Casamento: Regras sobre Direito Espacial</p><p>6. Prova</p><p>7. O Direito Público e as Inovações</p><p>Parte II – Princípios Constitucionais do Direito Civil Contemporâneo</p><p>1. Histórico do Direito Civil</p><p>1.1. Direito Civil Tradicional/Clássico:</p><p>1.2. Direito Civil Contemporâneo</p><p>1.3. Características do Direito Civil Pós-Positivismo</p><p>2. Princípios Constitucionais e sua Relevância para o Direito Civil</p><p>3. Paradigmas do Direito Civil Contemporâneo</p><p>4. Diferença Básica entre Cláusula Geral e Conceito Jurídico Indeterminado</p><p>5. Diferença entre Regras e Princípios</p><p>Resumo</p><p>Questões de Concurso</p><p>Gabarito</p><p>AVALIAR 5:</p><p>Página 65:</p><p>se extrai da sua exposição de motivos:</p><p>• Princípio da Eticidade (valorização da ética e boa-fé);</p><p>• Princípio da Socialidade (corolário do princípio da função social da propriedade, dos</p><p>contratos);</p><p>• Princípio da operabilidade (simplicidade e efetividade, alcançada através das cláusulas</p><p>gerais).</p><p>Alguns princípios gerais do Direito Civil, a partir da vigência da Constituição Federal de</p><p>1988, e do movimento de constitucionalização do Direito Civil, ganharam status constitucional,</p><p>de modo que, segundo o Prof. Paulo Bonavides, terão prioridade de aplicação, mesmo quando</p><p>há lei específica sobre a matéria.</p><p>São exemplos: a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), a solidariedade social</p><p>(CF/88, art. 3º, I) e a isonomia ou igualdade material (CF/88, art. 5º, caput).</p><p>Vale destacar a crítica realizada pela doutrina contemporânea, que ressalta a necessidade</p><p>de atualização do art. 4º, em razão da profunda alteração da Teoria das Fontes. Já que, hoje,</p><p>temos reconhecida a eficácia normativa dos princípios e também da jurisprudência (aproxi-</p><p>mação do sistema common law realizado pelo Código de Processo Civil com a valorização da</p><p>jurisprudência).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>9 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>2.4. equIdAde</p><p>A Equidade é forma de integração do direito?</p><p>Segundo Aristóteles, a Equidade é a correção do justo legal; ou seja, a correção da lei, quan-</p><p>do esta se mostrar extremamente injusta.</p><p>A equidade não está prevista na LINDB como forma de integração de lacunas legais, mas o</p><p>art. 140, parágrafo único, do CPC prevê que “O juiz só decidirá por equidade nos casos previs-</p><p>tos em lei”. Desse modo, entende-se que o sistema jurídico admite a equidade como mecanis-</p><p>mo de integração, quando indicado pela própria norma, ou seja, somente em caso de previsão</p><p>legal (CDC, art. 7º).</p><p>003. (VUNESP/CÂMARA DE NOVA ODESSA – SP/ASSESSOR JURÍDICO I/2018 - ADAPTA-</p><p>DA) Sobre os meios de integração das normas para os casos de omissão da lei, assinale:</p><p>I – A equidade, por não estar expressamente prevista na lei, deve ser utilizada em conjunto</p><p>com outro meio de integração das normas.</p><p>II – Para que seja utilizada a equidade para preencher alguma lacuna da lei, é necessário haver</p><p>a ideia de igualdade e paralelismo entre as relações.</p><p>Ambas estão erradas, isso porque:</p><p>I – A equidade está prevista no art. 140, parágrafo único do CPC.</p><p>II – É preciso que haja previsão legal para aplicação da equidade, segundo exige o art. 140, pará-</p><p>grafo único do CPC. A ideia de igualdade/paralelismo de relações faz parte do uso da analogia.</p><p>Errado, Errado.</p><p>3. normA AgendI: A LeI</p><p>Lei é a norma jurídica. Fonte primária e direta do direito. Trata-se de uma ordem (determi-</p><p>nação do legislador) com caráter geral, universal e permanente, e deve originar da autoridade</p><p>competente.</p><p>Nos dizeres de Maria Helena Diniz, trata-se de um Imperativo Autorizante. Imperativo, por-</p><p>que é dotada de coercibilidade, sendo dirigida a todos (atributo da generalidade). Autorizante,</p><p>porque tem a função de autorizar ou não determinadas condutas.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>10 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>3.1. VIgênCIA, VIgor, eFICáCIA e VALIdAde dA LeI</p><p>A vigência é tempo de duração de uma norma jurídica, o lapso temporal no qual a lei pode</p><p>produzir efeitos, no qual a lei possui vigor. Tem seu início com a publicação (ou decorrido o</p><p>prazo da vacatio legis) e persiste até a sua revogação ou extinção. O termo a quo da vigência</p><p>da lei é estabelecido livremente pelo legislador.</p><p>A vigência da norma tem íntima conexão com a força vinculante da lei ou à sua obrigato-</p><p>riedade (vigor da norma).</p><p>Não podemos confundir vigência com vigor e com eficácia da lei.</p><p>• Vigência: período entre a entrada em vigor e a revogação da lei.</p><p>• Vigor: força vinculante, está ligada ao ao princípio da obrigatoriedade, vincula todos os</p><p>fatos e pessoas à norma agendi (lei). A ultratividade é o fenômeno em que uma norma,</p><p>mesmo ser ter vigência (em razão de sua revogação), possui vigor (continua a reger</p><p>certos fatos).</p><p>Assim, normas sem vigência podem ainda estar em vigor. Trata-se do fenômeno da ultrati-</p><p>vidade, que nada mais é do que a possibilidade material e concreta de uma lei revogada ainda</p><p>produzir efeitos. Tal princípio está diretamente relacionado com a garantia constitucional da</p><p>não retroatividade das normas. Como exemplo, temos a aplicação do CC/16 para os fatos</p><p>ocorridos durante a sua vigência, ou seja, para os contratos celebrados durante sua vigência.</p><p>O CC/2002 também manteve a vigência de vários dispositivos do CC/1916, com o que conferiu</p><p>ultratividade para algumas normas específicas, ou “sobrevida”, mesmo após a revogação do</p><p>CC/1916 pelo CC/2002 (enfiteuse, sucessão aberta antes do CC).</p><p>• Eficácia: é a aptidão da norma para produzir efeitos. Pode ser social, técnica ou jurídica.</p><p>A eficácia social ou efetividade da norma diz respeito ao cumprimento do direito por parte</p><p>da sociedade. Em outras palavras, é a materialização no mundo dos fatos da dicção da norma.</p><p>Eficácia técnica liga-se à presença de condições técnicas para sua produção de efeitos. A</p><p>exemplo das normas constitucionais de eficácia limitada.</p><p>Eficácia jurídica: refere-se ao poder que toda norma possui, para irradiar efeitos jurídicos, a</p><p>exemplo da revogação de norma anterior incompatível.</p><p>Hugo de Brito Machado afirma que “vigência é a aptidão para incidir”, enquanto que efi-</p><p>cácia seria a “aptidão para produzir efeitos no plano da concreção jurídica”. Ademais, o autor</p><p>esclarece que:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>11 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Vigência é qualidade que não admite graduação. Está ou não na lei. Não existe lei mais vigente do</p><p>que outra. A eficácia, diversamente, é qualidade sempre relativa. Existem leis mais eficazes do que</p><p>outras. Pode-se dizer que não existe lei absolutamente desprovida de eficácia, como não existe lei</p><p>absolutamente eficaz.</p><p>Também não se deve confundir vigência com validade:</p><p>• Validade: norma válida é a que foi formada, originada e elaborada por órgão competen-</p><p>te, com a obediência ao devido processo legal legislativo. No âmbito formal, a lei válida</p><p>é a que obedece a todos os parâmetros legais de formação e do processo legislativo.</p><p>No âmbito material, lei válida é a que está adequada e conforme os preceitos da Cons-</p><p>tituição Federal.</p><p>A vigência está relacionada ao momento em que a norma válida, sob o aspecto formal e ma-</p><p>terial, passa a ter força vinculante para os seus destinatários. Veja o que diz a Lei n. 4.657/42:</p><p>Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficial-</p><p>mente publicada.</p><p>§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 me-</p><p>ses depois de oficialmente publicada.</p><p>Entrada em vigor</p><p>Brasil Estado estrangeiro</p><p>45 dias, salvo disposição em</p><p>contrário. Três meses</p><p>Se a</p><p>lei for omissa quanto ao início da vigência, aplica-se a regra geral do artigo 1º, entra</p><p>em vigor 45 dias após ser publicada. No entanto, se a lei dispuser a data de vigência, prevalece</p><p>a norma específica.</p><p>Nesse ponto, há um princípio importante, que sempre cai em provas de concurso - Princí-</p><p>pio da obrigatoriedade simultânea ou vigência sincrônica: estabelecendo que vigência se dá</p><p>em todo o território nacional simultaneamente. Também chamado de critério do prazo único.</p><p>Se contrapõem ao sistema da vigência progressiva, gradual, sucessiva, aplicável para a vigên-</p><p>cia da lei brasileira no Estado estrangeiro em relação à sua aplicação em território nacional.</p><p>Vale destacar também que lei antecessora da atual LINDB, adotava o sistema da vigência</p><p>progressiva.</p><p>§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o</p><p>prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.</p><p>§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>12 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Ou se, o prazo se reinicia a contar da nova publicação.</p><p>A correção a que se refere o § 3º, será apenas no que tange a erros de redação/ortografia.</p><p>Mudanças de mérito não são admitidas, pois estas demandam uma nova lei com adequado</p><p>trâmite legislativo (deliberações, discussão, etc.).</p><p>O período entre a publicação da lei e o início de vigência é denominado de vacatio legis. O</p><p>prazo de vacatio legis e o modo de cômputo do prazo deve ser de acordo com o artigo 8º da</p><p>Lei Complementar 95/1998:</p><p>Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável</p><p>para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua</p><p>publicação” para as leis de pequena repercussão.</p><p>§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância</p><p>far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia</p><p>subsequente à sua consumação integral.</p><p>§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor</p><p>após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’</p><p>Atenção ao § 1º - vale destacar: independentemente se o dia for ou não útil.</p><p>Não se aplica o prazo de vacatio legis da LINDB:</p><p>• Para os atos administrativos, pois estes entram em vigor na data da publicação no órgão</p><p>oficial. Pois, neste momento, presume-se a ciência do destinatário.</p><p>• Para a vacatio constitutionis, isso porque as EC entram em vigor na data de sua publica-</p><p>ção, salvo se houver previsão expressa em outro sentido, como, por exemplo, o sistema</p><p>tributário nacional possuiu uma vacância prevista no art. 34 do ADCT.</p><p>O art. 2º da LINDB prevê outro princípio importante ao enunciar que “não se destinando à</p><p>vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. Trata-se do princípio</p><p>da continuidade ou permanência da lei, esta permanecerá em vigor até que outra a modifique</p><p>ou revogue. A exceção fica por conta da lei excepcional ou temporária, que são autorrevogá-</p><p>veis (possuem vigência por um período condicional ou temporário) e são ultrativas (os efeitos</p><p>dos atos praticados não extinguem com elas).</p><p>Como exemplo de norma temporária, podemos citar a Lei n. 14.010/2020, de acordo com</p><p>sua ementa dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas</p><p>de Direito Privado no período da pandemia de covid-19, e, em seu art. 3º, caput, dispõe de for-</p><p>ma expressa que: “Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, confor-</p><p>me o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020.”. Norma aplicável</p><p>também, para os prazos de decadência (§ 2º).</p><p>A Revogação encerra a vigência de uma norma por outra, e pode ser:</p><p>a) quanto à extensão:</p><p>Revogação total Ab-rogação (lembrar: “ab” de</p><p>absoluta, total)</p><p>Revogação parcial Derrogação</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>13 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>b) quanto ao modo:</p><p>Revogação expressa</p><p>(ou por via direta) Taxativamente prevista na norma</p><p>Revogação tácita (ou por</p><p>via obliqua)</p><p>Quando seja com ela incompatível ou quando</p><p>regule a matéria que tratava a lei anterior</p><p>O § 1º admite que a revogação seja expressa ou tácita. Neste ponto, a regra pode parecer</p><p>entrar em choque com aquela disciplinada no art. 9º da LC 95/98, que sugere a necessidade</p><p>de a revogação ser sempre expressa. Não obstante, tem prevalecido que a revogação tácita é</p><p>sim, possível.</p><p>Já o § 2º do mesmo artigo apresenta obviedades. A revogação somente pode ser expressa</p><p>ou tácita, razão pela qual, caso a Lei nova estabeleça disposições gerais ou especiais a par das</p><p>já existentes, não há revogação nem modificação da lei anterior.</p><p>A exemplo da Lei dos alimentos gravídicos (Lei n. 11.804/2008) que, ao trazer apenas</p><p>acréscimos ao reconhecer o direito a alimentos ao nascituro e à mulher grávida, não revogou</p><p>nem alterou o CC/02 em matéria de alimentos.</p><p>004. (CESPE/CEBRASPE/TCE-RJ/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/2021) Conforme as</p><p>disposições legais sobre vigência e aplicação das leis, prescrição, pessoas naturais e jurídicas,</p><p>julgue o item a seguir.</p><p>De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, além de situações de ex-</p><p>pressa revogação, a nova lei implica a revogação de legislação anterior que regulasse inteira-</p><p>mente a mesma matéria ou, ainda, que estabelecesse regras gerais sobre o mesmo assunto.</p><p>“Art. 2º</p><p>§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não</p><p>revoga nem modifica a lei anterior.”</p><p>Errado.</p><p>Por fim, o § 3º trata do fenômeno da repristinação. Por se tratar de um assunto que, frequente-</p><p>mente, cai em provas de concursos, abriremos abaixo um tópico para explicar melhor tal fenômeno.</p><p>O terceiro e ultimo princípio, de grande importância na LINDB, vem previsto no art. 3º, in</p><p>verbis: “ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece”. Trata-se do Princípio</p><p>da Obrigatoriedade da lei. A norma jurídica, geral e abstrata, quando publicada e vigente, obriga</p><p>a todos os membros da coletividade ou comunidade que a ela se submete, sem qualquer dis-</p><p>tinção. É irrelevante a condição social, cultural, sexual, racial, econômica e pessoal do sujeito.</p><p>Tal norma garante a eficácia do sistema e traz segurança jurídica. Há uma presunção relativa</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>14 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>de que todos conhecem a lei. Relativa, pois admite exceções, como, por exemplo, a norma pre-</p><p>vista no art. 139, III, do CC/02, o qual permite a anulação do negócio jurídico por erro do direito.</p><p>A lei torna-se obrigatória, passa a ter vigor com a vigência e não com a publicação. Após a</p><p>publicação, a lei poderá ou não cumprir o período de vacatio legis.</p><p>Neste ponto, é importante analisarmos como se dá a formação</p><p>da lei. Esta envolve</p><p>três etapas:</p><p>• 1º Elaboração da lei;</p><p>• 2º Promulgação da lei (pode ser dispensada);</p><p>• 3º Publicação da lei.</p><p>A fase de elaboração da lei vai desde a iniciativa até a sanção ou veto, ou seja, corresponde</p><p>a todo o processo legislativo previsto na CF/88 e na LC 95/98.</p><p>A promulgação é a ultima etapa do processo legislativo e consiste na declaração de exis-</p><p>tência formal da lei, embora ainda não tenha entrado em vigor.</p><p>Por fim, a publicação é o ato que dá publicidade à lei. É a condição para a lei entrar em vigor,</p><p>obedecido o período de vacatio legis, se acaso houver.</p><p>Há controvérsia na doutrina se o nascimento da lei ocorre com a promulgação ou com o</p><p>último ato anterior a ela, já que a promulgação tem o fito apenas de atestar a existência da lei.</p><p>No entanto, tal discussão não se mostra relevante para o Direito Civil, já que, para reger um</p><p>dado fato jurídico e produzir seus efeitos, a lei deve estar em vigor (e quanto a este momento</p><p>não há controvérsia).</p><p>3.2. reprIstInAção dA LeI</p><p>O § 3º do art. 2º trata do fenômeno da repristinação, nos seguintes termos: “Salvo dispo-</p><p>sição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.</p><p>Veja que, em regra, não se admite a repristinação no direito brasileiro.</p><p>Mas o que é tal fenômeno? Em apertada síntese, trata-se de fenômeno jurídico em razão</p><p>do qual uma norma revogada volta a ter vigência, em razão da revogação da lei que a revogara.</p><p>Veja o seguinte exemplo:</p><p>Se a lei C revoga a lei B, a qual, por sua vez, já havia revogado a lei A, esta última não vol-</p><p>tará a produzir efeitos, pois, em regra, no Brasil, não se admite a repristinação. Ou seja, não se</p><p>admite que a lei A volte a viger em razão da revogação da lei B.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>15 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>A repristinação somente será admitida quando:</p><p>(i) houver previsão expressa (repristinação legal);</p><p>(ii) em caso de declaração de inconstitucionalidade da norma revogadora (neste caso, não</p><p>se terá propriamente repristinação, mas sim o denominado efeito repristinatório, previsto no</p><p>direito constitucional);</p><p>(iii) uma lei for revogada por uma MP que não foi convertida em lei.</p><p>005. (QUADRIX/CREA-GO/ANALISTA – ADVOGADO/2019) A respeito da eficácia da lei no</p><p>tempo e do conflito de normas, julgue o item.</p><p>No direito brasileiro, a repristinação não é automática, devendo constar expressamente da lei</p><p>revogadora a restauração da vigência da lei revogada.</p><p>Está correta nos termos da LINDB, Art.2º, § 3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada</p><p>não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.</p><p>Certo.</p><p>3.3. eFICáCIA dA LeI no tempo</p><p>A eficácia de uma legislação no tempo possui relevância, em especial nas situações que</p><p>envolvem o denominado “direito intertemporal”. Há relações jurídicas que foram estabelecidas</p><p>sob a vigência de uma lei e acabam por projetar os seus efeitos quando outra lei estava vigen-</p><p>te. O direito intertemporal cuidará de regular e disciplinar essas situações jurídicas em que os</p><p>efeitos de fato jurídico nascido e se originado na vigência de uma lei serão refletidos em um</p><p>período no qual outra lei estará em vigor.</p><p>O artigo 6º da lei de introdução retrata e reproduz esses pressupostos ao dispor que a lei</p><p>em vigor (vigência) terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito</p><p>adquirido e a coisa julgada. As situações jurídicas já consolidadas sob a vigência da lei antiga</p><p>devem ser preservadas pela nova legislação.</p><p>A regra no ordenamento jurídico brasileiro é a irretroatividade da lei (leis são editadas para</p><p>reger fatos posteriores a sua vigência). Este princípio objetiva garantir a segurança, a certeza</p><p>e a estabilidade do ordenamento jurídico.</p><p>E quando será possível a retroatividade?</p><p>• É necessário que haja permissão legal; e</p><p>• Não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (barreiras</p><p>previstas não apenas na LINDB como também na CF/88).</p><p>Vamos entender cada uma das referidas barreiras constitucionais:</p><p>a) Direito adquirido</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>16 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>De acordo com o § 2º do artigo 6º, consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu</p><p>titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo</p><p>pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. De acordo com Caio Mario:</p><p>são os direitos definitivamente incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados,</p><p>sejam os que simplesmente dependem de um prazo para o seu exercício, sejam ainda os subordina-</p><p>dos a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem.</p><p>Neste ponto, é preciso ter cuidado para o seguinte: não confunda o referido artigo da LIN-</p><p>DB com o art. 125, do CC, que diz: Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição</p><p>suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.”. Isso</p><p>porque, enquanto o art. 125 trata acerca do direito adquirido em razão de um negócio jurídico</p><p>(direito à própria prestação), o art. 6º, § 2º, da LINDB trata acerca do direito adquirido resultan-</p><p>te de lei (direito a ter direito).</p><p>Outra distinção importante é no que se refere à expectativa de direito que se configura</p><p>quando não estiverem presentes todos os fatos exigíveis para a aquisição do direito. Seu titu-</p><p>lar tem apenas a expectativa, esperança que um dia possa ser titular do referido direito. Um</p><p>exemplo disso ocorre quando há um conjunto de regras que autorizam a aquisição de um di-</p><p>reito após o cumprimento de fatos predeterminados. Se o pretenso titular ainda não cumpriu</p><p>os fatos necessários, não poderá alegar direito adquirido em face de novo conjunto de regras.</p><p>Por isso, é que se afirma que não há direito adquirido a regime jurídico (não há direito adquirido</p><p>para mantença de normas jurídicas, estas, assim como a sociedade são dinâmicas). Veja o</p><p>seguinte julgado do STF:</p><p>CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. LEI SUPER-</p><p>VENIENTE ESTABELECENDO VENCIMENTO ÚNICO PARA A CARREIRA. DIREITO ADQUI-</p><p>RIDO A REGIME JURÍDICO. INEXISTÊNCIA, ASSEGURADA A IRREDUTIBILIDADE DO VALOR</p><p>PERCEBIDO. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. A jurisprudência do</p><p>Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido de que não existe direito adquirido</p><p>nem a regime jurídico, nem aos critérios que determinaram a composição da remunera-</p><p>ção ou dos proventos, desde que o novo sistema normativo assegure a irredutibilidade</p><p>dos ganhos anteriormente percebidos. 2. Não havendo redução dos proventos percebi-</p><p>dos pelo inativo, não há inconstitucionalidade na lei que estabelece, para a carreira, o sis-</p><p>tema de vencimento único, com absorção de outras vantagens remuneratórias. 3. Agravo</p><p>regimental desprovido. (RE 634.732 AgR-segundo, Rel. Min. Teori Zavascki, 2ª Turma, DJe</p><p>19-06-2013)</p><p>b) Ato Jurídico Perfeito</p><p>A distinção entre ato jurídico perfeito e direito adquirido: o direito adquirido resulta dire-</p><p>tamente da lei, já o ato jurídico perfeito decorre da vontade das partes, que a exterioriza de</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia,</p><p>divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>17 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>acordo com a lei, por exemplo, um contrato. Tais atos jurídicos são protegidos por mudanças</p><p>supervenientes da lei.</p><p>c) Coisa julgada</p><p>Por fim, denomina-se coisa julgada material, a autoridade que torna imutável e indiscutí-</p><p>vel à decisão de mérito não mais sujeita a recurso, ou seja, a decisão de mérito que transitou</p><p>em julgado.</p><p>No entanto, tratando-se de direitos disponíveis, as partes poderão dispor dos seus direitos,</p><p>mesmo após o reconhecimento em sentença transitada em julgado.</p><p>O efeito negativo da coisa julgada impede que a mesma causa seja discutida em outro pro-</p><p>cesso, com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido. Já o efeito positivo da</p><p>coisa julgada vincula o juiz ao que foi decidido em demanda anterior, com decisão protegida</p><p>pela coisa julgada material ao julgar uma segunda demanda.</p><p>No entanto, vale destacar que quem faz coisa julgada é o dispositivo. De modo que, modifi-</p><p>cadas a situação fática e jurídica que serviu de base e fundamento para a decisão, é plenamen-</p><p>te possível em face dos limites objetivos da coisa julgada que uma nova decisão seja proferida</p><p>modificando a situação a partir de então, ou seja, para o futuro. Explicando melhor: se uma</p><p>pessoa ganha judicialmente o direito a receber algum auxílio governamental, modificada a lei</p><p>na qual tal auxílio fora fundamentado, excluindo o referido benefício, o referido titular perde o</p><p>direito ao auxílio, não havendo que se falar em impedimento pela coisa julgada. Não pode ser</p><p>alegado, nem mesmo o óbice do direito adquirido, haja vista, como já dito, a inexistência de</p><p>direito adquirido frente a regime jurídico.</p><p>É certo que, atualmente, há certa relativização da coisa julgada – em especial quando esta</p><p>for inconstitucional (RE 363.889 – STF); bem como em ações investigatórias de paternidade</p><p>julgadas improcedentes quando não existia exame de DNA no Brasil.</p><p>RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. REPER-</p><p>CUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DECLA-</p><p>RADA EXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, EM RAZÃO DA EXISTÊNCIA</p><p>DE ANTERIOR DEMANDA EM QUE NÃO FOI POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE EXAME DE DNA,</p><p>POR SER O AUTOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E POR NÃO TER O ESTADO</p><p>PROVIDENCIADO A SUA REALIZAÇÃO. REPROPOSITURA DA AÇÃO. POSSIBILIDADE, EM</p><p>RESPEITO À PREVALÊNCIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À BUSCA DA IDENTIDADE GENÉ-</p><p>TICA DO SER, COMO EMANAÇÃO DE SEU DIREITO DE PERSONALIDADE (STF, RE 363.889/</p><p>DF, Rel. Min. Dias Toffoli, J. 02/06/2011)</p><p>A irretroatividade não é regra absoluta, cedendo em alguns casos em razão de outros prin-</p><p>cípios constitucionais de alto relevo ou por razões de políticas legislativas, que podem reco-</p><p>mendar, em determinadas situações, a retroatividade da lei, atingindo os efeitos dos atos jurí-</p><p>dicos praticados sob o império da norma antiga.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>18 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Logo, a retroatividade, é exceção, e trata-se de fenômeno no qual uma lei é aplicada para</p><p>fatos anteriores à sua vigência. Segundo alguns doutrinadores, a retroatividade pode ocorrer</p><p>em graus, podendo ser:</p><p>(i) retroatividade de grau máximo (restitutória) – a lei nova retroage para atingir os atos ou</p><p>fatos já consumados (direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada).</p><p>(ii) retroatividade em grau médio – a lei nova, sem atingir a causa finitae, retroage para</p><p>atingir os efeitos do fato passado, efeitos esses que se encontram pendentes.</p><p>(iii) retroatividade de grau mínimo (mitigada, temperada): ocorre quando a lei nova incide</p><p>imediatamente sobre os efeitos futuros dos atos ou fatos pretéritos, não atingindo, no entanto,</p><p>nem os atos ou fatos pretéritos nem os seus efeitos pendentes.</p><p>O STF, no RE n. 226.855 decidiu que as leis que afetam os efeitos futuros de contratos cele-</p><p>brados anteriormente são retroativas (retroatividade mínima), afetando a causa, que é um fato</p><p>ocorrido no passado, ou seja, os efeitos futuros dos fatos ocorridos sob a vigência da lei antiga</p><p>podem ser atingidos pela Lei nova (retroatividade mínima).</p><p>No entanto, Nelson Rosenvald faz o alerta de que:</p><p>forçoso é reconhecer, outrossim, a aplicação imediata da lei nova às relações jurídicas continuati-</p><p>vas – isto é, as relações jurídicas iniciadas na vigência da lei anterior e que se protraem no tempo,</p><p>mantendo-se após o advento da lei nova. No que concerne às relações continuativas (também cha-</p><p>madas de trato sucessivo), a sua existência e sua validade, ficam submetidas à norma vigente ao</p><p>tempo de seu início. No entanto, a sua eficácia, estará, inarredavelmente, submetida à nova norma</p><p>jurídica. De qualquer sorte, é certo que essa incidência da lei nova aos efeitos das relações continu-</p><p>ativas exige respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e a coisa julgada. Um bom exemplo,</p><p>pode ser lembrado com a incidência do novo limite de multa (cláusula penal em taxas condominiais</p><p>não pode exceder 2% ao mês, imposto pelo CC/02). Na legislação antecedente a multa poderia ser</p><p>fixada no limite de 20% ao mês. Assim sendo, indaga-se, um condomínio constituído antes da vigên-</p><p>cia do CC/02 poderia continuar cobrando a multa de 20% pelo atraso no pagamento da taxa mensal?</p><p>A resposta é não. Estando todo e qualquer condômino submetido ao limite de 2% ao mês, mesmo</p><p>aqueles constituídos antes da vigência do atual Codex, uma vez que em se tratando de relação jurí-</p><p>dica continuada, sua eficácia, estará, seguramente, submetida à legislação vigente.</p><p>Outra exceção em que também haverá retroatividade mínima, também diz respeito ao pre-</p><p>ceito de ordem pública, que, nos termos do parágrafo único do art. 2.035 do CC: “Nenhuma</p><p>convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos</p><p>por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.”</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>19 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>3.4. eFICáCIA dA LeI no espAço – regrAs soBre dIreIto InternACIonAL</p><p>prIVAdo</p><p>Objetivo: solucionar conflito de leis no espaço.</p><p>O conflito de leis no espaço ocorre quando certas relações jurídicas transcendem a ordem</p><p>jurídica interna e se interconectam com leis estrangeiras, autônomas e independentes. O que</p><p>exigirá a definição de qual desses ordenamentos jurídicos regerá o fato e suas consequências</p><p>ou efeitos jurídicos.</p><p>A regra geral é a aplicação do direito pátrio. O direito estrangeiro é aplicável apenas de</p><p>modo excepcional. Por tal razão, diz-se que a LINDB adota o princípio da territorialidade mo-</p><p>derada, temperada mitigada.</p><p>Mas vale destacar uma premissa: a CF/88 sempre prevalece sobre eventual norma estran-</p><p>geira que preveja desigualdade entre homens, entre filhos na constância do casamento ou em</p><p>razão de raça ou religião. Isso porque não se aplica às normas de direito estrangeiro contrarias</p><p>às normas de índole constitucional.</p><p>Outro fato importante é que as normas de direito internacional privado previstas na LINDB</p><p>são indicativas e indiretas. Isso significa que elas apenas</p><p>indicam qual a ordem jurídica subs-</p><p>tancial (nacional ou estrangeira), deverá ser aplicada no caso concreto para o fim de resolver</p><p>a questão principal.</p><p>Exemplo: não dizem se o casamento é valido ou não, se o indivíduo tem ou não direito à herança.</p><p>Assim, as normas de DPI são instrumentais, auxiliares, pois apenas indicarão se é o direito</p><p>estrangeiro ou o direito nacional que resolverá a questão.</p><p>Para aplicação da norma estrangeira, exige-se uma regra de conexão. Os elementos de</p><p>conexão podem ser pessoais (nacionalidade, domicílio), reais (localização do imóvel) e condu-</p><p>cista (celebração e execução de contrato).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>20 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Para incidência do DPI, o pressuposto é a conexão espacial. Para ficar mais claro, veja,</p><p>caro(a) aluno(a), um exemplo em que está ausente a conexão espacial: dois brasileiros se ca-</p><p>sam no Brasil, adquirem bens no Brasil e dissolvem a sociedade conjugal no Brasil; agora, um</p><p>exemplo em que está presente a conexão espacial: brasileiro se casa com italiano na França,</p><p>lá residem, adquirem bens e resolvem vir morar no Brasil.</p><p>Qual a metodologia de aplicação do DPI?</p><p>PRIMEIRO (OBJETO DA CONEXÃO) - qualificação da relação jurídica (objeto da conexão –</p><p>família, sucessão, contrato) – qual assunto será conectado?</p><p>SEGUNDO (ELEMENTO DA CONEXÃO) – determinação da lei aplicável (elemento de cone-</p><p>xão) – definição da lei que regerá o assunto – exemplo: domicílio como elemento.</p><p>Em regra, o elemento de conexão adotado pela LINDB é o estatuto pessoal (art. 7º). Desse</p><p>modo, a lei do país do domicílio da pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da</p><p>personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.</p><p>Será aplicável a norma legal do domicílio do estrangeiro para essas questões, bem como</p><p>para bens móveis que o proprietário tiver consigo (art. 8º), penhor e capacidade para suces-</p><p>são (art. 10, § 2º). As pessoas jurídicas também se submetem a esse critério, pois devem</p><p>obediência à lei do Estado em que foram constituídas.</p><p>006. (CESPE/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/2019) No</p><p>que concerne à LINDB [...], julgue o item a seguir.</p><p>Em se tratando de indivíduo de nacionalidade estrangeira domiciliado no Brasil, as regras so-</p><p>bre o começo e o fim da sua personalidade, seu nome, sua capacidade civil e seus direitos de</p><p>família são aquelas da legislação vigente no seu país de origem.</p><p>Veja o que diz o art. 7º da LINDB: “Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determi-</p><p>na as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de</p><p>família.”.</p><p>Errado.</p><p>O critério do estatuto pessoal tem exceções:</p><p>• Relações jurídicas cujo objeto seja imóvel: utiliza-se o critério real para a aplicação da</p><p>lei do lugar da coisa para regular as relações de posse e propriedade sobre imóveis (prin-</p><p>cípio da territorialidade, caso de jurisdição exclusiva);</p><p>• Obrigações: utiliza-se da regra conducista, que determina a aplicação do lugar em que</p><p>foi constituída para as relações obrigacionais (art. 9º); *</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>21 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>• Sucessão: utiliza-se da norma mais favorável em relação aos bens de estrangeiro morto,</p><p>situado do Brasil, em favor do cônjuge e dos filhos (art. 10, § 1º).</p><p>Obs.: � Se a obrigação for constituída por contrato ou decorrer de contrato, afasta-se a regra</p><p>do caput e aplica-se a regra especial do § 2º do art. 9º. Nessa situação, a obrigação</p><p>reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. É o lugar de residência do</p><p>proponente e não o lugar da proposta ou da constituição do contrato que definirá a</p><p>legislação aplicável à relação jurídica contratual.</p><p>No caso de sucessão por morte ou por ausência, segue a regra acima disposta, sendo</p><p>aplicável, a lei do país em que o defunto ou o desaparecido tenha domicílio, qualquer que seja</p><p>a natureza e a situação dos bens. Aplica-se a teoria da unidade sucessória. A sucessão será</p><p>regida pela lei do local de domicílio do falecido. Não são relevantes a nacionalidade e o local</p><p>da situação dos bens.</p><p>A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em</p><p>benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes</p><p>seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Tal disposição do art. 10, § 1º, repetido pelo art.</p><p>5º, XXXI, da CF, constitui exceção ao critério do último domicílio, pois, se a lei de nacionalidade</p><p>do de cujus for mais favorável ao cônjuge ou filhos, será esta então aplicável.</p><p>A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.</p><p>4. CompetênCIA e JurIsdIção</p><p>De acordo com o art. 12 da LINDB é competente a autoridade judiciária brasileira (na rea-</p><p>lidade, possui jurisdição) quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida</p><p>a obrigação (mesmo sentido do art. 21 do CPC/15, que vai além e inclui as ações que tenham</p><p>por fundamento fato ou ato praticado no Brasil). Nesses casos, a jurisdição é concorrente com</p><p>outros países estrangeiros. Nessas hipóteses, se houver jurisdição prestada no estrangeiro, a</p><p>sentença será válida e eficaz no Brasil após ser homologada pelo STJ (CF, art. 105, I, “i”). Não</p><p>há litispendência entre as ações no Brasil e no estrangeiro (CPC/15, art. 24). No entanto, tal</p><p>norma não se aplica às hipóteses de jurisdição exclusiva (CPC, art. 23 e LINDB, art. 12, § 1º).</p><p>5. CAsAmento: regrAs soBre dIreIto espACIAL</p><p>O art. 7º da LINDB adota o critério do estatuto pessoal (lei do domicílio da pessoa) para</p><p>questões relativas a direito de família.</p><p>Os §§ do mesmo artigo apresentam situações especiais. Caso o casamento seja realizado</p><p>no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades</p><p>da celebração.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>22 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Se os cônjuges forem estrangeiros, o casamento poderá celebrar-se perante autoridades</p><p>diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. Nesse caso, as regras, formalida-</p><p>des e procedimentos serão as do país de origem. De igual maneira, é possível o casamento</p><p>de brasileiros no exterior, com a aplicação da lei brasileira, se celebrado perante autoridade</p><p>consular brasileira (LINDB, art. 18), devendo ambos nubentes ser brasileiros.</p><p>De acordo com o § 1º do art. 18, as autoridades consulares brasileiras também poderão ce-</p><p>lebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos me-</p><p>nores ou incapazes do casal, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições</p><p>relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo</p><p>quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou a manutenção do nome adotado</p><p>quando se deu o casamento. Nesse caso, nos termos do § 2º do mesmo artigo, é indispensá-</p><p>vel a assistência de advogado.</p><p>Os §§ do artigo 18 da LINDB estão em absoluta sintonia com</p><p>o artigo 733 do CPC.</p><p>Obs.: � Resumo: para a capacidade: país do domicílio; impedimentos e formalidades: local do</p><p>casamento, com a exceção acima referida; invalidade: lei do país do primeiro domicílio</p><p>conjugal; e regime de bens: lei do país do domicílio dos nubentes ou, de forma alterna-</p><p>tiva, do primeiro domicílio, se estes forem diferentes.</p><p>O § 5º do art. 7º da LINDB confere ao estrangeiro casado, que se naturaliza brasileiro, ado-</p><p>tar o regime da comunhão parcial de bens, com respeito aos direitos de terceiros e dada esta</p><p>adoção ao competente registro (mutabilidade do regime de bens).</p><p>O § 6º do art. 7º da LINDB disciplina o divórcio de brasileiros no estrangeiro e seu reco-</p><p>nhecimento no Brasil. Basta que um dos cônjuges seja brasileiro. Para que esse divórcio tenha</p><p>eficácia no Brasil, deverá se submeter a alguns requisitos e às condições para homologação de</p><p>sentenças estrangeiras. Primeiro, a LINDB prevê o que deve ser obedecido o lapso temporal de</p><p>um ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual</p><p>prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato. No entanto, com a EC 66/2010,</p><p>foi suprimida a exigência de um período prévio de separação de fato ou judicial para efetivação</p><p>do divórcio. Com o fim da exigência de um lapso temporal prévio, a redação da antiga LINDB</p><p>tornou-se inócua ao exigir o período de um ano como um requisito formal para homologação</p><p>de decisões judiciais estrangeiras de divórcio.</p><p>Segundo, a sentença deverá ser submetida aos pressupostos para a homologação de sen-</p><p>tenças estrangeiras no país (CPC, arts. 960 a 965). O STJ, na forma de seu regimento interno,</p><p>poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de ho-</p><p>mologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produ-</p><p>zir todos os efeitos legais. A eficácia de decisão estrangeira depende da homologação desta</p><p>no Brasil. Essa é a regra disposta na LINDB.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>23 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Mas atenção, pois o § 5º do art. 961 do CPC dispõe que a sentença estrangeira de divórcio</p><p>consensual produzirá efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ. Poderá</p><p>ser levada a cartório para registro, independentemente de qualquer atividade judicial.</p><p>Em relação à homologação de sentença estrangeira, os arts. 15 a 17 da LINDB preveem re-</p><p>quisitos indispensáveis para sua homologação (à semelhança do art. 963 do CPC). Assim, será</p><p>executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro que reúna os seguintes requisitos:</p><p>a) haver sido proferida por juiz competente;</p><p>b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;</p><p>c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução</p><p>no lugar em que foi proferida;</p><p>d) estar traduzida por intérprete autorizado;</p><p>e) ter sido homologada pelo STF (no entanto, após a EC 45/04 tal competência passou a</p><p>ser do STJ).</p><p>Se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar</p><p>qualquer remissão por ela feita a outra lei. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como</p><p>quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil quando ofenderem a soberania</p><p>nacional, a ordem pública e os bons costumes (arts. 16 e 17 da LINDB). A ordem pública deve</p><p>estar baseada em valores e princípios constitucionais.</p><p>Ainda em relação à homologação de sentença estrangeira, se a decisão for proferida por</p><p>países que integram o Mercosul, em razão do Protocolo de “Las Leñas”, o procedimento é mais</p><p>célere, mas não dispensa a necessária chancela do STJ.</p><p>O § 7º do art. 7º da LINDB dispõem que: “Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe</p><p>da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador</p><p>aos incapazes sob sua guarda”. Tal parágrafo não está em sintonia com a CF/88 porque faz</p><p>referência a “chefe de família”, figura que não se coaduna com a igualdade de direitos e deve-</p><p>res entre os cônjuges e companheiros. Mais correto é o mandamento do art. 76 do CC: “Têm</p><p>domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo</p><p>único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; (...)”</p><p>Se a pessoa não tiver domicílio, será considerado o domicílio o local de sua residência ou</p><p>naquele em que se encontre (LINDB, art. 7º, § 8º e CC, art. 71).</p><p>6. proVA</p><p>A LINDB também disciplina a questão da prova de fatos ocorridos no exterior. O art. 13</p><p>dispõe que a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,</p><p>quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a</p><p>lei brasileira desconheça. Portanto, o ônus e os meios de prova são aqueles estabelecidos pela</p><p>lei do país onde o fato ocorreu. Não se admite, entretanto, prova cujo meio não é reconhecido</p><p>pela legislação brasileira.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>24 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Exemplo: a CF/88 veda a utilização de provas ilícitas.</p><p>O CPC brasileiro adota o princípio da atipicidade das provas (art. 369), ou seja, além dos</p><p>meios de provas previstas em lei, também são admitidas as não previstas, desde que obser-</p><p>vados meios lícitos e morais. O sistema processual brasileiro é aberto, pois não especifica os</p><p>meios que podem ser utilizados para a demonstração da verdade dos fatos. O uso de provas</p><p>atípicas não é ilimitado, pois deve respeitar os direitos e garantias fundamentais de natureza</p><p>processual e material.</p><p>Se o juiz não conhecer a lei estrangeira, poderá exigir de quem a invoca prova do texto e</p><p>da vigência (LINDB, art. 14 e regra semelhante ao CPC, art. 376). O juiz, em caso concreto,</p><p>verificará a pertinência de se determinar a prova do teor e da vigência de lei estrangeira que é</p><p>alegada pelas partes.</p><p>7. o dIreIto púBLICo e As InoVAções</p><p>Vamos tratar agora do direito público e a segurança jurídica: inovações da Lei n. 13.655/2018,</p><p>que acrescentou os arts. 20 a 30 à LINDB. É verdade que a referida legislação não tem relação</p><p>direta com o direito privado, objeto deste curso, mas, como a LINDB integra este PDF porque</p><p>possui regras de vigência, eficácia e aplicação de leis que também interessam ao Direito Civil,</p><p>serão realizadas algumas considerações sobre a nova legislação. O foco da legislação é o</p><p>direito público, âmbito de atuação dos agentes políticos, mais especificamente as materias</p><p>de Direito Administrativo, Financeiro, Orçamentário e Tributário. Tais regras não se aplicam,</p><p>portanto, para temas de direito privado.</p><p>De início, é importante ressaltar que, há algum tempo, a discussão acerca da análise con-</p><p>sequencialista das decisões judicias vem tomando conta do cenário mundial. O estudo do Law</p><p>and Economics vem demandando dos operadores do direito uma análise efetiva dos efeitos</p><p>práticos das decisões, não apenas para as partes, mas também para todos os afetados, prin-</p><p>cipalmente nos casos em que há grande repercussão econômica.</p><p>Desse modo, é necessário que seja realizada uma análise argumentativa das consequên-</p><p>cias das decisões judiciais ou administrativas, no momento de decidir.</p><p>A Teoria consequencialista foi</p><p>introduzida no Brasil através da edição da Lei n. 13.655/15,</p><p>que alterou a LINDB para trazer segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do</p><p>direito publico.</p><p>Nesse contexto, o art. 20 dispõe:</p><p>Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores</p><p>jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.</p><p>A norma busca evitar que as decisões proferidas tanto em âmbito judicial, quanto admi-</p><p>nistrativo, apresentem apenas argumentos principiológicos vagos e imprecisos, sem</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>25 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>a devida fundamentação, ou seja, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso.</p><p>Tem, assim, o objetivo de reforçar a responsabilidade decisória estatal, em face da existência</p><p>de normas jurídicas indeterminadas, e que, por isso, admitem diversas hipóteses interpretati-</p><p>vas, e, portanto, mais de uma solução.</p><p>De acordo com o parecer da CCJ da Câmara dos Deputados, tal mudança se justificou pela</p><p>falta de capacidade de as normas regularem todas as atividades humanas, cabendo aos ope-</p><p>radores do Direito interpretá-las a aplicá-las com base em princípios e direitos fundamentais.</p><p>O referido relatório ressalta que, apesar de os princípios adaptarem melhor a complexidade</p><p>da sociedade, sobretudo em um momento de evolução tecnológica, sua simples aplicação</p><p>conferiria margem para amplas divergências interpretativas e contribui para o aumento da in-</p><p>segurança jurídica.</p><p>Os professores Carlos Ari Sundfeld e Bruno Meyerhof Salama fazem as seguintes observações</p><p>sobre a referida norma:</p><p>O projeto de lei sugere um art. 20 para a LICC. Ele trataria das decisões judiciais, administrativas</p><p>e controladoras (dos tribunais de contas, hoje ativos e interventivos) que se baseiem em “valores</p><p>jurídicos abstratos” (que podem ser entendidos como princípios). É fácil entender a importância</p><p>de uma norma desse tipo. Como hoje se acredita cada vez mais que os princípios podem ter força</p><p>normativa – não só nas omissões legais, mas em qualquer caso – o mínimo que se pode exigir é</p><p>que juízes e controladores (assim como os administradores) pensem como políticos. Por isso, a</p><p>proposta é que eles tenham de ponderar sobre “as consequências práticas da decisão” e considerar</p><p>as “possíveis alternativas” (art. 20, caput e parágrafo único).</p><p>A CF está repleta de valores jurídicos abstratos.</p><p>Exemplo: dignidade da pessoa humana, moralidade, bem-estar e justiça social, meio ambiente</p><p>ecologicamente equilibrado.</p><p>São, portanto, princípios constitucionais, que possuem força normativa (pós-positivismo).</p><p>Com a norma da LINDB em comento, o legislador busca conter o ativismo judicial.</p><p>Marcio André Lopes Cavalcante nos lembra que, com base na força normativa dos princípios</p><p>constitucionais, o Poder Judiciário, nos últimos anos, condenou o Poder Público a implementar</p><p>uma série de medidas destinadas à assegurar direitos que estavam sendo desrespeitados:</p><p>• Município condenado a fornecer vaga em creche a criança de até cinco anos de idade</p><p>(STF RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 12/05/2016)</p><p>• Administração pública condenada a manter estoque mínimo de determinado medica-</p><p>mento, utilizado no combate à doença grave, de modo a evitar novas interrupções no</p><p>tratamento (STF, 1ª turma. RE 429903/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em</p><p>25/06/2014)</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>26 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>• Estado condenado a garantir o direito à acessibilidade em prédios públicos (STF, 1ª Tur-</p><p>ma. RE440028/SP. Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/10/2013)</p><p>• Poder Público condenado a realizar obras emergenciais em estabelecimentos prisionais</p><p>(STF. Plenário. RE 592581/RS. Rel. Min Ricardo Lewandowski, julgado em 13/08/2015)</p><p>Quando o art. 20, in fine, afirma a necessidade da observância das consequências práticas</p><p>da decisão, a norma busca evidenciar a necessidade de o julgador analisar a realidade fática</p><p>apresentada, que não deve se desvincular da conclusão final tomada na decisão.</p><p>A norma se aplica para as decisões proferidas nas esferas administrativa (ex.: PAD), con-</p><p>troladora (ex.: julgamento das contas de um administrador publico pelo TC) e judicial (ex.: ACP)</p><p>Importante a necessária diferenciação do consequencialismo para o utilitarismo.</p><p>O utilitarismo de Jeremy Bentham e John Stuart Mill afirma que as ações são boas quan-</p><p>do tendem a promover a felicidade, maximizar a utilidade e o prazer. Bentham propunha, por</p><p>exemplo, a criação de um reformatório para abrigar mendigos, reduzindo a presença deles nas</p><p>ruas. Para ele, quanto mais mendigos nas ruas, menor é a felicidade dos transeuntes.</p><p>Tal teoria sofre duras críticas, em especial por violar direitos fundamentais, quando de sua</p><p>aplicação.</p><p>Assim, apesar da linha tênue entre o consequencialismo e o utilitarismo, é plenamente pos-</p><p>sível que o julgador decida, com argumentos consequnecialistas, sem utilizar das premissas</p><p>utilitaristas.</p><p>O STF, em muitas de suas decisões, utiliza de argumentos consequencialistas. O exemplo</p><p>mais marcante está previsto na própria Lei n. 9.868/99 (Lei da ADI), que, em seu art. 27, as-</p><p>segura a modulação dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo,</p><p>tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social.</p><p>Um exemplo dado por Marcio Cavalcante: em tese, pela aplicação do art. 20 da LINDB, o</p><p>juiz poderia deixar de condenar o Estado a fornecer a um doente grave determinado tratamen-</p><p>to médico de custo muito elevado sob o argumento de que os recursos alocados para fazer</p><p>frente a essa despesa, fariam falta para custear o tratamento de centenas de outras pessoas</p><p>(“consequências práticas da decisão).</p><p>Prosseguindo, o referido jurista ressalta com razão de que esse art. 20 revela uma enorme</p><p>contradição. Isso porque ele defende que o julgador não deva decidir com base em “valores</p><p>jurídicos abstratos”, sem que seja considerada as consequências práticas da decisão. Ocorre</p><p>que a própria Lei n. 13.655/2018, introduziu na LINDB uma série de expressões jurídicas abs-</p><p>tratas, como, por exemplo: “interesses gerais da época”, regularização de modo “proporcional</p><p>e equânime”, “obstáculos e dificuldades reais do gestor, “orientação nova sobre norma de con-</p><p>teúdo indeterminado”.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para andre Luiz Oliveira de jesus - 98716328272, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>27 de 65www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB e Princípios do Direito Civil</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Daniel Carnacchioni</p><p>Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar</p><p>as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos</p><p>interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das</p><p>peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.</p><p>O referido parágrafo ressalta a necessidade de motivação de todas as decisões, sejam</p><p>elas proferidas por órgãos administrativos, controladores</p>