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<p>METODOLOGIA DO</p><p>ENSINO DE GEOGRAFIA -</p><p>ANOS INICIAIS</p><p>Unidade 3</p><p>Estratégias metodológicas</p><p>da Geografia e a BNCC</p><p>CEO</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Diretora Editorial</p><p>ALESSANDRA FERREIRA</p><p>Gerente Editorial</p><p>LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>ALINE LÚCIA NOGUEIRA MEDEIROS</p><p>4 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>A</p><p>U</p><p>TO</p><p>RI</p><p>A</p><p>Aline Lúcia Nogueira Medeiros</p><p>Sou mestra (2017) e bacharela (2014) em Geografia</p><p>pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de</p><p>pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Geografia Humanista da</p><p>UFMG desde 2014. Atuo academicamente nas áreas de História</p><p>do Pensamento Geográfico, Geografia Cultural e Humanista e</p><p>Ensino de Geografia. Profissionalmente, atuo como geógrafa,</p><p>elaborando e executando projetos de assessoria técnica em</p><p>Organização não Governamental. Possuo experiência em</p><p>elaboração de conteúdo para Educação a Distância e já atuei</p><p>como docente do Ensino Superior na Universidade Federal dos</p><p>Vales do Jequitinhonha e Mucuri em 2018. Sou apaixonada pelo</p><p>que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles</p><p>que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada</p><p>pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores</p><p>independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta</p><p>fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!</p><p>5ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>ÍC</p><p>O</p><p>N</p><p>ES</p><p>6 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>SU</p><p>M</p><p>Á</p><p>RI</p><p>O</p><p>Base Nacional Comum Curricular e o ensino de Geografia 10</p><p>Notas introdutórias ...........................................................................................10</p><p>O que é a Base Nacional Comum Curricular? .............................................. 12</p><p>Ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental ............... 16</p><p>Estratégias metodológicas fundamentais no ensino de</p><p>Geografia .................................................................................. 29</p><p>Notas introdutórias ...........................................................................................29</p><p>Aprendendo com jogos e brincadeiras ........................................................35</p><p>A importância da literatura infantil .................................................................38</p><p>Uso de músicas na sala de aula ............................................. 43</p><p>Trabalhando com filmes ..................................................................................45</p><p>Aulas de campo: um desafio possível .................................... 48</p><p>Trabalho de campo ...........................................................................................48</p><p>Geografia Escolar e livro didático ..................................................................53</p><p>Breve histórico acerca do livro didático ....................................................... 53</p><p>Principais elementos do livro didático ..........................................................55</p><p>7ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>A</p><p>PR</p><p>ES</p><p>EN</p><p>TA</p><p>ÇÃ</p><p>O</p><p>Há parâmetros nacionais que orientam o ensino de</p><p>Geografia nos anos iniciais e devem ser conhecidos pelos</p><p>professores ao planejarem suas aulas. Esses parâmetros são</p><p>definidos por legislações federais, estaduais e municipais;</p><p>pela Base Nacional Comum Curricular e outros documentos.</p><p>A Base estipula competências a serem desenvolvidas para os</p><p>diferentes anos do Ensino Básico, articulando habilidades e</p><p>objetos (conteúdos) de ensino, bem como orienta a produção de</p><p>material didático. É possível o professor, portanto, utilizar o livro</p><p>didático como principal referencial para o processo educativo.</p><p>Porém, construídos para abordagem nacional, os livros didáticos</p><p>desconsideram as características locais e regionais dos alunos e</p><p>pouco diversificam as aulas. É possível e recomendado utilizar</p><p>recursos diversos nas salas de aulas, como literatura, filmes,</p><p>músicas, práticas, entre outros, tornando as aulas mais lúdicas e</p><p>oportunizando uma relação mais autônoma, crítica e prazerosa</p><p>do aluno com o conhecimento geográfico. Para isso, é preciso</p><p>planejar antes e manter sempre em mente os objetivos! Entendeu?</p><p>Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!</p><p>Há parâmetros nacionais que orientam o ensino de</p><p>Geografia nos anos iniciais e devem ser conhecidos pelos</p><p>professores ao planejarem suas aulas. Esses parâmetros são</p><p>definidos por legislações federais, estaduais e municipais;</p><p>pela Base Nacional Comum Curricular e outros documentos.</p><p>A Base estipula competências a serem desenvolvidas para os</p><p>diferentes anos do Ensino Básico, articulando habilidades e</p><p>objetos (conteúdos) de ensino, bem como orienta a produção de</p><p>material didático. É possível o professor, portanto, utilizar o livro</p><p>didático como principal referencial para o processo educativo.</p><p>Porém, construídos para abordagem nacional, os livros didáticos</p><p>desconsideram as características locais e regionais dos alunos e</p><p>pouco diversificam as aulas. É possível e recomendado utilizar</p><p>8 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>recursos diversos nas salas de aulas, como literatura, filmes,</p><p>músicas, práticas, entre outros, tornando as aulas mais lúdicas e</p><p>oportunizando uma relação mais autônoma, crítica e prazerosa</p><p>do aluno com o conhecimento geográfico. Para isso, é preciso</p><p>planejar antes e manter sempre em mente os objetivos! Entendeu?</p><p>Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!</p><p>9ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>O</p><p>BJ</p><p>ET</p><p>IV</p><p>O</p><p>SOlá! Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo</p><p>é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências</p><p>profissionais até o término desta etapa de estudos:</p><p>1. Aplicar criticamente as diretrizes curriculares e outras</p><p>determinações legais que lhe caiba implantar, executar,</p><p>avaliar e encaminhar o resultado de sua avaliação às</p><p>instâncias competentes.</p><p>2. Identificar diferentes estratégias metodológicas</p><p>envolvendo diferentes linguagens utilizadas por</p><p>crianças, além do trabalho didático com conteúdo,</p><p>pertinentes aos primeiros anos de escolarização,</p><p>relativos à Geografia.</p><p>3. Identificar os principais elementos envolvendo o livro</p><p>didático.</p><p>4. Possibilitar a construção e execução de planos de aulas</p><p>voltados para a prática de ensino.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao</p><p>conhecimento? Ao trabalho!</p><p>10 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Base Nacional Comum Curricular</p><p>e o ensino de Geografia</p><p>OBJETIVO</p><p>Ao término deste capítulo, você será capaz de</p><p>entender como a Base Nacional Comum Curricular</p><p>orienta o ensino de Geografia nos anos iniciais e</p><p>compreender seus limites e suas contribuições.</p><p>Isto será fundamental para o exercício de sua</p><p>profissão. E, então? Motivado para desenvolver</p><p>esta competência? Então, vamos lá. Avante!</p><p>Notas introdutórias</p><p>A compreensão de como a Geografia se configura nas</p><p>escolas acontece a partir do entendimento do que é esperado</p><p>dela, por meio da consulta a documentos oficiais de orientação</p><p>e dos seus objetivos. Os documentos que norteiam a Educação</p><p>são: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC); as Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais para a Educação Básica; o Plano Nacional</p><p>de Educação; os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN); a</p><p>Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as</p><p>Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); a Constituição</p><p>da República Federativa do Brasil; e o Estatuto da Criança e</p><p>do Adolescente (ECA). Além disso, existem outros documentos</p><p>estaduais e municipais. Procure! A escola apresenta, ainda, seu</p><p>Projeto Político Pedagógico e seu currículo, com definições acerca</p><p>das metodologias de ensino (como ensinar).</p><p>11ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Figura 1 - Histórico de criação dos documentos que norteiam a Educação</p><p>1988</p><p>Constituição</p><p>CidadãUnião</p><p>formas próprias de conduzir o processo educativo,</p><p>considerando a cultura escolar, as experiências</p><p>docentes, as características dos alunos e o contexto</p><p>geográfico no qual eles se inserem. Algumas</p><p>estratégias metodológicas auxiliam os professores</p><p>na formulação e planejamento de seus planos de</p><p>ensino, baseadas em aulas dialogadas, práticas,</p><p>em campo, lúdicas, com uso de literatura, música,</p><p>filmes, jogos, entre outros. Você aprendeu que as</p><p>aulas de campo se referem a qualquer atividade</p><p>investigativa e exploratória que ocorre fora do</p><p>ambiente escolar e costuma ser muito bem</p><p>aceita pelos alunos. O trabalho de campo envolve</p><p>entrar em um ambiente natural para entender as</p><p>pessoas dentro desse contexto, ou seja, entendê-</p><p>las em seu ambiente natural cotidiano. É uma</p><p>das características distintivas de uma educação</p><p>geográfica e alimenta a curiosidade dos alunos</p><p>sobre o mundo.</p><p>53ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Geografia Escolar e livro didático</p><p>OBJETIVO</p><p>Ao término deste capítulo, você será capaz de</p><p>entender a historicidade dos livros didáticos de</p><p>Geografia e seus diferentes momentos, e, ainda,</p><p>como compreender o uso do livro didático para</p><p>garantir uma melhor proposta educativa. Isto será</p><p>fundamental para o exercício de sua profissão.</p><p>E, então? Motivado para desenvolver esta</p><p>competência? Então, vamos lá. Avante!</p><p>Breve histórico acerca do livro</p><p>didático</p><p>O livro didático é parte da cultura escolar e, quando</p><p>utilizado como manual de estudo, inclui o conteúdo-forma das</p><p>disciplinas escolares trabalhadas na Educação Básica. O livro</p><p>didático surge como material impresso destinado ao processo de</p><p>aprendizagem ou formação acadêmica, na Europa, já no século</p><p>XVI. No Brasil, ele chega com as primeiras ações educativas,</p><p>levadas a cabo por jesuítas e outros grupos, para os filhos da</p><p>elite colonial a partir da transposição ou adaptação dos livros</p><p>europeus no século XVII. O livro didático esteve, portanto,</p><p>presente em praticamente todo o desenvolvimento da disciplina</p><p>escolar brasileira.</p><p>Azambuja (2014) afirma que há três períodos caracterís-</p><p>ticos distintos de uso recente dos livros didáticos em Geografia.</p><p>O primeiro período, do início do século XX até a década de 1960,</p><p>envolve o predomínio dos livros didáticos de autoria de Delgado</p><p>de Carvalho e Aroldo de Azevedo. Esses livros didáticos atendiam</p><p>às necessidades programáticas do curso primário, com duração</p><p>de cinco anos letivos, do curso ginasial com quatro anos letivos</p><p>e dos demais cursos secundários com três ou mais anos letivos.</p><p>54 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>O segundo período característico de uso do livro didático,</p><p>com uma maior diversidade, foi de 1971 a 1996, com o ensino</p><p>de 1.º grau de oito anos e de mais três anos de 2.º grau. Nesse</p><p>período, mantém-se o paradigma geográfico da Terra e do homem,</p><p>consolidado no período anterior, mas acrescido de técnicas</p><p>de estudos dirigidos fornecidos em cadernos de exercícios,</p><p>disponibilizados para uso dos alunos. Algumas coleções didáticas</p><p>apresentam a inclusão das mudanças teóricas e metodológicas</p><p>instigadas no debate identificado pelo movimento da Geografia</p><p>Crítica e de renovação na didática escolar.</p><p>O terceiro período, a partir de 1996, ocorre quando o</p><p>ensino de 1.º grau passa a ser considerado Ensino Fundamental,</p><p>agora com nove anos letivos, e o ensino de 2.º grau passa a ser o</p><p>nível de Ensino Médio, mantendo a duração de três anos letivos. Os</p><p>livros didáticos sofrem alterações com a elaboração e publicação</p><p>dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica e</p><p>passam a ser elaborados e avaliados, considerando essas novas</p><p>bases curriculares e os critérios estabelecidos pelo Programa</p><p>Nacional do Livro Didático (PNLD) instituído pelo Ministério da</p><p>Educação (AZAMBUJA, 2014).</p><p>Todavia, mesmo com a avaliação realizada pelo PNLD, é</p><p>preciso que o professor esteja atento ao momento da escolha</p><p>do livro didático a fim de garantir um material que esteja mais</p><p>adequado à realidade do professor, do aluno e da escola. Por</p><p>fim, podemos considerar que estamos em um novo momento de</p><p>produção de material didático desde 2017, a partir da aprovação</p><p>da Base Nacional Comum Curricular, que estipula novos</p><p>parâmetros curriculares.</p><p>O livro didático, criado com o intuito de ser um</p><p>instrumento de auxílio ao professor na sala de aula e também</p><p>de padronizar os conteúdos abordados em cada ano, tem sido</p><p>55ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>muitas vezes o meio mais tradicional usado pelos docentes em</p><p>suas práticas escolares. Na busca pela padronização de saberes,</p><p>o governo procura estabelecer parâmetros curriculares comuns</p><p>em todo país e assim tem encontrado nos livros didáticos um</p><p>importante instrumento para alcançar este objetivo (KUNZLER;</p><p>WIZNIEWSKY, 2007).</p><p>Katuta e Deák (2007, p. 5) afirmam que:</p><p>[...] a adoção do livro didático pelo professor,</p><p>bem como o seu uso, estava vinculada às</p><p>políticas que o Estado brasileiro estabelecia</p><p>em relação aos mesmos. As críticas à</p><p>qualidade desse material e às políticas</p><p>estabelecidas para seu acesso e distribuição</p><p>eram relativamente recentes, e, geralmente,</p><p>elaboradas por pesquisadores do ensino</p><p>superior.</p><p>Principais elementos do livro</p><p>didático</p><p>O professor tem a responsabilidade de selecionar o livro</p><p>que utilizará em seu fazer pedagógico. A escolha do livro didático</p><p>pelo professor deve levar em consideração vários fatores. Um dos</p><p>passos mais importantes nesse processo é a consulta aos Guias</p><p>do Programa Nacional do Livro Didático, em que está disponível</p><p>informações sobre todas as matérias, incluindo a Geografia.</p><p>O professor poderá ter um panorama geral das obras, como</p><p>os tópicos principais, a abordagem empregada, as referências</p><p>utilizadas, entre outros importantes elementos.</p><p>56 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>ACESSE</p><p>Para conhecer os Guias do Programa Nacional do</p><p>Livro Didático, acesse o link.</p><p>Os Guias de Livros Didáticos de 1.º a 5.º ano surgem no ano</p><p>de 1996 com o intuito de aperfeiçoar as obras, sendo publicados</p><p>até hoje (Matemática e Língua Portuguesa, em 1996; Ciências,</p><p>Geografia e História, em 1997). Os livros que apresentaram erros</p><p>conceituais, indução a erros, desatualização, preconceito ou</p><p>discriminação de qualquer tipo foram excluídos do Guia do Livro</p><p>Didático.</p><p>Ao escolher um livro didático, não deve fazê-lo de forma</p><p>aleatória, pois alguma reflexão necessita ser realizada ao levar</p><p>em consideração que o objetivo é o aprendizado geográfico.</p><p>Contudo, o que se pode observar é que infelizmente o tempo do</p><p>qual o professor dispõe para escolher o livro didático é pequeno,</p><p>mesmo com a escolha por meio da internet. Contudo, a não</p><p>participação do professor na escolha do livro didático pode ser</p><p>considerada um aspecto negativo nos processos de ensino e de</p><p>aprendizagem, uma vez que ele vai trabalhar com um material</p><p>que não foi por ele escolhido e mesmo que seja um livro de boa</p><p>qualidade pode ser que não se aplique ao estilo do professor que</p><p>poderá encontrar dificuldades ao trabalhar com ele.</p><p>É fundamental, ainda, que o livro didático não vá contra</p><p>a filosofia proposta pela escola, bem como atenda aos objetivos</p><p>intrínsecos ao professor em sua proposta de ensino e, também,</p><p>57ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>as características do grupo de estudantes e a realidade onde</p><p>trabalha (MARTINS, 2006).</p><p>O livro didático permanece como o recurso pedagógico</p><p>mais utilizado no processo de ensino-aprendizagem. Em muitos</p><p>casos, é a única fonte de informação e recurso didático tanto</p><p>para os professores quanto para os alunos. Lajolo (1996) afirma</p><p>que a precaríssima situação educacional faz com que ele acabe</p><p>determinando conteúdos e condicionando estratégias de ensino:</p><p>o que se ensina e como se ensina.</p><p>A maioria dos livros didáticos adotados para o segmento</p><p>de 1.° ao 5.° ano da Educação Básica organizam o conteúdo de</p><p>forma sistemática e gradativa, como se o universo da criança</p><p>estivesse restrito nos primeiros anos e fosse ampliado, de</p><p>forma gradativa, ao longo dos anos seguintes. O livro didático</p><p>de Geografia tem algumas especificidades em relação aos livros</p><p>de outras disciplinas, pois muitos ainda mantêm um “formato</p><p>jornalístico” e antiacadêmico. Ao mesmo tempo, apresenta</p><p>uma linguagem afirmativa sustentada por verdades absolutas</p><p>indiscutíveis marcadas por uma incrível simplicidade, que não</p><p>corresponde à realidade, sempre mais complexa.</p><p>Assim, o modelo mais comum que observamos é a</p><p>apresentação de conteúdos com a estrutura que pode ser</p><p>observada no quadro a seguir.</p><p>58 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Quadro 7 - Modelo mais comum de apresentação dos conteúdos em livros didáticos de</p><p>Ensino Fundamental em Geografia – Anos Iniciais</p><p>ANO Conteúdo</p><p>1º A casa, a rua, a escola e o bairro.</p><p>2º O município - seus limites, aspectos históricos, físicos e econômicos.</p><p>3º</p><p>O Estado - elementos físicos, humanos e econômicos, espaço urbano</p><p>e rural e meios de transporte.</p><p>4º</p><p>O Brasil e suas regiões - aspectos descritivos da paisagem e a divisão</p><p>geográfica.</p><p>Fonte: Pimenta e Carvalho (2008).</p><p>Essa estrutura entende que o mundo da criança está</p><p>fechado e limitado e que caberá somente ao ambiente escolar</p><p>ampliar a sua dimensão de mundo. Este modelo despreza os</p><p>percursos realizados pela criança em outras esferas, os seus</p><p>passeios com a família, as viagens realizadas, o acesso à televisão</p><p>que descortina uma série de outros lugares e culturas para o</p><p>universo infantil, mesmo que inadvertidamente.</p><p>O professor deve considerar o acesso ao universo de</p><p>informações de vários locais do mundo e as facilidades com que</p><p>os meios de transportes atuais (mais rápidos, mais seguros e</p><p>mais baratos) possibilitam o deslocamento da família com maior</p><p>frequência e maiores distâncias. Assim, não é mais possível</p><p>estruturar a Geografia enquanto disciplina a partir da restrição e</p><p>não da ampliação do imaginário geográfico dos alunos.</p><p>Di Giorgi et al. (2014) ressaltam que, nos últimos anos,</p><p>foi criada uma visão negativa em relação aos livros, associada,</p><p>principalmente, ao caráter mercadológico de produção e</p><p>comercialização destes, além da questão da discussão acerca da</p><p>baixa qualidade deles, situação que passou a ser combatida a</p><p>partir da criação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).</p><p>59ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Embora o PNLD não tenha solucionado todas as críticas</p><p>e problemas relacionados à produção e comercialização do</p><p>livro didático, ele teve o “mérito de submeter toda a produção</p><p>a um processo avaliativo, que contribuiu sobremaneira para a</p><p>melhoria da qualidade dos livros didáticos que chegam às escolas</p><p>públicas brasileiras” (DI GIORGI et al., 2014, p. 1028). Foi a partir</p><p>da implantação do PNLD que os professores das escolas públicas</p><p>passaram a ter um contato mais intenso com os livros didáticos.</p><p>Os elementos principais de um livro didático são: a capa,</p><p>a formação dos autores, data de publicação, o público a que se</p><p>destina o livro, a apresentação, o índice e a estrutura do livro,</p><p>a diagramação, as imagens, a proposta teórico-metodológica,</p><p>a linguagem, as atividades e a bibliografia. A análise desses</p><p>aspectos é essencial para que o professor escolha o livro que</p><p>mais se aproxima do perfil dos seus alunos e da sua concepção</p><p>do processo de ensino-aprendizagem.</p><p>Em meio às principais propostas de livros didáticos</p><p>existem algumas que são mais elaboradas e que permitem ao</p><p>aluno o contato com outros tipos de linguagens, como textos</p><p>literários, poemas, músicas, entre outros gêneros textuais. Em</p><p>relação aos conteúdos mais trabalhados, Callai (2014) afirma</p><p>que, nos livros didáticos dos anos iniciais, geralmente o conceito</p><p>mais abordado é o de lugar. Considera ainda que, ao trabalhar</p><p>com esse conceito, existe a intenção de desenvolver noções de</p><p>identidade, localização, direção, cultura, tempo, organização</p><p>espacial, transformação, paisagem, e de desenvolver habilidades</p><p>de observação, registro, comparação, classificação seriação,</p><p>organização e análise.</p><p>Contudo, o livro didático é o único recurso de que muitos</p><p>professores se valem para dar suas aulas. Não raras vezes, os</p><p>conteúdos são apresentados de forma simplificada. Porém, não</p><p>RE</p><p>FE</p><p>RÊ</p><p>N</p><p>CI</p><p>A</p><p>S</p><p>60 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>é um instrumento suficiente para suprir todas as necessidades</p><p>de aprendizagem do aluno (LESANN, 2011). Por isso, o professor</p><p>não deve se limitar somente ao livro didático, ele precisa buscar</p><p>outros recursos didáticos.</p><p>Para Bittencourt (2004, p. 72),</p><p>[..] o livro didático tem sido, desde o século</p><p>XIX, o principal instrumento de trabalho de</p><p>professores e alunos, sendo utilizado nas</p><p>mais variadas salas de aula e condições</p><p>pedagógicas, servindo como mediador entre</p><p>a proposta oficial do poder expressa nos</p><p>programas curriculares e o conhecimento</p><p>escolar ensinado pelo professor.</p><p>É necessário ter em mente que a função do livro didático</p><p>pode ir além da reprodução sem questionamentos e discussões</p><p>das temáticas propostas nele.</p><p>O uso do livro didático deveria ser um ponto</p><p>de apoio da aula para que o professor</p><p>pudesse, a partir dele, ampliar os conteúdos,</p><p>acrescentando outros textos e atividades e,</p><p>portanto, não o transformando no objetivo</p><p>principal da aula. (CASTELLAR; VILHENA, p. 137)</p><p>REFLITA</p><p>Ao nos depararmos com um livro didático, devemos</p><p>nos perguntar até que ponto ele é suficiente para</p><p>a apreensão dos conteúdos pelos alunos. Você já</p><p>parou para pensar neste aspecto?</p><p>Cabe ao professor a tarefa de desvendar as contradições</p><p>que estão presentes em cada conteúdo trabalhado no livro. Esta</p><p>tarefa é um tanto complexa, árdua e difícil. Nesse sentido, um</p><p>exercício que pode render resultados é, durante as aulas em que</p><p>61ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>há o uso do livro, a avaliação do livro com os alunos. Fazer com</p><p>que eles percebam eventuais méritos ou imperfeições das obras</p><p>utilizadas pode contribuir para o entendimento que, às vezes, fugir</p><p>delas pode ser sim bastante proveitoso. É comum estudantes se</p><p>queixarem quando o professor não segue à risca o cronograma</p><p>ou as proposições do livro, de forma que esse exercício pode</p><p>ajudá-los a entender que o livro didático é importante, mas</p><p>não é tudo. Além disso, essa é uma oportunidade para que eles</p><p>conheçam melhor o material que possuem em mãos.</p><p>O Brasil é um país de dimensão continental, formado</p><p>por diversas realidades e culturas, por isso, um livro didático</p><p>não tem condições de abordar todos esses aspectos. Existe, de</p><p>fato, uma necessidade de o professor relacionar os conteúdos</p><p>abordados no livro didático com a realidade vivenciada pelos</p><p>alunos, tornando a sala de aula um lugar de debate de ideias.</p><p>O fato de determinados conteúdos não serem abordados</p><p>nos livros didáticos não significa que essas temáticas não possam</p><p>ser trabalhadas e discutidas durante a aula. Desse modo, surge</p><p>a importância da utilização de mapas, filmes, documentários,</p><p>cartilhas, músicas, maquetes, aulas de campo e outras estratégias</p><p>metodológicas que o professor considere relevantes, que</p><p>estejam em consonância com os objetivos estabelecidos para a</p><p>aula e com a realidade socioeconômica da escola.</p><p>Assim, é clara a importância dos meios auxiliares (mapas,</p><p>audiovisuais, jornais, textos avulsos etc.), mas, em uma realidade</p><p>como a brasileira, para a grande maioria dos professores, os</p><p>recursos usados são o livro didático e a própria criatividade do</p><p>professor ao trazer para a sala de aula as vivências/experiências</p><p>dos alunos, baseando nelas seu fazer cotidiano.</p><p>62 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>RESUMINDO</p><p>E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu</p><p>mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de</p><p>que você realmente entendeu o tema de estudo</p><p>deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.</p><p>Você deve ter aprendido que o uso do livro didático</p><p>como referencial para o processo didático ocorre</p><p>desde o início da Geografia escolar brasileira.</p><p>Entretanto, a produção desses livros passou por</p><p>diferentes fases, incluindo a criação de um sistema</p><p>de avaliação na década de 1990. A definição de</p><p>parâmetros curriculares nacionais padronizou os</p><p>livros didáticos, em uma tentativa de equalizar o</p><p>ensino nacionalmente. Isso trouxe desafios para</p><p>os professores, que necessitam adotar diferentes</p><p>estratégias metodológicas e formas de desenvolver</p><p>o conteúdo considerando as realidades locais</p><p>e regionais dos alunos. Você deve ter notado a</p><p>importância da escolha dos livros didáticos pelos</p><p>professores, de maneira a combiná-los com sua</p><p>metodologia de ensino e a realidade dos alunos.</p><p>63ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>AZAMBUJA, L. D. O livro didático e o ensino de Geografia do Brasil.</p><p>Revista Brasileira de Educação em Geografia, [s. l.], v. 4,</p><p>n. 8, 2014.</p><p>BARBOSA, J. L. Geografia e cinema: em busca de aproximações e</p><p>do inesperado. In: CARLOS, A. F. A. et al. (org.). A Geografia na</p><p>sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003.</p><p>BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de História: fundamentos e</p><p>métodos. São Paulo: Cortez, 2004.</p><p>BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação</p><p>é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível</p><p>em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_</p><p>EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 26 jun. 2023.</p><p>BRIGHENTI, J.; BIAVANTTI, V. T.; SOUZA, T. R. Metodologias</p><p>de ensino-aprendizagem: uma abordagem sob a percepção dos</p><p>alunos. Revista GUAL, Florianópolis, v. 8, n. 3, 2015.</p><p>CALLAI, H. C. Estudo do lugar e o livro didático no ensino e na</p><p>aprendizagem em geografia. In: CASO, M. V. F.; GUREVICH, R.</p><p>Didáctica de la Geografia: prácticas escolares y formación</p><p>de professores. Buenos Aires: Biblos, 2014.</p><p>CASTELLAR, S; VILHENA, J. Ensino de Geografia. São Paulo:</p><p>Cengage Learning, 2010.</p><p>CAVALCANTI, L. de S. A Geografia escolar e a cidade.</p><p>Campinas, SP: Papirus, 2008.</p><p>COMPIANI, M.; CARNEIRO C. D. R. Os papéis didáticos das excursões</p><p>geológicas. Rev. de la Enseñanza de las Ciencias de la</p><p>Tierra, [s. l.], v. 1, n. 2, p. 90-9, 1993.</p><p>64 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>DI GIORGI, C. A. G. et al. Uma proposta de aperfeiçoamento do</p><p>PNLD como política pública: o livro didático como capital cultural</p><p>do aluno/família. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro,</p><p>v. 22, n. 85, p. 1027-1056, 2014.</p><p>FILIZOLA, R.; KOZEL, S. Teoria e prática do Ensino de</p><p>Geografia: memórias da terra. São Paulo: FTD, 2009.</p><p>INSTITUTO AYRTON SENNA. O que é a BNCC? | capítulo 2.</p><p>Instituto Ayrton Senna, [s. l.], 7 dez. 2022. Disponível em:</p><p>https://institutoayrtonsenna.org.br/guias-tematicos/o-que-e-a-</p><p>bncc/ . Acesso em: 27 jun. 2023.</p><p>KAERCHER, N. A. Desafios e utopias no Ensino de Geografia. In:</p><p>CASTROGIOVANNI, A. C. et al. (org.). Geografia em sala de</p><p>aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: AGB, 2003.</p><p>KATUTA, Â. M.; DEAK, Simone C. P. O livro didático de Geografia</p><p>para as séries iniciais do Ensino Fundamental e formação docente</p><p>no Brasil. Secretaria da Educação do Paraná, Curitiba, 2007.</p><p>KUNZLER, E. C.; WIZNIEWSKY, C. A ideologia nos livros didáticos</p><p>de Geografia durante o Regime Militar no Brasil. Revista Terra</p><p>Livre, [s. l.], v. 1, n. 28, 2007.</p><p>LAJOLO, M. Livro didático: um (quase) manual de usuário. Revista</p><p>em Aberto, [s. l.], v. 16, n. 69, 1996.</p><p>LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real o possível e o</p><p>necessário. Porto Alegre, RS: Art. Méd., 2002.</p><p>LESANN, J. Geografia no Ensino Fundamental I. Belo</p><p>Horizonte: Fino Traço, 2011.</p><p>65ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>MARTINS, R. E. O livro didático no ensino da geografia. Portal</p><p>ANPED SUL, [s. l.], p. 1-8, 2006.</p><p>MARTINS, R. E. O uso da literatura infantil no ensino de Geografia</p><p>nos anos iniciais. Revista Geo UERJ, Rio de Janeiro, n. 27,</p><p>2015.</p><p>MORAN, J. M. Novas tecnologias e mediação pedagógica.</p><p>16. ed. Campinas, SP: Papirus, 2009.</p><p>NÉRICE, I. G. Didática geral dinâmica. 10. ed. 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Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência</p><p>e Cultura. Repenser l´éducation: vers un bien commun</p><p>mondial? Paris: UNESCO, 2015.</p><p>UNESCO. Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência</p><p>e Cultura. Educação para Cidadania Global: tópicos e</p><p>objetivos de aprendizagem. Paris: UNESCO, 2016.</p><p>UNICEF. Há 32 milhões de crianças e adolescentes na pobreza</p><p>no Brasil, alerta UNICEF. Unicef Brasil, [s. l.], 14 fev. 2023.</p><p>Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-</p><p>imprensa/ha-32-milhoes-de-criancas-e-adolescentes-na-pobreza-</p><p>no-brasil-alerta-unicef. Acesso em: 28 jun. 2023.</p><p>VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento</p><p>dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins</p><p>Fonte, 2007.</p><p>1996</p><p>Lei de Diretrizes e</p><p>Bases da Educação</p><p>(LDB)</p><p>criação das Diretrizes,</p><p>Curriculares Nacionais</p><p>(DCNs)</p><p>1997-2000</p><p>Parâmetros</p><p>Curriculares</p><p>Nacionais</p><p>criados a partir</p><p>das DCNsUnião</p><p>2014</p><p>Segundo Plano</p><p>Nacional de</p><p>Educação (PNE)</p><p>União Nacional de</p><p>Dirigentes Municipais</p><p>de Educação</p><p>(Undime)</p><p>Conselho Nacio-</p><p>nal de Secretários</p><p>de Educação</p><p>(Consed)</p><p>Conselho</p><p>Nacional de</p><p>Educação</p><p>(CNE)</p><p>sociedade</p><p>civil</p><p>Ministério</p><p>da Educa-</p><p>ção (MEC)</p><p>União Nacional de</p><p>Dirigentes Munici-</p><p>pais de Educação</p><p>(Undime)</p><p>Conselho Nacio-</p><p>nal de Secretários</p><p>de Educação</p><p>(Consed)</p><p>At</p><p>or</p><p>en</p><p>vo</p><p>lvido na criação</p><p>sociedade</p><p>civil</p><p>Conselho</p><p>Nacional de</p><p>Educação</p><p>(CNE)</p><p>Ministério</p><p>da Educação</p><p>(MEC)</p><p>educadores</p><p>brasileiros</p><p>educadores</p><p>brasileiros</p><p>Ministério</p><p>da Educação</p><p>(MEC)</p><p>BNCC</p><p>Base Nacional</p><p>Comum</p><p>Curricular</p><p>Conselho</p><p>Nacional de</p><p>Secretá-</p><p>rios de</p><p>Educação</p><p>(Consed)</p><p>equipe técnica das</p><p>secretarias, gestores,</p><p>coordenadores peda-</p><p>gógicos e professores</p><p>Planos de</p><p>aula dos</p><p>professores</p><p>Projeto</p><p>Político</p><p>Pedagógico</p><p>(PPP) das</p><p>escolas</p><p>comunidade esco-</p><p>lar (professores,</p><p>estudantes, pais,</p><p>funcionários)</p><p>Homolo-</p><p>gação dos</p><p>Conselhos</p><p>Estaduais e</p><p>Municipais</p><p>de Educação</p><p>educadores</p><p>da rede</p><p>(professores</p><p>redatores)</p><p>Currículos</p><p>das redes</p><p>estaduais e</p><p>municipais</p><p>Conselho</p><p>Nacional</p><p>de Educa-</p><p>ção (CNE)</p><p>sociedade</p><p>civil</p><p>União</p><p>Nacional dos</p><p>Conselhos</p><p>Municipais</p><p>de Educação</p><p>(UNCME)</p><p>comunidade escolar</p><p>(estudantes, pais,</p><p>funcionários)</p><p>União</p><p>Nacional de</p><p>Dirigentes</p><p>Municipais</p><p>de Educação</p><p>(Undime)</p><p>Fórum</p><p>Nacional dos</p><p>Conselhos</p><p>Estaduais</p><p>de Educação</p><p>(FMCEE)</p><p>Secretarias</p><p>de Educação</p><p>dos estados</p><p>e municípios</p><p>Fonte: Adaptada de Instituto Ayrton Senna (2022, on-line).</p><p>12 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>A BNCC é um documento que regula e orienta quais</p><p>são as aprendizagens essenciais que todo aluno, seja de escola</p><p>pública ou particular, deve desenvolver. A BNCC para Educação</p><p>Infantil e Ensino Fundamental foi homologada no final de 2017</p><p>e começou a ser implementada efetivamente a partir de 2020.</p><p>Mas o que é, de fato, a Base Nacional Comum Curricular? Quais</p><p>os seus princípios?</p><p>O que é a Base Nacional Comum</p><p>Curricular?</p><p>A Base Nacional Comum Curricular é um documento que</p><p>determina os conhecimentos essenciais que todos os alunos da</p><p>Educação Básica — ou seja, da Educação Infantil até o Ensino</p><p>Médio — devem aprender, ano a ano, independentemente do</p><p>lugar onde moram e estudam.</p><p>O objetivo da BNCC, oficialmente, é diminuir as</p><p>desigualdades do aprendizado, ao definir conhecimentos</p><p>essenciais e fundamentais para toda a Educação Básica. Também</p><p>estabelece habilidades e competências fundamentais em cada</p><p>etapa de ensino. A Base adota uma abordagem humanista,</p><p>reconhece princípios éticos universais e propõe uma educação</p><p>mundial que seja inclusiva e voltada para a humanidade:</p><p>É necessário rejeitar os sistemas de aprendiza-</p><p>gem que alienam o indivíduo e o tratam como</p><p>uma mercadoria e as práticas sociais que divi-</p><p>dem e desumanizam os povos. Desenvolver uma</p><p>educação inspirada em valores e princípios é de</p><p>importância crucial para se atingir um desenvol-</p><p>vimento durável e pacífico. (UNESCO, 2015, p. 40)</p><p>Existe uma explicitação dos princípios norteadores da</p><p>BNCC em conformidade com as proposições de documentos</p><p>13ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>oficiais sobre Educação de organismos internacionais, como a</p><p>Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico</p><p>(OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Educação,</p><p>a Ciência e a Cultura (Unesco). Os principais documentos são:</p><p>“Repenser l’Éducation: vers un bien commun mondial”, de 2015;</p><p>o documento “Educação para a cidadania global: tópicos e</p><p>objetivos de aprendizagem” (UNESCO, 2016); e o documento</p><p>publicado pela OCDE, denominado “Global competency for an</p><p>inclusive world” (OCDE, 2016).</p><p>ACESSE</p><p>É possível ler esses e outros documentos da</p><p>Unesco sobre Educação Global em português.</p><p>Acesse o link disponível.</p><p>Esses documentos discutem princípios norteadores para</p><p>educação mundial, enfatizando as diretrizes da Educação para</p><p>Cidadania Global (ECG), que são: uma abordagem humanista,</p><p>inclusiva, intercultural, baseada na sustentabilidade, na</p><p>aprendizagem ao longo da vida e em competências. Esses</p><p>documentos trazem uma noção de cidadania global. A cidadania</p><p>global é definida a partir do “sentimento de pertencer a uma</p><p>comunidade mais ampla e a uma humanidade comum” (UNESCO,</p><p>2016, p. 14), enfatizando, portanto, a interdependência e a</p><p>interconexão política, econômica, social e cultural entre os níveis</p><p>local, nacional e global (análise multiescalar).</p><p>O direito à educação, à aprendizagem e ao desenvolvi-</p><p>mento constitui um princípio educativo fundamental, conforme</p><p>14 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>esses documentos, a ser adotado em escala mundial, com o in-</p><p>tuito de consolidar projetos educativos que assegurem o bem-</p><p>-estar coletivo da humanidade. De forma que os “conteúdos</p><p>ensinados devem estar impregnados de princípios de justiça</p><p>social e econômica, de igualdade e de gestão responsável do</p><p>meio ambiente que constituem os pilares do desenvolvimento</p><p>durável” (UNESCO, 2015, p. 44). Afirmam ainda a necessidade</p><p>de aprendizagens fora da educação formal, associada a meios</p><p>digitais, já que estes são utilizados em múltiplos locais, além da</p><p>escola, e ao longo da vida.</p><p>Sobre a noção de competência, esses documentos a</p><p>conceituam como a “aptidão para utilizar o saber, compreendido</p><p>no sentido amplo como o conjunto de informações,</p><p>conhecimentos, saber fazer e saber ser em contextos específicos</p><p>e em resposta a demandas definidas” (UNESCO, 2015, p. 42).</p><p>Utilizadas também na BNCC, essas competências são vistas a</p><p>partir da noção de cidadania global, de forma que se referem</p><p>às demandas da dinâmica social contemporânea, fortemente</p><p>baseadas na diversidade cultural, traduzidas em grandes</p><p>objetivos voltados para a ação, com base no trio: habilidades,</p><p>conhecimentos e atitudes. Nesse sentido, as habilidades podem</p><p>ser entendidas como as aprendizagens essenciais que devem</p><p>ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares</p><p>para que as competências sejam plenamente desenvolvidas.</p><p>Já as unidades temáticas agrupam os objetos de ensino,</p><p>conhecimentos e atitudes a serem desenvolvidos.</p><p>15ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para saber mais sobre a Base Nacional Comum</p><p>Curricular, suas diferentes versões e históricos,</p><p>leia o artigo de Maria Valnice da Silva e Jean Mac</p><p>Cole Tavares Santos, denominado “A BNCC e as</p><p>implicações para o currículo da Educação Básica”.</p><p>Acesse o link.</p><p>O professor, entendido como um produtor de</p><p>conhecimento docente, não deve se ater às indicações dos</p><p>documentos norteadores do Ensino. Não podemos eliminar</p><p>a possibilidade de o professor questionar a realidade, propor</p><p>temáticas de estudo e estabelecer diretrizes para o processo</p><p>pedagógico, a partir da sua experiência, de seus alunos e da</p><p>cultura escolar na qual está atuando.</p><p>REFLITA</p><p>Diversos pesquisadores da área da Educação</p><p>questionam a formulação da BNCC. Para eles,</p><p>ela apresenta um currículo mínimo que vai</p><p>necessariamente modelar as avaliações e os</p><p>materiais didáticos, incluindo os livros didáticos,</p><p>mesmo que não apresente explicitamente</p><p>esse objetivo. Desse modo, questionam: o que</p><p>resta para os professores criarem? Como fica a</p><p>autonomia do magistério em relação à tarefa de</p><p>ensinar?</p><p>16 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Ensino de Geografia nos anos</p><p>iniciais do Ensino Fundamental</p><p>A BNCC divide o ensino de Geografia em cinco unidades</p><p>temáticas comuns ao longo do Ensino Fundamental, que</p><p>envolvem uma progressão das habilidades exigidas de maneira</p><p>que ocorra o desenvolvimento do raciocínio geográfico. A ênfase</p><p>do aprendizado é na posição relativa dos objetos no espaço e no</p><p>tempo, o que exige a compreensão das características de um lugar</p><p>(localização, extensão,</p><p>conectividade, entre outras), resultantes</p><p>das relações com outros lugares, territórios, paisagens e com a</p><p>totalidade do espaço geográfico em uma perspectiva escalar.</p><p>As cinco unidades temáticas são:</p><p>1. O sujeito e seu lugar no mundo – busca o desenvolvimento</p><p>das noções de pertencimento e identidade a partir da</p><p>ampliação das experiências com o espaço e o tempo</p><p>vivenciadas pelas crianças em jogos e brincadeiras na</p><p>Educação Infantil, por meio do aprofundamento de seu</p><p>conhecimento sobre si mesmas e de sua comunidade,</p><p>valorizando-se os contextos mais próximos da vida</p><p>cotidiana. De maneira que a criança compreenda a</p><p>dinâmica das relações sociais e étnico-raciais da sua</p><p>comunidade, respeitando as diferenças culturais. Além</p><p>disso, possibilitando que os alunos construam sua</p><p>identidade relacionando-se com o outro (sentido de</p><p>alteridade) e valorizem as suas memórias e marcas do</p><p>passado vivenciadas em diferentes lugares.</p><p>2. Conexões e escalas – a atenção está na articulação de</p><p>diferentes espaços e escalas de análise, possibilitando</p><p>que os alunos compreendam as relações existentes</p><p>entre fatos nos níveis local e global. Os alunos precisam</p><p>17ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>compreender as interações multiescalares existentes</p><p>entre sua vida familiar, seus grupos e espaços de</p><p>convivência e as interações espaciais mais complexas.</p><p>3. Mundo do trabalho – focaliza os processos e as técnicas</p><p>construtivas e o uso de diferentes materiais produzidos</p><p>pelas sociedades em diversos tempos. São abordadas</p><p>as características das inúmeras atividades e suas</p><p>funções socioeconômicas nos setores da economia e</p><p>os processos produtivos agroindustriais, expressos em</p><p>distintas cadeias produtivas; o processo de produção do</p><p>espaço agrário e industrial em sua relação entre campo</p><p>e cidade, destacando-se as alterações provocadas</p><p>pelas novas tecnologias no setor produtivo, fator</p><p>desencadeador de mudanças substanciais nas relações</p><p>de trabalho, na geração de emprego e na distribuição</p><p>de renda em diferentes escalas.</p><p>4. Formas de representação e pensamento espacial –</p><p>ampliação gradativa da concepção do que é um mapa e</p><p>de outras formas de representação gráfica, envolvendo</p><p>o raciocínio geográfico, de forma que os alunos tenham</p><p>domínio da leitura e elaboração de mapas e gráficos,</p><p>iniciando a alfabetização cartográfica. Fotografias,</p><p>mapas, esquemas, desenhos, imagens de satélites,</p><p>audiovisuais, gráficos são frequentemente utilizados</p><p>no componente curricular.</p><p>5. Natureza, ambientes e qualidade de vida – busca a</p><p>compreensão da unidade da Geografia, articulando</p><p>Geografia Física e Geografia Humana, com destaque</p><p>para a discussão dos processos físico-naturais do</p><p>planeta Terra e das noções relativas à percepção do</p><p>meio físico natural e de seus recursos. Com isso, os</p><p>alunos podem reconhecer de que forma as diferentes</p><p>18 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>comunidades transformam a natureza, tanto em relação</p><p>às inúmeras possibilidades de uso ao transformá-la em</p><p>recursos quanto aos impactos socioambientais delas</p><p>provenientes.</p><p>A BNCC indica, ainda, as competências que se relacionam</p><p>especificamente com a Geografia, isto é, a capacidade de utilizar</p><p>as informações e conhecimentos geográficos no saber fazer e</p><p>saber ser cidadão, que devem ser desenvolvidas nessa etapa do</p><p>ensino. Na prática, a BNCC define as competências, as habilidades</p><p>e os objetos do conhecimento em um sequenciamento rígido,</p><p>indicando o ano em que devem ser trabalhados, conforme</p><p>veremos a seguir.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>É possível acessar a Base Nacional Comum Curri-</p><p>cular na íntegra para um melhor entendimento e</p><p>estudo. Acesse o link.</p><p>A construção do raciocínio geográfico envolve o domínio</p><p>de certos conteúdos, conceitos e linguagens pelos alunos.</p><p>Compreende, ainda, o desenvolvimento de algumas habilidades,</p><p>entre as quais podemos destacar: observar, localizar, orientar-</p><p>se, interpretar, relacionar, tendo como fundamento a dimensão</p><p>geográfica dos fenômenos.</p><p>19ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Quadro 1 - Definições da BNCC para o Ensino de Geografia – 1º Ano (Ensino Fundamental –</p><p>Anos Iniciais)</p><p>GEOGRAFIA – 1º ANO</p><p>Unidades</p><p>temáticas</p><p>Objetos de</p><p>conhecimento</p><p>Habilidades</p><p>O sujeito</p><p>e seu</p><p>lugar no</p><p>mundo</p><p>O modo de vida</p><p>das crianças</p><p>em diferentes</p><p>lugares</p><p>(EF01GE01) Descrever características</p><p>observadas de seus lugares de vivência</p><p>(moradia, escola etc.) e identificar</p><p>semelhanças e diferenças entre esses lugares.</p><p>(EF01GE02) Identificar semelhanças e</p><p>diferenças entre jogos e brincadeiras de</p><p>diferentes épocas e lugares.</p><p>Situações de</p><p>convívio em</p><p>diferentes</p><p>lugares</p><p>(EF01GE03) Identificar e relatar semelhanças</p><p>e diferenças de usos do espaço público</p><p>(praças, parques) para o lazer e diferentes</p><p>manifestações.</p><p>(EF01GE04) Discutir e elaborar, coletivamente,</p><p>regras de convívio em diferentes espaços (sala</p><p>de aula, escola etc.).</p><p>Conexões</p><p>e escalas</p><p>Ciclos naturais e</p><p>a vida cotidiana</p><p>(EF01GE05) Observar e descrever ritmos</p><p>naturais (dia e noite, variação de temperatura</p><p>e umidade etc.) em diferentes escalas</p><p>espaciais e temporais, comparando a sua</p><p>realidade com outras.</p><p>Mundo do</p><p>trabalho</p><p>Diferentes tipos</p><p>de trabalho</p><p>existentes no</p><p>seu dia a dia</p><p>(EF01GE06) Descrever e comparar diferentes</p><p>tipos de moradia ou objetos de uso cotidiano</p><p>(brinquedos, roupas, mobiliários), considerando</p><p>técnicas e materiais utilizados em sua produção.</p><p>(EF01GE07) Descrever atividades de trabalho</p><p>relacionadas com o dia a dia da sua comunidade</p><p>Formas</p><p>de repre-</p><p>sentação</p><p>e pensa-</p><p>mento</p><p>espacial</p><p>Pontos de</p><p>referência</p><p>(EF01GE08) Criar mapas mentais e desenhos</p><p>com base em itinerários, contos literários,</p><p>histórias inventadas e brincadeiras.</p><p>(EF01GE09) Elaborar e utilizar mapas simples</p><p>para localizar elementos do local de vivência,</p><p>considerando referenciais espaciais (frente e</p><p>atrás, esquerda e direita, em cima e embaixo,</p><p>dentro e fora) e tendo o corpo como referência.</p><p>20 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Natureza,</p><p>ambien-</p><p>tes e</p><p>qualidade</p><p>de vida</p><p>Condições de</p><p>vida nos lugares</p><p>de vivência</p><p>(EF01GE10) Descrever características de seus</p><p>lugares de vivência relacionadas aos ritmos da</p><p>natureza (chuva, vento, calor etc.).</p><p>(EF01GE11) Associar mudanças de vestuário</p><p>e hábitos alimentares em sua comunidade</p><p>ao longo do ano, decorrentes da variação de</p><p>temperatura e umidade no ambiente.</p><p>Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).</p><p>Quadro 2 - Definições da BNCC para o Ensino de Geografia – 2º Ano (Ensino Fundamental –</p><p>Anos Iniciais)</p><p>GEOGRAFIA – 2º ANO</p><p>Unidades</p><p>temáticas</p><p>Objetos de</p><p>conhecimento</p><p>Habilidades</p><p>O sujeito</p><p>e seu</p><p>lugar no</p><p>mundo</p><p>Convivência e</p><p>interações entre</p><p>pessoas na</p><p>comunidade</p><p>(EF02GE01) Descrever a história das migrações</p><p>no bairro ou comunidade em que vive.</p><p>(EF02GE02) Comparar costumes e tradições</p><p>de diferentes populações inseridas no bairro</p><p>ou comunidade em que vive, reconhecendo a</p><p>importância do respeito às diferenças.</p><p>Riscos e</p><p>cuidados nos</p><p>meios de</p><p>transporte e de</p><p>comunicação</p><p>(EF02GE03) Comparar diferentes meios de</p><p>transporte e de comunicação, indicando o seu</p><p>papel na conexão entre lugares, e discutir os</p><p>riscos para a vida e para o ambiente e seu uso</p><p>responsável.</p><p>Conexões</p><p>e escalas</p><p>Experiências</p><p>da comunidade</p><p>no tempo e no</p><p>espaço</p><p>(EF02GE04) Reconhecer semelhanças e</p><p>diferenças nos hábitos, nas relações com a</p><p>natureza e no modo de viver de pessoas em</p><p>diferentes lugares.</p><p>Mudanças e</p><p>permanências</p><p>(EF02GE05) Analisar mudanças e</p><p>permanências, comparando imagens de um</p><p>mesmo lugar em diferentes tempos.</p><p>21ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Mundo do</p><p>trabalho</p><p>Tipos de</p><p>trabalho</p><p>em lugares</p><p>e tempos</p><p>diferentes</p><p>(EF02GE06) Relacionar o dia e a noite a</p><p>diferentes tipos de atividades sociais (horário</p><p>escolar, comercial, sono etc.).</p><p>(EF02GE07) Descrever as atividades extrativas</p><p>(minerais, agropecuárias e industriais) de</p><p>diferentes lugares, identificando</p><p>os impactos</p><p>ambientais.</p><p>Formas de</p><p>repre-</p><p>sentação</p><p>e pensa-</p><p>mento</p><p>espacial</p><p>Localização,</p><p>orientação e</p><p>representação</p><p>espacial</p><p>(EF02GE08) Identificar e elaborar diferentes</p><p>formas de representação (desenhos, mapas</p><p>mentais, maquetes) para representar</p><p>componentes da paisagem dos lugares de</p><p>vivência.</p><p>(EF02GE09) Identificar objetos e lugares de</p><p>vivência (escola e moradia) em imagens aéreas</p><p>e mapas (visão vertical) e fotografas (visão</p><p>oblíqua).</p><p>(EF02GE10) Aplicar princípios de localização</p><p>e posição de objetos (referenciais espaciais,</p><p>como frente e atrás, esquerda e direita, em</p><p>cima e embaixo, dentro e fora) por meio de</p><p>representações espaciais da sala de aula e da</p><p>escola.</p><p>Natureza,</p><p>ambientes</p><p>e</p><p>qualidade</p><p>de vida</p><p>Os usos dos</p><p>recursos</p><p>naturais: solo e</p><p>água no campo</p><p>e na cidade</p><p>(EF02GE11) Reconhecer a importância do</p><p>solo e da água para a vida, identificando seus</p><p>diferentes usos (plantação e extração de</p><p>materiais, entre outras possibilidades) e os</p><p>impactos desses usos no cotidiano da cidade</p><p>e do campo.</p><p>Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).</p><p>22 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Quadro 3 - Definições da BNCC para o Ensino de Geografia – 3º Ano (Ensino Fundamental –</p><p>Anos Iniciais)</p><p>GEOGRAFIA – 3º ANO</p><p>Unidades</p><p>temáticas</p><p>Objetos de</p><p>conhecimento</p><p>Habilidades</p><p>O sujeito e</p><p>seu lugar no</p><p>mundo</p><p>A cidade e</p><p>o campo:</p><p>aproximações e</p><p>diferenças</p><p>(EF03GE01) Identificar e comparar</p><p>aspectos culturais dos grupos sociais de</p><p>seus lugares de vivência, seja na cidade,</p><p>seja no campo.</p><p>(EF03GE02) Identificar, em seus lugares de</p><p>vivência, marcas de contribuição cultural</p><p>e econômica de grupos de diferentes</p><p>origens.</p><p>(EF03GE03) Reconhecer os diferentes</p><p>modos de vida de povos e comunidades</p><p>tradicionais em distintos lugares.</p><p>Conexões e</p><p>escalas</p><p>Paisagens</p><p>naturais e</p><p>antrópicas em</p><p>transformação</p><p>(EF03GE04) Explicar como os processos</p><p>naturais e históricos atuam na produção</p><p>e na mudança das paisagens naturais e</p><p>antrópicas nos seus lugares de vivência,</p><p>comparando-os a outros lugares.</p><p>Mundo do</p><p>trabalho</p><p>Matéria-prima e</p><p>indústria</p><p>(EF03GE05) Identificar alimentos,</p><p>minerais e outros produtos cultivados</p><p>e extraídos da natureza, comparando</p><p>as atividades de trabalho em diferentes</p><p>lugares.</p><p>Formas de re-</p><p>presentação e</p><p>pensamento</p><p>espacial</p><p>Representações</p><p>cartográficas</p><p>(EF03GE06) Identificar e interpretar</p><p>imagens bidimensionais e tridimensionais</p><p>em diferentes tipos de representação</p><p>cartográfica.</p><p>(EF03GE07) Reconhecer e elaborar</p><p>legendas com símbolos de diversos tipos</p><p>de representações em diferentes escalas</p><p>cartográficas.</p><p>23ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Natureza,</p><p>ambientes e</p><p>qualidade de</p><p>vida</p><p>Produção,</p><p>circulação e</p><p>consumo</p><p>(EF03GE08) Relacionar a produção de lixo</p><p>doméstico ou da escola aos problemas</p><p>causados pelo consumo excessivo e</p><p>construir propostas para o consumo</p><p>consciente, considerando a ampliação de</p><p>hábitos de redução, reuso e reciclagem/</p><p>descarte de materiais consumidos em</p><p>casa, na escola e/ou no entorno.</p><p>Impactos das</p><p>atividades</p><p>humanas</p><p>(EF03GE09) Investigar os usos dos</p><p>recursos naturais, com destaque para os</p><p>usos da água em atividades cotidianas</p><p>(alimentação, higiene, cultivo de plantas</p><p>etc.), e discutir os problemas ambientais</p><p>provocados por esses usos.</p><p>(EF03GE10) Identificar os cuidados</p><p>necessários para utilização da água</p><p>na agricultura e na geração de energia</p><p>de modo a garantir a manutenção do</p><p>provimento de água potável.</p><p>(EF03GE11) Comparar impactos das</p><p>atividades econômicas urbanas e rurais</p><p>sobre o ambiente físico natural, assim</p><p>como os riscos provenientes do uso de</p><p>ferramentas e máquinas.</p><p>Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).</p><p>Quadro 4 - Definições da BNCC para o Ensino de Geografia – 4º Ano (Ensino Fundamental –</p><p>Anos Iniciais)</p><p>GEOGRAFIA – 4º ANO</p><p>Unidades</p><p>temáticas</p><p>Objetos de</p><p>conhecimento</p><p>Habilidades</p><p>24 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>O sujeito e</p><p>seu lugar no</p><p>mundo</p><p>Território e</p><p>diversidade</p><p>cultural</p><p>(EF04GE01) Selecionar, em seus</p><p>lugares de vivência e em suas histórias</p><p>familiares e/ou da comunidade, elementos</p><p>de distintas culturas (indígenas, afro-</p><p>brasileiras, de outras regiões do país,</p><p>latino-americanas, europeias, asiáticas etc.),</p><p>valorizando o que é próprio em cada uma</p><p>delas e sua contribuição para a formação</p><p>da cultura local, regional e brasileira.</p><p>Processos</p><p>migratórios no</p><p>Brasil</p><p>(EF04GE02) Descrever processos</p><p>migratórios e suas contribuições para a</p><p>formação da sociedade brasileira.</p><p>Instâncias do</p><p>poder público</p><p>e canais de</p><p>participação</p><p>social</p><p>(EF04GE03) Distinguir funções e papéis</p><p>dos órgãos do poder público municipal</p><p>e canais de participação social na gestão</p><p>do Município, incluindo a Câmara de</p><p>Vereadores e Conselhos Municipais.</p><p>Conexões e</p><p>escalas</p><p>Relação campo</p><p>e cidade</p><p>(EF04GE04) Reconhecer especificidades</p><p>e analisar a interdependência do campo</p><p>e da cidade, considerando fluxos</p><p>econômicos, de informações, de ideias e</p><p>de pessoas.</p><p>Unidades</p><p>político-</p><p>administrativas</p><p>do Brasil</p><p>(EF04GE05) Distinguir unidades político-</p><p>administrativas oficiais nacionais (Distrito,</p><p>Município, Unidade da Federação e</p><p>grande região), suas fronteiras e sua</p><p>hierarquia, localizando seus lugares de</p><p>vivência.</p><p>Territórios</p><p>étnico-culturais</p><p>(EF04GE06) Identificar e descrever</p><p>territórios étnico-culturais existentes</p><p>no Brasil, tais como terras indígenas</p><p>e de comunidades remanescentes de</p><p>quilombos, reconhecendo a legitimidade</p><p>da demarcação desses territórios.</p><p>Mundo do</p><p>trabalho</p><p>Trabalho no</p><p>campo e na</p><p>cidade</p><p>(EF04GE07) Comparar as características</p><p>do trabalho no campo e na cidade.</p><p>Produção,</p><p>circulação e</p><p>consumo</p><p>(EF04GE08) Descrever e discutir o</p><p>processo de produção (transformação de</p><p>matérias-primas), circulação e consumo</p><p>de diferentes produtos.</p><p>25ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Formas de</p><p>representação</p><p>e pensamento</p><p>espacial</p><p>Sistema de</p><p>orientação</p><p>(EF04GE09) Utilizar as direções cardeais</p><p>na localização de componentes físicos e</p><p>humanos</p><p>nas paisagens rurais e urbanas.</p><p>Elementos</p><p>constitutivos</p><p>dos mapas</p><p>(EF04GE10) Comparar tipos variados de</p><p>mapas, identificando suas características,</p><p>elaboradores, finalidades, diferenças e</p><p>semelhanças.</p><p>Natureza,</p><p>ambientes e</p><p>qualidade de</p><p>vida</p><p>Conservação e</p><p>degradação da</p><p>natureza</p><p>(EF04GE11) Identificar as características</p><p>das paisagens naturais e antrópicas</p><p>(relevo, cobertura vegetal, rios etc.) no</p><p>ambiente em que vive, bem como a ação</p><p>humana na conservação ou degradação</p><p>dessas áreas.</p><p>Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).</p><p>Quadro 5 - Definições da BNCC para o Ensino de Geografia – 5º Ano (Ensino Fundamental –</p><p>Anos Iniciais)</p><p>GEOGRAFIA – 5º ANO</p><p>Unidades</p><p>temáticas</p><p>Objetos de</p><p>conhecimento</p><p>Habilidades</p><p>O sujeito e</p><p>seu lugar no</p><p>mundo</p><p>Dinâmica</p><p>populacional</p><p>(EF05GE01) Descrever e analisar dinâmicas</p><p>populacionais na Unidade da Federação</p><p>em que vive, estabelecendo relações entre</p><p>migrações e condições de infraestrutura.</p><p>Diferenças</p><p>étnico-raciais e</p><p>étnico-culturais</p><p>e desigualdades</p><p>sociais</p><p>(EF05GE02) Identificar diferenças étnico-</p><p>raciais e étnico-culturais e desigualdades</p><p>sociais entre grupos em diferentes</p><p>territórios.</p><p>Conexões e</p><p>escalas</p><p>Território, redes</p><p>e urbanização</p><p>(EF05GE03) Identificar as formas e funções</p><p>das cidades e analisar as mudanças sociais,</p><p>econômicas e ambientais provocadas pelo</p><p>seu crescimento.</p><p>(EF05GE04) Reconhecer as características da</p><p>cidade e analisar as interações entre a cidade</p><p>e o campo e entre cidades na rede urbana.</p><p>26 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Mundo do</p><p>trabalho</p><p>Trabalho e</p><p>inovação</p><p>tecnológica</p><p>(EF05GE05) Identificar e comparar</p><p>as mudanças dos tipos de trabalho</p><p>e desenvolvimento tecnológico na</p><p>agropecuária, na indústria, no comércio e</p><p>nos serviços.</p><p>(EF05GE06) Identificar e comparar</p><p>transformações dos meios de transporte e</p><p>de comunicação.</p><p>(EF05GE07) Identificar os diferentes</p><p>tipos de energia utilizados na produção</p><p>industrial, agrícola e extrativa e no cotidiano</p><p>das populações.</p><p>Formas de</p><p>represen-</p><p>tação e</p><p>pensamento</p><p>espacial</p><p>Mapas e</p><p>imagens de</p><p>satélite</p><p>(EF05GE08) Analisar transformações</p><p>de paisagens nas cidades, comparando</p><p>sequência de fotografias, fotografias aéreas</p><p>e imagens de satélite de épocas diferentes.</p><p>Representação</p><p>das cidades</p><p>e do espaço</p><p>urbano</p><p>(EF05GE09) Estabelecer conexões</p><p>e hierarquias entre diferentes</p><p>cidades, utilizando mapas temáticos e</p><p>representações gráficas.</p><p>Natureza,</p><p>ambientes e</p><p>qualidade de</p><p>vida</p><p>Qualidade</p><p>ambiental</p><p>(EF05GE10) Reconhecer e comparar</p><p>atributos da qualidade ambiental e algumas</p><p>formas de poluição dos cursos de água e</p><p>dos oceanos (esgotos, efluentes industriais,</p><p>marés negras etc.).</p><p>Diferentes tipos</p><p>de poluição</p><p>(EF05GE11) Identificar e descrever</p><p>problemas ambientais que ocorrem</p><p>no entorno da escola e da residência</p><p>(lixões, indústrias poluentes, destruição</p><p>do patrimônio histórico etc.), propondo</p><p>soluções (inclusive tecnológicas) para esses</p><p>problemas.</p><p>Gestão pública</p><p>da qualidade de</p><p>vida</p><p>(EF05GE12) Identificar órgãos do poder</p><p>público e canais de participação social</p><p>responsáveis por buscar soluções para a</p><p>melhoria da qualidade de vida (em áreas</p><p>como meio ambiente, mobilidade, moradia</p><p>e direito à cidade) e discutir as propostas</p><p>implementadas por esses órgãos que</p><p>afetam a comunidade em que vive.</p><p>Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).</p><p>27ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>IMPORTANTE</p><p>Na BNCC, não há nenhuma discussão sobre os</p><p>jovens e as crianças para as quais se referem as</p><p>indicações de ensino. Suas características, suas</p><p>demandas, seus desejos ou mesmo suas feições...</p><p>São características relevantes para se pensar o</p><p>ensino? Ou isso fica a critério dos professores?</p><p>De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância</p><p>(Unicef), 32 milhões (63%) de crianças e adolescentes brasileiros</p><p>são afetados por alguma forma de pobreza, como renda familiar</p><p>insuficiente, privação de direitos humanos (falta de saneamento</p><p>básico, de moradia, de acesso à educação e à informação), trabalho</p><p>infantil (UNICEF, 2023). As desigualdades sociais são um conteúdo</p><p>imprescindível a ser tratado desde os anos iniciais da escolaridade</p><p>e devem ser consideradas no planejamento das aulas, ou seja,</p><p>durante o desenvolvimento das competências de ensino.</p><p>Milton Santos (2009, p. 115-116) afirma:</p><p>Para ter eficácia, o processo de aprendizagem</p><p>deve, em primeiro lugar, partir da consciência</p><p>da época em que vivemos. Isso significa saber</p><p>o que o mundo é e como ele se define e</p><p>funciona, de modo a reconhecer o lugar de</p><p>cada país no conjunto do planeta e o de cada</p><p>pessoa no conjunto da sociedade humana.</p><p>Cabe aos professores considerarem a realidade dos</p><p>alunos, da cultura escolar na qual se inserem e seus conhecimentos</p><p>docentes, criando, assim, a Geografia Escolar no cotidiano.</p><p>Ensinar não pode ser entendido como transferir, repassar o</p><p>saber. O processo de desenvolvimento de competências deve</p><p>ser traduzido em um processo emancipatório do aluno, com</p><p>base em um saber crítico, criativo, atualizado, competente.</p><p>Entre o professor e o aluno não deve se estabelecer apenas</p><p>hierarquização verticalizada, que divide papéis pela forma do</p><p>autoritarismo.</p><p>28 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Lerner (2002, p. 27) ressalta que os professores têm o</p><p>compromisso de “formar seres humanos críticos, capazes de</p><p>ler entrelinhas e de assumir uma posição própria”. Assumir</p><p>uma posição própria diante do mundo, compreendendo sua</p><p>complexidade cultural, social, econômica e, de maneira geral,</p><p>territorial. Nesse sentido, o papel da Geografia nos anos iniciais</p><p>deve ser o de desenvolver conhecimentos que sejam significativos</p><p>para a criança conhecer o espaço em que vive.</p><p>RESUMINDO</p><p>E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu</p><p>mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de</p><p>que você realmente entendeu o tema de estudo</p><p>deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.</p><p>Você deve ter aprendido que o ensino de Geografia</p><p>é norteado por leis e documentos específicos, como</p><p>a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A Base</p><p>estipula competências a serem desenvolvidas para</p><p>os diferentes anos do Ensino Básico, articulando</p><p>habilidades e objetos (conteúdos) de ensino.</p><p>Essas habilidades e objetos são distribuídos, para</p><p>a Geografia, em cinco unidades temáticas: o sujeito</p><p>e seu lugar no mundo; conexões e escalas; mundo</p><p>do trabalho; formas de representação e pensamento</p><p>espacial; natureza, ambientes e qualidade de</p><p>vida. A construção do raciocínio geográfico</p><p>pressupõe, por parte dos alunos, além do domínio</p><p>de certos conteúdos, conceitos e linguagens, o</p><p>desenvolvimento de algumas habilidades, entre as</p><p>quais observar, localizar, orientar-se, interpretar,</p><p>relacionar, tendo como fundamento a dimensão</p><p>geográfica dos fenômenos. Você deve ter percebido</p><p>que as orientações da BNCC não explicitam, nem</p><p>articulam com suas prescrições, quem são os</p><p>alunos aos quais se refere, suas características e</p><p>particularidades. Cabe aos professores considerarem</p><p>a realidade dos alunos, da cultura escolar na qual se</p><p>inserem e seus conhecimentos docentes, criando,</p><p>assim, a Geografia Escolar no cotidiano.</p><p>29ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Estratégias metodológicas</p><p>fundamentais no ensino de</p><p>Geografia</p><p>OBJETIVO</p><p>Ao término deste capítulo, você será capaz de</p><p>elaborar estratégias metodológicas para o ensino</p><p>de Geografia. Isto será fundamental para o</p><p>exercício de sua profissão. E, então? Motivado para</p><p>desenvolver esta competência? Então, vamos lá.</p><p>Avante!</p><p>Notas introdutórias</p><p>A Geografia nos anos iniciais tem tido um papel de</p><p>coadjuvante em relação às outras disciplinas, como Matemática</p><p>e Língua Portuguesa, geralmente devido à dificuldade que os</p><p>professores têm de trabalhar os conhecimentos desta ciência em</p><p>sala de aula. A metodologia do ensino de Geografia tradicionalmente</p><p>utilizada é pautada na leitura do livro didático, aulas expositivas</p><p>utilizando o quadro e atividades simples sobre o conteúdo, de</p><p>modo a desenvolver apenas a capacidade de memorização.</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR</p><p>Confira o relato da professora Rosa Elisabete</p><p>Martins que, preocupada com a forma como os</p><p>professores irão ensinar Geografia, revela:</p><p>Sempre que inicio as aulas de Metodologia</p><p>do Ensino de Geografia numa turma</p><p>de Pedagogia, questiono sobre os</p><p>conhecimentos geográficos que a turma</p><p>possui. Invariavelmente, eles respondem</p><p>que lembram pouco das suas aulas de</p><p>geografia e os que lembram relatam</p><p>sobre atividades relacionadas à pintura de</p><p>mapas, nome de rios, cidades, capitais e</p><p>atividades no livro didático, caracterizadas</p><p>pela enumeração de dados geográficos</p><p>de espaços fragmentados.</p><p>30 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Continuação São falas que revelam atividades</p><p>desconectadas de um contexto social</p><p>ou de uma geografia vivida por todos</p><p>nós. Diante disso, questiono sobre o</p><p>que eles acreditam ser importante ao</p><p>ensinar em Geografia nos anos iniciais.</p><p>Alguns revelam que têm dificuldade em</p><p>trabalhar com Geografia, pois não sabem</p><p>como fazer ou não se sentem seguros em</p><p>abordar alguns conceitos desta ciência.</p><p>Procuro esclarecer que ensinar Geografia</p><p>envolve mais que trabalhar com o livro</p><p>didático, pintar mapas, fazer planta da</p><p>sala de aula, fazer roteiros de casa para a</p><p>escola que, normalmente, são atividades</p><p>que estamos acostumados a ver em</p><p>listagem de conteúdo dos anos iniciais.</p><p>Ensinar Geografia pressupõe entender</p><p>que o espaço geográfico é algo dinâmico e</p><p>está em constante transformação e, como</p><p>tal, impõe uma análise que privilegie o</p><p>movimento, isto é, discutir o espaço como</p><p>resultado de um processo histórico que</p><p>envolve o passado, o presente e o futuro.</p><p>(MARTINS, 2015, p. 72).</p><p>Para que haja o aproveitamento do arcabouço geográfico</p><p>na interpretação do mundo pelo aluno, é preciso antes que ele se</p><p>aproprie dos conteúdos e reflexões trabalhados</p><p>em sala. Como o</p><p>professor pode oportunizar isso? Quais são as diferentes formas</p><p>de ensinar, de planejar uma aula?</p><p>As estratégias metodológicas são justamente essas</p><p>distintas maneiras de se organizar e planejar as aulas, sejam elas</p><p>em sala ou não. Existem diferentes métodos estabelecidos, que</p><p>embasam e fundamentam essas formas de ensinar (estratégias</p><p>metodológicas).</p><p>De forma geral, encontramos o método tradicional de en-</p><p>sino, que consiste na transmissão do conhecimento do profes-</p><p>31ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>sor para o aluno e tem metas a cumprir dentro de determinados</p><p>prazos, verificadas por meio de avaliações periódicas. É comum</p><p>as aulas serem baseadas apenas no livro didático, valorizando a</p><p>quantidade de conteúdo ensinada e a capacidade de memoriza-</p><p>ção. Esse método é o mais comum ainda hoje.</p><p>Atualmente, os principais documentos e recomendações</p><p>de ensino trabalham com o método construtivista, que considera</p><p>que o conhecimento deve ser ativamente construído pelo aluno</p><p>e não passivamente recebido do professor ou do ambiente. Cada</p><p>um é visto como alguém com um tempo único de aprendizado,</p><p>e o trabalho em grupo e as interações, seja com pessoas ou com</p><p>objetos, são valorizados. Esse método é baseado nas obras de</p><p>Jean Piaget, principalmente, mas também nas de Lev Vygotsky,</p><p>em uma variação denominada de sociointeracionismo.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para entender melhor os métodos de ensino e</p><p>suas implicações na postura do professor, leia</p><p>o artigo “Geografia e educação: uma discussão</p><p>epistemológica”, de Victória Sabbado Menezes</p><p>e Nestor André Kaercher. Para realizar a leitura,</p><p>acesse o link.</p><p>Nesse sentido, Cavalcanti (2008, p. 35) afirma que:</p><p>Para pensar sobre aspectos metodológicos</p><p>do ensino de Geografia, o primeiro passo</p><p>é colocar o aluno como centro e sujeito do</p><p>processo de ensino para, a partir daí, refletir</p><p>sobre o papel do professor e da Geografia,</p><p>32 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>que são elementos igualmente fundamentais</p><p>no contexto didático.</p><p>A partir da consideração dos alunos, suas características</p><p>e particularidades, dos métodos pedagógicos e da disciplina</p><p>geográfica, o professor pode elaborar metodologias para o</p><p>ensino. É a criação do saber docente, baseado na experiência</p><p>cotidiana, na cultura escolar, nos desafios e dificuldades que</p><p>envolvem essa profissão.</p><p>Nérice (1978, p. 284) considera que a metodologia</p><p>do ensino pode ser compreendida como um “conjunto de</p><p>procedimentos didáticos, representados por seus métodos e</p><p>técnicas de ensino”. As metodologias de ensino, assim como</p><p>as de pesquisa, evidenciam em um passo a passo as diferentes</p><p>maneiras de se conduzir o processo educativo. São baseadas nos</p><p>métodos, como o tradicional e o construtivista, na experiência</p><p>docente e nos alunos, assim como na cultura escolar que os</p><p>envolve.</p><p>Quadro 6 - Algumas estratégias metodológicas de ensino</p><p>Descrição Definição</p><p>Principais estratégias</p><p>metodológicas de</p><p>ensino</p><p>Ensino</p><p>coletivo</p><p>Proporciona o ensino a um grupo</p><p>de alunos, considerando-os em</p><p>condições de aprendizagem</p><p>equivalentes; trabalhos escolares</p><p>com base na capacidade média da</p><p>classe.</p><p>Expositivo; dialogado;</p><p>expositivo misto;</p><p>arguição; leitura.</p><p>Ensino em</p><p>grupo</p><p>Dinâmicas de grupo, dando ênfase</p><p>à interação e cooperação dos</p><p>alunos, levando-os a enfrentar</p><p>tarefas de estudo ou desafios em</p><p>grupos.</p><p>Painel; simpósio; debate;</p><p>discussão; estudo de</p><p>caso; aula prática; aula</p><p>lúdica.</p><p>33ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Ensino indivi-</p><p>dualizado</p><p>Consiste em se dirigir diretamente</p><p>ao aluno, procurando atendê-</p><p>lo em suas condições pessoais</p><p>de preparo, motivação e</p><p>possibilidades</p><p>Instrução personalizada;</p><p>aula prática; instrução</p><p>programada; estudo</p><p>dirigido individual; estudo</p><p>supervisionado; tarefas</p><p>dirigidas; módulos</p><p>instrucionais.</p><p>Ensino socia-</p><p>lizado-indivi-</p><p>dualizante</p><p>Procura oferecer, durante o</p><p>estudo de uma mesma unidade,</p><p>oportunidades de trabalho em</p><p>grupo e, a seguir, individual,</p><p>visando fornecer oportunidade</p><p>para o aluno tomar as suas</p><p>decisões com base no seu próprio</p><p>raciocínio.</p><p>Trabalhos mistos</p><p>individual e em grupo;</p><p>estudos dirigidos com</p><p>debates e discussões;</p><p>júris simulados.</p><p>Fonte: Adaptado de Brighenti, Biavantti e Souza (2015).</p><p>Um dos maiores desafios da educação, e dos professores,</p><p>atualmente, é fazer dos alunos sujeitos ativos no processo de</p><p>ensino. Existe ainda pouca aproximação da escola com a vida,</p><p>com o cotidiano dos alunos. Precisamos considerar que a vida fora</p><p>da escola é cheia de mistérios, dificuldades, aventuras, emoções,</p><p>desejos e fantasias. Já a escola pode parecer homogênea,</p><p>disciplinadora, monótona, chata e sem brilho no que se refere</p><p>a tais características. A escola, muitas vezes, não se manifesta</p><p>de forma atraente perante o mundo contemporâneo, pois não</p><p>dá conta de explicar, envolver e textualizar as descobertas e</p><p>emoções da vida. Nesse sentido, a Geografia deve ser pensada</p><p>pelo professor como uma oportunidade de ampliação do</p><p>universo geográfico do aluno. Para tanto, é preciso que ocorra</p><p>uma mudança nas metodologias aplicadas nas escolas, de forma</p><p>que os professores passem a valorizar os conhecimentos prévios</p><p>dos alunos, ou seja, suas vivências e seus sentimentos.</p><p>A aula, nesse contexto, pode ser entendida como</p><p>um espaço formativo, de ações e intervenção pensadas pelo</p><p>34 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>professor para o aluno. Para tanto, ela precisa ser bem planejada,</p><p>uma vez que é necessária a articulação sistemática entre os</p><p>diversos elementos que compõem o planejamento didático,</p><p>como as estratégias metodológicas, os recursos, o processo</p><p>avaliativo, os conteúdos, entre outros. Os eixos orientadores</p><p>do planejamento das aulas de Geografia estão relacionados a</p><p>duas questões básicas: “O que ensinar em Geografia?” e “Como</p><p>ensinar Geografia?”. Estas questões se relacionam com os outros</p><p>elementos já discutidos, como a cultura escolar, as vivências dos</p><p>alunos, os recursos etc. Todo ato de planejar é uma atividade</p><p>intencional, ou seja, ao planejarmos uma aula, estamos fazendo</p><p>escolhas.</p><p>Para contribuir na elaboração de metodologias que</p><p>fomentem uma participação ativa dos alunos, vamos apresentar</p><p>agora algumas estratégias metodológicas ou de ensino-</p><p>aprendizagem. Essas estratégias são técnicas utilizadas pelos</p><p>professores com o objetivo de ajudar o aluno a construir seu</p><p>conhecimento. Vale lembrar que as estratégias de ensino para</p><p>os anos iniciais (1.º ano ao 5.º ano) são, geralmente, diferentes</p><p>daquelas aplicadas nos anos finais do ensino fundamental (6.º</p><p>ano ao 9.º ano).</p><p>Algumas estratégias metodológicas de ensino são: aula</p><p>expositiva e dialogada, na qual os alunos são questionados</p><p>e estimulados a discutir a respeito do tema da aula, citando,</p><p>por exemplo, casos que tenham vivenciado; estudo de caso,</p><p>no qual o professor e os alunos analisam criteriosamente uma</p><p>situação, sendo ela real ou não, e tentam encontrar soluções</p><p>para o problema apresentado; aulas práticas funcionam como</p><p>uma forma de vivenciar um conhecimento teórico, propiciando a</p><p>compreensão do aluno para além da memorização do conteúdo;</p><p>aulas lúdicas, em que se utilizam brincadeiras, jogos e elementos</p><p>35ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>artísticos para entender o conteúdo, de uma forma descontraída</p><p>e alegre, aliviando a tensão e favorecendo o aprendizado.</p><p>Ao trabalhar com alunos mais jovens, nos anos iniciais,</p><p>devemos priorizar a formação de pequenos grupos para um</p><p>resultado mais efetivo, estimulando a cooperação e a interação.</p><p>Além disso, é essencial que o professor foque em atividades</p><p>experimentais, que façam com que os alunos participem</p><p>ativamente, utilizando jogos e brinquedos, por exemplo. Os</p><p>alunos são capazes de trabalhar com uma variedade grande de</p><p>brincadeiras e nunca se cansam de explorar coisas novas.</p><p>Aprendendo com jogos e</p><p>brincadeiras</p><p>Uma das estratégias de ensino mais fascinantes para</p><p>os</p><p>primeiros anos do ensino fundamental é o trabalho com</p><p>materiais concretos. Desde o primeiro ano, os alunos devem</p><p>poder manusear um globo terrestre, de preferência de plástico</p><p>inflável. A construção e o manuseio de maquetes, planetas (de</p><p>massa ou isopor), o desenho de mapas, inclusive por meio da</p><p>observação direta (movimento do sol, estrelas, problemas</p><p>ambientais), permitem a internalização de conceitos básicos que</p><p>serão retomados e aprofundados nos anos mais avançados. Para</p><p>Piaget (1975, p. 156),</p><p>[...] os jogos e as atividades lúdicas tornam-</p><p>se significativas à medida que a criança se</p><p>desenvolve, com a livre manipulação de</p><p>materiais variados, ela passa a reconstituir</p><p>reinventar as coisas, que já exige uma</p><p>adaptação mais completa. Essa adaptação só</p><p>é possível, a partir do momento em que ela</p><p>própria evolui internamente, transformando</p><p>essas atividades lúdicas, que é o concreto</p><p>36 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>da vida dela, em linguagem escrita que é o</p><p>abstrato.</p><p>Esta estratégia pedagógica estimula o espírito investiga-</p><p>tivo do aluno, bem como possibilita a reflexão e a criticidade.</p><p>Quanto mais materiais oferecemos aos alunos, mais elementos</p><p>fornecemos para a ampliação da sua perspectiva de mundo.</p><p>Crianças na fase escolar dos anos iniciais do Ensino</p><p>Fundamental estão em intensa aprendizagem e em um ciclo de</p><p>acomodação e assimilação dos conhecimentos. Vygotsky (2007)</p><p>sugere que o brincar e os jogos são recursos que possibilitam</p><p>as trocas de aprendizagem a partir da interação entre os</p><p>sujeitos e o meio na construção dos conhecimentos. Os jogos</p><p>favorecem também o domínio das habilidades de comunicação,</p><p>nas suas várias formas, facilitando a auto expressão. Encorajam</p><p>o desenvolvimento intelectual por meio do exercício da atenção</p><p>e pelo uso progressivo de processos mentais mais complexos,</p><p>como comparação e discriminação.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Descubra jogos e brincadeiras recomendados</p><p>para auxiliar o desenvolvimento dos alunos dos</p><p>anos iniciais do Ensino Fundamental, no trabalho</p><p>“Jogos no Ensino da Geografia: material didático”</p><p>de autoria de Marcilene Lopes Leal Sameiro. Para</p><p>realizar a leitura, acesse o link.</p><p>37ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>O uso de jogos no ensino de Geografia vem sendo</p><p>facilitado, nos últimos anos, pelo desenvolvimento e divulgação</p><p>de novos recursos tecnológicos, principalmente sites e canais</p><p>de vídeos na internet, bem como pela ampliação (mesmo que</p><p>em escala muito reduzida e de forma bastante desigual) da</p><p>infraestrutura tecnológica de algumas escolas públicas no país.</p><p>Ainda que os jogos ou brincadeiras não envolvam</p><p>recursos tecnológicos e a internet, é preciso ter em mente</p><p>algumas questões ao planejar uma ou mais aulas utilizando</p><p>essa estratégia de ensino, sendo elas: a necessidade de definir</p><p>o objetivo ou finalidade da utilização do jogo, direcionando o</p><p>trabalho e dando significado à atividade (perguntas-chave: O que</p><p>pretendo desenvolver no decorrer das atividades? Onde quero</p><p>chegar?); estabelecer a extensão das propostas e as eventuais</p><p>conexões com outras áreas envolvidas; saber quem são os</p><p>alunos destinatários da proposta, em termos de faixa etária e</p><p>número de participantes; conhecer certas características do</p><p>desenvolvimento da criança que possam interferir nas condições</p><p>favoráveis, como média geral do tempo de concentração, grau de</p><p>conhecimento do jogo e temas de maior interesse.</p><p>ACESSE</p><p>Confira alguns jogos geográficos confeccionados</p><p>por professores e disponíveis para download. Para</p><p>baixá-los, acesse o link.</p><p>38 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Que outros materiais você pode utilizar para tornar o</p><p>aprendizado dos conteúdos mais lúdico e interessante para o</p><p>aluno?</p><p>A importância da literatura</p><p>infantil</p><p>A literatura infantil é muito importante para as crianças</p><p>que se encontram nos anos iniciais do ensino fundamental, pois</p><p>desperta o imaginário e a criatividade, contribuindo para ampliar</p><p>o universo geográfico dos alunos.</p><p>Esta é uma fase fundamental para despertar o gosto</p><p>pela leitura, para explorar e auxiliar o desenvolvimento da</p><p>oralidade, enriquecer o vocabulário, provocar o imaginário</p><p>e a fantasia, fazendo com que os alunos possam viajar pelo</p><p>mundo da imaginação. Algumas narrativas contribuem para o</p><p>desenvolvimento intelectual e emocional das crianças e servem</p><p>como experiências e exemplos de como enfrentar as questões</p><p>reais do dia a dia.</p><p>Sobre o contato das crianças com a literatura, Postic</p><p>(1992, p. 22) afirma:</p><p>Vê-se, no futuro, no que poderia ser em</p><p>comparação com os adultos que a rodeiam.</p><p>A criança toma consciência do que é possível,</p><p>mede a diferença entre imaginário e real. As</p><p>imagens aparentes (impressões) que os outros</p><p>passam servem de pontos de referência para</p><p>procurar o sentido de uma mutação de si</p><p>próprios e para se transformar.</p><p>39ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Como um recurso metodológico, a literatura infantil</p><p>serve para trabalhar diversos conceitos e valores importantes</p><p>para a formação e o convívio social das crianças. A contação</p><p>de histórias infantis cria um ambiente propício para exercitar</p><p>a imaginação, em que os personagens, o lugar ou a paisagem</p><p>narrada nas histórias, os objetos e os sons se aproximam da</p><p>realidade das crianças e servem para que elas possam relacioná-</p><p>los com seu cotidiano, mostrando como lidar em situações reais</p><p>do dia a dia, tais como preservação ambiental, cuidado com os</p><p>animais, respeito aos colegas, alimentação saudável, entre outras</p><p>(MARTINS, 2015).</p><p>Um bom exemplo de livro infantil recomendado para</p><p>o trabalho com questões geográficas nos primeiros anos do</p><p>Ensino Fundamental é “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint-</p><p>Exupéry, no qual é narrada a história de um piloto cujo avião</p><p>cai no deserto do Saara, onde ele encontra um príncipe, “um</p><p>rapazinho todo extraordinário” (Saint-Exupéry, 2016, p. 9), que</p><p>o leva em uma jornada filosófica e poética por meio de planetas</p><p>habitados por distintos personagens, tais como: o vaidoso,</p><p>capaz de ouvir apenas elogios; o acendedor de lampiões, fiel aos</p><p>regulamentos; o bêbado, que bebia por ter vergonha de beber;</p><p>o homem de negócios ambicioso que possuía as estrelas ao</p><p>contá-las de forma desenfreada e inútil; a serpente enigmática; a</p><p>flor que amava acima de todos os planetas. O pequeno príncipe</p><p>encontra também um geógrafo, trazendo uma reflexão sobre</p><p>o que pretendemos com o ensino de Geografia. Como livro a</p><p>ser contado em sala de aula é inspirador, motivando diversos</p><p>debates com os alunos, desafiando os pressupostos da disciplina</p><p>e convidando os alunos a desbravarem novos caminhos e viver</p><p>novas aventuras.</p><p>40 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Figura 2 - “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Outro livro trabalhado nos primeiros anos do Ensino</p><p>Fundamental é “Abrapracabra: uma viagem mágica pelo mundo</p><p>da literatura”, do Fernando Vilela (MARTINS, 2015). Esse livro conta</p><p>a história de uma cabra que encontra uma lâmpada encantada</p><p>e dela sai um gênio que diz: “Pense numa palavra mágica,</p><p>mas cuidado ao falar. O desejo imaginado, ela irá realizar”. A</p><p>cabra, então, fala: “Abrapracabra!”. Do nada, surge uma porta.</p><p>A partir de então, a cabra inicia uma viagem por várias partes</p><p>do mundo. Após a leitura da história, os professores podem</p><p>desenvolver diversas atividades com os alunos, por exemplo,</p><p>a temática “conhecendo diferentes lugares”. Essa atividade</p><p>envolve buscar os diferentes lugares em que cada personagem</p><p>mora, destacando as suas características e localização no mapa.</p><p>Com o mapa exposto em sala de aula, podem propor aos alunos</p><p>escolherem um lugar para fazer uma viagem imaginária. Cada</p><p>um pode escolher um meio de transporte para viajar, criando</p><p>um roteiro para tal viagem. Devem verificar por quantos países</p><p>41ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>passarão até chegar ao lugar escolhido, quais as características</p><p>da paisagem</p><p>do lugar e como os habitantes de lá vivem, como</p><p>são a alimentação e os hábitos.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Confira esta e outras propostas de aulas utilizando</p><p>a estratégia metodológica da contação de histórias</p><p>e literária infantil, no artigo “O uso da literatura</p><p>infantil no ensino de Geografia nos anos iniciais”</p><p>de autoria da professora Rosa Elisabete Martins.</p><p>Para realizar a leitura, acesse o link.</p><p>A diversidade de tipos de literatura infantil deve</p><p>ser aproveitada também no ensino. Literatura indígena,</p><p>afrodescendente, de cordel, poesias e até gibis podem</p><p>possibilitar uma aproximação com diferentes modos de vida, de</p><p>forma respeitosa e compreensiva, que podem ser trabalhados</p><p>no contexto da disciplina geográfica, associados a diferentes</p><p>categorias geográficas, como paisagem, lugar, território, região</p><p>etc. A literatura de cordel, especificamente, além de possuir uma</p><p>linguagem de forte expressão e valorização regionalista, pode</p><p>trazer em si elementos históricos, culturais, sociais, políticos,</p><p>artísticos, entre outros, que podem ser explorados no ensino de</p><p>Geografia, a fim de tornar sua prática muito mais valorizada.</p><p>Alguns dos autores de literatura indígena mais destacados</p><p>atualmente são Daniel Munduruku, Roni Wasiry Guará, Graça</p><p>Graúna, Eliane Potiguar, Yaguarê Yamã e outros. As narrativas</p><p>podem ser selecionadas pelos temas, pelas abordagens de</p><p>conteúdo, pela linguagem, ilustração ou faixa etária. Entre as</p><p>42 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>muitas obras indígenas, é possível destacar “O coco que guardava</p><p>a noite” (2012), de Eliane Potigua; “Contos da floresta” (2012),</p><p>“Murugawa: mitos, contos e lendas do povo Maraguá” (2007), “O</p><p>caçador de histórias”, de Yaguarê; “Antes o mundo não existia”</p><p>(1980), de Umúsin Panlõn Kumu e TolamãnKenhíri; “Contos</p><p>indígenas brasileiros” (2005) e “Coisas de índio” (2003), de Daniel</p><p>Munduruku, entre outros.</p><p>Os livros de literatura infantil afro-brasileiros, como</p><p>“Luana: as sementes de Zumbi” e “Luana: a menina que viu o</p><p>Brasil neném”, de Aroldo Macedo e Oswaldo Faustino, cumprem</p><p>um papel importante no ensino, pois contemplam personagens</p><p>afrodescendentes e negros com valores e características</p><p>positivas, como a dignidade, a beleza, a honestidade, ao mesmo</p><p>tempo que apresentam a rica história e cultura que os envolvem.</p><p>Especificamente esses livros mencionados acompanham</p><p>Luana, uma menina de oito anos, capoeirista e descendente de</p><p>quilombolas, que em suas viagens com seu berimbau mágico</p><p>leva o leitor a conhecer a cultura e história de seu povo.</p><p>ACESSE</p><p>Confira uma lista com 33 livros infantis que</p><p>protagonizam e celebram a cultura afro-brasileira.</p><p>Acesse o link disponível aqui.</p><p>43ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Uso de músicas na sala de aula</p><p>A música como metodologia de ensino para a Geografia</p><p>pode contribuir com o desenvolvimento cognitivo do aluno, bem</p><p>como permite a discussão de temas variados. A música apresenta</p><p>de forma prazerosa diversas situações do cotidiano, com letras</p><p>e melodias que retratam as formas da paisagem, o trabalho,</p><p>migração, dinâmicas naturais, política e economia, regiões,</p><p>territórios, lugares. A música não deve estar na escola apenas</p><p>como uma atividade recreativa, mas também na construção</p><p>de conhecimento do espaço geográfico e na ampliação desse</p><p>universo. Trabalhar com música é uma forma de ajudar o aluno</p><p>naquilo que já sabe, fazendo com que perceba que a música traz</p><p>em sua letra fatos do nosso cotidiano e que está relacionada</p><p>tanto à questão social quanto espacial (KAERCHER, 2003).</p><p>Músicas são formas diferenciadas e instigantes de abordar</p><p>os conteúdos geográficos, relacionando-as com o cotidiano dos</p><p>alunos de maneira a oportunizar discussões sobre seus espaços</p><p>e, posteriormente, sobre os espaços mais distantes.</p><p>Filizola e Kozel (2009, p. 38) defendem a utilização de</p><p>músicas, afirmando que</p><p>[...] as letras de música podem ser trazidas</p><p>para as aulas e significar mais uma forma de</p><p>explorar a noção de paisagem e, em especial,</p><p>do lugar. É possível encontrar proposições</p><p>que, além de tratar de temáticas associadas</p><p>ao lugar (por exemplo, o morro, a rua, a</p><p>comunidade, a praia) são muitas vezes do</p><p>conhecimento das crianças. Afinal, a música</p><p>circula com muita agilidade pelos meios de</p><p>comunicação.</p><p>44 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>É possível contemplar a riqueza e a diversidade cultural e</p><p>social por meio da música, atentando para a busca, a descoberta</p><p>e o compartilhamento entre os alunos de diferentes ritmos e</p><p>manifestações populares, que podem ser trabalhadas enquanto</p><p>identidade cultural, assim como a partir de suas espacialidades.</p><p>Temos, dessa forma, o carimbó, a salsa, merengue e o calypso</p><p>da região Norte; na região Nordeste, o forró de arrasta pé, xote</p><p>e baião, a cantoria de viola, o repente, o aboio de toada e o coco</p><p>de embolada, a cantiga do bumba meu boi, o reggae e o axé; já</p><p>na região Centro Oeste, temos a música sertaneja de raiz, a catira</p><p>e o rock; na região Sul, os ritmos tradicionais são o fandango, a</p><p>vaneira, a milonga e a valsa; por fim, na região Sudeste, temos a</p><p>música de viola, o samba de roda, o hip hop, a música sertaneja e</p><p>o funk. Sabemos, porém, que alguns ritmos musicais são ouvidos</p><p>em todo território nacional, como a Bossa Nova e a Música Popular</p><p>Brasileira (MPB), o sertanejo eletrônico e o forró. Todos esses</p><p>ritmos podem envolver diferentes atividades, contemplando a</p><p>descoberta de lugares, regiões e paisagens novas, mas também</p><p>experiências e processos retratados por uma ou mais música,</p><p>como o trabalho e a migração.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para conhecer propostas de ensino que utilizam</p><p>como estratégia metodológica o uso da música,</p><p>confira o artigo “A música no ensino de geografia:</p><p>abordagem lúdica do semiárido nordestino – uma</p><p>proposta didático-pedagógica” da professora</p><p>Suellen Silva Pereira. Acesse o link.</p><p>45ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>A música possibilita diversas interpretações, correlações</p><p>e exemplificação do conteúdo trabalhado. Permite também ao</p><p>aluno entrar em contato com diversos mundos por meio das mais</p><p>variadas melodias que podem caracterizar regiões e situações</p><p>específicas da Geografia, devido à importância e competência que</p><p>a música tem de despertar sentimentos e emoções dependendo</p><p>da capacidade de interpretação de cada aluno (ONGARO; SILVA;</p><p>RICCI, 2006).</p><p>Trabalhando com filmes</p><p>Um filme tem a capacidade de despertar em seu</p><p>espectador emoções e sensações, fazem rir ou chorar, criam</p><p>fantasias ou retratam a realidade. Além de entretenimento,</p><p>os filmes surgem como expressão cultural a partir do cinema</p><p>e podem ser usados como estratégias metodológicas para o</p><p>ensino de Geografia.</p><p>Dessa forma, uma estratégia metodológica lúdica bastante</p><p>proveitosa para se usar em sala de aula são os filmes, capazes de</p><p>atraírem a atenção dos alunos, além possibilitarem o trabalho</p><p>com diversos temas, inclusive o conceito de paisagem, tão</p><p>fundamental ao entendimento dos conhecimentos geográficos.</p><p>Filizola e Kozel (2009, p. 30) defendem que</p><p>[...] os filmes trazem imagens em movimento</p><p>que contém as expressões realizadas</p><p>pelos artistas, isto é, as expressões oral e</p><p>corporal. Além disso, a paisagem dos filmes</p><p>é composta por outros elementos que estão</p><p>em movimento, o que envolve um trabalho</p><p>com a iluminação, as cores, as sombras, além</p><p>do som. Nesse caso, o espaço geográfico de</p><p>um filme pode fazer referência a uma cidade</p><p>46 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>ou país, reais ou ficcionais, e cujo enredo se</p><p>dá num tempo, que pode ser próximo ou</p><p>distante do presente vivido pelos aluno.</p><p>A mobilidade e dinâmica que os filmes trazem permitem</p><p>discussões acerca da dinamicidade do espaço geográfico,</p><p>contextualizando o passado, o presente e o futuro. Assim, a</p><p>linguagem cinematográfica pode ser utilizada para a análise e</p><p>compreensão do mundo.</p><p>Barbosa (2003, p. 113) afirma que</p><p>[...] o papel do filme na sala de aula é o de</p><p>provocar uma situação de aprendizagem</p><p>para alunos e professores. A imagem</p><p>cinematográfica precisa estar a serviço</p><p>da investigação e da crítica a respeito da</p><p>sociedade em que vivemos. Trata-se, portanto,</p><p>de um movimento de apropriação cognitiva</p><p>da relação espaço-imagem e, principalmente,</p><p>da criação de sujeitos produtores de</p><p>conhecimento e reconhecimento de si</p><p>mesmos e do mundo.</p><p>A utilização de filmes permite uma análise do contexto</p><p>e das problemáticas apresentadas nele, correlacionando com o</p><p>próprio livro didático ou até explorando-o mais, possibilitando</p><p>outras interpretações pelos alunos.</p><p>47ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>IMPORTANTE</p><p>Os recursos usados pelo professor não devem ser</p><p>utilizados de forma exclusiva, ou seja, devem ser</p><p>complementados com alguma atividade, discussão,</p><p>debate ou reflexão. Esse tipo de estratégia</p><p>metodológica estimula o aluno a pesquisar sobre</p><p>o tema estudado em sala de aula, assim como a</p><p>refletir sobre outros filmes, músicas e livros com</p><p>os quais ele tem contato fora da escola. Por isso, é</p><p>importante demonstrar como, a partir de um filme</p><p>ou uma música, é possível acessar e conhecer</p><p>questões importantes do cotidiano geográfico.</p><p>Vale lembrar que o planejamento da aula envolve</p><p>pensar sobre o que ensinar (quais conteúdos</p><p>da Geografia) e como ensinar (quais estratégias</p><p>metodológicas), mas deve se relacionar com algum</p><p>conteúdo e habilidade geográficos. É preciso que,</p><p>para cada atividade planejada, o professor tenha</p><p>objetivos claros acerca do que espera trabalhar ou</p><p>desenvolver.</p><p>Dessa forma, escolher o filme a ser trabalhado em sala de</p><p>aula envolve a definição de quais conteúdos e habilidades você</p><p>espera mobilizar a partir dessa atividade.</p><p>48 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>Aulas de campo: um desafio</p><p>possível</p><p>OBJETIVO</p><p>Ao término deste capítulo, você será capaz de</p><p>compreender que o trabalho de campo é o</p><p>processo de observação e coleta de dados sobre</p><p>pessoas, culturas e ambientes naturais. Isto será</p><p>fundamental para o exercício de sua profissão.</p><p>E, então? Motivado para desenvolver esta</p><p>competência? Vamos lá. Avante!</p><p>Trabalho de campo</p><p>O trabalho ou aula de campo pode ser entendido como</p><p>toda e qualquer atividade investigativa e exploratória que ocorre</p><p>fora do ambiente escolar. Costuma ser uma atividade muito bem</p><p>aceita pelos alunos, em função da possibilidade de sair da rotina</p><p>escolar de sala de aula, e é um instrumento didático importante</p><p>no ensino de Geografia.</p><p>As aulas de campo podem ser consideradas um dos</p><p>métodos mais eficazes e produtivos de ensino, se bem trabalhadas,</p><p>pois levam o aluno explicitamente ao espaço geográfico, onde</p><p>ocorrem as dinâmicas, tanto sociais quanto naturais, além de ser</p><p>um método bastante didático, já que demonstra na prática como</p><p>a vida cotidiana se relaciona com o que é trabalhado na escola.</p><p>Compiani e Carneiro (1993, p. 90) afirmam que o trabalho</p><p>de campo desempenha, na prática educativa, quatro funções</p><p>principais:</p><p>1. Ilustrativa, cujo objetivo é ilustrar os vários conceitos</p><p>vistos nas salas de aula.</p><p>2. Motivadora, em que o objetivo é motivar o aluno a</p><p>estudar determinado tema.</p><p>49ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>3. Treinadora, que visa orientar a execução de uma</p><p>habilidade técnica.</p><p>4. Geradora de problemas, que objetiva orientar o aluno</p><p>para resolver ou propor um problema.</p><p>É importante, portanto, planejar a aula de campo,</p><p>levando em consideração os conteúdos e habilidades que</p><p>se quer trabalhar, mas também as características da turma.</p><p>Por isso, organizar a saída é apenas um dos passos. É preciso</p><p>começar com uma reflexão sobre o objetivo: Você quer que os</p><p>alunos conheçam na prática o que está no livro? Que reflitam</p><p>sobre a vida em um local específico? Que comparem o que viram</p><p>com sua realidade? Assim, você poderá definir o tipo de trabalho</p><p>mais adequado: excursão, estudo do meio, turismo educativo,</p><p>palestras e visitas a museus e centros culturais, participação em</p><p>eventos educativos etc.</p><p>É preciso considerar também a maturidade da turma, pois</p><p>algumas alternativas exigem conhecimentos que os menores</p><p>podem ainda não ter, como a linguagem cartográfica. Além disso,</p><p>pode ser necessário pensar atividades que estimulem os alunos</p><p>a refletirem sobre o que estão vendo ou, posteriormente, em</p><p>sala de aula, sobre o que vivenciaram em campo.</p><p>Pode ser interessante estimular que os alunos registrem o</p><p>que vivenciaram, construindo o caderno de anotações de campo</p><p>ou tirando fotografias. Durante a aula de campo, é importante</p><p>auxiliar os alunos para que não percam o foco, direcionando</p><p>a atenção aos aspectos essenciais ao trabalho. E, no retorno à</p><p>escola, reserve momentos para que os alunos troquem relatos</p><p>e, principalmente, identifiquem o que ainda precisa de mais</p><p>pesquisa para ser compreendido.</p><p>50 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para entender melhor a estratégia metodológica de</p><p>aulas de campo, leia a obra intitulada “O trabalho</p><p>de campo no ensino de Geografia: reflexões</p><p>sobre a prática docente na educação básica”, da</p><p>pesquisadora Karina Viturino Neves. Acesse o link.</p><p>O ensino geográfico pode ser enriquecido e diversificado</p><p>com o uso de imagens, fotos, videoclipes, filmes, músicas, fotos</p><p>aéreas, aulas práticas, aulas de campo, literatura etc., que</p><p>são fontes de conhecimento e úteis na leitura do espaço, da</p><p>paisagem e de mundo. Não basta apenas o professor lançá-las</p><p>aos alunos sem antes contextualizá-las, deve-se deixar explícitos</p><p>sua produção, quem a fez, quando, finalidade, contexto etc. O</p><p>que podemos deixar claro para os alunos é que as linguagens</p><p>utilizadas durante o processo de ensino têm suas particularidades</p><p>e que são frutos de um trabalho humano situado em um certo</p><p>tempo e espaço, ou seja, dentro do seu contexto histórico.</p><p>Vale lembrar, ainda, que os meios de comunicação,</p><p>utilizados como ferramentas pedagógicas e metodológicas,</p><p>podem constituir um instrumento facilitador no processo</p><p>de ensino-aprendizagem. Já existem discussões acerca da</p><p>necessidade de apropriação das mídias, e de introduzir suas</p><p>mensagens também no âmbito escolar, visto que os alunos estão</p><p>inseridos em um universo audiovisual cada vez mais complexo.</p><p>51ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>REFLITA</p><p>Uma boa tecnologia na mão de um mau professor</p><p>não o transforma em um bom professor, embora</p><p>na mão de um bom professor possa trazer</p><p>resultados excelentes. O recurso tecnológico, por si</p><p>só, não garante uma boa aula. O mais importante é</p><p>o ato de pensar, e para que propicie isso deve estar</p><p>contextualizado, e os professores devem preparar</p><p>cuidadosamente sua utilização.</p><p>Ensinar utilizando a internet exige uma forte dose de</p><p>atenção do professor. Diante de tantas possibilidades de busca,</p><p>a própria navegação se torna mais sedutora do que o necessário</p><p>trabalho de interpretação. Os alunos tendem a dispersar-</p><p>se diante de tantas conexões possíveis, de endereços dentro</p><p>de outros endereços, de imagens e textos que se sucedem</p><p>ininterruptamente. Tendem a acumular muitos textos, lugares,</p><p>ideias, que ficam gravados, impressos, anotados. Colocam os</p><p>dados em sequência mais do que em confronto. Copiam os</p><p>endereços, os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida</p><p>triagem (MORAN, 2009).</p><p>ACESSE</p><p>Existem alguns endereços eletrônicos com</p><p>propostas de metodologias de ensino, planos</p><p>de aula e conteúdo geográfico para os alunos</p><p>explorarem. Acesse os links.</p><p>52 ENSINO DE GEOGRAFIA - ANOS INICIAIS</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>3</p><p>RESUMINDO</p><p>E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu</p><p>mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de</p><p>que você realmente entendeu o tema de estudo</p><p>deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.</p><p>Você deve ter aprendido que o ensino de Geografia</p><p>pode ser baseado em métodos, como o tradicional</p><p>ou o construtivista, sendo este mais recomendado.</p><p>As metodologias de ensino são orientadas</p><p>teoricamente pelos métodos, mas evidenciam</p>