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LEVANTAMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO EM OBRAS DE PEQUENO PORTE SURVEY OF PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN PRECAST CONCRETE BUILDINGS IN SMALL WORKS Gabriel de Sales Lages RESUMO Desde os inícios dos tempos da humanidade os povos tinham uma necessidade de ter um local como abrigo para se instalar, indo desde habitacional a serviços industriais. Está construção com o intuito de abrigar várias atividades, trata-se de um edifício. Este trabalho objetiva fazer um estudo das manifestações patológicas que podem surgir nas edificações pré-moldadas de concreto em obras de pequeno porte. O presente estudo trata-se de uma coleta de dados recolhida com base em fontes secundárias, por meio de uma revisão literária e fundamentado na experiência vivenciada por autores que pesquisaram sobre as manifestações patológicas em estruturas pré-moldadas. A pesquisa utilizou-se como base de dados o Google Acadêmico no qual estar incluindo patentes citadas para melhores resultados. Utilizou artigos entre o período compreendido de 2012 a 2020, utilizando palavras chaves como, patologias da construção civil e estruturas pré-moldada, resultando em 1.320 (um mil trezentos e vinte) artigos, no qual apenas 3 (três) foram escolhidos. Foi possível concluir que estruturas pré-moldadas em concreto possibilitam construções personalizadas e de melhor acabamento. Palavras-chave: Pré-moldadas. Edificações. Patológicas. ABSTRACT Since the beginning of humanity, people have had a need for a place to shelter in which to settle, ranging from housing to industrial services. It is built with the aim of housing various activities; it is a building. This work aims to study the pathological manifestations that may arise in precast concrete buildings in small-scale works. The present study is a collection of data collected based on secondary sources, through a literary review and based on the experience of authors who researched pathological manifestations in precast structures. The research used Google Scholar as a database, which included cited patents for better results. It used articles between the period from 2012 to 2020, using key words such as civil construction pathologies and precast structures, resulting in 1,320 (one thousand three hundred and twenty) articles, of which only 3 (three) were chosen. It was possible to conclude that pre-cast concrete structures enable customized constructions with better finishes. Key words: Pre-molded. Buildings. Pathological. 1 INTRODUÇÃO De acordo com Zuchetti (2015), desde os inícios dos tempos da humanidade os povos tinham uma necessidade de ter um local como abrigo para se instalar. Esses locais serviam para diversas atividades a serem desempenhadas pelos seres humanos. Está construção com o intuito de abrigar várias atividades, cada um com sua finalidade específica, indo desde habitacional a serviços industriais trata-se de um edifício. Ainda segundo Zanetti (2015), uma edificação pode ser conceituada pelas suas características, sendo elas, casa, prédios, apartamentos, galpões, etc. Por fim, é a forma genérica de ser referir a qualquer instalação que tem como propósito final, servir de abrigo para desempenhar diversas atividades feitas pelo ser humano. Para Helene (2003), o processo construtivo de uma edificação passa por diversas etapas sendo elas: ideia inicial, planejamento prévio, projeto, fabricação dos materiais para o uso no canteiro de obras, execução das partes componentes da edificação e uso. No processo construtivo das edificações, podem acontecer falhas e descuidos de vários tipos, que implica em problemas construtivos decorrentes das etapas citadas anteriormente, esses problemas são denominados de patologias. Com um bom gerenciamento da obra, além de evitar manifestações patológicas, também aumenta a vida útil da edificação. Patologia pode ser conceituada como o estudo de doenças, na construção civil ela é atribuída aos estudos das anomalias, sendo elas prejudiciais de forma estática ou no desempenho da obra. Sendo assim, patologia da construção civil é entendida como os ramos da engenharia que estuda os sintomas, causas e origens de falhas construtivas que acontecem durante a construção da edificação. Com o estudo das fontes dos vícios do processo construtivo, é possível evitar que se ocorra manifestações patológicas (DO CARMO, 2003). De acordo com Ramos et al. (2018), as patologias da construção civil podem se manifestar em qualquer tipo de edificação, o que vai implicar no seu aparecimento é a forma como ela foi construída, se esta seguiu todas as etapas que está no projeto. O autor ainda complementa que quando uma edificação manifesta patologia, além de implicar na sua vida útil, tem-se gastos excessivos, dependendo da gravidade do problema ocasionado. Ou seja, quando se detecta uma patologia, é uma prática muito comum a correção da mesma. Dessa maneira, há gastos com materiais, mão de obra. Com isso a edificação não exercerá seu funcionamento até que o reparo seja feito, o que encarece o custo final da edificação. Segundo Brandão (2007), quando existe patologias em edificações pré- moldadas, pode implicar em um custo muito alto para reparo, pois por se tratar de montagem de peças uma depende da outra de forma estrutural, na maioria das vezes os dados ocorridos podem ser irreparáveis. Dessa forma é de essencial importância que se tenha todo o acompanhamento da obra durante a sua execução, para que sejam evitados problemas futuros. 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA Na atualidade, as indústrias do pré-moldados, produzem peças que vão desde a fundação, como os blocos e sapatas, até a cobertura, com os pórticos, terças e telhas. Também existe a fabricação de vigas, lajes, pilares, entre outros. Sendo assim, é possível construir uma edificação do zero com praticamente todos os elementos em pré-moldados de concreto. O que pode ser um dos motivos do grande número de construções usando esse método. Na construção de estruturas pré-moldadas, sendo ela feita toda usando o mesmo método, é essencial que se tenha um controle muito grande, que vai da fabricação, execução e montagem das peças, pois quando algumas dessas etapas não é bem executada o risco de manifestação patológica aumenta muito. O método construtivo de uma estrutura pré-moldada de concreto, embora tenha muitas vantagens, também possui diversas desvantagens, sendo uma delas o surgimento de patologias. Dessa forma ao se escolher esse sistema construtivo tem-se que levar em consideração diversos fatores condicionantes do método. Sendo assim, esse trabalho faz um estudo dos tipos de manifestações patológicas existentes em edificações pré-moldadas e propõe sugestões para a recuperação desses problemas patológicos. Quais as patologias mais comuns em edificações pré-moldadas? É possível diminuir o número de patologias encontradas em edificações pré- moldadas de concreto? Qual a vantagem do método construtivo de pré-moldado em relação ao convencional quanto ao aparecimento de patologias? 1.3 PROPOSIÇÕES De maneira geral, existe muitas empresas especializadas em construções pré-moldadas tanto de concreto como de estruturas metálicas. Esses tipos de edificações são as opções de muitos construtores devido a rapidez em que as edificações são feitas, visto que as peças já são previamente fabricadas e em seguidas são montadas, dispensando alguns materiais em obra. Segundo Carvalho (2019), o grande crescimento das construções pré- moldadas em algumas regiões do Brasil, traz consigo um aumento das fábricas deste tipo de estrutura, colocando em prova a qualidade dos materiais que são aplicados e o controle de patologias. Dessa maneira, fez-se necessário um monitoramento constante nessas estruturas, com a finalidade de garantir sua estabilidade e consequentementea vida útil da edificação. O autor ainda complementa que as patologias encontradas em edificações pré-moldadas afetam diversos componentes como alvenaria, emboço, rejuntes, entre outros. E que essas patologias podem ser referentes aos projetos, forma como é produzido as peças, execução, fatores climáticos, deslocamentos do elemento e etc. Segundo Castro (2016) ainda existem diversos gargalos no funcionamento e execução das peças pré-moldadas de concreto. Quando um sistema de construção não é bem definido, assim como os responsáveis por manter sua qualidade, cria-se ausências ou deficiências nos cronogramas de trabalhos, atingindo diretamente a atividade que está sendo exercida no momento e a chance de manifestação patológica aumenta consideravelmente. Além do bom acompanhamento durante a execução da obra, outro ponto a ser discutido e que gera grande impacto em sua eficácia, é seguir cada fase da obra de forma rigorosa, como também ter uma verificação prévia do local onde será construída a edificação e assim confirmar a viabilidade de usar o método construtivo no local escolhido para a edificação (SOBENES FILHO, 2008). 1.4 OBJETIVOS 1.4.1. Geral Fazer um estudo das manifestações patológicas que podem surgir nas edificações pré-moldadas de concreto em obras de pequeno porte. 1.4.2. Específicos Analisar a parte estrutural de edificações que usam pré-moldadas de concreto; Mostrar quais os tipos de manifestação patológica que surgem em edificações pré-moldadas de concreto; Apontar os vantagens e desvantagens do método construtivo de concreto pré-moldada quanto ao aparecimento de patologias. 1.5 JUSTIFICATIVA Embora o método construtivo de estrutura pré-moldada tenha muitas vantagens em relação a outros tipos de construção, ele nem sempre é a primeira escolha dos construtores, e na maioria dos casos isso acontece pelo fato de existir uma certa falta de conhecimento e de empresas especializadas tanto para a execução como para a manutenção desse tipo de construção. Por esse motivo, o sistema construtivo de pré-moldado só teve um crescimento considerável nos últimos anos (ACKER, 2002). O crescimento dos sistemas construtivos das edificações pré-moldadas será influenciado pelo desenvolvimento do processo de informação, pela comunicação global, pela industrialização e pela automação. Aonde a construção civil está sendo forçada a buscar tecnologias novas com o objetivo de assegurar o mercado (ACKER, 2002). Sendo assim, o tema do estudo é de grande importância para que se tenha um conhecimento do sistema construtivo pré-moldado de concreto, a forma como ele deve ser construído, suas patologias e como elas devem ser evitadas, e em caso de ocorrência o método de reparação. 2 MÉTODOLOGIA O presente estudo tratou-se de uma coleta de dados recolhida com base em fontes secundárias, por meio de uma revisão literária e fundamentado na experiência vivenciada de autores que pesquisaram sobre as manifestações patológicas em estruturas pré-moldadas. A pesquisa utilizou-se como base de dados o Google Acadêmico no qual estar incluindo patentes citadas para melhores resultados. O critério de exclusão adotado para todos os intervalos estabelecidos, foi de artigos que não discorria sobre as patologias encontrados nas estruturas pré-moldadas de concreto e que se desviavam do tema a ser analisado. Para o período compreendido entre 2012 a 2020, foi utilizada palavra chave como, patologias da construção civil e estruturas pré-moldada, resultando em 1.320 (um mil trezentos e vinte) artigos, no qual apenas 3 (três) foram escolhidos para estudos visto que apresenta uma abordagem direta sobre o tema em estudo. Quadro 1- Artigos levantados na base de dados do Google Acadêmico. ARTIGO AUTOR ANO REVISTA Patologias em estruturas pré- moldadas em concreto: estudo de caso nas cidades de Palhoça- SC e São José-SC. CARVALHO, R.B. 2019 RIUNI Estruturas pré-moldadas de concreto protendido comportamento da estrutura e manifestações patológicas ALVES, A. R. M.B; SANTOS, A. F.C. dos. 2020 BOLETIM DO GERENCIMANTO Manifestações patológicas em estrutura de concreto pré- fabricado: estudo de caso Ramos, M.M. et al. 2018 PATORREB Foram utilizadas Normas Técnicas, relacionadas a estrutura de concreto pré- moldado como também a norma que trata de todas as especificações de execução de uma estrutura de concreto, incluindo outras que são relevantes para o desenvolvimento do estudo. Quadro 2- Normas Técnicas. NORMA AUTOR ANO ASSUNTO NBR 9062 ABNT 2017 Projeto e Execução de Concreto Pré- moldado NBR 14931 ABNT 2004 Execução de estruturas de concreto - Procedimento NBR 12655 ABNT 2015 Concreto de cimento Portland Preparo, controle, recebimento e aceitação Procedimento NBR 6118 ABNT 2014 Projeto de estruturas de concreto — Procedimento 2.1 GENERALIDADES DO CONCRETO PRÉ-MOLDADO. 2.1.1 Definição de pré-moldado e pré-fabricado. A NBR 9062 – Projeto e Execução de Concreto Pré-moldado (2017), diferencia elemento pré-moldado de pré-fabricado, da seguinte forma descrita abaixo: Elemento pré-moldado – “Elemento moldado previamente e fora do local de utilização definitiva na estrutura, [] devem ser executados conforme prescrições das ABNT NBR 14931 e ABNT NBR 12655 e ao controle de qualidade estabelecido nesta Seção, para o qual se dispensa a existência de laboratório e demais instalações congêneres próprias”; Elemento pré-fabricado – “Elemento pré-moldado executado industrialmente, em instalações permanentes da empresa destinada para este fim [...]”. Carvalho (2019), afirma que o sistema construtivo de pré-moldado é utilizado para definir qualquer elemento que seja fabricado fora do seu final, no entanto, é executado geralmente para definir qualquer elemento no canteiro de obras, dessa forma não existe um controle rigoroso que é obtido quando é feito em fábricas especializadas. Brumatti (2008), relata que o método construtivo pré-moldado é propício a ter uma menor capacidade de produção e, consequentemente, menos produtividade. Entretanto, não existe necessidade de transporte para longas distâncias, o que facilita o deslocamento das peças até a posição final da edificação. á o pré-fabricado, é executado em um local específico, obtendo assim um maior controle de qualidade laboratorial e inspeções em todas as etapas do processo produtivo. Com isso, existe uma maior produção de peças. Para Brumatti (2008), este tipo de sistema é propenso a ter menor capacidade de produção e, consequentemente, baixa produtividade. Porém, não há necessidade de transporte para longas distâncias, facilitando o deslocamento da peça até sua posição na edificação. Além de tudo, esse tipo de elemento não está sujeito à impostos referentes a produtos industrializados e a circulação de mercadorias. Já o pré-fabricado, é executado em um local com estrutura específica para o controle de qualidade, laboratório e inspeção das etapas de processo produtivo. Isso permite maior qualidade na produção das peças. A NBR 9062 (2017) ainda complementa as especificações necessárias e os requisitos mínimos para as etapas de fabricação, estocagem, transporte e montagem de peças pré-moldadas e pré-fabricadas. 2.2 BREVE HISTÓRICO De acordo com Vasconcelos (2002), não é possível dá uma precisão de quando começou a usar a fabricação de pré-moldados de concreto, visto que, na própria origem do concreto armado, ele já era executado fora do local de aplicação final. Pode-se afirmar que a pré-moldagem surgiu junto com o advento do concreto. A primeira notícia que se tem de uma obra na qual se utilizou o concreto pré-moldadono Brasil foi durante a construção do hipódromo da gávea no Rio de Janeiro. Está obra, executada pela empresa dinamarquesa Christiani-Nielsem, com filial no Brasil, em meados do século XX, teve diversas aplicações de elementos pré-moldados a começar pelas estacas de fundações. Anos depois, em São Paulo, a Construtora Mauá começou a construir grandes galpões em estruturas pré-moldadas, e, em algumas obras, foram utilizadas peças deitadas umas sobre as outras em uma sequência vertical, sendo separadas por meio de papel parafinado. Dessa forma economizava tempo e espaço no canteiro de obras, já que se podiam empilhar até 10 peças, as quais iam subindo na medida em que o concreto endurecia. Esse procedimento dava grande produtividade à execução (VASCONCELOS, 2002). Outras obras construídas pela Construtora Mauá foram o Curtume Franco- Brasileiro, em Barueri, os pavilhões da Fábrica ELCLOR, em Rio Grande da Serra, a Fábrica de Transportadores AEG, em Jundiaí, a ampliação do edifício principal da Fábrica Ideal Standard, em Jundiaí, e os arcos da cobertura pré-5 moldada do pavilhão de Atlas-Copco, junto à ponte de Socorro em Santo Amaro, São Paulo (VASCONCELOS, 2002). Com o passar dos anos, foram surgindo algumas construtoras especializadas em pré-fabricação no Brasil, que deram um impulso maior nesta área, executando grandes obras, dentre as quais pode se destacar a Construtora BELTRAN (Belitardoe a Antonoaldo Trancoso das Neves), que executou obras como a Fábrica da Antártica, mostrada na figura 1, em Jaguariúna. Figura 1- Vista aérea da fábrica da Antártica em Jaguariúna. Fonte: Vasconcelos (2002). É inegável a evolução da construção civil em edificações e da atuação da engenharia civil, que, nos próximos anos, serão persuadidas pelo progresso da informação, pela comunicação global, pela industrialização e pela automação. Já é evidente esta prática em países da Europa. Contudo, há muito para ser realizado, principalmente no tocante à eficiência da construção atual, desde a concepção do projeto da edificação até a entrega final do projeto (VAN ACKER; FERREIRA 2002). Para mudar a forma de construir, passando-se do uso intensivo de força de trabalho para um método mais moderno como a pré-fabricação, deveria se aplicar um modo de pensar ao longo de todo o processo construtivo (VAN ACKER; FERREIRA 2002). Conforme Rodrigues (2018), o Brasil ainda tem um crescimento pequeno do uso de concreto que é destinado para pré-fabricados e pré-moldados, como mostra a gráfico 1. Gráfico 1- Percentual de cimento destinado a pré-fabricados e pré-moldados 2017. Fonte: A Utilização Do Pré-Moldado Em Edificações Residenciais (2017) Quanto ao cimento que é destinado ao pré-moldado, o Brasil possui uma porcentagem de 4,5% cujo percentual é quase 10 vezes menor quando comparado a outros países, como a Finlândia e a Dinamarca, ambos com mais de 40%. Isso torna o Brasil um país que precisa evoluir bastante no setor da construção civil e, em especial, na indústria de pré-moldados. Mesmo o valor de crescimento do concreto destinado ao pré-moldado sendo baixo, o Brasil, quando comparado a outros países, ainda teve um crescimento significativo nos últimos anos (RODRIGUES,2018). 2.3 PROCESSO CONSTRUTIVO Conforme Debs (2017), a produção de concreto pré-moldado engloba várias etapas compreendidas entre a própria execução do pré-moldado e a montagem das peças. Nesse caso, deve se ter um local para a estocagem dos materiais e devem ser definidos fluxos de transporte, a fim de aperfeiçoar o manuseio dos elementos. É necessário também que se tenha um planejamento prévio de todas as fases de produção de um elemento pré-moldado. Quando a produção de pré-moldados é feita fora dos canteiros de obras, ela se torna mais fácil, pois pode ter uma logística maior de produção. É necessário que se tenha uma interação entre a área de armazenagem e a área de içamento (SOTOMAYOR, 2017). Já com relação à produção feita dentro dos canteiros de obras, podem se destacar duas situações: a primeira corresponde à fabricação dos elementos nos primeiros pavimentos da edificação que está sendo construída, tendo, assim, as etapas de execução e montagem; a segunda é quando a produção é feita em local apropriado na obra, com uma central de pré-moldados, comparável a uma fábrica, sendo que somente não fica incluso a etapa de transporte, da fábrica à obra (SOTOMAYOR, 2017). 2.3.1 Armadura A NBR 9062:2017 afirma que, quando as armaduras forem executadas, deve-se considerar as recomendações da NBR 6118:2014, quanto à seção transversal, ao espaçamento das barras, à fixação e dobramento, à armadura de suspensão e às peças cintadas, no caso de armadura não protendida, como, também, ao espaçamento e à protensão dos elementos, no caso de armaduras de proteção; ainda à solidarização das peças pré-moldadas e à curvatura e às emendas das barras desta armadura. Segundo Sotomayor (2017), nesta fase de execução dos pré-moldados, quando a montagem das armaduras é feita em local apropriado, pode surgir uma produção mais fácil e racionalizada, já que essa fase ocorre de forma mais habitual, visto que a montagem da armadura é executada junto à fôrma ou perto dela. No mesmo sentido, para se manter uma integridade e um posicionamento adequado das armaduras da fôrma, deve-se enfatizar a importância do correto manuseio e transporte das armaduras. Desse modo, a facilitar o içamento e o manuseio das peças pré-moldadas, junto às armaduras, antes da concretagem, devem ser acrescentados dispositivos auxiliares, como: laços, chapas chumbadas ou outro tipo de ancoramento, em que essas formas de auxilio devem ser dimensionadas para sustentar os elementos na hora da movimentação, levando-se em conta a resistência inicial do concreto (SATOMAYOR, 2017). De acordo com El Debs (2017) é recomendado que a armadura seja feita sobre uma bancada e com auxílio de gabarito, a fim de que essa armadura se ajuste à fôrma na hora da montagem, mantendo, assim, suas características do projeto. No caso de as armaduras serem grandes, é aconselhável que a armação seja feita na própria fôrma. Por fim, devem-se colocar espaçadores nas armaduras, para garantir o recobrimento do concreto, conforme o projeto. 2.3.2 Adensamento e cura O adensamento também é uma atividade que merece destaque, a qual é executada durante e imediatamente após a colocação do concreto na fôrma. Essa etapa tem que garantir que o concreto preencha todos os locais vazios da fôrma, expulsando assim os bolsões de ar retidos, logo, esse procedimento sendo executado de forma inadequada, pode comprometer muito a estabilidade da peça construída. Em face disto, é necessário prudência na hora do adensamento (DEBS, 2017). De acordo com Debs (2017), nos elementos pré-moldados produzidos, é comum o uso do concreto com uma resistência maior do que os concretos utilizados nas estruturas convencionais e é usual que se trabalhe com concretos com menor relação água/cimento, melhorando, assim, os índices de consistência. Dessa forma, é preciso acompanhar a colocação do concreto, evitando que ocorram deslocamentos de ferragens e abertura das fôrmas, garantindo a qualidade do concreto e da peça pré-moldada. A NBR 9062:2017 enfatiza que, depois do lançamento, o concreto pode ser adensado por vibração, centrifugação ou prensagem, podendo adotar-se mais de um método, concomitantemente. Conforme Sotomayor (2017), em canteiros de obras, ocorre muito a reutilização de fôrmas e, assim, é necessário que se tenha uma cura rápida do concreto, a fim de se ter um acelerado processo de produção, desta forma, durante a execução das peças, é recomendado que se obtenha essa cura rápida. Segundo Debs (2017), há algumas maneiras de se agilizar o endurecimentodo concreto, dentre as quais, destacam-se: o uso cimento de Alta Resistência Inicial (cimento ARI), o uso de aditivo e o aumento da temperatura. Por fim, a NBR 9062:2017 estabelece dois tipos de cura para o concreto: o processo de cura normal, em que o concreto é protegido contra todos os tipos de agentes que podem comprometer a integridade dele, e a cura acelerada, em que, nesse processo, o concreto é submetido a um tratamento térmico adequado e rigorosamente controlado, para se ter uma secagem mais rápida do material. 2.3.3 Desmoldagem Debs (2017) afirma que o concreto tem que atingir uma resistência superior a 10 Mpa, para que se faça sua desmoldagem. Sendo assim, é de suma importância se ter um controle das peças, de forma a não comprometer a integridade delas. No mesmo sentido, deve-se definir, em projeto, a avaliação para a desforma. De acordo com a norma NBR 9062:2017, o projeto e a execução das fôrmas devem atender todas as condições para fácil desmoldagem, sem danificar os elementos concretados, como previsão de ângulos de saída, livre remoção das laterais e cantos chanfrados ou arredondados. Ainda conforme Debs (2017), a desmoldagem se dá das seguintes formas: direta, por separação dos elementos ou por tombamento da fôrma. 2.3.4 Içamento e manuseio. De acordo com a NBR 9062: 2017, as peças pré-moldadas devem ser manuseadas e içadas através de equipamentos, máquinas e acessórios adequados, em pontos de suspensão localizados nos elementos de concreto, que foram definidos de acordo com o projeto, de modo a evitar choques e movimentos bruscos. Dessa forma, são utilizados equipamentos de apoio ao içamento e montagem, tais como guindastes, gruas, caminhões munck, dentre outros. A figura 2 demonstra os tipos de içamento de peças pré-moldadas. Figura 2- Exemplo de acessórios para manuseio do elemento pré-moldado. Fonte: Concreto pré-moldado fundamento e aplicação (2018). Segundo Sotomayor (2017), deve-se ter um projeto para içamento dos cabos de aço, obedecendo às especificações contidas nele. Dessa maneira, as alças e os pinos de levantamento devem estar nesse projeto. É necessário também que se assegurem as condições de estabilidade do elemento, a fim de evitar acidentes que, nessa fase da obra, podem até ser fatais. 2.4 TIPOS DE PEÇAS PRÉ-MOLDADAS O pré-moldado está presente em várias etapas da obra e vai desde edifícios de alto padrão a casas populares, de forma sustentável, ao redor de todo o mundo, assim, preservando o meio ambiente, uma das maiores preocupações nos últimos tempos. O sistema ainda possui diversas maneiras de utilização, sendo que os elementos mais usados são as estacas, as vigas, os pilares, os painéis de fechamento, a cobertura e etc. (ANDRADE, 2014). Conforme Pereira (2018), a fundação é responsabilizada se as cargas do peso da estrutura para o solo, causar nela danos ou rupturas e, dependendo do solo, é que se pode avaliar qual tipo de fundação será utilizada. Em solo mais firme, emprega-se fundações rasas, como blocos de fundação, já em solos mais moles, normalmente se usa uma fundação mais profunda, como as estacas presente na figura 3. Figura 03- Bloco de fundação e viga baldrame. Fonte: A utilização do pré-moldado em edificações residenciais (2017). Pereira (2018) ainda relata que a parte da edificação responsável por se apoiar em vigas, essas que por sua vez, apoiam-se em pilares, são as lajes. Elas transmitem as ações que nelas chegam para as vigas, além de realizarem a interface entre pavimentos, formando o contra piso ou o teto. Pode se citar, como exemplo, as lajes maciças, as lajes nervuradas, as lajes cogumelos, as lajes alveolares e as lajes treliçadas. Conforme Debs (2017), as lajes alveolares são os elementos pré-moldados mais utilizados no mundo, com usos mais evidentes na América do Norte e na Europa. E é em razão do grande emprego desse elemento no mundo, que existe uma associação somente para esse tipo de pré-moldado. A figura 4 ilustra o modelo de laje alveolar. Figura 4- Laje Alveolar Fonte: A utilização do pré-moldado em edificações residenciais (2017). De acordo com Andrade (2014) as vigas mais usais tem formatos retangulares, “I”, “L”, “T”, ou invertidos, podendo ainda ser protendidas ou armadas. No caso das feitas por protensão, utilizam-se barras de fios, que têm a finalidade de produzir tensões prévias, melhorando sua resistência e seu comportamento mediante as cargas, conforme a Figura 5. Figura 5- Vigas protendidas Fonte: A utilização do pré-moldado em edificações residenciais (2017). Vale lembrar também dos pilares, elementos que apresentam menor perda, sendo mais detalhado e com um nível maior de dificuldade na sua execução. Isso se dá por conta dos consoles que se faz necessário para apoio com outras peças, como mostrado na Figura 6 (ACKER, 2002). Figura 6- Pilares Fonte: Acker (2002) De acordo com Brumatti (2008), as escadas também podem ser construídas através de pré-moldados. Ainda nesse sentido, ressalta-se que as escadas pré-moldadas podem ser compostas por vários elementos ou por uma única peça monolítica, apoiada diretamente em lajes ou vigas. Ferreira (2016), por sua vez, afirma que as escadas que são compostas de várias peças, por se tratarem de elementos menores, possuem a simplificação e a economia como características, apresentando, principalmente, maior facilidade de manuseio, pois se tratam de peças leves. Seguindo esse raciocínio, salienta- se que a redução do peso é outra característica de escadas pré-moldadas que, assim, diferenciam-se de outros métodos construtivos. 2.5 SISTEMAS ESTRUTURAIS Van Acker (2002) relata que cada sistema construtivo tem suas próprias características em relação ao sistema construtivo de concreto pré-moldado. Nesse sentido, teoricamente, todas as juntas de uma estrutura pré-moldada devem ser executadas, de modo que essa estrutura pré-moldada tenha um conceito monolítico de uma estrutura moldada no local, sobre o método convencional. Todavia, esta solução pode, muitas vezes, tornar-se mais trabalhosa e cara e, assim, muitas vantagens do sistema construtivo de concreto pré-moldado podem ser perdidas. A fim de se obter todas as vantagens no método, a estrutura deve ser bem concebida, seguindo todas as especificações de projeto. De acordo com Acker (2002), o sistema esqueleto é formado por pilares, vigas e lajes e tem sido bem usual em obras de escolas, de escritórios, de casas, de estacionamentos, de hospitais etc. O método construtivo em pré-moldado pode apresentar maior liberdade arquitetônica, no planejamento e na disposição das áreas do piso, por possibilitar a concepção dos projetos com grandes vãos, sem obstáculos de pilares internos ou paredes portantes. Esses vãos podem ter associações diferentes dos sistemas de fechamento, como apresentado, a seguir, na Figura 7. Figura 7- Estrutura pré-fabricada tipo esqueleto Fonte: Revista Techne Acker (2002) também afirma que os sistemas aporticados podem ser conceituados como elementos lineares, vigas e pilares de diferentes formatos e tamanhos, podendo também ser construídos pelo método de concreto pré- moldado, muito usual em construções de galpões industriais, instalações comerciais e centros de distribuição, por causa da vantagem de conseguir vencer grandes vãos, conforme a Figura 8. Figura 8- Sistema de estrutura aporticada pré-moldada Fonte: Van Acker (2002). De acordo com Rodrigues (2018), em prédios, há muitos benefícios com o processo produtivo de concreto pré-moldado, em que este pode ser executado também por paredesde fechamento, substituindo, assim, os tijolos ou qualquer outro tipo de vedação, conforme mostrado na Figura 9. Figura 9- Painel de fechamento em edificações Fonte: A utilização do pré-moldado em edificações residenciais (2017). 2.6 APLICAÇÃO DE SISTEMAS ESTRUTURAIS Segundo Acker (2002), a aplicação dos sistemas estruturais construtivos está diretamente ligada ao tipo de construção, no qual vai depender muito das suas funções: residenciais, comerciais, industriais etc. Cada construção vai depender diretamente das suas características de projeto para poder se beneficiar de todas as vantagens do método construtivo, sendo assim, é de suma importância que se siga à risca os dados do projeto. Para Melo (2007), as estruturas pré-moldadas exigem decisões importantes na hora de escolhê-las como método construtivo, por serem peças fabricadas em grandes quantidades e com um controle de qualidade mais rígido, além da necessidade maior de atenção na junção de suas peças. Apesar disso, elas ainda são muito aplicadas na construção civil e cada vez mais estão sendo escolhidas por muitos construtores, normalmente aliadas a outros métodos construtivos, como é o exemplo de construtoras que fazem toda a obra em estruturas convencionais, com exceção das escadas em pré-moldado. Os edifícios residenciais e comerciais geralmente são projetados com seus sistemas estruturais com painéis, em que parte dos painéis são estruturais, e outra possui apenas função de fechamento e vedação, como, por exemplo, o sistema de construção de concreto pré-moldado em casas comerciais e residenciais nos países do Norte Europeu, que possuem fachadas executadas em painéis sanduíches em que suas camadas podem variar de 50 a 150mm de espessura (PINHO, 2009). Cada vez mais se buscam soluções de racionalizar materiais, como também de se proteger o meio ambiente. Dessa forma, construir através do método construtivo de estruturas pré-moldadas é uma solução para isso, logo, construtoras estão cada vez mais usando esse sistema, pois além de muitos benefícios, ele traz maior agilidade no tempo de construção, quando comparado com outros sistemas (DEBS,2017). Em geral, os modernos edifícios para escritório requerem um grau maior de adaptabilidade, onde o espaço interior deles é mais livre, característica essa que as estruturas em pré-moldados podem proporcionar. No mesmo sentido os edifícios de escritórios são concebidos (ACKER, 2002). 2.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DO PRÉ-MOLDADO DE CONCRETO. Para Acker (2002), o pré-moldado de concreto quando comparado com outros métodos de construção convencional, possui características vantajosas, conforme mostra o Quadro 3. Quadro 3- Vantagens do sistema de concreto pré-moldado. VANTAGENS DO SISTEMA DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO Vantagem Descrição Produtos feitos na fábrica Todo o trabalho de canteiro é transferido para fábricas permanentes e modernos. Economia de materiais A pré-fabricação possui maior potencial econômico, desempenho estrutural e durabilidade. Isso se da por causa do uso potencializado e otimizado dos materiais aplicados. Rapidez da execução O sistema pré-fabricado pode levar menos da metade do tempo que as construções convencionais moldadas no local. Qualidade A garantia da qualidade durante durante a fabricação se baseia em quatro pontos: mão-de-obra; instalações e equipamentos na fábrica; matéria-prima e processos operacionais; controle de qualidade na execução. Melhor eficiência estrutural Vãos grandes e redução de altura efetiva pode ser obtidos atraves de vigas e lajes. Isso oferece fexibilidade na construção, e vida útil da edificação. Resistência ao fogo As estruturas em concreto armado e protendido apresentam resistência ao fogo de 60 a 120 min. ou mais. Menos danos ao meio ambiente Com o uso reduzido de materiais, redução do concreto de energia, diminuição do desperdicio com demolição, a industria do concreto pré-moldado apresenta-se com uma relação de menor agressividade ao meio ambiente. Fonte: Acker (2002) adaptado Por outro lado, como qualquer sistema construtivo, o pré-moldado de concreto também possui suas desvantagens, como mostra no Quadro 4 (Acker, 2002). Quadro 4- Tabela de desvantagens do sistema de concreto pré-moldado. Fonte: Acker (2002) adaptado 3 PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 3.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO Para Cánovas (1988), patologia pode ser definida como a parte da engenharia que estuda todos os sintomas, causa e principalmente as origens dos defeitos que se manifesta nas edificações. Em alguns casos, com o contato visual já se é possível identificar a origem e fazer um diagnóstico das patologias. No entanto, em outros casos os problemas são bem mais complexos, sendo necessário verificar o projeto estrutural, e até mesmo uma investigação das cargas a que foi submetida à estrutura e assim identificar as causas destes problemas, solucionando para que se possa evitar aparecimento futuro de novas manifestações patológicas. Com o crescimento acelerado do setor da construção civil nos últimos anos, houve necessidades de inovações, e por consequência, a aceitação de riscos maiores. Mesmo que aceitos estes riscos, ainda que dentro de certos limites, aumenta a necessidade de um conhecimento especial sobre estruturas e os materiais aplicados, através de estudos e análises dos erros acontecidos, que tem resultado em deterioração precoce ou acidentes (Souza e Ripper, 1998). Ainda segundo Sousa e Ripper (1998), existe diversas causas das patologias, que podem ocorrer durante a etapa de estudo de uma edificação, que se originam de um mal estudo preliminar, ao mesmo tempo que as falhas geradas na realização do projeto final em geral são responsáveis pela implantação de problemas patológicos muito sérios que podem ser de diversos fatores, como: Projetos inadequados (deficiência no cálculo da estrutura, avaliação da resistência do solo, má definição do modelo analítico, etc.); Falta de compatibilidade entre o projeto estrutural e o arquitetônico, bem como os demais projetos civis; Especificação inadequada de materiais; Detalhamento insuficiente ou errado; Detalhes construtivos inexequíveis; Falta de padronização das representações (convenções); Erros de dimensionamento; A sequência lógica do processo de construção civil indica que a etapa de construção deva ser iniciada somente após o término da etapa de concepção, com a conclusão de todos os estudos e projetos que lhe são inerentes De acordo com Carvalho (2019), durante a execução da estrutura pré- moldada de concreto, as principais falhas manifestadas são: Deficiências de concretagem (transporte, lançamento, juntas de concretagem, adensamento, cura, outros); Inadequação de escoramentos e fôrmas; Deficiência nas armaduras; Má utilização ou utilização incorreta dos materiais de construção (fck inferior ao especificado, aço diferente do especificado, solo com características diferentes, utilização inadequada de aditivos, dosagem inadequada do concreto); Inexistência de controle de qualidade. De acordo com Carvalho (2019, apud Helene,1997), há estudos que mostram um aumento significativo dos problemas patológicos nas edificações e oriundo das fases de projeto e no momento da execução da edificação. Essas falhas são em geral mais graves que as relacionadas à qualidade dos materiais que são usados e aos métodos construídos. Isso pode ser explicado pela falta de investimento por parte dos proprietários, sejam eles privados ou públicos, em projetos mais elaborados, no qual se busque projetos mais simples e baratos,implicando assim na necessidade de adaptações durante a fase de execução e consequentemente gerando problemas de ordens funcional e estrutural. Ainda segundo Carvalho (2019, apud Helene,1997), mostra na tabela 1 o percentual das principais causas de manifestações patológicas. Tabela 1. Patologias nas etapas de processo de construção. Fonte: Carvalho (2019, apud Helene,1997). Segundo Helene e Pereira (2007), os problemas mais comuns que trazem maior efeito no concreto, são as eflorescências, as fissuras, as flechas excessivas, a corrosão da armadura, as manchas no concreto aparente, os defeitos de aterro e compactação do solo e problemas devido à segregação do concreto. Depois de uma análise das patologias, é possível, na maioria das vezes, reconhecer a origem e natureza dos problemas, como também as consequências. A Tabela 2, Machado (2002) aponta as principais manifestações patológicas e suas ocorrências. Tabela 2- Incidência de Manifestações Patológicas. Fonte: Machado (2002) 3.1.1 Infiltração De acordo com Carvalho (2019, apud Thomaz,1989), as manifestações patológicas do tipo fissuras podem vim a servir como alerta de danos mais preocupantes na edificação, podendo modificar o desempenho das estruturas e, na maioria dos casos trazer constrangimento para os usurários da edificação. A NBR 15.575-2 (2013) denomina fissura como ativas, as que possuem variações na espera de acordo com o a movimentação da edificação; e passivas as que possui abertura constante. A Norma ainda complementa que as aberturas chamadas de fissuras apresentam espessura menor que 0,6 mm; caso a dimensão seja maior ou igual que este valor está qualificado como trincas. Ainda definido pela Norma, a fissura é um componente estrutural, sendo esse seccionamento na superfície ou em toda a seção transversal do componente, de cobertura capilar, provocando por tensões normais e tangenciais. Ambrósio (2004), no quadro 5 aponta algumas origens de fissuras nas estruturas. Quadro 5- Origens de fissuras em estruturas. Fonte: Ambrósio (2004) 3.1.2 Mofo ou bolor Segundo Alucci et al. (1995), o surgimento de bolor ou mofo na estrutura de edificação pode ser considerado como sendo um problema de alto custo para a sua resolução e bastante incidência em regiões tropicais. Para Carvalho (2019), o mofo ou bolor pode ser compreendido como sendo a colonização por diversas populações de fungos filamentosos sobre os vários substratos, os quais formam manchas escuras indesejadas em tonalidades marrom, verde e preta. As manifestações patológicas causam manchas em várias tonalidades na estrutura e caso essas patologias não sejam tratadas, podem ocasionar um aumento de fungos nos ambientes tantos internos quanto aos externos da edificação, desenvolvendo problemas para os usuários que frequentam o ambiente (SHIRAKAWA, 1995). Para se impedir que o bolor se manifeste nas edificações, pode ser tomado medidas já na fase de projetos. Essas precauções tem os objetivos de garantir ventilação, iluminação e insolação adequada ao ambiente em que as peças estão, dessa maneira idealizar a diminuição de riscos de condensação nas superfícies internas dos componentes é também evitar riscos de infiltração de água através de paredes, piso e/ou tetos, a figura 10 mostra o aparecimento de manchas em estruturas pré-moldadas (ALUCCI et al, 1995). Figura 10- Galpão abandonado e com sua estrutura totalmente manchada. Fonte: Carvalho (2019) 3.1.3 Trincas As trincas são aberturas mais profundas e acentuadas. O fator determinante para se configurar uma trinca é a “separação entre as partes”, ou seja, o material em que a trinca se encontra está separado em dois. Uma parede, por exemplo, estaria dividida em duas partes. As trincas são muito mais perigosas do que as fissuras, pois apresentam ruptura dos elementos, como no caso mencionado da parede, e assim podem afetar a segurança dos componentes da estrutura das edificações (CARVALHO,2019). De acordo com a NBR 9575:2003, as trincas são aberturas ocasionadas por ruptura de um material ou componente com abertura superior a 0,5 mm e inferior a 1,0 mm. A figura 11 apresenta uma trinca em estrutura de um edifício pré-moldado. Figura 11- Trinca. Fonte: Brito (2017). 3.1.4 Corrosão de armadura Segundo Melo (2011) um fato importante para a manifestação de corrosão em amarradura de concreto pré-moldado é o cobrimento insuficiente, aonde a armadura fica próxima da face da peça através de poros formados, facilitando a entrada de agentes agressivos. Para Cascudo (1997) o concreto armado fica no interior de um meio altamente alcalino no qual estaria protegido do processo de corrosão devido à presença de uma película protetora de caráter passivo. Esta alcalinidade no meio interior do concreto provém de fases liquidas existentes nos seus poros que contém hidroxilas oriundas da ionização dos hidróxidos de cálcio, sódio e potássio. Já para Tuutti (1982), conforme aponta a figura 12, observam-se dois períodos de corrosão, sendo o primeiro a iniciação aonde corresponde a entrada do agente agressivo enquanto o segundo é propagação, onde o processo de corrosão uma vez consolidado aumenta gradualmente, em escala exponencial, causando danos severos às armaduras. Figura 12. Modelo de vida útil/processo (Grau máximo aceitável de corrosão). Fonte: Tuutti (1982) Cascudo (1997), explica que os principais agentes agressivos que desencadeiam a corrosão das armaduras são, a ação dos íons cloretos, redução de PH do aço e corrosão localizada sob tensão fraturante. Na figura 13 pode-se entender melhor sobre os tipos de corrosão e fatores que as provocam. Figura 13. Tipos de corrosão e fatores que as provocam. Fonte: Cascudo (1997). Além das manifestações patológicas que foram apresentadas, existem também diversas outras que podem causar danos à estrutura. A Tabela 03 mostra outras manifestações patológicas acompanhadas de suas causas principais. Quadro 6- Principais manifestações patológicas. Fonte: (Adaptada de PIANCASTELLI, 1997). 4 FATORES DE INFLUÊNCIA NA DURABILIDADE DA ESTRUTURA PRÉ- MOLDADA DE CONCRETO. No ano de 2006, Lucas Fernando Krug, criou um cronograma para melhor identificar as patologias manifestadas em uma edificação como apresentado na figura 14. Figura 14. Fluxograma do procedimento Fonte: Adaptado de Krug, 2006. De acordo com a NBR 6118: 2014 os mecanismos de deterioração de uma estrutura são todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação, bem como várias outras ações que atuam sobre a estrutura. Sua prevenção requer medidas específicas, que devem ser observadas em projeto, de acordo com a própria Norma ou Normas Brasileiras específicas. A norma cita alguns exemplos de medidas preventivas, conforme pode ser observado abaixo: Barreiras protetoras em pilares (de viadutos, pontes e outros) sujeitos a choques mecânicos; Período de cura após a concretagem (para estruturas correntes, ver ABNT NBR 14931); Juntas de dilatação em estruturas sujeitas às variações volumétricas; Isolamentos isotérmicos, em casos específicos, para prevenir patologias devidas a variações térmicas. Para Aguiar (2006), algumas estruturas de concreto tem sua deterioração manifestada de forma precoce, devido à erros cometidos durante a fase de projeto e também na própria execução da obra. A falta de detalhes construtivos importantes, erro na especificação dos materiais, uso de dosagens erradas, mão de obra não qualificada,cura insuficiente, entre outros, podem determinar a redução da vida útil do concreto, onde os maiores problemas referentes à durabilidade são a alta permeabilidade, baixa compactação e deficiência da camada de concreto do cobrimento das armaduras. A NBR 6118:201 expões um quadro com a classificação das agressividades ambientais, aonde essas estruturas devem estar enquadradas. Com base nesse quadro são feitas à classe do concreto, a relação de água cimento e o cobrimento nominal das armaduras, ao seguir as recomendações normativas, evita-se o surgimento de patologias. Ainda segundo a NBR 6118:2014 uma das classes que podem agredir uma estrutura de concreto, seja ela convencional ou pré-moldada é a do meio ambiente que estes se relacionam por ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas, conforme mostra o quadro 06. Quadro 7: Classes de agressividade ambiental (CAA). Fonte: NBR 6118 (2014). Conforme Aguiar (2006), outro fator que aumenta a durabilidade da estrutura é o material que foi utilizado nela. Esses materiais tem o poder de rebater as agressividades sofridas pelo ambiente. Uma forma de comprovar a eficiência dos materiais são os ensaios feito nos corpos de prova recolhidos durante a execução das peças. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Estruturas pré-moldadas em concreto possibilitam construções personalizadas e de melhor acabamento; apresentam restrições de gabaritos devido à restrição de transporte; em topografias irregulares, pode ocorrer dificuldade de acesso para os equipamentos de transporte e montagem da estrutura; exigem alto nível de detalhamento dos projetos; e podem proporcionar menor consumo de materiais devido à redução de seção das peças. O sistema construtivo de estruturas pré-moldadas em concreto, apesar de apresentar muitas vantagens, também possui várias desvantagens, uma delas seria o surgimento de patologias. As manifestações patológicas descritas nesse estudo, fissuras e trincas, manchas, infiltrações, além de erros construtivos, apresentam como origem principal a falha de execução do serviço, seguida por problemas em utilização/outros, concepção/projeto e materiais. Em se tratando de patologia envolvendo elementos estruturais, faz-se necessária a ampla investigação e análise de todos os possíveis eventos e situações que possam ter contribuído, direta ou indiretamente, para a manifestação do dano, sem exclusão de hipótese. É importante lembrar que a realização de estudos que buscam avaliar, caracterizar e diagnosticar a ocorrência de danos em obras são fundamentais para o processo de produção e uso das edificações. Permitem conhecer ações eficientes para diminuir ou até mesmo evitar o aparecimento de falhas e problemas, tendendo a melhorar a qualidade geral das edificações. É indubitável que a área de recuperação de estruturas representa grande significância para a engenharia civil, sendo capaz de prevenir e intervir em ocorrências que podem comprometer a vida útil, desempenho, qualidade e integridade das construções. Porém, é necessário enfatizar que se invista em métodos corretivos eficazes, executados por profissionais capacitados. Buscando, assim, resolver as anomalias na sua origem, evitando o agravamento e a recorrência do problema. REFERÊNCIAS ACKER, A. V. Manual de Pré- Fabricados de Concreto. 2002. AGUIAR, J. E. D. Avaliação dos ensaios de durabilidade do concreto armado a partir de estruturas duráveis. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Belo Horizonte. 2006. AMBRÓSIO, T. D. S. 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