Prévia do material em texto
<p>janeiro/2024</p><p>4.0</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1</p><p>SUMÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 2</p><p>Evolução histórica .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 2</p><p>Base principiológica...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 3</p><p>Dispositivos constitucionais ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 3</p><p>ECA – PARTE GERAL ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 7</p><p>Introdução...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 7</p><p>Direitos fundamentais............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 8</p><p>Direito à convivência familiar e comunitária ..................................................................................................................................................................................................................................... 15</p><p>Colocação em família substituta ................................................................................................................................................................................................................................................................................ 19</p><p>Prevenção .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 28</p><p>ECA – PARTE ESPECIAL ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 32</p><p>Política de atendimento ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 32</p><p>Medidas de proteção ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 34</p><p>Medidas socioeducativas.......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 37</p><p>Medidas pertinentes aos pais e responsáveis ....................................................................................................................................................................................................................... 46</p><p>Conselho Tutelar ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 47</p><p>Acesso à Justiça ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 51</p><p>Crimes.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 57</p><p>Infrações administrativas ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................66</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 2</p><p>FASE DA ABSOLUTA</p><p>INDIFERENÇA</p><p>FASE DA MERA</p><p>IMPUTAÇÃO CRIMINAL</p><p>FASE TUTELAR</p><p>FASE DA PROTEÇÃO</p><p>INTEGRAL</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Evolução histórica</p><p>No Brasil, a evolução histórica do tratamento jurídico dado à criança e ao adolescente passa por alguns</p><p>marcos importantes até chegar à situação atual. Vejamos:</p><p>Destrinchando cada uma dessas fases, temos o seguinte:</p><p>FASE DA ABSOLUTA</p><p>INDIFERENÇA</p><p>o Não havia diploma legislativo específico (até o final do séc. XVIII).</p><p>o Ausência de preocupação tanto com a proteção quanto com a</p><p>responsabilização de crianças e adolescentes.</p><p>FASE DA MERA</p><p>IMPUTAÇÃO CRIMINAL</p><p>o Ordenações Afonsinas e Filipinas, Código Criminal do Império de 1830 e</p><p>Código Penal de 1890.</p><p>o Havia a preocupação apenas com a responsabilização de crianças e</p><p>adolescentes pela prática de ilícitos.</p><p>FASE TUTELAR</p><p>o Código Mello Mattos e Código de Menores.</p><p>o Havia a preocupação com a responsabilização e com a proteção de</p><p>“menores” em situação irregular (art. 2º do Código de Menores).</p><p>FASE DA PROTEÇÃO</p><p>INTEGRAL</p><p>o Estatuto da Criança e do Adolescente (editado em atendimento ao disposto</p><p>no art. 24, XV, da CRFB/88 – competência legislativa concorrente para</p><p>dispor sobre proteção à infância e à juventude).</p><p>o Há a preocupação com a proteção integral de TODAS as crianças e</p><p>adolescentes (e não apenas dos que se encontrem em situação irregular).</p><p>Significa dizer que criança e adolescente não praticam crime ou contravenção, mas ato infracional, uma</p><p>vez que são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos (presunção absoluta de inimputabilidade).</p><p>IMPORTANTE</p><p>Deve ser considerada a idade do adolescente à data DO FATO.</p><p>Tipicidade delegada</p><p>É possível perceber, então, que o ECA utilizou a técnica de tipificação delegada, de modo que este</p><p>diploma legal não tipifica atos infracionais, mas remete às figuras típicas do ordenamento penal.</p><p>Assim, não é correto dizer, por exemplo, que uma criança praticou um roubo, mas um ato infracional análogo</p><p>ao crime de roubo.</p><p>Atualmente, é pacífico no STF e no STJ que a tipicidade delegada abrange tanto a tipicidade formal</p><p>(subsunção do fato à norma), quanto à tipicidade material (relevante lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico</p><p>tutelado). Desse modo, é cabível a invocação do princípio da insignificância para ato infracional.</p><p>Medidas socioeducativas</p><p>Conceito</p><p>São medidas aplicáveis a ADOLESCENTES que praticam ATO INFRACIONAL. Elas possuem um caráter</p><p>sancionatório e retributivo, mas também pedagógico, visando a reinserção social.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 38</p><p>Espécies</p><p>Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar as seguintes medidas:</p><p>1 Advertência.</p><p>Exige PROVA da MATERIALIDADE, mas</p><p>apenas INDÍCIOS suficientes de AUTORIA.</p><p>2 Obrigação de reparar o dano.</p><p>Exigem PROVAS suficientes da AUTORIA e</p><p>da MATERIALIDADE da infração.</p><p>3 Prestação de serviços à comunidade.</p><p>4 Liberdade assistida.</p><p>5 Inserção em regime de semiliberdade.</p><p>6 Internação em estabelecimento educacional.</p><p>7</p><p>Qualquer das medidas protetivas, EXCETO as que impliquem afastamento do adolescente do convívio</p><p>familiar (acolhimento institucional, acolhimento familiar e colocação em família substituta) – aqui, as medidas</p><p>protetivas são chamadas de medidas socioeducativas atípicas.</p><p>A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a</p><p>gravidade da infração.</p><p>A partir daqui, serão estudadas cada uma das medidas socioeducativas.</p><p>Advertência</p><p>É a admoestação (repreensão) verbal, que será reduzida a termo e assinada.</p><p>Segundo o STJ, é função INDELEGÁVEL do Juiz aplicar a advertência. A medida deve ser aplicada em</p><p>audiência própria (audiência de admoestação verbal), presidida pelo Juiz da Infância e da Juventude.</p><p>Na audiência, o Juiz deve informar:</p><p>AO ADOLESCENTE As consequências da reincidência.</p><p>AOS PAIS OU RESPONSÁVEL A possibilidade de perda do poder familiar ou destituição da tutela/guarda.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 39</p><p>Obrigação de reparar o dano</p><p>Em caso de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso:</p><p>1 A restituição da coisa.</p><p>2 O ressarcimento do dano.</p><p>3 Por outra forma, a compensação do prejuízo da vítima.</p><p>Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra (de meio aberto) adequada</p><p>(por exemplo, advertência e prestação de serviços à comunidade).</p><p>Prestação de serviços à comunidade</p><p>Consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral – conforme as aptidões do adolescente</p><p>– junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em</p><p>programas comunitários ou governamentais. Além disso, deve-se observar o seguinte:</p><p>PERÍODO MÁXIMO 6 meses.</p><p>CARGA HORÁRIA SEMANAL 8 horas.</p><p>Pode ser cumprida aos sábados, domingos, feriados e dias úteis, não podendo atrapalhar a frequência</p><p>escolar ou o trabalho do adolescente.</p><p>Liberdade assistida</p><p>Com o objetivo de promover a reinserção do infrator, a liberdade assistida será adotada sempre que</p><p>se afigurar a medida mais adequada para o fim de o acompanhar, auxiliar e orientar. Assim, o adolescente</p><p>permanece em convívio familiar e comunitário, mas sujeito a acompanhamento, auxílio e orientação.</p><p>PERÍODO</p><p>MÍNIMO 6 meses.</p><p>MÁXIMO 3 anos (entendimento do STJ, por analogia ao prazo máximo da internação).</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 40</p><p>Semiliberdade</p><p>O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o</p><p>meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, INDEPENDENTEMENTE de autorização judicial.</p><p>Assim, na semiliberdade é possível que o adolescente:</p><p>1 Trabalhe e estude durante o dia e se recolha à unidade durante a noite.</p><p>2</p><p>Permaneça internado durante o dia (recebendo educação e profissionalização) e volte para sua casa</p><p>durante a noite.</p><p>A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à</p><p>internação (assim, deve-se aplicar o prazo máximo de 3 anos previsto para a internação).</p><p>Internação</p><p>A internação é a medida socioeducativa mais severa, podendo ser aplicada quando:</p><p>1 Tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa.</p><p>2 Por reiteração no cometimento de outras infrações graves.</p><p>3 Por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.</p><p>Por constituir medida privativa da liberdade, ela se sujeita aos princípios de:</p><p>1</p><p>Brevidade → duração máxima de 3 anos, devendo haver a reavaliação a cada 6 meses para verificar</p><p>se é o caso de manter, substituir ou extinguir a medida.</p><p>2 Excepcionalidade → deve ser aplicada somente quando não houver outra medida adequada.</p><p>3</p><p>Respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento → o adolescente deve ser recolhido em</p><p>unidade de internação própria à sua condição.</p><p>Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, SALVO</p><p>expressa determinação judicial em contrário. Entretanto, a Lei n. 12.594/2012 (Lei do Sinase) prevê hipóteses</p><p>de saídas autorizadas por lei, que independem de manifestação judicial, dada a emergência e a relevância das</p><p>situações (ex.: atendimento médico e enterro de familiar).</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 4 1</p><p>Existem 3 modalidades de internação:</p><p>INTERNAÇÃO</p><p>PROVISÓRIA</p><p>- É determinada ANTES da sentença.</p><p>- Exige indícios suficientes de autoria e materialidade.</p><p>- Possui prazo máximo de 45 dias.</p><p>INTERNAÇÃO</p><p>COM PRAZO</p><p>INDETERMINADO</p><p>- É determinada APÓS a sentença do procedimento de apuração do ato infracional.</p><p>- Possui prazo máximo de 3 anos.</p><p>- Hipóteses:</p><p>o Violência ou grave ameaça à pessoa (Súmula 492 do STJ → O ato infracional</p><p>análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição</p><p>de medida socioeducativa de internação do adolescente – isso porque deve</p><p>haver violência ou grave ameaça à pessoa).</p><p>o Reiteração de outras infrações graves (para o STJ é suficiente a reiteração</p><p>de pelo menos uma infração anterior grave).</p><p>INTERNAÇÃO</p><p>COM PRAZO</p><p>DETERMINADO</p><p>- É determinada no contexto da execução de medida socioeducativa.</p><p>- Possui prazo máximo de 3 meses.</p><p>- Pressupõe descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.</p><p>Liberação compulsória</p><p>A idade máxima para o cumprimento de medida socioeducativa de internação é de 21 anos, sendo essa</p><p>uma hipótese excepcional na qual o ECA é aplicado a pessoas maiores de 18 anos.</p><p>Entretanto, há divergência doutrinária no seguinte sentido:</p><p>1ª CORRENTE Apenas a medida socioeducativa de internação pode ser aplicada até os 21 anos.</p><p>2ª CORRENTE</p><p>Podem ser aplicadas até os 21 anos tanto a internação, quanto a semiliberdade, uma vez</p><p>que as disposições da internação podem ser aplicadas, no que couber, à semiliberdade.</p><p>3ª CORRENTE</p><p>Todas as medidas socioeducativas podem ser aplicadas até os 21 anos.</p><p>É a corrente majoritária, consagrada pela Súmula 605 do STJ.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 42</p><p>Ação socioeducativa</p><p>Definição</p><p>A ação socioeducativa é o instrumento por meio do qual o Ministério Público requer ao Poder Judiciário</p><p>a apuração da autoria e da materialidade do ato infracional.</p><p>Apreensão do adolescente</p><p>A apreensão do adolescente pode ocorrer de duas formas:</p><p>POR ORDEM JUDICIAL Devendo o adolescente ser apresentado à autoridade judiciária.</p><p>POR FLAGRANTE Devendo o adolescente ser apresentado à autoridade policial.</p><p>Nesse sentido, parte da doutrina entende que essa diferença de tratamento é inconstitucional e</p><p>inconvencional, devendo o adolescente ser apresentado, em qualquer caso, à autoridade judiciária.</p><p>Apreensão da criança</p><p>Acerca da apreensão da criança, há 2 correntes:</p><p>1ª CORRENTE</p><p>Não é possível, uma vez que a criança não é submetida à medida socioeducativa,</p><p>mas à medida de proteção, devendo ser encaminhada ao Conselho Tutelar.</p><p>2ª CORRENTE</p><p>Quando se tratar de delito de maior gravidade, é possível a apreensão de</p><p>criança, até para a sua própria proteção.</p><p>Repartição policial especializada</p><p>Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato</p><p>infracional praticado em coautoria com maior, PREVALECERÁ a atribuição da repartição especializada, que,</p><p>após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 43</p><p>Atuação da autoridade policial</p><p>Em caso de ato infracional cometido:</p><p>COM VIOLÊNCIA</p><p>OU GRAVE</p><p>AMEAÇA À</p><p>PESSOA</p><p>A autoridade policial deverá:</p><p>o Lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente.</p><p>o Apreender o produto e os instrumentos da infração.</p><p>o Requisitar os exames ou perícias para provar materialidade e autoria da infração.</p><p>SEM VIOLÊNCIA</p><p>OU GRAVE</p><p>AMEAÇA À</p><p>PESSOA</p><p>A autoridade policial deverá:</p><p>o Lavrar boletim de ocorrência substanciado, ouvidos as testemunhas e o adolescente.</p><p>o Apreender o produto e os instrumentos da infração.</p><p>o Requisitar os exames ou perícias para provar a materialidade e autoria da infração.</p><p>De qualquer modo, comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente</p><p>liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao</p><p>representante do MP, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato.</p><p>EXCEÇÃO</p><p>Quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob</p><p>internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.</p><p>Apresentação ao Ministério Público</p><p>O encaminhamento do adolescente ao MP é obrigatório e deverá ser feito, conforme o caso, pelos pais</p><p>ou responsável, pela autoridade policial ou por entidade de atendimento. Então, em caso de ↴</p><p>NÃO COMPARECIMENTO</p><p>O MP notificará os pais ou responsável para a apresentação do adolescente,</p><p>sendo possível, inclusive, requisitar o concurso das polícias civil e militar.</p><p>COMPARECIMENTO</p><p>O MP procederá a oitiva informal do adolescente e, se possível, de seus</p><p>representantes legais, das vítimas e das testemunhas.</p><p>Acerca disso, o STJ já decidiu que a ausência da oitiva informal não gera</p><p>nulidade da representação, se já houver elementos suficientes para a</p><p>formação do convencimento do juiz.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 44</p><p>Realizada ou dispensada a oitiva informal, o MP poderá:</p><p>REQUERER O</p><p>ARQUIVAMENTO</p><p>Poderá ocorrer quando se concluir que:</p><p>o NÃO houve ato infracional.</p><p>o O fato NÃO configura ato infracional.</p><p>o O adolescente NÃO praticou o ato que lhe foi imputado.</p><p>CONCEDER</p><p>REMISSÃO</p><p>Em caso de composição do conflito, de forma livre e consensual, entre as partes, o</p><p>processo pode ser excluído, suspenso ou extinto por meio da remissão.</p><p>A remissão pode ser:</p><p>- Pré-processual ou ministerial: oferecida pelo MP, gerando a exclusão processual.</p><p>- Processual ou judicial: oferecida pelo juiz, gerando a extinção ou suspensão processual.</p><p>Além disso, a remissão pode ser:</p><p>- Própria: não cumulada com medida socioeducativa.</p><p>- Imprópria: cumulada com medida socioeducativa diversa da internação ou semiliberdade.</p><p>Importante mencionar que a aceitação da remissão pelo adolescente NÃO importa em</p><p>reconhecimento da autoria, NEM prevalece para fins de antecedentes.</p><p>APRESENTAR</p><p>REPRESENTAÇÃO</p><p>É o a forma pela qual o MP dá início à fase judicial de apuração do ato infracional, que</p><p>independe de prova pré-constituída de autoria e materialidade, mas deve, contudo, ser</p><p>embasada em elementos de prova suficientes.</p><p>Audiência de apresentação</p><p>Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente,</p><p>decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação.</p><p>Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, o juiz procederá à oitiva destes, podendo</p><p>solicitar opinião de profissional qualificado (oitiva técnica). Colhidos os depoimentos, o juiz poderá:</p><p>1 Conceder a remissão judicial (depois de ouvir o MP).</p><p>2 Designar audiência de continuação, para ouvir as testemunhas de ambas as partes.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 45</p><p>Audiência de continuação</p><p>Na audiência em continuação serão praticados os seguintes atos:</p><p>1 Oitiva das testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia.</p><p>2 Cumprimento das diligências.</p><p>3 Juntada do relatório da equipe interprofissional.</p><p>4</p><p>Oitiva do representante do MP e do defensor, sucessivamente, pelo tempo de 20 minutos para cada</p><p>um, prorrogável por mais 10, a critério da autoridade judiciária.</p><p>5 Decisão.</p><p>Em caso de confissão do adolescente, o STJ possui o seguinte entendimento sumulado:</p><p>SÚMULA 342 DO STJ</p><p>No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é NULA a desistência de outras provas em</p><p>face da confissão do adolescente.</p><p>Sentença</p><p>Na sentença, o juiz poderá aplicar sanção, não podendo fazê-lo se:</p><p>1 Estiver provada a inexistência do fato.</p><p>2 Não houver prova da existência do fato.</p><p>3 Não constituir o fato ato infracional.</p><p>4 Não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.</p><p>Verificada qualquer dessas hipóteses, o adolescente será colocado imediatamente em liberdade.</p><p>Sendo determinada a sanção, se esta for:</p><p>INTERNAÇÃO OU SEMILIBERDADE A intimação da sentença será feita ao adolescente e ao defensor.</p><p>OUTRA MEDIDA A intimação será feita unicamente na pessoa do defensor.</p><p>A sentença NÃO possui efeito suspensivo (a medida pode começar a ser cumprida desde logo).</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 46</p><p>Prescrição</p><p>Sobre a prescrição das medidas socioeducativas, há a seguinte súmula do STJ:</p><p>SÚMULA 338 DO STJ</p><p>A prescrição penal É APLICÁVEL nas medidas socioeducativas.</p><p>Assim, considerando que o prazo máximo da medida de internação é de 3 anos, o prazo prescricional</p><p>correspondente no Código Penal seria de 8 anos (art. 109, IV, do Código Penal). Entretanto, esse prazo deve</p><p>ser reduzido pela metade (ou seja, seria de 4 anos), conforme o art. 115 do Código Penal.</p><p>Por outro lado, se o adolescente tiver praticado um ato infracional análogo a um crime cuja pena seja</p><p>inferior a 3 anos, o cálculo da prescrição será feito com base na pena máxima prevista no CP.</p><p>RESUMINDO</p><p>REGRA Em regra, a prescrição ocorrerá em 4 anos.</p><p>EXCEÇÃO</p><p>Quando se tratar de ato infracional análogo a crime cuja pena seja inferior</p><p>a 3 anos, calcula-se com base na pena máxima prevista no tipo penal.</p><p>Medidas pertinentes aos pais e responsáveis</p><p>Introdução</p><p>As medidas pertinentes aos pais e responsáveis são aplicáveis quando estes deixam de cumprir suas</p><p>obrigações legais e violam os direitos das crianças ou adolescentes sob sua responsabilidade.</p><p>EM REGRA, essas medidas não acarretam a ruptura familiar, tendo prevalência as medidas que</p><p>mantenham</p><p>a criança e o adolescente junto a sua família natural.</p><p>Medidas em espécie</p><p>São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:</p><p>1</p><p>Encaminhamento a serviços e programas OFICIAIS OU COMUNITÁRIOS de proteção, apoio e</p><p>promoção da família.</p><p>2</p><p>Inclusão em programa OFICIAL OU COMUNITÁRIO de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras</p><p>e toxicômanos.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 47</p><p>3 Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico.</p><p>4 Encaminhamento a cursos ou programas de orientação.</p><p>5 Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar.</p><p>6 Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado.</p><p>7 Advertência.</p><p>8 Perda da guarda.</p><p>RESERVA DE JURISDIÇÃO (essas medidas só</p><p>podem ser decretadas pelo Juízo da Infância e</p><p>da Juventude).</p><p>9 Destituição da tutela.</p><p>10 Suspensão ou destituição do poder familiar.</p><p>Excetuadas as medidas que implicam ruptura familiar (que possuem reserva de jurisdição), as demais medidas</p><p>são de atribuição Conselho Tutelar (mas também podem ser aplicadas pelo Juiz da Infância e da</p><p>Juventude).</p><p>Medida cautelar</p><p>Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual pelos pais/responsável, a autoridade</p><p>judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. Dessa medida</p><p>constará, ainda, a fixação de alimentos provisórios em favor da criança ou adolescente.</p><p>Conselho Tutelar</p><p>Definição</p><p>O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de</p><p>zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Por ser um órgão (≠ entidade), o Conselho</p><p>Tutelar está inserido na estrutura administrativa municipal, NÃO possuindo personalidade jurídica própria.</p><p>Características</p><p>Conforme vimos, o Conselho Tutelar é um órgão ↴</p><p>PERMANENTE</p><p>É OBRIGATÓRIA a existência de pelo menos um Conselho Tutelar em cada</p><p>município ou região administrativa do DF.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 48</p><p>AUTÔNOMO</p><p>Apesar de integrar a estrutura administrativa municipal, o órgão é autônomo para</p><p>exercer suas funções INCLUSIVE em face do município.</p><p>NÃO JURISDICIONAL O Conselho Tutelar NÃO INTEGRA o Poder Judiciário.</p><p>Regulamentação</p><p>Acerca da regulamentação do Conselho Tutelar, tem-se o seguinte:</p><p>LEI</p><p>MUNICIPAL/DISTRITAL</p><p>Disporá sobre:</p><p>- O local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar.</p><p>- A remuneração dos respectivos membros, assegurando o direito a:</p><p>o Cobertura previdenciária.</p><p>o Férias anuais remuneradas (+ 1/3).</p><p>o Licença-maternidade.</p><p>o Licença-paternidade.</p><p>o Gratificação natalina.</p><p>LEI ORÇAMENTÁRIA</p><p>MUNICIPAL/DISTRITAL</p><p>Conterá previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho</p><p>Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares.</p><p>Composição</p><p>O Conselho Tutelar é composto por 5 membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 anos,</p><p>permitida recondução por novos processos de escolha. Para a candidatura, exige-se:</p><p>1 Reconhecida idoneidade moral.</p><p>2 Idade superior a 21 anos.</p><p>3 Residência no município.</p><p>Impedimentos</p><p>São IMPEDIDOS de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e</p><p>genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Esse</p><p>impedimento SE ESTENDE em relação à autoridade judiciária e ao representante do MP com atuação na Justiça</p><p>da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 49</p><p>Atribuição</p><p>São atribuições do Conselho Tutelar:</p><p>1</p><p>Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses de situação de risco ou prática de ato infracional,</p><p>aplicando as medidas de proteção pertinentes, EXCETO acolhimento familiar e família substituta.</p><p>2</p><p>Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas a eles pertinentes, EXCETO as</p><p>que acarretam a ruptura familiar.</p><p>3</p><p>Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:</p><p>o Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho</p><p>e segurança.</p><p>o Representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas</p><p>deliberações.</p><p>4</p><p>Encaminhar ao MP notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da</p><p>criança ou adolescente.</p><p>5 Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência.</p><p>6</p><p>Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as medidas de proteção que não</p><p>acarretem a ruptura familiar, para o adolescente autor de ato infracional.</p><p>7 Expedir notificações.</p><p>8 Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário.</p><p>9</p><p>Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas</p><p>de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.</p><p>10</p><p>Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, §</p><p>3º, inciso II, da Constituição Federal ↴</p><p>“Compete à lei federal [...] estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade</p><p>de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no</p><p>art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde</p><p>e ao meio ambiente”.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 50</p><p>11</p><p>Representar ao MP para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas</p><p>as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.</p><p>12</p><p>Promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento</p><p>para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes.</p><p>13</p><p>Adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas e efetivas direcionadas à identificação da</p><p>agressão, à agilidade no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência doméstica e</p><p>familiar e à responsabilização do agressor.</p><p>14</p><p>Atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, ou</p><p>submetido a tratamento cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, correção ou</p><p>disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a prover orientação e aconselhamento acerca</p><p>de seus direitos e dos encaminhamentos necessários.</p><p>15</p><p>Representar à autoridade judicial ou policial para requerer o afastamento do agressor do lar, do</p><p>domicílio ou do local de convivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar contra a</p><p>criança e o adolescente.</p><p>16</p><p>Representar à autoridade judicial para requerer a concessão de medida protetiva de urgência à</p><p>criança ou ao adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como a revisão</p><p>daquelas já concedidas.</p><p>17</p><p>Representar ao MP para requerer a propositura de ação cautelar de antecipação de produção de</p><p>prova nas causas que envolvam violência contra a criança e o adolescente.</p><p>18</p><p>Tomar as providências cabíveis, na esfera de sua competência, ao receber comunicação da ocorrência</p><p>de ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência doméstica e familiar</p><p>contra a criança e o adolescente.</p><p>19</p><p>Receber e encaminhar, quando for o caso, as informações reveladas por noticiantes ou denunciantes</p><p>relativas à prática de violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de</p><p>educação, correção ou disciplina contra a criança e o adolescente.</p><p>20</p><p>Representar à autoridade judicial ou ao MP para requerer a concessão de medidas cautelares direta</p><p>ou indiretamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante ou denunciante de informações de</p><p>crimes que envolvam violência doméstica</p><p>é do MP).</p><p>3</p><p>Promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e destituição do</p><p>poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos</p><p>os demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude.</p><p>SÚMULA 594 DO STJ: O MP tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de</p><p>criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o</p><p>menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do ECA, ou de quaisquer outros</p><p>questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.</p><p>4</p><p>Promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca</p><p>legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças</p><p>e adolescentes nas situações de risco.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 56</p><p>5</p><p>Promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou</p><p>coletivos relativos à infância e à adolescência.</p><p>6</p><p>Instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:</p><p>o Expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não</p><p>comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar</p><p>o Requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e</p><p>federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências.</p><p>o Requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas.</p><p>7</p><p>Instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito</p><p>policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude.</p><p>8</p><p>Zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes,</p><p>promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis.</p><p>9</p><p>Impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,</p><p>na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente.</p><p>10</p><p>Representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de</p><p>proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do</p><p>infrator, quando cabível.</p><p>11</p><p>Inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata o ECA,</p><p>adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades</p><p>porventura verificadas.</p><p>12</p><p>Requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e</p><p>de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.</p><p>13</p><p>Intervir, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes de violência doméstica e</p><p>familiar contra a criança e o adolescente.</p><p>Além disso, a atuação do Ministério Público nos processos da Justiça da Infância e da Juventude é</p><p>OBRIGATÓRIA, sob pena de nulidade ABSOLUTA.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 57</p><p>Advocacia</p><p>A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse</p><p>na solução da lide poderão intervir nos procedimentos do ECA, através de advogado, o qual será intimado para</p><p>todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.</p><p>Será prestada assistência judiciária INTEGRAL E GRATUITA àqueles que dela necessitarem.</p><p>NENHUM adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,</p><p>será processado sem defensor. Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado</p><p>o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência.</p><p>Defensoria Pública</p><p>Conforme vimos, o ECA garante o direito de acesso da criança e do adolescente à Defensoria Pública.</p><p>Além disso, a Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública estabelece a defesa dos interesses individuais e</p><p>coletivos da criança e do adolescente como uma de suas funções institucionais.</p><p>Crimes</p><p>Introdução</p><p>O ECA tipifica crimes (ou seja, condutas típicas praticadas por maiores de 18 anos) contra crianças e</p><p>adolescentes. É diferente do que ocorre com o ato infracional, cuja tipicidade é delegada. A esses crimes,</p><p>aplica-se as regras processuais do CPP, além de ser possível a aplicação subsidiária do CP.</p><p>Os crimes são de ação penal PÚBLICA INCONDICIONADA, sendo, portanto, de titularidade do MP. É</p><p>possível, ainda, a propositura de ação penal privada SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA, em caso de inércia do MP.</p><p>A partir da Lei n. 14.344, de 2022, denominada Lei Henry Borel, passou a ser previsto o seguinte:</p><p>1</p><p>Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente, independentemente da pena prevista, NÃO</p><p>SE APLICA a Lei dos Juizados Especiais.</p><p>2</p><p>Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, é VEDADA a aplicação</p><p>de penas de cesta básica ou de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena</p><p>que implique o pagamento isolado de multa.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 58</p><p>Crimes em espécie</p><p>Art. 228</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à</p><p>saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, em prontuários</p><p>individuais e pelo prazo de 18 anos, bem como de fornecer (gratuitamente) à</p><p>parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento,</p><p>onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato.</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos.</p><p>FORMA CULPOSA</p><p>Se o crime é culposo:</p><p>Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime próprio, omissivo próprio e de mera conduta.</p><p>Art. 229</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de</p><p>gestante de identificar corretamente (por impressão plantar e digital) o neonato e a</p><p>parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames</p><p>obrigatórios (que visam ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades).</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos.</p><p>FORMA CULPOSA</p><p>Se o crime é culposo:</p><p>Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime próprio, omissivo próprio e de mera conduta.</p><p>Art. 230</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem</p><p>estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade</p><p>judiciária competente.</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 59</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das</p><p>formalidades legais (ex.: não informar o adolescente de seus direitos).</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e de mera conduta.</p><p>Art. 231</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de</p><p>fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do</p><p>apreendido ou à pessoa por ele indicada.</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime próprio, omissivo próprio e de mera conduta.</p><p>Art. 232</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame</p><p>ou a constrangimento.</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime próprio, comissivo e material.</p><p>Art. 234</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de</p><p>criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade</p><p>da apreensão.</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime próprio, omissivo próprio e de mera conduta.</p><p>Art. 235</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Descumprir, injustificadamente, prazo fixado no ECA (ex.: prazos processuais e prazo</p><p>de internação) em benefício de adolescente privado de liberdade.</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 60</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime próprio, omissivo próprio e de mera conduta.</p><p>Art. 236</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Impedir (crime material) ou embaraçar (crime formal) a ação de autoridade judiciária,</p><p>membro do Conselho Tutelar ou representante do Mistério Público no exercício de</p><p>função prevista no ECA.</p><p>PENA Detenção de seis meses a dois anos.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo, material ou formal.</p><p>Art. 237</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude</p><p>de lei ou ordem judicial, com o fim de (dolo específico) colocação em lar substituto.</p><p>PENA Reclusão de dois a seis anos, e multa.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e material.</p><p>Art. 238</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Prometer (crime formal) ou efetivar (crime material) a entrega de filho ou pupilo a</p><p>terceiro, mediante paga ou recompensa (crime próprio).</p><p>PENA Reclusão de um a quatro anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incide nas mesmas penas quem oferece/efetiva a paga ou recompensa (crime comum).</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime próprio ou comum, comissivo, material ou formal.</p><p>Art. 239</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente</p><p>para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro.</p><p>PENA Reclusão de quatro a seis anos, e multa.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 6 1</p><p>FORMA</p><p>QUALIFICADA</p><p>Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:</p><p>Pena - reclusão, de 6 a 8 anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e de mera conduta.</p><p>Art. 240</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de</p><p>sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorre nas mesmas penas quem:</p><p>o Agencia, facilita, recruta, coage ou de qualquer modo intermedeia a participação</p><p>de criança ou adolescente nas cenas, ou ainda quem com esses contracena.</p><p>o Exibe, transmite, auxilia ou facilita a exibição ou transmissão, em tempo real, por</p><p>qualquer meio ou ambiente digital, de cena de sexo explícito ou pornográfica</p><p>com a participação de criança ou adolescente.</p><p>FORMA</p><p>MAJORADA</p><p>Aumenta-se a pena de 1/3 se o agente comete o crime:</p><p>o No exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la.</p><p>o Prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.</p><p>o Prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o 3º</p><p>grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de</p><p>quem tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Crime comum, comissivo e de mera conduta.</p><p>Art. 241</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de</p><p>sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.</p><p>Para o STJ, a mera imagem de crianças em posições sensuais, ainda que sem mostrar</p><p>seus órgãos sexuais, pode ser caracterizada como pornografia infantil.</p><p>PENA Reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 62</p><p>COMPETÊNCIA</p><p>Segundo o STF, compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes</p><p>em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente,</p><p>quando praticados por meio da internet.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Crime comum, comissivo e de mera conduta</p><p>Art. 241-A</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer</p><p>meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou</p><p>outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança</p><p>ou adolescente.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>o Assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas</p><p>ou imagens de que trata o caput.</p><p>o Assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às</p><p>fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput.</p><p>Essas condutas são puníveis quando o responsável pela prestação do serviço,</p><p>oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo de que trata o caput.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e de mera conduta.</p><p>Art. 241-B</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de</p><p>registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou</p><p>adolescente.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.</p><p>DIMINUIÇÃO DE</p><p>PENA</p><p>A pena é diminuída de 1 a 2/3 se de pequena quantidade o material.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 63</p><p>AUSÊNCIA DE</p><p>CRIME</p><p>Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às</p><p>autoridades competentes a ocorrência dos crimes, quando a comunicação for feita por:</p><p>o Agente público no exercício de suas funções.</p><p>o Membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades,</p><p>o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes.</p><p>o Representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço</p><p>prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material</p><p>relativo à notícia feita à autoridade policial, ao MP ou ao Poder Judiciário.</p><p>Essas pessoas deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e plurissubsistente.</p><p>Art. 241-C</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou</p><p>pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo</p><p>ou qualquer outra forma de representação visual</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou</p><p>divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma</p><p>do caput.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e plurissubsistente.</p><p>Art. 241-D</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Aliciar (atrair com promessas enganosas), assediar (importunar), instigar (fazer nascer</p><p>a ideia) ou constranger (utilizar de violência ou grave ameaça), por qualquer meio de</p><p>comunicação, CRIANÇA, com o fim de com ela praticar ato libidinoso.</p><p>A doutrina critica a exclusão do adolescente como vítima dessa figura típica, uma vez</p><p>este pode ser até mais propenso ao aliciamento, especialmente pela internet.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 64</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>o Facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito</p><p>ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso.</p><p>o Pratica as condutas descritas no caput com o fim de induzir criança a se exibir</p><p>de forma pornográfica ou sexualmente explícita.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e de perigo.</p><p>Art. 242</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança</p><p>ou adolescente arma (branca), munição ou explosivo.</p><p>PENA Reclusão, de 3 a 6 anos.</p><p>Esse dispositivo foi parcialmente revogado pelo Estatuto do Desarmamento, uma vez que, quando se</p><p>tratar de</p><p>arma de fogo, munição ou explosivo, aplica-se esta norma. Tratando-se de arma branca, aplica-se o ECA.</p><p>Art. 243</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer</p><p>forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos</p><p>cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.</p><p>PENA Detenção de 2 a 4 anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo, formal e de perigo.</p><p>Art. 244-A</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual.</p><p>PENA</p><p>Reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na</p><p>prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da</p><p>unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime,</p><p>ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 65</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em</p><p>que se verifique a submissão de criança ou adolescente àquelas condutas.</p><p>EFEITO DA</p><p>CONDENAÇÃO</p><p>Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de</p><p>funcionamento do estabelecimento.</p><p>CLASSIFICAÇÃO Trata-se de crime comum, comissivo e material.</p><p>A doutrina defende que esse dispositivo foi tacitamente revogado pela Lei n. 12.015/2009, que inseriu o art.</p><p>218-B no Código Penal, que trata do crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma de</p><p>exploração sexual de criança, adolescente e vulnerável.</p><p>Art. 244-B</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 anos, com ele praticando infração</p><p>penal ou induzindo-o a praticá-la.</p><p>PENA Reclusão, de 1 a 4 anos.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorre nas penas quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer</p><p>meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.</p><p>FORMA</p><p>MAJORADA</p><p>As penas são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida</p><p>estar incluída no rol do art. 1º da Lei dos Crimes Hediondos.</p><p>CLASSIFICAÇÃO</p><p>Trata-se de crime comum, comissivo e formal.</p><p>Nesse sentido, o STJ editou a seguinte súmula:</p><p>SÚMULA 500 DO STJ → A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe</p><p>da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.</p><p>Art. 244-C</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>TÍPICA</p><p>Deixar (crime omissivo) o pai, a mãe ou o responsável legal, de forma dolosa, de</p><p>comunicar à autoridade pública o desaparecimento de criança ou adolescente.</p><p>PENA Reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 66</p><p>Infrações administrativas</p><p>Introdução</p><p>A tipificação de infrações administrativas é destinada à garantia dos direitos das crianças e dos</p><p>adolescentes, NÃO havendo punição com pena privativa de liberdade, mas com multa (com valores revertidos</p><p>aos fundos municipais dos direitos da criança e do adolescente), podendo haver outros tipos de sanção.</p><p>As penalidades são administrativas, de competência da Justiça da Infância e da Juventude, e sua</p><p>prescrição é regulada pelo Direito Administrativo, sendo o prazo prescricional, portanto, quinquenal.</p><p>Infrações em espécie</p><p>Art. 245</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de</p><p>ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos</p><p>de que tenha conhecimento, envolvendo SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO de maus-tratos</p><p>contra criança ou adolescente.</p><p>PENA Multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.</p><p>Art. 246</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento na qual se encontra o</p><p>adolescente o exercício dos seguintes direitos:</p><p>o Peticionar diretamente a qualquer autoridade.</p><p>o Avistar-se reservadamente com seu defensor.</p><p>o Receber visitas, ao menos, semanalmente.</p><p>o Corresponder-se com seus familiares e amigos.</p><p>o Receber escolarização e profissionalização.</p><p>PENA Multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 67</p><p>Art. 247</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação,</p><p>nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança</p><p>ou adolescente a que se atribua ato infracional.</p><p>PENA Multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorre na mesma pena quem exibe ou transmite imagem, vídeo ou corrente de vídeo de</p><p>criança ou adolescente envolvido em ato infracional ou em outro ato ilícito que lhe seja</p><p>atribuído, de forma a permitir sua identificação.</p><p>APREENSÃO</p><p>Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou TV, além da pena</p><p>prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação.</p><p>Art. 249</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou</p><p>decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou</p><p>Conselho Tutelar (em tese, a manutenção dos filhos em homeschooling, por ausência de</p><p>regulamentação, pode configurar essa conduta).</p><p>PENA Multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.</p><p>Art. 250</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Hospedar criança/adolescente desacompanhado dos pais/responsável, ou sem autorização</p><p>escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere.</p><p>PENA Multa.</p><p>REINCIDÊNCIA</p><p>o Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária</p><p>poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 dias.</p><p>o Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 dias, o estabelecimento</p><p>será definitivamente fechado e terá sua licença cassada.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 68</p><p>Art. 251</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos</p><p>arts. 83, 84 e 85 do ECA (que dispõem sobre autorização para viajar).</p><p>PENA Multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.</p><p>Art. 252</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil</p><p>acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão</p><p>ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.</p><p>PENA Multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.</p><p>Art. 253</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os</p><p>limites de idade a que não se recomendem.</p><p>PENA</p><p>Multa de 3 a 20 salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável,</p><p>separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.</p><p>Art. 254</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo sem aviso de sua classificação.</p><p>Nesse sentido, o STJ entendeu ser possível a condenação de emissora de TV ao pagamento</p><p>de indenização por danos morais coletivos por exibição de filme fora do horário</p><p>recomendado pelo órgão competente (info. 663).</p><p>PENA</p><p>Multa de 20 a 100 salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade</p><p>judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 69</p><p>Art. 255</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como</p><p>inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo.</p><p>PENA</p><p>Multa de 20 a 100 salários de</p><p>referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar</p><p>a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.</p><p>Art. 256</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo</p><p>com a classificação atribuída pelo órgão competente.</p><p>PENA</p><p>Multa de 3 a 20 salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária</p><p>poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.</p><p>Art. 257</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Descumprir obrigação constante dos arts. 78 (revistas e publicações com material</p><p>impróprio/inadequado) e 79 (revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil).</p><p>PENA</p><p>Multa de 3 a 20 salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem</p><p>prejuízo de apreensão da revista ou publicação.</p><p>Art. 258</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe o</p><p>ECA sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua</p><p>participação no espetáculo.</p><p>PENA</p><p>Multa de 3 a 20 salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária</p><p>poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 70</p><p>Art. 258-A</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos</p><p>cadastros previstos no:</p><p>o Art. 50 → registro de crianças e adolescentes em condições de serem</p><p>adotados e de pessoas interessadas na adoção.</p><p>o § 11 do art. 101 → cadastro contendo informações atualizadas sobre as crianças</p><p>e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional.</p><p>PENA Multa de R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de</p><p>crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais</p><p>habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento</p><p>institucional ou familiar.</p><p>Art. 258-B</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de</p><p>gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha</p><p>conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção.</p><p>PENA Multa de R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00.</p><p>FORMA</p><p>EQUIPARADA</p><p>Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à</p><p>garantia do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a referida comunicação.</p><p>Art. 258-C</p><p>DESCRIÇÃO</p><p>Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81 do ECA (proibição da venda</p><p>de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes) – também configura do crime do art.</p><p>243, do ECA.</p><p>PENA Multa de R$ 3.000,00 a R$ 10.000,00.</p><p>MEDIDA</p><p>ADMINISTRATIVA</p><p>Interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 3</p><p>Base principiológica</p><p>O ECA se funda em uma tríplice base principiológica:</p><p>PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO</p><p>INTEGRAL</p><p>As crianças e os adolescentes são considerados sujeitos de direitos (e</p><p>não mais simples objetos de tutela), possuindo os direitos fundamentais</p><p>inerentes a qualquer ser humano, bem como direitos específicos em</p><p>razão de sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento.</p><p>PRINCÍPIO DA PRIORIDADE</p><p>ABSOLUTA</p><p>Esse princípio abrange a formulação de políticas públicas e a destinação</p><p>de recursos para a área da infância e da juventude.</p><p>Na prática, é possível exigir judicialmente a observância desse princípio</p><p>(ex.: ACP ajuizada em face da prestação precária de serviços</p><p>essenciais decorrente da não priorização de recursos).</p><p>PRINCÍPIO DO MELHOR</p><p>INTERESSE</p><p>A utilização dos institutos ou instrumentos de proteção à criança e ao</p><p>adolescente deve atender ao seu melhor interesse. Nesse sentido,</p><p>deve-se conferir a esses sujeitos o direito à voz, promovendo a</p><p>progressiva participação destes nas decisões que lhes digam respeito.</p><p>Dispositivos constitucionais</p><p>Preliminarmente</p><p>Os arts. 227 a 229, da CRFB/88 estabelecem:</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS Das crianças e adolescentes.</p><p>DEVERES CORRESPONDENTES Da família, da sociedade e do Estado.</p><p>Maíra Zapater entende que os direitos constitucionais de crianças e adolescentes são cláusulas pétreas,</p><p>sendo vedada a deliberação de PEC tendente a aboli-los. Os fundamentos são diversos:</p><p>1</p><p>São normas que reproduzem os direitos previstos no art. 5º, observando a peculiaridade de se tratar</p><p>de pessoas em condição de desenvolvimento.</p><p>2 O poder constituinte optou pela primazia dos Direitos Humanos.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 4</p><p>3</p><p>A supressão desses direitos configuraria violação ao princípio da vedação ao retrocesso, previsto</p><p>tanto no Pacto de Direitos Civis e Políticos, quanto no Pacto de Direitos Econômicos Sociais e Culturais,</p><p>ambos ratificados pelo Brasil.</p><p>Artigo 227</p><p>É dever da FAMÍLIA, da SOCIEDADE e do ESTADO assegurar à CRIANÇA, ao ADOLESCENTE e ao</p><p>JOVEM, com ABSOLUTA PRIORIDADE, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à</p><p>profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de</p><p>colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.</p><p>Nos parágrafos seguintes, a CRFB/88 estabelece obrigações estatais específicas relacionadas à</p><p>garantia do exercício dos direitos por crianças e adolescentes. Vejamos:</p><p>ASSISTÊNCIA À</p><p>SAÚDE</p><p>O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do</p><p>adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais,</p><p>mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos:</p><p>o Aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na</p><p>assistência materno-infantil.</p><p>o Criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as</p><p>pessoas com deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração</p><p>social do adolescente e do jovem com deficiência, mediante o treinamento</p><p>para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e</p><p>serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas</p><p>as formas de discriminação.</p><p>TRABALHO</p><p>No tocante ao trabalho, o direito à proteção especial abrange o seguinte:</p><p>- Idade mínima de 14 anos para admissão ao trabalho (como aprendiz).</p><p>o Menor de 18 → proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre.</p><p>o Menor de 16 → proibido qualquer trabalho (salvo como aprendiz).</p><p>- Garantia de direitos previdenciários e trabalhistas.</p><p>- Garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 5</p><p>DIREITOS</p><p>PROCESSUAIS</p><p>- Garantia de pleno e formal CONHECIMENTO da atribuição de ato infracional,</p><p>IGUALDADE na relação processual e DEFESA TÉCNICA por profissional habilitado,</p><p>segundo dispuser a legislação tutelar específica.</p><p>- Obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição</p><p>peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida</p><p>PRIVATIVA DA LIBERDADE.</p><p>PROTEÇÃO EM</p><p>SITUAÇÕES DE</p><p>RISCO</p><p>- Estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e</p><p>subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou</p><p>adolescente órfão ou abandonado.</p><p>- Programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente</p><p>e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.</p><p>NORMAS</p><p>PROGRAMÁTICAS</p><p>São comandos da CRFB/88 para que o Estado produza normas para a efetivação</p><p>de direitos de crianças e adolescentes, em especial:</p><p>o A punição do abuso, da violência e da exploração sexual.</p><p>o A adoção assistida pelo Poder Público.</p><p>o A proibição discriminações relativas à filiação (ex..: filho biológico e filho</p><p>adotivo, filho havido na relação do casamento ou não).</p><p>PROTEÇÃO À</p><p>JUVENTUDE</p><p>A CRFB/88 determina o estabelecimento:</p><p>o Do estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens.</p><p>o Do plano nacional de juventude, de DURAÇÃO DECENAL, a fim de articular</p><p>esferas do poder público para a execução de políticas públicas.</p><p>Artigo 228</p><p>A Constituição Federal estabelece, em seu art. 228, a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos,</p><p>sujeitando-os às normas da legislação especial. Assim, criança e adolescente não praticam crime, mas ato</p><p>infracional, sendo a inimputabilidade aferida NO MOMENTO DA CONDUTA.</p><p>ATO INFRACIONAL</p><p>Entende-se por ato infracional a conduta descrita como CRIME OU CONTRAVENÇÃO PENAL praticada</p><p>por criança ou adolescente, passível de medida socioeducativa (e não de pena).</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 6</p><p>Artigo 229</p><p>Por fim, o art. 229 da Constituição Federal, dispõe:</p><p>OS PAIS têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e OS FILHOS MAIORES têm o dever</p><p>de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 7</p><p>ECA – PARTE GERAL</p><p>Introdução</p><p>Definição de criança e adolescente</p><p>Segundo o ECA, considera-se CRIANÇA a pessoa até doze anos de idade incompletos, e</p><p>ADOLESCENTE aquela entre doze e dezoito anos de idade. Assim</p><p>CRIANÇA Pessoa com até 12 anos de idade, incompletos.</p><p>ADOLESCENTE Pessoa entre 12 e 18 anos de idade.</p><p>Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente o ECA às pessoas entre 18 e 21 anos. Isso</p><p>ocorre quando o adolescente pratica ato infracional, caso em que, segundo o STF, se eventualmente a medida</p><p>socioeducativa superar o limite dos 18 anos, ela poderá ser executada até os 21 anos, quando a liberação</p><p>tornar-se-á compulsória (info. 547). No mesmo sentido, dispõe a Súmula 605 do STJ</p><p>SÚMULA 605 DO STJ</p><p>A superveniência da maioridade penal NÃO INTERFERE na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de</p><p>medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, ENQUANTO não atingida a idade de 21 anos.</p><p>Consequências da definição</p><p>Dentre outras consequências, a definição de criança e de adolescente define a aplicação ou não de</p><p>medida socioeducativa. Além disso, o adolescente deverá, necessariamente, ser ouvido no processo de adoção,</p><p>enquanto a criança será ouvida sempre que possível. Assim</p><p>CRIANÇA</p><p>Não se sujeita a medida socioeducativa.</p><p>Será ouvida sempre que possível na adoção.</p><p>ADOLESCENTE</p><p>Sujeita-se a medida socioeducativa.</p><p>Será necessariamente ouvido na adoção.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 8</p><p>0 - 6 anos</p><p>(criança na 1ª infância)</p><p>6 - 12 anos</p><p>(criança)</p><p>12 - 15 anos</p><p>(adolescente)</p><p>15 - 18 anos</p><p>(adolescente</p><p>jovem)</p><p>Outras definições importantes</p><p>Além das definições estudadas anteriormente, outras normas também estabelecem definições</p><p>importantes com base no critério etário. São elas:</p><p>LEI DA PRIMEIRA INFÂNCIA</p><p>Considera-se primeira infância o período que abrange os primeiros 6</p><p>anos completos ou 72 meses de vida da criança. Nesse período, a</p><p>criança deverá receber proteção especial.</p><p>ESTATUTO DA JUVENTUDE</p><p>São consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos</p><p>de idade. Assim, entre os 15 e 18 anos, aplica-se ao adolescente o</p><p>ECA e o Estatuto da Juventude (quando não conflitar com as</p><p>normas de proteção integral).</p><p>CONVENÇÃO INTERNACIONAL</p><p>SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA</p><p>A referida Convenção considera criança a pessoa menor de 18 anos</p><p>de idade, não havendo diferença entre criança e adolescente.</p><p>Entretanto, havendo conflito entre a Convenção e a legislação</p><p>interna, prevalece a última.</p><p>Esquematizando:</p><p>Direitos fundamentais</p><p>Preliminarmente</p><p>O ECA elenca uma série de direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes, típicos de segunda</p><p>dimensão de direitos humanos, exigindo uma prestação positiva do Estado.</p><p>Direito à vida e à saúde</p><p>Introdução</p><p>A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas</p><p>sociais públicas que permitam o NASCIMENTO e o DESENVOLVIMENTO sadio e harmonioso, em condições</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 9</p><p>dignas de existência. Assim, o direito à vida, inerente a todo ser humano, abrange, evidentemente, as crianças</p><p>e adolescentes. Já o direito à saúde qualifica do direito à vida (= vida com saúde).</p><p>Direito à vida</p><p>Em relação ao direito à vida, alguns pontos merecem destaque:</p><p>NASCITURO</p><p>O nascituro (ente já concebido, mas ainda não nascido) tem direito de nascer e de</p><p>permanecer com vida, ressalvadas as exceções nas quais se permite a interrupção</p><p>da gravidez (hipóteses de aborto legal). São elas:</p><p>o Aborto necessário (risco de vida à gestante) – art. 128, I, CP.</p><p>o Aborto humanitário (gravidez decorrente de estupro) – art. 128, II, CP.</p><p>o Aborto de feto anencefálico – com subdesenvolvimento cerebral (devido à</p><p>ausência de potencialidade de sobrevida) – ADPF 54.</p><p>Além disso, o STF, em sede de CONTROLE DIFUSO (HC 124.306), entendeu que a</p><p>interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria</p><p>gestante ou com o seu consentimento não é crime, sendo a criminalização, nessa</p><p>hipótese, violadora de direitos fundamentais da mulher (info. 849). O plenário ainda</p><p>não se manifestou sobre o caso (sugerimos o acompanhamento da ADPF 442).</p><p>CÉLULAS-TRONCO</p><p>EMBRIONÁRIAS</p><p>As células-tronco podem se transformar em qualquer tecido do corpo, por isso a</p><p>comunidade científica pesquisa o seu potencial para tratar diversas doenças.</p><p>A extração de células-tronco de embriões, faz com que estes deixem de existir,</p><p>por isso discutia-se se isso configuraria uma hipótese de interrupção da vida.</p><p>A partir da Lei de Biossegurança, cuja constitucionalidade foi confirmada pelo STF,</p><p>passou a ser autorizada a pesquisa e a terapia com células-tronco de embriões</p><p>humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizadas, desde que atendidas as</p><p>condições legais (art. 5º, da Lei n. 11.105/2005).</p><p>Direito à saúde</p><p>Conforme vimos, a proteção à criança e ao adolescente não se inicia apenas com o nascimento. Por isso,</p><p>a proteção à saúde abrange as mulheres e as gestantes:</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 10</p><p>TODAS AS</p><p>MULHERES</p><p>É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e</p><p>de planejamento reprodutivo.</p><p>GESTANTES</p><p>o São assegurados:</p><p>✓ Nutrição adequada.</p><p>✓ Atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério.</p><p>✓ Atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do SUS.</p><p>o Atendimento profissional:</p><p>✓ Pré-natal → por profissionais da atenção primária.</p><p>✓ Último trimestre da gestação → os profissionais de saúde de referência da</p><p>gestante garantirão sua vinculação ao estabelecimento em que será realizado o</p><p>parto, garantido o direito de opção da mulher.</p><p>o É garantida a alta hospitalar responsável e a contrarreferência na atenção primária, bem</p><p>como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação.</p><p>o A assistência psicológica será garantida:</p><p>✓ À gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir</p><p>ou minorar as consequências do estado puerperal.</p><p>✓ A gestantes e mães que queiram entregar seus filhos para adoção.</p><p>✓ A gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade.</p><p>o A assistência psicológica à gestante, à parturiente e à puérpera deve ser indicada após</p><p>avaliação do profissional de saúde no pré-natal e no puerpério, com encaminhamento de</p><p>acordo com o prognóstico (novidade trazida pela Lei n. 14.721/23).</p><p>o A gestante deverá receber orientação sobre:</p><p>✓ Aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e</p><p>desenvolvimento infantil.</p><p>✓ Formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o</p><p>desenvolvimento integral da criança.</p><p>o Deverá ser feita a BUSCA ATIVA da gestante que não iniciar ou abandonar as</p><p>consultas de pré-natal e da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto.</p><p>o Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na 1ª infância que se</p><p>encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às</p><p>normas sanitárias e assistenciais do SUS para o acolhimento do filho, em articulação com</p><p>o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 1</p><p>A Lei n. 13.798/2019 instituiu a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser</p><p>realizada na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar informações</p><p>sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na</p><p>adolescência. Essas ações ficarão a cargo do poder público + organizações da sociedade civil.</p><p>O ECA também assegura o acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do</p><p>adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, observado o princípio da equidade no acesso a</p><p>ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. Ademais:</p><p>A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas</p><p>necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação.</p><p>É OBRIGATÓRIA a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Nesse</p><p>sentido, a jurisprudência admite que o Poder Público obrigue os pais por meio de ordem judicial ou do Conselho</p><p>Tutelar. Além disso, o STF já decidiu que essa obrigatoriedade NÃO VIOLA a liberdade de consciência e de</p><p>convicção filosófica, nem o exercício do poder familiar (info. 1003).</p><p>Direito à l iberdade, ao respeito e à dignidade</p><p>Introdução</p><p>A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em</p><p>desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.</p><p>Direito à liberdade</p><p>O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:</p><p>1 Ir, vir e estar em espaços públicos e comunitários, salvo restrições legais.</p><p>2 Opinião e expressão.</p><p>3 Crença e culto religioso.</p><p>4 Brincar, praticar esportes e divertir-se.</p><p>5 Participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação.</p><p>6 Participar da vida política, na forma da lei.</p><p>7 Buscar refúgio, auxílio e orientação.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 2</p><p>Em relação ao direito à liberdade, há duas importantes discussões:</p><p>TOQUE DE</p><p>RECOLHER</p><p>É VEDADA a instituição de toque de recolher por portaria judicial ou lei municipal</p><p>a fim de</p><p>restringir o direito de ir e vir de crianças e adolescentes em espaços públicos</p><p>desacompanhados dos pais ou responsáveis. Isso porque ↴</p><p>o Trata-se de uma retomada da doutrina da situação irregular.</p><p>o O ECA veda as determinações de caráter geral, sendo possível edição de portarias</p><p>e determinação de alvarás apenas para casos concretos e específicos.</p><p>ROLEZINHOS</p><p>Também não é possível a proibição dos chamados “rolezinhos” (encontros de jovens</p><p>combinados pela internet). Nesse sentido, o STJ, em sede de liminar no HC 320.938/SP,</p><p>anulou uma portaria editada pelo juiz, que proibia a circulação de crianças e adolescentes em</p><p>shoppings. Assim, ficou restabelecido o direito de ir e vir destes.</p><p>Direito ao respeito</p><p>O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do</p><p>adolescente, abrangendo a preservação da IMAGEM, da IDENTIDADE, da AUTONOMIA, dos VALORES,</p><p>IDEIAS e CRENÇAS, dos ESPAÇOS E OBJETOS pessoais.</p><p>Em relação à proteção da imagem da criança e do adolescente, o STJ estabeleceu, no REsp 509968-</p><p>SP, que é VEDADA a veiculação de material jornalístico com imagens que envolvam criança em situações</p><p>vexatórias ou constrangedoras, AINDA QUE não se mostre o rosto.</p><p>Direito à dignidade</p><p>É dever de TODOS velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer</p><p>tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.</p><p>A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de</p><p>tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto,</p><p>por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.</p><p>CASTIGO FÍSICO TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE</p><p>Pressupõe contato físico. Não é necessário o contato físico.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 3</p><p>Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer</p><p>A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,</p><p>preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:</p><p>1 Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.</p><p>2 Direito de ser respeitado por seus educadores.</p><p>3 Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores.</p><p>4 Direito de organização e participação em entidades estudantis.</p><p>5</p><p>Acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo</p><p>estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica.</p><p>É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:</p><p>1</p><p>Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, INCLUSIVE para os que a ele não tiveram acesso na</p><p>idade própria. Nesse sentido:</p><p>o O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.</p><p>o O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa</p><p>responsabilidade da autoridade competente.</p><p>o Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a</p><p>chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.</p><p>2 Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.</p><p>3 Atendimento educacional especializado às PCD’s, preferencialmente na rede REGULAR de ensino.</p><p>4 Atendimento em creche e pré-escola às crianças de ZERO A CINCO ANOS de idade.</p><p>5 Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística.</p><p>6 Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador.</p><p>7</p><p>Atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-</p><p>escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 4</p><p>Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.</p><p>Nesse sentido, o STJ fixou o entendimento no sentido de que a Justiça da Infância e da Juventude (e não o</p><p>juízo da Fazenda Pública – cuidado para não confundir ) tem competência para julgar causas envolvendo</p><p>matrículas de crianças e adolescentes em creches ou escolas (info. 685).</p><p>HOMESCHOOLING (ENSINO DOMICILIAR)</p><p>Em relação ao homeschooling, o STF decidiu NÃO ser possível atualmente no Brasil, uma vez que NÃO há</p><p>legislação que regulamente os preceitos e as regras aplicáveis a essa modalidade de ensino.</p><p>“Assim, o ensino domiciliar somente pode ser implementado no Brasil após uma regulamentação por meio de lei</p><p>na qual sejam previstos mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo essa lei respeitar os mandamentos</p><p>constitucionais que tratam sobre educação” (info. 915).</p><p>Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar:</p><p>1 Maus-tratos envolvendo seus alunos.</p><p>2 Reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares.</p><p>3 Elevados níveis de repetência.</p><p>Em relação ao direito à cultura, ao esporte e ao lazer, o ECA prevê o seguinte:</p><p>CULTURA</p><p>No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos</p><p>próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a</p><p>liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.</p><p>ESPORTE E LAZER</p><p>Os MUNICÍPIOS, com apoio dos Estados e da União, estimularão e facilitarão a</p><p>destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de</p><p>lazer voltadas para a infância e a juventude.</p><p>As instituições sociais públicas ou privadas que desenvolvam atividades com crianças e adolescentes e</p><p>que recebam recursos públicos deverão exigir e manter certidões de antecedentes criminais de todos os seus</p><p>colaboradores, as quais deverão ser atualizadas a cada (Lei n. 14.811 de 2024 ).</p><p>Os estabelecimentos educacionais e similares, públicos ou privados, que desenvolvem atividades com</p><p>crianças e adolescentes, INDEPENDENTEMENTE de recebimento de recursos públicos, deverão manter</p><p>fichas cadastrais e certidões de antecedentes criminais atualizadas de todos os seus colaboradores.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 5</p><p>Direito à profissional ização e à proteção no trabalho</p><p>O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados:</p><p>1 O respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.</p><p>2 A capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.</p><p>A leitura combinada do ECA e da CRFB/88 permite identificar os seguintes limites etários:</p><p>FAIXA ETÁRIA TIPO DE TRABALHO PERMITIDO</p><p>ATÉ 14 ANOS INCOMPLETOS Proibido qualquer tipo de trabalho.</p><p>ENTRE 14 E 18 ANOS INCOMPLETOS Permitido o trabalho na condição de aprendiz.</p><p>ENTRE 16 E 18 ANOS INCOMPLETOS</p><p>Permitido o trabalho executado fora do processo de</p><p>aprendizagem (salvo perigoso, insalubre e noturno).</p><p>Direito à convivência famil iar e comunitária</p><p>Preliminarmente</p><p>Devido à importância desse assunto para as provas, ele foi deslocado do tópico de direitos fundamentais</p><p>para este tópico, no qual serão detalhados os aspectos mais relevantes.</p><p>Disposições gerais</p><p>Convivência familiar</p><p>É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e,</p><p>EXCEPCIONALMENTE, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que</p><p>garanta seu desenvolvimento integral. Deste modo, é possível concluir o seguinte:</p><p>REGRA Criação e educação no seio da própria família.</p><p>EXCEÇÃO Inserção em família substituta (guarda, tutela ou adoção).</p><p>Programa de acolhimento familiar ou institucional</p><p>A inserção da criança ou do adolescente em programa de acolhimento familiar ou institucional é medida</p><p>excepcional e deve observar as seguintes regras:</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 6</p><p>Situações especiais</p><p>A convivência familiar é garantida, ainda, nas seguintes situações:</p><p>SITUAÇÃO GARANTIA</p><p>MÃE OU PAI PRIVADO</p><p>DE LIBERDADE</p><p>Visitas periódicas promovidas:</p><p>o Pelo responsável</p><p>o Pela entidade responsável (nas hipóteses de acolhimento institucional)</p><p>INDEPENDENTEMENTE de autorização judicial.</p><p>MÃE ADOLESCENTE EM</p><p>ACOLHIMENTO</p><p>INSTITUCIONAL</p><p>Convivência integral da criança com a mãe adolescente, a qual será assistida por</p><p>equipe especializada multidisciplinar.</p><p>Igualdade entre os filhos</p><p>Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os MESMOS DIREITOS E</p><p>QUALIFICAÇÕES, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. Contudo, em relação a</p><p>fixação de alimentos em valores ou percentuais diferenciados, o STJ (info. 628) decidiu o seguinte:</p><p>REGRA</p><p>Pelo princípio da igualdade entre os filhos, não é possível fixar alimentos em</p><p>valores ou percentuais diferenciados entre os filhos.</p><p>• REGRA: o tempo de permanência é de NO MÁXIMO 18 meses.</p><p>• EXCEÇÃO: comprovada necessidade que atenda ao seu superior</p><p>interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.</p><p>PERMANÊNCIA</p><p>• A situação será reavaliada, NO MÁXIMO, a cada 3 meses, devendo o juiz</p><p>decidir fundamentadamente pela reintegração familiar OU pela colocação</p><p>em família substituta.</p><p>REAVALIAÇÃO</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 7</p><p>EXCEÇÕES</p><p>Excepcionalmente, é possível a fixação diferenciada por razões ligadas:</p><p>o A necessidades diferenciadas entre os filhos (ex.: um dos filhos com</p><p>doença que demanda necessidades específicas).</p><p>o À capacidade de contribuição diferenciada entre genitores (ex.:</p><p>alimentante com filhos de relacionamentos distintos sendo que a genitora</p><p>de um deles não possui renda e a outra possui um emprego estável).</p><p>Reconhecimento de filhos</p><p>Acerca do reconhecimento do vínculo de filiação:</p><p>O PAI Tem o DIREITO de reconhecer o filho.</p><p>O FILHO Tem o DIREITO de ter o vínculo (estado de filiação) reconhecido.</p><p>O reconhecimento da filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado</p><p>contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça, sendo que:</p><p>SÚMULA 149 DO STF</p><p>É a ação de investigação de paternidade, mas a de petição de herança.</p><p>O ato é IRREVOGÁVEL, salvo se o pai foi induzido a erro e, após o registro, tomou conhecimento de</p><p>uma traição e rompeu o vínculo afetivo (info. 555 do STJ).</p><p>Entrega para adoção</p><p>Com o objetivo de diminuir os casos de abandono, a Lei n. 13.509/2017 estabelece que a gestante ou</p><p>mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será</p><p>encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude, devendo ser observado o seguinte procedimento:</p><p>1</p><p>OITIVA ↴</p><p>o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude.</p><p>2</p><p>RELÁTÓRIO ↴</p><p>o A equipe interprofissional apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando inclusive</p><p>os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 8</p><p>3</p><p>ENCAMINHAMENTO ↴</p><p>o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá determinar o encaminhamento da</p><p>gestante ou mãe, mediante sua expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência</p><p>social para atendimento especializado.</p><p>4</p><p>BUSCA PELO GENITOR OU PELA FAMÍLIA EXTENSA ↴</p><p>o Se a mãe indicar o genitor, deve ser feita a tentativa de que este assuma a criança.</p><p>o Se a mãe não o fizer, busca-se a família extensa (por no máx. 90 dias, prorrogável por + 90).</p><p>5</p><p>DECRETAÇÃO DA PERDA DO PODER FAMILIAR ↴</p><p>o Não havendo pai ou família extensa, decreta-se a perda do poder familiar.</p><p>6</p><p>ENCAMINHAMENTO DA CRIANÇA ↴</p><p>o Com a perda do poder familiar, coloca-se a criança sob a guarda provisória:</p><p>✓ De quem esteja habilitado a adotá-la.</p><p>✓ De entidade de acolhimento familiar ou institucional.</p><p>7</p><p>AÇÃO DE ADOÇÃO ↴</p><p>o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção, contado</p><p>do dia seguinte à data do término do estágio de convivência.</p><p>Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada em audiência ou perante a equipe</p><p>interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, a criança será mantida com estes, e será</p><p>determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 dias.</p><p>Programa de apadrinhamento</p><p>A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de</p><p>programa de apadrinhamento, que tem por objetivo estabelecer e proporcionar a estes vínculos externos à</p><p>instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos</p><p>social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. Podem ser padrinhos ou madrinhas:</p><p>1</p><p>Pessoas maiores de 18 anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos</p><p>exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 1 9</p><p>2 Pessoas jurídicas que queiram colaborar para o desenvolvimento de criança ou adolescente.</p><p>O perfil do apadrinhado será definido por cada programa de apadrinhamento, com PRIORIDADE para</p><p>crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva.</p><p>Modalidades de famíl ia</p><p>O ECA traz as seguintes modalidades de família:</p><p>No próximo tópico, serão detalhadas as formas de colocação em família substituta (guarda, tutela e</p><p>adoção), tema extremamente relevante para as provas.</p><p>Colocação em famíl ia substituta</p><p>Introdução</p><p>Na impossibilidade, mesmo temporária, de permanência da criança ou do adolescente no seio de sua</p><p>família, é feita a colocação em família substituta, de forma excepcional. Nesse contexto:</p><p>A CRIANÇA O ADOLESCENTE</p><p>Será previamente OUVIDA, sempre que possível, e</p><p>terá sua opinião devidamente considerada.</p><p>Terá, necessariamente, seu CONSENTIMENTO</p><p>colhido em audiência.</p><p>Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de</p><p>afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.</p><p>Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta,</p><p>RESSALVADA a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique solução diversa,</p><p>procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.</p><p>MODALIDADES</p><p>DE FAMÍLIA</p><p>FAMÍLIA</p><p>NATURAL</p><p>Formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.</p><p>FAMÍLIA</p><p>EXTENSA</p><p>Estende-se para além da unidade pais e filhos ou da</p><p>unidade do casal, sendo formada por parentes próximos</p><p>com os quais a criança ou adolescente convive e mantém</p><p>vínculos de afinidade e afetividade.</p><p>FAMÍLIA</p><p>SUBSTITUTA</p><p>A colocação em família substituta far-se-á mediante</p><p>guarda, tutela ou adoção.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 20</p><p>Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou quilombola, é ainda OBRIGATÓRIO:</p><p>1</p><p>Que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições,</p><p>bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais</p><p>reconhecidos pelo ECA e pela Constituição Federal.</p><p>2</p><p>Que a colocação familiar ocorra PRIORITARIAMENTE:</p><p>o No seio de sua comunidade.</p><p>o Junto a membros da mesma etnia.</p><p>3</p><p>A intervenção e oitiva:</p><p>o De representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças</p><p>e adolescentes indígenas.</p><p>o De antropólogos.</p><p>Guarda</p><p>Definição</p><p>A guarda é uma modalidade de colocação em família substituta que se destina a regularizar a posse de</p><p>fato (ou seja, regularizar uma situação já consolidada), podendo ser deferida:</p><p>EM</p><p>REGRA</p><p>Nos procedimentos de TUTELA E ADOÇÃO (liminar ou incidentalmente), exceto no</p><p>procedimento de adoção por estrangeiros.</p><p>EXCEPCIONALMENTE</p><p>FORA DOS CASOS DE TUTELA E ADOÇÃO, para atender a situações peculiares</p><p>ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito</p><p>de representação para a prática de atos determinados.</p><p>Efeitos</p><p>A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente,</p><p>conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, INCLUSIVE aos pais.</p><p>A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de</p><p>direito, INCLUSIVE previdenciários. Nesse sentido, o STF se posicionou no sentido de que o “menor” sob guarda</p><p>é dependente previdenciário, desde que demonstre dependência econômica, a despeito de a Lei n. 8.213/91 não</p><p>o elencar como dependente (ADI’s 4.878 e 5.083).</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 2 1</p><p>Poder familiar</p><p>A concessão da guarda é uma medida de natureza provisória e não acarreta a destituição do poder</p><p>familiar, sendo possível, inclusive, que a mãe biológica se oponha à ação de guarda de sua filha, AINDA QUE esta</p><p>já tenha perdido o poder familiar (info. 661 do STJ).</p><p>No mesmo sentido, o STJ já decidiu que a concessão de guarda do menor não implica automática</p><p>destituição do poder-dever familiar dos pais para representá-lo em juízo (info. 664).</p><p>Além disso, em regra, o deferimento da guarda não impede o exercício do direito de visitas pelos pais,</p><p>assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do</p><p>interessado ou do MP. São exceções a essa regra:</p><p>1 Decisão judicial fundamentada em contrário.</p><p>2 Medida aplicada em preparação para adoção.</p><p>Revogação</p><p>A guarda poderá ser revogada A QUALQUER TEMPO, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o MP.</p><p>Isso não significa dizer que a decisão proferida em ação de guarda faça apenas coisa julgada formal, havendo</p><p>também a coisa julgada material. O que ocorre é que, como se trata de relação jurídica continuada, ela está</p><p>sujeita à cláusula rebus sic stantibus, podendo ser alterada sempre que houver alteração da situação fática.</p><p>Tutela</p><p>Definição</p><p>A tutela, assim como a guarda, é uma modalidade de colocação em família substituta que se destina a</p><p>regularizar a posse de fato da criança/adolescente, conferindo ao tutor, ainda, o direito de representação do</p><p>tutelado, permitindo a administração de bens e interesses deste. Entretanto, ao contrário da guarda, a tutela</p><p>PRESSUPÕE a perda ou a suspensão do poder familiar e IMPLICA o dever de guarda.</p><p>A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 anos incompletos.</p><p>Tutela testamentária</p><p>O tutor nomeado por testamento deverá, no prazo de 30 dias da abertura da sucessão, ingressar com</p><p>pedido destinado ao controle judicial do ato. Entretanto, o pedido só será deferido se restar comprovado ↴</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 22</p><p>1 Que a medida é vantajosa ao tutelando.</p><p>2 Que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.</p><p>Adoção</p><p>Definição</p><p>A adoção é modalidade de colocação em família substituta na qual há o afastamento definitivo da família</p><p>biológica, estabelecendo-se um parentesco civil entre adotante e adotado.</p><p>Características</p><p>Para a maioria da doutrina, a adoção é um ato jurídico em sentido estrito, ou seja, é uma simples</p><p>manifestação de vontade que determina a produção de efeitos legalmente previstos (mera intenção de praticar</p><p>o ato prescrito na lei). Além disso, o ECA estabelece que a adoção é medida:</p><p>EXCEPCIONAL</p><p>Deve ser adotada apenas quando esgotados os recursos de manutenção da</p><p>criança ou adolescente na família natural ou extensa.</p><p>IRREVOGÁVEL</p><p>Uma vez estabelecido o vínculo de filiação, este não pode ser desfeito.</p><p>Contudo, essa característica pode ser mitigada em favor do melhor interesse do</p><p>adotando (info. 608 do STJ).</p><p>Vedações</p><p>É vedada:</p><p>1 A adoção por procuração (a adoção é ato PERSONALÍSSIMO).</p><p>2</p><p>A adoção por tutor ou curador, enquanto não der conta de sua administração (a partir da prestação</p><p>de contas, cessa o impedimento).</p><p>3</p><p>A adoção por ascendentes e irmãos do adotando. Contudo, o STJ (info. 678) já decidiu que esta regra</p><p>pode ser mitigada em favor do melhor interesse do adotando, desde que:</p><p>o O pretenso adotando seja menor de idade.</p><p>o Os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do neto</p><p>desde o seu nascimento.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 23</p><p>o A parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial.</p><p>o O adotando reconheça os adotantes como seus genitores e seu pai (ou mãe) como irmão.</p><p>o Inexista conflito familiar a respeito da adoção.</p><p>o Não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando.</p><p>o Não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância de</p><p>interesses econômicos.</p><p>o A adoção apresente reais vantagens para o adotando.</p><p>Em suma, oficializa-se uma situação consolidada.</p><p>Requisitos</p><p>Os requisitos para a adoção são divididos em:</p><p>SUBJETIVOS</p><p>o Idoneidade do adotante.</p><p>o Animus (vontade) de adotar.</p><p>o Reais vantagens para o adotando.</p><p>OBJETIVOS</p><p>o Idade ↴</p><p>➢ Idade mínima do adotante → 18 anos.</p><p>➢ Diferença de idade entre adotante e adotado → 16 anos (a regra pode ser</p><p>mitigada em favor do melhor interesse do adotando – info. 658 do STJ).</p><p>o Consentimento dos pais (salvo se desconhecidos ou destituídos do poder familiar) e</p><p>do adolescente (é indispensável – já a criança deve ser ouvida).</p><p>o Precedência do estágio de convivência ↴</p><p>➢ Adoção nacional → prazo máximo de 90 dias (+90).</p><p>➢ Adoção internacional → prazo mín. de 30 e máx. de 45 dias (prorrogáveis).</p><p>o Prévio cadastramento, salvo ↴</p><p>➢ Pedido de adoção unilateral.</p><p>➢ Pedido por membro da família extensa ou ampliada.</p><p>➢ Pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 anos ou</p><p>adolescente, observados os demais requisitos legais.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 24</p><p>Adoção internacional</p><p>A adoção internacional ocorre quando o domicílio do adotante é fora do Brasil, independentemente da</p><p>nacionalidade deste. Entretanto, os brasileiros residentes no exterior têm preferência aos estrangeiros.</p><p>Essa modalidade só deverá ocorrer se restar comprovado:</p><p>1 Que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto.</p><p>2</p><p>Que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação em família adotiva brasileira, com a</p><p>comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com</p><p>perfil compatível com a criança ou adolescente.</p><p>3</p><p>Que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu</p><p>estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado</p><p>por equipe interprofissional.</p><p>Adoção à brasileira</p><p>A adoção à brasileira ocorre quando uma pessoa registra filho alheio como próprio, o que é tipificado</p><p>como crime pelo art. 242 do Código Penal. Apesar disso, trata-se de uma espécie de filiação socioafetiva, que</p><p>produz efeitos jurídicos (direitos e deveres). Nesse sentido, o STJ tem os seguintes entendimentos:</p><p>REGRA</p><p>Não são admitidos pedidos de anulação de registros civis decorrentes de adoção à brasileira,</p><p>devendo prevalecer a filiação socioafetiva e o melhor interesse da criança.</p><p>EXCEÇÃO</p><p>Se o adotado à brasileira deseja recuperar o estado de filiação biológico, é possível</p><p>desconstituir o vínculo.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 25</p><p>Procedimento</p><p>A adoção deve observar o seguinte procedimento:</p><p>1</p><p>• PETIÇÃO INICIAL AO JUÍZO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE</p><p>• Deve conter a qualificação do adotante e os documentos exigidos por lei, devendo ser</p><p>informado o perfil da criança/adolescente que se pretende adotar.</p><p>2</p><p>• HABILITAÇÃO - PRAZO MÁXIMO DE 120 DIAS (+120)</p><p>• Nessa fase, são exigidas diversas formalidades do interessado, inclusive a participação em</p><p>programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude (com cursos, palestras etc).</p><p>3</p><p>• PARECER DO MP + DECISÃO JUDICIAL</p><p>• Aqui é deferida (ou não) a habilitação do interessado.</p><p>4</p><p>• INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE INTERESSADOS</p><p>• Com a inscrição no cadastro, a convocação para a adoção será feita em ordem</p><p>cronológica (em regra) e de acordo com a disponibilidade de adotáveis.</p><p>5</p><p>• AVISO AO INTERESSADO</p><p>• A Vara da Infância e da Juventude avisa o candidato inscrito que há pessoa apta à adoção.</p><p>6</p><p>• ENCONTRO COM O ADOTANDO E OITIVA DESTE</p><p>• O candidato se encontra com a criança/adolescente a fim de conhecê-lo(a), devendo</p><p>haver a oitiva deste(a) após o encontro.</p><p>7</p><p>• CONVIVÊNCIA MONITORADA + AÇÃO DE ADOÇÃO</p><p>• Após a convivência monitorada (com visitas ao abrigo e passeios), há o ajuizamento da</p><p>ação de adoção.</p><p>8</p><p>• GUARDA PROVISÓRIA + INSTRUÇÃO PROCESSUAL + SENTENÇA</p><p>• Concede-se a guarda provisória da criança/adolescente, procede-se à instrução processual</p><p>e, ao final, há a sentença (se favorável, há um novo registro de nascimento do adotado).</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 26</p><p>Poder famil iar</p><p>Definição</p><p>O poder familiar é um conjunto de direitos e deveres dos pais em relação aos filhos menores. Nesse</p><p>sentido, aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no</p><p>interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.</p><p>Igualdade entre genitores</p><p>O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser</p><p>a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade</p><p>judiciária competente para a solução da divergência.</p><p>Do mesmo modo, a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades</p><p>compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar</p><p>de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança previstos no ECA.</p><p>Perda e suspensão</p><p>A negligência dos pais em relação aos deveres decorrentes do poder familiar pode acarretar, a perda</p><p>ou a suspensão deste. Ambas são medidas excepcionais e dependem de autorização judicial.</p><p>HIPÓTESES</p><p>SUSPENSÃO</p><p>o Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes</p><p>ou arruinando os bens dos filhos, o juiz – quando provocado – pode suspender o poder</p><p>familiar, quando convenha.</p><p>o Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados</p><p>por sentença irrecorrível, por crime cuja pena exceda a 2 anos de prisão.</p><p>PERDA</p><p>Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:</p><p>o Castigar imoderadamente o filho.</p><p>o Deixar o filho em abandono.</p><p>o Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes.</p><p>o Incidir, reiteradamente, nas faltas que podem acarretar a suspensão.</p><p>o Entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 27</p><p>Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que:</p><p>o Praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ↴</p><p>➢ Homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte,</p><p>quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou</p><p>menosprezo ou discriminação à condição de mulher.</p><p>➢ Estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.</p><p>o Praticar contra filho, filha ou outro descendente ↴</p><p>➢ Homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte,</p><p>quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou</p><p>menosprezo ou discriminação à condição de mulher.</p><p>➢ Estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito</p><p>à pena de reclusão.</p><p>A falta ou a carência de recursos materiais NÃO CONSTITUI motivo suficiente para a perda ou a</p><p>suspensão do poder familiar.</p><p>Legitimidade ativa</p><p>Podem propor a ação de perda ou suspensão do poder familiar:</p><p>1</p><p>O Ministério Público.</p><p>O MP, se não for autor, deve atuar no processo como fiscal da lei.</p><p>2</p><p>Quem tenha legítimo interesse.</p><p>O STJ já decidiu ser possível, no caso concreto, que pessoa que não tenha vínculo de parentesco</p><p>requeira a destituição do poder familiar.</p><p>Conclusão</p><p>A sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro</p><p>de nascimento da criança ou do adolescente.</p><p>O prazo máximo para a conclusão do procedimento será de 120 dias.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 28</p><p>Prevenção</p><p>Disposições gerais</p><p>É dever de TODOS prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do</p><p>adolescente. Além disso, UNIÃO, ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS deverão atuar de forma articulada na</p><p>elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a ↴</p><p>1 Coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante.</p><p>2 Difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes.</p><p>Para tanto, o ECA elenca, exemplificadamente, as seguintes ações ↴</p><p>1</p><p>A promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e do</p><p>adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou</p><p>degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos.</p><p>2</p><p>A integração com os órgãos do Poder Judiciário, do MP e da Defensoria Pública, com o Conselho</p><p>Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não</p><p>governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança/adolescente.</p><p>3</p><p>A formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social e</p><p>dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança/adolescente</p><p>para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao</p><p>diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente.</p><p>4</p><p>O apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra a</p><p>criança e o adolescente.</p><p>5</p><p>A inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os direitos da criança e do adolescente,</p><p>desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de promover</p><p>a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de</p><p>tratamento cruel ou degradante no processo educativo.</p><p>6</p><p>A promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e a elaboração de planos</p><p>de atuação conjunta focados nas famílias em situação de violência, com participação de profissionais</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 29</p><p>de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos</p><p>direitos da criança e do adolescente.</p><p>7</p><p>A promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de outras informações relevantes às</p><p>consequências e à frequência das formas de violência contra a criança e o adolescente para a</p><p>sistematização de dados nacionalmente unificados e a avaliação periódica dos resultados.</p><p>8</p><p>O respeito aos valores da dignidade da pessoa humana, de forma a coibir a violência, o tratamento</p><p>cruel ou degradante e as formas violentas de educação, correção ou disciplina.</p><p>9</p><p>A promoção e a realização de campanhas educativas direcionadas ao público escolar e à sociedade</p><p>em geral e a difusão do ECA e dos instrumentos de proteção aos direitos</p><p>humanos das crianças e</p><p>dos adolescentes, incluídos os canais de denúncia existentes.</p><p>10</p><p>A celebração de convênios, de protocolos, de ajustes, de termos e de outros instrumentos de</p><p>promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não governamentais,</p><p>com o objetivo de implementar programas de erradicação da violência, de tratamento cruel ou</p><p>degradante e de formas violentas de educação, correção ou disciplina.</p><p>11</p><p>A capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros,</p><p>dos profissionais nas escolas, dos Conselhos Tutelares e dos profissionais pertencentes aos órgãos e</p><p>às áreas referidos no tópico 2, para que identifiquem situações em que crianças e adolescentes</p><p>vivenciam violência e agressões no âmbito familiar ou institucional.</p><p>12</p><p>A promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à</p><p>dignidade da pessoa humana, bem como de programas de fortalecimento da parentalidade positiva, da</p><p>educação sem castigos físicos e de ações de prevenção e enfrentamento da violência doméstica e</p><p>familiar contra a criança e o adolescente.</p><p>13</p><p>O destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, dos conteúdos relativos à</p><p>prevenção, à identificação e à resposta à violência doméstica e familiar.</p><p>As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas da saúde, da educação e em segmentos voltados</p><p>ao atendimento do público infantojuvenil (ex.: cultura, lazer e esportes), entre outras, devem contar, em seus</p><p>quadros, com pessoas capacitadas a RECONHECER e a COMUNICAR ao Conselho Tutelar suspeitas ou</p><p>casos de crimes praticados contra a criança e o adolescente.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 30</p><p>Prevenção especial</p><p>Da informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos</p><p>DIVERSÕES E</p><p>ESPETÁCULOS</p><p>O PODER PÚBLICO, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos</p><p>públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem,</p><p>locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.</p><p>Os RESPONSÁVEIS pelas diversões e espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível</p><p>e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza</p><p>do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.</p><p>TODA criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos</p><p>classificados como adequados à sua faixa etária.</p><p>As crianças menores de 10 anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de</p><p>apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.</p><p>EMISSORAS</p><p>DE RÁDIO E TV</p><p>As emissoras de rádio e TV somente exibirão, no horário recomendado para o público</p><p>infanto juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.</p><p>Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes</p><p>de sua transmissão, apresentação ou exibição.</p><p>REVISTAS E</p><p>PUBLICAÇÕES</p><p>As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e</p><p>adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem LACRADA, com a</p><p>ADVERTÊNCIA de seu conteúdo.</p><p>As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou</p><p>obscenas sejam protegidas com EMBALAGEM OPACA.</p><p>As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil NÃO PODERÃO conter</p><p>ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco,</p><p>armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos/sociais da pessoa e da família.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 3 1</p><p>Dos produtos e serviços</p><p>É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:</p><p>1 Armas, munições e explosivos.</p><p>2 Bebidas alcoólicas.</p><p>3 Produtos que possam causar dependência física ou psíquica AINDA QUE por utilização indevida.</p><p>4</p><p>Fogos de estampido e de artifício, EXCETO aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de</p><p>provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida.</p><p>5 Revistas e publicações com material impróprio ou inadequado.</p><p>6 Bilhetes lotéricos e equivalentes.</p><p>É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere,</p><p>SALVO se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.</p><p>O estabelecimento que desobedece a essa norma comete infração administrativa (art. 250, do ECA).</p><p>Da autorização para viajar</p><p>Quanto à autorização para viajar, vigoram as seguintes normas:</p><p>VIAGEM</p><p>NACIONAL</p><p>REGRA</p><p>Criança e adolescente até 16 anos precisam de:</p><p>o Autorização judicial, OU</p><p>o Estar acompanhados dos pais/responsáveis.</p><p>EXCEÇÕES</p><p>o Comarca contígua ou incluída na mesma região metropolitana.</p><p>o Se acompanhado de ascendente ou colateral maior até o 3º grau.</p><p>o Se acompanhado de pessoa maior autorizada pelos pais/responsáveis.</p><p>VIAGEM</p><p>INTERNACIONAL</p><p>REGRA Criança e adolescente precisam de autorização judicial.</p><p>EXCEÇÕES</p><p>o Se acompanhado de ambos os pais/responsáveis.</p><p>o Se acompanhado de um dos pais e autorizado pelo outro (com firma).</p><p>o Se desacompanhado ou acompanhado de 3os maiores, for autorizado</p><p>por ambos os pais com firma reconhecida (Resolução 131 do CNJ).</p><p>A firma reconhecida pode ser dispensada se um ou ambos os pais estiverem</p><p>presentes no momento do embarque (Lei n. 13.726 de 2018).</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 32</p><p>ECA – PARTE ESPECIAL</p><p>Política de atendimento</p><p>Disposições gerais</p><p>A política de atendimento dos direitos da criança/adolescente será feita por um conjunto articulado de</p><p>ações governamentais e não-governamentais, da U, E, DF, M (descentralização político-administrativa).</p><p>São linhas de ação da política de atendimento:</p><p>1 Políticas sociais básicas.</p><p>2</p><p>Serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de</p><p>prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências.</p><p>3</p><p>Serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-</p><p>tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão.</p><p>4</p><p>Serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos.</p><p>o OBS.: em cooperação com o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, o Cadastro</p><p>Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos e os demais cadastros, sejam eles</p><p>nacionais, estaduais ou municipais (Lei n. 14.548/23).</p><p>5 Proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.</p><p>6</p><p>Políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar</p><p>e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes.</p><p>7</p><p>Campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados</p><p>do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes,</p><p>com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.</p><p>São diretrizes da política de atendimento:</p><p>1 Municipalização do atendimento.</p><p>2</p><p>Criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos</p><p>deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular</p><p>paritária por meio de organizações representativas.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 33</p><p>3 Criação/manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa.</p><p>4</p><p>Manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos</p><p>direitos da criança e do adolescente.</p><p>5</p><p>Integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e</p><p>Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito</p><p>de agilização do atendimento</p><p>inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional.</p><p>6</p><p>Integração operacional de órgãos do Judiciário, MP, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados</p><p>da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do</p><p>atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou</p><p>institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar</p><p>comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta.</p><p>7 Mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade.</p><p>8</p><p>Especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à</p><p>primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil.</p><p>9</p><p>Formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança/adolescente que favoreça a</p><p>intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral.</p><p>10 Realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.</p><p>Entidades de atendimento</p><p>Definição</p><p>As entidades de atendimento são responsáveis pelo planejamento e execução de programas de proteção</p><p>e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:</p><p>1 Orientação e apoio sociofamiliar.</p><p>2 Apoio socioeducativo em meio aberto.</p><p>3 Colocação familiar.</p><p>4 Acolhimento institucional.</p><p>5 Prestação de serviços à comunidade.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 34</p><p>6 Liberdade assistida.</p><p>7 Semiliberdade.</p><p>8 Internação.</p><p>Fiscalização</p><p>As entidades de atendimento governamentais e não-governamentais serão fiscalizadas pelo Judiciário,</p><p>pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.</p><p>Prestação de contas</p><p>Os planos de aplicação e as prestações de contas serão apresentados ao estado ou ao município,</p><p>conforme a origem das dotações orçamentárias.</p><p>Medidas de proteção</p><p>Disposições gerais</p><p>As medidas de proteção são aplicáveis à criança e ao adolescente em SITUAÇÃO DE RISCO, ou seja,</p><p>quando seus direitos forem AMEAÇADOS OU VIOLADOS:</p><p>1 Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado.</p><p>2 Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável.</p><p>3 Em razão de sua própria conduta.</p><p>Princípios norteadores</p><p>Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se as que</p><p>visem ao fortalecimento dos vínculos familiares/comunitários. Também serão observados os seguintes princípios:</p><p>1</p><p>Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos → crianças e adolescentes são os</p><p>titulares dos direitos previstos no ECA e em outras Leis, bem como na Constituição Federal.</p><p>2</p><p>Proteção integral e prioritária → a interpretação e aplicação de qualquer norma do ECA deve ser</p><p>voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 35</p><p>3</p><p>Responsabilidade primária e solidária do poder público → a plena efetivação dos direitos assegurados</p><p>a crianças e a adolescentes pelo ECA e pela CRFB/88 é, em regra, de responsabilidade primária e</p><p>solidária das 3 esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade</p><p>da execução de programas por entidades não governamentais.</p><p>4</p><p>Interesse superior da criança e do adolescente → a intervenção deve atender prioritariamente aos</p><p>interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a</p><p>outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto.</p><p>5</p><p>Privacidade → a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada</p><p>no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada.</p><p>6</p><p>Intervenção precoce → a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a</p><p>situação de perigo seja conhecida.</p><p>7</p><p>Intervenção mínima → a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições</p><p>cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção.</p><p>8</p><p>Proporcionalidade e atualidade → a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de</p><p>perigo no momento em que a decisão é tomada.</p><p>9</p><p>Responsabilidade parental → a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus</p><p>deveres para com a criança e o adolescente.</p><p>10</p><p>Prevalência da família → na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve</p><p>ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa</p><p>ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração em família adotiva.</p><p>11</p><p>Obrigatoriedade da informação → a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de</p><p>desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos</p><p>seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como esta se processa.</p><p>12</p><p>Oitiva obrigatória e participação → a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais,</p><p>de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser</p><p>ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção,</p><p>sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 36</p><p>Medidas de proteção em espécie</p><p>Verificada a situação de risco, a autoridade competente poderá determinar (isolada ou cumulativamente),</p><p>dentre outras (o rol é exemplificativo), as seguintes medidas:</p><p>1 Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade.</p><p>2 Orientação, apoio e acompanhamento temporários.</p><p>3 Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental.</p><p>4</p><p>Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família,</p><p>da criança e do adolescente.</p><p>5 Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial.</p><p>6 Inclusão em programa de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.</p><p>7 Acolhimento institucional.</p><p>Cláusula de RESERVA DE JURISDIÇÃO (somente</p><p>o Juiz da Vara da Infância e da Juventude pode</p><p>aplicar – o Conselho Tutelar NÃO pode).</p><p>8 Inclusão em programa de acolhimento familiar.</p><p>9 Colocação em família substituta.</p><p>O acolhimento institucional (em instituição de acolhimento) e o acolhimento familiar (em família acolhedora)</p><p>são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como transição para reintegração familiar ou, não sendo esta</p><p>possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.</p><p>Competência para apl icação</p><p>São autoridades competentes para determinar as medidas de proteção:</p><p>JUIZ DA INFÂNCIA E JUVENTUDE Pode aplicar TODAS as medidas de proteção.</p><p>CONSELHO TUTELAR</p><p>Pode aplicar somente as medidas que NÃO acarretem o afastamento</p><p>da criança ou adolescente do convívio familiar. Ou seja, o Conselho</p><p>Tutelar NÃO PODE determinar:</p><p>o Acolhimento institucional.</p><p>o Acolhimento familiar.</p><p>o Colocação em família substituta.</p><p>Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com</p><p>P á g i n a 37</p><p>Em situações EXCEPCIONAIS a criança pode ser colocada em acolhimento institucional pelo Conselho</p><p>Tutelar (sem autorização judicial), caso se trate de situação de violência ou de abuso sexual. Nesse caso, o fato</p><p>deve ser comunicado em até 24 horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.</p><p>Medidas socioeducativas</p><p>Ato infracional</p><p>O ECA conceitua ato infracional como a conduta descrita como crime ou contravenção penal praticada</p><p>por criança (sujeita a medida protetiva) ou adolescente (sujeito a medida socioeducativa).</p>referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Art. 256 DESCRIÇÃO Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. PENA Multa de 3 a 20 salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Art. 257 DESCRIÇÃO Descumprir obrigação constante dos arts. 78 (revistas e publicações com material impróprio/inadequado) e 79 (revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil). PENA Multa de 3 a 20 salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação. Art. 258 DESCRIÇÃO Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe o ECA sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo. PENA Multa de 3 a 20 salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com P á g i n a 70 Art. 258-A DESCRIÇÃO Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no: o Art. 50 → registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas interessadas na adoção. o § 11 do art. 101 → cadastro contendo informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional. PENA Multa de R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00. FORMA EQUIPARADA Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar. Art. 258-B DESCRIÇÃO Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção. PENA Multa de R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00. FORMA EQUIPARADA Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a referida comunicação. Art. 258-C DESCRIÇÃO Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81 do ECA (proibição da venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes) – também configura do crime do art. 243, do ECA. PENA Multa de R$ 3.000,00 a R$ 10.000,00. MEDIDA ADMINISTRATIVA Interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa. Licensed to MAIRA CRISTINA DOS SANTOS - maira.neo@gmail.com