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<p>Aulas 1 e 2 (Introdução e sistematização da “propriedade intelectual” e Evolução histórica</p><p>dos direitos da propriedade intelectual, a difusão do conhecimento e os tratados</p><p>internacionais em matéria de propriedade intelectual)</p><p>• GAMA CERQUEIRA, João da Gama. Tratado da Propriedade Industrial, vol. I, Rio de</p><p>Janeiro: Forense, 1946, p. 67-87</p><p>• SILVEIRA, Newton. Propriedade Intelectual, 3ª. Ed., São Paulo: Manole, 2005, p.</p><p>05-18, 80-86, 87-94.</p><p>Tutela das criações industriais (pág. 5-7)</p><p>1. Invenções industriais</p><p>A criatividade do homem pode ser exercida no campo da técnica ou da estética.</p><p>Enquanto a última está sob a proteção dos direitos autorais, a primeira é protegida pela lei</p><p>de propriedade intelectual.</p><p>A Lei de PI protege somente as invenções industriais, isto é, aquelas que consistem</p><p>em um novo produto ou processo industrial.</p><p>2. Criações de forma: o modelo de utilidade e os desenhos industriais</p><p>Modelo de utilidade: possui uma finalidade utilitária, assim como as invenções</p><p>industriais e é uma criação de forma - como o desenho industrial. Em suma, o modelo de</p><p>utilidade representa a uma forma nova [de um produto já criado] que resulta em uma melhor</p><p>utilização; em outras palavras, tal modelo não revela uma nova função, mas a melhora.</p><p>Desenho industrial: são desenhos bi ou tridimensionais que servem apenas para</p><p>ornamentar uma criação, ou seja, não possuem. A proteção, nesse caso, se restringe</p><p>somente à forma nova, sem considerar se uma nova utilidade surgiu ou não.</p><p>Comparação entre a propriedade industrial e os direitos autorais (pág. 8-10)</p><p>1. Novidade e originalidade</p><p>Propriedade industrial depende do requisito de novidade. Direitos do autor dependem de</p><p>originalidade (em sentido subjetivo - criação nova para o autor; objetivamente - deve</p><p>representar uma nova criação para sociedade). Um desenho industrial pode sofrer a</p><p>proteção da lei dos direitos autorais se possuir valor artístico (nesse caso considera-se obra</p><p>intelectual).</p><p>2. Do ponto de vista do empresário</p><p>Os fabricantes de produtos possuem a obrigação de diferenciação. Atos confusórios (que</p><p>geram a imitação - ou imitação servil) encontram reparação civil e penal.</p><p>Direitos sobre bens imateriais (pág. 11-17)</p><p>Direitos sobre bens imateriais</p><p>1. Propriedade imaterial</p><p>Já existia ao longo da história, mas encontrou expressão mundial com a convenção de</p><p>Paris (1883; proteção industrial) e de Berna (1886; proteção artística). Em resumo, ambas</p><p>convenções cristalizaram a ideia de pertencimento do autor a sua obra.</p><p>2. Direito de autor: fundamento</p><p>O fundamento do direito do autor se explica pela origem da obra: o indivíduo. A obra lhe</p><p>pertence originalmente pelo próprio processo de criação</p><p>3. Inventor técnico e artista. Proteção à criação intelectual</p><p>A técnica está no campo da utilidade, ela gera criações que são utilizadas no mundo</p><p>material. A arte criação efeitos no mundo interior, isto é, da percepção.</p><p>4. Sinais identificadores</p><p>A necessidade de conhecer a origem/qualidade dos produtos ganhou destaque com a</p><p>Marca. Inicialmente, elas eram utilizadas pelas Corporações de Ofícios. Modernamente,</p><p>elas mantém a mesma utilidade.</p><p>a. Marca</p><p>Indica identificação de determinado produto ou prestação de serviço. O sinal NÃO É</p><p>o produto, apenas se ACRESCE a ele. Em consequência, nomes genéricos pelo quais os</p><p>produtos são conhecidos não podem ser utilizados como marca, tendo em vista que o</p><p>próprio caráter genérico causa a impossibilidade de diferenciação entre o produto X e Y.</p><p>O sinal não precisa SER novo, deve apenas ter um significado novo. Ou seja,</p><p>pode-se utilizar o mesmo nome de uma marca [já registrada], desde que ela identifique um</p><p>novo produto.</p><p>b. Nome empresarial</p><p>Representa a razão social de uma empresa. Diferentemente das marcas, o nome</p><p>empresarial não se restringe à proteção um produto/ramo de atividade específico.</p><p>c. Conflito entre marca e nome empresarial</p><p>O uso de uma marca em um certo ramo exclui seu emprego por todos os demais [no</p><p>mesmo ramo].</p><p>Nome empresarial não se restringe a um ramo de atividade específica. Quem utiliza</p><p>o nome empresarial pode vedar a utilização de qualquer um, em quaisquer ramos [inclusive</p><p>as marcas com mesmo nome].</p><p>d. Marca não registrada e concorrência desleal</p><p>Reconhece-se o direito do inventor sem patente, mas [sem patente] nenhum direito</p><p>de exclusividade é exercido. Dessa forma, a marca não registrada pode ser socorrida por</p><p>meio da repressão à concorrência desleal [isso não é um direito exclusivo], mas não há</p><p>direito de exclusividade sobre ela.</p><p>e. Proteção internacional</p><p>O BR é signatário da Convenção de Paris. O princípio da Convenção é a igualdade</p><p>de direitos de PI entre todos os países participantes. Esse princípio se traduz, p.e., no</p><p>direito de prioridade - se alguém deposita o pedido de registro/patente em um país membro,</p><p>ele terá prioridade quando realizar o pedido nos outros países - e no direito de registrar a</p><p>marca em outros países tal como registrada no país de origem - esse direito não representa</p><p>prioridade.</p><p>Os registros e patentes obtidos em cada país são independentes uns dos outros.</p><p>O que é a propriedade intelectual? (pág. 76-82)</p><p>Direitos subjetivos são divididos em</p><p>1. Direitos reais: usar, fruir e dispor; são erga omnes</p><p>2. Direitos de personalidade: atributos da pessoa - honra, nome etc -; não são</p><p>disponíveis</p><p>3. Direitos obrigacionais: são relativos [ou seja, representam a relação entre credor e</p><p>devedor] ou não erga omnes.</p><p>Direitos sobre certos bens incorpóreos ou imateriais constituem direitos reais e são objetos</p><p>do direito chamado de propriedade intelectual.</p><p>Propriedade intelectual:</p><p>1. Criações; 2. Sinais distintivos</p><p>Criações → 1. Direito de autor; 2. Software; 3. Cultivares; 4. Criações</p><p>industriais</p><p>Obs.: As leis relativas à proteção das criações foram editadas em decorrência do acordo</p><p>TRIPS.</p><p>Criações industriais → 1. Patentes; 2. Desenhos industriais</p><p>Obs.: A Lei de propriedade industrial rege esse grupo; antigamente, a proteção à criação</p><p>industrial se restringia às invenções [invenção = solução de problema técnico não</p><p>encontrado na natureza]. Tanto a invenção quanto o modelo de utilidade são protegidos por</p><p>patentes concedidas pelo INPI. Além de requisitos distintos, patentes e desenhos industriais</p><p>possuem tempos de monopólio diferentes.</p><p>Patentes → 1. Invenção; Modelo de utilidade</p><p>Sinais distintivos → 1. Nome empresarial; 2. Marca; 3. Outros</p><p>O fundamento da proteção às criações é o estímulo à concorrência [por meio de um</p><p>monopólio fornecido pelo Estado]. O fundamento da proteção aos sinais distintivos é evitar</p><p>a concorrência desleal.</p><p>O sistema de propriedade industrial brasileiro (pág. 83-89)</p><p>O sistema de PI brasileiro abarca os direitos reais, obrigacionais e personalíssimos. A lei</p><p>estabelece sanções para não exploração, como a licença compulsória e a caducidade por</p><p>falta de uso, além da abusividade das patentes e do poder econômico.</p><p>Tripé da propriedade intelectual brasileira:</p><p>1. INPI: órgão responsável por conceder direitos de propriedade industrial</p><p>2. Agentes: representa as parte perante o INPI</p><p>3. Centralização: registro de PI ocorre de forma descentralizada no BR, o que acaba</p><p>por gerar confusões e abusos; o registro deve ser centralizado em órgãos como o</p><p>INPI e, para além disso, um juízo especial que lide com PI se faz necessário (Lei</p><p>9.279/96, Art. 241)</p><p>• HAMMES, Bruno Jorge.</p><p>Origem e evolução histórica do direito da propriedade intelectual.</p><p>Estudos Jurídicos, n, 62, p. 105-115, set/dez 1991.</p><p>• BARBOSA, Denis Borges. TRIPS e a experiência brasileira. In: Usucapião de patentes e</p><p>outros estudos de propriedade industrial. Rio de Janeiro: Editora Lumen Iu ris, 2006. P.</p><p>411-443.</p><p>• ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito autoral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p.</p><p>1-26.</p><p>• SAMUELSON, Pamela. Preliminary toughts on copyright reform. UC Berkeley Public Law</p><p>Research Papaer n. 1002676. Disponível em: http://ssrn.com/abstract=1002676.</p><p>• SILVEIRA, Newton. SANTOS JR., Walter Godoy dos. Propriedade intelectual e liberdade.</p><p>Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo. n 142. p. 7-24.</p><p>abr./jun. 2006.</p><p>● PI é criação no campo da técnica</p><p>● Direitos autorais estão no campo da estética</p><p>● Autor mostra a relação entre PI e concorrência, já abordada em outros textos.</p><p>Aula 3 (Princípios do Direito Industrial – direito industrial e interesse público)</p><p>• SALOMÃO FILHO, Calixto. Direito Industrial, direito concorrencial e interesse</p><p>público. Revista de Direito Público da Economia, vol. 2, n. 7, jul./set. 2004, p. 29-44.</p><p>Direito Industrial, Direito Concorrencial e Interesse Público</p><p>● Para Ascarelli, o direito de concorrência se aplica nos contextos em que não há</p><p>direito absoluto derivado de criação intelectual; tal relação é denominada</p><p>“complementaridade entre direito industrial e direito da concorrência” → Exemplo</p><p>prático: quero proteger minha marca, mas ainda não tenho o registro - que</p><p>reconhece meu direito de PI -, utilizo o direito da concorrência para me proteger (na</p><p>ausência de PI, a Concorrência complementa)</p><p>○ Essa visão é ultrapassada, tendo em vista que o Direito de concorrência</p><p>deve ser mantido ainda quando houver Direito de Propriedade Intelectual.</p><p>Noção histórica</p><p>● No Antigo Regime privilégios eram concedidos a um grupo inventores para garantir a</p><p>produção exclusiva por parte um guilda [=somente na guilda era permitido a</p><p>produção e reprodução das técnicas empregadas em determinado produto].</p><p>● Na Baixa Idade média, o comércio impulsionado pelo Mercantilismo faz das patentes</p><p>um modelo de certificação de qualidade estatal [=marca era a garantia de que</p><p>produção X era de um Estado Y].</p><p>● Com a Revolução Industrial, a quebra dos monopólios e a liberdade de competição</p><p>ganham relevo fundamental. Surge um estímulo à criatividade e à invenção.</p><p>Primeiras leis que visam proteger as patentes começam a se consolidar.</p><p>○ Convenção de Paris de 1883 → Cria um Sistema Internacional de</p><p>Reconhecimento de patentes.</p><p>○ Consequência: marca deixa de ser fundamento de reconhecimento do</p><p>Estado e atua como forma de distinção entre produtos de empresários.</p><p>Direito concorrencial passa a admitir tais monopólios [para de defender o</p><p>concorrente privativamente e passa à defesa pública da instituição</p><p>concorrência → proteger patente não se restringe à proteção do concorrente,</p><p>mas diz respeito ao estímulo à inovação por meio de uma concorrência</p><p>justa].</p><p>Função econômica</p><p>● Estímulo ao criativo, de modo a impedir o free-rider [aquele que não investe na</p><p>pesquisa mas tira proveito dela após públicada], também estimula o</p><p>desenvolvimento industrial por meio da concorrência justa (i=isso para mostrar que a</p><p>proteção às marcas/patentes possui fundamento concorrencial)</p><p>● Produtos patenteados concorrem com outros produtos patenteados ou até sem</p><p>patentes, eles servem como instrumento de concorrência.</p><p>● Pode-se concluir que o direito industrial está permeado por princípios concorrenciais.</p><p>Análise crítica</p><p>● Há, atualmente, a ampliação dos produtos patenteáveis na legislação brasileira.</p><p>Diversas pesquisas que resultam em PI, não são realizadas no BR, logo, não se</p><p>pode alegar que se deseja evitar o free-rider [e por isso o aumento dos prod.</p><p>patenteáveis]. Essa ampliação, principalmente no que se refere àqueles produtos de</p><p>maior relevância social, parece ser injustificável do ponto de vista jurídico.</p><p>Final</p><p>● Compreensão concorrencial do Direito de PI gera freios a excessos, como o abuso</p><p>de poder.</p><p>● Contratos de licenciamento (estabelecimento de preço de revenda do produto,</p><p>limitação às quantidades vendidas etc), pool de patentes (detentores de diversas</p><p>patentes se reúnem para produção de um produto. Ex: celular feito com produto de</p><p>patente X, Y e Z dos detentores I, J e K) e patentes defensivas [compra sistemática</p><p>de inúmeras patentes para sua não utilização] fraudulentas [patente de algo que já é</p><p>patenteado] podem ser restringidas por meio da lógica concorrencial, como</p><p>licenciamento compulsório.</p><p>Conclusão: não existe complementaridade entre Direito Concorrencial e PI, isso significa</p><p>dizer que o Direito de PI não precisa ser complementado pelo DConcorrencial porque</p><p>apresenta vácuos de atuação. Em grande verdade, o DC é aplicado em diversos campos do</p><p>PI (esteja ele presente ou ausente) e dá base para construção do Direito Industrial.</p><p>• AUGUSTO, Eduardo Ribeiro. TOSHI, Thays Leite (org). Propriedade Industrial – vinte</p><p>anos da Lei 9.279/96, 1ª. Ed., São Paulo: LiberArs, 2016, p. 93, 100.</p><p>• BARBOSA, D. B. Bases Constitucionais da Propriedade Intelectual. [S.l.]. 2002.</p><p>Disponível em: http://denisbarbosa.addr.com/bases4.pdf., p. 1-37.</p><p>• COMENTÁRIOS À LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. IDS – Instituto Dannemann</p><p>Siemsen de Estudos Jurídicos e Técnicos. 3ª Ed., RJ, 2013, p. 11-17.</p><p>Aula 4 (Direito Industrial e Direito da Concorrência)</p><p>• CASTRO, Carla Frade. Propriedade intelectual no CADE: a evolução para a</p><p>afirmação de uma competência. Revista do IBRAC, v. 23, p. 241.</p><p>Direitos de PI abarcam concorrência, isso ocorre porque apesar de uma marca registrada</p><p>ou patente ter o condão de impedir sua utilização por outrem, elas não lhe conferem o poder</p><p>para excluir concorrentes.</p><p>A conquista de monopólios por meio lícitos não é uma violação das normas de concorrência</p><p>(Lei 12.529/11 - Art. 36, par 1)</p><p>Pontos de contato entre PI e Concorrência</p><p>- Ambos tem como base as falhas de mercado; PI decorre da natureza de dos bens</p><p>públicos e a Concorrência evita mercados imperfeitos.</p><p>- Ambos estimulam a atividade criativa</p><p>PI produz uma limitação à concorrência de imitação (consequência: diminuição de oferta,</p><p>aumento de preços e exclusão de consumidores) e promove a concorrência de superação</p><p>(aumento da competição ´por inovações e a introdução de novos e melhores produtos). Os</p><p>limites da PI estão na não afetação da concorrência de superação; quem possui direito de</p><p>PI não pode impedir outros de superá-lo.</p><p>CADE e a PI</p><p>CADE dizia que competência para PI era do Judiciário, sendo restrito a ele somente a</p><p>análise da concorrênca. Com a Lei 8884 o entendimento do CADE passa a mudar e o órgão</p><p>passa a intervir no domínio de PI. Exemplo famoso: Colgate e Kolynos - CADE suspendeu a</p><p>marca por 4 anos.</p><p>Essa nova postura do CADE ocorre também em decorrência de cooperações com</p><p>instituições que são especialistas em PI, como o INPI e a SDE/SBDC.</p><p>• SALOMÃO FILHO, Calixto. Direito concorrencial. São Paulo: Malheiros, 2013. pp.</p><p>346-365.</p><p>• PROENÇA, José Marcelo Martins, Pool de patentes, padronização técnica, patentes</p><p>essenciais e o direito da concorrência. In CAMPILONGO, Celso, PFEIFFER, Roberto</p><p>(Orgs.) Evolução do Direito Antitruste. São Paulo: Editora Singular, 2018, pp. 305-334</p><p>• BOLDRIN, Michele, ALLAMAND, Juan C, LEVINE, David K., ORNAGHI, Carmine.</p><p>Competition and Innovation. Disponível em:</p><p>http://www.dklevine.com/papers/cato-ppp-boldrin.pdf</p><p>Aula 5 e 6 (Patentes:</p><p>objeto e limites de seu reconhecimento. A proteção ao conhecimento</p><p>tradicional)</p><p>● SILVEIRA, Newton. Propriedade Intelectual, 3ª. Ed., São Paulo: Manole, 2005, p.</p><p>33-52.</p><p>A Lei de Propriedade Industrial (pág. 31-37 → páginas seguintes falam sobre marcas, o</p><p>que a gente ainda não viu)</p><p>2. Principais alterações da nova Lei de PI</p><p>2.1 Patentes</p><p>O titular</p><p>- O autor de invenção ou modelo de utilidade tem direito à patente (Art. 6), sendo</p><p>presumida, em favor do requerente, a autoria (Art. 6, §1)</p><p>- O sistema brasileiro se baseia no first applicant (Art. 7) e admite a cessão da criação</p><p>- herdeiros ou sucessores do autor podem requerer a patente - (Art. 6, §2). Contudo,</p><p>o pedido cedido a terceiro somente produzirá efeitos quando for publicado pelo INPI</p><p>(Art. 60)</p><p>- Quando a atividade criativa decorrer de um contrato de trabalho, a criação</p><p>pertencerá exclusivamente ao empregador (Art. 88)</p><p>Da matéria patenteável</p><p>- Invenções e modelos de utilidade são patenteáveis (Arts. 8, 9)</p><p>- Não se considera invenção/modelo de utilidade: descobertas e teorias científicas;</p><p>esquemas educativos; obras literárias; regras de jogo; técnicas operatórias; parte ou</p><p>todo de seres vivos etc (Art. 10)</p><p>- O Art. 18 define invenções e modelos não patenteáveis, como matérias e modelos</p><p>resultantes de transformação do núcleo atômico</p><p>Requisitos da patenteabilidade - novidade</p><p>- Novidade: novo é aquilo que não se encontra em estado de técnica, isto é, tudo que</p><p>não foi divulgado até a data do depósito (Art. 11). O pedido nacional é considerado</p><p>estado da técnica desde que venha a ser publicado posteriormente (Art. 11, §2)</p><p>- Atividade inventiva/Ato inventivo (Arts. 9, 13 e 14)</p><p>- Aplicação industrial</p><p>Procedimento de obtenção da patente</p><p>http://www.dklevine.com/papers/cato-ppp-boldrin.pdf</p><p>1. Verificação dos requisitos do Art. 19</p><p>a. Prazo de 30 dias para regularizar caso algum requisito esteja ausente, sob</p><p>pena de nulidade</p><p>2. Deve-se aguardar o sigilo de 18 meses (Art. 30)</p><p>3. Após o sigilo, o pedido será publicado e 30 dias serão contados para manifestação</p><p>de terceiros</p><p>4. Após os 30 dias, se iniciará o exame do pedido (Art. 31) - requerido pelo autor no</p><p>prazo de 36 meses da data do pedido (Art. 33)</p><p>Art. 20. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se</p><p>devidamente instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua</p><p>apresentação. → data do depósito</p><p>5. Deferimento ou não</p><p>a. Após deferido, não cabe recurso (Art. 212, §2)</p><p>6. O pagamento da taxa de patente, após efetivado, dá direito ao certificado de patente</p><p>(Art. 38)</p><p>a. A data pode ser 15 [modelo de utilidade] ou 20 anos [invenção] a contar da</p><p>data de depósito, ou ao menos 10 ou 7 anos a partir da data de concessão</p><p>[caso o INPI demore muito para deferir o pedido]</p><p>Direitos decorrentes da patente</p><p>- Impedir terceiros de produzir, usar e colocar à venda. Terceiros que contribuam para</p><p>que se pratique tais atos também são impedidos (Art. 42, §1)</p><p>- São crimes: fabricar objeto que é modelo de patente; usar meio que seja objeto de</p><p>patente; comercializar objeto de patente (Arts. 184/3)</p><p>- Pode ocorrer busca e apreensão por violação de patente; indenização civil (Art.</p><p>207/9) com base nos lucros cessantes (Art. 210)</p><p>- A ação indenizatória prescreve em 5 anos (Art. 225)</p><p>Nulidade da patente</p><p>- Ação judicial (Art. 50) - pode ser proposta a qualquer tempo</p><p>- Ação administrativa (Art. 56) - prazo de 6 meses</p><p>- Ação criminal - a nulidade pode constituir matéria de defesa (Art. 205)</p><p>- Obs.: não constituem violação de patente os atos praticados em caráter</p><p>privado, sem finalidade comercial; ou atos praticados com finalidade</p><p>experimental, para fins científicos ou tecnológicos, nos termos do Art. 43.</p><p>● COMENTÁRIOS À LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. IDS – Instituto</p><p>Dannemann Siemsen de Estudos Jurídicos e Técnicos. 3ª Ed., RJ, 2013, p. 19-36,</p><p>44-59</p><p>● GREBLER, Eduardo. A nova lei brasileira sobre propriedade industrial. Revista</p><p>de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo. n 111. p.</p><p>100-119. jul./set. 1998.</p><p>● Araújo, Ana Valéria. Proteção aos conhecimentos tradicionais associados à</p><p>biodiversidade – impasses, biopirataria e violação de direitos. Propriedade intelectual</p><p>- contratos de propriedade industrial e novas tecnologias. São Paulo: Saraiva, 2007,</p><p>p. 349-386.</p><p>● Canotilho, J.J..Machado, Jónatas. A questão da constitucionalidade das patentes</p><p>pipeline à luz da Constituição Federal brasileira de 1988. Coimbra: Almedina, 2008.</p><p>p. 22-39, 65-83.</p><p>● BARBOSA, Denis. Algumas notas à intercessão do SPC e da patente pipeline.</p><p>http://denisbarbosa.addr.com/spc.pdf</p><p>SPC (Supplementary Protection Certificate) é um mecanismo de de extensão do</p><p>prazo de exploração da patente; ele é concedido ao detentores impedidos de explorar</p><p>imediatamente o seu invento pelo tempo necessário a obter a licença de comercialização do</p><p>órgão de regulação sanitária do seu país</p><p>Assim, a natureza desse Certificado é indenizatório, compensação de uma mora da</p><p>Administração absolutamente diversa da concessão patentária, e não consequência da</p><p>simples revelação da tecnologia ao público.</p><p>Em terceiro lugar, a prorrogação da patente pipeline em razão do SPC europeu</p><p>importaria em fazer o público e o governo brasileiro indenizar uma desídia ou dificuldades</p><p>práticas de uma administração estrangeira o que, por mais entusiásticos que possamos ser</p><p>quanto à colaboração internacional, é uma doidura.</p><p>Efeitos da patente estrangeira</p><p>O primeiro depósito no exterior, que for um depósito nacional, determina o que ocorrerá</p><p>com a patente pipeline. Se ao depósito não se seguiu patente, não haverá direito à patente</p><p>brasileira, por falta de um dos três requisitos essenciais do art. 230 da LPI (depósito,</p><p>concessão e correspondência).</p><p>Independência da patente e os efeitos</p><p>Em teoria, as patentes dos países são independentes entre si. Os autores brasileiros</p><p>consideram os efeitos posteriores ao ingresso da patente em território nacional apenas para</p><p>efeitos da nulidade do título convalidado. Isso ocorre porque o legislador brasileiro optou por</p><p>aceitar o exame dos requisitos de patenteabilidade feito no país de origem, de modo a</p><p>determinar que a publicação da concessão da patente pipeline ocorrerá sem tal exame pelo</p><p>INPI, não resta outra alternativa senão a vinculação com relação à validade da patente</p><p>estrangeira. Logo, se, no país de origem, houver a anulação da patente em virtude da</p><p>ausência dos requisitos de patenteabilidade, a patente pipeline também padecerá de</p><p>nulidade.</p><p>Por outro lado, a extinção da patente, no país de origem, em virtude de causas que</p><p>envolvem questões outras posteriores à concessão, isto é, que não envolvem os requisitos</p><p>de patenteabilidade, mas sim questões como caducidade, falta de pagamento de taxas não</p><p>repercutirá no Brasil.</p><p>A duração da patente</p><p>A patente brasileira terá seu prazo limitado ao prazo da patente estrangeira:</p><p>http://denisbarbosa.addr.com/spc.pdf</p><p>§ 4º Fica assegurado à patente concedida com base neste artigo o</p><p>prazo remanescente de proteção no país onde foi depositado o primeiro</p><p>pedido</p><p>A redação da lei é instrutiva: levar-se-á em conta, para precisar o termo final da</p><p>patente pipeline, o prazo remanescente de proteção no país onde foi depositado o primeiro</p><p>pedido. Assim, se a patente estrangeira, antes de seu ingresso no direito pátrio, tiver</p><p>perecido, por exemplo, por falta de pagamento, nenhum prazo terá a nacional.</p><p>Limites à legislação internacional</p><p>Há manifestações expressas do legislador, em que este indica certas situações às quais</p><p>não se aplicam as regras do direito estrangeiro; são exemplos o “interesse nacional lesado”,</p><p>ou aqueles decorrentes da reciprocidade.</p><p>Importante</p><p>O autor sustenta que a majoração de prazo estrangeiro sem correspondência no direito</p><p>nacional é contrário à ordem pública.</p><p>Em alguns países, assegura-se, seja por meio de prorrogação do prazo da patente, seja</p><p>por outros meios um aumento do prazo dos direitos do titular da patente, por exemplo, pelo</p><p>fato de o órgão registral sanitário ter alongado o exame dos testes de toxicologia, meio</p><p>ambiente, etc. A revalidação não alcança, porém, esse atos - mesmo de prorrogação da</p><p>patente -, quando tenham eles a natureza compensatória ou retributiva de ações do Estado</p><p>local que tenham retardado a comercialização dos produtos resultantes da patente sem em</p><p>nada afetar o direito de exclusão, essencial ao privilégio. Em outras palavras, a extensão só</p><p>ocorre quando o direito de exclusividade é suspenso [explicar melhor].</p><p>De outra forma, ao fazer o competidor nacional ter retardado seu livre acesso ao mercado</p><p>nacional, pelo fato de o titular da patente demorar a ter acesso a mercado estrangeiro por</p><p>razões da Administração Pública (não patentária) desse país estrangeira, faria o nacional</p><p>pagar o preço pela mora de outro Estado.</p><p>Multiplicam-se, recentemente, as decisões que entendem haver incompatibilidade do</p><p>SPC o Direito Brasileiro. Nota-se, em primeiro lugar, o tema da independência de patentes:</p><p>”Sob outro aspecto, pretender a extensão do prazo da patente de revalidação</p><p>com base em extensão concedida em território estrangeiro à patente</p><p>originária malfere o princípio da independência das patentes previsto no art.</p><p>4 bis da CUP, segundo o qual ‘as patentes requeridas nos diferentes países</p><p>da União, por nacionais de países da união, serão independentes das</p><p>patentes obtidas para a mesma invenção nos outros países, membros ou</p><p>não da União”</p><p>Em segundo lugar, nota-se a interpretação do art. 230 do CPI/96, no tocante à</p><p>cláusula prazo remanescente:</p><p>“Ainda que em exame não exauriente da matéria, tenho para mim que o</p><p>prazo de vigência concedido pelo artigo 230 § 4° da LPI, para a denominada</p><p>patente pipeline, equivale ao prazo remanescente que a patente possua na</p><p>data em que a lei entrou em vigor. Sem contemplar eventual prazo</p><p>complementar, posteriormente, concedido pelo Estado Estrangeiro, máxime</p><p>tendo o mesmo sido concedido mais de três anos após a data de depósito no</p><p>Brasil, em 31 de janeiro de 2000”</p><p>“O conceito de prazo remanescente, para fins de aplicação do artigo 230 §§</p><p>3º e 4º da LIP, deve se ater, unicamente, ao computo do prazo residual que a</p><p>patente ainda possa ter no país de origem, na data da publicação do Decreto</p><p>que incorporou o TRIPS (observado o limite máximo permitido de 20 anos),</p><p>sem contemplar quaisquer outras circunstâncias, tais como, data de depósito</p><p>de patente abandonada ou prazo suplementar eventualmente concedido”</p><p>Amaral Jr., Alberto do. O acordo TRIPS, a licença compulsória e os países em</p><p>desenvolvimento. Revista do Tribunal Regional Federal – 3ª região, v. 79, p. 99-116,</p><p>set./out. 2006.</p><p>O Acordo TRIPS (1994), estabeleceu que todos os signatários estão obrigados a</p><p>conceder patente aos produtos farmacêuticos; O Acordo teve como objetivo reprimir a</p><p>pirataria e aumentar o fluxo econômico entre os membros da OMC. Como resultado, o</p><p>preço dos medicamentos se elevou afetando a população pobre dos países em</p><p>desenvolvimento.</p><p>A adoção de um sistema de patentes nesses países prejudicou àqueles que não</p><p>dispõem de recursos necessários para a aquisição de medicamentos. Não obstante, o</p><p>Acordo TRIPS possui dispositivos que permitem aos países eliminar as conseqüências</p><p>negativas da concessão de patentes.</p><p>Cada Membro da OMC tem o direito de determinar as situações de emergência</p><p>nacional ou outras circunstâncias que caracterizem extrema urgência para a emissão da</p><p>licença compulsória.</p><p>Razões para patente de medicamentos</p><p>1 - Descoberta de novo medicamento requer longo período de tempo e expressivo volume</p><p>deinvestimentos.</p><p>2 - Produtos farmacêuticos podem ser copiados e introduzidos no mercado de forma</p><p>irregular.Durante muitos anos não eram concedidas patentes aos produtos farmacêuticos</p><p>O artigo 8 do TRIPS declara que os Estados Podem adotar as medidas necessárias</p><p>para proteger a saúde pública e a nutrição, bem como para promover o interesse público</p><p>em setores vitais para o desenvolvimento social, econômico e tecnológico. As medidas</p><p>adotadas devem, todavia, ser compatíveis com o Acordo TRIPS.</p><p>A LICENÇA COMPULSÓRIA E O ACORDO TRIPS</p><p>A licença compulsória será concedida na hipótese de emergência nacional ou</p><p>quando um Estado pretender que a invenção tenha uso público em bases não comerciais. A</p><p>licença não será exclusiva e se restringirá ao fim para o qual foi concedida.</p><p>O seu principal propósito é suprir o mercado doméstico em situações excepcionais.</p><p>O detentor da patente tem direito a ser remunerado quando ocorrer a exploração por parte</p><p>de terceiros.</p><p>É particularmente grave o fato de que alguns países não têm condições de se</p><p>beneficiar da flexibilidade oferecida pelo TRIPS. A licença compulsória, uma vez concedida,</p><p>não produz os resultados esperados devido à falta de capacidade técnica da indústria local</p><p>que se admitiu aos países que cumprissem certos requisitos a possibilidade de não</p><p>subordinar à restrição do artigo.</p><p>Os Membros da OMC poderão importar medicamentos produzidos mediante licença</p><p>compulsória se a indústria doméstica não dispuser de condições para suprir as</p><p>necessidades do mercado interno.</p><p>A utilização da licença compulsória pelos países em desenvolvimento contribuirá</p><p>para elevar o grau de concorrência, o que certamente redundará na diminuição dos preços</p><p>dos medicamentos. Se isto ocorrer, haverá, provavelmente,preços distintos conforme as</p><p>necessidade de se analisar a licença compulsória de forma diferente conforme se trate de</p><p>drogas globais ou de medicamentos específicos para os países em desenvolvimento.</p><p>Eventuais licenças compulsórias concedidas para a produção de drogas que</p><p>combatem a AIDS não prejudicam as pesquisas nesse setor. A situação é diversa quando</p><p>os medicamentos são produzidos para o tratamento específico de algumas doenças</p><p>próprias dos países em desenvolvimento.</p><p>● AUGUSTO, Eduardo Ribeiro. TOSHI, Thays Leite (org). Propriedade Industrial –</p><p>vinte anos da Lei 9.279/96, 1ª. Ed., São Paulo: LiberArs, 2016, p. 135-150.</p><p>● COMENTÁRIOS À LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. IDS – Instituto</p><p>Dannemann Siemsen de Estudos Jurídicos e Técnicos. 3ª Ed., RJ, 2013, p. 140-142,</p><p>154-177.</p>