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<p>ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA</p><p>Caro(a) estudante,</p><p>A História também é importante para a Economia, facilitando através</p><p>da análise de fatos, a compreensão atual embasada na evolução histórica das</p><p>sociedades. As guerras, crises econômicas e revoluções, por exemplo,</p><p>modificam profundamente o comportamento e a evolução da economia, até</p><p>porque muitas delas têm motivações econômicas diretas ou indiretas. Além</p><p>de outras áreas a economia interage fortemente com a Filosofia e até mesmo</p><p>com questões religiosas, na Idade Média, por exemplo, apesar da ausência</p><p>de um estudo sistemático dos empasses econômicos, a atividade econômica</p><p>era fortemente conduzida por princípios morais e de justiça, como a lei da</p><p>usura e o conceito de preço justo. Nessa aula, você aprenderá a evolução da</p><p>ciência econômica, suas teorias, escolas e pensamentos.</p><p>AULA – 2</p><p>EVOLUÇÃO</p><p>DA ECONOMIA</p><p>Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá</p><p>como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade</p><p>de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e</p><p>Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo.</p><p>▪ Compreender o conceito de psicologia</p><p>▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia</p><p>▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo.</p><p>➢ Compreender a evolução da economia;</p><p>➢ Conhecer os principais contribuidores da ciência econômica;</p><p>➢ Aprender sobre as escolas econômicas</p><p>2 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA</p><p>Existe um consenso teórico, que a teoria econômica, de forma sistematizada,</p><p>começou com o trabalho de fisiocratas na França, mas principalmente, com a</p><p>publicação da obra “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das</p><p>nações”, do escocês, Adam Smith, no ano de 1776.</p><p>Em períodos anteriores, a atividade econômica humana era tratada e estudada</p><p>como parte integrante da filosofia social, da moral e da ética. Nesse sentido, a</p><p>atividade econômica deveria pautar-se por princípios gerais de ética, justiça e</p><p>igualdade. A noção de troca de Aristóteles e preço justo, em São Tomás de Aquino, a</p><p>condenação dos juros ou da usura encontravam sua justificativa em termos morais,</p><p>não existindo um estudo sistemático das relações econômicas.</p><p>Durante o século XIX, a economia era conhecida como economia política, mas</p><p>tendeu a desaparecer a partir do início do século XX, sob a influência de teorias</p><p>marginalistas que aspiravam a ciências puras como a física e a matemática, por isso</p><p>passou a ser conhecida como economia, nome simples, para a Ciências Econômica</p><p>(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).</p><p>2.1 Pioneiros da teoria econômica</p><p>Surgem as primeiras referências conhecidas à economia, na obra de Aristóteles</p><p>(384-322 a.C.), em sua pesquisa sobre aspectos da administração privada e das</p><p>finanças públicas. Os escritos de Platão (427-347 a.C.) e Xenofonte (440-335 a.C.)</p><p>também contêm algumas considerações econômicas, sendo que este último designa</p><p>a terminologia economia (oikonomia), no sentido de gestão de bens privados.</p><p>Roma não deixou nenhum escrito notável no campo da economia. Nos séculos</p><p>seguintes, até a época dos descobrimentos, são poucos trabalhos de destaque</p><p>encontrados, porém não apresentam um padrão homogêneo e estão permeados de</p><p>questões referentes à justiça e à moral. Os exemplos mais conhecidos são a já</p><p>mencionada lei da usura, a moralidade em relação a juros altos e o que constitui o</p><p>justo lucro.</p><p>2.1.1 Mercantilismo</p><p>O nascimento da primeira escola econômica, o mercantilismo, pode ser</p><p>observado desde o século XVI. Apesar de não representar um sistema técnico</p><p>homogêneo, o mercantilismo expressava algumas preocupações com o acúmulo de</p><p>riqueza de uma nação. Continha alguns princípios de como fomentar o comércio</p><p>exterior e aumentar riquezas. A concentração de metais adquire grande importância,</p><p>e surgem informações mais elaboradas sobre a moeda. Pressupunham que o governo</p><p>de um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse acúmulo de metais</p><p>preciosos. Dessa forma, a política mercantilista, estimulou guerras, exacerbou o</p><p>nacionalismo, mantendo a presença poderosa e consistente do Estado nas questões</p><p>econômicas em um período em que economia dos países europeus buscou se</p><p>fortalecer através da colonização e exploração de povos e sociedades de outros</p><p>continentes.</p><p>2.1.2 Fisiocracia</p><p>Durante o século XVIII, uma escola de pensamento francesa conhecida como</p><p>Fisiocracia, já referida no começo da exposição, produziu algumas obras</p><p>significativas. Os fisiocratas sustentavam que a terra era a única fonte de riqueza, que</p><p>havia uma ordem natural, regendo o universo por leis naturais, absolutas, imutáveis e</p><p>universais, desejadas pela Providência Divina para a felicidade das pessoas.</p><p>Segundo Vasconcellos e Garcia (2019), a obra do Dr. François Quesnay,</p><p>Tableau Économique, foi a primeira a dividir a economia em setores e mostrar a</p><p>relação entre eles. Apesar de os trabalhos dos fisiocratas serem permeados por</p><p>considerações éticas, sua contribuição para a análise econômica tem sido</p><p>significativa. É possível argumentar que o Tableau Économique de Quesnay é um</p><p>precursor do sistema de circulação monetária input-output, desenvolvido no século XX</p><p>(por volta de 1940) pelo economista russo, Wassily Leontief, da Universidade de</p><p>Harvard.</p><p>Para os fisiocratas, a riqueza é compreendida como bens produzidos com a</p><p>ajuda da natureza (fisiocracia significa "regras da natureza") em atividades</p><p>econômicas como agricultura, pesca e mineração. Como resultado, incentiva-se a</p><p>agricultura e exigia-se que atividades no comércio e nas finanças fossem reduzidas</p><p>ao mínimo. Na perspectiva dos fisiocratas, em um mundo atormentado pela escassez</p><p>de alimentos, regulamentação excessiva e intervenção governamental, uma economia</p><p>com significativo desenvolvimento comercial e financeiro não conseguiu atender às</p><p>demandas da expansão econômica. Somente a terra conseguia multiplicar a riqueza.</p><p>2.2 Os clássicos</p><p>Adam Smith (1723-1790), é considerado o precursor da teoria econômica</p><p>moderna, que se apresenta, como uma unidade científica sistemática, com um corpo</p><p>teórico próprio. Smith já era um professor conhecido quando publicou sua obra “A</p><p>Riqueza das Nações”, no ano de 1776. Em sua obra, ele trata de assuntos</p><p>econômicos abrangentes, desde as leis dos mercados e considerações financeiras</p><p>até a distribuição da receita da terra, terminando com um conjunto de recomendações</p><p>políticas.</p><p>Em sua visão harmoniosa do mundo real, Smith entendia que o funcionamento</p><p>da livre concorrência sem interferência do Estado, levaria ao crescimento econômico</p><p>da sociedade, como se guiado por uma “mão invisível”. Adam Smith defendia a ideia</p><p>que todos os agentes que buscam maximizar os lucros acabam promovendo o bem-</p><p>estar da comunidade na totalidade. Proteger o mercado como regulador das decisões</p><p>econômicas do país beneficiaria muito a comunidade, independentemente da ação do</p><p>Estado. Este é o princípio do liberalismo.</p><p>Seus argumentos eram baseados na livre iniciativa, no laissez-faire. Constatou-</p><p>se que a razão da prosperidade das nações é o trabalho humano (a chamada teoria</p><p>do valor- trabalho) e um dos fatores determinantes para o aumento da produção é a</p><p>divisão do trabalho, ou seja, os trabalhadores devem se especializar em determinadas</p><p>tarefas laborais. “A aplicação desse princípio promoveu um aumento da destreza</p><p>pessoal, economia de tempo e condições favoráveis para o aperfeiçoamento e invento</p><p>de novas máquinas e técnicas”. (VASCONCELLOS; GARCIA, p.306, 2019).</p><p>A ideia de Smith era clara: a produtividade surge da divisão do trabalho, e esta,</p><p>no que lhe concerne, nasce da tendência inata à troca, sendo finalmente estimulada</p><p>pela expansão do mercado. Dessa forma, é necessário expandir os mercados e as</p><p>iniciativas privadas para que a produtividade e a riqueza sejam aperfeiçoadas.</p><p>Segundo Adam Smith, o papel do Estado na economia deveria ser apenas</p><p>proteger a sociedade contra possíveis ataques e criar e manter as obras e instituições</p><p>necessárias, mas não impedir as leis do mercado e, portanto, a prática econômica.</p><p>David Ricardo (1772-1823) é outro representante do período clássico.</p><p>Conforme as ideias de Smith, desenvolveu modelos econômicos com grande</p><p>potencial analítico. Ele aperfeiçoou a tese de que todos os custos são reduzidos a</p><p>custos trabalhistas e mostrou como a acumulação de capital, combinada com o</p><p>crescimento populacional, provocava um aumento da renda da terra. Sua análise de</p><p>distribuição do rendimento da terra foi um trabalho seminal de muitas das ideias do</p><p>chamado período neoclássico.</p><p>Ricardo também desenvolveu estudos sobre o comércio internacional e</p><p>analisou porque os países negociam entre si, se é melhor para eles negociarem e</p><p>quais produtos devem ser comercializados. A resposta de Ricardo a essas questões</p><p>constitui importante contribuição à teoria do comércio internacional, conhecida como</p><p>teoria das vantagens comparativas. O comércio entre os países seria determinado</p><p>pelas dotações relativas dos fatores de produção. Ricardo, com base em algumas</p><p>generalizações e usando algumas variáveis estratégicas, desenvolveu vários dos</p><p>modelos mais expressivos da história econômica, dos quais surgiram importantes</p><p>implicações políticas.</p><p>Conforme Vasconcellos e Garcia (2019), a maioria dos estudiosos acredita que</p><p>a pesquisa de Ricardo deu origem a duas contracorrentes: a corrente neoclássica</p><p>devido às suas abstrações simplistas e a corrente marxista devido ao seu foco na</p><p>questão da distribuição e considerações sociais na distribuição da renda da terra.</p><p>John Stuart Mill (1806-1873) foi o sintetizador do pensamento clássico. Sua</p><p>obra foi o principal texto aproveitado para o ensino de Economia no fim do período</p><p>clássico e no início do período neoclássico. Sua obra reforça o exposto por seus</p><p>antecessores, avançando ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir</p><p>melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado.</p><p>O economista francês Jean-Baptiste Say (1768-1832) retomou e expandiu a</p><p>obra de Adam Smith. Subordinou o problema das trocas de mercadorias à sua</p><p>produção e popularizou a chamada lei de Say: "a oferta cria sua própria procura", isto</p><p>é, o aumento da produção seria convertido em renda para trabalhadores e</p><p>empresários, que seria gasta na compra de mercadorias e serviços. A Lei de Say é a</p><p>pedra angular da macroeconomia clássica e só foi contestada em meados do século</p><p>XX.</p><p>Thomas Malthus (1766-1834) foi o primeiro economista a estruturar uma teoria</p><p>geral da população. Malthus apoiou a teoria dos salários de subsistência afirmando</p><p>que o crescimento populacional é rigidamente dependente da oferta de alimentos.</p><p>Segundo Malthus, a causa de todos os males da sociedade é a</p><p>superpopulação: enquanto a população crescia em progressão geométrica, a</p><p>produção de alimentos apenas em progressão aritmética. Como resultado, o potencial</p><p>de crescimento da população excede o potencial da terra na produção de alimentos,</p><p>o que estaria na base das desigualdades e problemas sociais (VASCONCELLOS;</p><p>GARCIA, 2019).</p><p>A capacidade de crescimento da população é dada pelo instinto de</p><p>reprodução, mas é limitada por uma série de fatores, incluindo a miséria, o vício e a</p><p>contenção moral, que atuam sobre a mortalidade e a natalidade. Como resultado,</p><p>Malthus defendeu o adiamento de casamentos, a limitação voluntária de nascimentos</p><p>nas famílias pobres e a aceitação de guerras como solução para deter o crescimento</p><p>populacional. Malthus não previu a velocidade e o impacto do desenvolvimento</p><p>tecnológico na agricultura, nem as técnicas de controle da natalidade que se</p><p>configuraram no âmbito do desenvolvimento das sociedades capitalista.</p><p>A partir da contribuição dos economistas clássicos, a Economia começou a ter</p><p>um corpo teórico próprio e a desenvolver uma ferramenta de análise característica</p><p>para as questões econômicas. Embora o pensamento clássico se caracteriza pelo</p><p>desdobramento em diversas aplicações normativas; seu tema central pertence à</p><p>ciência positiva, cujo interesse principal é a análise abstrata das relações econômicas,</p><p>visando descobrir leis gerais e regularidades do comportamento econômico. As</p><p>implicações morais e consequências sociais dessas ações são pouco enfatizadas,</p><p>ainda que tenha aberto um campo de compreensão para entender as relações</p><p>profundas entre desenvolvimento humano e as atividades econômicas.</p><p>2.3 Teoria neoclássica</p><p>A era neoclássica dos estudos econômicos começou na década de 1870 e</p><p>desenvolveu-se até as primeiras décadas do século XX. Nesse período, os aspectos</p><p>microeconômicos da teoria foram privilegiados, pois a crença na economia de</p><p>mercado e em sua capacidade autorreguladora fez com que os teóricos econômicos</p><p>se interessassem menos pela política e planejamento macroeconômicos. O</p><p>neoclassicismo reforçou o raciocínio matemático explícito iniciado por Ricardo, que</p><p>buscava isolar os fatos econômicos de outros aspectos da realidade social.</p><p>O grande destaque desse período foi Alfred Marshall (1842-1924). Sua obra,</p><p>“Princípios de economia”, publicado em 1890, foi fundamental até a metade do século</p><p>XX. Outros teóricos importantes foram: William Jevons, Léon Walras, Eugene Böhm-</p><p>Bawerk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, Arthur Pigou e Francis Edgeworth.</p><p>Nessa época, a formalização da análise econômica (principalmente a</p><p>Microeconomia) se desenvolveu muito. O comportamento do consumidor é analisado</p><p>em detalhes. O desejo do consumidor de maximizar sua utilidade (satisfação no</p><p>consumo) e o do produtor de maximizar seu lucro é a base para a elaboração de um</p><p>aprimorado aparato teórico.</p><p>É possível deduzir o equilíbrio de mercado a partir do estudo das funções ou</p><p>curvas de utilidade (que visam medir o nível de satisfação do consumidor) e da</p><p>produção, considerando restrições ambientais e fatores orçamentários. Como sua</p><p>análise é baseada em conceitos marginais, como receitas e custos marginais, essa</p><p>corrente teórica também é conhecida como teoria marginalista.</p><p>Para Vasconcellos e Garcia (2019), a análise marginalista é muito rica e</p><p>diversificada. Alguns economistas, desta escola, privilegiavam aspectos como a</p><p>interação de múltiplos mercados simultaneamente - o equilíbrio geral de Walras é um</p><p>exemplo; enquanto outros colocavam em relevo em suas análises aspectos de</p><p>equilíbrio parcial, utilizando um instrumental gráfico como a caixa de Edgeworth.</p><p>Apesar das questões microeconômicas ocuparem o centro das pesquisas</p><p>econômicas, houve uma produção rica em outros aspectos da teoria econômica, como</p><p>a teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter e a teoria do capital e dos</p><p>juros de Böhm-Bawerk. Vale enfatizar também a análise monetária, com a criação da</p><p>teoria quantitativa da moeda, que compara a quantidade de dinheiro com os níveis</p><p>gerais de atividade econômica e de preços.</p><p>2.4 Teoria keynesiana</p><p>Para Vasconcellos e Garcia (2019), a era keynesiana, iniciou no ano de 1936,</p><p>com a divulgação da Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de John Maynard</p><p>Keynes (1883-1946). Diversos autores expõem a contribuição de Keynes como a</p><p>revolução keynesiana, devido ao impacto de sua obra. Keynes assumiu a cadeira de</p><p>Alfred Marshall na Universidade de Cambridge. Keynes, um acadêmico respeitado,</p><p>também estava preocupado com as implicações práticas da teoria econômica.</p><p>Para entender o impacto das realizações de Keynes, é preciso considerar sua</p><p>época. Na década de 1930, a economia mundial passou por uma crise que ficou</p><p>conhecida como a Grande Depressão. Naquele período, a realidade</p><p>econômica dos</p><p>principais países capitalistas se tornou crítica. O desemprego na Inglaterra e em</p><p>outros países europeus era muito alto. Nos Estados Unidos, o desemprego tornou-se</p><p>muito alto após o colapso da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.</p><p>A teoria econômica tradicional acreditava que se tratava de um problema</p><p>ocasional, apesar de a crise estar durando alguns anos. A teoria geral keynesiana</p><p>consegue evidenciar que a combinação das políticas econômicas praticadas até então</p><p>não funcionava corretamente naquela nova situação econômica, apontando para</p><p>soluções que poderiam tirar o mundo da recessão. Conforme a concepção</p><p>keynesiana, uma das principais fontes responsáveis pelo volume de emprego é o nível</p><p>de produção nacional de uma economia, definido, portanto, pela demanda agregada</p><p>ou efetiva. Isto é, sua teoria inverte o sentido da lei de Say (a oferta gera sua própria</p><p>procura) ao enfatizar o papel da demanda agregada de bens e serviços sobre o nível</p><p>de emprego.</p><p>Segundo Keynes (1935/1983), em uma economia recessiva, não há forças</p><p>autoajustáveis, tornando necessária a intervenção do governo por meio da política de</p><p>gastos públicos. Essa posição teórica denota o fim da crença no laissez-faire como</p><p>regulador dos fluxos real e monetário da economia, conhecida como princípio da</p><p>demanda efetiva. Os argumentos de Keynes tiveram um impacto significativo na</p><p>política econômica dos países capitalistas. Em geral, essas políticas proporcionaram</p><p>resultados positivos durante os anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial</p><p>(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).</p><p>Houve um desenvolvimento expressivo da teoria econômica, nessa época. Por</p><p>um lado, foram incorporados modelos por meio de instrumentos estatísticos e</p><p>matemáticos, que ajudaram a formalizar ainda mais a ciência econômica. Por outro</p><p>lado, alguns economistas ampliaram e sistematizaram a pesquisa aberta pela obra de</p><p>Keynes, buscando entender quando e como o Estado poderia ser um agente de</p><p>desenvolvimento direto da economia através da intervenção em setores estratégicos</p><p>e conforme problemas específicos. Os debates teóricos sobre aspectos de sua obra</p><p>continuam até hoje, e três grupos se destacam, os monetaristas, os fiscalistas e os</p><p>pós-keynesianos. Embora nenhum deles apresentarem uma forma unificada de</p><p>pensar e todos possuírem pequenas divergências internas, é possível fazer algumas</p><p>generalizações em relação a eles.</p><p>Os monetaristas estão afiliados à Universidade de Chicago e têm como Milton</p><p>Friedman como seu economista mais proeminente. Eles geralmente favorecem o</p><p>controle da moeda e intervenção mínima do governo.</p><p>Os fiscalistas ou keynesianos têm representantes como James Tobin (1918--</p><p>2002), que trabalhou basicamente toda sua vida na Universidade de Yale, e Paul</p><p>Anthony Samuelson (1915-2009), que foi um proeminente professor de Harvard e do</p><p>Instituto de Tecnologia de Massachussetts. Esses teóricos comumente aconselham o</p><p>uso de políticas fiscais ativas e acentuado grau de intervenção do Estado.</p><p>Outras implicações do trabalho de Keynes foram exploradas por pós-</p><p>keynesianos, que incluem a economista Joan Robinson (1903-1983), cujos conceitos</p><p>eram, de certa forma, semelhantes aos de Keynes. Os pós-keynesianos fizeram uma</p><p>releitura da obra de Keynes para demonstrar que ele não negligenciou o papel da</p><p>moeda e da política monetária. Destacam o papel da especulação financeira e, como</p><p>Keynes, defendem o papel ativo do Estado na condução da atividade econômica,</p><p>tendo em vista o desenvolvimento social. Além de Joan Robinson, existem outros</p><p>economistas como Hyman Minsky (1919-1996), Paul Davison e Alessandro Vercelli</p><p>que seguem essa tendência.</p><p>Vale salientar que, apesar das diferenças entre as diversas correntes, existe</p><p>um consenso sobre os principais pontos da teoria, pois todos se baseiam nas obras</p><p>de Keynes e se abrem a compreensão da necessidade de algum grau de intervenção</p><p>do Estado na economia, diferenciando-se, assim, do Liberalismo clássico.</p><p>2.5 Atualmente</p><p>A teoria econômica vem passando por algumas mudanças, principalmente a</p><p>partir da década de 1970, depois de duas crises do petróleo. Este momento é definido</p><p>por três características. Primeiro, há uma maior percepção das limitações e</p><p>possibilidades de aplicações da teoria. O segundo está relacionado ao avanço do</p><p>conteúdo empirista da economia. Por fim, há a consolidação das contribuições dos</p><p>períodos anteriores (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).</p><p>A evolução informática possibilitou volume e precisão sem precedentes no</p><p>processamento de informações. A teoria econômica passou a ter conteúdo empírico</p><p>que lhe conferiu maior aplicação prática. Por um lado, isso permite a melhoria contínua</p><p>da teoria existente; por outro lado, abre novos caminhos teóricos. Atualmente, a</p><p>análise econômica abrange quase todos os ângulos da vida humana, sendo</p><p>significativo o impacto dessas pesquisas na melhoria da qualidade de vida e no bem-</p><p>estar social. O controle e o planejamento macroeconômico admitem antecipar muitos</p><p>problemas e prevenir algumas flutuações econômica desnecessárias.</p><p>A teoria econômica está se movendo em muitas direções. Um exemplo é a área</p><p>de finanças empresariais. Até pouco tempo, a teoria de finanças era amplamente</p><p>descritiva, com pouco conteúdo experimental. A incorporação de vários métodos</p><p>econométricos, o conceito de equilíbrio de mercado e hipóteses sobre o</p><p>comportamento dos agentes econômicos acabou levando à revolução. Esta revolução</p><p>também se fez sentir nos mercados financeiros com o desenvolvimento dos mercados</p><p>de futuros e derivados.</p><p>2.6 Abordagens alternativas</p><p>A teoria econômica ganha muitas críticas e abordagens alternativas a partir do</p><p>século XIX e essas se consolidam também em muitos esforços de organização social.</p><p>Muitas das críticas foram absorvidas, e algumas interpretações alternativas,</p><p>incorporadas. O espectro de críticos é muito extenso e disperso e, notoriamente,</p><p>heterogêneo. Destacam-se os marxistas e os institucionalistas. Nas duas escolas,</p><p>critica-se a visão pragmática e formalista da ciência econômica e propõe-se um</p><p>enfoque analítico e crítico, onde a Economia dialoga com os fatos históricos e sociais.</p><p>A análise das questões econômicas sem a observação dos fatores históricos e sociais</p><p>leva, segundo essas escolas, a uma visão reduzida da realidade social e das</p><p>atividades produtivas.</p><p>Segundo Vasconcellos e Garcia (2019), os marxistas têm como pilar de seu</p><p>trabalho a obra “O capital”, de Karl Marx (1818-1883), economista, filósofo e</p><p>revolucionário alemão que desenvolveu quase todo o seu trabalho em parceria com</p><p>Friedrich Engels (1820-1895), tendo como objeto e modelo analítico o</p><p>desenvolvimento econômico do capitalismo na Inglaterra, na segunda metade do</p><p>século XIX. O marxismo desenvolve a teoria do valor-trabalho de Adam Smith e</p><p>consegue analisar muitos aspectos da economia com seu referencial teórico,</p><p>conforme ainda uma preocupação com a vida dos trabalhadores na sociedade</p><p>capitalista. A apropriação do excedente produtivo (a mais-valia) poderia, na</p><p>perspectiva marxista, explicar o processo de acumulação e a evolução das relações</p><p>entre classes sociais, sendo um dos pilares da análise crítica dos processos</p><p>econômicos configurada a partir do pensamento de Marx e Engels (LÖWI, 2012).</p><p>Para Marx, o capital aparece com a burguesia, considerada uma classe social</p><p>que se desenvolve através do paulatino desaparecimento do sistema feudal. A</p><p>burguesia, nesse percurso de desenvolvimento do capitalismo, é classe que se</p><p>apropria dos meios de produção e se torna a classe social dominante. A outra classe</p><p>social, o proletariado, é obrigada a vender sua força de trabalho para burguesia,</p><p>tornando-se, assim, uma classe economicamente dominada, apesar de se constituir</p><p>como força de trabalho que permite o desenvolvimento das forças produtivas e do</p><p>sistema econômico capitalista em seus alicerces fundamentais.</p><p>A teoria da mais-valia desenvolvida por Marx refere-se à diferença entre o valor</p><p>das mercadorias que os trabalhadores produzem em dado período de dispêndio de</p><p>suas energias laborais e o valor da força de trabalho vendida aos empregadores</p><p>capitalistas, que a contratam. Os lucros, juros e aluguéis (rendimentos de</p><p>propriedades) representam a expressão da mais-valia. Dessa forma, o valor que</p><p>extrapola o valor da força de trabalho e que vai para as mãos do capitalista é definido</p><p>por Marx como mais-valia. Ela pode ser considerada o valor extra que o trabalhador</p><p>produz, além do valor pago por sua força de trabalho.</p><p>Marx foi influenciado pelos movimentos socialistas utópicos de origem</p><p>francesa, baseados no pensamento de Saint-Simon (1760-1825), Charles</p><p>Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-1858),</p><p>considerados por Marx em suas propostas de organização social e táticas de</p><p>enfrentamento das desigualdades nas sociedades capitalistas tais como elas estavam</p><p>desenvolvidas no século XIX. Apropriou-se criticamente do idealismo dialético de</p><p>Hegel, concebendo através das formulações de hegelianos um método materialista</p><p>de análise histórica e econômica. Através das teorias econômicas, principalmente</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Conde_de_Saint-Simon</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1760</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1825</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Fourier</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Fourier</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1772</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1837</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Blanc</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1811</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1882</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Owen</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1771</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/1858</p><p>teoria do valor-trabalho desenvolvida por David Ricardo e Adam Smith, Marx tornou o</p><p>estudo da economia em estudo científico da economia política, ou seja, das relações</p><p>concretas que constituem as atividades econômicas. Ele acreditava no trabalho como</p><p>determinante do valor, tal como Adam Smith e David Ricardo, mas era hostil ao</p><p>capitalismo competitivo e à livre concorrência, porque entendia que esses valores e</p><p>práticas asseguravam que a classe trabalhadora continuasse a ser explorada pelos</p><p>capitalistas. Marx destacou o aspecto político de seu trabalho, que teve impacto ímpar</p><p>não só na Ciência Econômica como em outras áreas do conhecimento (LÖWY, 2012).</p><p>As contribuições dos economistas da linha marxista para a teoria econômica</p><p>foram muitas e variadas. Contudo, a maioria aconteceu à margem dos grandes</p><p>centros de estudos ocidentais, por razões políticas. Por conseguinte, a produção</p><p>teórica foi pouco exposta. Um exemplo é o trabalho de M. Kalecki (1899--1970),</p><p>economista polonês que teria abreviado uma análise semelhante com a da teoria geral</p><p>de Keynes. No entanto, o reconhecimento de sua pesquisa inovadora só ocorreu</p><p>tempos depois de 1933, quando divulgou pela primeira vez em seu livro “Esboço de</p><p>uma teoria do ciclo econômico” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).</p><p>Os institucionalistas, por sua vez, que têm como grandes expoentes os norte-</p><p>americanos Thornstein Veblen (1857-1929) e John Kenneth Galbraith (1917--2007);</p><p>esses autores conduzem suas críticas ao alto grau de abstração da teoria econômica</p><p>e ao fato dela não incorporar em sua análise as instituições sociais, daí o nome de</p><p>institucionalistas, tendo grande impacto no âmbito da academia e dos cursos de</p><p>economia (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).</p><p>2.7 Escolas de pensamento econômico na atualidade</p><p>Os efeitos da recente crise financeira mundial possibilitam mostrar a vigência</p><p>das escolas de pensamento econômico no mundo atual. Dessa forma, depois do</p><p>estouro da “bolha financeira” com a quebra do Lehman Brothers em setembro de</p><p>2008, os governos dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos aumentaram o</p><p>gasto público amparando bancos, empresas e mutuários de créditos hipotecários, o</p><p>que mitigou, em parte, a grande queda da atividade econômica. Esse tipo de política</p><p>compensatória lembra em muito a recomendação da escola keynesiana de utilizar o</p><p>gasto público como estabilizador da economia.</p><p>Sob outra perspectiva, esses mesmos países, através de seus bancos centrais,</p><p>injetaram quantidades significativas de dinheiro para aumentar o crédito e reativar</p><p>suas combalidas economias, em operações conhecidas “afrouxamento quantitativo”.</p><p>Esse tipo de política monetária expansionista está inspirado nos ensinos da escola</p><p>monetarista, que relaciona a atividade econômica à quantidade de moeda (ou crédito)</p><p>existente.</p><p>No Brasil, o impacto da crise foi relativamente menor, contudo, ainda assim</p><p>significou uma redução da atividade econômica, minimizada pela diminuição</p><p>temporária do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicado aos veículos e</p><p>eletrodomésticos, o que permitiu diminuir seu preço de mercado e compensar a queda</p><p>nas vendas. Esse tipo de desoneração tributária programada seja uma forma de</p><p>estimular a atividade econômica pelo lado da demanda agregada, idêntica ao aumento</p><p>do gasto público indicado pela escola keynesiana. De outra forma, o Banco Central</p><p>do Brasil também aumentou a quantidade de crédito no mercado, a partir da redução</p><p>dos juros básicos (taxa Selic) e do mínimo legal de reservas bancárias (reservas</p><p>compulsórias), aplicando, também, por conseguinte, a receita monetarista de saída</p><p>da crise. Observa-se que, no mundo atual, tanto no Brasil quanto no resto do mundo,</p><p>o pensamento de antigas escolas econômicas permanece vivo, coexistindo com a</p><p>implementação das políticas econômicas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019).</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>LÖWY, Michael. A Teoria da Revolução no Jovem Marx. São Paulo: Boitempo,</p><p>2012.</p><p>KEYNES, J. M. (1935). A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São</p><p>Paulo: Abril Cultural, 1983 (Coleção Os Economistas).</p><p>VASCONCELLOS, M. A. S. D.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 6.ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2019.</p>