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<p>33LINGUAGENS, CIÊNCIAS HUMANAS E REDAÇÃO</p><p>EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO</p><p>2023</p><p>1.o SIMULADO ENEM</p><p>73. Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre as</p><p>duas ordens de fenômenos, os vínculos são dema-</p><p>siado estreitos para que o pensamento racional não</p><p>apareça, em suas origens, solidário das estruturas</p><p>sociais e mentais próprias da cidade grega. Assim</p><p>recolocada na história, a filosofia despoja-se desse</p><p>caráter de revelação absoluta que às vezes lhe foi</p><p>atribuído, saudando, na jovem ciência dos jônios, a</p><p>razão intemporal que veio encarnar-se no Tempo. A</p><p>escola de Mileto não viu nascer a Razão; ela cons-</p><p>truiu uma Razão, uma primeira forma de racionali-</p><p>dade. Essa razão grega não é a razão experimental</p><p>da ciência contemporânea.</p><p>VERNANT, J. P. Origens do pensamento grego. Rio de Janeiro:</p><p>Difel, 2002.</p><p>Os vínculos entre os fenômenos indicados no</p><p>trecho foram fortalecidos pelo surgimento de uma</p><p>categoria de pensadores, a saber:</p><p>a) Os epicuristas, envolvidos com o ideal de vida</p><p>feliz.</p><p>b) Os estoicos, dedicados à superação dos infortú-</p><p>nios.</p><p>c) Os sofistas, comprometidos com o ensino da re-</p><p>tórica.</p><p>d) Os peripatéticos, empenhados na dinâmica do</p><p>ensino.</p><p>e) Os poetas rapsodos, responsáveis pela narrativa</p><p>do mito.</p><p>74. A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a</p><p>metafísica: o tronco, a física, e os ramos que saem</p><p>do tronco são todas as outras ciências, que se</p><p>reduzem a três principais: a medicina, a mecânica</p><p>e a moral, entendendo por moral a mais elevada e</p><p>a mais perfeita porque pressupõe um saber integral</p><p>das outras ciências, e é o último grau da sabedoria.</p><p>DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70,</p><p>1997 (adaptado).</p><p>Essa construção alegórica de Descartes, acerca</p><p>da condição epistemológica da filosofia, tem como</p><p>objetivo</p><p>a) Sustentar a unidade essencial do conhecimento.</p><p>b) Refutar o elemento fundamental das crenças.</p><p>c) Impulsionar o pensamento especulativo.</p><p>d) Recepcionar o método experimental.</p><p>e) Incentivar a suspensão dos juízos.</p><p>75. O fim último, causa final e desígnio dos homens, ao</p><p>introduzir uma restrição sobre si mesmos sob a qual</p><p>os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua pró-</p><p>pria conservação e com uma vida mais satisfeita; quer</p><p>dizer, o desejo de sair da mísera condição de guerra</p><p>que é a consequência necessária das paixões natu-</p><p>rais dos homens, como o orgulho, a vingança e coisas</p><p>semelhantes. É necessário um poder visível capaz de</p><p>mantê-los em respeito, forçando-os, por medo do cas-</p><p>tigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito às</p><p>leis, que são contrárias a nossas paixões naturais.</p><p>HOBBES, T. M. Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).</p><p>Para o autor, o surgimento do estado civil estabelece</p><p>as condições para o ser humano</p><p>a) Internalizar os princípios morais, objetivando a</p><p>satisfação da vontade individual.</p><p>b) Aderir à organização política, almejando o esta-</p><p>belecimento do despotismo.</p><p>c) Aprofundar sua religiosidade, contribuindo para o</p><p>fortalecimento da Igreja.</p><p>d) Assegurar o exercício do poder, com o resgate</p><p>da sua autonomia.</p><p>e) Obter a situação de paz, com a garantia legal do</p><p>seu bem-estar.</p><p>76. Polemizando contra a tradicional tese aristotélica,</p><p>que via na sociedade o resultado de um instinto pri-</p><p>mordial, Hobbes sustenta que no gênero humano,</p><p>diferentemente do animal, não existe sociabilidade</p><p>instintiva. Entre os indivíduos não existe um amor</p><p>natural, mas somente uma explosiva mistura de</p><p>temor e necessidade recíprocos que, se não fosse</p><p>disciplinada pelo Estado, originaria uma incontrolá-</p><p>vel sucessão de violências e excessos.</p><p>NICOLAU, U. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à</p><p>Idade Moderna. São Paulo: Globo, 2005 (adaptado).</p><p>Referente à constituição da sociedade civil, consi-</p><p>dere, respectivamente, o correto posicionamento de</p><p>Aristóteles e Hobbes:</p><p>a) Instrumento artificial para a realização da justiça</p><p>e forma de legitimação do exercício da coerção e</p><p>da violência.</p><p>b) Realização das disposições naturais do homem e</p><p>artifício necessário para frear a natureza humana.</p><p>c) Resultado involuntário da ação de cada indivíduo</p><p>e anulação dos impulsos originários presentes na</p><p>natureza humana.</p><p>d) Objetivação dos desejos da maioria e represen-</p><p>tação construída para possibilitar as relações</p><p>interpessoais.</p><p>e) Realização da razão e expressão da vontade dos</p><p>governados.</p>