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<p>ESCUTA PSICANALITICA</p><p>Cap. 7 - Escuta em situações não clínicas</p><p>- A escuta psicanalítica é um instrumento crucial para psicanalistas, essencial para a prática clínica e constantemente aprimorada. No entanto, é importante não apenas valorizar essa habilidade, mas também protegê-la, o que paradoxalmente envolve limitar seu uso. Curiosamente, muitos textos sobre psicanálise não discutem as fronteiras e limites dessa escuta fora do contexto clínico. A ênfase geralmente recai sobre a prática clínica direta, assumindo-se que o analista sabe quando aplicar e quando suspender sua mente analítica. Apesar disso, alguns analistas ainda utilizam sua abordagem analítica fora das sessões clínicas e até se orgulham de ser "analistas o tempo todo". Tenho reservas sobre o uso excessivo da escuta analítica fora do contexto clínico. Em minha visão, essa prática perde suas vantagens e eficácia quando é aplicada fora do ambiente de trabalho, com exceção da autoanálise do próprio analista. No capítulo, proponho e discuto três situações em que é necessário</p><p>-(i) limitar o escopo da escuta analítica,</p><p>-(ii) moderar seu uso, e</p><p>-(iii) suspender a escuta analítica completamente. Essas situações incluem a supervisão de candidatos, a atenção ao discurso nos meios de comunicação e a receptividade a conversas rotineiras em casa.</p><p>Na supervisão analítica de casos de candidatos em treinamento, o psicanalista desempenha dois papéis: como professor, ele compartilha conhecimentos e técnicas da psicanálise; e como analista, ele escuta o material apresentado de forma analítica. Segundo Haesler (1993), o psicanalista deve focar em três aspectos: (i) a dinâmica do paciente e sua relação com o candidato, (ii) os processos dentro da interação clínica, e (iii) como o candidato responde ao material e à supervisão. Haesler destaca que é fundamental que o supervisor identifique e aponte os pontos cegos no trabalho do candidato, o que só é possível com uma escuta analítica cuidadosa.</p><p>Se um candidato hesita em discutir um aspecto do tratamento devido a uma resposta contratransferencial, essa hesitação deve ser vista como uma reação específica ao paciente e à dinâmica entre o candidato e o paciente, e não como um problema de personalidade do candidato. Para entender essa hesitação, é importante analisar a interação entre o candidato e o paciente. Somente assim será possível identificar se a hesitação é resultado do processo analítico ou da personalidade do candidato. Essa compreensão pode mostrar que algumas questões precisam ser abordadas na análise pessoal do candidato, e não apenas na supervisão.</p><p>Pegeron (1996) afirmou que as dificuldades contratransferenciais dos candidatos não podem ser resolvidas apenas na supervisão. No entanto, a supervisão pode servir como um estímulo valioso para que o candidato busque autoanálise e continue seu trabalho na análise pessoal.</p>

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