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<p>Universidade de Ribeirão Preto</p><p>Faculdade de Direito ‘’Laudo de Camargo’’</p><p>Direito</p><p>GIULIA M. J. TIERE 835158</p><p>AVALIAÇÃO FINAL DE DIREITO PENAL – CASO 1</p><p>RIBEIRÃO PRETO</p><p>2021</p><p>1</p><p>CASO 1</p><p>RESUMO: O texto a seguir tem o objetivo de introduzir o tema sobre o conceito e os</p><p>elementos que constituem o crime para o Direito Penal, através da teoria tripartida, como</p><p>o fato típico, ilícito e culpável. O texto também objetiva aplicar todos esses conceitos em</p><p>um caso hipotético, para saber se foi considerado crime ou não, e se não foi, em qual</p><p>exclusão de ilicitude a atitude se encontra.</p><p>Palavras-chave: Crime; Ilicitude; Exclusão de ilicitude.</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Em determinado dia, Joaquim estava em uma reunião, negociando com um cliente muito</p><p>importante, e logo após o término, este sai com 10 mil reais em um pacote e caminha em direção</p><p>a seu carro. Em seguida, dois criminosos, que estavam de olho, perceberam que ali havia um</p><p>bom dinheiro, e seguiram Joaquim até o estacionamento. No meio disso, Joaquim acaba</p><p>entrando em uma loja de roupas e os assaltantes fazem o mesmo. Nesse momento, os criminosos</p><p>abordam Joaquim e de cara anunciam o assalto.</p><p>Após anunciarem o assalto, os criminosos entram em ação, enquanto um deles pegava</p><p>o pacote de dinheiro de Joaquim, o outro permanecia dentro do interior da loja, ameaçando os</p><p>clientes e funcionários com seu revólver. Em um determinado momento, o assaltante se distraiu</p><p>e nesse exato instante o segurança da loja de roupas sacou sua arma e atirou uma única vez</p><p>contra o criminoso. Este, saiu fugido e conseguiu correr por alguns metros, mas logo em seguida</p><p>caiu morto na rua. Depois de toda a situação caótica, o segurança se apresentou por livre e</p><p>espontânea vontade na Delegacia. É válido ressaltar que o segurança possuía a propriedade da</p><p>arma nos termos do Estatuto do Desarmamento.</p><p>2 DESENVOLVIMENTO</p><p>2.1 Fato típico, ilícito e culpável</p><p>Antes de analisar o caso como um todo, é necessário esclarecer o que é o crime e quais</p><p>são os conceitos que o cercam. Atualmente, o crime é conceituado a partir da teoria tripartida</p><p>do crime, que o define em três características: fato típico, ilícito e culpável. Ou seja, para que</p><p>uma ação seja caracterizada como crime, é necessário que ela passe por esses três elementos.</p><p>De acordo com a Teoria Finalista, a utilizada atualmente, o fato típico é composto por: conduta,</p><p>resultado e o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado.</p><p>As condutas podem ser dolosas ou culposas, comissivas ou omissivas. A conduta dolosa</p><p>significa que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Já nas condutas</p><p>culposas, o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Os modos</p><p>2</p><p>de execução de conduta podem ser comissivos ou omissivos. Quando se fala de condutas</p><p>comissivas, se fala de uma ação positiva, quando o agente praticou algo ilícito. Os crimes</p><p>omissivos se caracterizam pela abstenção do agente, quando este deveria agir. Podem ser</p><p>omissivas próprias e omissivas impróprias. As condutas omissivas próprias acontecem quando</p><p>o agente se omite no momento em que a sua função é agir, como numa omissão de socorro, por</p><p>exemplo. Já as condutas omissivas impróprias, acontecem quando o agente devia agir para</p><p>evitar determinado resultado e não o fez.</p><p>Para Rogério Greco (2019, p. 429) a “ilicitude ou antijuridicidade, é a relação de</p><p>antagonismo, de contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico”. Existem</p><p>quatro causas em que a ilicitude é afastada da conduta do agente, que são: estado de</p><p>necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito.</p><p>Todas essas causas afastam da conduta do agente a antijuridicidade.</p><p>O estado de necessidade, se caracteriza por uma situação de emergência entre duas ou</p><p>mais pessoas e uma acaba morrendo, como por exemplo: duas pessoas disputando uma boia no</p><p>mar. O Código Penal, em seu art. 24, dispõe sobre o estado de necessidade e diz:</p><p>Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de</p><p>perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,</p><p>direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-</p><p>se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar</p><p>o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a</p><p>pena poderá ser reduzida de um a dois terços.</p><p>Na legítima defesa, o pressuposto não é uma situação de perigo, mas sim uma agressão</p><p>proveniente de um indivíduo. O Código Penal, em seu art. 25, diz: “Entende-se em legítima</p><p>defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou</p><p>iminente, a direito seu ou de outrem”. Nesses casos, os cidadãos podem agir em sua própria</p><p>defesa.</p><p>A exclusão de ilicitude causada pelo estrito cumprimento do dever legar ou pelo</p><p>exercício regular de direito se caracteriza em uma ação praticada pelo agente quando este está</p><p>em dever de ofício, como no caso dos policiais, dos oficiais de justiça, por exemplo. Quando a</p><p>conduta do agente não encontra amparo em nenhuma dessas excludentes de ilicitude, sua ação</p><p>constitui um fato ilícito.</p><p>Por fim, para concluir as três características do crime, se tem ainda a culpabilidade. A</p><p>culpabilidade pode ser considerada como um juízo de censura, de reprovação em relação a</p><p>conduta do agente. Os elementos da culpabilidade são: imputabilidade, potencial conhecimento</p><p>3</p><p>da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. A imputabilidade se caracteriza pela capacidade</p><p>do agente, que são os maiores de 18 anos e em pleno gozo de suas capacidades mentais. O</p><p>potencial conhecimento da ilicitude se baseia no fato do indivíduo ter o potencial de saber sobre</p><p>a ilicitude de determinados atos, não é necessário saber todas as leis, mas pelo menos ter o</p><p>potencial de saber que aquilo é ilícito. Por fim, se tem o elemento de exigibilidade de conduta</p><p>diversa, que se caracteriza pelo fato de que o agente poderia ter tomado outra atitude na hora</p><p>da ação, ele poderia ter agido de outra forma, não praticando o delito.</p><p>3 CONCLUSÃO</p><p>Após analisar todos os elementos que constituem o crime, pode-se aplicar ao caso do</p><p>segurança no assalto de Joaquim. É fato que, no meio de todo o caos instalado na cena, a ação</p><p>do segurança foi tomada pela adrenalina e pelo desespero do momento. Entretanto, sua conduta</p><p>não irá constituir crime. Pode-se dizer que a conduta do segurança foi dolosa, pois ele assumiu</p><p>o risco de produzir o resultado da morte do assaltante ao atirar.</p><p>Na hora do desespero, com preocupação em salvar as vítimas, ele atirou sem se</p><p>preocupar se o tiro ia matar ou não, e em decorrência disso, sua atitude teve dolo. No entanto,</p><p>para ser considerado como crime, a ação precisa ter os três elementos, que são o fato típico,</p><p>ilícito e culpável. Quando se analisa a ação do segurança por esses três elementos, se percebe</p><p>que ela encontra amparo nas excludentes de ilicitude.</p><p>As excludentes de ilicitude fazem com que a ação do agente não constitua crime, pois</p><p>sem um dos três elementos, não há crime. No caso do segurança, sua atitude não constitui crime,</p><p>pois ele agiu em legítima defesa. Dentro da legítima defesa, existe a defesa de direito próprio</p><p>ou de terceiros. De acordo com o Rogério Greco (2019, p. 468) “há possibilidades, ainda, de o</p><p>agente não só defender-se a si mesmo, como também de intervir na defesa de terceira pessoa,</p><p>mesmo que esta última não lhe seja próxima”. Ou seja, o segurança agiu com a finalidade de</p><p>defender a si próprio, mas também com a finalidade de ajudar na defesa de todas as vítimas que</p><p>foram feitas no assalto. Portanto, o segurança não responderá por homicídio, pois sua ação</p><p>encontra amparo nas exclusões de ilicitude e não constitui um crime.</p><p>4</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral. 26. ed. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2020. Disponível em:</p><p>file:///C:/Users/giuli/Documents/Unaerp/3%C2%BA%20semestre/Direito%20Penal%20I/Livr</p><p>os/Tratado%20de%20Direito%20Penal%201%20by%20Cezar%20Roberto%20Bitencourt%2</p><p>0(z-lib.org).pdf. Acesso em: 24 jun. 2021.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 2848, de 07 de dezembro de 1940. CÓDIGO PENAL. Decreto-Lei</p><p>Nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940. Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 24 jun.</p><p>2021.</p><p>CONCURSOS, Aprova. Conceito analítico de crime: Culpabilidade. 2020. Disponível em:</p><p>https://www.aprovaconcursos.com.br/noticias/conceito-analitico-de-crime-culpabilidade/.</p><p>Acesso em: 24 jun. 2021.</p><p>GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 21. ed. Niterói: Impetus, 2019. 1008 p.</p>

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