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REALIDADE SOCIOECONÔMICA E POLÍTICA BRASILEIRA Jaíza Gomes Duarte Lopes Mídia e a construção do imaginário Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discutir o conceito de imaginário e sua relação com a cultura e a memória. Analisar as novas mídias de comunicação e sua influência na cons- trução do imaginário. Identificar a influência da cultura do imaginário em relação à formação de opinião. Introdução Muito se tem falado sobre a influência que a mídia exerce sobre nossas vidas, mas, muitas vezes, essa influência é tão sutil que nem a percebemos. Somos bombardeados constantemente com diversas informações e, em diversas ocasiões, não sabemos se essa informação é verídica ou não; tomamos ela como verdade e como base para nossa forma de pensar, nossas ações e nosso jeito de ser. Essa influência da mídia perpassa nosso imaginário, que é o conjunto de memórias e imaginações que criamos. Podemos, ainda, arbitrariamente, definir imaginário como o nosso mundo interior, o lugar mais individual do nosso ser. Para compreender melhor a relação da mídia com o imaginário, neste capítulo, você vai estudar sobre o que é o imaginário e como a mídia atua na sua construção. Para isso, você verá uma discussão sobre os conceitos de imaginário, cultura e memória e sobre como o imaginário interage com a cultura e com a memória. Em seguida, refletirá sobre como as mídias atuais influenciam o imaginário das pessoas. Por fim, você vai ler sobre a cultura do imaginário e a sua colaboração na formação da opinião de cada indivíduo. U N I D A D E 4 C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 1 27/04/2018 15:37:10 dpolycarpy Rectangle dpolycarpy Rectangle O imaginário, a cultura e a memória No conceito popular, o imaginário é tudo aquilo que podemos imaginar, aquilo irreal que criamos em nosso pensamento. Normalmente, o termo imaginação está ligado a algo inventado, mas que não tem nenhum compromisso com o mundo real; aqui, no entanto, você verá que o real e o imaginário estão mais relacionados do que parece. Segundo Silva (2017, documento on-line), o imaginário é “[...] um excesso de significação que dá sentido às experiências de cada indivíduo. Imagi- nário é aquilo que produz e é produto de diferenças e descobrimentos”. O imaginário é um conjunto de ideias, símbolos e representações no qual o real e o ilusório se misturam e dão sentido e significado para tudo o que pensamos e vemos. Mas como esse imaginário é formado? Serbena (2003, p. 02) descreve que o imaginário de cada pessoa é formado “[...] pelas imagens, símbolos, sonhos, aspirações, mitos, fantasias, muitas vezes pré-racionais e com forte conotação afetiva que existem e circulam nos grupos sociais”. O imaginário é construído a partir da sociedade que vivemos, ou mais especificamente, a partir dos grupos sociais em que estamos inseridos. Se o imaginário é construído a partir das nossas experiências de vida, então ele está diretamente ligado com a nossa realidade. Espig (2004, p. 52) explica que, antes, o imaginário era considerado “[...] um real construído de maneira deformada”, mas, ao longo do tempo, esse entendimento foi trocado pela ideia de que o real e o imaginário possuem uma relação circu- lar, ou seja, o real cria o imaginário, assim como o imaginário cria o real, de modo que eles estão tão intimamente ligados que é quase impossível diferenciá-los. Muitas vezes podemos confundir imaginário e imaginação, mas eles não são a mesma coisa, embora a imaginação faça parte do imaginário. A imagi- nação é a capacidade de buscar, combinar e modificar as sensações e emoções antigas e atuais, ela se move entre as nossas memórias e os nossos sentidos, visão, audição, olfato, tato e paladar. Já o imaginário é o sentido mais amplo que se constitui a partir da imaginação, memórias e criações; o imaginário pode ser definido também como nosso mundo interior, aquele que somente nós somos capazes de acessar. Como mencionado, o imaginário é fundamentado na sociedade em que o indivíduo vive. A partir dessa informação, podemos deduzir que o imaginário é fundamentado na cultura da sociedade em que se vive, pois a cultura é a expressão das crenças, dos costumes e do conhecimento de uma sociedade. Mídia e a construção do imaginário2 C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 2 27/04/2018 15:37:10 A cultura faz parte da nossa formação, daquilo que somos, e é um pressu- posto para a nossa vida em sociedade. Para cada área de estudo, a cultura pode ter um enfoque diferente, e isso acontece porque a cultura tem características transversais, que estão presentes em diversos aspectos da nossa vida cotidiana. Inicialmente, a palavra cultura tinha um significado restrito ao cultivo e ao desenvolvimento agrícola; com o passar do tempo, a palavra também passou a ser associada ao desenvolvimento dos recursos humanos, à arte e às atividades intelectuais. No sentido antropológico, a cultura se relaciona com o imaginário: “[...] um sistema de signos e significados criados pelos grupos sociais” (CANEDO, 2009, p. 04). Botelho (2001, p. 74) descreve que: Na dimensão antropológica, a cultura se produz através da interação social dos indivíduos, que elaboram seus modos de pensar e sentir, constroem seus valores, manejam suas identidades e diferenças e estabelecem suas rotinas. Desta forma, cada indivíduo ergue à sua volta, e em função de determinações de tipo diverso, pequenos mundos de sentido que lhe permitem uma relativa estabilidade [...]. Os fatores que presidem a construção desse universo protegido podem ser determinados pelas origens regionais de cada um, em função de interesses profissionais ou econômicos, esportivos ou culturais, de sexo, de origens étnicas, de geração, etc. Na construção desses pequenos mundos, em que a interação entre os indivíduos é um dado fundamental, a sociabilidade é um dado básico. Então no que diz respeito ao homem, a cultura de uma sociedade é cons- truída a parte da comunicação e do convívio em grupo, a partir do qual e de suas origens cada indivíduo constrói seu próprio mundo, vivendo como se essa fosse a realidade absoluta sobre a vida. Apesar dos relacionamentos serem base para a construção de um “mundo próprio”, depois que o indivíduo se fecha em sua bolha, a socialização com os demais indivíduos de “mundos” diferentes é cada vez mais difícil. Para finalizar esses conceitos iniciais, vamos entender um pouco mais sobre a memória? A memória é a lembrança das situações passadas que vivemos e das informações que aprendemos; somente por meio da memória o processo educativo contínuo é viável – você imagina como seria se esquecêssemos tudo que aprendemos todos os dias? Mas a memória nem sempre é o retrato fiel das situações e informações, porque nosso cérebro não é capaz de armazenar integralmente todas as informações; ele seleciona as informações mais impor- tantes para armazenar, e esse processo de armazenamento é feito baseado nas informações relacionadas à sobrevivência da pessoa ou da espécie humana. Ribeiro (2001, p. 147) nos dá uma boa definição do que é a memória: 3Mídia e a construção do imaginário C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 3 27/04/2018 15:37:10 A memória nada mais é do que a manifestação de um reflexo proveniente da socialização que os sujeitos sociais realizam de suas reações numa dada realidade temporal-espacial. Cristaliza-se mediante repetição, canalização e contextualização cultural das políticas e dos comportamentos sociais es- tabelecidos. Nascimento (2010, p. 182) afirma que a literatura “[...] se utiliza da memória a fim de retomar fatores e/ou acontecimentos dos quais o imaginário se serviu em distintas situações discursivas”. Dessa forma, podemos entender que a memória serve para relembrar situações e informações, e essas lembranças são utilizadas na hora de construir o imaginário. Muitas vezes, a memória de fatosreais é confundida com as situações criadas no imaginário, já que nossa memória pode confundir o que é real e o que é imaginário e busca no imaginário elementos para nos constituir na sociedade. A memória e o imaginário são as dimensões imateriais, intra e subjetivas – presentes nas relações dos indivíduos para o seu “mundo interior” e deste para com o corpo social e o “mundo exterior” – , centrais no ordenamento e reordenamento do espaço, seja pelas simbologias e demais elementos paisa- gístico-imateriais que o caracterizam e formam, atribuindo identidade aos seus por meio do rememorar de sua historicidade constitutiva, ou pelo projetar utópico de uma metafisica materialista que pleiteia seu redimensionamento em prol do coletivo social (RIBEIRO, 2001, p. 141). A memória e o imaginário fazem parte da mesma dimensão, são partes importantes na relação do que existe dentro da pessoa com a sociedade em que ela vive. A memória e o imaginário também situam um indivíduo quanto ao tempo e ao espaço onde ele vive por meio da lembrança da sua história, que o constituiu, ou, ainda, a partir de lembranças fruto da imaginação, que luta para tomar maiores proporções em favor de uma convivência social tranquila. A história de cada indivíduo tem total relação com a cultura da sociedade em que ele nasceu, onde ele estava inserido nos seus primeiros anos de vida. Para compreender mais sobre a memória, o imaginário e sua relação leia o artigo disponível no link a seguir. https://goo.gl/qZD4k5 Mídia e a construção do imaginário4 C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 4 27/04/2018 15:37:10 https://goo.gl/qZD4k5 Como as novas mídias de comunicação influenciam na construção do imaginário Como visto anteriormente, o imaginário faz parte da nossa memória, de maneira que contribui para a nossa formação como indivíduos em uma sociedade e, ao mesmo tempo, a sociedade em que vivemos infl uência na formação do nosso imaginário, estabelecendo, assim, uma relação de in- fl uenciar e ser infl uenciado. Um dos elementos presentes na sociedade moderna e que influenciam a formação do imaginário são as mídias de comunicação, entendidas como os meios que transmitem variadas informações e conteúdos, como, por exemplo, revistas, jornais, televisão, redes sociais, rádio, panfletos, entre outros. Atualmente, nossa sociedade é identificada como a sociedade da infor- mação, ou melhor, a sociedade da comunicação, pois a expansão do acesso à internet nos permitiu expandir o acesso à informação. A partir de um celular no meio de uma avenida, a qualquer momento, você pode ter acesso a todo tipo de informação contida na internet e pode se comunicar facilmente de uma só vez com centenas de pessoas pelas redes sociais, o que, na década de 1990 no Brasil, não era possível. Como estamos na sociedade da informação, as mídias exercem um papel muito importante, pois têm o poder de influenciar toda a sociedade. As mídias não só asseguram formas de socialização e transmissão simbólica como também participam com elementos importantes da cultura e da cons- trução de significados diante do mundo. [...]. A mídia é um instrumento que auxilia a receber e transmitir informações o tempo todo. Dessa forma, ajuda na comunicação global em tempo real. Os recursos midiáticos configuram-se como poderosos instrumentos formuladores e criadores de opiniões, saberes, normas e valores. Utilizando-se de estratégias, na maioria das vezes, não dia- loga, mas unidireciona sua mensagem para o interlocutor, levando o mesmo a enxergar o mundo por suas lentes, seus vieses, influenciando substancialmente o consumo (VIDAL; MOURA, 2013, p. 03-04). O grande poder influenciador exercido pelas mídias é tão grande que faz com que, muitas vezes, as informações transmitidas por elas sejam ditas como certezas absolutas, sem serem questionadas, e são internalizadas em nossas mentes como sendo o senso comum da sociedade. “Os meios de comunicação de massa possuem grande poder, sobretudo através da publicidade, vendendo não apenas produtos, mas imagens e símbolos” (PIETROCOLLA apud VI- DAL; MOURA, 2013, p. 04). 5Mídia e a construção do imaginário C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 5 27/04/2018 15:37:10 A mídia nos ensina como devemos agir, pensar e, consequentemente, ensina-nos como devemos ser. “Por meio de suas representações, o indiví- duo pode se reconhecer como protagonista das imagens, espelhando-se nos modelos apresentados, fazendo da imagem midiática algo a ser copiado” (VIDAL; MOURA, 2013, p. 04). A mídia estabeleces padrões na sociedade, de beleza, de comportamento, de arte, de turismo, dentre outros. Esses padrões se propagam na sociedade com tanta força que todos sonham, idealizam e imaginam as mesmas coisas. Veja o que Menezes (2008, documento on-line) fala sobre isso: A mídia geralmente impõe o seu estereótipo de beleza, de educação, de cultura, de justiça, etc. Essas influências da mídia são quase sempre negativas, pois muitos indivíduos se esforçam e se submetem para serem enquadrados nos pa- drões impostos pela indústria cultural. Com isso, gera-se uma alienação diante da mídia, ou seja, a mídia aliena as pessoas, porque se ergue acima e contra as pessoas, transformando o ser humano num ser embrutecido e alienado. Imagine uma situação que ocorre rotineiramente: se uma marca de roupas lança uma peça e várias pessoas famosas começam a usar essa peça de roupa, logo várias pessoas começarão a desejar e adquirir essa peça, mesmo sem uma propaganda direta. Apenas a imagem de uma pessoa rica e famosa usando um item influencia milhões de pessoas a consumirem determinado produto a partir da ideia de que usando aquela roupa você se torna mais bonito e ante- nado às tendências. Outro exemplo que podemos citar é quando aparece um comercial de uma casa, geralmente com uma família feliz, e os espectadores já se imaginam naquela casa com sua família feliz e completa. É por esse tipo de influência recebida que, atualmente, a sociedade vive uma dualidade: enquanto a mídia tem o poder de massificar e padronizar a sociedade, os aparatos tecnológicos separam e individualizam, como Menezes (2008, documento on-line) bem explica: Deste modo, vivemos um paradoxo em nossa época; por um lado, a era da massificação, por outro lado, o desenvolvimento tecnológico divide (separa) e individualiza as pessoas. Até porque essa “igualdade”, essa coletivização e esse se sentir parte do “todo” é uma imposição ideológica, pois as pessoas em sua essência não podem ser igualadas. Por conseguinte, na televisão e nos demais meios da mídia, são passados sensacionalismos, diversão sem conteúdos e sem profundidade. São veiculados entretenimentos que sucum- bem às formas legítimas de arte, de cultura e destroem o conhecimento e o desenvolvimento intelectual das pessoas, pois a ideologia tira a crítica dos indivíduos, levando-os a um estado de comodismo e passividade. Mídia e a construção do imaginário6 C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 6 27/04/2018 15:37:11 No Brasil, um exemplo em que podemos ver como a mídia exerce influência no imaginário das pessoas é o do caso da ditadura militar. Uma das primeiras medidas adotadas pelo governo militar foi a censura de conteúdo veiculado na imprensa. Os militares sabiam que poderiam utilizar os meios de comunicação para influenciar as pessoas a apoiarem o golpe militar e todos os seus atos. Isso acontece porque a mídia tem: [...] um papel importantíssimo de construir um imaginário social concernente com os interesses do regime. Bronislaw Baczko (1985) expõe que através deste imaginário que se podem atingir as aspirações, os medos e as esperanças de um povo. É nele que se esboçam suas identidades e objetivos, detectam seus inimigos e, ainda, organizam seu passado, presente e futuro. Assim, os meios de comunicação cotidianamente determinam o que é “memorável” e as formas pelas quais será lembrado. “Lembram muito o que não viveramdiretamente. Um artigo de noticiário, por exemplo, às vezes se orna parte da vida de uma pessoa. Daí pode-se descrever a memória como uma reconstrução do passado” (BURKE, 2000). A mídia representa, há muito tempo, um mecanismo de poder social e político muito presente (SILVA et. al., 2013, p. 03). No Brasil, já tivemos exemplos concretos de como a mídia foi utilizada para influenciar o imaginário das pessoas e legitimar um governo. Outro exemplo que temos é o Plano Cohen, um documento revelado que, supostamente, tratava-se de um plano para os comunistas tomarem o poder. Depois da divulgação desse suposto plano, Getúlio Vargas, então presidente, teve apoio político e popular para iniciar uma perseguição aos seus adversários políticos. Anos mais tarde, foi provado que esse documento era falso e que havia sido utilizado para justificar a implementação da ditadura do Estado Novo. A cultura do imaginário e a sua influência na formação de opinião Como vimos, o imaginário é formado a partir de um acordo social validado pela cultura da sociedade e representa a ideologia, ou seja, a visão de mundo dessa sociedade. O imaginário cultural é o conjunto de ideias, símbolos e representações que têm o mesmo signifi cado para toda a coletividade ou, pelo menos, para a sua maioria. A cultura do imaginário de uma sociedade é construída com o passar do tempo a partir da própria cultura, dos costumes e da história de uma nação, estado ou grupo. 7Mídia e a construção do imaginário C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 7 27/04/2018 15:37:11 Para que você possa entender melhor esse conceito, podemos exemplificá-lo mostrando um elemento da cultura da sociedade que compõe o imaginário de todos: a religião. No Brasil, a religião predominante é o cristianismo, e mesmo que você não seja cristão provavelmente você conhece histórias bíblicas e já ouviu falar de Jesus ou Deus, já que os valores do cristianismo estão bem arraigados na nossa sociedade e, por isso, fazem parte da cultura do imaginário e influenciam a opinião de todos. Muitas pessoas têm uma opinião igual à do cristianismo sobre temas como drogas, aborto e sexo porque os valores cristãos já estão intrínsecos na sociedade brasileira. Outro exemplo comum que faz parte do imaginário brasileiro são as lendas e os mitos, que inspiram danças, músicas, livros, festivais, entre outros elementos, e são símbolos tão fortes que representam parte da história, parte daquilo que somos, parte do nosso imaginário. A mitologia grega influenciou fortemente a civilização ocidental, na qual, até hoje, o duelo entre o bem e o mal é narrado nas novelas e filmes, que representam a percepção que a sociedade tem sobre as pessoas, com base na ideia de que se uma pessoa tem atitudes boas, ela é totalmente boa, ao passo que se ela tem atitudes más, ela é totalmente má. [...] o mito pode ser visto não apenas como uma narrativa literária, mas tam- bém como uma intervenção da história sagrada no mundo, um dado ou um conjunto de informações que influenciam a realidade ao se incorporarem nos costumes, identidades, instituições e técnicas tradicionais de um povo. O mito revela o pensamento sobre uma sociedade e também tem uma função de registrar simbolicamente a memória de feitos narrados de geração a geração (CUNHA, 2014, documento on-line). A cultura do medo que tem se instalado no Brasil é uma forma de vermos como a mídia influencia o imaginário coletivo e como ele influencia na for- mação da opinião e do comportamento das pessoas. Para chamar a atenção do público e obter o lucro, a mídia passa a utilizar expedientes sensacionalistas, normalmente dando conta de fatos negativos, como crimes e catástrofes, disseminando o sentimento de insegurança no seio social, ocasionando o surgimento da cultura do medo. Ao influenciar as pessoas, ocasionando drásticas alterações comportais, o fenômeno acaba perpetuando um ciclo de violência e insegurança, abrindo espaço para o surgimento do populismo punitivo que culmina no encarceramento em larga escala [...] (SILVEIRA, 2013, p. 296). Mídia e a construção do imaginário8 C28_Realidade_Midia_Construcao-Imaginario.indd 8 27/04/2018 15:37:11 A mídia desperta o medo das pessoas, sentimento que lá na infância era composto pelas concepções imaginárias que podiam nos assombrar. Quando crescemos, esse medo amadurece e passa a nos impedir de fazer diversas coisas. O medo da violência nos impede de ir a certos lugares em determina- dos momentos ou andar com objetos valiosos para nós, isso nos faz ter uma opinião muito enfurecida por quem promove a violência. A opinião pública brasileira é, de maneira geral, formada pela mídia, que expõe a criminalidade de uma forma que as pessoas não consigam ver um ser humano semelhante que precisa de ajuda, mas sim um ser humano que precisa ser eliminado. Assim, surgem as frases “bandido bom é bandido morto” ou “tem que matar todos os bandidos”, um tipo de opinião pública que é tão forte que se alguém tenta contrariar é considerado inimigo da sociedade (SILVEIRA, 2013). Os grandes meios de comunicação estabelecem suas versões dos fatos como verdades absolutas, e muitos aceitam essa versão sem questionar. Esse grande poder de chegar a todos de forma eficiente faz com que a mídia, direta e indiretamente, induza e persuada o imaginário coletivo e, consequentemente, a opinião de todos. Assista um vídeo que fala sobre o mito da caverna, uma alegoria de Platão que diz muito sobre a relação entre o real e o imaginário. https://goo.gl/64BaZy BOTELHO, I. Dimensões da cultura e políticas públicas. São Paulo em Perspectiva, v. 15, n. 2, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/spp/v15n2/8580.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018. CANEDO, D. “Cultura é o quê?”: reflexões sobre o conceito de cultura e a atuação dos poderes públicos. In: ENCONTRO DE ESTUDOS MULTIDISCIPLINARES EM CULTURA. 5., Salvador, maio 2009. Artigos... Salvador: CULT, 2009. Disponível em: <http://www. cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf>. 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Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.